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Conflitos sociais e meio ambiente urbano - Instituto de Psicologia da ...

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Todos esses exemplos <strong>de</strong>vem ser remetidos, contudo, as interações dos espaços rural e<br />

<strong>urbano</strong>, pois o estilo <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> <strong>urbano</strong> é, em gran<strong>de</strong> medi<strong>da</strong>, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte dos processos nos<br />

espaços consi<strong>de</strong>rados rurais (LASCHEFSKI, 2006). Um exemplo é o alto consumo <strong>de</strong><br />

combustível, papel e energia, <strong>de</strong>ntre outros na ci<strong>da</strong><strong>de</strong>, que <strong>de</strong>man<strong>da</strong> matéria prima <strong>de</strong><br />

ecossistemas naturais e o aumento <strong>da</strong> transformação <strong>de</strong> territórios rurais, antes diversificados,<br />

em monoculturas pela produção industrial. A histórica concentração <strong>de</strong> terras e a opção por<br />

uma agricultura químico-mecaniza<strong>da</strong>, com ênfase na exportação <strong>de</strong> produtos com elevado<br />

valor energético, têm provocado gran<strong>de</strong>s movimentos migratórios na história do país. É o caso<br />

<strong>de</strong> projetos envolvendo mineração, hidrelétricas, monoculturas <strong>de</strong> eucalipto, <strong>de</strong> soja, entre<br />

outros concentradores <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s extensões territoriais Eles representam a <strong>de</strong>struição <strong>de</strong><br />

ecossistemas como o do cerrado e <strong>da</strong> floresta Amazônia e o <strong>de</strong>slocamento compulsório <strong>da</strong>s<br />

populações rurais que são empurra<strong>da</strong>s para áreas marginais, seja aquelas menos férteis para a<br />

prática <strong>da</strong> agricultura <strong>de</strong> base familiar ou as periferias urbanas.<br />

Entretanto, são esses sujeitos <strong>sociais</strong>, vítimas <strong>da</strong> mo<strong>de</strong>rnização conservadora e <strong>da</strong><br />

segregação socioespacial que, ao lutarem pelos direitos aos recursos naturais e os serviços<br />

<strong>urbano</strong>s, recolocam em pauta a natureza social e política <strong>da</strong>s questões ambientais. É o<br />

ven<strong>de</strong>dor <strong>de</strong> coco, também artista que utiliza como matéria prima o jornal velho, que aponta<br />

com tristeza a mortan<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> peixe na Lagoa <strong>da</strong> Pampulha. São os ameaçados pela<br />

contaminação química nas indústrias que clamam pelos direitos; os ameaçados pelas<br />

barragens e pelas monoculturas <strong>de</strong> soja e eucalipto no campo que resistem ao <strong>de</strong>slocamento<br />

compulsório. Estes são alguns atores do chamado “ambientalismo dos pobres” (GUHA e<br />

MARTINEZ-ALIER, 1996, MARTINEZ-ALIER, 1999, 2001, 2003), que acionam outras<br />

matrizes <strong>de</strong> sustentabili<strong>da</strong><strong>de</strong>, exigindo-nos pensar esta última a partir <strong>da</strong> equi<strong>da</strong><strong>de</strong> e <strong>da</strong><br />

heterogenei<strong>da</strong><strong>de</strong> cultural e <strong>da</strong> diversi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> projetos que os diferentes sujeitos <strong>sociais</strong><br />

constroem. As lutas pelo fim <strong>da</strong> <strong>de</strong>gra<strong>da</strong>ção ambiental no Brasil, pela melhor quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

vi<strong>da</strong> no espaço <strong>urbano</strong>, teriam enormes ganhos se ampliassem seus horizontes e assumissem a<br />

relação intrínseca entre a justiça social e o <strong>meio</strong> <strong>ambiente</strong>. É essa reflexão que <strong>de</strong>ixo como<br />

possível contribuição para os <strong>de</strong>safios <strong>da</strong> psicologia social como disciplina acadêmica.<br />

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