desenvolvimento, ecologia e sustentabilidade - Haroldo Reimer
desenvolvimento, ecologia e sustentabilidade - Haroldo Reimer
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DESENVOLVIMENTO,<br />
ECOLOGIA E<br />
SUSTENTABILIDADE<br />
H A R O L D O R E I M E R<br />
1 6 . 4 . 2 0 1 2
Expansão e intervenção no ambiente
Ritmos diferenciados<br />
Cada fase da expansão do<br />
humano no ecúmeno<br />
habitado exigia<br />
intervenções no<br />
ambiente<br />
Ritmo diferenciado em<br />
cada contexto isolado<br />
Maior incremento nas<br />
sociedades dos vales<br />
fluviais
Ritmos<br />
Pujança em torno do<br />
Mediterrâneo (persas,<br />
gregos, romanos, árabes,<br />
carolíngios)<br />
Aceleração com o “deslizar<br />
sobre os<br />
oceanos”(navegações<br />
ultramarinas)<br />
Relativa “estagnação do<br />
oriente” (Marx)<br />
Velocidade acelerada com a<br />
revolução industrial<br />
1750: 1 bilhão de humanos
Mediterrâneo / civilização do mar / Navegações<br />
Expansão global<br />
Navegações<br />
Humano [europeu] como<br />
dominador de todo o<br />
mundo<br />
Afirmação do paradigma<br />
moderno => dominação
Olhar sobre si<br />
Relativo isolamento => grande diversidade cultural<br />
Cultura mítica / religiosa<br />
Estagnação mítica ou o ‘eterno retorno’<br />
Sociedades tradicionais<br />
Idade média: controle do ritmo do tempo (e da produção) pela<br />
religião<br />
Renascença: novo ritmo = sobreposição dos interesses comerciais<br />
aos ditames religiosos tradicionais [ex. cobrança de juros na cidade<br />
de Genebra]<br />
Modernidade: aceleração => revolução industrial<br />
Gradativa desconexão entre ética/moral e técnica [busca por<br />
libertação do jugo da religião => libertação de qualquer controle]<br />
“Desencantamento do mundo” (M. Weber)
Europa<br />
Condições geopolíticas favoráveis<br />
Acumulação histórica de saber + poder [político e<br />
econômico]<br />
Avanços tecnológicos<br />
Desafios frente a novos obstáculos => guerra como<br />
motor da ciência e da economia<br />
Ciência em prol da lógica eurocêntrica<br />
Sobreposição da matriz eurocêntrica pela força do<br />
colonialismo político e da colonização do imaginário (dos<br />
subalternos)<br />
Tecnociência: conhecimento das “nervuras do real” com<br />
ou sem Deus
Desencantamento do mundo<br />
Sociedades tradicionais: mito, religião e moral<br />
(mapeamento das diferenças – Sousa Santos)<br />
Matriz eurocêntrica: superação da religião + ápice da<br />
racionalidade => grande especialização do<br />
conhecimento, porém com “desperdício de experiência”<br />
Contribuição da religião / protestantismo => redução<br />
dos espaços de manifestação do sagrado => maior<br />
liberdade de intervenção<br />
Secularização => retirada gradual de espaços de atuação<br />
da esfera do ‘sagrado’ => “desencantamento do mundo”<br />
(Weber, Geertz)<br />
Ideologia da matriz eurocêntrica, liberal, laica<br />
Paradigma
Paradigma<br />
“...toda uma constelação de opiniões,<br />
valores e métodos, etc., compartilhados<br />
pelos membros de uma sociedade,<br />
fundando um sistema disciplinar<br />
mediante o qual esta sociedade se<br />
orienta a si mesma e organiza o<br />
conjunto de suas relações”<br />
[Th. Kuhn, A estrutura das revoluções científicas]
Kuhn<br />
Paradigma indica toda uma constelação de crenças,<br />
valores, técnicas, etc.,partilhadas pelos membros de<br />
uma comunidade determinada”. O outro sentido<br />
aponta um tipo de elemento desta constelação, não<br />
citado antes: as soluções concretas de quebracabeças<br />
que, empregadas como modelos ou<br />
exemplos, podem substituir regras explícitas com<br />
base para a solução dos restantes quebra-cabeças da<br />
ciência normal. (KUHN, 1970, p. 218).
Outra definição de paradigma<br />
“… consiste num conjunto aberto<br />
de asserções, conceitos ou<br />
proposições logicamente<br />
relacionadas e que orientam o<br />
pensamento e a investigação”<br />
(BOGDAN; SILKEN,1994, p. 52).
Paradigma<br />
“Conjunto articulado de visões de<br />
realidade, de valores, de tradições, de<br />
hábitos consagrados, de ideias, de<br />
sonhos, de modos de produção e de<br />
consumo, de saberes, de ciências, de<br />
expressões culturais e estéticas e de<br />
caminhos ético-espirituais” (Boff,<br />
Sustentabilidade, p. 76)
Paradigma ocidental moderno<br />
“A natureza é um conjunto de recursos disponíveis<br />
ao ser humano para a satisfação das suas<br />
necessidades e de seus desejos”<br />
Pressuposto teórico: a sobreposição do ser humano à<br />
natureza (antropocentrismo)<br />
Humano fora da natureza (res cogitans x res extensa)<br />
Humano acima e fora da natureza<br />
Religião cristã: dominar e subjugar
Morin<br />
“Alimentamos com nossas<br />
crenças ou nossa fé os mitos<br />
ou idéias oriundos de nossas<br />
mentes, e esses mitos ganham<br />
consistência e poder. Não<br />
somos apenas possuidores de<br />
idéias, mas somos também<br />
possuídos por elas, capazes de<br />
morrer ou matar por uma<br />
idéia”
Formando o paradigma moderno<br />
Descartes: cogito ergo sum<br />
Diferenciação: res cogitans X res extensa <br />
“mestres e donos da natureza”<br />
Francis Bacon: “a terra é como uma mulher que deve<br />
ser oprimida a fim de extrair dela as suas riquezas”<br />
Paradigma moderno => “dominar e sujeitar”<br />
Justificativas teológicas => o homem como imagem<br />
e semelhança do Criador: dominador
PARADIGMA MODERNO<br />
Natureza como infinito<br />
depósito de recursos<br />
naturais em função das<br />
necessidades e desejos dos<br />
humanos<br />
Voracidade<br />
Intervenção desenfreada<br />
Tecnociência<br />
Riqueza e bem estar<br />
MAS: muita destruição e<br />
muito sofrimento!<br />
Cumulatividade
População X extinção de espécies
Feixes de problemas<br />
Militarismo<br />
Diferentes formas de poluição + contaminação (ar,<br />
águas, solo)<br />
Biogenética (OGMs)<br />
Tecnologias (perigosas): energia atômica
Consumo e injustiça<br />
20% mais ricos<br />
consomem 82,4 das<br />
riquezas da Terra<br />
20% mais pobres<br />
consomem 1,6%<br />
EUA: = 5% da população<br />
mundial que consome<br />
33% dos recursos do<br />
mundo
Alemanha: Família Melander, de Bargteheide<br />
Gasto semanal com alimentos: 375,39 euros (R$ 999,72)
Estados Unidos: Família Revis, da Carolina do Norte<br />
Gasto semanal com alimentos: 341,98 dólares (R$ 581,76)
Itália: Família Manzo, da Sicília<br />
Gasto semanal com alimentos: 214,36 euros (R$ 571.17
Polônia: Família Sobczynscy, de Konstancin-Jeziorna<br />
Gasto semanal com alimentos: 582,48 zlotys (R$ 438,55)
México: Família Casales, de Cuernavaca<br />
Gasto semanal com alimentos: 1.862,78 pesos mexicanos (R$ 294,50)
Egito: Família Ahmed, do Cairo<br />
Gasto semanal com alimentos: 387,85 pounds egípcios (R$ 120,76)
Equador: Família Ayme, de Tingo<br />
Gasto semanal com alimentos: 31.55 dólares (R$ 53,73)
Butão: Família Namgay, da Vila de Shingkhey<br />
Gasto semanal com alimentos: 224.93 ngultrum (R$ 8,57)
Chade: Família Aboubakar, do Campo de Refugiados de Breidjing<br />
Gasto semanal com alimentos: 685 francos (R$ 2,09)
Matriz energética
Consumo energia
Consumo de carne
Lixo
Emissões 50% superiores à<br />
capacidade natural de<br />
regeneração do ambiente<br />
Mais de 70 países com<br />
problemas de<br />
abastecimento de água<br />
Mais pessoas, mais<br />
demandas!<br />
Intervenções em níveis<br />
críticos!<br />
Point of no return? Ponto<br />
sem retorno?<br />
PAZ ?<br />
NÍVEL CRÍTICO
O conceito de<br />
Antropoceno foi<br />
desenvolvido em 2002<br />
pelo geoquímico<br />
holandês Paul Crutzen e<br />
desde então abriu um<br />
espaço na comunidade<br />
científica. Para Crutzen,<br />
o Antropoceno começou<br />
no ano 1784, quando<br />
James Watt inventou a<br />
máquina a vapor.<br />
Antropoceno
Desenvolvimento ecocida
Novo olhar e novo discurso<br />
Terra vista de fora<br />
Clube de Roma 1972: “os<br />
limites do<br />
<strong>desenvolvimento</strong>”<br />
Estocolmo 1972: 1ª<br />
conferência ONU<br />
1979: Hans Jonas:<br />
princípio<br />
responsabilidade
Emergência de consciência ambiental<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
1970 => crise do petróleo => vozes críticas<br />
=> alertas<br />
“Nosso destino comum”<br />
Os recursos naturais podem ter fim!!!<br />
Desenvolvimento sustentável<br />
<br />
Tentativas de frear ou reverter o quadro<br />
global<br />
Eco 92<br />
Carta da Terra (2000): => “nos<br />
comprometemos como indivíduos,<br />
organizações, empresas de negócios,<br />
comunidades e nações...”<br />
Kyoto (2005)<br />
Copenhagen 2009 => frustração!<br />
Cop 10 Cancun => avanços?<br />
Rio+20<br />
<br />
Inclusão do ambiente no custo de produção e<br />
consumo
Percepções<br />
Três desequilíbrios fundamentais:<br />
Entre o norte e o sul<br />
Entre os ricos e os pobres => (EUA 400x mais que 1<br />
indiano)<br />
Entre os seres humanos e a natureza (tsunami<br />
populacional X respostas do sistema)
2 problemas fundamentais<br />
“O problema central da humanidade, hoje, não está<br />
no terrorismo, mas primeiro, nas mudanças<br />
climáticas já em curso e nos padrões globais<br />
insustentáveis de produção e consumo, além da<br />
capacidade de reposição da biosfera” (Kofi Anan –<br />
ex-secretário geral da ONU)
Diferentes áreas de atuação e fontes de sensibilidade<br />
e inspiração para a questão ambiental<br />
Conselho Mundial de<br />
Igrejas: “Justiça, Paz e<br />
Integridade da Criação”<br />
(década de 1980)<br />
Aliança por um mundo<br />
responsável e solidário<br />
(Suíça, 1986)<br />
Forum global (Rio, 1992)<br />
Carta da Terra (2000)<br />
Declaração dos direitos<br />
da terra (2010)
Desenvolvimento sustentável<br />
“O <strong>desenvolvimento</strong> que procura satisfazer as<br />
necessidades da geração atual, sem comprometer a<br />
capacidade das gerações futuras de satisfazerem as<br />
suas próprias necessidades, significa possibilitar que<br />
as pessoas, agora e no futuro, atinjam um nível<br />
satisfatório de <strong>desenvolvimento</strong> social e econômico e<br />
de realização humana e cultural, fazendo, ao mesmo<br />
tempo, um uso razoável dos recursos da terra e<br />
preservando as espécies e os habitats naturais”.<br />
[Relatório Brundtland – 1987]
“Sustainable development is development that meets the needs of<br />
the present without compromising the ability of future<br />
generations to meet their own needs. It contains within it two key<br />
concepts:<br />
The concept of ‚needs‘, in particular the essential needs of the<br />
world's poor, to which overriding priority should be given; and<br />
The idea of limitations imposed by the state of technology and<br />
social organization on the environment's ability to meet present<br />
and future needs (Brundtland).”<br />
“Desenvolvimento sustentável é o <strong>desenvolvimento</strong> que coaduna as<br />
“Desenvolvimento sustentável é o <strong>desenvolvimento</strong> que coaduna as<br />
necessidades do presente sem comprometer a capacidade das<br />
gerações futuras para prover suas próprias necessidades. Ele<br />
contém dois termos –chave: o conceito de “necessidades”, em<br />
particular as necessidades essenciais dos mais pobres do mundo,<br />
para os quais deve ser dada prioridade absoluta; e a idéia de<br />
limitações impostas pelos estado de tecnologia e organização social<br />
da capacidade do <strong>desenvolvimento</strong> para coadunar necessidades<br />
presentes e futuras”
(“Sustainable development of the Earth is a development that<br />
meets the basic needs of all human beings and which<br />
conserve, protect and restore the health and integrity of the<br />
Earth's ecosystem, without compromising the ability of<br />
future generations to meet their own needs and without<br />
going over the limits of long term capacity of the earth’s<br />
ecosystem.) (Stappen 2004–2008, p. 25 ss.)<br />
Desenvolvimento sustentável da Terra é o <strong>desenvolvimento</strong><br />
que coaduna as necessidades básicas de todos os humanos e<br />
que conserva, protege e restaura a saúde e a integridade do<br />
ecossistema da Terra, sem comprometer a habilidade das<br />
futuras gerações de atender suas próprias necessidades e sem<br />
ir além dos limites da capacidade de longo termo do<br />
ecossistema da terra
Desenvolvimento sustentável<br />
“<strong>desenvolvimento</strong> capaz de suprir as necessidades da<br />
geração atual, sem comprometer a capacidade de<br />
atender as necessidades das futuras gerações. É o<br />
<strong>desenvolvimento</strong> que não esgota os recursos para o<br />
futuro” (WWF)
Raízes do conceito<br />
1560: Saxônia/Alemanha => Nachhaltigkeit<br />
(<strong>sustentabilidade</strong>)<br />
1713: Hans Carl von Carlowitz => “devemos tratar a<br />
madeira com cuidado, caso contrário, acabar-se-á o<br />
negócio e cessará o lucro”<br />
1795: Carl Gerog Hartig => é uma sábia medida<br />
avaliar de forma a mais exata possível o<br />
desflorestamento e usar as florestas de tal maneira<br />
que as futuras gerações tenham as mesmas<br />
vantagens que a atual
<strong>sustentabilidade</strong>
Desenvolvimento sustentável<br />
Para ser sustentável, o <strong>desenvolvimento</strong> deve ser:<br />
Economicamente viável<br />
Socialmente justo<br />
Ambientalmente correto<br />
MAIS:<br />
Generosidade / gratuidade<br />
Cuidado<br />
Índice da Felicidade Bruta (Butão)
<strong>sustentabilidade</strong>
Desenvolvimento X <strong>sustentabilidade</strong><br />
DESENVOLVIMENTO:<br />
linear<br />
Crescente<br />
supõe exploração das<br />
riquezas naturais<br />
Gera desigualdades<br />
Privilegia acumulação<br />
individual<br />
SUSTENTABILIDADE:<br />
origem no âmbito da<br />
biologia e da <strong>ecologia</strong><br />
circular e includente<br />
tendência dos<br />
ecossistemas ao<br />
equilíbrio dinâmico<br />
tendência à cooperação e<br />
à coevolução<br />
responde pelas<br />
interdependência de<br />
todos com todos
Desenvolvimento<br />
Processo econômico, social, cultural e político<br />
abrangente, que visa ao constante melhoramento do<br />
bem-estar de toda a população e de cada indivíduo,<br />
na base da sua participação ativa, livre e significativa<br />
no <strong>desenvolvimento</strong> e na justa distribuição dos<br />
benefícios resultantes dele
Formas de reduzir o impacto ambiental
Aliança => Princípios<br />
1 salvaguarda<br />
2 humanidade<br />
3 responsabilidade<br />
4 moderação<br />
5 prudência<br />
6 diversidade<br />
7 cidadania
Princípios da Carta da Terra<br />
<br />
1. Respeitar a Terra e a vida em toda a sua diversidade.<br />
2. Cuidar da comunidade da vida com compreensão, compaixão e amor.<br />
3. Construir sociedades democráticas que sejam justas, participativas, sustentáveis e pacíficas.<br />
4. Garantir as dádivas e a beleza da Terra para as atuais e as futuras gerações.<br />
5. Proteger e restaurar a integridade dos sistemas ecológicos da Terra, com especial preocupação pela<br />
diversidade biológica e pelos processos naturais que sustentam a vida.<br />
6. Prevenir o dano ao ambiente como o melhor método de proteção ambiental e, quando o conhecimento for<br />
limitado, assumir uma postura de precaução.<br />
7. Adotar padrões de produção, consumo e reprodução que protejam as capacidades regenerativas da Terra, os<br />
direitos humanos e o bem-estar comunitário.<br />
8. Avançar o estudo da <strong>sustentabilidade</strong> ecológica e promover a troca aberta e a ampla aplicação do<br />
conhecimento adquirido.<br />
9. Erradicar a pobreza como um imperativo ético, social e ambiental.<br />
10. Garantir que as atividades e instituições econômicas em todos os níveis promovam o <strong>desenvolvimento</strong><br />
humano de forma eqüitativa e sustentável.<br />
11. Afirmar a igualdade e a eqüidade de gênero como pré-requisitos para o <strong>desenvolvimento</strong> sustentável e<br />
assegurar o acesso universal à educação, assistência de saúde e às oportunidades econômicas.<br />
12. Defender, sem discriminação, os direitos de todas as pessoas a viver em ambiente natural e social capaz de<br />
assegurar a dignidade humana, a saúde corporal e o bem-estar espiritual, concedendo especial atenção aos<br />
direitos dos povos indígenas e minorias.<br />
13. Fortalecer as instituições democráticas em todos os níveis e proporcionar-lhes transparência e prestação de<br />
contas no exercício do governo, participação inclusiva na tomada de decisões e acesso à justiça.<br />
14. Integrar, na educação formal e na aprendizagem ao longo da vida, os conhecimentos, valores e habilidades<br />
necessárias para um modo de vida sustentável.<br />
15. Tratar todos os seres vivos com respeito e consideração.<br />
16. Promover uma cultura de tolerância, não-violência e paz.
Carta da Terra<br />
“Este documento nasceu como resposta às ameaças que<br />
pesam sobre o planeta como um todo e como forma de se<br />
pensar articuladamente os muitos problemas ecológicosociais,<br />
tendo como referência<br />
central a Terra.”<br />
“É um dos textos mais completos que se tem escrito<br />
ultimamente, digno de inaugurar o novo milênio. Recolhe o<br />
que de melhor o discurso ecológico produziu, os resultados<br />
mais seguros das ciências da vida e do universo, com forte<br />
densidade ética e espiritual. Tudo é estruturado em quatro<br />
princípios fundamentais, detalhados em 16 proposições de<br />
apoio. Estes são os quatro princípios: (1) respeitar e cuidar da<br />
comunidade de vida; (2) integridade ecológica; (3) justiça<br />
social e econômica; (4) democracia, não-violência e paz.”
Pensamento ecológico<br />
Paradigma moderno<br />
Paradigma ecológico<br />
• Domínio sobre a Natureza<br />
• Ambiente natural como<br />
recurso para os seres humanos<br />
• Seres humanos são<br />
superiores aos demais seres<br />
vivos<br />
• Comunidade<br />
nacional centralizada<br />
• Convivência com a Natureza<br />
• Toda a Natureza tem valor<br />
intrínseco<br />
• Igualdade entre as diferentes<br />
espécies<br />
• Bioregiões e reconhecimento<br />
de tradições das minorias
Fontes do novo olhar<br />
Princípio da indeterminação => liberdade<br />
Superação crítica dos determinismos históricos<br />
Há um telos da história humana?<br />
Teoria da complexidade<br />
Sociologia das ausências => <strong>ecologia</strong> dos saberes<br />
Percepção da interdependência<br />
(transdisciplinaridade)<br />
Nova epistemologia<br />
Nova cosmologia
Novum ergo sum<br />
Sinto<br />
Percebo<br />
Sonho<br />
Amo<br />
... [reflito,<br />
planejo...]<br />
ERGO SUM
Reencantamento do mundo<br />
Eu sinto o mistério<br />
do mundo. Tudo é<br />
misterioso no<br />
mundo. É preciso ser<br />
racional e místico.<br />
Sou ao mesmo tempo<br />
cético e tenho fé - sou<br />
racional e místico.
HIPÓTESE GAIA / DE GAIA<br />
Terra como grande ser vivo<br />
Intervenções nas partes interfere<br />
no todo<br />
Os organismos individuais não<br />
somente se adaptam ao<br />
ambiente fisico, mas, através da<br />
sua ação conjunta nos<br />
ecossistemas, também adaptam<br />
o ambiente geoquímico segundo<br />
as suas necessidades biológicas.<br />
Desta forma, as comunidades de<br />
organismos e seus ambientes de<br />
entrada e saída desenvolvem-se<br />
em conjunto, como os<br />
ecossistemas.
Complexidade<br />
Caos<br />
Mundo sem causa<br />
inteligente<br />
Sem leis universais<br />
Sem fim determinado<br />
Complexidade sem<br />
reducionismo<br />
As partes, em combinações<br />
livres, podem engendrar<br />
novos fenômenos<br />
Ex: cérebro, clima, etc.<br />
TEIA DA VIDA
“...o homem passou a<br />
manter com a<br />
natureza uma relação<br />
de responsabilidade,<br />
pois ela se encontra<br />
sob seu poder. [...]<br />
Esse novo poder da<br />
ação humana impõe<br />
alterações na própria<br />
natureza da Ética”<br />
Hans Jonas
Novo paradigma ecológico<br />
• Convivência com a<br />
Natureza<br />
• Toda a Natureza tem<br />
valor intrínseco<br />
• Igualdade entre<br />
as diferentes espécies<br />
• Sabedoria do conviver<br />
• Pegada ecológica
“quanto de solo, de<br />
nutrientes, de água, de<br />
florestas, de pastagens,<br />
de mar, de plâncton, de<br />
pesca, de energia etc. o<br />
planeta precisa para<br />
repor aquilo que lhe foi<br />
tirado pelo consumo<br />
humano” (Boff,<br />
Sustentabilidade, p. 25)<br />
Pegada ecológica
Pegada ecológica<br />
A pegada ecológica de um país, de uma cidade ou de uma pessoa, corresponde<br />
ao tamanho das áreas produtivas de terra e de mar, necessárias para gerar<br />
produtos, bens e serviços que sustentam determinados estilos de vida. Em<br />
outras palavras, a Pegada Ecológica é uma forma de traduzir, em hectares<br />
(ha), a extensão de território que uma pessoa ou toda uma sociedade “utiliza”,<br />
em média, para se sustentar. Para calcular as pegadas foi preciso estudar os<br />
vários tipos de territórios produtivos (agrícola, pastagens, oceano, florestas,<br />
áreas construídas) e as diversas formas de consumo (alimentação, habitação,<br />
energia, bens e serviços, transportes e outros). As tecnologias usadas, os<br />
tamanhos das populações e outros dados, também entraram na conta. Cada<br />
tipo de consumo é convertido, por meio de tabelas específicas, em uma área<br />
medida em hectares, Além disso, é preciso incluir áreas usadas para receber<br />
os detritos e resíduos gerados e reservar uma quantidade de terra e água para<br />
a própria natureza, ou seja, para os animais, as plantas e os ecossistemas onde<br />
vivem, garantindo a manutenção da biodiversidade.
Pegada ecológica global
Biocapacidade mundial
CONSCIÊNCIA - PERTENÇA<br />
PERCEBER-SE COMO<br />
PARTE DE UM TODO<br />
MAIOR<br />
RELAÇÕES DE<br />
PRODUÇÃO E<br />
CONSUMO<br />
MEDIR A “PEGADA<br />
ECOLÓGICA”<br />
SABEDORIA NO<br />
DIÁLOGO COM<br />
OUTRAS CULTURAS
CF 88 Art. 225<br />
Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente<br />
equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial<br />
à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder<br />
público e à coletividade o dever de defendê-lo<br />
e preservá-lo para as presentes e futuras<br />
gerações.
Constituição do Equador (2008)<br />
“A natureza ou Pachamama, onde se reproduz e<br />
realiza a vida, tem direito a que se respeite<br />
integralmente sua existência, a manutenção e<br />
regeneração de seus ciclos vitais, estruturas, funções<br />
e processos evolutivos. Toda pessoa, comunidade,<br />
povo ou nacionalidade, poderá exigir da autoridade<br />
pública o cumprimento dos direitos da natureza [...]<br />
o Estado incentivará as pessoas físicas ou jurídicas e<br />
as coletividades para que protejam a natureza e<br />
promoverá o respeito a todos os elementos que<br />
formam o ecossistema”
José Lutzenberg<br />
Só uma visão<br />
sistêmica, unitária<br />
e sinfônica poderá<br />
nos aproximar de<br />
uma compreensão<br />
do que é nosso<br />
maravilhoso<br />
planeta vivo.
O Homem, As Viagens<br />
Composição: Carlos Drummond de Andrade<br />
O homem, bicho da terra tão pequeno<br />
Chateia-se na terra<br />
Lugar de muita miséria e pouca diversão,<br />
Faz um foguete, uma cápsula, um módulo<br />
Toca para a lua<br />
Desce cauteloso na lua<br />
Pisa na lua<br />
Planta bandeirola na lua<br />
Experimenta a lua<br />
Coloniza a lua<br />
Civiliza a lua<br />
Humaniza a lua.
Lua humanizada: tão igual à terra.<br />
O homem chateia-se na lua.<br />
Vamos para marte — ordena a suas máquinas.<br />
Elas obedecem, o homem desce em marte<br />
Pisa em marte<br />
Experimenta<br />
Coloniza<br />
Civiliza<br />
Humaniza marte com engenho e arte.<br />
Marte humanizado, que lugar quadrado.<br />
Vamos a outra parte?<br />
Claro — diz o engenho<br />
Sofisticado e dócil.<br />
Vamos a vênus.<br />
O homem põe o pé em vênus,<br />
Vê o visto — é isto?<br />
Idem<br />
Idem<br />
Idem.<br />
O homem funde a cuca se não for a júpiter<br />
Proclamar justiça junto com injustiça<br />
Repetir a fossa<br />
Repetir o inquieto<br />
Repetitório.
Outros planetas restam para outras colônias.<br />
O espaço todo vira terra-a-terra.<br />
O homem chega ao sol ou dá uma volta<br />
Só para tever?<br />
Não-vê que ele inventa<br />
Roupa insiderável de viver no sol.<br />
Põe o pé e:<br />
Mas que chato é o sol, falso touro<br />
Espanhol domado.<br />
Restam outros sistemas fora<br />
Do solar a colonizar.
Ao acabarem todos<br />
Só resta ao homem<br />
(estará equipado?)<br />
A dificílima dangerosíssima viagem<br />
De si a si mesmo:<br />
Pôr o pé no chão<br />
Do seu coração<br />
Experimentar<br />
Colonizar<br />
Civilizar<br />
Humanizar<br />
O homem<br />
Descobrindo em suas próprias inexploradas entranhas<br />
A perene, insuspeitada alegria<br />
De con-viver.