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PRODUZINDO A DEFESA DO BRASIL

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<strong>PRODUZIN<strong>DO</strong></strong><br />

A <strong>DEFESA</strong><br />

<strong>DO</strong> <strong>BRASIL</strong><br />

Ano 1 • Número 01 • 2014<br />

ENTREVISTAS ESPECIAIS<br />

Luiz Marinho<br />

Prefeito de São<br />

Bernardo do Campo<br />

Gal. Enzo Peri<br />

Comandante do Exército<br />

Brasileiro


EDITORIAL<br />

<strong>PRODUZIN<strong>DO</strong></strong> A<br />

<strong>DEFESA</strong> <strong>DO</strong> <strong>BRASIL</strong><br />

Em dezembro de 2013, a Presidenta<br />

Dilma Roussef anunciou a escolha<br />

do modelo Gripen para a renovação<br />

da Força Aérea, no âmbito do processo<br />

de reaparelhamento das Forças Armadas e do<br />

fortalecimento da Base Industrial de Defesa, iniciado<br />

no Governo Lula. Imediatamente, os olhares<br />

se voltaram para o Grande ABC. O anúncio da<br />

empresa Saab, de instalação de uma unidade de<br />

fabricação do caça em São Bernardo do Campo,<br />

deu ao Prefeito Luiz Marinho grande projeção na<br />

mídia e inseriu a região na geografia da indústria<br />

de Defesa. Porém, o ocorrido não foi um raio em<br />

céu azul. Houve toda uma estratégia, um caminho,<br />

um processo, que conduziram a esse resultado<br />

muito positivo para o Grande ABC e o Brasil.<br />

O Arranjo Produtivo Local (APL) de Defesa<br />

do Grande ABC, único deste tipo no país, tem<br />

muito a comemorar. Após um ano de existência,<br />

a publicação do primeiro exemplar de sua Revista<br />

representa novo avanço na cooperação entre<br />

empresários, sindicalistas, dirigentes acadêmicos<br />

e gestores públicos – os quatro principais atores<br />

que compõem o APL, com frequente presença de<br />

membros das Forças Armadas como convidados.<br />

O Prefeito Luiz Marinho, Presidente do<br />

Consórcio Intermunicipal das sete prefeituras<br />

do Grande ABC, é o personagem central nesse<br />

esforço regional de adensamento da indústria de<br />

Defesa brasileira. Entre suas várias ações, incluiu-se<br />

uma audiência com Sua Majestade, o Rei da Suécia,<br />

a convite deste. Em entrevista neste número<br />

inaugural da Revista do APL de Defesa do Grande<br />

ABC, Marinho expõe sua visão sobre o momento<br />

da região e do país e as vantagens de uma diversificação<br />

produtiva, que somará novas capacidades à<br />

tradicional vocação automotiva preservada.<br />

Igualmente relevante é a entrevista do Comandante<br />

do Exército Brasileiro, General Enzo<br />

Peri, que detalha os projetos dessa Força para os<br />

próximos anos, as demandas de produtos e serviços<br />

para o parque produtivo do país e as vantagens<br />

de um APL como o nosso para o Brasil.<br />

A matéria sobre o Gripen avalia o impacto da<br />

escolha do caça para o Brasil e nossa região.<br />

O histórico da busca de inserção do Grande<br />

ABC na cadeia produtiva de Defesa, ao longo de<br />

cinco anos, está descrito em detalhes na matéria<br />

da página 6 e no artigo do Secretário de Desenvolvimento<br />

Econômico de São Bernardo do<br />

Campo, na página 42.<br />

As universidades do Grande ABC serão<br />

cruciais na construção das novas capacidades<br />

produtivas. Dirigentes de importantes instituições<br />

comentam essas perspectivas nesta edição. Artigo<br />

sobre a capacitação da força de trabalho local retrata<br />

a preocupação central do sindicalismo - ator<br />

social de fundamental importância na região.<br />

A Agência de Desenvolvimento Econômico<br />

do Grande ABC tem papel decisivo a cumprir no<br />

processo regional. Rafael Marques, que acumula a<br />

presidência do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC<br />

e da Agência, fala dos planos e ações desta entidade.<br />

Finalmente, entre outras reportagens, a<br />

matéria sobre Catalogação e Homologação de<br />

produtos de Defesa aborda os requisitos técnicos<br />

rigorosos para quem pretende fornecer às Forças<br />

Armadas.<br />

Convidamos os leitores e leitoras a se inteirarem<br />

das ações do APL de Defesa do Grande<br />

ABC. Boa leitura a todos!<br />

Coordenação do APL de Defesa do Grande ABC<br />

Revista do APL de Defesa do Grande ABC


ÍNDICE<br />

EXPEDIENTE<br />

05<br />

06<br />

14<br />

18<br />

24<br />

28<br />

34<br />

42<br />

48<br />

52<br />

56<br />

58<br />

60<br />

EVENTOS<br />

UM MARCO PARA A INDÚSTRIA DE <strong>DEFESA</strong><br />

ENTREVISTA COM O PREFEITO DE SÃO<br />

BERNAR<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> CAMPO LUIZ MARINHO<br />

<strong>DEFESA</strong> <strong>BRASIL</strong>EIRA TEM HORIZONTE OTIMISTA<br />

ENTREVISTA COM O COMANDANTE <strong>DO</strong><br />

EXÉRCITO <strong>BRASIL</strong>EIRO GENERAL ENZO PERI<br />

APL É CANAL DE COMUNICAÇÃO COM<br />

O EXÉRCITO <strong>BRASIL</strong>EIRO<br />

A MISSÃO DA AGÊNCIA DE DESENVOLVIMENTO<br />

<strong>DO</strong> GRANDE ABC<br />

AS INSTITUIÇÕES DE ENSINO E SUA<br />

IMPORTÂNCIA PARA A INDÚSTRIA DE <strong>DEFESA</strong><br />

INDÚSTRIA DE <strong>DEFESA</strong> PODE CONTAR COM<br />

AS UNIVERSIDADES<br />

REFORÇO SUECO NOS ARES <strong>DO</strong> <strong>BRASIL</strong><br />

O APL EM <strong>DEFESA</strong> <strong>DO</strong> GRANDE ABC<br />

ARTIGO <strong>DO</strong> SECRETÁRIO JEFFERSON JOSÉ<br />

DA CONCEIÇÃO<br />

CATALOGAÇÃO DE PRODUTOS E SERVIÇOS<br />

PROCESSO RIGOROSO E IMPRESCINDÍVEL<br />

SINDICATOS E CAPACITAÇÃO DA MÃO DE OBRA<br />

CAMINHO PARA INOVAR<br />

A VISÃO ESTRATÉGICA DE UM POLO DA IN-<br />

DÚSTRIA DE <strong>DEFESA</strong><br />

NOTAS: POR DENTRO <strong>DO</strong> APL<br />

EMPRESAS E INSTITUIÇÕES <strong>DO</strong> APL DE<br />

<strong>DEFESA</strong> <strong>DO</strong> GRANDE ABC<br />

APL DE <strong>DEFESA</strong> <strong>DO</strong> GRANDE ABC<br />

Presidente do Consórcio<br />

do Grande ABC<br />

Prefeito de São Bernardo do Campo<br />

Luiz Marinho<br />

Coordenador Geral do APL<br />

de Defesa do Grande ABC<br />

Jefferson José da Conceição<br />

Secretário Adjunto de Desenvolvimento<br />

Carlos Alberto “Krica”<br />

Coordenadora Técnica do APL<br />

Flávia Beltran<br />

A Revista do APL de Defesa do Grande ABC<br />

é uma publicação do Arranjo Produtivo Local do<br />

Setor de Defesa do Grande ABC. A publicação teve<br />

a coordenação do Secretário de Desenvolvimento<br />

Econômico, Trabalho e Turismo de São Bernardo do<br />

Campo, Jefferson José da Conceição e do Secretário<br />

Adjunto Carlos Alberto “Krica”.<br />

REVISTA <strong>DO</strong> APL DE <strong>DEFESA</strong><br />

<strong>DO</strong> GRANDE ABC<br />

Ano 01 - Número 01 (2014)<br />

Diretor Geral: José Mattos<br />

Repórter Especial: Romualdo Venâncio<br />

Coordenador: Fernando Portilho<br />

Designer: Mayara Lista<br />

Capa: Flávio Tavares<br />

Secretária de Redação: Taís Motta<br />

Estagiária: Florencia Perseo<br />

Assessores da Secretaria de<br />

Desenvolvimento Econômico, Trabalho<br />

e Turismo de São Bernardo do Campo:<br />

Roberto Vital Anau, Maisa Sodré e Flávia Beltran<br />

Contatos do APL de Defesa<br />

do Grande ABC<br />

www.industriadefesaabc.com.br<br />

www.desenvolvimentosbc.com.br<br />

www.facebook.com/desenvolvimentoSBC<br />

industria@saobernardo.sp.gov.br<br />

Praça Samuel Sabatini, 50 – Paço Municipal<br />

São Bernardo do Campo – SP<br />

CEP: 09750-901<br />

Editada pela JCM Consultoria em<br />

Comunicação e Políticas Públicas<br />

Av. Rio Branco, 45 sala 1703<br />

Rio de Janeiro – RJ<br />

Telefone: 021-3686-6802<br />

Os artigos publicados na revista são de responsabilidade<br />

de seus autores e não refletem<br />

obrigatoriamente a opinião dos editores


EVENTOS<br />

O COMAN<strong>DO</strong> DA AERONÁUTICA APRESENTA SEUS<br />

PROJETOS E DEMANDAS ÀS EMPRESAS <strong>DO</strong><br />

GRANDE ABC<br />

PROGRAME-SE: 30 de julho de 2014<br />

Programação:<br />

8h – Credenciamento<br />

8h30 – Abertura – Prefeito Luiz Marinho<br />

9h às 12h – Palestras com Representantes da Força Aérea<br />

12h – Almoço<br />

13h – Palestras com Representantes da Força Aérea<br />

15h – Rodadas de Relacionamentos entre Oficiais da Aeronáutica responsáveis<br />

pelo Setor de Compras e empresas da Região, nas seguintes áreas:<br />

Têxtil – fardamento, calçados e acessórios<br />

Instalações – alimentação, gêneros, equipamentos e aparelhos<br />

Equipamentos Individuais – EPI (equipamentos de proteção individual)<br />

Equipamentos de Logística e mobilização - barracas de campanhas, contêineres<br />

Combustíveis, Gases, Óleos e Lubrificantes<br />

Viaturas, motores, viaturas especiais<br />

Pneus de aviação<br />

Produtos especiais: produtos químicos para manutenção de aeronaves, tintas aeronáutica<br />

Material Bélico – munições e explosivos, armamentos, armas não letais, bombas e foguetes<br />

Materiais – processos de forjamento em alumínio e outros, ligas de alto desempenho para veículos<br />

lançadores e materiais compostos, elastômeros e sinterizados metálicos para freios<br />

Ciência e Tecnologia – sistemas de informática para veículos lançadores, VANT,<br />

mísseis e satélites, simuladores de voo<br />

Mecânica – tanques de combustível aerotranspotáveis, revisão geral de TPs (trens de pouso)<br />

Para brisas e transparências para uso aeronáutico<br />

Equipamentos e insumos médico-hospitalares e odontológicos<br />

Local: Salão Nobre da Universidade Metodista de São Paulo (UMESP) – Rua Alfeu Tavares, 149 – Rudge Ramos – São<br />

Bernardo do Campo<br />

Informações: Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo de São Bernardo do Campo<br />

Contato: Flávia Beltran – industria@saobernardo.sp.gov.br<br />

Inscrições e Programação completa pelo site do APL de Defesa do Grande ABC: www.industraidefeSaabc.com.br<br />

MISSÃO <strong>BRASIL</strong> - SUÉCIA<br />

22 a 26 de setembro de 2014<br />

A Prefeitura de São Bernardo do Campo, por meio da<br />

Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Trabalho<br />

e Turismo e da Secretaria de Relações Internacionais,<br />

com apoio da Business Sweden e dos APLs de Defesa,<br />

Ferramentaria e Auto Peças, estão organizando a Missão<br />

Brasil-Suécia, com o objetivo de trocar experiências entre<br />

universidades e prospectar negócios entre empresas.<br />

Entidades envolvidas:<br />

- Prefeitura de São Bernardo do Campo<br />

- Universidades<br />

- Instituição de Ensino Técnico Especializado<br />

- Business Sweden<br />

- Sindicatos dos Metalúrgicos da Suécia e do Grande ABC<br />

Locais: Linköping e Gotemburgo - Suécia<br />

Mais informações: 11 4348-1051 (Maisa, Flávia e<br />

Alessandra) - maisa.sodre@saobernardo.sp.gov.br<br />

Revista do APL de Defesa do Grande ABC


UM MARCO PARA A INDÚSTRIA DE <strong>DEFESA</strong><br />

UM MARCO PARA<br />

A INDÚSTRIA<br />

DE <strong>DEFESA</strong><br />

06<br />

Maio de 2014 • Edição 01• Revista do APL de Defesa do Grande ABC


Criado para somar<br />

esforços e multiplicar<br />

resultados, o APL de<br />

Defesa do Grande<br />

ABC se tornou uma<br />

referência do setor e<br />

ampliou a projeção de<br />

sua representatividade<br />

Entre os objetivos de<br />

um Arranjo Produtivo<br />

Local (APL) estão<br />

a aproximação e o<br />

diálogo entre empresas de um<br />

mesmo território para que, a<br />

partir de uma ação coordenada,<br />

busquem o avanço em produtividade<br />

e competitividade. Isso<br />

é exatamente o que aconteceu<br />

há cerca de um ano, quando<br />

foi criado o APL de Defesa do<br />

Grande ABC, no Estado de São<br />

Paulo. A região já havia conquistado<br />

notoriedade como um<br />

dos principais polos industriais<br />

do Brasil, mas principalmente<br />

pela atuação no setor automobilístico.<br />

Diante de uma demanda<br />

específica e das múltiplas<br />

oportunidades decorrentes, veio<br />

o estímulo para aproveitar todo<br />

o potencial produtivo já instalado<br />

por ali.<br />

O APL de Defesa do Grande<br />

ABC surgiu como parte de<br />

um planejamento para a região,<br />

vislumbrando as próximas décadas.<br />

A criação e a coordenação<br />

desse APL ficaram a cargo da<br />

www.industriadefesaabc.com.br • Edição 01• Maio de 2014 07


“ A combinação do momento<br />

econômico do Brasil com a<br />

real possibilidade de fortes<br />

investimentos na área permitiu<br />

que se enxergasse um panorama<br />

mais convidativo...”<br />

Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Trabalho<br />

e Turismo da Prefeitura de São Bernardo<br />

do Campo. E as ideias vieram à tona em meio à<br />

definição de prioridades do plano de governo do<br />

Prefeito Luiz Marinho. “Entre as questões colocadas<br />

à mesa, precisávamos saber como promover a complementariedade<br />

das cadeias produtivas e definir o que a<br />

região ainda poderia absorver, que espaços ainda seria<br />

possível abrir, quais seriam as demandas da economia<br />

brasileira, entre outros fatores”, explica o Prefeito.<br />

O estímulo para a formação desse APL veio<br />

também do positivo cenário em torno do Setor<br />

de Defesa. A combinação do momento econômico<br />

do Brasil com a real possibilidade de fortes<br />

investimentos na área permitiu que se enxergasse<br />

um panorama mais convidativo. Outro fator que<br />

impulsionou o surgimento do primeiro e, até<br />

o momento, único APL de Defesa do país é a<br />

necessidade das Forças Armadas de reduzirem sua<br />

dependência quanto a fornecedores estrangeiros<br />

de produtos e serviços. Se a equação ‘pesquisa e<br />

desenvolvimento tecnológico mais capacidade de<br />

SÃO BERNAR<strong>DO</strong> REALIZA “RADIOGRAFIA”<br />

DAS INDÚSTRIAS DE <strong>DEFESA</strong> NO NOVO CADASTRO<br />

A Prefeitura de São Bernardo<br />

- por meio da Secretaria de<br />

Desenvolvimento Econômico,<br />

Trabalho e Turismo - acaba de<br />

realizar pesquisa para atualizar<br />

o Cadastro Geral da Indústria<br />

(CGI) do município. O diagnóstico,<br />

realizado pelo INPES da<br />

USCS (Universidade Municipal<br />

de São Caetano do Sul), conta<br />

com o apoio do Ciesp-São<br />

Bernardo e dos sindicatos de<br />

trabalhadores, dos Metalúrgicos<br />

e o dos Químicos do ABC.<br />

A pesquisa contém também<br />

questões que buscam identificar,<br />

em uma primeira aproximação, a<br />

base industrial de Defesa instalada<br />

no município.<br />

Os resultados serão disponibilizados<br />

ao público na forma<br />

impressa e eletrônica. Assim, será<br />

possível conhecer o que produz<br />

cada uma das indústrias; que<br />

insumos utiliza; onde compra;<br />

onde vende (logo, será possível<br />

mapear a “abecedização” do<br />

fornecimento das cadeias produtivas<br />

locais); se exporta ou não;<br />

número e composição de empregados;<br />

principais resíduos do<br />

processo industrial; relação com<br />

as universidades, entre outras informações.<br />

O objetivo do CGI<br />

é ser instrumento de apoio ao<br />

fomento da indústria. Ele poderá<br />

gerar rodadas de negócios para<br />

os atuais Arranjos Produtivos<br />

Locais (APLs), coordenados pela<br />

Secretaria. Além do próprio APL<br />

de Defesa, a Secretaria coordena<br />

os APLs de ferramentaria, autopeças,<br />

químico, defesa, móveis,<br />

gráfico e panificação.<br />

O CGI abrange todos os<br />

estabelecimentos industriais do<br />

município. Os 35 pesquisadores<br />

visitaram in loco mais de 700<br />

quarteirões da cidade. O questionário,<br />

aplicado pelos pesquisadores<br />

foi respondido por gerentes<br />

e diretores das empresas.<br />

A pesquisa deverá ser estendida<br />

em breve a toda Região do ABC,<br />

por meio do Consórcio Intermunicipal<br />

e da Agência de Desenvolvimento<br />

Econômico do ABC.<br />

08<br />

Maio de 2014 • Edição 01• Revista do APL de Defesa do Grande ABC


UM MARCO PARA A INDÚSTRIA DE <strong>DEFESA</strong><br />

Foto: Divulgação<br />

Marinha do Brasil e empresários da região<br />

produção’ pode gerar resultados<br />

significativos, os vetores ‘instituições<br />

de ensino e polo industrial’<br />

são mais do que relevantes.<br />

Visão de futuro<br />

O APL de Defesa do Grande<br />

ABC foi fundado, oficialmente,<br />

no dia 7 de março de 2013.<br />

Mas sua construção se iniciou<br />

bem antes dessa data, com uma<br />

expressiva lista de ações desenvolvidas<br />

pela Prefeitura de São<br />

Bernardo do Campo. Ainda no<br />

primeiro semestre de 2010, o<br />

prefeito Luiz Marinho viajou<br />

para a Suécia e a França, com o<br />

intuito de conhecer de perto a<br />

indústria aeronáutica daqueles<br />

países e identificar oportunidades<br />

para as empresas do Grande<br />

ABC nos campos comercial,<br />

além do compartilhamento de<br />

tecnologia. Essas visitas resultaram<br />

em dois eventos com algumas<br />

das principais companhias<br />

globais no setor de tecnologia<br />

aeroespacial.<br />

No final de 2010, representantes<br />

da Saab, indústria sueca<br />

“...os membros do<br />

AP transformaram os<br />

debates em agenda de<br />

trabalho, ações concretas<br />

e, consequentemente,<br />

benefícios a todos...”<br />

fabricante do caça Gripen,<br />

estiveram em São Bernardo<br />

do Campo para um encontro<br />

com empresas e universidades<br />

do Grande ABC. Na ocasião,<br />

os executivos da Saab falaram<br />

sobre o que ofereceriam como<br />

contrapartida ao Brasil e ao<br />

Grande ABC caso o grupo<br />

fosse escolhido pelo governo<br />

brasileiro para ser o fornecedor<br />

dos aviões do Projeto FX-2 da<br />

Força Aérea Brasileira. Além<br />

do compromisso em transferir<br />

tecnologia, falou-se na construção<br />

de uma unidade do grupo<br />

sueco em São Bernardo do<br />

Campo.<br />

Em dezembro de 2013, o<br />

Ministério da Defesa anunciou<br />

que o Gripen (modelo New<br />

Generation) foi escolhido para<br />

renovar a frota nacional de caças<br />

supersônicos. A Saab confirmou<br />

sua instalação em São<br />

Bernardo do Campo.<br />

O segundo encontro aconteceu<br />

em maio de 2011, com<br />

o Consórcio Rafale, do grupo<br />

francês Dassault, que também<br />

concorria para o Projeto FX-2.<br />

Em um seminário apresentado<br />

pela empresa, foi assinado um<br />

Termo de Cooperação com a<br />

Prefeitura de São Bernardo do<br />

Campo e três instituições de<br />

ensino (UFABC, FEI e Fatec).<br />

Ainda naquele mês, o ABC<br />

deu mais um importante passo<br />

rumo ao desenvolvimento<br />

tecnológico e ficou ainda mais<br />

próximo da Suécia. A criação<br />

do Centro de Pesquisa e Inovação<br />

Sueco-Brasileiro, o CISB,<br />

multiplicou as possibilidades de<br />

geração de conhecimento, inclusive<br />

com intercâmbio acadêmico.<br />

Com o apoio do CISB, as<br />

universidades do Grande ABC<br />

têm mantido contato direto,<br />

por exemplo, com a Linköping<br />

University, e já vêm desenvol-<br />

www.industriadefesaabc.com.br • Edição 01• Maio de 2014 09


vendo trabalhos de pesquisa em parceria.<br />

A dedicação para promover o<br />

desenvolvimento da indústria de defesa do<br />

Grande ABC também abriu o diálogo da<br />

Prefeitura de São Bernardo do Campo com<br />

o mercado dos Estados Unidos. A Boeing<br />

Company realizou duas rodadas de questionários,<br />

uma no final de 2011 e outra no início de<br />

2012, junto às empresas da região do ABC para<br />

selecionar aquelas que pudessem integrar a rede<br />

mundial de fornecedores da companhia norteamericana.<br />

Um Seminário sobre Oportunidades da<br />

Indústria de Defesa no Brasil e no Grande ABC,<br />

em outubro de 2011, reuniu representantes<br />

das Forças Armadas, empresários, sindicalistas e<br />

gestores públicos. Em paralelo, um Colóquio<br />

Acadêmico congregou universidades locais com<br />

o ITA e o IME, que expuseram as pesquisas em<br />

andamento. Também nesse evento, ocorreu o<br />

FINANCIAMENTOS<br />

Apoio à inovação tecnológica<br />

lançamento do livro bilíngue (português/inglês)<br />

“São Bernardo do Cam po, Grande ABC: Nova<br />

Fron teira da Indústria de Defesa”, disponível em<br />

versão impressa e eletrônica.<br />

Esforço conjunto, ganho coletivo<br />

Como era de se esperar, todas essas iniciativas<br />

despertaram o interesse de diversos segmentos<br />

William Respondovesk<br />

Foto: Divulgação / FINEP<br />

Entre as ações do Arranjo<br />

Produtivo Local (APL) de Defesa<br />

do Grande ABC está o apoio<br />

para que as indústrias encontrem<br />

caminhos mais curtos e seguros<br />

aos recursos financeiros. É uma<br />

forma de estimular o crescimento<br />

do setor. Se depender da<br />

busca por financiamentos para<br />

aplicar em pesquisa e desenvolvimento,<br />

pode-se afirmar que a<br />

indústria nacional de defesa está<br />

em plena expansão.<br />

A FINEP, por exemplo, empresa<br />

pública vinculada ao Ministério<br />

da Ciência, Tecnologia e<br />

Inovação, criou no ano passado<br />

um departamento específico<br />

para atender o setor. Inicialmente,<br />

foram disponibilizados<br />

recursos de R$ 2,9 bilhões. No<br />

entanto, por conta da demanda,<br />

serão investidos quase R$ 8,7<br />

bilhões. Segundo dados divulgados<br />

pelas própria FINEP, de<br />

91 planos de negócios apresentados<br />

por 64 empresas líderes<br />

aprovadas no programa Inova<br />

Aerodefesa, saíram 315 projetos<br />

de pesquisa e inovação, com<br />

base nas quatro linhas temáticas<br />

definidas no edital: Aeroespacial,<br />

Defesa, Segurança e Materiais<br />

Especiais.<br />

O chefe do Departamento<br />

das Indústrias Aeroespacial,<br />

Defesa e Segurança da FINEP,<br />

William Respondovesk, afirma<br />

ser imprescindível comprovar o<br />

grau de inovação do projeto em<br />

questão, até porque essa informação<br />

ajudará a definir o tipo de<br />

financiamento (reembolsável ou<br />

não). “É importante que a empresa<br />

mostre qual é o risco tecnológico,<br />

que desafios vai enfrentar. Precisa<br />

descrever o que vai fazer, como vai<br />

fazer e que tipo de gasto terá (equipe,<br />

equipamentos, viagens e demais<br />

despesas); e quanto tempo vai demorar<br />

para acontecer”, detalha ele.<br />

10<br />

Maio de 2014 • Edição 01• Revista do APL de Defesa do Grande ABC


UM MARCO PARA A INDÚSTRIA DE <strong>DEFESA</strong><br />

para as oportunidades na área<br />

de defesa. E aí veio também a<br />

demanda por mais informações<br />

sobre as características do setor,<br />

seus integrantes, suas particularidades,<br />

os principais desafios,<br />

enfim, tudo o que fosse possível.<br />

Mais uma vez, o prefeito<br />

Luiz Marinho e sua equipe se<br />

anteciparam e buscaram meios<br />

para suprir tal necessidade. Uma<br />

série de ações com as Forças<br />

Armadas, visando a sua aproximação<br />

com as empresas da<br />

região, se desenvolveu a partir<br />

do ano seguinte.<br />

Uma palestra realizada pelo<br />

General Aderico Mattioli,<br />

diretor do Departamento de<br />

Produtos de Defesa do Ministério<br />

da Defesa, e pelo Coronel<br />

Nelson Kenji Missano, gerente<br />

do Centro de Catalogação<br />

das Forças Armadas, ajudou os<br />

empresários do Grande ABC a<br />

entenderem a importância e as<br />

etapas dos processos de catalogação<br />

e homologação de produtos.<br />

Também tiveram início<br />

Sérgio Schmitt<br />

articulações para a instalação de<br />

um Centro de Catalogação das<br />

Forças Armadas em São Bernardo<br />

do Campo.<br />

Ainda em dezembro<br />

de 2012, aconteceu uma<br />

conferência com oficiais<br />

Foto: Divulgação<br />

Quando o solicitante consegue<br />

a aprovação dos recursos,<br />

vem o acompanhamento da instituição<br />

financeira. “Não vamos<br />

apenas olhar a perspectiva de crédito<br />

e emprestar o recurso, queremos saber<br />

qual é o grau de inovação. E não<br />

liberamos a verba toda de uma vez,<br />

mas, sim, por etapas, de acordo com<br />

os resultados que apuramos”, explica<br />

Respondovesk.<br />

O Banco Nacional de Desenvolvimento<br />

Econômico e<br />

Social (BNDES) já atua com<br />

empresas do setor de defesa –<br />

pequenas, médias e grandes – há<br />

mais tempo. “Temos histórico de<br />

atendimento à área de defesa desde<br />

a década de 1980”, confirma o<br />

engenheiro lotado no Gabinete<br />

da Presidência da instituição,<br />

Sergio Schmitt. “Mais recentemente,<br />

desde 2003, há uma política de<br />

governo orientada para o fortalecimento<br />

dessa indústria”, completa.<br />

O limite mínimo de apoio, por<br />

exemplo, é de R$ 1 milhão para<br />

a defesa, enquanto que para os demais<br />

setores é de R$ 20 milhões.<br />

O atendimento pode ficar ainda<br />

mais personalizado pelo fato de o<br />

BNDES contar com uma divisão<br />

específica para atender APLs.<br />

“Fato interessante é que várias<br />

tecnologias desenvolvidas para o setor<br />

de defesa também têm aplicação no<br />

mercado civil”, observa Schmitt.<br />

Além do apoio à inovação, o<br />

BNDES também oferece recursos<br />

para que as empresas possam<br />

investir em capacidade produtiva,<br />

a exemplo de quando precisa<br />

ampliar ou renovar suas linhas<br />

de produção. Para ter acesso<br />

aos recursos, o empresário deve<br />

formalizar uma consulta prévia,<br />

seja para inovação, seja para<br />

capacidade produtiva ou ainda<br />

exportação.<br />

Serviço:<br />

FINEP – (11) 3847-0300<br />

www.finep.gov.br<br />

BNDES – (11) 3512-5100<br />

www.bndes.gov.br<br />

www.industriadefesaabc.com.br • Edição 01• Maio de 2014 11


da Marinha do Brasil para falarem sobre<br />

especificações da demanda de produtos e<br />

serviços. As palestras realizadas pelo Vice<br />

-Almirante Edésio Teixeira Lima Junior e sua<br />

equipe mostraram aos mais de 450 empresários<br />

presentes quais são as necessidades da<br />

Marinha e o que é preciso para que possam<br />

se tornar fornecedores.<br />

Em 2013, nasce de fato o APL de Defesa<br />

do Grande ABC, que desde sua formação reúne<br />

uma lista considerável de participantes, entre<br />

empresas, universidades, Forças Armadas, instituições<br />

financeiras, entidades de classe e a gestão<br />

pública. Mais que discutir de forma intensa e<br />

abrangente os principais temas relacionados ao<br />

setor, os membros desse grupo transformaram<br />

os debates em agenda de trabalho, ações concretas<br />

e, consequentemente, benefícios a todos os<br />

atores relevantes do Grande ABC. Para começar,<br />

o APL de Defesa do Grande ABC desenvolveu<br />

um site próprio (www.industriadefesaabc.com.br)<br />

para ampliar divulgação, em âmbito nacional, e<br />

chamar a atenção para as atividades da região no<br />

tocante ao setor.<br />

O site foi ferramenta fundamental, por exemplo,<br />

para convidar o público para participar do<br />

evento realizado em parceria com o Exército em<br />

julho de 2013, nos moldes do que havia acontecido<br />

com a Marinha. “Foi a continuidade de nossa<br />

política para ampliar a participação do setor produtivo<br />

do Grande ABC na rede de suprimento das Forças<br />

Armadas”, comenta o secretário de Desenvolvimento<br />

Econômico, Trabalho e Turismo de São<br />

Bernardo, Jefferson José da Conceição.<br />

O processo também é visto com bons olhos pelos<br />

militares, como afirma a liderança do Comando<br />

Logístico do Exército, General Marco Antônio de<br />

Farias: “Para mantermos o Exército ativo, precisamos do<br />

apoio da indústria. E essa aproximação representa ganho<br />

de qualidade, benefícios sociais e confiabilidade”. Naquele<br />

evento, foi entregue ao Exército um documento no<br />

qual o APL propõe diversos tópicos relacionados ao<br />

incremento de sua participação na Base Industrial<br />

de Defesa do Brasil. •<br />

EMPRESAS <strong>DO</strong> APL TÊM LINHA<br />

ESPECIAL DA CAIXA PARA CAPITAL DE GIRO<br />

As empresas do APL de Defesa do Grande ABC poderão utilizar de linha de<br />

crédito para capital de giro especialmente construída pela Caixa Econômica Federal<br />

para os Arranjos Produtivos Locais (APLs).<br />

A linha, constituída com recursos do PIS, propiciará financiamento de até R$<br />

100.000,00, com carência de 24 meses, pagamento em até 24 vezes e taxa de juros<br />

de 0,83% a.m, sem IOF.<br />

Os empresários que eventualmente estiverem com dívidas atrasadas e, por conseguinte,<br />

sem condições de obtenção da Certidão Negativa de Débito (CND), podem<br />

receber consultoria especializada para regularizar a situação e conseguir o crédito.<br />

Algumas outras linhas de crédito importantes para as Indústrias da base Industrial<br />

de Defesa são a do BNDES e da FINEP.<br />

12<br />

Maio de 2014 • Edição 01• Revista do APL de Defesa do Grande ABC


UM MARCO PARA A INDÚSTRIA DE <strong>DEFESA</strong><br />

Tunico Vieira<br />

Secretário de Relações Internacionais<br />

de São Bernardo do Campo<br />

Defesa é garantia de<br />

segurança e soberania<br />

Pelas ruas do Brasil escuta-se que os<br />

gastos públicos na área de defesa são<br />

desnecessários. No entanto, a história e<br />

ordem mundial contemporânea comprovam<br />

que para a manutenção da paz é necessário<br />

a segurança de nossas fronteiras. Quando<br />

falamos em defesa não nos referimos à<br />

guerra, mas prioritariamente aos assuntos de<br />

segurança nacional e à conservação de uma<br />

região pacífica. E claramente, um país com a<br />

extensão territorial do Brasil, que dispõe de<br />

vastas riquezas e reservas naturais, necessita<br />

de equipamentos modernos para garantir sua<br />

soberania e a segurança de seu povo.<br />

São Bernardo do Campo, uma cidade<br />

vanguardista no fortalecimento e na<br />

diversificação de sua atividade econômica,<br />

mais uma vez sai na frente como pivô<br />

da inovação no processo de ampliação e<br />

modernização da indústria de defesa a ser<br />

territorialmente desenvolvida em<br />

nossa cidade.<br />

O governo do Prefeito Luiz Marinho<br />

não tem medido esforços, e tem tido<br />

destacável sucesso, para transformar<br />

São Bernardo do Campo em um<br />

renomado parque de defesa nacional,<br />

atraindo empresas de alta tecnologia,<br />

gerando empregos qualificados e<br />

contribuindo para o desenvolvimento<br />

da cidade, da região e do país.<br />

Indubitavelmente a instalação da<br />

fábrica da Saab para fabricação dos<br />

caças supersônicos Gripen NG é<br />

a primeira etapa de sucesso, dentre<br />

diversas outras que virão, para<br />

consolidação de mais um degrau<br />

na escada do desenvolvimento<br />

econômico e social de São Bernardo<br />

do Campo. •<br />

www.industriadefesaabc.com.br • Edição 01• Maio de 2014 13


ENTREVISTA ESPECIAL<br />

<strong>DEFESA</strong> <strong>BRASIL</strong>EIRA TEM<br />

HORIZONTE OTIMISTA<br />

O Prefeito de São Bernardo e atual Presidente do Consórcio Intermunicipal<br />

do Grande ABC aposta alto na evolução do polo industrial do Grande ABC<br />

para fortalecer a autonomia tecnológica das Forças Armadas e ressalta tratar-se<br />

de um processo coletivo, que depende de todos os envolvidos com o setor<br />

Foto: Revista do APL<br />

A<br />

Indústria Nacional de Defesa vive<br />

um momento de boas perspectivas,<br />

tanto pela evolução tecnológica,<br />

que é uma realidade dentro do<br />

país, quanto pela integração com o mercado<br />

internacional. Esse ambiente traz novas oportunidades<br />

para o setor, a exemplo da escolha<br />

dos caças Gripen NG pelo Governo Federal<br />

para o Projeto FX-2, aeronaves fabricadas pela<br />

empresa sueca Saab. Apesar dessa atmosfera<br />

positiva, o prefeito de São Bernardo do Campo<br />

(SP), Luiz Marinho, acredita que o setor de<br />

defesa do Brasil precisa avançar mais. E para<br />

que isso aconteça, é preciso estreitar a relação<br />

entre as Forças Armadas, a indústria de defesa,<br />

a área acadêmica e todos os demais integrantes<br />

dessa cadeia. Essa é a movimentação que vem<br />

sendo realizada pelo Arranjo Produtivo Local<br />

(APL) de Defesa do Grande ABC.<br />

Prefeito de São Bernardo do Campo Luiz Marinho<br />

Como surgiu a formação<br />

do APL de Defesa?<br />

Foi motivada, principalmente, por nossa inquietação<br />

na busca de novos e melhores rumos<br />

para a cidade de São Bernardo do Campo e o<br />

ABC paulista. Desde o primeiro momento da<br />

preparação para a eleição à Prefeitura, fizemos<br />

uma lista de interrogações sobre como pensar,<br />

planejar e projetar a cidade para os próximos<br />

14<br />

Maio de 2014 • Edição 01• Revista do APL de Defesa do Grande ABC


PREFEITO DE SÃO BERNAR<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> CAMPO LUIZ MARINHO<br />

Foto: Divulgação<br />

A convite da Saab, prefeito Luiz Marinho realizou sobrevoo em um Gripen<br />

30, 40 ou 50 anos; como fazer<br />

o complemento das cadeias<br />

produtivas; o que a região ainda<br />

pode absorver; enfim, que espaços<br />

podem se abrir. Entre as<br />

muitas informações resultantes<br />

desse diagnóstico, constatamos<br />

que o setor de defesa, após<br />

cinco décadas, passou a receber<br />

– ou a ter a possibilidade de<br />

receber – fortes investimentos,<br />

acompanhando o bom momento<br />

da economia brasileira.<br />

“Em diversas situações,<br />

na busca por processos<br />

ou matérias-primas<br />

para a indústria de<br />

defesa, acabam surgindo<br />

descobertas que servirão<br />

também a outros<br />

segmentos industriais...”<br />

Quais são as reais<br />

oportunidades para<br />

o setor?<br />

A consolidação da economia<br />

brasileira no cenário global<br />

atrai os olhares do mundo todo.<br />

Se já éramos uma nação em<br />

evidência por conta das riquezas<br />

naturais como as existentes<br />

na Amazônia, tornamo-nos<br />

mais ainda com as descobertas<br />

de novos campos de petróleo.<br />

Vale ressaltar as projeções sobre<br />

o problema de escassez de água.<br />

Mas nossas oportunidades vão<br />

além desses e outros recursos<br />

naturais estratégicos e abrangem<br />

também nosso parque<br />

industrial e nossa expertise<br />

produtiva. No momento em<br />

que o Governo Federal anuncia<br />

vultosos investimentos na área<br />

de defesa, nos deparamos com o<br />

desafio de reconstruir parte da<br />

indústria que abastece o setor,<br />

sucateada ao longo do tempo.<br />

Em meio a esse cenário, vimos<br />

a oportunidade de o ABC<br />

acolher a constituição de um<br />

parque industrial de defesa.<br />

A região é<br />

tradicionalmente<br />

reconhecida como polo da<br />

indústria automobilística.<br />

Essa imagem pode mudar?<br />

Esse é o nosso desejo, mas<br />

com uma mudança que aponte a<br />

complementação e diversificação<br />

de cadeias produtivas, mantendo<br />

nossas vocações tradicionais.<br />

Uma boa manchete sobre esse<br />

momento poderia ser a seguinte:<br />

“O ABC também é defesa”. Há<br />

predominância do setor automotivo,<br />

mas suas raízes passam<br />

por segmentos como engenharia,<br />

químico e petroquímico, que<br />

também interagem com outras<br />

cadeias produtivas.<br />

www.industriadefesaabc.com.br • Edição 01• Maio de 2014 15


Como tem sido a<br />

receptividade de<br />

empresários à criação<br />

do APL e às ações já<br />

desenvolvidas?<br />

Posso dizer que há algumas<br />

empresas ainda na fase de namoro<br />

e outras já caminhando para o<br />

casamento. Não temos dúvida de<br />

que a iniciativa valeu a pena. Se<br />

tomarmos como exemplo a criação<br />

do Centro de Pesquisa e Inovação<br />

Sueco-Brasileiro (CISB),<br />

que atua nacional e internacionalmente<br />

a partir de nossa cidade,<br />

o que vemos é um estímulo importante<br />

ao processo de formação<br />

da consciência sobre a necessidade<br />

de um parque tecnológico e a<br />

da interação das universidades e<br />

institutos de pesquisa com demandas<br />

do setor produtivo. Mais<br />

do que nunca, o setor de defesa<br />

demanda tal avanço. Em diversas<br />

situações, na busca por processos<br />

ou matérias-primas para a indústria<br />

de defesa, acabam surgindo<br />

descobertas que servirão também<br />

a outros segmentos industriais.<br />

Quais são os benefícios<br />

para empresas que<br />

investem no setor<br />

de defesa em São<br />

Bernardo do Campo e<br />

no Grande ABC?<br />

Esta região tem uma cultura<br />

de trabalho muito forte e, por<br />

conta disso, uma inteligência<br />

bastante desenvolvida em relação<br />

a esse universo. Também há<br />

o potencial de diversas áreas da<br />

Foto: Divulgação<br />

engenharia e a presença abrangente<br />

do mundo acadêmico. O<br />

que procuramos fazer é aproximar,<br />

reunir todos esses setores e<br />

criar uma sinergia. Além disso, a<br />

região apresenta outros diferenciais,<br />

como a localização geográfica<br />

e a proximidade do Porto<br />

de Santos, importantes vantagens<br />

logísticas. Esse conjunto de<br />

fatores acaba se traduzindo em<br />

competitividade.<br />

Como a concentração de<br />

instituições de ensino na<br />

região tem favorecido o<br />

desenvolvimento do polo<br />

industrial de defesa?<br />

Sempre que vou às universidades,<br />

digo que estão em<br />

débito com a sociedade, pois há<br />

inúmeras demandas já colocadas<br />

que necessitam de pesquisa<br />

para serem resolvidas, e são essas<br />

instituições que podem desenvolver<br />

tais estudos. Quando<br />

Associação dos Funcionários Público<br />

uma empresa privada investe<br />

em pesquisas, tem como base<br />

um produto ou serviço específico<br />

e não uma demanda mais<br />

ampla. Veja por exemplo a Represa<br />

Billings, que abastece boa<br />

parte da cidade de São Paulo<br />

e nossa região. Seu reservatório<br />

de água vem diminuindo<br />

devido ao aumento da quantidade<br />

de lodo. Como descobrir<br />

uma forma segura de tirar esse<br />

lodo, sem causar uma catástrofe<br />

ambiental? Só é possível levar<br />

adiante um debate como este<br />

com a participação da academia.<br />

De forma geral, creio que as<br />

instituições de ensino estão respondendo<br />

razoavelmente bem<br />

a este chamado, buscando cada<br />

vez mais parcerias com o setor<br />

industrial. É necessário aprofundar<br />

esse processo, tornando<br />

-o mais sistemático e dinâmico.<br />

Uma iniciativa em curso no<br />

Consórcio Intermunicipal é a<br />

16<br />

Maio de 2014 • Edição 01• Revista do APL de Defesa do Grande ABC


PREFEITO DE SÃO BERNAR<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> CAMPO LUIZ MARINHO<br />

realização de um Inventário da<br />

Oferta Tecnológica da região,<br />

que identifique o conjunto de<br />

instituições e organizações prestadoras<br />

de serviços e pesquisas<br />

tecnológicas: laboratórios de<br />

universidades e independentes,<br />

Centros de Engenharia de<br />

empresas, institutos públicos<br />

e privados etc. No momento,<br />

trabalhamos uma licitação para<br />

realizar o levantamento para<br />

criar esse inventário.<br />

E quanto às Forças<br />

Armadas, também houve<br />

boa receptividade para<br />

as iniciativas do APL de<br />

Defesa do Grande ABC?<br />

Com certeza. Já realizamos<br />

um encontro com a Marinha<br />

e outro com o Exército para<br />

aproximá-los dos empresários<br />

da região. Este ano, o mesmo<br />

vai acontecer com a Aeronáutica.<br />

Já recebemos elogios das<br />

“A presença da Saab<br />

na cidade, no ABC<br />

paulista, é uma decisão<br />

estratégica de grande<br />

relevância...”<br />

três Forças por incentivarmos<br />

essa relação mais estreita com<br />

a indústria da região e até de<br />

outros estados. A partir desses<br />

encontros, os militares têm a<br />

oportunidade de apresentar<br />

às empresas seu potencial de<br />

compra e de desenvolvimento.<br />

E também de conhecer o que<br />

esse parque industrial pode<br />

oferecer. Há material importado<br />

que poderia ser fabricado aqui<br />

no Brasil. Nacionalizar a produção<br />

de equipamentos que hoje<br />

são importados seria algo muito<br />

positivo, tanto para as Forças<br />

Armadas quanto para a economia<br />

brasileira. Afinal de contas,<br />

se estamos falando de indústria<br />

de defesa, precisamos ter autonomia<br />

de uso, de exploração e<br />

de transferência de tecnologia.<br />

Com a escolha dos caças<br />

Gripen NG, fabricados<br />

pela Saab, para o Projeto<br />

FX-2, a empresa sueca<br />

confirmou a instalação<br />

de uma unidade em São<br />

Bernardo. Como o senhor<br />

vê essa notícia?<br />

Evidentemente, o fortalecimento<br />

da Defesa Nacional é<br />

muito importante, mas a presença<br />

da Saab em São Bernardo<br />

do Campo é uma decisão estratégica<br />

de grande relevância. Há<br />

uma estimativa de geração de<br />

aproximadamente 5.800 postos<br />

de emprego para a região, o<br />

que teria um impacto extremamente<br />

positivo na economia<br />

local. Há ainda os investimentos<br />

previstos para São Bernardo,<br />

além do que a empresa já tem<br />

aplicado no país. De forma mais<br />

abrangente, é importante considerar<br />

as oportunidades geradas<br />

para a área de fornecedores e<br />

os centros de pesquisa, considerando<br />

que a transferência de<br />

tecnologia é um dos compromissos<br />

da entrada da Saab no<br />

Projeto FX-2. Vale ressaltar<br />

que a integração com o grupo<br />

sueco já era significativo, tanto<br />

que sua participação viabilizou<br />

a criação do CISB, por<br />

exemplo.<br />

Qual seria, neste momento,<br />

Sua mensagem para o<br />

setor brasileiro de defesa e<br />

seus integrantes?<br />

O Brasil só tem uma<br />

alternativa: o segmento nacional<br />

de defesa precisa ser melhor do<br />

que é hoje. Essa é nossa aposta,<br />

é o que devemos projetar para<br />

os próximos 50 anos. O Grande<br />

ABC deseja e pode contribuir<br />

para isso, em cooperação com<br />

outras regiões do país, de forma<br />

a tornar essa também uma<br />

aposta no desenvolvimento<br />

tecnológico da indústria<br />

brasileira. •<br />

www.industriadefesaabc.com.br • Edição 01• Maio de 2014 17


ENTREVISTA ESPECIAL<br />

APL É CANAL DE<br />

COMUNICAÇÃO COM<br />

O EXÉRCITO <strong>BRASIL</strong>EIRO<br />

Entrevista com o comandante do Exército brasileiro, General Enzo Peri<br />

Foto: Divulgação<br />

General Enzo Peri<br />

Uma participação cada vez maior da<br />

indústria nacional no atendimento<br />

às necessidades do Exército<br />

Brasileiro já está definida nos<br />

diversos projetos que integram o planejamento<br />

estratégico ora em execução. Nesse contexto,<br />

os Arranjos Produtivos Locais - APLs - como<br />

o do Grande ABC, se apresentam como um<br />

campo promissor para ampliar a participação<br />

das empresas no fornecimento de diversos<br />

tipos de materiais e serviços. Esta é a visão do<br />

general Enzo Peri, comandante do Exército,<br />

que, em entrevista exclusiva à Revista da<br />

Indústria de Defesa do Grande ABC, abordou<br />

as diversas questões da integração com a<br />

indústria nacional.<br />

18<br />

Maio de 2014 • Edição 01• Revista do APL de Defesa do Grande ABC


COMANDANTE <strong>DO</strong> EXÉRCITO <strong>BRASIL</strong>EIRO GENERAL ENZO PERI<br />

Quais são os Projetos<br />

Estratégicos do<br />

Exército e qual sua<br />

vinculação com a<br />

indústria de defesa?<br />

O Exército Brasileiro está<br />

passando por um processo de<br />

transformação, iniciado a partir<br />

da percepção da necessidade<br />

de ampliação da capacidade de<br />

proteção ao Estado brasileiro,<br />

consubstanciada em sua missão<br />

constitucional e preconizada na<br />

Política Nacional de Defesa e na<br />

Estratégia Nacional de Defesa.<br />

O Planejamento Estratégico<br />

do Exército estabeleceu sete<br />

projetos indutores do Processo<br />

de Transformação. São eles:<br />

SISFRON, ASTROS 2020,<br />

GUARANI, PROTEGER,<br />

<strong>DEFESA</strong> CIBERNÉTICA,<br />

<strong>DEFESA</strong> ANTIAÉREA e<br />

RECOP, todos com forte vinculação<br />

com a indústria nacional<br />

de defesa.<br />

Para melhor visualizar essa<br />

vinculação, é interessante detalhar<br />

esses projetos:<br />

“No curto prazo,<br />

espera-se que sejam<br />

mais demandados<br />

setores tais como as<br />

indústrias automotiva,<br />

de informática<br />

(software e hardware),<br />

de telecomunicações,<br />

química (propelentes),<br />

espacial e de sistemas<br />

eletroeletrônicos...”<br />

a) Sistema Integrado de Monitoramento<br />

de Fronteiras<br />

(SISFRON): É um abrangente<br />

e integrado sistema de<br />

sensoriamento remoto para<br />

apoio à decisão e atuação<br />

integrada do Exército, das<br />

Forças coirmãs e de agências<br />

governamentais, concebido<br />

mediante a integração de<br />

recursos tecnológicos que<br />

proporcionam a sinergia de<br />

processos e pessoas, tendo o<br />

emprego das estruturas organizacionais<br />

existentes.<br />

“Até 2022, espera-se um<br />

incremento nas cadeias<br />

produtivas fornecedoras de<br />

conjuntos e componentes<br />

eletromecânicos para<br />

a indústria automotiva,<br />

espacial, de propelentes,<br />

desenvolvedores de<br />

softwares e de soluções de<br />

Tecnologia da Informação e<br />

de Comunicações (TIC)...”<br />

Essas ações, empregadas de<br />

forma convergente, permitem<br />

o fortalecimento da presença e<br />

da ação do Estado na faixa de<br />

fronteira, favorecendo a capacitação<br />

e o impulsionamento da<br />

indústria nacional, bem como<br />

o adensamento de Unidades<br />

das Forças Armadas nessa área.<br />

Muitas indústrias serão fornecedoras<br />

deste sistema, tais<br />

como automotiva, espacial,<br />

eletroeletrônica, radares e telecomunicações,<br />

entre outras.<br />

b) Astros 2020: tem a finalidade<br />

de dotar a Força Terrestre<br />

de meios capazes de prestar<br />

apoio de fogo de longo<br />

alcance com elevada precisão<br />

e letalidade. Possibilitará a<br />

realização de lançamento<br />

partindo das plataformas<br />

da nova viatura lançadora<br />

múltipla universal na versão<br />

MK-6, de vários foguetes da<br />

família ASTROS, bem como<br />

do míssil tático de cruzeiro.<br />

Diversas indústrias e centros<br />

de pesquisa da área química<br />

(propelentes), automotiva,<br />

espacial e de sistemas eletroeletrônicos<br />

podem ser<br />

demandados.<br />

c) Nova Família de Blindados<br />

de Rodas de Fabricação<br />

Nacional (Guarani): tem<br />

por objetivos transformar<br />

Organizações Militares de<br />

Infantaria Motorizada em<br />

Mecanizada e modernizar as<br />

Organizações Militares de<br />

Cavalaria Mecanizada. Para<br />

isso, estão sendo desenvolvidas<br />

novas famílias de Viaturas<br />

Blindadas de Rodas, a fim<br />

de dotar a Força Terrestre de<br />

meios para incrementar a dissuasão<br />

e a defesa do território<br />

nacional. Além de contribuir<br />

para o crescimento da indústria<br />

nacional de defesa,<br />

este projeto criará condições<br />

para que o Exército possa,<br />

cada vez mais, adequar-se às<br />

exigências decorrentes do<br />

Processo de Transformação.<br />

Serão beneficiadas, entre<br />

www.industriadefesaabc.com.br • Edição 01• Maio de 2014 19


“...podemos afirmar<br />

que a abrangência das<br />

capacidades requeridas<br />

pelos projetos estratégicos<br />

é muito vasta, em face<br />

de terem escopos bem<br />

amplos e diversificados...”<br />

outras, as cadeias produtivas<br />

da indústria automotiva, tais<br />

como motores, componentes<br />

eletromecânicos, eletrônicos e<br />

pneumáticos.<br />

d) Sistema Integrado de Proteção<br />

de Estruturas Estratégicas<br />

Terrestres (PROTEGER): é<br />

um sistema destinado a ampliar<br />

a capacidade de atuação<br />

do Exército em ações preventivas<br />

ou de contingência<br />

na proteção da sociedade, no<br />

apoio às atividades da Defesa<br />

Civil. Este projeto articula-se<br />

com o Mosaico de Segurança<br />

Institucional, desenvolvido<br />

pelo Gabinete de Segurança<br />

Institucional e com o Sistema<br />

Brasileiro de Inteligência, que<br />

já promovem o monitoramento<br />

das estruturas estratégicas<br />

terrestres, permitindo<br />

ao Exército obter capacidades<br />

para pronta resposta contra<br />

eventuais ameaças. O projeto<br />

beneficia, principalmente, as<br />

áreas de informática (software<br />

e hardware), de comando e<br />

controle e de comunicações.<br />

e) Defesa Cibernética: o projeto<br />

de Defesa Cibernética<br />

beneficiará as áreas de informática<br />

(software e hardware) e<br />

telecomunicações. Tem por<br />

meta incluir o Exército no<br />

restrito grupo de organizações,<br />

nacionais e internacionais,<br />

que possuem a capacidade<br />

de desenvolver medidas de<br />

proteção, visando o emprego,<br />

com liberdade de ação, do<br />

espaço cibernético.<br />

f) Defesa Antiaérea: O projeto<br />

visa dotar a Força de capacidades<br />

para atender às necessidades<br />

de defesa das estruturas<br />

estratégicas terrestres do País<br />

e do Exército, protegendo-as<br />

de possíveis ameaças provenientes<br />

do espaço aéreo,<br />

mediante a integração de<br />

mísseis e canhões antiaéreos,<br />

radares, centros de comando<br />

e controle, comunicações e<br />

logística, estabelecendo uma<br />

moderna e adequada capacidade<br />

de defesa antiaérea.<br />

Neste projeto poderão ser<br />

demandadas as indústrias<br />

espacial (radares), automotiva<br />

e de telecomunicações.<br />

“A criação de APLs na área<br />

de Defesa é importante na<br />

medida em que contribui<br />

para a concentração e<br />

a ampliação dos meios<br />

produtivos...”<br />

g) Recuperação da Capacidade<br />

Operacional (RECOP):<br />

trata-se de um projeto que visa<br />

recuperar a capacidade de combate<br />

do Exército, dotando as<br />

unidades operacionais de material<br />

de emprego militar em seu<br />

nível adequado de prontidão<br />

e operacionalidade para atender<br />

as exigências de defesa da<br />

Pátria, bem como às operações<br />

de garantia da lei e da ordem<br />

e às diversas missões subsidiárias<br />

atribuídas à Força. Diversas<br />

cadeias produtivas serão beneficiadas,<br />

tais como as indústrias<br />

automotiva, de telecomunicações<br />

e de munições.<br />

Dentro dos Projetos<br />

Estratégicos do Exército,<br />

quais são as prioridades<br />

da Força e os setores<br />

empresariais mais<br />

impactados no curto,<br />

médio e longo prazos?<br />

Todos os projetos anteriormente<br />

mencionados são igualmente<br />

importantes e prioritários<br />

para o Exército, pois são<br />

os indutores da transformação,<br />

processo atualmente em curso<br />

na Força e que tem horizontes<br />

temporais definidos: curto prazo<br />

(até 2015), médio prazo (até<br />

2022) e longo prazo (até 2031).<br />

No curto prazo, espera-se<br />

que sejam mais demandados<br />

setores tais como as indústrias<br />

automotiva, de informática<br />

(software e hardware), de telecomunicações,<br />

química (propelentes),<br />

espacial e de sistemas<br />

eletroeletrônicos, em função<br />

do desenvolvimento da Nova<br />

Família de Blindados, da implantação<br />

do Projeto Piloto do<br />

SISFRON, da criação e estruturação<br />

do Centro de Defesa<br />

20<br />

Maio de 2014 • Edição 01• Revista do APL de Defesa do Grande ABC


COMANDANTE <strong>DO</strong> EXÉRCITO <strong>BRASIL</strong>EIRO GENERAL ENZO PERI<br />

Foto: Divulgação/Iveco<br />

Projeto Guarani<br />

Cibernética, do desenvolvimento<br />

do Sistema Astros 2020, de<br />

aquisições de equipamentos e<br />

materiais para atender à Recuperação<br />

da Capacidade Operacional<br />

e da criação de Centros<br />

de Comando e Controle.<br />

No médio prazo, com o<br />

prosseguimento dos projetos,<br />

espera-se um incremento nas<br />

cadeias produtivas fornecedoras<br />

de conjuntos e componentes<br />

eletromecânicos para a indústria<br />

automotiva, espacial, de<br />

propelentes, desenvolvedores<br />

de softwares e de soluções de<br />

Tecnologia da Informação e<br />

de Comunicações (TIC), em<br />

função da distribuição das<br />

primeiras unidades das viaturas<br />

da Nova Família de Blindados<br />

Guarani, da consolidação<br />

e ampliação do SISFRON, do<br />

prosseguimento do projeto<br />

PROTEGER, da implementação<br />

técnica do SISTEMA<br />

ASTROS 2020, da recuperação<br />

da capacidade operacional da<br />

Força Terrestre e da ampliação<br />

da estrutura e da capacidade do<br />

Centro de Defesa Cibernética e<br />

do Sistema de Defesa Antiaérea.<br />

No longo prazo, todos os<br />

segmentos industriais relacionados<br />

à consolidação das<br />

estruturas e dos projetos implementados<br />

e avaliados nos curto<br />

e médio prazos também serão<br />

amplamente impactados.<br />

Enfim, podemos afirmar<br />

que a abrangência das capacidades<br />

requeridas pelos projetos<br />

estratégicos é muito vasta, em<br />

face de terem escopos bem amplos<br />

e diversificados, requerendo<br />

tecnologias de ponta e sistemas<br />

e equipamentos de alta performance,<br />

envolvendo quase toda<br />

a cadeia produtiva do país.<br />

Existem recursos<br />

orçamentários que<br />

assegurem a continuidade<br />

dos Projetos?<br />

Apesar de não termos total<br />

garantia que os recursos serão<br />

assegurados no longo prazo,<br />

estamos confiantes. O que<br />

podemos afirmar é que nos<br />

últimos anos estamos com uma<br />

tendência positiva no nível<br />

de investimentos e que todos<br />

os projetos estratégicos estão<br />

recebendo os recursos para<br />

a sua implantação.<br />

Os projetos SISFRON,<br />

Guarani, Defesa Antiaérea e<br />

Defesa Cibernética estão inseridos<br />

no Plano Plurianual (PPA)<br />

www.industriadefesaabc.com.br • Edição 01• Maio de 2014 21


2012-2015 – Plano Mais Brasil,<br />

como empreendimentos de<br />

grande porte.<br />

Cabe destacar que o SISFRON,<br />

o ASTROS 2020 e o GUARANI,<br />

a partir deste ano, já se encontram<br />

inseridos no Programa<br />

de Aceleração do Crescimento<br />

do Governo Federal, o que<br />

permite uma maior garantia<br />

na continuidade dos recursos<br />

orçamentários.<br />

Por outro lado, o Exército<br />

também prioriza a busca de recursos<br />

extraorçamentários junto<br />

aos órgãos de fomento, como<br />

forma de dar continuidade aos<br />

seus projetos. Destacam-se os<br />

recursos não reembolsáveis obtidos<br />

junto ao MCTI/FINEP,<br />

os quais contribuíram de maneira<br />

decisiva para o sucesso do<br />

Projeto Radar SABER M-60<br />

“O estímulo ao<br />

desenvolvimento científico<br />

e tecnológico e a inovação<br />

[...] deverá concretizar a<br />

obtenção de produtos com<br />

alto conteúdo tecnológico<br />

agregado...”<br />

e da Viatura Blindada de Transporte<br />

de Pessoal (GUARANI).<br />

Entre os benefícios<br />

de fazer parte de um<br />

APL, que vantagens<br />

para a Força podem ser<br />

destacadas no caso do<br />

APL de Defesa?<br />

A criação de APLs na área<br />

de Defesa é importante na medida<br />

em que contribui para a<br />

concentração e a ampliação dos<br />

meios produtivos, ao mesmo<br />

tempo em que estimula a for-<br />

mação de uma elite intelectual<br />

associada aos projetos catalisadores<br />

do desenvolvimento.<br />

Enfim, são muitos os benefícios<br />

e vantagens, mas destaco<br />

como principal benefício o<br />

de estabelecer essa comunicação<br />

direta entre o Exército<br />

Brasileiro e o setor produtivo<br />

nacional, permitindo que as<br />

necessidades requeridas pela<br />

Força Terrestre sejam conhecidas<br />

e atendidas pelo setor<br />

produtivo do País.<br />

No campo da Ciência<br />

e Tecnologia, como o<br />

Comando do Exército<br />

pode contribuir com o<br />

APL de Defesa e com<br />

as empresas que a ele se<br />

integrarem?<br />

O Sistema de Ciência e Tecnologia<br />

é essencial como indutor<br />

Foto: Divulgação<br />

O General Enzo Peri,<br />

Comandante do Exército, e<br />

o Prefeito de São Bernardo<br />

do Campo, Luiz Marinho,<br />

encontraram-se no último<br />

dia 26 de março, em Brasília.<br />

Na ocasião, ficou decidido<br />

que será estreitado o<br />

relacionamento do parque<br />

industrial do Grande ABC<br />

com o Escritório de Projetos<br />

do Exército, visando uma<br />

mais intensa integração das<br />

empresas do APL de Defesa<br />

da região com as ações<br />

estratégicas que vêm sendo<br />

postas em prática.<br />

22<br />

Maio de 2014 • Edição 01• Revista do APL de Defesa do Grande ABC


COMANDANTE <strong>DO</strong> EXÉRCITO <strong>BRASIL</strong>EIRO GENERAL ENZO PERI<br />

do Processo de Transformação da<br />

Força. Nesse campo, o Comando<br />

do Exército pode contribuir com<br />

o APL pelo estabelecimento de<br />

ações em parceria, objetivando a<br />

geração de recursos para a Força,<br />

como a inovação tecnológica. Segundo<br />

a Estratégia Nacional de<br />

Defesa (END), a reestruturação<br />

da indústria brasileira de material<br />

de defesa tem como propósito<br />

assegurar que o atendimento das<br />

necessidades de equipamento das<br />

Forças Armadas apoie-se em tecnologias<br />

sob domínio nacional.<br />

O propósito de estimular<br />

o desenvolvimento científico<br />

e tecnológico e a inovação<br />

de interesse para a defesa<br />

nacional deverá concretizar<br />

a obtenção de produtos com<br />

alto conteúdo tecnológico<br />

agregado, com o envolvimento<br />

coordenado das instituições<br />

científicas e tecnológicas<br />

(ICT) civis e militares, da<br />

indústria e da universidade.<br />

Diversos são os setores que<br />

possuem elevado potencial para<br />

estabelecimento de parcerias<br />

entre o Exército Brasileiro e o<br />

APL, seja no âmbito da pesquisa<br />

e desenvolvimento, seja no<br />

âmbito da produção industrial<br />

de produtos com alto valor<br />

tecnológico. Podemos destacar<br />

as áreas de tecnologia da informação;<br />

defesa cibernética;<br />

equipamentos óticos; máquinas,<br />

equipamentos e materiais de<br />

engenharia; equipamentos e<br />

materiais médicos e hospitalares;<br />

armamentos leves, incluindo<br />

os de baixa letalidade,<br />

com as respectivas munições;<br />

armamento de grosso calibre<br />

e munições; equipamentos<br />

individuais para o combatente;<br />

viaturas especializadas; simuladores<br />

para armamento, viaturas<br />

e aeronaves; e outros.<br />

Uma das ações para concretizar<br />

essa contribuição trata<br />

do planejamento e início da<br />

implantação de um polo de<br />

Ciência e Tecnologia na região<br />

de Guaratiba (PCTEG), cujo<br />

foco principal é o de fortalecer<br />

e integrar a Base Industrial de<br />

Defesa, com vistas a fomentar<br />

um APL de Defesa. No projeto<br />

do PCTEG, no momento<br />

atual, analisa-se exatamente a<br />

questão formulada. O modelo<br />

de negócio a ser adotado está<br />

em concepção. Será construído<br />

junto com a participação de<br />

todos os atores interessados. Em<br />

breve, planeja-se a elaboração<br />

de simpósios, workshops e outros<br />

instrumentos para discutir,<br />

coletar sugestões e construir a<br />

melhor forma de trabalho.<br />

A disposição do Exército é<br />

a de compartilhar seus pesquisadores,<br />

laboratórios, instituições<br />

de ensino, em suma, toda<br />

sua infraestrutura de P&D, na<br />

“O APL se apresenta como<br />

um campo promissor de<br />

ampliação da participação<br />

da indústria nacional na<br />

obtenção, pelo Exército,<br />

de produtos de defesa<br />

(PRODE)...”<br />

busca de soluções aos desafios<br />

tecnológicos inerentes aos<br />

produtos de Defesa, com ênfase<br />

na inovação e sempre apoiado<br />

nas capacidades existentes na<br />

indústria nacional.<br />

No momento, há<br />

empresas engajadas na<br />

produção de material de<br />

defesa para o Exército?<br />

Sim, há empresas engajadas<br />

na produção de material de defesa<br />

em diversos setores, como<br />

por exemplo: viaturas, radares,<br />

equipamentos óticos e mísseis.<br />

Diante da gama de projetos em<br />

desenvolvimento pelo Exército,<br />

particularmente os Projetos<br />

Estratégicos, a tendência é de<br />

aumento da participação das<br />

empresas nacionais no setor<br />

produtivo para a defesa. O APL<br />

se apresenta como um campo<br />

promissor de ampliação da participação<br />

da indústria nacional<br />

na obtenção, pelo Exército, de<br />

produtos de defesa (PRODE).<br />

Várias empresas brasileiras,<br />

assim definidas pela legislação<br />

em vigor, participam dos projetos<br />

estratégicos conduzidos<br />

pelo Exército, como por exemplo:<br />

IVECO <strong>BRASIL</strong> (Guarani),<br />

CPqD (Centro de Pesquisa<br />

e Desenvolvimento), MEC-<br />

TRON-Odebrecht (RDS -<br />

Rádio Definido por Software),<br />

Consórcio TEPRO, constituído<br />

pelas empresas de defesa SA-<br />

VIS e ORBISAT (SISFRON),<br />

BRADAR e AGRALE (Defesa<br />

de Artilharia Antiaérea), AVI-<br />

BRÁS ASTROS2020). •<br />

www.industriadefesaabc.com.br • Edição 01• Maio de 2014 23


FORMAR UMA PLATAFORMA<br />

REGIONAL DE SUCESSO É<br />

A MISSÃO DA AGÊNCIA <strong>DO</strong><br />

GRANDE ABC<br />

Quando se pensa em promover a expansão de uma região tão importante para o<br />

País como é o ABC paulista, planejar o desenvolvimento econômico é mais que<br />

fundamental. Tal preparação tem de ser conduzida com base em uma visão ampla,<br />

global, como vêm fazendo as lideranças mundiais desde sempre<br />

Foto: Paulo de Souza<br />

Rafael Marques<br />

É<br />

fácil reconhecer a importância financeira<br />

e social de uma região brasileira<br />

que representa 6,8% do Produto Interno<br />

Bruto (PIB) estadual e 2,3% do<br />

nacional. E quanto mais detalhes se sabe a respeito<br />

dessa localidade específica, maior é a convicção<br />

sobre sua relevância. Pois é dessa forma que<br />

o Grande ABC ganhou notoriedade – sobretudo<br />

política – e marcou a história do País. Composto<br />

por sete municípios, que ocupam uma área<br />

de 827 km² e abrigam mais de 2,68 milhões de<br />

habitantes, é o quinto maior mercado de consumo<br />

do Brasil. Segundo o Instituto Brasileiro de<br />

Geografia e Estatística (IBGE), o PIB regional<br />

em 2010 foi de R$ 84,8 bilhões. Alcançar tais<br />

índices e continuar avançando de forma sustentável<br />

depende de um processo de expansão bem<br />

planejado e, mais ainda, bem executado. Esta aí<br />

o cerne do trabalho da Agência de Desenvolvimento<br />

Econômico do Grande ABC.<br />

Criada em outubro de 1998, a instituição<br />

surgiu com o intuito de aproximar e integrar as<br />

lideranças dos setores público e privado, e fazer<br />

jus ao seu nome. Embora sua essência seja<br />

o desenvolvimento econômico, a Agência foi<br />

estabelecida como uma associação civil de direito<br />

privado sem fins lucrativos. Entre seus associados<br />

24<br />

Maio de 2014 • Edição 01• Revista do APL de Defesa do Grande ABC


A MISSÃO DA AGÊNCIA<br />

Foto: Divulgação<br />

estão o Consórcio Intermunicipal<br />

Grande ABC, que por sua<br />

vez representa as sete Prefeituras<br />

da região; empresas do polo<br />

petroquímico; instituições de<br />

ensino; associações comerciais e<br />

industriais; e seis sindicatos de<br />

trabalhadores. Essa composição<br />

visa a estabelecer um diálogo<br />

democrático – e suficientemente<br />

prático – para definir as ações<br />

a serem realizadas. “A Agência<br />

do Grande ABC foi uma iniciativa<br />

pioneira no Brasil e, após 14 anos<br />

de experiência bem-sucedida, tem<br />

fortalecido a Governança Regional<br />

junto ao Consórcio Intermunicipal”,<br />

destaca o presidente da instituição,<br />

Rafael Marques - que acumula<br />

a presidencia do Sindicato<br />

dos Metalúrgicos do ABC.<br />

A múltipla representatividade<br />

da Agência fortalece e<br />

facilita a articulação entre governos,<br />

empresas, trabalhadores<br />

e universidades. “Essas relações<br />

possibilitam cooperação produtiva e<br />

aprendizado conjunto em diversas<br />

áreas, como mercado, acesso a crédito,<br />

melhoria produtiva, entre outros<br />

benefícios”, acrescenta Marques.<br />

“Criada em outubro<br />

de 1998, a instituição<br />

surgiu com o intuito de<br />

aproximar e integrar as<br />

lideranças dos setores<br />

público e privado...”<br />

Não por acaso, o Banco Nacional<br />

de Desenvolvimento<br />

Econômico e Social (BNDES)<br />

mantém um Posto de Informação<br />

instalado na sede da Agência.<br />

Nessa unidade, é possível<br />

ter esclarecimentos sobre os<br />

diversos programas de financiamento<br />

da instituição, inclusive<br />

o de Apoio a Micro, Pequena e<br />

Média Empresa Inovadora.<br />

A soma do conhecimento e<br />

da capacidade produtiva de todos<br />

esses grupos gera a sinergia<br />

necessária para promover, de<br />

fato, o desenvolvimento econômico<br />

do Grande ABC. Em<br />

outras palavras, potencializa a<br />

inteligência da região, identifica<br />

e atrai oportunidades de investimentos,<br />

cria possibilidades de<br />

novos negócios, multiplica a<br />

Rafael Marques e o Prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho<br />

geração de empregos e projeta<br />

esse potencial para todo o país<br />

e para o mundo. Tanto assim,<br />

que diversas multinacionais já<br />

se instalaram na região, e outras<br />

estão chegando.<br />

Regionalização<br />

profissional<br />

Os resultados alcançados<br />

pela Agência justificaram sua<br />

criação e estimularam seu<br />

crescimento. No entanto, diante<br />

de sua abrangência, envolvendo<br />

sete cidades e diversos<br />

segmentos produtivos, cada<br />

um com suas particularidades,<br />

ficou clara a necessidade de<br />

estabelecer o mesmo modelo<br />

de gestão de forma ainda mais<br />

pontual, de acordo com a<br />

proporção e as características<br />

individuais dos setores. A<br />

solução para tal demanda veio<br />

com a criação dos arranjos<br />

produtivos locais (APLs), que<br />

reúnem empresas com a mesma<br />

vocação e os demais envolvidos<br />

com cada segmento.<br />

“Ao estimular processos locais<br />

de desenvolvimento, é preciso ter<br />

em mente que qualquer ação nesse<br />

sentido deve permitir a conexão do<br />

arranjo com os mercados, a sustentabilidade<br />

por meio de um padrão<br />

de organização que se mantenha ao<br />

longo do tempo, a promoção de um<br />

ambiente de inclusão de pequenos e<br />

micronegócios em um mercado com<br />

distribuição de riquezas e a elevação<br />

do capital social por meio da promoção<br />

e a cooperação entre os atores<br />

do território”, explica Marques.<br />

www.industriadefesaabc.com.br • Edição 01• Maio de 2014 25


Foto: Divulgação<br />

Rafael Marques<br />

O Grande ABC já conta com quinze APLs:<br />

• Autopeças<br />

• Defesa<br />

• Ferramentaria • Gráficos<br />

• Plástico<br />

• Metalmecânico<br />

• Moveleiro<br />

• Panificação<br />

• Químico<br />

• Pesqueiro<br />

• Cosméticos • Turismo<br />

• Hotéis, Bares e Restaurantes<br />

• Design, Audiovisual e Economia Criativa<br />

• ITESCS - Instituto de Tecnologia de São Caetano do Sul<br />

O APL de Defesa do Grande ABC é um dos<br />

mais recentes e, assim como os demais, é visto<br />

pelo presidente da Agência como uma plataforma<br />

imprescindível para o desenvolvimento deste<br />

setor que ganha força na região. Porém, Marques<br />

observa que o segmento tem uma distinção:<br />

“A área de defesa tem uma característica diferenciada<br />

dos demais setores, uma vez que garantir a produção<br />

nacional de seus componentes não é só uma questão<br />

mercadológica, mas estratégica para a soberania nacional”.<br />

E, como está na essência da Agência e<br />

dos APLs, o de Defesa se tornou a conexão de<br />

diversas cadeias produtivas com as Forças Armadas.<br />

“O Grande ABC é o principal parque industrial<br />

metalmecânico da América Latina. Para um setor no<br />

qual a metalurgia é essencial, como é o caso da defesa,<br />

o Grande ABC é estratégico, pois detém as competências<br />

empresariais e de mão de obra necessárias para se<br />

avançar no desenvolvimento e na confecção de produtos<br />

para este segmento”, exemplifica Marques.<br />

Segundo o presidente da Agência, o APL de<br />

Defesa surgiu em um momento favorável: “Esse<br />

APL nasceu com um Brasil crescendo, tendo uma nova<br />

inserção no mundo e com a necessidade de manter a soberania<br />

sobre sua população, seus aquíferos e todas suas<br />

riquezas”. Como não poderia deixar de ser, Marques<br />

está diretamente envolvido com as ações<br />

desenvolvidas pelo APL de Defesa, participando<br />

inclusive dos eventos promovidos pelo grupo.<br />

É o caso dos encontros realizados com setores<br />

estratégicos das Forças Armadas. “Um exemplo é o<br />

evento ocorrido em julho de 2013, em São Bernardo<br />

do Campo, com oficiais do Exército, que hoje se traduz<br />

em novos negócios e produção”, acrescenta.<br />

Marques também acompanha de perto a relação<br />

do Grande ABC com o grupo sueco Saab,<br />

fabricante dos caças Gripen NG, eleitos pelo governo<br />

brasileiro para integrarem o Projeto FX-2<br />

da Força Aérea Brasileira. “Essa escolha irá fortalecer<br />

ainda mais as empresas do APL devido à decisão da<br />

Saab de instalar-se na região. Setores bem representados<br />

no parque industrial do ABC como o Petroquímico<br />

e o Automotivo irão juntar-se aos novos segmentos a<br />

serem desenvolvidos com a chegada da fábrica da Saab,<br />

aumentando mais o crescimento das empresas que compõem<br />

o APL”, comenta o dirigente.<br />

Liderança agregadora<br />

Estar à frente de tantos setores importantes<br />

e promover o diálogo e a atuação conjunta dos<br />

líderes desses segmentos não é, definitivamente,<br />

uma tarefa simples. Mas também não chega a<br />

ser um problema para Rafael Marques. Além<br />

do relacionamento de longa data com a região<br />

do Grande ABC e sua produção industrial, tem<br />

também vasta experiência como representante<br />

de grandes e relevantes grupos. Ao ser eleito<br />

para presidir a Agência de Desenvolvimento<br />

26<br />

Maio de 2014 • Edição 01• Revista do APL de Defesa do Grande ABC


A MISSÃO DA AGÊNCIA<br />

“Trabalho da<br />

Agência potencializa<br />

a inteligência da<br />

região, identifica e<br />

atrai oportunidades<br />

de investimentos,<br />

cria possibilidades<br />

de novos negócios,<br />

multiplica a geração<br />

de empregos e projeta<br />

esse potencial para<br />

todo o País e para o<br />

mundo...”<br />

Econômico do Grande ABC,<br />

no triênio 2013/2015,<br />

Marques já ocupava o mesmo<br />

cargo em outra importante<br />

instituição. Desde dezembro<br />

de 2012, está na presidência<br />

de nada menos que o<br />

Sindicato dos Metalúrgicos<br />

do ABC (SMABC), do qual<br />

era vice-presidente desde<br />

2008. Para se ter ideia do<br />

que essa posição representa,<br />

a região responde por 3%<br />

dos empregos industriais do<br />

Brasil e 40% dos postos de<br />

trabalho diretos na indústria<br />

montadora instalada no país.<br />

A importância política da<br />

entidade pode ser medida<br />

pelos antecessores de Marques:<br />

ocuparam a presidência do<br />

Sindicato anteriormente o ex-<br />

Presidente Lula, o deputado<br />

federal Vicentinho e o prefeito<br />

de São Bernardo do Campo,<br />

Luiz Marinho, entre outras<br />

personalidades de destaque.<br />

Marques nasceu em São<br />

Paulo, em 1964. A busca por<br />

capacitação profissional o<br />

levou às salas de aula do Serviço<br />

Nacional de Aprendizado<br />

Industrial (SENAI). Por meio<br />

da instituição, foi trabalhar na<br />

indústria Villares, onde ficou<br />

durante o período de 1979<br />

a 1983. Passou por algumas<br />

empresas de menor porte nos<br />

três anos seguintes até que, em<br />

1986, passou a integrar o quadro<br />

de colaboradores da Ford,<br />

como eletricista de manutenção,<br />

função que desempenha<br />

até hoje.<br />

Mais do que a oportunidade<br />

de emprego em uma grande<br />

montadora, essa nova etapa<br />

abriu espaço para que o atual<br />

presidente da Agência começasse<br />

a exercer sua habilidade<br />

como líder classista. O primeiro<br />

passo foi a entrada na Comissão<br />

Interna de Prevenção de Acidentes<br />

(CIPA) da empresa, em<br />

1991. Logo, Marques chegou<br />

à Comissão de Fábrica e ao<br />

Comitê Sindical. A facilidade<br />

de diálogo e a capacidade de<br />

agregar o levaram à diretoria do<br />

SMABC, como diretor de base<br />

e secretário geral. Em 2008,<br />

chegou à vice-presidência, foi<br />

reeleito em 2011 e, no ano seguinte,<br />

subiu o último degrau.<br />

À frente dessas duas entidades,<br />

Marques desenvolveu uma<br />

visão abrangente, e ao mesmo<br />

tempo bem direcionada, que<br />

privilegia o crescimento sustentável<br />

e o fomento de um<br />

ambiente produtivo capaz de<br />

“Quanto mais<br />

talentos humanos<br />

formarmos, mais<br />

fortes seremos” –<br />

Rafael Marques<br />

integrar as grandes empresas da<br />

região às redes de supridores,<br />

garantindo empregabilidade e<br />

desenvolvimento para a população<br />

local. “Para ter êxito, esse<br />

esforço deve congregar, além das<br />

empresas, sindicatos, universidades<br />

e escolas técnicas. A Agência de<br />

Desenvolvimento do Grande ABC<br />

tomou para si tal desafio”, reforça<br />

o dirigente, que destaca ainda<br />

a importância da qualificação<br />

da mão de obra. “Quanto mais<br />

talentos humanos formarmos, mais<br />

fortes seremos.”<br />

Entre as iniciativas no campo<br />

da capacitação profissional,<br />

a Agência trabalha em parceria<br />

com o Ministério do Desenvolvimento,<br />

Indústria e Comércio<br />

Exterior (MDIC) para difundir<br />

o Programa Nacional de Acesso<br />

ao Ensino Técnico e Emprego<br />

Brasil Maior (Pronatec Brasil<br />

Maior). Está em andamento<br />

um processo de captação das<br />

demandas de qualificação das<br />

empresas para que sejam direcionadas<br />

aos cursos de qualificação<br />

correspondentes. Dessa<br />

forma, os empregadores terão a<br />

certeza de contar com colaboradores<br />

devidamente capacitados,<br />

enquanto os trabalhadores<br />

poderão vislumbrar mais oportunidades<br />

de desenvolvimento<br />

profissional. •<br />

www.industriadefesaabc.com.br • Edição 01• Maio de 2014 27


UNIVERSIDADES<br />

INDÚSTRIA DE <strong>DEFESA</strong><br />

PODE CONTAR COM AS<br />

UNIVERSIDADES<br />

A demanda por inovação tecnológica e mão de obra especializada é<br />

cada vez maior e mais emergencial entre as empresas que atendem o<br />

setor de defesa. A resposta para suprir tal necessidade pode estar nas<br />

salas de aula e nos laboratórios das instituições de ensino<br />

Uma das prioridades das Forças Armadas<br />

do Brasil é construir sua independência<br />

de fornecedores estrangeiros,<br />

seja em relação a produtos, serviços,<br />

assistência técnica, capacitação, ou quaisquer outros<br />

itens. Tal condição favoreceria não só a Defesa<br />

nacional, mas também a economia de diversas<br />

regiões do país, como o Grande ABC, no Estado<br />

de São Paulo, onde está instalado importante pólo<br />

industrial. Sobretudo quando se leva em consideração<br />

que o caminho para reduzir a dependência em<br />

questão passa, necessariamente, por desenvolvimento<br />

tecnológico, qualificação profissional, inovação,<br />

enfim, por um contínuo processo de evolução da<br />

inteligência a serviço do setor.<br />

A plataforma para sustentação desse cenário<br />

é construída por diversos segmentos, entre os<br />

quais destaca-se o acadêmico. As salas de aula e os<br />

laboratórios das universidades são um campo fértil<br />

onde podem surgir ideias de grande utilidade para<br />

qualquer setor industrial, inclusive o voltado à<br />

defesa. Assim como também há a possibilidade de<br />

serem desenvolvidos projetos em parceria com as<br />

empresas para atender alguma demanda específica.<br />

Na verdade, essa integração entre as indústrias e a<br />

academia é preterida por ambos os lados, pois da<br />

mesma forma que os estudantes encontram nessa<br />

Foto: Divulgação<br />

Laboratório de Motores - Fapinha<br />

28<br />

Maio de 2014 • Edição 01• Revista do APL de Defesa do Grande ABC


AS INSTITUIÇÕES DE ENSINO E SUA IMPORTÂNCIA PARA A INDÚSTRIA DE <strong>DEFESA</strong><br />

relação boas oportunidades de<br />

expandir os conhecimentos e<br />

conquistar um bom emprego,<br />

as companhias passam a receber<br />

profissionais mais bem preparados.<br />

Ainda mais pela diversidade<br />

da grade curricular.<br />

Segundo o reitor do Instituto<br />

Mauá de Tecnologia<br />

(IMT), José Carlos de Souza<br />

Jr., há diferentes caminhos<br />

para que a integração indústria<br />

e academia seja levada à<br />

prática. “Podemos citar o suporte<br />

realizado por meio de Trabalhos<br />

de Conclusão de Curso (TCC),<br />

programas de Iniciação Científica,<br />

disciplinas eletivas ministradas com<br />

o apoio de empresas, treinamentos<br />

profissionais específicos, ensaios<br />

tecnológicos, projetos e consultorias<br />

especializadas”, descreve. O<br />

superintendente de Planejamento<br />

e Desenvolvimento do<br />

IMT, Fábio Sampaio Bordin,<br />

acrescenta que a cada ano<br />

a instituição apresenta para a<br />

sociedade cerca de 150 TCCs em<br />

vários segmentos. “Os temas desses<br />

trabalhos surgem a partir da identificação,<br />

por alunos e professores, de demandas<br />

existentes nas empresas, ou também pelo<br />

interesse dessas companhias em soluções<br />

já desenvolvidas”, explica.<br />

“Salas de aula e<br />

laboratórios das<br />

universidades<br />

formam campo<br />

fértil de ideias<br />

para a indústria de<br />

defesa...”<br />

Múltiplas conexões<br />

Souza Jr. acrescenta que a<br />

participação no Arranjo Produtivo<br />

Local (APL) de Defesa<br />

do Grande ABC, inclusive com<br />

presença nas reuniões periódicas,<br />

deixou clara a ampla ligação<br />

desse setor com diversas áreas<br />

em que o IMT atua. “A exemplo<br />

dos estudos em design funcional<br />

e ergonomia para desenvolvimento<br />

de produtos, nacionalização e aprimoramento<br />

de soluções envolvendo<br />

eletrônica embarcada, desenvolvimento<br />

e validação de protocolos de<br />

comunicação, logística de transporte<br />

de materiais, estudos para utilização<br />

de novos materiais, desenvolvimento<br />

de soluções para produção e<br />

utilização de biocombustíveis, além<br />

de uma grande variedade de ensaios<br />

tecnológicos para validação de produtos”,<br />

detalha o reitor.<br />

No Centro Universitário da<br />

Fundação Educacional Industrial<br />

Pe. Sabóia de Medeiros (FEI),<br />

a situação é semelhante. São<br />

muitos os cursos que oferecem<br />

a oportunidade de trabalho em<br />

parceria com a indústria de defesa.<br />

Entre essas opções, o reitor<br />

da instituição, Fábio do Prado,<br />

destaca as áreas de novos materiais,<br />

micro e macroelementos,<br />

www.industriadefesaabc.com.br • Edição 01• Maio de 2014 29


automação e controle, inteligência artificial, processamento<br />

de sinais, energias alternativas, mobilidade,<br />

biotecnologia, indústria têxtil, desenvolvimento<br />

de softwares e gestão da cadeia produtiva e<br />

de sustentabilidade. “A defesa é um setor estratégico<br />

para o país, e temos que estar envolvidos, pois trabalhamos<br />

com tecnologia e de forma estratégica”, comenta<br />

Prado, que destaca a importância de se desenvolver<br />

pesquisas com alto valor agregado.<br />

Para o reitor da FEI, a independência intelectual<br />

gera autonomia para o país, os estados e os<br />

municípios, e não só para as Forças Armadas mas<br />

como para qualquer departamento público. Daí a<br />

importância de se trabalhar de forma a buscar a diversificação<br />

e a complementariedade. “Nosso papel<br />

é inovação, criando projetos de difícil imitabilidade. As<br />

parcerias no setor vão nesse sentido”, observa Prado.<br />

Em sua opinião, o envolvimento dos estudantes<br />

com o setor produtivo é fundamental, até porque<br />

essa relação pode contribuir para balizar o ensino.<br />

O reitor faz questão de enfatizar que não se<br />

trata de uma troca de valores, pois o aprendizado<br />

Foto: Divulgação<br />

Reitor José Carlos de Souza Jr<br />

APL CONSTRÓI MBA EM GESTÃO DE PROJETOS DE PRODUÇÃO<br />

E COMERCIALIZAÇÃO DE MATERIAL DE <strong>DEFESA</strong><br />

O APL de Defesa do Grande<br />

ABC constrói, neste momento,<br />

curso de pós-graduação lato<br />

sensu para gestores públicos e<br />

privados interessados em atuar<br />

no fornecimento de bens<br />

e serviços às Forças Armadas.<br />

Empresários, sindicatos, universidades,<br />

militares e Poder Público,<br />

membros da coordenação do<br />

APL, participam da discussão.<br />

A ideia é capacitar pessoas com<br />

nível superior para conhecer o<br />

modus operandi das Forças Armadas<br />

do Brasil, os procedimen-<br />

tos de Catalogação e Homologação,<br />

os critérios rigorosos e as<br />

demandas crescentes de material<br />

de Defesa. Dessa forma, serão<br />

formados gestores para atuar<br />

no setor privado, na produção<br />

e comercialização de produtos;<br />

e no setor público, para elaborar<br />

e implementar políticas que<br />

fortaleçam a capacidade do setor<br />

produtivo e da região para atender<br />

às necessidades da Defesa<br />

Nacional e, assim, diversifiquem<br />

a economia do Grande ABC.<br />

O curso se insere na orientação<br />

estratégica do APL: ampliar a<br />

participação do Grande ABC<br />

na Base Industrial de Defesa, de<br />

acordo com a Estratégia Nacional<br />

de Defesa definida pelo<br />

Governo Federal.<br />

O APL discute também com<br />

o SENAI Defesa a capacitação<br />

de mão de obra técnica visando<br />

preparar a força de trabalho da<br />

região para contribuir e se beneficiar<br />

da maior inserção regional<br />

na indústria de Defesa.<br />

30<br />

Maio de 2014 • Edição 01• Revista do APL de Defesa do Grande ABC


AS INSTITUIÇÕES DE ENSINO E SUA IMPORTÂNCIA PARA A INDÚSTRIA DE <strong>DEFESA</strong><br />

“Atuação do APL de<br />

Defesa do Grande ABC<br />

tem contribuído para<br />

aprimorar o diálogo<br />

entre academia e<br />

indústria...”<br />

sempre será primordial. Mas<br />

afirma ser imprescindível existir<br />

o preparo técnico e a capacitação,<br />

disciplinas que permitam<br />

olhar para esses desafios. “O<br />

aluno não pode sair da universidade<br />

sem conhecer a dinâmica e a linguagem<br />

da indústria, ou vai se sentir<br />

órfão quando for para o mercado de<br />

trabalho”, analisa.<br />

No intuito de estimular o<br />

envolvimento dos estudantes<br />

com o segmento industrial, o<br />

IMT busca oportunidades de<br />

atividades junto às empresas<br />

além do que já é realizado por<br />

conta do estágio obrigatório<br />

fora da instituição. “A execução<br />

desses trabalhos acaba envolvendo<br />

toda nossa infraestrutura e os<br />

profissionais – alunos, professores,<br />

engenheiros, especialistas, consultores<br />

e técnicos –, além de fornecer novos<br />

desafios e possibilitar a constante<br />

atualização do conhecimento”, comenta<br />

o diretor do Centro de<br />

Pesquisas do IMT, José Roberto<br />

Augusto de Campos. Segundo<br />

ele, esse é um aspecto bastante<br />

valorizado pelo mercado de<br />

trabalho e caracteriza um diferencial<br />

dos formandos.<br />

A mesma diversidade de cursos<br />

e disciplinas que favorece a<br />

integração entre as universidades<br />

e a indústria de defesa também<br />

pode ajudar os estudantes na<br />

definição e na preparação de<br />

sua trajetória profissional. Na<br />

Universidade Federal do ABC<br />

(UFABC), o pioneiro projeto<br />

pedagógico com bacharelados<br />

interdisciplinares proporciona<br />

essa condição aos alunos. “Eles<br />

têm até três anos para tomar a decisão<br />

sobre sua formação. Nesse período,<br />

poderão conhecer diversas áreas e<br />

absorver muita informação, o que lhes<br />

dará muito mais segurança para fazer<br />

tal escolha”, explica o reitor Klaus<br />

Capelle. Os futuros empregadores<br />

desses estudantes também são<br />

favorecidos, pois contratarão profissionais<br />

já mais integrados com<br />

o segmento em que vão atuar.<br />

Diálogo precisa melhorar<br />

Embora o Grande ABC se destaque<br />

tanto pelo polo industrial<br />

quanto pelas instituições de<br />

ensino, a comunicação entre os<br />

dois setores ainda tem muito<br />

o que amadurecer e avançar.<br />

“A aproximação entre academia<br />

e empresas não é uma tradição no<br />

Brasil, por isso as parcerias entre os<br />

dois segmentos não são tão comuns<br />

como gostaríamos. E não apenas<br />

na área de defesa, mas em todos<br />

os setores industriais”, comenta<br />

Capelle. A opinião é compartilhada<br />

pelo reitor da FEI. “O<br />

diálogo entre academia e indústria<br />

não é tão próximo, pois há interesses<br />

distintos”, explica Prado.<br />

Os executivos das instituições<br />

de ensino acreditam que a<br />

redução dessa distância contribuiria<br />

de forma significativa<br />

para o melhor aproveitamento<br />

Professor Fábio do Prado<br />

do parque industrial já instalado<br />

no ABC e para estimular o<br />

surgimento de novas empresas.<br />

Também concordam que o<br />

trabalho realizado pelo APL de<br />

Defesa do Grande ABC é um<br />

ponto de partida para mudar<br />

esse cenário. “A formação desse<br />

grupo é uma iniciativa de visão<br />

e espero que seja cada vez mais<br />

difundida a ideia de que todos ganham<br />

– indústria, academia e setor<br />

público”, destaca Prado.<br />

Por falar em setor público,<br />

Capelle acrescenta que em<br />

muitos casos é o engessamento<br />

burocrático que dificulta<br />

o avanço das ações conjuntas.<br />

“Felizmente, nas prefeituras<br />

“Diversidade de cursos<br />

e disciplinas multiplica<br />

oportunidades de<br />

parcerias entre<br />

instituições de ensino e<br />

empresas...”<br />

Foto: Divulgação<br />

www.industriadefesaabc.com.br • Edição 01• Maio de 2014 31


Foto: Divulgação<br />

do ABC temos administradores que entendem essa<br />

realidade e ajudam bastante. Paralelamente, também<br />

precisamos de uma estrutura legal em termos de<br />

governo federal que seja mais adequada à realidade do<br />

setor”, comenta. “Idealizamos nosso ensino de acordo<br />

com o universo ao nosso redor, olhamos a demanda da<br />

sociedade para definir os cursos e as pesquisas também.<br />

O planejamento estratégico leva em conta a situação<br />

econômica na qual estamos inseridos”, acrescenta o<br />

reitor da UFABC, fazendo uma referência à importância<br />

das tomadas de decisão de acordo com<br />

as características atuais.<br />

Tal postura facilitaria, também, a entrada de<br />

instituições de ensino estrangeiras nas parcerias<br />

realizadas aqui no Brasil. Há cerca de três anos, a<br />

UFABC mantém um trabalho conjunto com a<br />

Linköping University, da Suécia, para realização<br />

de pesquisas e a promoção do intercâmbio entre<br />

profissionais de diferentes segmentos. No mês<br />

de fevereiro, o professor Petter Krus (Division of<br />

Fluid and Mechatronic System) veio ao país para<br />

visitar alguns dos principais centros de pesquisa<br />

dedicados à inovação tecnológica, sobretudo nos<br />

setores aeronáutico e aeroespacial, e encontrar<br />

especialistas brasileiros no campus da UFABC<br />

em Santo André (SP). Participaram dessa reunião<br />

pesquisadores da própria UFABC, tendo à<br />

frente a docente Luciana Pereira; professores da<br />

FEI, representados por Agenor de Toledo Fleury;<br />

além de Felipe Sabat, representante do Centro de<br />

Pesquisa e Inovação Sueco-Brasileiro (CISB).<br />

Nesse encontro, Krus apresentou dados sobre<br />

a cidade de Linköping, localizada a cerca de 200<br />

quilômetros ao sul de Estocolmo, capital da Suécia.<br />

De acordo com o professor, Linköping tem<br />

uma população de 140 mil pessoas, das quais 27<br />

mil são estudantes da universidade onde trabalha.<br />

Entre as áreas de desenvolvimento de pesquisas,<br />

citou sistemas mecatrônicos, transmissão de<br />

energia, sensores e sistemas de controle. Krus<br />

comentou ainda os trabalhos já desenvolvidos<br />

com a UFABC, como os destinados à tecnologia<br />

de aviação priorizando sistemas sustentáveis. Os<br />

docentes de UFABC e FEI aproveitaram a oportunidade<br />

para questionar sobre os demais segmentos<br />

nos quais podem trabalhar em parceria, a<br />

exemplo da engenharia de materiais.<br />

Para Luciana Pereira, essa integração é essencial<br />

para a expansão da colaboração técnica entre<br />

as instituições. “Quanto mais informações tivermos,<br />

maiores serão as possibilidades de atividades dessa<br />

parceria. Inclusive com a integração dos profissionais,<br />

seja os brasileiros indo para a Suécia ou os suecos vindo<br />

para cá”, afirma. •<br />

32<br />

Maio de 2014 • Edição 01• Revista do APL de Defesa do Grande ABC


AS INSTITUIÇÕES DE ENSINO E SUA IMPORTÂNCIA PARA A INDÚSTRIA DE <strong>DEFESA</strong><br />

DRONE CARGUEIRO É EXEMPLO PRÁTICO<br />

DA INICIATIVA DE ESTUDANTES<br />

Exemplo de como a proatividade dos<br />

estudantes pode dar vida a projetos<br />

de grande utilidade é o que vem<br />

sendo realizado pelo Grupo de<br />

Pesquisa e Desenvolvimento Aeroespacial da<br />

Universidade Federal do ABC (GPDA/UFA-<br />

BC). Criado em 2008, o objetivo era auxiliar<br />

alunos do curso de Engenharia Aeroespacial<br />

a desenvolverem projetos e protótipos que<br />

consolidassem, na prática, o aprendizado das<br />

salas de aula.<br />

Formado inicialmente por 11 integrantes,<br />

o grupo construiu um drone cargueiro para<br />

participar da SAE Brasil Aerodesign, competição<br />

realizada em São José dos Campos (SP)<br />

pela Sociedade Engenheiros da Mobilidade.<br />

Os drones são pequenas aeronaves não<br />

tripuladas, controladas por radiofrequência, e<br />

que têm sido utilizados tanto como aparatos<br />

militares e de vigilância, quanto no registro<br />

de imagens de eventos culturais, esportivos e<br />

vários outros, inclusive o transporte de cargas<br />

em áreas de difícil acesso e em condições<br />

precárias.<br />

Atualmente, o GPDA se assemelha a uma<br />

empresa. Além de contar com mais de 30<br />

alunos, o grupo é avaliado na competição<br />

como se fosse de fato uma indústria, com<br />

análise de todo o processo, desde relatório de<br />

projeto, apresentação, teoria e prática, programa<br />

de marketing, gestão dos recursos e tudo<br />

o que reflete a eficiência do trabalho. Até foi<br />

adotado, a partir de 2010, o nome de Harpia<br />

Agrodesign, com a formação de uma nova<br />

equipe, a Harpia Pampers.<br />

No ano passado, o Harpia apresentou na<br />

SAE Brasil Aerodesign uma aeronave com 2<br />

metros de asa, de ponta a ponta; 1,5 metro de<br />

Foto: Pedro Esteban<br />

comprimento; pesando cerca de três quilos; e<br />

que voava com uma carga de sete quilos. O<br />

“capitão” da equipe, Lucas Pereira, aluno do<br />

quarto ano, conta que a avaliação do desempenho<br />

do protótipo foi feita com base em<br />

voo, pouso e agilidade na retirada da carga. “O<br />

processo todo não dura mais que cinco minutos, pois<br />

a avião levanta voo, completa um percurso de 360<br />

graus no ar e pousa”, detalha o estudante. O<br />

grupo conquistou o prêmio Menção Honrosa<br />

– Menor Tempo de Retirada de Carga. “Valeu<br />

o diferencial de nosso avião, que é como um cargueiro<br />

militar: precisa levar a carga e pousar no menor<br />

espaço possível utilizando o mínimo de condições”,<br />

observa Lucas.<br />

Apesar da grande evolução já alcançada<br />

pela Harpia Aerodesign, Lucas diz que ainda<br />

há muito a melhorar. E para que isso aconteça<br />

na velocidade que a equipe gostaria, é preciso<br />

recursos para investir em ferramentas, equipamentos<br />

e infraestrutura. Em muitos casos, essa<br />

verba sai dos bolsos dos próprios estudantes.<br />

“A elaboração e a construção do protótipo é um<br />

projeto à parte. A faculdade é fundamental para sua<br />

realização, pois apoia com conhecimento e logística,<br />

arca com os custos quando viajamos para participar<br />

da competição, mas o dia a dia é por nossa conta”,<br />

relata.<br />

Drone Harpia<br />

www.industriadefesaabc.com.br • Edição 01• Maio de 2014 33


REFORÇO SUECO NOS ARES <strong>DO</strong> <strong>BRASIL</strong><br />

Foto: Stefan Kalm<br />

REFORÇO SUECO NOS<br />

ARES <strong>BRASIL</strong>EIROS<br />

Tecnologia avançada e eficiência operacional são<br />

destaques do Gripen NG, caça escolhido pelo<br />

Governo Federal para compor o Projeto FX-2<br />

Saab Gripen<br />

34<br />

Maio de 2014 • Edição 01• Revista do APL de Defesa do Grande ABC


No dia 18 de dezembro<br />

de 2014,<br />

o ministro da Defesa,<br />

Celso Amorim<br />

anunciou uma das decisões<br />

mais esperadas em relação às<br />

Forças Armadas. O Governo<br />

Federal havia enfim definido a<br />

compra dos caças supersônicos<br />

que iriam renovar a frota da<br />

Força Aérea Brasileira (FAB).<br />

Após cerca de 15 anos de negociações,<br />

o modelo Gripen New<br />

Generation – ou apenas Gripen<br />

NG –, fabricado pela empresa<br />

sueca Saab, foi o escolhido. A<br />

notícia encerrou uma fase de<br />

expectativas e deu início a outra<br />

de grandes perspectivas.<br />

A compra em questão envolve<br />

36 aeronaves e investimentos<br />

de US$ 4,5 bilhões, que serão<br />

pagos até 2023. Segundo Amorim,<br />

a decisão resultou de muito<br />

estudo e ponderações criteriosas,<br />

que levaram em consideração a<br />

performance dos aviões, a transferência<br />

de tecnologia e o custo,<br />

inclusive de manutenção. Feita<br />

a escolha, o governo brasileiro<br />

define agora, com a Saab, o<br />

contrato de compra das aeronaves,<br />

processo que pode durar até<br />

o final deste ano. A entrega dos<br />

aviões – 12 unidades por ano<br />

– começará a ser feita 48 meses<br />

após a assinatura desse contrato.<br />

Ou seja, a primeira leva chegará<br />

em 2018.<br />

Embora a definição e a realização<br />

de um negócio internacional<br />

de tamanha proporção<br />

demande cautela e paciência, a<br />

movimentação ao seu redor é<br />

www.industriadefesaabc.com.br • Edição 01• Maio de 2014 35


astante acelerada. Sobretudo porque 80% da estrutura<br />

dos aviões serão construídos no Brasil. A<br />

unidade de São José dos Campos (SP) da Empresa<br />

Brasileira de Aeronáutica S.A., a Embraer, por<br />

exemplo, já entrou na fabricação das asas. Se o<br />

momento é de oportunidades para a indústria de<br />

defesa, o Grande ABC não poderia ficar de fora.<br />

“A indústria nacional<br />

vai fabricar 80% da<br />

estrutura dos aviões<br />

Gripen comprados pelo<br />

Brasil...”<br />

Esforço recompensado<br />

Muito antes de o ministro Celso Amorim<br />

anunciar a escolha brasileira em relação ao Gripen,<br />

o prefeito de São Bernardo do Campo (SP),<br />

Luiz Marinho, já trabalhava para que o potencial<br />

produtivo do polo industrial do Grande ABC<br />

fosse conhecido pelos envolvidos e efetivamente<br />

fizesse parte desse momento. Em março de 2010,<br />

Marinho chefiou uma delegação de brasileiros em<br />

visita à Suécia, com o objetivo de iniciar conversações<br />

nesse sentido, deixando sempre claro que<br />

a decisão da compra dos caças caberia somente à<br />

Presidência da República e às Forças Armadas.<br />

A iniciativa do prefeito de São Bernardo do<br />

Campo tomou proporções grandiosas. Da mesma<br />

forma que falava com desenvoltura sobre as<br />

indústrias do ABC, precisava ter conhecimento<br />

de causa para debater sobre as características do<br />

tal Gripen. Pois bem, Marinho voou em um dos<br />

caças e foi conhecer o processo produtivo. Com<br />

a delegação brasileira, visitou o Parque Tecnológico<br />

da Universidade de Linköping, cidade onde<br />

Foto: Wilson Magão<br />

Prefeito Luiz Marinho e dirigentes da Saab<br />

36<br />

Maio de 2014 • Edição 01• Revista do APL de Defesa do Grande ABC


REFORÇO SUECO NOS ARES <strong>DO</strong> <strong>BRASIL</strong><br />

Foto: Divulgação<br />

Saab Gripen<br />

está instalada a Saab. Como se<br />

não bastasse, ainda participou<br />

de uma audiência com o rei<br />

Carl Gustaf e a rainha Silvia.<br />

Após toda essa programação,<br />

não restou dúvidas de que os<br />

suecos veem o Brasil como<br />

uma potência em ascensão, com<br />

múltiplas oportunidades em<br />

mercados estratégicos.<br />

Naquela viagem, Marinho<br />

informou aos suecos sobre<br />

quão abrangente é a plataforma<br />

de pesquisa e desenvolvimento<br />

do Grande ABC, composta<br />

pela integração entre indústrias,<br />

instituições de ensino e gestão<br />

pública e a capacidade desse<br />

polo produtivo. Embora o projeto<br />

Gripen para o Brasil ainda<br />

“Suecos veem o Brasil<br />

como uma potência em<br />

ascensão, com múltiplas<br />

oportunidades em<br />

mercados estratégicos...”<br />

estivesse em fase de discussão,<br />

já se falava sobre a demanda de<br />

mão de obra. A estimativa era<br />

de mais de 2.000 empregos por<br />

ano na fase do desenvolvimento,<br />

cerca de 2.770 na etapa de<br />

fabricação e mais 1.000 para a<br />

montagem. Esses são números<br />

de vagas diretas.<br />

Se a notícia da compra dos<br />

caças Gripen pelo Brasil já era<br />

uma recompensa à dedicação<br />

do prefeito Luiz Marinho e de<br />

sua equipe, mais ainda quando a<br />

Saab confirmou a instalação de<br />

uma unidade em São Bernardo<br />

do Campo. Com possibilidades<br />

de entrar em atividade ainda em<br />

2014, essa filial da indústria sueca<br />

receberá investimentos iniciais<br />

de US$ 150 milhões, segundo o<br />

vice-presidente da Saab, Lennart<br />

Sindahl, que esteve na cidade no<br />

final de janeiro. Essa fábrica será a<br />

primeira de aeroestrutura nível 1<br />

da América Latina.<br />

Como o contrato da Saab<br />

com o Brasil está condicionado<br />

à transferência efetiva de tecnologia,<br />

a expectativa na região<br />

do Grande ABC torna-se ainda<br />

maior. Por meio da Secretaria de<br />

Desenvolvimento Econômico,<br />

www.industriadefesaabc.com.br • Edição 01• Maio de 2014 37


Foto: Divulgação<br />

Saab Gripen<br />

Trabalho e Turismo, a Prefeitura de São Bernardo<br />

do Campo tem trabalhado de forma intensa para<br />

expandir e acelerar o crescimento da inovação<br />

tecnológica da região. Tal empenho é fortalecido<br />

pela atuação do Arranjo Produtivo Local (APL) de<br />

Defesa do Grande ABC, que envolve a indústria,<br />

os órgãos públicos, as instituições de ensino e as<br />

Forças Armadas. De acordo com o secretário de<br />

Desenvolvimento Econômico, Jefferson Conceição,<br />

a meta é ampliar ainda mais a aproximação<br />

com a Suécia, inclusive com a organização de<br />

novas missões empresariais para o país, visando a<br />

busca de parcerias em diversas outras áreas que<br />

envolvam defesa.<br />

Vantagens do Gripen<br />

A escolha do Brasil pelo modelo New Generation<br />

do caça sueco coloca o país em uma<br />

posição de vanguarda, considerando que essa é<br />

uma atualização da versão atual do avião. É o<br />

que afirma o Tenente-Coronel Carlos Afonso<br />

“Sistemas de controle de<br />

voo e de aviônica facilitam<br />

pilotagem do Gripen...”<br />

de Araújo, piloto de provas da FAB que compôs<br />

a equipe (dois pilotos e um engenheiro) designada<br />

para avaliar o Gripen (versão D). Foram<br />

analisados 400 itens em diferentes fases do voo,<br />

sendo que a cada voo de teste foram realizados<br />

de 50 a 80 pontos de ensaio, segundo informações<br />

divulgadas pela FAB. A avaliação da equipe<br />

levou em consideração fatores como decolagem,<br />

taxi, voo de cruzeiro, descida, pouso e manobras,<br />

qualidade de pilotagem, características da<br />

aeronave e dos sistemas.<br />

Para o militar, que comanda o Esquadrão<br />

Pampa, unidade de caça instalada em Canoas<br />

(RS), os sistemas de controle de voo e de<br />

aviônica são fatores de destaque do Gripen,<br />

pois facilitam a pilotagem. A aviônica, por<br />

38<br />

Maio de 2014 • Edição 01• Revista do APL de Defesa do Grande ABC


REFORÇO SUECO NOS ARES <strong>DO</strong> <strong>BRASIL</strong><br />

exemplo, é composta por<br />

diversos sensores que apresentam<br />

com facilidade e de<br />

forma visualmente agradável<br />

todas as informações ao piloto.<br />

Segundo Araújo, essa é<br />

uma condição muito favorável<br />

para agilizar o raciocínio<br />

de quem controla a aeronave,<br />

principalmente porque<br />

a velocidade pode chegar a<br />

2.400 km/hora e em qualquer<br />

situação de combate é<br />

preciso ser ainda mais ágil<br />

nas decisões.•<br />

Foto: Divulgação<br />

Saab Gripen<br />

CONTATO DIRETO COM A SUÉCIA<br />

Uma das características mais<br />

marcantes da atual gestão<br />

de São Bernardo do Campo<br />

(SP) é agregar setores<br />

de forma a criar sinergia. Exemplo dessa<br />

dedicação é a inauguração do Centro<br />

de Pesquisa e Inovação Sueco-Brasileiro<br />

(CISB), em maio de 2011. A instituição<br />

é uma associação econômica sem fins lucrativos<br />

composta por membros do Brasil,<br />

da Suécia e também de outros países. Sua<br />

criação é uma iniciativa da Prefeitura de<br />

São Bernardo com Campo em parceria<br />

com a Saab, com o objetivo de fomentar<br />

o desenvolvimento tecnológico, a inovação<br />

e a busca por soluções para problemas<br />

globais e sociais. Foi por meio do CISB<br />

que a região do Grande ABC passou a<br />

integrar ativamente o Programa Ciência<br />

Sem Fronteiras, enviando estudantes brasileiros<br />

às universidades europeias.<br />

O CISB tem atuação direta na continuidade<br />

da integração entre parceiros<br />

suecos e brasileiros como organizações<br />

industriais, governamentais e acadêmicas.<br />

A negociação dos caças Gripen, por<br />

exemplo, conta com a participação do<br />

CISB no que diz respeito às informações<br />

de cada um dos países envolvidos e de<br />

seu polo de tecnologia, pesquisa e desenvolvimento.<br />

www.industriadefesaabc.com.br • Edição 01• Maio de 2014 39


PONTO DE VISTA<br />

TARCISIO SECCOLI<br />

Secretário de Serviços Urbanos de São<br />

Bernardo do Campo<br />

O que foi e o que representou<br />

a viagem de membros do<br />

secretariado municipal à Suécia?<br />

A pedido do Prefeito Luiz Marinho,<br />

chefiei delegação à Suécia, em junho de<br />

2013, composta por mim e pelos Secretários<br />

de Desenvolvimento Econômico, Trabalho<br />

e Turismo; de Relações Internacionais; e<br />

de Planejamento Urbano. A finalidade da<br />

viagem foi desenvolver aproximações com a<br />

região de Linköping, naquele país, visando<br />

intercâmbios em projetos na administração<br />

pública, especialmente nas áreas de mapas<br />

3D; sustentabilidade e reciclagem de resíduos;<br />

e cidades atrativas. Outro objetivo muito<br />

importante foi a promoção de intercâmbios<br />

entre empresários das duas regiões e, da<br />

mesma forma, entre universidades suecas e<br />

brasileiras.<br />

A partir dessa visita, quais<br />

investimentos podem ser esperados<br />

no futuro em São Bernardo do<br />

Campo?<br />

Vemos com alegria que as Secretarias de<br />

Desenvolvimento Econômico, Trabalho e<br />

Turismo e de Relações Internacionais têm<br />

dado sequência a essa ação, por meio da<br />

organização de uma missão à Suécia, em<br />

setembro deste ano, composta por empresários<br />

e dirigentes de universidades de<br />

ponta da nossa região (UFABC, FEI e Instituto<br />

Mauá). Essa missão terá a incumbência<br />

de estabelecer parcerias com as regiões<br />

de Linköping e Gotemburgo.<br />

É preciso dizer que queremos também<br />

atrair investimentos da Suécia e de<br />

outros países para São Bernardo. Para isto,<br />

são importantes os macroprojetos públicos<br />

como o Drenar, os corredores de ônibus e<br />

o vídeomonitoramento. O metrô também é<br />

estratégico.<br />

Voltando à missão empresarial à Suécia,<br />

quero dizer que, no campo empresarial,<br />

empresas dos segmentos de Ferramentaria,<br />

Autopeças e Defesa, que são três segmentos<br />

destacados em nossa cidade e na Região<br />

do ABC, buscarão realizar acordos de<br />

investimentos e joint ventures com empresas<br />

tecnológicas suecas, especialmente start-ups<br />

surgidas a partir das universidades.<br />

No caso das universidades, prevemos<br />

acordos para realização conjunta de pesquisa<br />

e desenvolvimento direcionado aos desafios<br />

da produção industrial e de outras atividades<br />

(inclusive políticas públicas, como as citadas<br />

acima). O resultado dessas pesquisas deverá<br />

ser a criação de empregos qualificados no<br />

futuro, bem como o aumento da competitividade<br />

de nossa região e das empresas aqui<br />

existentes. Destaco que essa competitividade<br />

será fortalecida por meios legítimos (inovação<br />

e produtividade) e não pelos mecanismos<br />

espúrios que tanto mal já fizeram à<br />

nossa região e particularmente a São Bernardo<br />

do Campo, como a guerra fiscal.<br />

40<br />

Maio de 2014 • Edição 01• Revista do APL de Defesa do Grande ABC


REFORÇO SUECO NOS ARES <strong>DO</strong> <strong>BRASIL</strong><br />

Cooperação para<br />

superar desafios<br />

Åke Albertsson<br />

Presidente da Saab do Brasil<br />

Temos visto um aumento de<br />

interesse e necessidade em aumentar<br />

a eficiência e melhorar<br />

as capacidades das Forças Armadas<br />

no Brasil para atender os<br />

requisitos da estratégia de defesa.<br />

Há uma demanda crescente na<br />

área de defesa, que surge a partir<br />

de fatores como o aumento da<br />

necessidade de monitoramento<br />

de fronteiras terrestres e marítimas<br />

do país, e a proteção de seus<br />

recursos naturais.<br />

Neste cenário, é extremamente<br />

importante que o go-<br />

verno, instituições acadêmicas,<br />

empresas e a sociedade em geral<br />

promovam discussões sobre a<br />

forma de atender a essas necessidades<br />

e levar a tecnologia à base<br />

industrial do país para o próximo<br />

nível.<br />

Iniciativas no segmento de defesa<br />

como as que tem sido tomadas<br />

pela região de São Bernardo do<br />

Campo são extremamente importantes.<br />

Uma delas é a criação do<br />

APL de Defesa do Grande ABC<br />

em que a Saab tem participado<br />

desde o início. A empresa partilha a<br />

opinião de que a região do Grande<br />

ABC pode se tornar um importante<br />

centro de pesquisa e desenvolvimento<br />

de alta tecnologia, não<br />

só para o setor de defesa. Acreditamos<br />

que a Saab pode ajudar, por<br />

sua vasta experiência no conceito<br />

de tripla hélice* (a empresa é,<br />

orgulhosamente, membro fundadora<br />

do Centro de Inovação Sueco<br />

Brasileiro, CISB) e a sua tradição<br />

em cooperação industrial. Por outro<br />

lado, a Saab pode se beneficiar<br />

com a tradição e o conhecimento<br />

das indústrias de São Bernardo<br />

do Campo no mercado brasileiro.<br />

Assim, discussões promovidas pelo<br />

APL de Defesa do Grande ABC<br />

são cruciais.<br />

Saab Gripen<br />

* A “tripla hélice” signifi ca<br />

uma estreita cooperação entre as<br />

universidades, as indústrias e o<br />

governo para resolver em conjunto<br />

os desafi os da sociedade.<br />

www.industriadefesaabc.com.br • Edição 01• Maio de 2014 41


Foto: Revista do APL<br />

Secretário Jefferson José da Conceição<br />

O ARRANJO PRODUTIVO LOCAL<br />

EM <strong>DEFESA</strong> <strong>DO</strong> GRANDE ABC<br />

Jefferson José da Conceição, Secretário do Desenvolvimento Econômico,<br />

Trabalho e Turismo de São Bernardo do Campo<br />

Nos últimos dez anos, o Brasil se<br />

destacou como potência emergente,<br />

alcançou posições mais influentes nos<br />

organismos internacionais e pleitou<br />

justificadamente maior peso no Conselho de Segurança<br />

da ONU. Nosso país dispõe de riquezas naturais cada<br />

vez mais essenciais para o mundo no Terceiro Milênio,<br />

como as reservas florestais, o petróleo e os mananciais<br />

hídricos. Estes fatores aumentaram significativamente<br />

a necessidade de reaparelhamento e fortalecimento de<br />

nossas Forças Armadas, no âmbito da Política Nacional<br />

de Defesa, com a criação de uma Base Industrial de<br />

Defesa no país. Registre-se que este fortalecimento é<br />

voltado prioritariamente para a defesa, dada a tradição<br />

pacífica de nossas relações internacionais.<br />

Após décadas de abandono, o investimento na<br />

indústria de defesa, iniciado no Governo Lula e<br />

continuado no Governo Dilma, projeta volumes de<br />

dispêndios expressivos no país para as próximas décadas,<br />

especialmente quando se levam em conta os esforços<br />

de nacionalização. Destaca-se ainda a MP 582, posteriormente<br />

transformada em Lei nº 12.598, de 22<br />

de março de 2012 instituindo o RETID – Regime<br />

Especial Tributário da Indústria de Defesa permitindo<br />

a aquisição com suspensão do PIS/PASEP, Cofins e IPI<br />

de insumos utilizados na fabricação de bens de defe-<br />

42<br />

Maio de 2014 • Edição 01• Revista do APL de Defesa do Grande ABC


ARTIGO<br />

sa nacional adquiridos de pessoas<br />

habilitadas no regime.<br />

É nesse quadro que a Região<br />

do Grande ABC - formada por<br />

Santo André, São Bernardo, São<br />

Caetano, Diadema, Mauá, Ribeirão<br />

Pires e Rio Grande da Serra - busca<br />

ampliar sua participação na Base<br />

Industrial de Defesa, especialmente<br />

por meio da reconversão de seu<br />

imenso parque industrial instalado<br />

- o maior da América Latina -,<br />

entendido como diversificação e<br />

ampliação de linhas de produção<br />

complementares às já existentes.<br />

O Grande ABC é conhecido<br />

por sua tradição na produção<br />

automotiva, metalmecânica, química<br />

e petroquímica. Sede de grandes<br />

montadoras de veículos no país,<br />

como Volkswagen, Ford, General<br />

Motors, Mercedes-Benz, Scania e<br />

Toyota, a Região concentra mais de<br />

50% da produção de caminhões e<br />

25% da produção de automóveis do<br />

Brasil. Destaca-se também a presença<br />

de centenas de empresas de<br />

autopeças, dos mais variados portes.<br />

A indústria local abrange ainda setores<br />

como têxtil, alimentício, moveleiro,<br />

gráfico, construção civil, entre<br />

outros. São 309 mil pessoas ocupadas<br />

na indústria de transformação,<br />

das quais 161 mil na indústria<br />

metalmecânica (SEADE-DIEESE,<br />

abril 2013). A Região está entre as<br />

maiores exportadoras do país.<br />

Além das dezenas de laboratórios<br />

e centros de engenharia instalados<br />

nas empresas privadas, encontram-se<br />

na Região do Grande<br />

ABC instituições de excelência no<br />

“Após décadas de<br />

abandono, o investimento<br />

na indústria de defesa,<br />

iniciado no Governo Lula<br />

e continuado no Governo<br />

Dilma, projeta volumes<br />

de dispêndios expressivos<br />

no País para as próximas<br />

décadas...”<br />

ensino superior e técnico: Centro<br />

de Serviços, Universidade Federal<br />

do ABC (UFABC), Centro Universitário<br />

da Fundação Educacional<br />

Inaciana (FEI – anteriormente,<br />

Faculdade de Engenharia Industrial),<br />

Universidade Federal de São<br />

Paulo (UNIFESP), Instituto Mauá<br />

de Tecnologia (IMT), Universidade<br />

Metodista de São Paulo (UMESP),<br />

Universidade de São Caetano do<br />

Sul (USCS), Faculdades de Tecnologia<br />

(FATECs), Fundação Salvador<br />

Arena, Faculdade de Direito de São<br />

Bernardo do Campo, escolas do<br />

Serviço Nacional de Aprendizagem<br />

Industrial (SENAIs), Escolas Técnicas<br />

Estaduais (ETECs), entre outras.<br />

No plano institucional, a Região<br />

inovou ao criar, na década de 1990,<br />

o Consórcio Intermunicipal Grande<br />

ABC – o primeiro consórcio<br />

público do país - e a Agência de<br />

Desenvolvimento Econômico do<br />

Grande ABC.<br />

É respaldado nesta estrutura<br />

econômica e de conhecimento que,<br />

desde 2010, importantes esforços e<br />

conquistas foram empreendidos pela<br />

Região do Grande ABC na busca<br />

de sua maior participação na Base<br />

Industrial de Defesa. Destacam-se:<br />

a) As viagens do Prefeito Luiz<br />

Marinho (atualmente Presidente do<br />

Consórcio Intermunicipal Grande<br />

ABC) à Suécia e à França, no 1º<br />

semestre de 2010, com o objetivo<br />

de apresentar a Região do Grande<br />

ABC e a possibilidade de esta<br />

ser objeto das contrapartidas dos<br />

fabricantes dos caças supersônicos<br />

participantes da licitação do FX-2;<br />

b) Os workshops e seminários<br />

realizados, em São Bernardo, com<br />

a sueca Saab e o Consórcio Rafale,<br />

da França;<br />

c) A inauguração, em São<br />

Bernardo, do Centro de Pesquisa e<br />

Inovação Sueco-Brasileiro (CISB)<br />

em maio de 2011;<br />

d) A aplicação de questionário da<br />

Boeing Company para empresas do<br />

Grande ABC, com o propósito da<br />

seleção de empresas da região para<br />

integrarem a rede mundial de suprimento<br />

da empresa aérea dos EUA;<br />

e) O seminário “As Oportunidades<br />

da Indústria de Defesa para<br />

o Brasil e o Grande ABC”, em<br />

outubro de 2011, com a presença<br />

dos presidentes do BNDES e da<br />

FINEP, representantes do Ministério<br />

da Defesa, da FIESP, Associação<br />

Brasileira das Indústrias de Materiais<br />

de Defesa e Segurança – ABIMDE<br />

e do Consórcio Intermunicipal<br />

Grande ABC, simultâneo a um Colóquio<br />

Acadêmico das universidades<br />

locais com o Instituto Tecnológico<br />

da Aeronáutica (ITA) e o Instituto<br />

Militar de Engenharia (IME);<br />

www.industriadefesaabc.com.br • Edição 01• Maio de 2014 43


O ARRANJO PRODUTIVO LOCAL EM <strong>DEFESA</strong> <strong>DO</strong> GRANDE ABC<br />

Foto: Divulgação<br />

Prefeitura de São Bernardo do Campo<br />

f) A assinatura de memorandos de entendimento<br />

entre a empresa Omnisys, de São Bernardo do Campo<br />

(Grupo Thales) e a FEI, visando oportunidades de intercâmbios<br />

diversos ligados à produção de conhecimento,<br />

desenvolvimento de talentos, pesquisa e projetos;<br />

i) O lançamento do livro bilíngue (português/<br />

inglês) “São Bernardo do Campo, Grande ABC: nova<br />

fronteira da indústria de defesa”, em outubro de 2011.<br />

Disponível em:<br />

http://www.saobernardo.sp.gov.br/dados2/SDET/<br />

GSDET/cadernos-sao-bernardo-vol02.pdf<br />

j) A conferência do Diretor do Departamento de<br />

Produtos de Defesa, do Ministério da Defesa, General<br />

Mattioli, em 6 de março de 2012, em São Bernardo,<br />

sobre o tema da Catalogação e Homologação de Produtos<br />

de Defesa;<br />

k) O envio de representante da Prefeitura de São<br />

Bernardo para a realização de curso sobre Catalogação<br />

em Produtos da Defesa, em agosto de 2012;<br />

l) A realização do seminário “Marinha do Brasil<br />

apresenta suas Demandas de Produtos e Serviços e<br />

como as empresas do Grande ABC podem se tornar<br />

fornecedoras dessa Força”, em São Bernardo do<br />

Campo, em 6 de dezembro de 2012, no Senai Mario<br />

Amato, juntamente com rodadas de relacionamento<br />

entre oficiais da Marinha e empresas da região - evento<br />

este que contou com a presença de aproximadamente<br />

500 empresários da região;<br />

m) A constituição, em dezembro de 2012, da<br />

Associação Parque Tecnológico de São Bernardo do<br />

Campo, que deverá concentrar suas atividades em cinco<br />

áreas, sendo que uma delas é a pesquisa em indústria<br />

de defesa (as outras são nas áreas de Petróleo e Gás;<br />

Automotiva; Design; e Ferramentaria);<br />

n) A constituição, em 7/3/2013, do Arranjo Produtivo<br />

Local (APL) de Defesa do Grande ABC, reunindo<br />

gestão pública, empresas, instituições de ensino e<br />

pesquisa, sindicatos, entre outros;<br />

o) A visita do Presidente do Consórcio Intermunicipal,<br />

Prefeito Luiz Marinho, à Escola Superior de<br />

Guerra (ESG), no Rio de Janeiro, em reunião com o<br />

General Tulio Cherem, então responsável pela Escola;<br />

p) A organização, juntamente com representantes<br />

do Exército Brasileiro, do evento “Grande ABC<br />

convida o Exército Brasileiro para expor seus projetos<br />

e suas Demandas de Produtos e Serviços para os<br />

próximos anos”;<br />

q) O lançamento do site industriadefesaabc.com.<br />

44<br />

Maio de 2014 • Edição 01• Revista do APL de Defesa do Grande ABC


ARTIGO<br />

br, em julho de 2013, em evento<br />

realizado com o Exército Brasileiro,<br />

mencionado acima;<br />

r) Participação de representante<br />

da Prefeitura de São Bernardo do<br />

Campo, do Sindicato dos Metalúrgicos<br />

e do Ciesp São Bernardo do<br />

Campo e Universidade Metodista<br />

no curso “Curso de Gestão de Recurso<br />

de Defesa - CGERD”;<br />

s) A Prefeitura de São Bernardo<br />

do Campo, por meio da Secretaria<br />

de Desenvolvimento Econômico,<br />

Trabalho e Turismo, ministrou aula<br />

sobre “O APL de Defesa do Grande<br />

ABC – Antecedentes históricos,<br />

desenvolvimento e perspectivas” no<br />

curso de Gestão de Recursos de<br />

<strong>DEFESA</strong> - CGERD;<br />

t) A Prefeitura de São Bernardo<br />

do Campo organizará uma Missão<br />

à Suécia em Setembro de 2014<br />

com objetivo de aproximar as Universidades,<br />

Parques Tecnológicos,<br />

Empresas para troca de experiências,<br />

prospectar novos mercados e<br />

estimular inovação.<br />

Desta forma, neste momento<br />

em que o país procura aumentar<br />

sua Base Industrial de Defesa e<br />

nacionalizar produtos e serviços<br />

anteriormente importados, nós,<br />

coordenadores do APL de Defesa<br />

do Grande ABC, apresentamos as<br />

seguintes propostas ao Governo<br />

Federal, ao Ministério de Defesa, às<br />

Forças Armadas, Instituições Representativas<br />

da Indústria de Defesa<br />

e Empresas em geral:<br />

1. Com o apoio do Ministério<br />

da Defesa, Ministério do Desenvolvimento,<br />

Indústria e Comércio<br />

Exterior e de instituições de apoio<br />

ao diagnóstico e fomento industrial,<br />

realização de detalhado estudo<br />

das possibilidades de reconversão da<br />

estrutura industrial da Região do<br />

ABC com vistas a atender à produção<br />

de componentes e itens estratégicos<br />

desta cadeia, especialmente<br />

aqueles que são hoje importados<br />

pelo país.<br />

“O Projeto Collabora objetiva<br />

desenvolver soluções para<br />

desafios globais, de caráter<br />

militar e civil, que requeiram<br />

a ação simultânea de<br />

sistemas diversos, em um<br />

ambiente para pesquisa e<br />

desenvolvimento colaborativo<br />

multidisciplinar...”<br />

2. Realização de experiênciaspiloto<br />

em torno de projetos das<br />

Forças Armadas, nas quais os itens e<br />

componentes que compõem estes<br />

projetos sejam repassados ao Consórcio<br />

Intermunicipal Grande ABC<br />

e ao APL de Defesa do Grande<br />

ABC, para que estes levantem as<br />

empresas da Região potencialmente<br />

aptas a, competitivamente, candidatar-se<br />

a concorrer aos processos<br />

licitatórios vinculados àqueles itens<br />

e componentes. A partir da listagem<br />

dessas empresas, haveria um esforço<br />

para sua catalogação e homologação,<br />

com o apoio do Ministério da<br />

Defesa e das três Forças Armadas.<br />

3. Análise da possibilidade da<br />

instalação, na Região do ABC, de<br />

algumas etapas preliminares do processo<br />

de catalogação de produtos e<br />

empresas, com vistas a incrementar<br />

este cadastramento na região.<br />

4. Envolvimento das instituições<br />

de ensino e pesquisa da Região<br />

no desenvolvimento de pesquisas<br />

de ponta vinculadas aos interesses<br />

estratégicos das Forças Armadas<br />

brasileiras e da Base Industrial de<br />

Defesa do país.<br />

5. Apoio do Governo Federal<br />

à instalação do Projeto Collabora<br />

– Centro de Desenvolvimento de<br />

Capacidades, do CISB - na Região<br />

do ABC. O projeto consiste em<br />

um local físico único para integração<br />

de especialistas em sistemas ou<br />

operações diferentes, para discussão<br />

de soluções que atendam a todos<br />

os requisitos do macrossistema<br />

ou megaoperação. Este projeto<br />

www.industriadefesaabc.com.br • Edição 01• Maio de 2014 45


O ARRANJO PRODUTIVO LOCAL EM <strong>DEFESA</strong> <strong>DO</strong> GRANDE ABC<br />

objetiva desenvolver soluções para desafios globais, de<br />

caráter militar e civil, que requeiram a ação simultânea<br />

de sistemas diversos, em um ambiente para pesquisa<br />

e desenvolvimento colaborativo multidisciplinar. Para<br />

isso, estará integrado às instituições de ensino e pesquisa<br />

locais e empresas de interesse e estará instalado em<br />

uma destas instituições.<br />

6. Indicação pelo Ministério da Defesa de representante,<br />

para participar, como convidado especial, nas<br />

reuniões do APL de Defesa e da Associação Parque<br />

Tecnológico de São Bernardo do Campo.<br />

7. Análise da possibilidade da aprovação da instalação<br />

de um SENAI Defesa no Grande ABC.<br />

8. Apoio à organização e à execução na Região de<br />

um curso de extensão, em nível superior, sobre a Base<br />

Industrial de Defesa e seu modus operandi, dirigido a<br />

empresários industriais, gerentes, sindicalistas, gestores<br />

públicos da Região e demais interessados.<br />

9. Dada a importância e ainda o relativo desconhecimento<br />

da MP 582 - Lei nº12.598/2012, para reduzir<br />

a zero as alíquotas de PIS/PASEP e Cofins, e isentar<br />

o IPI, incidentes nas operações de venda de bens ou<br />

prestação de serviços à União para uso privativo das<br />

Forças Armadas, propomos criar um grupo piloto de<br />

divulgação da Lei em âmbito da Região do Grande<br />

ABC, em parceria com o Consórcio Intermunicipal<br />

Grande ABC e a Agência de Desenvolvimento Econômico<br />

do Grande ABC.<br />

Cenários para a Região do ABC após a escolha<br />

do Gripen<br />

Uma importante frente de expansão da economia<br />

de São Bernardo do Campo, que vem sendo construída<br />

há alguns anos, entra agora em uma etapa decisiva,<br />

com a decisão final sobre o novo caça supersônico da<br />

Força Aérea Brasileira, tomada pela Presidenta Dilma<br />

ao final do ano de 2013.<br />

A escolha do modelo Gripen, da empresa sueca<br />

Saab, implicará na implantação de uma fábrica no<br />

município para a produção de uma parte da aeronave.<br />

Essa perspectiva é fruto de um forte envolvimento da<br />

administração municipal no assunto desde 2009. Como<br />

exposto anteriormente, o Prefeito de São Bernardo<br />

do Campo, Luiz Marinho, foi à Suécia, voou em um<br />

modelo Gripen e foi recebido em audiência pelo<br />

casal real. Posteriormente, seminários e workshops<br />

foram realizados com a Saab em São Bernardo; a Saab<br />

investiu US$ 50 milhões na criação do Centro de<br />

Pesquisa e Inovação Sueco-Brasileiro (CISB), com<br />

sede no município; e São Bernardo tornou-se cidade-irmã<br />

de Linköping, a cidade onde a Saab mantém<br />

sua sede e que possui uma universidade e um Parque<br />

Tecnológico. Em 2013, foi assinado um Memorando<br />

Foto: Divulgação<br />

Sistema de monitoramento das áreas de mananciais<br />

46<br />

Maio de 2014 • Edição 01• Revista do APL de Defesa do Grande ABC


ARTIGO<br />

“O Grande ABC conta<br />

desde 2013 com o único<br />

Arranjo Produtivo local de<br />

Defesa existente no país<br />

e muitas empresas vêm<br />

buscando ampliar suas<br />

ações e parcerias....”<br />

de Entendimento entre as duas<br />

cidades, prevendo parcerias entre<br />

os governos, as universidades e o<br />

setor produtivo de ambas. Ao longo<br />

desse processo, a Saab estabeleceu<br />

o compromisso de implantar uma<br />

etapa da produção das aeronaves no<br />

município, além de iniciar parcerias<br />

para pesquisa e desenvolvimento<br />

com universidades da Região do<br />

Grande ABC.<br />

Estimativas anteriores indicavam<br />

5.860 empregos gerados pela<br />

fabricação do Gripen no Brasil.<br />

A informação mais atual, fornecida<br />

ao jornal Valor Econômico<br />

(19/12/2013) pela Akaer, empresa<br />

que teve 15% de seu capital adquirido<br />

pela Saab, indicam um investimento<br />

de US$ 150 milhões na<br />

nova fábrica em São Bernardo. Utilizando<br />

coeficientes de geração de<br />

emprego do BNDES atualizados,<br />

a Secretaria de Desenvolvimento<br />

Econômico, Trabalho e Turismo de<br />

São Bernardo do Campo estima<br />

que esse investimento tem o potencial<br />

de geração de cerca de 2.500<br />

empregos: 435 diretos, 345 indiretos,<br />

na cadeia produtiva (estima-se<br />

que 40% dos fornecedores possam<br />

ser do Grande ABC), e 1.740 pelo<br />

chamado efeito-renda, decorrente<br />

do aumento do consumo pelos<br />

trabalhadores contratados.<br />

Além disso, esse investimento<br />

atrairá outros elos da cadeia produtiva<br />

para o Grande ABC, entre fornecedores<br />

e prestadores de serviços.<br />

O Grande ABC conta desde 2013<br />

com o único Arranjo Produtivo<br />

Local de Defesa existente no País<br />

e muitas empresas vêm buscando<br />

ampliar suas ações e parcerias. É<br />

previsível o fortalecimento desse<br />

APL com novos investidores na<br />

região. Um caso de uma empresa<br />

que está ampliando suas atividades<br />

em São Bernardo é a Omnisys,<br />

ligada ao Grupo Thales da França,<br />

que realiza no momento um novo<br />

investimento para produção de<br />

radares de longa distância. Outro<br />

impacto importante serão as parcerias<br />

acadêmicas com universidades<br />

locais, que poderão dar margem<br />

à integração de uma parte dos<br />

engenheiros formados na Região à<br />

cadeia produtiva do Gripen e também<br />

à formação de novas empresas<br />

de alta tecnologia para prestação de<br />

serviços a essa mesma cadeia. Os<br />

Parques Tecnológicos da Região<br />

irão se integrar a esse processo, com<br />

a criação de start ups (novas empresas)<br />

e desenvolvimento de pesquisas<br />

aplicadas à indústria de defesa. O<br />

Parque Tecnológico de São Bernardo<br />

do Campo, especificamente,<br />

tem a Defesa entre seus eixos<br />

estratégicos, o que favorece o início<br />

imediato de pesquisas e parcerias<br />

com a própria Saab e sua rede de<br />

fornecedores e prestadores locais.<br />

A Akaer, na matéria citada,<br />

estima um impacto de US$ 15 bilhões<br />

na economia brasileira com a<br />

produção do Gripen. Se a unidade<br />

fabril de São Bernardo do Campo<br />

e sua cadeia produtiva regional<br />

vierem a contribuir com 20% desse<br />

montante, serão no mínimo US$<br />

3 bilhões gerados na Região. Um<br />

impacto muito expressivo, que<br />

reverterá positivamente na arrecadação<br />

tributária, portanto na capacidade<br />

regional de realizar políticas<br />

públicas em benefício da população.<br />

Ainda deve-se acrescentar a isso<br />

o chamado efeito-renda, que significa<br />

o potencial de consumo dos<br />

trabalhadores inseridos nessa cadeia<br />

produtiva, beneficiando o comércio<br />

e os serviços locais, o que aumentará<br />

esse impacto. Vale considerar que<br />

20% (um quinto) é uma estimativa<br />

conservadora, em vista do reiterado<br />

compromisso da Saab de instalar<br />

uma unidade no município. •<br />

Jefferson José da Conceição é<br />

Secretário de Desenvolvimento<br />

Econômico, Trabalho e Turismo de São<br />

Bernardo do Campo; Coordenador do<br />

GT de Desenvolvimento Econômico<br />

do Consórcio Intermunicipal do<br />

Grande ABC; e Coordenador do APL<br />

de Defesa do Grande ABC.<br />

www.industriadefesaabc.com.br • Edição 01• Maio de 2014 47


CATALOGAÇÃO DE PRODUTOS E SERVIÇOS<br />

PROCESSO RIGOROSO<br />

E IMPRESCINDÍVEL<br />

A catalogação de produtos e serviços é uma etapa primordial para as<br />

empresas que pretendem se tornar fornecedoras das Forças Armadas<br />

As Forças Armadas do Brasil vivem importante<br />

processo de modernização,<br />

sustentado por inovação tecnológica,<br />

reaparelhamento, atualização de políticas<br />

públicas e estratégias, além de parcerias com<br />

outros órgãos públicos e com a iniciativa privada.<br />

Tal cenário amplia o horizonte para a indústria<br />

de defesa. No entanto, para que possam atuar diretamente<br />

com Aeronáutica, Exército e Marinha,<br />

toda e qualquer empresa deve ter seus produtos<br />

e serviços catalogados junto às Forças Armadas.<br />

Caso contrário, não poderá participar dos processos<br />

de licitação.<br />

O Sistema Militar de Catalogação (Sismicat)<br />

é muito criterioso, e rigoroso. Trata-se de um<br />

sistema uniforme e comum para identificação,<br />

classificação e codificação de itens de suprimento<br />

das Forças Armadas brasileiras. Composto pelo<br />

Ministério da Defesa e pelo Centro de Catalogação<br />

das Forças Armadas (Cecafa) e regulamentado<br />

pela Portaria Normativa nº 813/MD, de 24<br />

de junho de 2005, o Sismicat foi concebido para<br />

possibilitar máxima eficiência no apoio logístico<br />

e facilitar a gerência de dados dos materiais em<br />

uso nas organizações participantes.<br />

Benefícios individuais e coletivos<br />

O sistema também agrega valor à imagem<br />

das empresas credenciadas. A companhia que<br />

corresponde às exigências desse processo, com<br />

aprovação quanto às características técnicas de<br />

Foto: Divulgação<br />

Flávia Beltran, em visita ao Cecat, foi recebida pelo<br />

Diretor, Cel. Av. André Luiz dos Santos Caldeira<br />

48<br />

Maio de 2014 • Edição 01• Revista do APL de Defesa do Grande ABC


CATALOGAÇÃO DE PRODUTOS E SERVIÇOS<br />

Foto: Divulgação<br />

Prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho, discursa no evento de<br />

Catalogação e Homologação de Produtos de Defesa<br />

e materiais de uso individual e<br />

coletivo utilizados no campo<br />

da defesa – exceto itens de<br />

uso administrativo – contratados<br />

ou adquiridos no âmbito<br />

do Ministério da Defesa pelas<br />

Forças, passam a ser denominados<br />

Produto de Defesa<br />

(Prode).<br />

produtos e aos métodos e processos<br />

de fabricação, passa a<br />

fazer parte da Base Industrial<br />

de Defesa (BID), o conjunto<br />

de empresas estatais e privadas<br />

que participam de uma<br />

ou mais etapas de pesquisa,<br />

desenvolvimento, produção,<br />

distribuição e manutenção<br />

de produtos estratégicos de<br />

defesa.<br />

A catalogação traz ainda<br />

benefícios coletivos, pois fortalece<br />

a notoriedade do Brasil<br />

como país que detém um<br />

nível elevado de informações<br />

sobre os itens que abastecem<br />

a indústria de defesa, e que<br />

passam a ser conhecidos por<br />

mais de 50 países. De maneira<br />

geral, esse processo traz<br />

vantagens significativas em<br />

termos de logística: permite o<br />

uso de linguagem única para<br />

todos os setores que tratam de<br />

material; promove a concentração<br />

de informações sobre<br />

itens de suprimento; favorece<br />

o controle gerencial dos itens;<br />

permite a redução de áreas<br />

de armazenagem; e facilita o<br />

apoio logístico integrado entre<br />

usuários do sistema (Forças<br />

e países).<br />

A partir de agora, as empresas<br />

credenciadas para atender<br />

as Forças Armadas terão<br />

mais do que novas oportunidades.<br />

Visando a fomentar a<br />

Indústria de Defesa Nacional,<br />

o Governo Federal tem estabelecido<br />

incentivos fiscais e<br />

regulamentação para compra,<br />

contratações e desenvolvimento<br />

de produtos e sistemas<br />

de defesa. Exemplo disso é o<br />

Regime Especial Tributário<br />

para a Indústria de Defesa<br />

(RETID), regulamentado pelo<br />

Decreto nº 8.122, de 16 de<br />

outubro de 2013. A iniciativa<br />

também passa pela padronização<br />

de nomenclaturas: todo<br />

bem, serviço, obra ou informação,<br />

inclusive armamentos,<br />

munições, meios de transporte<br />

e comunicações, fardamentos<br />

“Catalogação<br />

também agrega<br />

valor à imagem das<br />

empresas...”<br />

Integração para<br />

informar<br />

Por conta dessa importância<br />

e do compromisso com<br />

o fomento do setor, a Secretaria<br />

de Desenvolvimento<br />

Econômico, Trabalho e Turismo<br />

da Prefeitura de São<br />

Bernardo do Campo, por<br />

meio do Arranjo Produtivo<br />

Local (APL) de Defesa do<br />

Grande ABC, tem trabalhado<br />

para promover a aproximação<br />

do polo industrial da região<br />

com as Forças Armadas.<br />

Tanto que o APL de Defesa<br />

já realizou dois eventos – um<br />

com a Marinha e outro com<br />

o Exército – exatamente<br />

para tratar deste assunto. Nas<br />

duas ocasiões, oficiais falaram<br />

aos convidados sobre os<br />

detalhes de suas demandas e<br />

www.industriadefesaabc.com.br • Edição 01• Maio de 2014 49


os trâmites para que qualquer empresa possa se<br />

tornar sua fornecedora.<br />

Além dessa aproximação, o APL de Defesa<br />

se dedica a oferecer o máximo de informações<br />

técnicas a seus integrantes. Tanto que Flávia<br />

Beltran, assessora de Gabinete da Secretaria de<br />

Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo<br />

tem participado de cursos específicos sobre<br />

catalogação junto ao Ministério de Defesa.<br />

Em novembro de 2013, por exemplo, a executiva<br />

se reuniu com o diretor do Centro de<br />

Catalogação da Aeronáutica (Cecat), o Cel. Av.<br />

André Luiz dos Santos Caldeira, para conhecer<br />

as atividades daquela unidade e identificar os<br />

aspectos pertinentes à promoção e ao fomento<br />

da indústria nacional. Entre os tópicos tratados<br />

durante a visita de Flávia Beltran ao Cecat,<br />

destaque para os aspectos relativos ao processo de<br />

aquisição das diversas classes de materiais do Comando<br />

da Aeronáutica (Comaer) e a relevância<br />

do tema Cláusula Contratual de Catalogação.<br />

Sendo o maior polo industrial da América<br />

Serviço<br />

Os empresários interessados<br />

em conhecer todo o processo<br />

de catalogação e saber exatamente<br />

como devem proceder<br />

para catalogar seus produtos<br />

e serviços podem entrar em<br />

contato com a Secretaria de<br />

Desenvolvimento Econômico,<br />

Trabalho e Turismo pelo e-mail<br />

industria@saobernardo.sp.gov.br.<br />

VANTAGENS<br />

O que a indústria ganha<br />

com a catalogação<br />

As empresas que se credenciam<br />

como fornecedoras das<br />

Forças Armadas, inclusive com<br />

produtos inseridos na lista de<br />

itens catalogados, alcançam uma<br />

série de benefícios que compensam<br />

o esforço desse processo.<br />

O Centro de Catalogação<br />

da Aeronáutica (Cecat), órgão<br />

central do Sistema de Catalogação<br />

da Aeronáutica (SISCAE),<br />

aposta nessas vantagens para<br />

incentivar as indústrias a participarem.<br />

Confira algumas delas:<br />

• Divulgação da empresa nacional<br />

no exterior;<br />

• Melhoria no relacionamento<br />

governo e indústria, por meio<br />

do uso de um único sistema de<br />

identificação de material;<br />

• Uso de uma linguagem comum<br />

compreendida por todos<br />

(fabricante e compradores);<br />

• Gestores e compradores<br />

podem ter acesso aos dados<br />

comerciais de um fabricante,<br />

tais como endereços, telefones e<br />

homepage;<br />

• O NATO Stock Number<br />

(NSN) substitui, com vantagens,<br />

os códigos comerciais de<br />

identificação de materiais, tais<br />

como UPC, UNSPSC, EAN e<br />

NCM;<br />

• A Indústria Nacional de<br />

Defesa, considerando a Lei nº<br />

12.598, de 22 de março de<br />

2012, e o Decreto nº 8.122, de<br />

16 de outubro de 2013, e cumprindo-se<br />

determinados requisitos,<br />

poderá ser enquadrada em<br />

normas especiais para compras,<br />

contratações e desenvolvimento<br />

de produtos e sistemas de defesa<br />

sobre regras de incentivo à área<br />

estratégica de defesa e regime<br />

especial tributário.<br />

NACIONALIZAÇÃO<br />

Oportunidades para<br />

empresas brasileiras<br />

Com uma carreira de 36<br />

anos na Força Aérea Brasileira<br />

(FAB), dos quais 21 como piloto<br />

de caça, o Brigadeiro do Ar<br />

Ricardo Cesar Mangrich é hoje<br />

o responsável pela aquisição<br />

de todos os produtos de uso<br />

da FAB. Há cerca de um ano e<br />

meio, o oficial assumiu o cargo<br />

de diretor do Centro Logístico<br />

da Aeronáutica (Celog). Pela<br />

experiência acumulada e pelo<br />

que tem visto na atual função,<br />

o Brigadeiro diz existir espaço<br />

significativo para o crescimento<br />

da indústria nacional. “Há uma<br />

50<br />

Maio de 2014 • Edição 01• Revista do APL de Defesa do Grande ABC


CATALOGAÇÃO DE PRODUTOS E SERVIÇOS<br />

Latina, o Grande ABC tornase<br />

agente importante nesse<br />

processo de renovação das<br />

Forças Armadas. O processo<br />

de catalogação só amplia as<br />

possibilidades de negócios<br />

para as empresas locais, que<br />

por sua vez contribuirão para<br />

reduzir a dependência das<br />

Forças Armadas de fornecedores<br />

internacionais. •<br />

Foto: Romualdo Venâncio<br />

diferença muito grande entre produto<br />

e produção, ou seja, um campo<br />

de oportunidades para se fabricar<br />

muita coisa”.<br />

Parte dessas possibilidades<br />

vem da nacionalização de produtos,<br />

que possibilita ter itens<br />

com custo menor, capacita empresas<br />

que já são do setor e abre<br />

perspectivas de mercado. Esse<br />

processo garante à Aeronáutica<br />

o abastecimento de algum item<br />

específico que ainda não exista<br />

ou então que esteja disponível<br />

por um preço exorbitante, inviável<br />

para as definições da FAB.<br />

“Nesse caso, utilizamos a engenharia<br />

reversa em nosso laboratório<br />

para obter todas as informações que<br />

permitam a fabricação do produto<br />

no Brasil”, explica Mangrich.<br />

No entanto, como a FAB não<br />

é fabricante abre uma licitação<br />

para encontrar uma empresa<br />

que possa suprir essa necessidade.<br />

Quando isso acontece, o<br />

produto é patenteado pela FAB<br />

Brigadeiro do Ar Ricardo Cesar Mangrich, diretor<br />

do Celog da Aeronáutica<br />

e passa a ser fabricado apenas<br />

para uso próprio, não tem<br />

objetivos comerciais. “Nesses<br />

termos, não é considerado quebra de<br />

patente”, esclarece o Brigadeiro.<br />

O Celog ainda cuidará do<br />

registro e da certificação desse<br />

item. “Somos um órgão certificador,<br />

passamos anualmente por rigorosas<br />

inspeções”, acrescenta. O Celog<br />

também está habilitado para fazer<br />

a catalogação dos produtos<br />

que nacionalizar. “A catalogação<br />

é muito importante, pois gera um<br />

número que é reconhecido por todo<br />

o mercado e permite a rastreabilidade<br />

no mundo inteiro”, descreve<br />

Mangrich.<br />

Falando especificamente do<br />

polo industrial do Grande ABC,<br />

o Brigadeiro vê como virtuosa<br />

e bastante natural a capacitação<br />

do setor automobilístico para<br />

atender a aviação. “A indústria automobilística<br />

está entre os produtos de<br />

uso da aeronáutica e de uso comum”,<br />

compara. Segundo ele, nos protótipos<br />

de armamentos ainda em<br />

fase de testes são utilizados materiais<br />

do segmento automobilístico,<br />

“de forma totalmente segura”, faz<br />

questão de destacar o oficial.<br />

www.industriadefesaabc.com.br • Edição 01• Maio de 2014 51


SINDICATOS E CAPACITAÇÃO<br />

DA MÃO DE OBRA: CAMINHO<br />

PARA INOVAR<br />

A qualificação da mão de obra está entre as prioridades da indústria<br />

de defesa no processo de evolução técnica e os sindicatos do Grande<br />

ABC estão empenhados em investir nesse campo para assegurar<br />

benefícios à força de trabalho<br />

A<br />

criação do Arranjo Produtivo Local<br />

(APL) de Defesa do Grande ABC<br />

tem proporcionado a oportunidade<br />

de diversas mudanças positivas na<br />

relação entre Forças Armadas, indústria de defesa,<br />

instituições de ensino, centros de pesquisa e<br />

demais envolvidos com o setor. Uma delas pode<br />

ser considerada um marco no que diz respeito à<br />

capacitação de mão de obra que atua no polo industrial<br />

da região. Em 2013, um sindicalista participou,<br />

pela primeira vez, do Curso de Gestão de<br />

Recursos de Defesa realizado pela Escola Superior<br />

de Guerra (ESG). O diretor executivo do<br />

Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (SMABC),<br />

José Roberto Nogueira da Silva, o “Bigodinho”,<br />

teve a chance de conhecer de perto diversas<br />

instalações militares e de trocar informações com<br />

alguns empresários. “Foi uma quebra de paradigmas.<br />

No início, a cada ponderação que eu fazia percebia o<br />

estranhamento nos olhares das pessoas. Mas, no final,<br />

ficou uma relação fantástica, uma grande aproximação<br />

com todos”, comenta.<br />

A interação foi tamanha que persistiu mesmo após<br />

o fim do curso. “Executivos que conheci na ESG vêm me<br />

visitar na sede do sindicato com o intuito de trocar informações<br />

e saber sobre nossos passos, entre outros assuntos. Após<br />

conhecerem nossa política de atuação, o que temos discutido<br />

José Roberto Nogueira da Silva,<br />

diretor executivo do SMABC<br />

sobre o setor e o que pensamos para o futuro, perceberam que a<br />

contribuição mútua é muito importante e pode trazer excelentes<br />

frutos para todos”, analisa Bigodinho. Para o sindicalista,<br />

tal relacionamento é uma forma de promover<br />

inovação, pois o debate entre empresários e trabalhadores<br />

em um mesmo patamar representa importante<br />

Foto: Divulgação<br />

52<br />

Maio de 2014 • Edição 01• Revista do APL de Defesa do Grande ABC


SINDICATOS E CAPACITAÇÃO DA MÃO DE OBRA: UM CAMINHO PARA INOVAR<br />

Foto: Divulgação<br />

Alunos do Curso<br />

de Gestão de<br />

Recursos de<br />

Defesa da ESG<br />

mudança cultural nesse diálogo.<br />

“Precisamos ter mais lideranças de<br />

trabalhadores participando desse curso, e<br />

não apenas metalúrgicos, mas químicos,<br />

bancários, entre outros, para fomentar as<br />

bases”, acrescenta.<br />

Essa integração poderá ser cada<br />

vez mais valiosa, e necessária, em<br />

razão de uma demanda crescente<br />

no setor. Segundo Bigodinho, a<br />

capacitação da mão de obra é imprescindível<br />

para que a indústria<br />

nacional aproveite as oportunidades.<br />

Durante o curso na ESG, ele<br />

conheceu um pouco mais sobre<br />

“Executivos que conheci<br />

na ESG vêm me visitar<br />

na sede do sindicato<br />

com o intuito de trocar<br />

informações e saber<br />

sobre nossos passos,<br />

entre outros assuntos...”<br />

o potencial das empresas, o que<br />

ressaltou ainda mais a relevância<br />

da qualificação dos trabalhadores.<br />

“Sem a devida preparação para atender<br />

à demanda do mercado, principalmente<br />

de empresas estrangeiras que<br />

estão investindo no Brasil, deixaremos<br />

uma imagem de que não damos conta”,<br />

alerta o sindicalista.<br />

Integração de setores<br />

A capacitação da mão de obra<br />

que atende, e continuará a<br />

atender, a indústria de defesa é<br />

um processo contínuo e abrangente,<br />

da mesma maneira como<br />

acontece em qualquer outro<br />

segmento produtivo. O resultado<br />

mais aparente é a oferta de profissionais<br />

qualificados para suprir<br />

demanda das empresas. Outro<br />

impacto marcante é o estímulo<br />

aos trabalhadores, a percepção<br />

deles mesmos quanto à influência<br />

do investimento nos estudos<br />

em suas carreiras profissionais e<br />

em suas vidas de maneira geral.<br />

Tal movimento passa pela aproximação<br />

entre as entidades de<br />

classe, como o SMABC, e as instituições<br />

de ensino, a exemplo das<br />

universidades, escolas técnicas e<br />

unidades do Serviço Nacional de<br />

Aprendizado Industrial (SENAI).<br />

É por meio dessa integração que<br />

o SMABC oferece, há 30 anos,<br />

cursos gratuitos a seus associados.<br />

Bigodinho conta que por<br />

conta de mudanças estruturais<br />

do país e alterações no setor,<br />

como as terceirizações, houve<br />

uma redução na formação de<br />

profissionais de nível técnico.<br />

Para ele boa parte dos estudantes<br />

tem preferido ingressar<br />

diretamente em uma faculdade<br />

de engenharia a passar primeiro<br />

pelos cursos técnicos, o que<br />

acabou reduzindo a disponibilidade<br />

de trabalhadores com esse grau<br />

de escolaridade. Por conta dessa<br />

mudança, muitos profissionais<br />

recém-saídos dos cursos de<br />

engenharia acabaram na função<br />

www.industriadefesaabc.com.br • Edição 01• Maio de 2014 53


de alguém com nível técnico, e não universitário.<br />

“Até o salário dessa população acabou diminuindo”,<br />

relata o diretor do SMABC.<br />

A situação está sendo revertida com a retomada<br />

da formação de técnicos. O Sindicato dos Metalúrgicos<br />

do ABC, por exemplo, inaugurou em<br />

dezembro de 2013, na cidade de Diadema (SP),<br />

a Escola Livre para Formação Integral “Dona<br />

Lindu”, em uma área construída de 2.000m².<br />

Conforme a coordenação da entidade, esperase<br />

atender cerca de 3 mil alunos até julho deste<br />

ano e, a longo prazo, que a instituição forme 10<br />

mil estudantes por ano. De acordo com o diretor<br />

de Organização do SMABC, Moisés Selerges,<br />

as propostas de políticas para novos investimentos<br />

no ABC estão condicionadas à formação de<br />

trabalhadores. “Além disso, temos a preocupação com<br />

a formação desses profissionais enquanto cidadãos, conhecedores<br />

de seus direitos”, ressalta. A Escola “Dona<br />

Lindu” oferece, em parceria com o SENAI,<br />

cursos como “Matemática Aplicada à Mecânica”,<br />

“AutoCad 2D” e “Redação Técnica”.<br />

“A partir de iniciativas como essa, geramos oportunidades<br />

para que as diversas categorias de trabalhadores<br />

venham a estudar, sobretudo quem não tem condições<br />

de investir no ensino”, comenta Bigodinho. “Isso é<br />

um sonho se realizando, pois conseguimos produzir mão de<br />

obra de acordo com a demanda do mercado e oferecer melhor<br />

qualidade de emprego para essas pessoas”, comemora.<br />

Defesa ainda é novidade<br />

A capacitação de mão de obra é um assunto que<br />

já permeia as discussões trabalhistas há muito<br />

tempo. No entanto, especificamente sobre o setor<br />

de defesa pode-se dizer que é algo recente. Até<br />

mesmo as empresas ainda estão se adequando às<br />

exigências do setor, como é o caso dos processos<br />

de catalogação e homologação para se tornarem<br />

fornecedoras das Forças Armadas. Aquelas que<br />

chegam muito perto mas, por qualquer motivo,<br />

não conseguem passar por todas as etapas dessa<br />

rigorosa análise, certamente vão rever seus procedimentos,<br />

passo a passo, antes de tentarem novamente.<br />

Mais do que poder participar de qualquer<br />

licitação da Marinha, do Exército ou da Aeronáutica,<br />

a companhia terá um diferencial significativo<br />

diante do mercado.<br />

“Sem a devida preparação<br />

para atender à demanda do<br />

mercado, principalmente de<br />

empresas estrangeiras que estão<br />

investindo no Brasil, deixaremos<br />

uma imagem de que não damos<br />

conta...”<br />

Uma das principais notícias do setor envolvendo<br />

a região do Grande ABC foi o anúncio do Governo<br />

Federal sobre a compra dos caças Gripen New<br />

Generation, fabricados pela empresa sueca Saab, para<br />

o Projeto FX-2. Independentemente dessa negociação,<br />

a prefeitura de São Bernardo, há pelo menos<br />

quatro anos tem se aproximado da companhia.<br />

Tanto que, mesmo antes de o Ministério da Defesa<br />

revelar a escolha pelos Gripen, a direção da Saab já<br />

havia criado o CISB – Centro de Pesquisa e Inovação<br />

Sueco-Brasileiro – na cidade e se comprometido<br />

a instalar uma unidade no município, caso viesse<br />

a ser a fornecedora dos aviões.<br />

A partir de agora, começa uma movimentação<br />

intensa para saber exatamente a dimensão das possibilidades<br />

e como aproveitá-las. “Se estamos falando de<br />

uma empresa que vem ao país e, mais especificamente, a São<br />

Bernardo, para fabricar caças, é algo muito grande. Temos de<br />

pensar no futuro, discutir e entender as particularidades das<br />

demandas do setor de defesa”, observa Bigodinho. Para o<br />

sindicalista, é preciso aproveitar essa experiência com<br />

a Saab até para que o polo industrial do ABC esteja<br />

pronto para as próximas oportunidades.<br />

“Quantos empregos diretos e indiretos podem surgir,<br />

sobretudo para a mão de obra qualificada? Como isso<br />

54<br />

Maio de 2014 • Edição 01• Revista do APL de Defesa do Grande ABC


SINDICATOS E CAPACITAÇÃO DA MÃO DE OBRA: UM CAMINHO PARA INOVAR<br />

“É importante a<br />

população saber por<br />

quais motivos precisamos<br />

de desenvolvimento<br />

tecnológico para a defesa.<br />

Embora não exista a<br />

intenção de o país atacar<br />

ninguém, precisamos de<br />

fato estar seguros...”<br />

pode fortalecer a economia de São<br />

Bernardo e do Grande ABC?<br />

Quantos investimentos serão necessários<br />

para atender essa demanda?<br />

São várias as perguntas que temos<br />

de responder o quanto antes”,<br />

orienta Bigodinho. O diretor<br />

do SMABC destaca ainda que<br />

a capacitação da mão de obra<br />

garante ao Grande ABC a possibilidade<br />

de as indústrias locais<br />

entrarem como parte da inteligência<br />

dessa produção, e não<br />

apenas com a linha de montagem.<br />

“Vamos precisar de pessoas<br />

com muito conhecimento.”<br />

As questões profissionais, de<br />

uma forma ou de outra, acabam<br />

envolvendo demandas de<br />

cunho social. É imprescindível<br />

informar aos moradores da<br />

região sobre os acontecimentos.<br />

O sindicato coloca todos<br />

os seus canais de comunicação,<br />

que atendem uma base de 100<br />

mil nomes, a serviço desses esclarecimentos,<br />

como é o caso do<br />

jornal impresso Tribuna Metalúrgica,<br />

com 60 mil exemplares<br />

diários, e do site da entidade.<br />

“É importante a população saber<br />

por quais motivos precisamos de<br />

desenvolvimento tecnológico para<br />

a defesa. Embora não exista a<br />

intenção de o país atacar ninguém,<br />

precisamos de fato estar seguros.<br />

Não adianta apenas parecermos seguros”,<br />

acrescenta Bigodinho.•<br />

Evento de inauguração da<br />

Escola Livre para Formação<br />

Integral “Dona Lindu”<br />

Foto: Divulgação<br />

www.industriadefesaabc.com.br • Edição 01• Maio de 2014 55


“Os países mais<br />

poderosos e<br />

influentes são aqueles<br />

que têm a indústria<br />

de defesa mais forte e<br />

avançada”<br />

Jairo Cândido<br />

Diretor-titular do Departamento da Indústria de<br />

Defesa – Comdefesa da FIESP e Presidente do<br />

Grupo Inbra Aerospace<br />

A visão estratégica de um<br />

polo da indústria de defesa<br />

A<br />

indústria de defesa é um dos segmentos<br />

econômicos com maior potencial de<br />

desenvolvimento tecnológico. Muitas<br />

tecnologias que usamos no dia a dia, do<br />

GPS à internet, tiveram suas origens em sistemas<br />

desenvolvidos para a defesa dos países. Os países mais<br />

poderosos e influentes são aqueles que têm a indústria<br />

de defesa mais forte e avançada.<br />

O Brasil tem uma longa história na produção<br />

de material para a defesa nacional. As origens de tal<br />

capacidade remontam ao processo de industrialização<br />

em Portugal no século XV e a migração das primeiras<br />

fábricas para o Brasil, ainda no período colonial.<br />

Ao longo destes séculos e até os dias atuais ocorreram<br />

muitas iniciativas importantes e inúmeros insucessos<br />

e decepções. A indústria de defesa do Brasil de hoje é<br />

o resultado das condições geopolíticas e econômicas<br />

que o país viveu ao longo de sua história, dos sonhos,<br />

visões e esforços abnegados e visionários de militares,<br />

políticos, empresários, cientistas e diversas pessoas.<br />

56<br />

Maio de 2014 • Edição 01• Revista do APL de Defesa do Grande ABC


ARTIGO<br />

Através deles, chegamos aos dias de hoje com uma indústria<br />

de defesa vivendo um momento positivo com<br />

a crescente conscientização nacional com relação à<br />

importância da defesa na soberania nacional.<br />

Dentro deste quadro, desponta a iniciativa de um<br />

polo tecnológico voltado ao segmento industrial<br />

de defesa em São Bernardo do Campo. Resultado<br />

da visão estratégica desenvolvida pelo Prefeito Luiz<br />

Marinho, o novo polo tecnológico de defesa vem<br />

despertando crescente interesse. Ele é baseado em<br />

pilares tais como a localização geográfica privilegiada<br />

da cidade com sua proximidade a portos e aeroportos<br />

e excelentes meios logísticos, capacidade significativa<br />

de formação de recursos humanos de alta qualificação<br />

e uma infraestrutura urbana e gerencial adequada. O<br />

apoio, associado à forte vocação industrial e aos fatores<br />

mencionados resulta em um cenário favorável para<br />

a implantação de uma iniciativa desse porte.<br />

No Brasil, após décadas de baixo nível de compras<br />

governamentais e pouco interesse da classe política<br />

pelo assunto, o segmento de defesa e aeroespacial<br />

começou a ser visto sob um enfoque estratégico e<br />

tornou-se um dos principais pontos da nova Estratégia<br />

Nacional de Defesa. Em adição, o governo federal<br />

aprovou políticas, decretos e medidas administrativas<br />

voltados à desoneração fiscal da indústria e a regulamentação<br />

dos processos de compras para apoiar<br />

a indústria de defesa. Foram contratados programas<br />

como o avião cargueiro KC-390, o sistema de<br />

proteção de fronteiras, o programa dos helicópteros<br />

multimissão e o programa dos submarinos convencionais<br />

e nuclear, todos eles<br />

com obrigações vinculadas<br />

ao envolvimento e capacitação<br />

da base industrial de<br />

defesa brasileira. As políticas<br />

e resoluções aprovadas e os<br />

grandes programas estruturantes<br />

contratados apontam<br />

para uma política vigorosa e<br />

de longo prazo para o setor<br />

“As políticas e resoluções<br />

aprovadas e os grandes<br />

programas estruturantes<br />

contratados apontam<br />

para uma política<br />

vigorosa e de longo prazo<br />

para o setor de defesa”<br />

de defesa. Novos programas estão em negociação e<br />

definição.<br />

Dentre estes, o Programa F-X2 objetiva prover<br />

uma nova aeronave de combate multimissão para a<br />

Força Aérea Brasileira. O avião escolhido, o Gripen<br />

NG da Saab sueca é o caça mais moderno em desenvolvimento<br />

no mundo fora dos EUA. O Prefeito<br />

Luiz Marinho defendeu a escolha do Gripen<br />

desde o início do processo de seleção, como sendo<br />

a alternativa que traria os maiores benefícios para a<br />

indústria brasileira.<br />

A Saab se comprometeu em investir em São<br />

Bernardo do Campo. Inicialmente, em maio de<br />

2011 ela estabeleceu o CISB – Centro de Pesquisa e<br />

Inovação Sueco-Brasileiro com foco na implementação<br />

acordos de cooperação em ciência, inovação<br />

e alta tecnologia entre Brasil e Suécia, integrando o<br />

maduro e bem-sucedido sistema de inovação sueco<br />

com o dinâmico sistema de inovação que vem se<br />

consolidando no Brasil, além de atrair investimentos<br />

e interesse de todo o mundo.<br />

Mas a principal iniciativa da Saab está iniciando<br />

sua implantação. Em associação e sob a liderança de<br />

empresários brasileiros do Grupo Inbra, a Saab investirá<br />

cerca de US$ 150 milhões em uma nova fabrica<br />

destinada a produção de estruturas de aeronaves para<br />

atender ao programa Gripen NG no Brasil e a linha<br />

de montagem na Suécia. Denominada SBTA – São<br />

Bernardo Tecnologia Aeroespacial, esta fabrica fornecerá<br />

aeroestruturas para outras empresas aeronáuticas<br />

no mundo.<br />

O estabelecimento do<br />

polo tecnológico de defesa<br />

em São Bernardo do Campo<br />

vem despertando intensa<br />

movimentação do ambiente<br />

empresarial tanto nacional<br />

como de empresas estrangeiras<br />

com relação a São Bernardo<br />

do Campo, indicando<br />

o potencial de sucesso desta<br />

iniciativa. •<br />

www.industriadefesaabc.com.br • Edição 01• Maio de 2014 57


NOTAS<br />

POR DENTRO <strong>DO</strong> APL<br />

Paulo Marcelo<br />

Tavares Ribeiro<br />

Gerente Regional do<br />

Serviço Brasileiro de Apoio às<br />

Micro e Pequenas Empresas<br />

(SEBRAE)<br />

“A formação de um Arranjo Produtivo Local é de fundamental importância ao<br />

desenvolvimento de um melhor ambiente competitivo para as empresas. Nossa<br />

missão, além da capacitação, é trabalhar em prol da construção de um ambiente<br />

favorável às micro e pequenas empresas. São muitos os pontos positivos de um APL,<br />

mas cabe destacar alguns deles, como a maior sinergia de ações coletivas, a troca de<br />

informação e conhecimento, o maior poder de negociação e a força política para<br />

pleitear melhorias ao setor. Além da promoção do desenvolvimento do capital social<br />

e econômico da região.”<br />

Eduardo Marson<br />

Presidente da Helibras<br />

“Só podemos ver com bons olhos a existência do Arranjo Produtivo Local de Defesa<br />

do Grande ABC. Temos diversos fornecedores na região: peças importantes de<br />

fuselagem vêm de Mauá, a blindagem dos Esquilos é fornecida pela Inbra, o sistema<br />

de autodefesa do EC725 é fabricado pela Saab, entre outros. O fortalecimento do<br />

ABC como polo da indústria de defesa só pode ser positivo. A expansão do segmento<br />

de defesa na região abre a possibilidade de mais integração, mais negociações.”<br />

Carlos Alberto Gonçalves<br />

“Krica”<br />

Secretário Adjunto de<br />

Desenvolvimento Econômico,<br />

Trabalho e Turismo de São<br />

Bernardo do Campo<br />

“O APL de Defesa do Grande ABC tornou-se um importante<br />

espaço de debate e articulação de políticas para a Indústria<br />

da Região. A Indústria de Defesa, por ter em essência de<br />

tecnologia de ponta, agrega valor ao produto e aos profissionais<br />

da área. Incluindo as Forças Armadas neste debate, as<br />

oportunidades são extraordinárias. É muito importante as<br />

empresas conhecerem o processo de catalogação e ficarem<br />

atentas as possibilidades apresentadas a todos os segmentos<br />

econômicos de venderem para as Forças Armadas.”<br />

Coronel Bazuchi<br />

Seção de Planejamento do<br />

Comando Militar do Planalto<br />

“A iniciativa da Prefeitura do Município de São Bernardo do Campo precisa ser<br />

destacada: por um lado, coloca na mesma mesa os agentes do Executivo local, as<br />

indústrias do ABC, os sindicatos dos trabalhadores e os pensadores das Universidades<br />

e centros de pesquisa; por outro lado, facilita ao Ministério da Defesa e às Forças<br />

Armadas os contatos para a apresentação de suas demandas. Cria-se, desta maneira, a<br />

possibilidade de que as aquisições de Defesa sejam realizadas cada vez mais no Brasil<br />

- com nível tecnológico cada vez mais elevado - e, ainda, de que se estabeleçam<br />

parcerias com empresas e universidades locais para o desenvolvimento dos complexos<br />

projetos de Defesa!”<br />

Sadao Hayashi<br />

Diretor Técnico e Comercial<br />

da NHT Engenharia<br />

“A criação do Arranjo Produtivo Local de Defesa do Grande ABC é de fundamental<br />

importância para a aproximação dos integrantes dessa cadeia produtiva, a troca de<br />

informações e o estímulo para alavancar o setor. A prefeitura de São Bernardo do<br />

Campo está no caminho correto e o trabalho que vem sendo feito pela Secretaria<br />

de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo é uma grande prestação de<br />

serviços. De forma geral, boa parte das propostas vem ao encontro do que penso ser<br />

essencial para o setor. Como foi o evento realizado com oficiais do Exército para<br />

falar sobre suas demandas por produtos, serviços e tecnologia.”<br />

58<br />

Maio de 2014 • Edição 01• Revista do APL de Defesa do Grande ABC


Flávia Beltran<br />

Assessora do Gabinete da<br />

Secretaria de Desenvolvimento<br />

Econômico, Trabalho e Turismo<br />

de São Bernardo do Campo<br />

Coordenadora Técnica do APL<br />

de Defesa do Grande ABC<br />

“O Arranjo Produtivo Local de Defesa do Grande ABC<br />

foi criado com o objetivo de aproximar as Forças Armadas<br />

Brasileiras, empresários, sindicatos e instituições de ensino<br />

da Região. É um canal aberto para que estes atores tenham<br />

a oportunidade de atender às necessidades materiais e de<br />

desenvolvimento tecnológico das Forças.<br />

O APL de Defesa é a principal ação da Secretaria de<br />

Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo de São<br />

Bernardo do Campo no esforço de inserir o Grande ABC na<br />

cadeia produtiva de Defesa do país.”<br />

Claudio Pinto<br />

Sócio-proprietário da Stuff<br />

Equipamentos Industriais<br />

“O trabalho realizado pelo Arranjo Produtivo Local de Defesa do Grande ABC<br />

é um caminho interessante e valioso, uma plataforma para gerar e multiplicar<br />

oportunidades, inclusive ampliando o acesso às Forças Armadas. Por meio dessa<br />

aproximação, podemos diversificar conceitos para entender uma demanda específica,<br />

o desafio para novos projetos, como atuar na questão administrativa, entre outros pontos.<br />

Além disso, o atendimento apropriado é um apoio para a autonomia deste setor.”<br />

General Marco<br />

Antônio de Farias<br />

Comandante Logístico<br />

do Exército<br />

Giovanni Rocco<br />

Secretário executivo da Agência<br />

de Desenvolvimento Econômico<br />

do Grande ABC<br />

Paulo Fernando<br />

Panageiro<br />

Proprietário e Diretor<br />

Administrativo da Indústria<br />

e Comércio de Artefatos de<br />

Metais Ltda. (Induspec)<br />

“O Arranjo Produtivo Local de Defesa do Grande ABC é muito importante. Para as<br />

Forças Armadas, especificamente, essa aproximação com o polo industrial traz uma<br />

sintonia que vai gerar diversos benefícios. Além da integração comercial, proporciona<br />

uma sincronia de forma geral para todos os envolvidos. Unidos, seremos mais<br />

consistentes, e essa consistência é fundamental para o sucesso.”<br />

“A articulação feita pelo prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho, trará<br />

um importante impacto no desenvolvimento econômico de todo o Grande ABC.<br />

São sete municípios sem barreiras geográficas e com forte união institucional, o que abre<br />

grandes oportunidades de desenvolvimento tecnológico e de inovação para as empresas e<br />

universidades não só de São Bernardo, mas de toda a região do Grande ABC.”<br />

“A notícia de que o grupo sueco Saab, ganhador da concorrência para participar<br />

do Projeto FX-2, da Força Aérea Brasileira, com o caça Gripen NG, instalará uma<br />

unidade industrial em São Bernardo do Campo é uma grande oportunidade para<br />

a região. Nesse momento, cresce a importância do Arranjo Produtivo Local de<br />

Defesa do Grande ABC, pois traz uma iniciativa cultural essencial ao setor. Agora, é<br />

fundamental que as empresas se ajudem mais.”<br />

Arthur de Almeida Jr.<br />

Engenheiro Naval pela EPUSP<br />

Vice-Presidente da CSHPA, da<br />

ABIMAQ.<br />

Representante da empresa<br />

Spectra Tecnologia no<br />

CONIMAQ/ABIMAQ<br />

“A parceria entre a PSBC e a empresa estratégica de defesa<br />

(EED) Spectra Tecnologia permitirá que se encurte o caminho ao<br />

futuro para a indústria nacional e que se legue o conhecimento<br />

tecnológico de ponta às novas gerações de trabalhadores.<br />

A implantação de um Centro de Simulação Para o Treinamento<br />

de Pilotos de Aeronaves, militares e civis, de asa fixa e rotativa<br />

e de um Laboratório de Ensaios de Fadiga, em São Bernardo<br />

do Campo, colocará o Brasil em condições de igualdade com os<br />

mais avançados centros tecnológicos do mundo. Além do Projeto<br />

GRIPEN, os centros atenderão todas as demandas tecnológicas<br />

dos parques industriais do ABC, de São Paulo e do país.”<br />

www.industriadefesaabc.com.br • Edição 01• Maio de 2014 59


Empresas e Instituições participantes do<br />

Arranjo Produtivo Local de Defesa do Grande ABC<br />

Empresas<br />

AFX Indústria Metalúrgica<br />

Ltda.Indústria Metalúrgica<br />

www.afxindustria.com.br<br />

(11) 4176.8611<br />

Acrux Solutia Ltda.<br />

Equipamentos Hospitalares para<br />

Centros Cirúrgicos<br />

www.acruxsolutia.com.br<br />

(11) 4101.4492<br />

Agecom Produtos de<br />

Petróleo Ltda.<br />

Lubrificante e Químicos<br />

www.agecom.com.br<br />

(11) 2146.8990<br />

ALLTEC Materiais<br />

Compostos<br />

Engenheira de Desenvolvimento e<br />

Negócios<br />

www.allteccomposites.com.br<br />

(12) 3931.4178/3934.8362<br />

Apema Equipamentos<br />

Industriais Ltda.<br />

Tecnologia em Transferência de Calor<br />

www.apema.com.br<br />

(11) 4128.2577<br />

Artes Maná Comunicação<br />

Visual<br />

Gráfica e Impressão Digital<br />

www.artesmana.com.br<br />

(11) 3424.5480<br />

Athos Ferramentaria e<br />

Estamparia Ltda.<br />

Ferramentaria<br />

www.ferramentariaathos.com.br<br />

(11) 4546.8390<br />

B. Grob do Brasil S.A.<br />

Linhas de Usinagem, Maquinas de<br />

Universais<br />

www.grobgroup.com<br />

(11) 4367.9100/4367.9852<br />

BASF S.A<br />

Indústria química, plásticos, produtos<br />

de performance para proteção de<br />

cultivos, petróleo e gás<br />

www.basf.com<br />

(11) 2349.2014<br />

Blitz Ind. e Com. de<br />

Plásticos Ltda.<br />

Plásticos<br />

www.blitz.ind.br<br />

(11) 4828.3444/Fax: 4828.3619<br />

Bracom Comunicação Visual<br />

e Editora Ltda.<br />

Industriais e Promocionais<br />

www.bracomcv.com.br<br />

(11) 4227-5433/4226.0936<br />

Boeing Brasil Serviços<br />

Técnicos Aeronáuticos Ltda.<br />

Aeronáutico<br />

www.boeing.com.br<br />

(11) 3759.4800<br />

CCTS - Centro de Ciência do<br />

Sistema Terrestre<br />

Centro de Pesquisas Ambientais<br />

www.ccst.inpe.br<br />

(12) 3186.9497<br />

Coatingtec Revestimentos<br />

Técnicos de Metais Ltda. ME<br />

Tratamento Superficial de Metais<br />

www.coatingtec.com.br<br />

(11) 2324.0815/0915<br />

Companhia Brasileira de<br />

Cartuchos - CBC<br />

Armas e Munições<br />

www.cbc.com.br<br />

(11) 2139.8310/2139.8340<br />

Clarion Eventos Brasil<br />

Exibições de Feira Ltda.<br />

Eventos<br />

www.clarioneventos.com.br<br />

(11) 3893.1300<br />

DB Transnational Logística<br />

Brasil S/A<br />

Logística Internacional<br />

www.dbtransnational.com<br />

(11) 4122.4200<br />

Delicato Consultoria<br />

Consultoria em gestão de ativos e<br />

processos<br />

www.delicatoconsultoria.com.br<br />

(11) 3280.2661<br />

DU-O-LAP Selos Mecânicos<br />

Fabricação de Produtos de Metal,<br />

Exceto Máquinas e Equipamentos<br />

www.du-o-lap.com.br<br />

(11) 4173.5200/4178.2101<br />

E2A Ferramentaria de<br />

Moldes LTDA.<br />

Ferramentaria para Construção e<br />

Manutenção de moldes para Injeção<br />

de Termoplásticos<br />

www.e2aferramentaria.com.br<br />

(11) 4468.1351/4427.8153<br />

EDAG do Brasil Ltda.<br />

Serviços de Engenharia<br />

www.edag.com<br />

(11) 4173.9637/Fax: 4173.9608<br />

Edson Asarias Advogados e<br />

Advogados Associados<br />

Advocacia<br />

www.edsonasarias.adv.br<br />

(11) 4122.7299<br />

Equipamentos Universaloi<br />

Ltda.<br />

Fábrica de roscas e cilindros<br />

bimetálicos<br />

www.universaloi.com.br<br />

(11) 4346.5555<br />

Emau Usinagem Industrial<br />

Ltda.<br />

Usinagem Industrial<br />

(11) 4072.2204<br />

E.5 Agência de<br />

Comunicação e Evento Ltda.<br />

Eventos<br />

www.elemetal5.com.br<br />

(11) 3165.4442<br />

Faogor Arrasate do Brasil<br />

Ltda.<br />

Prensas e Sistemas de Estampagem<br />

www.fagorarrasate.com<br />

(11) 5694.0822<br />

Fatec de São Bernardo do<br />

Campo Adib Moises Dib<br />

Ensino Tecnológico<br />

www.fatecsbc.edu.br<br />

(11) 4121.9008<br />

Faparmas Torneados de<br />

Precisão Ltda.<br />

Prestação de Serviços de Usinagem<br />

www.faparmas.com.br<br />

(11) 4822.7290/4822.7259<br />

Ferosão JCR Ind. Com Ltda.<br />

Ferramentaria<br />

www.ferosao.com.br<br />

(11) 2191.6300<br />

Ferramentaria Gaspec Ltda.<br />

Ferramentaria<br />

www.gaspec.com.br<br />

(11) 4421.8701<br />

Fiamm Latin America<br />

Componentes<br />

Automobilísticos Ltda.<br />

Fabricação de Veículos Automotores,<br />

Reboques e Carrocerias<br />

www.fiamm.com.br<br />

(11) 3737.6116<br />

Frazzo Comércio de<br />

Máquinas Ltda.<br />

Comércio Atacadista de Máquinas e<br />

Equipamentos para uso Industrial,<br />

Partes e Peças<br />

www.frazzo.com.br<br />

(11) 2381.8853/7699.2125<br />

Frimaren Brazil Ltda.<br />

Atividades de Consultoria em Gestão<br />

Empresarial, exceto consultoria<br />

técnica específica<br />

www.frimarenbrazil.com.br<br />

(12) 3911.6741<br />

Fixopar Comércio de<br />

Parafusos e Ferramentas<br />

Ltda.<br />

Comercialização, distribuição e<br />

fabricação de todos os tipos de<br />

elementos de fixação e agregados<br />

industriais.<br />

www.fixopar.com.br<br />

(11) 2842.2700/Fax: 2842.2760<br />

G.S. Comércio, Serviços e<br />

Locação de Equipamentos<br />

Industriais Ltda.<br />

Comércio, Serviços e Locação de<br />

Equipamentos Industriais<br />

(11) 4101.4053/3958.3810<br />

60<br />

Maio de 2014 • Edição 01• Revista do APL de Defesa do Grande ABC


Grupo Inbra Filtro<br />

Produtos Automotivos e Defesa<br />

www.grupoinbra.com.br<br />

(11) 2148.8600<br />

HCS Modelação Ltda.<br />

Fundição e Modelação<br />

(11) 4238.0171<br />

Haas do Brasil Total<br />

Gerenciamento de Produtos<br />

Químicos Ltda.<br />

Comércio Atacadista de Produtos<br />

Químicos<br />

www.haasgroupintl.com<br />

(11) 4427.4282<br />

Heat Tech Tecnologia em<br />

Tratamento Térmico e<br />

Engenharia de Superfície<br />

Ltda.<br />

Tecnologia<br />

www.heattech.com.br<br />

(11) 4792.3881<br />

HELIBRAS A Eurocoper<br />

Company<br />

Indústria de Aeronáutica<br />

www.helibras.com.br<br />

(11) 2142.3718/2142.3772<br />

Hercules Equipamentos de<br />

Proteção Ltda.<br />

Fabricação Tecnologia e Manutenção<br />

(11) 4391.6640<br />

Holec Ind. Elétrica Ltda.<br />

Fabricante de Chave seccionadora de<br />

baixa tensão<br />

www.holec.com.br<br />

(11) 4191.3144<br />

IGPECOGRAPH Ind.<br />

Metalúrgica Ltda.<br />

Industria Metalúrgica<br />

www.igpbr.com<br />

(11) 4070.8000/Fax: 4075.3285<br />

Indústria Máquinas Miotto<br />

Ltda.<br />

Fabrica e Comércio de Máquinas e<br />

Equipamentos utilizados na operação<br />

de transformação das várias linhas<br />

para extrusão de termoplásticos<br />

www.miotto.com.br<br />

(11) 4346.5555/Fax: 4346.5550<br />

Indústria Mecânica ANC<br />

Ltda.<br />

Fabrica de outros produtos derivados<br />

do metal<br />

(11) 4173.3682<br />

Industria de Comércio de<br />

Artefato de Metais<br />

Metalúrgica<br />

www.induspec.com.br<br />

(11) 4361.5085<br />

Instituto de Ação<br />

Tecnológica e<br />

Desenvolvimento Inovador<br />

Instituto de Suporte Tecnológico<br />

www.iatdi.com.br<br />

(11) 2356.6028<br />

Instituto HIDA/AOTS São<br />

Paulo<br />

Instituto de Relações Internacionais<br />

www.aotssp.com.br<br />

(11) 5575.7687<br />

Irsa Rolamentos S/A<br />

Comércio de rolamentos<br />

www.irsa.com.br<br />

(11) 4422.4000<br />

IACIT Soluções<br />

Tecnológicas Ltda.<br />

Instituto de Soluções Tecnológicas<br />

www.iacit.com.br<br />

(12) 3797.7765<br />

ISA Com. de Artigos<br />

Militares e Esportivos Ltda.<br />

Comércio de Produtos Esportivos e<br />

Militares<br />

www.isaloja.com.br<br />

(11) 4226. 4045<br />

JCM Comunicação e<br />

Políticas Públicas<br />

Comunicação de Políticas Públicas<br />

www.jcmcom.com.br<br />

(21) 3686.6802<br />

Jodeclan Ferramentaria<br />

Comércio e Industria Ltda.<br />

Indústria de Usinagem e<br />

Ferramentaria<br />

www.jodeclan.com.br<br />

(11) 4396.2372<br />

José Murilia Bozza Com. e<br />

Ind. Ltda.<br />

Fabricação de Máquinas e<br />

Equipamentos<br />

www.bozza.com<br />

(11) 2179.9911/4127.1499<br />

Keefer Ind. e Com. Máq.<br />

Moldes Ltda.<br />

Industrial e Comércio<br />

www.keefer.com.br<br />

(11) 4347.9090/4397.9011<br />

Lacerda Sistemas de<br />

Energia<br />

No-breaks e Estabilizadores<br />

www.lacerdasistemas.com.br<br />

(11) 2147.9777<br />

LCI Brasil Comércio<br />

Importação e Exportação<br />

Ltda.<br />

Comércio e Exportação<br />

www.lci-brasil.com<br />

(11) 3624.3363<br />

Lesil Indústria e Comércio<br />

Indústria e Comércio<br />

(11) 2146.8946/Fax: 2146.8909<br />

Letska Ind. e Com. Plásticos<br />

Industria e Comércio de Plásticos<br />

www.letska.com.br<br />

(11) 4519.5028<br />

LS Projetos e Consultoria<br />

Projetos de Moldes Plásticos<br />

www.lsprojetos.ind.br<br />

(11) 4235.0041<br />

Lubel Indústria e Comércio<br />

Indústria e Comércio Automotivo<br />

www.lubelusinagem.com.br<br />

(11) 4426.4082/4425.4145<br />

MC2 Aeronaval Ltda.<br />

Pesquisa, Desenvolvimento e<br />

Montagem de Veículos Aeronavais<br />

www.overwind.com.br<br />

Madope Ind. e Com. Ltda.<br />

Serviços de Usinagem em geral,<br />

especializada em serviços de<br />

mandrilamento e Fresagem CNC<br />

www.madope.com.br<br />

(11) 4469.5933/Fax: 4469.5934<br />

Marmaq Ind. e Com. de<br />

Moldes Ltda.<br />

Especializada na Fabricação de<br />

Moldes para todo tipo de peças para<br />

a linha automotiva, branca, displays,<br />

eletroeletrônicas entre outros<br />

www.marmaq.com.br<br />

(11) 5588.3999<br />

Mart Madeiras e Embalagens<br />

Ltda.<br />

Comércio de Embalagem<br />

www.mart.com.br<br />

(11) 4053.9200<br />

Modelação Unidos Ltda.<br />

Indústria Metalúrgica<br />

www.unidosmolds.com.br<br />

(11) 2723.4755<br />

Morganite Brasil Ltda.<br />

Indústria de Produtos e Estruturas de<br />

Defesa<br />

www.morganceramics.com<br />

(21) 3305.7400/2418.1205<br />

MS Usinagens-Massao<br />

Usinagem Ltda.<br />

Usinagem<br />

www.massaousinagem.com.br<br />

(11) 4341.7318<br />

National Instruments Brazil<br />

Ltda.<br />

Suporte de TI<br />

www.ni.com.br<br />

(11) 3149.3149<br />

Naturaço Indústria e<br />

Comércio de Aço<br />

Indústria e Comércio de Aço<br />

www.naturaco.com.br<br />

(11) 4823.9800<br />

Necton Tecnologia e<br />

Sistemas<br />

Sistemas, Software e Open Source<br />

www.necton.us<br />

(11) 4341.8807<br />

Fixopar Comércio de<br />

Parafusos e Ferramentas<br />

Ltda.<br />

Fabricação de Fixadores<br />

www.fixopar.com.br<br />

(11) 2842.2715<br />

Omnisys Engenharia Ltda.<br />

Fabricação de Equipamentos de<br />

Informática, Produtos Eletrônicos e<br />

Ópticos<br />

www.omnisys.com.br<br />

(11) 3303.1374/Fax: 3303.1219<br />

Scania Brasil<br />

Fabricação de Veículos Automotores,<br />

Reboques e Carrocerias<br />

www.scania.com.br<br />

(11) 4104.7244<br />

Petróleo Brasileiro S.A<br />

Produção e Distribuição de petróleo<br />

www.petrobras.com.br<br />

(12) 3203.9065<br />

Park Hannifin Ind. e Com.<br />

Ltda.<br />

Produtos Aeroespaciais e Defesa<br />

www.parker.com<br />

(12) 4009.3668<br />

Polimold Indústria S.A<br />

Fabricação de Produtos de Metal,<br />

Exceto Máquinas e Equipamentos<br />

www.polimold.com.br<br />

(11) 4358.7300<br />

www.industriadefesaabc.com.br • Edição 01• Maio de 2014 61


Powercoat Tratamento de<br />

Superfícies<br />

Pintura e Tratamento de Superfícies<br />

www.powercoat.com.br<br />

(11) 4390.6067<br />

PRODYT Mecatrônica<br />

Indústria e comércio Ltda.<br />

Máquinas Industriais, Transfer e<br />

Automatização<br />

www.prodty.com.br<br />

(11) 4072.8407<br />

Redes e Cia<br />

Soluções em Engenharia e<br />

Telecomunicações<br />

www.redesecia.com.br<br />

(11) 32436.2886/3323.1122<br />

ROBEFER Indústria e<br />

Comércio Ltda.<br />

Máquinas e Equipamentos de Uso<br />

Industrial<br />

(11) 4972.1255/Fax: 4451.1941<br />

Rolls-Royce Brasil Ltda.<br />

Manutenção, Reparação e Instalação<br />

de Máquinas e Equipamentos<br />

www.rolls-royce.com<br />

(11) 4390.4828/Fax: 4341.7683<br />

Roupas Profissionais<br />

Munoz Acuna Importação e<br />

Exportação Ltda.<br />

Indústria e Comércio de roupas<br />

profissionais<br />

www.moais.com.br<br />

(11) 4366.2344<br />

RUCKER do Brasil Ltda.<br />

Produtos e Serviços de Engenharia<br />

e Design<br />

www.rucker.com.br<br />

(11) 4122.6400/4122.6421<br />

Rosenberger Domex<br />

Telecomunicações Ltda.<br />

Fabricante e Distribuidor de<br />

Conectores Elétricos e<br />

Fibras Ópticas<br />

www.rosenbergerdomex.com.br<br />

(12) 3221.8513<br />

Sociedade Técnica de<br />

Elastômeros Stela Ltda.<br />

Desenvolvimento e Fabricação<br />

de produtos técnicos de artefatos<br />

de borracha para indústria<br />

automobilística, construção civil e<br />

linha impermeabilizantes<br />

www.stela.ind.br<br />

(11) 4176.8611<br />

Saab Technologies<br />

Fabricação de Aeronaves, Produtos<br />

Navais e Equipamentos de Defesa<br />

www.Saabgroup.com<br />

Sanches Blanes S.A<br />

Ferramentas Industriais e Serviços<br />

Técnicos<br />

www.sanchesblanes.com.br<br />

(11) 4824.2726/4827.9009<br />

SCHUNK Intec - BR<br />

Soluções para a Indústria e Produtos<br />

Robóticos e Industriais<br />

www.schunk.com<br />

(11) 4468.6880<br />

Sherwin-Williams do Brasil<br />

Indústria e Comércio Ltda.<br />

Produtos de Pintura Automotiva e<br />

Lubrificação<br />

www.shewin-auto.com.br<br />

(11) 2168.4225<br />

Santos Brasil<br />

Serviços de infraestrutura portuária e<br />

de logística integrada<br />

www.santosbrasil.com.br<br />

(13) 2102.9107<br />

Steelcoat Pinturas<br />

Industriais Ltda.<br />

Pinturas Industriais<br />

www.powercoat.com.br<br />

(11) 4390.6062<br />

Thermocom Sensores<br />

Industria e Comércio<br />

Fabricação de Equipamentos de<br />

Informática, Produtos Eletrônicos e<br />

Ópticos<br />

www.termocom.com.br<br />

(11) 4338.5511<br />

Termomecnica São Paulo<br />

S/A<br />

Metalúrgica<br />

www.termomecanica.com.br<br />

(11) 4366.9796/Fax: 4366.9722<br />

Techycell Soluções em<br />

Telecomunicações Ltda.<br />

Serviços de TI<br />

www.techycell.com.br<br />

(11) 4173.1753<br />

UNISEG Com. e Serv. em<br />

Segurança do Trabalho Ltda.<br />

Prestação de Serviços de Segurança<br />

www.unisegsegurancadotrabalho.<br />

com.br<br />

(11) 4390.0422/4941.0425<br />

Usimac Ind. Serv. Ferram.<br />

Ltda.<br />

Usinagem e Serviços de<br />

Ferramentaria<br />

www.usimac.com.br<br />

(11) 4973.0313<br />

Voxxel Consultória de<br />

Sistemas<br />

Consultoria em Processos e Sistema<br />

de Qualidade<br />

www.voxxel.com.br<br />

(11) 4123.2946<br />

ZF do Brasil Ltda.<br />

Líder global no segmento de sistemas<br />

de transmissão e tecnologia de<br />

chassis<br />

www.zf.com/sa<br />

(11) 3343.3393<br />

Instituições<br />

Agência de Desenvolvimento<br />

Econômico do Grande ABC<br />

Apoio a Projetos Regionais<br />

www.agenciagabc.com.br<br />

(11) 4433.7352<br />

ABM - Associação Brasileira<br />

de Metalurgia, Materiais e<br />

Mineração<br />

Metalúrgica, Materiais e Mineração<br />

www.abmbrasil.com.br<br />

(11) 5534.4333<br />

Banco Bradesco S/A<br />

Banco Privado<br />

www.bradesco.com.br<br />

(11) 4433.4445<br />

Centro das Indústrias do<br />

Estado de São Paulo - CIESP<br />

São Bernardo do Campo<br />

www.ciesp.com.br/sbc<br />

(11) 4125.7500<br />

Centro de Pesquisas e<br />

Inovação Sueco Brasileiro -<br />

CISB<br />

Pesquisa e Inovação<br />

www.cisb.org.br<br />

(11) 3500.5096<br />

Centro Universitário<br />

Fundação Santo André<br />

www.fsa.br<br />

(11) 4979.3379/Fax: 4979.3464<br />

Faculdade de Direito de São<br />

Bernardo do Campo<br />

www.direitosbc.br<br />

(11) 4123.0222<br />

Fundação Educacional<br />

Inaciana Pe. Sabóia de<br />

Medeiros-FEI<br />

www.fei.edu.br<br />

(11) 4353.2912/Fax: 4109.5994<br />

Instituto de Pesquisas e<br />

Estudos Industriais<br />

www.ipei.com.br<br />

(11) 4353.2908/Fax: 4109.0999<br />

Instituto Mauá de Tecnologia<br />

de São Caetano do Sul<br />

(11) 4239.3021/Fax: 4239.3041<br />

SENAI São Paulo Design<br />

www.sp.senai.br/spdesign<br />

(11) 3146.7696<br />

Sindicato dos Empregados<br />

em Casas de Diversões de<br />

São Paulo<br />

Sindicato<br />

www.sindiversoes.com.br<br />

(11) 3227.9477<br />

Sindicato dos Metalúrgicos<br />

do Grande ABC<br />

Sindicato<br />

www.smabc.org.br<br />

(11) 4128.4200<br />

Sindicato dos Trabalhadores<br />

nas Indústrias Químicas do<br />

ABC<br />

Sindicato<br />

www.quimicosp.org.br<br />

(11) 3209.3811/Fax: 3209.0662<br />

Universidade Federal do<br />

ABC<br />

www.ufabc.edu.br<br />

(11) 4996.7914/7973/7982<br />

62<br />

Maio de 2014 • Edição 01• Revista do APL de Defesa do Grande ABC


www.industriadefesaabc.com.br • Edição 01• Maio de 2014 63

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