PRODUZINDO A DEFESA DO BRASIL
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<strong>PRODUZIN<strong>DO</strong></strong><br />
A <strong>DEFESA</strong><br />
<strong>DO</strong> <strong>BRASIL</strong><br />
Ano 1 • Número 01 • 2014<br />
ENTREVISTAS ESPECIAIS<br />
Luiz Marinho<br />
Prefeito de São<br />
Bernardo do Campo<br />
Gal. Enzo Peri<br />
Comandante do Exército<br />
Brasileiro
EDITORIAL<br />
<strong>PRODUZIN<strong>DO</strong></strong> A<br />
<strong>DEFESA</strong> <strong>DO</strong> <strong>BRASIL</strong><br />
Em dezembro de 2013, a Presidenta<br />
Dilma Roussef anunciou a escolha<br />
do modelo Gripen para a renovação<br />
da Força Aérea, no âmbito do processo<br />
de reaparelhamento das Forças Armadas e do<br />
fortalecimento da Base Industrial de Defesa, iniciado<br />
no Governo Lula. Imediatamente, os olhares<br />
se voltaram para o Grande ABC. O anúncio da<br />
empresa Saab, de instalação de uma unidade de<br />
fabricação do caça em São Bernardo do Campo,<br />
deu ao Prefeito Luiz Marinho grande projeção na<br />
mídia e inseriu a região na geografia da indústria<br />
de Defesa. Porém, o ocorrido não foi um raio em<br />
céu azul. Houve toda uma estratégia, um caminho,<br />
um processo, que conduziram a esse resultado<br />
muito positivo para o Grande ABC e o Brasil.<br />
O Arranjo Produtivo Local (APL) de Defesa<br />
do Grande ABC, único deste tipo no país, tem<br />
muito a comemorar. Após um ano de existência,<br />
a publicação do primeiro exemplar de sua Revista<br />
representa novo avanço na cooperação entre<br />
empresários, sindicalistas, dirigentes acadêmicos<br />
e gestores públicos – os quatro principais atores<br />
que compõem o APL, com frequente presença de<br />
membros das Forças Armadas como convidados.<br />
O Prefeito Luiz Marinho, Presidente do<br />
Consórcio Intermunicipal das sete prefeituras<br />
do Grande ABC, é o personagem central nesse<br />
esforço regional de adensamento da indústria de<br />
Defesa brasileira. Entre suas várias ações, incluiu-se<br />
uma audiência com Sua Majestade, o Rei da Suécia,<br />
a convite deste. Em entrevista neste número<br />
inaugural da Revista do APL de Defesa do Grande<br />
ABC, Marinho expõe sua visão sobre o momento<br />
da região e do país e as vantagens de uma diversificação<br />
produtiva, que somará novas capacidades à<br />
tradicional vocação automotiva preservada.<br />
Igualmente relevante é a entrevista do Comandante<br />
do Exército Brasileiro, General Enzo<br />
Peri, que detalha os projetos dessa Força para os<br />
próximos anos, as demandas de produtos e serviços<br />
para o parque produtivo do país e as vantagens<br />
de um APL como o nosso para o Brasil.<br />
A matéria sobre o Gripen avalia o impacto da<br />
escolha do caça para o Brasil e nossa região.<br />
O histórico da busca de inserção do Grande<br />
ABC na cadeia produtiva de Defesa, ao longo de<br />
cinco anos, está descrito em detalhes na matéria<br />
da página 6 e no artigo do Secretário de Desenvolvimento<br />
Econômico de São Bernardo do<br />
Campo, na página 42.<br />
As universidades do Grande ABC serão<br />
cruciais na construção das novas capacidades<br />
produtivas. Dirigentes de importantes instituições<br />
comentam essas perspectivas nesta edição. Artigo<br />
sobre a capacitação da força de trabalho local retrata<br />
a preocupação central do sindicalismo - ator<br />
social de fundamental importância na região.<br />
A Agência de Desenvolvimento Econômico<br />
do Grande ABC tem papel decisivo a cumprir no<br />
processo regional. Rafael Marques, que acumula a<br />
presidência do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC<br />
e da Agência, fala dos planos e ações desta entidade.<br />
Finalmente, entre outras reportagens, a<br />
matéria sobre Catalogação e Homologação de<br />
produtos de Defesa aborda os requisitos técnicos<br />
rigorosos para quem pretende fornecer às Forças<br />
Armadas.<br />
Convidamos os leitores e leitoras a se inteirarem<br />
das ações do APL de Defesa do Grande<br />
ABC. Boa leitura a todos!<br />
Coordenação do APL de Defesa do Grande ABC<br />
Revista do APL de Defesa do Grande ABC
ÍNDICE<br />
EXPEDIENTE<br />
05<br />
06<br />
14<br />
18<br />
24<br />
28<br />
34<br />
42<br />
48<br />
52<br />
56<br />
58<br />
60<br />
EVENTOS<br />
UM MARCO PARA A INDÚSTRIA DE <strong>DEFESA</strong><br />
ENTREVISTA COM O PREFEITO DE SÃO<br />
BERNAR<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> CAMPO LUIZ MARINHO<br />
<strong>DEFESA</strong> <strong>BRASIL</strong>EIRA TEM HORIZONTE OTIMISTA<br />
ENTREVISTA COM O COMANDANTE <strong>DO</strong><br />
EXÉRCITO <strong>BRASIL</strong>EIRO GENERAL ENZO PERI<br />
APL É CANAL DE COMUNICAÇÃO COM<br />
O EXÉRCITO <strong>BRASIL</strong>EIRO<br />
A MISSÃO DA AGÊNCIA DE DESENVOLVIMENTO<br />
<strong>DO</strong> GRANDE ABC<br />
AS INSTITUIÇÕES DE ENSINO E SUA<br />
IMPORTÂNCIA PARA A INDÚSTRIA DE <strong>DEFESA</strong><br />
INDÚSTRIA DE <strong>DEFESA</strong> PODE CONTAR COM<br />
AS UNIVERSIDADES<br />
REFORÇO SUECO NOS ARES <strong>DO</strong> <strong>BRASIL</strong><br />
O APL EM <strong>DEFESA</strong> <strong>DO</strong> GRANDE ABC<br />
ARTIGO <strong>DO</strong> SECRETÁRIO JEFFERSON JOSÉ<br />
DA CONCEIÇÃO<br />
CATALOGAÇÃO DE PRODUTOS E SERVIÇOS<br />
PROCESSO RIGOROSO E IMPRESCINDÍVEL<br />
SINDICATOS E CAPACITAÇÃO DA MÃO DE OBRA<br />
CAMINHO PARA INOVAR<br />
A VISÃO ESTRATÉGICA DE UM POLO DA IN-<br />
DÚSTRIA DE <strong>DEFESA</strong><br />
NOTAS: POR DENTRO <strong>DO</strong> APL<br />
EMPRESAS E INSTITUIÇÕES <strong>DO</strong> APL DE<br />
<strong>DEFESA</strong> <strong>DO</strong> GRANDE ABC<br />
APL DE <strong>DEFESA</strong> <strong>DO</strong> GRANDE ABC<br />
Presidente do Consórcio<br />
do Grande ABC<br />
Prefeito de São Bernardo do Campo<br />
Luiz Marinho<br />
Coordenador Geral do APL<br />
de Defesa do Grande ABC<br />
Jefferson José da Conceição<br />
Secretário Adjunto de Desenvolvimento<br />
Carlos Alberto “Krica”<br />
Coordenadora Técnica do APL<br />
Flávia Beltran<br />
A Revista do APL de Defesa do Grande ABC<br />
é uma publicação do Arranjo Produtivo Local do<br />
Setor de Defesa do Grande ABC. A publicação teve<br />
a coordenação do Secretário de Desenvolvimento<br />
Econômico, Trabalho e Turismo de São Bernardo do<br />
Campo, Jefferson José da Conceição e do Secretário<br />
Adjunto Carlos Alberto “Krica”.<br />
REVISTA <strong>DO</strong> APL DE <strong>DEFESA</strong><br />
<strong>DO</strong> GRANDE ABC<br />
Ano 01 - Número 01 (2014)<br />
Diretor Geral: José Mattos<br />
Repórter Especial: Romualdo Venâncio<br />
Coordenador: Fernando Portilho<br />
Designer: Mayara Lista<br />
Capa: Flávio Tavares<br />
Secretária de Redação: Taís Motta<br />
Estagiária: Florencia Perseo<br />
Assessores da Secretaria de<br />
Desenvolvimento Econômico, Trabalho<br />
e Turismo de São Bernardo do Campo:<br />
Roberto Vital Anau, Maisa Sodré e Flávia Beltran<br />
Contatos do APL de Defesa<br />
do Grande ABC<br />
www.industriadefesaabc.com.br<br />
www.desenvolvimentosbc.com.br<br />
www.facebook.com/desenvolvimentoSBC<br />
industria@saobernardo.sp.gov.br<br />
Praça Samuel Sabatini, 50 – Paço Municipal<br />
São Bernardo do Campo – SP<br />
CEP: 09750-901<br />
Editada pela JCM Consultoria em<br />
Comunicação e Políticas Públicas<br />
Av. Rio Branco, 45 sala 1703<br />
Rio de Janeiro – RJ<br />
Telefone: 021-3686-6802<br />
Os artigos publicados na revista são de responsabilidade<br />
de seus autores e não refletem<br />
obrigatoriamente a opinião dos editores
EVENTOS<br />
O COMAN<strong>DO</strong> DA AERONÁUTICA APRESENTA SEUS<br />
PROJETOS E DEMANDAS ÀS EMPRESAS <strong>DO</strong><br />
GRANDE ABC<br />
PROGRAME-SE: 30 de julho de 2014<br />
Programação:<br />
8h – Credenciamento<br />
8h30 – Abertura – Prefeito Luiz Marinho<br />
9h às 12h – Palestras com Representantes da Força Aérea<br />
12h – Almoço<br />
13h – Palestras com Representantes da Força Aérea<br />
15h – Rodadas de Relacionamentos entre Oficiais da Aeronáutica responsáveis<br />
pelo Setor de Compras e empresas da Região, nas seguintes áreas:<br />
Têxtil – fardamento, calçados e acessórios<br />
Instalações – alimentação, gêneros, equipamentos e aparelhos<br />
Equipamentos Individuais – EPI (equipamentos de proteção individual)<br />
Equipamentos de Logística e mobilização - barracas de campanhas, contêineres<br />
Combustíveis, Gases, Óleos e Lubrificantes<br />
Viaturas, motores, viaturas especiais<br />
Pneus de aviação<br />
Produtos especiais: produtos químicos para manutenção de aeronaves, tintas aeronáutica<br />
Material Bélico – munições e explosivos, armamentos, armas não letais, bombas e foguetes<br />
Materiais – processos de forjamento em alumínio e outros, ligas de alto desempenho para veículos<br />
lançadores e materiais compostos, elastômeros e sinterizados metálicos para freios<br />
Ciência e Tecnologia – sistemas de informática para veículos lançadores, VANT,<br />
mísseis e satélites, simuladores de voo<br />
Mecânica – tanques de combustível aerotranspotáveis, revisão geral de TPs (trens de pouso)<br />
Para brisas e transparências para uso aeronáutico<br />
Equipamentos e insumos médico-hospitalares e odontológicos<br />
Local: Salão Nobre da Universidade Metodista de São Paulo (UMESP) – Rua Alfeu Tavares, 149 – Rudge Ramos – São<br />
Bernardo do Campo<br />
Informações: Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo de São Bernardo do Campo<br />
Contato: Flávia Beltran – industria@saobernardo.sp.gov.br<br />
Inscrições e Programação completa pelo site do APL de Defesa do Grande ABC: www.industraidefeSaabc.com.br<br />
MISSÃO <strong>BRASIL</strong> - SUÉCIA<br />
22 a 26 de setembro de 2014<br />
A Prefeitura de São Bernardo do Campo, por meio da<br />
Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Trabalho<br />
e Turismo e da Secretaria de Relações Internacionais,<br />
com apoio da Business Sweden e dos APLs de Defesa,<br />
Ferramentaria e Auto Peças, estão organizando a Missão<br />
Brasil-Suécia, com o objetivo de trocar experiências entre<br />
universidades e prospectar negócios entre empresas.<br />
Entidades envolvidas:<br />
- Prefeitura de São Bernardo do Campo<br />
- Universidades<br />
- Instituição de Ensino Técnico Especializado<br />
- Business Sweden<br />
- Sindicatos dos Metalúrgicos da Suécia e do Grande ABC<br />
Locais: Linköping e Gotemburgo - Suécia<br />
Mais informações: 11 4348-1051 (Maisa, Flávia e<br />
Alessandra) - maisa.sodre@saobernardo.sp.gov.br<br />
Revista do APL de Defesa do Grande ABC
UM MARCO PARA A INDÚSTRIA DE <strong>DEFESA</strong><br />
UM MARCO PARA<br />
A INDÚSTRIA<br />
DE <strong>DEFESA</strong><br />
06<br />
Maio de 2014 • Edição 01• Revista do APL de Defesa do Grande ABC
Criado para somar<br />
esforços e multiplicar<br />
resultados, o APL de<br />
Defesa do Grande<br />
ABC se tornou uma<br />
referência do setor e<br />
ampliou a projeção de<br />
sua representatividade<br />
Entre os objetivos de<br />
um Arranjo Produtivo<br />
Local (APL) estão<br />
a aproximação e o<br />
diálogo entre empresas de um<br />
mesmo território para que, a<br />
partir de uma ação coordenada,<br />
busquem o avanço em produtividade<br />
e competitividade. Isso<br />
é exatamente o que aconteceu<br />
há cerca de um ano, quando<br />
foi criado o APL de Defesa do<br />
Grande ABC, no Estado de São<br />
Paulo. A região já havia conquistado<br />
notoriedade como um<br />
dos principais polos industriais<br />
do Brasil, mas principalmente<br />
pela atuação no setor automobilístico.<br />
Diante de uma demanda<br />
específica e das múltiplas<br />
oportunidades decorrentes, veio<br />
o estímulo para aproveitar todo<br />
o potencial produtivo já instalado<br />
por ali.<br />
O APL de Defesa do Grande<br />
ABC surgiu como parte de<br />
um planejamento para a região,<br />
vislumbrando as próximas décadas.<br />
A criação e a coordenação<br />
desse APL ficaram a cargo da<br />
www.industriadefesaabc.com.br • Edição 01• Maio de 2014 07
“ A combinação do momento<br />
econômico do Brasil com a<br />
real possibilidade de fortes<br />
investimentos na área permitiu<br />
que se enxergasse um panorama<br />
mais convidativo...”<br />
Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Trabalho<br />
e Turismo da Prefeitura de São Bernardo<br />
do Campo. E as ideias vieram à tona em meio à<br />
definição de prioridades do plano de governo do<br />
Prefeito Luiz Marinho. “Entre as questões colocadas<br />
à mesa, precisávamos saber como promover a complementariedade<br />
das cadeias produtivas e definir o que a<br />
região ainda poderia absorver, que espaços ainda seria<br />
possível abrir, quais seriam as demandas da economia<br />
brasileira, entre outros fatores”, explica o Prefeito.<br />
O estímulo para a formação desse APL veio<br />
também do positivo cenário em torno do Setor<br />
de Defesa. A combinação do momento econômico<br />
do Brasil com a real possibilidade de fortes<br />
investimentos na área permitiu que se enxergasse<br />
um panorama mais convidativo. Outro fator que<br />
impulsionou o surgimento do primeiro e, até<br />
o momento, único APL de Defesa do país é a<br />
necessidade das Forças Armadas de reduzirem sua<br />
dependência quanto a fornecedores estrangeiros<br />
de produtos e serviços. Se a equação ‘pesquisa e<br />
desenvolvimento tecnológico mais capacidade de<br />
SÃO BERNAR<strong>DO</strong> REALIZA “RADIOGRAFIA”<br />
DAS INDÚSTRIAS DE <strong>DEFESA</strong> NO NOVO CADASTRO<br />
A Prefeitura de São Bernardo<br />
- por meio da Secretaria de<br />
Desenvolvimento Econômico,<br />
Trabalho e Turismo - acaba de<br />
realizar pesquisa para atualizar<br />
o Cadastro Geral da Indústria<br />
(CGI) do município. O diagnóstico,<br />
realizado pelo INPES da<br />
USCS (Universidade Municipal<br />
de São Caetano do Sul), conta<br />
com o apoio do Ciesp-São<br />
Bernardo e dos sindicatos de<br />
trabalhadores, dos Metalúrgicos<br />
e o dos Químicos do ABC.<br />
A pesquisa contém também<br />
questões que buscam identificar,<br />
em uma primeira aproximação, a<br />
base industrial de Defesa instalada<br />
no município.<br />
Os resultados serão disponibilizados<br />
ao público na forma<br />
impressa e eletrônica. Assim, será<br />
possível conhecer o que produz<br />
cada uma das indústrias; que<br />
insumos utiliza; onde compra;<br />
onde vende (logo, será possível<br />
mapear a “abecedização” do<br />
fornecimento das cadeias produtivas<br />
locais); se exporta ou não;<br />
número e composição de empregados;<br />
principais resíduos do<br />
processo industrial; relação com<br />
as universidades, entre outras informações.<br />
O objetivo do CGI<br />
é ser instrumento de apoio ao<br />
fomento da indústria. Ele poderá<br />
gerar rodadas de negócios para<br />
os atuais Arranjos Produtivos<br />
Locais (APLs), coordenados pela<br />
Secretaria. Além do próprio APL<br />
de Defesa, a Secretaria coordena<br />
os APLs de ferramentaria, autopeças,<br />
químico, defesa, móveis,<br />
gráfico e panificação.<br />
O CGI abrange todos os<br />
estabelecimentos industriais do<br />
município. Os 35 pesquisadores<br />
visitaram in loco mais de 700<br />
quarteirões da cidade. O questionário,<br />
aplicado pelos pesquisadores<br />
foi respondido por gerentes<br />
e diretores das empresas.<br />
A pesquisa deverá ser estendida<br />
em breve a toda Região do ABC,<br />
por meio do Consórcio Intermunicipal<br />
e da Agência de Desenvolvimento<br />
Econômico do ABC.<br />
08<br />
Maio de 2014 • Edição 01• Revista do APL de Defesa do Grande ABC
UM MARCO PARA A INDÚSTRIA DE <strong>DEFESA</strong><br />
Foto: Divulgação<br />
Marinha do Brasil e empresários da região<br />
produção’ pode gerar resultados<br />
significativos, os vetores ‘instituições<br />
de ensino e polo industrial’<br />
são mais do que relevantes.<br />
Visão de futuro<br />
O APL de Defesa do Grande<br />
ABC foi fundado, oficialmente,<br />
no dia 7 de março de 2013.<br />
Mas sua construção se iniciou<br />
bem antes dessa data, com uma<br />
expressiva lista de ações desenvolvidas<br />
pela Prefeitura de São<br />
Bernardo do Campo. Ainda no<br />
primeiro semestre de 2010, o<br />
prefeito Luiz Marinho viajou<br />
para a Suécia e a França, com o<br />
intuito de conhecer de perto a<br />
indústria aeronáutica daqueles<br />
países e identificar oportunidades<br />
para as empresas do Grande<br />
ABC nos campos comercial,<br />
além do compartilhamento de<br />
tecnologia. Essas visitas resultaram<br />
em dois eventos com algumas<br />
das principais companhias<br />
globais no setor de tecnologia<br />
aeroespacial.<br />
No final de 2010, representantes<br />
da Saab, indústria sueca<br />
“...os membros do<br />
AP transformaram os<br />
debates em agenda de<br />
trabalho, ações concretas<br />
e, consequentemente,<br />
benefícios a todos...”<br />
fabricante do caça Gripen,<br />
estiveram em São Bernardo<br />
do Campo para um encontro<br />
com empresas e universidades<br />
do Grande ABC. Na ocasião,<br />
os executivos da Saab falaram<br />
sobre o que ofereceriam como<br />
contrapartida ao Brasil e ao<br />
Grande ABC caso o grupo<br />
fosse escolhido pelo governo<br />
brasileiro para ser o fornecedor<br />
dos aviões do Projeto FX-2 da<br />
Força Aérea Brasileira. Além<br />
do compromisso em transferir<br />
tecnologia, falou-se na construção<br />
de uma unidade do grupo<br />
sueco em São Bernardo do<br />
Campo.<br />
Em dezembro de 2013, o<br />
Ministério da Defesa anunciou<br />
que o Gripen (modelo New<br />
Generation) foi escolhido para<br />
renovar a frota nacional de caças<br />
supersônicos. A Saab confirmou<br />
sua instalação em São<br />
Bernardo do Campo.<br />
O segundo encontro aconteceu<br />
em maio de 2011, com<br />
o Consórcio Rafale, do grupo<br />
francês Dassault, que também<br />
concorria para o Projeto FX-2.<br />
Em um seminário apresentado<br />
pela empresa, foi assinado um<br />
Termo de Cooperação com a<br />
Prefeitura de São Bernardo do<br />
Campo e três instituições de<br />
ensino (UFABC, FEI e Fatec).<br />
Ainda naquele mês, o ABC<br />
deu mais um importante passo<br />
rumo ao desenvolvimento<br />
tecnológico e ficou ainda mais<br />
próximo da Suécia. A criação<br />
do Centro de Pesquisa e Inovação<br />
Sueco-Brasileiro, o CISB,<br />
multiplicou as possibilidades de<br />
geração de conhecimento, inclusive<br />
com intercâmbio acadêmico.<br />
Com o apoio do CISB, as<br />
universidades do Grande ABC<br />
têm mantido contato direto,<br />
por exemplo, com a Linköping<br />
University, e já vêm desenvol-<br />
www.industriadefesaabc.com.br • Edição 01• Maio de 2014 09
vendo trabalhos de pesquisa em parceria.<br />
A dedicação para promover o<br />
desenvolvimento da indústria de defesa do<br />
Grande ABC também abriu o diálogo da<br />
Prefeitura de São Bernardo do Campo com<br />
o mercado dos Estados Unidos. A Boeing<br />
Company realizou duas rodadas de questionários,<br />
uma no final de 2011 e outra no início de<br />
2012, junto às empresas da região do ABC para<br />
selecionar aquelas que pudessem integrar a rede<br />
mundial de fornecedores da companhia norteamericana.<br />
Um Seminário sobre Oportunidades da<br />
Indústria de Defesa no Brasil e no Grande ABC,<br />
em outubro de 2011, reuniu representantes<br />
das Forças Armadas, empresários, sindicalistas e<br />
gestores públicos. Em paralelo, um Colóquio<br />
Acadêmico congregou universidades locais com<br />
o ITA e o IME, que expuseram as pesquisas em<br />
andamento. Também nesse evento, ocorreu o<br />
FINANCIAMENTOS<br />
Apoio à inovação tecnológica<br />
lançamento do livro bilíngue (português/inglês)<br />
“São Bernardo do Cam po, Grande ABC: Nova<br />
Fron teira da Indústria de Defesa”, disponível em<br />
versão impressa e eletrônica.<br />
Esforço conjunto, ganho coletivo<br />
Como era de se esperar, todas essas iniciativas<br />
despertaram o interesse de diversos segmentos<br />
William Respondovesk<br />
Foto: Divulgação / FINEP<br />
Entre as ações do Arranjo<br />
Produtivo Local (APL) de Defesa<br />
do Grande ABC está o apoio<br />
para que as indústrias encontrem<br />
caminhos mais curtos e seguros<br />
aos recursos financeiros. É uma<br />
forma de estimular o crescimento<br />
do setor. Se depender da<br />
busca por financiamentos para<br />
aplicar em pesquisa e desenvolvimento,<br />
pode-se afirmar que a<br />
indústria nacional de defesa está<br />
em plena expansão.<br />
A FINEP, por exemplo, empresa<br />
pública vinculada ao Ministério<br />
da Ciência, Tecnologia e<br />
Inovação, criou no ano passado<br />
um departamento específico<br />
para atender o setor. Inicialmente,<br />
foram disponibilizados<br />
recursos de R$ 2,9 bilhões. No<br />
entanto, por conta da demanda,<br />
serão investidos quase R$ 8,7<br />
bilhões. Segundo dados divulgados<br />
pelas própria FINEP, de<br />
91 planos de negócios apresentados<br />
por 64 empresas líderes<br />
aprovadas no programa Inova<br />
Aerodefesa, saíram 315 projetos<br />
de pesquisa e inovação, com<br />
base nas quatro linhas temáticas<br />
definidas no edital: Aeroespacial,<br />
Defesa, Segurança e Materiais<br />
Especiais.<br />
O chefe do Departamento<br />
das Indústrias Aeroespacial,<br />
Defesa e Segurança da FINEP,<br />
William Respondovesk, afirma<br />
ser imprescindível comprovar o<br />
grau de inovação do projeto em<br />
questão, até porque essa informação<br />
ajudará a definir o tipo de<br />
financiamento (reembolsável ou<br />
não). “É importante que a empresa<br />
mostre qual é o risco tecnológico,<br />
que desafios vai enfrentar. Precisa<br />
descrever o que vai fazer, como vai<br />
fazer e que tipo de gasto terá (equipe,<br />
equipamentos, viagens e demais<br />
despesas); e quanto tempo vai demorar<br />
para acontecer”, detalha ele.<br />
10<br />
Maio de 2014 • Edição 01• Revista do APL de Defesa do Grande ABC
UM MARCO PARA A INDÚSTRIA DE <strong>DEFESA</strong><br />
para as oportunidades na área<br />
de defesa. E aí veio também a<br />
demanda por mais informações<br />
sobre as características do setor,<br />
seus integrantes, suas particularidades,<br />
os principais desafios,<br />
enfim, tudo o que fosse possível.<br />
Mais uma vez, o prefeito<br />
Luiz Marinho e sua equipe se<br />
anteciparam e buscaram meios<br />
para suprir tal necessidade. Uma<br />
série de ações com as Forças<br />
Armadas, visando a sua aproximação<br />
com as empresas da<br />
região, se desenvolveu a partir<br />
do ano seguinte.<br />
Uma palestra realizada pelo<br />
General Aderico Mattioli,<br />
diretor do Departamento de<br />
Produtos de Defesa do Ministério<br />
da Defesa, e pelo Coronel<br />
Nelson Kenji Missano, gerente<br />
do Centro de Catalogação<br />
das Forças Armadas, ajudou os<br />
empresários do Grande ABC a<br />
entenderem a importância e as<br />
etapas dos processos de catalogação<br />
e homologação de produtos.<br />
Também tiveram início<br />
Sérgio Schmitt<br />
articulações para a instalação de<br />
um Centro de Catalogação das<br />
Forças Armadas em São Bernardo<br />
do Campo.<br />
Ainda em dezembro<br />
de 2012, aconteceu uma<br />
conferência com oficiais<br />
Foto: Divulgação<br />
Quando o solicitante consegue<br />
a aprovação dos recursos,<br />
vem o acompanhamento da instituição<br />
financeira. “Não vamos<br />
apenas olhar a perspectiva de crédito<br />
e emprestar o recurso, queremos saber<br />
qual é o grau de inovação. E não<br />
liberamos a verba toda de uma vez,<br />
mas, sim, por etapas, de acordo com<br />
os resultados que apuramos”, explica<br />
Respondovesk.<br />
O Banco Nacional de Desenvolvimento<br />
Econômico e<br />
Social (BNDES) já atua com<br />
empresas do setor de defesa –<br />
pequenas, médias e grandes – há<br />
mais tempo. “Temos histórico de<br />
atendimento à área de defesa desde<br />
a década de 1980”, confirma o<br />
engenheiro lotado no Gabinete<br />
da Presidência da instituição,<br />
Sergio Schmitt. “Mais recentemente,<br />
desde 2003, há uma política de<br />
governo orientada para o fortalecimento<br />
dessa indústria”, completa.<br />
O limite mínimo de apoio, por<br />
exemplo, é de R$ 1 milhão para<br />
a defesa, enquanto que para os demais<br />
setores é de R$ 20 milhões.<br />
O atendimento pode ficar ainda<br />
mais personalizado pelo fato de o<br />
BNDES contar com uma divisão<br />
específica para atender APLs.<br />
“Fato interessante é que várias<br />
tecnologias desenvolvidas para o setor<br />
de defesa também têm aplicação no<br />
mercado civil”, observa Schmitt.<br />
Além do apoio à inovação, o<br />
BNDES também oferece recursos<br />
para que as empresas possam<br />
investir em capacidade produtiva,<br />
a exemplo de quando precisa<br />
ampliar ou renovar suas linhas<br />
de produção. Para ter acesso<br />
aos recursos, o empresário deve<br />
formalizar uma consulta prévia,<br />
seja para inovação, seja para<br />
capacidade produtiva ou ainda<br />
exportação.<br />
Serviço:<br />
FINEP – (11) 3847-0300<br />
www.finep.gov.br<br />
BNDES – (11) 3512-5100<br />
www.bndes.gov.br<br />
www.industriadefesaabc.com.br • Edição 01• Maio de 2014 11
da Marinha do Brasil para falarem sobre<br />
especificações da demanda de produtos e<br />
serviços. As palestras realizadas pelo Vice<br />
-Almirante Edésio Teixeira Lima Junior e sua<br />
equipe mostraram aos mais de 450 empresários<br />
presentes quais são as necessidades da<br />
Marinha e o que é preciso para que possam<br />
se tornar fornecedores.<br />
Em 2013, nasce de fato o APL de Defesa<br />
do Grande ABC, que desde sua formação reúne<br />
uma lista considerável de participantes, entre<br />
empresas, universidades, Forças Armadas, instituições<br />
financeiras, entidades de classe e a gestão<br />
pública. Mais que discutir de forma intensa e<br />
abrangente os principais temas relacionados ao<br />
setor, os membros desse grupo transformaram<br />
os debates em agenda de trabalho, ações concretas<br />
e, consequentemente, benefícios a todos os<br />
atores relevantes do Grande ABC. Para começar,<br />
o APL de Defesa do Grande ABC desenvolveu<br />
um site próprio (www.industriadefesaabc.com.br)<br />
para ampliar divulgação, em âmbito nacional, e<br />
chamar a atenção para as atividades da região no<br />
tocante ao setor.<br />
O site foi ferramenta fundamental, por exemplo,<br />
para convidar o público para participar do<br />
evento realizado em parceria com o Exército em<br />
julho de 2013, nos moldes do que havia acontecido<br />
com a Marinha. “Foi a continuidade de nossa<br />
política para ampliar a participação do setor produtivo<br />
do Grande ABC na rede de suprimento das Forças<br />
Armadas”, comenta o secretário de Desenvolvimento<br />
Econômico, Trabalho e Turismo de São<br />
Bernardo, Jefferson José da Conceição.<br />
O processo também é visto com bons olhos pelos<br />
militares, como afirma a liderança do Comando<br />
Logístico do Exército, General Marco Antônio de<br />
Farias: “Para mantermos o Exército ativo, precisamos do<br />
apoio da indústria. E essa aproximação representa ganho<br />
de qualidade, benefícios sociais e confiabilidade”. Naquele<br />
evento, foi entregue ao Exército um documento no<br />
qual o APL propõe diversos tópicos relacionados ao<br />
incremento de sua participação na Base Industrial<br />
de Defesa do Brasil. •<br />
EMPRESAS <strong>DO</strong> APL TÊM LINHA<br />
ESPECIAL DA CAIXA PARA CAPITAL DE GIRO<br />
As empresas do APL de Defesa do Grande ABC poderão utilizar de linha de<br />
crédito para capital de giro especialmente construída pela Caixa Econômica Federal<br />
para os Arranjos Produtivos Locais (APLs).<br />
A linha, constituída com recursos do PIS, propiciará financiamento de até R$<br />
100.000,00, com carência de 24 meses, pagamento em até 24 vezes e taxa de juros<br />
de 0,83% a.m, sem IOF.<br />
Os empresários que eventualmente estiverem com dívidas atrasadas e, por conseguinte,<br />
sem condições de obtenção da Certidão Negativa de Débito (CND), podem<br />
receber consultoria especializada para regularizar a situação e conseguir o crédito.<br />
Algumas outras linhas de crédito importantes para as Indústrias da base Industrial<br />
de Defesa são a do BNDES e da FINEP.<br />
12<br />
Maio de 2014 • Edição 01• Revista do APL de Defesa do Grande ABC
UM MARCO PARA A INDÚSTRIA DE <strong>DEFESA</strong><br />
Tunico Vieira<br />
Secretário de Relações Internacionais<br />
de São Bernardo do Campo<br />
Defesa é garantia de<br />
segurança e soberania<br />
Pelas ruas do Brasil escuta-se que os<br />
gastos públicos na área de defesa são<br />
desnecessários. No entanto, a história e<br />
ordem mundial contemporânea comprovam<br />
que para a manutenção da paz é necessário<br />
a segurança de nossas fronteiras. Quando<br />
falamos em defesa não nos referimos à<br />
guerra, mas prioritariamente aos assuntos de<br />
segurança nacional e à conservação de uma<br />
região pacífica. E claramente, um país com a<br />
extensão territorial do Brasil, que dispõe de<br />
vastas riquezas e reservas naturais, necessita<br />
de equipamentos modernos para garantir sua<br />
soberania e a segurança de seu povo.<br />
São Bernardo do Campo, uma cidade<br />
vanguardista no fortalecimento e na<br />
diversificação de sua atividade econômica,<br />
mais uma vez sai na frente como pivô<br />
da inovação no processo de ampliação e<br />
modernização da indústria de defesa a ser<br />
territorialmente desenvolvida em<br />
nossa cidade.<br />
O governo do Prefeito Luiz Marinho<br />
não tem medido esforços, e tem tido<br />
destacável sucesso, para transformar<br />
São Bernardo do Campo em um<br />
renomado parque de defesa nacional,<br />
atraindo empresas de alta tecnologia,<br />
gerando empregos qualificados e<br />
contribuindo para o desenvolvimento<br />
da cidade, da região e do país.<br />
Indubitavelmente a instalação da<br />
fábrica da Saab para fabricação dos<br />
caças supersônicos Gripen NG é<br />
a primeira etapa de sucesso, dentre<br />
diversas outras que virão, para<br />
consolidação de mais um degrau<br />
na escada do desenvolvimento<br />
econômico e social de São Bernardo<br />
do Campo. •<br />
www.industriadefesaabc.com.br • Edição 01• Maio de 2014 13
ENTREVISTA ESPECIAL<br />
<strong>DEFESA</strong> <strong>BRASIL</strong>EIRA TEM<br />
HORIZONTE OTIMISTA<br />
O Prefeito de São Bernardo e atual Presidente do Consórcio Intermunicipal<br />
do Grande ABC aposta alto na evolução do polo industrial do Grande ABC<br />
para fortalecer a autonomia tecnológica das Forças Armadas e ressalta tratar-se<br />
de um processo coletivo, que depende de todos os envolvidos com o setor<br />
Foto: Revista do APL<br />
A<br />
Indústria Nacional de Defesa vive<br />
um momento de boas perspectivas,<br />
tanto pela evolução tecnológica,<br />
que é uma realidade dentro do<br />
país, quanto pela integração com o mercado<br />
internacional. Esse ambiente traz novas oportunidades<br />
para o setor, a exemplo da escolha<br />
dos caças Gripen NG pelo Governo Federal<br />
para o Projeto FX-2, aeronaves fabricadas pela<br />
empresa sueca Saab. Apesar dessa atmosfera<br />
positiva, o prefeito de São Bernardo do Campo<br />
(SP), Luiz Marinho, acredita que o setor de<br />
defesa do Brasil precisa avançar mais. E para<br />
que isso aconteça, é preciso estreitar a relação<br />
entre as Forças Armadas, a indústria de defesa,<br />
a área acadêmica e todos os demais integrantes<br />
dessa cadeia. Essa é a movimentação que vem<br />
sendo realizada pelo Arranjo Produtivo Local<br />
(APL) de Defesa do Grande ABC.<br />
Prefeito de São Bernardo do Campo Luiz Marinho<br />
Como surgiu a formação<br />
do APL de Defesa?<br />
Foi motivada, principalmente, por nossa inquietação<br />
na busca de novos e melhores rumos<br />
para a cidade de São Bernardo do Campo e o<br />
ABC paulista. Desde o primeiro momento da<br />
preparação para a eleição à Prefeitura, fizemos<br />
uma lista de interrogações sobre como pensar,<br />
planejar e projetar a cidade para os próximos<br />
14<br />
Maio de 2014 • Edição 01• Revista do APL de Defesa do Grande ABC
PREFEITO DE SÃO BERNAR<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> CAMPO LUIZ MARINHO<br />
Foto: Divulgação<br />
A convite da Saab, prefeito Luiz Marinho realizou sobrevoo em um Gripen<br />
30, 40 ou 50 anos; como fazer<br />
o complemento das cadeias<br />
produtivas; o que a região ainda<br />
pode absorver; enfim, que espaços<br />
podem se abrir. Entre as<br />
muitas informações resultantes<br />
desse diagnóstico, constatamos<br />
que o setor de defesa, após<br />
cinco décadas, passou a receber<br />
– ou a ter a possibilidade de<br />
receber – fortes investimentos,<br />
acompanhando o bom momento<br />
da economia brasileira.<br />
“Em diversas situações,<br />
na busca por processos<br />
ou matérias-primas<br />
para a indústria de<br />
defesa, acabam surgindo<br />
descobertas que servirão<br />
também a outros<br />
segmentos industriais...”<br />
Quais são as reais<br />
oportunidades para<br />
o setor?<br />
A consolidação da economia<br />
brasileira no cenário global<br />
atrai os olhares do mundo todo.<br />
Se já éramos uma nação em<br />
evidência por conta das riquezas<br />
naturais como as existentes<br />
na Amazônia, tornamo-nos<br />
mais ainda com as descobertas<br />
de novos campos de petróleo.<br />
Vale ressaltar as projeções sobre<br />
o problema de escassez de água.<br />
Mas nossas oportunidades vão<br />
além desses e outros recursos<br />
naturais estratégicos e abrangem<br />
também nosso parque<br />
industrial e nossa expertise<br />
produtiva. No momento em<br />
que o Governo Federal anuncia<br />
vultosos investimentos na área<br />
de defesa, nos deparamos com o<br />
desafio de reconstruir parte da<br />
indústria que abastece o setor,<br />
sucateada ao longo do tempo.<br />
Em meio a esse cenário, vimos<br />
a oportunidade de o ABC<br />
acolher a constituição de um<br />
parque industrial de defesa.<br />
A região é<br />
tradicionalmente<br />
reconhecida como polo da<br />
indústria automobilística.<br />
Essa imagem pode mudar?<br />
Esse é o nosso desejo, mas<br />
com uma mudança que aponte a<br />
complementação e diversificação<br />
de cadeias produtivas, mantendo<br />
nossas vocações tradicionais.<br />
Uma boa manchete sobre esse<br />
momento poderia ser a seguinte:<br />
“O ABC também é defesa”. Há<br />
predominância do setor automotivo,<br />
mas suas raízes passam<br />
por segmentos como engenharia,<br />
químico e petroquímico, que<br />
também interagem com outras<br />
cadeias produtivas.<br />
www.industriadefesaabc.com.br • Edição 01• Maio de 2014 15
Como tem sido a<br />
receptividade de<br />
empresários à criação<br />
do APL e às ações já<br />
desenvolvidas?<br />
Posso dizer que há algumas<br />
empresas ainda na fase de namoro<br />
e outras já caminhando para o<br />
casamento. Não temos dúvida de<br />
que a iniciativa valeu a pena. Se<br />
tomarmos como exemplo a criação<br />
do Centro de Pesquisa e Inovação<br />
Sueco-Brasileiro (CISB),<br />
que atua nacional e internacionalmente<br />
a partir de nossa cidade,<br />
o que vemos é um estímulo importante<br />
ao processo de formação<br />
da consciência sobre a necessidade<br />
de um parque tecnológico e a<br />
da interação das universidades e<br />
institutos de pesquisa com demandas<br />
do setor produtivo. Mais<br />
do que nunca, o setor de defesa<br />
demanda tal avanço. Em diversas<br />
situações, na busca por processos<br />
ou matérias-primas para a indústria<br />
de defesa, acabam surgindo<br />
descobertas que servirão também<br />
a outros segmentos industriais.<br />
Quais são os benefícios<br />
para empresas que<br />
investem no setor<br />
de defesa em São<br />
Bernardo do Campo e<br />
no Grande ABC?<br />
Esta região tem uma cultura<br />
de trabalho muito forte e, por<br />
conta disso, uma inteligência<br />
bastante desenvolvida em relação<br />
a esse universo. Também há<br />
o potencial de diversas áreas da<br />
Foto: Divulgação<br />
engenharia e a presença abrangente<br />
do mundo acadêmico. O<br />
que procuramos fazer é aproximar,<br />
reunir todos esses setores e<br />
criar uma sinergia. Além disso, a<br />
região apresenta outros diferenciais,<br />
como a localização geográfica<br />
e a proximidade do Porto<br />
de Santos, importantes vantagens<br />
logísticas. Esse conjunto de<br />
fatores acaba se traduzindo em<br />
competitividade.<br />
Como a concentração de<br />
instituições de ensino na<br />
região tem favorecido o<br />
desenvolvimento do polo<br />
industrial de defesa?<br />
Sempre que vou às universidades,<br />
digo que estão em<br />
débito com a sociedade, pois há<br />
inúmeras demandas já colocadas<br />
que necessitam de pesquisa<br />
para serem resolvidas, e são essas<br />
instituições que podem desenvolver<br />
tais estudos. Quando<br />
Associação dos Funcionários Público<br />
uma empresa privada investe<br />
em pesquisas, tem como base<br />
um produto ou serviço específico<br />
e não uma demanda mais<br />
ampla. Veja por exemplo a Represa<br />
Billings, que abastece boa<br />
parte da cidade de São Paulo<br />
e nossa região. Seu reservatório<br />
de água vem diminuindo<br />
devido ao aumento da quantidade<br />
de lodo. Como descobrir<br />
uma forma segura de tirar esse<br />
lodo, sem causar uma catástrofe<br />
ambiental? Só é possível levar<br />
adiante um debate como este<br />
com a participação da academia.<br />
De forma geral, creio que as<br />
instituições de ensino estão respondendo<br />
razoavelmente bem<br />
a este chamado, buscando cada<br />
vez mais parcerias com o setor<br />
industrial. É necessário aprofundar<br />
esse processo, tornando<br />
-o mais sistemático e dinâmico.<br />
Uma iniciativa em curso no<br />
Consórcio Intermunicipal é a<br />
16<br />
Maio de 2014 • Edição 01• Revista do APL de Defesa do Grande ABC
PREFEITO DE SÃO BERNAR<strong>DO</strong> <strong>DO</strong> CAMPO LUIZ MARINHO<br />
realização de um Inventário da<br />
Oferta Tecnológica da região,<br />
que identifique o conjunto de<br />
instituições e organizações prestadoras<br />
de serviços e pesquisas<br />
tecnológicas: laboratórios de<br />
universidades e independentes,<br />
Centros de Engenharia de<br />
empresas, institutos públicos<br />
e privados etc. No momento,<br />
trabalhamos uma licitação para<br />
realizar o levantamento para<br />
criar esse inventário.<br />
E quanto às Forças<br />
Armadas, também houve<br />
boa receptividade para<br />
as iniciativas do APL de<br />
Defesa do Grande ABC?<br />
Com certeza. Já realizamos<br />
um encontro com a Marinha<br />
e outro com o Exército para<br />
aproximá-los dos empresários<br />
da região. Este ano, o mesmo<br />
vai acontecer com a Aeronáutica.<br />
Já recebemos elogios das<br />
“A presença da Saab<br />
na cidade, no ABC<br />
paulista, é uma decisão<br />
estratégica de grande<br />
relevância...”<br />
três Forças por incentivarmos<br />
essa relação mais estreita com<br />
a indústria da região e até de<br />
outros estados. A partir desses<br />
encontros, os militares têm a<br />
oportunidade de apresentar<br />
às empresas seu potencial de<br />
compra e de desenvolvimento.<br />
E também de conhecer o que<br />
esse parque industrial pode<br />
oferecer. Há material importado<br />
que poderia ser fabricado aqui<br />
no Brasil. Nacionalizar a produção<br />
de equipamentos que hoje<br />
são importados seria algo muito<br />
positivo, tanto para as Forças<br />
Armadas quanto para a economia<br />
brasileira. Afinal de contas,<br />
se estamos falando de indústria<br />
de defesa, precisamos ter autonomia<br />
de uso, de exploração e<br />
de transferência de tecnologia.<br />
Com a escolha dos caças<br />
Gripen NG, fabricados<br />
pela Saab, para o Projeto<br />
FX-2, a empresa sueca<br />
confirmou a instalação<br />
de uma unidade em São<br />
Bernardo. Como o senhor<br />
vê essa notícia?<br />
Evidentemente, o fortalecimento<br />
da Defesa Nacional é<br />
muito importante, mas a presença<br />
da Saab em São Bernardo<br />
do Campo é uma decisão estratégica<br />
de grande relevância. Há<br />
uma estimativa de geração de<br />
aproximadamente 5.800 postos<br />
de emprego para a região, o<br />
que teria um impacto extremamente<br />
positivo na economia<br />
local. Há ainda os investimentos<br />
previstos para São Bernardo,<br />
além do que a empresa já tem<br />
aplicado no país. De forma mais<br />
abrangente, é importante considerar<br />
as oportunidades geradas<br />
para a área de fornecedores e<br />
os centros de pesquisa, considerando<br />
que a transferência de<br />
tecnologia é um dos compromissos<br />
da entrada da Saab no<br />
Projeto FX-2. Vale ressaltar<br />
que a integração com o grupo<br />
sueco já era significativo, tanto<br />
que sua participação viabilizou<br />
a criação do CISB, por<br />
exemplo.<br />
Qual seria, neste momento,<br />
Sua mensagem para o<br />
setor brasileiro de defesa e<br />
seus integrantes?<br />
O Brasil só tem uma<br />
alternativa: o segmento nacional<br />
de defesa precisa ser melhor do<br />
que é hoje. Essa é nossa aposta,<br />
é o que devemos projetar para<br />
os próximos 50 anos. O Grande<br />
ABC deseja e pode contribuir<br />
para isso, em cooperação com<br />
outras regiões do país, de forma<br />
a tornar essa também uma<br />
aposta no desenvolvimento<br />
tecnológico da indústria<br />
brasileira. •<br />
www.industriadefesaabc.com.br • Edição 01• Maio de 2014 17
ENTREVISTA ESPECIAL<br />
APL É CANAL DE<br />
COMUNICAÇÃO COM<br />
O EXÉRCITO <strong>BRASIL</strong>EIRO<br />
Entrevista com o comandante do Exército brasileiro, General Enzo Peri<br />
Foto: Divulgação<br />
General Enzo Peri<br />
Uma participação cada vez maior da<br />
indústria nacional no atendimento<br />
às necessidades do Exército<br />
Brasileiro já está definida nos<br />
diversos projetos que integram o planejamento<br />
estratégico ora em execução. Nesse contexto,<br />
os Arranjos Produtivos Locais - APLs - como<br />
o do Grande ABC, se apresentam como um<br />
campo promissor para ampliar a participação<br />
das empresas no fornecimento de diversos<br />
tipos de materiais e serviços. Esta é a visão do<br />
general Enzo Peri, comandante do Exército,<br />
que, em entrevista exclusiva à Revista da<br />
Indústria de Defesa do Grande ABC, abordou<br />
as diversas questões da integração com a<br />
indústria nacional.<br />
18<br />
Maio de 2014 • Edição 01• Revista do APL de Defesa do Grande ABC
COMANDANTE <strong>DO</strong> EXÉRCITO <strong>BRASIL</strong>EIRO GENERAL ENZO PERI<br />
Quais são os Projetos<br />
Estratégicos do<br />
Exército e qual sua<br />
vinculação com a<br />
indústria de defesa?<br />
O Exército Brasileiro está<br />
passando por um processo de<br />
transformação, iniciado a partir<br />
da percepção da necessidade<br />
de ampliação da capacidade de<br />
proteção ao Estado brasileiro,<br />
consubstanciada em sua missão<br />
constitucional e preconizada na<br />
Política Nacional de Defesa e na<br />
Estratégia Nacional de Defesa.<br />
O Planejamento Estratégico<br />
do Exército estabeleceu sete<br />
projetos indutores do Processo<br />
de Transformação. São eles:<br />
SISFRON, ASTROS 2020,<br />
GUARANI, PROTEGER,<br />
<strong>DEFESA</strong> CIBERNÉTICA,<br />
<strong>DEFESA</strong> ANTIAÉREA e<br />
RECOP, todos com forte vinculação<br />
com a indústria nacional<br />
de defesa.<br />
Para melhor visualizar essa<br />
vinculação, é interessante detalhar<br />
esses projetos:<br />
“No curto prazo,<br />
espera-se que sejam<br />
mais demandados<br />
setores tais como as<br />
indústrias automotiva,<br />
de informática<br />
(software e hardware),<br />
de telecomunicações,<br />
química (propelentes),<br />
espacial e de sistemas<br />
eletroeletrônicos...”<br />
a) Sistema Integrado de Monitoramento<br />
de Fronteiras<br />
(SISFRON): É um abrangente<br />
e integrado sistema de<br />
sensoriamento remoto para<br />
apoio à decisão e atuação<br />
integrada do Exército, das<br />
Forças coirmãs e de agências<br />
governamentais, concebido<br />
mediante a integração de<br />
recursos tecnológicos que<br />
proporcionam a sinergia de<br />
processos e pessoas, tendo o<br />
emprego das estruturas organizacionais<br />
existentes.<br />
“Até 2022, espera-se um<br />
incremento nas cadeias<br />
produtivas fornecedoras de<br />
conjuntos e componentes<br />
eletromecânicos para<br />
a indústria automotiva,<br />
espacial, de propelentes,<br />
desenvolvedores de<br />
softwares e de soluções de<br />
Tecnologia da Informação e<br />
de Comunicações (TIC)...”<br />
Essas ações, empregadas de<br />
forma convergente, permitem<br />
o fortalecimento da presença e<br />
da ação do Estado na faixa de<br />
fronteira, favorecendo a capacitação<br />
e o impulsionamento da<br />
indústria nacional, bem como<br />
o adensamento de Unidades<br />
das Forças Armadas nessa área.<br />
Muitas indústrias serão fornecedoras<br />
deste sistema, tais<br />
como automotiva, espacial,<br />
eletroeletrônica, radares e telecomunicações,<br />
entre outras.<br />
b) Astros 2020: tem a finalidade<br />
de dotar a Força Terrestre<br />
de meios capazes de prestar<br />
apoio de fogo de longo<br />
alcance com elevada precisão<br />
e letalidade. Possibilitará a<br />
realização de lançamento<br />
partindo das plataformas<br />
da nova viatura lançadora<br />
múltipla universal na versão<br />
MK-6, de vários foguetes da<br />
família ASTROS, bem como<br />
do míssil tático de cruzeiro.<br />
Diversas indústrias e centros<br />
de pesquisa da área química<br />
(propelentes), automotiva,<br />
espacial e de sistemas eletroeletrônicos<br />
podem ser<br />
demandados.<br />
c) Nova Família de Blindados<br />
de Rodas de Fabricação<br />
Nacional (Guarani): tem<br />
por objetivos transformar<br />
Organizações Militares de<br />
Infantaria Motorizada em<br />
Mecanizada e modernizar as<br />
Organizações Militares de<br />
Cavalaria Mecanizada. Para<br />
isso, estão sendo desenvolvidas<br />
novas famílias de Viaturas<br />
Blindadas de Rodas, a fim<br />
de dotar a Força Terrestre de<br />
meios para incrementar a dissuasão<br />
e a defesa do território<br />
nacional. Além de contribuir<br />
para o crescimento da indústria<br />
nacional de defesa,<br />
este projeto criará condições<br />
para que o Exército possa,<br />
cada vez mais, adequar-se às<br />
exigências decorrentes do<br />
Processo de Transformação.<br />
Serão beneficiadas, entre<br />
www.industriadefesaabc.com.br • Edição 01• Maio de 2014 19
“...podemos afirmar<br />
que a abrangência das<br />
capacidades requeridas<br />
pelos projetos estratégicos<br />
é muito vasta, em face<br />
de terem escopos bem<br />
amplos e diversificados...”<br />
outras, as cadeias produtivas<br />
da indústria automotiva, tais<br />
como motores, componentes<br />
eletromecânicos, eletrônicos e<br />
pneumáticos.<br />
d) Sistema Integrado de Proteção<br />
de Estruturas Estratégicas<br />
Terrestres (PROTEGER): é<br />
um sistema destinado a ampliar<br />
a capacidade de atuação<br />
do Exército em ações preventivas<br />
ou de contingência<br />
na proteção da sociedade, no<br />
apoio às atividades da Defesa<br />
Civil. Este projeto articula-se<br />
com o Mosaico de Segurança<br />
Institucional, desenvolvido<br />
pelo Gabinete de Segurança<br />
Institucional e com o Sistema<br />
Brasileiro de Inteligência, que<br />
já promovem o monitoramento<br />
das estruturas estratégicas<br />
terrestres, permitindo<br />
ao Exército obter capacidades<br />
para pronta resposta contra<br />
eventuais ameaças. O projeto<br />
beneficia, principalmente, as<br />
áreas de informática (software<br />
e hardware), de comando e<br />
controle e de comunicações.<br />
e) Defesa Cibernética: o projeto<br />
de Defesa Cibernética<br />
beneficiará as áreas de informática<br />
(software e hardware) e<br />
telecomunicações. Tem por<br />
meta incluir o Exército no<br />
restrito grupo de organizações,<br />
nacionais e internacionais,<br />
que possuem a capacidade<br />
de desenvolver medidas de<br />
proteção, visando o emprego,<br />
com liberdade de ação, do<br />
espaço cibernético.<br />
f) Defesa Antiaérea: O projeto<br />
visa dotar a Força de capacidades<br />
para atender às necessidades<br />
de defesa das estruturas<br />
estratégicas terrestres do País<br />
e do Exército, protegendo-as<br />
de possíveis ameaças provenientes<br />
do espaço aéreo,<br />
mediante a integração de<br />
mísseis e canhões antiaéreos,<br />
radares, centros de comando<br />
e controle, comunicações e<br />
logística, estabelecendo uma<br />
moderna e adequada capacidade<br />
de defesa antiaérea.<br />
Neste projeto poderão ser<br />
demandadas as indústrias<br />
espacial (radares), automotiva<br />
e de telecomunicações.<br />
“A criação de APLs na área<br />
de Defesa é importante na<br />
medida em que contribui<br />
para a concentração e<br />
a ampliação dos meios<br />
produtivos...”<br />
g) Recuperação da Capacidade<br />
Operacional (RECOP):<br />
trata-se de um projeto que visa<br />
recuperar a capacidade de combate<br />
do Exército, dotando as<br />
unidades operacionais de material<br />
de emprego militar em seu<br />
nível adequado de prontidão<br />
e operacionalidade para atender<br />
as exigências de defesa da<br />
Pátria, bem como às operações<br />
de garantia da lei e da ordem<br />
e às diversas missões subsidiárias<br />
atribuídas à Força. Diversas<br />
cadeias produtivas serão beneficiadas,<br />
tais como as indústrias<br />
automotiva, de telecomunicações<br />
e de munições.<br />
Dentro dos Projetos<br />
Estratégicos do Exército,<br />
quais são as prioridades<br />
da Força e os setores<br />
empresariais mais<br />
impactados no curto,<br />
médio e longo prazos?<br />
Todos os projetos anteriormente<br />
mencionados são igualmente<br />
importantes e prioritários<br />
para o Exército, pois são<br />
os indutores da transformação,<br />
processo atualmente em curso<br />
na Força e que tem horizontes<br />
temporais definidos: curto prazo<br />
(até 2015), médio prazo (até<br />
2022) e longo prazo (até 2031).<br />
No curto prazo, espera-se<br />
que sejam mais demandados<br />
setores tais como as indústrias<br />
automotiva, de informática<br />
(software e hardware), de telecomunicações,<br />
química (propelentes),<br />
espacial e de sistemas<br />
eletroeletrônicos, em função<br />
do desenvolvimento da Nova<br />
Família de Blindados, da implantação<br />
do Projeto Piloto do<br />
SISFRON, da criação e estruturação<br />
do Centro de Defesa<br />
20<br />
Maio de 2014 • Edição 01• Revista do APL de Defesa do Grande ABC
COMANDANTE <strong>DO</strong> EXÉRCITO <strong>BRASIL</strong>EIRO GENERAL ENZO PERI<br />
Foto: Divulgação/Iveco<br />
Projeto Guarani<br />
Cibernética, do desenvolvimento<br />
do Sistema Astros 2020, de<br />
aquisições de equipamentos e<br />
materiais para atender à Recuperação<br />
da Capacidade Operacional<br />
e da criação de Centros<br />
de Comando e Controle.<br />
No médio prazo, com o<br />
prosseguimento dos projetos,<br />
espera-se um incremento nas<br />
cadeias produtivas fornecedoras<br />
de conjuntos e componentes<br />
eletromecânicos para a indústria<br />
automotiva, espacial, de<br />
propelentes, desenvolvedores<br />
de softwares e de soluções de<br />
Tecnologia da Informação e<br />
de Comunicações (TIC), em<br />
função da distribuição das<br />
primeiras unidades das viaturas<br />
da Nova Família de Blindados<br />
Guarani, da consolidação<br />
e ampliação do SISFRON, do<br />
prosseguimento do projeto<br />
PROTEGER, da implementação<br />
técnica do SISTEMA<br />
ASTROS 2020, da recuperação<br />
da capacidade operacional da<br />
Força Terrestre e da ampliação<br />
da estrutura e da capacidade do<br />
Centro de Defesa Cibernética e<br />
do Sistema de Defesa Antiaérea.<br />
No longo prazo, todos os<br />
segmentos industriais relacionados<br />
à consolidação das<br />
estruturas e dos projetos implementados<br />
e avaliados nos curto<br />
e médio prazos também serão<br />
amplamente impactados.<br />
Enfim, podemos afirmar<br />
que a abrangência das capacidades<br />
requeridas pelos projetos<br />
estratégicos é muito vasta, em<br />
face de terem escopos bem amplos<br />
e diversificados, requerendo<br />
tecnologias de ponta e sistemas<br />
e equipamentos de alta performance,<br />
envolvendo quase toda<br />
a cadeia produtiva do país.<br />
Existem recursos<br />
orçamentários que<br />
assegurem a continuidade<br />
dos Projetos?<br />
Apesar de não termos total<br />
garantia que os recursos serão<br />
assegurados no longo prazo,<br />
estamos confiantes. O que<br />
podemos afirmar é que nos<br />
últimos anos estamos com uma<br />
tendência positiva no nível<br />
de investimentos e que todos<br />
os projetos estratégicos estão<br />
recebendo os recursos para<br />
a sua implantação.<br />
Os projetos SISFRON,<br />
Guarani, Defesa Antiaérea e<br />
Defesa Cibernética estão inseridos<br />
no Plano Plurianual (PPA)<br />
www.industriadefesaabc.com.br • Edição 01• Maio de 2014 21
2012-2015 – Plano Mais Brasil,<br />
como empreendimentos de<br />
grande porte.<br />
Cabe destacar que o SISFRON,<br />
o ASTROS 2020 e o GUARANI,<br />
a partir deste ano, já se encontram<br />
inseridos no Programa<br />
de Aceleração do Crescimento<br />
do Governo Federal, o que<br />
permite uma maior garantia<br />
na continuidade dos recursos<br />
orçamentários.<br />
Por outro lado, o Exército<br />
também prioriza a busca de recursos<br />
extraorçamentários junto<br />
aos órgãos de fomento, como<br />
forma de dar continuidade aos<br />
seus projetos. Destacam-se os<br />
recursos não reembolsáveis obtidos<br />
junto ao MCTI/FINEP,<br />
os quais contribuíram de maneira<br />
decisiva para o sucesso do<br />
Projeto Radar SABER M-60<br />
“O estímulo ao<br />
desenvolvimento científico<br />
e tecnológico e a inovação<br />
[...] deverá concretizar a<br />
obtenção de produtos com<br />
alto conteúdo tecnológico<br />
agregado...”<br />
e da Viatura Blindada de Transporte<br />
de Pessoal (GUARANI).<br />
Entre os benefícios<br />
de fazer parte de um<br />
APL, que vantagens<br />
para a Força podem ser<br />
destacadas no caso do<br />
APL de Defesa?<br />
A criação de APLs na área<br />
de Defesa é importante na medida<br />
em que contribui para a<br />
concentração e a ampliação dos<br />
meios produtivos, ao mesmo<br />
tempo em que estimula a for-<br />
mação de uma elite intelectual<br />
associada aos projetos catalisadores<br />
do desenvolvimento.<br />
Enfim, são muitos os benefícios<br />
e vantagens, mas destaco<br />
como principal benefício o<br />
de estabelecer essa comunicação<br />
direta entre o Exército<br />
Brasileiro e o setor produtivo<br />
nacional, permitindo que as<br />
necessidades requeridas pela<br />
Força Terrestre sejam conhecidas<br />
e atendidas pelo setor<br />
produtivo do País.<br />
No campo da Ciência<br />
e Tecnologia, como o<br />
Comando do Exército<br />
pode contribuir com o<br />
APL de Defesa e com<br />
as empresas que a ele se<br />
integrarem?<br />
O Sistema de Ciência e Tecnologia<br />
é essencial como indutor<br />
Foto: Divulgação<br />
O General Enzo Peri,<br />
Comandante do Exército, e<br />
o Prefeito de São Bernardo<br />
do Campo, Luiz Marinho,<br />
encontraram-se no último<br />
dia 26 de março, em Brasília.<br />
Na ocasião, ficou decidido<br />
que será estreitado o<br />
relacionamento do parque<br />
industrial do Grande ABC<br />
com o Escritório de Projetos<br />
do Exército, visando uma<br />
mais intensa integração das<br />
empresas do APL de Defesa<br />
da região com as ações<br />
estratégicas que vêm sendo<br />
postas em prática.<br />
22<br />
Maio de 2014 • Edição 01• Revista do APL de Defesa do Grande ABC
COMANDANTE <strong>DO</strong> EXÉRCITO <strong>BRASIL</strong>EIRO GENERAL ENZO PERI<br />
do Processo de Transformação da<br />
Força. Nesse campo, o Comando<br />
do Exército pode contribuir com<br />
o APL pelo estabelecimento de<br />
ações em parceria, objetivando a<br />
geração de recursos para a Força,<br />
como a inovação tecnológica. Segundo<br />
a Estratégia Nacional de<br />
Defesa (END), a reestruturação<br />
da indústria brasileira de material<br />
de defesa tem como propósito<br />
assegurar que o atendimento das<br />
necessidades de equipamento das<br />
Forças Armadas apoie-se em tecnologias<br />
sob domínio nacional.<br />
O propósito de estimular<br />
o desenvolvimento científico<br />
e tecnológico e a inovação<br />
de interesse para a defesa<br />
nacional deverá concretizar<br />
a obtenção de produtos com<br />
alto conteúdo tecnológico<br />
agregado, com o envolvimento<br />
coordenado das instituições<br />
científicas e tecnológicas<br />
(ICT) civis e militares, da<br />
indústria e da universidade.<br />
Diversos são os setores que<br />
possuem elevado potencial para<br />
estabelecimento de parcerias<br />
entre o Exército Brasileiro e o<br />
APL, seja no âmbito da pesquisa<br />
e desenvolvimento, seja no<br />
âmbito da produção industrial<br />
de produtos com alto valor<br />
tecnológico. Podemos destacar<br />
as áreas de tecnologia da informação;<br />
defesa cibernética;<br />
equipamentos óticos; máquinas,<br />
equipamentos e materiais de<br />
engenharia; equipamentos e<br />
materiais médicos e hospitalares;<br />
armamentos leves, incluindo<br />
os de baixa letalidade,<br />
com as respectivas munições;<br />
armamento de grosso calibre<br />
e munições; equipamentos<br />
individuais para o combatente;<br />
viaturas especializadas; simuladores<br />
para armamento, viaturas<br />
e aeronaves; e outros.<br />
Uma das ações para concretizar<br />
essa contribuição trata<br />
do planejamento e início da<br />
implantação de um polo de<br />
Ciência e Tecnologia na região<br />
de Guaratiba (PCTEG), cujo<br />
foco principal é o de fortalecer<br />
e integrar a Base Industrial de<br />
Defesa, com vistas a fomentar<br />
um APL de Defesa. No projeto<br />
do PCTEG, no momento<br />
atual, analisa-se exatamente a<br />
questão formulada. O modelo<br />
de negócio a ser adotado está<br />
em concepção. Será construído<br />
junto com a participação de<br />
todos os atores interessados. Em<br />
breve, planeja-se a elaboração<br />
de simpósios, workshops e outros<br />
instrumentos para discutir,<br />
coletar sugestões e construir a<br />
melhor forma de trabalho.<br />
A disposição do Exército é<br />
a de compartilhar seus pesquisadores,<br />
laboratórios, instituições<br />
de ensino, em suma, toda<br />
sua infraestrutura de P&D, na<br />
“O APL se apresenta como<br />
um campo promissor de<br />
ampliação da participação<br />
da indústria nacional na<br />
obtenção, pelo Exército,<br />
de produtos de defesa<br />
(PRODE)...”<br />
busca de soluções aos desafios<br />
tecnológicos inerentes aos<br />
produtos de Defesa, com ênfase<br />
na inovação e sempre apoiado<br />
nas capacidades existentes na<br />
indústria nacional.<br />
No momento, há<br />
empresas engajadas na<br />
produção de material de<br />
defesa para o Exército?<br />
Sim, há empresas engajadas<br />
na produção de material de defesa<br />
em diversos setores, como<br />
por exemplo: viaturas, radares,<br />
equipamentos óticos e mísseis.<br />
Diante da gama de projetos em<br />
desenvolvimento pelo Exército,<br />
particularmente os Projetos<br />
Estratégicos, a tendência é de<br />
aumento da participação das<br />
empresas nacionais no setor<br />
produtivo para a defesa. O APL<br />
se apresenta como um campo<br />
promissor de ampliação da participação<br />
da indústria nacional<br />
na obtenção, pelo Exército, de<br />
produtos de defesa (PRODE).<br />
Várias empresas brasileiras,<br />
assim definidas pela legislação<br />
em vigor, participam dos projetos<br />
estratégicos conduzidos<br />
pelo Exército, como por exemplo:<br />
IVECO <strong>BRASIL</strong> (Guarani),<br />
CPqD (Centro de Pesquisa<br />
e Desenvolvimento), MEC-<br />
TRON-Odebrecht (RDS -<br />
Rádio Definido por Software),<br />
Consórcio TEPRO, constituído<br />
pelas empresas de defesa SA-<br />
VIS e ORBISAT (SISFRON),<br />
BRADAR e AGRALE (Defesa<br />
de Artilharia Antiaérea), AVI-<br />
BRÁS ASTROS2020). •<br />
www.industriadefesaabc.com.br • Edição 01• Maio de 2014 23
FORMAR UMA PLATAFORMA<br />
REGIONAL DE SUCESSO É<br />
A MISSÃO DA AGÊNCIA <strong>DO</strong><br />
GRANDE ABC<br />
Quando se pensa em promover a expansão de uma região tão importante para o<br />
País como é o ABC paulista, planejar o desenvolvimento econômico é mais que<br />
fundamental. Tal preparação tem de ser conduzida com base em uma visão ampla,<br />
global, como vêm fazendo as lideranças mundiais desde sempre<br />
Foto: Paulo de Souza<br />
Rafael Marques<br />
É<br />
fácil reconhecer a importância financeira<br />
e social de uma região brasileira<br />
que representa 6,8% do Produto Interno<br />
Bruto (PIB) estadual e 2,3% do<br />
nacional. E quanto mais detalhes se sabe a respeito<br />
dessa localidade específica, maior é a convicção<br />
sobre sua relevância. Pois é dessa forma que<br />
o Grande ABC ganhou notoriedade – sobretudo<br />
política – e marcou a história do País. Composto<br />
por sete municípios, que ocupam uma área<br />
de 827 km² e abrigam mais de 2,68 milhões de<br />
habitantes, é o quinto maior mercado de consumo<br />
do Brasil. Segundo o Instituto Brasileiro de<br />
Geografia e Estatística (IBGE), o PIB regional<br />
em 2010 foi de R$ 84,8 bilhões. Alcançar tais<br />
índices e continuar avançando de forma sustentável<br />
depende de um processo de expansão bem<br />
planejado e, mais ainda, bem executado. Esta aí<br />
o cerne do trabalho da Agência de Desenvolvimento<br />
Econômico do Grande ABC.<br />
Criada em outubro de 1998, a instituição<br />
surgiu com o intuito de aproximar e integrar as<br />
lideranças dos setores público e privado, e fazer<br />
jus ao seu nome. Embora sua essência seja<br />
o desenvolvimento econômico, a Agência foi<br />
estabelecida como uma associação civil de direito<br />
privado sem fins lucrativos. Entre seus associados<br />
24<br />
Maio de 2014 • Edição 01• Revista do APL de Defesa do Grande ABC
A MISSÃO DA AGÊNCIA<br />
Foto: Divulgação<br />
estão o Consórcio Intermunicipal<br />
Grande ABC, que por sua<br />
vez representa as sete Prefeituras<br />
da região; empresas do polo<br />
petroquímico; instituições de<br />
ensino; associações comerciais e<br />
industriais; e seis sindicatos de<br />
trabalhadores. Essa composição<br />
visa a estabelecer um diálogo<br />
democrático – e suficientemente<br />
prático – para definir as ações<br />
a serem realizadas. “A Agência<br />
do Grande ABC foi uma iniciativa<br />
pioneira no Brasil e, após 14 anos<br />
de experiência bem-sucedida, tem<br />
fortalecido a Governança Regional<br />
junto ao Consórcio Intermunicipal”,<br />
destaca o presidente da instituição,<br />
Rafael Marques - que acumula<br />
a presidencia do Sindicato<br />
dos Metalúrgicos do ABC.<br />
A múltipla representatividade<br />
da Agência fortalece e<br />
facilita a articulação entre governos,<br />
empresas, trabalhadores<br />
e universidades. “Essas relações<br />
possibilitam cooperação produtiva e<br />
aprendizado conjunto em diversas<br />
áreas, como mercado, acesso a crédito,<br />
melhoria produtiva, entre outros<br />
benefícios”, acrescenta Marques.<br />
“Criada em outubro<br />
de 1998, a instituição<br />
surgiu com o intuito de<br />
aproximar e integrar as<br />
lideranças dos setores<br />
público e privado...”<br />
Não por acaso, o Banco Nacional<br />
de Desenvolvimento<br />
Econômico e Social (BNDES)<br />
mantém um Posto de Informação<br />
instalado na sede da Agência.<br />
Nessa unidade, é possível<br />
ter esclarecimentos sobre os<br />
diversos programas de financiamento<br />
da instituição, inclusive<br />
o de Apoio a Micro, Pequena e<br />
Média Empresa Inovadora.<br />
A soma do conhecimento e<br />
da capacidade produtiva de todos<br />
esses grupos gera a sinergia<br />
necessária para promover, de<br />
fato, o desenvolvimento econômico<br />
do Grande ABC. Em<br />
outras palavras, potencializa a<br />
inteligência da região, identifica<br />
e atrai oportunidades de investimentos,<br />
cria possibilidades de<br />
novos negócios, multiplica a<br />
Rafael Marques e o Prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho<br />
geração de empregos e projeta<br />
esse potencial para todo o país<br />
e para o mundo. Tanto assim,<br />
que diversas multinacionais já<br />
se instalaram na região, e outras<br />
estão chegando.<br />
Regionalização<br />
profissional<br />
Os resultados alcançados<br />
pela Agência justificaram sua<br />
criação e estimularam seu<br />
crescimento. No entanto, diante<br />
de sua abrangência, envolvendo<br />
sete cidades e diversos<br />
segmentos produtivos, cada<br />
um com suas particularidades,<br />
ficou clara a necessidade de<br />
estabelecer o mesmo modelo<br />
de gestão de forma ainda mais<br />
pontual, de acordo com a<br />
proporção e as características<br />
individuais dos setores. A<br />
solução para tal demanda veio<br />
com a criação dos arranjos<br />
produtivos locais (APLs), que<br />
reúnem empresas com a mesma<br />
vocação e os demais envolvidos<br />
com cada segmento.<br />
“Ao estimular processos locais<br />
de desenvolvimento, é preciso ter<br />
em mente que qualquer ação nesse<br />
sentido deve permitir a conexão do<br />
arranjo com os mercados, a sustentabilidade<br />
por meio de um padrão<br />
de organização que se mantenha ao<br />
longo do tempo, a promoção de um<br />
ambiente de inclusão de pequenos e<br />
micronegócios em um mercado com<br />
distribuição de riquezas e a elevação<br />
do capital social por meio da promoção<br />
e a cooperação entre os atores<br />
do território”, explica Marques.<br />
www.industriadefesaabc.com.br • Edição 01• Maio de 2014 25
Foto: Divulgação<br />
Rafael Marques<br />
O Grande ABC já conta com quinze APLs:<br />
• Autopeças<br />
• Defesa<br />
• Ferramentaria • Gráficos<br />
• Plástico<br />
• Metalmecânico<br />
• Moveleiro<br />
• Panificação<br />
• Químico<br />
• Pesqueiro<br />
• Cosméticos • Turismo<br />
• Hotéis, Bares e Restaurantes<br />
• Design, Audiovisual e Economia Criativa<br />
• ITESCS - Instituto de Tecnologia de São Caetano do Sul<br />
O APL de Defesa do Grande ABC é um dos<br />
mais recentes e, assim como os demais, é visto<br />
pelo presidente da Agência como uma plataforma<br />
imprescindível para o desenvolvimento deste<br />
setor que ganha força na região. Porém, Marques<br />
observa que o segmento tem uma distinção:<br />
“A área de defesa tem uma característica diferenciada<br />
dos demais setores, uma vez que garantir a produção<br />
nacional de seus componentes não é só uma questão<br />
mercadológica, mas estratégica para a soberania nacional”.<br />
E, como está na essência da Agência e<br />
dos APLs, o de Defesa se tornou a conexão de<br />
diversas cadeias produtivas com as Forças Armadas.<br />
“O Grande ABC é o principal parque industrial<br />
metalmecânico da América Latina. Para um setor no<br />
qual a metalurgia é essencial, como é o caso da defesa,<br />
o Grande ABC é estratégico, pois detém as competências<br />
empresariais e de mão de obra necessárias para se<br />
avançar no desenvolvimento e na confecção de produtos<br />
para este segmento”, exemplifica Marques.<br />
Segundo o presidente da Agência, o APL de<br />
Defesa surgiu em um momento favorável: “Esse<br />
APL nasceu com um Brasil crescendo, tendo uma nova<br />
inserção no mundo e com a necessidade de manter a soberania<br />
sobre sua população, seus aquíferos e todas suas<br />
riquezas”. Como não poderia deixar de ser, Marques<br />
está diretamente envolvido com as ações<br />
desenvolvidas pelo APL de Defesa, participando<br />
inclusive dos eventos promovidos pelo grupo.<br />
É o caso dos encontros realizados com setores<br />
estratégicos das Forças Armadas. “Um exemplo é o<br />
evento ocorrido em julho de 2013, em São Bernardo<br />
do Campo, com oficiais do Exército, que hoje se traduz<br />
em novos negócios e produção”, acrescenta.<br />
Marques também acompanha de perto a relação<br />
do Grande ABC com o grupo sueco Saab,<br />
fabricante dos caças Gripen NG, eleitos pelo governo<br />
brasileiro para integrarem o Projeto FX-2<br />
da Força Aérea Brasileira. “Essa escolha irá fortalecer<br />
ainda mais as empresas do APL devido à decisão da<br />
Saab de instalar-se na região. Setores bem representados<br />
no parque industrial do ABC como o Petroquímico<br />
e o Automotivo irão juntar-se aos novos segmentos a<br />
serem desenvolvidos com a chegada da fábrica da Saab,<br />
aumentando mais o crescimento das empresas que compõem<br />
o APL”, comenta o dirigente.<br />
Liderança agregadora<br />
Estar à frente de tantos setores importantes<br />
e promover o diálogo e a atuação conjunta dos<br />
líderes desses segmentos não é, definitivamente,<br />
uma tarefa simples. Mas também não chega a<br />
ser um problema para Rafael Marques. Além<br />
do relacionamento de longa data com a região<br />
do Grande ABC e sua produção industrial, tem<br />
também vasta experiência como representante<br />
de grandes e relevantes grupos. Ao ser eleito<br />
para presidir a Agência de Desenvolvimento<br />
26<br />
Maio de 2014 • Edição 01• Revista do APL de Defesa do Grande ABC
A MISSÃO DA AGÊNCIA<br />
“Trabalho da<br />
Agência potencializa<br />
a inteligência da<br />
região, identifica e<br />
atrai oportunidades<br />
de investimentos,<br />
cria possibilidades<br />
de novos negócios,<br />
multiplica a geração<br />
de empregos e projeta<br />
esse potencial para<br />
todo o País e para o<br />
mundo...”<br />
Econômico do Grande ABC,<br />
no triênio 2013/2015,<br />
Marques já ocupava o mesmo<br />
cargo em outra importante<br />
instituição. Desde dezembro<br />
de 2012, está na presidência<br />
de nada menos que o<br />
Sindicato dos Metalúrgicos<br />
do ABC (SMABC), do qual<br />
era vice-presidente desde<br />
2008. Para se ter ideia do<br />
que essa posição representa,<br />
a região responde por 3%<br />
dos empregos industriais do<br />
Brasil e 40% dos postos de<br />
trabalho diretos na indústria<br />
montadora instalada no país.<br />
A importância política da<br />
entidade pode ser medida<br />
pelos antecessores de Marques:<br />
ocuparam a presidência do<br />
Sindicato anteriormente o ex-<br />
Presidente Lula, o deputado<br />
federal Vicentinho e o prefeito<br />
de São Bernardo do Campo,<br />
Luiz Marinho, entre outras<br />
personalidades de destaque.<br />
Marques nasceu em São<br />
Paulo, em 1964. A busca por<br />
capacitação profissional o<br />
levou às salas de aula do Serviço<br />
Nacional de Aprendizado<br />
Industrial (SENAI). Por meio<br />
da instituição, foi trabalhar na<br />
indústria Villares, onde ficou<br />
durante o período de 1979<br />
a 1983. Passou por algumas<br />
empresas de menor porte nos<br />
três anos seguintes até que, em<br />
1986, passou a integrar o quadro<br />
de colaboradores da Ford,<br />
como eletricista de manutenção,<br />
função que desempenha<br />
até hoje.<br />
Mais do que a oportunidade<br />
de emprego em uma grande<br />
montadora, essa nova etapa<br />
abriu espaço para que o atual<br />
presidente da Agência começasse<br />
a exercer sua habilidade<br />
como líder classista. O primeiro<br />
passo foi a entrada na Comissão<br />
Interna de Prevenção de Acidentes<br />
(CIPA) da empresa, em<br />
1991. Logo, Marques chegou<br />
à Comissão de Fábrica e ao<br />
Comitê Sindical. A facilidade<br />
de diálogo e a capacidade de<br />
agregar o levaram à diretoria do<br />
SMABC, como diretor de base<br />
e secretário geral. Em 2008,<br />
chegou à vice-presidência, foi<br />
reeleito em 2011 e, no ano seguinte,<br />
subiu o último degrau.<br />
À frente dessas duas entidades,<br />
Marques desenvolveu uma<br />
visão abrangente, e ao mesmo<br />
tempo bem direcionada, que<br />
privilegia o crescimento sustentável<br />
e o fomento de um<br />
ambiente produtivo capaz de<br />
“Quanto mais<br />
talentos humanos<br />
formarmos, mais<br />
fortes seremos” –<br />
Rafael Marques<br />
integrar as grandes empresas da<br />
região às redes de supridores,<br />
garantindo empregabilidade e<br />
desenvolvimento para a população<br />
local. “Para ter êxito, esse<br />
esforço deve congregar, além das<br />
empresas, sindicatos, universidades<br />
e escolas técnicas. A Agência de<br />
Desenvolvimento do Grande ABC<br />
tomou para si tal desafio”, reforça<br />
o dirigente, que destaca ainda<br />
a importância da qualificação<br />
da mão de obra. “Quanto mais<br />
talentos humanos formarmos, mais<br />
fortes seremos.”<br />
Entre as iniciativas no campo<br />
da capacitação profissional,<br />
a Agência trabalha em parceria<br />
com o Ministério do Desenvolvimento,<br />
Indústria e Comércio<br />
Exterior (MDIC) para difundir<br />
o Programa Nacional de Acesso<br />
ao Ensino Técnico e Emprego<br />
Brasil Maior (Pronatec Brasil<br />
Maior). Está em andamento<br />
um processo de captação das<br />
demandas de qualificação das<br />
empresas para que sejam direcionadas<br />
aos cursos de qualificação<br />
correspondentes. Dessa<br />
forma, os empregadores terão a<br />
certeza de contar com colaboradores<br />
devidamente capacitados,<br />
enquanto os trabalhadores<br />
poderão vislumbrar mais oportunidades<br />
de desenvolvimento<br />
profissional. •<br />
www.industriadefesaabc.com.br • Edição 01• Maio de 2014 27
UNIVERSIDADES<br />
INDÚSTRIA DE <strong>DEFESA</strong><br />
PODE CONTAR COM AS<br />
UNIVERSIDADES<br />
A demanda por inovação tecnológica e mão de obra especializada é<br />
cada vez maior e mais emergencial entre as empresas que atendem o<br />
setor de defesa. A resposta para suprir tal necessidade pode estar nas<br />
salas de aula e nos laboratórios das instituições de ensino<br />
Uma das prioridades das Forças Armadas<br />
do Brasil é construir sua independência<br />
de fornecedores estrangeiros,<br />
seja em relação a produtos, serviços,<br />
assistência técnica, capacitação, ou quaisquer outros<br />
itens. Tal condição favoreceria não só a Defesa<br />
nacional, mas também a economia de diversas<br />
regiões do país, como o Grande ABC, no Estado<br />
de São Paulo, onde está instalado importante pólo<br />
industrial. Sobretudo quando se leva em consideração<br />
que o caminho para reduzir a dependência em<br />
questão passa, necessariamente, por desenvolvimento<br />
tecnológico, qualificação profissional, inovação,<br />
enfim, por um contínuo processo de evolução da<br />
inteligência a serviço do setor.<br />
A plataforma para sustentação desse cenário<br />
é construída por diversos segmentos, entre os<br />
quais destaca-se o acadêmico. As salas de aula e os<br />
laboratórios das universidades são um campo fértil<br />
onde podem surgir ideias de grande utilidade para<br />
qualquer setor industrial, inclusive o voltado à<br />
defesa. Assim como também há a possibilidade de<br />
serem desenvolvidos projetos em parceria com as<br />
empresas para atender alguma demanda específica.<br />
Na verdade, essa integração entre as indústrias e a<br />
academia é preterida por ambos os lados, pois da<br />
mesma forma que os estudantes encontram nessa<br />
Foto: Divulgação<br />
Laboratório de Motores - Fapinha<br />
28<br />
Maio de 2014 • Edição 01• Revista do APL de Defesa do Grande ABC
AS INSTITUIÇÕES DE ENSINO E SUA IMPORTÂNCIA PARA A INDÚSTRIA DE <strong>DEFESA</strong><br />
relação boas oportunidades de<br />
expandir os conhecimentos e<br />
conquistar um bom emprego,<br />
as companhias passam a receber<br />
profissionais mais bem preparados.<br />
Ainda mais pela diversidade<br />
da grade curricular.<br />
Segundo o reitor do Instituto<br />
Mauá de Tecnologia<br />
(IMT), José Carlos de Souza<br />
Jr., há diferentes caminhos<br />
para que a integração indústria<br />
e academia seja levada à<br />
prática. “Podemos citar o suporte<br />
realizado por meio de Trabalhos<br />
de Conclusão de Curso (TCC),<br />
programas de Iniciação Científica,<br />
disciplinas eletivas ministradas com<br />
o apoio de empresas, treinamentos<br />
profissionais específicos, ensaios<br />
tecnológicos, projetos e consultorias<br />
especializadas”, descreve. O<br />
superintendente de Planejamento<br />
e Desenvolvimento do<br />
IMT, Fábio Sampaio Bordin,<br />
acrescenta que a cada ano<br />
a instituição apresenta para a<br />
sociedade cerca de 150 TCCs em<br />
vários segmentos. “Os temas desses<br />
trabalhos surgem a partir da identificação,<br />
por alunos e professores, de demandas<br />
existentes nas empresas, ou também pelo<br />
interesse dessas companhias em soluções<br />
já desenvolvidas”, explica.<br />
“Salas de aula e<br />
laboratórios das<br />
universidades<br />
formam campo<br />
fértil de ideias<br />
para a indústria de<br />
defesa...”<br />
Múltiplas conexões<br />
Souza Jr. acrescenta que a<br />
participação no Arranjo Produtivo<br />
Local (APL) de Defesa<br />
do Grande ABC, inclusive com<br />
presença nas reuniões periódicas,<br />
deixou clara a ampla ligação<br />
desse setor com diversas áreas<br />
em que o IMT atua. “A exemplo<br />
dos estudos em design funcional<br />
e ergonomia para desenvolvimento<br />
de produtos, nacionalização e aprimoramento<br />
de soluções envolvendo<br />
eletrônica embarcada, desenvolvimento<br />
e validação de protocolos de<br />
comunicação, logística de transporte<br />
de materiais, estudos para utilização<br />
de novos materiais, desenvolvimento<br />
de soluções para produção e<br />
utilização de biocombustíveis, além<br />
de uma grande variedade de ensaios<br />
tecnológicos para validação de produtos”,<br />
detalha o reitor.<br />
No Centro Universitário da<br />
Fundação Educacional Industrial<br />
Pe. Sabóia de Medeiros (FEI),<br />
a situação é semelhante. São<br />
muitos os cursos que oferecem<br />
a oportunidade de trabalho em<br />
parceria com a indústria de defesa.<br />
Entre essas opções, o reitor<br />
da instituição, Fábio do Prado,<br />
destaca as áreas de novos materiais,<br />
micro e macroelementos,<br />
www.industriadefesaabc.com.br • Edição 01• Maio de 2014 29
automação e controle, inteligência artificial, processamento<br />
de sinais, energias alternativas, mobilidade,<br />
biotecnologia, indústria têxtil, desenvolvimento<br />
de softwares e gestão da cadeia produtiva e<br />
de sustentabilidade. “A defesa é um setor estratégico<br />
para o país, e temos que estar envolvidos, pois trabalhamos<br />
com tecnologia e de forma estratégica”, comenta<br />
Prado, que destaca a importância de se desenvolver<br />
pesquisas com alto valor agregado.<br />
Para o reitor da FEI, a independência intelectual<br />
gera autonomia para o país, os estados e os<br />
municípios, e não só para as Forças Armadas mas<br />
como para qualquer departamento público. Daí a<br />
importância de se trabalhar de forma a buscar a diversificação<br />
e a complementariedade. “Nosso papel<br />
é inovação, criando projetos de difícil imitabilidade. As<br />
parcerias no setor vão nesse sentido”, observa Prado.<br />
Em sua opinião, o envolvimento dos estudantes<br />
com o setor produtivo é fundamental, até porque<br />
essa relação pode contribuir para balizar o ensino.<br />
O reitor faz questão de enfatizar que não se<br />
trata de uma troca de valores, pois o aprendizado<br />
Foto: Divulgação<br />
Reitor José Carlos de Souza Jr<br />
APL CONSTRÓI MBA EM GESTÃO DE PROJETOS DE PRODUÇÃO<br />
E COMERCIALIZAÇÃO DE MATERIAL DE <strong>DEFESA</strong><br />
O APL de Defesa do Grande<br />
ABC constrói, neste momento,<br />
curso de pós-graduação lato<br />
sensu para gestores públicos e<br />
privados interessados em atuar<br />
no fornecimento de bens<br />
e serviços às Forças Armadas.<br />
Empresários, sindicatos, universidades,<br />
militares e Poder Público,<br />
membros da coordenação do<br />
APL, participam da discussão.<br />
A ideia é capacitar pessoas com<br />
nível superior para conhecer o<br />
modus operandi das Forças Armadas<br />
do Brasil, os procedimen-<br />
tos de Catalogação e Homologação,<br />
os critérios rigorosos e as<br />
demandas crescentes de material<br />
de Defesa. Dessa forma, serão<br />
formados gestores para atuar<br />
no setor privado, na produção<br />
e comercialização de produtos;<br />
e no setor público, para elaborar<br />
e implementar políticas que<br />
fortaleçam a capacidade do setor<br />
produtivo e da região para atender<br />
às necessidades da Defesa<br />
Nacional e, assim, diversifiquem<br />
a economia do Grande ABC.<br />
O curso se insere na orientação<br />
estratégica do APL: ampliar a<br />
participação do Grande ABC<br />
na Base Industrial de Defesa, de<br />
acordo com a Estratégia Nacional<br />
de Defesa definida pelo<br />
Governo Federal.<br />
O APL discute também com<br />
o SENAI Defesa a capacitação<br />
de mão de obra técnica visando<br />
preparar a força de trabalho da<br />
região para contribuir e se beneficiar<br />
da maior inserção regional<br />
na indústria de Defesa.<br />
30<br />
Maio de 2014 • Edição 01• Revista do APL de Defesa do Grande ABC
AS INSTITUIÇÕES DE ENSINO E SUA IMPORTÂNCIA PARA A INDÚSTRIA DE <strong>DEFESA</strong><br />
“Atuação do APL de<br />
Defesa do Grande ABC<br />
tem contribuído para<br />
aprimorar o diálogo<br />
entre academia e<br />
indústria...”<br />
sempre será primordial. Mas<br />
afirma ser imprescindível existir<br />
o preparo técnico e a capacitação,<br />
disciplinas que permitam<br />
olhar para esses desafios. “O<br />
aluno não pode sair da universidade<br />
sem conhecer a dinâmica e a linguagem<br />
da indústria, ou vai se sentir<br />
órfão quando for para o mercado de<br />
trabalho”, analisa.<br />
No intuito de estimular o<br />
envolvimento dos estudantes<br />
com o segmento industrial, o<br />
IMT busca oportunidades de<br />
atividades junto às empresas<br />
além do que já é realizado por<br />
conta do estágio obrigatório<br />
fora da instituição. “A execução<br />
desses trabalhos acaba envolvendo<br />
toda nossa infraestrutura e os<br />
profissionais – alunos, professores,<br />
engenheiros, especialistas, consultores<br />
e técnicos –, além de fornecer novos<br />
desafios e possibilitar a constante<br />
atualização do conhecimento”, comenta<br />
o diretor do Centro de<br />
Pesquisas do IMT, José Roberto<br />
Augusto de Campos. Segundo<br />
ele, esse é um aspecto bastante<br />
valorizado pelo mercado de<br />
trabalho e caracteriza um diferencial<br />
dos formandos.<br />
A mesma diversidade de cursos<br />
e disciplinas que favorece a<br />
integração entre as universidades<br />
e a indústria de defesa também<br />
pode ajudar os estudantes na<br />
definição e na preparação de<br />
sua trajetória profissional. Na<br />
Universidade Federal do ABC<br />
(UFABC), o pioneiro projeto<br />
pedagógico com bacharelados<br />
interdisciplinares proporciona<br />
essa condição aos alunos. “Eles<br />
têm até três anos para tomar a decisão<br />
sobre sua formação. Nesse período,<br />
poderão conhecer diversas áreas e<br />
absorver muita informação, o que lhes<br />
dará muito mais segurança para fazer<br />
tal escolha”, explica o reitor Klaus<br />
Capelle. Os futuros empregadores<br />
desses estudantes também são<br />
favorecidos, pois contratarão profissionais<br />
já mais integrados com<br />
o segmento em que vão atuar.<br />
Diálogo precisa melhorar<br />
Embora o Grande ABC se destaque<br />
tanto pelo polo industrial<br />
quanto pelas instituições de<br />
ensino, a comunicação entre os<br />
dois setores ainda tem muito<br />
o que amadurecer e avançar.<br />
“A aproximação entre academia<br />
e empresas não é uma tradição no<br />
Brasil, por isso as parcerias entre os<br />
dois segmentos não são tão comuns<br />
como gostaríamos. E não apenas<br />
na área de defesa, mas em todos<br />
os setores industriais”, comenta<br />
Capelle. A opinião é compartilhada<br />
pelo reitor da FEI. “O<br />
diálogo entre academia e indústria<br />
não é tão próximo, pois há interesses<br />
distintos”, explica Prado.<br />
Os executivos das instituições<br />
de ensino acreditam que a<br />
redução dessa distância contribuiria<br />
de forma significativa<br />
para o melhor aproveitamento<br />
Professor Fábio do Prado<br />
do parque industrial já instalado<br />
no ABC e para estimular o<br />
surgimento de novas empresas.<br />
Também concordam que o<br />
trabalho realizado pelo APL de<br />
Defesa do Grande ABC é um<br />
ponto de partida para mudar<br />
esse cenário. “A formação desse<br />
grupo é uma iniciativa de visão<br />
e espero que seja cada vez mais<br />
difundida a ideia de que todos ganham<br />
– indústria, academia e setor<br />
público”, destaca Prado.<br />
Por falar em setor público,<br />
Capelle acrescenta que em<br />
muitos casos é o engessamento<br />
burocrático que dificulta<br />
o avanço das ações conjuntas.<br />
“Felizmente, nas prefeituras<br />
“Diversidade de cursos<br />
e disciplinas multiplica<br />
oportunidades de<br />
parcerias entre<br />
instituições de ensino e<br />
empresas...”<br />
Foto: Divulgação<br />
www.industriadefesaabc.com.br • Edição 01• Maio de 2014 31
Foto: Divulgação<br />
do ABC temos administradores que entendem essa<br />
realidade e ajudam bastante. Paralelamente, também<br />
precisamos de uma estrutura legal em termos de<br />
governo federal que seja mais adequada à realidade do<br />
setor”, comenta. “Idealizamos nosso ensino de acordo<br />
com o universo ao nosso redor, olhamos a demanda da<br />
sociedade para definir os cursos e as pesquisas também.<br />
O planejamento estratégico leva em conta a situação<br />
econômica na qual estamos inseridos”, acrescenta o<br />
reitor da UFABC, fazendo uma referência à importância<br />
das tomadas de decisão de acordo com<br />
as características atuais.<br />
Tal postura facilitaria, também, a entrada de<br />
instituições de ensino estrangeiras nas parcerias<br />
realizadas aqui no Brasil. Há cerca de três anos, a<br />
UFABC mantém um trabalho conjunto com a<br />
Linköping University, da Suécia, para realização<br />
de pesquisas e a promoção do intercâmbio entre<br />
profissionais de diferentes segmentos. No mês<br />
de fevereiro, o professor Petter Krus (Division of<br />
Fluid and Mechatronic System) veio ao país para<br />
visitar alguns dos principais centros de pesquisa<br />
dedicados à inovação tecnológica, sobretudo nos<br />
setores aeronáutico e aeroespacial, e encontrar<br />
especialistas brasileiros no campus da UFABC<br />
em Santo André (SP). Participaram dessa reunião<br />
pesquisadores da própria UFABC, tendo à<br />
frente a docente Luciana Pereira; professores da<br />
FEI, representados por Agenor de Toledo Fleury;<br />
além de Felipe Sabat, representante do Centro de<br />
Pesquisa e Inovação Sueco-Brasileiro (CISB).<br />
Nesse encontro, Krus apresentou dados sobre<br />
a cidade de Linköping, localizada a cerca de 200<br />
quilômetros ao sul de Estocolmo, capital da Suécia.<br />
De acordo com o professor, Linköping tem<br />
uma população de 140 mil pessoas, das quais 27<br />
mil são estudantes da universidade onde trabalha.<br />
Entre as áreas de desenvolvimento de pesquisas,<br />
citou sistemas mecatrônicos, transmissão de<br />
energia, sensores e sistemas de controle. Krus<br />
comentou ainda os trabalhos já desenvolvidos<br />
com a UFABC, como os destinados à tecnologia<br />
de aviação priorizando sistemas sustentáveis. Os<br />
docentes de UFABC e FEI aproveitaram a oportunidade<br />
para questionar sobre os demais segmentos<br />
nos quais podem trabalhar em parceria, a<br />
exemplo da engenharia de materiais.<br />
Para Luciana Pereira, essa integração é essencial<br />
para a expansão da colaboração técnica entre<br />
as instituições. “Quanto mais informações tivermos,<br />
maiores serão as possibilidades de atividades dessa<br />
parceria. Inclusive com a integração dos profissionais,<br />
seja os brasileiros indo para a Suécia ou os suecos vindo<br />
para cá”, afirma. •<br />
32<br />
Maio de 2014 • Edição 01• Revista do APL de Defesa do Grande ABC
AS INSTITUIÇÕES DE ENSINO E SUA IMPORTÂNCIA PARA A INDÚSTRIA DE <strong>DEFESA</strong><br />
DRONE CARGUEIRO É EXEMPLO PRÁTICO<br />
DA INICIATIVA DE ESTUDANTES<br />
Exemplo de como a proatividade dos<br />
estudantes pode dar vida a projetos<br />
de grande utilidade é o que vem<br />
sendo realizado pelo Grupo de<br />
Pesquisa e Desenvolvimento Aeroespacial da<br />
Universidade Federal do ABC (GPDA/UFA-<br />
BC). Criado em 2008, o objetivo era auxiliar<br />
alunos do curso de Engenharia Aeroespacial<br />
a desenvolverem projetos e protótipos que<br />
consolidassem, na prática, o aprendizado das<br />
salas de aula.<br />
Formado inicialmente por 11 integrantes,<br />
o grupo construiu um drone cargueiro para<br />
participar da SAE Brasil Aerodesign, competição<br />
realizada em São José dos Campos (SP)<br />
pela Sociedade Engenheiros da Mobilidade.<br />
Os drones são pequenas aeronaves não<br />
tripuladas, controladas por radiofrequência, e<br />
que têm sido utilizados tanto como aparatos<br />
militares e de vigilância, quanto no registro<br />
de imagens de eventos culturais, esportivos e<br />
vários outros, inclusive o transporte de cargas<br />
em áreas de difícil acesso e em condições<br />
precárias.<br />
Atualmente, o GPDA se assemelha a uma<br />
empresa. Além de contar com mais de 30<br />
alunos, o grupo é avaliado na competição<br />
como se fosse de fato uma indústria, com<br />
análise de todo o processo, desde relatório de<br />
projeto, apresentação, teoria e prática, programa<br />
de marketing, gestão dos recursos e tudo<br />
o que reflete a eficiência do trabalho. Até foi<br />
adotado, a partir de 2010, o nome de Harpia<br />
Agrodesign, com a formação de uma nova<br />
equipe, a Harpia Pampers.<br />
No ano passado, o Harpia apresentou na<br />
SAE Brasil Aerodesign uma aeronave com 2<br />
metros de asa, de ponta a ponta; 1,5 metro de<br />
Foto: Pedro Esteban<br />
comprimento; pesando cerca de três quilos; e<br />
que voava com uma carga de sete quilos. O<br />
“capitão” da equipe, Lucas Pereira, aluno do<br />
quarto ano, conta que a avaliação do desempenho<br />
do protótipo foi feita com base em<br />
voo, pouso e agilidade na retirada da carga. “O<br />
processo todo não dura mais que cinco minutos, pois<br />
a avião levanta voo, completa um percurso de 360<br />
graus no ar e pousa”, detalha o estudante. O<br />
grupo conquistou o prêmio Menção Honrosa<br />
– Menor Tempo de Retirada de Carga. “Valeu<br />
o diferencial de nosso avião, que é como um cargueiro<br />
militar: precisa levar a carga e pousar no menor<br />
espaço possível utilizando o mínimo de condições”,<br />
observa Lucas.<br />
Apesar da grande evolução já alcançada<br />
pela Harpia Aerodesign, Lucas diz que ainda<br />
há muito a melhorar. E para que isso aconteça<br />
na velocidade que a equipe gostaria, é preciso<br />
recursos para investir em ferramentas, equipamentos<br />
e infraestrutura. Em muitos casos, essa<br />
verba sai dos bolsos dos próprios estudantes.<br />
“A elaboração e a construção do protótipo é um<br />
projeto à parte. A faculdade é fundamental para sua<br />
realização, pois apoia com conhecimento e logística,<br />
arca com os custos quando viajamos para participar<br />
da competição, mas o dia a dia é por nossa conta”,<br />
relata.<br />
Drone Harpia<br />
www.industriadefesaabc.com.br • Edição 01• Maio de 2014 33
REFORÇO SUECO NOS ARES <strong>DO</strong> <strong>BRASIL</strong><br />
Foto: Stefan Kalm<br />
REFORÇO SUECO NOS<br />
ARES <strong>BRASIL</strong>EIROS<br />
Tecnologia avançada e eficiência operacional são<br />
destaques do Gripen NG, caça escolhido pelo<br />
Governo Federal para compor o Projeto FX-2<br />
Saab Gripen<br />
34<br />
Maio de 2014 • Edição 01• Revista do APL de Defesa do Grande ABC
No dia 18 de dezembro<br />
de 2014,<br />
o ministro da Defesa,<br />
Celso Amorim<br />
anunciou uma das decisões<br />
mais esperadas em relação às<br />
Forças Armadas. O Governo<br />
Federal havia enfim definido a<br />
compra dos caças supersônicos<br />
que iriam renovar a frota da<br />
Força Aérea Brasileira (FAB).<br />
Após cerca de 15 anos de negociações,<br />
o modelo Gripen New<br />
Generation – ou apenas Gripen<br />
NG –, fabricado pela empresa<br />
sueca Saab, foi o escolhido. A<br />
notícia encerrou uma fase de<br />
expectativas e deu início a outra<br />
de grandes perspectivas.<br />
A compra em questão envolve<br />
36 aeronaves e investimentos<br />
de US$ 4,5 bilhões, que serão<br />
pagos até 2023. Segundo Amorim,<br />
a decisão resultou de muito<br />
estudo e ponderações criteriosas,<br />
que levaram em consideração a<br />
performance dos aviões, a transferência<br />
de tecnologia e o custo,<br />
inclusive de manutenção. Feita<br />
a escolha, o governo brasileiro<br />
define agora, com a Saab, o<br />
contrato de compra das aeronaves,<br />
processo que pode durar até<br />
o final deste ano. A entrega dos<br />
aviões – 12 unidades por ano<br />
– começará a ser feita 48 meses<br />
após a assinatura desse contrato.<br />
Ou seja, a primeira leva chegará<br />
em 2018.<br />
Embora a definição e a realização<br />
de um negócio internacional<br />
de tamanha proporção<br />
demande cautela e paciência, a<br />
movimentação ao seu redor é<br />
www.industriadefesaabc.com.br • Edição 01• Maio de 2014 35
astante acelerada. Sobretudo porque 80% da estrutura<br />
dos aviões serão construídos no Brasil. A<br />
unidade de São José dos Campos (SP) da Empresa<br />
Brasileira de Aeronáutica S.A., a Embraer, por<br />
exemplo, já entrou na fabricação das asas. Se o<br />
momento é de oportunidades para a indústria de<br />
defesa, o Grande ABC não poderia ficar de fora.<br />
“A indústria nacional<br />
vai fabricar 80% da<br />
estrutura dos aviões<br />
Gripen comprados pelo<br />
Brasil...”<br />
Esforço recompensado<br />
Muito antes de o ministro Celso Amorim<br />
anunciar a escolha brasileira em relação ao Gripen,<br />
o prefeito de São Bernardo do Campo (SP),<br />
Luiz Marinho, já trabalhava para que o potencial<br />
produtivo do polo industrial do Grande ABC<br />
fosse conhecido pelos envolvidos e efetivamente<br />
fizesse parte desse momento. Em março de 2010,<br />
Marinho chefiou uma delegação de brasileiros em<br />
visita à Suécia, com o objetivo de iniciar conversações<br />
nesse sentido, deixando sempre claro que<br />
a decisão da compra dos caças caberia somente à<br />
Presidência da República e às Forças Armadas.<br />
A iniciativa do prefeito de São Bernardo do<br />
Campo tomou proporções grandiosas. Da mesma<br />
forma que falava com desenvoltura sobre as<br />
indústrias do ABC, precisava ter conhecimento<br />
de causa para debater sobre as características do<br />
tal Gripen. Pois bem, Marinho voou em um dos<br />
caças e foi conhecer o processo produtivo. Com<br />
a delegação brasileira, visitou o Parque Tecnológico<br />
da Universidade de Linköping, cidade onde<br />
Foto: Wilson Magão<br />
Prefeito Luiz Marinho e dirigentes da Saab<br />
36<br />
Maio de 2014 • Edição 01• Revista do APL de Defesa do Grande ABC
REFORÇO SUECO NOS ARES <strong>DO</strong> <strong>BRASIL</strong><br />
Foto: Divulgação<br />
Saab Gripen<br />
está instalada a Saab. Como se<br />
não bastasse, ainda participou<br />
de uma audiência com o rei<br />
Carl Gustaf e a rainha Silvia.<br />
Após toda essa programação,<br />
não restou dúvidas de que os<br />
suecos veem o Brasil como<br />
uma potência em ascensão, com<br />
múltiplas oportunidades em<br />
mercados estratégicos.<br />
Naquela viagem, Marinho<br />
informou aos suecos sobre<br />
quão abrangente é a plataforma<br />
de pesquisa e desenvolvimento<br />
do Grande ABC, composta<br />
pela integração entre indústrias,<br />
instituições de ensino e gestão<br />
pública e a capacidade desse<br />
polo produtivo. Embora o projeto<br />
Gripen para o Brasil ainda<br />
“Suecos veem o Brasil<br />
como uma potência em<br />
ascensão, com múltiplas<br />
oportunidades em<br />
mercados estratégicos...”<br />
estivesse em fase de discussão,<br />
já se falava sobre a demanda de<br />
mão de obra. A estimativa era<br />
de mais de 2.000 empregos por<br />
ano na fase do desenvolvimento,<br />
cerca de 2.770 na etapa de<br />
fabricação e mais 1.000 para a<br />
montagem. Esses são números<br />
de vagas diretas.<br />
Se a notícia da compra dos<br />
caças Gripen pelo Brasil já era<br />
uma recompensa à dedicação<br />
do prefeito Luiz Marinho e de<br />
sua equipe, mais ainda quando a<br />
Saab confirmou a instalação de<br />
uma unidade em São Bernardo<br />
do Campo. Com possibilidades<br />
de entrar em atividade ainda em<br />
2014, essa filial da indústria sueca<br />
receberá investimentos iniciais<br />
de US$ 150 milhões, segundo o<br />
vice-presidente da Saab, Lennart<br />
Sindahl, que esteve na cidade no<br />
final de janeiro. Essa fábrica será a<br />
primeira de aeroestrutura nível 1<br />
da América Latina.<br />
Como o contrato da Saab<br />
com o Brasil está condicionado<br />
à transferência efetiva de tecnologia,<br />
a expectativa na região<br />
do Grande ABC torna-se ainda<br />
maior. Por meio da Secretaria de<br />
Desenvolvimento Econômico,<br />
www.industriadefesaabc.com.br • Edição 01• Maio de 2014 37
Foto: Divulgação<br />
Saab Gripen<br />
Trabalho e Turismo, a Prefeitura de São Bernardo<br />
do Campo tem trabalhado de forma intensa para<br />
expandir e acelerar o crescimento da inovação<br />
tecnológica da região. Tal empenho é fortalecido<br />
pela atuação do Arranjo Produtivo Local (APL) de<br />
Defesa do Grande ABC, que envolve a indústria,<br />
os órgãos públicos, as instituições de ensino e as<br />
Forças Armadas. De acordo com o secretário de<br />
Desenvolvimento Econômico, Jefferson Conceição,<br />
a meta é ampliar ainda mais a aproximação<br />
com a Suécia, inclusive com a organização de<br />
novas missões empresariais para o país, visando a<br />
busca de parcerias em diversas outras áreas que<br />
envolvam defesa.<br />
Vantagens do Gripen<br />
A escolha do Brasil pelo modelo New Generation<br />
do caça sueco coloca o país em uma<br />
posição de vanguarda, considerando que essa é<br />
uma atualização da versão atual do avião. É o<br />
que afirma o Tenente-Coronel Carlos Afonso<br />
“Sistemas de controle de<br />
voo e de aviônica facilitam<br />
pilotagem do Gripen...”<br />
de Araújo, piloto de provas da FAB que compôs<br />
a equipe (dois pilotos e um engenheiro) designada<br />
para avaliar o Gripen (versão D). Foram<br />
analisados 400 itens em diferentes fases do voo,<br />
sendo que a cada voo de teste foram realizados<br />
de 50 a 80 pontos de ensaio, segundo informações<br />
divulgadas pela FAB. A avaliação da equipe<br />
levou em consideração fatores como decolagem,<br />
taxi, voo de cruzeiro, descida, pouso e manobras,<br />
qualidade de pilotagem, características da<br />
aeronave e dos sistemas.<br />
Para o militar, que comanda o Esquadrão<br />
Pampa, unidade de caça instalada em Canoas<br />
(RS), os sistemas de controle de voo e de<br />
aviônica são fatores de destaque do Gripen,<br />
pois facilitam a pilotagem. A aviônica, por<br />
38<br />
Maio de 2014 • Edição 01• Revista do APL de Defesa do Grande ABC
REFORÇO SUECO NOS ARES <strong>DO</strong> <strong>BRASIL</strong><br />
exemplo, é composta por<br />
diversos sensores que apresentam<br />
com facilidade e de<br />
forma visualmente agradável<br />
todas as informações ao piloto.<br />
Segundo Araújo, essa é<br />
uma condição muito favorável<br />
para agilizar o raciocínio<br />
de quem controla a aeronave,<br />
principalmente porque<br />
a velocidade pode chegar a<br />
2.400 km/hora e em qualquer<br />
situação de combate é<br />
preciso ser ainda mais ágil<br />
nas decisões.•<br />
Foto: Divulgação<br />
Saab Gripen<br />
CONTATO DIRETO COM A SUÉCIA<br />
Uma das características mais<br />
marcantes da atual gestão<br />
de São Bernardo do Campo<br />
(SP) é agregar setores<br />
de forma a criar sinergia. Exemplo dessa<br />
dedicação é a inauguração do Centro<br />
de Pesquisa e Inovação Sueco-Brasileiro<br />
(CISB), em maio de 2011. A instituição<br />
é uma associação econômica sem fins lucrativos<br />
composta por membros do Brasil,<br />
da Suécia e também de outros países. Sua<br />
criação é uma iniciativa da Prefeitura de<br />
São Bernardo com Campo em parceria<br />
com a Saab, com o objetivo de fomentar<br />
o desenvolvimento tecnológico, a inovação<br />
e a busca por soluções para problemas<br />
globais e sociais. Foi por meio do CISB<br />
que a região do Grande ABC passou a<br />
integrar ativamente o Programa Ciência<br />
Sem Fronteiras, enviando estudantes brasileiros<br />
às universidades europeias.<br />
O CISB tem atuação direta na continuidade<br />
da integração entre parceiros<br />
suecos e brasileiros como organizações<br />
industriais, governamentais e acadêmicas.<br />
A negociação dos caças Gripen, por<br />
exemplo, conta com a participação do<br />
CISB no que diz respeito às informações<br />
de cada um dos países envolvidos e de<br />
seu polo de tecnologia, pesquisa e desenvolvimento.<br />
www.industriadefesaabc.com.br • Edição 01• Maio de 2014 39
PONTO DE VISTA<br />
TARCISIO SECCOLI<br />
Secretário de Serviços Urbanos de São<br />
Bernardo do Campo<br />
O que foi e o que representou<br />
a viagem de membros do<br />
secretariado municipal à Suécia?<br />
A pedido do Prefeito Luiz Marinho,<br />
chefiei delegação à Suécia, em junho de<br />
2013, composta por mim e pelos Secretários<br />
de Desenvolvimento Econômico, Trabalho<br />
e Turismo; de Relações Internacionais; e<br />
de Planejamento Urbano. A finalidade da<br />
viagem foi desenvolver aproximações com a<br />
região de Linköping, naquele país, visando<br />
intercâmbios em projetos na administração<br />
pública, especialmente nas áreas de mapas<br />
3D; sustentabilidade e reciclagem de resíduos;<br />
e cidades atrativas. Outro objetivo muito<br />
importante foi a promoção de intercâmbios<br />
entre empresários das duas regiões e, da<br />
mesma forma, entre universidades suecas e<br />
brasileiras.<br />
A partir dessa visita, quais<br />
investimentos podem ser esperados<br />
no futuro em São Bernardo do<br />
Campo?<br />
Vemos com alegria que as Secretarias de<br />
Desenvolvimento Econômico, Trabalho e<br />
Turismo e de Relações Internacionais têm<br />
dado sequência a essa ação, por meio da<br />
organização de uma missão à Suécia, em<br />
setembro deste ano, composta por empresários<br />
e dirigentes de universidades de<br />
ponta da nossa região (UFABC, FEI e Instituto<br />
Mauá). Essa missão terá a incumbência<br />
de estabelecer parcerias com as regiões<br />
de Linköping e Gotemburgo.<br />
É preciso dizer que queremos também<br />
atrair investimentos da Suécia e de<br />
outros países para São Bernardo. Para isto,<br />
são importantes os macroprojetos públicos<br />
como o Drenar, os corredores de ônibus e<br />
o vídeomonitoramento. O metrô também é<br />
estratégico.<br />
Voltando à missão empresarial à Suécia,<br />
quero dizer que, no campo empresarial,<br />
empresas dos segmentos de Ferramentaria,<br />
Autopeças e Defesa, que são três segmentos<br />
destacados em nossa cidade e na Região<br />
do ABC, buscarão realizar acordos de<br />
investimentos e joint ventures com empresas<br />
tecnológicas suecas, especialmente start-ups<br />
surgidas a partir das universidades.<br />
No caso das universidades, prevemos<br />
acordos para realização conjunta de pesquisa<br />
e desenvolvimento direcionado aos desafios<br />
da produção industrial e de outras atividades<br />
(inclusive políticas públicas, como as citadas<br />
acima). O resultado dessas pesquisas deverá<br />
ser a criação de empregos qualificados no<br />
futuro, bem como o aumento da competitividade<br />
de nossa região e das empresas aqui<br />
existentes. Destaco que essa competitividade<br />
será fortalecida por meios legítimos (inovação<br />
e produtividade) e não pelos mecanismos<br />
espúrios que tanto mal já fizeram à<br />
nossa região e particularmente a São Bernardo<br />
do Campo, como a guerra fiscal.<br />
40<br />
Maio de 2014 • Edição 01• Revista do APL de Defesa do Grande ABC
REFORÇO SUECO NOS ARES <strong>DO</strong> <strong>BRASIL</strong><br />
Cooperação para<br />
superar desafios<br />
Åke Albertsson<br />
Presidente da Saab do Brasil<br />
Temos visto um aumento de<br />
interesse e necessidade em aumentar<br />
a eficiência e melhorar<br />
as capacidades das Forças Armadas<br />
no Brasil para atender os<br />
requisitos da estratégia de defesa.<br />
Há uma demanda crescente na<br />
área de defesa, que surge a partir<br />
de fatores como o aumento da<br />
necessidade de monitoramento<br />
de fronteiras terrestres e marítimas<br />
do país, e a proteção de seus<br />
recursos naturais.<br />
Neste cenário, é extremamente<br />
importante que o go-<br />
verno, instituições acadêmicas,<br />
empresas e a sociedade em geral<br />
promovam discussões sobre a<br />
forma de atender a essas necessidades<br />
e levar a tecnologia à base<br />
industrial do país para o próximo<br />
nível.<br />
Iniciativas no segmento de defesa<br />
como as que tem sido tomadas<br />
pela região de São Bernardo do<br />
Campo são extremamente importantes.<br />
Uma delas é a criação do<br />
APL de Defesa do Grande ABC<br />
em que a Saab tem participado<br />
desde o início. A empresa partilha a<br />
opinião de que a região do Grande<br />
ABC pode se tornar um importante<br />
centro de pesquisa e desenvolvimento<br />
de alta tecnologia, não<br />
só para o setor de defesa. Acreditamos<br />
que a Saab pode ajudar, por<br />
sua vasta experiência no conceito<br />
de tripla hélice* (a empresa é,<br />
orgulhosamente, membro fundadora<br />
do Centro de Inovação Sueco<br />
Brasileiro, CISB) e a sua tradição<br />
em cooperação industrial. Por outro<br />
lado, a Saab pode se beneficiar<br />
com a tradição e o conhecimento<br />
das indústrias de São Bernardo<br />
do Campo no mercado brasileiro.<br />
Assim, discussões promovidas pelo<br />
APL de Defesa do Grande ABC<br />
são cruciais.<br />
Saab Gripen<br />
* A “tripla hélice” signifi ca<br />
uma estreita cooperação entre as<br />
universidades, as indústrias e o<br />
governo para resolver em conjunto<br />
os desafi os da sociedade.<br />
www.industriadefesaabc.com.br • Edição 01• Maio de 2014 41
Foto: Revista do APL<br />
Secretário Jefferson José da Conceição<br />
O ARRANJO PRODUTIVO LOCAL<br />
EM <strong>DEFESA</strong> <strong>DO</strong> GRANDE ABC<br />
Jefferson José da Conceição, Secretário do Desenvolvimento Econômico,<br />
Trabalho e Turismo de São Bernardo do Campo<br />
Nos últimos dez anos, o Brasil se<br />
destacou como potência emergente,<br />
alcançou posições mais influentes nos<br />
organismos internacionais e pleitou<br />
justificadamente maior peso no Conselho de Segurança<br />
da ONU. Nosso país dispõe de riquezas naturais cada<br />
vez mais essenciais para o mundo no Terceiro Milênio,<br />
como as reservas florestais, o petróleo e os mananciais<br />
hídricos. Estes fatores aumentaram significativamente<br />
a necessidade de reaparelhamento e fortalecimento de<br />
nossas Forças Armadas, no âmbito da Política Nacional<br />
de Defesa, com a criação de uma Base Industrial de<br />
Defesa no país. Registre-se que este fortalecimento é<br />
voltado prioritariamente para a defesa, dada a tradição<br />
pacífica de nossas relações internacionais.<br />
Após décadas de abandono, o investimento na<br />
indústria de defesa, iniciado no Governo Lula e<br />
continuado no Governo Dilma, projeta volumes de<br />
dispêndios expressivos no país para as próximas décadas,<br />
especialmente quando se levam em conta os esforços<br />
de nacionalização. Destaca-se ainda a MP 582, posteriormente<br />
transformada em Lei nº 12.598, de 22<br />
de março de 2012 instituindo o RETID – Regime<br />
Especial Tributário da Indústria de Defesa permitindo<br />
a aquisição com suspensão do PIS/PASEP, Cofins e IPI<br />
de insumos utilizados na fabricação de bens de defe-<br />
42<br />
Maio de 2014 • Edição 01• Revista do APL de Defesa do Grande ABC
ARTIGO<br />
sa nacional adquiridos de pessoas<br />
habilitadas no regime.<br />
É nesse quadro que a Região<br />
do Grande ABC - formada por<br />
Santo André, São Bernardo, São<br />
Caetano, Diadema, Mauá, Ribeirão<br />
Pires e Rio Grande da Serra - busca<br />
ampliar sua participação na Base<br />
Industrial de Defesa, especialmente<br />
por meio da reconversão de seu<br />
imenso parque industrial instalado<br />
- o maior da América Latina -,<br />
entendido como diversificação e<br />
ampliação de linhas de produção<br />
complementares às já existentes.<br />
O Grande ABC é conhecido<br />
por sua tradição na produção<br />
automotiva, metalmecânica, química<br />
e petroquímica. Sede de grandes<br />
montadoras de veículos no país,<br />
como Volkswagen, Ford, General<br />
Motors, Mercedes-Benz, Scania e<br />
Toyota, a Região concentra mais de<br />
50% da produção de caminhões e<br />
25% da produção de automóveis do<br />
Brasil. Destaca-se também a presença<br />
de centenas de empresas de<br />
autopeças, dos mais variados portes.<br />
A indústria local abrange ainda setores<br />
como têxtil, alimentício, moveleiro,<br />
gráfico, construção civil, entre<br />
outros. São 309 mil pessoas ocupadas<br />
na indústria de transformação,<br />
das quais 161 mil na indústria<br />
metalmecânica (SEADE-DIEESE,<br />
abril 2013). A Região está entre as<br />
maiores exportadoras do país.<br />
Além das dezenas de laboratórios<br />
e centros de engenharia instalados<br />
nas empresas privadas, encontram-se<br />
na Região do Grande<br />
ABC instituições de excelência no<br />
“Após décadas de<br />
abandono, o investimento<br />
na indústria de defesa,<br />
iniciado no Governo Lula<br />
e continuado no Governo<br />
Dilma, projeta volumes<br />
de dispêndios expressivos<br />
no País para as próximas<br />
décadas...”<br />
ensino superior e técnico: Centro<br />
de Serviços, Universidade Federal<br />
do ABC (UFABC), Centro Universitário<br />
da Fundação Educacional<br />
Inaciana (FEI – anteriormente,<br />
Faculdade de Engenharia Industrial),<br />
Universidade Federal de São<br />
Paulo (UNIFESP), Instituto Mauá<br />
de Tecnologia (IMT), Universidade<br />
Metodista de São Paulo (UMESP),<br />
Universidade de São Caetano do<br />
Sul (USCS), Faculdades de Tecnologia<br />
(FATECs), Fundação Salvador<br />
Arena, Faculdade de Direito de São<br />
Bernardo do Campo, escolas do<br />
Serviço Nacional de Aprendizagem<br />
Industrial (SENAIs), Escolas Técnicas<br />
Estaduais (ETECs), entre outras.<br />
No plano institucional, a Região<br />
inovou ao criar, na década de 1990,<br />
o Consórcio Intermunicipal Grande<br />
ABC – o primeiro consórcio<br />
público do país - e a Agência de<br />
Desenvolvimento Econômico do<br />
Grande ABC.<br />
É respaldado nesta estrutura<br />
econômica e de conhecimento que,<br />
desde 2010, importantes esforços e<br />
conquistas foram empreendidos pela<br />
Região do Grande ABC na busca<br />
de sua maior participação na Base<br />
Industrial de Defesa. Destacam-se:<br />
a) As viagens do Prefeito Luiz<br />
Marinho (atualmente Presidente do<br />
Consórcio Intermunicipal Grande<br />
ABC) à Suécia e à França, no 1º<br />
semestre de 2010, com o objetivo<br />
de apresentar a Região do Grande<br />
ABC e a possibilidade de esta<br />
ser objeto das contrapartidas dos<br />
fabricantes dos caças supersônicos<br />
participantes da licitação do FX-2;<br />
b) Os workshops e seminários<br />
realizados, em São Bernardo, com<br />
a sueca Saab e o Consórcio Rafale,<br />
da França;<br />
c) A inauguração, em São<br />
Bernardo, do Centro de Pesquisa e<br />
Inovação Sueco-Brasileiro (CISB)<br />
em maio de 2011;<br />
d) A aplicação de questionário da<br />
Boeing Company para empresas do<br />
Grande ABC, com o propósito da<br />
seleção de empresas da região para<br />
integrarem a rede mundial de suprimento<br />
da empresa aérea dos EUA;<br />
e) O seminário “As Oportunidades<br />
da Indústria de Defesa para<br />
o Brasil e o Grande ABC”, em<br />
outubro de 2011, com a presença<br />
dos presidentes do BNDES e da<br />
FINEP, representantes do Ministério<br />
da Defesa, da FIESP, Associação<br />
Brasileira das Indústrias de Materiais<br />
de Defesa e Segurança – ABIMDE<br />
e do Consórcio Intermunicipal<br />
Grande ABC, simultâneo a um Colóquio<br />
Acadêmico das universidades<br />
locais com o Instituto Tecnológico<br />
da Aeronáutica (ITA) e o Instituto<br />
Militar de Engenharia (IME);<br />
www.industriadefesaabc.com.br • Edição 01• Maio de 2014 43
O ARRANJO PRODUTIVO LOCAL EM <strong>DEFESA</strong> <strong>DO</strong> GRANDE ABC<br />
Foto: Divulgação<br />
Prefeitura de São Bernardo do Campo<br />
f) A assinatura de memorandos de entendimento<br />
entre a empresa Omnisys, de São Bernardo do Campo<br />
(Grupo Thales) e a FEI, visando oportunidades de intercâmbios<br />
diversos ligados à produção de conhecimento,<br />
desenvolvimento de talentos, pesquisa e projetos;<br />
i) O lançamento do livro bilíngue (português/<br />
inglês) “São Bernardo do Campo, Grande ABC: nova<br />
fronteira da indústria de defesa”, em outubro de 2011.<br />
Disponível em:<br />
http://www.saobernardo.sp.gov.br/dados2/SDET/<br />
GSDET/cadernos-sao-bernardo-vol02.pdf<br />
j) A conferência do Diretor do Departamento de<br />
Produtos de Defesa, do Ministério da Defesa, General<br />
Mattioli, em 6 de março de 2012, em São Bernardo,<br />
sobre o tema da Catalogação e Homologação de Produtos<br />
de Defesa;<br />
k) O envio de representante da Prefeitura de São<br />
Bernardo para a realização de curso sobre Catalogação<br />
em Produtos da Defesa, em agosto de 2012;<br />
l) A realização do seminário “Marinha do Brasil<br />
apresenta suas Demandas de Produtos e Serviços e<br />
como as empresas do Grande ABC podem se tornar<br />
fornecedoras dessa Força”, em São Bernardo do<br />
Campo, em 6 de dezembro de 2012, no Senai Mario<br />
Amato, juntamente com rodadas de relacionamento<br />
entre oficiais da Marinha e empresas da região - evento<br />
este que contou com a presença de aproximadamente<br />
500 empresários da região;<br />
m) A constituição, em dezembro de 2012, da<br />
Associação Parque Tecnológico de São Bernardo do<br />
Campo, que deverá concentrar suas atividades em cinco<br />
áreas, sendo que uma delas é a pesquisa em indústria<br />
de defesa (as outras são nas áreas de Petróleo e Gás;<br />
Automotiva; Design; e Ferramentaria);<br />
n) A constituição, em 7/3/2013, do Arranjo Produtivo<br />
Local (APL) de Defesa do Grande ABC, reunindo<br />
gestão pública, empresas, instituições de ensino e<br />
pesquisa, sindicatos, entre outros;<br />
o) A visita do Presidente do Consórcio Intermunicipal,<br />
Prefeito Luiz Marinho, à Escola Superior de<br />
Guerra (ESG), no Rio de Janeiro, em reunião com o<br />
General Tulio Cherem, então responsável pela Escola;<br />
p) A organização, juntamente com representantes<br />
do Exército Brasileiro, do evento “Grande ABC<br />
convida o Exército Brasileiro para expor seus projetos<br />
e suas Demandas de Produtos e Serviços para os<br />
próximos anos”;<br />
q) O lançamento do site industriadefesaabc.com.<br />
44<br />
Maio de 2014 • Edição 01• Revista do APL de Defesa do Grande ABC
ARTIGO<br />
br, em julho de 2013, em evento<br />
realizado com o Exército Brasileiro,<br />
mencionado acima;<br />
r) Participação de representante<br />
da Prefeitura de São Bernardo do<br />
Campo, do Sindicato dos Metalúrgicos<br />
e do Ciesp São Bernardo do<br />
Campo e Universidade Metodista<br />
no curso “Curso de Gestão de Recurso<br />
de Defesa - CGERD”;<br />
s) A Prefeitura de São Bernardo<br />
do Campo, por meio da Secretaria<br />
de Desenvolvimento Econômico,<br />
Trabalho e Turismo, ministrou aula<br />
sobre “O APL de Defesa do Grande<br />
ABC – Antecedentes históricos,<br />
desenvolvimento e perspectivas” no<br />
curso de Gestão de Recursos de<br />
<strong>DEFESA</strong> - CGERD;<br />
t) A Prefeitura de São Bernardo<br />
do Campo organizará uma Missão<br />
à Suécia em Setembro de 2014<br />
com objetivo de aproximar as Universidades,<br />
Parques Tecnológicos,<br />
Empresas para troca de experiências,<br />
prospectar novos mercados e<br />
estimular inovação.<br />
Desta forma, neste momento<br />
em que o país procura aumentar<br />
sua Base Industrial de Defesa e<br />
nacionalizar produtos e serviços<br />
anteriormente importados, nós,<br />
coordenadores do APL de Defesa<br />
do Grande ABC, apresentamos as<br />
seguintes propostas ao Governo<br />
Federal, ao Ministério de Defesa, às<br />
Forças Armadas, Instituições Representativas<br />
da Indústria de Defesa<br />
e Empresas em geral:<br />
1. Com o apoio do Ministério<br />
da Defesa, Ministério do Desenvolvimento,<br />
Indústria e Comércio<br />
Exterior e de instituições de apoio<br />
ao diagnóstico e fomento industrial,<br />
realização de detalhado estudo<br />
das possibilidades de reconversão da<br />
estrutura industrial da Região do<br />
ABC com vistas a atender à produção<br />
de componentes e itens estratégicos<br />
desta cadeia, especialmente<br />
aqueles que são hoje importados<br />
pelo país.<br />
“O Projeto Collabora objetiva<br />
desenvolver soluções para<br />
desafios globais, de caráter<br />
militar e civil, que requeiram<br />
a ação simultânea de<br />
sistemas diversos, em um<br />
ambiente para pesquisa e<br />
desenvolvimento colaborativo<br />
multidisciplinar...”<br />
2. Realização de experiênciaspiloto<br />
em torno de projetos das<br />
Forças Armadas, nas quais os itens e<br />
componentes que compõem estes<br />
projetos sejam repassados ao Consórcio<br />
Intermunicipal Grande ABC<br />
e ao APL de Defesa do Grande<br />
ABC, para que estes levantem as<br />
empresas da Região potencialmente<br />
aptas a, competitivamente, candidatar-se<br />
a concorrer aos processos<br />
licitatórios vinculados àqueles itens<br />
e componentes. A partir da listagem<br />
dessas empresas, haveria um esforço<br />
para sua catalogação e homologação,<br />
com o apoio do Ministério da<br />
Defesa e das três Forças Armadas.<br />
3. Análise da possibilidade da<br />
instalação, na Região do ABC, de<br />
algumas etapas preliminares do processo<br />
de catalogação de produtos e<br />
empresas, com vistas a incrementar<br />
este cadastramento na região.<br />
4. Envolvimento das instituições<br />
de ensino e pesquisa da Região<br />
no desenvolvimento de pesquisas<br />
de ponta vinculadas aos interesses<br />
estratégicos das Forças Armadas<br />
brasileiras e da Base Industrial de<br />
Defesa do país.<br />
5. Apoio do Governo Federal<br />
à instalação do Projeto Collabora<br />
– Centro de Desenvolvimento de<br />
Capacidades, do CISB - na Região<br />
do ABC. O projeto consiste em<br />
um local físico único para integração<br />
de especialistas em sistemas ou<br />
operações diferentes, para discussão<br />
de soluções que atendam a todos<br />
os requisitos do macrossistema<br />
ou megaoperação. Este projeto<br />
www.industriadefesaabc.com.br • Edição 01• Maio de 2014 45
O ARRANJO PRODUTIVO LOCAL EM <strong>DEFESA</strong> <strong>DO</strong> GRANDE ABC<br />
objetiva desenvolver soluções para desafios globais, de<br />
caráter militar e civil, que requeiram a ação simultânea<br />
de sistemas diversos, em um ambiente para pesquisa<br />
e desenvolvimento colaborativo multidisciplinar. Para<br />
isso, estará integrado às instituições de ensino e pesquisa<br />
locais e empresas de interesse e estará instalado em<br />
uma destas instituições.<br />
6. Indicação pelo Ministério da Defesa de representante,<br />
para participar, como convidado especial, nas<br />
reuniões do APL de Defesa e da Associação Parque<br />
Tecnológico de São Bernardo do Campo.<br />
7. Análise da possibilidade da aprovação da instalação<br />
de um SENAI Defesa no Grande ABC.<br />
8. Apoio à organização e à execução na Região de<br />
um curso de extensão, em nível superior, sobre a Base<br />
Industrial de Defesa e seu modus operandi, dirigido a<br />
empresários industriais, gerentes, sindicalistas, gestores<br />
públicos da Região e demais interessados.<br />
9. Dada a importância e ainda o relativo desconhecimento<br />
da MP 582 - Lei nº12.598/2012, para reduzir<br />
a zero as alíquotas de PIS/PASEP e Cofins, e isentar<br />
o IPI, incidentes nas operações de venda de bens ou<br />
prestação de serviços à União para uso privativo das<br />
Forças Armadas, propomos criar um grupo piloto de<br />
divulgação da Lei em âmbito da Região do Grande<br />
ABC, em parceria com o Consórcio Intermunicipal<br />
Grande ABC e a Agência de Desenvolvimento Econômico<br />
do Grande ABC.<br />
Cenários para a Região do ABC após a escolha<br />
do Gripen<br />
Uma importante frente de expansão da economia<br />
de São Bernardo do Campo, que vem sendo construída<br />
há alguns anos, entra agora em uma etapa decisiva,<br />
com a decisão final sobre o novo caça supersônico da<br />
Força Aérea Brasileira, tomada pela Presidenta Dilma<br />
ao final do ano de 2013.<br />
A escolha do modelo Gripen, da empresa sueca<br />
Saab, implicará na implantação de uma fábrica no<br />
município para a produção de uma parte da aeronave.<br />
Essa perspectiva é fruto de um forte envolvimento da<br />
administração municipal no assunto desde 2009. Como<br />
exposto anteriormente, o Prefeito de São Bernardo<br />
do Campo, Luiz Marinho, foi à Suécia, voou em um<br />
modelo Gripen e foi recebido em audiência pelo<br />
casal real. Posteriormente, seminários e workshops<br />
foram realizados com a Saab em São Bernardo; a Saab<br />
investiu US$ 50 milhões na criação do Centro de<br />
Pesquisa e Inovação Sueco-Brasileiro (CISB), com<br />
sede no município; e São Bernardo tornou-se cidade-irmã<br />
de Linköping, a cidade onde a Saab mantém<br />
sua sede e que possui uma universidade e um Parque<br />
Tecnológico. Em 2013, foi assinado um Memorando<br />
Foto: Divulgação<br />
Sistema de monitoramento das áreas de mananciais<br />
46<br />
Maio de 2014 • Edição 01• Revista do APL de Defesa do Grande ABC
ARTIGO<br />
“O Grande ABC conta<br />
desde 2013 com o único<br />
Arranjo Produtivo local de<br />
Defesa existente no país<br />
e muitas empresas vêm<br />
buscando ampliar suas<br />
ações e parcerias....”<br />
de Entendimento entre as duas<br />
cidades, prevendo parcerias entre<br />
os governos, as universidades e o<br />
setor produtivo de ambas. Ao longo<br />
desse processo, a Saab estabeleceu<br />
o compromisso de implantar uma<br />
etapa da produção das aeronaves no<br />
município, além de iniciar parcerias<br />
para pesquisa e desenvolvimento<br />
com universidades da Região do<br />
Grande ABC.<br />
Estimativas anteriores indicavam<br />
5.860 empregos gerados pela<br />
fabricação do Gripen no Brasil.<br />
A informação mais atual, fornecida<br />
ao jornal Valor Econômico<br />
(19/12/2013) pela Akaer, empresa<br />
que teve 15% de seu capital adquirido<br />
pela Saab, indicam um investimento<br />
de US$ 150 milhões na<br />
nova fábrica em São Bernardo. Utilizando<br />
coeficientes de geração de<br />
emprego do BNDES atualizados,<br />
a Secretaria de Desenvolvimento<br />
Econômico, Trabalho e Turismo de<br />
São Bernardo do Campo estima<br />
que esse investimento tem o potencial<br />
de geração de cerca de 2.500<br />
empregos: 435 diretos, 345 indiretos,<br />
na cadeia produtiva (estima-se<br />
que 40% dos fornecedores possam<br />
ser do Grande ABC), e 1.740 pelo<br />
chamado efeito-renda, decorrente<br />
do aumento do consumo pelos<br />
trabalhadores contratados.<br />
Além disso, esse investimento<br />
atrairá outros elos da cadeia produtiva<br />
para o Grande ABC, entre fornecedores<br />
e prestadores de serviços.<br />
O Grande ABC conta desde 2013<br />
com o único Arranjo Produtivo<br />
Local de Defesa existente no País<br />
e muitas empresas vêm buscando<br />
ampliar suas ações e parcerias. É<br />
previsível o fortalecimento desse<br />
APL com novos investidores na<br />
região. Um caso de uma empresa<br />
que está ampliando suas atividades<br />
em São Bernardo é a Omnisys,<br />
ligada ao Grupo Thales da França,<br />
que realiza no momento um novo<br />
investimento para produção de<br />
radares de longa distância. Outro<br />
impacto importante serão as parcerias<br />
acadêmicas com universidades<br />
locais, que poderão dar margem<br />
à integração de uma parte dos<br />
engenheiros formados na Região à<br />
cadeia produtiva do Gripen e também<br />
à formação de novas empresas<br />
de alta tecnologia para prestação de<br />
serviços a essa mesma cadeia. Os<br />
Parques Tecnológicos da Região<br />
irão se integrar a esse processo, com<br />
a criação de start ups (novas empresas)<br />
e desenvolvimento de pesquisas<br />
aplicadas à indústria de defesa. O<br />
Parque Tecnológico de São Bernardo<br />
do Campo, especificamente,<br />
tem a Defesa entre seus eixos<br />
estratégicos, o que favorece o início<br />
imediato de pesquisas e parcerias<br />
com a própria Saab e sua rede de<br />
fornecedores e prestadores locais.<br />
A Akaer, na matéria citada,<br />
estima um impacto de US$ 15 bilhões<br />
na economia brasileira com a<br />
produção do Gripen. Se a unidade<br />
fabril de São Bernardo do Campo<br />
e sua cadeia produtiva regional<br />
vierem a contribuir com 20% desse<br />
montante, serão no mínimo US$<br />
3 bilhões gerados na Região. Um<br />
impacto muito expressivo, que<br />
reverterá positivamente na arrecadação<br />
tributária, portanto na capacidade<br />
regional de realizar políticas<br />
públicas em benefício da população.<br />
Ainda deve-se acrescentar a isso<br />
o chamado efeito-renda, que significa<br />
o potencial de consumo dos<br />
trabalhadores inseridos nessa cadeia<br />
produtiva, beneficiando o comércio<br />
e os serviços locais, o que aumentará<br />
esse impacto. Vale considerar que<br />
20% (um quinto) é uma estimativa<br />
conservadora, em vista do reiterado<br />
compromisso da Saab de instalar<br />
uma unidade no município. •<br />
Jefferson José da Conceição é<br />
Secretário de Desenvolvimento<br />
Econômico, Trabalho e Turismo de São<br />
Bernardo do Campo; Coordenador do<br />
GT de Desenvolvimento Econômico<br />
do Consórcio Intermunicipal do<br />
Grande ABC; e Coordenador do APL<br />
de Defesa do Grande ABC.<br />
www.industriadefesaabc.com.br • Edição 01• Maio de 2014 47
CATALOGAÇÃO DE PRODUTOS E SERVIÇOS<br />
PROCESSO RIGOROSO<br />
E IMPRESCINDÍVEL<br />
A catalogação de produtos e serviços é uma etapa primordial para as<br />
empresas que pretendem se tornar fornecedoras das Forças Armadas<br />
As Forças Armadas do Brasil vivem importante<br />
processo de modernização,<br />
sustentado por inovação tecnológica,<br />
reaparelhamento, atualização de políticas<br />
públicas e estratégias, além de parcerias com<br />
outros órgãos públicos e com a iniciativa privada.<br />
Tal cenário amplia o horizonte para a indústria<br />
de defesa. No entanto, para que possam atuar diretamente<br />
com Aeronáutica, Exército e Marinha,<br />
toda e qualquer empresa deve ter seus produtos<br />
e serviços catalogados junto às Forças Armadas.<br />
Caso contrário, não poderá participar dos processos<br />
de licitação.<br />
O Sistema Militar de Catalogação (Sismicat)<br />
é muito criterioso, e rigoroso. Trata-se de um<br />
sistema uniforme e comum para identificação,<br />
classificação e codificação de itens de suprimento<br />
das Forças Armadas brasileiras. Composto pelo<br />
Ministério da Defesa e pelo Centro de Catalogação<br />
das Forças Armadas (Cecafa) e regulamentado<br />
pela Portaria Normativa nº 813/MD, de 24<br />
de junho de 2005, o Sismicat foi concebido para<br />
possibilitar máxima eficiência no apoio logístico<br />
e facilitar a gerência de dados dos materiais em<br />
uso nas organizações participantes.<br />
Benefícios individuais e coletivos<br />
O sistema também agrega valor à imagem<br />
das empresas credenciadas. A companhia que<br />
corresponde às exigências desse processo, com<br />
aprovação quanto às características técnicas de<br />
Foto: Divulgação<br />
Flávia Beltran, em visita ao Cecat, foi recebida pelo<br />
Diretor, Cel. Av. André Luiz dos Santos Caldeira<br />
48<br />
Maio de 2014 • Edição 01• Revista do APL de Defesa do Grande ABC
CATALOGAÇÃO DE PRODUTOS E SERVIÇOS<br />
Foto: Divulgação<br />
Prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho, discursa no evento de<br />
Catalogação e Homologação de Produtos de Defesa<br />
e materiais de uso individual e<br />
coletivo utilizados no campo<br />
da defesa – exceto itens de<br />
uso administrativo – contratados<br />
ou adquiridos no âmbito<br />
do Ministério da Defesa pelas<br />
Forças, passam a ser denominados<br />
Produto de Defesa<br />
(Prode).<br />
produtos e aos métodos e processos<br />
de fabricação, passa a<br />
fazer parte da Base Industrial<br />
de Defesa (BID), o conjunto<br />
de empresas estatais e privadas<br />
que participam de uma<br />
ou mais etapas de pesquisa,<br />
desenvolvimento, produção,<br />
distribuição e manutenção<br />
de produtos estratégicos de<br />
defesa.<br />
A catalogação traz ainda<br />
benefícios coletivos, pois fortalece<br />
a notoriedade do Brasil<br />
como país que detém um<br />
nível elevado de informações<br />
sobre os itens que abastecem<br />
a indústria de defesa, e que<br />
passam a ser conhecidos por<br />
mais de 50 países. De maneira<br />
geral, esse processo traz<br />
vantagens significativas em<br />
termos de logística: permite o<br />
uso de linguagem única para<br />
todos os setores que tratam de<br />
material; promove a concentração<br />
de informações sobre<br />
itens de suprimento; favorece<br />
o controle gerencial dos itens;<br />
permite a redução de áreas<br />
de armazenagem; e facilita o<br />
apoio logístico integrado entre<br />
usuários do sistema (Forças<br />
e países).<br />
A partir de agora, as empresas<br />
credenciadas para atender<br />
as Forças Armadas terão<br />
mais do que novas oportunidades.<br />
Visando a fomentar a<br />
Indústria de Defesa Nacional,<br />
o Governo Federal tem estabelecido<br />
incentivos fiscais e<br />
regulamentação para compra,<br />
contratações e desenvolvimento<br />
de produtos e sistemas<br />
de defesa. Exemplo disso é o<br />
Regime Especial Tributário<br />
para a Indústria de Defesa<br />
(RETID), regulamentado pelo<br />
Decreto nº 8.122, de 16 de<br />
outubro de 2013. A iniciativa<br />
também passa pela padronização<br />
de nomenclaturas: todo<br />
bem, serviço, obra ou informação,<br />
inclusive armamentos,<br />
munições, meios de transporte<br />
e comunicações, fardamentos<br />
“Catalogação<br />
também agrega<br />
valor à imagem das<br />
empresas...”<br />
Integração para<br />
informar<br />
Por conta dessa importância<br />
e do compromisso com<br />
o fomento do setor, a Secretaria<br />
de Desenvolvimento<br />
Econômico, Trabalho e Turismo<br />
da Prefeitura de São<br />
Bernardo do Campo, por<br />
meio do Arranjo Produtivo<br />
Local (APL) de Defesa do<br />
Grande ABC, tem trabalhado<br />
para promover a aproximação<br />
do polo industrial da região<br />
com as Forças Armadas.<br />
Tanto que o APL de Defesa<br />
já realizou dois eventos – um<br />
com a Marinha e outro com<br />
o Exército – exatamente<br />
para tratar deste assunto. Nas<br />
duas ocasiões, oficiais falaram<br />
aos convidados sobre os<br />
detalhes de suas demandas e<br />
www.industriadefesaabc.com.br • Edição 01• Maio de 2014 49
os trâmites para que qualquer empresa possa se<br />
tornar sua fornecedora.<br />
Além dessa aproximação, o APL de Defesa<br />
se dedica a oferecer o máximo de informações<br />
técnicas a seus integrantes. Tanto que Flávia<br />
Beltran, assessora de Gabinete da Secretaria de<br />
Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo<br />
tem participado de cursos específicos sobre<br />
catalogação junto ao Ministério de Defesa.<br />
Em novembro de 2013, por exemplo, a executiva<br />
se reuniu com o diretor do Centro de<br />
Catalogação da Aeronáutica (Cecat), o Cel. Av.<br />
André Luiz dos Santos Caldeira, para conhecer<br />
as atividades daquela unidade e identificar os<br />
aspectos pertinentes à promoção e ao fomento<br />
da indústria nacional. Entre os tópicos tratados<br />
durante a visita de Flávia Beltran ao Cecat,<br />
destaque para os aspectos relativos ao processo de<br />
aquisição das diversas classes de materiais do Comando<br />
da Aeronáutica (Comaer) e a relevância<br />
do tema Cláusula Contratual de Catalogação.<br />
Sendo o maior polo industrial da América<br />
Serviço<br />
Os empresários interessados<br />
em conhecer todo o processo<br />
de catalogação e saber exatamente<br />
como devem proceder<br />
para catalogar seus produtos<br />
e serviços podem entrar em<br />
contato com a Secretaria de<br />
Desenvolvimento Econômico,<br />
Trabalho e Turismo pelo e-mail<br />
industria@saobernardo.sp.gov.br.<br />
VANTAGENS<br />
O que a indústria ganha<br />
com a catalogação<br />
As empresas que se credenciam<br />
como fornecedoras das<br />
Forças Armadas, inclusive com<br />
produtos inseridos na lista de<br />
itens catalogados, alcançam uma<br />
série de benefícios que compensam<br />
o esforço desse processo.<br />
O Centro de Catalogação<br />
da Aeronáutica (Cecat), órgão<br />
central do Sistema de Catalogação<br />
da Aeronáutica (SISCAE),<br />
aposta nessas vantagens para<br />
incentivar as indústrias a participarem.<br />
Confira algumas delas:<br />
• Divulgação da empresa nacional<br />
no exterior;<br />
• Melhoria no relacionamento<br />
governo e indústria, por meio<br />
do uso de um único sistema de<br />
identificação de material;<br />
• Uso de uma linguagem comum<br />
compreendida por todos<br />
(fabricante e compradores);<br />
• Gestores e compradores<br />
podem ter acesso aos dados<br />
comerciais de um fabricante,<br />
tais como endereços, telefones e<br />
homepage;<br />
• O NATO Stock Number<br />
(NSN) substitui, com vantagens,<br />
os códigos comerciais de<br />
identificação de materiais, tais<br />
como UPC, UNSPSC, EAN e<br />
NCM;<br />
• A Indústria Nacional de<br />
Defesa, considerando a Lei nº<br />
12.598, de 22 de março de<br />
2012, e o Decreto nº 8.122, de<br />
16 de outubro de 2013, e cumprindo-se<br />
determinados requisitos,<br />
poderá ser enquadrada em<br />
normas especiais para compras,<br />
contratações e desenvolvimento<br />
de produtos e sistemas de defesa<br />
sobre regras de incentivo à área<br />
estratégica de defesa e regime<br />
especial tributário.<br />
NACIONALIZAÇÃO<br />
Oportunidades para<br />
empresas brasileiras<br />
Com uma carreira de 36<br />
anos na Força Aérea Brasileira<br />
(FAB), dos quais 21 como piloto<br />
de caça, o Brigadeiro do Ar<br />
Ricardo Cesar Mangrich é hoje<br />
o responsável pela aquisição<br />
de todos os produtos de uso<br />
da FAB. Há cerca de um ano e<br />
meio, o oficial assumiu o cargo<br />
de diretor do Centro Logístico<br />
da Aeronáutica (Celog). Pela<br />
experiência acumulada e pelo<br />
que tem visto na atual função,<br />
o Brigadeiro diz existir espaço<br />
significativo para o crescimento<br />
da indústria nacional. “Há uma<br />
50<br />
Maio de 2014 • Edição 01• Revista do APL de Defesa do Grande ABC
CATALOGAÇÃO DE PRODUTOS E SERVIÇOS<br />
Latina, o Grande ABC tornase<br />
agente importante nesse<br />
processo de renovação das<br />
Forças Armadas. O processo<br />
de catalogação só amplia as<br />
possibilidades de negócios<br />
para as empresas locais, que<br />
por sua vez contribuirão para<br />
reduzir a dependência das<br />
Forças Armadas de fornecedores<br />
internacionais. •<br />
Foto: Romualdo Venâncio<br />
diferença muito grande entre produto<br />
e produção, ou seja, um campo<br />
de oportunidades para se fabricar<br />
muita coisa”.<br />
Parte dessas possibilidades<br />
vem da nacionalização de produtos,<br />
que possibilita ter itens<br />
com custo menor, capacita empresas<br />
que já são do setor e abre<br />
perspectivas de mercado. Esse<br />
processo garante à Aeronáutica<br />
o abastecimento de algum item<br />
específico que ainda não exista<br />
ou então que esteja disponível<br />
por um preço exorbitante, inviável<br />
para as definições da FAB.<br />
“Nesse caso, utilizamos a engenharia<br />
reversa em nosso laboratório<br />
para obter todas as informações que<br />
permitam a fabricação do produto<br />
no Brasil”, explica Mangrich.<br />
No entanto, como a FAB não<br />
é fabricante abre uma licitação<br />
para encontrar uma empresa<br />
que possa suprir essa necessidade.<br />
Quando isso acontece, o<br />
produto é patenteado pela FAB<br />
Brigadeiro do Ar Ricardo Cesar Mangrich, diretor<br />
do Celog da Aeronáutica<br />
e passa a ser fabricado apenas<br />
para uso próprio, não tem<br />
objetivos comerciais. “Nesses<br />
termos, não é considerado quebra de<br />
patente”, esclarece o Brigadeiro.<br />
O Celog ainda cuidará do<br />
registro e da certificação desse<br />
item. “Somos um órgão certificador,<br />
passamos anualmente por rigorosas<br />
inspeções”, acrescenta. O Celog<br />
também está habilitado para fazer<br />
a catalogação dos produtos<br />
que nacionalizar. “A catalogação<br />
é muito importante, pois gera um<br />
número que é reconhecido por todo<br />
o mercado e permite a rastreabilidade<br />
no mundo inteiro”, descreve<br />
Mangrich.<br />
Falando especificamente do<br />
polo industrial do Grande ABC,<br />
o Brigadeiro vê como virtuosa<br />
e bastante natural a capacitação<br />
do setor automobilístico para<br />
atender a aviação. “A indústria automobilística<br />
está entre os produtos de<br />
uso da aeronáutica e de uso comum”,<br />
compara. Segundo ele, nos protótipos<br />
de armamentos ainda em<br />
fase de testes são utilizados materiais<br />
do segmento automobilístico,<br />
“de forma totalmente segura”, faz<br />
questão de destacar o oficial.<br />
www.industriadefesaabc.com.br • Edição 01• Maio de 2014 51
SINDICATOS E CAPACITAÇÃO<br />
DA MÃO DE OBRA: CAMINHO<br />
PARA INOVAR<br />
A qualificação da mão de obra está entre as prioridades da indústria<br />
de defesa no processo de evolução técnica e os sindicatos do Grande<br />
ABC estão empenhados em investir nesse campo para assegurar<br />
benefícios à força de trabalho<br />
A<br />
criação do Arranjo Produtivo Local<br />
(APL) de Defesa do Grande ABC<br />
tem proporcionado a oportunidade<br />
de diversas mudanças positivas na<br />
relação entre Forças Armadas, indústria de defesa,<br />
instituições de ensino, centros de pesquisa e<br />
demais envolvidos com o setor. Uma delas pode<br />
ser considerada um marco no que diz respeito à<br />
capacitação de mão de obra que atua no polo industrial<br />
da região. Em 2013, um sindicalista participou,<br />
pela primeira vez, do Curso de Gestão de<br />
Recursos de Defesa realizado pela Escola Superior<br />
de Guerra (ESG). O diretor executivo do<br />
Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (SMABC),<br />
José Roberto Nogueira da Silva, o “Bigodinho”,<br />
teve a chance de conhecer de perto diversas<br />
instalações militares e de trocar informações com<br />
alguns empresários. “Foi uma quebra de paradigmas.<br />
No início, a cada ponderação que eu fazia percebia o<br />
estranhamento nos olhares das pessoas. Mas, no final,<br />
ficou uma relação fantástica, uma grande aproximação<br />
com todos”, comenta.<br />
A interação foi tamanha que persistiu mesmo após<br />
o fim do curso. “Executivos que conheci na ESG vêm me<br />
visitar na sede do sindicato com o intuito de trocar informações<br />
e saber sobre nossos passos, entre outros assuntos. Após<br />
conhecerem nossa política de atuação, o que temos discutido<br />
José Roberto Nogueira da Silva,<br />
diretor executivo do SMABC<br />
sobre o setor e o que pensamos para o futuro, perceberam que a<br />
contribuição mútua é muito importante e pode trazer excelentes<br />
frutos para todos”, analisa Bigodinho. Para o sindicalista,<br />
tal relacionamento é uma forma de promover<br />
inovação, pois o debate entre empresários e trabalhadores<br />
em um mesmo patamar representa importante<br />
Foto: Divulgação<br />
52<br />
Maio de 2014 • Edição 01• Revista do APL de Defesa do Grande ABC
SINDICATOS E CAPACITAÇÃO DA MÃO DE OBRA: UM CAMINHO PARA INOVAR<br />
Foto: Divulgação<br />
Alunos do Curso<br />
de Gestão de<br />
Recursos de<br />
Defesa da ESG<br />
mudança cultural nesse diálogo.<br />
“Precisamos ter mais lideranças de<br />
trabalhadores participando desse curso, e<br />
não apenas metalúrgicos, mas químicos,<br />
bancários, entre outros, para fomentar as<br />
bases”, acrescenta.<br />
Essa integração poderá ser cada<br />
vez mais valiosa, e necessária, em<br />
razão de uma demanda crescente<br />
no setor. Segundo Bigodinho, a<br />
capacitação da mão de obra é imprescindível<br />
para que a indústria<br />
nacional aproveite as oportunidades.<br />
Durante o curso na ESG, ele<br />
conheceu um pouco mais sobre<br />
“Executivos que conheci<br />
na ESG vêm me visitar<br />
na sede do sindicato<br />
com o intuito de trocar<br />
informações e saber<br />
sobre nossos passos,<br />
entre outros assuntos...”<br />
o potencial das empresas, o que<br />
ressaltou ainda mais a relevância<br />
da qualificação dos trabalhadores.<br />
“Sem a devida preparação para atender<br />
à demanda do mercado, principalmente<br />
de empresas estrangeiras que<br />
estão investindo no Brasil, deixaremos<br />
uma imagem de que não damos conta”,<br />
alerta o sindicalista.<br />
Integração de setores<br />
A capacitação da mão de obra<br />
que atende, e continuará a<br />
atender, a indústria de defesa é<br />
um processo contínuo e abrangente,<br />
da mesma maneira como<br />
acontece em qualquer outro<br />
segmento produtivo. O resultado<br />
mais aparente é a oferta de profissionais<br />
qualificados para suprir<br />
demanda das empresas. Outro<br />
impacto marcante é o estímulo<br />
aos trabalhadores, a percepção<br />
deles mesmos quanto à influência<br />
do investimento nos estudos<br />
em suas carreiras profissionais e<br />
em suas vidas de maneira geral.<br />
Tal movimento passa pela aproximação<br />
entre as entidades de<br />
classe, como o SMABC, e as instituições<br />
de ensino, a exemplo das<br />
universidades, escolas técnicas e<br />
unidades do Serviço Nacional de<br />
Aprendizado Industrial (SENAI).<br />
É por meio dessa integração que<br />
o SMABC oferece, há 30 anos,<br />
cursos gratuitos a seus associados.<br />
Bigodinho conta que por<br />
conta de mudanças estruturais<br />
do país e alterações no setor,<br />
como as terceirizações, houve<br />
uma redução na formação de<br />
profissionais de nível técnico.<br />
Para ele boa parte dos estudantes<br />
tem preferido ingressar<br />
diretamente em uma faculdade<br />
de engenharia a passar primeiro<br />
pelos cursos técnicos, o que<br />
acabou reduzindo a disponibilidade<br />
de trabalhadores com esse grau<br />
de escolaridade. Por conta dessa<br />
mudança, muitos profissionais<br />
recém-saídos dos cursos de<br />
engenharia acabaram na função<br />
www.industriadefesaabc.com.br • Edição 01• Maio de 2014 53
de alguém com nível técnico, e não universitário.<br />
“Até o salário dessa população acabou diminuindo”,<br />
relata o diretor do SMABC.<br />
A situação está sendo revertida com a retomada<br />
da formação de técnicos. O Sindicato dos Metalúrgicos<br />
do ABC, por exemplo, inaugurou em<br />
dezembro de 2013, na cidade de Diadema (SP),<br />
a Escola Livre para Formação Integral “Dona<br />
Lindu”, em uma área construída de 2.000m².<br />
Conforme a coordenação da entidade, esperase<br />
atender cerca de 3 mil alunos até julho deste<br />
ano e, a longo prazo, que a instituição forme 10<br />
mil estudantes por ano. De acordo com o diretor<br />
de Organização do SMABC, Moisés Selerges,<br />
as propostas de políticas para novos investimentos<br />
no ABC estão condicionadas à formação de<br />
trabalhadores. “Além disso, temos a preocupação com<br />
a formação desses profissionais enquanto cidadãos, conhecedores<br />
de seus direitos”, ressalta. A Escola “Dona<br />
Lindu” oferece, em parceria com o SENAI,<br />
cursos como “Matemática Aplicada à Mecânica”,<br />
“AutoCad 2D” e “Redação Técnica”.<br />
“A partir de iniciativas como essa, geramos oportunidades<br />
para que as diversas categorias de trabalhadores<br />
venham a estudar, sobretudo quem não tem condições<br />
de investir no ensino”, comenta Bigodinho. “Isso é<br />
um sonho se realizando, pois conseguimos produzir mão de<br />
obra de acordo com a demanda do mercado e oferecer melhor<br />
qualidade de emprego para essas pessoas”, comemora.<br />
Defesa ainda é novidade<br />
A capacitação de mão de obra é um assunto que<br />
já permeia as discussões trabalhistas há muito<br />
tempo. No entanto, especificamente sobre o setor<br />
de defesa pode-se dizer que é algo recente. Até<br />
mesmo as empresas ainda estão se adequando às<br />
exigências do setor, como é o caso dos processos<br />
de catalogação e homologação para se tornarem<br />
fornecedoras das Forças Armadas. Aquelas que<br />
chegam muito perto mas, por qualquer motivo,<br />
não conseguem passar por todas as etapas dessa<br />
rigorosa análise, certamente vão rever seus procedimentos,<br />
passo a passo, antes de tentarem novamente.<br />
Mais do que poder participar de qualquer<br />
licitação da Marinha, do Exército ou da Aeronáutica,<br />
a companhia terá um diferencial significativo<br />
diante do mercado.<br />
“Sem a devida preparação<br />
para atender à demanda do<br />
mercado, principalmente de<br />
empresas estrangeiras que estão<br />
investindo no Brasil, deixaremos<br />
uma imagem de que não damos<br />
conta...”<br />
Uma das principais notícias do setor envolvendo<br />
a região do Grande ABC foi o anúncio do Governo<br />
Federal sobre a compra dos caças Gripen New<br />
Generation, fabricados pela empresa sueca Saab, para<br />
o Projeto FX-2. Independentemente dessa negociação,<br />
a prefeitura de São Bernardo, há pelo menos<br />
quatro anos tem se aproximado da companhia.<br />
Tanto que, mesmo antes de o Ministério da Defesa<br />
revelar a escolha pelos Gripen, a direção da Saab já<br />
havia criado o CISB – Centro de Pesquisa e Inovação<br />
Sueco-Brasileiro – na cidade e se comprometido<br />
a instalar uma unidade no município, caso viesse<br />
a ser a fornecedora dos aviões.<br />
A partir de agora, começa uma movimentação<br />
intensa para saber exatamente a dimensão das possibilidades<br />
e como aproveitá-las. “Se estamos falando de<br />
uma empresa que vem ao país e, mais especificamente, a São<br />
Bernardo, para fabricar caças, é algo muito grande. Temos de<br />
pensar no futuro, discutir e entender as particularidades das<br />
demandas do setor de defesa”, observa Bigodinho. Para o<br />
sindicalista, é preciso aproveitar essa experiência com<br />
a Saab até para que o polo industrial do ABC esteja<br />
pronto para as próximas oportunidades.<br />
“Quantos empregos diretos e indiretos podem surgir,<br />
sobretudo para a mão de obra qualificada? Como isso<br />
54<br />
Maio de 2014 • Edição 01• Revista do APL de Defesa do Grande ABC
SINDICATOS E CAPACITAÇÃO DA MÃO DE OBRA: UM CAMINHO PARA INOVAR<br />
“É importante a<br />
população saber por<br />
quais motivos precisamos<br />
de desenvolvimento<br />
tecnológico para a defesa.<br />
Embora não exista a<br />
intenção de o país atacar<br />
ninguém, precisamos de<br />
fato estar seguros...”<br />
pode fortalecer a economia de São<br />
Bernardo e do Grande ABC?<br />
Quantos investimentos serão necessários<br />
para atender essa demanda?<br />
São várias as perguntas que temos<br />
de responder o quanto antes”,<br />
orienta Bigodinho. O diretor<br />
do SMABC destaca ainda que<br />
a capacitação da mão de obra<br />
garante ao Grande ABC a possibilidade<br />
de as indústrias locais<br />
entrarem como parte da inteligência<br />
dessa produção, e não<br />
apenas com a linha de montagem.<br />
“Vamos precisar de pessoas<br />
com muito conhecimento.”<br />
As questões profissionais, de<br />
uma forma ou de outra, acabam<br />
envolvendo demandas de<br />
cunho social. É imprescindível<br />
informar aos moradores da<br />
região sobre os acontecimentos.<br />
O sindicato coloca todos<br />
os seus canais de comunicação,<br />
que atendem uma base de 100<br />
mil nomes, a serviço desses esclarecimentos,<br />
como é o caso do<br />
jornal impresso Tribuna Metalúrgica,<br />
com 60 mil exemplares<br />
diários, e do site da entidade.<br />
“É importante a população saber<br />
por quais motivos precisamos de<br />
desenvolvimento tecnológico para<br />
a defesa. Embora não exista a<br />
intenção de o país atacar ninguém,<br />
precisamos de fato estar seguros.<br />
Não adianta apenas parecermos seguros”,<br />
acrescenta Bigodinho.•<br />
Evento de inauguração da<br />
Escola Livre para Formação<br />
Integral “Dona Lindu”<br />
Foto: Divulgação<br />
www.industriadefesaabc.com.br • Edição 01• Maio de 2014 55
“Os países mais<br />
poderosos e<br />
influentes são aqueles<br />
que têm a indústria<br />
de defesa mais forte e<br />
avançada”<br />
Jairo Cândido<br />
Diretor-titular do Departamento da Indústria de<br />
Defesa – Comdefesa da FIESP e Presidente do<br />
Grupo Inbra Aerospace<br />
A visão estratégica de um<br />
polo da indústria de defesa<br />
A<br />
indústria de defesa é um dos segmentos<br />
econômicos com maior potencial de<br />
desenvolvimento tecnológico. Muitas<br />
tecnologias que usamos no dia a dia, do<br />
GPS à internet, tiveram suas origens em sistemas<br />
desenvolvidos para a defesa dos países. Os países mais<br />
poderosos e influentes são aqueles que têm a indústria<br />
de defesa mais forte e avançada.<br />
O Brasil tem uma longa história na produção<br />
de material para a defesa nacional. As origens de tal<br />
capacidade remontam ao processo de industrialização<br />
em Portugal no século XV e a migração das primeiras<br />
fábricas para o Brasil, ainda no período colonial.<br />
Ao longo destes séculos e até os dias atuais ocorreram<br />
muitas iniciativas importantes e inúmeros insucessos<br />
e decepções. A indústria de defesa do Brasil de hoje é<br />
o resultado das condições geopolíticas e econômicas<br />
que o país viveu ao longo de sua história, dos sonhos,<br />
visões e esforços abnegados e visionários de militares,<br />
políticos, empresários, cientistas e diversas pessoas.<br />
56<br />
Maio de 2014 • Edição 01• Revista do APL de Defesa do Grande ABC
ARTIGO<br />
Através deles, chegamos aos dias de hoje com uma indústria<br />
de defesa vivendo um momento positivo com<br />
a crescente conscientização nacional com relação à<br />
importância da defesa na soberania nacional.<br />
Dentro deste quadro, desponta a iniciativa de um<br />
polo tecnológico voltado ao segmento industrial<br />
de defesa em São Bernardo do Campo. Resultado<br />
da visão estratégica desenvolvida pelo Prefeito Luiz<br />
Marinho, o novo polo tecnológico de defesa vem<br />
despertando crescente interesse. Ele é baseado em<br />
pilares tais como a localização geográfica privilegiada<br />
da cidade com sua proximidade a portos e aeroportos<br />
e excelentes meios logísticos, capacidade significativa<br />
de formação de recursos humanos de alta qualificação<br />
e uma infraestrutura urbana e gerencial adequada. O<br />
apoio, associado à forte vocação industrial e aos fatores<br />
mencionados resulta em um cenário favorável para<br />
a implantação de uma iniciativa desse porte.<br />
No Brasil, após décadas de baixo nível de compras<br />
governamentais e pouco interesse da classe política<br />
pelo assunto, o segmento de defesa e aeroespacial<br />
começou a ser visto sob um enfoque estratégico e<br />
tornou-se um dos principais pontos da nova Estratégia<br />
Nacional de Defesa. Em adição, o governo federal<br />
aprovou políticas, decretos e medidas administrativas<br />
voltados à desoneração fiscal da indústria e a regulamentação<br />
dos processos de compras para apoiar<br />
a indústria de defesa. Foram contratados programas<br />
como o avião cargueiro KC-390, o sistema de<br />
proteção de fronteiras, o programa dos helicópteros<br />
multimissão e o programa dos submarinos convencionais<br />
e nuclear, todos eles<br />
com obrigações vinculadas<br />
ao envolvimento e capacitação<br />
da base industrial de<br />
defesa brasileira. As políticas<br />
e resoluções aprovadas e os<br />
grandes programas estruturantes<br />
contratados apontam<br />
para uma política vigorosa e<br />
de longo prazo para o setor<br />
“As políticas e resoluções<br />
aprovadas e os grandes<br />
programas estruturantes<br />
contratados apontam<br />
para uma política<br />
vigorosa e de longo prazo<br />
para o setor de defesa”<br />
de defesa. Novos programas estão em negociação e<br />
definição.<br />
Dentre estes, o Programa F-X2 objetiva prover<br />
uma nova aeronave de combate multimissão para a<br />
Força Aérea Brasileira. O avião escolhido, o Gripen<br />
NG da Saab sueca é o caça mais moderno em desenvolvimento<br />
no mundo fora dos EUA. O Prefeito<br />
Luiz Marinho defendeu a escolha do Gripen<br />
desde o início do processo de seleção, como sendo<br />
a alternativa que traria os maiores benefícios para a<br />
indústria brasileira.<br />
A Saab se comprometeu em investir em São<br />
Bernardo do Campo. Inicialmente, em maio de<br />
2011 ela estabeleceu o CISB – Centro de Pesquisa e<br />
Inovação Sueco-Brasileiro com foco na implementação<br />
acordos de cooperação em ciência, inovação<br />
e alta tecnologia entre Brasil e Suécia, integrando o<br />
maduro e bem-sucedido sistema de inovação sueco<br />
com o dinâmico sistema de inovação que vem se<br />
consolidando no Brasil, além de atrair investimentos<br />
e interesse de todo o mundo.<br />
Mas a principal iniciativa da Saab está iniciando<br />
sua implantação. Em associação e sob a liderança de<br />
empresários brasileiros do Grupo Inbra, a Saab investirá<br />
cerca de US$ 150 milhões em uma nova fabrica<br />
destinada a produção de estruturas de aeronaves para<br />
atender ao programa Gripen NG no Brasil e a linha<br />
de montagem na Suécia. Denominada SBTA – São<br />
Bernardo Tecnologia Aeroespacial, esta fabrica fornecerá<br />
aeroestruturas para outras empresas aeronáuticas<br />
no mundo.<br />
O estabelecimento do<br />
polo tecnológico de defesa<br />
em São Bernardo do Campo<br />
vem despertando intensa<br />
movimentação do ambiente<br />
empresarial tanto nacional<br />
como de empresas estrangeiras<br />
com relação a São Bernardo<br />
do Campo, indicando<br />
o potencial de sucesso desta<br />
iniciativa. •<br />
www.industriadefesaabc.com.br • Edição 01• Maio de 2014 57
NOTAS<br />
POR DENTRO <strong>DO</strong> APL<br />
Paulo Marcelo<br />
Tavares Ribeiro<br />
Gerente Regional do<br />
Serviço Brasileiro de Apoio às<br />
Micro e Pequenas Empresas<br />
(SEBRAE)<br />
“A formação de um Arranjo Produtivo Local é de fundamental importância ao<br />
desenvolvimento de um melhor ambiente competitivo para as empresas. Nossa<br />
missão, além da capacitação, é trabalhar em prol da construção de um ambiente<br />
favorável às micro e pequenas empresas. São muitos os pontos positivos de um APL,<br />
mas cabe destacar alguns deles, como a maior sinergia de ações coletivas, a troca de<br />
informação e conhecimento, o maior poder de negociação e a força política para<br />
pleitear melhorias ao setor. Além da promoção do desenvolvimento do capital social<br />
e econômico da região.”<br />
Eduardo Marson<br />
Presidente da Helibras<br />
“Só podemos ver com bons olhos a existência do Arranjo Produtivo Local de Defesa<br />
do Grande ABC. Temos diversos fornecedores na região: peças importantes de<br />
fuselagem vêm de Mauá, a blindagem dos Esquilos é fornecida pela Inbra, o sistema<br />
de autodefesa do EC725 é fabricado pela Saab, entre outros. O fortalecimento do<br />
ABC como polo da indústria de defesa só pode ser positivo. A expansão do segmento<br />
de defesa na região abre a possibilidade de mais integração, mais negociações.”<br />
Carlos Alberto Gonçalves<br />
“Krica”<br />
Secretário Adjunto de<br />
Desenvolvimento Econômico,<br />
Trabalho e Turismo de São<br />
Bernardo do Campo<br />
“O APL de Defesa do Grande ABC tornou-se um importante<br />
espaço de debate e articulação de políticas para a Indústria<br />
da Região. A Indústria de Defesa, por ter em essência de<br />
tecnologia de ponta, agrega valor ao produto e aos profissionais<br />
da área. Incluindo as Forças Armadas neste debate, as<br />
oportunidades são extraordinárias. É muito importante as<br />
empresas conhecerem o processo de catalogação e ficarem<br />
atentas as possibilidades apresentadas a todos os segmentos<br />
econômicos de venderem para as Forças Armadas.”<br />
Coronel Bazuchi<br />
Seção de Planejamento do<br />
Comando Militar do Planalto<br />
“A iniciativa da Prefeitura do Município de São Bernardo do Campo precisa ser<br />
destacada: por um lado, coloca na mesma mesa os agentes do Executivo local, as<br />
indústrias do ABC, os sindicatos dos trabalhadores e os pensadores das Universidades<br />
e centros de pesquisa; por outro lado, facilita ao Ministério da Defesa e às Forças<br />
Armadas os contatos para a apresentação de suas demandas. Cria-se, desta maneira, a<br />
possibilidade de que as aquisições de Defesa sejam realizadas cada vez mais no Brasil<br />
- com nível tecnológico cada vez mais elevado - e, ainda, de que se estabeleçam<br />
parcerias com empresas e universidades locais para o desenvolvimento dos complexos<br />
projetos de Defesa!”<br />
Sadao Hayashi<br />
Diretor Técnico e Comercial<br />
da NHT Engenharia<br />
“A criação do Arranjo Produtivo Local de Defesa do Grande ABC é de fundamental<br />
importância para a aproximação dos integrantes dessa cadeia produtiva, a troca de<br />
informações e o estímulo para alavancar o setor. A prefeitura de São Bernardo do<br />
Campo está no caminho correto e o trabalho que vem sendo feito pela Secretaria<br />
de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo é uma grande prestação de<br />
serviços. De forma geral, boa parte das propostas vem ao encontro do que penso ser<br />
essencial para o setor. Como foi o evento realizado com oficiais do Exército para<br />
falar sobre suas demandas por produtos, serviços e tecnologia.”<br />
58<br />
Maio de 2014 • Edição 01• Revista do APL de Defesa do Grande ABC
Flávia Beltran<br />
Assessora do Gabinete da<br />
Secretaria de Desenvolvimento<br />
Econômico, Trabalho e Turismo<br />
de São Bernardo do Campo<br />
Coordenadora Técnica do APL<br />
de Defesa do Grande ABC<br />
“O Arranjo Produtivo Local de Defesa do Grande ABC<br />
foi criado com o objetivo de aproximar as Forças Armadas<br />
Brasileiras, empresários, sindicatos e instituições de ensino<br />
da Região. É um canal aberto para que estes atores tenham<br />
a oportunidade de atender às necessidades materiais e de<br />
desenvolvimento tecnológico das Forças.<br />
O APL de Defesa é a principal ação da Secretaria de<br />
Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo de São<br />
Bernardo do Campo no esforço de inserir o Grande ABC na<br />
cadeia produtiva de Defesa do país.”<br />
Claudio Pinto<br />
Sócio-proprietário da Stuff<br />
Equipamentos Industriais<br />
“O trabalho realizado pelo Arranjo Produtivo Local de Defesa do Grande ABC<br />
é um caminho interessante e valioso, uma plataforma para gerar e multiplicar<br />
oportunidades, inclusive ampliando o acesso às Forças Armadas. Por meio dessa<br />
aproximação, podemos diversificar conceitos para entender uma demanda específica,<br />
o desafio para novos projetos, como atuar na questão administrativa, entre outros pontos.<br />
Além disso, o atendimento apropriado é um apoio para a autonomia deste setor.”<br />
General Marco<br />
Antônio de Farias<br />
Comandante Logístico<br />
do Exército<br />
Giovanni Rocco<br />
Secretário executivo da Agência<br />
de Desenvolvimento Econômico<br />
do Grande ABC<br />
Paulo Fernando<br />
Panageiro<br />
Proprietário e Diretor<br />
Administrativo da Indústria<br />
e Comércio de Artefatos de<br />
Metais Ltda. (Induspec)<br />
“O Arranjo Produtivo Local de Defesa do Grande ABC é muito importante. Para as<br />
Forças Armadas, especificamente, essa aproximação com o polo industrial traz uma<br />
sintonia que vai gerar diversos benefícios. Além da integração comercial, proporciona<br />
uma sincronia de forma geral para todos os envolvidos. Unidos, seremos mais<br />
consistentes, e essa consistência é fundamental para o sucesso.”<br />
“A articulação feita pelo prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho, trará<br />
um importante impacto no desenvolvimento econômico de todo o Grande ABC.<br />
São sete municípios sem barreiras geográficas e com forte união institucional, o que abre<br />
grandes oportunidades de desenvolvimento tecnológico e de inovação para as empresas e<br />
universidades não só de São Bernardo, mas de toda a região do Grande ABC.”<br />
“A notícia de que o grupo sueco Saab, ganhador da concorrência para participar<br />
do Projeto FX-2, da Força Aérea Brasileira, com o caça Gripen NG, instalará uma<br />
unidade industrial em São Bernardo do Campo é uma grande oportunidade para<br />
a região. Nesse momento, cresce a importância do Arranjo Produtivo Local de<br />
Defesa do Grande ABC, pois traz uma iniciativa cultural essencial ao setor. Agora, é<br />
fundamental que as empresas se ajudem mais.”<br />
Arthur de Almeida Jr.<br />
Engenheiro Naval pela EPUSP<br />
Vice-Presidente da CSHPA, da<br />
ABIMAQ.<br />
Representante da empresa<br />
Spectra Tecnologia no<br />
CONIMAQ/ABIMAQ<br />
“A parceria entre a PSBC e a empresa estratégica de defesa<br />
(EED) Spectra Tecnologia permitirá que se encurte o caminho ao<br />
futuro para a indústria nacional e que se legue o conhecimento<br />
tecnológico de ponta às novas gerações de trabalhadores.<br />
A implantação de um Centro de Simulação Para o Treinamento<br />
de Pilotos de Aeronaves, militares e civis, de asa fixa e rotativa<br />
e de um Laboratório de Ensaios de Fadiga, em São Bernardo<br />
do Campo, colocará o Brasil em condições de igualdade com os<br />
mais avançados centros tecnológicos do mundo. Além do Projeto<br />
GRIPEN, os centros atenderão todas as demandas tecnológicas<br />
dos parques industriais do ABC, de São Paulo e do país.”<br />
www.industriadefesaabc.com.br • Edição 01• Maio de 2014 59
Empresas e Instituições participantes do<br />
Arranjo Produtivo Local de Defesa do Grande ABC<br />
Empresas<br />
AFX Indústria Metalúrgica<br />
Ltda.Indústria Metalúrgica<br />
www.afxindustria.com.br<br />
(11) 4176.8611<br />
Acrux Solutia Ltda.<br />
Equipamentos Hospitalares para<br />
Centros Cirúrgicos<br />
www.acruxsolutia.com.br<br />
(11) 4101.4492<br />
Agecom Produtos de<br />
Petróleo Ltda.<br />
Lubrificante e Químicos<br />
www.agecom.com.br<br />
(11) 2146.8990<br />
ALLTEC Materiais<br />
Compostos<br />
Engenheira de Desenvolvimento e<br />
Negócios<br />
www.allteccomposites.com.br<br />
(12) 3931.4178/3934.8362<br />
Apema Equipamentos<br />
Industriais Ltda.<br />
Tecnologia em Transferência de Calor<br />
www.apema.com.br<br />
(11) 4128.2577<br />
Artes Maná Comunicação<br />
Visual<br />
Gráfica e Impressão Digital<br />
www.artesmana.com.br<br />
(11) 3424.5480<br />
Athos Ferramentaria e<br />
Estamparia Ltda.<br />
Ferramentaria<br />
www.ferramentariaathos.com.br<br />
(11) 4546.8390<br />
B. Grob do Brasil S.A.<br />
Linhas de Usinagem, Maquinas de<br />
Universais<br />
www.grobgroup.com<br />
(11) 4367.9100/4367.9852<br />
BASF S.A<br />
Indústria química, plásticos, produtos<br />
de performance para proteção de<br />
cultivos, petróleo e gás<br />
www.basf.com<br />
(11) 2349.2014<br />
Blitz Ind. e Com. de<br />
Plásticos Ltda.<br />
Plásticos<br />
www.blitz.ind.br<br />
(11) 4828.3444/Fax: 4828.3619<br />
Bracom Comunicação Visual<br />
e Editora Ltda.<br />
Industriais e Promocionais<br />
www.bracomcv.com.br<br />
(11) 4227-5433/4226.0936<br />
Boeing Brasil Serviços<br />
Técnicos Aeronáuticos Ltda.<br />
Aeronáutico<br />
www.boeing.com.br<br />
(11) 3759.4800<br />
CCTS - Centro de Ciência do<br />
Sistema Terrestre<br />
Centro de Pesquisas Ambientais<br />
www.ccst.inpe.br<br />
(12) 3186.9497<br />
Coatingtec Revestimentos<br />
Técnicos de Metais Ltda. ME<br />
Tratamento Superficial de Metais<br />
www.coatingtec.com.br<br />
(11) 2324.0815/0915<br />
Companhia Brasileira de<br />
Cartuchos - CBC<br />
Armas e Munições<br />
www.cbc.com.br<br />
(11) 2139.8310/2139.8340<br />
Clarion Eventos Brasil<br />
Exibições de Feira Ltda.<br />
Eventos<br />
www.clarioneventos.com.br<br />
(11) 3893.1300<br />
DB Transnational Logística<br />
Brasil S/A<br />
Logística Internacional<br />
www.dbtransnational.com<br />
(11) 4122.4200<br />
Delicato Consultoria<br />
Consultoria em gestão de ativos e<br />
processos<br />
www.delicatoconsultoria.com.br<br />
(11) 3280.2661<br />
DU-O-LAP Selos Mecânicos<br />
Fabricação de Produtos de Metal,<br />
Exceto Máquinas e Equipamentos<br />
www.du-o-lap.com.br<br />
(11) 4173.5200/4178.2101<br />
E2A Ferramentaria de<br />
Moldes LTDA.<br />
Ferramentaria para Construção e<br />
Manutenção de moldes para Injeção<br />
de Termoplásticos<br />
www.e2aferramentaria.com.br<br />
(11) 4468.1351/4427.8153<br />
EDAG do Brasil Ltda.<br />
Serviços de Engenharia<br />
www.edag.com<br />
(11) 4173.9637/Fax: 4173.9608<br />
Edson Asarias Advogados e<br />
Advogados Associados<br />
Advocacia<br />
www.edsonasarias.adv.br<br />
(11) 4122.7299<br />
Equipamentos Universaloi<br />
Ltda.<br />
Fábrica de roscas e cilindros<br />
bimetálicos<br />
www.universaloi.com.br<br />
(11) 4346.5555<br />
Emau Usinagem Industrial<br />
Ltda.<br />
Usinagem Industrial<br />
(11) 4072.2204<br />
E.5 Agência de<br />
Comunicação e Evento Ltda.<br />
Eventos<br />
www.elemetal5.com.br<br />
(11) 3165.4442<br />
Faogor Arrasate do Brasil<br />
Ltda.<br />
Prensas e Sistemas de Estampagem<br />
www.fagorarrasate.com<br />
(11) 5694.0822<br />
Fatec de São Bernardo do<br />
Campo Adib Moises Dib<br />
Ensino Tecnológico<br />
www.fatecsbc.edu.br<br />
(11) 4121.9008<br />
Faparmas Torneados de<br />
Precisão Ltda.<br />
Prestação de Serviços de Usinagem<br />
www.faparmas.com.br<br />
(11) 4822.7290/4822.7259<br />
Ferosão JCR Ind. Com Ltda.<br />
Ferramentaria<br />
www.ferosao.com.br<br />
(11) 2191.6300<br />
Ferramentaria Gaspec Ltda.<br />
Ferramentaria<br />
www.gaspec.com.br<br />
(11) 4421.8701<br />
Fiamm Latin America<br />
Componentes<br />
Automobilísticos Ltda.<br />
Fabricação de Veículos Automotores,<br />
Reboques e Carrocerias<br />
www.fiamm.com.br<br />
(11) 3737.6116<br />
Frazzo Comércio de<br />
Máquinas Ltda.<br />
Comércio Atacadista de Máquinas e<br />
Equipamentos para uso Industrial,<br />
Partes e Peças<br />
www.frazzo.com.br<br />
(11) 2381.8853/7699.2125<br />
Frimaren Brazil Ltda.<br />
Atividades de Consultoria em Gestão<br />
Empresarial, exceto consultoria<br />
técnica específica<br />
www.frimarenbrazil.com.br<br />
(12) 3911.6741<br />
Fixopar Comércio de<br />
Parafusos e Ferramentas<br />
Ltda.<br />
Comercialização, distribuição e<br />
fabricação de todos os tipos de<br />
elementos de fixação e agregados<br />
industriais.<br />
www.fixopar.com.br<br />
(11) 2842.2700/Fax: 2842.2760<br />
G.S. Comércio, Serviços e<br />
Locação de Equipamentos<br />
Industriais Ltda.<br />
Comércio, Serviços e Locação de<br />
Equipamentos Industriais<br />
(11) 4101.4053/3958.3810<br />
60<br />
Maio de 2014 • Edição 01• Revista do APL de Defesa do Grande ABC
Grupo Inbra Filtro<br />
Produtos Automotivos e Defesa<br />
www.grupoinbra.com.br<br />
(11) 2148.8600<br />
HCS Modelação Ltda.<br />
Fundição e Modelação<br />
(11) 4238.0171<br />
Haas do Brasil Total<br />
Gerenciamento de Produtos<br />
Químicos Ltda.<br />
Comércio Atacadista de Produtos<br />
Químicos<br />
www.haasgroupintl.com<br />
(11) 4427.4282<br />
Heat Tech Tecnologia em<br />
Tratamento Térmico e<br />
Engenharia de Superfície<br />
Ltda.<br />
Tecnologia<br />
www.heattech.com.br<br />
(11) 4792.3881<br />
HELIBRAS A Eurocoper<br />
Company<br />
Indústria de Aeronáutica<br />
www.helibras.com.br<br />
(11) 2142.3718/2142.3772<br />
Hercules Equipamentos de<br />
Proteção Ltda.<br />
Fabricação Tecnologia e Manutenção<br />
(11) 4391.6640<br />
Holec Ind. Elétrica Ltda.<br />
Fabricante de Chave seccionadora de<br />
baixa tensão<br />
www.holec.com.br<br />
(11) 4191.3144<br />
IGPECOGRAPH Ind.<br />
Metalúrgica Ltda.<br />
Industria Metalúrgica<br />
www.igpbr.com<br />
(11) 4070.8000/Fax: 4075.3285<br />
Indústria Máquinas Miotto<br />
Ltda.<br />
Fabrica e Comércio de Máquinas e<br />
Equipamentos utilizados na operação<br />
de transformação das várias linhas<br />
para extrusão de termoplásticos<br />
www.miotto.com.br<br />
(11) 4346.5555/Fax: 4346.5550<br />
Indústria Mecânica ANC<br />
Ltda.<br />
Fabrica de outros produtos derivados<br />
do metal<br />
(11) 4173.3682<br />
Industria de Comércio de<br />
Artefato de Metais<br />
Metalúrgica<br />
www.induspec.com.br<br />
(11) 4361.5085<br />
Instituto de Ação<br />
Tecnológica e<br />
Desenvolvimento Inovador<br />
Instituto de Suporte Tecnológico<br />
www.iatdi.com.br<br />
(11) 2356.6028<br />
Instituto HIDA/AOTS São<br />
Paulo<br />
Instituto de Relações Internacionais<br />
www.aotssp.com.br<br />
(11) 5575.7687<br />
Irsa Rolamentos S/A<br />
Comércio de rolamentos<br />
www.irsa.com.br<br />
(11) 4422.4000<br />
IACIT Soluções<br />
Tecnológicas Ltda.<br />
Instituto de Soluções Tecnológicas<br />
www.iacit.com.br<br />
(12) 3797.7765<br />
ISA Com. de Artigos<br />
Militares e Esportivos Ltda.<br />
Comércio de Produtos Esportivos e<br />
Militares<br />
www.isaloja.com.br<br />
(11) 4226. 4045<br />
JCM Comunicação e<br />
Políticas Públicas<br />
Comunicação de Políticas Públicas<br />
www.jcmcom.com.br<br />
(21) 3686.6802<br />
Jodeclan Ferramentaria<br />
Comércio e Industria Ltda.<br />
Indústria de Usinagem e<br />
Ferramentaria<br />
www.jodeclan.com.br<br />
(11) 4396.2372<br />
José Murilia Bozza Com. e<br />
Ind. Ltda.<br />
Fabricação de Máquinas e<br />
Equipamentos<br />
www.bozza.com<br />
(11) 2179.9911/4127.1499<br />
Keefer Ind. e Com. Máq.<br />
Moldes Ltda.<br />
Industrial e Comércio<br />
www.keefer.com.br<br />
(11) 4347.9090/4397.9011<br />
Lacerda Sistemas de<br />
Energia<br />
No-breaks e Estabilizadores<br />
www.lacerdasistemas.com.br<br />
(11) 2147.9777<br />
LCI Brasil Comércio<br />
Importação e Exportação<br />
Ltda.<br />
Comércio e Exportação<br />
www.lci-brasil.com<br />
(11) 3624.3363<br />
Lesil Indústria e Comércio<br />
Indústria e Comércio<br />
(11) 2146.8946/Fax: 2146.8909<br />
Letska Ind. e Com. Plásticos<br />
Industria e Comércio de Plásticos<br />
www.letska.com.br<br />
(11) 4519.5028<br />
LS Projetos e Consultoria<br />
Projetos de Moldes Plásticos<br />
www.lsprojetos.ind.br<br />
(11) 4235.0041<br />
Lubel Indústria e Comércio<br />
Indústria e Comércio Automotivo<br />
www.lubelusinagem.com.br<br />
(11) 4426.4082/4425.4145<br />
MC2 Aeronaval Ltda.<br />
Pesquisa, Desenvolvimento e<br />
Montagem de Veículos Aeronavais<br />
www.overwind.com.br<br />
Madope Ind. e Com. Ltda.<br />
Serviços de Usinagem em geral,<br />
especializada em serviços de<br />
mandrilamento e Fresagem CNC<br />
www.madope.com.br<br />
(11) 4469.5933/Fax: 4469.5934<br />
Marmaq Ind. e Com. de<br />
Moldes Ltda.<br />
Especializada na Fabricação de<br />
Moldes para todo tipo de peças para<br />
a linha automotiva, branca, displays,<br />
eletroeletrônicas entre outros<br />
www.marmaq.com.br<br />
(11) 5588.3999<br />
Mart Madeiras e Embalagens<br />
Ltda.<br />
Comércio de Embalagem<br />
www.mart.com.br<br />
(11) 4053.9200<br />
Modelação Unidos Ltda.<br />
Indústria Metalúrgica<br />
www.unidosmolds.com.br<br />
(11) 2723.4755<br />
Morganite Brasil Ltda.<br />
Indústria de Produtos e Estruturas de<br />
Defesa<br />
www.morganceramics.com<br />
(21) 3305.7400/2418.1205<br />
MS Usinagens-Massao<br />
Usinagem Ltda.<br />
Usinagem<br />
www.massaousinagem.com.br<br />
(11) 4341.7318<br />
National Instruments Brazil<br />
Ltda.<br />
Suporte de TI<br />
www.ni.com.br<br />
(11) 3149.3149<br />
Naturaço Indústria e<br />
Comércio de Aço<br />
Indústria e Comércio de Aço<br />
www.naturaco.com.br<br />
(11) 4823.9800<br />
Necton Tecnologia e<br />
Sistemas<br />
Sistemas, Software e Open Source<br />
www.necton.us<br />
(11) 4341.8807<br />
Fixopar Comércio de<br />
Parafusos e Ferramentas<br />
Ltda.<br />
Fabricação de Fixadores<br />
www.fixopar.com.br<br />
(11) 2842.2715<br />
Omnisys Engenharia Ltda.<br />
Fabricação de Equipamentos de<br />
Informática, Produtos Eletrônicos e<br />
Ópticos<br />
www.omnisys.com.br<br />
(11) 3303.1374/Fax: 3303.1219<br />
Scania Brasil<br />
Fabricação de Veículos Automotores,<br />
Reboques e Carrocerias<br />
www.scania.com.br<br />
(11) 4104.7244<br />
Petróleo Brasileiro S.A<br />
Produção e Distribuição de petróleo<br />
www.petrobras.com.br<br />
(12) 3203.9065<br />
Park Hannifin Ind. e Com.<br />
Ltda.<br />
Produtos Aeroespaciais e Defesa<br />
www.parker.com<br />
(12) 4009.3668<br />
Polimold Indústria S.A<br />
Fabricação de Produtos de Metal,<br />
Exceto Máquinas e Equipamentos<br />
www.polimold.com.br<br />
(11) 4358.7300<br />
www.industriadefesaabc.com.br • Edição 01• Maio de 2014 61
Powercoat Tratamento de<br />
Superfícies<br />
Pintura e Tratamento de Superfícies<br />
www.powercoat.com.br<br />
(11) 4390.6067<br />
PRODYT Mecatrônica<br />
Indústria e comércio Ltda.<br />
Máquinas Industriais, Transfer e<br />
Automatização<br />
www.prodty.com.br<br />
(11) 4072.8407<br />
Redes e Cia<br />
Soluções em Engenharia e<br />
Telecomunicações<br />
www.redesecia.com.br<br />
(11) 32436.2886/3323.1122<br />
ROBEFER Indústria e<br />
Comércio Ltda.<br />
Máquinas e Equipamentos de Uso<br />
Industrial<br />
(11) 4972.1255/Fax: 4451.1941<br />
Rolls-Royce Brasil Ltda.<br />
Manutenção, Reparação e Instalação<br />
de Máquinas e Equipamentos<br />
www.rolls-royce.com<br />
(11) 4390.4828/Fax: 4341.7683<br />
Roupas Profissionais<br />
Munoz Acuna Importação e<br />
Exportação Ltda.<br />
Indústria e Comércio de roupas<br />
profissionais<br />
www.moais.com.br<br />
(11) 4366.2344<br />
RUCKER do Brasil Ltda.<br />
Produtos e Serviços de Engenharia<br />
e Design<br />
www.rucker.com.br<br />
(11) 4122.6400/4122.6421<br />
Rosenberger Domex<br />
Telecomunicações Ltda.<br />
Fabricante e Distribuidor de<br />
Conectores Elétricos e<br />
Fibras Ópticas<br />
www.rosenbergerdomex.com.br<br />
(12) 3221.8513<br />
Sociedade Técnica de<br />
Elastômeros Stela Ltda.<br />
Desenvolvimento e Fabricação<br />
de produtos técnicos de artefatos<br />
de borracha para indústria<br />
automobilística, construção civil e<br />
linha impermeabilizantes<br />
www.stela.ind.br<br />
(11) 4176.8611<br />
Saab Technologies<br />
Fabricação de Aeronaves, Produtos<br />
Navais e Equipamentos de Defesa<br />
www.Saabgroup.com<br />
Sanches Blanes S.A<br />
Ferramentas Industriais e Serviços<br />
Técnicos<br />
www.sanchesblanes.com.br<br />
(11) 4824.2726/4827.9009<br />
SCHUNK Intec - BR<br />
Soluções para a Indústria e Produtos<br />
Robóticos e Industriais<br />
www.schunk.com<br />
(11) 4468.6880<br />
Sherwin-Williams do Brasil<br />
Indústria e Comércio Ltda.<br />
Produtos de Pintura Automotiva e<br />
Lubrificação<br />
www.shewin-auto.com.br<br />
(11) 2168.4225<br />
Santos Brasil<br />
Serviços de infraestrutura portuária e<br />
de logística integrada<br />
www.santosbrasil.com.br<br />
(13) 2102.9107<br />
Steelcoat Pinturas<br />
Industriais Ltda.<br />
Pinturas Industriais<br />
www.powercoat.com.br<br />
(11) 4390.6062<br />
Thermocom Sensores<br />
Industria e Comércio<br />
Fabricação de Equipamentos de<br />
Informática, Produtos Eletrônicos e<br />
Ópticos<br />
www.termocom.com.br<br />
(11) 4338.5511<br />
Termomecnica São Paulo<br />
S/A<br />
Metalúrgica<br />
www.termomecanica.com.br<br />
(11) 4366.9796/Fax: 4366.9722<br />
Techycell Soluções em<br />
Telecomunicações Ltda.<br />
Serviços de TI<br />
www.techycell.com.br<br />
(11) 4173.1753<br />
UNISEG Com. e Serv. em<br />
Segurança do Trabalho Ltda.<br />
Prestação de Serviços de Segurança<br />
www.unisegsegurancadotrabalho.<br />
com.br<br />
(11) 4390.0422/4941.0425<br />
Usimac Ind. Serv. Ferram.<br />
Ltda.<br />
Usinagem e Serviços de<br />
Ferramentaria<br />
www.usimac.com.br<br />
(11) 4973.0313<br />
Voxxel Consultória de<br />
Sistemas<br />
Consultoria em Processos e Sistema<br />
de Qualidade<br />
www.voxxel.com.br<br />
(11) 4123.2946<br />
ZF do Brasil Ltda.<br />
Líder global no segmento de sistemas<br />
de transmissão e tecnologia de<br />
chassis<br />
www.zf.com/sa<br />
(11) 3343.3393<br />
Instituições<br />
Agência de Desenvolvimento<br />
Econômico do Grande ABC<br />
Apoio a Projetos Regionais<br />
www.agenciagabc.com.br<br />
(11) 4433.7352<br />
ABM - Associação Brasileira<br />
de Metalurgia, Materiais e<br />
Mineração<br />
Metalúrgica, Materiais e Mineração<br />
www.abmbrasil.com.br<br />
(11) 5534.4333<br />
Banco Bradesco S/A<br />
Banco Privado<br />
www.bradesco.com.br<br />
(11) 4433.4445<br />
Centro das Indústrias do<br />
Estado de São Paulo - CIESP<br />
São Bernardo do Campo<br />
www.ciesp.com.br/sbc<br />
(11) 4125.7500<br />
Centro de Pesquisas e<br />
Inovação Sueco Brasileiro -<br />
CISB<br />
Pesquisa e Inovação<br />
www.cisb.org.br<br />
(11) 3500.5096<br />
Centro Universitário<br />
Fundação Santo André<br />
www.fsa.br<br />
(11) 4979.3379/Fax: 4979.3464<br />
Faculdade de Direito de São<br />
Bernardo do Campo<br />
www.direitosbc.br<br />
(11) 4123.0222<br />
Fundação Educacional<br />
Inaciana Pe. Sabóia de<br />
Medeiros-FEI<br />
www.fei.edu.br<br />
(11) 4353.2912/Fax: 4109.5994<br />
Instituto de Pesquisas e<br />
Estudos Industriais<br />
www.ipei.com.br<br />
(11) 4353.2908/Fax: 4109.0999<br />
Instituto Mauá de Tecnologia<br />
de São Caetano do Sul<br />
(11) 4239.3021/Fax: 4239.3041<br />
SENAI São Paulo Design<br />
www.sp.senai.br/spdesign<br />
(11) 3146.7696<br />
Sindicato dos Empregados<br />
em Casas de Diversões de<br />
São Paulo<br />
Sindicato<br />
www.sindiversoes.com.br<br />
(11) 3227.9477<br />
Sindicato dos Metalúrgicos<br />
do Grande ABC<br />
Sindicato<br />
www.smabc.org.br<br />
(11) 4128.4200<br />
Sindicato dos Trabalhadores<br />
nas Indústrias Químicas do<br />
ABC<br />
Sindicato<br />
www.quimicosp.org.br<br />
(11) 3209.3811/Fax: 3209.0662<br />
Universidade Federal do<br />
ABC<br />
www.ufabc.edu.br<br />
(11) 4996.7914/7973/7982<br />
62<br />
Maio de 2014 • Edição 01• Revista do APL de Defesa do Grande ABC
www.industriadefesaabc.com.br • Edição 01• Maio de 2014 63