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Mais Conteúdo - Edição 68

Histórias de mulheres realizadas!

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gastronomia |<br />

falando de vinhos<br />

João Filipe Clemente*<br />

http://falandodevinhos.wordpress.com<br />

Dia Mundial do Malbec<br />

Sim, esta data existe!<br />

Tem gente que certamente dirá que é todo<br />

dia em função da paixão pelos vinhos elaborados<br />

com esta uva que fez a vitivinicultura de<br />

nossos hermanos argentinos! Foram eles, por<br />

sinal, que instituíram o dia 17 de Abril como<br />

o Dia do Malbec, data em que no distante ano<br />

de 1853 a cepa foi introduzida na Argentina.<br />

Originariamente a Malbec cresceu no sudeste<br />

francês onde era conhecida como Côt ou Auxerrois<br />

e em Bordeaux, onde já tinha o nome<br />

de Malbec, mas após uma praga (phyloxera)<br />

que dizimou a maioria dos vinhedos franceses<br />

por volta do ano de 1865, a uva caiu no<br />

esquecimento até porque não era de grande<br />

produtividade devido a seu amadurecimento<br />

tardio. Hoje a Malbec se encontra espalhada<br />

pelo mundo, mas é na Argentina e ultimamente<br />

no Chile, onde ela realmente desabrochou<br />

e mostrou todo o seu potencial. Para celebrar<br />

esse dia, promovi uma degustação às cegas<br />

com Malbecs (com no mínimo 90% da cepa)<br />

de seis Malbecs argentinos de reconhecida<br />

qualidade e todos com valores entre R$145,00<br />

a 210,00 ou seja, vinhos já de um patamar de<br />

qualidade indiscutível. Antes, um espumante<br />

de Malbec e na surdina, incluí um sétimo rótulo,<br />

o “penetra”, veja o que aconteceu!<br />

No salão, 12 jurados apreciadores de bons vinhos,<br />

amantes de Malbec de vários níveis de<br />

conhecimento. No balcão, os desafiantes devidamente<br />

cobertos por papel alumínio e numerados<br />

enquanto preparamos as papilas gustativas<br />

com um muito bom espumante Alma<br />

Negra Rosado de Malbec Brut da Mistral.<br />

Marcante, surpreende na taça e no palato, um<br />

rosé de malbec que encanta desde os aromas<br />

sedutores até sua performance em boca, um<br />

espumante com mais corpo, rico, fresco, com<br />

uma ótima perlage. Bom solo e eu arriscaria<br />

tomá-lo acompanhando uma costelinha ou<br />

uma boa linguiça toscana na braza ou, melhor<br />

ainda, um chorizo uruguaio! Ótima forma de<br />

começarmos nossa celebração da Malbec!<br />

Agora falemos dos vinhos tranquilos presentes<br />

e o resultado deste embate de pesos meio<br />

pesados testados em taças Riedel Overture.<br />

Catena Alta Malbec 2009 (Mendoza) – Uma<br />

referência no mercado e um vinho para lá de<br />

premiado. Um bom vinho, estrutura média,<br />

frutado com um final algo apimentado, boa<br />

entrada de boca, equilibrado, pouco marcante<br />

e algo curto na taça. Preço R$210,00<br />

Colomé Autêntico 2012 (Salta) – Fiquei<br />

preocupado a principio, pois o vinho era muito<br />

novo, dei uma passada rápida pelo magic<br />

decanter, mas não negou fogo mesmo que fosse<br />

algo mais duro de inicio. Muito aromático,<br />

marcante meio de boca e de grande evolução<br />

em taça. Vinhedos centenários com clones<br />

das primeiras vinhas da região com mais de<br />

150 anos. Preço R$155,00<br />

Viu Manent Single Vineyard San Carlos<br />

Malbec 2008 (Chile – Colchágua) – Um<br />

adversário chileno que veio para brigar par a<br />

par com os rótulos argentinos. Taninos mais<br />

presentes, um vinho mais robusto, muito bom<br />

volume de boca, notas de especiarias bem<br />

marcantes, frutos negros, final de muito boa<br />

persistência. Vinhedos centenários. Preço<br />

R$175,00<br />

Lagarde Primeras Viñas 2009 (Mendoza) –<br />

Aromáticamente marcante como um “pote”<br />

de frutas exuberantes sobre a mesa. Equilíbrio<br />

total entre taninos, álcool e acidez, muito bom<br />

de entrada, meio e final de boca. Taninos são<br />

muito finos, daqueles que se apresentam sedosos<br />

na ponta da boca, sem excessos, bom<br />

volume de boca, untuoso. Um estilo bem sofisticado<br />

e menos over. Vinhedos de 1906 e<br />

1936, as primeiras vinhas do produtor. Preço<br />

R$178,00<br />

J. Alberto 2009 (Patagônia) – Pura finesse e<br />

elegância desde a primeira “fungada”! Fruta<br />

fresca, algum floral com um toque de madeira<br />

de fundo muito bem colocada que “levanta” o<br />

conjunto. Vinho denso, muito rico, com um<br />

meio de boca delicioso e marcante, taninos<br />

aveludados e muito longo. Leva uns imperceptíveis<br />

5% de merlot no corte. Vinhedos de<br />

1955. Preço R$195,00<br />

Casarena Jamilla’s Vineyard Pedriel 2010<br />

(Mendoza) – Confirmou na taça tudo o que<br />

venho falando dele desde que o descobri na<br />

Wines of Argentina do ano passado. Pedriel<br />

costuma gerar vinhos algo mais duros, mas<br />

este exemplar quebrou esse paradigma. O vinho<br />

se apresentou muito fino com uma bela<br />

e convidativa paleta aromática, fresco, taninos<br />

aveludados, elegante, madeira muito bem integrada,<br />

um vinho muito bom num estilo,<br />

digamos, mais europeu de ser com taninos<br />

aveludados, cremoso na boca e incrivelmente<br />

sedutor! Preço R$147,00<br />

Chegou o Penetra! O penetra chegou trazendo<br />

COT no rótulo, porém não era francês não,<br />

era chileno! Perez Cruz Cot Limited Edition<br />

2011 (Chile – Alto Maipo) – um belo vinho.<br />

Carecia da mesma estrutura e complexidade<br />

da maioria de seus oponentes, eram de outra<br />

categoria (este é meio-médio), mas cumpriu<br />

com brilhantismo seu papel fazendo seus<br />

oponentes suarem! Sedoso, fruta madura, especiarias,<br />

boa textura num corpo médio, final<br />

de boca fresco com um leve toque de mentol.<br />

O vinho mais barato do encontro, R$98,00,<br />

mas que fez bonito e leva um tempero de Petit<br />

Verdot e Carmenére.<br />

AND THE WINNER IS – Casarena<br />

Jamilla’s Vineyard Pedriel!<br />

È gente, quando a degustação é às cegas e não<br />

se sabe o que está em sua taça nem o preço,<br />

as coisas mudam e este vinho realmente surpreendeu<br />

a maioria sendo o mais barato dos<br />

desafiantes originais, sem contar o penetra.<br />

Em segundo o Colomé, seguido de Viu Manent<br />

, J.Alberto e o Perez Cruz CÔT. O meu<br />

resultado foi algo diferente com o Lagarde<br />

em primeiro sendo seguido por Casarena,<br />

J.Alberto e Colomé muito próximos, todos<br />

entre 92 a 94 pontos! Aproveitem, abram uma<br />

boa garrafa dessa uva ícone de nossos hermanos<br />

argentinos, mas não fechem suas mentes e<br />

taças a vinhos de outras origens, pois há muita<br />

coisa boa por aí a se provar, inclusive Malbecs<br />

de outras origens.<br />

Colunista, comentarista e blogueiro do vinho, João Filipe Clemente, também sócio-diretor da Vino&Sapore,<br />

compartilha experiências e disponibiliza um espaço para você tirar suas dúvidas em seu site.<br />

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