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BELÉM DO<br />
MEU CORAÇÃO<br />
* Celeste Proença<br />
Eu te amo, Belém, pela tua ternura<br />
pelo teu rostinho atrevido<br />
lavado de chuva da terra, risonho, feliz!<br />
Eu te amo, terra cabocla<br />
onde todo mundo é “mano”,<br />
sem maldade, sem rancor.<br />
Eu te amo, Belém do Pará<br />
pela brisa que recolhe azougada<br />
as mais lindas canções<br />
e as atira, sorrindo, na baía do Guajará<br />
para ninar o sono da noite<br />
que dorme encantada nas mãos das estrelas ...<br />
Eu te amo, cidade garota<br />
mulata dengosa, de olhar bem matreiro<br />
recendendo à baunilha e a patchuli<br />
tinindo de pavulagem na ilharga do companheiro ...<br />
Como eu te gosto, cidade morena<br />
de tantos amores.<br />
Das redes dançando em câmara lenta<br />
ao vento gostoso da preamar ...<br />
Daquele minuto sagrado, à hora da Ave Maria<br />
quando terra e mar se abraçam<br />
e o Ver-O-Peso ajoelha pra o grande Sinal da Cruz!<br />
Eu te amo, Belém, do Círio da Virgem<br />
das grandes promessas, da “corda” sagrada<br />
onde um simples toque de mãos nos santifica ...<br />
Minha Belém de todas as mangueiras<br />
que conversam baixinho ao cair da tarde,<br />
num farfalhar de sons, embrulhando saudades.<br />
Que jamais te arrebatem esse ar de garota<br />
de beleza tão simples, de falar pausada<br />
sem pressa, sem medo no seu caminhar.<br />
Eu te quero sorrindo, tapuia, mulata<br />
caboclo valente do meu Marajó<br />
que escreve teu nome num céu cor de anil<br />
e abraça ditoso a fatal pororoca<br />
que toda se enrola em seu corpo viril.<br />
Saudando esta terra eu rezo meu canto<br />
que é feito de luz, de saudade, de paz<br />
jogando beleza no meu coração.<br />
Saudando o meu berço eu me torno criança<br />
e criança é ternura de um tempo feliz<br />
que embala de amor na saudade que traz! +