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LAZER +INFORMÇÃO +CULTURA +TURISMO<br />
06<br />
Belém do meu coração<br />
15<br />
A Belém<br />
34<br />
Nas ruas de Castanhal<br />
16<br />
Minha Belém<br />
38<br />
Hotelaria<br />
Uma sucinta história de sua origem<br />
23<br />
Belém da memória<br />
28<br />
Dom Vicente Zico<br />
o bom pastor<br />
30<br />
Castanhal<br />
71 anos no caminho<br />
do progresso<br />
45<br />
Amazon Paper<br />
Um papel + que inovador<br />
20<br />
Belém velha de guerra<br />
07<br />
Governador homenageia Belém<br />
35<br />
Castanhal, obrigada<br />
10<br />
O Presépio de Belém
+ARTE +SAÚDE +ENTRETENIMENTO +PARÁ<br />
Pará+<br />
Edição 08 Belém - Pará - Brasil para+@cirios.com.br<br />
Revista<br />
Pará+<br />
Edição 08 Belém - - Brasil para+@cirios.com.br<br />
Revista<br />
Editora Círios<br />
R$ 1,00<br />
PUBLICAÇÃO<br />
Editora Círios S/C LTDA<br />
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Belém Pará Brasil<br />
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Rodrigo Hühn<br />
EDITOR<br />
Ronaldo Gilberto Hühn<br />
COMERCIAL<br />
Alberto Rocha<br />
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Rodrigo Silva<br />
Rodrigo Hühn<br />
DISTRIBUIÇÃO<br />
Mala Direta<br />
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REDAÇÃO<br />
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Camilo Martins Viana<br />
Celeste Proença<br />
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Eladio Reis<br />
Elias Gorayeb<br />
Lucy G. Mourão<br />
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Cesar Maciel<br />
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Josemar Coelho<br />
Luis Claudio<br />
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Ray Nonato<br />
Studio Oliveira<br />
Wanderley Souza<br />
EDITORAÇÃO GRÁFICA<br />
Editora Círios<br />
36<br />
A origem do nome<br />
de Castanhal<br />
48<br />
Agenda Cultural<br />
14<br />
A Belemtur e os<br />
387 anos de Belém<br />
Castanhal<br />
71 anos de<br />
Belém, o portal da Amazônia<br />
Dom Zico,<br />
o bom pastor<br />
40<br />
Inovação cientifica é<br />
meta prioritária da UFPA<br />
26<br />
Arquidiocese<br />
parabeniza seu pastor<br />
08<br />
Belém das Mangueiras<br />
32<br />
Parabéns, Castanhal
BELÉM DO<br />
MEU CORAÇÃO<br />
* Celeste Proença<br />
Eu te amo, Belém, pela tua ternura<br />
pelo teu rostinho atrevido<br />
lavado de chuva da terra, risonho, feliz!<br />
Eu te amo, terra cabocla<br />
onde todo mundo é “mano”,<br />
sem maldade, sem rancor.<br />
Eu te amo, Belém do Pará<br />
pela brisa que recolhe azougada<br />
as mais lindas canções<br />
e as atira, sorrindo, na baía do Guajará<br />
para ninar o sono da noite<br />
que dorme encantada nas mãos das estrelas ...<br />
Eu te amo, cidade garota<br />
mulata dengosa, de olhar bem matreiro<br />
recendendo à baunilha e a patchuli<br />
tinindo de pavulagem na ilharga do companheiro ...<br />
Como eu te gosto, cidade morena<br />
de tantos amores.<br />
Das redes dançando em câmara lenta<br />
ao vento gostoso da preamar ...<br />
Daquele minuto sagrado, à hora da Ave Maria<br />
quando terra e mar se abraçam<br />
e o Ver-O-Peso ajoelha pra o grande Sinal da Cruz!<br />
Eu te amo, Belém, do Círio da Virgem<br />
das grandes promessas, da “corda” sagrada<br />
onde um simples toque de mãos nos santifica ...<br />
Minha Belém de todas as mangueiras<br />
que conversam baixinho ao cair da tarde,<br />
num farfalhar de sons, embrulhando saudades.<br />
Que jamais te arrebatem esse ar de garota<br />
de beleza tão simples, de falar pausada<br />
sem pressa, sem medo no seu caminhar.<br />
Eu te quero sorrindo, tapuia, mulata<br />
caboclo valente do meu Marajó<br />
que escreve teu nome num céu cor de anil<br />
e abraça ditoso a fatal pororoca<br />
que toda se enrola em seu corpo viril.<br />
Saudando esta terra eu rezo meu canto<br />
que é feito de luz, de saudade, de paz<br />
jogando beleza no meu coração.<br />
Saudando o meu berço eu me torno criança<br />
e criança é ternura de um tempo feliz<br />
que embala de amor na saudade que traz! +
Governador<br />
homenageia<br />
Belém<br />
Várias foram as homenagens prestadas pelo<br />
governador à cidade das mangueiras.<br />
O governador começou a sua visita pelo<br />
Espaço São José Liberto, onde chegou por volta<br />
das 11h30. No local, Simão Jatene, acompanhado<br />
por sua família, cantou o Parabéns para Belém em<br />
ritmo de carimbó, e assistiu a várias apresentações<br />
do Grupo Parafolclórico “Tribo dos Carajás” .<br />
De lá, o governador Simão Jatene seguiu para o<br />
Núcleo Feliz Lusitânia, onde<br />
foi recebido pelo secretário<br />
Executivo de Cultura, Paulo<br />
C h a v e s . B a s t a n t e<br />
cumprimentado por pessoas<br />
q u e e s t a v a m n o l o c a l<br />
assistindo à programação,<br />
Jatene visitou o Forte do<br />
Presépio e a Casa das Onze Janelas. Em seguida,<br />
assistiu a uma parte do show do cantor Nilson<br />
Chaves, que o chamou para cantar o Parabéns para<br />
Belém.<br />
A programação do Governo do Estado em<br />
homenagem ao aniversário da capital contou com<br />
a participação de muitas pessoas que foram<br />
prestigiar as apresentações de artistas locais.<br />
Fernando Costa, que estava com a esposa e o filho,<br />
disse que Belém merece todas as homenagens. Ele<br />
afirmou ainda que a cidade melhorou muito nos<br />
últimos anos com obras que chamam a atenção de<br />
turistas. “Esse espaço criado recentemente é<br />
maravilhoso, muito bonito, não parece que um dia<br />
foi um presídio”, afirmou, referindo-se ao Espaço<br />
São José Liberto, que oferece à população a<br />
oportunidade de conhecer jóias que são<br />
produzidas no Estado e ainda o artesanato<br />
paraense.<br />
No Núcleo Feliz Lusitânia vários pais levaram<br />
seus filhos para brincar na grande área de lazer em<br />
que se transformou o local. A comerciante Ana<br />
Lúcia levou seus dois filhos para conhecer o Forte<br />
do Presépio. “Além de ser um novo<br />
espaço para eles, é bom que, como<br />
estudantes, saibam que Belém começou<br />
aqui”, explicou, lembrando que todos<br />
devem cuidar da cidade com carinho.<br />
“Não basta o governo entregar um<br />
espaço bonito desse. É importante<br />
preservar”, ressaltou a comerciante.<br />
A população comemorou também o<br />
aniversário de Belém conhecendo o<br />
Teatro da Paz, que ficou aberto ao<br />
público de 9 às 14 horas, com visitas<br />
monitoradas. A programação da Estação<br />
das Docas teve<br />
início às 17 horas<br />
com teatro, grupos<br />
folclóricos e show<br />
de cantores. Houve<br />
ainda programação<br />
n a E s t a ç ã o<br />
Gasômetro e na<br />
Igreja de Santo Alexandre.<br />
Durante um dos eventos, disse o<br />
governador, “A união deve fazer de<br />
Belém a cidade de todos”. O bem-estar<br />
da população está acima de qualquer<br />
partido político. “No que depender do<br />
Governo do Estado todos estarão unidos<br />
em torno de Belém”, afirmou,<br />
ressaltando que o governo de Almir<br />
Gabriel entregou nos últimos anos<br />
importantes obras que resgatam a<br />
história da cidade e oferecem à<br />
população mais oportunidade de lazer.<br />
“Belém é uma cidade de encantos<br />
naturais com suas mangueiras, a chuva e<br />
o rio que a cerca. Aliado a tudo isso<br />
temos agora uma cidade com o Feliz<br />
Lusitânia, a Estação das Docas, o novo<br />
Aeroporto, o Museu de Arte Sacra, obras<br />
que são uma homenagem a Belém e a seu<br />
povo”, ressaltou. Ele lembrou ainda que a<br />
união por Belém deve ser maior que as<br />
diferenças partidárias. +
Belém das Mangueiras<br />
* Hélio Rodrigues Titan<br />
P<br />
or que Belém é assim? Morena,<br />
no nome e no sobrenome? Tão<br />
diferente?<br />
Por que seu ar cheiroso dos túneis de<br />
mangueiras, nós envolve dia e noite,<br />
na aurora e no crepúsculo, no inverno e<br />
no melhor calor do mundo?<br />
Por que Belém é cor de Jambo? Do<br />
cheiro da manga?<br />
Por que Belém tem pato no tucupí,<br />
tamuatá, bacaba, tucupí, bacurí- pari?<br />
Camillo Vianna, Jacques Flores, Bruno<br />
de Menezes, Gaspar Viana, Verequete, o<br />
carimbó, o siriá, a marujada, a pororoca,<br />
a ilha de Marajó, o Círio de Nazaré, a<br />
Basílica, o Mercedário,o bosque<br />
Rodrigues Alves,, o museu Emilio<br />
Goeldi o açaí, tacacá, maniçoba, a<br />
farinha de mandioca, a matinta pereira,<br />
o curupira e outros tesouros? Além das<br />
visagens?<br />
Por que Belém tem um Forte do Castelo, já<br />
restaurado, se é pacifico de coração, tão<br />
belo? Porque o rio Guamá, arrastando teu<br />
barro para o mar?<br />
Porque tuas ilhas em frente, com teus<br />
morcêgos, teus sabiás, tuas pipiras rubras e<br />
caipiras?<br />
Por que Belém chove uma chuva tão pura de<br />
fantasia e amor? Molhando os troncos de<br />
tuas matas com tua àgua cristalina e cabôcla!<br />
Por que o Ver-O-Peso, a Cidade Velha, as<br />
praças com suas garças?<br />
Sim, Por que? Porque os prédios<br />
monumentais? Porque és realmente uma<br />
cidade Criança, e ao mesmo tempo uma<br />
veneranda na saudade dos tempos idos que<br />
não voltam mais.
Porque apesar da cidade moderna, ainda temos<br />
Belém antiga no coração!<br />
Ainda amamos a 22 de junho, a Maria Fumaça,<br />
os bondes, o circular interno e externo, o viação<br />
Pérola ( zepellin ), o peixe fresco na nossa porta,<br />
e o quintal com pé de cutite, cupuaçu e piquiá.<br />
Porque temos Belém com seus túneis<br />
seculares,verdes, dos nossos mangueirais, a nos<br />
dar frutos generosos,nesta terra batizada por<br />
Cristo e abençoada pela Virgem de Nazaré,<br />
padroeira de todos os paraenses! +<br />
* Médico e Escritor paraense
O PRESÉPIO<br />
“O Forte desempenhou o papel de protagonista<br />
da gênese urbana da Feliz Lusitânia”.<br />
Paulo Chaves Fernandes, Secretário de Cultura.<br />
S<br />
omente mais de um século<br />
t r a n s c o r r i d o d e s d e a<br />
descoberta (ou achamento?)<br />
do Brasil, pelos portugueses, é que o<br />
rei Felipe II de Espanha, que detinha a<br />
coroa da União Ibérica (Portugal e<br />
Espanha), ordenou a Conquista do<br />
Norte, que visava a desalojar os<br />
franceses que se haviam assentado<br />
solidamente no Maranhão, onde<br />
estabeleceram a França Equinocial,<br />
com sede em São Luís, e ocupar as<br />
terras do Grão-Pará.<br />
Depois<br />
de derrotar as<br />
tropas francesas,<br />
sob as ordens de<br />
D a n i e l d e l a<br />
Touche, em 2 de<br />
d e z e m b r o d e<br />
1615, Alexandre<br />
d e M o u r a ,<br />
G o v e r n a d o r -<br />
Geral da Armada<br />
e C o n q u i s t a ,<br />
e n c a r r e g o u<br />
Francisco Roso<br />
C a l d e i r a d e<br />
Castelo Branco<br />
de conquistar o<br />
Pará.<br />
A expedição saiu<br />
de São Luís a 25<br />
de dezembro de<br />
1615, com pouco<br />
m a i s d e 1 5 0<br />
homens, a bordo<br />
d e t r ê s<br />
embarcações, e<br />
1 0 p e ç a s d e<br />
artilharia e, após<br />
18 dias, ou seja, a<br />
12 de janeiro de 1616, aportou na Baía do<br />
Guajará (Paraná-guaçu, para os nativos).<br />
Recebidos amistosamente pelos tupinambás,<br />
liderados pelo cacique Guaimiaba (Cabelo-develha),<br />
os lusos logo trataram de se estabelecer<br />
em local seguro e defendido de invasores<br />
(ingleses, franceses e principalmente<br />
holandeses, que por aqui havia muito tinham<br />
assentado feitorias e baluartes), uma elevação<br />
que dominava a baía, na exata confluência dos<br />
rios Pará e Guamá, que contornam em parte<br />
Belém. Essa locação era estratégica e a que<br />
melhor convinha para os ditames defensivos da<br />
época. Nesse minúsculo altiplano que se<br />
projetava para o rio, trataram de erigir um<br />
fortim de madeira e palha, a que apelaram de<br />
F o r t e d o<br />
Presépio, por ter<br />
sido o dia de<br />
Natal a data do<br />
início daquela<br />
j o r n a d a<br />
conduzida pelo<br />
i n t r é p i d o<br />
c a p i t ã o - m o r<br />
português.<br />
A F e l i z<br />
Lusitânia, cidade<br />
q u e C a s t e l o<br />
Branco fundou<br />
sob a proteção de<br />
Nossa Senhora<br />
das Graças e<br />
denominou de<br />
Nossa Senhora<br />
de Belém, teve<br />
seu ponto fulcral<br />
a s s e s t a d o ,<br />
p o r t a n t o , n o<br />
F o r t e d o<br />
P r e s é p i o<br />
posteriormente<br />
Forte do Castelo<br />
a partir do qual<br />
se foi<br />
Canhão com brasão de Portugal
DE BELÉM<br />
* Sérgio Martins Pandolfo<br />
O Forte do Presépio restaurado<br />
aglutinando, às proximidades, avançando como<br />
projeções digitiformes por entre os charcos e<br />
pântanos que configuravam o “alagado do Piri”<br />
e ocupavam as primitivas áreas que o<br />
circundavam, não fosse essa zona, toda ela,<br />
pertencente à orla que margeia nossa<br />
Baía do Guajará, no estuário do maior<br />
e mais portentoso rio do mundo, o<br />
Amazonas, na região a que os<br />
silvícolas tupinambás, na sua ingênua,
mas acurada percepção das coisas da<br />
Natureza chamavam, num misto de<br />
admiração e convicção, de gran-pará. E<br />
tal foi o bom trato e tantos os bons<br />
ofícios que a ela dispensou Caldeira,<br />
que em três anos (tempo que aqui<br />
restou) surpreende aos que a visitam. A<br />
primitiva capela construída sob o orago<br />
da Senhora das Graças, no interior da<br />
fortaleza foi, um ano mais tarde,<br />
transferida para o local que ainda hoje<br />
ocupa, passando, tempos depois, à<br />
condição dignitária de catedral (Sé)<br />
belenense.<br />
Com a fundação de Belém<br />
iniciou-se, de fato, a conquista da<br />
Amazônia para a Coroa Portuguesa, eis<br />
que até então somente a cobiçavam,<br />
exploravam e saqueavam, flibusteiros e<br />
corsários a soldo das cortes européias<br />
concorrentes, inconformadas com a<br />
acordada propriedade luso-espanhola<br />
das terras daquele novo Éden.<br />
A inauguração a 25 de dezembro de<br />
2002 da terceira etapa do projeto Feliz<br />
Lusitânia, levado a cabo pelo governo<br />
do Estado, sob supervisão da Secretaria<br />
Executiva de Cultura, fez reentregar à cidade e<br />
ao povo paraense, essa que é, sem ponta de<br />
dúvida, sua mais importante edificação<br />
histórica, monumento-símbolo de Belém,<br />
totalmente restaurada, devolvendo-lhe as<br />
feições arquitetônicas e funcionais (defesa e<br />
segurança) originais e, inclusive, restituindo<br />
sua primeva e evocativa denominação: Forte do<br />
Presépio. A conclusão das obras possibilitou,<br />
ademais, a fruição de uma das mais belas e<br />
panorâmicas visões de nossa majestosa baía, até<br />
então indesfrutável pelo citadino belenense.<br />
No interior da fortificação o Museu do Encontro<br />
oferece aos visitantes, tanto daqui como<br />
forâneos, um extraordinário cabedal de peças<br />
colhidas durante as obras de restauro, que<br />
incluíram demolições de acréscimos<br />
arquitetônicos espúrios e escavações<br />
arqueológicas e redundaram no Antes achado de restauro mais<br />
de 70 mil objetos ou fragmentos representativos<br />
dos usos e costumes das principais etnias<br />
européias, africanas e autóctones que, ao longo<br />
desses 387 anos de existência do Forte,<br />
conviveram, mesclaram-se e conformaram a<br />
gente que hoje somos: o valoroso, altaneiro e<br />
diligente povo paraense. +<br />
*Presidente da SOBRAMES-PA.<br />
Da Academia de Imprensa de Belém.
A Belemtur e os<br />
387 anos de Belém<br />
A<br />
Companhia de Turismo de<br />
Belém (Belemtur) promoveu<br />
no domingo, 12 de janeiro,<br />
uma vasta programação pelo<br />
aniversário de Belém, que completou<br />
387 anos de fundação. A festa de<br />
aniversário da cidade começou com um<br />
banho de cheiro-do-pará, no complexo<br />
Ver-o-Rio, na presença do prefeito<br />
Edmilson Rodrigues, que fez um<br />
discurso em homenagem à cidade. Em<br />
seguida, foi cantado o parabéns-právocê,<br />
com queima de fogos de artifício.<br />
Na ocasião, o bolo foi cortado e<br />
d i s t r i b u í d o à p o p u l a ç ã o .<br />
A programação cultural contou com a<br />
apresentação dos Grupos Folclóricos<br />
da Melhor Idade/Ipamb, Sabor<br />
Marajoara, do Sesc, Oficina de Pagode<br />
e ainda da Escola Circo e Sementes do<br />
Amanhã/Funpapa, Grupo Rei Zumbi<br />
de Capoeira e grupo infantil do Sesi.<br />
Como parte do projeto “Conhecendo<br />
Belém”, a Belemtur promoveu um<br />
passeio turístico de ônibus gratuito para<br />
a população, pelo Centro Histórico da<br />
cidade; e outro de barco, ao longo da<br />
orla. Os ônibus saíram do Ver-o-Rio,<br />
passaram pelo Ver-o-Peso, Arsenal de<br />
Marinha, Praça da República e<br />
retornaram ao local de partida. O passeio de<br />
barco fez o mesmo caminho ao longo da orla,<br />
com saída do flutuante da praça do Pescador,<br />
retornando para o Ver-o-Rio.<br />
A programação de aniversário de Belém<br />
começou na véspera, no sábado, 11, às 15 horas,<br />
quando foi feita a lavagem do complexo Ver-o-<br />
Rio com banho-de-cheiro, em parceria com a<br />
Fundação Parques e Áreas Verdes de Belém<br />
(Funverde) e a perfumaria Orion. Às 19 horas,<br />
foi aberta a Feira do Artesanato, com o objetivo<br />
de valorizar a produção do artesanato local e<br />
gerar renda aos artesãos, com o apoio da<br />
Associação dos Artesãos da Praça da República<br />
(AFA), Artesanato Espaço Lilás e da Sociedade<br />
de Artesãos e Amigos de Icoaraci (Soami), além<br />
da exposição de fotografias de Luiz Braga, com<br />
textos de autores nacionais em homenagem a<br />
Belém. A presidente da Belemtur, Leila<br />
Jinkings, disse que vem fazendo um trabalho de<br />
qualificação dos funcionários do complexo do<br />
Ver-o-Rio voltado para o atendimento ao turista<br />
e que ainda neste semente outro curso será<br />
oferecido. “Nós já fizemos um curso, no Ver-o-<br />
Rio, e vamos continuar, nos mesmos moldes,<br />
com o ensino de línguas e noções de higiene e<br />
atendimento”, ressaltou. Em seguida, houve a<br />
apresentação do Grupo de Música Regional Pai<br />
d'Égua e do Projeto Ananindeuense de Dança.<br />
+
A BELÉM<br />
* Leila Jinkings<br />
Oencanto das praças de Belém, de modo<br />
especial a Praça Batista Campos,<br />
moldaram os meus sonhos de menina e<br />
ainda hoje acalentam os sonhos de minha<br />
maturidade. É este encanto o mais<br />
representativo instrumento pelo qual manifesto<br />
meu sentimento de amor a Belém. Pois suas<br />
praças constituem um grande espaço mágico,<br />
que parece imune às turbulências e aos agitos da<br />
grande cidade. Os túneis de suas centenárias<br />
mangueiras parecem afugentar, canalizando<br />
para bem longe, o burburinho da ensandecida<br />
turba de motores, freios e buzinas. Escondem a<br />
feiura dos grandes edifícios e deixam à vista o<br />
remanescente casario da belle époque<br />
belenense, como uma moldura a ressaltar uma<br />
obra-de-arte de inigualável beleza.<br />
Ali, pode-se voltar a sonhar o sonho do futuro.<br />
Pois foi ali que tantos sonhadores visitaram os<br />
sonhos dos sonhadores mais antigos. Os sonhos<br />
dos tupinambás, dos Angelins, dos Vinagres. Os<br />
sonhos de Batista Campos. Ali, ainda<br />
resplandecem, ao compasso de eternos<br />
atabaques, os sonhos de Eneida de Moraes, de<br />
Waldemar Henrique, de David Miguel. Os<br />
mesmos sonhos meus.<br />
A Belém que eu amo é esta cidade toda<br />
transformada em uma imensa praça. Na qual<br />
seus belos monumentos e a cultura do seu povo<br />
se sobrepõem à desordem de uma insana<br />
modernidade coisificada que<br />
oprime o homem e desvirtua a<br />
natureza. A Belém que eu amo<br />
é aquela em que os sonhos do<br />
seu povo são escancarados e<br />
socializados para serem coletivamente<br />
construídos. Amo a Belém que foi<br />
conquistada pelo seu povo para que<br />
seja palco de suas mais belas<br />
realizações e de suas mais autênticas<br />
manifestações culturais. Uma Belém<br />
exuberante em sabores, repleta de<br />
cheiros e abundante em musicalidade.<br />
Que nos dá orgulho de mostrar aos<br />
outros povos do mundo, e com eles<br />
dividir, nosso sorriso, nossas cores,<br />
nossa beleza natural consonante com a<br />
felicidade do seu povo. O tucupi, o<br />
carimbó, o açaí. O rio-mar, nossa rua,<br />
nossa comunicação com o mundo.<br />
Agrada-me constatar que meu sonho<br />
de amor a Belém já não é mais um<br />
sonho de poucos. O povo de Belém<br />
começa a se contagiar com o sonho da<br />
grande maioria do povo brasileiro, que<br />
já se manifesta, altivo e pujante, pelo<br />
revigoramento de sua auto-estima,<br />
consciente de sua força e vontade,<br />
indispensáveis à defesa desta grande<br />
praça de liberdade e de cidadania. Com<br />
as bênçãos da virgem de Nazaré.<br />
Esta praça é a Belém que eu amo. A<br />
Belém que está se tornando muito mais<br />
feliz, com seu povo conquistando o<br />
direito de morar e se alimentar bem. As<br />
crianças nas escolas. A dignidade do<br />
trabalho de todos produzindo bemestar,<br />
qualidade de vida digna e<br />
liberdade. Para viver e para continuar<br />
sonhando. + * Presidente da Belemtur
Minha Belém<br />
*Lucy Gorayeb Mourão<br />
Abela Belém, cantada em prosa<br />
e verso, faz aniversário neste<br />
12 de janeiro. São 387 anos da<br />
Cidade das Mangueiras, famosa por<br />
seus túneis de<br />
árvores frondosas,<br />
por sua<br />
chuva sempre<br />
no meio da tarde,<br />
por suas esquinas<br />
onde o<br />
tacacá fumega<br />
e a pimenta-decheiro<br />
e o tucupi<br />
fazem o<br />
tran-seunte,<br />
b o c a c h e i a<br />
d´água, parar para de-gustar a iguaria,<br />
mesmo que o calor da tarde convide<br />
mais a um sorvete refrescante,<br />
principalmente se ele for de bacuri,<br />
cupuaçu ou açaí.<br />
Belém quase quatrocentona é uma<br />
cidade jovem. Suas antigas igrejas, algumas<br />
delas barrocas, seus casarios antigos, sobrados<br />
azulejados que lem-bram uma época áu-rea do<br />
de-senvolvi mento da metrópole, convivem<br />
com pré-dios modernos,<br />
arranhac<br />
é u s o n d e o<br />
concreto armado e<br />
o vidro fumê se<br />
destacam.<br />
N a s r u a s d a<br />
Cidade Velha,<br />
palco da nossa<br />
história e das<br />
nossas tradições<br />
mais remotas,<br />
m o d e r n o s<br />
automóveis cruzam as ruas estreitas,<br />
construídas apenas para a passagem de<br />
pedestres e de carros de bois, sem a<br />
preocupação com o futuro e a modernidade.<br />
Um pouco mais longe, largas avenidas, também<br />
arborizadas, nem sempre com as tradicionais
mangueiras, tornam a nossa Belém uma cidade<br />
do mundo, já sem aquele cheirinho de coisa só<br />
nossa, coisa que não se encontra em qualquer<br />
outro lugar se não em Belém do Pará.<br />
Cosmopolita, mas nem tanto, porque as<br />
bandeiras vermelhas das vendas de açaí<br />
proliferam no antigo e no moderno da cidade, as<br />
tacacazeiras ainda surgem nas amplas calçadas<br />
no meio da tarde, os carrinhos carregados de<br />
frutas regionais colorem as manhãs e trazem às<br />
nossas ruas um perfume bem paraense do<br />
taperebá, do muruci, do cupuaçu, do bacuri.<br />
A pupunha, a manga madura, a jaca,<br />
remetem cores de vida às nossas<br />
avenidas, vida que vem do mato, que o<br />
caboclo descobre e traz de canoa pelos<br />
nossos rios até o Ver-o-Peso, para daí se<br />
espalhar pela cidade.<br />
Ah, Belém que Manuel Bandeira<br />
imortalizou em versos singelos. Belém<br />
da nossa feira mais famosa, com suas<br />
mandingas sempre para o bem, que<br />
trazem amores, unem corações, curam<br />
feridas do corpo e da alma.
Belém do Forte do Castelo, nosso e trouxeram o ar puro da natureza para mais<br />
berço, hoje palco de tantas perto de nós.<br />
transformações. Hoje Feliz Lusitânia, a Cidade das praças de mangueiras, como a<br />
mostrar a quem aqui chega, que temos Batista Campos e a República, com pulmões a<br />
história, temos tradições e que elas são lhe pulsar no centro, como o Museu Emílio<br />
preservadas com carinho. Belém que Goeldi e o Jardim Botânico Rodrigues Alves.<br />
cresce, que se torna famosa por seus Belém do Parque Residência, com seu encanto<br />
recantos, como a Estação das Docas, tranqüilo. Belém que cresce mas com as raízes<br />
tão admirada pelos que a visitam. Por fincadas num passado glorioso e sem par.<br />
seus museus o do Estado e o de Belém<br />
-, pelas janelas que se abriram para o rio Belém, Belém, parabéns jovem cidade!... +
Belém<br />
velha<br />
Não ficou por menos, chegando<br />
mesmo desavisado cidadão,<br />
naqueles dias dos anos trinta, a<br />
alardear aos quatro cantos da cidade, que<br />
alguma coisa muito séria estava<br />
acontecendo. Aliás, os ventos do<br />
Apocalipse começavam a soprar pelas<br />
bandas do Velho Mundo e havia carradas<br />
de razões para que o cidadão em apreço<br />
acreditasse que algum tipo de arma<br />
Na realidade, cardume de passarões de bico<br />
avantajado, em vôos razantes, vindos do outro<br />
lado da baía de Guajará riscava os céus,<br />
entrando pelas casas, encontroando-se em<br />
árvores, muros, paredes e fios elétricos, caindo<br />
de cansaço ou simplesmente pousando, em<br />
processo que até hoje os especialistas não<br />
souberam explicar, e os kamikases<br />
emplumados tiveram um único destino, a<br />
panela dos que apreciavam esse verdadeiro<br />
Hélio Rodrigues Titan<br />
secreta estava sendo usada para<br />
bombardear Belém, em espécie de<br />
treinamento bélico.<br />
Belém no tempo da invasão dos tucanos<br />
maná caído do céu.<br />
Este tipo de fenômeno não consta na<br />
maravilhosa A MONOGRAFH OF THE
de guerra<br />
* Camillo Martins Vianna<br />
Belém atual<br />
RAMPHASTIDAE OR FAMILY OF<br />
TOUCANS, publicada em Londres em 1854, de<br />
autoria de Jonh Gould e republicada em Belém<br />
em 1992 e nem mesmo no precioso e alentado<br />
B R A S I L 5 0 0 Av e s d i s t r i b u í d o e m<br />
comemoração ao descobrimento do também<br />
denominado país dos papagaios, muito menos<br />
no primoroso - Aves da Grande Belém, de<br />
Fernando Novais e Maria Cunha Lima do<br />
Museu Paraense Emílio Goeldi, publicado em<br />
1998. O tempo foi indo, foi indo e novo<br />
alvoroço, dessa vez em plena efervescência da<br />
2ª Grande Confrontação de povos ditos<br />
civilizados, em apenas um século, dando<br />
motivo a que os belenenses acreditassem que os<br />
boches estavam ocupando a cidade, para<br />
transformá-la em verdadeira cabeça de praia. E<br />
haja correria dos cavalerianos da Polícia Militar<br />
do Estado, procurando cumprir seu dever em<br />
defesa da capital e da própria nação brasileira,<br />
caso fosse necessário. Na realidade, tudo não<br />
passou do desembarque maciço e pacífico de<br />
mariners norte-americanos chegados em navio<br />
de transporte de tropas, depois de longo e<br />
demorado percurso, que embarafustaram-se por<br />
todos os cantos da cidade com o objetivo único e<br />
exclusivo de satisfazer o princípio mais<br />
elementar da procriação, e que na falta de Guia<br />
Turístico, se enfiava onde julgava<br />
encontrar mulheres de vida airada,<br />
causando um Deus nos acuda às<br />
f a m í l i a s d e b e m .<br />
Por essas alturas, treinava-se por aqui,<br />
comportamento diante de ataque<br />
noturno com o chamado blackout,<br />
precedido por sirene da FOLHA DO<br />
NORTE, que ouvida em grandes<br />
lonjuras, marcava o início e o fim do<br />
adestramento, diferindo de outros<br />
escurecimento que ocorreram mais<br />
tarde, como resultante do desgaste das<br />
máquinas da antiga Parah Eletric Co,<br />
de origem inglesa, e apelidada de<br />
Paralítica, quando o racionamento de<br />
e n e rg i a e r a u m a c o n s t a n t e ,<br />
programado para alternância em<br />
bairros e lados opostos de ruas e<br />
avenidas o que causava sérios<br />
embaraços à vida da comunidade.<br />
Com a aproximação do rufar dos<br />
tambores de guerra, o Exército<br />
Brasileiro instalou Bateria de Costa na<br />
Praia do Chapéu Virado - Ilha de<br />
Mosqueiro, hoje área metropolitana de<br />
Belém, e grandes canhões foram<br />
assentados na praia do chapéu virado,
nas cercanias do Hotel do Russo, para, se<br />
necessário, afundar os submarinos<br />
germânicos que andavam fazendo<br />
e s t r a g o s e m n o s s o l i t o r a l .<br />
Dentro dessa atmosfera marcial, Belém<br />
passou a contar com base aérea norteamericana,<br />
para servir de apoio logístico<br />
às tropas que se engalfinhavam no outro<br />
lado do Atlântico. A partir daí, houve<br />
estreito relacionamento dos recémchegados<br />
com a população e, por via das<br />
dúvidas, às proximidades de área<br />
razoavelmente conflagrada - a do<br />
meretrício - os militares do Norte<br />
assentaram posto avançado de sua MP<br />
(Military Police), com a finalidade de<br />
coibir qualquer possível estremecimento,<br />
entre eles mesmos e o pessoal da região<br />
usando como instrumento de persuasão,<br />
um grande porrete de madeira ou big<br />
stick, que era o símbolo, igualmente, da<br />
Doutrina Monroe.<br />
N a b u s c a d e c o n s o l i d a r a<br />
confraternização, passou a funcionar, no<br />
extinto e saudoso Grande Hotel, espécie<br />
de boate, sob responsabilidade da United<br />
State Organization (USO) para<br />
e n t r e t e n i m e n t o d o s m i l i t a r e s<br />
estadunidenses, onde a entrada da nossa<br />
rapaziada era dificultada, o mesmo não<br />
ocorrendo com as morenas paraoaras.<br />
Como reforço militar, foi erguida uma<br />
torre de atracação para Blimps - pequenos<br />
dirigíveis - em Igarapé-Açu, na zona<br />
bragantina, a pouco mais de 60 Km de<br />
Belém, sendo comum, nas atividades de<br />
patrulhamento da Costa Atlântica<br />
amazônica, por essas aeronaves, o<br />
lançamento de bombas, por da cá aquela palha,<br />
causando grandes estragos à fauna aquática.<br />
Quando navios de nossa bandeira foram<br />
torpedeados, ondas de saques ocorreram em<br />
Belém, e a turbamulta, descontrolada, invadiu,<br />
agrediu e saqueou residências, comércios e<br />
escritórios de originários ou descendentes, de<br />
alemães, italianos e japoneses, praticamente<br />
todos já adaptados a nossa nacionalidade,<br />
compondo com os nativos, saudável<br />
miscigenação brasílica.<br />
As embarcações que abasteciam a cidade e que<br />
conseguiam furar o bloqueio marítimo, eram<br />
recebidas festivamente, apesar do atropelo que<br />
causava a venda de alimentos, principalmente<br />
de açúcar, no Mercado de Ferro do Ver-O-Peso,<br />
em conseqüência do relacionamento imposto à<br />
população. Nessa época foi estimulada a<br />
formação das denominadas Hortas da Vitória<br />
nos quintais, objetivando compensar a falta de<br />
produtos que vinham do sul do país.<br />
Fato curioso é que os nossos pracinhas que<br />
fizeram parte da Força Expedicionária<br />
Brasileira foram embarcados na calada da noite,<br />
para o Rio de Janeiro e daí para a Itália, como se<br />
as forças do Eixo estivessem em seus<br />
calcanhares.<br />
Fizeram parte do contexto, os campos de<br />
concentração construídos em Tomé-Açu, no<br />
Estado do Pará e em Parintins, no Estado do<br />
Amazonas, para abrigar originários dos países<br />
inimigos, com predominância para os do Sol<br />
Nascente.<br />
Nessa história toda, entre mortos e feridos,<br />
escaparam todos, tal qual o desfecho da Batalha<br />
Fluvial de Itacoatiara, no rio Amazonas, que<br />
segundo consta, nem chegou a acontecer. +<br />
* Sobrames/ Pará/ Brasil
Belém da Memória<br />
A Cidade e o Olhar da Literatura<br />
Este projeto foi implantado pelo Núcleo<br />
Cultural da Universidade da Amazônia,<br />
através da Casa da Memória, a partir da<br />
idealização e pesquisa efetuada pelos<br />
professores Paulo Nunes e Josse Fares. Para<br />
celebrar o patrimônio cultural e arquitetônico da<br />
cidade, através do olhar da literatura, o projeto<br />
apropria-se das metáforas de alguns escritores<br />
brasileiros essenciais, que se debruçaram sobre<br />
a capital do Pará e fizeram dela musa<br />
inspiradora.<br />
É curioso, o que pouca gente sabe, é que Belém<br />
constitui referência cultural efetiva entre os<br />
escritores brasileiros, sobretudo a partir do<br />
Modernismo de 22. Nossa cidade foi elevada à<br />
categoria de uma das capitais literárias dos<br />
modernistas. Não fosse assim, como explicar a<br />
referência temático-afetiva de Belém na<br />
produção de Mário e Oswald de Andrade,<br />
Manuel Bandeira, Raul Bopp, Inglês de Sousa,<br />
Ignácio de Loyola Brandão, Márcio Sousa, para<br />
citar alguns nomes?<br />
O Belém da Memória apoderou-se dos<br />
discursos de nossos escritores e fixou,<br />
no centro histórico da cidade, placas<br />
padronizadas de 50 por 70 cm, que<br />
reproduzem esses textos, em par com<br />
imagens ilustrando ícones do<br />
patrimônio arquitetônico da cidade.<br />
Assim, por intermédio deste projeto, a<br />
Universidade da Amazônia, em parceria<br />
com o poder público municipal e com o<br />
apoio de empresas e pessoas físicas<br />
patrocinadoras, deseja reforçar o amor<br />
dos cidadãos pela cidade que lhes serve<br />
de berço e/ou morada e daqueles que a<br />
visitam, falando às suas consciências<br />
através da literatura produzida sobre<br />
Santa Maria de Belém do Grão-Pará.<br />
Sugerimos que como um roteiro<br />
turístico e literário, faça o leitor, a<br />
descoberta das placas e delicie-se com o<br />
que vai deparar.<br />
Marco Visual nº 2<br />
Praça do Carmo<br />
Para aguçar aida mais sua<br />
vontade/curiosidade,mostramos<br />
o conteúdo dos marcos nº 5 e nº 7.<br />
Deleite-se!
BELÉM DA MEMÓRIA<br />
Grande Hotel Belém<br />
Carta escrita por Mário de Andrade a Manuel Bandeira durante a<br />
histórica viagem à Amazônia, em 1927<br />
Por esse mundo de águas, junho, 27<br />
Manu,<br />
Estamos numa paradinha pra cortar canarana da margem pros bois dos nossos<br />
jantares. Amanhã se chega em Manaus e não sei que mais coisas bonitas enxergarei por este<br />
mundo de águas. Porém me conquistar mesmo a ponto de ficar doendo no desejo, só Belém<br />
me conquistou assim. Meu único ideal de agora em diante é passar uns meses morando no<br />
Grande Hotel de Belém. 0 direito de sentar naquela terrace em frente das mangueiras<br />
tapando o teatro da Paz, sentar sem mais nada, chupitando um sorvete de cupuaçu, de açaí.<br />
Você que conhece mundo, conhece coisa milhor do que isso, Manu?(...)<br />
Belém eu desejo com dor, desejo como se deseja sexualmente, palavra. Não tenho<br />
medo de parecer anormal pra você, por isso que conto esta confissão esquisita mas<br />
verdadeira que faço de vida sexual e vida em Belém. Quero Belém como se quer um amor. É<br />
inconcebível o amor que Belém despertou em mim...<br />
Marco Visual nº 5<br />
Um abraço do Mário
BELÉM DA MEMÓRIA<br />
Largo de Nazaré<br />
Banho de Cheiro, III Eneida<br />
... No meu tempo de menina, com a borracha alta, as elegantes de Belém<br />
mandavam buscar na Europa vestidos especiais para as noites da festa de Nazaré. E<br />
desfilavam no Largo, como em passarelas.<br />
S. Jerônimo, Dr. Moraes, só em Belém Deodoro é generalíssimo (o exagero<br />
amazônico); ruas de minha intimidade; as casas coloniais altas, com azulejos tão belos,<br />
pesadas, cheias de janelas, sacadas de ferro trabalhadas, todas falando da Belém<br />
colonial. E as mangueiras encarregando-se de dar sombra, faceiras sempre, tão faceiras<br />
que adoram a chegada de outubro, momento em que a Prefeitura manda pintar de branco<br />
seus troncos. Sempre desejaram ser bailarinas as nossas mangueiras(...)<br />
Tudo nesta cidade onde nasci é parte poderosa, eloqüente na minha vida.<br />
Paisagens, personagens, ocorrências (...)<br />
Que importam os limites do Estado do Pará se para mim, ao norte, sul, leste,<br />
oeste, ele é todo limitado pelo meu grande amor? +<br />
Marco Visual nº 7
Arquidiocese parabeniza<br />
seu pastor<br />
O<br />
arcebispo metropolitano de Belém, dom<br />
Vicente Zico, completou 76 anos em<br />
plena atividade, no último dia 27 de<br />
janeiro. Ele dá mostra de estar gozando de boa<br />
saúde e excelente disposição, ao acatar o pedido<br />
de Sua Santidade, o Papa João Paulo II, para que<br />
continue à frente do imenso rebanho pertencente<br />
à sua arquidiocese. O arcebispo poderia estar<br />
gozando aposentadoria compulsória, ao<br />
completar 75 anos, mas a sua caminhada pastoral<br />
assinala o compromisso de servir.<br />
“Feliz daquele que ouve e atende a palavra do<br />
Senhor, como revelam as Sagradas Escrituras,<br />
por isso, firmamos nosso propósito de continuar<br />
servindo Jesus Cristo na pessoa do irmão, e se<br />
este for o desejo de Deus, prosseguiremos nossa<br />
caminhada”, afirmou dom Zico<br />
p a s s a d o , p o r<br />
ocasião do seu<br />
aniversário.<br />
a n o<br />
Climeniè Pontes manifestou votos de felicidade ao arcebispo<br />
* Roberto Paulo Bibas Fialho<br />
Naquela ocasião, permanecia incógnita a<br />
continuidade ou não de sua presença à frente da<br />
Igreja de Belém.<br />
Mineiro da cidade de Luz (MG), Vicente<br />
Joaquim Zico, provou mais uma vez estar<br />
preparado para assumir o plano de Deus,<br />
vivenciando o amor ensinado por São Vicente<br />
de Paulo, padroeiro da Congregação da Missão<br />
(padres lazaristas), a qual pertence. Ingressou<br />
nesta ordem missionária no dia 2 de fevereiro de<br />
1943, tendo feito sua profissão religiosa dois<br />
anos depois. Após concluir seus estudos nos<br />
seminários do Caraça (MG) e Petrópolis (RJ),<br />
foi ordenado sacerdote em 22 de outubro de<br />
1950. Formou-se em psicologia e filosofia e<br />
cursou o Instituto Superior de Pastoral<br />
Catequética, em Paris, França.<br />
Padre Vicente trabalhou durante anos como<br />
formador nos seminários de sua congregação,<br />
em Fortaleza (CE) e São Luis (MA). Em<br />
Petrópolis, serviu como assistente provincial e<br />
secretário nacional da sua congregação. Atuava<br />
como conselheiro geral da Congregação da<br />
Missão, quando o Papa João Paulo II o<br />
designou arcebispo coadjutor de Belém, em<br />
5 e dezembro de 1980. O próprio Santo<br />
Padre o sagrou bispo, na Basílica de<br />
São Pedro, em Roma, dia 6 de<br />
janeiro de 1981. Tomou posse em<br />
Belém, na Catedral Metropolitana,<br />
no dia 8 de março do mesmo ano.<br />
Já são 22 anos de caminhada<br />
episcopal e dom Zico continua<br />
26
Dom Zico recebeu calorosas homenagens<br />
pelo seu aniversário<br />
manifestando sua tradicional mansidão,<br />
perseverança, firmeza e propósito de fé à frente<br />
da arquidiocese. Fundou novas paróquias,<br />
dinamizou a caminhada pastoral de religiosos e<br />
leigos, criou o Centro de Cultura e Formação da<br />
Arquidiocese, a Fundação Nazaré de<br />
Comunicação, juntamente com a Família<br />
Nazaré, assim como inúmeros serviços na área<br />
social prestados pela Igreja. Seu trabalho<br />
também rendeu muitos frutos no Regional<br />
Norte II, da Conferência Nacional dos Bispos<br />
do Brasil (CNBB). Atuou por muitos anos como<br />
presidente e vice-presidente do regional, e como<br />
bispo responsável pela dimensão missionária,<br />
também em âmbito regional. Foi ainda<br />
conselheiro da Pontifícia Comissão para a<br />
América Latina. Muitos grupos de<br />
evangelização, ordens religiosas, movimentos e<br />
pastorais receberam<br />
incentivo e também o<br />
aval de Dom Vicente<br />
Zico para desenvolver<br />
suas atividades, tanto<br />
na capital como no<br />
interior do Estado do<br />
Pará. São milhares de<br />
pessoas, que na sua<br />
simplicidade e no seu<br />
fervor, dão a sua<br />
colaboração para o<br />
engrandecimento da<br />
a ç ã o p a s t o r a l d a<br />
arquidiocese e se unem<br />
para homenagear o<br />
arcebispo. Os cultos, encontros e celebrações<br />
do dia 27 de janeiro não deixaram de fazer<br />
alusão ao aniversário do arcebispo, por mais<br />
breves, longas, simples ou pomposas que<br />
sejam, com ou sem a sua presença. O<br />
importante é orar, para manifestar da melhor<br />
forma possível o carinho e o apreço pelo pastor<br />
da Igreja de Belém.<br />
Unida, toda sociedade paraense presta<br />
homenagem ao seu pastor maior. São<br />
instituições de ensino, órgãos públicos, clubes e<br />
associações, enfim, todos fazem questão de<br />
levar seu carinho e dar-lhe seu abraço. Neste<br />
intuito, a presidente do Tribunal de Justiça do<br />
Estado (TJE), Climeniè Pontes, fez questão de<br />
cumprimentar e parabenizar o arcebispo, a<br />
exemplo de muitos sacerdotes e amigos.<br />
Parabéns dom Vicente! +<br />
* Arquiteto e professor universitário.<br />
27
uando fui convidado para escrever<br />
s o b r e D . Vi c e n t e , f i q u e i<br />
preocupado por ter que sintetizar<br />
em um espaço limitado as qualidades<br />
inigualáveis desta figura excepcional.<br />
Lembro-me bem quando aqui chegou para<br />
assessorar D. Alberto Ramos. O povo logo<br />
se afeiçoou a ele pela sua simplicidade,<br />
pelos seus gestos gentis, pelo seu carisma.<br />
Jamais pretendeu sobrepujar ao bispo de<br />
quem era auxiliar. Testemunhou sua<br />
lealdade até os últimos momentos de vida de<br />
D. Alberto. Quando foi efetivado como<br />
Arcebispo Metropolitano da Arquidiocese<br />
de Belém, declarou em seu discurso “Que o<br />
cargo é maior do que eu”. A partir daí<br />
começou a "lua de mel" entre o pastor<br />
e seus súditos. O povo "adora" D.<br />
Vicente. Escuta-o embevecido. Não<br />
cansa de aplaudi-lo e reverenciá-lo. É<br />
campeão de audiência em seus<br />
programas na rádio e TV. É sincero e<br />
espirituoso. Suas palestras são<br />
recheadas de "causos" que<br />
desanuviam o ambiente deixando a<br />
platéia atenta pelo tempo que for<br />
necessário. Trata a todos com<br />
igualdade e consideração. É impressionante<br />
a sedução que desperta nas<br />
camadas simples da população. Na<br />
Romaria Rodoviária no<br />
deslocamento para Icoaraci, a<br />
multidão postada ao lado da avenida<br />
vai às lágrimas quando abençoada<br />
pelo Bom Pastor. E ele não se cansa<br />
de distribuir as bênçãos durante todo<br />
o trajeto deixando aquelas pessoas<br />
felizes e recompensadas. Possui um<br />
grande poder<br />
d e c o n c i -<br />
l i a ç ã o e<br />
c o n s e g u e<br />
que autoridades<br />
divergentes caminhem a seu lado por<br />
ocasião das festividades do Círio distribuindo a<br />
todos equânime atenção. Há um ano<br />
aproximadamente comemorou o seu jubileu de<br />
ouro de ordenação presbiteral quando toda a<br />
comunidade católica se regozijou com o evento,<br />
D. Vicente Zico<br />
O Bom Pastor<br />
*Elias Gorayeb<br />
Q<br />
28
agradecendo a Deus pela extraordinária<br />
riqueza de graças com que cumulou<br />
nosso Arcebispo nesses 50 anos de<br />
vida pastoral. Com seu Bispo auxiliar<br />
testemunha uma relação fraterna e<br />
produtiva. Um completa o outro. A<br />
espiritualidade e a Ação; A fé e as<br />
Obras. Por inúmeras vezes estive com<br />
D. Vicente e sempre fui alvo de<br />
grande consideração. Na sua<br />
residência, no arcebispado, nos<br />
encontros, nas celebrações, etc. e me<br />
ficou a convicção de que se elegeria<br />
ao cargo que se candidatasse, de<br />
Vereador a Governador tal a<br />
fascinação que exerce no povo, mas<br />
nós o queremos mesmo é que continue<br />
por muitos anos sendo o nosso Bom<br />
Pastor. Obrigado Igreja da Luz, em<br />
Minas Gerais por ter enviado à Igreja<br />
da Casa do Pão um Pastor como D.<br />
Vicente Joaquim Zico! +<br />
Parabens D. Zico!<br />
29
Castanhal<br />
Castanhal, a “Cidade Modelo do Pará”<br />
acorda ainda mais bela neste dia 28 de<br />
Janeiro, quando festeja seus 71 anos de<br />
emancipação político-administrativa.<br />
Mas para que o município continuasse trilhando<br />
o caminho do progresso e do crescimento<br />
ordenado, foi preciso a atuação de alguém que<br />
fizesse do município um canteiro de obras. E<br />
nada melhor do que um engenheiro para fazer<br />
tudo isso o prefeito Paulo Sérgio Rodrigues<br />
Titan, o principal responsável pelo desafio de<br />
arquitetar e construir o presente pensando no<br />
futuro. E em Castanhal, o futuro já faz parte do<br />
presente.<br />
Do centro à periferia, os investimentos são<br />
constantes. A macrodrenagem do Igarapé<br />
Castanhal, por exemplo, é uma das muitas provas<br />
disso. Como ela, que recebeu asfalto, iluminação<br />
e sistema de esgoto, a canalização do antigo canal<br />
da Caixa D'água é outra realidade, melhorando a<br />
qualidade de vida de centenas de famílias, que<br />
antes tinham que conviver com os alagamentos e<br />
doenças.<br />
Asfalto, construção de novos postos de saúde,<br />
setor agrícola fortalecido, mais escolas e novas<br />
salas de aula, nova Casa de<br />
Cultura, feiras construídas e<br />
outras reconstruídas, nova<br />
roupagem para a Assistência<br />
Social e um montão de<br />
b e n e f í c i o s q u e o<br />
castanhalense conhece muito<br />
bem. Ressalte-se ainda a<br />
transformação da cidade no<br />
mais novo polo industrial do<br />
Pará, gerando emprego e<br />
renda para a população.<br />
Além disso, a PMC construiu<br />
e inaugurou, no final de<br />
dezembro passado, o Pronto<br />
Socorro Municipal de<br />
Castanhal, ampliando ainda<br />
30<br />
71 anos no caminho<br />
mais os atendimentos e dando novos rumos para<br />
as questões de saúde pública no município, que<br />
já contava com um Laboratório Municipal,<br />
emitindo exames laboratoriais gratuitos.<br />
Após 61 anos de sua construção: o Palácio<br />
Municipal Maximino Porpino da Silva foi<br />
totalmente revitalizado e modernizado.<br />
Tendo administrado Castanhal pela primeira<br />
vez há 21 anos atrás, Titan completou, no<br />
primeiro dia de janeiro, 6 anos à frente da<br />
Prefeitura, após festejada reeleição.<br />
E é com todas essas vantagens que Titan vai<br />
levando seu terceiro mandato como prefeito, já<br />
tendo sido, aliás, duas vezes deputado federal.<br />
Hoje, o brilho de Castanhal está por toda parte,<br />
fruto de um trabalho sério, numa administração<br />
que vem chamando a atenção pela popularidade<br />
e credibilidade, como tantos<br />
outros administradores<br />
sérios que passaram pela<br />
prefeitura local e também<br />
deixaram sua marca. Entre<br />
os quais, o ex-prefeito<br />
Almir Lima, que construiu o<br />
que hoje é o principal cartão<br />
p o s t a l d a c i d a d e o<br />
monumento do Cristo<br />
Redentor, que, assim como<br />
o povo hospitaleiro da<br />
cidade modelo, recebe a<br />
todos com os braços bem<br />
abertos.<br />
Para comemorar os 71 anos<br />
de Castanhal, a prefeitura<br />
Castanhal é todo progresso
do progresso<br />
e l a b o r o u u m a<br />
programação com atos<br />
solenes, inaugurações e<br />
festas populares. Á<br />
noite, governo e povo se<br />
encontram na praça<br />
Ignácio Gabriel (Praça<br />
Prefeito<br />
da Estrela) para, enfim,<br />
Paulo Titan<br />
brindar a certeza de que<br />
com a participação de<br />
todos, Castanhal vai continuar sendo o<br />
município modelo do Pará. + +<br />
Melhorando a qualidade de vida<br />
Sede Municipal<br />
31
Parabens, Castanhal<br />
(28/01/1932)<br />
*Hélio Rodrigues Titan<br />
R<br />
Remontando a<br />
nossa memória,<br />
traremos à de nossos<br />
pensamentos, a satisfação e alegria,<br />
pelo aniversário de nossa querida<br />
Castanhal, elevada que foi, em<br />
28/01/1932 à categoria de município pelo<br />
Interventor , na época, Joaquim de<br />
Magalhães Cardoso Barata.<br />
São 71 anos de evolução, tradição,<br />
espraiamento urbano, desenvolvimento<br />
comercial, agropecuário, industrial e<br />
populacional, moldando nestes anos, uma<br />
cidade robusta e que enche de orgulho o<br />
povo desta terra.<br />
Com mais de 150 mil habitantes,<br />
incluindo a população rural,<br />
Castanhal desenvolveu uma<br />
característica toda especial, quer<br />
em comportamento humano,<br />
religioso e cultural, como em<br />
seus múltiplos aspectos de<br />
uma cidade moderna, arejada,<br />
luminosa, tropical o que a<br />
tornou conhecida em todo Pará e<br />
além, como "Município Modelo”<br />
A cidade aniversariante, me faz lembrar a filosofia de<br />
desenvolvimento da "Companhia Geral do Grão-Pará<br />
e Maranhão" uma empresa organizada pelo Marquês<br />
de Pombal em 1755, que estimulava inclusive com<br />
infra-estrutura necessária,<br />
o de-senvolvimento do<br />
comér-cio e agricultura. Foi<br />
extin-ta em 1777 por D.<br />
M a r i a I . R a i n h a d e<br />
Portugal, por motivos<br />
v á r i o s , i n c l u s i v e a<br />
expiração do prazo legal,<br />
concedido pela coroa do<br />
Reino de Além-Mar.<br />
A comparação retroesposada<br />
nos alicerça, no<br />
trabalho desenvolvido<br />
Cristo Redentor<br />
pelos nossos alcaides e licurgos, cuja maioria se<br />
dedicou a esta terra, com suor e lágrimas, no<br />
desenvolvimento deste torrão abençoado.<br />
O famoso Magistrado francês De Brosses (1709-<br />
1777) já dizia que o<br />
crescimento cultural,<br />
comercial político de<br />
uma comunidade está no<br />
aprimoramento de sua<br />
identidade.<br />
Assim é Castanhal,<br />
amigos! Esta nossa<br />
cidade encravada nos<br />
rincões nordestinos do<br />
Pará, evoluiu com o<br />
passar do tempo, sua<br />
própria face citadina!<br />
O aprasivel Balneário Cai N’água
humilde na maioria, mas relativamente alegre em<br />
ume terra onde a hospitalidade floresce e se<br />
exterioriza à "olhos vistos"; onde o sol tem um brilho<br />
peculiar; onde o vento acaricia o nosso rosto com<br />
mais ternura, onde o orvalho da manhã é mais puro;<br />
onde crepúsculo é como uma aurora boreal em nossos<br />
corações; onde a chuva lava a cidade com capricho e<br />
zelo!<br />
Castanhal tem um murmúrio todo especial de seu<br />
povo, na labuta do cotidiano, nas feiras livres, no<br />
comércio, no trânsito, na parafernália dos ciclistas<br />
afoitos; nas bancas do jogo do bicho, nos terminais<br />
rodoviários, nos dançarás noturnos varando a<br />
madrugada desta terra pródiga de comportamento<br />
humano alegre e descontraído.<br />
Castanhal tem o seu Cristo Redentor, tem sua transrodovia,<br />
tem ainda como lembrança algumas<br />
castanheiras lá de Santa Helena , como se fossem<br />
sentinelas de um berçário intocável.<br />
Castanhal tem a plena liberdade religiosa, onde os<br />
cultos mais variados se enlaçam num ecumenismo<br />
fraterno.<br />
Personalizando, Castanhal, tem o Titan, o Leite, o<br />
Cristo Redentor, os cantores de brega , a carne de sol,<br />
o pão de queijo, a matriz São José, além dos mais de<br />
150 mil anônimos felizes desta cidade iluminada.<br />
Em frente à prefeitura, desfile dos idosos.<br />
(Projeto Vida Ativa)<br />
Finalmente , obrigado Castanhal, por te conhecer e<br />
parabéns pelo teu aniversário e teu constante<br />
renascer no dia a dia da prosperidade! +<br />
*Médico e scritor<br />
Vista panorâmica de Catanhal
“Nas ruas<br />
de Castanhal”<br />
Nas ruas de minha cidade,<br />
Vejo gente de todas as partes,<br />
Nas ruas de minha cidade,<br />
Ainda ouço o apito do trem,<br />
Nas ruas de minha cidade,<br />
O passado dá lugar ao moderno,<br />
Pois nas ruas de minha cidade,<br />
Há um modelo pro meu Pará.<br />
Nas ruas de meu lugar,<br />
O verde voltou a sorrir,<br />
Ah! Essas ruas!<br />
Ruas minhas,<br />
Ruas tuas!<br />
Ruas que eram nuas,<br />
E hoje,<br />
Se vestem em traje de asfalto<br />
Ruas que cortam praças, prédios, indústrias,<br />
Palácios e jardins.<br />
Ruas em trevo,<br />
E ruas transversais,<br />
Ruas vicinais,<br />
E até algumas marginais...<br />
*Eládio Reis<br />
Ruas travessas,<br />
Becos, anexas...<br />
E ruas ancestrais,<br />
Ruas floridas,<br />
E Avenidas paridas,<br />
Com o selo de um solo mãe.<br />
Ruas com passarelas,<br />
(Com ou sem elas!)<br />
com olhos de gato,<br />
lombadas e meio-fio!<br />
E elas têm sarjetas...<br />
Têm plaquetas...<br />
Têm canais.<br />
E têm ramais!<br />
S ruas de minha cidade têm tudo isso,<br />
E tudo aquilo que não pude ver.<br />
Têm Castanheira,<br />
Têm parteira,<br />
E fazem fronteira,<br />
Com um passado que eu não vi.<br />
No Castanhal de minha história,<br />
O futuro conduz o presente.<br />
Naquela,<br />
Na viela,<br />
E nas belas ruas de meu lugar!<br />
+<br />
*Poeta castanhalense<br />
34
CASTANHAL,<br />
OBRIGADA *Rejane<br />
*Rejane Jatene<br />
CASTANHAL, “Cidade Modelo” do<br />
Nordeste Paraense, tem como símbolo<br />
máximo à imagem do “Cristo Redentor”, na<br />
entrada da cidade, abençoando a cidade e seus<br />
visitantes.<br />
Essa imagem me faz recordar que um dia esta cidade,<br />
recebeu de braços abertos, meu Pai,<br />
um imigrante libanês, que veio<br />
“tentar a sorte”; e por ter sido tão<br />
bem recebido e abençoado, ficou e criou raízes, as<br />
quais ensinou a AMAR Castanhal.<br />
Foi em Castanhal que vivi minha infância,<br />
estudando no Colégio São José, ao qual<br />
agradeço a formação religiosa que muito me<br />
ajudou no decorrer da vida. È em Castanhal que<br />
até hoje busco “colo” quando necessário.<br />
Por isso, no seu aniversário, não poderia<br />
deixar de declarar o meu Amor por esta cidade,<br />
dizendo: “CASTANHAL, Parabéns<br />
e muito OBRIGADA”. +<br />
35
Castanhal em exposição na praça Ignácio Gabriel<br />
A origem do nome<br />
de Castanhal<br />
A<br />
lguns livros já foram escritos e<br />
publicados sobre Castanhal. Com<br />
escritores, historiadores e ou memorialistas.<br />
Todos tentaram explicar a origem do<br />
nome da cidade, mas sobre isso não há<br />
unanimidade.<br />
* Por Moacir Silva<br />
A versão mais corrente é a que a denominação<br />
teria se originado do fato de terem sido<br />
encontradas várias castanheiras (árvores<br />
frondosas que dão o fruto Castanha-do-Pará,<br />
enclausurado no ouriço), pelos desbravadores,<br />
os nordestinos que aqui chegaram e achavam<br />
36
que ali havia uma grande concentração daquelas<br />
árvores, daí pensarem se tratar de um grande<br />
castanhal, o que<br />
r e a l m e n t e n ã o<br />
existia. Há quem<br />
afirme que quem<br />
encontrou essas<br />
árvores teriam<br />
sido os que<br />
v i n h a m<br />
a b r i n d o a<br />
Estrada de<br />
F e r r o d e<br />
Bragança,<br />
quando os<br />
t r i l h o s<br />
chegava<br />
m aqui.<br />
Uma outra<br />
variação da<br />
mesma versão é a de que as árvores vistas<br />
seriam apenas três, mas os que se encarregaram<br />
de espalhar a notícia, imaginaram que a partir<br />
dessa quantidade deveria existir muito mais,<br />
formando-se assim um verdadeiro castanhal,<br />
daí ter-se incrementado rapidamente a idéia,<br />
gerando assim a denominação do lugar como<br />
“Castanhal”. À medida em que se foram abrindo<br />
as vias com que se formou a vila, foi se<br />
verificando que na realidade não existia ali uma<br />
grande concentração de castanheiras, porém<br />
não havia mais jeito, o nome do lugar já estava<br />
consumado como Castanhal, que redundou até<br />
na escolha desse nome para uma das máquinas<br />
locomotivas dos trens da Estrada de Ferro de<br />
Bragança. Por sinal essa máquina, a<br />
“Castanhal”, hoje recuperada, se encontra<br />
como símbolo da época, em exposição na praça<br />
Ignácio Gabriel, em nossa cidade.<br />
Por falar nisso, consta ainda da história<br />
que, como a estrada de ferro<br />
t e v e g r a n d e<br />
influência<br />
em toda a<br />
vida dos<br />
lugares,<br />
v i l a s e<br />
vilarejos<br />
por onde<br />
passava, a<br />
A locomotiva “Castanhal”, denominaç<br />
mais conhecida como Maria Fumaça. ã o d e<br />
Castanhal foi consolidada pelas paradas que os<br />
trens faziam, com os passageiros informando<br />
que iam ficar “em Castanhal” e os poucos<br />
“comércios” que existiam recebiam suas caixas<br />
com mercadorias marcadas com o nome do<br />
dono ou da firma destinatária. E o destino era<br />
Castanhal.<br />
Ainda há muito o que pesquisar, mas tem que se<br />
correr, pois o melhor documento são as<br />
testemunhas vivas da história, mas estas já são<br />
poucas.<br />
Mas, o importante mesmo, é que hoje o nome<br />
de Castanhal, que completa neste ano seus 71<br />
anos de emancipação, tem seu nome inscrito<br />
nos anais do progresso e do desenvolvimento. +<br />
* Editor do jornal A TRIBUNA DE CASTANHAL<br />
37
HOTELARIA<br />
Aarte da hospedagem nasceu no mundo<br />
antigo. Há 500 anos A.C., na bacia do<br />
Mar Mediterrâneo, apareceram as<br />
primeiras hospedarias, justamente em função da<br />
expansão do Império Romano. Depois na Grécia,<br />
Roma, Persia... Já na Era Cristã, com a<br />
decadência desse mesmo Império, houve uma<br />
queda na hotelaria, por conta da descentralização<br />
da ordem e do enorme perigo que esse fato<br />
causava para os viajantes. Na Idade Média, as<br />
cruzadas fazem ressurgir a figura do hóspede<br />
que, com o objetivo de negocios ou lazer, busca<br />
alimentação e abrigo. Os séculos XVIII, XIX, a<br />
Revolução Industrial, as grandes invenções e<br />
descobertas, trouxeram enorme estímulo para a<br />
Indústria Hoteleira e contribuíram diretamente<br />
na estrutura dos hotéis e dos seus serviços nos<br />
dias de hoje.<br />
Grandes redes hoteleiras internacionais foram<br />
criadas, e, muitas delas encontram-se<br />
*Denise Lima<br />
Uma sucinta história de sua origem<br />
implantadas no Brasil que aos poucos vai<br />
substituindo o seu perfil de hoteleira familiar e<br />
de certa forma amadora, por uma outra bem<br />
mais profissional. No entanto, se compararmos<br />
a história de outros países muito a frente do<br />
nosso, podemos até imaginar que ainda estamos<br />
“engatinhando”, principalmente quando<br />
fazemos um paralelo com aqueles muito<br />
menores em tamanho e com muito menos<br />
atrativos naturais. Mas o Brasil está<br />
caminhando sim para aparelhar cada vez mais<br />
sua Indústria Hoteleira, munindo-a de todos os<br />
avanços e modernidades que o mercado<br />
necessita. Temos é bem verdade dificuldades de<br />
toda ordem, principalmente no que diz respeito<br />
a falta de mão de obra qualificada. O número<br />
das Escolas de Hotelaria tanto cursos técnicos<br />
profissionalizantes como faculdades ainda está<br />
muito aquém de nossas reais necessidades e<br />
38
concentradas, em sua grande maioria, em pólos<br />
mais desenvolvidos.<br />
E n t r e t a n t o , p o s s u í m o s d i f e r e n c i a i s<br />
extraordinários e relação a outros países: os<br />
nossos recursos naturais, com atrativos para<br />
todos os gastos, onde encontramos desde neve,<br />
passando por campos, florestas exuberantes,<br />
rios caudalosos e praias, com enorme<br />
capacidade para pesca esportiva, esportes<br />
radicais, turismo religioso, enfim. E o maior de<br />
todos os diferenciais e sem o qual nenhum outro<br />
teria importância, que são os nossos recursos<br />
humanos. Possuimos pessoas com verdadeiro<br />
sentido de hospitalidade e simpatia, difícil de se<br />
encontrar em outros lugares e, esse simples fato,<br />
nos deixa muito à frente dos outros, pois<br />
construir parques temáticos e grandes obras<br />
turísticas torna-se muito mais fácil do que criar<br />
cultura. E, essa nossa característica é cultural e é<br />
a grande arma que temos em mãos, já que nos<br />
falta ainda tanto. Esse deveria ser o ponto forte<br />
da hotelaria que trabalha especificamente com<br />
s e r v i ç o s e p r e c i s a<br />
diretamente de pessoas<br />
para executá-los.<br />
P r e c i s a m o s s i m , é<br />
acreditar nos nossos<br />
recursos humanos e<br />
investir nele, criando<br />
mais escolas, cursos e<br />
treinamentos, dando cada<br />
vez mais condições para<br />
que esse recurso possa<br />
m o s t r a r s u a r e a l<br />
capacidade de bem<br />
receber e de bem tratar<br />
t o d o s a q u e l e s q u e<br />
escolherem como destino<br />
o Brasil. +<br />
39
Inovação científica é<br />
AUniversidade Federal do Pará (UFPA),<br />
maior e mais antiga universidade paraense,<br />
“está promovendo a ampliação de suas<br />
atividades de pesquisa e capacitação<br />
científica, para estar na vanguarda da inovação<br />
científica na Amazônia”, afirma o reitor da instituição,<br />
professor Alex Fiúza de Mello. Para ele, “a<br />
Universidade tem uma enorme capacidade de<br />
inovação científica e tecnológica que não está sendo<br />
devidamente aproveitada por todos que fazem parte<br />
dela”. Em sua administração iniciada em 2001 e que se<br />
estenderá até 2005, ele garantiu que haverá plena<br />
preocupação em aperfeiçoar os trabalhos e pesquisas<br />
que vem sendo realizados há anos pela instituição.<br />
Atuando desde 1978 no Departamento de Ciência<br />
Política da UFPA, Alex Fiúza tem 47 anos e é graduado<br />
em ciências sociais pela UFPA, em 1977. Depois, fez<br />
mestrado em Ciência Política (UFMG), doutorado em<br />
Ciências Sociais (UNICAMP) e pós-doutorado na<br />
Ecole des Hautes Etudes em Sciences Sociales, de<br />
Paris. Já trabalhou com pesquisas ligadas às relações<br />
de trabalho, modernização produtiva, criminalidade<br />
urbana, entre outros assuntos. Sua área de pesquisa<br />
atual é globalização do capitalismo, assunto sobre o<br />
qual já proferiu palestras e conferências no Brasil e no<br />
exterior. A reportagem da revista Pará + fez uma<br />
entrevista exclusiva com o reitor, abordando a<br />
inovação científica promovida pela instituição.<br />
Pará + Como está a situação da pesquisa na UFPA?<br />
Alex - A pesquisa é uma das mais importantes<br />
atividades da Universidade Federal e também uma das<br />
que mais crescem, porque ao utilizar recursos<br />
científicos, aplica recursos humanos especializados. A<br />
universidade hoje está ampliando a utilização de<br />
recursos humanos, pois já ultrapassou a casa de 400<br />
professores doutores e caminha a passos largos para ter<br />
500, o que significa que aproximadamente 1/3 da<br />
instituição tem capacitação científica nas mais<br />
diversas áreas. Somente este ano, nós contratamos 100<br />
doutores e PhDs. Mas, estamos hoje, numa fase de<br />
estruturação na obtenção de laboratórios de ponta,<br />
como o de genética, que está trabalhando na cadeia da<br />
produção de genoma nacional, e na área de energia,<br />
que tem pesquisas sobre biomassa, energia solar,<br />
energia elétrica e energia eólica, sendo construídos<br />
laboratórios, que receberão equipamentos de ponta<br />
nesta área. Então, a UFPA procura cumprir seu destino,<br />
ampliando a produção de programas de pós-graduação<br />
e associados a eles, programas de pesquisa de ponta,<br />
como é o caso do Programa de Recursos Hídricos, cuja<br />
implantação está sendo negociada junto a Capes, por<br />
conta do problema da água e a sua importância para a<br />
nossa região. Queremos ser uma referência não só<br />
nacional, mas também mundial na pesquisa sobre os<br />
recursos hídricos.<br />
Pará + O que é o Poema e qual a sua relevância?<br />
Alex - O Poema é um projeto interdisciplinar que<br />
ganhou tal dimensão e tal fôlego, que trabalha como<br />
sistema próprio dentro da Universidade. Inclusive, é<br />
um programa de repercussão internacional, a ponto<br />
da Organização das Nações Unidas (ONU), estar<br />
financiando a transferência de tecnologia do Poema<br />
para a África do Sul, para ensinar a trabalhar o resgate<br />
da pobreza juntamente com a preservação ambiental,<br />
dentro de uma cadeia produtiva estabelecida,<br />
envolvendo pequenos produtores rurais,<br />
inicialmente sem emprego e ocupação, que passam a<br />
fazer parte de uma cadeia de produção de recursos<br />
naturais, que vai desde as fibras, até outras formas de<br />
produto que fazem parte da cadeia industrial. Esta<br />
cadeia de produção hoje ganha dimensões<br />
internacionais, pois temos trabalhos com o Equador e<br />
agora com a África do Sul, recebendo todo apoio da<br />
ONU, tendo sido premiados na Alemanha, em<br />
novembro de 2001, por realizar o projeto mais<br />
importante no mundo sobre pobreza e meio<br />
ambiente.<br />
Pará + Como as pesquisas do Poema e de outros<br />
programas estão inseridas no sistema produtivo?<br />
Alex - Normalmente, estas pesquisas combinam uma<br />
série de contribuições, como por exemplo, o Poema,<br />
que tem apoio da Daimler-Chrisler, uma empresa<br />
automobilística alemã-americana que apóia o<br />
programa, tirando vantagem com relação ao produto,<br />
mas vende a sua imagem social, aproveitando para<br />
realizar programas de resgate da cidadania na região.<br />
Também se tem apoio do Governo do Estado, que<br />
contribui bastante. A própria Universidade colabora<br />
para esta inserção, na medida em que sede carga
meta prioritária da UFPA<br />
* Roberto Paulo Bibas Fialho<br />
horária de pessoal, emprega tecnologia e assim por<br />
diante. Outros programas de pesquisa também se<br />
mantém assim. Para se levar à frente um programa de<br />
pesquisa desta envergadura, é preciso unir recursos<br />
do Ministério da Ciência e Tecnologia, Ministério da<br />
Educação, do Finep, recursos do Estado e recursos<br />
das empresas. Por exemplo, um grupo de pesquisas<br />
deste porte pega as vezes parte dos recursos dos<br />
convênios que faz com a Eletronorte, recebendo<br />
energia; outra parte vem da Capes; às vezes também<br />
dos fundos setoriais do Ministério da Ciência e<br />
Tecnologia. Enfim, com cada parte destes recursos<br />
que vão entrando, é possível re-estruturar os<br />
laboratórios, gerar bolsas para poder desenvolver<br />
programas de pós-graduação, entre outros benefícios<br />
possíveis. É uma soma de esforços que vão<br />
constituindo o know-how da Universidade.<br />
Pará + Como são materializados os esforços para a<br />
geração de tecnologia às empresas locais?<br />
Alex - Nós temos a incubadora de empresas, que é<br />
uma experiência de sucesso. Várias empresas foram<br />
incubadas com sucesso, como é o caso da Brasmazon<br />
e da Chamma, que trabalham na área de química fina,<br />
e hoje têm produtos nascidos na Universidade, que<br />
são exportados para o mundo inteiro. Hoje,<br />
conseguimos o apoio da ADA, para criar um anexo à<br />
incubadora de empresas e estamos negociando a<br />
ampliação desse trabalho, para a criação de um<br />
pequeno parque tecnológico dentro da universidade,<br />
para estabelecer maior relação com o setor produtivo.<br />
Assim, vai-se abrindo a universidade, vai-se<br />
engajando-a nos processos de desenvolvimento<br />
econômico do Estado.<br />
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Pará + Como isso funciona? O empresário trás a sua<br />
necessidade ou a Universidade já oferece algum<br />
produto ou alguma tecnologia?<br />
Alex - Podem ser as duas coisas, pois o trabalho<br />
permite a interlocução. Algumas vezes o empresário<br />
trás a idéia e desenvolve ainda mais, às vezes, ele<br />
chega aqui só com o capital e não sabe em que vai<br />
aplicar, então, a Universidade sugere, aplicando<br />
conhecimento em áreas estratégicas. Por exemplo,<br />
hoje estamos avançando na área de software, que é<br />
uma área importante. Temos também a área de design<br />
industrial, que é muito importante. Trabalha-se<br />
também com cosméticos, com industrialização de<br />
sucos, bombons, enfim, uma série de produtos<br />
plenamente viáveis. Fizemos agora, o açaí light, que<br />
é uma patente nossa e resultou de uma série de<br />
estudos. Em geral, a patente depende do tipo de<br />
contrato que existe entre a empresa e a UFPA. Como<br />
tem capital da empresa, normalmente a patente fica<br />
dividida e a Universidade reverte o faturamento<br />
obtido, investindo em infra-estrutura.<br />
Pará + Que resultados têm sido obtidos no tocante a<br />
difusão de novos produtos de exportação?<br />
Alex - Um dos desafios que temos com relação à<br />
Amazônia, é transformar o nosso potencial de<br />
recursos naturais em riquezas, o que significa aplicar<br />
conhecimento para ter um valor agregado, pois<br />
queremos exportar o produto acabado e não matériaprima.<br />
E não tem como fazer isso, se não aplicar a<br />
ciência. Ou você vai buscar esta tecnologia fora ou<br />
investe aqui. Se você aproveita os recursos humanos<br />
que nós temos aqui, o que vai acontecer? As patentes<br />
ficam aqui e revertem para melhorar a nossa<br />
capacidade científica. Então, entra-se num círculo<br />
virtuoso.<br />
Pará + Como funciona a incubadora de empresas?<br />
Alex - Ela tem um prédio específico, onde há uma<br />
infra-estrutura de pessoal de secretaria e apoio<br />
logístico. Também envolve os laboratórios de<br />
pesquisa da UFPA, que se associam em função do<br />
tipo e natureza do produto. A incubadora faz a costura<br />
com os laboratórios da Universidade. Quando a<br />
empresa vai ganhando densidade, quando ela se<br />
destaca, vai para outro lugar, com apoio logístico da<br />
Universidade, até que ela ganha autonomia e se<br />
destaca.<br />
Pará + O que é a pesquisa referente ao Art Paper?<br />
Alex - O Art Paper é um subproduto do Poema, sob o<br />
nome específico de Amazon Paper. Fizemos<br />
investimento trazendo técnicos do exterior e<br />
formamos pessoal aqui. Inclusive, temos sempre a<br />
preocupação de deixar know-how aqui. E nós<br />
estamos fazendo o primeiro tipo de papel no mundo<br />
que é feito desta forma, agregando produtos
egionais. É uma coisa<br />
fantástica, porque é um<br />
produto biodegradável.<br />
Temos um local próprio,<br />
uma pequena fábrica<br />
localizada na Cidade<br />
V e l h a , o n d e é<br />
confeccionado o Amazon<br />
P a p e r. O u t r o d i a ,<br />
entregamos um diploma<br />
impresso neste tipo de papel. Ficou belíssimo. Foi um<br />
diploma de doutor honoris causa que demos a um<br />
grande benemérito deste projeto, um alemão que nos<br />
apoiou desde o início da pesquisa.<br />
Pará + Como a Universidade tem colaborado para a<br />
melhoria do setor produtivo regional, nacional e<br />
internacional, especialmente no tocante à<br />
industrialização?<br />
Alex - Não é papel da universidade criar fábricas,<br />
mas se associar ao setor produtivo para transferir<br />
conhecimento e tecnologia, desenvolvendo a<br />
inovação tecnológica. O nosso grande desafio é estar<br />
acoplados ao setor produtivo, dando contribuição,<br />
como forma de devolver para a sociedade o<br />
investimento feito na universidade pública, que é<br />
mantida com o imposto público. Temos que colocar o<br />
conhecimento à disposição do desenvolvimento<br />
regional. Queremos ampliar este diálogo com a<br />
sociedade, inclusive para fazer conhecer o potencial<br />
que a Universidade hoje tem e que ainda não é bem<br />
conhecido; estabelecer estes canais de comunicação<br />
permanentes com o setor produtivo, que é também<br />
pouco conhecido; queremos também dialogar para o<br />
crescimento deste setor, pois estamos abertos e<br />
disponíveis a contribuir no seu desenvolvimento.<br />
Podemos criar mecanismos de<br />
fazer com que se criem outras<br />
atividades industriais no<br />
E s t a d o . C e r t a m e n t e a<br />
Universidade tem muito a<br />
colaborar.<br />
Pará + Quais são as propostas<br />
que tem a Universidade no<br />
tocante a novos produtos a<br />
serem desenvolvidos no Pará?<br />
Alex - Temos clareza que em algumas áreas, que são<br />
estratégicas para o desenvolvimento do Estado, nós<br />
temos que acumular experiência, conhecimento e<br />
tecnologia dentro da Universidade, para poder<br />
apoiar. Por exemplo, temos a área mineral, onde<br />
estamos em negociação com a empresa Vale do Rio<br />
Doce, para a implantação de um convênio. Vamos<br />
implantar o curso de Engenharia de Minas, com a<br />
participação de paraenses, não mais apenas com o<br />
pessoal que vêm de Minas<br />
Gerais. Teremos agora, pessoas<br />
se formando em Engenharia de<br />
Minas no Pará e futuramente,<br />
Engenharia de Materiais, para<br />
verticalizar a produção mineral<br />
no sul do Pará, onde o curso irá<br />
funcionar. É uma articulação<br />
f e i t a p e l o C e n t r o d e<br />
Geociências e a Vale do Rio<br />
Doce. Precisamos investir nas áreas que são<br />
estratégicas para o desenvolvimento do Estado, além<br />
da área mineral, como as áreas de recursos hídricos,<br />
biotecnologia, agronegócios, energia e outras áreas<br />
relacionadas com o setor produtivo. Há outras, que<br />
não são estratégicas, mas se tratando do impacto<br />
econômico, estamos procurando nos expandir. A<br />
química de produtos naturais é também uma área<br />
fundamental. Estamos investindo muito nessas áreas,<br />
para que a Universidade possa de fato ser uma<br />
parceira substantiva nos desafios que estão colocados<br />
quanto a verticalização da economia do Estado do<br />
Pará nos próximos anos.<br />
Pará+ Como são detectadas as necessidades dos<br />
municípios paraenses, para que a Universidade possa<br />
colaborar no seu desenvolvimento? Isso acontece via<br />
Secretaria Executiva de Produção do Estado?<br />
Alex - Às vezes, as empresas de alguns setores já<br />
conhecem os grupos de pesquisa que trabalham no<br />
seu ramo. Por exemplo, a Eletronorte trabalha na área<br />
de energia e já tem contato com o pessoal que trabalha<br />
na área. Isso acontece uma vez ou outra nas outras<br />
áreas, mas de maneira geral, ainda é um contato muito<br />
diluído, muito pulverizado. Às vezes acontece este<br />
contato através da Secretaria de Tecnologia e Maio<br />
Ambiente (Sectam), que<br />
sempre tem contato conosco.<br />
Ela nos informa sobre uma certa<br />
necessidade e fazemos a ponte.<br />
Isso tem acontecido. Às vezes,<br />
vem através de uma demanda<br />
do Fundo de Desenvolvimento<br />
em Ciência e Tecnologia do<br />
Estado do Pará (Funtec), a qual<br />
n o s a s s o c i a m o s . E s t o u<br />
convencido que independentemente de todas estas<br />
pontes diretas ou indiretas, a Universidade precisa, e<br />
isso é um esforço que iremos fazer em 2003, criar um<br />
setor próprio de articulação com o setor produtivo,<br />
que costure todas as competências em rede, mas que<br />
facilite ao setor produtivo esse contato.<br />
Pará+ Falta um mecanismo que aponte de forma<br />
mais eficiente onde se localizam estas necessidades<br />
no interior do Estado?
Alex - Temos no interior vários campi, que servem<br />
como referencial de conhecimento e pesquisa.<br />
Obviamente, os campi que tem poucos cursos<br />
instalados não tem uma massa crítica estabelecida,<br />
como tem em Belém, a exceção de alguns casos, por<br />
exemplo, tanto a parte de agropecuária ou de<br />
agricultura está no interior do Estado, na<br />
Universidade. As competências estão lá. Não estão em<br />
Belém, mas em Altamira ou em Marabá. A UFPA<br />
assessora hoje 6 mil produtores rurais, dando<br />
assistência diretamente. Temos um programa forte, em<br />
biologia marinha, que funciona em Bragança,<br />
inclusive com mestrado. Lá estamos treinando até<br />
alemães. É uma das referências mundiais na área de<br />
biologia marinha. Estive em novembro do ano<br />
passado, em Bonn, na Alemanha, no Daad, que é setor<br />
do governo alemão, do Ministério de Ciência e<br />
Tecnologia, que cuida dos programas de cooperação<br />
científica, e lá me foi apresentado um mapa do Brasil,<br />
em termos de referenciais científicos. A biologia<br />
marinha, de Bragança, apareceu neste mapa. Nós<br />
temos um convênio com o governo alemão, que<br />
funciona há cinco anos.<br />
Pará+ Vale a pena visitar Bragança?<br />
Alex - Lá, temos um laboratório de primeiro mundo.<br />
Você vai ficar impressionado com o que nós temos em<br />
Bragança. O pessoal hoje está fazendo não só<br />
experiências em cativeiro, como está estudando o<br />
tempo de vida e de reprodução de algumas espécies de<br />
crustáceos, bem como para preservar o mangue e<br />
ampliar a sua produtividade. Isso é algo fantástico<br />
também pela contribuição social que está resultando.<br />
O campi localiza-se dentro de Bragança. Agora<br />
estamos negociando a construção de uma estação<br />
experimental em Ajuruteua, próximo a Bragança.<br />
Pará+ Com relação a isso, temos como exemplo a<br />
Espanha, que tem no mexilhão um dos seus maiores<br />
produtos de exportação. Podemos pensar em algo<br />
semelhante?<br />
Alex - Aqui, temos que pensar primeiramente como<br />
explorar com controle ambiental, para que a pesca ou<br />
extração predatória não cause problemas de<br />
reprodução nas espécies coletadas. Esse é o desafio<br />
científico deste trabalho, que envolve estudos sobre o<br />
caranguejo, o mexilhão, peixes e camarão. Temos em<br />
Castanhal, um centro de reprodução animal, que faz<br />
experimentos genéticos de aperfeiçoamento de<br />
bubalinos. Outra informação de destaque, é que<br />
recentemente criamos o Portal da Amazônia, que é<br />
um programa on line, via internet, que faz a<br />
divulgação do conhecimento científico produzido na<br />
Amazônia, em todas as áreas. Estamos veiculando<br />
neste portal, tudo que é produzido aqui,<br />
disponibilizando a informação em três línguas:<br />
português, espanhol e inglês. Acessando o Portal da<br />
Amazônia, você sabe o que está sendo produzido na<br />
região. Isso serve para escolas, para pesquisadores,<br />
bem como para divulgar a região no mundo inteiro.<br />
Pará+ Como é feito este portal?<br />
Alex - O próprio pessoal de Engenharia de<br />
Computação está fazendo programas novos aqui,<br />
inclusive utilizando o programa Linux, que não<br />
depende da Microsoft. Estamos investindo muito<br />
nisso...<br />
Pará+ Mas há pouca divulgação!!???<br />
Alex - A sociedade não sabe disso. Inclusive,<br />
trabalhos de divulgação como este, feito pela Revista<br />
Pará+, servem para aumentar o alcance da<br />
informação produzida pela Universidade. +
Amazon Paper<br />
Um papel + que inovador<br />
OSistema Pobreza e Meio Ambiente da<br />
Amazônia (Poema) desenvolveu um<br />
papel que utiliza fibras e corantes naturais<br />
na sua composição, como curuá, coco, açaí e<br />
urucum. Trata-se do Amazon Paper, um papel<br />
artesanal que tem como característica a não<br />
utilização de produtos químicos, gerando um<br />
produto que não agride a natureza. “O papel<br />
nasceu com identidade própria, agregando valores<br />
culturais bem nossos, para obter um produto<br />
natural, tipicamente amazônico, que procura<br />
harmonizar o homem e a floresta”, segundo afirma<br />
a professora Nazaré Imbiriba Mitschein,<br />
coordenadora da unidade de desenvolvimento de<br />
produtos da Bolsa Amazônia, investimento fruto<br />
do Poema, que é uma iniciativa da Universidade<br />
Federal do Pará (UFPA).<br />
Muito embora seja uma inovação, a técnica usada<br />
na produção do papel é bastante antiga e surgiu no<br />
oriente. Nazaré descobriu a técnica do artesanal<br />
paper ou art paper há 2 anos, em visita ao Japão.<br />
“Resolvi dar uma identidade amazônica à milenar<br />
técnica de produção de papeis artísticos, já que a<br />
Amazônia é uma rica fonte de matéria-prima e a<br />
sua aplicação é a mais diversificada possível”,<br />
afirma a professora. Há experimentações feitas em<br />
painéis, luminárias, quadros, porta-retratos e<br />
suportes artísticos que utilizam o artesanal paper<br />
como material básico e que estão em exposição na<br />
unidade de desenvolvimento do projeto. Outras<br />
instituições públicas, privadas e não<br />
governamentais, também participam do projeto,<br />
através de programas de parceria.<br />
Produção A produção do artesanal paper é feita na<br />
sede da unidade do Poema, que fica localizada no<br />
A polpa de fibras naturais recebe tratamento final<br />
para confecção do papel.<br />
(Vicky Schreiber, Técnica do Poema)<br />
bairro da Cidade Velha. A coordenadora da<br />
Unidade de Desenvolvimento de Produção de<br />
Fibras Naturais, é Daniela Fernandes, que<br />
acompanha de perto todos os passos do processo<br />
de fabricação do papel, desde a obtenção da<br />
matéria-prima até o produto acabado. “Como o<br />
nosso produto tem identidade cultural própria e<br />
única no Brasil, e é feito 100% de fibras naturais<br />
da Amazônia, não tendo conservantes, cola ou<br />
qualquer outro tipo de aglutinante, vamos buscar<br />
as fibras, sementes e outros materiais diretamente<br />
nos locais de produção”, afirma Daniela. Entre<br />
estes locais de produção, estão os municípios de<br />
Santo Antônio do Tauá, Capitão Poço, Igarapé-<br />
Miri, Moju, Abaetetuba e Castanhal. Nestes<br />
locais, “a equipe do Poema tenta mostrar aos<br />
produtores a importância de consorciar espécies e
Os produtos feitos com o Amazon Paper<br />
chamam atenção pela beleza e prtaicidade.<br />
de não trabalhar em terras virgens, com<br />
responsabilidade ecológica”, garantindo a<br />
produção da polpa das fibras, que é comprada dos<br />
produtores. “Com isso, promovemos um benefício<br />
social, que é a participação de centenas de<br />
produtores rurais na produção do Amazon Paper”,<br />
afirma Daniela. Segundo ela, uma pequana unidade<br />
de produção em Igarapé-Miri articula a<br />
participação de 15 comunidades e associações<br />
rurais e ribeirinhas.<br />
O processo de fabricação do papel artesanal segue<br />
os mesmos passos do tradicional, no entanto, muda<br />
a sua composição, que agora requer o emprego de<br />
materiais naturais. Segundo Daniela, “o novo papel<br />
proporciona beleza, requinte, durabilidade e<br />
resistência, além da vantagem de não poluir o meio<br />
ambiente”. A razão disso, é que a base da<br />
composição do papel é a fibra de curauá, planta rica<br />
em celulose, as fibras de coco, casca de palmito,<br />
vassoura de açaí, fibra de miriti e bagaço de canade-açúcar.<br />
As cores resultam de uma combinação de<br />
corantes, como urucum, muruci,<br />
mangarataia, cenoura, cumatê (usado<br />
para tingir cuias) e açaí. Para Vicky<br />
Schreiber, técnica envolvida na<br />
produção do papel, “o corante que<br />
mais fixa e permanece mais tempo é a<br />
casca do muruci, que ao final<br />
apresenta uma cor próxima ao ocre”.<br />
Segundo Vicky, a maior editora de<br />
artes do Brasil, a Cossac & Naif,<br />
encomendou ao Poema a produção de<br />
3 mil folhas de papel artesanal, a serem<br />
usadas na confecção de álbuns<br />
artísticos. O preço do papel varia de<br />
U$1,2 a U$3,5, dependendo do seu<br />
tipo e da sua dimensão. “A unidade de produção<br />
poderá atender tranqüilamente uma grande<br />
demanda, pois produz atualmente 3 mil folhas de<br />
papel por mês”, explica a técnica. No entanto, a<br />
meta do Poema é duplicar este número até o final<br />
de 2003.<br />
Trabalham na unidade do projeto cerca de 10<br />
pessoas, envolvidas em todas as etapas do<br />
processo de produção, que vão do tratamento do<br />
produto; da confecção das folhas de papel; da<br />
separação e prensagem das folhas e secagem em<br />
máquina apropriada. “O Amazon Paper representa<br />
a união entre a cultura, a natureza e o saber da<br />
Amazônia, já que são utilizadas fibras, sementes,<br />
cascas, folhas, raízes e frutos regionais, que<br />
passam por um processo de elaboração conhecido<br />
internacionalmente e que tem como base um saber<br />
milenar”, afirma Vicky.<br />
História - O Artesanal Paper nasceu de uma longa<br />
tradição oriental. Mas as suas origens remontam<br />
ao antecessor mais próximo do papel, o papiro<br />
egípcio, que surgiu há mais de 4 mil anos. No
entanto, o papel como conhecemos hoje, foi<br />
inventado em 105 d.C., na China. Tratava-se de<br />
uma mistura de casca de amoreiras, canabis e<br />
trapos de tecidos, obtendo o papel, então usado nas<br />
artes e na literatura chinesas.<br />
No ano 610 d.C., alguns monges budistas<br />
levaram a técnica de produção artesanal do papel<br />
para o Japão, onde foi absorvido pela cultura<br />
popular, nas artes, na arquitetura e nos rituais. No<br />
entanto, foram os árabes quem trouxeram o papel<br />
para o ocidente, no ano de 751 d.C. A partir dai, a<br />
técnica de produção do papel expandiu-se pelo<br />
mundo árabe, mas foram necessários 400 anos,<br />
para que ela chegasse até a Europa.<br />
Os árabes passaram a produzir papel em Xativa, na<br />
Espanha, a partir do ano 1009 d.C., quando foi<br />
levado para outras partes da Europa. Em 1453,<br />
Johann Gutemberg inventou na Alemanha a<br />
imprensa escrita, feita com tipos móveis.<br />
Inicialmente restrito às cortes e ao clero, o papel<br />
representou a revolução nos meios de<br />
comunicação, sendo usado na confecção de livros,<br />
folhetos, jornais e outras aplicações.<br />
O papel chegou à América trazido pelos espanhóis<br />
em 1680, estabelecendo a primeira fábrica de<br />
p a p é i s<br />
próximo à<br />
c i d a d e d o<br />
M é x i c o ,<br />
usando como<br />
m a t é r i a -<br />
prima trapos<br />
de roupas e<br />
Nazaré Imbiriba recebe Rodrigo Hühn,<br />
Diretor da Pará+, durante o lançamento<br />
do Amazon paper<br />
.<br />
fibras. Em 1719, surgem propostas de produção a<br />
partir da madeira, que popularizaram o papel, mas<br />
somente durante o século XIX foi inventada e<br />
aperfeiçoada a máquina de fazer papel, que<br />
intensificou a sua produção também no século<br />
seguinte. A industrialização não impediu que a<br />
técnica do papel morresse, continuando a ser<br />
confeccionado por artesãos de diversas<br />
comunidades no mundo inteiro. +<br />
Conheça o Amazon Paper<br />
www.bolsaamazonia.com<br />
E-mail: amazonpaper@bolsaamazonia.com<br />
Rua Capitão Pedro Albuquerque, 286<br />
Bairro da Cidade Velha.<br />
CEP 66020-010 Belém /PA.<br />
Tel. (5591) 212-2982 / FAX (5591) 241-5249.<br />
* Arquiteto e professor universitário.
AGENDA CULTURAL<br />
48<br />
JANEIRO<br />
20 ALTAMIRA<br />
Corrida Rústica de São Sebastião<br />
Local: Principais ruas da cidade<br />
Tel: 0(xx) 93 515-2225<br />
12 BELÉM<br />
Aniversário do Município<br />
Local: Complexo Turístico Ver-O-Rio<br />
Tel: 0(xx) 91 242-0900 / 0033<br />
12 BELÉM<br />
Canto Cabano<br />
Local: Complexo Turístico Ver-o-Rio<br />
Tel: 0(xx) 91 3082-0491<br />
14 à 20 BELÉM<br />
Festa de São Sebastião<br />
Local: Ilha do Mosqueiro - Baia do Sol<br />
Tel: 0(xx) 91 3771-1259<br />
8 à 20 BELÉM<br />
Festa de São Sebastião<br />
Local: Ilha do Mosqueiro - Praia Grande<br />
Tel: 0(xx) 91 3771-1259<br />
06 MARAPANIM<br />
Folia de Santo Reis<br />
Tel: 0(xx) 91 3723-1170<br />
12 VIGIA DE NAZARÉ<br />
Festival da Música Vigiense<br />
Tel: 0(xx) 91 3731-1247<br />
10 à 21 CHAVES<br />
Festejos de São Sebastião de Arapixi<br />
Tel: 0(xx) 96 697-1133<br />
Todo Mês<br />
Pousada do Boto<br />
Local: Salvaterra<br />
Tel: 0(xx) 91 3723-1170<br />
26 MARAPANIM<br />
Festival do Café<br />
Local: Comunidade de Jarandeua<br />
Tel: 0(xx) 91 3723-1170<br />
23 à 25 ORIXIMINÁ<br />
X Festival de Música Popular de Oriximiná<br />
Local: Ginásio Poliesportivo<br />
Tel: 0(xx) 93 544-2027<br />
13 Igarapé-Açú<br />
Festividade de São Sebastião<br />
Local: Praça São Sebastião<br />
Tel: 0(xx) 91 441-1237<br />
16 à 19 BELÉM<br />
Forúm Social Pan - Amazônico<br />
Tel: 0(xx) 91 219-8212 / 3086 / 0612 / 3084-0729<br />
19 AFUÁ<br />
Festa de São Sebastião<br />
Local: Praça Matriz l<br />
Tel: 0(xx) 96 689-1210<br />
20 CONCEIÇÃO DO ARAGUAIA<br />
Festejo de São Sebastião<br />
Local: Bairro Nova Araguaia<br />
Tel: 0(xx) 94 421-1340<br />
06 CAMETÁ<br />
Folia de Reis<br />
Local: Ruas da cidade<br />
Tel: 0(xx) 91 3781-129+6<br />
13 MARAPANIM<br />
Festividade do Menino Deus<br />
Local: Comunidade de Vila - Maú<br />
Tel: 0(xx) 91 3723-1170
24 à 02 de Fevereiro PORTEL<br />
Festa de Nossa Senhora da Luz<br />
Local: Igreja Matriz<br />
Tel.: 0(xx) 91 3784-1226<br />
Janeiro à dezembro SANTARÉM<br />
Arte Mocoronga<br />
Local: Espaço Arte SESC<br />
Tel: 0(xx) 93 522-1423 / 6481<br />
06 - MARAPANIM<br />
Folia de Santo Reis<br />
Local: Sede do NV<br />
Fone: 0(xx) 91 3723-1170<br />
16 a 25 - Anajás<br />
Festividade do Menino Deus<br />
Local: Sede do Município<br />
Fone: (91)3783-1002/1039<br />
18 à 20 SANTARÉM NOVO<br />
Festa de São Sebastião<br />
Local: Coreto de São Sebastião<br />
Tel: 0(xx) 91 484-1197 - Ramal 26<br />
10 à 20 SÃO SEBASTIÃO DA BOA VISTA<br />
Festividade de São Sebastião - Padroeiro<br />
Local: Centro Comunitário<br />
Tel: 0(xx) 91 3764-1286<br />
11 à 19 GARAPÉ-MIRI<br />
Festividade de São Sebastião da Boa União<br />
Local: Boa União<br />
Tel: 0(xx) 91 3755-1495 / 9627 - 8635<br />
15 a 17 - Santarém<br />
Fest Art<br />
Local: Casa da Cultura<br />
Fone: (93) 523-2968<br />
19 INHANGAPI<br />
Festa de São Sebastião<br />
Local: Agrovila Mata Boa<br />
Tel: 0(xx) 91 3809-1159<br />
23 PARAGOMINAS<br />
Aniversário da cidade<br />
Tel: 0(xx) 91 3729-5194<br />
28 CASTANHAL<br />
Aniversário do Município<br />
Local: Centro de Castanhal<br />
Tel: 0(xx) 91 3721-1445 / 3721-7309<br />
15 a 17 - Curralinho<br />
Festival do Açaí<br />
Local: Praça do Açaí<br />
Fone: (91)22-8082/224-5152<br />
20 Oeiras do Pará<br />
Aniversário da Cidade<br />
Local: Praça Miranda Tenório<br />
Tel: 0(xx) 91 661-1228<br />
23 à 25-ORIXIMINÁ<br />
X Festival de Música Popular de Oriximiná<br />
Local: Ginásio Poliesportivo<br />
Tel: 0(xx) 93 544-2027<br />
24 PORTEL<br />
Aniversário da cidade<br />
Tel: 0(xx) 91 3784-1163<br />
12 COLARES<br />
Círio de São Sebastião<br />
Local: Igreja de São Sebastião e principais ruas da localidade de Juçarateua<br />
Tel: 0(xx) 91 461-7329 / 9989-6601<br />
AGENDA CULTURAL<br />
49
AGENDA CULTURAL<br />
FEVEREIRO<br />
28 à 04 de Março ALTAMIRA<br />
Carnaval<br />
Local: Avenida Perimetral<br />
Tel: 0(xx) 93 515-3929 / 2158<br />
28 à 04 de Março BAIÃO<br />
Baião Folia<br />
Local: Praça de Santo Antônio<br />
Tel: 0(xx) 91 3795-1184<br />
Finais de semana e na terça-feira de carnaval BRAGANÇA<br />
Local: Praça dos Eventos<br />
Tel: 0(xx) 91 425-1108<br />
23I NHANGAPI<br />
III Inhangapi Folia<br />
Local: Espaço Cultural<br />
Tel: 0(xx) 91 3809-1159<br />
Fevereiro à Março CASTANHAL<br />
Peladão Municipal<br />
Local: Estádio Municipal "Maximino Porpino"<br />
Tel: 0(xx) 91 3721-2012<br />
Fevereiro à Março ITAITUBA<br />
Renovai<br />
Tel: 0(xx) 93 518-1107 / 1851<br />
09 BELÉM<br />
Canto Cabano<br />
Local: Complexo Turístico Ver-O-Rio<br />
Tel: 0(xx) 91 3082-0491<br />
21 à 22 ABAETETUBA<br />
Beja Folia<br />
Local: Praia de Beja<br />
Promotor: Prefeitura Municipal e Fundação Cultural Abaetetubense<br />
Tel: 0(xx) 91 3751-1659<br />
Último final de semana ANANINDEUA<br />
Carnanindeua<br />
Local: Conjunto cidade nova, arterial 18<br />
Tel: 0(xx) 91 255-3140<br />
28 à 04 de Março ITAITUBA<br />
Carnaval de rua<br />
Tel: 0(xx) 93 518-1229 / 1851<br />
28 CONCEIÇÃO DO ARAGUAIA<br />
Carnaval<br />
Local: Complexo Beiradeiro<br />
Tel: 0(xx) 94 421-1807<br />
28 à 04 de Março BANNACH<br />
Carnabannach<br />
Local: Praça Municipal<br />
Tel: 0(xx) 94 3305-1202 / 1204 / 1137<br />
21 BELÉM<br />
Rainha das Rainhas do Carnaval<br />
Local: Sede Campestre da Assembléia Paraense<br />
Tel: 0(xx) 91 216-1135 / 1192<br />
Final da 2ª quinzena PARAUAPEBAS<br />
Carnaval de Rua<br />
Local: Praça de Eventos<br />
Tel: 0(xx) 94 346-1633<br />
22 DOM ELISEU<br />
Festa do Havay<br />
Local: Lions Club<br />
Tel: 0(xx) 94 335-1409<br />
15 SALINÓPOLIS<br />
Festa do Soatá (Caranguejo)<br />
Local: Porto dos Canudos<br />
Tel: 0(xx) 91 423-3964<br />
48