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comportamento de conectores de cisalhamento em ... - SET - USP

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COMPORTAMENTO DE CONECTORES DE<br />

CISALHAMENTO EM VIGAS MISTAS AÇO-<br />

CONCRETO COM ANÁLISE DA RESPOSTA<br />

NUMÉRICA<br />

Gustavo Alves Tristão 1 & Jorge Munaiar Neto 2<br />

Resumo<br />

As vigas mistas aço-concreto têm sido bastante utilizadas na engenharia civil, tanto no<br />

Brasil como no contexto mundial. O <strong>comportamento</strong> a<strong>de</strong>quado <strong>de</strong>ste el<strong>em</strong>ento<br />

estrutural faz-se pela interação entre ambos os materiais, a qual é garantida por<br />

<strong>conectores</strong> <strong>de</strong> <strong>cisalhamento</strong>. O presente trabalho apresenta uma visão geral do<br />

<strong>comportamento</strong> das vigas mistas aço-concreto, e, principalmente o estudo do<br />

<strong>comportamento</strong> estrutural <strong>de</strong> <strong>conectores</strong> <strong>de</strong> <strong>cisalhamento</strong>. Para tanto, faz-se uma<br />

simulação numérica dos <strong>conectores</strong> tipo pino com cabeça (stud) e perfil “U” formado a<br />

frio, por meio <strong>de</strong> uma mo<strong>de</strong>lag<strong>em</strong> do ensaio experimental tipo “Push-out”, cujos<br />

resultados são confrontados com valores experimentais obtidos <strong>de</strong> ensaios realizados<br />

<strong>em</strong> laboratório. Para a simulação numérica utiliza-se um código <strong>de</strong> cálculo com base<br />

nos Método dos El<strong>em</strong>entos Finitos (MEF), cujas ferramentas disponibilizadas permit<strong>em</strong><br />

análises dos mo<strong>de</strong>los <strong>em</strong> regime <strong>de</strong> não-linearida<strong>de</strong> física e geométrica. Os mo<strong>de</strong>los<br />

numéricos apresentam como variáveis <strong>de</strong> interesse o número <strong>de</strong> <strong>conectores</strong> na laje <strong>de</strong><br />

concreto, a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> armadura inserida no concreto, o diâmetro do conector tipo<br />

pino com cabeça (stud), a resistência do concreto, a espessura e posição <strong>de</strong> soldag<strong>em</strong><br />

do conector tipo perfil “U” formado a frio. A variação <strong>de</strong>sses parâmetros t<strong>em</strong> como<br />

finalida<strong>de</strong> a <strong>de</strong>terminação da resistência última e da relação força-<strong>de</strong>slocamento dos<br />

<strong>conectores</strong>, b<strong>em</strong> como avaliar a concentração <strong>de</strong> tensão e <strong>de</strong>formação nas partes<br />

constituintes dos mo<strong>de</strong>los.<br />

Palavras-chave: conector <strong>de</strong> <strong>cisalhamento</strong>, viga mista aço-concreto, análise numérica.<br />

1 INTRODUÇÃO<br />

Os sist<strong>em</strong>as estruturais compostos, como as lajes mistas aço-concreto (lajes<br />

<strong>de</strong> concreto com forma <strong>de</strong> aço incorporada), os pilares mistos aço-concreto (pilares <strong>de</strong><br />

aço revestidos ou protegidos por concreto e preenchidos com concreto) e as vigas<br />

mistas aço-concreto (lajes <strong>de</strong> concreto sobre vigas <strong>de</strong> aço), têm sido bastante<br />

1 Mestre <strong>em</strong> Engenharia <strong>de</strong> Estruturas - EESC-<strong>USP</strong>, tristao@sc.usp.br<br />

2 Professor Doutor do Departamento <strong>de</strong> Engenharia <strong>de</strong> Estruturas da EESC-<strong>USP</strong>, jmunaiar@sc.usp.br<br />

Ca<strong>de</strong>rnos <strong>de</strong> Engenharia <strong>de</strong> Estruturas, São Carlos, v. 7, n. 23, p. 121-144, 2005


122<br />

Gustavo Alves Tristão & Jorge Munaiar Neto<br />

utilizados nas obras <strong>de</strong> engenharia civil.<br />

No caso <strong>de</strong> vigas mistas, para um <strong>comportamento</strong> a<strong>de</strong>quado <strong>de</strong>sse el<strong>em</strong>ento<br />

estrutural faz-se necessária a interação entre ambos os materiais, a qual é garantida<br />

por el<strong>em</strong>entos metálicos <strong>de</strong>nominados <strong>conectores</strong> <strong>de</strong> <strong>cisalhamento</strong>, cujas principais<br />

funções são a <strong>de</strong> transferir fluxo <strong>de</strong> <strong>cisalhamento</strong> na interface da viga mista, b<strong>em</strong><br />

como impedir a separação vertical entre laje <strong>de</strong> concreto e perfil <strong>de</strong> aço, movimento<br />

conhecido como “uplift”.<br />

Dentre os <strong>conectores</strong> flexíveis mais utilizados na construção civil, citam-se os<br />

tipos pino com cabeça (stud) e o perfil “U”, sendo que o primeiro caracteriza-se por ter<br />

um rápido método <strong>de</strong> execução e equivalência na resistência <strong>em</strong> todas as direções<br />

normais ao eixo do conector. Pesquisas recentes vêm sendo <strong>de</strong>senvolvidas,<br />

objetivando a formulação <strong>de</strong> expressões que permitam <strong>de</strong>terminar a resistência ao<br />

<strong>cisalhamento</strong> dos <strong>conectores</strong>, <strong>em</strong> especial o tipo pino com cabeça (stud) e o tipo perfil<br />

“U”, para lajes <strong>de</strong> concreto convencional e <strong>de</strong> alta resistência.<br />

Essas expressões são <strong>de</strong> natureza <strong>em</strong>pírica e têm orig<strong>em</strong> <strong>em</strong> ensaios do tipo<br />

“Push-out”, cuja análise dos resultados é feita <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um contexto global do sist<strong>em</strong>a<br />

misto, impossibilitando, na maioria das vezes, uma avaliação a<strong>de</strong>quada <strong>de</strong> aspectos<br />

particulares <strong>de</strong> interesse, como por ex<strong>em</strong>plo, a concentração <strong>de</strong> tensões na região do<br />

conector, fator <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> influência na <strong>de</strong>terminação da força <strong>de</strong> ruptura.<br />

Dentre os objetivos do presente trabalho, <strong>de</strong>staca-se a proposta <strong>de</strong> um mo<strong>de</strong>lo<br />

numérico com utilização do código <strong>de</strong> cálculo ANSYS 5.7, que simule<br />

satisfatoriamente o ensaio tipo “Push-out” recomendado pelo EUROCODE 4 (1994) e<br />

pela norma britânica BS 5400 (1979). Como resultado principal é analisada a relação<br />

entre a força e <strong>de</strong>slocamento no conector, po<strong>de</strong>ndo-se ainda, <strong>em</strong> caráter<br />

compl<strong>em</strong>entar, avaliar os níveis das tensões <strong>em</strong> qualquer região do mo<strong>de</strong>lo, nos<br />

estados limites <strong>de</strong> utilização e último.<br />

2 COMPORTAMENTO ESTRUTURAL DOS CONECTORES<br />

Os <strong>conectores</strong> <strong>de</strong> <strong>cisalhamento</strong> são classificados <strong>em</strong> flexíveis e rígidos. Nesse<br />

trabalho é estudado o <strong>comportamento</strong> apenas dos <strong>conectores</strong> flexíveis, <strong>em</strong> particular o<br />

tipo pino com cabeça (stud) e o tipo perfil “U”. A flexibilida<strong>de</strong> dos <strong>conectores</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong><br />

da relação entre força e <strong>de</strong>slocamento, a qual surge <strong>em</strong> resposta ao fluxo <strong>de</strong><br />

<strong>cisalhamento</strong> longitudinal gerado pela transferência <strong>de</strong> força entre laje <strong>de</strong> concreto e a<br />

viga <strong>de</strong> aço. O <strong>comportamento</strong> flexível é representado pela ductilida<strong>de</strong> da relação<br />

força-<strong>de</strong>slocamento no conector, conforme figura 1 extraída <strong>de</strong> Alva (2000).<br />

O <strong>comportamento</strong> dúctil dos <strong>conectores</strong> flexíveis caracteriza-se pela<br />

redistribuição do fluxo <strong>de</strong> <strong>cisalhamento</strong> longitudinal, <strong>de</strong> modo que, sob carregamento<br />

crescente e monotônico, o conector continua a se <strong>de</strong>formar, s<strong>em</strong> romper, mesmo<br />

quando próximo <strong>de</strong> atingir sua resistência máxima, permitindo que os <strong>de</strong>mais<br />

<strong>conectores</strong>, pertencentes à mesma viga mista, atinjam também suas resistências<br />

máximas.<br />

Nesse caso, po<strong>de</strong>-se admitir espaçamentos iguais entre <strong>conectores</strong>,<br />

objetivando otimizar a execução da viga mista. Conseqüent<strong>em</strong>ente, o colapso <strong>de</strong> uma<br />

viga mista <strong>de</strong>vido à ruptura da ligação aço-concreto será do tipo dúctil. A figura 2<br />

ilustra os <strong>conectores</strong> tipo pino com cabeça (stud) e tipo perfil “U”.<br />

Ca<strong>de</strong>rnos <strong>de</strong> Engenharia <strong>de</strong> Estruturas, São Carlos, v. 7, n. 23 p. 121-144, 2005


Comportamento <strong>de</strong> <strong>conectores</strong> <strong>de</strong> <strong>cisalhamento</strong> <strong>em</strong> vigas mistas aço-concreto com...<br />

123<br />

FORÇA<br />

Fu = força última<br />

Fu<br />

CONECTOR FLEXÍVEL<br />

CONECTOR RÍGIDO<br />

DESLOCAMENTO<br />

Figura 1 - Relação força-<strong>de</strong>slocamento para <strong>conectores</strong> <strong>de</strong> <strong>cisalhamento</strong><br />

Conector tipo pino com cabeça (stud)<br />

Conector tipo perfil “U” formado a frio<br />

Figura 2 - Ex<strong>em</strong>plos <strong>de</strong> <strong>conectores</strong> tipos pino com cabeça e perfil “U” formado a frio<br />

O pino com cabeça (stud) é soldado à mesa do perfil por meio <strong>de</strong> uma pistola<br />

automática ligada a um equipamento específico <strong>de</strong> soldag<strong>em</strong>. O processo é iniciado<br />

ao se encostar a base do pino ao material-base (mesa superior do perfil), quando<br />

então aperta-se o gatilho da pistola, formando-se o arco elétrico provocando,<br />

conseqüent<strong>em</strong>ente, a fusão entre o pino e o material-base. Quanto ao perfil “U”, esse<br />

<strong>de</strong>ve ser soldado com uma das mesas assentada sobre a viga <strong>de</strong> aço, e com o plano<br />

da alma perpendicular ao eixo longitudinal da viga.<br />

Malite (1993) apresenta os resultados experimentais <strong>de</strong> ensaios tipo “Pushout”<br />

para <strong>conectores</strong> <strong>de</strong> <strong>cisalhamento</strong> do tipo perfil “U” formado a frio com espessura<br />

<strong>de</strong> chapa <strong>de</strong> 2,66 e 4,76 mm. Os mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> ensaios são s<strong>em</strong>elhantes aos<br />

apresentados no EUROCODE 4 (1994) e na norma inglesa BS 5400. Para cada<br />

espessura e posição do conector, foram ensaiados três mo<strong>de</strong>los idênticos para laje <strong>de</strong><br />

concreto aos 28 dias <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, <strong>em</strong> que o <strong>de</strong>slocamento relativo entre laje <strong>de</strong> concreto<br />

e perfil metálico foi medido por meio <strong>de</strong> quatro relógios comparadores (posicionados<br />

juntos aos <strong>conectores</strong>) com sensibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> leitura <strong>de</strong> 0,001 mm. As figuras 3 e 4<br />

apresentam um esqu<strong>em</strong>a geral dos mo<strong>de</strong>los ensaiados por Malite (1993).<br />

Os ensaios foram conduzidos até que os mo<strong>de</strong>los atingiss<strong>em</strong> a ruptura efetiva,<br />

sendo que para efeito <strong>de</strong> acomodação do mo<strong>de</strong>lo, aplicou-se inicialmente 40 kN <strong>de</strong><br />

carregamento, <strong>em</strong> duas etapas, seguido <strong>de</strong> um <strong>de</strong>scarregamento total. Após<br />

acomodação do mo<strong>de</strong>lo, aplicaram-se etapas <strong>de</strong> carregamento <strong>de</strong> 20 kN, com um<br />

intervalo <strong>de</strong> 1,5 minuto entre as leituras dos <strong>de</strong>slocamentos <strong>de</strong> duas etapas<br />

consecutivas.<br />

Ca<strong>de</strong>rnos <strong>de</strong> Engenharia <strong>de</strong> Estruturas, São Carlos, v. 7, n. 23, p. 121-144, 2005


124<br />

Gustavo Alves Tristão & Jorge Munaiar Neto<br />

As formas <strong>de</strong> ruptura apresentadas nos mo<strong>de</strong>los foram a ruptura do aço do<br />

conector junto a solda e ruptura do concreto. O primeiro modo <strong>de</strong> falha caracterizou-se<br />

para o conector com espessura <strong>de</strong> 2,66 mm, e o segundo modo para o conector com<br />

espessura <strong>de</strong> 4,76 mm.<br />

É importante <strong>de</strong>stacar que quanto à posição do conector, ou seja, a direção do<br />

fluxo <strong>de</strong> <strong>cisalhamento</strong>, não houve gran<strong>de</strong>s diferenças <strong>em</strong> relação à resistência última<br />

do conector. Porém as relações força-<strong>de</strong>slocamento para os <strong>conectores</strong> na posição 1<br />

resultaram mais dúcteis que os <strong>conectores</strong> na posição 2.<br />

Figura 3 - Esqu<strong>em</strong>a geral dos mo<strong>de</strong>los ensaiados por Malite (1993) [4]<br />

POSIÇÃO I<br />

POSIÇÃO II<br />

Figura 4 - Posições do conector tipo perfil “U” no mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> ensaio<br />

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Comportamento <strong>de</strong> <strong>conectores</strong> <strong>de</strong> <strong>cisalhamento</strong> <strong>em</strong> vigas mistas aço-concreto com...<br />

125<br />

3 RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO<br />

Os <strong>conectores</strong> <strong>de</strong> <strong>cisalhamento</strong> atuam como el<strong>em</strong>entos <strong>de</strong> aço imersos <strong>em</strong><br />

concreto. O colapso do sist<strong>em</strong>a misto geralmente ocorre quando o material do<br />

conector atinge a ruptura <strong>de</strong>vido à redução gradual da resistência e rigi<strong>de</strong>z do<br />

concreto na zona <strong>de</strong> compressão triaxial (zona <strong>de</strong> influência), localizada<br />

imediatamente <strong>em</strong> frente ao conector, como ilustra a figura 5. A redução da restrição<br />

triaxial <strong>de</strong>sta zona é conseqüência da fissuração que ocorre no concreto quando o<br />

conector aplica uma força concentrada na laje. Segundo Oehlers (1989), exist<strong>em</strong> três<br />

modos <strong>de</strong> fissuração na laje, ilustrados também na figura 5, e <strong>de</strong>scritos como:<br />

laje<br />

força concentrada<br />

fissuração por<br />

fendilhamento<br />

fissuração por<br />

rasgamento<br />

armadura<br />

zona <strong>de</strong> influência<br />

fissuração por<br />

fendilhamento<br />

fissuração normal às bielas<br />

<strong>de</strong> compressão<br />

Figura 5 - Tipos <strong>de</strong> fissuração na laje <strong>de</strong>vida à força concentrada<br />

• fissuração <strong>de</strong>vida ao rasgamento, propagando-se nas laterais do conector, e que<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da força <strong>de</strong> compressão no plano da laje. Quando este modo <strong>de</strong> fissuração<br />

ocorre na direção da zona <strong>de</strong> influência, t<strong>em</strong>-se pouco efeito na resistência do<br />

conector.<br />

• fissuração que se propaga na direção das bielas <strong>de</strong> compressão do concreto.<br />

• fissuração por fendilhamento <strong>em</strong> frente ao conector. A propagação <strong>de</strong>ssas fissuras<br />

diminui a restrição triaxial na zona <strong>de</strong> influência.<br />

A fissura por fendilhamento, neste caso, é mais nociva ao concreto, tendo<br />

como conseqüência a ruptura do conector. É importante salientar que a armadura<br />

transversal não evita o fendilhamento do concreto, mas limita a propagação das<br />

fissuras.<br />

Portanto, a resistência ao <strong>cisalhamento</strong> do conector está diretamente ligada à<br />

resistência e à rigi<strong>de</strong>z do material do conector e da laje <strong>de</strong> concreto, tendo a armadura<br />

transversal da laje um papel importante apenas no seu confinamento.<br />

Algumas expressões <strong>em</strong>píricas baseadas <strong>em</strong> ensaios tipo “Push-out” são propostas<br />

para <strong>de</strong>terminação da resistência ao <strong>cisalhamento</strong> dos <strong>conectores</strong> tipos pino com<br />

cabeça (stud) e perfil “U” formado a frio, para ambos os tipos para laje <strong>de</strong> concreto<br />

maciça:<br />

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126<br />

Gustavo Alves Tristão & Jorge Munaiar Neto<br />

a) EUROCODE 4 (1994)<br />

A resistência <strong>de</strong> cálculo do conector tipo pino com cabeça (stud) (q rd ) <strong>em</strong> N, é<br />

assumida como o menor dos seguintes valores.<br />

q<br />

rd<br />

πd<br />

0,8f<br />

u<br />

(<br />

=<br />

4<br />

γ<br />

v<br />

(1.a)<br />

2<br />

)<br />

2<br />

0,29αd<br />

f<br />

ckE<br />

c<br />

q<br />

rd<br />

=<br />

γ<br />

v<br />

(1.b)<br />

on<strong>de</strong>, f u = resistência à ruptura do aço do conector; d = diâmetro do conector; f ck =<br />

resistência característica à compressão do concreto (MPa); E c = módulo <strong>de</strong><br />

⎛ h<br />

cs ⎞<br />

h<br />

cs<br />

elasticida<strong>de</strong> do concreto (MPa); α = 0,2⎜<br />

+ 1⎟ para 3 ≤ ≤ 4 ; α = 1, 0 para<br />

⎝ d ⎠ d<br />

h cs > 4 ; d<br />

γv = 1,25 ; h cs = altura do conector.<br />

b) NBR-8800 (1986)<br />

Resistência nominal do conector tipo pino com cabeça (stud) (q n ) <strong>em</strong> N:<br />

q<br />

n<br />

= 0,5A<br />

sc<br />

f<br />

ck<br />

E<br />

c<br />

≤ A<br />

sc<br />

f<br />

u<br />

(2)<br />

on<strong>de</strong>, A sc = área da seção transversal do conector; E c =<br />

específico do concreto <strong>em</strong> kN/m 3 .<br />

42γ f (MPa); γ c = peso<br />

1,5<br />

c<br />

ck<br />

De acordo com a NBR-8800 (1986), o uso da expressão (2) aplica-se para<br />

concreto com f ck menor ou igual a 28 MPa.<br />

c) MALITE et al. (1998)<br />

Resistência nominal do conector do tipo perfil “U” formado a frio (q n ) <strong>em</strong> kN:<br />

q<br />

n<br />

= 0,00045tL f<br />

ckE<br />

c<br />

(3)<br />

on<strong>de</strong>, t = espessura da chapa do conector <strong>em</strong> mm, L = comprimento do conector <strong>em</strong><br />

1,5<br />

mm, E = 42γ<br />

f (Mpa).<br />

c<br />

c<br />

ck<br />

O uso da expressão (3) aplica-se para concreto com f ck entre 20 e 28 MPa e<br />

peso específico superior a 22 kN/m 3 .<br />

A expressão (3) <strong>de</strong>riva da expressão proposta AISC-LRFD (1994), para perfil<br />

“U” laminado, mantendo-se iguais as espessuras da mesa e da alma do conector, as<br />

quais são características dos perfis formados a frio. Os resultados da expressão (3)<br />

mostraram-se compatíveis quando comparados com os resultados experimentais do<br />

ensaio “Push-out” realizado por Malite (1993).<br />

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Comportamento <strong>de</strong> <strong>conectores</strong> <strong>de</strong> <strong>cisalhamento</strong> <strong>em</strong> vigas mistas aço-concreto com...<br />

127<br />

4 ASPECTOS REFERENTES À MODELAGEM NUMÉRICA<br />

A complexida<strong>de</strong> da análise multiaxial, nos campos das tensões e das<br />

<strong>de</strong>formações, po<strong>de</strong> dificultar na maioria das vezes a elaboração <strong>de</strong> formulações<br />

analíticas referentes ao ensaio “Push-out”, provável razão pela qual quase s<strong>em</strong>pre têm<br />

sido propostas expressões <strong>em</strong>píricas que representam o <strong>comportamento</strong> dos<br />

<strong>conectores</strong> <strong>de</strong> <strong>cisalhamento</strong>. Com a evolução dos micro-computadores e dos códigos<br />

<strong>de</strong> cálculo, a análise multiaxial para as estruturas <strong>de</strong> um modo geral <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser um<br />

probl<strong>em</strong>a.<br />

Desta forma, é proposto no presente trabalho um mo<strong>de</strong>lo numérico<br />

tridimensional que simule satisfatoriamente o ensaio experimental tipo “Push-out” para<br />

<strong>conectores</strong> pino com cabeça (stud) e perfil “U” formado a frio, cuja simulação numérica<br />

é realizada por meio da utilização do ANSYS 5.7. Pelas simetrias verificadas com<br />

referência à geometria e à solicitação do mo<strong>de</strong>lo para o ensaio experimental “Pushout”,<br />

consi<strong>de</strong>rou-se apenas meta<strong>de</strong> do mo<strong>de</strong>lo experimental, para a elaboração do<br />

mo<strong>de</strong>lo numérico.<br />

4.1 El<strong>em</strong>entos finitos adotados<br />

Os mo<strong>de</strong>los numéricos propostos foram elaborados a partir <strong>de</strong> quatro tipos <strong>de</strong><br />

el<strong>em</strong>entos finitos disponibilizados na biblioteca interna do código <strong>de</strong> cálculo ANSYS<br />

5.7, e estão apresentados a seguir. É importante observar que todos os el<strong>em</strong>entos<br />

adotados têm apenas três graus <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> por nó, referentes às translações <strong>em</strong> x, y<br />

e z (coor<strong>de</strong>nadas locais), uma vez que não há o interesse na quantificação da rotação<br />

dos el<strong>em</strong>entos.<br />

Para a discretização da laje <strong>de</strong> concreto foi utilizado o el<strong>em</strong>ento concreto armado<br />

tridimensional SOLID 65, constituído por oito nós (figura 6a). O SOLID 65 permite simular<br />

fissuração na tração (nas três direções ortogonais) e esmagamento na compressão, b<strong>em</strong> como<br />

um <strong>comportamento</strong> com não-linearida<strong>de</strong> física, o que permite avaliar <strong>de</strong>formações plásticas.<br />

Possibilita ainda a inclusão das barras <strong>de</strong> armadura na forma <strong>de</strong> taxas, <strong>de</strong>nominada armadura<br />

dispersa, as quais são resistentes apenas à tração e à compressão. No entanto, caso seja <strong>de</strong><br />

interesse, este el<strong>em</strong>ento permite ainda a introdução das barras <strong>de</strong> armadura na forma discreta,<br />

procedimento esse adotado para os mo<strong>de</strong>los numéricos do presente trabalho.<br />

Para simular o <strong>comportamento</strong> do perfil metálico e dos <strong>conectores</strong> <strong>de</strong> <strong>cisalhamento</strong>,<br />

utiliza-se o el<strong>em</strong>ento sólido estrutural tridimensional SOLID 45 (figura 6b). Assim como o SOLID<br />

65, o SOLID 45 também possui oito nós, e permite consi<strong>de</strong>rar a plasticida<strong>de</strong> e a ortotropia do<br />

material.<br />

As barras <strong>de</strong> armaduras dispostas na laje <strong>de</strong> concreto são discretizadas com o<br />

el<strong>em</strong>ento barra tridimensional LINK 8, constituído por nós <strong>de</strong> extr<strong>em</strong>ida<strong>de</strong>s inicial (I) e final (J).<br />

Como ilustrado na figura 7, o eixo x do el<strong>em</strong>ento é orientado segundo o seu comprimento. Vale<br />

ressaltar que nenhuma flexão no el<strong>em</strong>ento po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rada, porém, é disponibilizada ao<br />

usuário a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se admitir a ocorrência <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação plástica.<br />

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128<br />

Gustavo Alves Tristão & Jorge Munaiar Neto<br />

5<br />

P<br />

4<br />

O<br />

5<br />

P<br />

4<br />

O<br />

M<br />

6<br />

N<br />

M<br />

6<br />

N<br />

2<br />

z<br />

ARMADURA<br />

2<br />

z<br />

I<br />

(a)<br />

L<br />

x<br />

θ<br />

J<br />

φ<br />

y<br />

1<br />

3<br />

K<br />

I<br />

(b)<br />

L<br />

J<br />

1<br />

3<br />

K<br />

x<br />

y<br />

SISTEMA DE<br />

COORDENADAS DO<br />

ELEMENTO<br />

Figura 6 – El<strong>em</strong>ento finito tipo SOLID 65 (a) e El<strong>em</strong>ento finito tipo SOLID 45 (b)<br />

x<br />

J<br />

I<br />

Figura 7 - El<strong>em</strong>ento finito tipo LINK 8<br />

Nas interfaces entre <strong>conectores</strong> <strong>de</strong> <strong>cisalhamento</strong> e laje <strong>de</strong> concreto foram consi<strong>de</strong>rados<br />

el<strong>em</strong>entos <strong>de</strong> contato, objetivando simular a ocorrência <strong>de</strong> possíveis <strong>de</strong>slocamentos relativos<br />

entre conector e concreto da laje. Foi utilizado o el<strong>em</strong>ento <strong>de</strong> contanto <strong>de</strong>finido pelo ANSYS 5.7<br />

como superfície-superfície, que surge do trabalho <strong>em</strong> conjunto dos el<strong>em</strong>entos TARGE 170<br />

(como superfície alvo) e CONTAC 173 (como superfície <strong>de</strong> contato). No caso particular do<br />

mo<strong>de</strong>lo numérico proposto, as faces dos el<strong>em</strong>entos <strong>de</strong> concreto na interface laje-conector foram<br />

consi<strong>de</strong>radas como superfície alvo, enquanto que as faces dos el<strong>em</strong>entos dos <strong>conectores</strong> foram<br />

consi<strong>de</strong>radas como superfície <strong>de</strong> contato.<br />

Para se estabelecer uma rigi<strong>de</strong>z entre ambas as superfícies, alvo e contato, é<br />

necessário informar ao ANSYS o valor <strong>de</strong> um fator <strong>de</strong> rigi<strong>de</strong>z normal <strong>de</strong> contato, i<strong>de</strong>ntificado por<br />

meio do parâmetro FKN. Este parâmetro controla a intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> penetração e afastamento<br />

entre ambas as superfícies, razão pela qual t<strong>em</strong> gran<strong>de</strong> influência na convergência durante o<br />

processamento do mo<strong>de</strong>lo. Além disso, po<strong>de</strong>-se por meio do el<strong>em</strong>ento <strong>de</strong> contato quantificar a<br />

pressão que o conector exerce no concreto.<br />

4.2 Condições <strong>de</strong> contorno e solicitação<br />

Como o mo<strong>de</strong>lo numérico leva <strong>em</strong> conta apenas a meta<strong>de</strong> do mo<strong>de</strong>lo<br />

experimental “Push-out”, restringiu-se o <strong>de</strong>slocamento segundo a direção X<br />

(coor<strong>de</strong>nada global) da alma do perfil metálico <strong>em</strong> toda sua extensão (na vertical).<br />

Além disso, a face inferior da laje <strong>de</strong> concreto é restringida nas três direções, no plano<br />

XY e também na direção normal a este plano (coor<strong>de</strong>nadas globais), objetivando<br />

garantir a estabilida<strong>de</strong> do mo<strong>de</strong>lo, quando da aplicação das forças no perfil metálico.<br />

Os <strong>conectores</strong> <strong>de</strong> <strong>cisalhamento</strong> estão solidarizados à mesa do perfil metálico,<br />

objetivando garantir que os nós comuns aos el<strong>em</strong>entos dos <strong>conectores</strong> e da mesa da<br />

viga <strong>de</strong> aço tenham compatibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocamentos <strong>em</strong> todas as direções. Vale<br />

mencionar ainda que os nós pertencentes à laje <strong>de</strong> concreto e à mesa do perfil<br />

Ca<strong>de</strong>rnos <strong>de</strong> Engenharia <strong>de</strong> Estruturas, São Carlos, v. 7, n. 23 p. 121-144, 2005


Comportamento <strong>de</strong> <strong>conectores</strong> <strong>de</strong> <strong>cisalhamento</strong> <strong>em</strong> vigas mistas aço-concreto com...<br />

129<br />

metálico foram acoplados apenas na direção X, objetivando minimizar a rotação da<br />

laje <strong>em</strong> do eixo Z.<br />

A solicitação é aplicada na face superior do perfil metálico, na forma <strong>de</strong> pressão, cuja<br />

intensida<strong>de</strong> é <strong>de</strong>finida por meio da divisão da força <strong>de</strong> ruptura estimada pela área da<br />

seção transversal do perfil metálico. As direções das coor<strong>de</strong>nadas globais para os<br />

mo<strong>de</strong>los é apresentada na figura 10.<br />

4.3 Mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> não-linearida<strong>de</strong> física adotados para o aço e concreto<br />

O código <strong>de</strong> cálculo ANSYS 5.7 possibilita a consi<strong>de</strong>ração da não-linearida<strong>de</strong><br />

física dos materiais, com base <strong>em</strong> alguns critérios <strong>de</strong> resistência. Nos mo<strong>de</strong>los<br />

numéricos <strong>em</strong> questão, para o aço do conector e do perfil metálico, adota-se o<br />

<strong>comportamento</strong> elasto-plástico multilinear com encruamento isótropo. Já para o aço da<br />

armadura, consi<strong>de</strong>ra-se o <strong>comportamento</strong> elasto-plástico perfeito. Esses dois<br />

<strong>comportamento</strong>s são associados ao critério <strong>de</strong> Von Mises, e as relações tensão<strong>de</strong>formação<br />

são ilustradas na figuras 8 e 9, respectivamente.<br />

σ<br />

σ d<br />

σ c<br />

σ b<br />

σ<br />

a<br />

E=tangα<br />

ε a<br />

E 1 =tangβ<br />

E 2 =tangγ<br />

=tangφ E 3<br />

ε b<br />

ε c<br />

ε d<br />

Figura 8 - Comportamento elasto-plástico multilinear com encruamento isótropo<br />

ε<br />

PONTOS σ ε<br />

a 0,7f y 0,7f y /E<br />

f − 0,7f<br />

y<br />

b f y εa<br />

+<br />

E1<br />

u y<br />

c f u ε<br />

b<br />

+<br />

E<br />

2<br />

d f u 1<br />

f − f<br />

y<br />

σ<br />

f<br />

y<br />

Ε=tang α<br />

ε<br />

Figura 9 - Comportamento elasto-plástico perfeito<br />

Para o concreto, adotam-se o mo<strong>de</strong>lo concreto e o mo<strong>de</strong>lo elástico não-linear.<br />

O mo<strong>de</strong>lo concreto é baseado no critério <strong>de</strong> ruptura para o estado multiaxial <strong>de</strong><br />

tensão, proposto por “Willam-Warnke”, e capaz <strong>de</strong> simular o esmagamento na<br />

compressão e a fissuração na tração. Já o mo<strong>de</strong>lo elástico não-linear permite a<br />

consi<strong>de</strong>ração <strong>de</strong> uma relação não-linear entre tensão e <strong>de</strong>formação, para o qual<br />

adotou-se o <strong>comportamento</strong> para o concreto, <strong>de</strong>scrito pela relação tensão-<strong>de</strong>formação<br />

foi extraída do CEB-FIB (1991).<br />

Ca<strong>de</strong>rnos <strong>de</strong> Engenharia <strong>de</strong> Estruturas, São Carlos, v. 7, n. 23, p. 121-144, 2005


130<br />

Gustavo Alves Tristão & Jorge Munaiar Neto<br />

No mo<strong>de</strong>lo com conector tipo pino com cabeça (stud) foi adotado o mo<strong>de</strong>lo concreto<br />

praticamente <strong>em</strong> toda laje, exceto nos el<strong>em</strong>entos finitos sujeitos às vinculações <strong>de</strong> base da laje,<br />

<strong>em</strong> que se utiliza o mo<strong>de</strong>lo elástico não-linear.<br />

Por outro lado, para os mo<strong>de</strong>los com conector tipo perfil “U” formado a frio utiliza-se o<br />

mo<strong>de</strong>lo concreto nas regiões da laje próximas aos <strong>conectores</strong>, pois são essas regiões<br />

submetidas a tensões <strong>de</strong> compressão e <strong>de</strong> tração consi<strong>de</strong>radas elevadas quando comparadas<br />

às correspon<strong>de</strong>ntes resistências. Em contrapartida, nas regiões da laje on<strong>de</strong> as tensões não são<br />

elevadas adota-se o mo<strong>de</strong>lo elástico não-linear, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que as tensões <strong>de</strong> tração, quando<br />

verificadas, result<strong>em</strong> próximas da resistência à tração do concreto (f t ). Essa verificação <strong>de</strong>ve-se<br />

ao fato <strong>de</strong> o mo<strong>de</strong>lo elástico não-linear adotar para esforços <strong>de</strong> tração o mesmo <strong>comportamento</strong><br />

(σ x ε) adotado para esforços <strong>de</strong> compressão e, portanto, inconsistente com o <strong>comportamento</strong><br />

real do concreto verificado experimentalmente.<br />

5 RESULTADOS DA ANÁLISE NUMÉRICA<br />

Apresentam-se a seguir resultados da análise numérica <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los com<br />

<strong>conectores</strong> dos tipos pino com cabeça (stud) e perfil”U” formado a frio, ambos <strong>em</strong> laje<br />

<strong>de</strong> concreto maciça.<br />

Vale ressaltar que a força total estimada foi aplicada <strong>em</strong> pequenos<br />

incr<strong>em</strong>entos, que variam <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um intervalo entre 100 e 250, adotando como<br />

critérios <strong>de</strong> convergência a variação dos <strong>de</strong>slocamentos com tolerância para<br />

convergência <strong>de</strong> 0,001, b<strong>em</strong> como uma tolerância <strong>de</strong> 1 mm para penetração entre as<br />

superfícies alvo e <strong>de</strong> contato.<br />

5.1 Mo<strong>de</strong>lo Numérico com Conector stud 13 mm<br />

A simulação numérica referente ao conector tipo pino com cabeça (stud) foi<br />

feita por meio <strong>de</strong> um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong>nominado <strong>de</strong> PHS-1, cujas dimensões e proprieda<strong>de</strong>s<br />

dos materiais respeitaram aquelas adotadas nos ensaios experimentais tipo “Pushout”,<br />

realizados por Kalfas (1997). O mo<strong>de</strong>lo consiste basicamente <strong>de</strong> dois pinos com<br />

cabeça (stud), <strong>em</strong> cada laje, com 13 mm <strong>de</strong> diâmetro e 75mm <strong>de</strong> comprimento,<br />

espaçados entre si 250 mm. A discretização do mo<strong>de</strong>lo PHS-1 é apresentada na figura<br />

10.<br />

As tabelas 1 e 2 apresentam as proprieda<strong>de</strong>s dos materiais para as fases <strong>de</strong><br />

<strong>comportamento</strong>s linear e não-linear, <strong>em</strong> correspondência às figuras 8 e 9. Já a tabela<br />

3 apresenta as proprieda<strong>de</strong>s para o concreto, on<strong>de</strong> são especificadas as<br />

correspon<strong>de</strong>ntes resistências à compressão do concreto (f ck ) e à tração (f t ).<br />

Tabela 1- Proprieda<strong>de</strong>s do aço do conector e do perfil metálico<br />

MATERIAL<br />

σ a<br />

(kN/cm 2 )<br />

σ b<br />

(kN/cm 2 )<br />

σ c<br />

(kN/cm 2 )<br />

σ d<br />

(kN/cm 2 )<br />

E<br />

(kN/cm 2 )<br />

E a<br />

(kN/cm 2 )<br />

E b<br />

(kN/cm 2 )<br />

E c<br />

(kN/cm 2 )<br />

AÇO DO<br />

CONECTOR<br />

AÇO DO<br />

PERFIL<br />

28,0 40,0 49,6 49,6 20000 200 20 0<br />

17,5 25,0 40,0 40,0 20500 205 20,5 0<br />

Ca<strong>de</strong>rnos <strong>de</strong> Engenharia <strong>de</strong> Estruturas, São Carlos, v. 7, n. 23 p. 121-144, 2005


Comportamento <strong>de</strong> <strong>conectores</strong> <strong>de</strong> <strong>cisalhamento</strong> <strong>em</strong> vigas mistas aço-concreto com...<br />

131<br />

Tabela 2 - Proprieda<strong>de</strong>s do aço da armadura<br />

MATERIAL f y (kN/cm 2 ) E (kN/cm 2 )<br />

AÇO DA ARMADURA 50,0 21000<br />

Tabela 3 - Proprieda<strong>de</strong>s do concreto<br />

MATERIAL E (kN/cm 2 ) f ck (kN/cm 2 ) f t (kN/cm 2 )<br />

CONCRETO 2782 1,71 0,2<br />

A figura 11 ilustra como resultado a relação entre força e <strong>de</strong>slocamento do<br />

conector do mo<strong>de</strong>lo numérico PHS-1, confrontado com três resultados mais<br />

representativos, <strong>de</strong>ntre os nove ensaios experimentais realizados por Kalfas et al.<br />

(1997). A força total aplicado no mo<strong>de</strong>lo foi dividida igualmente entre os dois<br />

<strong>conectores</strong>. O valor adotado para a rigi<strong>de</strong>z normal <strong>de</strong> contato (FKN) foi 500.<br />

Laje <strong>de</strong><br />

concreto<br />

Stud<br />

Perfil<br />

met<br />

Y<br />

Z<br />

PLANO<br />

XZ<br />

X<br />

Figura 10 - Malha <strong>de</strong> el<strong>em</strong>entos finitos do mo<strong>de</strong>lo PHS-1<br />

Ca<strong>de</strong>rnos <strong>de</strong> Engenharia <strong>de</strong> Estruturas, São Carlos, v. 7, n. 23, p. 121-144, 2005


132<br />

Gustavo Alves Tristão & Jorge Munaiar Neto<br />

50<br />

FORÇA POR CONECTOR (kN)<br />

40<br />

30<br />

20<br />

10<br />

EXPERIMENTAL 1<br />

EXPERIMENTAL 2<br />

EXPERIMENTAL 3<br />

PHS-1<br />

0<br />

0,0 0,3 0,6 0,9 1,2 1,5 1,8 2,1 2,4 2,7 3,0<br />

DESLOCAMENTO (mm)<br />

Figura 11 - Relação força x <strong>de</strong>slocamento por conector, para o mo<strong>de</strong>lo numérico PHS-1<br />

Por uma análise com referência à figura 11, é possível i<strong>de</strong>ntificar uma<br />

concordância bastante satisfatória do resultado do mo<strong>de</strong>lo PHS-1 quando comparado<br />

com os resultados experimentais, até o valor <strong>de</strong> força igual a 37,75 kN, a partir do qual<br />

não mais apresentou convergência, <strong>em</strong> correspondência a uma tolerância <strong>de</strong> 0,001<br />

com referência à diferença entre <strong>de</strong>slocamentos sucessivos.<br />

É importante <strong>de</strong>stacar que as tensões nas armaduras resultaram baixas<br />

comprovando, como já comentado <strong>em</strong> capítulos anteriores, a sua função <strong>de</strong> apenas<br />

confinar o concreto. As tensões <strong>de</strong> Mises no concreto na região da laje imediatamente<br />

abaixo do conector resultaram elevadíssimas <strong>em</strong> alguns el<strong>em</strong>entos (figura 14),<br />

provavelmente <strong>de</strong>vido à significativa pressão <strong>de</strong> contato entre conector e concreto,<br />

como ilustrado na figura 12.<br />

FORÇA POR CONECTOR DE 37,75 kN<br />

4<br />

3<br />

2<br />

1<br />

Figura 12 - Pressão <strong>de</strong> contato (kN/cm 2 ) entre o conector e o concreto, mo<strong>de</strong>lo PHS-1<br />

O <strong>comportamento</strong> da pressão <strong>de</strong> contato ao longo da solicitação é apresentada na<br />

figura 13 com referência as posições ilustradas na figura 12.<br />

Ca<strong>de</strong>rnos <strong>de</strong> Engenharia <strong>de</strong> Estruturas, São Carlos, v. 7, n. 23 p. 121-144, 2005


Comportamento <strong>de</strong> <strong>conectores</strong> <strong>de</strong> <strong>cisalhamento</strong> <strong>em</strong> vigas mistas aço-concreto com...<br />

133<br />

30<br />

POSIÇÃO 1<br />

POSIÇÃO 2<br />

20<br />

POSIÇÃO 3<br />

POSIÇÃO 4<br />

10<br />

0<br />

0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0<br />

FORÇA POR CONECTOR (kN)<br />

Figura 13 - Relação pressão <strong>de</strong> contato x força por conector, mo<strong>de</strong>lo PHS-1<br />

A figura 15 ilustra as tensões <strong>de</strong> Mises <strong>em</strong> apenas um conector, uma vez que<br />

o <strong>comportamento</strong> dos dois <strong>conectores</strong> é igual. As posições no conector (figura 15)<br />

indicadas pelos números 1, 2, 3 e 4 representam regiões para as quais serão plotadas<br />

relações entre tensão <strong>de</strong> Mises e força no conector (figura 16).<br />

FORÇA NO MODELO DE 75,5 kN<br />

Figura 14 - Tensão(kN/cm 2 ) na laje <strong>de</strong> concreto, região circundante ao conector, mo<strong>de</strong>lo PHS-1<br />

Ca<strong>de</strong>rnos <strong>de</strong> Engenharia <strong>de</strong> Estruturas, São Carlos, v. 7, n. 23, p. 121-144, 2005


134<br />

Gustavo Alves Tristão & Jorge Munaiar Neto<br />

Percebe-se por meio do figura 16 a redistribuição <strong>de</strong> tensões que ocorre ao<br />

longo do comprimento do conector. Vale <strong>de</strong>stacar que <strong>em</strong> nenhuma região do<br />

conector foi atingido o valor da tensão <strong>de</strong> escoamento (f y ).<br />

FORÇA POR CONECTROR<br />

DE 37,75 kN<br />

4<br />

3<br />

2<br />

1<br />

Figura 15 - Estado <strong>de</strong> tensão (kN/cm 2 ) no pino com cabeça (stud), mo<strong>de</strong>lo PHS-1<br />

Para o mesmo mo<strong>de</strong>lo, é apresentada na figura 17 a evolução das fissuras na<br />

laje <strong>de</strong> concreto, <strong>em</strong> correspondência às etapas <strong>de</strong> forças no mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> 10, 30, 40 50,<br />

60 e 75,5 kN. As fissuras na laje são provocadas pela fissuração do concreto na tração<br />

e pelo esmagamento do concreto na compressão.<br />

Por uma análise com relação às etapas ilustradas na figura 17, as fissuras nos<br />

primeiros incr<strong>em</strong>entos <strong>de</strong> força iniciam-se na região circundante ao conector e, com o<br />

aumento da força, se expan<strong>de</strong>m pela laje <strong>de</strong> concreto.<br />

35<br />

30<br />

25<br />

POSIÇÃO 1<br />

POSIÇÃO 2<br />

POSIÇÃO 3<br />

POSIÇÃO 4<br />

20<br />

15<br />

10<br />

5<br />

0<br />

0 5 10 15 20 25 30 35 40<br />

FORÇA POR CONECTOR (kN)<br />

Figura 16 - Relação tensão x f orça no conector, mo<strong>de</strong>lo PHS-1<br />

Ca<strong>de</strong>rnos <strong>de</strong> Engenharia <strong>de</strong> Estruturas, São Carlos, v. 7, n. 23 p. 121-144, 2005


Comportamento <strong>de</strong> <strong>conectores</strong> <strong>de</strong> <strong>cisalhamento</strong> <strong>em</strong> vigas mistas aço-concreto com...<br />

135<br />

10 kN<br />

30 kN<br />

40 kN<br />

50 kN<br />

60 kN 75,5 kN<br />

Figura 17 - Progressão das fissuras na laje <strong>de</strong> concreto, mo<strong>de</strong>lo PHS-1<br />

5.2 Mo<strong>de</strong>los numéricos com conector tipo perfil “U” formado a frio<br />

Para os mo<strong>de</strong>los numéricos com <strong>conectores</strong> tipo perfil “U” formado a frio,<br />

adotou-se como referência o mo<strong>de</strong>lo experimental ensaiado por Malite (1993). Foram<br />

mo<strong>de</strong>lados <strong>conectores</strong> perfil “U” <strong>de</strong> 2,66 e 4,76 mm <strong>de</strong> espessura nas posições I e II,<br />

apresentadas na figura 4, <strong>em</strong> um total <strong>de</strong> quatro mo<strong>de</strong>los numéricos, aqui<br />

<strong>de</strong>nominados <strong>de</strong> PHU-AI, PHU-AII, PHU-BI e PHU-BII. Nesse caso, as letras A e B<br />

refer<strong>em</strong>-se às espessuras adotadas, enquanto que os números I e II refer<strong>em</strong>-se às<br />

posições dos <strong>conectores</strong>. As proprieda<strong>de</strong>s adotadas para os materiais estão<br />

apresentadas nas tabelas 4, 5 e 6.<br />

Tabela 4 - Proprieda<strong>de</strong>s do aço do conector e do perfil metálico (referente à figura 8)<br />

MATERIAL<br />

σ a<br />

(kN/cm 2 )<br />

σ b<br />

(kN/cm 2 )<br />

σ c<br />

(kN/cm 2 )<br />

σ d<br />

(kN/cm 2 )<br />

E<br />

(kN/cm 2 )<br />

E a<br />

(kN/cm 2 )<br />

E b<br />

(kN/cm 2 )<br />

E c<br />

(kN/cm 2 )<br />

AÇO DO<br />

CONECTOR<br />

AÇO DO<br />

PERFIL<br />

17,35 24,78 35,37 35,37 19900 199 19,9 0<br />

17,40 37,73 54,26 54,26 19900 199 19,9 0<br />

Ca<strong>de</strong>rnos <strong>de</strong> Engenharia <strong>de</strong> Estruturas, São Carlos, v. 7, n. 23, p. 121-144, 2005


136<br />

Gustavo Alves Tristão & Jorge Munaiar Neto<br />

Tabela 5 - Proprieda<strong>de</strong>s do aço da armadura (referente à figura 9)<br />

MATERIAL f y (kN/cm 2 ) E (kN/cm 2 )<br />

AÇO DA ARMADURA 50,0 21000<br />

Tabela 6 – Proprieda<strong>de</strong>s do concreto<br />

MATERIAL E (kN/cm 2 ) f ck (kN/cm 2 ) f t (kN/cm 2 )<br />

CONCRETO 3215 2,67 0,28<br />

Apresenta-se na figura 18 a discretização referente aos mo<strong>de</strong>los com conector<br />

perfil “U” formado a frio, tomando nesse caso como base o mo<strong>de</strong>lo PHU-BI.<br />

Laje <strong>de</strong><br />

concreto<br />

Armadura<br />

Perfil<br />

metálico<br />

Perfil “U”<br />

Figura 18 – Visão geral da discretização para os mo<strong>de</strong>los com conector perfil “U” formado a<br />

frio<br />

Nas figuras 19 e 20, para os mo<strong>de</strong>los numéricos AI, AII, BI e BII, apresentamse<br />

relações entre força por conector e <strong>de</strong>slocamento obtido no mo<strong>de</strong>lo numérico,<br />

confrontadas com os resultados dos ensaios experimentais realizados por Malite<br />

(1993). Para todos os mo<strong>de</strong>los numéricos, o valor <strong>de</strong> FKN adotado foi 500.<br />

Todas as relações entre força por conector e <strong>de</strong>slocamento dos mo<strong>de</strong>los<br />

numéricos apresentam basicamente um mesmo <strong>comportamento</strong>, ou seja, a fase inicial<br />

apresenta um <strong>comportamento</strong> linear governado pelo fator FKN, e a partir <strong>de</strong> uma<br />

<strong>de</strong>terminada força, a relação começa a apresentar um <strong>comportamento</strong> fort<strong>em</strong>ente nãolinear,<br />

<strong>de</strong>vido a não-linearida<strong>de</strong> física dos materiais, principalmente do aço do conector<br />

e do concreto da laje.<br />

Ca<strong>de</strong>rnos <strong>de</strong> Engenharia <strong>de</strong> Estruturas, São Carlos, v. 7, n. 23 p. 121-144, 2005


Comportamento <strong>de</strong> <strong>conectores</strong> <strong>de</strong> <strong>cisalhamento</strong> <strong>em</strong> vigas mistas aço-concreto com...<br />

137<br />

120<br />

110<br />

100<br />

90<br />

80<br />

70<br />

60<br />

50<br />

40<br />

30<br />

20<br />

AI-1<br />

AI-2<br />

AI-3<br />

PHU-AI<br />

10<br />

0<br />

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5<br />

DESLOCAMENTO (mm)<br />

120<br />

110<br />

100<br />

90<br />

80<br />

70<br />

60<br />

50<br />

40<br />

30<br />

20<br />

AII-1<br />

AII-2<br />

AII-3<br />

PHU-AII<br />

10<br />

0<br />

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5<br />

DESLOCAMENTO (mm)<br />

Figura 19 – Relação força por conector x <strong>de</strong>slocamento, mo<strong>de</strong>los PHU-AI e PHU- AII<br />

Ca<strong>de</strong>rnos <strong>de</strong> Engenharia <strong>de</strong> Estruturas, São Carlos, v. 7, n. 23, p. 121-144, 2005


138<br />

Gustavo Alves Tristão & Jorge Munaiar Neto<br />

200<br />

175<br />

FORÇA POR CONECTOR (kN)<br />

150<br />

125<br />

100<br />

75<br />

50<br />

25<br />

BI-3<br />

BI-2<br />

BI-1<br />

PHU-BI<br />

0<br />

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0<br />

DESLOCAMENTO (mm)<br />

200<br />

FORÇA POR CONECTOR (kN)<br />

150<br />

100<br />

50<br />

BII-3<br />

BII-2<br />

BII-1<br />

PHU-BII<br />

0<br />

0,0 0,3 0,6 0,9 1,2 1,5 1,8 2,1 2,4 2,7 3,0<br />

DESLOCAMENTO (mm)<br />

Figura 20 – Relação força por conector x <strong>de</strong>slocamento, mo<strong>de</strong>los PHU-BI e PHU-BII<br />

A distribuição <strong>de</strong> tensões (<strong>de</strong> Mises), no conector, com referência à força<br />

última para cada mo<strong>de</strong>lo é ilustrada na figura 21, para os mo<strong>de</strong>los PHU-AI e PHU-AII,<br />

b<strong>em</strong> como na figura 22, para os mo<strong>de</strong>los PHU-BI e PHU-BII. O <strong>comportamento</strong> do<br />

conector ao longo da solicitação nos mo<strong>de</strong>los PHU-AI e PHU-AII, assim como para os<br />

mo<strong>de</strong>los PHU-BI e PHU-BII são apresentadas nas figuras 23 e 24, respectivamente,<br />

por meio da relação entre tensão e força no conector. Os valores das tensões (<strong>de</strong><br />

Mises) foram tomados a partir dos nós indicados na linha 1 (figuras 21 e 22), ou seja,<br />

posições 1, 2, 3, 4, 5 e 6 (ao longo da altura do perfil “U”).<br />

Linha 1 Linha 1<br />

Figura 21 – Distribuição <strong>de</strong> tensões <strong>de</strong> Mises (kN/cm 2 ) no conector perfil “U”, mo<strong>de</strong>los PHU-AI<br />

e PHU- AII<br />

Ca<strong>de</strong>rnos <strong>de</strong> Engenharia <strong>de</strong> Estruturas, São Carlos, v. 7, n. 23 p. 121-144, 2005


Comportamento <strong>de</strong> <strong>conectores</strong> <strong>de</strong> <strong>cisalhamento</strong> <strong>em</strong> vigas mistas aço-concreto com...<br />

139<br />

Linha 1<br />

Linha 1<br />

Figura 22 – Distribuição <strong>de</strong> tensões <strong>de</strong> Mises (kN/cm 2 ) no conector perfil “U”, mo<strong>de</strong>los PHU-BI<br />

e PHU- BII<br />

O <strong>comportamento</strong> do conector ao longo da solicitação (figura 23) nos mo<strong>de</strong>los<br />

PHU-AI e PHU-AII são s<strong>em</strong>elhantes, ou seja, inicialmente para a posição 1, as<br />

tensões aumentam rapidamente até atingir a tensão <strong>de</strong> proporcionalida<strong>de</strong> (σ a ) <strong>de</strong><br />

17,35 kN/cm 2 . A partir <strong>de</strong>sse instante, os el<strong>em</strong>entos localizados nas posições número<br />

2 e 3 começam a ser responsável por uma maior parcela <strong>de</strong> força, e<br />

conseqüent<strong>em</strong>ente, um aumento nas tensões até atingir<strong>em</strong> a tensão <strong>de</strong> escoamento<br />

(f y ) igual a 24,78 kN/cm 2 .<br />

30<br />

25<br />

POSIÇÃO 1 POSIÇÃO 2<br />

POSIÇÃO 3 POSIÇÃO 4<br />

POSIÇÃO 5 POSIÇÃO 6<br />

20<br />

15<br />

10<br />

5<br />

0<br />

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90<br />

FORÇA NO CONECTOR (kN)<br />

(a)<br />

35<br />

30<br />

25<br />

POSIÇÃO 1 POSIÇÃO 2<br />

POSIÇÃO 3 POSIÇÃO 4<br />

POSIÇÃO 5 POSIÇÃO 6<br />

20<br />

15<br />

10<br />

5<br />

0<br />

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90<br />

FORÇA NO CONECTOR (kN)<br />

(b)<br />

Figura 23 – Relação tensão x força, (a) mo<strong>de</strong>lo PHU-AI, (b) mo<strong>de</strong>lo PHU-AII<br />

Ca<strong>de</strong>rnos <strong>de</strong> Engenharia <strong>de</strong> Estruturas, São Carlos, v. 7, n. 23, p. 121-144, 2005


140<br />

Gustavo Alves Tristão & Jorge Munaiar Neto<br />

35<br />

30<br />

POSIÇÃO 1 POSIÇÃO 2<br />

POSIÇÃO 3 POSIÇÃO 4<br />

POSIÇÃO 5 POSIÇÃO 6<br />

25<br />

20<br />

15<br />

10<br />

5<br />

0<br />

0 20 40 60 80 100 120 140 160<br />

FORÇA NO CONECTOR (kN)<br />

(a)<br />

30<br />

25<br />

POSIÇÃO 1 POSIÇÃO 2<br />

POSIÇÃO 3 POSIÇÃO 4<br />

POSIÇÃO 5 POSIÇÃO 6<br />

20<br />

15<br />

10<br />

5<br />

0<br />

0 20 40 60 80 100 120 140 160<br />

FORÇA NO CONECTOR (kN)<br />

(b)<br />

Figura 24 – Relação tensão x força, (a) mo<strong>de</strong>lo PHU-BI, (b) mo<strong>de</strong>lo PHU-BII<br />

Observa-se na figura 24 a redistribuição <strong>de</strong> tensões que existe ao longo da altura do<br />

conector, fato este que justifica as tensões elevadas nos três el<strong>em</strong>entos finitos que apresentam<br />

cor vermelha (figura 22), mesmo estando na região da alma mais afastada da mesa do perfil<br />

metálico. Essa redistribuição <strong>de</strong> tensões ocorre quando o el<strong>em</strong>ento <strong>de</strong> posição 1 atinge a tensão<br />

<strong>de</strong> proporcionalida<strong>de</strong> (σ a ) <strong>de</strong> 24,78 kN/cm 2 e logo <strong>de</strong>pois os el<strong>em</strong>entos <strong>de</strong> posições 2 e 3,<br />

ating<strong>em</strong> a tensão <strong>de</strong> escoamento do aço do conector (f y ) <strong>de</strong> 24,78 kN/cm 2 .<br />

A pressão <strong>de</strong> contato entre conector e laje <strong>de</strong> concreto também foi medida <strong>em</strong> todos os<br />

mo<strong>de</strong>los, pois por meio <strong>de</strong>sta têm-se a real tensão que o conector transmite para a laje <strong>de</strong><br />

concreto. As figuras 25 e 26 apresentam a distribuição da pressão <strong>de</strong> contato para força <strong>de</strong> 81<br />

kN e 139 kN, respectivamente. Vale mencionar que o contato é estabelecido apenas na parte<br />

comprimida.<br />

Ca<strong>de</strong>rnos <strong>de</strong> Engenharia <strong>de</strong> Estruturas, São Carlos, v. 7, n. 23 p. 121-144, 2005


Comportamento <strong>de</strong> <strong>conectores</strong> <strong>de</strong> <strong>cisalhamento</strong> <strong>em</strong> vigas mistas aço-concreto com...<br />

141<br />

FORÇA DE 81 kN Linha 2<br />

Linha 1<br />

(a)<br />

(b)<br />

Figura 25– Comparação da pressão <strong>de</strong> contato entre os mo<strong>de</strong>los (a) PHU-AI e (b) PHU-AII,<br />

referente à força <strong>de</strong> 81 kN.<br />

FORÇA DE 139 kN<br />

Linha 1<br />

Linha 2<br />

(a)<br />

(b)<br />

Figura 26– Comparação da pressão <strong>de</strong> contato entre os mo<strong>de</strong>los (a) PHU-BI e (b) PHU-BII, referente à<br />

força <strong>de</strong> 139 kN<br />

As figuras 27 e 28 apresentam para os mo<strong>de</strong>los PHU-AI; PHU-AII e PHU-BI; PHU-BII a<br />

relação pressão <strong>de</strong> contato x força no conector, respectivamente, o qual os valores foram<br />

tomados a partir dos nós indicados na linha 1 e linha 2 figuras 25 e 26.<br />

Ca<strong>de</strong>rnos <strong>de</strong> Engenharia <strong>de</strong> Estruturas, São Carlos, v. 7, n. 23, p. 121-144, 2005


142<br />

Gustavo Alves Tristão & Jorge Munaiar Neto<br />

5<br />

4<br />

POSIÇÃO 1<br />

POSIÇÃO 2<br />

POSIÇÃO 3<br />

3<br />

2<br />

1<br />

0<br />

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90<br />

FORÇA NO CONECTOR (kN)<br />

10<br />

8<br />

POSIÇÃO 1<br />

POSIÇÃO 2<br />

POSIÇÃO 3<br />

6<br />

4<br />

2<br />

0<br />

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90<br />

FORÇA NO CONECTOR (kN)<br />

Figura 27– Relação pressão <strong>de</strong> contato x força, mo<strong>de</strong>los PHU-AI e PHU-AII<br />

15<br />

12<br />

9<br />

POSIÇÃO 1<br />

POSIÇÃO 2<br />

POSIÇÃO 3<br />

6<br />

3<br />

0<br />

0 20 40 60 80 100 120 140 160<br />

FORÇA NO CONECTOR (kN)<br />

15<br />

12<br />

9<br />

POSIÇÃO 1<br />

POSIÇÃO 2<br />

POSIÇÃO 3<br />

6<br />

3<br />

0<br />

0 20 40 60 80 100 120 140<br />

FORÇA NO CONECTOR (kN)<br />

Figura 28– Relação pressão <strong>de</strong> contato x força, mo<strong>de</strong>los PHU-BI e PHU-BII<br />

Ca<strong>de</strong>rnos <strong>de</strong> Engenharia <strong>de</strong> Estruturas, São Carlos, v. 7, n. 23 p. 121-144, 2005


Comportamento <strong>de</strong> <strong>conectores</strong> <strong>de</strong> <strong>cisalhamento</strong> <strong>em</strong> vigas mistas aço-concreto com...<br />

143<br />

Por meio das figuras 27 e 28 po<strong>de</strong>-se observar que as maiores pressões <strong>de</strong><br />

contato, localizam-se na região perto da solda do conector com o perfil metálico.<br />

6 CONCLUSÕES<br />

A proposta do presente trabalho objetivou avaliar o <strong>comportamento</strong> dos<br />

<strong>conectores</strong> <strong>de</strong> <strong>cisalhamento</strong> dos tipos pino com cabeça e perfil “U” formado a frio, por<br />

meio <strong>de</strong> análise numérica tridimensional do ensaio tipo “Push-out”. Para tanto foram<br />

analisados <strong>conectores</strong> stud <strong>de</strong> 13 mm, b<strong>em</strong> como perfis “U” formados a frio, <strong>de</strong> 2,66 e<br />

4,76 mm <strong>de</strong> espessura, <strong>em</strong> duas posições diferentes.<br />

Os resultados dos mo<strong>de</strong>los numéricos, analisados com referência à relação<br />

entre força e <strong>de</strong>slocamento por conector, resultaram satisfatórios quando confrontados<br />

com resultados experimentais. Adicionalmente, foram analisados outros aspectos <strong>de</strong><br />

interesse nos mo<strong>de</strong>los numéricos, como por ex<strong>em</strong>plo, a concentração <strong>de</strong> tensão nos<br />

<strong>conectores</strong>, <strong>de</strong> difícil obtenção <strong>em</strong> ensaios experimentais.<br />

Análises com relação aos <strong>conectores</strong> tipo perfil “U” formado a frio,<br />

i<strong>de</strong>ntificaram a não ocorrência <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s diferenças com relação à força última do<br />

conector <strong>de</strong> mesma espessura, ou seja, a diferença entre os mo<strong>de</strong>los PHU-AI e PHU-<br />

AII foi <strong>de</strong> aproximadamente 3,5%, enquanto que a diferença entre os mo<strong>de</strong>los PHU-BI<br />

e PHU-BII foi 5%. Porém, i<strong>de</strong>ntificou-se uma gran<strong>de</strong> influência da posição com relação<br />

à ductilida<strong>de</strong> do conector, ou seja, <strong>conectores</strong> na posição I têm <strong>comportamento</strong> mais<br />

dúctil quando comparados àqueles na posição II, fato <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> importância quando o<br />

colapso <strong>de</strong> uma viga mista dá-se <strong>de</strong>vido à ruptura da ligação.<br />

As armaduras na laje <strong>de</strong> concreto <strong>em</strong> todos os mo<strong>de</strong>los numéricos<br />

apresentaram tensões muito inferiores à tensão <strong>de</strong> escoamento do aço, aspecto que<br />

confirma como função principal <strong>de</strong>sse el<strong>em</strong>ento o confinamento do concreto,<br />

aumentando assim a sua resistência.<br />

As tensões na laje <strong>de</strong> concreto apresentaram-se bastante elevadas na região<br />

do conector. Além disso, foi constatado que as fissuras, nos primeiros incr<strong>em</strong>entos <strong>de</strong><br />

força, iniciaram-se na região circundante ao conector e, com aumento da força, se<br />

espalham por toda a laje <strong>de</strong> concreto. Vale ressaltar que ambos os aspectos<br />

verificados confirmam comentários apresentados <strong>em</strong> outros trabalhos realizados por<br />

outros pesquisadores<br />

Por uma análise criteriosa dos el<strong>em</strong>entos <strong>de</strong> contato, acredita-se que a<br />

perturbação i<strong>de</strong>ntificada na relação tensão x força, para algumas posições no<br />

conector, <strong>de</strong>ve-se ao fato <strong>de</strong> nessas regiões a pressão e a penetração <strong>de</strong> contato<br />

ser<strong>em</strong> elevadas, quando comparadas a outras regiões do conector.<br />

Finalmente, vale <strong>de</strong>stacar que a simulação numérica do ensaio “Push-out”<br />

possibilita analisar o <strong>comportamento</strong> dos <strong>conectores</strong> <strong>de</strong> <strong>cisalhamento</strong>, não somente<br />

sobre o aspecto global, ou seja, relação força x <strong>de</strong>slocamento, mas também aspectos<br />

localizados como tensões e <strong>de</strong>formações nos componentes do mo<strong>de</strong>lo. A análise<br />

numérica do ensaio “Push-out” po<strong>de</strong> representar uma economia <strong>de</strong> t<strong>em</strong>po e dinheiro,<br />

quando comparada à análise experimental.<br />

Ca<strong>de</strong>rnos <strong>de</strong> Engenharia <strong>de</strong> Estruturas, São Carlos, v. 7, n. 23, p. 121-144, 2005


144<br />

Gustavo Alves Tristão & Jorge Munaiar Neto<br />

7 AGRADECIMENTOS<br />

Agra<strong>de</strong>c<strong>em</strong>os à CAPES pelo apoio financeiro, s<strong>em</strong> o qual esta pesquisa não<br />

po<strong>de</strong>ria ter sido realizada.<br />

8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

ALVA, G. M. S. (2000). Sobre o projeto <strong>de</strong> edifícios <strong>em</strong> estrutura mista açoconcreto.<br />

São Carlos. Dissertação (Mestrado) – Escola <strong>de</strong> Engenharia <strong>de</strong> São Carlos -<br />

Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo.<br />

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ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. (1986). NBR 8800 –<br />

Projeto e execução <strong>de</strong> estruturas <strong>de</strong> aço <strong>de</strong> edifícios. Rio <strong>de</strong> Janeiro.<br />

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composite bridges. Part 5: Co<strong>de</strong> of pratice for <strong>de</strong>sign of composite bridges. London.<br />

COMITE EURO-INTERNATIONAL DU BETON. (1991). CEB-FIP mo<strong>de</strong>l co<strong>de</strong> 1990.<br />

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EUROPEAN COMMITTEE FOR STANDARDIZATION. (1994). ENV 1994-1-1:<br />

Euroco<strong>de</strong> 4 –Design of composite steel and concrete structures. Part 1-1: General<br />

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KALFAS, C. et al. (1997). Inelastic behaviour of shear connection by a method based<br />

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MALITE, M. (1993). Análise do <strong>comportamento</strong> estrutural <strong>de</strong> vigas mistas açoconcreto<br />

constituídas por perfis <strong>de</strong> chapa dobrada. São Carlos. Tese (Doutorado) -<br />

Escola <strong>de</strong> Engenharia <strong>de</strong> São Carlos - Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo.<br />

OEHLERS, D. J. (1989). Splitting induced by shear connectors in composite beams.<br />

Journal of Structural Engineering, v.115, p.341-362.<br />

TRISTÃO, G. A. (2002). Comportamento <strong>de</strong> <strong>conectores</strong> <strong>de</strong> <strong>cisalhamento</strong> <strong>em</strong> vigas<br />

mistas aço-concreto com análise da resposta numérica. São Carlos. Dissertação<br />

(Mestrado) – Escola <strong>de</strong> Engenharia <strong>de</strong> São Carlos - Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo.<br />

Ca<strong>de</strong>rnos <strong>de</strong> Engenharia <strong>de</strong> Estruturas, São Carlos, v. 7, n. 23 p. 121-144, 2005

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