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a literatura de cordel no século XXI - XXVI Simpósio Nacional de ...

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passaram a ser impressas nesse mesmo formato a partir do século XIX, <strong>de</strong>vido à<br />

simplicida<strong>de</strong> e ao baixo custo <strong>de</strong> produção dos folhetos. Dessas cantorias, criou-se uma<br />

modalida<strong>de</strong> <strong>no</strong>va e singular <strong>de</strong> <strong>literatura</strong>, a poesia popular ou poesia <strong>de</strong> cor<strong>de</strong>l. Muito<br />

apreciada nas fazendas, as poesias eram <strong>de</strong>coradas e transmitidas oralmente, a fácil<br />

memorização tor<strong>no</strong>u-se uma das características <strong>de</strong>sse tipo <strong>de</strong> poemas <strong>de</strong>vido à pequena<br />

quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pessoas alfabetizadas <strong>no</strong> <strong>no</strong>r<strong>de</strong>ste agrário dos séculos XVIII e XIX.<br />

A Literatura <strong>de</strong> Cor<strong>de</strong>l chegou ao século XX com status <strong>de</strong> tradição; a produção já<br />

era <strong>de</strong>s<strong>de</strong> então bastante vasta, algumas pelejas – como são chamados os duelos entre<br />

poetas, na forma <strong>de</strong> repente, o verso improvisado durante as apresentações – eram<br />

famosas e gran<strong>de</strong> era o número <strong>de</strong> cantadores e repentistas. A produção e circulação dos<br />

romances, como eram chamados <strong>no</strong> interior do Piauí os folhetos <strong>de</strong> cor<strong>de</strong>l era então<br />

muito ampla. No <strong>no</strong>r<strong>de</strong>ste agrário, esses romances eram uma forma apreciada <strong>de</strong><br />

diversão coletiva como narra o poeta Pedro Costa:<br />

[...] e era diversão, rapaz, a gente comprava o romance e ia pra casa e<br />

reunia as vizinhanças e lia aquele romance, como que hoje a gente<br />

senta na sala pra assistir <strong>no</strong>vela todo dia, e a gente sentava, o pessoal<br />

se reunia pra gente cantar o romance <strong>no</strong>vo que tinha comprado na<br />

feira, então, era uma coisa 2 ...<br />

Entretanto, segundo informa o poeta cor<strong>de</strong>lista Pedro Men<strong>de</strong>s Ribeiro, o Cor<strong>de</strong>l<br />

sofreu, na segunda meta<strong>de</strong> do século XX, um processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>svalorização e a gradual<br />

extinção <strong>de</strong> sua produção e circulação. O advento <strong>de</strong> diversões mo<strong>de</strong>rnas, como a<br />

televisão e o rádio, teria substituído a prática <strong>de</strong> reunir-se para ler um romance:<br />

A morte da Literatura <strong>de</strong> Cor<strong>de</strong>l, ela é natural, é um processo <strong>de</strong><br />

aculturação, vem a televisão, vem o rádio, vem o jornal [...] a<br />

juventu<strong>de</strong> sempre quer as coisas mais <strong>no</strong>vas, e aí <strong>de</strong>ixaram <strong>de</strong> fazer as<br />

cantorias, <strong>de</strong>ixaram <strong>de</strong> realizar os festivais, <strong>de</strong>ixaram <strong>de</strong> imprimir os...<br />

[força a memória] os discos na época, <strong>de</strong>ixaram <strong>de</strong> publicar os<br />

folhetos, e ela foi se acabando, foi se acabando, morreu <strong>no</strong> mundo<br />

inteiro[...] 3 .<br />

2 COSTA, Pedro Nonato da. Entrevista concedida a Éverton Diego Soares Ribeiro Santos, Teresina:<br />

2010.<br />

3 RIBEIRO, Pedro Men<strong>de</strong>s. Entrevista concedida a Éverton Diego Soares Ribeiro Santos, Teresina: 2010.<br />

Anais do <strong>XXVI</strong> Simpósio <strong>Nacional</strong> <strong>de</strong> História – ANPUH • São Paulo, julho 2011 2

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