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a literatura de cordel no século XXI - XXVI Simpósio Nacional de ...

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para a qual é preciso ter a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reinventar-se, como se <strong>no</strong>ta <strong>no</strong> trecho a seguir,<br />

extraído da entrevista realizada com Pedro Men<strong>de</strong>s, sobre a perda <strong>de</strong> espaço que a<br />

<strong>literatura</strong> <strong>de</strong> cor<strong>de</strong>l, por seu caráter tradicional, teria sofrido na segunda meta<strong>de</strong> do<br />

século XX:<br />

Não, na verda<strong>de</strong>, a gente não po<strong>de</strong> dizer assim „per<strong>de</strong>ndo espaço‟, o<br />

que aconteceu é o que acontece <strong>no</strong>rmalmente na vida do<br />

<strong>de</strong>senvolvimento e do progresso. Você não quer mais uma televisão<br />

preto e branco pra sua casa, você quer? Não quer. Agora você quer<br />

essas mo<strong>de</strong>rnas que tem aí, 49 polegadas, por quê? Porque você vê<br />

melhor. Já essa digital, TV digital, em que as imagens são mais<br />

perfeitas. Então é uma adaptação natural do homem ao<br />

<strong>de</strong>senvolvimento 5 .<br />

É possível compreen<strong>de</strong>r, portanto, porque Pedro Men<strong>de</strong>s refere-se a uma “morte”<br />

da poesia <strong>de</strong> cor<strong>de</strong>l. Não é o gênero literário que <strong>de</strong>saparece em si, mas a forma <strong>de</strong><br />

recepção, <strong>de</strong> consumo que se modifica. A prática da leitura coletiva, por exemplo,<br />

<strong>de</strong>saparece. Nesse sentido, Pedro Costa parece também compreen<strong>de</strong>r essas mudanças<br />

quando fala da “peneira” em que só ficam os bons, refere-se à capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> adaptar-se.<br />

De o poeta cor<strong>de</strong>lista reinventar a sua produção, seja com uma <strong>no</strong>va linguagem, seja<br />

com temas atualizados, com <strong>no</strong>vas mídias. Essa adaptação ao <strong>de</strong>senvolvimento na<br />

<strong>literatura</strong> <strong>de</strong> cor<strong>de</strong>l é o que po<strong>de</strong>mos chamar <strong>de</strong> reinvenção da tradição, baseados na<br />

discussão <strong>de</strong> Eric J. Hobsbawm:<br />

Em poucas palavras, elas são reações a situações <strong>no</strong>vas que ou<br />

assumem a forma <strong>de</strong> referência a situações anteriores, ou estabelecem<br />

seu próprio passado através da repetição quase que obrigatória. É o<br />

contraste entre as constantes mudanças e i<strong>no</strong>vações do mundo<br />

mo<strong>de</strong>r<strong>no</strong> e a tentativa <strong>de</strong> estruturar <strong>de</strong> maneira imutável e invariável<br />

ao me<strong>no</strong>s alguns aspectos da vida social que torna a „invenção da<br />

tradição‟ um assunto tão interessante para os estudiosos da história<br />

contemporânea 6 .<br />

Hobsbawm analisa a invenção <strong>de</strong> tradições como algo que forja uma relação com<br />

o passado para legitimar-se <strong>no</strong> presente. Especificamente com a <strong>literatura</strong> <strong>de</strong> cor<strong>de</strong>l, o<br />

fenôme<strong>no</strong> acontece <strong>de</strong> maneira diferente nas duas últimas décadas. Esse tipo <strong>de</strong><br />

5 RIBEIRO, Pedro Men<strong>de</strong>s. op. cit.<br />

6 HOBSBAWN, Eric J. A invenção das tradições. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Paz e Terra, 1984.<br />

Anais do <strong>XXVI</strong> Simpósio <strong>Nacional</strong> <strong>de</strong> História – ANPUH • São Paulo, julho 2011 4

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