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Missão: Mudar o Mundo! - Mundo Universitário

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[ toma nota ]<br />

Queres ser delegado do <strong>Mundo</strong><br />

<strong>Universitário</strong> e fazer a ponte entre<br />

o jornal e a tua faculdade? Manda<br />

os teus contactos e nome da<br />

tua faculdade para:<br />

delegado@mundouniversitario.pt<br />

[ play ]<br />

Eye Toy: Antigrav,<br />

há que<br />

saltar e esbracejar.<br />

Literalmente.<br />

P. 6<br />

[ jukebox ]<br />

Post-Hit,<br />

a nova<br />

promessa<br />

da pop<br />

nacional.<br />

P. 15<br />

[ cultura ]<br />

Descobre um<br />

cinema inovador,<br />

no Festival<br />

Internacional<br />

de Cinema.<br />

P. 17<br />

Director: Gonçalo Sousa Uva | Segunda-feira, 11 de Abril de 2005 | N.º 16 | Quinzenal | distribuição gratuita | www.mundouniversitario.pt<br />

Naide Gomes<br />

Onde vai parar?<br />

P. 10 e 11<br />

Voluntariado Jovem<br />

<strong>Missão</strong>:<br />

<strong>Mudar</strong> o <strong>Mundo</strong>!<br />

P. 4 e 5<br />

QUINZENAL<br />

Próxima edição a 26 de Abril


2 | 11 ABRIL 2005<br />

[ notícias ]<br />

AE da Universidade<br />

Nova de Lisboa vítima<br />

de furto<br />

A Associação de Estudantes da Faculdade<br />

de Ciências Sociais e Humanas<br />

da Universidade Nova de Lisboa<br />

comunicou aos estudantes, no passado<br />

dia 10 de Março, em RGA, ter<br />

sido vítima de furto de um cartão de<br />

crédito. O roubo ocorreu por volta de<br />

15 de Janeiro e a quantia despendida<br />

com o cartão ascende aos 8.289,99<br />

euros. A direcção achou pouco prudente<br />

comunicar o ocorrido mais cedo<br />

aos estudantes, uma vez que a situação<br />

tinha sido denunciada à PSP.<br />

Sabe-se que o processo já está no<br />

Ministério Público e que a AE decidiu<br />

instalar um cofre-forte. Entretanto,<br />

durante o mês de Março, foram-se<br />

demitindo vários membros da mesa<br />

da RGA e da direcção da AE, levando<br />

à queda dos dois organismos. Na<br />

carta de demissão que apresentou,<br />

Mafalda Serrasqueiro (ex-membro da<br />

Direcção) explicou que as «situações<br />

suspeitas ao longo do mandato» culminaram<br />

com «o roubo do cartão,<br />

bem como desaparecimentos sucessivos<br />

de quantias consideráveis de<br />

dinheiro». Na sua generalidade, todos<br />

alegam «falta de confiança»,<br />

«desmotivação e descontentamento»<br />

e «falta de condições para prosseguir<br />

o trabalho». As próximas eleições estão<br />

previstas para 19 de Maio.<br />

Jornadas tecnológicas<br />

de Engenharia Química<br />

Painel de Ouro<br />

A Faculdade de Ciência e Tecnologia<br />

da Universidade Nova de Lisboa preparou<br />

para os dias 11 e 12 de Abril<br />

um conjunto de actividades que pretendem<br />

fomentar a inovação e a<br />

competitividade em Engenharia. Empreendorismo<br />

e Indústria, Empresas<br />

e Conhecimento e Inovação ao Nível<br />

da Aplicação informática são os temas<br />

para o primeiro dia. A 12, logo<br />

pela manhã, haverá um colóquio sobre<br />

Inovação de base Científica e o<br />

tema da tarde será a Investigação<br />

em Saúde e Vida. Da lista de intervenientes<br />

constam mais de 20 professores<br />

e engenheiros representantes<br />

de diversas instituições e universidades.<br />

A organização contava ainda<br />

com a presença do primeiro-ministro,<br />

José Sócrates, mas o MU não conseguiu<br />

ter a confirmação antes do fecho<br />

desta edição.<br />

Jornadas de Gestão<br />

de Recursos Humanos<br />

O Auditório Agostinho da Silva, da<br />

Universidade Lusófona de Humanidades<br />

e Tecnologias de Lisboa, vai<br />

receber a V Jornada de Gestão de<br />

Recursos Humanos, entre 19 e 20<br />

de Abril. Sob o tema “Os novos desafios<br />

de Recursos Humanos no séc.<br />

XXI”, o evento tem um preço de inscrição<br />

de 7,50 euros. Os participantes<br />

têm direito a um certificado de<br />

presença e a vários prémios que serão<br />

oferecidos durante as jornadas,<br />

mas há um limite de 213 inscrições,<br />

que já estão a decorrer. O dia 19 vai<br />

começar com uma conferência sobre<br />

o Estado de Arte dos RH, seguida de<br />

uma Avaliação de Desempenho.<br />

Após o almoço, serão discutidas as<br />

novas Ferramentas de Gestão e a<br />

Formação dos RH. E o dia 20 será<br />

dedicado aos temas de Gestão de<br />

Talentos nas Organizações e Trabalho<br />

na Sociedade de Informação.<br />

Ainda antes do almoço serão encerradas<br />

as Jornadas, com a presença<br />

não confirmada do reitor da Universidade.<br />

Concurso <strong>Universitário</strong><br />

A PME Investimentos está a patrocinar<br />

um concurso de Trabalhos de Investigação<br />

sobre “Empreendorismo e<br />

Capital de Risco”, destinado a docentes<br />

e estudantes universitários. A Associação<br />

Portuguesa de Capital de<br />

Risco e de Desenvolvimento, a Gesventure<br />

e a Abreu Cardigos & Associados<br />

são as entidades responsáveis<br />

pela iniciativa, cujo prazo para<br />

candidaturas termina a 29 de Abril.<br />

O vencedor receberá 1000 euros e<br />

um estágio de um mês. O formulário<br />

está disponível em www.gesventure.pt/concuniversitariocr,<br />

mas será<br />

retirado assim que o número de candidaturas<br />

chegar aos 50. Os trabalhos<br />

devem ser entregues até 14 de<br />

Outubro e serão avaliados por um júri<br />

de 5 membros. A 5 de Novembro<br />

decorre a cerimónia de entrega dos<br />

prémios. Os três primeiros classificados<br />

têm direito à publicação dos trabalhos<br />

e do CV em cada um dos sites<br />

dos promotores do concurso.<br />

Carta ao Ministro<br />

do Ensino Superior<br />

Desta vez foi a Associação de Estudantes<br />

do Instituo Superior Técnico<br />

que resolveu escrever ao ministro da<br />

Ciência, Tecnologia e Ensino Superior<br />

para tentar obter «resposta àquelas<br />

que são as nossas maiores preocupações».<br />

Do documento constam quatro<br />

grandes questões sobre as quais o<br />

discurso do governo tem sido «vago<br />

ou mesmo inexistente»: vai ou não<br />

existir financiamento efectivo ao segundo<br />

ciclo; para quando a implementação<br />

efectiva do Processo de Bolonha<br />

e qual o incentivo que será dado<br />

às escolas para a realização deste<br />

processo; está ou não garantida a representatividade<br />

dos estudantes e<br />

porque não se fala em paridade; e<br />

quem deve ser o responsável pela fixação<br />

do valor das propinas? Finalmente,<br />

a AEIST pede para ser recebida<br />

pelo ministro e salienta que apenas<br />

9% dos portugueses entre os 25 e os<br />

64 anos completou o Ensino Superior.<br />

Dádivas de sangue<br />

nas universidades<br />

A Universidade do Minho e a de Lisboa<br />

têm em marcha uma campanha<br />

para dádivas de sangue e recolhas de<br />

sangue para análise de medula. A acção<br />

é organizada pela Associação de<br />

Gestores do Desporto no Ensino Superior<br />

em colaboração com o Instituto<br />

Português do Sangue e os Serviços de<br />

Acção Social das Instituições de Ensino<br />

Superior. Na Universidade do Minho,<br />

decorre a 12 e 14 de Abril, nos Pavilhões<br />

desportivos de Gualtar e Azurém,<br />

respectivamente. Em Lisboa, será nos<br />

dias 14 e 15 na sala de Fitness da universidade,<br />

sempre das 9hs às 18hs.<br />

Agenda Universitária<br />

UNIVERSIDADE DE COIMBRA<br />

20 de Abril | Act Local, Think Global –<br />

Por um mundo melhor: os 3 R’s<br />

UNIVERSIDADE CATÓLICA BRAGA<br />

20 de Abril | Colóquio de Homenagem a Amadeu<br />

Torres: Gramática e Humanismo<br />

COIMBRA<br />

De 23 a 25 de Abril | ENEI 2005 – Encontro<br />

Nacional de Estudantes de Informática<br />

FACULDADE DE CIÊNCIAS<br />

DA UNIVERSIDADE DE LISBOA<br />

23 a 25 de Abril | II Encontro Nacional de<br />

Estudantes Bioquímicos – ENeBIOQ<br />

UNIVERSIDADE DO ALGARVE<br />

28 e 29 de Abril | Road Show Universidades<br />

UNIVERSIDADE DE AVEIRO<br />

29 de Abril | Associações e Agências - que papel<br />

no desenvolvimento da Inovação?<br />

UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA<br />

29 de Abril | A linguagem e o cérebro: o<br />

contributo das afasias para a representação da<br />

linguagem no cérebro<br />

INSTITUTO SUPERIOR<br />

DE GESTÃO – LISBOA<br />

21 de Abril a 30 de Novembro |<br />

Serões de Marketing do ISG<br />

UNIVERSIDADE DO ALGARVE<br />

1 de Abril a 7 de Maio | Curso de<br />

Especialização em Gestão da Performance nas<br />

Organizações Modernas<br />

O <strong>Mundo</strong> <strong>Universitário</strong> deve-se também ao apoio e contributo das marcas apresentadas no Painel de Ouro.<br />

UNIVERSIDADE LUSÓFONA DE<br />

HUMANIDADES E TECNOLOGIAS,<br />

LISBOA<br />

1 a 8 de Maio | Memos VIII<br />

Ficha Técnica: Título registado no I.C.S. sob o nº 124469 | Propriedade: Moving Media Publicações Lda | Empresa nº 223575 | Matrícula nº 10138 da C.R.C. de Lisboa | NIPC 507159861 | Conselho de Gerência: António Stilwell Zilhão; Francisco Pinto Barbosa; Gonçalo Sousa Uva | Chefe de Redacção: Raquel Louçã Silva | Colaboradores:<br />

Alexandre Nobre, Ana Deslandes; Diogo Torgal Ferreira, Geraldes Lino, João Tomé, Miguel Aragão, Patrícia Salvador, Martim d’Araújo Jorge, Zé Manel. | Projecto Gráfico: Sara del Rio | Paginação: Joana Túlio | Revisão: Adriana Duarte Sá | Ilustradores: André Laranjinha, Bruno Franquet e Carlos Pontes | Sede Redacção: Estrada<br />

da Outurela nº 118 Parque Holanda Edifício Holanda 2790-114 Carnaxide | Tel: 21 416 92 10 | Fax: 21 416 92 27 | Tiragem: 35 000 | Periodicidade: Quinzenal | Distribuição: Gratuita | Impressão: Lisgráfica, Impressão e Artes Gráficas, S.A; Morada: Casal Sta. Leopoldina – Queluz de Baixo 2745 Barcarena; ISSN 1646−1649.


4| 11 ABRIL 2005<br />

[ flash ]<br />

Voluntariado Jovem<br />

<strong>Missão</strong>:<br />

“Muitas coisas pequenas, em muitos<br />

lugares pequenos, feitas por muita gente pequena,<br />

podem transformar o <strong>Mundo</strong>” é o lema de<br />

muitos que fazem voluntariado. Nesse grupo contam-se<br />

muitos jovens universitários. Aceitaram o<br />

desafio e usam a sua liberdade para ajudar os “esquecidos”<br />

da sociedade. Testemunhos, um em<br />

Portugal outro mais internacional, a que o MU não<br />

ficou indiferente. | por Patrícia Salvador<br />

O lema da última campanha do<br />

Banco Alimentar contra a Fome (BA) dizia:<br />

«Muita gente ignora que há milhares de portugueses<br />

que continuam a passar fome.»<br />

Ana Branco, com 22 anos e no segundo do<br />

curso de Serviço Social, na Católica, não é<br />

uma dessas pessoas. Foi nessa campanha<br />

que colaborou pela primeira vez com o BA,<br />

mas antes já tinha feito «voluntariado de<br />

sem-abrigo durante 6 anos» e apenas não<br />

se compromete mais porque, afirma: «não<br />

tenho tempo.» De qualquer forma, vai voltar<br />

a participar em mais uma campanha nos<br />

próximos dias 7 e 8 de Maio e acha que «o<br />

sonho de toda a gente que faz voluntariado<br />

é que o <strong>Mundo</strong> seja um bocadinho melhor».<br />

Acredita, no entanto, que aqueles que não<br />

fazem, «estão sensibilizados, mas talvez o<br />

dia-a-dia, a falta de tempo e o stress os impeça<br />

de colaborar. Se calhar até acham que<br />

já não há nada a fazer».<br />

Em Portugal, uma forma simples de combater<br />

a fome tem sido levada a cabo pelo<br />

Banco Alimentar Contra a Fome. Simples,<br />

mas difícil. A Federação conta com 10 mil<br />

voluntários, sem os quais não conseguiria<br />

alimentar as mais de 200 mil pessoas que<br />

recebem a preciosa ajuda. O processo consiste<br />

em, duas vezes por ano, reunir o número<br />

de voluntários suficientes para cobrir<br />

500 estabelecimentos comerciais do país.<br />

Cada pessoa que vai às compras recebe<br />

um saco destes voluntários, onde é convidado<br />

a colocar bens alimentares para entregar<br />

à saída. Apenas um fim-de-semana<br />

faz a diferença para as famílias pobres que<br />

recebem depois aquilo que é, muitas vezes,<br />

a sua única forma de sustento.<br />

É claro que o trabalho dos voluntários não<br />

acaba ali. Há a recolha, o transporte, a organização<br />

nos armazéns do BA e a posterior<br />

entrega das toneladas de alimentos recolhidos.<br />

A instituição funciona diariamente,<br />

entre as 9hs e as 18hs.<br />

O chefe dos voluntários, Delfim Domingos,<br />

esclarece: «só se podem inscrever para voluntariado,<br />

jovens com mais de 14 anos e a<br />

<strong>Mudar</strong> o <strong>Mundo</strong>!<br />

faixa etária que predomina nas campanhas<br />

vai dos 18 aos 24 anos». Destes, «cerca de<br />

1500 são estudantes universitários». É que<br />

o BA «envia convites para as associações<br />

de estudantes, universidades e faculdades»<br />

e a partir daí «algumas organizam-se em<br />

grupos».<br />

| Viajar para ajudar |<br />

O Instituto Português da Juventude (IPJ),<br />

em estreita colaboração com a União Europeia,<br />

são os primeiros a fomentar a participação<br />

de jovens no voluntariado. O programa<br />

Juventude foi criado em 1996 para<br />

permitir que jovens entre os 18 e os 25<br />

anos, com residência na UE, prestem o seu<br />

contributo social, ao mesmo tempo que se<br />

auto-valorizam, através de uma vivência<br />

temporária em serviço comunitário noutro<br />

país. É uma oportunidade sem quaisquer<br />

custos para o voluntário, já que é totalmente<br />

financiada pela União Europeia. De acordo<br />

com Luís Mouta, responsável pelo acolhimento<br />

de jovens estrangeiros em<br />

Portugal, «é preciso é não confundir isto<br />

com estágio, mas hoje em dia a experiência<br />

internacional pesa muito. Neste caso, tratam-se<br />

de experiências interculturais, de solidariedade<br />

para uma comunidade diferente».<br />

Para participar é necessário estabelecer<br />

contacto com uma associação com fins não<br />

lucrativos e com o IPJ. Por isso, escolhe-se<br />

a organização de destino através de uma<br />

base de dados na Internet que está aprovada<br />

pela Comissão Europeia, pois apenas<br />

as organizações certificadas podem receber<br />

voluntários de outros países. E apresenta-se<br />

depois o projecto ao IPJ. No fundo,<br />

trata-se de uma relação entre duas<br />

associações (uma nacional outra internacional)<br />

e um jovem, mediada pelo IPJ.<br />

Raquel Gadarês, responsável pelo envio de<br />

jovens para o estrangeiro, afirma que «há<br />

jovens com visão que tentam negociar com<br />

as universidades para fazerem a monografia<br />

sobre algo do país para onde vão, mas<br />

há quem faça o voluntariado por uma op-


ção pessoal». Em Portugal o projecto não<br />

é muito divulgado, mas o número de voluntários<br />

tem aumentado de ano para ano. Em<br />

2004 foram enviados 68 jovens para o estrangeiro,<br />

aumentando para 300 aqueles<br />

que já usufruíram do programa. Por sua<br />

vez, só no último ano, Portugal recebeu<br />

170 voluntários. «Temos barreiras culturais»,<br />

admite Raquel, «o jovem ainda é<br />

orientado no sentido de estudar, ir para a<br />

universidade, arranjar emprego e casar. É<br />

uma questão de mentalidade, mas que parece<br />

estar a mudar».<br />

| Em Barcelona por uma boa causa |<br />

Ao abrigo do programa, qualquer jovem pode<br />

ter a oportunidade de viver noutro país<br />

durante 6 a 12 meses, ter aulas para<br />

aprender outra língua, ajudar quem precisa,<br />

viver sem custos e ainda ter algum dinheiro<br />

no bolso para gastos pessoais. Não<br />

se trata de um emprego nem se recebe um<br />

ordenado, mas nada paga a experiência.<br />

Que o diga Ana Luísa Sousa, de 23 anos e<br />

licenciada em Relações Internacionais, pela<br />

Universidade do Minho. Foi lá que teve<br />

conhecimento deste projecto: «o núcleo de<br />

estudantes de R.I. organiza colóquios para<br />

os 4. os anos e no meu ano<br />

foi sobre ajuda humanitária.<br />

O IPJ deu-nos a sugestão e fiquei com<br />

a ideia naquilo. Tinha uma vontade imensa<br />

de sair e conhecer outras coisas.»<br />

Em Junho de 2004 partiu para Barcelona,<br />

onde viveu seis meses. A sua experiência<br />

foi «na Barcelona Voluntária, ligada aos<br />

media de massas e programas de juventude.<br />

Eu era auxiliar em tarefas administrativas<br />

e fazia a divulgação do voluntariado<br />

em geral». Agora tem o seu emprego na<br />

Nós, associação portuguesa que a “enviou”<br />

e que trabalha para minorar as carências<br />

da região de Braga. «A Nós deixou-me à<br />

vontade», conta Ana, «e comecei a ir lá<br />

muitas vezes fazer voluntariado, ainda antes<br />

de ir para Barcelona». Por isso, «quando<br />

voltei convidaram-me para trabalhar<br />

com eles».<br />

Mas não ficou por aqui. O IPJ oferece outra<br />

acção, posterior ao voluntariado, que se intitula<br />

“Capital Futuro”. O jovem tem a possibilidade<br />

de beneficiar de apoios financeiros<br />

para investir em si ou em acções de solidariedade<br />

da sua iniciativa. Nos próximos 7<br />

meses, a Ana vai divulgar o serviço de voluntariado<br />

europeu, através de acções um<br />

pouco por todo o país, culminando a campanha<br />

de sensibilização com um colóquio<br />

na Universidade do Minho, agendado<br />

lá para Novembro.<br />

PUB<br />

11 ABRIL 2005 | 5<br />

[ flash ]<br />

Sites relacionados<br />

www.voluntariadojovem.pt<br />

http://juventude.gov.pt<br />

http://youth.cec.eu.int/thei_en.asp<br />

http://europa.eu.int/youth<br />

Resumo da Declaração Universal sobre o voluntariado<br />

Os voluntários, inspirados na Declaração Universal dos Direitos do Homem de 1948 e<br />

na Convenção sobre os Direitos da Criança de 1989, consideram o seu compromisso<br />

como um instrumento de desenvolvimento social, cultural, económico e do ambiente,<br />

num mundo em constante transformação. «Todas as pessoas têm direito à liberdade<br />

de reunião e associação pacífica».<br />

O Voluntariado é uma forma de participação activa do cidadão na vida das comunidades,<br />

uma realização pessoal e solidária e uma acção organizada, no âmbito de uma<br />

associação. Contribui para dar resposta aos principais desafios da sociedade, com vista<br />

a um mundo mais justo e mais pacífico e colabora para um desenvolvimento económico<br />

e social mais equilibrado.<br />

Os voluntários, reunidos em Congresso Mundial, convidam os Estados, as Instituições<br />

Internacionais, as empresas e os meios de comunicação social a unirem-se a eles, como<br />

parceiros, para construir um ambiente internacional favorável à promoção e apoio<br />

de um voluntariado eficaz, acessível a todos, símbolo de solidariedade entre os homens<br />

e as Nações.<br />

Paris, 14 de Setembro de 1990<br />

Consulta http://gape.ist.utl.pt/voluntariado/declaracao.html


6| 11 ABRIL 2005<br />

[ play ]<br />

Tiques excêntricos<br />

Macacadas e outros gestos especialmente afectados animam o par desta quinzena. Com a câmara da<br />

128 bits da Sony em destaque, antevê-se um futuro brilhante em que são as movimentações em frente<br />

ao computador determinam o sucesso das operações. | por Miguel Aragão<br />

Eye Toy Monkey Mania | PS2<br />

Eye Toy: Antigrav | PS2 |<br />

Na sequência das anteriores bem sucedidas<br />

macacadas, os frenéticos símios de<br />

Ape Escape acabam de conquistar o direito<br />

a um jogo EyeToy. A câmara da PlayStation2<br />

continua a invocar a criatividade dos<br />

criadores da Sony. E, se em alguns jogos<br />

participa apenas como acessório (como em<br />

Isto é Futebol e Singstar), neste é periférico<br />

essencial. Ainda que Eye Toy Monkey<br />

Mania seja promovido como produto para<br />

crianças, quem já teve oportunidade de<br />

explorar as potencialidades da câmara da<br />

PS2 sabe o quanto algumas brincadeiras<br />

de miúdos também conseguem entreter<br />

graúdos.<br />

Os mais descontraídos, sem vergonha de<br />

se juntarem a um grupo de amigos para<br />

fazer algumas figuras menos sérias, com<br />

certeza não desprezarão a oportunidade de<br />

se entregarem a estas macacadas. Neste<br />

disco, manda a interacção dos participantes<br />

com os elementos que compõem a<br />

acção. A câmara projecta os movimentos,<br />

muitas vezes também a imagem do<br />

jogador no ecrã, e cada um utiliza a<br />

parte do corpo que considerar mais<br />

eficiente para levar a sua<br />

avante.<br />

Pelas casas por onde se vai passando encontram-se,<br />

entre outros, armadilhas, bónus e<br />

lojas de itens. O segredo é ir acumulando primatas,<br />

que também servem de moeda de<br />

troca para comprar ratoeiras e outros utensílios,<br />

ao longo dos 50 mini-jogos que algumas<br />

das casas do tabuleiro reservam<br />

para os jogadores.<br />

Guiar uma bola de<br />

neve por um desfiladeiro<br />

e participar<br />

em jam sessions<br />

com outros macaquinhos<br />

são tarefas<br />

que também<br />

fazem parte do<br />

pacote. Surpreendente,<br />

interactivo e colorido,<br />

Eye Toy Monkey Mania é,<br />

antes de mais, um jogo divertido.<br />

Mas não é um exclusivo<br />

“para putos” ou arriscam-se a<br />

perder uma série de hilariantes<br />

macacadas, capazes de pôr qualquer<br />

um a fazer figura de urso.<br />

Veredicto<br />

Jogabilidade – 7.4<br />

Longevidade – 7.9<br />

Gráficos – 7.0<br />

Som – 7.2<br />

TOTAL – 7.0<br />

Sem gravidade, a aposta da Harmonix não se<br />

limita a apresentar um conjunto de mini-jogos mais<br />

ou menos tresloucados. Quebra barreiras e ultrapassa as fronteiras do que<br />

até agora vinha sendo feito com recurso ao EyeToy.<br />

Em vez de projectar a imagem do jogador no ecrã, Antigrav prefere aprofundar<br />

a interacção, por meio de uma prancha que levita. É uma espécie<br />

de SSX do futuro, onde o jogador é convidado a atravessar uma série de<br />

ambientes urbanos num hoverboard – uma tábua de skate “à la Regresso<br />

ao Futuro II”, mas com dimensões de prancha de Snowboard.<br />

Precisão e rapidez no controlo da prancha são essenciais para alcançar<br />

os diversos artefactos com que nos vamos cruzando. E nem se dispensam<br />

algumas manobras tão espectaculares quanto arriscadas. Mas<br />

nada disto é novo. Impressionante é o caminho para lá chegar. A chave,<br />

para não variar, é puxar pela cabeça.<br />

| O gesto é tudo |<br />

A câmara começa por tomar nota da posição da nossa face no ecrã.<br />

Depois, regista os movimentos relativos para determinar não só a direcção<br />

como a velocidade a que circulamos. Dobrar ligeiramente os joelhos para<br />

aumentar a velocidade, e um pouco mais para activar o turbo são, por isso,<br />

movimentos essenciais aos comandos deste jogo. Tal como inclinar ligeiramente<br />

a cabeça para a esquerda e para direita, como forma de direccionar<br />

a hoverboard. Em prol da melhor prestação do mundo,<br />

tudo mexe, até os bracinhos, em variadas ocasiões.<br />

Além disso, o jogo está repleto de obstáculos a evitar, saltando<br />

ou baixando-nos. Literalmente. O mais problemático<br />

será mesmo convencer a família lá em casa de que os<br />

repetidos laivos de esquizofrenia em frente ao televisor<br />

não passam de veementes tentativas de colocar o<br />

nosso atleta no caminho das vitórias. Em último<br />

caso, utilize-se o argumento de<br />

que sempre é mais barato<br />

que o ginásio.<br />

Ou feche-se a porta do<br />

quarto à chave para evitar<br />

embaraçosas justificações.<br />

Ainda que algumas<br />

limitações técnicas lhe retirem<br />

profundidade, Antigrav<br />

leva a experiência com o<br />

EyeToy a patamares<br />

nunca antes vistos.<br />

Merece, por isso, uma<br />

menção honrosa.<br />

| Menu principal |<br />

Como prato principal<br />

serve-se<br />

uma espécie de<br />

jogo de tabuleiro<br />

com uma roleta a<br />

fazer de dados.<br />

Veredicto<br />

Jogabilidade – 7.9<br />

Longevidade – 8.0<br />

Gráficos – 7.7<br />

Som – 7.4<br />

TOTAL – 8.0


8| 11 ABRIL 2005<br />

[ 5.ª dimensão ]<br />

É comprar,<br />

Bolas para acordar, canecas com mensagens, tapetes<br />

para rato que são bem mais do que isso... parece<br />

que o mundo está do avesso. O que importa é ser<br />

original, e oferecer a alguém qualquer uma das propostas<br />

apresentadas pode ser um verdadeiro desafio.<br />

| por Patrícia salvador<br />

é comprar!<br />

Levar com a bola!<br />

Um despertador em forma de bola<br />

ou uma bola em forma de despertador?<br />

A novidade é de importância<br />

vital para qualquer pessoa que<br />

acorde habitualmente mal-disposta.<br />

Em vez de bater em alguém logo<br />

pela manhã, atira antes o despertador<br />

contra a parede. Convém não<br />

Anti-ladrão<br />

Cabe num bolso ou numa qualquer<br />

bolsa de senhora. É um alarme pessoal,<br />

com uma sirene de 105 décibeis e alerta<br />

assim que alguém tenta deitar a mão à<br />

carteira ou ao telemóvel. O som da<br />

sirene propaga-se a oito metros de<br />

distância e pode durar uma hora. Além<br />

disso, o dispositivo incorpora uma<br />

lâmpada que também se acende para<br />

assustar o possível ladrão.<br />

P.V.P. 7 euros<br />

www.alt-gifts.com<br />

Computador<br />

de bolso<br />

exagerar na força, mas ele resiste<br />

ao embate. Em forma de bola de<br />

baseball funciona a pilhas e pára<br />

de tocar assim que a abanas ou atiras<br />

contra qualquer coisa.<br />

P.V.P. aproximadamente<br />

13 euros<br />

www.dmail.madinfo.pt<br />

Agora já é possível transportar no bolso todas as fotos, filmes e músicas preferidas<br />

que guardas no teu PC. O Arkimed MediaBox é um disco rígido externo, com capacidade<br />

de 40 ou 80GB e dimensões de 8X14,8X2,4 cm. Permite gravar até 120 filmes<br />

em Xvid ou DviX e armazena até 16 mil músicas em MP3. Seja para ir de férias<br />

ou apenas a casa do vizinho do lado, um telecomando é quanto basta para acederes<br />

a filmes, fotos e<br />

música em qualquer<br />

televisão ou sistema<br />

Hi-Fi.<br />

Os cabos de ligação<br />

necessários já<br />

vêm incluídos.<br />

P.V.P. 249 ou 369<br />

euros<br />

www.arkimed.net<br />

Vê lá onde<br />

pões a mão<br />

Tem relevo, mas continua a ser<br />

um tapete para rato. Feito<br />

com gel, foi desenhado<br />

para evitar tendinites e<br />

fadiga da articulação no<br />

pulso. O desenho<br />

escolhido é um pormenor<br />

sem grande importância. Ou talvez<br />

não. É, de facto, bem mais confortável<br />

trabalhar assim.<br />

P.V.P. aproximadamente 15 euros<br />

www.dmail.madinfo.pt<br />

Caneca,<br />

para que te quero<br />

Acordar e tomar o pequeno-<br />

-almoço é essencial. Mas se, logo<br />

pela manhã, a caneca do café<br />

disser “limpa o quarto”, não te<br />

assustes. Não estás a sonhar. Foi<br />

só alguém lá em casa que usou<br />

esta espécie de dois em um para<br />

deixar um recado. Para isso, utilizou<br />

a superfície da caneca, que<br />

é feita de um material que permite<br />

escrever pequenas mensagens<br />

utilizando giz.<br />

O post-it já era!<br />

P.V.P. aproximadamente<br />

8 euros<br />

www.iwantoneofthose.pt


Porto<br />

Cidade invicta, a<br />

invencível<br />

11 ABRIL 2005 | 9<br />

[ fugas ]<br />

Portugal vive de diversidade de culturas<br />

que nem sempre se misturam, mas se<br />

completam. Que o digam os portuenses<br />

a respeito da sua “cidade nação”. O MU<br />

prova que aos “mouros” também é possível<br />

apreciar o encanto de que os “tripeiros”<br />

tanto se orgulham. | por Patrícia<br />

Salvador<br />

Vai uma francesinha? É da praxe e há<br />

que fazê-lo mal se chega ao Porto. Depois,<br />

nada melhor do que um passeio a pé para<br />

fazer a digestão, embora os mais preguiçosos<br />

possam apanhar o moderníssimo Metro<br />

de superfície, que vai a todo o lado.<br />

A Câmara Municipal é um edifício digno de<br />

se admirar. Por isso, começar por aí e ir até<br />

ao mercado do Bolhão para conhecer as<br />

gentes da cidade é uma boa opção. Seguindo<br />

pela rua de Santa Catarina, é indispensável<br />

dar um salto ao Majestic para beber<br />

um cimbalino, ou um fino. A fantástica<br />

decoração permanece com o toque art noveau<br />

que caracteriza o café desde 1921.<br />

A passagem pela Praça da Liberdade é obrigatória.<br />

Aí, encontra-se o Palácio das Cardosas,<br />

do séc. XVII, e vislumbra-se a Avenida<br />

dos Aliados e os seus edifícios do séc.<br />

XIX. Mais à frente, a Torre dos Clérigos,<br />

com mais de 75 metros que, desde 1996, é<br />

Património Mundial.<br />

Depois, descer até à estação de S. Bento é<br />

um saltinho. Volta-se a subir pela rua D.<br />

Afonso Henriques e já estamos na histórica<br />

Sé, ponto central e onde toda a gente se<br />

encontra. Ao descer as suas escadinhas, é<br />

|Diversão nocturna|<br />

obrigatório passar pela Rua Escura, pelo<br />

Beco dos Redemoinhos (onde se diz estar<br />

a casa mais antiga da cidade), e cirandar<br />

pelos bairros típicos, nomeadamente o de<br />

S. Nicolau.<br />

O Palácio da Bolsa é outro monumento de<br />

relevância, com destaque para o Salão Árabe.<br />

Ao lado, está a igreja de S. Francisco,<br />

único elemento gótico existente na cidade.<br />

Aí, é possível apanhar o eléctrico para<br />

apreciar a paisagem lado a lado com o rio e<br />

visitar um dos museus que ficam pelo caminho.<br />

| O Vinho e o rio |<br />

Para os mais ligados à natureza há, pelo<br />

menos, uma dúzia de jardins escondidos<br />

pelos recantos do Porto – atrás do Palácio<br />

da Justiça, por exemplo, o jardim das Virtudes,<br />

numa encosta com vista para o Douro.<br />

Já a rua da Restauração passa pelo miradouro<br />

e pelos jardins do Palácio de Cristal.<br />

Aqui, em terras de Boavista, há que apreciar,<br />

ao menos de fora, a Casa da Música,<br />

cuja construção polémica pretendeu homenagear<br />

o Porto, enquanto capital europeia<br />

da cultura, em 2001. De eléctrico há que<br />

aproveitar e passar ainda pelas praias da<br />

Foz.<br />

Na zona ribeirinha imperam o Douro e as<br />

caves de vinho do Porto. O complicado é<br />

escolher qual delas visitar para apreciar, depois,<br />

um cálice de vinho. Mas atenção, as<br />

famosas caves ficam já em Vila Nova de<br />

Gaia. Falando em Douro, é obrigatório<br />

mencionar os típicos barcos rabelos. De<br />

pequenas dimensões, à vela, sempre serviram<br />

a região no transporte de lenha,<br />

azeitona,<br />

fruta e, mais importante, vinho. Agora, já<br />

não vão buscar as pipas cheias a Vila Nova<br />

de Gaia, mas fazem as delícias dos turistas<br />

que por ali passam.<br />

Quem vai ao Porto tem também de conhecer<br />

a obra que Gustave Eiffel deixou em<br />

Portugal no séc. XIX, um pouco antes de<br />

construir a Torre Eiffel, falamos da ponte<br />

Dona Maria Pia.<br />

O Porto, sobretudo na zona antiga, tem<br />

cafés e restaurantes em cada esquina.<br />

O difícil é escolher. O Galiza, embora<br />

um pouco desviado do centro histórico,<br />

é bom para começar a noite. Aberto até<br />

à 1h45, serve bifes, arroz de marisco e<br />

francesinhas. Outra hipótese, logo ao lado,<br />

é a Capa Negra II.<br />

Para prolongar a noite, a discoteca Via<br />

Rápida, (na direcção de Viana do Castelo)<br />

é uma boa hipótese. É até famosa<br />

pelas festas do Porto Moda e do Portugal<br />

Fashion. Aqueles que preferem um<br />

bom bar, podem ir até à Praça da Ribeira,<br />

que enche completamente durante o<br />

Verão. O Meia Cave, por exemplo, está<br />

aberto há 19 anos, com uma pista de<br />

dança que só fecha às 4hs.<br />

| Regresso a casa |<br />

Se queres sair à noite sem levar o carro,<br />

existe uma rede de 14 linhas de autocarros,<br />

com partidas e chegadas na Praça<br />

da Liberdade, da 1 às 5hs da manhã.<br />

Contudo, convém informares-te bem,<br />

para não ficares apeado!<br />

Depois, é só encontrares o sítio onde<br />

estás hospedado. Se for a Pousada da<br />

Juventude, funciona durante 24hs.<br />

O chato é que fica na Foz, um pouco<br />

desviada do centro. Os preços variam entre<br />

12 euros por pessoa – para quartos<br />

múltiplos em época baixa –, e 42 euros<br />

por quarto duplo com WC, na época alta.<br />

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10 | 11 ABRIL 2005<br />

[ ídolos ]<br />

«Sou muito forte<br />

psicologicamente»<br />

Estádio Nacional. Já com o Campenato do <strong>Mundo</strong> de Aletismo de Helsínquia no pensamento, Naide Gomes<br />

treina com afinco uma das disciplinas onde tem mais dificuldade, o lançamento do dardo. Mas, mesmo depois<br />

de duas horas a aperfeiçoar a sua técnica, tem tempo para falar com o MU. Sobre a medalha de ouro que acabou<br />

de trazer de Madrid e outras metas a alcançar. É que, para além de treinar para campeã, estuda para fisioterapeuta.<br />

| por Raquel Louçã Silva | Fotos Alexandre Nobre<br />

| B.I. |<br />

Nasceu São Tomense e fez-se campeã<br />

portuguesa. Tinha 12 anos quando um<br />

professor de educação física reparou no<br />

seu talento para o atletismo. Para incentivá-la<br />

a começar a praticar a modalidade<br />

chegou mesmo a dizer-lhe que, com as<br />

aptidões que já demonstrava, poderia vir<br />

a ser Campeã do <strong>Mundo</strong>. E não é que acertou<br />

em cheio? O feito deu-se o ano passado,<br />

no Campeonato do <strong>Mundo</strong> de pista<br />

coberta, em Budapeste, com a conquista<br />

da Medalha de Ouro na prova do pentatlo.<br />

Aliás, em 2002, nessa mesma modalidade,<br />

já tinha deixado um sério aviso, ao<br />

arrecadar a Medalha de Prata, no Campeonato<br />

da Europa, em Viena.<br />

Aos 25 anos Naide Gomes acabou de trazer<br />

do Campeonato da Europa de Madrid<br />

mais uma medalha de Ouro para Portugal.<br />

Desta feita, no salto em comprimento.<br />

Curiosamente, ainda em 2000, na sua<br />

estreia nos Jogos Olímpicos, em Sydney,<br />

representava o seu país de origem, São<br />

Tomé e Príncipe. A viver em Portugal<br />

desde os 11 anos de idade, acabou por<br />

nacionalizar-se no ano seguinte.<br />

É cá que quer viver, casar, ter filhos. Mas<br />

na memória, que abre num sorriso largo,<br />

está a infância vivida em liberdade, entre<br />

o verde e o mar azul da sua ilha. Nos tempos<br />

em que esta atleta de fibra jogava<br />

futebol com os outros miúdos e se, por<br />

exemplo, tinha fome era tudo tão simples<br />

como ir à árvore e comer uma manga.<br />

<strong>Mundo</strong> <strong>Universitário</strong> | Quando se é campeão<br />

tem-se mais motivação para treinar?<br />

Naide Gomes | O objectivo de qualquer<br />

atleta é treinar para vencer. Mas quando se<br />

é campeão e se consegue atingir o objectivo<br />

que traçámos há algum tempo, obviamente<br />

que dá ainda mais motivação para<br />

treinar…<br />

MU | Quantas horas treina por dia?<br />

NG | Hoje fiz lançamentos à tarde. Comecei<br />

às 15h15 e terminei agora (por volta das<br />

17hs). Mas também treinei duas horas e meia<br />

de manhã.<br />

MU | Como é que os treinos estão escalonados?<br />

NG | De manhã treino barreiras, faço séries,<br />

salto em altura, salto em comprimento, faço<br />

os 500 e 600 metros, faço corrida com as<br />

colegas de fundo. Os lançamentos são sempre<br />

à tarde.<br />

MU | Como é a relação atleta/ treinador?<br />

NG | Temos que nos entender muito bem.<br />

Somos muito amigos. Costumo dizer que ele<br />

[professor Abreu Matos] é como se fosse um<br />

segundo pai porque não é fácil estarmos<br />

todos os dias de manhã à tarde a ver a cara<br />

um do outro (risos). E como viajamos muito<br />

em estágio temos mesmo que nos entender<br />

bem.<br />

MU | Ele é muito exigente?<br />

NG | Sim, mas eu também sou. Acho que,<br />

acima de tudo, o atleta tem que ser exigente<br />

com ele próprio.<br />

MU | Há dias em que sai daqui e diz ‘estou<br />

no bom caminho!’?<br />

NG | Normalmente é o treinador que costuma<br />

dizer ‘Naide hoje foi um óptimo treino’…<br />

e eu ‘não foi nada professor, não foi nada...’.<br />

Isso dá-nos garra para continuar porque se<br />

uma pessoa ouvir todos os dias que não está<br />

bem desmotiva.<br />

| Futura Sra. Fisioterapeuta |<br />

MU | Adisciplina da alta competição custa<br />

muito?<br />

NG | Não. Sempre fui educada com muito<br />

rigor. Tinha que definir muito bem aquilo que<br />

queria fazer. Aminha educação foi assim, por<br />

isso não me custou tanto… Mas que temos<br />

de nos privar de muita coisa isso sem dúvida.<br />

E custa não poder estar mais tempo com<br />

a família. É complicado mas quando se gosta<br />

do que se faz têm de se fazer opções.<br />

MU | E as festas em adolescente a que não<br />

podia ir?<br />

NG | Com os meus 15, 16 anos era diferente<br />

mas aí podia ir porque não tinha compromissos<br />

nenhuns, levava o atletismo como<br />

uma brincadeira. Hoje em dia, como ando tão<br />

cansada, estou durante o dia todo sempre a<br />

treinar, é impossível pensar nessas coisas.<br />

Aos domingos, às vezes, costumo ficar no<br />

sofá desde manhã até à tarde sem fazer nada<br />

(risos).<br />

MU | Deu sempre para conciliar com os<br />

estudos?<br />

NG | Sim, tanto que entrei na universidade.<br />

Quando fiz o 12.º ano resolvi parar dois anos<br />

só para treinar. Depois ingressei na universidade,<br />

mas é complicado conciliar com a Alta


11 ABRIL 2005<br />

| 11<br />

[ ídolos ]<br />

Competição. Ainda por cima o meu curso é<br />

muito técnico [Fisioterapia] e para poder treinar<br />

de manhã e à tarde não posso ir às aulas.<br />

O primeiro semestre correu bem, este nem<br />

por isso, mas vou fazendo. Tudo em casa.<br />

É a única solução.<br />

MU | Gostava de exercer Fisioterapia?<br />

NG | Sim, gosto muito do curso. Também está<br />

ligado ao desporto e um dia quando terminar<br />

a minha carreira quero poder viajar com<br />

jovens talentos e ir aos Jogos Olímpicos<br />

como fisioterapeuta.<br />

| Confusão de Ouro |<br />

MU | Por que é que optou por competir no<br />

Europeu de pista coberta em Madrid com<br />

o salto em comprimento, em vez do pentatlo?<br />

NG | Porque a época passada foi extremamente<br />

forte. Fui Campeã do <strong>Mundo</strong> em pista<br />

coberta [ver caixa], depois ainda me preparei<br />

para os Jogos Olímpicos com várias<br />

lesões pelo meio. Estive em risco de não participar,<br />

mas acabei por ir embora muito saturada<br />

psicologicamente… pensava que não<br />

conseguia fazer duas competições tão altas<br />

de seguida. E como tinha problemas no joelho,<br />

e ainda tenho, era impossível estar a saltar<br />

em altura. Por exemplo, só anteontem voltei<br />

a fazê-lo, há cinco meses que não fazia.<br />

Por isso foi uma opção minha e do meu treinador.<br />

Mas só treinei mesmo para o salto em<br />

comprimento para aí 17 dias antes da competição.<br />

MU | Pensa-se na vitória quando se vai<br />

competir tão alto?<br />

NG | Eu estava muito bem. Não gosto de<br />

dizer (nem que as pessoas digam) que vou<br />

para uma medalha, porque no desporto<br />

não se pode dizer isso, mas o meu treinador<br />

estava muito confiante. Dizia-me<br />

mesmo, ‘Naide tu vais para uma medalha’.<br />

E eu dizia-lhe para não sonhar tão alto,<br />

mas estava muito forte psicologicamente<br />

e isso ajuda muito. Fui para a competição<br />

como vou para qualquer uma, para vencer,<br />

para dar o meu melhor e tive sorte também.<br />

MU | Como é que se treina essa parte psicológica?<br />

NG | Faço esse trabalho quando treino,<br />

penso nos aspectos positivos e negativos...<br />

Por exemplo, nos Jogos de Atenas [2004]<br />

falhei na minha disciplina mais forte, o salto<br />

em comprimento. Isso foi um pretexto para<br />

pensar que agora isso não podia voltar a<br />

acontecer, tinha que dar tudo por tudo para<br />

ultrapassar aquele mau momento. É uma<br />

coisa que vem de dentro de mim, sou muito<br />

forte psicologicamente. Mas claro que às<br />

vezes não acontece isso, por causa do cansaço<br />

e de estar aqui todos os dias: Saturamo-nos<br />

um bocado. E aí entra o treinador a<br />

apoiar e a motivar.<br />

MU | O que é que a alemã lhe disse depois<br />

do salto?<br />

NG | Ela teve umfair-play incrível. Eu se tivesse<br />

no lugar dela também teria tido de certeza,<br />

porque injustiças no desporto é que não.<br />

E ela, mais do que ninguém, sentiu isso e<br />

disse-me ‘está descansada porque eu nunca<br />

iria saltar aquilo. Eu treino todos os dias e sei<br />

que é difícil melhorar 33 cm num dia’. Ainda<br />

me faltava fazer um salto e fiquei completamente<br />

desconcentrada e foi o que foi. As coisas<br />

acabaram bem, não tanto para ela, porque<br />

se calhar podia ter chegado a medalha<br />

de prata e, no entanto, não lhe foi atribuída<br />

nenhuma marca. Foi uma injustiça motivada<br />

por um erro humano... o juiz estava desconcentrado.<br />

MU | Nos Olímpicos de Sydney, em 2000,<br />

ainda representou a selecção de São<br />

Tomé. Como é que se sente por já ter<br />

representado dois países a tão alto nível?<br />

NG | Sinto-me uma sortuda. Representei o<br />

meu país de origem, que adoro e está no<br />

meu coração. E Portugal que, como costumo<br />

dizer, é o país que me viu nascer para<br />

o atletismo. Sou um produto da forma de<br />

treino portuguesa. Acabei por adoptar a<br />

nacionalidade portuguesa porque quero<br />

acabar o meu curso, viver cá, ter a minha<br />

casa, casar, ter os meus filhos… é o país<br />

que escolhi como meu. Tenho os dois países<br />

no meu coração, não posso renegar<br />

nem um nem outro.<br />

| Metas à campeão |<br />

MU | Metas a curto prazo?<br />

NG | Melhorar ao máximo naquilo que<br />

tenho mais dificuldades e aperfeiçoar<br />

cada vez mais aquilo em que sou boa.<br />

Se conseguir estar no meu melhor nível,<br />

pode ser que me supere a mim mesma<br />

nos grandes campeonatos. Porque o<br />

meu objectivo é o Campeonato do<br />

<strong>Mundo</strong> de Helsínquia [ainda este ano].<br />

MU | Quais os aspectos em que sente<br />

que tem que melhorar mais?<br />

NG | São disciplinas nas quais não sou<br />

muito forte e nas quais tenho que trabalhar<br />

muito para não perder muitos<br />

pontos em relação às outras. É o dardo<br />

e os 200 metros. Se fosse competir no<br />

pentatlo, como não tem essas duas, era<br />

mais fácil. Mas no heptatlo as coisas<br />

complicam-se, por isso tenho de trabalhar<br />

mais.<br />

MU | Já pensou em optar só por uma<br />

modalidade?<br />

NG | Não é fácil lutar para provas combinadas.<br />

Seria mais fácil optar só por<br />

uma disciplina. Só que isso torna-se<br />

monótono. Não iria correr, não iria fazer<br />

as séries... eu gosto disso. Só quando<br />

chego aos 800 metros é que volto a pensar<br />

em apostar só numa. Mas vou tentar<br />

o meu melhor nos saltos, em altura<br />

e comprimento, se conseguir saltar<br />

6,70m num heptatlo é muito ponto e<br />

compensa as outras disciplinas…<br />

MU | Como é que os portugueses<br />

receberam a campeã Naide?<br />

NG | Receberam-me muito bem.<br />

A Medalha teve um impacto muito<br />

grande. Fui ao Jardim Zoológico e os<br />

miúdos pequeninos sabiam quem eu<br />

era (risos). Foi fantástico. As pessoas<br />

vêm ter comigo, pedem-me autógrafos.<br />

Nunca recebi tantos Parabéns na<br />

minha vida. Até em Espanha. Estive na<br />

Serra Nevada no fim-de-semana passado<br />

e pensei ‘aqui estou óptima, ninguém<br />

me vai conhecer!’. No entanto,<br />

estava a passar na rua e ouvi alguém<br />

a chamar-me e bater palmas, ‘És a<br />

nossa campeã!’


12 | 11 ABRIL 2005<br />

[ noites e copos ]<br />

Lisboa<br />

People<br />

Jezebel<br />

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www.centralfaces.pt<br />

Haja juventude na noite de Lisboa!<br />

Porto<br />

Maré Alta<br />

Cor e exuberância no recente espaço da linha de cascais!


14 | 11 ABRIL 2005<br />

[ 7.ª arte ]<br />

| A ESTREAR |<br />

A Educação de Paul<br />

Kevin Bacon presenteia-nos com este<br />

filme que realizou e protagonizou, uma<br />

semana depois de ter estreado outro<br />

filme em Portugal protagonizado pelo<br />

actor: O Condenado. Desta feita, está<br />

em jogo a história de Emily Stoll (Kyra<br />

Sedgwick), uma mulher brilhante, bonita<br />

e independente que nunca quis um<br />

marido ou uma casa. Mas depois de ter<br />

tido a possibilidade de ter uma criança,<br />

Paul, ela tenta resguardá-la do mundo<br />

exterior que considera corrupto. A curiosidade<br />

de Paul vai levar Emily a<br />

aperceber-se que terá de agir rapidamente<br />

para não perder o amor da sua<br />

vida. Destaque ainda para o elenco<br />

composto também por Sandra Bullock,<br />

Matt Dillon e Marisa Tomei. | Estreia a<br />

14 de Abril<br />

Thriller<br />

político à Século XXI<br />

Um filme muito actual sobre as Nações Unidas, que junta dois dos melhores actores do cinema<br />

contemporâneo: Nicole Kidman e Sean Penn. Em Nova Iorque tudo pode acontecer e neste thriller inteligente<br />

e complexo o realizador Sydney Pollack mistura bons ingredientes em doses certas. | por João Tomé<br />

A Queda –<br />

Hitler e o fim do terceiro Reich<br />

Um dos filmes que retrata melhor o ditador<br />

mais conhecido e mortal da Humanidade,<br />

Adolf Hitler, é também um<br />

dos mais polémicos. Baseado nas memórias<br />

da secretária pessoal de Hitler<br />

(Traudl Junge) e na pesquisa do historiador<br />

Joaquim Fest – autor de um<br />

best-seller sobre o ditador – o filme<br />

alemão faz uma autêntica reconstrução<br />

dos últimos 12 dias da vida do<br />

Führer. | Estreia a 21 de Abril<br />

| DVD |<br />

Crimes em Wonderland<br />

As interpretações convincentes de Val<br />

Kilmer e Kate Bosworth dão maior valor<br />

a esta história baseada em factos<br />

verídicos. O filme retrata situações<br />

que conduzem aos crimes de Wonderland,<br />

em Los Angeles, em Julho de<br />

1981. Sabe-se que 4 pessoas foram<br />

assassinadas nos seus apartamentos<br />

na Avenida de Wonderland, aparentemente<br />

devido a represálias pelo assalto<br />

a um ilustre magnata, de um clube<br />

nocturno de L.A. Não se sabe qual a<br />

relação de Holmes, famoso actor pornográfico,<br />

nestes crimes, mas o facto<br />

é que as suas impressões digitais foram<br />

encontradas no local do crime.<br />

Será ele o responsável pelo que aconteceu<br />

em Wonderland?<br />

A Intérprete. Existem vários filmes<br />

que falam sobre assuntos actuais e preocupantes<br />

da sociedade. Mas continuam a<br />

existir poucos que misturam política, corrupção<br />

e as Nações Unidas. Aliás, esta foi<br />

a primeira vez que a produção de um filme<br />

teve a possibilidade de filmar o interior<br />

da ONU, em Nova Iorque. Um dos mais<br />

bem guardados edifícios do mundo e onde,<br />

mal se entra, deixa-se de estar em território<br />

norte-americano e passa-se a ocupar<br />

território internacional, como explica<br />

um segurança ao agente impaciente interpretado<br />

por Sean Penn.<br />

É neste contexto que surge este thriller<br />

político e intenso, realizado com a inteligência<br />

e o rigor de Sydney Pollack – galardoado<br />

com um Óscar e amigo do falecido<br />

Stanley Kubrick. Pollack consegue<br />

misturar ingredientes bem saborosos: as<br />

estrelas Nicole Kidman e Sean Penn, uma<br />

história sobre intriga internacional com<br />

twists inesperados e uma tensão impressionante.<br />

Consegue mostrar um mundo<br />

pós-moderno ensombrado por tiranos regionais<br />

e o terrorismo global onde apenas<br />

dois papéis se destacam.<br />

| Ameaça perigosa |<br />

Kidman, que aparece bonita e ao mesmo<br />

tempo vulnerável, é uma tradutora sul-africana,<br />

diplomata e subtil, chamada Silvia<br />

Broome. A intérprete ouve inadvertidamente<br />

uma ameaça de morte contra o ditador<br />

de um estado ficcional africano, Matobo,<br />

que envolve pessoas ao mais alto<br />

nível da ONU. Silvia apercebe-se que<br />

também se tornou num alvo a abater e<br />

tenta a todo o custo desmascarar os<br />

agressores. No outro papel fulcral do filme<br />

surge Penn, a encarnar um agente dos<br />

serviços secretos, Tobin Keller, que possui<br />

uma postura muito diferente de Silvia. Ele<br />

é todo instinto, acção, dureza e cinismo.<br />

Tobin será o agente responsável por investigar<br />

esta ameaça, incluindo a própria<br />

Silvia. Ela é uma mulher sem amigos e<br />

solitária, o que leva o agente a considerar<br />

o seu envolvimento na conspiração.<br />

| Ritmo intenso |<br />

Será Tobin capaz de a proteger? Estará<br />

ela envolvida? Todos entram nesta corrida<br />

contra o tempo emocionante, para evitar<br />

um assassinato na Assembleia Geral da<br />

ONU, onde o político ameaçado irá falar.<br />

Várias provas, mortes e um ritmo assustador<br />

mantêm o espectador bem atento à<br />

medida que a relação estranha entre Silvia<br />

e Tobin se vai desenrolando. Não se<br />

trata de uma história de amor no sentido<br />

tradicional, é mais uma história entre dois<br />

adultos que procuram motivos para confiarem<br />

um no outro. «A vingança é a forma<br />

preguiçosa da dor», diz algures Silvia,<br />

e talvez seja essa uma das respostas que<br />

o filme pretende dar ao mostrar como a<br />

paciência e o perdão também podem ser<br />

fórmulas interessantes para um thriller.<br />

São 128 minutos de emoção, intriga,<br />

ameaças, perigo e surpresas com um<br />

elenco e realizador que valem a pena.


Évora e Porto| PASSATEMPO<br />

11 ABRIL 2005 | 15<br />

[ jukebox ]<br />

Ganha cinco bilhetes para os concertos dos “A Naifa” de<br />

20 e 22 de Abril em Évora e no Porto, respectivamente!<br />

» Qual o pintor português do século XX que<br />

serviu de inspiração à capa do álbum dos A<br />

Naifa?<br />

Procura a resposta em www.anaifa.com e envia para<br />

mundo@mundouniversitario.pt com a indicação do teu<br />

nome e telefone, até às 16 horas do dia 18 de Abril.<br />

Os dez vencedores serão sorteados de entre as respostas<br />

certas e notificados por e-mail. Consulta a lista de<br />

vencedores, a partir de 19 de Abril em<br />

www.mundouniversitario.pt<br />

Évora...<br />

desafio Quinteto<br />

Tati & Dead Combo<br />

Desafiamos-te a perguntar o que quiseres ao J. P. Simões<br />

(Quinteto Tati). As duas perguntas mais originais ganham<br />

uma entrada (para duas pessoas), para o dia 22,<br />

em Évora.<br />

Envia a resposta para mundo@mundouniversitario.pt,<br />

com o teu nome e telefone, até às 16hs do dia 19. Os vencedores<br />

serão notificados por e-mail. Consulta a lista de<br />

vencedores no dia 21 em www.mundouniversitario.pt<br />

Post-Hit, nova banda nacional<br />

Arte Pop<br />

<strong>Mundo</strong> <strong>Universitário</strong> | Como<br />

surgiram os Post-Hit?<br />

Paulo Scavullo | Foi em Novembro<br />

de 2002 e são compostos<br />

por mim na voz, Rui<br />

Pires nas teclas e Sebastião<br />

Teixeira na guitarra. Conhecemo-nos<br />

por anúncio de<br />

jornal, o que acaba por dar<br />

um toque engraçado ao projecto.<br />

Em 2003, começámos<br />

a dar uma série de concertos<br />

que se prolongaram por<br />

2004. Entretanto entrámos<br />

em estúdio com o Armando<br />

Teixeira [mentor de projectos<br />

como os Bulllet e Balla]<br />

para gravar o nosso álbum<br />

de estreia, que se chama<br />

precisamente Post-Hit.<br />

MU | E sobre o disco, o que<br />

é que nos podes dizer?<br />

PS | É composto por 10 temas<br />

com uma sonoridade<br />

pop, onde se sente uma matriz<br />

electrónica e algumas referências<br />

a modelos retro<br />

dos finais dos anos 70, princípios<br />

de 80. Tem uma marca<br />

muito forte da produção<br />

do Armando e, na minha opinião,<br />

resultou num disco<br />

bem conseguido, com um<br />

corpo muito próprio.<br />

MU | Quais são as vossas influências?<br />

São tempos de fartura na música moderna portuguesa.<br />

Desta feita, a novidade são os Post-Hit. Com um álbum<br />

homónimo de estreia a rebentar hoje mesmo nas<br />

lojas, melhor data não há para conhecer uma banda,<br />

que nada mais quer fazer senão pop. Simplesmente<br />

pop.| por Diogo Torgal Ferreira<br />

PS | Pessoalmente ouço<br />

muita música diferente. Gosto,<br />

por exemplo, de pop, da<br />

canção francesa dos anos<br />

70, algumas coisas de jazz.<br />

Enfim, as referências são<br />

muitas, sendo que o som da<br />

década de 80 nos influenciou<br />

particularmente e isso é<br />

notório na nossa música.<br />

MU | Como é que vês a evolução<br />

na música portuguesa?<br />

PS | Para já, fico satisfeito<br />

em saber que, apesar de haver<br />

uma crise generalizada<br />

na área da música, há coisas<br />

muito interessantes a<br />

aparecer. Acho que está a<br />

acontecer uma coisa que há<br />

uns anos não se passava:<br />

há uma maior liberdade de<br />

explorar caminhos musicais,<br />

sem seguir formatos<br />

preestabelecidos ou modas.<br />

Por exemplo, há não muito<br />

tempo, dava-me a impressão<br />

que havia um complexo<br />

generalizado em Portugal<br />

em fazer pop. Neste momento<br />

acho que há espaço<br />

para fazer de tudo um pouco.<br />

MU | O disco sai hoje (dia<br />

11), como vão promovê-lo?<br />

PS | Já começámos esse<br />

processo, ao fazer a festa de<br />

lançamento do disco no Lux<br />

(6 de Abril). Em seguida, pretendemos<br />

fazer uma FNAC<br />

tour e depois uma série de<br />

concertos em espaços mais<br />

ou menos pequenos como o<br />

Frágil e o Santiago Alquimista,<br />

em Lisboa, o Maus Hábitos,<br />

no Porto. Acaba por ser<br />

aquele ritual de iniciação de<br />

todas as bandas. Por altura<br />

do Verão, gostaríamos de ir<br />

para a estrada em força,<br />

aproveitar o bom tempo, ter<br />

oportunidade de fazer alguns<br />

festivais… basicamente<br />

dar a ouvir o disco às pessoas.<br />

MU | Já se pensa em internacionalização?<br />

PS | O facto de o disco ser<br />

cantado em inglês, por<br />

questões de sonoridade, leva-nos<br />

a pensar na internacionalização.<br />

A música assim<br />

chegará a um maior<br />

número de pessoas e isso é<br />

algo que agrada a qualquer<br />

músico. No entanto, as coisas<br />

não são assim tão fáceis.<br />

Há de facto uma ou<br />

duas possibilidades de tocar<br />

fora do país, nomeadamente<br />

em Espanha e Inglaterra,<br />

mas é uma coisa a ver, a seu<br />

tempo.


16 | 11 ABRIL 2005<br />

[ jukebox/ cultura ]<br />

AgendaConcertos<br />

Piaget de Almada em festa<br />

Judas Priest<br />

Pavilhão Atlântico, Lisboa | 13 de Abril<br />

Bilhetes de 25 a 30 euros<br />

Vicious Five + d3<br />

Museu dos Transportes, Coimbra | 14 de Abril<br />

Sérgio Godinho: «Troca por Troca»<br />

Teatro S. Luiz, Lisboa | 14, 15, 21, 22, 23 de Abril<br />

Bilhetes a 12 Euros<br />

Programa de Abertura da Casa da<br />

Música<br />

Casa da Música, Porto | de 14 a 24 de Abril<br />

www.casadamusica.pt | Bilhetes de 2 a 35 euros<br />

Biggabush<br />

Maus Hábitos, Porto | 15 de Abril<br />

Primitive Reason<br />

Hard Club, Vila Nova de Gaia | 15 de Abril<br />

Paradise Garage, Lisboa | 19 de Abril<br />

Goldie + Marly Marl + MC Low Qui + Alif<br />

Clube Lua, Lisboa | 16 de Abril<br />

DANCE DAMage + Secrecy<br />

Museu dos Transportes, Coimbra | 16 de Abril<br />

Filipa Pais<br />

Teatro S. Luiz, Lisboa | 16 de Abril<br />

Maria Alice<br />

Auditório Municipal, Lagoa | 19 de Abril<br />

Terrakota<br />

B.Leza, Lisboa | 20 de Abril<br />

Quinteto Tati + Dead Combo<br />

Teatro Garcia Resende, Évora | 22 de Abril<br />

Bilhetes de 7,5 a 10 Euros<br />

Colleen<br />

Galeria Zé dos Bois, Lisboa | 23 de Abril<br />

Deep Insight<br />

Paradise Garage, Lisboa | 23 de Abril<br />

Bilhetes a 15 Euros<br />

Festival Galp Energia Ao Vivo’ 05<br />

Skin, Skank, Toranja e Seal<br />

Pavilhão Atlântico, Lisboa | 24 de Abril<br />

“Fixa Tripla”. Fixaste?<br />

Stand-Up comedy, street<br />

dance, fitness, uma banda<br />

de garagem e Djs pela<br />

noite dentro. É esta a<br />

receita para transformar<br />

o Piaget de Almada em<br />

palco de uma grande<br />

festa, no próximo dia 20<br />

de Abril. <strong>Universitário</strong>s<br />

e não universitários, estão<br />

todos convidados. |<br />

por Raquel Louçã Silva<br />

À semelhança do ano passado,<br />

a Aula Magna do Campus<br />

<strong>Universitário</strong> do Piaget de Almada<br />

volta a acolher o “Fixa<br />

Tripla”. Organizado pelas Associações<br />

de Estudantes da<br />

ESE e ISETI, a segunda edição<br />

do evento conta com a<br />

novidade de um concerto ao<br />

vivo, a cargo da banda de covers,<br />

B.I.G., finalista do concurso<br />

de bandas no Hard<br />

Rock Café. Mas antes, as portas<br />

abrem lá para as 21hs,<br />

com um espectáculo de stand<br />

up (onde participa o conhecido<br />

actor João Didelet) e um<br />

espectáculo de dança, com<br />

os Dance 2XS, conhecidos<br />

por já terem conquistado o título<br />

de campeões mundiais<br />

de Hip Hop, nos Estados Unidos.<br />

Depois a animação de<br />

final de noite fica por conta<br />

dos Djs da Mega FM.<br />

Sem tradição de organizar<br />

uma semana académica de<br />

recepção aos caloiros, Sandra<br />

Carvalho, da organização,<br />

adianta que o evento<br />

nasceu da necessidade de<br />

«colmatar essa falha e criar<br />

um dia diferente». Garante<br />

que o “Fixa Tripla” não é dirigido<br />

exclusivamente aos jovens<br />

e lança o desafio: «qualquer<br />

pessoa do concelho de<br />

Almada pode vir assistir aos<br />

espectáculos!». Os bilhetes<br />

estão à venda na Fnac, dão<br />

direito a duas bebidas e ao<br />

sorteio de um fim-de-semana<br />

na Serra da Estrela.<br />

A estrear<br />

BLACK MASTAH | Krónicas de<br />

um Mestre<br />

Primeiro foi NBC. Agora é a vez da outra cara<br />

da dupla Filhos de um Deus Menor lançar-se<br />

às feras com um álbum a solo. Em Krónicas<br />

de um Mestre, a estreia de Black Mastah em<br />

nome próprio, prova que o hip-hop português<br />

está no bom caminho, ganhando formas, universos<br />

e sonoridades muito próprias. Com um<br />

leque de convidados bem interessante, que<br />

inclui DJ Kronic, Kacetado, Baby Killa ou Elaísa,<br />

o que mais salta à vista neste primeiro<br />

álbum de Black Mastah são as óptimas produções<br />

que ficaram a cargo de gente do calibre<br />

de Bomberjack ou Sam the Kid. Aliás, correndo<br />

o risco de desviar a atenção do que verdadeiramente<br />

interessa, não se pode deixar<br />

de sublinhar que as músicas produzidas pelo<br />

puto de Chelas são as que confirmam as<br />

esperanças de todos aqueles que esperam<br />

ver instituído um verdadeiro e genuíno rap<br />

made in Portugal.<br />

NEW ORDER | Waiting for the Sirens’<br />

Call<br />

Ora aqui está um regresso que é sempre de saudar.<br />

Depois de Get Ready, de 2001, chega agora<br />

este Waiting for the Siren’s Call. Como sempre<br />

acontece com um disco novo dos New Order (e<br />

ainda bem), várias são as garantias: um som<br />

absolutamente inconfundível, um vocalista (Bernard<br />

Sumner) que tem tanto de despretensioso,<br />

como de inconfundível e um baixo (cortesia de<br />

Peter Hook) que continua a ser uma das grandes<br />

maravilhas da música mundial. Tudo isto<br />

leva-nos a concluir que, apesar de não produzir<br />

um álbum realmente novo há já alguns anos, a<br />

banda de Manchester não consegue fazer um<br />

mau disco. Antes pelo contrário, continua a ser<br />

um baluarte da dance/ pop feito com personalidade<br />

e muito bom gosto. O primeiro single já<br />

roda: Krafty.<br />

Lisboa | Passatempo Mark Lewis<br />

Ganha 5 bilhetes para o Concerto do Mark Lewis and the Standards, dia 27 de Abril, na Culturgest. Basta responder acertadamente à seguinte<br />

pergunta:<br />

» O que faz Mark Lewis para além de cantar?<br />

Responde com a indicação do teu nome e contacto telefónico para mundo@mundouniversitário.pt, até às 16 horas do dia 20 de Abril.<br />

Os 5 vencedores serão sorteados de entre as respostas certas e posteriormente notificados por e-mail. Consulta a lista de vencedores,<br />

a partir de 21 de Abril, em www.mundouniversitario.pt


| Vinheta V<br />

|<br />

Em Beja,<br />

o 1.º Festival de<br />

Banda Desenhada<br />

Neste espaço bedéfilo – que se<br />

passa a chamar vinheta, atendendo<br />

ao seu formato habitual -<br />

já foram historiados os festivais<br />

de BD que se realizam entre<br />

nós. Este mês, no Alentejo, passa<br />

a haver mais um evento do<br />

género.<br />

Intitula-se I Festival Internacional<br />

de Banda Desenhada de Beja<br />

– internacional por ter participação<br />

de autores estrangeiros –,<br />

localiza-se na Casa da Cultura e<br />

decorre de 9 a 28 de Abril. Organizado<br />

pela Câmara Municipal<br />

daquela cidade, inclui vários<br />

pontos de interesse: exposições,<br />

presença de desenhadores, lançamento<br />

de álbuns, revistas e<br />

fanzines, sessões de autógrafos,<br />

debates, oficinas de BD.<br />

A partir de 23, último sábado,<br />

irão analisar-se os "Festivais e<br />

Salões de BD em Portugal". Ao<br />

longo da semana, funcionarão<br />

oficinas de desenho para crianças.<br />

Pelo meio destes focos de<br />

agrado, haverá também, para<br />

dar som e animar a malta, um<br />

café-concerto onde se escutará<br />

a composição Um Brinde à Pior<br />

Banda do <strong>Mundo</strong>, homenagem à<br />

obra de José Carlos Fernandes,<br />

e uma sessão de tangos, neste<br />

caso como tributo à bd Nos Bares,<br />

de Muñoz e Sampaio.<br />

Entretanto, os primeiros dias do<br />

programa tiveram diversos momentos<br />

de agrado. A 9, sábado,<br />

às 15h, abriram-se as portas da<br />

Casa da Cultura, e entre o público,<br />

uns tantos autores: José<br />

Carlos Fernandes, José Abrantes,<br />

Miguel Rocha, Pedro Cavalheiro,<br />

Pedro Leitão, Alain Corbel,<br />

David Rubin e Fritz, mais os<br />

elementos do Toupeira – Atelier<br />

de Banda Desenhada.<br />

Pelas 15h30, inaugurou-se a Bedeteca,<br />

com o lançamento de<br />

Splaft, caderno informativo; 18hs<br />

foi o momento da apresentação<br />

do álbum Cloudburst, com desenhos<br />

de Eliseu Gouveia (Zeu);<br />

18h45 saiu o n.º 1 do BDjornal,<br />

e o n.º 14 do BDpress, tendo<br />

Machado-Dias comentado as<br />

publicações, ambas suas.<br />

No domingo, dia 10, os editores<br />

mostraram a revista Venham + 5<br />

e o fanzine Bófias; a terminar<br />

esse dia, houve debate sobre<br />

"Prozines, Fanzines e outros Zines".<br />

Foi bom, venham mais!<br />

Geraldes Lino<br />

Ao que parece, o IndieLisboa veio<br />

para ficar. É que, como adianta Miguel<br />

Valverde, da organização, os 12.500<br />

espectadores da edição de estreia vieram<br />

confirmar «que tínhamos razão, que<br />

fazia falta um festival como este, vocacionado<br />

para um tipo de público que procura<br />

coisas menos comerciais».<br />

PORTO<br />

Jantar de Idiotas – teatro<br />

A comédia que divertiu Lisboa, em<br />

mais de 100 subidas ao palco, chega<br />

agora à Invicta.<br />

Coliseu do Porto | 20 a 24 de Abril<br />

Os Lusíadas Rumo ao Oriente<br />

– teatro<br />

A partir de textos de Luiz Vaz de<br />

Camões.<br />

Teatro Nacional de São João | Até 23 de Abril<br />

25 de Abril: 500 Peças<br />

A marcar o ritmo, a sessão de abertura<br />

conta com Born Into Brothels, dos fotógrafos<br />

Zana Briski e Ross Kauffman.<br />

Recentemente distinguido com o Óscar<br />

para melhor documentário, retrata os<br />

filhos das prostitutas de Calcutá, para<br />

quem a descoberta da fotografia lhes<br />

oferece a possibilidade de fintarem a<br />

Museu Nacional da Imprensa | Até 30 de Abril<br />

LISBOA<br />

Mater – teatro<br />

Espectáculo sobre a heteronímia<br />

pessoana.<br />

A Barraca | Até 17 de Abril<br />

12 Mulheres e uma Cadela –<br />

teatro<br />

«12 actrizes, 41 personagens, 35<br />

figurações e 1 cadela, dão vida às<br />

palavras de Inês Pedrosa e mostram-nos<br />

a Mulher como centro da<br />

Terra, matriz do nosso tempo».<br />

Teatro Taborda | Até 22 de Maio<br />

Chorar para Rir – teatro<br />

«Um jogo que reconstitui cenicamente<br />

a fase de crescimento em<br />

que todo o ser humano, vendo a sua<br />

imagem no espelho, se vai reconhecendo<br />

como indivíduo».<br />

Teatro Há-de-ver<br />

ESTORIL<br />

III Feira de Arte Contemporânea<br />

do Estoril<br />

11 ABRIL 2005 | 17<br />

[ cultura ]<br />

O IndieLisboa<br />

está de volta!<br />

A organização prometeu e cumpriu. Sete meses após a primeira edição, aí está o segundo Festival de<br />

Cinema Independente de Lisboa. Com arranque marcado para o próximo dia 21, as sessões estendem-<br />

-se até 1 de Maio no Fórum Lisboa e Cinemas King. | por Raquel Louçã Silva<br />

Agenda Cultural<br />

fatalidade de um destino perverso.<br />

Depois, na competição é dada preferência<br />

às primeiras ou segundas obras,<br />

num impulso claro aos novos nomes do<br />

cinema mundial. Razão que, como conta<br />

Valverde, ajuda a explicar o facto de Portugal<br />

não ter nenhuma longa-metragem<br />

em competição, «normalmente começamos<br />

por realizar curtas». Nessa categoria<br />

temos quatro a concurso.<br />

Já as sessões integradas no Observatório,<br />

espécie de radar que vai buscar ficções<br />

que merecem relevo, mas não<br />

satisfazem os pré-requisitos obrigatórios<br />

à competição, destaque para a longa<br />

portuguesa de Margarida Gil, Adriana.<br />

| Da China à Argentina |<br />

A merecer todas as atenções, a secção<br />

Herói Independente, que homenageia<br />

uma figura ou uma entidade que trabalha<br />

em prol do cinema inovador. Desta<br />

vez os heróis são dois: o realizador chinês<br />

Jia Zhang-ke e a cinematografia<br />

argentina.<br />

Relativamente a Zhang-Ke, será feita<br />

uma retrospectiva deste autor de 35<br />

anos, que se distingue por mostrar a<br />

sociedade chinesa tal qual é vista e vivida<br />

pela própria população, especialmente<br />

a mais jovem. Depois, a provar<br />

que nem os constrangimentos de uma<br />

crise económica travam a criação argentina,<br />

uma mostra de longas e curtas-<br />

-metragens de autores como Pablo Trapero,<br />

Lucrécia Martel ou Lisandro Alonso.<br />

E, tal como aconteceu o ano passado,<br />

depois de Lisboa, o Indie estende-se a<br />

outros pontos do país. Nas duas primeiras<br />

semanas de Maio, Caldas da Rainha,<br />

Coimbra, Aveiro, Porto e Famalicão também<br />

vão estar Indie.<br />

Exposição de Arte Ibero-Americana e<br />

de obras de referência do percursor do<br />

gestualismo em Portugal, Artur Bual (figura<br />

homenageada nesta edição).<br />

Centro de Congressos do Estoril | De 14 a 18 de Abril<br />

ALMADA<br />

Einstein – teatro<br />

A assinalar o Ano Internacional da<br />

Física, uma peça que «é sobretudo<br />

um espectáculo que proporciona<br />

uma visão humana, simples e divertida<br />

de Albert Einstein».<br />

Teatro Extremo | Até 30 de Abril


18 | 11 ABRIL 2005<br />

[ radical ]<br />

Mundial de MotoGP<br />

Fórmula 1 em duas rodas<br />

Ora aí está o espectáculo da velocidade<br />

em duas rodas. Motores<br />

potentes, pilotos destemidos, velocidades<br />

alucinantes e curvas vertiginosas<br />

são os ingredientes de um<br />

campeonato que, ano após ano,<br />

vai ganhando cada vez mais adeptos<br />

um pouco por todo o mundo.<br />

As melhores marcas estão presentes,<br />

e cada corrida é uma autêntica<br />

batalha até à linha de meta. O Estoril<br />

entra na rota.| por Martim<br />

d’Araújo Jorge<br />

As motos mais rápidas do planeta<br />

regressam ao Estoril, entre 15 a 18 deste<br />

mês, e os melhores pilotos voltam a esgrimir<br />

argumentos, naquela que é a prova-rainha<br />

do motociclismo de velocidade:<br />

O Mundial de MotoGP. Esta época, contrariamente<br />

aos anos anteriores, a prova<br />

portuguesa passa de antepenúltima e<br />

aparece em 2.º no calendário do mundial.<br />

A saída do Grande Prémio do Brasil<br />

do calendário, assim como a entrada de<br />

novos países e novos circuitos (como é<br />

exemplo o Grande Prémio da Turquia),<br />

obrigou a Federação Internacional a alterar<br />

os calendários e a colocar a prova<br />

portuguesa logo a seguir à corrida em<br />

Jerez.<br />

Se o facto de estar colocado no início da<br />

temporada retira alguma da emoção no que<br />

toca à decisão da atribuição do ceptro, a<br />

prova portuguesa ganha no calor e na emoção<br />

da disputa por ser a 2.ª corrida do ano.<br />

As equipas poderão estar ainda à procura<br />

das melhores afinações, pelo que poderão<br />

surgir algumas surpresas.<br />

Nos últimos anos, o italiano Valentino Rossi<br />

sagrou-se vencedor no Estoril, conquistando<br />

o título Mundial no final de cada temporada.<br />

Aliás, o vencedor da corrida do Estoril<br />

foi sempre Campeão (para além de Rossi<br />

também o americano Kenny Roberts se sagrou<br />

Campeão Mundial depois de vencer<br />

no Estoril). Que acontecerá desta vez?<br />

| Ao sol e à chuva |<br />

A verdade é que cada corrida do maior<br />

campeonato de motociclismo de velocidade<br />

arrasta sempre milhares de pessoas aos diversos<br />

circuitos e o Estoril não foge à regra.<br />

Em 2004, estiveram na prova portuguesa<br />

mais de 60 mil espectadores nos três dias<br />

do evento.<br />

Novidades, para já, só a nível do regulamento.<br />

Assim que as gotas começavam a<br />

cair do céu, a corrida era interrompida e todos<br />

os pilotos entravam nas boxes, procediam<br />

às necessárias alterações de pneus e<br />

só depois voltavam à pista. A partir desta<br />

época tudo muda: se a corrida começar no<br />

seco e o estado do tempo mudar, cada piloto<br />

é responsável por decidir entrar ou não<br />

nas boxes. Uma tentativa de não cortar o<br />

ritmo à corrida, e de manter sempre ao máximo<br />

a espectacularidade que caracteriza<br />

este desporto motorizado. Deitados em cima<br />

das máquinas, de lado ou a alta velocidade,<br />

pilotos e máquinas preparam-se para<br />

mais um ano de espectáculo e autênticas<br />

batalhas em asfalto.<br />

|Categoria Rainha |<br />

Na categoria “rainha”, o MotoGP, todas as atenções estão<br />

mais uma vez centradas no Campeoníssimo Valentino<br />

Rossi. Se em 2004 as dúvidas em torno da sua prestação<br />

eram muitas (pela troca da toda-poderosa Honda pela rival<br />

Yamaha), a verdade é que “Il Doctore” deu uma verdadeira<br />

lição de condução, tratando da saúde a todos os rivais.<br />

Voltou a derrotar as Hondas, as restantes Yamahas e as<br />

máquinas da Ducati. Em 2005, mais do que nunca, Rossi<br />

será o alvo a abater. Sete Gibernau mantém-se na Honda<br />

Movistar, e Max Biaggi chega finalmente aos comandos de<br />

uma Honda Oficial. Depois de várias épocas aos comandos<br />

de uma Honda de uma equipa privada, o “Imperador<br />

Romano” tem todas as condições para provar o valor que<br />

lhe garantiu os 4 títulos em 250cc.<br />

Como figuras de segundo plano, aparecem o americano<br />

Nicky Hayden (companheiro de Biaggi na Repsol Honda),<br />

o italiano Melandri (que trocou a Yamaha pela Honda), o<br />

japonês Makoto Tamada (revelação em 2004) e as Ducati.<br />

A marca italiana mantém como chefe de fila o pequeno<br />

grande piloto Loris Capirossi, e reforçou-se com o espanhol<br />

Carlos Checa, tentando assim recuperar o fulgor que<br />

atingiu na época de estreia, em 2003. O Campeonato é<br />

longo, e apenas em Novembro se verá se todo o trabalho<br />

que as equipas desenvolveram na pré-época, foi proveitoso.<br />

Irá Rossi conseguir o sétimo título mundial e o quinto<br />

na categoria “rainha”?<br />

| 250cc |<br />

Depois de, em 2003, o espanhol Daniel Pedrosa se<br />

ter sagrado campeão mundial aos comandos de<br />

uma 125cc, o jovem piloto surpreendeu meio mundo<br />

ao sagrar-se campeão na classe 250cc no seu ano<br />

de estreia (feito nem alcançado por Rossi). Este ano,<br />

o pequeno piloto que praticamente irá fazer as duas<br />

primeiras corridas em casa (Jerez e Estoril), conta<br />

com a fortíssima oposição do argentino Sebastian<br />

Porto, terminou a época passada muitíssimo forte, e<br />

nesta pré-época tem sido sempre muito rápido. No<br />

entanto, é preciso não esquecer que a luta deverá<br />

ser feita a três: é que o francês Randy de Puniet tem<br />

que se ser levado em conta: em 2004 foi 3.º no Mundial<br />

(precisamente a mesma posição que ocupou na<br />

prova portuguesa).<br />

| 125cc |<br />

Classe sempre espectacular é, curiosamente, a que<br />

ostenta menor potência nas máquinas. As pequenas<br />

125cc são sempre as que dão mais espectáculo e o<br />

desfecho das provas é sempre uma verdadeira incógnita.<br />

Basta olhar para os resultados da última<br />

época, e verificar que o segundo classificado numa<br />

dada prova, terminou a época em 16.º, e o vencedor<br />

de outra corrida, ficou-se apenas pela 11.ª posição final<br />

na tabela do Mundial. Ainda assim nomes como<br />

Manuel Poggiali, Pablo Nieto e Andrea Dovizioso serão<br />

nomes a ouvir repetidamente.


Futurológica<br />

11 ABRIL 2005 | 19<br />

[ BD ]<br />

Espaço coordenado por Geraldes Lino

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