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Missão: Mudar o Mundo! - Mundo Universitário

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10 | 11 ABRIL 2005<br />

[ ídolos ]<br />

«Sou muito forte<br />

psicologicamente»<br />

Estádio Nacional. Já com o Campenato do <strong>Mundo</strong> de Aletismo de Helsínquia no pensamento, Naide Gomes<br />

treina com afinco uma das disciplinas onde tem mais dificuldade, o lançamento do dardo. Mas, mesmo depois<br />

de duas horas a aperfeiçoar a sua técnica, tem tempo para falar com o MU. Sobre a medalha de ouro que acabou<br />

de trazer de Madrid e outras metas a alcançar. É que, para além de treinar para campeã, estuda para fisioterapeuta.<br />

| por Raquel Louçã Silva | Fotos Alexandre Nobre<br />

| B.I. |<br />

Nasceu São Tomense e fez-se campeã<br />

portuguesa. Tinha 12 anos quando um<br />

professor de educação física reparou no<br />

seu talento para o atletismo. Para incentivá-la<br />

a começar a praticar a modalidade<br />

chegou mesmo a dizer-lhe que, com as<br />

aptidões que já demonstrava, poderia vir<br />

a ser Campeã do <strong>Mundo</strong>. E não é que acertou<br />

em cheio? O feito deu-se o ano passado,<br />

no Campeonato do <strong>Mundo</strong> de pista<br />

coberta, em Budapeste, com a conquista<br />

da Medalha de Ouro na prova do pentatlo.<br />

Aliás, em 2002, nessa mesma modalidade,<br />

já tinha deixado um sério aviso, ao<br />

arrecadar a Medalha de Prata, no Campeonato<br />

da Europa, em Viena.<br />

Aos 25 anos Naide Gomes acabou de trazer<br />

do Campeonato da Europa de Madrid<br />

mais uma medalha de Ouro para Portugal.<br />

Desta feita, no salto em comprimento.<br />

Curiosamente, ainda em 2000, na sua<br />

estreia nos Jogos Olímpicos, em Sydney,<br />

representava o seu país de origem, São<br />

Tomé e Príncipe. A viver em Portugal<br />

desde os 11 anos de idade, acabou por<br />

nacionalizar-se no ano seguinte.<br />

É cá que quer viver, casar, ter filhos. Mas<br />

na memória, que abre num sorriso largo,<br />

está a infância vivida em liberdade, entre<br />

o verde e o mar azul da sua ilha. Nos tempos<br />

em que esta atleta de fibra jogava<br />

futebol com os outros miúdos e se, por<br />

exemplo, tinha fome era tudo tão simples<br />

como ir à árvore e comer uma manga.<br />

<strong>Mundo</strong> <strong>Universitário</strong> | Quando se é campeão<br />

tem-se mais motivação para treinar?<br />

Naide Gomes | O objectivo de qualquer<br />

atleta é treinar para vencer. Mas quando se<br />

é campeão e se consegue atingir o objectivo<br />

que traçámos há algum tempo, obviamente<br />

que dá ainda mais motivação para<br />

treinar…<br />

MU | Quantas horas treina por dia?<br />

NG | Hoje fiz lançamentos à tarde. Comecei<br />

às 15h15 e terminei agora (por volta das<br />

17hs). Mas também treinei duas horas e meia<br />

de manhã.<br />

MU | Como é que os treinos estão escalonados?<br />

NG | De manhã treino barreiras, faço séries,<br />

salto em altura, salto em comprimento, faço<br />

os 500 e 600 metros, faço corrida com as<br />

colegas de fundo. Os lançamentos são sempre<br />

à tarde.<br />

MU | Como é a relação atleta/ treinador?<br />

NG | Temos que nos entender muito bem.<br />

Somos muito amigos. Costumo dizer que ele<br />

[professor Abreu Matos] é como se fosse um<br />

segundo pai porque não é fácil estarmos<br />

todos os dias de manhã à tarde a ver a cara<br />

um do outro (risos). E como viajamos muito<br />

em estágio temos mesmo que nos entender<br />

bem.<br />

MU | Ele é muito exigente?<br />

NG | Sim, mas eu também sou. Acho que,<br />

acima de tudo, o atleta tem que ser exigente<br />

com ele próprio.<br />

MU | Há dias em que sai daqui e diz ‘estou<br />

no bom caminho!’?<br />

NG | Normalmente é o treinador que costuma<br />

dizer ‘Naide hoje foi um óptimo treino’…<br />

e eu ‘não foi nada professor, não foi nada...’.<br />

Isso dá-nos garra para continuar porque se<br />

uma pessoa ouvir todos os dias que não está<br />

bem desmotiva.<br />

| Futura Sra. Fisioterapeuta |<br />

MU | Adisciplina da alta competição custa<br />

muito?<br />

NG | Não. Sempre fui educada com muito<br />

rigor. Tinha que definir muito bem aquilo que<br />

queria fazer. Aminha educação foi assim, por<br />

isso não me custou tanto… Mas que temos<br />

de nos privar de muita coisa isso sem dúvida.<br />

E custa não poder estar mais tempo com<br />

a família. É complicado mas quando se gosta<br />

do que se faz têm de se fazer opções.<br />

MU | E as festas em adolescente a que não<br />

podia ir?<br />

NG | Com os meus 15, 16 anos era diferente<br />

mas aí podia ir porque não tinha compromissos<br />

nenhuns, levava o atletismo como<br />

uma brincadeira. Hoje em dia, como ando tão<br />

cansada, estou durante o dia todo sempre a<br />

treinar, é impossível pensar nessas coisas.<br />

Aos domingos, às vezes, costumo ficar no<br />

sofá desde manhã até à tarde sem fazer nada<br />

(risos).<br />

MU | Deu sempre para conciliar com os<br />

estudos?<br />

NG | Sim, tanto que entrei na universidade.<br />

Quando fiz o 12.º ano resolvi parar dois anos<br />

só para treinar. Depois ingressei na universidade,<br />

mas é complicado conciliar com a Alta

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