Oralidade e Prática de Ensino entre os Professores Hupd'äh da ...

ancos, os não-Hupd'äh) sabem para poder transmitir aos demais do próprio grupo. A identidade
social do professor de uma escola Hupd'äh, se é que a podemos identificar plenamente, seria saber
transmitir o saber-fazer dos brancos e não os saberes dos Hupd'äh. Ou, pelo menos, é esse o
interesse mais geral que se pode notar entre os cursistas do Curso de Magistério II. No entanto, o
processo formativo faz, a partir de uma perspectiva intercultural, que os conhecimentos Hupd'äh
possam também serem transmitidos por esse professor indígena ao conjunto de seu grupo. E aqui se
encontra a grande contradição nesse processo, pois os conhecimentos são específicos de cada clã, e
grande parte desses saberes não podem ser coletivizados devem obedecer as questões de idade,
iniciação, de lugar gerográfico e hierarquia. O que podemos verificar foi uma série questões do
ponto de vista de prática de ensino que os próprios Hupd'äh se questionam e explicitaram, porém
não receberam resposta satisfatória.
A segunda questão, também importante, no debate pedagógico da educação escolar
indígena, e na discussão com os cursistas no processo de formação de professores está relacionada a
língua indígena. Eles nos infomam que foi muito bom poder escrever na própria língua, e poder
colocá-la no mesmo nível que o português (E agora temos livros escritos em nossa lingua,
disseram!), no entanto, não podem ir muito longe pela falta de mais textos na língua e práticas de
leitura, onde começam a perceber, a partir da prática pedagógica, que a ralidade é o centro de todo o
processo de aprendizado. A escola, contudo, vai sentido contrário, colocando a escrita e a leitura em
primeiro lugar em detrimento de uma oralidade fundamental na trasmissão do saber entre os
Hupd'äh.
Muitas experiências têm sido realizadas nas escolas indígenas, e esse debate entre a
oralidade e a escrita, merece ser ainda melhor debatido em processos pedaógicos de formação, e é
essa discussão que nos coloca em uma posição de refletir mais sobre o aspecto. Por outro lado, o
português não fornece elementos gramaticais suficientes, ou como diriam os Hupd'äh, não tem
palavras, para que o exercício de tradução aconteça para determinados aspectos de sua cultura. As
crianças que iniciam os estudos da língua portuguesa tem muita dificuldade justamente por
aprenderem palavras que não correspondem as coisas que existem em suas aldeias, uma vez que em
muitos casos, não existirem cartilhas apropriadas para esse letramento. Os próprios professores
Hupd'äh nesse processo se sentem enfraquecidos, uma vez que estes não tem instrumentos
pedagógicos apropriados que possam facilitar essa transição. Essa foi uma das grandes reclamações
desses professores no processo de avaliação que tivemos oportunidade de realizar em Taracuá na
terceira etapa do Curso de Magistério .
A terceira, e última questão dessa comunicação, nos parece fundamental, é o debate sobre as
práticas pedagógicas e os processos de aprendizado, tais quais são desenvolvidos nesses cursos
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