26.10.2014 Views

Avaliação da qualidade e quantidade do sono em pacientes renais ...

Avaliação da qualidade e quantidade do sono em pacientes renais ...

Avaliação da qualidade e quantidade do sono em pacientes renais ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

original<br />

INTRODUÇÃO<br />

A <strong>do</strong>ença renal crônica constitui hoje, um importante<br />

probl<strong>em</strong>a na saúde pública. No Brasil, o número<br />

de <strong>pacientes</strong> com insuficiência renal crônica manti<strong>do</strong>s<br />

<strong>em</strong> tratamento, <strong>do</strong>brou nos últimos anos 1 . A insuficiência<br />

renal crônica é o esta<strong>do</strong> resultante de uma deterioração<br />

significativa e permanente de néfrons funcionantes.<br />

É uma via final comum de várias afecções <strong>renais</strong>, como<br />

diabetes mellitus, hipertensão e <strong>do</strong>enças glomerulares,<br />

que se constitui como importante causa de morbi<strong>da</strong>de e<br />

mortali<strong>da</strong>de 2 .<br />

As alterações na vi<strong>da</strong> <strong>do</strong>s <strong>pacientes</strong> <strong>renais</strong> crônicos<br />

são, particularmente, incômo<strong>da</strong>s e contínuas para eles,<br />

uma vez que pod<strong>em</strong> se sentir diferentes e excluí<strong>do</strong>s por<br />

ser<strong>em</strong> proibi<strong>do</strong>s de comer certos alimentos, ter<strong>em</strong> uma<br />

ingesta hídrica reduzi<strong>da</strong> e controla<strong>da</strong>, necessitar<strong>em</strong> de r<strong>em</strong>édios<br />

continuamente e ser<strong>em</strong> submeti<strong>do</strong>s ao tratamento<br />

dialítico para manutenção de suas vi<strong>da</strong>s 1 .<br />

Os tratamentos disponíveis nas <strong>do</strong>enças <strong>renais</strong> terminais<br />

são: a diálise peritoneal ambulatorial contínua, diálise<br />

peritoneal automatiza<strong>da</strong>, diálise peritoneal intermitente,<br />

h<strong>em</strong>odiálise e transplante renal. Esses tratamentos<br />

substitu<strong>em</strong> parcialmente a função renal, através <strong>do</strong> h<strong>em</strong>odialisa<strong>do</strong>r,<br />

aliviam os sintomas <strong>da</strong> <strong>do</strong>ença e preservam<br />

a vi<strong>da</strong> <strong>do</strong> paciente, porém, nenhum deles é curativo 3 . O<br />

h<strong>em</strong>odialisa<strong>do</strong>r é um filtro com uma m<strong>em</strong>brana s<strong>em</strong>ipermeável<br />

que possui uma grande área de superfície de troca,<br />

sen<strong>do</strong> o sangue perfundi<strong>do</strong> por um la<strong>do</strong> e o flui<strong>do</strong> de diálise<br />

pelo outro. Solutos <strong>em</strong> que a concentração é maior no<br />

sangue <strong>do</strong> que no flui<strong>do</strong> de diálise se difundirão através<br />

de gradiente de concentração, <strong>do</strong> sangue para o flui<strong>do</strong> 4 .<br />

Os principais estressores relaciona<strong>do</strong>s ao paciente<br />

<strong>em</strong> tratamento h<strong>em</strong>odialítico são a restrição de líqui<strong>do</strong>s<br />

e alimentos, câimbras musculares, incerteza sobre o futuro,<br />

interferências no trabalho, mu<strong>da</strong>nças na estrutura<br />

familiar, me<strong>do</strong> de ficar sozinho e distúrbios <strong>do</strong> <strong>sono</strong> 5 .<br />

Durante o <strong>sono</strong> ocorr<strong>em</strong> variações no volume de urina<br />

e na excreção de sódio, potássio e cálcio no senti<strong>do</strong> de<br />

redução. As mu<strong>da</strong>nças <strong>do</strong> nível hormonal antidiurético<br />

são responsáveis pelas alterações relaciona<strong>da</strong>s ao <strong>sono</strong> na<br />

função renal 6 .<br />

Alterações no <strong>sono</strong> estão presentes <strong>em</strong> até 70% <strong>do</strong>s<br />

<strong>pacientes</strong> <strong>renais</strong> crônicos 7 . Distúrbios <strong>do</strong> <strong>sono</strong> são uma<br />

<strong>da</strong>s complicações enfrenta<strong>da</strong>s pelos porta<strong>do</strong>res de insuficiência<br />

renal crônica 5,7 . Através de méto<strong>do</strong>s diagnósticos<br />

de enfermag<strong>em</strong>, um estu<strong>do</strong> com 20 <strong>pacientes</strong> adultos<br />

<strong>em</strong> tratamento h<strong>em</strong>odialítico, encontrou padrão de <strong>sono</strong><br />

perturba<strong>do</strong> <strong>em</strong> 80% <strong>do</strong>s <strong>pacientes</strong> 8 . A má quali<strong>da</strong>de <strong>do</strong><br />

<strong>sono</strong>, <strong>sono</strong>lência diurna excessiva e síndrome <strong>da</strong>s pernas<br />

inquietas são frequentes nos <strong>pacientes</strong> <strong>em</strong> tratamento h<strong>em</strong>odialítico,<br />

porém não apresentam relação com o turno<br />

<strong>da</strong> diálise 9 .<br />

Com o intuito de compreender melhor o <strong>sono</strong><br />

nessa classe de <strong>pacientes</strong>, delineou-se o objetivo deste estu<strong>do</strong>,<br />

que foi avaliar a quali<strong>da</strong>de e a quanti<strong>da</strong>de <strong>do</strong> <strong>sono</strong><br />

<strong>em</strong> <strong>pacientes</strong> <strong>renais</strong> crônicos submeti<strong>do</strong>s à h<strong>em</strong>odiálise na<br />

Santa Casa de Misericórdia de Lavras – MG.<br />

MÉTODO<br />

Amostra<br />

O estu<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong> foi <strong>do</strong> tipo transversal de prevalência.<br />

Foram incluí<strong>do</strong>s no estu<strong>do</strong> voluntários com i<strong>da</strong>de<br />

entre 40 e 60 anos que estivess<strong>em</strong> <strong>em</strong> tratamento h<strong>em</strong>odialítico<br />

na Santa Casa de Misericórdia de Lavras, Minas<br />

Gerais, Brasil. Foram excluí<strong>do</strong>s aqueles voluntários que,<br />

por qualquer motivo, deixass<strong>em</strong> de preencher a um <strong>do</strong>s<br />

questionários aplica<strong>do</strong>s.<br />

A pesquisa foi aprova<strong>da</strong> pelo Comitê de Ética <strong>em</strong><br />

Pesquisa <strong>do</strong> UNILAVRAS dia 4 de fevereiro de 2009 com<br />

o protocolo 0140. 0. 189. 000-08 e os participantes assinaram<br />

um termo de consentimento livre e esclareci<strong>do</strong>.<br />

Procedimento<br />

Foram utiliza<strong>do</strong>s <strong>do</strong>is questionários como forma<br />

de avaliação <strong>da</strong> amostra, o Diário <strong>do</strong> Sono 10 e o Índice de<br />

quali<strong>da</strong>de de <strong>sono</strong> de Pittsburgh, elabora<strong>do</strong> <strong>em</strong> 1989 por<br />

Buysse DJ e vali<strong>da</strong><strong>do</strong> para a Língua portuguesa 11 . Dos<br />

135 <strong>pacientes</strong> <strong>em</strong> tratamento no setor de h<strong>em</strong>odiálise <strong>da</strong><br />

Santa Casa de Misericórdia de Lavras, 40 aceitaram responder<br />

o Pittsburgh Sleep Quality Índex e desses, apenas<br />

17 <strong>pacientes</strong> aceitaram preencher o Diário <strong>do</strong> Sono.<br />

O Diário <strong>do</strong> Sono avaliou a quanti<strong>da</strong>de de <strong>sono</strong><br />

durante 30 dias, registran<strong>do</strong>-se diariamente quanto t<strong>em</strong>po<br />

o paciente <strong>do</strong>rmiu, quanto t<strong>em</strong>po cochilou durante o<br />

dia, quantas vezes e por quanto t<strong>em</strong>po despertou durante<br />

a noite. O Diário <strong>do</strong> Sono foi explica<strong>do</strong> detalha<strong>da</strong>mente<br />

e individualmente aos voluntários e foi entregue para ser<br />

preenchi<strong>do</strong> <strong>em</strong> casa. Termina<strong>do</strong> o perío<strong>do</strong> de preenchi-<br />

610<br />

Rev Neurocienc 2011;19(4):609-613

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!