Literatura - Escola São Domingos
Literatura - Escola São Domingos
Literatura - Escola São Domingos
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
III. Empresta-se em verniz medieval às façanhas de nossos nativos, como se a civilização pré-cabralina constituísse<br />
nossa gloriosa Idade Média.<br />
a) I e II referem-se à prosa realista, e III, à romântica.<br />
b) I refere-se à prosa romântica, e II e III à realista.<br />
c) I e III referem-se à prosa romântica, e II, à realista.<br />
d) I refere-se à prosa realista, e II e III, à romântica.<br />
e) I e III referem-se à prosa realista, e II, à romântica.<br />
12. (MACK-SP) Indique o trecho em que há marcas do estilo característico da época em que escreveu Aluísio<br />
Azevedo.<br />
a) “Ela descia as escadas, toda a sua figura bem maior do que era, a cabeça erguida, digna, soberba, que nem uma<br />
rainha — os olhos postos num fundo muito além da parede, os passos medidos, nenhuma vacilação.”<br />
b) “Entre todas essas elegantes e agradáveis moças, que com aturado empenho se esforçam por ver qual delas vence<br />
em graça, encantos e donaires, certo que sobrepuja a travessa menina, princesa daquela festa.”<br />
c) “Seu passo deslizou pela alcatifa de veludo azul marchetado de alcachofras de ouro, como o andar com que as<br />
deusas perlustravam no céu a galáxia quando subiam ao Olimpo.”<br />
d) “Ela era a cobra verde e traiçoeira viscosa, a muriçoca doida, que esvoaçava havia muito tempo em torno do corpo<br />
dele, assanhando-lhe os desejos, acordando-lhes as fibras embambecidas pela saudade da terra.”<br />
e) “O mancebo generoso e inexperiente, a jovem donzela criada entre sedas, sorrisos e flores, educada santamente<br />
com as máximas benevolências, como mandamento do amor ao próximo [...] têm repugnância em acreditar no<br />
vício.”<br />
13. (Unicamp/SP) Nos romances naturalistas, a descrição dos espaços onde transcorre a ação é sempre decisiva.<br />
Em Bom-Crioulo, de Adolfo Caminha, o escravo fugido Amaro tem sua existência dividida entre dois domínios<br />
espaciais, um do mar, outro da terra. Leia os trechos abaixo:<br />
“O convés, tanto na coberta como na tolda, apresentava o aspecto de um acampamento nômade. A marinhagem, entorpecida<br />
pelo trabalho, caíra numa sonolência profunda, espalhada por ali ao relento, numa desordem geral de ciganos que não<br />
escolhem terreno para repousar. Pouco lhe importavam o chão úmido, as correntes de ar, às constipações, o beribéri. Embaixo<br />
era maior o atravancamento. Macas de lona suspensas em varais de ferro, umas sobre as outras, encardidas como panos de<br />
cozinha, oscilavam à luz moribunda e macilenta das lanternas. Imagine-se o porão de um navio mercante carregado de<br />
miséria. No intervalo das peças, na meia escuridão dos recôncavos moviam-se os corpos seminus, indistintos. Respiravam um<br />
odor nauseabundo de cárcere, um cheiro de suor humano diluído em urina e alcatrão. Negros, de boca aberta, roncavam<br />
profundamente, contorcendo-se na inconsciência do sono. Viam-se torsos nus abraçando o convés, aspectos indecorosos que a<br />
luz evidenciava cruelmente”.<br />
“O quarto era independente, com janela para os fundos da casa, espécie de sótão roído pelo cupim e tresandando a ácido<br />
fênico. Nele morrera de febre amarela um portuguesinho recém-chegado. Mas o Bom-Crioulo, conquanto receasse as febres de<br />
mau-caráter, não se importou com isso, tratando de esquecer o caso e instalando-se definitivamente. Todo dinheiro que<br />
apanhava era para compra de móveis e objetos de fantasia rococó, ‘figuras’, enfeites, coisas sem valor, muitas vezes trazidas de<br />
bordo [...]. Pouco a pouco, o pequeno ‘cômodo’ foi adquirindo uma feição nova de bazar hebreu, enchendo-se de bugigangas,<br />
amontoando-se de caixas vazias, búzios grosseiros e outros acessórios ornamentais. O leito era uma ‘cama de vento’ já muito<br />
usada, sobre a qual Bom-Crioulo tinha o zelo de estender, pela manhã, quando se levantava, um grosso cobertor encarnado<br />
‘para ocultar as nódoas’.”<br />
a) Identifique, nos textos acima, características dos ambientes descritos, determinantes do caráter de Amaro.<br />
b) Como os dois espaços se relacionam especifi-camente com a tragédia pessoal de Amaro, o Bom-Crioulo?<br />
14. Leia atentamente as afirmações a seguir:<br />
I. Em 1888, quando culminava o Naturalismo, começou A Gazeta de Notícias a publicar um romance estranho,<br />
diferente de tudo o que habitualmente se escrevia: O Ateneu, de Raul Pompéia [...] Misto de romance e<br />
memórias, O Ateneu também na feitura era complexo: oscilava entre as insinuações de Machado de Assis e as<br />
ousadias dos naturalistas, variava no estilo da sobriedade ao rebuscamento.<br />
Lúcia Miguel-Pereira<br />
II. “Com O Ateneu pela primeira vez entre nós, como bem salientou o professor Ivan Teixeira, exercitou-se a prática<br />
da escrita artística, por meio de uma finíssima prosa poética, ao mesmo tempo colorida e musical. Assim, em<br />
cada uma das páginas as digressões do narrador misturam-se com uma sucessão de cenas na qual o imagismo é<br />
a figura que se destaca, lembrando a associação entre ambas as artes, expressa na Antigüidade Clássica por<br />
Horácio: ud pictura poesis (a pintura é como a poesia).”<br />
III. “As passagens do romance O Ateneu desconcertam e ao mesmo tempo provocam o leitor, ora desenhando uma<br />
prosa poética com traços sempre hiperbólicos, sempre mais centrados nas impressões que nas pessoas e nos<br />
objetos que as deflagraram, ora violentando esse tom de paisagem impressionista que povoa o livro, por meio de<br />
caricaturas cruéis e sempre grotescas, que fixam e distanciam as personagens, neste sentido muito próximas de<br />
um naturalismo voraz, de um biologismo determinista sumário.”