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Título: O prazer, princípio e fim da vida feliz, segundo o epicurismo

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Hipóbotos em sua obra Sobre as Escolas Filosóficas.<br />

Pois mesmo que a ação seja absur<strong>da</strong>, to<strong>da</strong>via o <strong>prazer</strong><br />

é por si mesmo desejável e bom.<br />

Entretanto, a remoção <strong>da</strong> dor que é defendi<strong>da</strong> por<br />

Epicuro, não é um <strong>prazer</strong> aos olhos deles, e nem a<br />

ausência de <strong>prazer</strong> é dor. Prazer e dor são<br />

movimentos, ao passo que nem a ausência de dor,<br />

nem a ausência de <strong>prazer</strong> são movimentos, visto que a<br />

ausência de dor é como se fosse o estado de quem está<br />

adormecido. (DIÓGENES LAÉRCIO II, 88-89)<br />

Essa oposição agonística entre os movimentos de <strong>prazer</strong> e dor resulta numa<br />

orientação moral muito polêmica. Entendendo que o <strong>prazer</strong> é sempre movimento,<br />

não existe um <strong>prazer</strong> diferente do outro. Não existe um <strong>prazer</strong> mais <strong>prazer</strong>oso ou<br />

melhor que outro. No máximo, os cirenaicos reconheciam uma diferenciação entre as<br />

experiências <strong>prazer</strong>osas, pelo fato de elas residirem no corpo ou na alma. E disso<br />

concluíam que:<br />

Os <strong>prazer</strong>es físicos são preferíveis aos <strong>prazer</strong>es <strong>da</strong><br />

alma e as dores físicas piores que as <strong>da</strong> alma.<br />

(DIÓGENES LAÉRCIO II, 90)<br />

Essa predileção pelos <strong>prazer</strong>es do corpo é conseqüência direta <strong>da</strong> definição<br />

de <strong>prazer</strong> e dor como movimentos no corpo e na alma. O <strong>prazer</strong> do corpo é aquele<br />

mais fácil de alcançar, renovar, e também de manter por um período mais<br />

prolongado, uma vez que “o movimento <strong>da</strong> alma se exaure com o tempo.” 3 Em<br />

virtude disso, inclusive, “as penas físicas são piores que as penas <strong>da</strong> alma. Por isso,<br />

os culpados são punidos com tormentos físicos.” 4<br />

O <strong>prazer</strong> é por si mesmo desejável. É, por natureza, o maior móbil de nossos<br />

desejos. Desse modo, <strong>segundo</strong> os cirenaicos, qualquer evento ou experiência que<br />

envolva ganho de <strong>prazer</strong>, torna-se imediatamente isento de condenação, por mais que<br />

envolva ações moralmente questionáveis.<br />

O desconforto ético causado por esse tipo de pensamento origina críticas<br />

contundentes. Como justificar que o maior bem almejado pelos homens seja capaz de<br />

autorizar as práticas mais egoístas e desagregadoras <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> coletiva, já que limita<strong>da</strong>s<br />

apenas pela satisfação de ca<strong>da</strong> indivíduo?<br />

3<br />

DIÓGENES LAÉRCIO II, 90.<br />

4<br />

Ibidem.

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