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o menino que vendia palavras - Editora Objetiva

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o <strong>menino</strong> <strong>que</strong> <strong>vendia</strong> <strong>palavras</strong><br />

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Ignácio de Loyola Brandão<br />

o <strong>menino</strong> <strong>que</strong> <strong>vendia</strong><br />

<strong>palavras</strong><br />

Ilustrações Mariana Newlands<br />

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Copyright © 2007 by Ignácio de Loyola Brandão<br />

Todos os direitos desta edição reservados à<br />

EDITORA OBJETIVA LTDA. Rua Cosme Velho, 103<br />

Rio de Janeiro – RJ – CEP: 22241-090<br />

Tel.: (21) 2199-7824 – Fax: (21) 2199-7825<br />

www.objetiva.com.br<br />

Capa, projeto gráfico e ilustrações<br />

Mariana Newlands<br />

Coordenação editorial<br />

Isa Pessôa<br />

Produção editorial<br />

Maryanne Linz<br />

Revisão<br />

Lucas Bandeira de Melo<br />

Damião Nascimento<br />

Zaira Mahmud<br />

Diagramação<br />

ô de casa<br />

CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE<br />

SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ<br />

B817m<br />

Brandão, Ignácio de Loyola<br />

O <strong>menino</strong> <strong>que</strong> <strong>vendia</strong> <strong>palavras</strong> / Ignácio de Loyola Brandão ;<br />

[ilustrações de Mariana Newlands]. - Rio de Janeiro : <strong>Objetiva</strong>, 2007.<br />

64p. : il.<br />

ISBN 978-85-????????????<br />

1. Romance brasileiro. I. Título.<br />

07-1274. CDD: 869.93<br />

CDU: 821.134.3(81)-3<br />

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Para Cristina Machado, Iaia ( in memoriam),<br />

Lourdes Prada, Ruth Segnini, Dayse Albertini,<br />

Noemi, professoras do primeiro grau.<br />

E a Pedro e Lucas, meus netos, <strong>que</strong> estão crescendo<br />

entre as <strong>palavras</strong> de seus pais, avôs, bisavôs, para<br />

não dizer do tataravô, José, <strong>que</strong> em 1897 já escrevia<br />

poesias, morando nos cafundós de uma fazenda.<br />

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Chegavam provocando:<br />

— Vê lá se o seu pai sabe essa! Sabe nada!<br />

— Qual?<br />

— Incompatível.<br />

Eu corria para casa:<br />

— Pai, o <strong>que</strong> é incompatível?<br />

Ele, na hora:<br />

— É uma coisa <strong>que</strong> não combina com a outra.<br />

Orgulhoso, eu levava de volta. Os <strong>menino</strong>s não<br />

acreditavam.<br />

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— Ele foi olhar no livro. Assim até o meu pai sabe!<br />

— Não olhou em livro nenhum.<br />

— Então, leva a gente lá, a gente <strong>que</strong>r tirar a prova.<br />

Depois de tantos meses, tive de combinar com<br />

meu pai, mar<strong>que</strong>i o encontro com a turma. Meu<br />

pai ria da desconfiança dos meus amigos. Era um<br />

homem bem-humorado, sempre alegre, sabia todas<br />

as <strong>palavras</strong>. No dia marcado, foram cinco, cada um<br />

com uma listinha. Acho <strong>que</strong> falaram com os pais, pediram<br />

à professora Lourdes para ajudar.<br />

— O <strong>que</strong> é lunático?<br />

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— Um sujeito meio louco ou alguém <strong>que</strong> vive no<br />

mundo da lua, desligado, pode ser distraído também.<br />

— E degringolada?<br />

— É quando as coisas vão água abaixo.<br />

— Matula. Essa o senhor sabe?<br />

— É um embornal, um alforje.<br />

— Alforje? O <strong>que</strong> é isso?<br />

— O mesmo <strong>que</strong> matula.<br />

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Era difícil pegar meu pai, ele saía de fino. A turma<br />

perguntou mais de vinte <strong>palavras</strong>, ele matou todas<br />

de primeira. Soube até o <strong>que</strong> era procrastinar, <strong>que</strong><br />

o Vilmo levou e nem sabia pronunciar, precisou ler<br />

três vezes. Todo mundo gozava o Vilmo, ele tinha<br />

nome de mulher com uma letra trocada. Dizem <strong>que</strong><br />

a mãe dele <strong>que</strong>ria uma menina, ia se chamar<br />

Vilma,<br />

mas nasceu <strong>menino</strong>, e ela usou o nome assim mesmo.<br />

Os <strong>menino</strong>s foram embora e perguntei:<br />

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— Como o senhor conhece tantas <strong>palavras</strong>?<br />

— Você não me vê sempre lendo? Assim vou<br />

aprendendo <strong>palavras</strong>.<br />

— É bom isso?<br />

— Quanto mais <strong>palavras</strong> você conhece e usa, mais<br />

fácil fica a vida.<br />

— Por quê?<br />

— Vai saber conversar, explicar as coisas, orientar<br />

os outros, conquistar as pessoas, fazer melhor o trabalho,<br />

arranjar um aumento com o chefe, progredir na<br />

vida, entender todas as histórias <strong>que</strong> lê, convencer<br />

uma menina a te namorar.<br />

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Podia conversar com ele durante horas, menos<br />

quando estava lendo. Chegava do trabalho às<br />

cinco e meia da tarde, tomava banho e sentava-se<br />

para ler. Era corajoso, lia livros grossos e me trazia<br />

sempre um livro novo, me deu todos do Monteiro<br />

Lobato e a coleção inteira de Os Mais Belos<br />

Contos de Fadas do Mundo. Cada história!<br />

Como O Cabeça de Vento, Os Três Patetas, João<br />

e o Pé de Feijão, João, o Matador de Gigantes,<br />

O Pescador e o Anel, O Poço do Fim do Mundo.<br />

Eu lia e ficava admirado como os contos de fadas<br />

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estão cheios de maldades, crueldades e todo tipo de<br />

coisas ruins. Em O Pescador e o Anel, um rico barão,<br />

com toda a calma, joga uma criança em um rio, para <strong>que</strong><br />

ela se afogue, apenas por<strong>que</strong> um bruxo disse <strong>que</strong> a<br />

menina, pobre, se casaria um dia com o filho do<br />

barão. Em João, o Matador de Gigantes, o personagem<br />

esfacela a cabeça de um gigante com uma marreta<br />

e obriga outro a enfiar a faca na barriga, vendo<br />

as tripas saltarem para fora. Em um dos episódios,<br />

homens, mulheres e crianças são atirados dentro<br />

de um caldeirão de água fervente para serem<br />

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