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OPINIÃO<br />
MEU CORPO É MEU!<br />
Há 46 anos um grupo de feministas se<br />
reunia em Atlantic City para a famosa ‘’queima<br />
de sutiãs’’. Elas lutavam contra os estereótipos<br />
impostos às mulheres e elegeram o sutiã como<br />
o símbolo máximo da opressão feminina.<br />
Naquele dia, não só lutaram por si mesmas,<br />
como deram voz as mulheres que se sentiam do mesmo modo no<br />
mundo inteiro.<br />
O Feminismo tenta libertar as mulheres de padrões impostos<br />
que foram construídos como naturais. Esse movimento vem da<br />
necessidade de mostrar a condição da mulher numa cultura machista.<br />
Isso se dá, especialmente, com a exploração do corpo das mulheres,<br />
desde a indústria da beleza até o tráfico e a prostituição. Até mesmo<br />
a própria mulher continua se vendo através do olhar do homem e<br />
muitas vezes credita inferioridade a si mesma pois não conhece uma<br />
realidade diferente. O machismo, tido muitas vezes como algo apenas<br />
masculino, também parte de mulheres que se privam ou se submetem<br />
a muitas situações tendo conceitos sexistas como parâmetros. Uma<br />
pesquisa do IPEA revelou que 26% dos entrevistados concordavam<br />
que o modo como as mulheres de vestem tem influência em casos de<br />
abuso sexual, e pasmem, 66% dos questionados eram mulheres.<br />
Desde a Revolução Francesa, as mulheres conquistaram o<br />
direito de voto e de salários equivalentes. No entanto, a luta ainda<br />
continua até hoje a favor do direito da mulher possuir próprio corpo.<br />
Ainda somos acusadas de culpa quando violentadas pelo modo que<br />
nos vestimos e nos portamos, incriminadas muitas vezes por ter<br />
‘’atiçado’’ o violentador. Nosso corpo é constantemente controlado<br />
e regulado a partir de padrões morais de sexualidade que estimulam<br />
a violência. Abuso sexual, subordinação devido ao sexo e violência<br />
doméstica. O movimento combate tudo isso e, principalmente, a<br />
inferiorização do sexo feminino. O Feminismo não é coisa de mulher,<br />
é questão de democracia, de igualdade, de qualificação frente ao<br />
homem, de colocar-se de igual pra igual.<br />
Com a internet, o movimento feminista vem crescendo,<br />
ganhando mais adeptos e se moldando a nova era. Hoje, o símbolo<br />
não é mais o sutiã, mas o próprio corpo feminino que traz os dizeres<br />
‘’Meu corpo é meu’’ e expressa a vontade da mulher de ser livre de<br />
julgamentos. O processo é longo e a luta continuará durante muito<br />
tempo porque muitos desconsideram que essa opressão ainda<br />
exista. Atualmente, é comum vermos as pessoas desacreditarem e<br />
direcionarem críticas negativas à movimentos como ‘’ A marcha das<br />
vadias’’ em que as militantes usam seu corpo como cartaz para expor<br />
a busca da liberdade sem a objetificação da sociedade. A juventude,<br />
por já ter encontrado as portas abertas, tende a ignorar o fato do<br />
feminismo já ter mudado, e muito, a situação da mulher. Sobretudo,<br />
esse é um movimento libertário, e cabe a sociedade, ao menos, não<br />
desqualificar uma luta tão importante.<br />
Por Carolina Andriola<br />
TATTOOED<br />
1ª EDIÇÃO<br />
16 PÁGINAS<br />
NOVEMBRO/ 2014<br />
TRABALHO DE CONCLUSÃO<br />
DA CADEIRA DE DESIGN<br />
CURSO DE JORNALISMO<br />
FAMECOS/ PUCRS<br />
DIAGRAMAÇÃO E EDIÇÃO<br />
CAROLINA ANDRIOLA