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CESARO, Lenice Raquel de.pdf - PPGEM - UTFPR

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PR<br />

UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ<br />

UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ<br />

CAMPUS DE CURITIBA<br />

DEPARTAMENTO DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO<br />

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA<br />

E DE MATERIAIS - <strong>PPGEM</strong><br />

LENICE RAQUEL DE <strong>CESARO</strong><br />

AVALIAÇÃO DA RESISTÊNCIA À CORROSÃO EM<br />

AÇO SAE 4144 NITRETADO OU NÃO POR PLASMA<br />

E COM OU SEM APLICAÇÃO DE REVESTIMENTO<br />

PROTETOR DE POLÍMERO CONDUTOR<br />

DISSERTAÇÃO<br />

CURITIBA<br />

DEZEMBRO - 2010


<strong>Lenice</strong> <strong>Raquel</strong> De Cesaro<br />

AVALIAÇÃO DA RESISTÊNCIA À CORROSÃO EM<br />

AÇO SAE 4144 NITRETADO OU NÃO POR PLASMA<br />

E COM OU SEM APLICAÇÃO DE REVESTIMENTO<br />

PROTETOR DE POLÍMERO CONDUTOR<br />

DISSERTAÇÃO<br />

Dissertação apresentada como requisito parcial<br />

à obtenção do título <strong>de</strong> Mestre em Engenharia,<br />

do Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação em<br />

Engenharia Mecânica e <strong>de</strong> Materiais, Área <strong>de</strong><br />

Concentração em Engenharia <strong>de</strong> Materiais, do<br />

Departamento <strong>de</strong> Pesquisa e Pós-Graduação,<br />

do Campus <strong>de</strong> Curitiba, da <strong>UTFPR</strong>.<br />

Orientador: Prof. Carlos M. G. S. Cruz, Dr.<br />

Co-orientador: Prof. João B. Floriano, Dr.<br />

CURITIBA<br />

DEZEMBRO - 2010


TERMO DE APROVAÇÃO<br />

LENICE RAQUEL DE <strong>CESARO</strong><br />

AVALIAÇÃO DA RESISTÊNCIA À CORROSÃO EM<br />

AÇO SAE 4144 NITRETADO OU NÃO POR PLASMA<br />

E COM OU SEM APLICAÇÃO DE REVESTIMENTO<br />

PROTETOR DE POLÍMERO CONDUTOR<br />

Esta Dissertação foi julgada para a obtenção do título <strong>de</strong> mestre em engenharia, área <strong>de</strong><br />

concentração em engenharia <strong>de</strong> Materiais, e aprovada em sua forma final pelo<br />

Programa <strong>de</strong> Pós-graduação em Engenharia Mecânica e <strong>de</strong> Materiais.<br />

_________________________________<br />

Prof. Giuseppe Pintau<strong>de</strong>, Dr.<br />

Coor<strong>de</strong>nador <strong>de</strong> Curso<br />

Banca Examinadora<br />

______________________________<br />

______________________________<br />

Profª. Regina Maria Queiroz <strong>de</strong> Mello, Drª. Profª. Lilian Machado Moya Makishi, Dr a .<br />

UFPR<br />

UFPR<br />

______________________________<br />

Prof. Ricardo Fernando dos Reis, Dr<br />

<strong>UTFPR</strong><br />

______________________________<br />

Prof. Dr. Carlos M. G. S. Cruz<br />

<strong>UTFPR</strong><br />

Curitiba, 17 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2010


Dedico esta dissertação à duas pessoas<br />

muito especiais em minha vida, meus pais,<br />

Luiz e Rosalinda.


AGRADECIMENTOS<br />

Aos meus amigos, pelo incentivo.<br />

À DEUS, por ter guiado meus passos e mostrado que basta acreditar para que seja<br />

possível concretizarmos o que i<strong>de</strong>alizamos.<br />

Ao meu orientador professor Dr. Carlos M. G. Silva Cruz, pela enorme paciência e<br />

intensa contribuição no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>ste trabalho.<br />

Ao meu co-orientador João Batista Floriano por ter aceito auxiliar neste projeto <strong>de</strong><br />

pesquisa.<br />

À <strong>UTFPR</strong> por estar proporcionando a inclusão ao Programa <strong>de</strong> Pós Graduação.<br />

Ao colega e amigo Jairo Becker por ter permitido a nitretação das amostras nos fornos<br />

<strong>de</strong> seu processo.<br />

À colega <strong>de</strong> trabalho Alba Turin pela atenção e auxilio nas avaliações <strong>de</strong> MEV.<br />

Ao colega Silvio pelo auxilio no corte e furação das peças<br />

À amiga Andréia Paula <strong>de</strong> Almeida por ter possibilitado o ensaio <strong>de</strong> corrosão na névoa<br />

salina.<br />

Á minha família por simplesmente acreditar.<br />

Ao meu namorado pelo incentivo e compreensão.


“Quando a gente acha que tem todas as<br />

respostas, vem a vida e muda todas as<br />

perguntasas.”<br />

Luis Fernando Verissímo


AUTORA, <strong>Lenice</strong> <strong>Raquel</strong> De Cesaro, Avaliação da Resistência à Corrosão em<br />

Aço SAE 4144 Nitretado ou não por Plasma e com ou sem Aplicação <strong>de</strong><br />

Revestimento Protetor <strong>de</strong> Polímero Condutor, 2010, Dissertação (Mestrado em<br />

Engenharia dos Materiais) - Programa <strong>de</strong> Pós-graduação em Engenharia Mecânica<br />

e <strong>de</strong> Materiais, Universida<strong>de</strong> Tecnológica Fe<strong>de</strong>ral do Paraná, Curitiba, 86p.<br />

RESUMO<br />

No presente trabalho estudou-se a variação da proteção contra corrosão da<br />

liga <strong>de</strong> aço SAE 4144 nitretada por plasma a 520ºC, com mistura gasosa <strong>de</strong> 47% N 2 ,<br />

23% H 2 e 30% Ar, em volume, à pressão <strong>de</strong> 3,33 Torr por 22 horas e revestidas com<br />

filme <strong>de</strong> homopolímero polianilina ou com o filme <strong>de</strong> copolímero poli(anilina-comelamina),<br />

a razão molar entre os monômeros utilizada foi: PAni/MM (razão molar<br />

50/50). As amostras foram submetidas ao ensaio acelerado <strong>de</strong> corrosão Salt Spray<br />

em meio corrosivo com solução <strong>de</strong> cloreto <strong>de</strong> sódio (5%) e água <strong>de</strong>stilada (95%), e<br />

temperatura no interior da câmara igual a 35±2ºC. Após o ensaio <strong>de</strong> corrosão as<br />

superfícies das amostras foram analisadas via Microscopia Eletrônica <strong>de</strong> Varredura<br />

(MEV), juntamente com microanálise química através <strong>de</strong> um espectrômetro por<br />

energia dispersiva (EDX) acoplado ao MEV. Foram também realizados ensaios <strong>de</strong><br />

curva <strong>de</strong> polarização anódicas e catódicas que promoveram a avaliação do grau <strong>de</strong><br />

proteção das superfícies através do <strong>de</strong>slocamento do potencial <strong>de</strong> corrosão no<br />

sentido anódico. Po<strong>de</strong>-se observar que o tratamento termoquímico influenciou<br />

diretamente nas características microestruturais das amostras submetidas à<br />

nitretação por plasma. A estrutura formada através da interação do nitrogênio à<br />

superfície metálica promoveu um aumento na resistência à corrosão, bem como, a<br />

aplicação <strong>de</strong> revestimento com filme <strong>de</strong> homopolímero ou copolímero. Entretanto,<br />

quando na forma combinada do tratamento termoquímico e aplicação do filme<br />

inibidor, as amostras apresentaram resultados mais satisfatórios quanto à proteção à<br />

corrosão.<br />

Palavras-chave: Corrosão, Nitretação por Plasma, Polianilina


AUTHOR, <strong>Lenice</strong> <strong>Raquel</strong> De Cesaro, Evaluation of Resistance to Corrosion in<br />

Steel SAE 4144 Nitri<strong>de</strong>d or not by Plasma and with/without Application of<br />

Conductor Polymer Protective Coating, 2010, Dissertation (Masters in Materials<br />

Engineering) – Post Graduation Program in Mechanical Engineering and Materials,<br />

Universida<strong>de</strong> Tecnológica Fe<strong>de</strong>ral do Paraná, Curitiba, 86p.<br />

ABSTRACT<br />

This study evaluated the variation of anti-corrosion protection of alloy steel SAE<br />

4144 nitri<strong>de</strong>d by plasma at temperature of 520ºC, with gaseous mixture of 47% N2,<br />

23% of H2 and 30% of Ar, in volume, pressure of 3,33 Torr during 22 hours and<br />

coated with polyaniline homopolymer or coated with copolymer poly (aniline-comelanin).<br />

The molar ratio of monomers used was: PAni / MM (molar ratio 50/50). The<br />

samples were subjected to accelerated corrosion test in Salt Spray corrosive medium<br />

with sodium chlori<strong>de</strong> solution (5%) and distilled water (95%), and temperature insi<strong>de</strong><br />

the chamber equal to 35 ± 2 º C. After the corrosion test surfaces of the samples<br />

were analyzed via scanning electron microscopy (SEM) together with chemical<br />

microanalysis by energy dispersive spectrometer (EDS) coupled to SEM. It was also<br />

performed tests with anodic and cathodic polarization curve that promoted the<br />

assessment of the protection <strong>de</strong>gree of surfaces by moving the potential of corrosion<br />

in the anodic direction. It may be noted that the thermochemical treatment directly<br />

influenced the microstructural characteristics of samples submitted to nitridation by<br />

plasma. The structure formed by interaction of nitrogen to the metal surface leads to<br />

an increase in corrosion resistance, as well as the coating film of the homopolymer or<br />

copolymer. However, the thermo-chemical treatment and the application of the<br />

inhibitor film combined showed more satisfactory results for the samples regarding<br />

anti-corrosion protection.<br />

.<br />

Keywords: Corrosion, Nitri<strong>de</strong>d by Plasma, Polyaniline


SUMÁRIO<br />

RESUMO...................................................................................................................... i<br />

ABSTRACT ................................................................................................................. ii<br />

LISTA DE FIGURAS ................................................................................................... v<br />

LISTA DE TABELAS ................................................................................................ viii<br />

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ..................................................................... ix<br />

LISTA DE SÍMBOLOS ................................................................................................. x<br />

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 1<br />

1.1 Objetivos ...................................................................................................................................2<br />

1.1.1 Objetivos específicos ............................................................................................................2<br />

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................. 3<br />

2.1 Aço Carbono .............................................................................................................................3<br />

2.2 Corrosão ...................................................................................................................................4<br />

2.2.1 Principais formas <strong>de</strong> corrosão ..............................................................................................5<br />

2.2.2 Proteção contra corrosão .....................................................................................................7<br />

2.3 Tratamento Termoquímico <strong>de</strong> Nitretação ................................................................................9<br />

2.3.1 Descrição do Plasma ......................................................................................................... 11<br />

2.3.2 Nitretação por Plasma ....................................................................................................... 16<br />

2.3.3 Formação <strong>de</strong> Nitretos ........................................................................................................ 18<br />

2.3.4 Composição da Camada Nitretada em Função dos Parâmetros ..................................... 21<br />

2.3.5 Camada <strong>de</strong> Compostos ..................................................................................................... 23<br />

2.4 Polímeros .............................................................................................................................. 30<br />

2.4.1 Polímeros Condutores ....................................................................................................... 30<br />

2.5 Polianilina .............................................................................................................................. 35<br />

2.5.1 Sintese da polianilina......................................................................................................... 37<br />

2.5.2 Aplicações dos polímeros condutores ............................................................................... 40<br />

2.5.3 Polianilina como revestimento protetor contra corrosão ................................................... 41<br />

2.6 Melamina ............................................................................................................................... 48<br />

2.6.1 Compósito <strong>de</strong> polianilina e melamina ................................................................................ 49<br />

2.7 Espectrometria no infravermelho da polianilina e melamina ................................................ 49<br />

3 MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................................. 52<br />

3.1 Preparação do Corpo <strong>de</strong> Prova ............................................................................................. 52<br />

3.2 Nitretação por Plasma ........................................................................................................... 53<br />

3.3 Reagentes ............................................................................................................................. 55<br />

3.4 Síntese dos polímeros ........................................................................................................... 56<br />

3.4.1 Síntese química do polímero <strong>de</strong> polianilina em meio aquoso e a frio ............................... 56


3.4.2 Síntese do Copolímero PAni/MM (proporção <strong>de</strong> 50/50) ................................................... 57<br />

3.4.3 Filmes poliméricos ............................................................................................................. 58<br />

3.5 Análises do aço ..................................................................................................................... 59<br />

3.5.1 Caracterização da composição química ........................................................................... 59<br />

3.5.2 Caracterização microestrutural da camada nitretada ....................................................... 59<br />

3.5.3 Caracterização da microdureza ........................................................................................ 59<br />

3.6 Ensaios <strong>de</strong> Corrosão ............................................................................................................. 60<br />

3.6.1 Névoa Salina ..................................................................................................................... 60<br />

3.6.2 Curvas <strong>de</strong> Polarização ...................................................................................................... 61<br />

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ........................................................................ 62<br />

4.1 Caracterização química do aço SAE 4144 ........................................................................... 62<br />

4.2 Tratamento Térmico e Caracterização do Perfil <strong>de</strong> Microdureza ......................................... 62<br />

4.3 Caracterização Microestrutural da Camada Nitretada .......................................................... 63<br />

4.4 Ensaios <strong>de</strong> Corrosão ............................................................................................................. 65<br />

4.4.1 Névoa Salina ..................................................................................................................... 65<br />

4.4.2 Caracterização da composição das superfícies através da Microscopia Eletrônica <strong>de</strong><br />

Varredura ( MEV) e análises <strong>de</strong> Energia Dispersiva <strong>de</strong> Raio X (EDX) . ..................................... 67<br />

4.4.3 Curva <strong>de</strong> Polarização ........................................................................................................ 73<br />

5 CONCLUSÕES ................................................................................................... 76<br />

6 SUGESTÕES DE TRABALHOS FUTUROS ....................................................... 77<br />

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 78


LISTA DE FIGURAS<br />

Figura 2.1– Ilustração das principais formas <strong>de</strong> corrosão (GENTIL,1996).................. 7<br />

Figura 2.2 – Representação esquemática das camadas <strong>de</strong> nitretação ( BALLES,<br />

2004). ................................................................................................................. 10<br />

Figura 2.3 – Diagrama <strong>de</strong> Lehrer (LEHRER, 1930). .................................................. 11<br />

Figura 2.4 – Curva característica <strong>de</strong> voltagem X corrente entre dois eletrodos, numa<br />

<strong>de</strong>scarga elétrica em gases (reproduzido <strong>de</strong> Vossen e Kern apresentado em<br />

FONTANA, 1991). .............................................................................................. 13<br />

Figura 2.5 – Distribuição do potencial em uma <strong>de</strong>scarga luminescente anormal<br />

(CHAPMAN, 1980). ............................................................................................ 15<br />

Figura 2.6 – Efeitos da colisão <strong>de</strong> íons na superfície catódica (BALLES, 2004). ...... 17<br />

Figura 2.7 - Interações do processo <strong>de</strong> bombar<strong>de</strong>amento iônico (ASM HANDBOOK,<br />

1994). ................................................................................................................. 18<br />

Figura 2.8 – Formação <strong>de</strong> nitretos FeN na superfície <strong>de</strong> uma amostra na nitretação a<br />

plasma segundo a hipótese <strong>de</strong> Kölbel (EDENHOFER, 1974). ........................... 19<br />

Figura 2.9 - Microestruturas das superfícies nitretadas. Nital 2%. 500x (PANNONI e<br />

PINEDO, 2006). ................................................................................................. 24<br />

Figura 2.10 – Curvas potenciodinâmicas do aço AISI 4140. (PANNONI e PINEDO,<br />

2006). ................................................................................................................. 26<br />

Figura 2.11 – Microestrutura da superfície do aço VP50 nitretada por 4 horas a<br />

500°C (OLIVEIRA et al., 2004). .......................................................................... 27<br />

Figura 2.12 – Curvas <strong>de</strong> polarização do aço VP50 antes e após Nitretação a Plasma<br />

a 500°C (OLIVEIRA et al., 2004). ....................................................................... 28<br />

Figura 2.13 – Microestrutura da superfície do aço VART 300 nitretado por 24 horas<br />

a 480°C (OLIVEIRA et al., 2004). ....................................................................... 29<br />

Figura 2.14 – Estrutura <strong>de</strong> alguns polímeros condutores em sua estrutura neutra<br />

(MENEZES,2007). ............................................................................................. 31


Figura 2.15 – Comparação da condutivida<strong>de</strong> dos PCs com alguns materiais on<strong>de</strong> PA<br />

= poliacetileno, PAni = polianilina, PP = politiofeno e PPi = polipirrol<br />

(MENEZES,2007). ............................................................................................. 32<br />

Figura 2.16 – Esquema da forma geral da PAni (FONTANA,1967). ........................ 35<br />

Figura 2.17 - Representação estrutural da forma reduzida da polianilina –<br />

Leucoesmeraldina (FONTANA, 1967)............................................................... 36<br />

Figura 2.18– Esquema da PAni na forma oxidada – Pernigranilina<br />

(FONTANA, 1967). ............................................................................................. 36<br />

Figura 2.19– Representação estrutural da Base Esmeraldina (FONTANA, 1967). . 36<br />

Figura 2.20– Representação estrutural da Sal Esmeraldina (FONTANA, 1967). ..... 37<br />

Figura 2.21– Aplicações tecnológicas dos polímeros condutores (MAIA et al., 2007).<br />

........................................................................................................................... 40<br />

Figura 2.22 - Esquema dos três diferentes mecanismos pelo qual a PAni po<strong>de</strong>....... 47<br />

Figura 2.23 - Espectro <strong>de</strong> infravermelho da polianilina sintetizada em H 2 O, a frio<br />

(RATES, 2006). .................................................................................................. 50<br />

Figura 2.24 - Espectro <strong>de</strong> infravermelho do copolímero PAni/MM (razão molar 50/50)<br />

(RATES, 2006). .................................................................................................. 50<br />

Figura 3.1 - Fotografia do reator utilizado no presente trabalho. ............................... 54<br />

Figura 4.1- Microestrutura da seção transversal das superfícies dos corpos <strong>de</strong> prova<br />

avaliados. (a) Amostra 1; (b) Amostra 2. ............................................................ 64<br />

Figura 4.2 - Fotografia das amostras antes da exposição ao ensaio <strong>de</strong> salt spray. (a)<br />

CNSP; (b) SNSP; (c) CNPAni/MM; (d) CNPAni; (e) SNPAni/MM; (f) SNPAni. ... 65<br />

Figura 4.3 - Fotografia das amostras após 5 horas <strong>de</strong> exposição ao ensaio <strong>de</strong> salt<br />

spray. (a) CNSP; (b) SNSP; (c) CNPAni/MM; (d) CNPAni; (e) SNPAni/MM;<br />

(f) SNPAni. ......................................................................................................... 66<br />

Figura 4.4 - Fotografia das amostras após 24 horas <strong>de</strong> exposição ao ensaio <strong>de</strong> salt<br />

spray. (a) CNSP; (b) SNSP; (c) CNPAni/MM; (d) CNPAni; (e) SNPAni/MM;<br />

(f) SNPAni. ......................................................................................................... 67


Figura 4.5 – EDX da superfície da amostra SNSP: (a) área periférica e (b) área<br />

central . .............................................................................................................. 68<br />

Figura 4.6 – EDX da superfície da amostra CNSP: (a) área i<strong>de</strong>ntificada no MEV. ... 69<br />

Figura 4.7 – Micrografia obtida por MEV da superfície da amostra CNSP com<br />

ampliação 40x. ................................................................................................... 69<br />

Figura 4.8 – EDX da superfície da amostra CNPAni: (a) área central da amostra. ... 70<br />

Figura 4.9– Micrografia obtida por MEV da superfície da amostra CNPAni com<br />

ampliação 40x: (a) CNPAni local submetido ao EDX. ........................................ 71<br />

Figura 4.10– EDX da superfície da amostra CNPAni/MM: (a) área central da<br />

amostra. ............................................................................................................. 72<br />

Figura 4.11– EDX da superfície das amostras na área central: (a) SNPAni/MM,<br />

(b) SNPAni. ........................................................................................................ 72<br />

Figura 4.12 – Micrografia obtida por MEV da superfície da amostra SNPAni/MM com<br />

ampliação 40x. ................................................................................................... 73<br />

Figura 4.13 – Curvas <strong>de</strong> polarição obtidas para as amostras: C) SNSP; D) CNSP;<br />

E) SNPAni; F) SNPAni/MM; G) CNPAni; H)CNPAni/MM. .................................. 74


LISTA DE TABELAS<br />

Tabela 2.1 – Principais parâmetros medidos após a Nitretação a Plasma ............... 25<br />

Tabela 2.2 – Atribuições das principais absorções dos espectros <strong>de</strong> infravermelho. 51<br />

Tabela 3.1 – Composição Química do aço SAE 4144 .............................................. 52<br />

Tabela 3.2 – Parâmetros <strong>de</strong> ajuste do processo <strong>de</strong> nitretação. ................................ 55<br />

Tabela 4.1 – Composição química do aço utilizado para a confecção das amostras.<br />

........................................................................................................................... 62<br />

Tabela 4.2 – Microdureza dos corpos <strong>de</strong> prova ao longo da profundida<strong>de</strong> da camada<br />

<strong>de</strong> difusão. .......................................................................................................... 63<br />

Tabela 4.3 – Valores semi quantitativos da amostra SNSP. ..................................... 68<br />

Tabela 4.4 – Valores semi quantitativos da amostra CNSP ...................................... 69<br />

Tabela 4.5 – Valores semi quantitativos da amostra CNPAni ................................... 70<br />

Tabela 4.6 – Valores semi quantitativos da amostra CNPAni/MM ............................ 71<br />

Tabela 4.7 – Valores semi quantitativos da amostra SNPAni/MM e SNPAni. ........... 73


LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS<br />

AISI - American Iron and Steel Institute<br />

BE<br />

- Base Esmeraldina<br />

BC<br />

- Bandas <strong>de</strong> condução<br />

BV<br />

- Banda <strong>de</strong> valência<br />

CCC - Estrutura cúbica <strong>de</strong> corpo centrado<br />

CFC - Estrutura cúbica <strong>de</strong> face centrada<br />

CC - Camada <strong>de</strong> compostos<br />

CSA - Ácido canforsulfônico<br />

CNSP - Aço SAE 4144 com nitretação e sem revestimento <strong>de</strong> polímero<br />

CNPAni - Aço SAE 4144 com nitretação e com revestimento <strong>de</strong> Pani<br />

CNPAni/MM - Aço SAE 4144 com nitretação e com revestimento <strong>de</strong> Pani/MM<br />

DMF - Dimetilformamida<br />

Ecorr - Potencial <strong>de</strong> corrosão<br />

LE<br />

- Leucoesmeraldina<br />

MEV - Microscopia eletrônica <strong>de</strong> varredura<br />

MM - Melanina<br />

NMP - N- metil-2-pirrolidona<br />

PAni - Polianilina<br />

PAni/MM - Poli(anilina-co-melamina)<br />

PIC - Polímero intrinsicamente condutor<br />

SAE - Society of Automotive Engineers<br />

SE<br />

- Sal esmeraldina<br />

SAE - Society of Automotive Engineers<br />

SNSP - Aço SAE 4144 sem nitretação e sem revestimento <strong>de</strong> polímero<br />

SNPAni - Aço SAE 4144 sem nitretação e com revestimento <strong>de</strong> PAni<br />

SNPAni/MM - Aço SAE 4144 sem nitretação e com revestimento <strong>de</strong> PAni/MM<br />

XPS - Espectroscopia Fotoeletrônica <strong>de</strong> Raio-X<br />

ZD<br />

- Zona <strong>de</strong> difusão


LISTA DE SÍMBOLOS<br />

γ’ - Nitreto <strong>de</strong> ferro (Fe4N)<br />

ε - Nitreto <strong>de</strong> ferro (Fe2-3N)<br />

γ - Austenita<br />

α” - Nitreto metaestável (austenita supersaturada ou expandida)<br />

e -<br />

G 0<br />

G +<br />

V p<br />

- Elétron livre<br />

- Gás no estado padrão<br />

- Gás iônico<br />

- Potencial <strong>de</strong> plasma


1<br />

1 INTRODUÇÃO<br />

A unificação dos mercados mundiais pela globalização das economias levou<br />

ao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> novos materiais que tem caracterizado uma nova fronteira<br />

científica em busca <strong>de</strong> redução <strong>de</strong> custos industriais. Em geral, aços são<br />

empregados para trabalho em diversos ramos. As proprieda<strong>de</strong>s necessárias são:<br />

resistência à <strong>de</strong>formação na temperatura <strong>de</strong> trabalho, resistência ao impacto,<br />

resistência à corrosão e ao <strong>de</strong>sgaste às temperaturas <strong>de</strong> serviço. Alguns aços são<br />

freqüentemente expostos a serviços que exigem resistência à corrosão, e minimizar<br />

seus efeitos tem sido um <strong>de</strong>safio para a indústria, uma vez que os materiais<br />

processados reagem com os metais e óxidos metálicos, acelerando a corrosão.<br />

A Nitretação por Plasma é uma tecnologia utilizada <strong>de</strong> forma crescente em<br />

todo o mundo e particularmente em crescimento no Brasil. Dentre os processos <strong>de</strong><br />

nitretação disponíveis industrialmente, a nitretação por plasma se <strong>de</strong>staca, em<br />

vantagem, por sua versatilida<strong>de</strong>, precisão e reprodutibilida<strong>de</strong> no controle sobre a<br />

metalurgia da superfície nitretada. Em aços e ligas especiais o controle dos<br />

principais parâmetros <strong>de</strong> processo com temperatura, tempo, composição da mistura<br />

gasosa aliam-se ao pleno conhecimento da composição química do substrato para<br />

gerar superfícies distintas com proprieda<strong>de</strong>s controladas principalmente no que se<br />

refere à capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> endurecimento e a melhora na resistência à corrosão.<br />

Dentre os polímeros condutores mais estudados, a polianilina (PAni) e seus<br />

<strong>de</strong>rivados se <strong>de</strong>stacam por apresentarem gran<strong>de</strong>s possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aplicações<br />

como proteção à corrosão. Uma das características importantes <strong>de</strong> usar polímeros<br />

condutores como camadas protetoras, é o potencial <strong>de</strong> redução para seu par redox.<br />

No caso específico da PAni, este potencial é positivo em relação ao do alumínio,<br />

ferro e cromo (TALLMAN,2002). A PAni é um condutor elétrico <strong>de</strong>vido ao sistema <strong>de</strong><br />

insaturação que apresenta. Associado a esta proprieda<strong>de</strong> ela é capaz <strong>de</strong> sofrer<br />

reações <strong>de</strong> oxi-redução quando em contato com metais, o que permite a PAni formar<br />

um filme <strong>de</strong> óxido passivo sobre estes. O potencial chave que a PAni oferece na<br />

proteção contra a corrosão é que seu revestimento é capaz <strong>de</strong> proteger o metal<br />

base mesmo se apresentar pequenas rachaduras. A base para este argumento é


2<br />

que sua cobertura ou filme é suficientemente capaz <strong>de</strong> esten<strong>de</strong>r o domínio da<br />

passivida<strong>de</strong> para regiões sem cobertura do metal, porém próximas ao filme.<br />

1.1 Objetivos<br />

O presente trabalho teve como objetivo avaliar a eficiência da resistência à<br />

corrosão promovida pela aplicação <strong>de</strong> filmes poliméricos <strong>de</strong> polianilina (PAni) e do<br />

copolímero poli(anilina-co-melamina) (PAni/MM) em aço SAE 4144 nitretado por<br />

plasma.<br />

1.1.1 Objetivos específicos<br />

Os objetivos específicos foram:<br />

- Verificar a proteção à corrosão proporcionada ao AÇO SAE 4144 pelo<br />

tratamento termoquímico <strong>de</strong> nitretação por plasma.<br />

- Avaliar o <strong>de</strong>sempenho dos filmes poliméricos PAni e PAni/MM aplicados<br />

como inibidores <strong>de</strong> corrosão em aço SAE4144 sem nitretação por plasma.<br />

- Avaliar o <strong>de</strong>sempenho dos filmes poliméricos PAni e PAni/MM aplicados<br />

como inibidores <strong>de</strong> corrosão em aço SAE4144 após a nitretação por plasma.<br />

.


Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 3<br />

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA<br />

Neste capítulo é apresentada a revisão <strong>de</strong> literatura dos assuntos<br />

fundamentais para a compreensão <strong>de</strong>ste trabalho. A seqüência dos tópicos<br />

apresentados é: Aço Carbono SAE; Corrosão; Tratamento Termoquímico <strong>de</strong><br />

Nitretação; Polímeros; Polianilina; Melamina.<br />

2.1 Aço Carbono<br />

A classificação dos aços segundo as normas da SAE (Society of Automotive<br />

Engineers - EUA) é a mais utilizada em todo o mundo para aços-carbono (aços sem<br />

adição <strong>de</strong> elementos <strong>de</strong> liga, além dos que permanecem em sua composição no<br />

processo <strong>de</strong> fabricação) e aços <strong>de</strong> baixa liga (aços com baixas porcentagens <strong>de</strong><br />

elementos <strong>de</strong> liga).<br />

A classificação SAE é baseada na composição química do aço. A cada<br />

composição normalizada pela SAE correspon<strong>de</strong> a uma numeração com 4 ou 5<br />

dígitos. A mesma classificação também é adotada pela AISI (American Iron and<br />

Steel Institute-EUA)<br />

Um extrato contendo exemplos das classificações <strong>de</strong> alguns aços mais comuns<br />

é apresentado na listagem a seguir.<br />

No total são previstas muitas <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> classificações. Nelas, os 2 dígitos<br />

finais XX indicam os centésimos da porcentagem <strong>de</strong> C (Carbono) contida no<br />

material, po<strong>de</strong>ndo variar entre 05, que correspon<strong>de</strong> a 0,05% <strong>de</strong> C, a 95, que<br />

correspon<strong>de</strong> a 0,95% <strong>de</strong> C. Se a porcentagem <strong>de</strong> C atinge ou ultrapassa 1,00%,<br />

então o final tem 3 dígitos (XXX) e a classificação tem um total <strong>de</strong> 5 dígitos.<br />

SAE 1XXX – Aço-Carbono<br />

SAE 10XX – aço-carbono simples (outros elementos em porcentagens<br />

<strong>de</strong>sprezíveis, teor <strong>de</strong> Mn <strong>de</strong> no máximo 1,0%)<br />

SAE 11XX – aço-carbono com S (Enxofre)<br />

SAE 12XX – aço-Carbono com S e P (Fósforo)<br />

SAE 13XX – aço com 1,6% a 1,9% <strong>de</strong> Mn (Manganês) (aço-Manganês)<br />

SAE 14XX – aço-Carbono com 0,10% <strong>de</strong> Nb (Nióbio)


Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 4<br />

SAE 15XX – aço-Carbono com teor <strong>de</strong> Mn <strong>de</strong> 1,0% a 1,65% (aço-Manganês)<br />

SAE 2XXX – aço-Níquel<br />

SAE 23XX – aço com Ni entre 3,25% e 3,75%<br />

SAE 25XX – aço com Ni entre 4,75% e 5,25%<br />

SAE 3XXX – aço-Níquel-Cromo<br />

SAE 31XX – aço com Ni entre 1,10% e 1,40% e com Cr entre 0,55% e 0,90%<br />

SAE 32XX – aço com Ni entre 1,50% e 2,00% e com Cr entre 0,90% e 1,25%<br />

SAE 33XX – aço com Ni entre 3,25% e 3,75% e com Cr entre 1,40% e 1,75%<br />

SAE 34XX – aço com Ni entre 2,75% e 3,25% e com Cr entre 0,60% e 0,95%<br />

SAE 4XXX – aço-Molibdênio<br />

SAE 40XX – aço com Mo entre 0,20% e 0,30%<br />

SAE 41XX – aço com Mo entre 0,08% e 0,25% e com Cr entre 0,40% e 1,20%<br />

SAE 43XX – aço com Mo entre 0,20% e 0,30%, com Cr entre 0,40% e 0,90% e<br />

com Ni entre 1,65% e 2,00%<br />

SAE 46XX – aço com Mo entre 0,15% e 0,30%, com Ni entre 1,40% e 2,00%<br />

SAE 47XX – aço com Mo entre 0,30% e 0,40%, com Cr entre 0,35% e 0,55% e<br />

com Ni entre 0,90% e 1,20%<br />

SAE 48XX – aço com Mo entre 0,20% e 0,30%, com Ni entre 3,25% e 3,75%<br />

2.2 Corrosão<br />

A corrosão po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>finida como a <strong>de</strong>terioração <strong>de</strong> um metal que se dá na<br />

sua superfície por ação química ou eletroquímica do meio em que se encontra. A<br />

<strong>de</strong>terioração <strong>de</strong> concreto, borracha, ma<strong>de</strong>ira e polímeros sintéticos, ou seja, material<br />

não metálico, também é consi<strong>de</strong>rada como corrosão (GENTIL,1996; UHLIG,1971).<br />

Alguns autores (POTTER, 1956; HOAR,1961; VERNON,1978) consi<strong>de</strong>ram que o<br />

termo corrosão compreen<strong>de</strong> todas as interações <strong>de</strong> materiais com diferentes meios.<br />

Sendo a corrosão um processo espontâneo, faz-se necessário o uso <strong>de</strong> mecanismos<br />

<strong>de</strong> proteção, pois os metais sofrem transformações, que ocasionam a perda da sua<br />

função.<br />

A corrosão em aços carbono po<strong>de</strong> ocorrer sob diferentes formas<br />

consi<strong>de</strong>rando-se a sua aparência ou forma <strong>de</strong> ataque (GENTIL,1996; FONTANA,<br />

1967; SHREIR, 1976).


Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 5<br />

2.2.1 Principais formas <strong>de</strong> corrosão<br />

Segue um breve <strong>de</strong>scritivo das principais formas <strong>de</strong> corrosão que as ligas <strong>de</strong><br />

aço carbono po<strong>de</strong>m sofrer (GENTIL, 1996).<br />

Corrosão uniforme: quando a corrosão se processa <strong>de</strong> modo generalizado<br />

em toda a superfície ocorrendo perda uniforme <strong>de</strong> espessura. Essa forma <strong>de</strong><br />

corrosão, do ponto <strong>de</strong> vista técnico, não envolve muita preocupação, uma vez que a<br />

vida dos equipamentos po<strong>de</strong> ser estimada, baseando-se em simples testes<br />

comparativos ou consultando tabelas <strong>de</strong> dados <strong>de</strong> perda <strong>de</strong> espessura por corrosão.<br />

Esta forma é comum em metais que não formam películas protetoras, como<br />

resultado do ataque.<br />

Corrosão intergranular: quando o ataque se manifesta entre os grãos da<br />

re<strong>de</strong> cristalina do material metálico, o qual per<strong>de</strong> suas proprieda<strong>de</strong>s mecânicas e<br />

po<strong>de</strong> fraturar quando solicitado esforços mecânicos, tendo-se então a corrosão sob<br />

tensão fraturante.<br />

Corrosão Intragranular: a corrosão se processa no interior dos grãos da<br />

re<strong>de</strong> cristalina do material metálico, proporcionando a perda das proprieda<strong>de</strong>s<br />

mecânicas, o material metálico po<strong>de</strong>rá fraturar à menor solicitação mecânica, tendose<br />

também a corrosão sob tensão fraturante.<br />

Corrosão em placas: quando os produtos <strong>de</strong> corrosão formam-se em placas<br />

que se <strong>de</strong>spren<strong>de</strong>m progressivamente. É comum em metais que formam película<br />

inicialmente protetora, mas que, ao se tornarem espessas, fraturam e per<strong>de</strong>m<br />

a<strong>de</strong>rência, expondo o metal a novo ataque.<br />

Corrosão alveolar: quando o <strong>de</strong>sgaste provocado pela corrosão se dá sob<br />

forma localizada, com o aspecto <strong>de</strong> crateras. É freqüente em metais formadores <strong>de</strong><br />

películas semiprotetoras ou quando se tem corrosão sob <strong>de</strong>pósito, como no caso da<br />

corrosão por aeração diferencial.<br />

Corrosão puntiforme (pite): quando o <strong>de</strong>sgaste provocado pela corrosão se<br />

dá <strong>de</strong> forma muito localizada e <strong>de</strong> alta intensida<strong>de</strong>, geralmente com profundida<strong>de</strong><br />

maior que o diâmetro e bordos angulosos. A corrosão por pite é freqüente em metais<br />

formadores <strong>de</strong> películas protetoras, em geral passivas, que, sob a ação <strong>de</strong> certos<br />

agentes agressivos, são <strong>de</strong>struídas em pontos localizados, os quais se tornam


Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 6<br />

ativos, possibilitando corrosão muito intensa. Exemplo comum é representado pelas<br />

ligas <strong>de</strong> aço carbono em meios que contém cloretos ou em aço inoxidável.<br />

Corrosão filiforme: é um tipo <strong>de</strong> corrosão que se processa sob filmes <strong>de</strong><br />

revestimentos, especialmente <strong>de</strong> pintura, propagam-se em diferentes direções e não<br />

se cruzam. Ocorre muito quando a umida<strong>de</strong> relativa do ar é maior que 85% e em<br />

revestimentos mais permeáveis à penetração <strong>de</strong> oxigênio e água ou apresentando<br />

falhas.<br />

Empolamento pelo Hidrogênio: O hidrogênio no estado nascente (atômico)<br />

tem gran<strong>de</strong> capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> difusão em materiais metálicos. Então, se o hidrogênio<br />

for gerado na superfície <strong>de</strong> um material, ele migra para o interior e acumula-se em<br />

falhas existentes. O hidrogênio acumulado passa da forma nascente a molecular e<br />

provoca o aparecimento <strong>de</strong> altas pressões no interior da falha. As tensões oriundas<br />

da pressão do gás po<strong>de</strong>rão ser suficientes para escoar o material e, nesse caso, os<br />

danos são irreversíveis, ou apenas para torná-lo mais frágil, entretanto com a<br />

eliminação do hidrogênio, o material voltará às suas condições normais. As<br />

principais causas do aparecimento <strong>de</strong> hidrogênio po<strong>de</strong>m ser: processos <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>capagem ácida, <strong>de</strong>composição da umida<strong>de</strong> e água <strong>de</strong> cristalização contida em<br />

alguns tipo <strong>de</strong> revestimento <strong>de</strong> eletrodo que gera hidrogênio atômico no processo <strong>de</strong><br />

soldagem por eletrodo revestido, reações catódicas em estruturas protegidas<br />

catodicamente, ações <strong>de</strong> gases ricos em hidrogênio.<br />

A Figura 2.1 mostra a ilustração das formas <strong>de</strong> corrosão citadas.


Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 7<br />

Figura 2.1– Ilustração das principais formas <strong>de</strong> corrosão (GENTIL,1996).<br />

2.2.2 Proteção contra corrosão<br />

Nos processos <strong>de</strong> corrosão as reações conhecidas como oxi-redução<br />

envolvem a troca <strong>de</strong> elétrons entre duas espécies diferentes. O conhecimento dos<br />

mecanismos das reações envolvidas nos processos corrosivos é pré-requisito para<br />

um controle efetivo na minimização <strong>de</strong> cada caso <strong>de</strong> corrosão. Muitos métodos<br />

práticos são propostos para inibir ou retardar a velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong>stas reações, e<br />

consistem, basicamente, em modificar o meio corrosivo ou aplicar um revestimento<br />

protetor sobre o metal. Seguem as <strong>de</strong>scrições dos métodos mais utilizados.<br />

- Método baseado na modificação do meio corrosivo: po<strong>de</strong> ser feito por meio<br />

<strong>de</strong> agentes inibidores, que são substâncias ou misturas <strong>de</strong> substâncias capazes <strong>de</strong><br />

reduzir ou eliminar a corrosão quando presentes no meio, pela adsorsão <strong>de</strong>stas ao<br />

metal ou pela reação com o produto das reações anódicas ou catódicas.


Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 8<br />

- Método baseado na modificação do processo: Este método leva em conta o<br />

projeto <strong>de</strong> estrutura metálica, as condições da superfície do metal e a aplicação da<br />

proteção catódica.<br />

- Método baseado na modificação do metal: Para esta metodologia po<strong>de</strong>m ser<br />

utilizados os tratamentos térmicos dos metais, adição <strong>de</strong> elementos <strong>de</strong> liga e o<br />

aumento da pureza do metal ou da liga.<br />

- Método baseado nos revestimentos protetores: A proteção por meio <strong>de</strong><br />

revestimentos po<strong>de</strong>, por sua vez, ser feita <strong>de</strong> diversas formas. A cobertura por<br />

revestimentos metálicos po<strong>de</strong> ser feita com metais ou ligas metálicas mais nobres<br />

que o metal base (tratamento químico ou eletroquímico da superfície metálica), ou<br />

por metais menos nobres que o metal base, também conhecidos como<br />

revestimentos <strong>de</strong> sacrifício. Uma forma muito utilizada para proteção contra a<br />

corrosão, consiste em aplicar um revestimento orgânico, o qual tem a função básica<br />

<strong>de</strong> isolar o metal base do meio, além da função <strong>de</strong>corativa (tintas, resinas,<br />

polímeros, etc). Observa-se, entretanto, que alguns metais apresentam um<br />

comportamento diferente do que seria esperado, não apresentando corrosão em<br />

meios propícios para isto. Diz-se nestes casos que o metal sofreu outro fenômeno,<br />

conhecido pelo nome <strong>de</strong> passivação. A passivação não impe<strong>de</strong> o metal <strong>de</strong> se oxidar,<br />

mas diminui consi<strong>de</strong>ravelmente sua velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> oxidação em <strong>de</strong>terminados<br />

meios, <strong>de</strong>vido a formação <strong>de</strong> uma camada <strong>de</strong> óxido protetora na sua superfície. Esta<br />

camada formada é <strong>de</strong>lgada, insolúvel e não-porosa e atua como uma barreira entre<br />

o metal e o meio.<br />

Uma alternativa que vem <strong>de</strong>monstrando ser promissora para a proteção<br />

contra a corrosão <strong>de</strong> ligas <strong>de</strong> aços carbono é o uso <strong>de</strong> recobrimento a base <strong>de</strong><br />

polímeros condutores. Estes po<strong>de</strong>m ser os únicos constituintes <strong>de</strong>stas películas, ou<br />

então um dos componentes parciais como, por exemplo, uma mistura polimérica<br />

(blendas ou compósitos). A utilização <strong>de</strong>stas películas baseadas em polímeros<br />

condutores se <strong>de</strong>ve a condutivida<strong>de</strong> <strong>de</strong>stes materiais, que varia <strong>de</strong> 10 -11 a 10 5 Scm -1<br />

e também pelas características redox dos mesmos (KANATZIDIS,1990).


Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 9<br />

2.3 Tratamento Termoquímico <strong>de</strong> Nitretação<br />

Na metalurgia o tratamento superficial <strong>de</strong> nitretação é <strong>de</strong>finido como um<br />

tratamento termoquímico que envolve a introdução <strong>de</strong> nitrogênio na forma atômica,<br />

por difusão, no interior do reticulado cristalino <strong>de</strong> ligas ferrosas, no campo <strong>de</strong><br />

estabilida<strong>de</strong> da ferrita, em temperaturas normalmente na faixa <strong>de</strong> 500 a 590 o C, com<br />

o objetivo <strong>de</strong> conferir-lhe proprieda<strong>de</strong>s específicas, como: elevada dureza superficial<br />

e resistência ao <strong>de</strong>sgaste; alta resistência ao revenimento e elevada dureza a<br />

quente, maior resistência à fadiga, e à corrosão (THELNING,1975; PINEDO, 2004).<br />

Estas proprieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong>vem-se à formação <strong>de</strong> nitretos na superfície e a difusão <strong>de</strong><br />

nitrogênio na forma atômica ou combinada para o interior do material.<br />

Depen<strong>de</strong>ndo dos parâmetros <strong>de</strong> processo, no ferro, a nitretação po<strong>de</strong><br />

produzir duas camadas ou zonas superficiais distintas. A Figura 2.2 mostra uma<br />

representação esquemática das camadas <strong>de</strong> nitretação.<br />

a camada mais externa, constituída por uma ou duas fases <strong>de</strong> nitretos<br />

<strong>de</strong> ferro ’-Fe 4 N e/ou -Fe 2-3 N, e outros nitretos <strong>de</strong> elementos <strong>de</strong> liga<br />

presente, é <strong>de</strong>nominada “camada <strong>de</strong> compostos”, também conhecida<br />

como camada branca <strong>de</strong>vido à coloração característica quando<br />

observadas em ensaios metalográficos que empregam solução <strong>de</strong> nital<br />

2% para a realização do ataque químico.<br />

a zona <strong>de</strong> difusão é a região sob a camada <strong>de</strong> nitretos, formada pela<br />

difusão do nitrogênio no metal. A dureza na zona <strong>de</strong> difusão é<br />

caracterizada pela variação <strong>de</strong> composição do elemento nitrogênio ao<br />

longo da profundida<strong>de</strong> da mesma (BORGIOLI et al., 2002).


Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 10<br />

Figura 2.2 – Representação esquemática das camadas <strong>de</strong> nitretação ( BALLES,<br />

2004).<br />

O diagrama <strong>de</strong> fases Ferro-Nitrogênio (METALS HANDBOOK, 1973) mostra<br />

que a solubilida<strong>de</strong> máxima <strong>de</strong> nitrogênio na ferrita é da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 0,1 % em massa.<br />

Quando o teor <strong>de</strong> nitrogênio ultrapassa o limite <strong>de</strong> solubilida<strong>de</strong> ocorre a precipitação<br />

<strong>de</strong> compostos intermetálicos <strong>de</strong>nominados nitretos. O primeiro nitreto a se formar é<br />

<strong>de</strong>nominado <strong>de</strong> ’, <strong>de</strong> estequiometria Fe 4 N, com reticulado cristalino Cúbico <strong>de</strong> Face<br />

Centrada e com uma composição <strong>de</strong> nitrogênio próxima <strong>de</strong> 5,9% em massa, estável<br />

até a temperatura <strong>de</strong> 680 o C. Caso o teor <strong>de</strong> nitrogênio exceda o valor <strong>de</strong> 6,1% em<br />

massa, ocorre a precipitação simultânea do nitreto ε, <strong>de</strong> estequiometria Fe 2-3 N, com<br />

estrutura cristalina Hexagonal Compacta. Para teores <strong>de</strong> nitrogênio acima <strong>de</strong> 8%, o<br />

único nitreto presente será o tipo ε. No ferro po<strong>de</strong> ocorrer a precipitação do nitreto<br />

metaestável α” (METALS HANDBOOK, 1973; MRIDHA et al., 1982). A precipitação<br />

<strong>de</strong>stes nitretos ocorre na formação da camada <strong>de</strong> compostos, e na zona <strong>de</strong> difusão,<br />

on<strong>de</strong> estes nitretos se precipitam <strong>de</strong> forma intragranular fina e homogênea e na<br />

forma <strong>de</strong> nitretos intergranulares. Porém, além do diagrama <strong>de</strong> fases Fe-N, é<br />

necessário avaliar as condições <strong>de</strong> equilíbrio do sistema sólido/gás na nitretação<br />

em função do potencial <strong>de</strong> nitretação. O diagrama <strong>de</strong> Lehrer (1930), Figura 2.3,<br />

permite esclarecer como po<strong>de</strong> ser realizado o controle sobre a metalurgia da<br />

superfície nitretada utilizando como variável a pressão parcial <strong>de</strong> nitrogênio, ou do<br />

potencial <strong>de</strong> nitretação. Nas temperaturas usuais <strong>de</strong> nitretação, linha tracejada, o<br />

equilíbrio <strong>de</strong> fases <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do potencial <strong>de</strong> nitrogênio <strong>de</strong> forma que um aumento na<br />

pressão parcial <strong>de</strong> nitrogênio ou da ativida<strong>de</strong> do nitrogênio dissolvido <strong>de</strong>sloca o


Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 11<br />

equilíbrio <strong>de</strong> Fe-α” para nitreto tipo ’ e <strong>de</strong> nitreto ’ para <strong>de</strong> nitreto tipo ε (PINEDO,<br />

2004).<br />

Figura 2.3 – Diagrama <strong>de</strong> Lehrer (LEHRER, 1930).<br />

Os processos mais utilizados industrialmente são a nitretação em banhos <strong>de</strong><br />

sais fundidos, <strong>de</strong>nominado <strong>de</strong> Nitretação Líquida, a nitretação com atmosfera<br />

gasosa <strong>de</strong> amônia, <strong>de</strong>nominado <strong>de</strong> Nitretação Gasosa e a nitretação por plasma<br />

<strong>de</strong>nominado <strong>de</strong> Nitretação <strong>de</strong> Plasma Pulsado também conhecido como nitretação<br />

em <strong>de</strong>scarga luminescente.<br />

2.3.1 Descrição do Plasma<br />

O termo plasma é utilizado para <strong>de</strong>signar um meio gasoso formado por cargas<br />

elétricas que permitem a condução <strong>de</strong> energia elétrica. Estas cargas elétricas são<br />

elétrons, átomos ou moléculas ionizadas, sendo que a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cargas<br />

positivas (íons positivos) <strong>de</strong>ve ser igual a <strong>de</strong> cargas negativas (íons negativos) e<br />

elétrons). Isto faz com que um plasma seja, na média, eletricamente neutro.<br />

Para que ocorra a ionização das moléculas ou átomos presentes em um gás, é<br />

necessário que energia seja fornecida a este meio. O primeiro cientista a iniciar as<br />

pesquisas efetivas sobre plasma foi Michael Faraday, em 1830, que começou a<br />

realizar estudos sobre <strong>de</strong>scargas elétricas na atmosfera e seus efeitos nas reações


Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 12<br />

químicas induzidas. Durante suas pesquisas ele observou estruturas gasosas<br />

luminosas, que indicavam um novo estado da matéria. Este fenômeno é proveniente<br />

<strong>de</strong> reações químicas e nucleares a altas temperaturas. Como o plasma está em<br />

uma temperatura muito alta, a agitação <strong>de</strong> seus átomos é tão gran<strong>de</strong> que as<br />

colisões entre partículas é freqüente, não po<strong>de</strong>ndo mais o átomo ser mantido coeso.<br />

Essa intensa agitação das partículas provoca a ionização quase que total dos<br />

átomos constituintes.<br />

Porém o plasma po<strong>de</strong> ser produzido quando se aplica uma diferença <strong>de</strong><br />

potencial em um gás a uma pressão suficientemente baixa. O fenômeno é possível<br />

porque em qualquer massa <strong>de</strong> gás existem íons e elétrons livres que po<strong>de</strong>m ser<br />

acelerados por um campo elétrico aplicado. Assim, um gás não condutor é<br />

convertido em um gás mais ou menos condutor (gás iônico). As colisões entre<br />

elétrons energizados e átomos do gás resultam na produção <strong>de</strong> mais íons e elétrons<br />

através da seguinte combinação: (SOUSA, 2006).<br />

0 <br />

e G G 2<br />

e<br />

<br />

(2.1)<br />

On<strong>de</strong> G o é o átomo ou molécula do gás no estado fundamental e G + representa<br />

um íon <strong>de</strong>ste gás.<br />

Devido a essa produção <strong>de</strong> cargas, é gerada uma corrente elétrica que varia<br />

com a diferença <strong>de</strong> potencial entre os eletrodos, como mostra a curva da Figura 2.4


Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 13<br />

Figura 2.4 – Curva característica <strong>de</strong> voltagem X corrente entre dois eletrodos, numa<br />

<strong>de</strong>scarga elétrica em gases (reproduzido <strong>de</strong> Vossen e Kern apresentado em<br />

FONTANA, 1991).<br />

Esta curva possui três regiões distintas: na primeira a corrente é baixa porque<br />

é proporcional a velocida<strong>de</strong> com que os íons po<strong>de</strong>m mover-se para os eletrodos.<br />

Nestas condições o gás comporta-se como mal condutor. A medida que a voltagem<br />

aumenta, também aumentará a velocida<strong>de</strong> dos íons e elétrons, que serão<br />

neutralizados nos eletrodos. Isto aumenta o coeficiente <strong>de</strong> recombinação e,<br />

<strong>de</strong>cresce a taxa <strong>de</strong> aumento da corrente com a voltagem. Se o ritmo <strong>de</strong> produção <strong>de</strong><br />

íons e elétrons permanece constante ao se aumentar a voltagem, chega-se a<br />

corrente <strong>de</strong> saturação. Continuando a aumentar a voltagem entre os eletrodos, a<br />

corrente aumentará porque elétrons adicionais serão produzidos. Devido a esses<br />

eletrodos adicionais uma avalanche <strong>de</strong> cargas é produzida e uma tensão <strong>de</strong> ruptura<br />

surge como resposta do circuito externo a esta variação brusca <strong>de</strong> corrente. A<br />

<strong>de</strong>scarga entre a corrente <strong>de</strong> saturação e a tensão <strong>de</strong> ruptura, é <strong>de</strong>nominada <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>scarga <strong>de</strong> “Townsend” (JONES et.al., 1973).<br />

Nestas condições íons, fótons e partículas neutras começam a bombar<strong>de</strong>ar o<br />

cátodo, produzindo elétrons secundários que vão tornar a <strong>de</strong>scarga auto-sustentada.<br />

Os elétrons secundários são então acelerados e interagem com os átomos ou<br />

moléculas do gás residual, produzindo pares íons-elétrons através <strong>de</strong> colisão


Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 14<br />

inelástica. Os íons são acelerados para o cátodo e produzem novos elétrons<br />

secundários. Como resultado <strong>de</strong>stas colisões, mais elétrons são produzidos e<br />

acelerados pelo campo elétrico, tornando o processo em ca<strong>de</strong>ia, até atingir um<br />

equilíbrio entre colisões e ionização. As colisões mais importantes são as inelásticas,<br />

conduzindo a excitação e ionização. Como o estado excitado é um estado instável, o<br />

átomo ten<strong>de</strong> a retornar ao seu estado fundamental, o que ocorre pelo <strong>de</strong>caimento<br />

dos elétrons a estados inferiores resultando na emissão <strong>de</strong> luz (fótons), processo<br />

este responsável pela luminescência no plasma.<br />

O gás se tornará brilhante e haverá uma queda <strong>de</strong> tensão até um patamar<br />

mínimo. Essa região é <strong>de</strong>nominada <strong>de</strong> <strong>de</strong>scarga normal. Quando a voltagem é<br />

aumentada ainda mais, uma maior intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> corrente é observada e a<br />

<strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> corrente torna-se uma função da voltagem para uma pressão<br />

constante. Esta região usada em processos <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição por plasma, por ter maior<br />

<strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> corrente e, portanto maior eficiência, além <strong>de</strong> proporcionar um<br />

tratamento superficial uniforme, é <strong>de</strong>nominada <strong>de</strong> região “anormal” (ALVES JR,<br />

2001). Na <strong>de</strong>scarga anômala, existe uma série <strong>de</strong> espaços escuros e luminosos que<br />

po<strong>de</strong>m ser distinguidos pela distribuição <strong>de</strong> potencial, <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cargas e<br />

corrente (SOUSA, 2006)<br />

A <strong>de</strong>scarga luminescente anormal é caracterizada por uma <strong>de</strong>pendência<br />

linear da corrente com a tensão. Na Figura 2.5 observa-se a existência <strong>de</strong> um campo<br />

elétrico nas regiões anódica e catódica. Na região luminescente, o campo elétrico é<br />

nulo. Em virtu<strong>de</strong> disso, a região luminescente permanece num potencial constante<br />

V p (potencial <strong>de</strong> plasma), que é da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 10V. Isso ocorre pelo fato <strong>de</strong> que a<br />

energia cinética média dos elétrons é muito maior que a dos íons, fazendo com que<br />

os elétrons escapem mais rapidamente <strong>de</strong>sta região, <strong>de</strong>ixando-a com um potencial<br />

ligeiramente positivo (CHAPMAN, 1980).


Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 15<br />

Figura 2.5 – Distribuição do potencial em uma <strong>de</strong>scarga luminescente anormal<br />

(CHAPMAN, 1980).<br />

Na região anódica, o potencial <strong>de</strong>cresce <strong>de</strong> V p até zero, e na região catódica, o<br />

potencial <strong>de</strong>cresce <strong>de</strong> V p até o potencial negativo do cátodo. Isso mostra que o<br />

campo elétrico na região catódica é muito mais intenso que na região anódica,<br />

possibilitando aos elétrons e íons adquirirem energia <strong>de</strong> magnitu<strong>de</strong> superior na<br />

região catódica. Se aplicarmos, por exemplo, uma tensão <strong>de</strong> - 400V ao cátodo, essa<br />

energia será da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 410V na região catódica e <strong>de</strong> apenas 10V na região<br />

anódica.<br />

Quando um íon se encontra na região catódica, proveniente da região<br />

luminescente, ele é acelerado em direção ao cátodo po<strong>de</strong>ndo chocar-se contra este.<br />

O efeito <strong>de</strong>stes choques é a produção <strong>de</strong> um elétron secundário, que também é<br />

acelerado, só que <strong>de</strong>sta vez, em direção à região luminescente. Neste percurso, o<br />

elétron se choca com as partículas neutras do gás, causando ionizações,<br />

dissociações ou excitações. Já os elétrons provenientes da região luminescente só<br />

alcançarão o ânodo se tiverem energia maior ou igual a V p . Caso contrário, eles<br />

serão reinjetados para a região luminescente (CHAPMAN, 1980).<br />

É na região luminescente que ocorre a maioria das ionizações, causada pela<br />

gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> elétrons secundários provenientes da bainha catódica, e a<br />

produção <strong>de</strong> átomos e moléculas no estado excitado. Estes átomos e moléculas, na<br />

gran<strong>de</strong> maioria das vezes, <strong>de</strong>volvem, toda ou parte da energia absorvida da<br />

interação elétron-átomo/molécula na forma <strong>de</strong> radiação. É <strong>de</strong>vido a esse fenômeno


Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 16<br />

que esta região recebe o nome <strong>de</strong> região luminescente. A dissociação, que é outra<br />

reação que ocorre nesta região, é <strong>de</strong>vido ao choque inelástico entre os elétrons e as<br />

moléculas do gás (CONRADS & SCHIMIDT, 2000; CHAPMAN, 1980).<br />

2.3.2 Nitretação por Plasma<br />

O tratamento termoquímico <strong>de</strong> nitretação por plasma tem sido utilizado como<br />

um processo eficiente para otimizar as proprieda<strong>de</strong>s superficiais <strong>de</strong> aços e ligas com<br />

o objetivo <strong>de</strong> elevar a resistência ao <strong>de</strong>sgaste, à fadiga e à corrosão. A nitretação a<br />

plasma tem se mostrado como uma opção viável com vantagens em relação aos<br />

processos convencionais, gasoso e líquido como:<br />

- baixa temperatura <strong>de</strong> tratamento;<br />

- redução do tempo <strong>de</strong> tratamento;<br />

- automação completa do processo;<br />

- uniformida<strong>de</strong> da camada nitretada;<br />

- mais econômico <strong>de</strong>vido a redução <strong>de</strong> custos com relação ao uso da energia<br />

elétrica e do gás envolvido;<br />

- menos poluente.<br />

Além das vantagens citadas acima na nitretação por plasma também é<br />

possível um maior número <strong>de</strong> parâmetros. Para um mesmo aço é possível variar o<br />

tipo <strong>de</strong> nitreto formado na camada <strong>de</strong> compostos. (ALVES JR., 2000).<br />

O plasma está constituído por um gás parcialmente ionizado, contendo íons e<br />

elétrons em equilíbrio dinâmico, sendo que o sistema mantém a neutralida<strong>de</strong><br />

globalmente. Os íons são acelerados na direção do material <strong>de</strong>vido à aplicação <strong>de</strong><br />

um campo elétrico negativo nas peças a serem tratadas. Estes íons neutralizam-se e<br />

penetram por difusão térmica no corpo do material. É importante salientar que a<br />

presença <strong>de</strong> oxigênio (em geral ar residual) <strong>de</strong>ve ser controlada para permitir uma<br />

boa formação da camada nitretada.<br />

Os íons formados na região luminescente são acelerados <strong>de</strong> modo a<br />

bombar<strong>de</strong>arem a superfície do cátodo, ocasionando uma série <strong>de</strong> fenômenos<br />

capazes <strong>de</strong> contribuir <strong>de</strong>cisivamente no processo <strong>de</strong> nitretação e na própria<br />

manutenção do plasma.


Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 17<br />

O efeito <strong>de</strong> bombar<strong>de</strong>amento <strong>de</strong> íons <strong>de</strong> alta energia na superfície catódica<br />

po<strong>de</strong> produzir a ejeção <strong>de</strong> átomos da amostra conforme Figura 2.6. Este fenômeno,<br />

chamado <strong>de</strong> pulverização catódica (sputtering), é responsável pela presença dos<br />

átomos <strong>de</strong> ferro presentes no plasma durante a nitretação. Elétrons secundários<br />

também po<strong>de</strong>rão ser ejetados da superfície da amostra. Estes elétrons, repelidos<br />

pelo cátodo, adquirem energia suficiente para ionizar espécies neutras do gás,<br />

assegurando a manutenção do plasma (ASM HANDBOOK, 1994).<br />

Ao chocar-se com a superfície, os íons po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ar um efeito <strong>de</strong><br />

colisão em cascata entre os átomos da re<strong>de</strong> cristalina da amostra, produzindo uma<br />

reorganização estrutural do material, gerando e <strong>de</strong>slocando <strong>de</strong>feitos <strong>de</strong> re<strong>de</strong>, nas<br />

vizinhanças do ponto <strong>de</strong> impacto. Estes <strong>de</strong>feitos contribuem <strong>de</strong> maneira significativa<br />

na difusão do nitrogênio. Os íons inci<strong>de</strong>ntes po<strong>de</strong>m ser refletidos, provavelmente<br />

com perda <strong>de</strong> energia. Com o impacto, íons po<strong>de</strong>m ser implantados na estrutura<br />

cristalina do alvo. Este fenômeno raramente ocorre na nitretação, pois a implantação<br />

do nitrogênio no aço necessita <strong>de</strong> energias entre 10 a 500 keV. Estes valores são<br />

cerca <strong>de</strong> 3 or<strong>de</strong>ns <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>za superiores às voltagens utilizadas na nitretação a<br />

plasma. Cabe aqui mencionar, que implantação iônica é uma técnica <strong>de</strong> não<br />

equilíbrio, que permite introduzir nitrogênio em uma amostra sem <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r <strong>de</strong><br />

barreiras termodinâmicas tais como a difusibilida<strong>de</strong> e a solubilida<strong>de</strong> (ASM<br />

HANDBOOK, 1994).<br />

Figura 2.6 – Efeitos da colisão <strong>de</strong> íons na superfície catódica (BALLES, 2004).


Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 18<br />

Uma gran<strong>de</strong> parte da energia das partículas ao serem refletidas ou<br />

implantadas na superfície do alvo, é transferida em forma <strong>de</strong> calor. Cerca <strong>de</strong> 90% da<br />

energia das partículas inci<strong>de</strong>ntes é perdida sob forma <strong>de</strong> calor para o aquecimento<br />

do alvo. Parte <strong>de</strong>sta energia é absorvida para aquecer o cátodo enquanto outra<br />

parte é dissipada por radiação, convencção ou condução para as pare<strong>de</strong>s e o meio<br />

<strong>de</strong> reação (ALVES Jr., 2000). A Figura 2.7 apresenta as interações que po<strong>de</strong>m<br />

ocorrer na superfície do material submetido ao processo <strong>de</strong> bombar<strong>de</strong>amento iônico.<br />

Figura 2.7 - Interações do processo <strong>de</strong> bombar<strong>de</strong>amento iônico (ASM HANDBOOK,<br />

1994).<br />

2.3.3 Formação <strong>de</strong> Nitretos<br />

Os mecanismos <strong>de</strong> formação dos nitretos no processo <strong>de</strong> nitretação a plasma<br />

ainda não foram bem esclarecidos, porém, a maioria dos estudos neste sentido<br />

convergem em duas hipóteses.<br />

O mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> nitretação iônica, apresentado por Kölbel (1965) e <strong>de</strong>scrito por<br />

E<strong>de</strong>nhofer (1974), cita que <strong>de</strong>vido a aceleração dos íons provenientes da formação<br />

do plasma, há bombar<strong>de</strong>amento <strong>de</strong>stes íons com a superfície do material, fazendo


Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 19<br />

com que o material se aqueça e haja uma limpeza da superfície e pulverização<br />

catódica (sputtering) <strong>de</strong> átomos <strong>de</strong> Ferro. Em seguida, ocorre a reação do nitrogênio<br />

atômico com o Fe pulverizado. Em razão das colisões com átomos ou moléculas na<br />

fase gasosa, parte do FeN formado é retro<strong>de</strong>positado. Na seqüência ocorre a<br />

<strong>de</strong>composição <strong>de</strong> FeN metaestável em Fe 2 N – Fe 3 N com a formação da fase , ou<br />

até <strong>de</strong>composição <strong>de</strong> FeN em Fe 4 N (fase ’). Após a <strong>de</strong>composição<br />

supramencionada <strong>de</strong> FeN metaestável em Fe 2-3 N ou Fe 4 N, conforme ilustra a Figura<br />

2.8, o nitrogênio exce<strong>de</strong>nte difun<strong>de</strong> no material e forma a camada nitretada.<br />

Figura 2.8 – Formação <strong>de</strong> nitretos FeN na superfície <strong>de</strong> uma amostra na nitretação a<br />

plasma segundo a hipótese <strong>de</strong> Kölbel (EDENHOFER, 1974).<br />

Outro mo<strong>de</strong>lo proposto por Hudis (1973) é baseado na produção <strong>de</strong> espécies<br />

reativas no plasma, principalmente NH + j . Durante a <strong>de</strong>scarga elétrica, ocorrem<br />

reações físico-químicas nos gases que compõem o meio <strong>de</strong> reação. Assim, elétrons<br />

livres ganham energia, do campo elétrico entre os eletrôdos, e a per<strong>de</strong>m por meio <strong>de</strong><br />

colisões com as moléculas e átomos neutros do gás <strong>de</strong> <strong>de</strong>scarga. A transferência <strong>de</strong><br />

energia para as moléculas e átomos leva à formação <strong>de</strong> uma varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> espécies<br />

reativas, incluindo átomos neutros, radicais livres, átomos e moléculas ionizadas ou<br />

excitadas conforme <strong>de</strong>scrito abaixo.


Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 20<br />

e<br />

<br />

<br />

N2 2e<br />

N2<br />

e<br />

<br />

N<br />

*<br />

2<br />

e<br />

N 2<br />

e<br />

<br />

N<br />

N<br />

*<br />

2<br />

2<br />

<br />

*<br />

e<br />

<br />

N2<br />

N2<br />

N N<br />

N N<br />

e<br />

<br />

<br />

H<br />

2<br />

2e<br />

H<br />

2<br />

e<br />

<br />

H<br />

*<br />

2<br />

e<br />

H 2<br />

e<br />

<br />

H<br />

2<br />

<br />

e<br />

<br />

H H<br />

N H NH<br />

j<br />

( j 1,2,3...)<br />

<br />

<br />

e NH<br />

j<br />

2<br />

e<br />

<br />

NH<br />

<br />

j<br />

Os íons positivos produzidos ao atingirem o cátodo, participam, entre outros,<br />

dos seguintes eventos:<br />

Limpeza e ativação superficial através da pulverização da superfície ou<br />

“sputtering”<br />

Aquecimento do substrato pelo bombar<strong>de</strong>amento <strong>de</strong> íons energéticos<br />

Reação dos íons e espécies reativas com os átomos<br />

Difusão do nitrogênio no substrato<br />

Na interface plasma-metal ocorrem fenômenos que permitem que o nitrogênio<br />

se combine com o ferro do substrato formando nitretos FeN, Fe 2 N, Fe 3 N e Fe 4 N.<br />

(HUDIS, 1973).<br />

Ao contrário do mo<strong>de</strong>lo apresentado por Kölbel, Hudis propôs que o principal<br />

mecanismo da formação da camada seria os radicais NH + , os quais seriam os<br />

responsáveis pela difusão do nitrogênio. Tais íons se dissociariam na superfície<br />

metálica liberando o nitrogênio e a pulverização <strong>de</strong> átomos da superfície não seria o<br />

principal mecanismo <strong>de</strong> formação dos nitretos. Este mo<strong>de</strong>lo é baseado na<br />

quimissorção (adsorção, absorção e reações químicas) das espécies reativas<br />

formadas no plasma com a superfície catódica, on<strong>de</strong> o nitrogênio atômico ou


Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 21<br />

molecular é adsorvido pela superfície e reage com os átomos <strong>de</strong> ferro para formar os<br />

nitretos.<br />

2.3.4 Composição da Camada Nitretada em Função dos Parâmetros<br />

De modo geral a mistura gasosa usada na nitretação por Plasma é constituída<br />

<strong>de</strong> N 2 e H 2 em diferentes concentrações (SIMON, 1995). A presença <strong>de</strong> H 2 no<br />

plasma N 2 +H 2 , além <strong>de</strong> atuar na redução <strong>de</strong> impurezas na superfície da amostra,<br />

influencia na formação da camada nitretada. Gran<strong>de</strong>s concentrações <strong>de</strong> H 2 na<br />

mistura nitretante produzem camadas <strong>de</strong> difusão com espessuras superiores às<br />

camadas produzidas apenas com N 2 puro. Por outro lado, o uso <strong>de</strong> N 2 puro,<br />

produzirá uma camada <strong>de</strong> compostos mais espessa por causa da maior pressão<br />

parcial <strong>de</strong> nitrogênio presente (ALVES Jr, 2001 e INAL, 1989). Assim, pela escolha<br />

a<strong>de</strong>quada da mistura gasosa, é possível <strong>de</strong>terminar qual a fase <strong>de</strong> nitreto que<br />

constituirá a camada nitretada (BRUNATTO, 1993).<br />

O acréscimo <strong>de</strong> pequenas quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> H 2 à mistura gasosa gera um<br />

aumento da corrente, da temperatura (portanto aumento da taxa <strong>de</strong> pulverização) e<br />

da quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> espécies ativas no plasma (SIMON, 1995).<br />

A temperatura é o parâmetro mais significativo na <strong>de</strong>finição das camadas da<br />

nitretação <strong>de</strong>vido a dois importantes fatores:<br />

1) a natureza química, intrínseca <strong>de</strong> cada tipo <strong>de</strong> nitreto (’- Fe 4 N e -Fe 2-<br />

3N), que permite que certas fases permaneçam estáveis apenas em <strong>de</strong>terminada<br />

faixa <strong>de</strong> temperatura;<br />

2) a difusivida<strong>de</strong> do nitrogênio através do substrato e da própria camada <strong>de</strong><br />

compostos, uma vez que a difusivida<strong>de</strong> aumenta com a temperatura obe<strong>de</strong>cendo a<br />

lei <strong>de</strong> Fick, propiciando a formação <strong>de</strong> camadas mais grossas com uma conseqüente<br />

redução <strong>de</strong> concentração <strong>de</strong> nitrogênio na superfície.<br />

Consi<strong>de</strong>rando-se estes dois fatores, em condições controladas <strong>de</strong> atmosfera,<br />

pressão e tempo <strong>de</strong> nitretação, é possível, em um processo <strong>de</strong> nitretação por<br />

plasma, estabelecer a composição <strong>de</strong> camadas <strong>de</strong> nitretos através da manutenção<br />

da temperatura <strong>de</strong> nitretação.<br />

A partir <strong>de</strong> 350 o C já é possível ocorrer a nitretação por plasma no ferro e suas<br />

ligas. No entanto a baixa difusivida<strong>de</strong> dificulta a migração do nitrogênio para o


Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 22<br />

interior do substrato resultando em uma alta concentração <strong>de</strong> nitrogênio na<br />

superfície. Isto favorece a formação <strong>de</strong> uma fina camada <strong>de</strong> compostos -Fe 2-3 N<br />

(muito rica em nitrogênio) na superfície da amostra. Aumentando a temperatura (a<br />

cerca <strong>de</strong> 400 o C por exemplo) aumenta também a difusão do nitrogênio, dando início<br />

a formação <strong>de</strong> uma camada ’-Fe 4 N abaixo da camada -Fe 2-3 N, menos rica em<br />

nitrogênio. Tanto a camada -Fe 2-3 N quanto a camada ’-Fe 4 N constituem,<br />

individualmente ou combinadas, a camada <strong>de</strong> compostos e são indistinguíveis no<br />

microscópio óptico. Abaixo da camada <strong>de</strong> compostos, por sua vez, forma-se uma<br />

camada bifásica, composta <strong>de</strong> uma mistura <strong>de</strong> finos grãos <strong>de</strong> ’-Fe 4 N na matriz <strong>de</strong><br />

nitroferrita, muito pobre em nitrogênio <strong>de</strong>nominada camada escura (FONTANA,<br />

1991).<br />

À temperatura <strong>de</strong> 530 o C, a fase fica instável na região <strong>de</strong> interface com o<br />

substrato e passa a <strong>de</strong>cair para a fase ’-Fe 4 N. A alta difusivida<strong>de</strong> do nitrogênio não<br />

mais permite sua gran<strong>de</strong> concentração na superfície. Assim, toda a camada <strong>de</strong><br />

compostos acaba constituindo-se em compostos <strong>de</strong> fase ’-Fe 4 N. A 570 o C a<br />

difusivida<strong>de</strong> do nitrogênio é tão alta que nem mesmo a camada <strong>de</strong> compostos ’-<br />

Fe 4 N po<strong>de</strong> ser mantida, favorecendo a formação da fase escura que será<br />

predominante em toda camada <strong>de</strong> compostos. No substrato, a alta difusivida<strong>de</strong> do<br />

nitrogênio permite a formação <strong>de</strong> uma zona <strong>de</strong> difusão bastante profunda<br />

(FONTANA, 1991).<br />

Portanto as baixas temperaturas (entre 350 e 490 o C) favorecem a formação<br />

da camada <strong>de</strong> compostos, temperaturas altas (entre 570 e 600 o C) favorecem a<br />

formação da camada escura e temperaturas intermediárias permitem camadas<br />

múltiplas <strong>de</strong> nitretos. (FONTANA, 1991).<br />

O tempo <strong>de</strong> nitretação é outro fator prepon<strong>de</strong>rante na evolução das camadas<br />

<strong>de</strong> nitreto. Consi<strong>de</strong>rando uma condição termodinâmica favorável à formação <strong>de</strong> uma<br />

camada <strong>de</strong> compostos, teremos inicialmente uma gran<strong>de</strong> difusão <strong>de</strong> nitrogênio na<br />

região interfacial da amostra, principalmente através dos contornos <strong>de</strong> grãos, <strong>de</strong>vido<br />

a concentração <strong>de</strong> nitrogênio na superfície do substrato ainda ser baixa. À medida<br />

que o nitrogênio adsorvido na superfície catódica se difun<strong>de</strong> para o interior <strong>de</strong>sta, os<br />

espaços intersticiais do material vão sendo ocupados, dificultando a sua migração.<br />

Assim, em dado momento, a superfície recebe mais nitrogênio do que é capaz <strong>de</strong>


Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 23<br />

difundir, aumentando a concentração <strong>de</strong> nitrogênio na superfície o que propicia a<br />

nucleação das fases ’-Fe 4 N e/ou -Fe 2-3 N em pontos da superfície catódica<br />

(FONTANA, 1991).<br />

Na seqüência, estes pontos evoluem para uma fina camada <strong>de</strong> compostos na<br />

superfície. Abaixo <strong>de</strong>sta e nos contornos dos grãos adjacentes ocorre a formação da<br />

camada intermediária bifásica constituída <strong>de</strong> uma mistura <strong>de</strong> finas partículas <strong>de</strong><br />

nitretos ’ em matriz <strong>de</strong> nitroferrita.<br />

À medida que a camada ’-Fe 4 N se homogeniza, cria-se um efeito <strong>de</strong> barreira<br />

dificultando a difusão. Este fato eleva a concentração <strong>de</strong> nitrogênio na superfície,<br />

favorecendo a formação da fase -Fe 2-3 N. Atinge-se então o equilíbrio <strong>de</strong> entrada e<br />

saída na região <strong>de</strong> interação plasma/superfície para as condições termodinâmicas<br />

<strong>de</strong> nitretação. No entanto, a difusão continua a ocorrer a partir da face interna da<br />

camada <strong>de</strong> compostos a para o interior da amostra. Assim, a zona <strong>de</strong> difusão<br />

continua a receber o nitrogênio às custas da <strong>de</strong>terioração da camada <strong>de</strong> compostos<br />

(FONTANA, 1991).<br />

2.3.5 Camada <strong>de</strong> Compostos<br />

A camada <strong>de</strong> compostos é a primeira região a ser formada, possui caráter<br />

extremamente duro e frágil. Na maioria das vezes é formada pelas fases e’<br />

(mais externa e logo abaixo respectivamente), por isso o nome <strong>de</strong> camada <strong>de</strong><br />

compostos. Porém essas duas fases nem sempre ocorrem em conjunto.<br />

Em função da escolha a<strong>de</strong>quada da mistura gasosa envolvendo a presença <strong>de</strong><br />

N 2 e H 2 , é possível prever e <strong>de</strong>terminar qual a fase nitreto que constituirá a camada<br />

<strong>de</strong> compostos. Para atmosferas <strong>de</strong> baixo teor <strong>de</strong> N 2 , normalmente abaixo <strong>de</strong> 7% N 2<br />

e balanço <strong>de</strong> H 2 , a formação da camada <strong>de</strong> compostos ten<strong>de</strong> a ser suprimida<br />

apresentando somente a formação da camada <strong>de</strong> difusão. Neste caso, a<br />

temperatura <strong>de</strong> tratamento torna-se fundamental, sendo que a supressão total da<br />

camada <strong>de</strong> compostos é garantida para temperaturas <strong>de</strong> tratamento não superiores<br />

a 450° C.<br />

Em plasmas contendo entre 10 e 20 % N 2 em volume, ocorre formação <strong>de</strong><br />

camada <strong>de</strong> compostos predominantemente constituída pela fase '-Fe 4 N, cuja<br />

espessura po<strong>de</strong> chegar a 10μm.


Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 24<br />

Em atmosferas com teores <strong>de</strong> N 2 superiores a 20% predomina a formação <strong>de</strong><br />

camadas <strong>de</strong> compostos constituídas pela fase -Fe 2–3 N e '-Fe 4 N<br />

caracteristicamente polifásica, apresentando espessuras que po<strong>de</strong>m chegar até 50<br />

μm (ASM HANDBOOK, Volume 4).<br />

O estudo <strong>de</strong> Pannoni e Pinedo (2006) com aço AISI 4140 verificou que<br />

microestruturas superficiais obtidas após a Nitretação por Plasma apresentam<br />

variação com as diferentes concentrações <strong>de</strong> nitrogênio na mistura gasosa. Para 5%<br />

N 2 a camada nitretada é composta predominantemente pela Zona <strong>de</strong> Difusão (ZD).<br />

Nas condições <strong>de</strong> elevado potencial <strong>de</strong> nitrogênio na mistura gasosa nitretante,<br />

ocorre a formação efetiva da Camada <strong>de</strong> Compostos (CC). Para 90% <strong>de</strong> volume <strong>de</strong><br />

N 2 na mistura, ocorre a formação <strong>de</strong> nitretos em contornos <strong>de</strong> grão logo abaixo da<br />

CC conforme ilustração da Figura 2.9.<br />

Figura 2.9 - Microestruturas das superfícies nitretadas. Nital 2%. 500x (PANNONI e<br />

PINEDO, 2006).


Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 25<br />

A Tabela 2.1 apresenta as principais características microestruturais e <strong>de</strong><br />

endurecimento obtidas nos tratamentos superficiais.<br />

Tabela 2.1 – Principais parâmetros medidos após a Nitretação a Plasma<br />

Espessura da<br />

C.C (μm)<br />

Profundida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> Nitretação<br />

(μm)<br />

Dureza do<br />

Substrato<br />

(HRC)<br />

Dureza<br />

Superficial<br />

(HV1,0)<br />

5%N2:95%H2 1,7 + 0,2 320 30,6 691,3<br />

75%N2:25%H2 12,1 + 2,2 430 31,1 672,3<br />

90%N2:10%H2 13,5 + 4,2 450 29,0 690,3<br />

Fonte: PANNONI e PINEDO (2006).<br />

Analisando-se a Tabela 2.1 verifica-se que a espessura da CC é cerca <strong>de</strong> 10<br />

vezes maior para elevados potenciais <strong>de</strong> N 2 . A profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong> nitretação também é<br />

superior quando se aumenta o potencial <strong>de</strong> N 2 , mas varia pouco comparando 75% e<br />

90% <strong>de</strong> volume <strong>de</strong> N 2 .<br />

Pannoni e Pinedo (2006) verificaram ainda que a resposta à corrosão varia <strong>de</strong><br />

acordo com a microestrutura da camada nitretada. As curvas potenciodinâmicas<br />

para cada condição estudada são apresentadas na Figura 2.10. Verifica-se que o<br />

comportamento do material após a nitretação com potencial <strong>de</strong> 5% <strong>de</strong> volume <strong>de</strong> N2<br />

é semelhante ao do material não nitretado. Nesta condição, a CC não é capaz <strong>de</strong><br />

interferir na resistência à corrosão do aço e a ZD se comporta como o substrato não<br />

nitretado e a corrosão generalizada consome a CC e se segue pela corrosão por<br />

pite.<br />

Com o aumento da fração <strong>de</strong> N2 na mistura gasosa nitretante e a formação<br />

intensa da CC, as curvas potenciodinâmicas mostram uma elevação sensível da<br />

resistência à corrosão, inclusive com o aparecimento da região <strong>de</strong> passivação para<br />

corrente da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 10 -5 A conforme mostra a Figura 2.10. Nestas condições a CC<br />

é uma barreira eficiente para o processo corrosivo (PANNONI e PINEDO, 2006).


Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 26<br />

Figura 2.10 – Curvas potenciodinâmicas do aço AISI 4140. (PANNONI e PINEDO,<br />

2006).<br />

O estudo <strong>de</strong> Pannoni e Pinedo (2006), evi<strong>de</strong>nciou que a nitretação com fração<br />

<strong>de</strong> 5% em volume <strong>de</strong> N 2 na mistura gasosa nitretante, a superfície nitretada exibe<br />

uma Camada <strong>de</strong> Compostos insipiente, predominando a Zona <strong>de</strong> Difusão. Para<br />

frações <strong>de</strong> nitrogênio crescentes, 75% e 90% em volume <strong>de</strong> N 2 , ocorre a formação<br />

intensa da Camada <strong>de</strong> Compostos com uma maior profundida<strong>de</strong> da Zona <strong>de</strong><br />

Difusão. Evi<strong>de</strong>nciou também que a resistência à corrosão é <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da<br />

microestrutura da camada nitretada. Para fração <strong>de</strong> 5% em volume <strong>de</strong> N 2 , a<br />

resistência à corrosão não se altera e o comportamento do aço é semelhante a<br />

condição sem nitretação, com a presença <strong>de</strong> corrosão generalizada e por pite. Para<br />

altas concentrações <strong>de</strong> nitrogênio, 75% e 90% em volume <strong>de</strong> N 2 , a presença da<br />

Camada <strong>de</strong> Compostos eleva a resistência à corrosão e o aço exibe fenômeno <strong>de</strong><br />

passivação para correntes <strong>de</strong> 10 -5 A (PANNONI e PINEDO, 2006).<br />

Oliveira (2004), <strong>de</strong>screveu as características <strong>de</strong> nitretação por plasma dos<br />

aços ferramenta VP50®, e VART 300® (Maraging), on<strong>de</strong> evi<strong>de</strong>nciou que uma das<br />

principais vantagens <strong>de</strong>ste processo é a elevação <strong>de</strong> dureza aliada ao ganho da<br />

resistência à corrosão. A temperatura <strong>de</strong> nitretação foi selecionada <strong>de</strong> acordo com


Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 27<br />

as condições <strong>de</strong> envelhecimento <strong>de</strong> cada aço. O aço VP50 foi nitretado a 500 o C por<br />

tempos <strong>de</strong> 2, 4, 6 e 8 horas utilizando mistura gasosa 3N2:1H2 e o aço VART 300 foi<br />

nitretado a 480 o C por 24 horas com mistura gasosa 1N2:1H2. A resistência à corrosão<br />

foi estudada pelo método <strong>de</strong> polarização anódica, utilizando uma solução <strong>de</strong> Na2SO4<br />

(0,05mol.L -1 ) com pH 3,0 nos estados solubilizado e nitretado, sendo realizada<br />

apenas para o aço VP50. (OLIVEIRA et al., 2004).<br />

As amostras submetidas à nitretação, por duas horas, apresentaram<br />

superfície composta apenas pela Zona <strong>de</strong> Difusão. Para tempos superiores ocorreu<br />

a formação da Camada <strong>de</strong> Compostos.<br />

Após a nitretação por 4 horas a 500°C do aço VP50 foram obtidas as<br />

seguintes espessuras: 6,3 μm <strong>de</strong> camada <strong>de</strong> compostos e 0,15 mm <strong>de</strong> zona <strong>de</strong><br />

difusão.<br />

A Figura 2.11 apresenta a microestrutura <strong>de</strong> uma amostra tratada por 4 horas<br />

na qual é nítida a Camada <strong>de</strong> Compostos mais externa seguida pela Zona <strong>de</strong><br />

Difusão (região escurecida) (OLIVEIRA et al., 2004).<br />

Figura 2.11 – Microestrutura da superfície do aço VP50 nitretada por 4 horas a<br />

500°C (OLIVEIRA et al., 2004).<br />

A Figura 2.12 apresenta as curvas <strong>de</strong> polarização nas condições nitretado por<br />

4 horas a 500 o C e sem nitretação. É possível observar que as amostras sem<br />

nitretação não apresentam características <strong>de</strong> passivação como ocorre na amostra<br />

nitretada. Na amostra nitretada uma ampla área <strong>de</strong> passivação ocorre para uma


Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 28<br />

<strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> corrente <strong>de</strong> 10 -5 A/cm 2 , <strong>de</strong>monstrando uma elevação clara na<br />

resistência à corrosão do aço VP50 nitretado com camada <strong>de</strong> compostos. De acordo<br />

com Mankowski (1996) a presença da região passiva, responsável pela elevação da<br />

resistência à corrosão após a nitretação por plasma, é creditada a presença da<br />

camada <strong>de</strong> compostos. Ainda, segundo este autor, a resistência à corrosão da zona<br />

<strong>de</strong> difusão é muito baixa quando comparada com a da camada <strong>de</strong> compostos<br />

(MANKOWSKI, 1996).<br />

Figura 2.12 – Curvas <strong>de</strong> polarização do aço VP50 antes e após Nitretação a Plasma<br />

a 500°C (OLIVEIRA et al., 2004).<br />

O aço VART 300, após a nitretação, apresentou 3,5 μm <strong>de</strong> camada <strong>de</strong><br />

compostos e 0,12 mm <strong>de</strong> zona <strong>de</strong> difusão. A Figura 2.13 apresenta a microestrutura<br />

da superfície nitretada do aço VART 300. Observa-se que mesmo em temperatura<br />

baixa <strong>de</strong> nitretação a superfície é formada pela camada <strong>de</strong> compostos seguida da<br />

zona <strong>de</strong> difusão. Neste caso, a formação da camada <strong>de</strong> compostos ocorre pelo<br />

elevado teor <strong>de</strong> elementos <strong>de</strong> liga com afinida<strong>de</strong> ao N 2 (OLIVEIRA et al., 2004).


Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 29<br />

Figura 2.13 – Microestrutura da superfície do aço VART 300 nitretado por 24 horas<br />

a 480°C (OLIVEIRA et al., 2004).<br />

Algumas conclusões <strong>de</strong> Oliveira (2004), foram:<br />

a) que a superfície do aço VP50 nitretado a 500 o C é constituída apenas pela<br />

zona <strong>de</strong> difusão em 2 horas <strong>de</strong> tratamento;<br />

b) para tempos superiores ocorre a formação da camada <strong>de</strong> compostos,<br />

sendo esta constituída <strong>de</strong> nitretos tipo γ’ (Fe4N) e ε (Fe2-3N);<br />

c) a resistência à corrosão do aço VP50 é substancialmente elevada,<br />

apresentando passivação, quando a microestrutura superficial é controlada <strong>de</strong> forma<br />

a gerar a camada <strong>de</strong> compostos;<br />

d) nas condições utilizadas, o aço VART 300 (Maraging) possui<br />

microestrutura superficial constituída <strong>de</strong> camada <strong>de</strong> compostos e zona <strong>de</strong> difusão.


Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 30<br />

2.4 Polímeros<br />

2.4.1 Polímeros Condutores<br />

Os polímeros condutores referem-se a uma classe <strong>de</strong> polímeros orgânicos<br />

que vem sendo amplamente estudada, cuja o principal interesse resi<strong>de</strong> no fato <strong>de</strong><br />

unir as proprieda<strong>de</strong>s mecânicas e processabilida<strong>de</strong> dos polímeros convencionais<br />

com as proprieda<strong>de</strong>s elétrica, eletrônica e magnética inerentes aos metais ou<br />

semicondutores. O gran<strong>de</strong> interesse provocado pelos polímeros condutores na<br />

indústria elétrica/eletrônica inclui a facilida<strong>de</strong> e baixo custo <strong>de</strong> preparação e<br />

fabricação (quando comparados com semicondutores e metais), especialmente na<br />

forma <strong>de</strong> filmes e fibras, e suas proprieda<strong>de</strong>s mecânicas (particularmente<br />

flexibilida<strong>de</strong> e resistência ao impacto).<br />

Des<strong>de</strong> a década <strong>de</strong> 1960, é conhecido que moléculas orgânicas conjugadas<br />

po<strong>de</strong>m exibir proprieda<strong>de</strong>s semicondutoras. O <strong>de</strong>senvolvimento inicial foi inibido pelo<br />

fato que as ca<strong>de</strong>ias rígidas em uma estrutura conjugada também produzem uma<br />

forte intratabilida<strong>de</strong>, tal que a maioria dos primeiros exemplos <strong>de</strong> polímeros<br />

condutores eram infusíveis, insolúveis e, portanto, <strong>de</strong> pouco valor para a pesquisa<br />

ou <strong>de</strong>senvolvimento. Dois fatores contribuíram para reverter esta situação: no<br />

começo dos anos 1970 Shirakawa e Ikeda (1971 e 1974) <strong>de</strong>monstraram a<br />

possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> preparar filmes auto suportados <strong>de</strong> poliacetileno pela polimerização<br />

direta do acetileno. O polímero produzido apresentou proprieda<strong>de</strong>s semicondutoras<br />

fracas e atraiu pouco interesse até 1977, quando MacDiarmid e colaboradores<br />

(SHIRAKAWA,1974) <strong>de</strong>scobriram que tratando o poliacetileno com ácido ou base <strong>de</strong><br />

Lewis, era possível aumentar a condutivida<strong>de</strong> em até 13 or<strong>de</strong>ns <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>za. Após<br />

estes estudos preliminares, foram produzidos os primeiros artigos científicos nesta<br />

área, lançando a base <strong>de</strong> uma vasta linha <strong>de</strong> pesquisa, a dos polímeros<br />

eletricamente ativos. Como resultado, em 2000, F. Shirakawa, A. MacDiarmid e A.<br />

Heeger foram agraciados com o Prêmio Nobel em Química.<br />

Todos os polímeros intrinsecamente condutores (PIC) são polímeros<br />

conjugados. Estes polímeros possuem um sistema <strong>de</strong> ligações simples e duplas<br />

alternadas ao longo da ca<strong>de</strong>ia polimérica (elétrons conjugados estendidos), entre<br />

os PICs mais estudados estão o poliacetileno, a polianilina, o polipirrol e o


Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 31<br />

politiofeno, cujas estruturas, em sua forma neutra, estão representadas na Figura<br />

2.14. Na Figura 2.15 temos uma comparação do intervalo <strong>de</strong> condutivida<strong>de</strong> <strong>de</strong>stes<br />

polímeros com materiais <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o estado isolante, passando por semicondutores, até<br />

o cobre com condutivida<strong>de</strong> da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 10 6 S.cm -1 . Outra característica interessante<br />

é o intervalo <strong>de</strong> condutivida<strong>de</strong> que estes polímeros po<strong>de</strong>m atingir, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo das<br />

condições <strong>de</strong> preparação, oxidação e dopagem.<br />

Figura 2.14 – Estrutura <strong>de</strong> alguns polímeros condutores em sua estrutura neutra<br />

(MENEZES,2007).


Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 32<br />

Figura 2.15 – Comparação da condutivida<strong>de</strong> dos PCs com alguns materiais on<strong>de</strong> PA =<br />

poliacetileno, PAni = polianilina, PP = politiofeno e PPi = polipirrol (MENEZES,2007).<br />

O processo <strong>de</strong> remoção ou adição <strong>de</strong> elétrons das ca<strong>de</strong>ias poliméricas para<br />

aumentar a condutivida<strong>de</strong> dos PICs foi <strong>de</strong>nominado como “dopagem”. A dopagem é<br />

a modificação das ligações conjugadas acompanhada pela exposição direta do<br />

polímero a agentes <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> carga pela incorporação <strong>de</strong> contra-íons<br />

(ânions ou cátions) <strong>de</strong>nominados dopantes em fase gasosa ou solução, ou ainda por<br />

oxidação ou redução eletroquímica. O termo dopagem é utilizado em analogia aos<br />

semicondutores inorgânicos cristalinos, uma vez que em ambos os casos a<br />

dopagem é aleatória e não altera a estrutura do material. A dopagem <strong>de</strong> polímeros<br />

condutores envolve a dispersão aleatória ou agregação <strong>de</strong> dopantes em toda a<br />

ca<strong>de</strong>ia, e altera o estado <strong>de</strong> oxidação sem alterar a estrutura. Os agentes dopantes<br />

po<strong>de</strong>m ser moléculas neutras, compostos ou sais inorgânicos que po<strong>de</strong>m facilmente<br />

formar íons, compostos orgânicos ou poliméricos. A natureza do dopante tem papel<br />

importante na estabilida<strong>de</strong> e condutivida<strong>de</strong> dos polímeros condutores.


Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 33<br />

Os polímeros condutores po<strong>de</strong>m se apresentar em três estados: não condutor<br />

(<strong>de</strong>scarregado), oxidado, no qual os elétrons po<strong>de</strong>m ser removidos da estrutura, e<br />

reduzido (o menos comum), no qual os elétrons são adicionados a estrutura. Os<br />

processos <strong>de</strong> dopagem são usualmente reversíveis e a condutivida<strong>de</strong> po<strong>de</strong> variar<br />

entre a <strong>de</strong> materiais isolantes (


Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 34<br />

(BREDAS & STREET,1985). Entretanto, a condutivida<strong>de</strong> nos polímeros condutores<br />

não po<strong>de</strong> ser totalmente explicada pela teoria <strong>de</strong> bandas. Os polímeros condutores<br />

apresentam características peculiares, uma vez que conduzem corrente mesmo não<br />

tendo a BV parcialmente vazia ou uma BC parcialmente ocupada. A teoria <strong>de</strong><br />

bandas também não explica porque os portadores <strong>de</strong> carga, elétrons ou buracos,<br />

não possuem spin no poliacetileno (KANATZIDIS,1990; ZARBIN,1997 e BREDAS &<br />

STREET, 1985). Para explicar esses fenômenos, alguns conceitos, típicos <strong>de</strong> física<br />

do estado sólido, como pôlarons, bipôlarons e sólitons, têm sido aplicados aos<br />

polímeros condutores <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início dos anos 1980 (KANATZIDIS,1990).<br />

Quando um elétron é removido do topo da BV <strong>de</strong> um polímero conjugado, um<br />

buraco (ou cátion radical) é criado. No entanto, este cátion radical não <strong>de</strong>slocaliza-se<br />

completamente pela ca<strong>de</strong>ia, como esperado pela teoria <strong>de</strong> bandas clássicas. Ocorre<br />

somente uma <strong>de</strong>slocalização parcial sobre algumas unida<strong>de</strong>s monoméricas<br />

causando uma distorção estrutural local. O nível <strong>de</strong> energia associado ao cátion<br />

radical encontra-se no band gap do material. Este cátion radical, com spin ½,<br />

associado à distorção do retículo na presença <strong>de</strong> um estado eletrônico localizado no<br />

band gap, recebe o nome <strong>de</strong> pôlaron (KANATZIDIS,1990; BREDAS& STREET,1985).<br />

Se um segundo elétron é removido <strong>de</strong> um polímero já oxidado duas situações<br />

po<strong>de</strong>m ocorrer: este elétron po<strong>de</strong> ser retirado <strong>de</strong> um segmento diferente da ca<strong>de</strong>ia<br />

polimérica, criando um novo pôlaron in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte, ou o elétron é retirado <strong>de</strong> um<br />

nível polarônico já existente (remoção do elétron <strong>de</strong>semparelhado), levando à<br />

formação <strong>de</strong> um dicátion radical, que em física do estado sólido é chamado <strong>de</strong><br />

bipôlaron (KANATZIDIS,1990). Bipôlarons também têm uma <strong>de</strong>formação estrutural<br />

associada. A formação do bipôlaron indica que a energia ganha na interação com o<br />

retículo é maior que a repulsão coulômbica entre as duas cargas, confinadas no<br />

mesmo espaço (KANATZIDIS,1990 e BREDAS & STREET,1985).<br />

A energia necessária para a criação <strong>de</strong> um bipôlaron é exatamente igual à<br />

energia necessária para a formação <strong>de</strong> dois pôlarons in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes. Entretanto, a<br />

formação <strong>de</strong> um bipôlaron leva a uma diminuição da energia <strong>de</strong> ionização do<br />

polímero, motivo pelo qual um bipôlaron é termodinamicamente mais estável que<br />

dois pôlarons (ZARBIN ,1997).


Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 35<br />

Tanto pôlarons como bipôlarons po<strong>de</strong>m se mover ao longo da ca<strong>de</strong>ia<br />

polimérica através <strong>de</strong> um rearranjo das ligações duplas e simples que ocorre em um<br />

sistema conjugado, quando exposto a um campo elétrico (KANATZIDIS,1990).<br />

2.5 Polianilina<br />

Dos polímeros condutores conhecidos a PAni é um dos que apresenta o<br />

maior potencial para aplicações tecnológicas (JAGER, 2001; COTTEVIEILLE, 1997<br />

e COSTOLO, 2000) <strong>de</strong>vido a suas características como: baixo custo <strong>de</strong><br />

polimerização (TRAVERS,1990), estabilida<strong>de</strong> térmica e ambiental, simplicida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

síntese (NEOH, 1993), baixo custo do monômero, condutivida<strong>de</strong> (NEOH, 1993),<br />

solubilida<strong>de</strong> entre outras. O termo polianilina (PAni), comumente empregado hoje, se<br />

refere a uma família <strong>de</strong> polímeros consistindo <strong>de</strong> 1000 ou mais unida<strong>de</strong>s repetitivas<br />

<strong>de</strong> pfenilenoimina (MONTHEO, 1998), existindo em vários estados <strong>de</strong> oxidação com<br />

condutivida<strong>de</strong> elétrica variando progressivamente <strong>de</strong> 10 -11 S/cm a mais <strong>de</strong> 10 S/cm<br />

(KANATZIDIS, 1990). A composição química da PAni foi registrada por Kang et al.<br />

Na forma não dopada ela é constituída <strong>de</strong> anéis benzênicos e quinói<strong>de</strong>s ligados a<br />

átomos <strong>de</strong> nitrogênio e é dada pela fórmula geral <strong>de</strong>monstrado pela Figura 2.16:<br />

Figura 2.16 – Esquema da forma geral da PAni (FONTANA,1967).<br />

on<strong>de</strong> y correspon<strong>de</strong> à fração <strong>de</strong> espécies repetitivas reduzidas (benzenói<strong>de</strong>s) e (1-y)<br />

a fração <strong>de</strong> espécies repetitivas oxidadas (quinói<strong>de</strong>s). O valor <strong>de</strong> y po<strong>de</strong> variar<br />

continuamente entre 0 e 1. Quando y assume o valor <strong>de</strong> 1, obtém-se o polímero<br />

completamente reduzido e apresentando apenas nitrogênio amina, esta forma é<br />

conhecida como leucoesmeraldina e é uma forma isolante. A Figura 2.17 ilustra a<br />

representação geral da leucoesmeraldina.


Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 36<br />

–<br />

Figura 2.17 - Representação estrutural da forma reduzida da polianilina –<br />

Leucoesmeraldina (FONTANA, 1967).<br />

Quando y assume o valor zero o polímero obtido se apresenta completamente<br />

oxidado, contendo apenas nitrogênios iminas, a forma isolante é conhecida como<br />

Pernigranilina e a Figura 2.18 <strong>de</strong>monstra o esquema da PAni na forma oxidada.<br />

Figura 2.18– Esquema da PAni na forma oxidada – Pernigranilina<br />

(FONTANA, 1967).<br />

A pernigranilina po<strong>de</strong> ser protonada e formar o respectivo sal da base, sendo<br />

que este sal apresenta baixa condutivida<strong>de</strong>. Para y = 0,5, o polímero é formado por<br />

quantida<strong>de</strong>s iguais <strong>de</strong> grupos reduzidos (aminas) e grupos oxidados (iminas). O<br />

polímero formado é conhecido como base esmeraldina (estado 50% oxidado/<br />

reduzido), também é isolante e tem a estrutura ilustrada na Figura 2.19:<br />

Figura 2.19– Representação estrutural da Base Esmeraldina (FONTANA, 1967).


Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 37<br />

Quando a base esmeraldina está na presença <strong>de</strong> um doador <strong>de</strong> prótons,<br />

geralmente ácidos fortes, ela é protonada ou dopada (oxidação interna do átomo <strong>de</strong><br />

nitrogênio), preferencialmente nos grupamentos imina (-N=), pois estes grupos são<br />

mais básicos do que os grupos amina. A base esmeraldina protonada, conhecida<br />

como sal esmeraldina é a forma mais condutora da polianilina e possui a estrutura<br />

conforme ilustração da Figura 2.20 :<br />

Figura 2.20– Representação estrutural da Sal Esmeraldina (FONTANA, 1967).<br />

on<strong>de</strong> A - é igual a um ânion (dopante ou contra-íon).<br />

Os <strong>de</strong>rivados da PAni po<strong>de</strong>m ser preparados através da substituição dos<br />

átomos <strong>de</strong> hidrogênio nos anéis aromáticos ou dos nitrogênios nos grupos imina. A<br />

incorporação <strong>de</strong> grupos sulfônicos, por exemplo, po<strong>de</strong> ser realizada antes ou <strong>de</strong>pois<br />

da polimerização e fornece a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se obter polianilinas auto-protonadas<br />

e/ou solúveis em água (RACICOT, 1997).<br />

Sabe-se que a morfologia, condutivida<strong>de</strong> e outras proprieda<strong>de</strong>s da PAni<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m do contra-íon incorporado, do grau <strong>de</strong> cristalinida<strong>de</strong> e do procedimento<br />

<strong>de</strong> preparação (MATTOSO, 1996).<br />

2.5.1 Sintese da polianilina<br />

Para a síntese da polianilina, os métodos químicos e eletroquímicos são<br />

freqüentemente utilizados, produzindo a partir do seu monômero (anilina), polímeros<br />

em forma <strong>de</strong> filmes (fino ou espesso), ou em forma <strong>de</strong> partículas sólidas (pó), nas<br />

formas dopada ou não-dopada. A polimerização da anilina po<strong>de</strong> ser conduzida em<br />

solução ácida, produzindo-se uma reação com alto rendimento e um polímero com


Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 38<br />

altos níveis <strong>de</strong> condutivida<strong>de</strong> (SANTOS et al., 1995; CAO, 1995). Derivados da PAni<br />

po<strong>de</strong>m ser sintetizados a partir <strong>de</strong> monômeros modificados ou por modificações<br />

feitas com tratamentos posteriores a PAni (WAN, 1995; MALMONGE, 1995).<br />

A polimerização oxidativa da anilina para a obtenção <strong>de</strong> PAni via síntese<br />

química requer um agente oxidante. Dentre os agentes oxidantes o persulfato <strong>de</strong><br />

amônio, (NH 4 ) 2 S 2 O 8 , é o mais utilizado, pois produz um polímero <strong>de</strong> melhor<br />

qualida<strong>de</strong> do que os agentes oxidantes contendo íons metálicos (MATTOSO, 1996).<br />

Eletroquimicamente a PAni é obtida utilizando técnicas galvanostáticas,<br />

potenciostáticas e potenciodinâmicas. Um meio aquoso ácido com pH entre 0 e 3, é<br />

necessário para ambas as vias <strong>de</strong> síntese (química e eletroquímica), enquanto a<br />

concentração <strong>de</strong> monômero po<strong>de</strong> variar <strong>de</strong> 0,01 a 2 mol L -1 (MORAES, 2006).<br />

Um aspecto importante da síntese da PAni é a constante <strong>de</strong> dissociação<br />

ácida (pKa) do ácido. Na protonação <strong>de</strong> Pani está envolvido um equilíbrio,<br />

exclusivamente do segmento quinona, diamina, envolvendo dois nitrogênios imina<br />

com pKa 1 = 1,05 e pKa 2 = 2,55. Portanto, qualquer ácido cujo valor <strong>de</strong> pKa esteja<br />

<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>sta variação po<strong>de</strong> ser utilizado como dopante (MORAES, 2006).<br />

O polímero <strong>de</strong> anilina durante a síntese apresenta variação <strong>de</strong> coloração <strong>de</strong><br />

amarelo, ver<strong>de</strong> e azul intenso, correspon<strong>de</strong>nte aos estados <strong>de</strong> oxidação que o<br />

polímero assume (MATTOSO, 1996; MACDIARMID, 1991; MANOHAR, 1991). O<br />

polímero obtido tanto pela via química quanto pela via eletroquímica encontra-se<br />

dopado (50% <strong>de</strong> todos os átomos <strong>de</strong> nitrogênio do polímero protonado,<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> serem amina ou imina). O polímero sólido <strong>de</strong> cor ver<strong>de</strong> escura,<br />

insolúvel em água e que se encontra na forma dopada, po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>sdopado em<br />

presença <strong>de</strong> uma base fraca, tal como, hidróxido <strong>de</strong> amônio (MATTOSO, 1996;<br />

SYED, 1991; MANOHAR, 1991).<br />

Na protonação da PAni não ocorre alteração do número <strong>de</strong> elétrons<br />

associados à ca<strong>de</strong>ia polimérica. Os átomos <strong>de</strong> nitrogênio da estrutura po<strong>de</strong>m estar<br />

totalmente ou parcialmente protonados e as cargas geradas são neutralizadas pelo<br />

ânion do ácido usado (dopante), assim o polímero encontra-se na forma <strong>de</strong> um sal<br />

(forma dopada). A PAni po<strong>de</strong> sofrer um processo <strong>de</strong> dopagem por transferência <strong>de</strong><br />

carga, no qual ocorre a variação do número <strong>de</strong> elétrons na ca<strong>de</strong>ia polimérica. A<br />

carga gerada pelos cátions (tipicamente bipolarons) é compensada pelos contra-ions<br />

do dopante (MELLO, 1999).


Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 39<br />

2.5.1.1. Solubilida<strong>de</strong> da polianilina<br />

Várias técnicas e métodos físico-químicos foram <strong>de</strong>senvolvidas por muitos<br />

autores para aumentar o grau <strong>de</strong> solubilização da PAni: a formação do sal do<br />

polímero usando um agente dopante, o uso combinado <strong>de</strong> soluções, tratamento com<br />

banho <strong>de</strong> ultra-som por tempo prolongado e temperatura elevada e o uso <strong>de</strong> sal<br />

adicionado ao solvente. A solubilização da PAni é influenciada pelo ácido dopante,<br />

grau <strong>de</strong> conversão da polimerização e tipo <strong>de</strong> solvente (FORNARI, 2001)<br />

2.5.1.2. Massa molar<br />

O aumento da massa molar da PAni está relacionada à uma maior<br />

condutivida<strong>de</strong>, porém sua solubilida<strong>de</strong> ten<strong>de</strong> a diminuir (MATTOSO, 1993).<br />

A solubilida<strong>de</strong> da PAni dopada com ácido canforsulfônico (CSA) <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da<br />

massa molecular do polímero. Mattoso (1993) registrou massa molecular menor que<br />

3.000 g/mol para PAni solúvel em acetona, entretanto para amostras com massa<br />

molar <strong>de</strong> 50.000 g/mol sua solubilização <strong>de</strong>ve ser realizada apenas em N- metil-2-<br />

pirrolidona (NMP) (FORNARI, 2001).<br />

2.5.1.3. Efeito do Solvente<br />

A solubilida<strong>de</strong> da PAni na sua forma protonada <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da interação entre a<br />

PAni, o ácido dopante e o solvente. Na forma não protonada (isolante), a PAni po<strong>de</strong><br />

ser mais facilmente dissolvida em dimetilformamida (DMF), NMP, mas estudos<br />

realizados por Cao et al, (1995) mostraram que o polímero po<strong>de</strong> ser solúvel em m-<br />

cresol, xileno ou ácido fórmico, após protonação em ácidos específicos.<br />

As espécies orgânicas que dissolvem a PAni na sua forma protonada<br />

geralmente po<strong>de</strong>m ser divididas em dois grupos:<br />

tipo 1 : O grupo dos solventes que compreen<strong>de</strong> substâncias com forte ligação<br />

por pontes <strong>de</strong> hidrogênio, como por exemplo: cresóis, fenóis, trifluoretanol,<br />

dimetilsulfóxido, NMP, ácido fórmico e alguns ácidos. Estas substâncias são<br />

capazes <strong>de</strong> dissolver rapidamente a PAni na sua forma totalmente <strong>de</strong>sprotonada.<br />

tipo 2 : É o grupo dos solventes que não formam ligações <strong>de</strong> hidrogênio ou<br />

formam fracas ligações <strong>de</strong> ponte <strong>de</strong> hidrogênio, como: tolueno, xileno, clorofórmio,<br />

entre outros.


Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 40<br />

2.5.2 Aplicações dos polímeros condutores<br />

O gran<strong>de</strong> interesse em se estudar os PICs se dá <strong>de</strong>vido a gama <strong>de</strong><br />

aplicações tecnológicas que esses materiais apresentam, tais como em construção<br />

<strong>de</strong> baterias orgânicas recarregáveis, blindagem eletromagnética, dispositivos<br />

eletrônicos moleculares, células fotovoltaicas, litografia, transdutores para robótica,<br />

dispositivos microeletrônicos, dispositivos eletrocrômicos, diodos emissores <strong>de</strong> luz,<br />

eletrodos para equipamentos eletrocardiográficos, recobrimento condutor para fibras<br />

têxteis, janelas inteligentes, eletrocatálise, sensores, capacitores eletrolíticos,<br />

proteção ativa contra corrosão etc. (GARMIER, 1994; STREGER, 1994). Na Figura<br />

2.21, encontra-se um diagrama esquemático <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong>s e possíveis aplicações<br />

tecnológicas dos polímeros condutores.<br />

Figura 2.21– Aplicações tecnológicas dos polímeros condutores (MAIA et al., 2007).


Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 41<br />

2.5.3 Polianilina como revestimento protetor contra corrosão<br />

As películas protetoras, baseadas em polímeros protetores po<strong>de</strong>m ser<br />

produzidas na forma <strong>de</strong> filmes eletro<strong>de</strong>positados sobre um substrato metálico ou<br />

formado pela solubilização <strong>de</strong> polímeros condutores em solventes apropriados e<br />

aplicados sobre a superfície do metal para a formação do filme (EPSTEIN, 1999).<br />

Uma das características importantes <strong>de</strong> usar polímeros condutores como camadas<br />

protetoras, é o potencial <strong>de</strong> redução para seu par redox. No caso específico da PAni,<br />

este potencial é positivo em relação ao do alumínio, ferro e cromo (TALLMAN, 2002).<br />

A PAni é um polímero condutor que é capaz <strong>de</strong> sofrer reações <strong>de</strong> oxi-redução<br />

quando em contato com metais, o que permite a formação <strong>de</strong> um filme <strong>de</strong> óxido<br />

passivo sobre estes. O potencial chave que a PAni oferece na proteção contra a<br />

corrosão é que seu revestimento é capaz <strong>de</strong> proteger o metal base mesmo se<br />

apresentar pequenas rachaduras. A base para este argumento é que sua cobertura<br />

ou filme é suficientemente capaz <strong>de</strong> esten<strong>de</strong>r o domínio da passivida<strong>de</strong> para regiões<br />

sem cobertura do metal porém próximas ao filme. O princípio básico envolvido neste<br />

fenômeno está relacionado com as proprieda<strong>de</strong>s elétricas que a PAni apresenta.<br />

Uma vez em contato com um metal oxidável como o aço carbono, a PAni se reduz<br />

espontaneamente oxidando o aço e <strong>de</strong>slocando o potencial do metal para a sua<br />

região passiva, formando e mantendo um filme passivo entre o metal e a cobertura<br />

da PAni, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do meio on<strong>de</strong> se encontram. Se ocorrer a passivação, a<br />

superfície metálica fica recoberta por uma camada <strong>de</strong>vido ao acentuado efeito da<br />

polarização anódica. Disto resulta um campo elétrico o qual é oposto ao fluxo dos<br />

elétrons da superfície metálica para o meio oxidante, o qual irá retardar a velocida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> oxidação do metal, isto é, provocará uma diminuição na velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> corrosão<br />

(FORNARI, 2001).<br />

É necessário enten<strong>de</strong>r o processo corrosivo que afeta metais e ligas<br />

metálicas para, então, <strong>de</strong>senvolver materiais que inibam ou retardam o processo<br />

<strong>de</strong>strutivo da corrosão. Corrosão é o resultado <strong>de</strong> reações químicas, não <strong>de</strong>sejadas,<br />

que ocorrem entre o metal, ou liga, e o ambiente, causando a <strong>de</strong>terioração da<br />

superfície e <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong>s estruturais. A corrosão abrange, pelo menos, um<br />

processo <strong>de</strong> oxidação (oxidação do metal) e um processo <strong>de</strong> redução (envolvendo<br />

oxigênio, hidrogênio e/ou água, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo das condições). Para manter um


Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 42<br />

material com sua aparência e performance originais, é preciso proteger a superfície<br />

exposta do ambiente corrosivo. Geralmente, isto é feito através <strong>de</strong> técnicas <strong>de</strong><br />

modificação <strong>de</strong> superfície ou pela aplicação <strong>de</strong> um revestimento protetor e/ou<br />

resistente à corrosão. A estratégia mais comum <strong>de</strong> proteção à corrosão envolve a<br />

aplicação <strong>de</strong> um ou mais revestimentos orgânicos sobre o metal. Estes<br />

revestimentos agem reduzindo a taxa <strong>de</strong> corrosão ao dificultar ou impedir o acesso<br />

<strong>de</strong> componentes essenciais (O 2 , H 2 O e H + ) à superfície metálica (ALMADA, 2007).<br />

Eventualmente, água, oxigênio e íons <strong>de</strong> ambiente penetram no revestimento<br />

e atingem o metal. Defeitos na cobertura aceleram esse processo. Um sistema <strong>de</strong><br />

revestimento tipicamente utilizado é aquele em que um “primer” é aplicado sobre o<br />

metal, seguido <strong>de</strong> um “topcoat”, o qual possui a barreira <strong>de</strong>sejada. Os componentes<br />

ativos do ”primer” variam bastante. Entretanto, os componentes mais comuns<br />

incluem metais pesados como o cromo, que possui um potencial <strong>de</strong> equilíbrio<br />

positivo em relação a metais, como o ferro e o alumínio, resultando na a anulação<br />

das reações catódicas, (como a redução do O 2 ), as quais levam o metal a sofrer<br />

reações anódicas.<br />

O <strong>de</strong>sejo em se eliminar metais pesados <strong>de</strong> uma maneira geral, e o cromo em<br />

particular, <strong>de</strong>sses sistemas <strong>de</strong> revestimentos anti-corrosivos, é um interesse tanto da<br />

área ambiental como da área <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. Polímeros condutores têm se mostrado<br />

como um revestimento anticorrosivo alternativo em relação aos revestimentos <strong>de</strong><br />

compostos <strong>de</strong> cromo VI (cromatos). Assim como os cromatos, os revestimentos à<br />

base <strong>de</strong> polímeros condutores possuem um potencial <strong>de</strong> equilíbrio positivo, além <strong>de</strong><br />

oferecem excelente <strong>de</strong>sempenho ambiental, sendo aprovados em vários testes<br />

toxicológicos exigidos pela comunida<strong>de</strong> européia (TALLMAN, 2002; TRIVEDI, 1997;<br />

ROTH, 1993).<br />

As primeiras pesquisas realizadas sobre proteção à corrosão utilizando<br />

polímeros condutores foram feitas por De Berry, em 1985. De Berry <strong>de</strong>scobriu que a<br />

PAni eletropolimerizada sobre aço inoxidável ferrítico, pré-passivado com uma<br />

camada <strong>de</strong> óxido formada pela primeira varredura <strong>de</strong> potencial durante a<br />

eletropolimerização, fornecia uma espécie <strong>de</strong> proteção anódica, reduzindo<br />

significantemente a taxa <strong>de</strong> corrosão do aço em soluções <strong>de</strong> ácido sulfúrico. A<br />

camada <strong>de</strong> PAni em contato com o aço estabilizou a camada passiva <strong>de</strong> óxido<br />

contra a dissolução. Embora a PAni estivesse <strong>de</strong>positada sobre a camada <strong>de</strong> óxido,


Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 43<br />

houve transferência <strong>de</strong> elétrons entre a PAni e o metal, e essa transferência po<strong>de</strong> ter<br />

sido parcialmente responsável pela habilida<strong>de</strong> da PAni manter a passivida<strong>de</strong> do aço<br />

inoxidável. Camadas <strong>de</strong> óxidos po<strong>de</strong>m ser boas protetoras à corrosão, mesmo<br />

sendo muito finas (20 nm). Um metal po<strong>de</strong> permanecer no estado passivo e<br />

protegido da corrosão enquanto a camada <strong>de</strong> óxido passivadora permanecer intacta<br />

(DE BERRY, 1985).<br />

O mecanismo <strong>de</strong> proteção à corrosão efetuado pela PAni ainda não havia<br />

sido elucidado. Através <strong>de</strong> pesquisas realizadas por Wessling et al. (2003),<br />

envolvendo estudos sobre a <strong>de</strong>posição <strong>de</strong> dispersões <strong>de</strong> PAni (Versicon®) sobre<br />

metais como ferro, aço inoxidável, cobre e alumínio, dois fenômenos responsáveis<br />

pela proteção anticorrosiva da PAni foram <strong>de</strong>scobertos: <strong>de</strong>slocamento no potencial<br />

<strong>de</strong> corrosão <strong>de</strong> 800 mV na direção mais nobre e passivação, através da formação <strong>de</strong><br />

um óxido <strong>de</strong> ferro. Durante esses estudos, foi observado que a corrente <strong>de</strong> corrosão<br />

havia sido significantemente reduzida ou completamente eliminada e que a camada<br />

<strong>de</strong> óxido havia se formado entre o revestimento <strong>de</strong> PAni e a superfície do metal. Lu<br />

et al. (1995) observaram que filmes <strong>de</strong> PAni sal <strong>de</strong> esmeraldina (SE) e PAni base<br />

esmeraldina (BE) com <strong>de</strong>feito (<strong>de</strong>scontinuida<strong>de</strong>), sobre aço também eram capazes<br />

<strong>de</strong> proteger o metal da corrosão. Medições eletroquímicas como medidas <strong>de</strong><br />

potencial <strong>de</strong> circuito aberto e medições <strong>de</strong> corrente <strong>de</strong> corrosão indicaram um<br />

<strong>de</strong>slocamento em direção aos potenciais mais positivos e uma redução da corrente<br />

<strong>de</strong> corrosão para filmes <strong>de</strong> PAni SE em solução diluída <strong>de</strong> ácido clorídrico e filmes<br />

<strong>de</strong> PAni EB em solução diluída <strong>de</strong> cloreto <strong>de</strong> sódio, o que mostra que o nível <strong>de</strong><br />

proteção <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da forma da PAni e do ambiente corrosivo. Este grupo <strong>de</strong> trabalho<br />

examinou a superfície <strong>de</strong> um eletrodo <strong>de</strong> aço após a remoção da camada <strong>de</strong> PAni<br />

SE (Versicon®) por Espectroscopia Fotoeletrônica <strong>de</strong> Raio-X (XPS) e<br />

Espectroscopia Auger. Seus resultados mostraram a presença <strong>de</strong> uma multicamada<br />

<strong>de</strong> óxidos sobre a superfície metálica, consistindo, predominantemente, <strong>de</strong> γ-Fe 2 O 3<br />

sobre a parte externa e Fe 3 O 4 na parte interna.<br />

Bouayed et al. (1999) investigaram o efeito inibidor do monômero anilina<br />

sobre ferro. Kraljié et al. (2003) estudaram o efeito das camadas <strong>de</strong> PAni sobre a<br />

corrosão <strong>de</strong> aço. As camadas <strong>de</strong> PAni foram eletro<strong>de</strong>positadas sobre amostras <strong>de</strong><br />

aço (13 e 4,44% Cr) usando ácidos fosfórico e sulfúrico como eletrólitos suporte. As<br />

proprieda<strong>de</strong>s protetoras das camadas <strong>de</strong> PAni foram investigadas pelo


Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 44<br />

monitoramento do potencial <strong>de</strong> circuito aberto versus o tempo e por espectroscopia<br />

<strong>de</strong> impedância eletroquímica. Foi <strong>de</strong>monstrado que a PAni, quando no estado<br />

oxidado sal <strong>de</strong> esmeraldina, protege o aço inoxidável da corrosão em soluções <strong>de</strong><br />

ácido sulfúrico e fosfórico pelo estabelecimento <strong>de</strong> uma camada <strong>de</strong> óxido formada<br />

sobre a superfície do aço durante a polimerização da PAni prevenindo o processo <strong>de</strong><br />

dissolução do metal.<br />

Muitos estudos têm <strong>de</strong>monstrado que o potencial <strong>de</strong> corrosão (Ecorr) <strong>de</strong><br />

metais recobertos com PAni é maior que o metal não recoberto com o polímero no<br />

mesmo eletrólito. Talo et al. (1997) também reportaram um <strong>de</strong>slocamento <strong>de</strong><br />

+500mV no potencial <strong>de</strong> corrosão sobre o aço inoxidável recoberto com PAni em<br />

comparação com a amostra sem recobrimento, entretanto, nesse caso, a PAni na<br />

forma <strong>de</strong> sal esmeraldina estava na forma <strong>de</strong> mistura com tinta epóxi. A alta<br />

resistência da tinta epóxi po<strong>de</strong>ria causar um aparente aumento no Ecorr, logo, esse<br />

efeito não po<strong>de</strong> ser atribuído somente à PAni.<br />

Huerta et al. (2003) <strong>de</strong>positaram filmes <strong>de</strong> PAni sobre a liga AA-2024-T3 a<br />

partir <strong>de</strong> soluções <strong>de</strong> ácido oxálico 0,5 molL -1 contendo anilina 0,12 molL -1 . O<br />

método utilizado para a <strong>de</strong>posição <strong>de</strong> filmes <strong>de</strong> proteção contra corrosão foi uma<br />

<strong>de</strong>posição galvanostática sucessiva <strong>de</strong> 500 segundos. Com este tipo <strong>de</strong> filme obtido,<br />

foi reportado, para o potencial <strong>de</strong> circuito aberto do metal protegido, um<br />

<strong>de</strong>slocamento <strong>de</strong> aproximadamente +650mV em comparação à liga não protegida.<br />

Diversas pesquisas com relação à proteção anticorrosiva efetuada pela PAni<br />

foram realizadas, não somente em substratos <strong>de</strong> ferro e em ligas ferrosas. Racicot et<br />

al. (1997 ) reportaram que revestimentos <strong>de</strong> um complexo molecular <strong>de</strong> PAni e um<br />

poliânion sobre uma liga <strong>de</strong> alumínio <strong>de</strong> alta resistência, AA7075, fornece elevada<br />

proteção à corrosão em testes <strong>de</strong> “salt-spray” em comparação com revestimentos <strong>de</strong><br />

cromato, além <strong>de</strong> resultar em menos pites, quando imersos em solução <strong>de</strong> cloreto <strong>de</strong><br />

sódio. Os autores atribuíram esse comportamento a uma reação interativa entre a<br />

PAni e o alumínio, já que o potencial <strong>de</strong> equilíbrio da PAni (0,3 V vs SCE) é<br />

suficientemente anódico para oxidar o alumínio (-0,7 V vs SCE). Brusic et al. (1997)<br />

testaram o uso <strong>de</strong> filmes <strong>de</strong> PAni <strong>de</strong>positados por “spin coating” sobre substratos <strong>de</strong><br />

cobre e prata utilizados em microeletrônica. Testes eletroquímicos realizados com<br />

esses substratos revestidos com PAni BE, tendo como eletrólito uma gota <strong>de</strong> água,<br />

apresentaram reduzidas taxas <strong>de</strong> corrosão. Houve corrosão localizada em áreas que


Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 45<br />

não foram completamente revestidas. Os autores atribuíram essa proteção<br />

anticorrosiva a um efeito <strong>de</strong> barreira exercido pela PAni BE. A seqüência <strong>de</strong> reação<br />

responsável pela proteção à corrosão induzida pela PAni e pela formação da<br />

camada passiva <strong>de</strong> óxido <strong>de</strong> ferro foi <strong>de</strong>scrita por Wessling et al. (1996). Através <strong>de</strong><br />

Espectrofotometria UV/vis, foi mostrado que PAni SE em contato com ferro na<br />

presença <strong>de</strong> 1 molL -1 <strong>de</strong> NaCl ou 0,1 molL -1 <strong>de</strong> ácido ptoluenosulfônico era<br />

rapidamente reduzida à PAni leucoesmeraldina (LE), enquanto o ferro se oxidava,<br />

formando uma camada passiva <strong>de</strong> óxido. A PAni LE foi reoxidada novamente à PAni<br />

SE em 24 horas. Essa reoxidação foi facilitada por borbulhamento <strong>de</strong> oxigênio no<br />

meio. Dessa forma, a PAni age como um mediador redox e como um metal nobre<br />

com relação ao ferro.<br />

McAndrew et al. (1997) publicaram uma revisão sobre a proteção<br />

anticorrosiva metálica efetuada por revestimentos à base <strong>de</strong> polímeros condutores,<br />

em especial pela PAni. Neste artigo, foi postulado que a proteção à corrosão<br />

efetuada por um polímero condutor, tanto em substratos ferrosos como não-ferrosos,<br />

consiste em <strong>de</strong>slocar o potencial do substrato para um regime passivo, mantendo uma<br />

camada <strong>de</strong> óxido protetora sobre o mesmo. A redução do oxigênio sobre o polímero<br />

recupera a carga consumida pela dissolução do metal, ten<strong>de</strong>ndo a estabilizar o valor<br />

do potencial do metal na região passiva, reduzindo a velocida<strong>de</strong> da dissolução<br />

metálica. Assim, a PAni, em seus vários estados <strong>de</strong> oxidação, atua como mediador<br />

da corrente anódica entre a camada passiva e a redução <strong>de</strong> oxigênio sobre o filme<br />

polimérico. A PAni faz com que a reação catódica (redução <strong>de</strong> oxigênio) ocorra<br />

sobre a sua superfície, ao invés <strong>de</strong> ocorrer na interface polímero/metal, o que levaria<br />

a um aumento local do pH (pela liberação dos íons OH - ) e um subseqüente<br />

<strong>de</strong>scolamento do revestimento. Em ambientes ácidos, a PAni na forma SE é<br />

reduzida, reversivelmente, à BL, e em ambientes básicos, a PAni na forma BE, é<br />

reduzida, reversivelmente, à BL.<br />

Apesar da PAni apresentar excelentes proprieda<strong>de</strong>s anticorrosivas, não é<br />

uma tarefa fácil obter um filme à base <strong>de</strong> PAni sobre uma superfície metálica, pois a<br />

PAni é insolúvel em água, quebradiça, apresentando infusibilida<strong>de</strong> até mesmo após<br />

aquecimento na temperatura <strong>de</strong> <strong>de</strong>composição. Esta difícil processabilida<strong>de</strong> po<strong>de</strong><br />

ser contornada pela seleção <strong>de</strong> um agente protonante apropriado. Dopagem com<br />

ácidos protônicos funcionalizados facilitam a dissolução do polímero, em seu estado


Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 46<br />

condutor, em solventes apolares ou em solventes orgânicos mo<strong>de</strong>radamente<br />

polares, possibilitando a fabricação <strong>de</strong> poliblendas condutoras entre a PAni e<br />

polímeros solúveis nos mesmos solventes.<br />

A eficácia da proteção anticorrosiva da PAni dopada com ácidos orgânicos foi<br />

estudada por Kinlen et al. (1999). Este grupo estudou revestimentos <strong>de</strong> PAni sobre<br />

aço carbono através da técnica “Scanning reference electro<strong>de</strong> technique”,<br />

fornecendo informações sobre o processo redox ocorrendo na camada polimérica.<br />

Medições foram realizadas com revestimentos com <strong>de</strong>feitos (<strong>de</strong>scontinuida<strong>de</strong>s) à<br />

base <strong>de</strong> PAni, dopada com ácido sulfônico e ácido fosfônico. Foi observado, através<br />

<strong>de</strong>stas medições, que as partes metálicas expostas pelos <strong>de</strong>feitos do filme <strong>de</strong> PAni<br />

apresentaram ativida<strong>de</strong> anódica, enquanto que, sobre a superfície polimérica, foi<br />

observada ativida<strong>de</strong> catódica, através da redução do oxigênio. Com o tempo, as partes<br />

metálicas expostas foram sendo passivadas e a ativida<strong>de</strong> galvânica foi diminuindo.<br />

O acoplamento galvânico entre a PAni e substratos <strong>de</strong> zinco, ferro, níquel e cobre,<br />

foi mostrado por Torresi et al. (2005). Foi observado, a partir <strong>de</strong> medições <strong>de</strong> curvas<br />

potenciodinâmicas, que o revestimento <strong>de</strong> PAni impediu a dissolução metálica, e<br />

estudos <strong>de</strong> espectroscopia Raman mostraram que os filmes <strong>de</strong> PAni sofreram<br />

redução, após imersão em meio corrosivo durante 12 dias, <strong>de</strong>vido a uma reação<br />

redox com a superfície metálica. A camada passiva formada entre a superfície <strong>de</strong><br />

um substrato <strong>de</strong> ferro e o revestimento <strong>de</strong> PAni foi caracterizada por Souza et al.<br />

(2001), como sendo um complexo insolúvel formado pelo cátion metálico, oriundo da<br />

oxidação do substrato, e pelo ânion dopante da PAni. Os resultados relativos ao<br />

acoplamento galvânico mostrados por Torresi et al. (2005) indicam que esse<br />

complexo insolúvel também <strong>de</strong>ve ter se formado para os substratos <strong>de</strong> níquel, zinco<br />

e cobre. Silva et al. (2007) <strong>de</strong>monstraram que a proteção à corrosão metálica<br />

efetuada pela PAni <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da natureza química do contra-íon do polímero<br />

condutor. Medidas <strong>de</strong> espectroscopia Raman em substratos <strong>de</strong> zinco, ferro, níquel e<br />

cobre, revestidos com blendas acrílicas <strong>de</strong> PAni dopada com ácido fenilfosfônico,<br />

imersos em solução <strong>de</strong> ácido sulfúrico por 15 dias, mostraram que o estado redox da<br />

PAni permaneceu praticamente inalterado, enquanto que, espectros Raman <strong>de</strong>sses<br />

mesmos substratos revestidos com blendas acrílicas <strong>de</strong> PAni dopada com ácido<br />

canforsulfônico, mostraram uma sensível redução da camada <strong>de</strong> PAniI e esta<br />

redução estava ligada com o po<strong>de</strong>r redutor do metal.


Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 47<br />

De uma maneira geral, a PAni po<strong>de</strong> proteger os metais <strong>de</strong> três maneiras:<br />

A) através da formação <strong>de</strong> uma camada passiva <strong>de</strong> óxidos ;<br />

B) através da formação <strong>de</strong> uma segunda camada protetora <strong>de</strong> sais metálicos<br />

insolúveis;<br />

C) ou através da repressão <strong>de</strong> reações in<strong>de</strong>sejáveis que dariam origem à<br />

dissolução metálica.<br />

Os três mecanismos po<strong>de</strong>m ser visualizados Figura 2.22.<br />

Figura 2.22 - Esquema dos três diferentes mecanismos pelo qual a PAni po<strong>de</strong><br />

fornecer proteção à corrosão ( ALMADA, 2007).<br />

Os mecanismos pelo qual a PAni protege os diferentes metais e ligas<br />

metálicas <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m da natureza do metal. O primeiro mecanismo é bastante<br />

observado em metais como o ferro e ligas ferrosas. Neste mecanismo, a PAni


Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 48<br />

equilibra o potencial do metal em sua região passiva, <strong>de</strong>vido à formação <strong>de</strong> uma<br />

camada protetora <strong>de</strong> óxidos, a qual diminui a dissolução metálica. Em certos casos,<br />

o ânion dopante da PAni po<strong>de</strong> formar sais insolúveis com os íons do substrato<br />

metálico que sofreram corrosão. Essas camadas tanto po<strong>de</strong>m ser formadas na<br />

interface polímero/metal como em regiões do metal expostas ao meio corrosivo. Em<br />

metais ativos, como o alumínio, os quais não formam camadas passivantes, a PAni<br />

equilibra o potencial do metal em uma faixa on<strong>de</strong> a dissolução metálica é reprimida.<br />

Para todos os casos <strong>de</strong>monstrados, a proteção à corrosão efetuada pela PAni está<br />

relacionada com a formação <strong>de</strong> um par galvânico entre o substrato metálico e o filme<br />

polimérico (SEEGMILLER, 2005).<br />

A principal vantagem em se utilizar polímeros condutores na proteção à<br />

corrosão metálica é a tolerância a <strong>de</strong>feitos estruturais, ou seja, <strong>de</strong>scontinuida<strong>de</strong>s no<br />

revestimento polimérico, tais como poros, fissuras, trincas etc. Como o polímero é<br />

um condutor eletrônico, o recobrimento favorece a passivação <strong>de</strong> áreas expostas do<br />

metal. O revestimento polimérico estabiliza do valor do potencial do metal na região<br />

<strong>de</strong> passivação da curva <strong>de</strong> polarização, <strong>de</strong>vido à manutenção <strong>de</strong> uma camada <strong>de</strong><br />

óxido passivante sob a superfície metálica. Existem, ainda, outras vantagens em se<br />

utilizar polímeros condutores em revestimentos anti-corrosivos, como o fato <strong>de</strong><br />

possuírem baixa <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>, o que possibilita a aplicação na forma <strong>de</strong> spray, e o fato<br />

<strong>de</strong> possuírem estabilida<strong>de</strong> térmica e química (SEEGMILLER, 2005).<br />

2.6 Melamina<br />

A melamina ou 1,3,5-triazina-2,4,6-triazina é uma substância que se apresenta<br />

a temperatura ambiente na forma <strong>de</strong> pó branco cristalino, inodoro. É uma substância<br />

alcalina, consi<strong>de</strong>rada um trímero da cianamida com 66% <strong>de</strong> sua massa composta <strong>de</strong><br />

nitrgênio. Esse monômero é utilizado na fabricação <strong>de</strong> resinas melânicas e plátiscos.<br />

Seu custo é barato <strong>de</strong>vido à facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> obtenção através da sintetização a partir<br />

da uréia (MANO, 1985).


Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 49<br />

2.6.1 Compósito <strong>de</strong> polianilina e melamina<br />

A busca <strong>de</strong> novos materiais condutores, que possam ser facilmente e<br />

economicamente sintetizados e processados, impulsionou a preparação <strong>de</strong> blendas,<br />

compósitos e copolímeros condutores a partir da polianilina. Esses materiais surgem<br />

com a expectativa <strong>de</strong> superar as principais limitações da polianilina: a inabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

ser processada por métodos convencionais e as proprieda<strong>de</strong>s mecânicas pobres. As<br />

blendas e compósitos <strong>de</strong> polianilina normalmente possuem as proprieda<strong>de</strong>s<br />

mecânicas da matriz hospe<strong>de</strong>ira isolante e as proprieda<strong>de</strong>s elétricas da polianilina<br />

condutora hospedada. Quando a matriz hospe<strong>de</strong>ira é um polímero convencional, o<br />

material obtido é uma blenda ou compósito, mas quando a matriz hospe<strong>de</strong>ira é um<br />

material não polimérico, por exemplo: óxidos, sílica, o material resultante é<br />

invariavelmente um compósito.<br />

No caso da PAni, seu processamento está baseado principalmente na<br />

solubilida<strong>de</strong> que apresentam e na mistura física com outros polímeros. Desta<br />

maneira po<strong>de</strong>-se formar compósitos condutores e processáveis utilizando as<br />

proprieda<strong>de</strong>s elétricas dos polímeros condutores e as boas proprieda<strong>de</strong>s mecânicas<br />

dos polímeros convencionais (SATHYANARAYANA et al., 1998).<br />

2.7 Espectrometria no infravermelho da polianilina e melamina<br />

As polianilinas modificadas sintetizadas quimicamente po<strong>de</strong>m ser<br />

caracterizadas através das mesmas técnicas empregadas nas análises realizadas<br />

da polianilina pura. Uma técnica bastante utilizada é a análise <strong>de</strong> espectroscopia na<br />

região do infravermelho.<br />

A Figura 2.23 e a Figura 2.24 apresentam as absorções espectrais nas regiões<br />

do infravermelho, obtidas por meio <strong>de</strong> espectroscopia com transformada <strong>de</strong> Fourier,<br />

que Rates (2006) obteve do homopolímero PAni sintetizado em H 2 O a frio e do<br />

copolímero Pani/MM (razão molar 50/50), respectivamente.


% <strong>de</strong> Transmitância<br />

% <strong>de</strong> Transmitância<br />

Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 50<br />

60<br />

50<br />

40<br />

1646<br />

1100 835<br />

406<br />

495<br />

669<br />

30<br />

20<br />

3475<br />

3405<br />

2330<br />

2360<br />

1382 1165<br />

1301<br />

1586<br />

1490<br />

10<br />

0<br />

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500<br />

Número <strong>de</strong> onda (cm -1 )<br />

Figura 2.23 - Espectro <strong>de</strong> infravermelho da polianilina sintetizada em H 2 O, a frio<br />

(RATES, 2006).<br />

60<br />

PAni/MM (50/50)<br />

50<br />

40<br />

499<br />

408<br />

30<br />

20<br />

10<br />

3439<br />

3530<br />

3269<br />

3142<br />

1375<br />

826<br />

1097<br />

1138<br />

3034 1232<br />

1588 1300<br />

1490<br />

680<br />

0<br />

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500<br />

número <strong>de</strong> onda (cm -1 )<br />

Figura 2.24 - Espectro <strong>de</strong> infravermelho do copolímero PAni/MM (razão molar 50/50)<br />

(RATES, 2006).<br />

As atribuições dos principais picos estão representadas na Tabela 2.2.


Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 51<br />

Tabela 2.2 – Atribuições das principais absorções dos espectros <strong>de</strong> infravermelho.<br />

Atribuições da Banda<br />

Vibração <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação axial <strong>de</strong> (N–H)<br />

assimétrica <strong>de</strong> aminas secundárias<br />

Vibração <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação axial <strong>de</strong> (N–H)<br />

simétrica <strong>de</strong> aminas secundárias<br />

Estiramento (C=N) <strong>de</strong> grupos<br />

iminoquinona<br />

Estiramento <strong>de</strong> (C=C) <strong>de</strong> anel quinói<strong>de</strong><br />

e/ou estiramento do anel (N=Q=N)<br />

PAni<br />

H 2 O, a frio<br />

Pani/MM<br />

(50/50)<br />

3475 cm -1 3474 cm -1<br />

3405 cm -1 3439 cm -1<br />

1646 cm -1 _<br />

1586 cm -1 1588 cm -1<br />

Estiramento <strong>de</strong> (C=C) <strong>de</strong> anel benzênico 1490 cm -1 1490 cm -<br />

Estiramento <strong>de</strong> (Q=N-B) 1382 cm -1 1375 cm -1<br />

Estiramento (C–N) <strong>de</strong> aminas aromáticas 1301 cm -1 1300 cm -1<br />

Absorção eletrônica (N=Q=Q) 1165 cm -1 1160 cm -<br />

Estiramento <strong>de</strong> (C–H) <strong>de</strong> anel aromático<br />

1,4 disubstituído, no plano.<br />

Estiramento <strong>de</strong> (C–H) <strong>de</strong> anel aromático<br />

1,4 dissubstituído, fora do plano.<br />

1100 cm -1 1097 cm -1<br />

835 cm -1 826 cm -1<br />

Deformação <strong>de</strong> anel aromático 669 cm -1 680 cm -1<br />

Deformação <strong>de</strong> (C–C) em quinói<strong>de</strong>s 495 cm -1 499 cm -1<br />

Anel aromático meta dissubstituído 406 cm -1 408 cm -1<br />

Fonte:Rates (2006).


Capítulo 3 Materiais e Métodos 52<br />

3 MATERIAIS E MÉTODOS<br />

3.1 Preparação do Corpo <strong>de</strong> Prova<br />

Para o presente trabalho utilizou-se a liga <strong>de</strong> aço SAE 4144 cuja composição<br />

química esperada é mostrada na Tabela 3.1.<br />

Tabela 3.1 – Composição Química do aço SAE 4144<br />

Elemento Químico % Mínimo (em peso) % Máximo (em peso)<br />

C 0,42 0,46<br />

Mn 0,90 1,00<br />

P - 0,025<br />

S 0,010 0,029<br />

Si 0,20 0,30<br />

Cu - 0,35<br />

Cr 1,15 1,30<br />

Ni - 0,25<br />

Mo 0,25 0,35<br />

Fonte: Villares S.A., (1998).<br />

Em um primeiro momento, as amostras foram cortadas em formato retangular<br />

com o auxilio <strong>de</strong> uma corta<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> disco abrasivo com sistema <strong>de</strong> refrigeração da<br />

marca STRUERS, mo<strong>de</strong>lo LABOTON 3. As superfícies das amostras variaram <strong>de</strong><br />

0,54 cm² à 1,20 cm². As amostras foram i<strong>de</strong>ntificadas da seguinte forma :<br />

1-Aço SAE 4144 sem nitretação e sem revestimento <strong>de</strong> polímero (SNSP);<br />

2-Aço SAE 4144 com nitretação e sem revestimento <strong>de</strong> polímero (CNSP);<br />

3-Aço SAE 4144 sem nitretação e com revestimento <strong>de</strong> PAni (SNPAni);<br />

4-Aço SAE 4144 sem nitretação e com revestimento <strong>de</strong> PAni/MM (SNPAni/MM);<br />

5-Aço SAE 4144 com nitretação e com revestimento <strong>de</strong> PAni (CNPAni);


Capítulo 3 Materiais e Métodos 53<br />

6-Aço SAE 4144 com nitretação e com revestimento <strong>de</strong> Pani/MM (CNPAni/MM);<br />

3.2 Nitretação por Plasma<br />

Após o processo <strong>de</strong> corte, algumas peças foram selecionadas e submetidas ao<br />

tratamento térmico <strong>de</strong> nitretação por plasma em um Reator da marca Fornos<br />

Eltropuls com Programador Phoenix, Figura 3.1. Este reator apresenta a<br />

característica <strong>de</strong> um forno por plasma, on<strong>de</strong> o aquecimento das amostras para a<br />

temperatura <strong>de</strong> tratamento é realizado por dois meios distintos:<br />

a) utilização <strong>de</strong> pare<strong>de</strong> quente ao longo <strong>de</strong> toda a parte interna da câmara,<br />

on<strong>de</strong> são usadas resistências elétricas, as quais são reguladas na temperatura <strong>de</strong><br />

350 ºC, visando à minimização <strong>de</strong> gradientes térmicos; e<br />

b) uso do plasma, on<strong>de</strong> por meio <strong>de</strong> bombar<strong>de</strong>amento iônico dos corpos-<strong>de</strong>prova<br />

posicionados no cátodo, atinge-se a temperatura final <strong>de</strong> tratamento.<br />

A realização <strong>de</strong> vácuo, na câmara <strong>de</strong> <strong>de</strong>scarga elétrica do forno foi obtida<br />

através <strong>de</strong> uma bomba mecânica <strong>de</strong> duplo estágio, com um vácuo limite <strong>de</strong> 10 -3 Torr.<br />

A entrada e saída <strong>de</strong> gases foram realizadas pela parte inferior do reator enquanto<br />

que um sistema <strong>de</strong> circulação está localizado na sua parte superior.<br />

Uma fonte <strong>de</strong> potência do tipo pulsada, com potência nominal <strong>de</strong> 100 kVA,<br />

alimenta o processo, visando à obtenção da <strong>de</strong>scarga elétrica. O sistema elétrico foi<br />

constituído por dois eletrodos. O eletrodo positivo, constituindo-se no ânodo, foi<br />

conectado na carcaça do forno, estando à mesma aterrada. Por sua vez, o eletrodo<br />

negativo, <strong>de</strong>nominado <strong>de</strong> cátodo, constitui-se no dispositivo on<strong>de</strong> os corpos-<strong>de</strong>prova<br />

(amostras) foram posicionados.


Capítulo 3 Materiais e Métodos 54<br />

Figura 3.1 - Fotografia do reator utilizado no presente trabalho.<br />

As amostras foram nitretadas durante 22 horas.Foi empregada uma <strong>de</strong>scarga<br />

luminescente pulsada com as seguintes condições <strong>de</strong> tratamento: temperatura <strong>de</strong><br />

520ºC, período do pulso <strong>de</strong> 2000 μs, para um tempo <strong>de</strong> pulso ligado <strong>de</strong> 350 μs e<br />

consequentemente, um tempo <strong>de</strong> pulso <strong>de</strong>sligado <strong>de</strong> 1650 μs. A mistura gasosa<br />

utilizada foi <strong>de</strong> 47% N 2 , 23% H 2 e 30% Ar, em volume, à pressão <strong>de</strong> 3,33 Torr (445<br />

Pa). Esta condição <strong>de</strong> nitretação foi escolhida por adotar os mesmos parâmetros<br />

usualmente utilizados em produção seriada <strong>de</strong> peças nitretadas por plasma.<br />

Os parâmetros <strong>de</strong> ajuste do processo <strong>de</strong> nitretação estão <strong>de</strong>talhadamente<br />

apresentados na Tabela 3.2.


Capítulo 3 Materiais e Métodos 55<br />

Tabela 3.2 – Parâmetros <strong>de</strong> ajuste do processo <strong>de</strong> nitretação.<br />

Step<br />

[-]<br />

Hour<br />

[h]<br />

Minute<br />

[min]<br />

P<br />

[Pa]<br />

Tl<br />

[°C]<br />

Tw<br />

[°C]<br />

Volt<br />

[V]<br />

Puls Dur<br />

[us]<br />

Puls Rep<br />

[us]<br />

H2<br />

[Nl/h]<br />

N2<br />

[Nl/h]<br />

Ar<br />

[Nl/h]<br />

1 0 2 0 145 350 0 50 100 0 0 0<br />

2 0 2 1000 160 350 0 50 100 200 200 200<br />

3 0 2 0 180 350 0 50 100 5 0 0<br />

4 0 2 50 260 350 500 50 150 80 0 0<br />

5 0 2 80 280 350 500 50 150 100 0 0<br />

6 0 18 200 320 350 500 400 2000 200 0 20<br />

7 0 18 400 400 360 500 400 2000 200 0 100<br />

8 0 2 440 450 370 450 400 2000 100 100 65<br />

9 0 2 440 475 390 450 400 2000 80 160 100<br />

10 0 5 440 520 490 445 350 2000 80 160 100<br />

11 22 5 445 520 470 435 350 2000 80 160 100<br />

12 0 5 440 400 50 0 50 100 20 40 20<br />

cool 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0<br />

Fonte: Instrução <strong>de</strong> fabricação da Robert Bosch Ltda - CtP, 7° edição validada<br />

em 25/02/2008.<br />

3.3 Reagentes<br />

Para realizar a síntese do homopolímero polianilina e do copolímero<br />

poli(anilina-co-melamina) e preparar os filmes poliméricos foram utilizados os<br />

seguintes reagentes:<br />

<br />

Anilina P.A., fórmula molecular C 6 H 7 N, massa molecular 93,13 g.mol -1 , marca<br />

Vetec, líquida.<br />

Melamina P.A. fórmula molecular C 3 H 6 N 6 , massa molecular 126,12 g.mol -1 ,<br />

sólida, marca Merck.<br />

<br />

Persulfato <strong>de</strong> amônio P.A., fórmula molecular (NH 4 ) 2 S 2 O 8 , massa molecular<br />

228,17 g.mol -1 , sólido, marca Synth.


Capítulo 3 Materiais e Métodos 56<br />

Hidróxido <strong>de</strong> amônio, fórmula molecular NH 4 OH, massa molecular<br />

35,04g.mol -1 , líquido, marca Nuclear.<br />

N-metil-2-pirrolidona, fórmula molecular C 5 H 9 NO, massa molecular<br />

99,13g.mol -1 , líquida, marca Vetec.<br />

N,N-dimetilformamida, fómula molecular C 3H 7NO, massa molecular<br />

73,09g.mol -1 , líquida, marca Vetec.<br />

Ácido Clorídrico 37%, fórmula molecular HCl, peso molecular 36,46 g.mol -1 ,<br />

marca F. Maia<br />

3.4 Síntese dos polímeros<br />

A PAni foi sintetizada pela oxidação química da anilina, em meio ácido, <strong>de</strong><br />

forma semelhante à <strong>de</strong>scrita por Macdiarmid et. al. (2001).<br />

A síntese da polianilina foi realizada em temperatura ambiente e utilizou-se<br />

água como solvente. Foi utilizado a replica <strong>de</strong> uma das sínteses estudadas por<br />

Rates (2006) : PAni (preparada em água, a frio).<br />

Com base novamente no trabalho <strong>de</strong> Rates (2006) para o copolímero<br />

poli(anilina-co-melamina) (PAni/MM) a razão molar entre os monômeros utilizada foi:<br />

PAni/MM (razão molar 50/50).<br />

3.4.1 Síntese química do polímero <strong>de</strong> polianilina em meio aquoso e a frio<br />

Em um copo <strong>de</strong> béquer <strong>de</strong> 500 mL, dissolveu-se 20 mL (0,219 mol) <strong>de</strong><br />

anilina, em 300 mL <strong>de</strong> solução aquosa <strong>de</strong> HCl 0,1 mol.L -1 ; e em frasco erlenmeyer<br />

dissolveu-se 11,5g (0,0504 mol) <strong>de</strong> persulfato <strong>de</strong> amônio em 200 mL <strong>de</strong> solução<br />

aquosa <strong>de</strong> HCl 0,1 mol.L -1 . Adicionou-se a solução do oxidante persulfato <strong>de</strong> amônio<br />

à solução <strong>de</strong> anilina <strong>de</strong> forma lenta e cuidadosa. A mistura reacional ficou sob<br />

agitação por 20 minutos com o auxílio <strong>de</strong> um agitador magnético. Após os 20<br />

minutos, filtrou-se a solução em um funil <strong>de</strong> Büchner, com papel filtro quantitativo. O<br />

precipitado foi lavado com cerca <strong>de</strong> 500 mL <strong>de</strong> solução <strong>de</strong> HCl 0,1 mol.L -1 . O<br />

polímero obtido sal <strong>de</strong> esmeraldina foi dissolvido em cerca <strong>de</strong> 200 mL <strong>de</strong> solução <strong>de</strong><br />

NH 4 OH 0,01 mol.L -1 . Após a <strong>de</strong>cantação do polímero o excesso do sobrenadante foi<br />

retirado do béquer e a solução foi novamente filtrada obtendo-se então a base


Capítulo 3 Materiais e Métodos 57<br />

esmeraldina. O polímero foi novamente dissolvido em aproximadamente 200 mL <strong>de</strong><br />

NH 4 OH 0,01 mol.L -1 , aguardou-se a <strong>de</strong>cantação do polímero novamente para po<strong>de</strong>r<br />

repetir o procedimento <strong>de</strong> retirada do sobrenadante e filtragem da solução. Após a<br />

filtragem o polímero obtido foi dissolvido em aproximadamente 10 mL <strong>de</strong> NH 4 OH<br />

0,01 mol.L -1 e colocado em uma membrana <strong>de</strong> diálise. A solução foi submetida à um<br />

processo <strong>de</strong> diálise e para esse processo a membrana foi colocada em um béquer<br />

<strong>de</strong> 1L com aproximadamente 900 mL <strong>de</strong> NH 4 OH 0,01 mol.L -1 e ficou sob agitação<br />

com o auxílio <strong>de</strong> um agitador magnético durante aproximadamente 24 horas. Após<br />

esse período renovou-se a solução <strong>de</strong> NH 4 OH 0,01 mol.L -1 e repetiu-se o<br />

procedimento. Após as 48 horas <strong>de</strong> diálise em meio básico a membrana<br />

contemplando a solução com o polímero foi submetida à diálise em meio ácido com<br />

HCl 0,01 mol.L -1 também por 48 horas com renovação da solução após 24 horas.<br />

Para finalizar o processo <strong>de</strong> diálise a membrana com a solução <strong>de</strong> polianilina ficou<br />

novamente em meio básico com NH 4 OH 0,01 mol.L -1 por mais 24 horas. Após a<br />

finalização do processo <strong>de</strong> diálise a polianilina dissolvida em NH 4 OH foi filtrada<br />

novamente e em um funil <strong>de</strong> Büchner, com papel filtro quantitativo. Após a filtragem<br />

o produto obtido foi seco em estufa com atmosfera saturada com NH 4 OH e pobre em<br />

oxigênio na temperatura <strong>de</strong> 20ºC.<br />

3.4.2 Síntese do Copolímero PAni/MM (proporção <strong>de</strong> 50/50)<br />

Em um copo <strong>de</strong> béquer <strong>de</strong> 500 mL, dissolveu-se 2,52g (0,02 mol) <strong>de</strong> melamina<br />

em 300 mL <strong>de</strong> solução aquosa <strong>de</strong> HCl 0,1 mol.L -1 e agitou-se cerca <strong>de</strong> 5 minutos,<br />

então adicionou-se 2 mL (0,02 mol) <strong>de</strong> anilina. Em um frasco erlenmeyer dissolveuse<br />

11,5g (0,0504 mol) <strong>de</strong> persulfato <strong>de</strong> amônio em 200 mL <strong>de</strong> solução aquosa <strong>de</strong><br />

HCl 0,1 mol.L -1 . Adicionou-se a solução do oxidante persulfato <strong>de</strong> amônio à solução<br />

<strong>de</strong> anilina e melamina <strong>de</strong> forma lenta e cuidadosa. A mistura reacional ficou sob<br />

agitação por 20 minutos com o auxílio <strong>de</strong> um agitador magnético. Após os 20<br />

minutos, filtrou-se a solução em um funil <strong>de</strong> Büchner, com papel filtro quantitativo. O<br />

precipitado foi lavado com cerca <strong>de</strong> 500 mL <strong>de</strong> solução <strong>de</strong> HCl 0,1 mol.L -1 . O<br />

polímero obtido sal <strong>de</strong> esmeraldina foi dissolvido em cerca <strong>de</strong> 200 mL <strong>de</strong> solução <strong>de</strong><br />

NH 4 OH 0,01 mol.L -1 . Após a <strong>de</strong>cantação do polímero o excesso do sobrenadante foi<br />

retirado do béquer e a solução foi novamente filtrada obtendo-se então a base


Capítulo 3 Materiais e Métodos 58<br />

esmeraldina. O polímero foi novamente dissolvido em aproximadamente 200 mL <strong>de</strong><br />

NH 4 OH 0,01 mol.L -1 , aguardou-se a <strong>de</strong>cantação do polímero novamente para po<strong>de</strong>r<br />

repetir o procedimento <strong>de</strong> retirada do sobrenadante e filtragem da solução. Após a<br />

filtragem o copolímero obtido foi dissolvido em aproximadamente 10 mL <strong>de</strong> NH 4 OH<br />

0,01 mol.L -1 e colocado em uma membrana <strong>de</strong> diálise. A solução foi submetida ao<br />

processo <strong>de</strong> diálise, para esse processo a membrana foi colocada em um béquer <strong>de</strong><br />

1L com aproximadamente 900 mL <strong>de</strong> NH 4 OH 0,01 mol.L -1 e ficou sob agitação com<br />

o auxílio <strong>de</strong> um agitador magnético durante aproximadamente 24 horas. Após esse<br />

período renovou-se a solução <strong>de</strong> NH 4 OH 0,01 mol.L -1 e repetiu-se o procedimento.<br />

Após as 48 horas <strong>de</strong> diálise em meio básico a membrana contemplando a solução<br />

com o copolímero foi submetida à diálise em meio ácido com HCl 0,01 mol.L -1<br />

também por 48 horas com renovação da solução após 24 horas. Para finalizar o<br />

processo <strong>de</strong> diálise a membrana com a solução do copolímero PAni/MM ficou<br />

novamente em meio básico com NH 4 OH 0,01 mol.L -1 . Após a finalização do<br />

processo <strong>de</strong> diálise o copolímero foi dissolvido em NH 4 OH e foi filtrada novamente<br />

em um funil <strong>de</strong> Büchner, com papel filtro quantitativo. Após a filtragem o produto<br />

obtido foi seco em estufa com atmosfera saturada com NH 4 OH e pobre em oxigênio<br />

na temperatura <strong>de</strong> 20ºC.<br />

3.4.3 Filmes poliméricos<br />

Os filmes <strong>de</strong> homopolímero da polianilina e <strong>de</strong> copolímero da poli(anilina-comelamina)<br />

foram preparados pelo método “casting”, formação <strong>de</strong> filmes<br />

convencionais pela evaporação do solvente. Para formar os filmes, foram<br />

preparadas soluções diluindo-se 0,10 g das amostras em 10 mL do solvente N-metil-<br />

2-pirrolidona (NMP). As soluções foram <strong>de</strong>positadas sobre os corpos <strong>de</strong> prova e<br />

acondicionadas em uma estufa com atmosfera pobre em oxigênio <strong>de</strong>vido à<br />

saturação com NH 4 OH, a evaporação do solvente foi promovida na temperatura <strong>de</strong><br />

30°C +/- 4°C. Após 24 horas aplicou-se mais uma camada das respectivas soluções<br />

poliméricas nos corpos <strong>de</strong> prova, on<strong>de</strong> permaneceram novamente em estufa com os<br />

mesmos parâmetros .


Capítulo 3 Materiais e Métodos 59<br />

3.5 Análises do aço<br />

Para a avaliação das superfícies e das características da microestrutura das<br />

amostras submetidas ao tratamento termoquímico e avaliação da resistência à<br />

corrosão das amostras, foram realizadas as seguintes análises:<br />

3.5.1 Caracterização da composição química<br />

Para avaliação da composição química do aço utilizado para as amostras foi<br />

utilizado um espectrofotômetro <strong>de</strong> emissão ótica simultâneo por centelhamento, em<br />

um equipamento SP67-01.<br />

3.5.2 Caracterização microestrutural da camada nitretada<br />

As peças <strong>de</strong> aço submetidas ao tratamento termoquímico <strong>de</strong> nitretação por<br />

plasma foram cortadas em uma corta<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> disco abrasivo com sistema <strong>de</strong><br />

refrigeração e embutidas à quente em resina termofixa (Baquelite). Para a avaliação<br />

da seção transversal as amostras embutidas foram lixadas até atingir a lixa com<br />

granulometria 600 e polidas com pasta <strong>de</strong> diamante 1μm. A superfície polida reflete<br />

luz uniformemente que por sua vez promove certa dificulda<strong>de</strong> na avaliação dos<br />

<strong>de</strong>talhes da microestrutura, sendo assim utilizou-se a técnica do ataque químico com<br />

Nital 2% como um agente <strong>de</strong> contraste para revelar os <strong>de</strong>talhes da microestrutura<br />

estudada.<br />

Objetivando apresentar as características da camada nitretada com ênfase na<br />

<strong>de</strong>terminação da espessura da camada branca as amostras embutidas e submetidas<br />

ao ataque químico foram analisadas em um microscópio óptico da marca Olympus,<br />

mo<strong>de</strong>lo BX51M, com ampliações <strong>de</strong> 500x.<br />

3.5.3 Caracterização da microdureza<br />

A análise <strong>de</strong> microdureza foi adotada com o propósito <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminar as<br />

características mecânicas da superfície e profundida<strong>de</strong> da camada nitretada.O<br />

ensaio foi realizado em amostras preparadas com a mesma metodologia <strong>de</strong>scrita no<br />

item anterior porém antes do ataque químico. Para este ensaio utilizou-se um


Capítulo 3 Materiais e Métodos 60<br />

microdurômetro Struers mo<strong>de</strong>lo Duramin. Este equipamento baseia-se no método<br />

Vickers para <strong>de</strong>terminação da dureza. O ensaio <strong>de</strong> dureza realizado utilizou como<br />

parâmetros, carga <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntação <strong>de</strong> 0,5 kgf e tempo <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntação <strong>de</strong>15 s.<br />

3.6 Ensaios <strong>de</strong> Corrosão<br />

Nesta etapa as peças <strong>de</strong> aço sem tratamento térmico <strong>de</strong> nitretação e as<br />

peças nitretadas foram embutidas à frio em resina epóxi. Esse processo foi realizado<br />

para facilitar o manuseio das amostras nas etapas analíticas.<br />

3.6.1 Névoa Salina<br />

Para a avaliação da corrosão em condições mais críticas e em escala<br />

laboratorial, foi utilizada a câmara <strong>de</strong> Salt Spray (BASS-USC-ISSO-PLUS-01/2007).<br />

O meio corrosivo utilizado foi uma solução <strong>de</strong> cloreto <strong>de</strong> sódio (5%) e água <strong>de</strong>stilada<br />

(95%), com temperatura no interior da câmara igual a 352ºC. Este procedimento foi<br />

executado <strong>de</strong> acordo com a norma ASTM B 117-02. As amostras foram<br />

posicionadas em um suporte, <strong>de</strong> modo que permaneçam inclinadas entre 15° e 30°,<br />

como prevê a norma.<br />

Para realizar o estudo morfológico, realizou-se análises das amostras utilizando<br />

Microscopia Eletrônica <strong>de</strong> Varredura (MEV), para observar a variação das<br />

características morfológicas das superfícies dos corpos <strong>de</strong> provas após o período <strong>de</strong><br />

Salt Spray, e análises <strong>de</strong> Energia Dispersiva <strong>de</strong> Raio X (EDX) para obtenção <strong>de</strong><br />

microanálises químicas. Através <strong>de</strong>stas técnicas foi possível verificar a ocorrência do<br />

fenômeno <strong>de</strong> corrosão na superfície dos corpos <strong>de</strong> prova bem como uma análise<br />

semi-quantitativa das substâncias nas regiões analisadas.<br />

Para as análises <strong>de</strong> microscopia eletrônica <strong>de</strong> varredura utilizou-se um<br />

aparelho da marca Philips, mo<strong>de</strong>lo FEI – Quanta 200 ambiental (baixo vácuo)<br />

equipado com EDS Oxford mo<strong>de</strong>lo 6427 com resolução <strong>de</strong> 137 eV. Foram obtidas<br />

imagens por elétrons secundários (SE), que possuem melhor <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> formas e<br />

profundida<strong>de</strong>, e elétrons retroespalhados (BSE), que evi<strong>de</strong>nciam melhor as<br />

diferenças <strong>de</strong> composição na região analisada.


Capítulo 3 Materiais e Métodos 61<br />

3.6.2 Curvas <strong>de</strong> Polarização<br />

Quando uma amostra metálica é submetida à um meio corrosivo, ambos os<br />

processos <strong>de</strong> oxidação e redução ocorrem sobre a superfície. Tipicamente o metal<br />

oxida e o meio (eletrólito) é reduzido. O metal em contato com o eletrólito assume<br />

um potencial (relativo a um eletrodo <strong>de</strong> referência) chamado <strong>de</strong> potencial <strong>de</strong><br />

corrosão (Ecorr).<br />

Para os ensaios das curvas <strong>de</strong> polarização foi empregado um Potenciostato/<br />

Galvanostato EG&G – Princeton Applied Research (PAR), mo<strong>de</strong>lo 273A, acoplado a<br />

um microcomputador.<br />

A célula eletroquímica foi constituída por três eletrodos. O eletrodo <strong>de</strong><br />

trabalho foi constituído pelas amostras embutidas à frio com resina epóxi em forma<br />

cilíndrica e a área exposta na forma quadrada. Como eletrodo <strong>de</strong> referência foi<br />

utilizado o eletrodo <strong>de</strong> Ag/AgCl e o eletrodo <strong>de</strong> grafite como contra-eletrodo. As<br />

curvas <strong>de</strong> polarização foram realizadas logo após a imersão da amostra no eletrólito.<br />

Em todos os ensaios utilizou-se como eletrólito uma solução NaCl <strong>de</strong> 3% em<br />

temperatura ambiente. A área exposta das amostras variou entre 0,54 cm 2 e 1,20<br />

cm 2 .


Capítulo 4 Resultados e Discussões 62<br />

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES<br />

4.1 Caracterização química do aço SAE 4144<br />

A composição do material utilizado para a confecção das amostras foi<br />

quantificada com auxilio da espectrofotometria <strong>de</strong> emissão ótica e os resultados da<br />

composição química são apresentado na Tabela 4.1.<br />

Tabela 4.1 – Composição química do aço utilizado para a confecção das amostras.<br />

Elemento Especificado(%) Verificado(%) Incerteza<br />

C 0,42-0,46 0,44 0,0467<br />

Mn 0,90-1,0 0,92 0,0210<br />

P Máx. 0,025 0,015 0,0040<br />

S 0,010-0,020 0,014 0,0070<br />

Si 0,20-0,30 0,24 0,0067<br />

Cu Máx. 0,35 0,16 0,0073<br />

Cr 1,15-1,30 1,22 0,0172<br />

Ni Máx. 0,25 0,12 0,0230<br />

Mo 0,25-0,35 0,32 0,0044<br />

4.2 Tratamento Térmico e Caracterização do Perfil <strong>de</strong> Microdureza<br />

Objetivando a formação da camada <strong>de</strong> compostos e da zona <strong>de</strong> difusão, as<br />

amostras foram submetidas à nitretação por plasma, conforme processo <strong>de</strong>scrito no<br />

capítulo 3. Após o processo termoquímico os corpos <strong>de</strong> prova foram retirados do<br />

reator para a caracterização da microdureza. Este estudo foi realizado com o<br />

objetivo <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminar a profundida<strong>de</strong> com que a camada <strong>de</strong> difusão se apresentou.<br />

Para o material nitretado observa-se a redução progressiva da sua dureza com a<br />

aproximação do seu núcleo, isto ocorre <strong>de</strong>vido à elevada dureza observada na<br />

camada <strong>de</strong> compostos seguido da camada <strong>de</strong> difusão.


Capítulo 4 Resultados e Discussões 63<br />

A Tabela 4.2 mostra os valores <strong>de</strong> microdureza obtidos na secção transversal<br />

das amostras. Observa-se que há uma homogeneida<strong>de</strong> da dureza ao longo da<br />

profundida<strong>de</strong> da camada <strong>de</strong> difusão para ambas as peças submetidas ao tratamento<br />

termoquímico <strong>de</strong> nitretação por plasma.<br />

Tabela 4.2 – Microdureza dos corpos <strong>de</strong> prova ao longo da profundida<strong>de</strong> da camada<br />

<strong>de</strong> difusão.<br />

Percurso <strong>de</strong> dureza (mm)<br />

Dureza HV0,5<br />

Amostra 1 Amostra 2<br />

0,10 689 705<br />

0,20 600 601<br />

0,30 518 477<br />

0,40 449 421<br />

núcleo 346 345<br />

4.3 Caracterização Microestrutural da Camada Nitretada<br />

A estrutura metalográfica foi caracterizada nos mesmos corpos <strong>de</strong> prova<br />

utilizados para a caracterização da profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong> camada. As estruturas<br />

metalográficas das amostras apresentam uma pequena camada <strong>de</strong> compostos na<br />

superfície, seguida da camada <strong>de</strong> difusão on<strong>de</strong> também há a formação <strong>de</strong> nitretos.<br />

As microestruturas do material nitretado por plasma, apresentam camada <strong>de</strong><br />

compostos até 8 μm <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong>. Sendo a camada <strong>de</strong> compostos uma camada<br />

extremamente fina é esperado um aumento na resistência à corrosão química,<br />

porém, não é um processo que possa garantir uma elevada proteção <strong>de</strong> corrosão do<br />

tipo abrasiva, pois neste último caso a camada <strong>de</strong> compostos seria facilmente<br />

removida. A Figura 4.1 apresenta a visualização das microestruturas da seção<br />

transversal das superfícies dos corpos <strong>de</strong> prova avaliados.


Capítulo 4 Resultados e Discussões 64<br />

(a)<br />

Figura 4.1- Microestrutura da seção transversal das superfícies dos corpos <strong>de</strong> prova<br />

avaliados. (a) Amostra 1; (b) Amostra 2.<br />

(b)


Capítulo 4 Resultados e Discussões 65<br />

4.4 Ensaios <strong>de</strong> Corrosão<br />

4.4.1 Névoa Salina<br />

As superfícies das amostras <strong>de</strong> liga SAE 4144 foram avaliadas após 5 horas <strong>de</strong><br />

exposição à névoa salina na câmara <strong>de</strong> salt spray . Observou-se que a superfície da<br />

amostra SNSP apresentou vários pontos <strong>de</strong> oxidação, a amostra CNSP indicou um<br />

ponto <strong>de</strong> corrosão e as <strong>de</strong>mais amostras não apresentaram sinais <strong>de</strong> corrosão<br />

conforme mostra a Figura 4.3. A Figura 4.2 apresenta as amostras antes da<br />

exposição ao meio corrosivo da névoa salina.<br />

Figura 4.2 - Fotografia das amostras antes da exposição ao ensaio <strong>de</strong> salt spray. (a)<br />

CNSP; (b) SNSP; (c) CNPAni/MM; (d) CNPAni; (e) SNPAni/MM; (f) SNPAni.


Capítulo 4 Resultados e Discussões 66<br />

Figura 4.3 - Fotografia das amostras após 5 horas <strong>de</strong> exposição ao ensaio <strong>de</strong> salt<br />

spray. (a) CNSP; (b) SNSP; (c) CNPAni/MM; (d) CNPAni; (e) SNPAni/MM;<br />

(f) SNPAni.<br />

Após 24 horas as mesmas amostras foram analisadas novamente. Foi<br />

evi<strong>de</strong>nciado que as amostras SNSP e CNSP apresentaram a superfície com<br />

corrosão generalizada. Já as amostras que contemplavam o revestimento <strong>de</strong> Pani<br />

ou PAni/MM não apresentaram sinais <strong>de</strong> corrosão conforme a Figura 4.4 mostra.


Capítulo 4 Resultados e Discussões 67<br />

Figura 4.4 - Fotografia das amostras após 24 horas <strong>de</strong> exposição ao ensaio <strong>de</strong> salt<br />

spray. (a) CNSP; (b) SNSP; (c) CNPAni/MM; (d) CNPAni; (e) SNPAni/MM;<br />

(f) SNPAni.<br />

4.4.2 Caracterização da composição das superfícies através da Microscopia<br />

Eletrônica <strong>de</strong> Varredura ( MEV) e análises <strong>de</strong> Energia Dispersiva <strong>de</strong> Raio<br />

X (EDX) .<br />

A microscopia eletrônica <strong>de</strong> varredura (MEV) e as análises semiquantitativas<br />

<strong>de</strong> Energia Dispersiva <strong>de</strong> Raio X (EDX) foram realizadas com os mesmos corpos <strong>de</strong><br />

provas que foram submetidos ao ensaio <strong>de</strong> névoa salina. A microscopia foi realizada<br />

para ter-se uma visualização mais precisa das áreas oxidadas bem como da áreas<br />

preservadas. Os estudo das microanálises <strong>de</strong> EDX permitem uma comparação<br />

semiquantitativa dos elementos presentes na superficie das amostras e essas<br />

análises possibilitam a i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> áreas oxidadas. Nestes ensaios foi<br />

<strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>rado o efeito <strong>de</strong> borda das amostras, pois a irregularida<strong>de</strong> das superfícies<br />

nas áreas periféricas dos corpos <strong>de</strong> prova não pemitiu a homogeneida<strong>de</strong> dos filmes<br />

poliméricos.<br />

A análise <strong>de</strong> energia dispersiva <strong>de</strong> raio X (EDX) da amostra <strong>de</strong> aço SAE 4144<br />

sem nenhuma proteção à corrosão (SNSP) após 24 horas <strong>de</strong> Salt Spray mostra um<br />

elevado teor <strong>de</strong> óxido <strong>de</strong> ferro conforme <strong>de</strong>monstra Figura 4.5.


Capítulo 4 Resultados e Discussões 68<br />

Figura 4.5 – EDX da superfície da amostra SNSP: (a) área periférica e (b) área<br />

central .<br />

A Tabela 4.3 mostra os resultados semi quantitativos obtidos através <strong>de</strong> EDX<br />

nas regiões da superfície da amostra SNSP.<br />

Tabela 4.3 – Valores semi quantitativos da amostra SNSP.<br />

Elemento C(%) O(%) Cl(%) Cr(%) Fe(%) Total<br />

SNSP (a) 6.36 24.54 4.07 65.03 100.00<br />

SNSP (b) 2.72 17.81 0.71 1.74 77.02 100.00<br />

A análise realizada no corpo <strong>de</strong> prova com o tratamento térmico <strong>de</strong> nitretação<br />

por plasma também apresentou um teor consi<strong>de</strong>rável <strong>de</strong> óxido <strong>de</strong> ferro, conforme<br />

análise <strong>de</strong> EDX apresentada na Figura 4.6. A Figura 4.7 mostra a micrografia obtida<br />

pelo MEV no local da superfície que foi realizada a análise semi quantitativa.<br />

A Tabela 4.4 monstra os resultados semi quantitativos obtidos através <strong>de</strong><br />

EDX na superfície da amostra CNSP.


Capítulo 4 Resultados e Discussões 69<br />

Figura 4.6 – EDX da superfície da amostra CNSP: (a) área i<strong>de</strong>ntificada no MEV.<br />

Tabela 4.4 – Valores semi quantitativos da amostra CNSP<br />

Elemento C(%) O(%) Na(%) Cl(%) Fe(%) Total<br />

CNSP (a) 3.92 31.72 2.40 3.32 58.65 100.00<br />

Figura 4.7 – Micrografia obtida por MEV da superfície da amostra CNSP com<br />

ampliação 40x.


Capítulo 4 Resultados e Discussões 70<br />

Nas amostras submetidas ao tratamento térmico por plasma e revestimento<br />

com o homopolímero PAni ( CNPAni) verificou-se a preservação <strong>de</strong> corrosão na<br />

suprefície da região central, conforme a análise da Figura 4.8. Já a Figura 4.9<br />

mostra a micrografia obtida por MEV do ponto avaliado.<br />

(a)<br />

Figura 4.8 – EDX da superfície da amostra CNPAni: (a) área central da amostra.<br />

A Tabela 4.5 <strong>de</strong>screve os resultados semi quantitativos obtidos através <strong>de</strong><br />

EDX realizados na superfície da amostra CNPAni, especificamente na área central<br />

da amostra e na borda da amostra.<br />

Tabela 4.5 – Valores semi quantitativos da amostra CNPAni<br />

Elemento C(%) O(%) Na(%) Cl(%) Fe(%) Total<br />

CNPAni (a) 84.13 6.48 1.91 6.31 1.18 100.00


Capítulo 4 Resultados e Discussões 71<br />

(a)<br />

Figura 4.9– Micrografia obtida por MEV da superfície da amostra CNPAni com<br />

ampliação 40x: (a) CNPAni local submetido ao EDX.<br />

Na amostra submetida ao tratamento térmico por plasma e revestimento com o<br />

copolímero PAni/MM (CNPAni/MM) também verificou-se que a área central se<br />

manteve preservada <strong>de</strong> corrosão conforme <strong>de</strong>mostra a análise <strong>de</strong> EDX na Figura<br />

4.10. E a Tabela 4.6 <strong>de</strong>mostra os resultados semi quantitativos obtidos na superfície<br />

da amostra CNPAni/MM.<br />

Tabela 4.6 – Valores semi quantitativos da amostra CNPAni/MM<br />

Elemento C(%) Na(%) Cl(%) Fe(%) Total<br />

CNPAni/MM (a) 87.76 0.39 3.64 8.21 100.00


Capítulo 4 Resultados e Discussões 72<br />

(a)<br />

Figura 4.10– EDX da superfície da amostra CNPAni/MM: (a) área central da<br />

amostra.<br />

As amostras que não foram submetidas ao tratamento termo-químico <strong>de</strong><br />

nitretação por plasma, porém foram revestidas com o homopolímero PAni ( SNPAni)<br />

e com com o comopolímero PAni/MM (SNPAni/MM) também evi<strong>de</strong>nciaram proteção<br />

à corrosão após as 24 horas <strong>de</strong> ensaio <strong>de</strong> salt spray conforme <strong>de</strong>monstram os<br />

gráficos dos valores semi-quantitativos da Figura 4.11. A Tabela 4.7 mostra os<br />

resultados semi quantitativos obtidos através <strong>de</strong> EDX realizado nas superfícies das<br />

amostras SNPAni e SNPAni/MM referente aos gráficos da Figura 4.11.<br />

Figura 4.11– EDX da superfície das amostras na área central: (a) SNPAni/MM,<br />

(b) SNPAni.


Capítulo 4 Resultados e Discussões 73<br />

Tabela 4.7 – Valores semi quantitativos da amostra SNPAni/MM e SNPAni.<br />

Elemento C(%) O(%) Na(%) Si(%) Cl(%) Fe(%) Total<br />

SNPAni/MM (a) 88.98 1.04 0.13 4.99 4.86 100.00<br />

SNPAni (b) 87.98 5.98 0.40 0.11 4.65 0,88 100.00<br />

A Figura 4.12 mostra a micrografia obtida por MEV da amostra SNPAni/MM,<br />

que permite a visualização da homogeinida<strong>de</strong> do filme polimérico no aço carbono do<br />

corpo <strong>de</strong> prova.<br />

Figura 4.12 – Micrografia obtida por MEV da superfície da amostra SNPAni/MM com<br />

ampliação 40x.<br />

4.4.3 Curva <strong>de</strong> Polarização<br />

Os ensaios <strong>de</strong> polarização (curva <strong>de</strong> Tafel) fornecem informações importantes<br />

à respeito da resistência à corrosão dos filmes poliméricos utilizados como<br />

revestimento protetivo, bem como da nitretação por plasma. Os ensaios <strong>de</strong><br />

polarização dos corpos <strong>de</strong> prova geraram as curvas <strong>de</strong> log da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> corrente<br />

versus o potencial conforme mostra a Figura 4.13.


Log i (Log mA/cm 2 )<br />

Capítulo 4 Resultados e Discussões 74<br />

-1<br />

-2<br />

-3<br />

C<br />

F<br />

E<br />

D<br />

-4<br />

H<br />

-5<br />

-6<br />

G<br />

-7<br />

-8<br />

-0,8 -0,6 -0,4 -0,2 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0<br />

Potencial vs. ENH (mV)<br />

Figura 4.13 – Curvas <strong>de</strong> polarição obtidas para as amostras: C) SNSP; D) CNSP;<br />

E) SNPAni; F) SNPAni/MM; G) CNPAni; H)CNPAni/MM.<br />

As curvas visualizadas na Figura 4.13 correspon<strong>de</strong>m às respostas das<br />

superfícies dos corpos <strong>de</strong> prova expostas após sofrerem tratamentos distintos.<br />

Como previsto o aço isento <strong>de</strong> qualquer recobrimento ou tratamento (curva C)<br />

mostrou-se o mais suscetível à corrosão, expondo as mais altas correntes para os<br />

menores potenciais.<br />

Nos <strong>de</strong>mais casos observou-se que a nitretação e/ou recobrimentos<br />

oferecerem proteção, ainda que muito tênue em alguns casos. Isso <strong>de</strong>ve estar<br />

associado a formação <strong>de</strong> barreira física por parte do material polimérico e também<br />

pela perda <strong>de</strong> características metálicas <strong>de</strong>vido a nitretação.


Capítulo 4 Resultados e Discussões 75<br />

Esses fatos são concordantes com as curvas D e G, nas quais percebeu-se<br />

que a nitretação aparece bastante eficiente na proteção, sendo essa última<br />

reforçada pelo revestimento <strong>de</strong> PAni.<br />

Sabe-se que o nitrogênio é capaz <strong>de</strong> manter interações fortes com átomos <strong>de</strong><br />

ferro, motivo pelo qual as peças revestidas com PAni apresentam o comportamento<br />

mostrado. Em especial no caso da curva G, tudo indica que a nitretação provocou<br />

aumento nas referidas interações.<br />

Por outro lado, nas peças on<strong>de</strong> o recobrimento foi efetuado com PAni/MM os<br />

resultados não se mostraram satisfatórios. Acredita-se que em oposição ao aumento<br />

da quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> nitrogênio no polímero, houve uma fragilização das ca<strong>de</strong>ias ou a<br />

formação <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>ias menores, já que visual e mecanicamente os filmes mostrarmse<br />

mais irregulares e quabradiços, fato pelo qual ele não foi eficiente e, no caso<br />

observado na curva H, prejudicou o efeito causado pela nitretação.


Capítulo 5 Conclusões 76<br />

5 CONCLUSÕES<br />

Nos ensaios em câmara <strong>de</strong> névoa salina, on<strong>de</strong> as amostras permaneceram 24<br />

horas, evi<strong>de</strong>nciaram que os materiais poliméricos ofereceram proteção à corrosão<br />

para as ligas <strong>de</strong> aço SAE 4144 expostas a estes ambientes, porém, os ensaios não<br />

permitiram o estabelecimento <strong>de</strong> comparações entre as eficiências dos<br />

revestimentos poliméricos.<br />

Como já era esperado o processo <strong>de</strong> nitretação por plasma promoveu uma fina<br />

camada <strong>de</strong> compostos, que por sua vez intensificou a proteção à corrosão química<br />

no aço SAE 4144. Contudo é necessário ressaltar que <strong>de</strong>vido a camada <strong>de</strong><br />

compostos formada possuir uma espessura muito pequena, esta é facilmente<br />

removida se o aço for submetido à abrasão.<br />

Po<strong>de</strong>-se concluir também que o homopolímero polianilina no estado não<br />

dopado promove resultados satisfatórios na proteção à corrosão no aço SAE 4144.<br />

Por outro lado, o co-polímero resultante da síntese equimolar <strong>de</strong> anilina com<br />

melamina resultou em um material <strong>de</strong> difícil processamento e com proprieda<strong>de</strong>s que<br />

não se mostraram satisfatórias para proteção corrosiva.


Capítulo 6 Sugestões <strong>de</strong> trabalhos Futuros 77<br />

6 SUGESTÕES DE TRABALHOS FUTUROS<br />

Promover estudos com aplicação polimérica do copolímero poli(anilina-comelamina)<br />

em razões distintas, pois estudos que estão sendo <strong>de</strong>senvolvidos no<br />

mesmo laboratório (LAMEL-<strong>UTFPR</strong>) e que contemplam proporções menores <strong>de</strong><br />

melamina no filme polimérico, apresentaram melhor <strong>de</strong>sempenho.<br />

Estudar aplicação do inibidor polimérico da PAni/MM por eletro<strong>de</strong>posição em<br />

soluções <strong>de</strong> diferentes razões molares.


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