Desocultando o voo das andorinhas - Faculdade de Psicologia e de ...
Desocultando o voo das andorinhas - Faculdade de Psicologia e de ...
Desocultando o voo das andorinhas - Faculdade de Psicologia e de ...
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
5. Conclusão<br />
Dissemos no início <strong>de</strong>ste trabalho que o seu objectivo era pensar a educação inter/multicultural<br />
como movimento social, relacionando o seu aparecimento com o fenómeno <strong>de</strong> globalização. A<br />
realização <strong>de</strong>ste objectivo conduziu-nos, em primeiro lugar, à apreciação da génese da educação<br />
inter/multicultural tendo-se concluído que a sua existência se manifestava quer como política <strong>de</strong><br />
gestão controlada da exclusão na sua tradução para o campo <strong>de</strong> educação escolar («a penetração<br />
<strong>de</strong> sistemas <strong>de</strong> dominação»), quer como movimento social «novo» na forma <strong>de</strong> uma energia emancipatória<br />
cujo objectivo é a neutralização da lógica da exclusão e cuja realização passa por apelos<br />
ao sujeito em to<strong>das</strong> as esferas da vida quotidiana, individual e colectiva.<br />
Em segundo lugar, procurámos a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong>sse movimento social «novo» e os contornos da<br />
sua potencial realização no campo <strong>de</strong> educação escolar. Assim, reconhecemos a presença dos<br />
movimentos sociais «novos», enquanto forma <strong>de</strong> intersubjectivida<strong>de</strong>, sem actores sociais «privilegiados»,<br />
em todos os aspectos da vida social num contexto <strong>de</strong> <strong>de</strong>sestatização da regulação social.<br />
Reconhecemos também o carácter simultaneamente transnacional e local <strong>de</strong>sses movimentos<br />
sociais novos e a sua natureza política, no sentido lato do termo, eventualmente capaz <strong>de</strong> <strong>de</strong>nunciar<br />
os excessos da regulação da mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>.<br />
Finalmente, propomos a educação inter/multicultural crítica como movimento contra-hegemónico;<br />
crítica porque armada por um conhecimento sociológico reflexivo e implicado, quer do processo<br />
<strong>de</strong> reprodução social e cultural, quer da relação entre cidadania e subjectivida<strong>de</strong>; contra-<br />
-hegemónico porque face aos excessos <strong>de</strong> regulação se assume como parte integral do movimento<br />
para a solidarieda<strong>de</strong>, a cidadania activa e a justiça social. Expressando esse movimento<br />
contra-hegemónico ao nível da educação escolar estará o agente educativo «relocalizado», articulado<br />
em re<strong>de</strong>, parceiro <strong>de</strong> um processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento local integrado, inter/multicultural na<br />
sua gestão da diferença e na sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> promover o bilinguismo cultural.<br />
Referências bibliográficas<br />
AMIN, A. (1994). Post fordism: Mo<strong>de</strong>ls, fantasies and phantoms of transition. In A. Amin (Org.), Post-fordism, a<br />
rea<strong>de</strong>r (pp. 1-39). Oxford: Blackwell.<br />
APPADURAI, A. (1990). Disjuncture and difference in the global cultural economy. In M. Featherstone (Org.), Global<br />
culture. Londres: Sage Publications.<br />
APPLE, M. (1998, Fevereiro). Educating the «right» way: Schools and the conservative alliance. Comunicação proferida<br />
no III Colóquio sobre Questões Curriculares, «Reflexão e Inovação Curricular». Instituto <strong>de</strong> Educação e <strong>Psicologia</strong><br />
da Universida<strong>de</strong> do Minho, Braga.<br />
ARCHER, M. (1991). Sociology for one world: Unity and diversity. International Sociology, 6(2), 131-148.<br />
BALIBAR, É. (1991). Es gibt keinen Staat in Europa: Racism and politics in Europe today. New Left Review, 186, 5-<br />
-19.<br />
208