Revista Leitura de Bordo Outubro 2014
Torre de Belém - Marco da ousadia portuguesa
Torre de Belém - Marco da ousadia portuguesa
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Ponto <strong>de</strong> Vista<br />
tinha sido colocada em prática durante os<br />
oito primeiros anos <strong>de</strong> gestão do atual grupo<br />
dominante.<br />
A proposta <strong>de</strong> um “Estado” mastodôntico<br />
é o fermento para que a corrupção se<br />
transforme em uma praga cada vez mais<br />
endêmica no tecido administrativo, fazendo<br />
com que o segmento produtivo tenha que<br />
pagar cada vez mais impostos para saciar a<br />
fome inesgotável dos que vivem – e enriquecem<br />
– sem contribuir para o <strong>de</strong>senvolvimento,<br />
sem gerar nenhum emprego e sem<br />
produzir! Alimentam-se do Estado.<br />
O que surge como um projeto piloto<br />
po<strong>de</strong>, na verda<strong>de</strong>, alastrar-se não apenas<br />
para outras instâncias administrativas, mas<br />
para governos estaduais e municipais, solapando<br />
um setor que respon<strong>de</strong> por milhares<br />
<strong>de</strong> empregos e que é tratado <strong>de</strong> forma acintosa<br />
pela estrutura <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r.<br />
Usar o argumento <strong>de</strong> práticas fraudulentas<br />
lembra aquela história do sujeito que<br />
se <strong>de</strong>scobre traído e resolve tirar o sofá da<br />
sala. É um simplismo que, a bem da verda<strong>de</strong>,<br />
revela a faceta mais perigosa que tem sido a<br />
característica do governo: o intervencionismo<br />
e a falta <strong>de</strong> politica séria.<br />
Fica, pois, escancarada a cegueira do<br />
governo – porque se ele teima em ocupar<br />
o espaço da ativida<strong>de</strong> produtiva, que sofre<br />
em suportar uma carga tributária estratosférica,<br />
ele está dando um tiro no pé. Inclusive<br />
para manter sua política <strong>de</strong> concessão <strong>de</strong><br />
bonda<strong>de</strong>s ele precisa que a ativida<strong>de</strong> produtiva<br />
esteja na plenitu<strong>de</strong>. Ou vai buscar os<br />
recursos on<strong>de</strong>?<br />
Volto a dizer: é importante que nós tenhamos<br />
a preocupação <strong>de</strong> acompanhar o<br />
que está acontecendo ao nosso redor, porque<br />
ninguém está livre <strong>de</strong> ser alvo e, <strong>de</strong> repente,<br />
se <strong>de</strong>parar com uma concorrência<br />
<strong>de</strong>sleal e “kamikaze”.<br />
Sempre é bom lembrar que nada acontece<br />
<strong>de</strong> modo isolado ou impune.<br />
Quem já não leu alguma vez esse poema,<br />
falsamente atribuído ao poeta russo<br />
Maiakovski, mas que na realida<strong>de</strong> é do brasileiro<br />
Eduardo Alves da Costa?<br />
“Na primeira noite eles se aproximam<br />
e roubam uma flor<br />
do nosso jardim.<br />
E não dizemos nada.<br />
Na segunda noite, já não se escon<strong>de</strong>m:<br />
pisam as flores,<br />
matam nosso cão,<br />
e não dizemos nada.<br />
Até que um dia,<br />
o mais frágil <strong>de</strong>les<br />
entra sozinho em nossa casa,<br />
rouba-nos a luz, e,<br />
conhecendo nosso medo,<br />
arranca-nos a voz da garganta.<br />
E já não po<strong>de</strong>mos dizer nada.”<br />
Pois bem... esse poema, po<strong>de</strong> e <strong>de</strong>ve<br />
servir <strong>de</strong> alerta para os tempos nos quais vivemos.<br />
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