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AgRiCulTuRA fAMiliAR: sAídA pARA A CRisE dE AliMENTOs - Contag

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®<br />

ANO V | NÚMERO 49 | julho 2008<br />

BRASIL<br />

Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (<strong>Contag</strong>)<br />

Agricultura familiar:<br />

saída para a crise de alimentos<br />

O investimento na agricultura familiar<br />

é a melhor alternativa para aumentar a<br />

oferta de alimentos e combater a inflação.<br />

A <strong>Contag</strong> também defende a posição de<br />

que é perfeitamente possível conciliar<br />

a política de biocombustíveis com a<br />

produção de produtos agrícolas. É por<br />

essa razão que o MSTTR apóia o programa<br />

Mais Alimentos e está reivindicando<br />

um tratamento diferenciados para os<br />

agricultores e agricultoras familiares no<br />

Programa Nacional de Biodiesel.<br />

Jornada das Margaridas<br />

O legado de Margarida Alves, assassinada há 25<br />

anos, será lembrado pelas trabalhadoras rurais<br />

de todo o País na semana de 11 a 15 de agosto<br />

Pág. 4<br />

Reforma Agrária<br />

A <strong>Contag</strong> prepara a Plenária Nacional da Reforma<br />

Agrária e Meio Ambiente, marcada para os dias 17<br />

a 20 de agosto, em Brasília<br />

Pág. 7


editorial<br />

Proteção social e ambiental no setor sucroalcooleiro<br />

A<strong>Contag</strong> apresentou, no final<br />

do primeiro semestre,<br />

uma proposta de regulamentação<br />

da expansão<br />

do setor sucroalcooleiro ao governo<br />

federal. O processo de elaboração<br />

do documento ficou a cargo da Secretaria<br />

de Assalariados e Assalariadas,<br />

foi amplamente discutido e<br />

aperfeiçoado pelas Fetags e contou<br />

com o apoio do Dieese.<br />

A proposta parte do pressuposto<br />

da necessidade de integrar a política<br />

energética do País com o desenvolvimento<br />

rural sustentável e solidário.<br />

Isso significa que a produção de biocombustíveis<br />

deve respeitar os direitos<br />

dos assalariados e assalariadas,<br />

fortalecer a agricultura familiar e preservar<br />

o meio ambiente.<br />

A <strong>Contag</strong> tem clareza de que a energia<br />

de fontes renováveis pode aprofundar<br />

relações de trabalho degradantes,<br />

trazer prejuízos para a biodiversidade<br />

do ecossistema e aumentar a extensão<br />

da monocultura para níveis econômicos<br />

e sociais indesejáveis, caso não<br />

seja bem regulamentada. Esta opção<br />

também pode ampliar o fenômeno da<br />

estrangeirização das terras, comprometer<br />

a produção de alimentos e inviabilizar<br />

a agricultura familiar nas áreas<br />

de produção da cana-de-açúcar e outras<br />

monoculturas.<br />

Os riscos colocados exigem uma<br />

negociação entre produtores de<br />

cana, açúcar e álcool, governo federal<br />

e movimento sindical dos trabalhadores<br />

e trabalhadoras rurais (MSTTR).<br />

A proposta apresentada pela <strong>Contag</strong><br />

está no centro das discussões abertas<br />

com o governo e os patrões.<br />

dos trabalhadores e trabalhadoras<br />

rurais que perderem seus postos de<br />

trabalho em função da mecanização.<br />

Não somos contra a inovação tecnológica,<br />

mas entendemos que é possível<br />

uma mecanização que humanize<br />

o trabalho sem provocar desemprego<br />

em massa.<br />

A <strong>Contag</strong> defende também que<br />

o governo adote normas de certificação<br />

social e ambiental para o<br />

setor, condicione a política de fi-<br />

A proposta da <strong>Contag</strong> para a<br />

regulamentação do setor sucroalcooleiro<br />

reivindica políticas públicas do governo e<br />

contrapartidas dos empresários<br />

O documento contém tanto reivindicações<br />

para o Poder Público como<br />

exigências para os empregadores.<br />

O MSTTR entende que é de responsabilidade<br />

do governo promover o<br />

zoneamento agroecológico para regular<br />

a produção de cana-de-açúcar<br />

e construir políticas públicas que<br />

garantam alternativas de reinserção<br />

nanciamentos e isenções fiscais ao<br />

cumprimento de metas de proteção<br />

social e ambiental e aprimore os<br />

mecanismos de fiscalização do setor<br />

sucroalcooeiro nas esferas trabalhista,<br />

previdenciária e ambiental.<br />

Estamos propondo, ainda, que haja<br />

restrições para a compra de terras<br />

por estrangeiros e que o Programa<br />

de Crédito Fundiário seja ampliado<br />

como uma alternativa para a reinsenção<br />

produtiva das vítimas da<br />

mecanização.<br />

Os empresários devem, por sua<br />

vez, oferecer contrapartidas para os<br />

trabalhadores e trabalhadoras que<br />

perderem seus postos de trabalho.<br />

Eles também têm de se responsabilizar<br />

pelo cumprimento das metas<br />

de proteção social e ambiental por<br />

parte do conjunto da cadeia produtiva.<br />

O setor patronal precisa, ainda,<br />

se comprometer com a aplicação<br />

da legislação trabalhista, respeitar<br />

as convenções coletivas e garantir<br />

o exercício da atividade sindical nas<br />

plantações e usinas.<br />

A abrangência desse acordo deve<br />

ter caráter nacional e obrigatório para<br />

todo o setor patronal, sob pena de<br />

sanções e multas pelo Poder Público.<br />

Essa é a condição inegociável da<br />

<strong>Contag</strong> para apoiar qualquer processo<br />

de regulamentação do setor sucroalcooleiro.<br />

Manoel dos Santos<br />

Presidente da <strong>Contag</strong><br />

pelo brasil afora<br />

Extrativismo e saúde<br />

Lideranças sindicais, agricultores<br />

e agricultoras familiares do Maranhão<br />

discutiram a importância do extrativismo<br />

para o fortalecimento da economia<br />

regional no sul do estado. O<br />

tema foi pauta do I Seminário e Feira<br />

sobre as Potencialidades Agroextrativistas<br />

do Cerrado Sul-Maranhense,<br />

realizado na cidade de Balsas, no dia<br />

11 de julho. Durante a feira foram<br />

abordados os entraves da reforma<br />

agrária no cerrado sul-maranhense<br />

e a comercialização de produtos da<br />

agricultura familiar na região.<br />

Representantes da Fetaema e dirigentes<br />

sindicais do estado também<br />

participaram da segunda etapa do II<br />

Módulo de Formação de Multiplicadores<br />

do Projeto Gênero, Saúde e<br />

Direitos Sexuais e Reprodutivos, em<br />

Morros, nos dias 21 a 24 de julho.<br />

O objetivo do curso foi fortalecer a<br />

atuação do MSTTR na formulação de<br />

políticas públicas de saúde para as<br />

populações do campo e da floresta.<br />

Dívidas rurais<br />

Um grupo de 60 agricultores familiares<br />

dos municípios de Contenda e<br />

da Lapa, no Paraná, organizou um ato<br />

de protesto para impedir que propriedades<br />

rurais e outros bens fossem<br />

arrematados no leilão realizado no<br />

dia 15 de julho. Eles correm o risco<br />

de perder suas terras em função das<br />

dívidas rurais contraídas a partir de<br />

1994. A Justiça colocou em leilão cerca<br />

de 20 áreas rurais de tradicionais<br />

produtores dos dois municípios, além<br />

de caminhões, tratores, máquinas e<br />

outros implementos agrícolas.<br />

Juventude Rural participa de<br />

Consórcio e Festival<br />

Jovens agricultores de Pernambuco<br />

participaram do curso de capacitação<br />

profissional do programa Consórcio<br />

Social da Juventude. O curso<br />

destinado a jovens entre 16 e 24 anos<br />

ocorreu na cidade de Petrolina, no dia<br />

18 de julho, e contou com a presença<br />

de 100 jovens que obtiveram qualificação<br />

profissional em avicultura, ovinocultura<br />

e caprino.<br />

A Fetape também promoveu, em<br />

julho, o 3° Festival da Juventude Rural<br />

na cidade de Carpina. O evento debateu<br />

temas de interesse dos jovens e as<br />

estratégias do MSTTR para o campo.<br />

A programação contou, ainda, com a<br />

2ª Mostra Cultura, que apresentou a<br />

diversidade das expressões culturais<br />

da juventude pernambucana.<br />

Grito da Terra Piauí<br />

A 14º edição do Grito da Terra no<br />

Piauí teve como tema “Desenvolvimento<br />

Sustentável com Distribuição<br />

de Terra, Trabalho, Renda e Cidadania".<br />

O evento mobilizou 1,8 mil trabalhadores<br />

e trabalhadoras rurais em<br />

Teresina, no dia 22 de julho. O foco<br />

principal do Grito da Terra foi o fortalecimento<br />

da agricultura familiar para<br />

o estado, responsável por 85% dos alimentos<br />

consumidos pela população.<br />

O Incra e o governo do estado<br />

anunciaram, durante a manifestação,<br />

a liberação de R$ 4 milhões<br />

para as áreas de habitação rural, saneamento<br />

básico e energia elétrica<br />

dos assentamentos rurais. O programa<br />

Jovem Saber também receberá a<br />

instalação de 80 núcleos de estação<br />

digital até o final do ano. O governador<br />

Wellington Dias também atendeu<br />

à reivindicação do MSTTR e publicou<br />

o decreto-lei que limita o avanço das<br />

carvoarias no estado.<br />

Gestão financeira<br />

A Secretaria de Finanças da Fetag/AL<br />

ofereceu um curso de gestão<br />

financeira para os dirigentes sindicais<br />

do estado no período de 22 a 24 de<br />

julho, em Maceió. A proposta da oficina<br />

foi aumentar o nível de capacitação<br />

dos representantes dos STTRs<br />

que formam o Pólo Sindical Xucurus,<br />

que abrange 10 municípios da Zona<br />

da Mata e do Agreste alagoano.<br />

Grito da Terra Bahia<br />

O Grito Estadual da Terra da<br />

Bahia contou com a participação<br />

de cerca de 3 mil trabalhadores e<br />

trabalhadoras rurais em Salvador,<br />

no dia 25 de julho. A mobilização<br />

organizada pela Fetag/BA, em parceria<br />

com mais de 400 STTRs do<br />

estado, deu visibilidade à importância<br />

do fortalecimento da agricultura<br />

familiar no combate à escassez de<br />

alimentos no País. A pauta do Grito<br />

da Terra reuniu reivindicações sobre<br />

reforma agrária, saúde, educação,<br />

moradia, segurança, infra-estrutura,<br />

assistência técnica e crédito rural.<br />

O Dia do Trabalhador Rural foi comemorado<br />

durante o evento.<br />

2 J o r n a l d a C o n t a g


pelo brasil afora<br />

Marcha destaca importância do jovem para agricultura familiar<br />

Sucessão Rural: é desde<br />

pequeno que se aprende a<br />

gostar da agricultura. Esse<br />

foi o mote da II Marcha Estadual<br />

da Juventude Rural promovida<br />

pela Fetag/RS, em Porto Alegre, no dia<br />

15 de julho. A marcha ocorreu em conjunto<br />

com o Grito Estadual da Terra e<br />

contou com a presença de cerca de 3<br />

mil jovens trabalhadores e trabalhadoras<br />

rurais, pais e professores. O papel<br />

da juventude na agricultura familiar e a<br />

defesa de políticas públicas para fixação<br />

do jovem no campo foram o foco<br />

principal da mobilização no estado.<br />

A coordenadora de Jovens da Fetag/RS,<br />

Josiane Einloft, avalia positivamente<br />

o resultado. “Mostramos o<br />

poder de organização e mobilização<br />

da nossa juventude”, comemora. Para<br />

a coordenadora da Comissão de Jovens<br />

do STTR de Santo Antônio das<br />

Missões, Carla Simone Fernandes,<br />

23 anos, a mobilização pode servir de<br />

exemplo para outros estados. “É um<br />

passo muito importante dado pela juventude<br />

gaúcha, que pode ser implementado<br />

em âmbito nacional.” A primeira<br />

edição da marcha foi em 2005 e<br />

teve como foco a liberação de créditos<br />

rurais destinados à política agrária.<br />

Reivindicações – A Comissão Estadual<br />

de Jovens da Fetag/RS apresentou<br />

à Delegacia Federal do MDA projeto<br />

para capacitação de agentes de<br />

desenvolvimento territorial destinado<br />

a jovens trabalhadores rurais com sucessão<br />

rural. A carta encaminhada às<br />

autoridades locais contém reivindicações<br />

para geração de renda, qualificação<br />

profissional, assistência técnica,<br />

educação e legislação ambiental.<br />

Durante a marcha, a governadora<br />

Yeda Crusius anunciou a liberação de<br />

R$ 1 milhão para o programa Primeiro<br />

Crédito da Juventude Rural até o final<br />

do ano. A Emater também vai promover<br />

Fetag RS<br />

Milhares de jovens marcharam em Porto Alegre durante o Grito da Terra<br />

concurso público na área de assistência<br />

técnica que beneficiará jovens rurais<br />

com qualificação profissional.<br />

Grito da Terra – O Grito da Terra Estadual<br />

trouxe várias conquistas para os<br />

agricultores e agricultoras familiares do<br />

Rio Grande do Sul. O governo estadu-<br />

al firmou compromissos nas áreas de<br />

meio ambiente, crédito fundiário, segurança<br />

pública e habitação rural. As famílias<br />

que possuem renda de até dois<br />

salários mínimos contarão com um auxílio,<br />

a fundo perdido, de R$ 1,5 mil para<br />

programas de construção ou reforma de<br />

casas no meio rural.<br />

Congressos estaduais elegem diretoria das Fetags<br />

Manoel dos Santos representa a <strong>Contag</strong> no Congresso Estadual da Fetaema<br />

As Federações dos Trabalhadores<br />

e Trabalhadoras<br />

Rurais na Agricultura (Fetags)<br />

dos Estados do Maranhão<br />

(Fetaema) e Tocantins (Fetaet)<br />

promoveram, em junho, congressos<br />

estaduais para eleger novas diretorias<br />

e definir o plano de lutas da categoria<br />

para os próximos quatro anos. Já no<br />

mês de julho, Santa Catarina comemorou<br />

os 40 anos da Fetaesc durante<br />

o 2º Congresso Estadual dos Trabalhadores<br />

e Trabalhadoras Rurais. O<br />

Fetaema<br />

foco desse evento foi a organização<br />

do MSTTR no estado, já que a atual<br />

diretoria da entidade já havia sido<br />

eleita no início de janeiro deste ano,<br />

em Florianópolis.<br />

O presidente da Fetaet, Antônio Batista<br />

de Sá, foi reeleito com 118 votos<br />

favoráveis para comandar a luta dos<br />

trabalhadores e trabalhadoras rurais<br />

em Tocantins. As lideranças sindicais<br />

e os delegados que participaram do<br />

Congresso Estadual aceitaram o desafio<br />

de construir uma sede definitiva<br />

em Palmas e fortalecer a organização<br />

dos 64 STTRs filiados que fazem parte<br />

do Sistema <strong>Contag</strong> no estado.<br />

O Congresso Estadual aconteceu<br />

no período de 1º a 6 de junho<br />

e contou com a participação de 112<br />

delegados, além de diretores da <strong>Contag</strong><br />

e autoridades locais. O Estatuto<br />

Social da Fetaet foi modificado para<br />

criar a Secretaria de Meio Ambiente<br />

e a Comissão da Terceira Idade, além<br />

de fazer outras adequações à luta do<br />

movimento sindical dos trabalhadores<br />

e trabalhadoras rurais do estado.<br />

A posse da nova diretoria foi programada<br />

para o dia 12 de julho.<br />

Maranhão – Já a chapa encabeçada<br />

pelo sindicalista Francisco Sales será<br />

empossada no dia 30 de julho. A nova<br />

diretoria eleita no Congresso Estadual<br />

da Fetaema vai comandar a luta dos<br />

trabalhadores e trabalhadoras rurais do<br />

Maranhão no quadriênio 2008-2012.<br />

O Congresso Estadual reuniu cerca<br />

de 800 delegados e delegadas sindicais<br />

na primeira semana de junho, em São<br />

Luís (MA). O novo presidente da Fetaema<br />

pretende aprofundar a política de<br />

reforma agrária no estado por meio da<br />

desapropriação de terras e da regularização<br />

fundiária em terras devolutas.<br />

A Diretoria Executiva da entidade<br />

é composta por representantes dos<br />

Pólos Regionais do Mearim, Cocais,<br />

Alto Turi, Tocantina, Sul e Baixada<br />

Oriental. A suplência da diretoria será<br />

formada por lideranças sindicais dos<br />

Pólos do Baixo Parnaíba, Baixada Maranhense<br />

e Pindaré.<br />

Santa Catarina – O presidente reeleito<br />

da Fetaesc, Hilário Gottselig,<br />

e os 24 novos dirigentes da Fetaesc,<br />

empossados no início de janeiro, participaram<br />

do Congresso Estadual da<br />

entidade nos dias 30 de junho a 2 de<br />

julho. Os 135 delegados e as lideranças<br />

sindicais aprovaram estratégias<br />

de atuação do MSTTR para a agricultura<br />

familiar e assalariados rurais nos<br />

próximos quatro anos.<br />

A nova diretoria da Fetaesc pretende<br />

garantir uma gestão qualificada<br />

e valorizar as coordenações<br />

das 18 Associações Microrregionais<br />

dos STTRs do estado. A consolidação<br />

do Plano de Reordenação<br />

Sustentável na Agricultura Familiar,<br />

implementação de um piso estadual<br />

para os(as) assalariados(as) rurais;<br />

e fortalecimento de ações de<br />

mobilização são outras prioridades<br />

da direção eleita.<br />

J o r n a l d a C o n t a g<br />

3


Jornada das margaridas<br />

25 anos sem Margarida Alves<br />

As mulheres do campo vão<br />

demonstrar mais uma vez<br />

sua força de mobilização na<br />

luta contra a fome, pobreza<br />

e violência sexista. Elas participarão de<br />

uma série de atividades, em agosto,<br />

para lembrar os 25 anos do assassinato<br />

da sindicalista Margarida Alves e dar<br />

continuidade à negociação da pauta da<br />

Marcha das Margaridas com o governo<br />

federal. A agenda da Jornada das Margaridas<br />

será coordenada pela Comissão<br />

Nacional de Mulheres Trabalhadoras<br />

Rurais (CNMTR) da <strong>Contag</strong> e prevê<br />

manifestações em todo o País.<br />

A programação começa no dia 11<br />

e se estende até 15 de agosto. As reivindicações<br />

da Marcha das Margaridas<br />

que ainda não foram atendidas pelos<br />

governos federal, estaduais e municipais<br />

serão retomadas durante a Jornada<br />

das Margaridas. A coordenadora da<br />

CNMTR e vice-presidente da CUT, Carmen<br />

Foro, explica que a idéia é tornar<br />

o 12 de agosto – data do assassinato<br />

de Margarida Alves – em um dia permanente<br />

de luta das trabalhadoras rurais.<br />

Ela explica que a agenda do evento<br />

em Brasília vai estar em sintonia com<br />

as mobilizações nos estados e municípios.<br />

“A Jornada das Margaridas será<br />

um momento de traduzir, debater,<br />

fazer valer a luta de Margarida Alves,<br />

mas também fazer valer a nossa luta e<br />

a nossa força”, afirma Carmen.<br />

Agenda – O seminário nacional “Atualização<br />

da Pauta da Marcha das Margaridas”<br />

reuniu as coordenadoras das<br />

Comissões Estaduais de Mulheres e<br />

representantes das entidades parceiras<br />

e definiu, nos dias 14 e 15 de julho,<br />

em Brasília, a agenda da Jornada<br />

das Margaridas. As principais atividades<br />

vão ocorrer em Brasília, mas os<br />

estados terão um calendário próprio<br />

ao longo do mês.<br />

A Câmara dos Deputados vai promover<br />

uma sessão especial no dia 11<br />

para marcar a data do assassinato<br />

de Margarida Alves. As trabalhadoras<br />

rurais também participarão do seminário<br />

“Mulher: Participação, Poder<br />

e Democracia” e de uma rodada de<br />

negociações nos ministérios. A pauta<br />

atualizada das reivindicações da Marcha<br />

das Margaridas será entregue aos<br />

ministros Luiz Dulci e Nilcéia Freire. A<br />

Comissão Nacional de Mulheres está<br />

negociando, ainda, uma audiência<br />

com o presidente Luiz Inácio Lula da<br />

Silva no Palácio do Planalto.<br />

Beto Oliveira<br />

As Comissões Estaduais de Mulheres já estão organizando a<br />

Jornada das Margaridas em todo o País<br />

Margarida Alves: “Prefiro morrer<br />

lutando a morrer de fome”<br />

Margarida Maria Alves presidia o Sindicato<br />

dos Trabalhadores Rurais de Alagoa<br />

Grande (PB) quando foi assassinada a tiros<br />

em 12 de agosto de 1983. Os principais<br />

suspeitos pelo assassinato são latifundiários<br />

da região que ficaram incomodados<br />

com o papel de destaque da sindicalista<br />

na luta pela garantia de direitos como carteira<br />

assinada, 13º salário e férias.<br />

Margarida Alves promoveu campanhas<br />

de conscientização e, aos poucos,<br />

com a ajuda do sindicato, os trabalhadores<br />

e trabalhadoras começaram a mover<br />

ações na Justiça do Trabalho para exigir<br />

seus direitos. Antes de ser morta, ela<br />

protocolou 73 reclamações trabalhistas<br />

contra empresas da região.<br />

Por causa da intensa mobilização em<br />

defesa dos direitos humanos e trabalhistas,<br />

Margarida Alves começou a receber<br />

ameaças. Latifundiários mandavam “recados”<br />

pedindo que ela parasse de “criar<br />

caso” e deixasse a presidência do sindicato.<br />

Ela respondia às ameaças em público<br />

e afirmava não ter medo, pois preferia<br />

morrer lutando a morrer de fome.<br />

Conselho deliberativo<br />

Começam preparativos para 10º Congresso<br />

O<br />

MSTTR iniciou oficialmente<br />

os preparativos para o<br />

10º Congresso da <strong>Contag</strong>,<br />

marcado para março<br />

do próximo ano. O regimento interno<br />

foi aprovado pelo Conselho Deliberativo<br />

da <strong>Contag</strong>, que se reuniu, em Brasília,<br />

nos dias 16 a 18 de julho.<br />

O documento final foi aprovado<br />

após intensos debates dos(as)<br />

conselheiros(as), que incorporaram<br />

várias propostas ao texto-base. O secretário<br />

geral da <strong>Contag</strong>, David Wylkerson,<br />

afirma que a participação das<br />

Fetags foi decisiva para a elaboração<br />

do documento final. “Aprovamos um<br />

regimento aprimorado, participativo e<br />

qualificado, que vai nos permitir ter um<br />

congresso bastante representativo.”<br />

Outro tema discutido pelo Conselho<br />

Deliberativo foi a aplicação da Lei<br />

11.718/2008, que estabelece regras<br />

para a aposentadoria rural e para os<br />

contratos de trabalho por curto prazo.<br />

Cesar Ramos<br />

Os dirigentes da <strong>Contag</strong> e Fetags aprovaram o regimento interno do<br />

10º Congresso durante a reunião do Conselho Deliberativo<br />

Sancionada em 20 de junho, a norma é<br />

resultado de uma luta antiga da <strong>Contag</strong><br />

para assegurar direitos previdenciários<br />

e trabalhistas para o campo.<br />

O secretário de Assalariados e Assalariadas<br />

da <strong>Contag</strong>, Antonio Lucas,<br />

também apresentou às Fetags a “Proposta<br />

do MSTTR para a regulamentação<br />

da expansão do setor sucroalcooleiro”,<br />

entregue ao governo federal no final<br />

do primeiro semestre. O documento<br />

reúne reivindicações para enfrentar o<br />

processo de mecanização do corte da<br />

cana e implementar políticas públicas<br />

de requalificação profissional.<br />

Os membros do Conselho Deliberativo<br />

discutiram, ainda, os parâmetros<br />

para a negociação com os representantes<br />

dos empresários do setor<br />

da cana. “É preciso que nos preparemos<br />

para a conferência internacional<br />

sobre biocombustíveis, que vai ocorrer<br />

em novembro no Brasil. Devemos<br />

estar afinados para colocar a posição<br />

dos trabalhadores e trabalhadoras rurais<br />

nesse processo de produção de<br />

álcool”, diz Antonio Lucas.<br />

Eleições – A participação do MSTTR<br />

nas eleições de outubro foi outro assunto<br />

da pauta. Os membros do Conselho<br />

avaliaram o quadro dos candidatos<br />

ligados ao Sistema <strong>Contag</strong> que<br />

disputarão as eleições de outubro. O<br />

presidente da <strong>Contag</strong>, Manoel dos<br />

Santos, convidou os dirigentes a trabalharem<br />

pelas eleições das candidaturas<br />

comprometidas com os interesses<br />

da agricultura familiar. "A chance<br />

que temos de eleger candidatos que<br />

apóiem a luta dos trabalhadores e<br />

trabalhadoras rurais é envolver a população<br />

e atuar ativamente na candidatura",<br />

afirmou.<br />

4<br />

J o r n a l d a C o n t a g


Especial<br />

Agricultura familiar no centro dos debates<br />

A<br />

crise dos alimentos e a produção<br />

de biodiesel no Brasil<br />

abriram espaço nos últimos<br />

meses para uma discussão<br />

que interessa diretamente ao MSTTR: o<br />

fortalecimento da agricultura familiar no<br />

contexto econômico e social.<br />

O lançamento do Plano Safra<br />

2008/2009, no início de julho, foi<br />

uma indicação concreta de que o governo<br />

federal pretende transformar a<br />

suposta contradição entre aumento<br />

da produção de alimentos e o investimento<br />

nos biocombustíveis em uma<br />

oportunidade histórica para a agricultura<br />

familiar. Aliada ao programa<br />

Mais Alimentos, essa proposta prevê<br />

investimentos em áreas estratégicas<br />

como tecnologia, recuperação de solos,<br />

implementos agrícolas, recursos<br />

financeiros e assistência técnica.<br />

De acordo com o governo, a meta<br />

é aumentar a produção da agricultura<br />

familiar dos atuais 110 para 128 milhões<br />

de toneladas de alimentos por<br />

ano. O presidente Luiz Inácio Lula da<br />

Silva afirmou no lançamento do Plano<br />

Safra que quer tratar o momento de<br />

"inflação dos alimentos" como uma<br />

oportunidade para que o País dê "um<br />

salto de qualidade".<br />

David Hart<br />

<strong>Contag</strong> defende a produção consorciada de oleoginosas e grãos para a alimentação<br />

Causas da crise – Vários fatores<br />

contribuem para a alta dos alimentos<br />

no mundo e, conseqüentemente, a<br />

elevação da fome e das desigualdades<br />

sociais e regionais. Os principais são<br />

o crescimento da população de países<br />

emergentes como China, índia e Brasil,<br />

que concentram cerca de 30% da população<br />

mundial, e o aumento do preço<br />

do petróleo e derivados. O preço do<br />

barril aumentou 110% entre o início de<br />

2007 e abril de 2008 e puxou o custo<br />

dos transportes e insumos, como fertilizantes<br />

e adubos.<br />

A especulação do mercado e a<br />

queda acentuada da moeda norteamericana<br />

também agravam a crise. A<br />

cotação do dólar no mercado internacional<br />

caiu 37% nos últimos seis anos.<br />

O trigo, por sua vez, teve seu preço<br />

inflacionado em função da procura de<br />

investidores por fundos de commodities,<br />

que são aplicações financeiras<br />

em matérias-primas, como é o caso<br />

dos produtos agrícolas. A especulação<br />

do mercado e a queda constante nos<br />

preços das ações são fatores que acirram<br />

ainda mais esse problema.<br />

Os dados do Fundo Monetário<br />

Mundial apontam também que o etanol<br />

norte-americano é responsável<br />

por metade do aumento da deman-<br />

da mundial de milho nos últimos três<br />

anos. O uso dessa matriz energética<br />

nos EUA aumenta o preço do grão<br />

e encarece o custo dos derivados,<br />

como as rações animais. A opção da<br />

monocultura norte-americana também<br />

é considerada agravante porque<br />

não dá opção ao chamado consórcio,<br />

quando se alterna diversas culturas<br />

na mesma área plantada.<br />

Biodiesel brasileiro x produção agrícola<br />

Diante da preocupação mundial sobre<br />

o assunto, representantes de diversos organismos<br />

internacionais e de alguns países<br />

acusam os biocombustíveis ou agrocombustíveis<br />

de serem os responsáveis pela<br />

crise e atacam, até mesmo, o Programa<br />

Nacional de Produção e uso de Biodiesel<br />

(PNPB) elaborado pelo governo Lula. Mas<br />

o modelo de produção de etanol no Brasil<br />

diferencia-se do norte-americano. Apesar<br />

de recorrer à monocultura da cana-deaçúcar,<br />

o plantio no País não ocupa áreas<br />

reservadas a outras culturas. “Não podemos<br />

culpar o Brasil por uma coisa que ele<br />

não é responsável”, afirma o presidente da<br />

<strong>Contag</strong>, Manoel dos Santos.<br />

O presidente Lula tem feito uma defesa<br />

ferrenha do biodiesel brasileiro em suas<br />

viagens internacionais. Em junho, ele fez<br />

duras críticas aos países produtores de<br />

petróleo e ao etanol norte-americano na<br />

Conferência da Organização das Nações<br />

Unidas para Agricultura e Alimentação<br />

(FAO) sobre Segurança Alimentar, Mudanças<br />

Climáticas e Bioenergia, em Roma.<br />

Na opinião do secretário de Política Agrícola<br />

da <strong>Contag</strong>, Antoninho Rovaris, o Brasil<br />

tem todas as condições para se tornar um<br />

grande produtor de etanol, o que preocupa<br />

os países desenvolvidos. “Temos uma tecnologia<br />

de ponta neste setor, conseguimos<br />

produzir sem excluir a agricultura familiar e<br />

ainda preservamos o meio ambiente. Acho<br />

que isso incomoda muito a opinião internacional,<br />

porque traz ao mundo a sensação<br />

de que o Brasil, economicamente falando,<br />

poderá ser os Estados Unidos ou a Comunidade<br />

Européia de amanhã”, afirma.<br />

Combinação de políticas – O presidente<br />

da <strong>Contag</strong> sustenta, ainda, que o Brasil é<br />

capaz de conciliar a expansão da agricultura<br />

familiar com a produção de biodiesel<br />

e alimentos sem comprometer as duas<br />

atividades. “Nós podemos, por exemplo,<br />

plantar mamona consorciada com alimentos<br />

e girassol e assim por diante”, afirma.<br />

Da mesma forma, o plantio de oleaginosas<br />

pode se tornar uma importante opção de recuperação<br />

de áreas degradadas por todas<br />

as regiões do país. Antoninho Rovaris concorda<br />

com essa avaliação.<br />

A <strong>Contag</strong> está negociando com o<br />

governo federal mudanças no Programa<br />

Nacional de Produção e uso de Biodiesel.<br />

Manoel dos Santos defende a melhoria<br />

dos incentivos e garantias para os agricultores<br />

e agricultoras familiares que resultem<br />

em renda efetiva. “O governo hoje<br />

prioriza as empresas que compram produtos<br />

da agricultura familiar com incentivos<br />

fiscais. Precisamos dar vez para o<br />

trabalhador para fazermos a transformação<br />

necessária no setor.”<br />

Centenário Josué de Castro (1908-1973)<br />

O País vai comemorar, em setembro, o centenário de nascimento de Josué de<br />

Castro. A principal bandeira de luta do geógrafo, médico, professor, sociólogo e<br />

político foi o combate à fome no mundo. Ele é considerado um dos pioneiros no<br />

estudo dessa questão e se destacou pela publicação de inúmeros trabalhos com<br />

idéias revolucionárias e conceitos inovadores sobre desenvolvimento sustentável.<br />

As obras Geografia da Fome, publicada em 1946, e Geopolítica da Fome, em<br />

1951, são as mais importantes e foram traduzidas para 25 idiomas. Os livros consolidaram<br />

as pesquisas sobre a alimentação brasileira. Com a Geografia da Fome,<br />

foi premiado duas vezes e recebeu duas indicações para o Prêmio Nobel da Paz.<br />

Josué de Castro já alertava para a necessidade de transformação da estrutura<br />

agrária do País para aumentar a produção de alimentos. O pernambucano também<br />

foi presidente da FAO de 1952 a 1956; presidente<br />

da Associação Mundial de Luta<br />

Contra a Fome (Ascofam); e embaixador<br />

do Brasil em Órgãos das<br />

Nações Unidas em Genebra.<br />

Em 1964, teve seus direitos<br />

políticos cassados e<br />

ficou exilado na França<br />

por 10 anos.<br />

O grande humanista<br />

lutou durante<br />

toda sua vida contra<br />

a desigualdade<br />

social, pobreza<br />

e miséria.<br />

Centro Josué de Castro<br />

J o r n a l d a C o n t a g<br />

5


Meio Ambiente<br />

Reforma agrária e meio ambiente em debate<br />

O<br />

Coletivo de Reforma<br />

Agrária e Meio Ambiente<br />

da <strong>Contag</strong> se<br />

reúne nos dias 18 e 19<br />

de agosto para definir a agenda de<br />

atividades para o segundo semestre<br />

de 2008. Um dos pontos principais<br />

da pauta da reunião consistirá na<br />

discussão do texto-base que será<br />

apresentado no 10º Congresso<br />

da <strong>Contag</strong>.<br />

Os membros do coletivo vão<br />

definir a data para a realização<br />

da Plenária Nacional de Reforma<br />

Agrária e Meio Ambiente. Os debates<br />

e propostas aprovadas neste<br />

evento servirão para fundamentar<br />

o texto do Plano Nacional de Reforma<br />

Agrária e Meio Ambiente do<br />

MSTTR, baseado no Projeto Alternativo<br />

de Desenvolvimento Rural<br />

Sustentável e Solidário (PADRSS).<br />

“A proposta é, de acordo com essa<br />

conjuntura, desenhar um plano de<br />

reforma agrária e meio ambiente<br />

do MSTTR para o Brasil”, informa<br />

o secretário de Política Agrária e<br />

Meio Ambiente, Paulo Caralo.<br />

Os dirigentes que estão na linha<br />

de frente das questões da reforma<br />

agrária e meio-ambiente em todo o<br />

País também vão fazer uma atualização<br />

da pauta do Grito da Terra Brasil<br />

2008, contabilizar o que foi negociado<br />

e destacar as prioridades nas<br />

negociações com o governo federal.<br />

A <strong>Contag</strong> já agendou reuniões com<br />

o titular da Secretaria de Reordenamento<br />

Agrário (SRA) do Ministério<br />

do Desenvolvimento Agrário (MDA),<br />

Adhemar Almeida; e com o presidente<br />

do Incra, Rolf Hackbart.<br />

As audiências com a SRA e Incra<br />

estão marcadas para o dia 19<br />

Plenária Nacional de Reforma Agrária e Meio Ambiente<br />

A crise dos alimentos, a necessidade de proteção ambiental da Amazônia<br />

e demais biomas brasileiros, além do fenômeno da estrangeirização<br />

das terras, entre outros fatores, apontam para a necessidade de colocar a<br />

reforma agrária e a proteção ambiental no centro dos debates do MSTTR. Esses<br />

temas terão destaques na Plenária Nacional de Reforma Agrária e Meio<br />

Ambiente, que será agendada na reunião do coletivo.<br />

A elaboração de um Plano Nacional de Reforma Agrária e Meio Ambiente<br />

será o principal objetivo da plenária. A proposta será apresentada no 10º<br />

Congresso da <strong>Contag</strong>. Se aprovada, começará a ser implementada na gestão<br />

da próxima diretoria da entidade. As Fetags e STTRs de vários estados já<br />

começaram a discutir essa pauta nos dois últimos meses.<br />

de agosto. Os membros do coletivo<br />

querem discutir a renegociação a aplicação do crédito de reforma<br />

processo de obtenção de terras e<br />

das dívidas em relação ao Programa agrária. A efetivação dos convênios<br />

Nacional de Crédito Fundiário com de assistência técnica e extensão<br />

o secretário Adhemar Almeida. Os rural (Aters) e o recadastramento de<br />

assuntos a serem tratados no Incra famílias assentadas também constarão<br />

da pauta com o presidente<br />

são a agilização do licenciamento<br />

ambiental nos assentamentos, o Rolf Hackbart.<br />

Campanha Salarial<br />

Acordos beneficiam cortadores de cana<br />

Luiz Enrique Parahiba<br />

Assembléia dos cortadores e cortadoras de cana aprovam convenção coletiva<br />

negociada pela Fetaeg e <strong>Contag</strong> com o setor patronal em Goiás<br />

O<br />

movimento sindical dos<br />

trabalhadores e trabalhadoras<br />

rurais (MST-<br />

TR) firmou acordos coletivos<br />

que beneficiam milhares de<br />

assalariados(as) rurais do setor da<br />

cana em Goiás, Mato Grosso, Mato<br />

Grosso do Sul, São Paulo, Maranhão,<br />

Minas Gerais e Rondônia. O secretário<br />

de Assalariados e Assalariadas<br />

Rurais da <strong>Contag</strong>, Antônio Lucas, faz<br />

uma avaliação positiva do resultado<br />

das campanhas salariais da categoria:<br />

“Conseguimos manter as conquistas<br />

que já haviam sido alcançadas nas negociações<br />

passadas, além de reajustes<br />

acima da inflação com ganho real”,<br />

comemora.<br />

As negociações com os empresários<br />

começaram em Rondônia. O trabalho<br />

conjunto entre a <strong>Contag</strong>, Fetag<br />

e STTRs conquistou o pagamento de<br />

hora in itinere (deslocamento do trabalhador<br />

de casa até a usina), concessão<br />

de cesta básica no valor de R$ 70, alimentação<br />

gratuita e um aumento no<br />

piso salarial de R$ 415 para R$ 490.<br />

“Rondônia foi um dos estados a conseguir<br />

alimentação gratuita e pagamento<br />

da hora in itinere para os trabalhadores”.<br />

A convenção coletiva passou a<br />

vigorar em junho, com vigência até o<br />

final de fevereiro do próximo ano.<br />

Já a pauta do MSTTR em Mato<br />

Grosso teve 80% das reivindicações<br />

atendidas, com destaque para o reajuste<br />

de 10% no piso salarial dos<br />

cortadores e o aumento no abono<br />

salarial para R$ 250. Os acordos coletivos<br />

também determinam o atendimento<br />

de primeiros-socorros nas<br />

usinas maiores; o cumprimento da<br />

NR 31, que regulariza as condições<br />

de trabalho na área rural; e melhorias<br />

na alimentação por parte das<br />

empresas, que terão de oferecer comida<br />

típica do Nordeste duas vezes<br />

por semana.<br />

Os 30 mil cortadores de cana que<br />

trabalham em Goiás também tiveram<br />

avanços na Convenção Coletiva assinada<br />

no dia 12 de junho. O processo<br />

de negociação, que durou um mês,<br />

garantiu reajustes de 8,17% no piso salarial,<br />

que passou a R$ 526 e de 7% na<br />

tabela de produção. A meta da Fetaeg<br />

para 2009 é assegurar alimentação<br />

gratuita e com qualidade para os(as)<br />

assalariados(as) rurais do estado.<br />

Campanhas em curso – O processo<br />

de mobilização para as campanhas<br />

salariais no Maranhão e Pernambuco<br />

já começaram. Os dois estados reúnem<br />

mais de 100 mil cortadores de<br />

cana. A Fetape está programando, a<br />

partir de agosto, uma série de reuniões<br />

com delegados sindicais para definir<br />

a estratégia para a mobilização<br />

e o processo de negociação. A database<br />

da categoria é 1º de outubro.<br />

A expectativa da <strong>Contag</strong> para as<br />

campanhas salariais do próximo ano<br />

é eliminar a contratação de terceirizados<br />

e garantir pisos melhores para<br />

os trabalhadores das Regiões Norte<br />

e Nordeste. “A nossa meta é estender<br />

o patamar dos pisos salariais do<br />

Centro-Oeste e Sudeste para todo o<br />

País”, anuncia Antônio Lucas.<br />

6


Políticas Sociais<br />

Mais proteção contra golpes financeiros<br />

Areivindicação apresentada<br />

pelo movimento sindical<br />

dos trabalhadores e trabalhadoras<br />

rurais (MSTTR)<br />

durante o Grito da Terra Brasil para a<br />

regulamentação do crédito consignado<br />

foi atendida pelo governo federal. O<br />

Diário Oficial da União publicou, no dia<br />

16 de maio, uma instrução normativa<br />

(IN) que altera a Lei 10.820/03. Uma<br />

das medidas da IN é a proibição de as<br />

instituições financeiras fazerem operações<br />

com beneficiários de outros<br />

estados. Desta forma, os empréstimos<br />

deverão, obrigatoriamente, ser contratados<br />

na região em que o aposentado<br />

vive ou recebe o benefício.<br />

O uso do crédito consignado em<br />

operações de financiamento e arrendamento<br />

mercantil, o chamado<br />

leasing, também foi proibido. A IN traz,<br />

ainda, um formulário para que os(as)<br />

aposentados(as) e pensionistas possam<br />

fazer o bloqueio ou desbloqueio em seu<br />

benefício, de modo a evitar que a operação<br />

seja executada por terceiros. Na<br />

opinião da secretária de Políticas Sociais<br />

da <strong>Contag</strong>, Alessandra Lunas, as<br />

mudanças impedirão que a terceira idade<br />

do campo tenha prejuízos. “A instrução<br />

normativa não traz tudo que reivindicamos<br />

no Grito da Terra, mas já é um<br />

passo. Na verdade, o que buscamos é<br />

principalmente a proibição do assédio<br />

feito de casa em casa pelos chamados<br />

pastinhas’", afirma.<br />

Filão para os bancos – Segundo dados<br />

do Ministério da Previdência e da<br />

Secretaria da Receita Federal, foram<br />

mais de R$ 30,6 bilhões de empréstimos<br />

para aposentados e pensionistas<br />

durante o período de 2004 a 2007.<br />

Esse valor é resultado de 23.635 milhões<br />

de operações de empréstimos.<br />

As operações de empréstimo consignado<br />

também envolvem a participação<br />

de instituições financeiras que<br />

aplicam golpes fraudulentos contra os<br />

(as) aposentados (as) e pensionistas. A<br />

Ouvidoria do Ministério da Previdência<br />

Social já identificou 16,8% de contratos<br />

feitos sem o conhecimento e autorização<br />

dos beneficiários. O número<br />

de casos pode ser muito maior, já que<br />

muitas reclamações são analisadas diretamente<br />

no Poder Judiciário em decorrência<br />

de ações de queixa-crime<br />

contra a pessoa idosa, conforme estabelecido<br />

no Estatuto do Idoso.<br />

Campanha – A <strong>Contag</strong> lançou<br />

em junho, durante o Encontro<br />

Nacional de Construção das<br />

Políticas para Terceira Idade,<br />

a campanha “Dinheiro Fácil?<br />

Cuidado” para orientar os<br />

idosos. Os participantes do<br />

evento receberam instruções<br />

para alertar os trabalhadores<br />

e trabalhadoras<br />

rurais sobre os riscos do<br />

crédito consignado.<br />

“A nossa luta é pela<br />

conscientização daquela<br />

pessoa que muitas<br />

vezes não necessita desse<br />

crédito, mas que é assediada pelas financeiras<br />

que lucram em cima disso.<br />

O objetivo da campanha é evitar novas<br />

vítimas de interesses alheios e garantir<br />

que a renda dessa<br />

pessoa se mantenha<br />

preservada para atender as suas necessidades”,<br />

esclarece Alessandra.<br />

Plenária Nacional<br />

MSTTR discute Plano de Reforma Agrária<br />

A<br />

crise dos alimentos, as<br />

medidas adotadas para<br />

a proteção ambiental<br />

do Bioma Amazônia e o<br />

fenômeno da estrangeirização das<br />

terras compõem o pano de fundo da<br />

Plenária Nacional de Reforma Agrária<br />

e Meio Ambiente, programada para<br />

os dias 17 a 20 de agosto, em Brasília.<br />

O objetivo da <strong>Contag</strong> é inserir<br />

nesta conjuntura a agenda da reforma<br />

agrária e da proteção ambiental<br />

sob a ótica dos assentamentos e da<br />

agricultura familiar.<br />

Os debates e propostas aprovadas<br />

na Plenária Nacional vão embasar a<br />

elaboração de um Plano Nacional de<br />

Reforma Agrária e Meio Ambiente<br />

do MSTTR, baseado no Projeto Alternativo<br />

de Desenvolvimento Rural<br />

Sustentável e Solidário (PADRSS). “A<br />

proposta é, de acordo com essa conjuntura,<br />

desenhar um plano de reforma<br />

agrária e meio ambiente do MST-<br />

TR para o Brasil”, informa o secretário<br />

de Política Agrária e Meio Ambiente,<br />

Paulo Caralo.<br />

A proposta do Plano Nacional de<br />

Reforma Agrária e Meio Ambiente será<br />

apresentada ao 10º Congresso da<br />

<strong>Contag</strong>, programado para março do<br />

próximo ano. Se aprovada, começará<br />

a ser implementada na gestão da próxima<br />

diretoria da entidade.<br />

Além da diretoria da <strong>Contag</strong> e das<br />

Fetags, dirigentes dos STTRs, lideranças<br />

dos acampamentos e assentamentos,<br />

e representantes de entidades<br />

parceiras do campo e da cidade estão<br />

participando das atividades preparatórias<br />

que começaram no início do ano<br />

(ver quadro). As diretrizes e propostas<br />

discutidas e aprovadas nesses encontros<br />

vão ser apreciadas pelos(as)<br />

delegados(as) da Plenária Nacional.<br />

Após a realização deste evento, a<br />

Secretaria de Política Agrária e Meio<br />

Ambiente da <strong>Contag</strong> organizará uma<br />

série de plenárias regionais para divulgar<br />

o resultado das discussões em<br />

nível nacional e acelerar a preparação<br />

do 10º Congresso. “Com os elementos<br />

e contribuições dos estados faremos<br />

a Plenária Nacional, construiremos o<br />

documento-base e depois discutiremos<br />

esse documento nas regionais”,<br />

explica Caralo.<br />

Diretrizes – A Secretaria de Política<br />

Agrária e Meio Ambiente da <strong>Contag</strong><br />

elaborou um texto para subsidiar os<br />

debates nos encontros estaduais e<br />

na Plenária Nacional. O documento<br />

destaca a supervalorização da propriedade<br />

rural, a ênfase dada à produção<br />

de agroenergias, o interesse cada vez<br />

mais crescente do mercado internacional<br />

por terras brasileiras e a ampliação<br />

da concentração de terras para<br />

produção de monoculturas.<br />

A Plenária Nacional será uma oportunidade<br />

para reforçar as campanhas<br />

pelo Limite da Propriedade da Terra,<br />

em Defesa da Reforma Agrária e da Soberania<br />

Territorial e Alimentar e Contra<br />

a Violência no Campo. A primeira é<br />

coordenada pelo Fórum Nacional de<br />

Reforma Agrária e foi relançada, no<br />

primeiro semestre deste ano, durante<br />

o Acampamento Nacional da Reforma<br />

Agrária, em Brasília.<br />

Encontros estaduais<br />

Manaus – Amazonas<br />

Ji-Paraná – Rondônia<br />

Belo Horizonte – Minas Gerais<br />

Agudos – São Paulo<br />

Cabo Frio – Rio de Janeiro<br />

João Pessoa – Paraíba<br />

Pernambuco – Recife<br />

Teresina – Piauí<br />

Natal – Rio Grande do Norte<br />

Aracaju – Sergipe<br />

Cuiabá – Mato Grosso<br />

Curitiba – Paraná<br />

Florianópolis – Santa Catarina<br />

Porto Alegre – Rio Grande do Sul.<br />

J o r n a l d a C o n t a g<br />

7


conversa de pé de ouvido<br />

Jornal da <strong>Contag</strong><br />

Divulgação Ministério da Saúde<br />

Estudo revela aumento de cesarianas<br />

e mortalidade infantil no meio rural<br />

Ministério da Saúde constata, em pesquisa, que houve crescimento<br />

do número de partos cesarianos no meio rural nos últimos anos. A<br />

coordenadora de Saúde da Mulher do Ministério, Regina Viola, participou<br />

da Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde da Criança e da Mulher<br />

(PNDS) e explica que o fato de as mulheres terem mais acesso ao<br />

acompanhamento de médicos no período da gestação contribuiu para<br />

o resultado. O estudo feito com 5 mil crianças com até 5 anos de idade<br />

também revelou que os piores indicadores de mortalidade infantil no<br />

campo estão no Norte e Nordeste.<br />

O que mudou na saúde das mulheres<br />

do campo no período de 1996<br />

a 2006?<br />

A PNDS de 2006 não apresenta<br />

um recorte específico para a saúde<br />

das mulheres do campo. Entretanto,<br />

alguns dados gerais podem ser aplicados<br />

a essa população. A média de<br />

filhos por mulher brasileira caiu de<br />

2,5 para 1,8 entre 1996 e 2006. No<br />

mesmo período, o percentual de mulheres<br />

que utilizam o SUS como fonte<br />

de acesso a pílulas anticoncepcionais<br />

praticamente triplicou.<br />

O que contribuiu para a diminuição<br />

da taxa de fecundidade das<br />

mulheres do campo?<br />

A redução da taxa de fecundidade<br />

da mulher é acompanhada pelo<br />

aumento da distribuição gratuita de<br />

métodos contraceptivos pelo SUS,<br />

que saltou de 7,8% para 21,3% no período<br />

pesquisado. A queda da taxa de<br />

fecundidade é creditada à ampliação<br />

do acesso aos serviços e aos métodos,<br />

mesmo que ainda não se tenha<br />

100% de cobertura.<br />

Os partos cesáreas aumentaram<br />

de 20% para 35% nas áreas rurais.<br />

Por que ocorrem mais cesáreas nas<br />

mulheres que moram no campo?<br />

Em 1996, 31,9% das mulheres<br />

grávidas não haviam sido submetidas<br />

à consulta pré-natal. Em 2006,<br />

esse número caiu para 3,6%. Como<br />

o fenômeno já estava consolidado<br />

nas áreas urbanas e vêm sendo desenvolvidas<br />

ações para redução das<br />

cesáreas desnecessárias no País<br />

como um todo, o aumento nas áreas<br />

urbanas é menor. Espera-se que as<br />

ações desenvolvidas estanquem o<br />

processo de cesáreas desnecessárias<br />

também no campo.<br />

Por que o atendimento pré-natal<br />

foi ampliado nos últimos 10 anos?<br />

O ministério vem desenvolvendo<br />

ações de capacitação e qualificação<br />

de recursos humanos na atenção ao<br />

pré-natal por meio do SISPRENATAL,<br />

que prevê uma remuneração a mais<br />

às unidades que cumprirem determinados<br />

requisitos como captação<br />

precoce da gestante, número mínimo<br />

de consultas durante a gravidez.<br />

A adesão a esse programa é voluntária<br />

e pactuada entre municípios e<br />

estados.<br />

Quais são as doenças que mais<br />

atingem as mulheres do campo? E<br />

as causas de óbito mais comuns?<br />

As principais causas de óbito são<br />

as endócrinas – a diabetes mellitus<br />

encabeça a lista – e as doenças do<br />

aparelho circulatório (hipertensão e<br />

aparelho respiratório). Já com relação<br />

às causas de internação, a primeira é<br />

o parto espontâneo, seguida de complicações<br />

de gravidez e pneumonia.<br />

A qualidade de vida das crianças<br />

residentes nas áreas rurais melhorou<br />

durante esse período?<br />

A mortalidade infantil no campo é<br />

maior em relação às cidades. As causas<br />

dessa realidade são diversas. Podemos<br />

citar, entre outras, o menor nível de escolaridade<br />

das mães, a renda familiar<br />

mais baixa, o menor acesso à água potável<br />

e rede de esgotos, e um percentual<br />

maior de insegurança alimentar, que<br />

se reflete nos percentuais de déficit<br />

peso/altura (retardo de crescimento).<br />

O que mais a pesquisa constatou<br />

sobre a realidade da criança<br />

no campo?<br />

Os piores indicadores de saúde foram<br />

encontrados nas Regiões Norte<br />

e Nordeste. A mortalidade infantil foi<br />

25% maior para crianças cujas mães<br />

se declararam negras e 34% para<br />

aquelas que afirmaram ter menos de<br />

quatro anos de estudo em relação às<br />

com mais de oito anos de estudo.<br />

Como está o estado de saúde e nutricional<br />

das crianças do campo?<br />

O percentual de segurança alimentar<br />

é menor na área rural (56,3%) comparado<br />

com a área urbana (63,8%). O<br />

retardo de crescimento na infância<br />

(déficit altura/idade) também é percentualmente<br />

maior no campo (7,6%)<br />

em relação à cidade (6,9%). Entretanto,<br />

o risco de obesidade medido pelo<br />

excesso de peso/altura é menor na<br />

área rural (6,3%) comparando com a<br />

urbana (6,7%).<br />

Quais são as principais doenças<br />

e causas dos óbitos das crianças<br />

do campo?<br />

Seja no campo ou na cidade, as<br />

doenças prevalentes na infância são<br />

as diarréicas agudas e as afecções<br />

respiratórias como infecções de vias<br />

aéreas superiores, pneumonias e<br />

asma, além de otites e sinusites. Em<br />

algumas regiões ou grupos populacionais,<br />

a desnutrição ainda é relevante<br />

apesar da redução importante apresentada<br />

nas últimas décadas. Entretanto,<br />

os dados da pesquisa revelam<br />

que, em crianças, as proporções de<br />

internações hospitalares por diarréias,<br />

pneumonias e bronquite são maiores<br />

na área rural que na urbana. Segundo<br />

dados do Ministério da Saúde, em<br />

2005 as principais causas de óbitos<br />

em menores de 1 ano foram afecções<br />

perinatais (57,5%), anomalias congênitas<br />

(15,2%), seguidas de doenças<br />

infecciosas e parasitárias (incluindo<br />

diarréias), doenças do aparelho respiratório<br />

e causas endócrinas.<br />

expediente<br />

Jornal da <strong>Contag</strong> - Veículo informativo da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (<strong>Contag</strong>) | Diretoria Executiva – Presidente Manoel dos Santos 1º Vice-Presidente/<br />

Secretário de Relações Internacionais Alberto Ercílio Broch | Secretário Geral David Wilkerson R. de Souza | Secretários: Finanças e Administração Juraci Moreira Souto | Assalariados<br />

e Assalariadas Rurais Antônio Lucas Filho | Política Agrária e Meio Ambiente Paulo de Tarso Caralo | Política Agrícola Antoninho Rovaris | Organização e Formação Sindical Raimunda<br />

Celestina de Mascena | Políticas Sociais Alessandra da Costa Lunas | Coordenação da Comissão Nacional de Mulheres Trabalhadoras Rurais Carmen Helena Ferreira Foro | Coordenação<br />

da Comissão Nacional de Jovens Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Maria Elenice Anastácio | Endereço SMPW Quadra 1 Conjunto 2 Lote 2<br />

Núcleo Bandeirante CEP: 70.735-102, Brasília/DF | Telefone (61) 2102 2288 | Fax (61) 2102 2299 | E-mail comunicacao@contag.org.br | Internet<br />

www.contag.org.br | Assessoria de Comunicação Jacumã - Soluções Criativas em Comunicação Ltda. | Edição Patrícia Cunegundes e Ronaldo<br />

de Moura| Reportagem Ciléia Pontes, Danielle Santos e Patrícia Cunegundes | Projeto Gráfico Wagner Ulisses | Diagramação Fabrício Martins |<br />

Diretor responsável: Ronaldo de Moura<br />

| Revisão Luciana Melo | Capa Montagem com fotos de Ubirajara Machado e Bart de Visser| Impressão Dupligráfica<br />

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J o r n a l d a C o n t a g

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