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Reflexões sobre currículo e linguagem a partir de uma ... - UFRJ

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38<br />

<strong>uma</strong> abordagem do cinema como arte: apren<strong>de</strong>r a tornar-se um espectador que vivencia as<br />

emoções da própria criação (Bergala, 2002, p. 35).<br />

Logo, para que tal experiência <strong>de</strong> criação ocorra em contexto escolar, Bergala<br />

propõe <strong>uma</strong> metodologia, chamada pedagogia da criação (Bergala, 2002, p. 128). Esta<br />

pedagogia po<strong>de</strong> começar antes mesmo da passagem ao ato, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a fase das primeiras<br />

aproximações com o filme. Isto é, lendo o filme assumindo a perspectiva do autor, não<br />

apenas como espectador. O i<strong>de</strong>al seria fazer <strong>de</strong> conta que se está compartilhando as<br />

escolhas do criador, suas emoções. Uma <strong>de</strong>claração do cineasta francês Jean Renoir po<strong>de</strong>ria<br />

servir <strong>de</strong> fundamento a um outro modo <strong>de</strong> assistir e analisar filmes:<br />

(...) Para apreciar um quadro, é preciso ser um pintor em potencial, senão, não<br />

se po<strong>de</strong> apreciá-lo; e na realida<strong>de</strong> para gostar <strong>de</strong> um filme é preciso ser um<br />

cineasta em potencial; é preciso dizer: mas eu teria feito <strong>de</strong>ste ou daquele<br />

jeito; é preciso fazer seus próprios filmes, talvez apenas na imaginação, mas é<br />

preciso fazê-los, senão, não se é digno <strong>de</strong> ir ao cinema. (Bergala, 2002, p.<br />

128).<br />

O professor <strong>de</strong> Paris III sempre foi a favor <strong>de</strong> <strong>uma</strong> outra abordagem dos<br />

filmes, pois para ele há <strong>uma</strong> forma <strong>de</strong> ver e refletir <strong>sobre</strong> os filmes que constitui <strong>uma</strong><br />

primeira aproximação dos estudantes com o cinema, em contexto escolar, antes da<br />

passagem ao ato <strong>de</strong> filmar, o que é <strong>de</strong>nominado <strong>de</strong> análise <strong>de</strong> criação (Bergala, 2002, p.<br />

127). A análise <strong>de</strong> criação, contrariamente à análise fílmica clássica – cuja finalida<strong>de</strong> é<br />

compreen<strong>de</strong>r, <strong>de</strong>codificar, “ler o filme”, como se diz na escola –, prepararia ou iniciaria à<br />

prática <strong>de</strong> criação. A análise não ocorre como <strong>uma</strong> finalida<strong>de</strong> em si, mas como passagem<br />

para outra coisa. Nessa pedagogia da criação trata-se <strong>de</strong> fazer um esforço <strong>de</strong> imaginação<br />

para retroce<strong>de</strong>r no processo <strong>de</strong> criação até o momento em que o cineasta tomou suas<br />

<strong>de</strong>cisões, em que as escolhas ainda estavam abertas. É <strong>uma</strong> postura que exige um<br />

treinamento quando se quer entrar no processo criativo para tentar compreen<strong>de</strong>r, não como<br />

a escolha realizada funciona no filme, mas como se apresentou em meio a muitos outros<br />

possíveis. Neste sentido, o DVD se mostra inovador para o ensino <strong>de</strong> cinema: esse novo<br />

suporte permite pensar e realizar novas formas <strong>de</strong> pedagogia que eram até então<br />

impraticáveis, <strong>de</strong>vido à linearida<strong>de</strong> constitutiva da fita <strong>de</strong> ví<strong>de</strong>o. Logo, po<strong>de</strong>mos aproveitar

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