Águas Emendadas - Grande Oriente do Distrito Federal
Águas Emendadas - Grande Oriente do Distrito Federal
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<strong>Águas</strong> <strong>Emendadas</strong><br />
um templo da natureza<br />
A Maçonaria na Revolução Farroupilha<br />
Terceiro setor<br />
Fundação Gonçalves Lê<strong>do</strong><br />
10 anos sem Murilo Pinto<br />
As origens da Matemática<br />
A Amazônia é nossa!<br />
Até quan<strong>do</strong>?
Sumário<br />
4 <strong>Águas</strong> <strong>Emendadas</strong> ao norte e ao sul, nascentes para a vida<br />
10 Educação ambiental e aprendizagem<br />
12 Comunicare<br />
14 Baile <strong>do</strong> Maçom – 18º Baile da Maçonaria <strong>do</strong> <strong>Distrito</strong> <strong>Federal</strong><br />
17 Bento Gonçalves – nova estrela no Planalto Central<br />
18 Homenagem justa e perfeita<br />
20 A tríade da Tolosa – estu<strong>do</strong>, trabalho e união<br />
21 Miguel Archanjo – maestro da harmonia<br />
22 Curso de Maçonaria Simbólica<br />
24 Fundação Gonçalves Lê<strong>do</strong> – uma organização social<br />
28 Nebulosa Amazônia<br />
32 O poder político e suas transformações<br />
33 Cidadania planetária<br />
34 A Independência <strong>do</strong> Brasil escrita pelas bandeiras<br />
36 A Maçonaria na Revolução Farroupilha<br />
38 Amadeus – a coragem <strong>do</strong> mestre<br />
40 Influências <strong>do</strong> Iluminismo no Rito Moderno<br />
42 Saudade<br />
43 Lega<strong>do</strong> de Murilo Pinto – paz e cultura<br />
46 Revolução <strong>do</strong> saber<br />
47 As origens da Matemática<br />
50 Hora <strong>do</strong> descanso<br />
Quer anunciar na<br />
revista Ao Zenyte?<br />
aozenyte@godf.org.br
Expediente<br />
<strong>Grande</strong> <strong>Oriente</strong> <strong>do</strong> <strong>Distrito</strong> <strong>Federal</strong>,<br />
federa<strong>do</strong> ao <strong>Grande</strong> <strong>Oriente</strong> <strong>do</strong> Brasil<br />
Grão-Mestre<br />
Jafé Torres<br />
Grão-Mestre Adjunto<br />
Lucas Francisco Galdeano<br />
<strong>Grande</strong>s secretários<br />
Esmeraldino Henrique da Silva<br />
Alamir Soares Ferreira<br />
Laélio Ladeira de Souza<br />
Luiz Hamilton da Silva<br />
Sylvio Santinoni<br />
Wagner Lima<br />
Reginal<strong>do</strong> Pereira de Araújo<br />
José Wedson Feitosa<br />
Fernan<strong>do</strong> Sergio de Britto e Silva<br />
Humberto Pereira Abreu<br />
Flávio Amaury Fusco<br />
Mauro Magalhães<br />
Cristiano Loder<br />
Francisco de Assis Castro<br />
Editor-chefe<br />
Gilberto Simonassi Corbacho<br />
Editor-executivo e jornalista responsável<br />
Joaquim Nogales Vasconcelos<br />
MTB – 897/05/141/DF<br />
Conselho editorial<br />
Félix Fischer<br />
José de Jesus Filho<br />
Lecio Resende da Silva<br />
Lucas Galdeano<br />
Projeto gráfico, diagramação e capa<br />
Renata Guimarães Leitão<br />
Revisão gramatical<br />
Edelweiss de Morais Mafra<br />
Colabora<strong>do</strong>res<br />
Antônio Altair Ribeiro<br />
Johaben Camargo<br />
Lucas Galdeano<br />
Laélio Ladeira<br />
Walber Coutinho Pinheiro<br />
Redação<br />
GODF – <strong>Grande</strong> <strong>Oriente</strong> <strong>do</strong> <strong>Distrito</strong> <strong>Federal</strong><br />
SQN 415 – Área para templos<br />
70878-000 Brasília/DF<br />
Tels.: (61) 3340-2427 e 3340-2664<br />
Fax: (61) 3340-1828<br />
www.godf.org.br<br />
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Impressão<br />
GráfiKa Papel e Cores<br />
Tiragem<br />
10.000 exemplares<br />
A Ao Zenyte não se responsabiliza por opiniões<br />
em artigos assina<strong>do</strong>s.<br />
As matérias publicadas podem ser reproduzidas<br />
parcial ou totalmente, sem consulta prévia,<br />
desde que indicada a fonte.<br />
Palavra <strong>do</strong><br />
Grão-Mestre<br />
As vésperas <strong>do</strong> novo ano ensejam percepção<br />
<strong>do</strong> ciclo da vida em renovação. Os laços familiares,<br />
as amizades, as esperanças, os esforços<br />
para a construção de um mun<strong>do</strong> melhor são<br />
revigora<strong>do</strong>s pelo portal de novos e promissores<br />
percursos.<br />
É tempo de avaliar nossas realizações — e pautar os novos sonhos<br />
—, refletir sobre os momentos em que uma postura de<br />
maior tolerância com o nosso próximo nos faria, certamente,<br />
melhores. Tempo de confraternização e de compreensão de<br />
que as naturais diferenças existentes não deveriam nos tornar<br />
menos irmãos.<br />
Nestes novos tempos, ainda há muito a se fazer em prol da sociedade.<br />
Sem abrir mão de nossas tradições e da realização <strong>do</strong>s<br />
importantes trabalhos em loja, podemos contribuir muito, fazen<strong>do</strong><br />
a diferença, sen<strong>do</strong> verdadeiros construtores sociais.<br />
Nesse senti<strong>do</strong>, a nossa revista Ao Zenyte se propõe a trazer à<br />
luz temas de significativa relevância social. A título de exemplo,<br />
nesta edição, apresentamos a questão ecológica; ou, ainda, a<br />
qualificação profissional e as campanhas beneficentes promovidas<br />
pela instituição social Fundação Gonçalves Lê<strong>do</strong>.<br />
A instrução se constitui área prioritária para a construção de<br />
um país mais justo e perfeito. E, por esse motivo, a edição da<br />
Ao Zenyte premia seus leitores com vários artigos sobre a história<br />
<strong>do</strong> Brasil, da Maçonaria e de maçons conheci<strong>do</strong>s, como<br />
Wolfgang Amadeus Mozart e Francisco Murilo Pinto.<br />
Os eventos de congraçamento de nossa Ordem também são<br />
destaca<strong>do</strong>s, bem como as atividades das lojas jurisdicionadas<br />
ao GODF, com a criação de espaço denomina<strong>do</strong> “Loja em foco”.<br />
Pretendemos que seu conteú<strong>do</strong> seja elabora<strong>do</strong> pelos próprios<br />
membros da loja, com vistas à valorização <strong>do</strong> “próprio fazer” da<br />
loja maçônica.<br />
Feliz Natal a to<strong>do</strong>s e um próspero ano novo.<br />
Jafé Torres<br />
Grão-Mestre <strong>do</strong> <strong>Grande</strong> <strong>Oriente</strong> <strong>do</strong> <strong>Distrito</strong> <strong>Federal</strong>
Capa<br />
Lagoa Bonita – Estação Ecológica <strong>Águas</strong> <strong>Emendadas</strong><br />
4 ao enyte
<strong>Águas</strong> <strong>Emendadas</strong><br />
ao norte e ao sul,<br />
Os<br />
rios que nascem no <strong>Distrito</strong> <strong>Federal</strong> abastecem três importantes<br />
bacias hidrográficas nacionais. Consideran<strong>do</strong> a<br />
drenagem <strong>do</strong>s nossos cursos d’água, 62,5% <strong>do</strong> território<br />
<strong>do</strong> <strong>Distrito</strong> <strong>Federal</strong> contribuem para a formação da Bacia <strong>do</strong> Paraná, 24,2%<br />
para a Bacia <strong>do</strong> São Francisco e 13,3% para a Bacia <strong>do</strong> Tocantins/Araguaia.<br />
Entre as dezenas de nascentes já conhecidas, uma atrai particularmente<br />
nossa atenção, a <strong>do</strong> córrego Vereda <strong>Grande</strong>, um raro fenômeno natural.<br />
Suas águas deslizam em senti<strong>do</strong>s opostos e alimentam as Bacias <strong>do</strong> Paraná,<br />
ao Sul, e <strong>do</strong> Tocantins/Araguaia, ao Norte. O Vereda <strong>Grande</strong> está protegi<strong>do</strong><br />
pela Estação Ecológica <strong>Águas</strong> <strong>Emendadas</strong>, com área aproximada de<br />
10.500 hectares, vizinha a Planaltina, a 38 quilômetros <strong>do</strong> Plano Piloto.<br />
Fotos: Evan<strong>do</strong> Ferreira Lopes**<br />
* Gustavo Souto Maior é engenheiro e Mestre em Economia<br />
<strong>do</strong> Meio Ambiente e atual Presidente <strong>do</strong> Instituto <strong>do</strong> Meio<br />
Ambiente e <strong>do</strong>s Recursos Hídricos <strong>do</strong> <strong>Distrito</strong> <strong>Federal</strong> –<br />
Brasília Ambiental (Ibram).<br />
** Evan<strong>do</strong> Lopes Ferreira é fotógrafo da Estação Ecológica<br />
<strong>Águas</strong> <strong>Emendadas</strong> e gentilmente cedeu as fotos desta<br />
reportagem.<br />
nascentes para a vida<br />
Gustavo Souto Maior*<br />
ao enyte<br />
5
Família de capivaras na Lagoa Bonita de <strong>Águas</strong> <strong>Emendadas</strong>.<br />
A Comissão Explora<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> Planalto Central <strong>do</strong> Brasil,<br />
chefiada pelo astrônomo Luiz Cruls, foi a primeira a<br />
constatar a riqueza ecológica <strong>do</strong> local, no século XIX.<br />
Em seu diário, Cruls descreveu o local onde seria instituída<br />
a Reserva Biológica de <strong>Águas</strong> <strong>Emendadas</strong> quase<br />
oito décadas mais tarde: “A 30 de agosto de 1892,<br />
antes de chegarmos à Vila <strong>do</strong> Mestre-d’Armas, demos<br />
uma volta com o fim de explorarmos a lagoa <strong>do</strong> mesmo<br />
nome. Tem (...) um aspecto pitoresco, isso devi<strong>do</strong><br />
à vegetação, rica de palmeiras, que a circunda”.<br />
De lá para cá, a lagoa passou a se chamar Lagoa Bonita,<br />
e a antiga Vila <strong>do</strong> Mestre-d’Armas transformouse<br />
na agitada Planaltina.<br />
Mas os estu<strong>do</strong>s decisivos para a localização da nova<br />
capital ocorreram somente na década de 50, quan<strong>do</strong><br />
o governo Vargas instituiu a Comissão de Localização<br />
da Nova Capital <strong>Federal</strong> e contratou amplo levantamento<br />
aerofotogramétrico à firma norte-americana<br />
Donald J. Belcher and Associates Incorporated. O<br />
levantamento resultou no Relatório Técnico sobre a<br />
Nova Capital da República.<br />
6<br />
ao enyte<br />
A Comissão Cruls (1892) e os estu<strong>do</strong>s de Belcher<br />
(1954) analisaram áreas no Planalto Central com<br />
capacidade de suportar populações humanas, para<br />
que fosse instalada a futura sede <strong>do</strong> governo federal.<br />
Nessa busca, critérios como a adequação das características<br />
físicas <strong>do</strong>s solos e <strong>do</strong> manto rochoso para<br />
edificações, fertilidade para a agricultura, clima e a<br />
disponibilidade de mananciais para abastecimento<br />
<strong>do</strong>méstico foram decisivos na escolha da atual localização<br />
<strong>do</strong> <strong>Distrito</strong> <strong>Federal</strong>. Atualmente, esses parâmetros<br />
fazem parte da versão moderna das condicionantes<br />
ambientais e embasam o conceito de<br />
capacidade de suporte de uma área.<br />
A área escolhida para o <strong>Distrito</strong> <strong>Federal</strong> encontra-se<br />
em cabeceiras e em área de recarga de aquíferos, não<br />
poden<strong>do</strong> ser indiscriminadamente impermeabilizada.<br />
Cruls e Belcher citam, em seus estu<strong>do</strong>s, a necessidade<br />
de se preservar uma boa fração da cobertura vegetal<br />
para garantir boa qualidade de vida nesse território.<br />
Os locais que ainda possuem água de qualidade são<br />
justamente aqueles protegi<strong>do</strong>s por lei, como as unidades<br />
de conservação de uso indireto.
A 12 de agosto de 1968, o Decreto 771 constituiu,<br />
no <strong>Distrito</strong> <strong>Federal</strong>, a Reserva Biológica de <strong>Águas</strong><br />
<strong>Emendadas</strong>. Vinte anos depois, em 16 de junho de<br />
1988, o Decreto 11.137 modificou a denominação da<br />
categoria de unidade de conservação para Estação<br />
Ecológica, visan<strong>do</strong> a promover o desenvolvimento<br />
de pesquisas científicas aplicadas à ecologia.<br />
Pesquisa<strong>do</strong>ras da Universidade de Brasília<br />
Taissa Camelo Vilas Boas (esquerda) é mestranda<br />
em Ecologia e estuda duas populações de sapos —<br />
Rhinella schneideri e Rhinella rubescens — na Estação<br />
Ecológica, há <strong>do</strong>is anos. Carolina Stieler é graduanda<br />
de Biologia e, antes de se interessar pelos batráquios<br />
há alguns meses, estudava Limnologia (ciência que<br />
investiga a vida em lagos, rios, e reservatórios de<br />
água). A pesquisa da UnB sobre os sapos em <strong>Águas</strong><br />
<strong>Emendadas</strong> começou em 2004. A Estação atrai pesquisa<strong>do</strong>res<br />
nacionais e internacionais.<br />
“As populações de anfíbios <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> inteiro estão<br />
em declínio. A principal causa desse declínio é a<br />
degradação <strong>do</strong> ambiente pelo homem. E o cerra<strong>do</strong><br />
é um <strong>do</strong>s ambientes que mais sofrem com os<br />
impactos negativos causa<strong>do</strong>s pela ação <strong>do</strong> homem.<br />
Parque Nacional<br />
Em 8 de outubro de 1993, na sede da Unesco, em<br />
Paris, foi assinada a criação da Reserva da Biosfera <strong>do</strong><br />
Cerra<strong>do</strong>, marco importante para a preservação da<br />
Estação Ecológica de <strong>Águas</strong> <strong>Emendadas</strong> como uma<br />
de suas áreas-núcleo. Seu objetivo é a conservação<br />
<strong>do</strong>s recursos naturais, o equilíbrio <strong>do</strong> meio ambiente<br />
e o desenvolvimento de projetos de pesquisa para<br />
ampliar o conhecimento <strong>do</strong>s recursos naturais.<br />
O conhecimento acerca da ecologia da fauna <strong>do</strong><br />
cerra<strong>do</strong> é essencial para a sua conservação”, destaca<br />
Taissa Vilas Boas.<br />
Estação Ecológica <strong>Águas</strong> <strong>Emendadas</strong><br />
Mapa <strong>do</strong> relevo <strong>do</strong> <strong>Distrito</strong> <strong>Federal</strong><br />
com as três principais áreas de<br />
preservação <strong>do</strong> bioma <strong>do</strong> cerra<strong>do</strong>.<br />
Lago Paranoá<br />
Jardim Botânico<br />
ao enyte<br />
7
Tamanduá-mirim (Tamandua tetradactyla)<br />
Araribamba-de-cauda-ruiva (Galbula ruficauda)<br />
Vea<strong>do</strong><br />
8 ao<br />
campeiro<br />
enyte<br />
(Ozotocerus bezoarticus)<br />
O cerra<strong>do</strong> está distribuí<strong>do</strong>, principalmente, pelo Planalto<br />
Central brasileiro. Abrange mais de 196 milhões<br />
de hectares e é reconheci<strong>do</strong> como a savana (vegetação<br />
rasteira com arbustos e poucas árvores) mais rica<br />
<strong>do</strong> mun<strong>do</strong> em biodiversidade.<br />
A Reserva da Biosfera <strong>do</strong> Cerra<strong>do</strong> no Brasil foi formada<br />
por vários motivos: 1. pela riqueza singular de<br />
sua biodiversidade e pelo nível de desconhecimento<br />
<strong>do</strong> cerra<strong>do</strong> quanto ao seu potencial biológico; 2.<br />
por ser um <strong>do</strong>s biomas mais ameaça<strong>do</strong>s <strong>do</strong> planeta<br />
pela ocupação humana — atualmente está entre os<br />
vinte e cinco biomas prognostica<strong>do</strong>s como passíveis<br />
de desaparecer (hot spots); 3. por nascerem no<br />
cerra<strong>do</strong> os grandes rios brasileiros, que abastecem<br />
as Bacias <strong>do</strong> Amazonas, São Francisco, Tocantins e<br />
Prata; 4. pela falta de políticas eficazes de planejamento,<br />
desenvolvimento e conservação da região;<br />
5. pela ausência de zoneamentos ambientais adequa<strong>do</strong>s<br />
e integra<strong>do</strong>s para as áreas urbanas e rurais;<br />
6. pelo repasse de tecnologias apropriadas para os<br />
produtores; 7. pelo não reconhecimento <strong>do</strong> cerra<strong>do</strong><br />
como patrimônio nacional.<br />
A conservação da boa qualidade e quantidade das<br />
águas da Estação Ecológica proporcionam a riqueza<br />
da biodiversidade. As águas cristalinas <strong>do</strong> córrego<br />
Vereda <strong>Grande</strong>, quan<strong>do</strong> seguem para o norte, encontram<br />
o rio Maranhão, que vai alimentar o caudaloso<br />
rio Tocantins. Para o sul, desembocam no córrego<br />
Brejinho, engrossam o córrego Fumal, seguem para o<br />
rio São Bartolomeu, depois Corumbá, desaguan<strong>do</strong> no<br />
Paranaíba e forman<strong>do</strong>, então, os rios Paraná e Prata.<br />
Na Estação Ecológica de <strong>Águas</strong> <strong>Emendadas</strong> (ESECAE)<br />
encontram-se representadas várias das fitofisionomias<br />
regionais, particularmente o cerra<strong>do</strong> sensu<br />
stricto, o cerradão, o campo sujo e o campo limpo, as<br />
matas de galeria alagáveis e as veredas. A fitossociologia<br />
<strong>do</strong> componente arbóreo para o cerra<strong>do</strong> registra<br />
que <strong>Águas</strong> <strong>Emendadas</strong> é a área mais rica em espécies,<br />
em comparação com o Parque Nacional de Brasília e<br />
a APA Gama-Cabeça de Vea<strong>do</strong>. As famílias mais importantes<br />
são Leguminosae, Vochysiaceae, Guttiferae,<br />
Malpighiaceae, Styracaceae e Erythroxylaceae.<br />
A ESECAE possui 80 espécies da herpetofauna (répteis<br />
e anfíbios) registradas. Também foram registradas<br />
66 espécies de mamíferos em <strong>Águas</strong> <strong>Emendadas</strong>, que<br />
correspondem aproximadamente a ⅓ <strong>do</strong> total de es-
pécies de mamíferos de ocorrência confirmada para<br />
o bioma <strong>do</strong> cerra<strong>do</strong>. Alguns <strong>do</strong>s animais observa<strong>do</strong>s<br />
aparecem na lista oficial das espécies brasileiras<br />
ameaçadas de extinção: tatu canastra (Prio<strong>do</strong>ntes<br />
maximus); tamanduá-bandeira (Myrmecophaga<br />
tridactyla); lobo-guará (Chrysocyon brachyurus);<br />
suçuarana (Puma concolor); gato-<strong>do</strong>-mato-pinta<strong>do</strong><br />
(Leopardus sp); lontra (Lontra longicaudis); vea<strong>do</strong>campeiro<br />
(Ozotocerus bezoarticus) e rato-<strong>do</strong>-mato<br />
(Kunsia tomentosus).<br />
Atualmente, um <strong>do</strong>s principais problemas da Estação<br />
Ecológica é a forte pressão de ocupação existente no<br />
seu entorno. Tal processo é crescente e generaliza<strong>do</strong><br />
no <strong>Distrito</strong> <strong>Federal</strong>.<br />
No dia 5 de junho de 2009, foi aprova<strong>do</strong> e oficializa<strong>do</strong><br />
o Plano de Manejo da Estação Ecológica de <strong>Águas</strong><br />
<strong>Emendadas</strong>. Durante o ano de execução desse trabalho,<br />
coordena<strong>do</strong> pelo Instituto Brasília Ambiental<br />
(Ibram), foram realizadas intensas atividades, que<br />
contaram com a participação de organizações da<br />
sociedade civil, universidades, instituições públicas<br />
federais e distritais, Ministério Público, Polícia Ambiental,<br />
Corpo de Bombeiros <strong>do</strong> <strong>Distrito</strong> <strong>Federal</strong>, produtores<br />
rurais, empresários. Assim, a comunidade em<br />
geral pôde apresentar preocupações e sugestões.<br />
Foram constituídas parcerias em que cada entidade,<br />
dentro da sua possibilidade, poderá contribuir para a<br />
proteção da unidade de conservação.<br />
O planejamento integra<strong>do</strong> da gestão e manejo das<br />
estações ecológicas supervisionadas pelo governo<br />
<strong>do</strong> <strong>Distrito</strong> <strong>Federal</strong>, realiza<strong>do</strong> de forma participativa e<br />
articulada, favorece a preservação de mo<strong>do</strong> consolida<strong>do</strong>.<br />
Define méto<strong>do</strong>s para a proteção e recuperação<br />
ambiental e proporciona mais harmonia na busca da<br />
sustentabilidade das áreas localizadas no entorno<br />
dessas unidades de conservação.<br />
Com o cumprimento <strong>do</strong> Plano de Manejo, podemos<br />
acreditar que <strong>Águas</strong> <strong>Emendadas</strong> será também contemplada<br />
pelas gerações futuras. Além de grande<br />
beleza paisagística, esta Estação Ecológica possui um<br />
patrimônio biológico único. É um laboratório vivo,<br />
centro de excelência para produção de conhecimento<br />
e informação socioambiental sobre o cerra<strong>do</strong>.<br />
P.S.: Mais informações sobre o tema na publicação <strong>Águas</strong><br />
<strong>Emendadas</strong>, disponível no site www.ibram.df.gov.br.<br />
Jovem Caracará (Caracará plancus)<br />
Ferreirinho relógio (Todirostrum cinereum)<br />
Tatu-peba (Euphractus sexcinctus)<br />
ao enyte<br />
9
Educacao ambiental e<br />
aprendizagem*<br />
Aprender ambientalmente significa encaixar o desafio ambiental<br />
na própria dinâmica da aprendizagem, e não tê-lo<br />
como complemento eventual. Não se condenam outros<br />
tipos de iniciativa (por exemplo, trazer um ambientalista<br />
para uma conversa com os alunos), mas o lance crucial precisa<br />
ser formativo tipicamente. Para começar, aprender ambientalmente<br />
não pode significar só (não precisa excluir) produzir<br />
eventos periódicos, por exemplo, reservar um dia por semestre<br />
como “Dia <strong>do</strong> meio ambiente”, ou fazer uma palestra de<br />
vez em quan<strong>do</strong>, ou plantar uma árvore na escola.<br />
A preocupação ambiental não pode ser apenas preocupação,<br />
mas valorização intrínseca da referência ambiental para<br />
se aprender bem. Podemos fazer o esforço de analisar essa<br />
pretensão <strong>do</strong> ponto de vista teórico e prático. Do ponto de<br />
vista teórico, cabe reconstruir a visão tradicional de aprendizagem<br />
ainda não vinculada às questões ambientais.<br />
O ponto de partida seria o fato de que, para analisar minimamente bem a<br />
realidade que nos cerca, a referência ambiental é parte constituinte, não só<br />
por conta <strong>do</strong> risco que corremos em não tomá-la em conta, mas mormente<br />
porque é fundamental mudar de visão em nome da qualidade de vida<br />
ambientalmente correta. Componente dessa visão é considerar a natureza<br />
como parte integrante da vida no planeta, reven<strong>do</strong>, entre outras coisas, a<br />
questão histórico-social. Também em Sociologia, sempre pre<strong>do</strong>minou a<br />
visão eurocêntrica <strong>do</strong> ser humano como centro <strong>do</strong> universo, resultan<strong>do</strong><br />
daí a inclinação predatória da natureza e de outros seres vivos.<br />
Hoje tendemos a considerar “social” e “natural” praticamente como<br />
sinônimos, implican<strong>do</strong>, entre outras sugestões, não mais olhar o ser<br />
humano como razão de ser <strong>do</strong> universo. Ele é apenas, talvez, mais<br />
evoluí<strong>do</strong>, mas jamais especial, superior, único. Nesse senti<strong>do</strong>, teria<br />
10 ao enyte<br />
,<br />
* Pedro Demo é PhD em Sociologia pela Universidade de Saarbrücken,<br />
Alemanha, e pós-<strong>do</strong>utor pela University of California at Los Angeles<br />
(Ucla), Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s. Atualmente é professor titular aposenta<strong>do</strong> e<br />
Professor Emérito da Universidade de Brasília (UnB), Departamento<br />
de Sociologia.<br />
-<br />
Pedro Demo*
de se construir outro senti<strong>do</strong> para “fraternidade”,<br />
que incluísse a natureza como parceira, mãe.<br />
Do ponto de vista prático, o processo de aprendizagem<br />
precisa ser realiza<strong>do</strong>, não apenas adapta<strong>do</strong>, de<br />
mo<strong>do</strong> correto ambientalmente. Algumas sugestões<br />
podem ser:<br />
a escola precisa ser arquitetada de mo<strong>do</strong><br />
ambientalmente correto (em termos de<br />
áreas verdes, manejo de materiais, trato da<br />
alimentação, uso de energia, produção de<br />
lixo);<br />
no currículo, a organização <strong>do</strong>s conteú<strong>do</strong>s<br />
precisa inserir, naturalmente, a referência<br />
ambiental a cada momento, sempre,<br />
intrinsecamente; não se trata apenas de<br />
exemplificar com indicações ambientes<br />
(meio ambiente não é só exemplo, é<br />
questão de qualidade de vida), mas<br />
de inserir a referência ambiental<br />
como mo<strong>do</strong> de ver, pensar,<br />
interferir, mudar, questionar;<br />
todas as atividades<br />
escolares precisam estar<br />
configuradas ambientalmente,<br />
de sorte a não surgirem contradições<br />
de visão e comportamento;<br />
preocupações mais centrais precisam<br />
deter o devi<strong>do</strong> relevo, por exemplo:<br />
manejo <strong>do</strong> lixo, desperdício; estilo de<br />
alimentação; limpeza e asseio na escola;<br />
tratamento ao ambiente natural na escola<br />
(área verde, árvores etc.);<br />
avaliação permanente <strong>do</strong> ciclo de vida <strong>do</strong>s<br />
produtos e ambientes, de forma que a escola<br />
mantenha consciência sempre renovada de<br />
como lidar com a questão ambiental: como<br />
a escola envelhece ou se degrada; como a<br />
área física é preservada; como a área verde<br />
é cultivada; como os materiais didáticos são<br />
maneja<strong>do</strong>s, depreda<strong>do</strong>s;<br />
cuida<strong>do</strong> com o meio ambiente circundante<br />
da escola (na comunidade próxima), para<br />
que a escola seja vista como líder da causa,<br />
ten<strong>do</strong> alunos como protagonistas.<br />
Há muito que fazer na esfera da educação ambiental.<br />
Eu diria que a educação ambiental em geral evita<br />
enfrentar a questão da aprendizagem. Faz isso<br />
por comodismo, comum entre nós: toma como referência<br />
tranquila a aula. Estou sugerin<strong>do</strong> a necessidade<br />
de rever radicalmente os procedimentos de<br />
aprendizagem.<br />
Quan<strong>do</strong> autores sugerem que é preciso colocar o<br />
aluno no centro, em parte exigem que se respeite<br />
o mo<strong>do</strong> como se aprende naturalmente. Se tomássemos<br />
em conta, por exemplo, como funciona o cérebro<br />
da criança de seis anos, jamais daríamos aula.<br />
Aula lhe é algo estranho, tanto assim que as mães<br />
não dão aula (Schneider, 2007). As crianças aprendem<br />
ludicamente, dependem muito de motivação,<br />
necessitam de orientação, interagem naturalmente,<br />
como parte de sua linguagem natural.<br />
A escola deveria, então, ser como a natureza: instituição<br />
aberta, diversa, plural, formativa. Isso não<br />
desfigura a necessidade de organização, porque<br />
a liberdade de expressão só é produtiva<br />
em contexto de organização e que implique<br />
regras de jogo (O’Neil, 2009). Mas, como<br />
dizia Foucault (2007), a escola mais parece<br />
prisão: comportar-se bem sempre foi<br />
mais importante que aprender bem.<br />
A mensagem da natureza será: criar seres livres<br />
que não se depredam. Pode-se aprender<br />
tu<strong>do</strong> na vida, mas a referência maiúscula<br />
é aprender a conviver em ambientes<br />
diversos, plurais, complementares, onde se<br />
combinam igualitariamente rivalidades e solidariedades,<br />
de maneira minimamente sustentável.<br />
Não basta levar a sério a questão ambiental por conta<br />
de nossa sobrevivência ameaçada. Isso significa<br />
reação tardia e arrependida. Mais importante é oferecer<br />
para nossas crianças a oportunidade de aprender<br />
ambientalmente, ten<strong>do</strong> a relação com a natureza<br />
como referência intrínseca <strong>do</strong> que seria, hoje,<br />
aprender bem. Forman<strong>do</strong>-se a criança ambientalmente,<br />
ela tem a oportunidade de inscrever em sua<br />
vida uma relação ambiental adequada, inauguran<strong>do</strong><br />
outra expectativa cultural e civilizatória.<br />
* A íntegra <strong>do</strong> texto pode ser encontrada no endereço http://<br />
pedrodemo.sites.uol.com.br/textos/td30.html.<br />
** Ilustração: A vida na palma da mão, de Raphael Alleph Leitão<br />
Vasconcelos.<br />
ao enyte<br />
11
Am A r é ...<br />
Realizar a cerimônia de confirmação de bodas, o ritual <strong>do</strong> casamento,<br />
no templo nobre <strong>do</strong> <strong>Grande</strong> <strong>Oriente</strong> <strong>do</strong> <strong>Distrito</strong> <strong>Federal</strong>.<br />
E foi exatamente isso que o Ir. Augusto Flávio, da Loja Honra e<br />
Tradição, e a cunhada Claudia Mendes fizeram na tarde <strong>do</strong> dia<br />
28 de agosto. Foi a primeira vez que esse tipo de cerimônia se<br />
realizou no templo nobre <strong>do</strong> GODF.<br />
PolítiCA n A P A u t A<br />
O cientista político e pesquisa<strong>do</strong>r da UnB<br />
Leonar<strong>do</strong> Barreto proferiu palestra sobre o<br />
tema “Política e poder” na Loja Desembarga<strong>do</strong>r<br />
Francisco Murilo Pinto, dia 25 de outubro.<br />
A Loja é a mais nova oficina jurisdicionada ao<br />
GODF, fundada em 1º de setembro. Barreto<br />
nos brinda com o artigo da página 30.<br />
A Comitiva <strong>do</strong> Real Arco (Rito York<br />
norte-americano) visitou o GODF<br />
no dia 5 de novembro.<br />
Po s s e n A Co r t e<br />
Ministro <strong>do</strong> Superior Tribunal de Justiça desde 1996, Felix<br />
Fischer tomou posse na vice-presidência daquela corte no<br />
dia 3 setembro. O STJ é a mais alta corte <strong>do</strong> país para julgamentos<br />
de questões referentes às leis federais (legislação<br />
infraconstitucional). Na foto, o casal Sônia e Felix Fischer<br />
ladea<strong>do</strong> pelo Grão-Mestre Jafé Torres e o venerável da Loja<br />
Areópago, Gilberto Corbacho.<br />
Cu l t u r A esPirituAl<br />
O presidente da ONG União Planetária, Ir. Ulisses<br />
Riedel, foi um <strong>do</strong>s cinco brasileiros convida<strong>do</strong>s a<br />
participar <strong>do</strong> I Fórum Mundial de Cultura Espiritual,<br />
que aconteceu no Cazaquistão, entre os dias<br />
18 e 20 de outubro. Os outros brasileiros convida<strong>do</strong>s<br />
foram: Leonar<strong>do</strong> Boff, Frei Beto, Paulo Coelho<br />
e o sena<strong>do</strong>r Cristovam Buarque.<br />
re s u l t A d o d A s u r n A s<br />
Joaquim Nogales<br />
Além <strong>do</strong>s Irmãos eleitos vice-presidente, Michel Temer,<br />
e vice-governa<strong>do</strong>r <strong>do</strong> <strong>Distrito</strong><br />
<strong>Federal</strong>, Tadeu Filippelli, a família<br />
maçônica <strong>do</strong> DF comemora<br />
a reeleição <strong>do</strong> deputa<strong>do</strong><br />
federal Ir. Isalci Lucas (foto),<br />
com cerca de 98 mil votos, e a<br />
eleição, para primeiro mandato<br />
na Assembleia Legislativa<br />
Distrital, <strong>do</strong> Ir. Olair Francisco.
We l c o m e b r o t h e r<br />
A e l e i t A<br />
AC A d e m iA mA ç ô n iC A<br />
Lee George Hunderhill, cônsul <strong>do</strong> Reino<br />
Uni<strong>do</strong> e administra<strong>do</strong>r da Embaixada da Inglaterra<br />
em Brasília, foi inicia<strong>do</strong> na Loja Três<br />
Poderes 2308.<br />
mo n t e i r o lo b A t o<br />
Considera<strong>do</strong> precursor da campanha <strong>do</strong><br />
“petróleo é nosso”, o escritor Monteiro Lobato<br />
será patrono de nova loja no DF. O autor<br />
<strong>do</strong> Sítio <strong>do</strong> Picapau Amarelo já é patrono de<br />
sete lojas em outros <strong>Oriente</strong>s estaduais.<br />
Perto de 100 pessoas pagaram para degustar a palestra-almoço <strong>do</strong> exsena<strong>do</strong>r<br />
Lindenberg Cury, promovida pela Academia Maçônica de Letras<br />
<strong>do</strong> DF – AMLDF. Inserir palestra no menu <strong>do</strong> almoço já era hábito<br />
da AMLDF, mas, desde que a entidade firmou parcerias com a Associação<br />
Comercial, Federação das Indústrias, Rotary, OAB, Universidade de<br />
Brasília, Federação <strong>do</strong> Comércio e União Planetária, os eventos só vêm<br />
crescen<strong>do</strong>.<br />
A governa<strong>do</strong>ra eleita <strong>do</strong> Rio <strong>Grande</strong> <strong>do</strong> Norte, atual<br />
sena<strong>do</strong>ra Rosalba Ciarlini, visitou o <strong>Grande</strong> <strong>Oriente</strong> <strong>do</strong><br />
<strong>Distrito</strong> <strong>Federal</strong> dia 17 de novembro, para conhecer o<br />
trabalho social desenvolvi<strong>do</strong> por Irmãos à frente da Fundação<br />
Gonçalves Le<strong>do</strong>. Na foto, o Ir. Augusto Escóssia de<br />
Oliveira, Jafé Torres, a sena<strong>do</strong>ra Ciarlini, o Ir. Johaben Camargo,<br />
representan<strong>do</strong> o sena<strong>do</strong>r Mozaril<strong>do</strong> Cavalcanti,<br />
e o Ir. Eduar<strong>do</strong> Luiz Lucas Bruniera, coordena<strong>do</strong>r da entidade<br />
paramaçônica Bodes <strong>do</strong> Asfalto.<br />
mi lA g r e s A C o n t e C e m<br />
en C o n t r o d o s ve n e ráve i s<br />
Este é um marcante livro<br />
lança<strong>do</strong> pelo Ir. Nelson Dias<br />
Leoni, oficial <strong>do</strong> Exército brasileiro,<br />
sobre sua história de<br />
luta pela vida, após levar um<br />
tiro de fuzil, em 2005, quan<strong>do</strong><br />
estava a serviço da Missão<br />
da ONU no Haiti. Subscreve<br />
a obra com Leoni a jornalista<br />
Damaris Giuliana.<br />
No dia 16 de outubro, a Poderosa Congregação reuniu-se<br />
no Templo Nobre <strong>do</strong> GODF para tratar de três<br />
temas: 1) sucessão ao Grão-Mestra<strong>do</strong> <strong>do</strong> GODF; 2)<br />
realização da 1ª Loja de Mesa (banquete ritualístico)<br />
pelo GODF, com a participação de todas as lojas e 3)<br />
Almoço Natalino, que ficou marca<strong>do</strong> para 5 de dezembro.
Aconteceu<br />
A<br />
18a edição <strong>do</strong> Baile <strong>do</strong> Maçom reuniu,<br />
na noite de 28 para 29 de agosto, mais<br />
de duas mil pessoas no salão <strong>do</strong> <strong>Grande</strong><br />
<strong>Oriente</strong> <strong>do</strong> Brasil. Na festa, realizada conjuntamente<br />
pelo <strong>Grande</strong> <strong>Oriente</strong> <strong>do</strong> <strong>Distrito</strong> <strong>Federal</strong><br />
– GODF e pela <strong>Grande</strong> Loja Maçônica <strong>do</strong> <strong>Distrito</strong> <strong>Federal</strong>,<br />
ocorreu o sorteio de um Renault Clio 1.0 zero<br />
km. Foi mais uma homenagem da família maçônica<br />
aos 50 anos de Brasília.<br />
1. O governa<strong>do</strong>r eleito <strong>do</strong> DF, Agnelo Queiroz, o vice-governa<strong>do</strong>r<br />
eleito, Tadeu Filippelli, com o Grão-Mestre Jafé Torres; 2. O Grão-<br />
Mestre Jafé com o sena<strong>do</strong>r eleito pelo DF Rodrigo Rollemberg; 3.<br />
O Grão-Mestre Adjunto <strong>do</strong> GODF, Lucas Galdeano, Norma Torres,<br />
o sena<strong>do</strong>r Mozaril<strong>do</strong> Cavalcanti, com sua esposa, Geilda, e a<br />
presidente da Fraternidade Feminina, Maria <strong>do</strong> Carmo; 4. Nair<br />
Fernandes, João Alfre<strong>do</strong> Ximenes, o deputa<strong>do</strong> federal reeleito<br />
Isalci Lucas e sua esposa Ivone.<br />
14 ao enyte<br />
Ba i l e d o Ma ç o M<br />
— 18° Baile da Maçonaria <strong>do</strong> <strong>Distrito</strong> <strong>Federal</strong> —<br />
1<br />
2<br />
3<br />
4
2<br />
1<br />
3<br />
4 8<br />
1. Panorâmica <strong>do</strong> baile; 2. Joãozinho Trinta esteve por lá; 3. O sereníssimo Grão-Mestre da <strong>Grande</strong> Loja Maçônica <strong>do</strong> <strong>Distrito</strong> <strong>Federal</strong>,<br />
Juvenal Amaral, comemora com a filha, Marianne, sorteada com o Renault Clio zero km; 4. O Grão-Mestre <strong>do</strong> GODF, Jafé Torres, com<br />
a irmã Ivanise, os sobinhos Fábio e Flavia e os Irmãos Reginal<strong>do</strong> Pereira e Tasso Ottoni, respectivamente, conselheiro e presidente da<br />
Fundação Gonçalves Le<strong>do</strong>; 5. Johaben Camargo e Alamir Ferreira agitam as urnas <strong>do</strong> sorteio <strong>do</strong> Clio zero; 6. O Grão-Mestre Jafé com<br />
o venerável mestre da Loja Três Poderes, Edilson Almeida, e a esposa, Maria Izabel; 7. Os veneráveis mestres Jorge Lunkes, da Loja<br />
Fraternidade Brasiliense, e Renes Mauro de Souza, da Loja José Castellani; 8. O colunista Gilberto Amaral gravou talk show no baile.<br />
Na foto, Amaral entrevista o Grão-Mestre Jafé Torres.<br />
ao enyte<br />
5<br />
6<br />
7<br />
15
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1. Grão-Mestre Jafé Torres, senhora integrante da Fraternidade<br />
Feminina, vice-governa<strong>do</strong>r, Tadeu Filippelli, e os IIr. Gilberto<br />
Corbacho e Paulo Monteverde; 2. Marianne Amaral, feliz com<br />
seu carro novo; 3. Norma Torres e Jafé Junior; 4. Karla Grippe,<br />
secretária <strong>do</strong> GODF, ladeada pelo casal Francisco de Assis<br />
(assessor <strong>do</strong> GODF) e a esposa, Marlene; 5. O Grão-Mestre Jafé<br />
ladea<strong>do</strong> por Rubi Rodrigues, membro da AMLDF e Álvaro Luiz<br />
Tronconi, professor da UnB; 6. O Grão-Mestre Jafé Torres com o<br />
ministro José de Jesus e senhora; 7. As meninas “Filhas de Jó”.<br />
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.<br />
5<br />
6<br />
7
Uma nova estrela brilha no <strong>Oriente</strong> <strong>do</strong><br />
<strong>Distrito</strong> <strong>Federal</strong> desde o dia 24 de setembro<br />
de 2010, data da regularização<br />
da Loja Bento Gonçalves número 4060.<br />
A nova oficina, fundada em maio deste ano por um<br />
grupo de 66 irmãos de diferentes lojas, irá reforçar<br />
as colunas <strong>do</strong> <strong>Grande</strong> <strong>Oriente</strong> <strong>do</strong> Brasil e <strong>do</strong> <strong>Grande</strong><br />
<strong>Oriente</strong> <strong>do</strong> <strong>Distrito</strong> <strong>Federal</strong>.<br />
A loja nasce com o objetivo de exercitar a verdadeira<br />
Maçonaria universal, ten<strong>do</strong> por base os princípios<br />
da família, da caridade e das melhores tradições da<br />
Ordem. Não há, então, o que estranhar no fato de<br />
a escolha para patrono <strong>do</strong> novo ente <strong>do</strong> GODF ter<br />
recaí<strong>do</strong> sobre o herói da Revolução Farroupilha, General<br />
Bento Gonçalves, homem probo, de bons costumes,<br />
amante das tradições, da liberdade, da solidariedade<br />
e da fraternidade.<br />
Ao contrário <strong>do</strong> que pode parecer, não se trata de<br />
oficina exclusiva de gaúchos, mas, sim, de uma loja<br />
imbuída <strong>do</strong> espírito libertário daqueles revolucionários<br />
que, entre os anos 1835 e 1845, desafiaram as<br />
forças imperiais e implantaram no sul <strong>do</strong> país a República<br />
<strong>do</strong> Rio <strong>Grande</strong>.<br />
Para registrar a regularização dessa nova estrela <strong>do</strong> Planalto<br />
Central, foi realizada, em 24 de setembro, Sessão<br />
Magna Branca em comemoração aos festejos da Epopeia<br />
Farroupilha, realiza<strong>do</strong>s tradicionalmente no dia<br />
20 de setembro, data-símbolo para o povo gaúcho.<br />
Estavam presentes mais de 150 pessoas, entre Irmãos,<br />
familiares e convida<strong>do</strong>s, incluin<strong>do</strong> representantes de<br />
Lojas Gaúchas e <strong>do</strong>s CTGs (Centros de Tradições Gaúchas)<br />
de Brasília, devidamente pilcha<strong>do</strong>s.<br />
O público vibrou com a representação teatral da<br />
Epopeia Farroupilha, com diálogos entre os perso-<br />
* Johaben Camargo é jornalista, professor universitário e MM das<br />
Lojas Honra e Tradição e Bento Gonçalves, da qual é um <strong>do</strong>s<br />
funda<strong>do</strong>res.<br />
Bento Gonçalves<br />
nova estrela no Planalto Central<br />
Johaben Camargo*<br />
Sessão Magna em homenagem à epopeia Farroupilha. Ao fun<strong>do</strong>,<br />
Grão-Mestre Jafé Torres, Francisco Roni, venerável da Loja Bento<br />
Gonçalves, e Renes Mauro de Souza, venerável da Loja José<br />
Castellani, e Irmãos de diferentes lojas.<br />
nagens Bento Gonçalves e Giuseppe Garibaldi. Uma<br />
centelha representativa da Chama Crioula foi o auge<br />
das festividades, que incluiu poesias e brilhante palestra<br />
sobre o comandante Bento Gonçalves, proferida<br />
pelo Ir. Flávio Rostirola.<br />
De acor<strong>do</strong> com o venerável mestre da nova oficina, Ir.<br />
Francisco Roni da Rosa, embora o Rito a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> seja o<br />
R.·.E.·.A.·.A.·., a Loja conta com Irmãos <strong>do</strong>s outros cinco<br />
Ritos reconheci<strong>do</strong>s pelo GOB. Ele agradeceu especialmente<br />
a colaboração da Loja-Mãe da Loja Bento<br />
Gonçalves, a Loja José Castellani, e também o apoio<br />
da Loja Honra e Tradição, que contribuiu com muitos<br />
obreiros para a nova oficina.<br />
A Sessão Magna foi prestigiada pelo Eminente Grão-<br />
Mestre <strong>do</strong> GODF, Ir. Jafé Torres, e sua comitiva. Ao final<br />
<strong>do</strong>s trabalhos, ele destacou a expressão da rara e<br />
ímpar beleza <strong>do</strong> evento, salientan<strong>do</strong> a virtude diferenciada<br />
da Maçonaria praticada no <strong>Distrito</strong> <strong>Federal</strong>.<br />
A Loja Bento Gonçalves reúne-se na segunda e na<br />
quarta semana <strong>do</strong> mês, às sextas-feiras, no Templo<br />
da Loja União e Silêncio, no Park Way, às 20 horas.<br />
ao enyte<br />
17
O<br />
Sena<strong>do</strong> <strong>Federal</strong> realizou sessão especial<br />
em homenagem à Ordem Maçônica no<br />
dia 20 de agosto último, Dia <strong>do</strong> Maçom,<br />
pelo décimo ano consecutivo, por iniciativa<br />
<strong>do</strong> sena<strong>do</strong>r e Ir. Mozaril<strong>do</strong> Cavalcanti (PTB-RR). Estiveram<br />
presentes à solenidade representantes das<br />
três potências Maçônicas regulares: <strong>Grande</strong> <strong>Oriente</strong><br />
<strong>do</strong> Brasil – GOB, Confederação da Maçonaria Simbólica<br />
<strong>do</strong> Brasil – CMSB e Confederação Maçônica <strong>do</strong><br />
Brasil – COMAB.<br />
O sena<strong>do</strong>r Geral<strong>do</strong> Mesquita (PMDB-AC) destacou<br />
que os maçons têm a missão de autoaperfeiçoamento,<br />
a dedicação às boas obras, a promoção da<br />
verdade e o reconhecimento como homens e como<br />
irmãos de seus semelhantes.<br />
Já o sena<strong>do</strong>r Mozaril<strong>do</strong>, após relembrar a participação<br />
marcante da Maçonaria em fatos históricos <strong>do</strong><br />
Brasil, como a Independência, a libertação <strong>do</strong>s escravos<br />
e a proclamação da República, afirmou que a<br />
Ordem tem enorme responsabilidade na construção<br />
<strong>do</strong> futuro <strong>do</strong> Brasil.<br />
Para o sena<strong>do</strong>r, a Maçonaria adapta-se aos novos<br />
tempos, interagin<strong>do</strong> cada vez mais com a sociedade,<br />
“sen<strong>do</strong> um exemplo para os brasileiros pelo trabalho<br />
sério e honesto que desenvolve, contribuin<strong>do</strong> para<br />
que o país seja, realmente, democrático, fraterno e<br />
igualitário”.<br />
18 ao enyte<br />
Homenagem justa e perfeita<br />
Sena<strong>do</strong>r Mozaril<strong>do</strong> Cavalcanti discursan<strong>do</strong> em sessão especial <strong>do</strong> Sena<strong>do</strong>.<br />
O Grão-Mestre <strong>do</strong> <strong>Grande</strong> <strong>Oriente</strong> <strong>do</strong> <strong>Distrito</strong> <strong>Federal</strong>,<br />
Jafé Torres, por sua vez, afirmou que a Maçonaria<br />
tem realiza<strong>do</strong> significativos trabalhos sociais em prol<br />
da comunidade, enfatizan<strong>do</strong> a responsabilidade da<br />
instituição para a construção de um país com maior<br />
justiça social.<br />
História – 20 de agosto é denomina<strong>do</strong>, por tradição, o<br />
Dia <strong>do</strong> Maçom. Segun<strong>do</strong> Manoel Joaquim de Menezes,<br />
em 20/08/1822, na 14a Sessão <strong>do</strong> GOB, Joaquim<br />
Gonçalves Le<strong>do</strong> teria defendi<strong>do</strong> a independência <strong>do</strong><br />
Brasil antes mesmo de D. Pedro proclamá-la. Já para<br />
o historia<strong>do</strong>r José Castellani, Menezes equivocou-se,<br />
Convida<strong>do</strong>s prestigiam o Dia <strong>do</strong> Maçom no Plenário.
pois o GOB foi funda<strong>do</strong> em 17 de junho de 1922 e a<br />
sua 14ª sessão ocorreu no dia 9 de setembro. Mesmo<br />
assim, o discurso inflama<strong>do</strong> de Le<strong>do</strong> pela independência,<br />
de acor<strong>do</strong> com Castellani, teria si<strong>do</strong> proferi<strong>do</strong><br />
antes da notícia da proclamação ocorrida em 7 de<br />
setembro ter chega<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio de Janeiro.<br />
Conforme explica José Castellani no livro que subscreve<br />
com William Carvalho sobre a história <strong>do</strong> <strong>Grande</strong><br />
<strong>Oriente</strong> <strong>do</strong> Brasil, o equívoco de Menezes ocorreu<br />
porque, no século XIX, o calendário maçônico pautava-se<br />
pelo calendário judeu, com o início <strong>do</strong> ano em<br />
23 de março, porém, Menezes contou como início <strong>do</strong><br />
ano maçônico o 1º de março.<br />
Como a ata da 14ª sessão <strong>do</strong> GOB diz que a reunião<br />
ocorreu no 20º dia <strong>do</strong> 6º mês, Menezes contabilizou<br />
o discurso de Le<strong>do</strong> no dia 20 de agosto. O cálculo de<br />
Menezes induziu a erro o Barão <strong>do</strong> Rio Branco, que<br />
propagou a data equivocada para to<strong>do</strong> o país, em<br />
mea<strong>do</strong>s <strong>do</strong> século XIX, ao escrever sobre a história<br />
da Independência. É fato incontestável, todavia, que<br />
a participação da Maçonaria foi decisiva no processo<br />
de independência da então colônia portuguesa.<br />
O Grão-Mestre Jafé Torres com 12 membros da delegação da Loja Honra e Tradição<br />
e o secretário de Educação e Cultura <strong>do</strong> GODF, Luiz Arino (2° à esquerda).<br />
Jovens da Associação Paramaçônica Juvenil – APJ<br />
compareceram à sessão especial.<br />
Tasso Otoni, presidente da FGL; Jafé Torres, Grão-Mestre <strong>do</strong> GODF;<br />
Sena<strong>do</strong>r Mozaril<strong>do</strong> Cavalcanti e Antônio Rêgo Filho, presidente da<br />
PAEL da Paraíba, em almoço comemorativo ao Dia <strong>do</strong> Maçom.<br />
ao enyte<br />
19
Loja em foco<br />
Quan<strong>do</strong> os funda<strong>do</strong>res constituem uma<br />
loja maçônica, além de escolher o rito,<br />
o nome e a obediência, hão de decidir a<br />
finalidade — ou objeto — à qual inicialmente<br />
a oficina vai se dedicar. Em geral, há consenso<br />
sobre os objetivos a serem alcança<strong>do</strong>s, contu<strong>do</strong>,<br />
depois de fundada, a loja adquire personalidade<br />
própria e, às vezes, trilha caminho diverso ou desenvolve<br />
trabalhos diferentes daqueles originalmente<br />
previstos.<br />
Isso não aconteceu com a Loja Maçônica Miguel Archanjo<br />
Tolosa.<br />
Fundada em 16 de dezembro de 1981 por 14 mestres<br />
maçons reuni<strong>do</strong>s na residência <strong>do</strong> Ir. Camillo de<br />
Oliveira Júnior, na Asa Norte, em Brasília/DF, a tríade<br />
“estu<strong>do</strong>, trabalho e união” foi erigida já na ata de fundação.<br />
Desde então, os objetivos originais vêm sen<strong>do</strong><br />
tenazmente persegui<strong>do</strong>s.<br />
Para tanto, a Loja Miguel Archanjo Tolosa promove<br />
diversos eventos, entre eles, destacam-se as tradicionais<br />
costeladas, cuja renda é revertida para projetos<br />
sociais, por meio da AFETO – Associação Feminina<br />
Tolosa, e a campanha de serviços sociais organizada<br />
anualmente na cidade de Flores de Goiás.<br />
A Campanha de Flores de Goiás é realizada conjuntamente<br />
com Irmãos de outras lojas, notadamente<br />
da Fraternidade e Justiça II, <strong>do</strong> oriente de Sobradinho/DF,<br />
e conta com a participação de diversos profissionais,<br />
como médicos e dentistas, que prestam<br />
atendimento gratuito à população da cidade goiana.<br />
A tu<strong>do</strong> isso somam-se a distribuição de alimentos,<br />
roupas e remédios e um almoço ofereci<strong>do</strong> àquela<br />
comunidade.<br />
* Antônio Luís Rodrigues Alves é servi<strong>do</strong>r público <strong>do</strong> Tribunal<br />
de Justiça <strong>do</strong> <strong>Distrito</strong> <strong>Federal</strong> e MM obreiro da Loja Miguel<br />
Arcanjo Tolosa.<br />
20 ao enyte<br />
A tríade da Tolosa<br />
estu<strong>do</strong>, trabalho e união<br />
Antônio Luís Rodrigues Alves *<br />
Os eventos sociais organiza<strong>do</strong>s pela Loja Miguel<br />
Archanjo Tolosa contam com grande prestígio na<br />
comunidade maçônica, de forma que a celebração<br />
das datas importantes, bem como o banquete ritualístico<br />
realiza<strong>do</strong> anualmente no Dia <strong>do</strong> Maçom são<br />
disputa<strong>do</strong>s por Irmãos de to<strong>do</strong> o <strong>Distrito</strong> <strong>Federal</strong>.<br />
Embora mereçam apreço, não são a filantropia ou<br />
os eventos sociais que constituem o alicerce sobre<br />
o qual é construída a loja maçônica. Vale dizer que a<br />
própria sobrevivência da Ordem depende <strong>do</strong> estu<strong>do</strong><br />
<strong>do</strong> simbolismo, da filosofia e da busca da verdade,<br />
pois qualquer associação pode praticar a filantropia<br />
ou organizar festividades, contu<strong>do</strong>, somente uma<br />
Augusta Regular Loja Simbólica pode transmitir às<br />
gerações futuras os conhecimentos e valores maçônicos.<br />
É nesse particular que se verifica a excelência<br />
da Loja Miguel Arcanjo Tolosa.<br />
Na formação <strong>do</strong>s aprendizes e companheiros é emprega<strong>do</strong><br />
um méto<strong>do</strong> de ensino, lapida<strong>do</strong> ao longo<br />
<strong>do</strong>s anos, que facilita a apreensão <strong>do</strong>s conhecimentos<br />
<strong>do</strong> grau, resultan<strong>do</strong> na constituição de abaliza<strong>do</strong>s<br />
mestres maçons, capazes de estender a Maçonaria<br />
aos seus respectivos campos de atuação.<br />
Ferramenta essencial no processo de reciclagem e<br />
formação cultural <strong>do</strong> maçom é o Curso de Maçonaria<br />
Simbólica José Castellani, organiza<strong>do</strong> anualmente<br />
e que hoje conta com o apoio <strong>do</strong> <strong>Grande</strong> <strong>Oriente</strong> <strong>do</strong><br />
<strong>Distrito</strong> <strong>Federal</strong> (veja matéria na página 20). Em novembro<br />
de 2009, a Loja promoveu o 1º Seminário Maçônico<br />
de Assuntos Estratégicos, no qual se debateu a<br />
soberania nacional, política, educação e energia.<br />
Os ramos de acácia que exornam os três la<strong>do</strong>s <strong>do</strong><br />
Selo da Loja traduzem o título honorífico de <strong>Grande</strong><br />
Benfeitora que o <strong>Grande</strong> <strong>Oriente</strong> <strong>do</strong> Brasil lhe concedeu,<br />
em razão <strong>do</strong>s relevantes serviços presta<strong>do</strong>s à<br />
comunidade maçônica pelo então Jornal Egrégora,
hoje revista com edição trimestral, que se consoli<strong>do</strong>u<br />
como importante veículo de propagação cultural.<br />
Baluarte da união maçônica, tal qual seu patrono, a<br />
Miguel Arcanjo Tolosa prima pela concórdia e união<br />
de to<strong>do</strong>s os ritos e potências. Facilita o diálogo, colocan<strong>do</strong>-se<br />
a serviço da mediação na busca da solução<br />
harmoniosa <strong>do</strong>s conflitos. Internamente é exemplo<br />
de pluralidade e reunião daquilo que está disperso,<br />
O Ir. Miguel Archanjo Tolosa, Patrono de uma das Lojas<br />
mais atuantes <strong>do</strong> <strong>Grande</strong> <strong>Oriente</strong> <strong>do</strong> <strong>Distrito</strong> <strong>Federal</strong>,<br />
que leva o seu nome, nasceu em 29/09/1924,<br />
em São Luiz <strong>do</strong> Paraitinga, São Paulo, e faleceu em<br />
10/11/1980, em Brasília. Fez carreira militar no Exército<br />
brasileiro e, como músico-maestro de banda<br />
militar e maçom, colheu reconhecimento, respeito e<br />
admiração de to<strong>do</strong>s que o conheceram.<br />
Transferi<strong>do</strong> para a 6ª CIA de Guarda <strong>do</strong> Exército em<br />
1958, Tolosa foi um <strong>do</strong>s que contribuiu, como maestro<br />
da banda da Companhia, para o sucesso da festa<br />
de inauguração de Brasília, promovida pelo presidente<br />
Juscelino Kubistcheck. Após a inauguração da<br />
nova capital, a 6ª CIA foi extinta, e Tolosa, transferi<strong>do</strong><br />
para o Batalhão da Guarda Presidencial. Em 1970,<br />
Miguel Archanjo foi reforma<strong>do</strong> pela Junta Militar de<br />
Saúde por problemas cardiovasculares. Sua patente:<br />
1 o Sargento.<br />
Na Ordem Maçônica, Tolosa foi um exemplo. Inicia<strong>do</strong><br />
a 31/01/1965, na Loja Brasiliana n. 4 (atual Santuário<br />
de A<strong>do</strong>nai 4), da Sereníssima <strong>Grande</strong> Loja de Brasília,<br />
alcançou o Grau de Mestre em 30/03/1965. Em<br />
janeiro <strong>do</strong> ano seguinte, participou da fundação da<br />
Loja Abrigo <strong>do</strong> Centro 8, sen<strong>do</strong> eleito 1º vigilante em<br />
1967.<br />
Em 1974, foi eleito venerável mestre da Loja Abrigo<br />
<strong>do</strong> Cedro. Em junho daquele ano, foi Exalta<strong>do</strong> ao<br />
Grau 33, tornan<strong>do</strong>-se, assim, grande inspetor-geral<br />
da Ordem. Em outubro, tornou-se presidente <strong>do</strong><br />
Conselho Ka<strong>do</strong>sh Visconde Jequitinhonha.<br />
pois abriga, sob suas asas de pelicano, pessoas de diferentes<br />
convicções políticas e religiosas, extirpan<strong>do</strong><br />
<strong>do</strong> seu ninho o sectarismo e a intolerância.<br />
Vê-se, pois, que, não obstante passa<strong>do</strong>s vinte e nove<br />
anos desde a sua fundação, a Loja Maçônica Miguel<br />
Arcanjo Tolosa segue firme na busca de seus objetivos<br />
originais, estudan<strong>do</strong>, trabalhan<strong>do</strong> e cultivan<strong>do</strong> a<br />
união entre to<strong>do</strong>s os maçons.<br />
Miguel Archanjo<br />
maestro da harmonia*<br />
Com a saúde abalada, Tolosa, a partir de 1977, deixou<br />
de ocupar cargos em Loja, em virtude de um<br />
enfarte <strong>do</strong> miocárdio. Foi a partir desse momento<br />
que suas ligações <strong>do</strong> <strong>Grande</strong> <strong>Oriente</strong> <strong>do</strong> Brasil – GOB<br />
estreitaram-se. Moran<strong>do</strong> próximo à sede <strong>do</strong> GOB em<br />
Brasília, na 713 Sul, Miguel Archanjo costumava ocupar<br />
o Tempo de Estu<strong>do</strong>s nas Oficinas lá instaladas.<br />
Profun<strong>do</strong> conhece<strong>do</strong>r <strong>do</strong>s mistérios da Ordem, lutou<br />
pela união das Potências Maçônicas Brasileiras.<br />
“Após sua partida para o <strong>Oriente</strong> Eterno, em dezembro<br />
de 1981, criou-se a Loja Miguel Archanjo Tolosa<br />
2131. Fundada por um grupo de obreiros <strong>do</strong> <strong>Grande</strong><br />
<strong>Oriente</strong> <strong>do</strong> Brasil, representou uma homenagem<br />
a um valoroso maçom da <strong>Grande</strong> Loja. A Maçonaria<br />
<strong>do</strong> <strong>Distrito</strong> <strong>Federal</strong> prestou, desse mo<strong>do</strong>, a mais justa<br />
e perfeita homenagem a Miguel Alrchanjo Tolosa”,<br />
escreveu o Ir. Lucas Galdeano, Grão-Mestre Adjunto<br />
<strong>do</strong> GODF e ex-venerável mestre da Loja Miguel Archanjo<br />
Tolosa.<br />
* Fonte: GALDEANO, Lucas F., Miguel Archanjo<br />
Tolosa: Patrono da Nossa Loja, in Cardernos de<br />
Pesquisas Maçônicas 18, Editora Maçônica<br />
A Trolha, 2001.
Tempo de estu<strong>do</strong><br />
Curso de Maçonaria Simbólica<br />
A<br />
Loja Miguel Archanjo Tolosa promoveu,<br />
nos dias 22 e 23 de outubro, o XVII Curso<br />
de Maçonaria Simbólica “José Castellani”,<br />
no Templo Nobre <strong>do</strong> GODF. O evento<br />
contabilizou 70 irmãos presentes, entre<br />
eles, o eminente Grão-Mestre <strong>do</strong> GODF, Jafé Torres, e<br />
o Grão-Mestre Adjunto, Lucas Galdeano.<br />
A palestra de abertura, na sexta à noite, foi proferida<br />
pelo Ir. Marden Maluf sobre o tema “A ciência Maçônica<br />
<strong>do</strong> equilíbrio”.<br />
22 ao enyte<br />
Abertura <strong>do</strong> XVII Curso de Maçonaria Simbólica José Castellani.<br />
No dia 23, sába<strong>do</strong>, outras cinco palestras: “O simbolismo<br />
das marchas no R.·.E.·.A.·.A.·.”, com o Ir. Raul<br />
Sturari; “200 anos de Maçonaria no Brasil”, com o Ir.<br />
William Carvalho; “Pavimento mosaico: pluralidade e<br />
multiculturalidade”, com o Ir. Danilo Porfírio; “As atribuições<br />
de um venerável mestre”, com Lucas Galdeano<br />
e “A contribuição de Wolfgang Amadeus Mozart à<br />
Maçonaria”, com o Ir. Marden Maluf.<br />
Colaborou o Ir. Orlan<strong>do</strong> Galdeano.
1<br />
4<br />
1. Marden Maluf proferiu as palestras de abertura e de encerramento <strong>do</strong> evento; 2. William Carvalho falou sobre os 200 anos<br />
da Maçonaria no Brasil; 3. O pró-reitor <strong>do</strong>s cursos de pós-graduação <strong>do</strong> Centro Universitário UDF e um <strong>do</strong>s responsáveis<br />
pelo curso de pós-graduação sobre história da Maçonaria ofereci<strong>do</strong> pela instituição, Fabiano Ferraz, participou <strong>do</strong> curso<br />
José Castellani como membro da Tolosa; 4. O venerável mestre da Loja Miguel Archanjo Tolosa, Clemir Márcio Rodrigues,<br />
agradeceu a participação de IIr. de outras lojas; 5. Os IIr. Orlan<strong>do</strong> Galdeano, Décio Bottechia Jr., José Braz Jr. e Joaquim<br />
Nogales; 6. O Grão-Mestre <strong>do</strong> GODF, Jafé Torres, e o Grão-Mestre Adjunto, Lucas Galdeano, seguram fotos <strong>do</strong>s IIr. Francisco<br />
Murilo Pinto e Joferlino Miranda Pontes, respectivamente, ex-Grão-Mestre-Geral <strong>do</strong> GOB e ex-Grão-Mestre-Geral Adjunto,<br />
que foram homenagea<strong>do</strong>s na palestra “A Ciência Maçônica <strong>do</strong> Equilíbrio”, proferida por Marden Maluf.<br />
5<br />
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6
Terceiro setor<br />
Joaquim Gonçalves Lê<strong>do</strong>, 1o vigilante <strong>do</strong> <strong>Grande</strong><br />
<strong>Oriente</strong> <strong>do</strong> Brasil em 1822, jamais poderia<br />
supor que, 172 anos mais tarde, um grupo de<br />
maçons intitularia uma organização social com<br />
o seu nome, no coração <strong>do</strong> país — a Fundação Gonçalves<br />
Lê<strong>do</strong> – FGL. E se surpreenderia mais ainda ao<br />
sabê-la capaz de formar, em 20 meses, mais de 200<br />
mil alunos nos diferentes 52 cursos ministra<strong>do</strong>s, <strong>do</strong>s<br />
quais 40 na área de informática e 12 de capacitação<br />
em outras áreas profissionais. (Veja em http://www.<br />
dfdigital.df.gov.br/)<br />
A FGL, na qualidade de gestora <strong>do</strong> Programa <strong>do</strong> DF<br />
Digital, principal eixo na promoção da inclusão digital<br />
e capacitação técnica <strong>do</strong> <strong>Distrito</strong> <strong>Federal</strong> por meio<br />
de ensino a distância, multiplicou por cinco a quantidade<br />
de alunos inscritos no programa. No início da<br />
gestão da FGL, em abril de 2009, o DF Digital contava<br />
com 14,6 mil alunos matricula<strong>do</strong>s. Consideran<strong>do</strong>-se<br />
a matricula de estudantes em <strong>do</strong>is ou mais cursos,<br />
representava 28,8 mil cursos em andamento (veja<br />
quadro na página ao la<strong>do</strong>).<br />
Vocação beneficente<br />
Como seu patrono, a FGL enfrentou obstáculos para<br />
a implementação de ações empreende<strong>do</strong>ras implícitas<br />
em seus projetos de mudança social. Criada em<br />
6 de abril de 1994, sob a inspiração de membros da<br />
Loja Gonçalves Lê<strong>do</strong>, <strong>do</strong> <strong>Oriente</strong> de Taguatinga, a<br />
FGL se desvinculou de sua loja-mãe para firmar contrato<br />
de gestão, em 2009, com vigência por 5 anos,<br />
com a Secretaria de Ciência e Tecnologia <strong>do</strong> GDF, por<br />
meio da Fundação de apoio à Pesquisa – FAP.<br />
Os resulta<strong>do</strong>s alcança<strong>do</strong>s no programa de inclusão digital,<br />
porém, não afastaram a FGL de sua vocação beneficente,<br />
ao contrário. Integrou Ações Cívico-Sociais<br />
juntamente com outros parceiros sociais, compreenden<strong>do</strong><br />
ações educativas de saúde, regularização de<br />
<strong>do</strong>cumentos, distribuição de alimentos e kits de saúde<br />
bucal nas cidades <strong>do</strong> entorno <strong>do</strong> DF. Mais recentemente,<br />
em 19 de novembro, a FGL lançou, juntamen-<br />
24 ao enyte<br />
Fundação Gonçalves Lê<strong>do</strong><br />
uma organização social<br />
O presidente da FGL, Tasso Ottoni, e mil cestas básicas para<br />
a campanha Natal da Fraternidade, no pátio interno <strong>do</strong> ed.<br />
Embassy Tower, sede da Fundação no Plano Piloto. Outras<br />
duas mil cestas ficaram na garagem, porque a laje poderia não<br />
suportar o peso.<br />
te com o <strong>Grande</strong> <strong>Oriente</strong> <strong>do</strong> <strong>Distrito</strong> <strong>Federal</strong>, a Ordem<br />
<strong>do</strong>s Advoga<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Brasil Seccional <strong>do</strong> DF – OAB/DF<br />
e com o apoio <strong>do</strong> Correio Braziliense e <strong>do</strong> Banco <strong>do</strong><br />
Brasil, a campanha “Natal da Fraternidade”, com o objetivo<br />
de arrecadar 20 mil cestas básicas, a serem distribuídas<br />
à população de baixa renda.<br />
Em sua sede matriz, no Recanto das Emas, cidade<br />
satélite de Brasília, a FGL já atendeu gratuitamente<br />
a mais de 50 mil pessoas na área de clínica médica,<br />
oftalmológica e o<strong>do</strong>ntológica. A sede possui 3.000<br />
m2 de área construída, num terreno de 600.000 m2 ,<br />
sen<strong>do</strong> equipada com ambulatórios médicos e consultórios<br />
o<strong>do</strong>ntológicos, refeitório e 11 salas de aula,<br />
onde cerca de 3,2 mil pessoas já foram certificadas<br />
em cursos profissionalizantes, entre 2000 e 2005, no<br />
âmbito das ações <strong>do</strong> FAT – Fun<strong>do</strong> de Amparo ao Trabalha<strong>do</strong>r,<br />
<strong>do</strong> Ministério <strong>do</strong> Trabalho e Emprego.<br />
Trabalho reconheci<strong>do</strong><br />
A transformação da FGL começou em 2005, quan<strong>do</strong><br />
Wellington de Queiroz, membro da Loja Gonçalves<br />
Lê<strong>do</strong>, assumiu sua presidência. Os esforços então<br />
empreendi<strong>do</strong>s foram para tornar a FGL independente<br />
de qualquer loja maçônica.
Alterações procedidas em seu estatuto, desvincularam<br />
a FGL da loja-origem, permitin<strong>do</strong> sua habilitação<br />
como organização social sem fins lucrativos no<br />
GDF, ainda em 2007. O reconhecimento das ações<br />
implementadas pela FGL desde 1994 conferiu-lhe<br />
certifica<strong>do</strong> de organização social, permitin<strong>do</strong>-lhe a<br />
participação em processos licitatórios em geral.<br />
Substituin<strong>do</strong> a UnB<br />
Com o encerramento, em 2008, <strong>do</strong> convênio firma<strong>do</strong><br />
entre a Universidade de Brasília e o GDF para a gestão<br />
<strong>do</strong> DF Digital, instituí<strong>do</strong> por decreto, em agosto<br />
de 2006, o GDF abriu nova concorrência pública<br />
para que entidades sociais capacitadas dela participassem.<br />
A FGL foi habilitada no processo licitatório,<br />
sen<strong>do</strong> selecionada como gestora <strong>do</strong> programa no<br />
primeiro trimestre de 2009.<br />
“Confirma<strong>do</strong> o resulta<strong>do</strong> da licitação, alugamos instalações<br />
no edifício Palácio da Imprensa, no setor de<br />
Rádio de TV Sul, porque foi uma exigência <strong>do</strong> contrato<br />
criar uma sede administrativa da Fundação<br />
no Plano Piloto. Abrimos licitação para a aquisição<br />
de milhares de computa<strong>do</strong>res, ao mesmo tempo<br />
Suspeitas infundadas<br />
em que realizamos concurso<br />
público para a contratação<br />
de 400 funcionários”, recorda<br />
Wellington de Queiroz, que<br />
presidiu a FGL por <strong>do</strong>is mandatos<br />
consecutivos (2005-<br />
2009), sen<strong>do</strong> membro atual<br />
<strong>do</strong> Conselho Cura<strong>do</strong>r da entidade.<br />
À Manoel Tavares Santos, sucessor de Queiroz à<br />
frente da FGL, coube esclarecer notícias infundadas<br />
então veiculadas, no início de 2010, sobre possível<br />
ilegalidade na contratação da FGL. Pós-gradua<strong>do</strong><br />
em administração de empresas e alto funcionário de<br />
carreira <strong>do</strong> Banco Central , Tavares alcançou pleno<br />
sucesso na gestão de esclarecimentos eficazmente<br />
presta<strong>do</strong>s à sociedade sobre a legalidade da contratação<br />
de Organizações Sociais pelo Esta<strong>do</strong>.<br />
O mal-entendi<strong>do</strong> teve sua origem quan<strong>do</strong> o GDF, ao<br />
encaminhar ao Superior Tribunal de Justiça informações<br />
sobre valores pagos às empresas presta<strong>do</strong>ras<br />
de serviços de informática, não incluiu os valores de-<br />
Evolução da gestão FGL no DF Digital<br />
Categorias 04/2009 11/2010 Aumento<br />
Alunos<br />
matricula<strong>do</strong>s<br />
Cursos em<br />
andamento<br />
14,6 mil 74 mil 407%<br />
28,8 mil 153 mil 431%<br />
Queda no custo por curso ministra<strong>do</strong><br />
2010<br />
Custo por curso<br />
ministra<strong>do</strong> em R$<br />
Variação de custo<br />
em %<br />
Fevereiro 321,48 100%<br />
Maio 217,57 – 32,3%<br />
Junho 195,31 – 39,2%<br />
vi<strong>do</strong>s à FGL. O GDF não incluiu a Fundação, porque<br />
mantém com a FGL um contrato de gestão, e não de<br />
prestação de serviços de informática, mas, até explicar<br />
a diferença entre esses <strong>do</strong>is contratos, a imprensa<br />
divulgou suspeitas infundadas <strong>do</strong> Ministério Público<br />
e tu<strong>do</strong> teve de ser explica<strong>do</strong> no Tribunal de Justiça <strong>do</strong><br />
<strong>Distrito</strong> <strong>Federal</strong> e <strong>do</strong>s Territórios – TJDFT, que aprovou<br />
o contrato de gestão de acor<strong>do</strong> com a lei.<br />
Por motivos de saúde, Manoel Tavares pediu exoneração<br />
<strong>do</strong> cargo em fevereiro, sen<strong>do</strong> substituí<strong>do</strong> pelo<br />
prof. Tasso Ottoni, então diretor de operações da entidade.<br />
Em julho passa<strong>do</strong>, com a superação judicial<br />
<strong>do</strong> impasse sobre a legalidade <strong>do</strong> contrato de gestão,<br />
deu-se continuidade aos serviços presta<strong>do</strong>s em<br />
face da competência e zelo implícitos na execução<br />
<strong>do</strong> programa de inclusão digital.<br />
A meta é exportar<br />
Para Reginal<strong>do</strong> Silva Pereira<br />
Filho, membro <strong>do</strong> Conselho<br />
Cura<strong>do</strong>r da FGL, a entidade<br />
está plenamente capacitada<br />
para expandir suas atividades<br />
para outros esta<strong>do</strong>s. “A FGL é<br />
a principal entidade de ensino<br />
a distância focada no atendimento<br />
da demanda de capacitação nos esta<strong>do</strong>s e municípios,<br />
com plenas condições de “exportar” a exitosa<br />
experiência <strong>do</strong> <strong>Distrito</strong> <strong>Federal</strong> , tanto na área de ensino<br />
a distância, como também em tecnologia Wi-Fi”.<br />
ao enyte<br />
25
“Criamos padrões de eficiência na oferta de cursos<br />
de capacitação no setor de informática e de qualificação<br />
profissional. Unificamos a programação <strong>do</strong>s<br />
cursos em um Único Sistema de Gerenciamento da<br />
Aprendizagem e as plataformas <strong>do</strong>s polos, o que<br />
permite ao aluno fazer um curso em qualquer polo,<br />
ou até mesmo em casa, pelo seu computa<strong>do</strong>r”, salienta<br />
Tasso Ottoni.<br />
O secretário de Ciência e Tecnologia, Divino Martins,<br />
destaca: “O DF Digital gera renda para a população e,<br />
por isso, também é um programa de inclusão social”.<br />
26 ao enyte<br />
1<br />
2<br />
Numero de polos <strong>do</strong> DF Digital<br />
Abril 2009 Novembro de 2010<br />
72 unidades 135 unidades<br />
O DF Digital conta com 135 polos com computa<strong>do</strong>res<br />
com acesso à internet espalha<strong>do</strong>s<br />
pelo <strong>Distrito</strong> <strong>Federal</strong>. Há polos instala<strong>do</strong>s em<br />
edifícios próprios <strong>do</strong> GDF (27), paróquias (46),<br />
entidades conveniadas com o Ministério da<br />
Ciência e Tecnologia (29) e em outros órgãos<br />
parceiros (33).<br />
1. Equipe <strong>do</strong> Polo de Ceilândia Norte; 2. Magda Landim,<br />
monitora <strong>do</strong> Polo Paranoá: “o DF Digital já recuperou<br />
até alcoólatra”; 3. Seu Odir (83) e <strong>do</strong>na Alda Falcão (79),<br />
inclusão digital sem precisar <strong>do</strong>s netos.<br />
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3
1. Diploma<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Curso Geração III <strong>do</strong> Polo Sobradinho<br />
com o deputa<strong>do</strong> federal reeleito Ir. Isalci Lucas: internet<br />
para a terceira idade; 2. Adriana de Queiroz, coordena<strong>do</strong>ra<br />
<strong>do</strong> Polo Touring: “Os alunos <strong>do</strong> Geração III são os mais<br />
assíduos”.<br />
1<br />
2<br />
O 1 o vigilante <strong>do</strong> GOB<br />
Joaquim Gonçalves Lê<strong>do</strong><br />
(1781-1847) empregava<br />
o nome de Diderot,<br />
o revolucionário editor<br />
da Enciclopédia Francesa,<br />
nas sessões <strong>do</strong> <strong>Grande</strong><br />
<strong>Oriente</strong> <strong>do</strong> Brasil, <strong>do</strong> qual<br />
foi um <strong>do</strong>s funda<strong>do</strong>res, em<br />
17 de junho de 1822, e o<br />
primeiro a ocupar o cargo<br />
de 1o grande vigilante <strong>do</strong><br />
GOB. Os historia<strong>do</strong>res maçons<br />
o consideram o maior<br />
maçom de sua época e também o mais injustiça<strong>do</strong>,<br />
pois muito pouco é cita<strong>do</strong> sobre sua figura na história<br />
oficial <strong>do</strong> Brasil.<br />
Republicano, defendeu ar<strong>do</strong>rosamente a independência<br />
<strong>do</strong> Brasil em sessão <strong>do</strong> GOB, o que originou<br />
as comemorações <strong>do</strong> Dia <strong>do</strong> Maçom (veja matéria<br />
na página16). Exilou-se quan<strong>do</strong> D. Pedro fechou o<br />
GOB e retornou para reinstalação <strong>do</strong> <strong>Grande</strong> <strong>Oriente</strong><br />
(1831-1832). Em 1834, perdeu a cadeira de deputa<strong>do</strong><br />
e deixou a vida pública. Faleceu em 1847, em sua<br />
fazenda Sumi<strong>do</strong>uro, em Santana de Macacu, no Rio<br />
de Janeiro.<br />
ao enyte<br />
27
Atualidade<br />
28<br />
Nebulosa<br />
Em<br />
1908, no auge <strong>do</strong> ciclo econômico<br />
da borracha, Euclides<br />
da Cunha alertou para a<br />
problemática da Amazônia,<br />
figuran<strong>do</strong>-a como uma nebulosa, cujo movimento<br />
centrífugo de expansão, ao crescer com o tempo,<br />
poderia levá-la a despregar-se <strong>do</strong> Brasil.<br />
Com um território que ocupa 60% <strong>do</strong> Brasil, a Bacia<br />
Amazônica detém 20% da água <strong>do</strong>ce <strong>do</strong> planeta e<br />
sua malha hidroviária chega a 22 mil quilômetros.<br />
Sua biodiversidade representa 30% das florestas e<br />
10% da biota mundial, com 3 bilhões de espécies e<br />
um banco genético incalculável. Geologicamente, é<br />
a última fronteira mineral da Terra.<br />
ao enyte<br />
Amazônia<br />
Maynard Marques de Santa Rosa*<br />
A população da Amazônia Legal ultrapassa os 24 milhões<br />
e cresce a uma taxa superior à média nacional.<br />
Os polos urbanos concentram 72% <strong>do</strong> total. O restante<br />
vive às margens <strong>do</strong>s rios e estradas, esvazian<strong>do</strong><br />
o interior. Somente a metrópole de Belém possui<br />
mais de 2 milhões de pessoas, e a de Manaus, mais<br />
de 1,5 milhão.<br />
Apesar da magnitude <strong>do</strong> seu potencial, o produto regional<br />
bruto é pífio em relação à economia brasileira,<br />
representan<strong>do</strong> apenas 6% <strong>do</strong> PIB nacional, logo, a<br />
Região ainda se constitui mais um problema <strong>do</strong> que<br />
uma solução para o Brasil.<br />
Evocan<strong>do</strong> o simbolismo da linguagem de Euclides,<br />
são aborda<strong>do</strong>s a seguir os principais fatores que, ori-
gina<strong>do</strong>s na vastidão amazônica, afetam o equilíbrio<br />
geopolítico <strong>do</strong> nosso país. Os fatores centrípetos são<br />
os que fortalecem a coesão nacional, e os centrífugos,<br />
os que a enfraquecem.<br />
Fatores Centrípetos<br />
O que mais favorece a soberania brasileira sobre a<br />
Amazônia são sua posição geográfica e configuração<br />
territorial.<br />
Excêntrica em relação à zona de maior circulação<br />
da riqueza global no hemisfério norte, a região dista<br />
mais de seis mil quilômetros <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s,<br />
evitan<strong>do</strong> o chama<strong>do</strong> efeito gravitacional das superpotências<br />
e garantin<strong>do</strong> ao Brasil ampla liberdade de<br />
ação política.<br />
A forma compacta <strong>do</strong> território facilita o controle,<br />
contrastan<strong>do</strong> com a In<strong>do</strong>nésia, por exemplo, onde<br />
as ilhas da periferia vêm sen<strong>do</strong> atraídas pelos polos<br />
de interesse circunvizinhos (Cingapura e Austrália).<br />
O arco orográfico que envolve a Bacia Amazônica<br />
— os Andes, o Planalto Central brasileiro e o Maciço<br />
Guianense — funciona como uma espécie de armadura<br />
natural, protegen<strong>do</strong>-a da ingerência externa.<br />
Debruçada no Atlântico, a região tem a cidade de<br />
Belém como portal de entrada, o que enfatiza sua<br />
importância estratégica.<br />
Fatores Centrífugos<br />
A Amazônia brasileira encerra contenciosos geopolíticos<br />
cujo potencial de risco é proporcional à vastidão<br />
<strong>do</strong> patrimônio territorial. Os principais são: o<br />
isolamento, o vazio populacional, que torna a região<br />
um deserto verde, o subdesenvolvimento e as questões<br />
ambiental, indígena e administrativa.<br />
O isolamento natural restringe o acesso à região, limitan<strong>do</strong>-o<br />
historicamente ao transporte aquaviário,<br />
fato que justifica os <strong>do</strong>is séculos de independência<br />
<strong>do</strong> Grão-Pará em relação ao Brasil. Daí a necessidade<br />
de integração viária com o restante <strong>do</strong> país.<br />
O vazio populacional amazônico foi considera<strong>do</strong> pelo<br />
eminente prof. Arman<strong>do</strong> Mendes como seu principal<br />
problema político. Na verdade, a colonização efetiva<br />
só aconteceu na segunda metade <strong>do</strong> século XIX, com<br />
a atração de mão de obra nordestina para os seringais<br />
da margem direita <strong>do</strong> rio Amazonas. Esse ambiente é<br />
o habitat natural da hevea brasiliensis, a seringueira<br />
de maior produtividade. Na margem esquerda, ou<br />
“Calha Norte”, pre<strong>do</strong>mina a hevea benthamiana, espécie<br />
secundária, de baixo rendimento, o que inviabiliza<br />
sua exploração econômica, por isso aquela área<br />
continua desabitada.<br />
A densidade populacional de Roraima é de 1,8 hab/<br />
km 2 , enquanto a <strong>do</strong> Brasil é de 21,5, o que torna imprudente<br />
a política de reservas indígenas, que força<br />
a “desintrusão” de não índios, reduzin<strong>do</strong> ainda mais a<br />
humanização <strong>do</strong> território.<br />
O subdesenvolvimento regional decorre da matriz<br />
econômica, o extrativismo. Inicialmente vegetal, e<br />
atualmente mineral, a indústria extrativa não é capaz<br />
de assegurar sustentabilidade à economia. A política<br />
tradicional de incentivos fiscais vem crian<strong>do</strong> alguma<br />
compensação, mas só conseguiu como resulta<strong>do</strong> a<br />
Zona Franca de Manaus, que custa 5 bilhões de dólares<br />
por ano ao Brasil. O Índice de Desenvolvimento<br />
Humano (IDH) é de 0,725, enquanto a média nacional<br />
é de 0,792. O desenvolvimento autossustentável<br />
da Amazônia, portanto, é outro impositivo estratégico<br />
para o nosso país.<br />
A questão ambiental tem como tese o fundamentalismo<br />
ambientalista e como antítese a cultura<br />
nativa de desrespeito à natureza. Essa dialética ameaça<br />
conservar a região subdesenvolvida. Evidentemente,<br />
a mentalidade de respeito ao meio ambiente<br />
representa uma conquista da civilização, mas o radicalismo,<br />
que chega ao extremo de considerar o ser<br />
humano um intruso na natureza, só contribui para<br />
ocultar interesses inconfessáveis. Três bandeiras<br />
principais têm alimenta<strong>do</strong> a propaganda a partir da<br />
década de 1970: a tese <strong>do</strong> “pulmão <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>”, a <strong>do</strong><br />
“aquecimento global” e o noticiário sobre o desmatamento.<br />
Segun<strong>do</strong> o prof. Samuel Benchimol, a primeira surgiu<br />
a partir de uma interpretação equivocada da resposta<br />
<strong>do</strong> dr. Harold Sioli, <strong>do</strong> Instituto Max Planck, a<br />
uma consulta da UPI, em 1971. O cientista afirmou<br />
que um quarto <strong>do</strong> CO 2 existente na atmosfera estava<br />
armazena<strong>do</strong> na biosfera da floresta. A imprensa distorceu<br />
para um quarto <strong>do</strong> oxigênio, fazen<strong>do</strong> a polêmica<br />
perdurar por mais de três décadas.<br />
ao enyte<br />
29
30<br />
A segunda baseia-se na crença de que o “efeito estufa”<br />
é causa<strong>do</strong> pela emissão de dióxi<strong>do</strong> de carbono<br />
(CO ) gera<strong>do</strong> pela humanidade. São 14 bilhões de<br />
2<br />
toneladas por ano, sen<strong>do</strong> quase 90% oriun<strong>do</strong>s <strong>do</strong><br />
primeiro mun<strong>do</strong> e da China. As queimadas da floresta<br />
representam 3% dessa poluição. Contu<strong>do</strong>, no<br />
contraponto de “A Fraude <strong>do</strong> Aquecimento Global”,<br />
o geólogo Geral<strong>do</strong> Luís Lino afirma que: “não há evidência<br />
científica que vincule os combustíveis fósseis<br />
aos aumentos recentes de temperatura”. Em outra<br />
opinião científica, o prof. Luís Carlos Molion alerta<br />
que a redução forçada das emissões de carbono diminuiria<br />
a oferta de energia, condenan<strong>do</strong> os países<br />
subdesenvolvi<strong>do</strong>s à pobreza eterna.<br />
A terceira polêmica é a <strong>do</strong> desmatamento. O noticiário<br />
volta<strong>do</strong> à formação da opinião pública costuma<br />
englobar indistintamente os índices de desmatamento<br />
legal e ilegal como violação ambiental, o que caracteriza<br />
manipulação com objetivo desconheci<strong>do</strong>.<br />
As pressões ambientalistas vêm provocan<strong>do</strong> a proliferação<br />
de legislação ambiental e de reservas em<br />
to<strong>do</strong>s os níveis (federal, estadual e municipal). A Embrapa<br />
quantificou as restrições existentes (inclusive<br />
indígenas), concluin<strong>do</strong> que somente um quarto das<br />
terras nacionais está legalmente disponível para a<br />
atividade produtiva. Na Amazônia, essa orquestração<br />
tornou-se arma neocolonialista, inviabilizan<strong>do</strong> o<br />
empreende<strong>do</strong>rismo priva<strong>do</strong>, única forma de sustentar<br />
o desenvolvimento.<br />
A questão indígena exacerbou-se após a Constituição<br />
<strong>Federal</strong> de 1988. Sob a influência <strong>do</strong> movimento<br />
indigenista, os Constituintes reverteram o<br />
princípio histórico de integração <strong>do</strong> índio à comunhão<br />
nacional, substituin<strong>do</strong>-o pelo da “interação”.<br />
Com isso, as tribos remanescentes tiveram reconheci<strong>do</strong>,<br />
ainda que tacitamente, o status de nações paralelas<br />
à nação brasileira, coexistin<strong>do</strong> no território nacional.<br />
O Estatuto <strong>do</strong> Índio, que mantém o preceito<br />
da integração, não foi atualiza<strong>do</strong>, o que causa inúmeros<br />
contenciosos.<br />
Observe-se que a política indigenista tradicional<br />
remonta ao Regimento <strong>do</strong> Diretório <strong>do</strong>s Índios, de<br />
1755. Por meio dele, o marquês de Pombal extinguiu<br />
a escravidão indígena, fomentou os casamentos<br />
entre portugueses e índias e concedeu o direito de<br />
preferência sobre as terras às famílias mestiças, cujos<br />
ao enyte<br />
filhos foram torna<strong>do</strong>s capazes legalmente, sen<strong>do</strong><br />
proibida a discriminação. O efeito histórico dessa<br />
política manifesta-se nos traços físicos da sociedade<br />
amazônica, em que quase 70% da população é constituída<br />
de mestiços, 24% de brancos e apenas 2,7%<br />
de índios. Logo, são os nativos que vêm absorven<strong>do</strong><br />
o contingente branco. A revisão dessa tradição, no<br />
entanto, ensejou a proliferação de reservas indígenas<br />
quase sempre situadas sobre grandes riquezas<br />
minerais. São 294 terras indígenas, que ocupam<br />
822,9 mil km2 . A área yanomami (96 mil km2 ) é maior<br />
<strong>do</strong> que Portugal (92 mil km2 ) e foi criada na fronteira,<br />
para abrigar 7 mil índios. A de Raposa-Serra <strong>do</strong> Sol<br />
equivale a 80% <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> de Sergipe.<br />
A questão administrativa iniciou-se em 1823,<br />
quan<strong>do</strong> o território amazônico foi incorpora<strong>do</strong> ao<br />
Brasil. A falta de vivência com sua gestão política, no<br />
entanto, tem induzi<strong>do</strong> os governos a tratá-la como<br />
um grande latifúndio. O último estadista a aplicar<br />
um plano estratégico completo para a região foi o<br />
marquês de Pombal.<br />
No século XIX, o Império brasileiro teve de postergálo,<br />
por força da Guerra <strong>do</strong> Paraguai. No início <strong>do</strong> século<br />
XX, o marechal Hermes da Fonseca, reagin<strong>do</strong> ao<br />
colapso <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> da borracha, esboçou o primeiro<br />
plano republicano, que não pôde ser implementa<strong>do</strong><br />
devi<strong>do</strong> às crises internas. Na 2ª Guerra Mundial, a<br />
ocupação <strong>do</strong>s seringais <strong>do</strong> Pacífico pelos japoneses<br />
fez reativar, por 4 anos, o comércio da borracha amazônica.<br />
Após o novo colapso, Getúlio Vargas criou os<br />
territórios federais <strong>do</strong> Guaporé (atual Rondônia), Rio<br />
Branco (atual Roraima) e Amapá.<br />
Foi por iniciativa parlamentar que a Constituição de<br />
1946 previu a aplicação de 3% da receita tributária<br />
da União no desenvolvimento regional, levan<strong>do</strong> o<br />
segun<strong>do</strong> governo Getúlio Vargas a definir a Amazônia<br />
Legal e a criar uma agência de desenvolvimento<br />
voltada para a borracha — a Sudhevea. As idiossincrasias<br />
locais, porém, impediram que ela atingisse<br />
sua finalidade.<br />
Juscelino Kubistchek iniciou a integração viária com<br />
a implantação da ro<strong>do</strong>via Belém-Brasília, uma obra<br />
sinérgica. E o Plano de Integração Nacional, a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong><br />
pelos governos militares, permitiu a abertura das ro<strong>do</strong>vias<br />
Transamazônica, BR-319, BR-163, BR-174 e Perimetral<br />
Norte, a criação da Embratel e <strong>do</strong> Banco da
Área da Amazônia Legal<br />
5.217.423 km2 61% <strong>do</strong> território nacional<br />
(área sete vezes maior que a da França)<br />
Áreas de reserva<br />
105.673.003 de hectares<br />
12,1% <strong>do</strong> território nacional (equivalente a duas Espanhas)<br />
População total da Amazônia<br />
24 milhões de brasileiros<br />
12,83% da população nacional<br />
População indígena brasileira<br />
534 mil índios<br />
56% da população indígena <strong>do</strong> país está na Amazônia<br />
Crescimento demográfico na Amazônia<br />
1,64% ao ano.<br />
40% acima <strong>do</strong> crescimento médio nacional. Entre 1950 e 2007, a população<br />
da Amazônia Legal cresceu 516%, ritmo muito acima da média nacional,<br />
que foi de 254%<br />
Amazônia e a ativação da Zona Franca de Manaus,<br />
mas teve de ser interrompi<strong>do</strong> pela crise <strong>do</strong> petróleo.<br />
A Constituição de 1988 instituiu o mecanismo das<br />
transferências da União (obrigatórias e voluntárias),<br />
dan<strong>do</strong> aos esta<strong>do</strong>s amazônicos o mesmo tratamento<br />
<strong>do</strong>s demais.<br />
Em 2005, o governo Lula lançou o Plano Amazônia<br />
Sustentável (PAS). Trata-se, porém, de um discurso<br />
ideológico de 101 páginas, dirigi<strong>do</strong> à comunidade<br />
amazônica, sem definir metas. Tem como premissa<br />
o seguinte: “a descentralização de políticas públicas<br />
reduz custos, aumenta a transparência e o controle<br />
social”. Contu<strong>do</strong>, o Programa Calha Norte constatou,<br />
em 2007, que “os esta<strong>do</strong>s amazônicos administram<br />
a própria economia, sem referencial federal e sem<br />
preocupação com a sustentabilidade. A mentalidade<br />
existente é de aplicações que aumentam a despesa<br />
de custeio, sem impacto no crescimento da<br />
economia”. E os indica<strong>do</strong>res da Secretaria <strong>do</strong> Tesouro<br />
Nacional mostram o quanto aqueles esta<strong>do</strong>s dependem<br />
<strong>do</strong>s repasses federais para sua vida vegetativa.<br />
Além de tu<strong>do</strong>, o PAS não é um plano de gestão. Nas<br />
suas próprias palavras, limita-se a “diretrizes estruturantes<br />
que balizem amplos processos de negociação<br />
com os atores sociais relevantes”.<br />
Ac<br />
Conclusão<br />
RR<br />
AP<br />
Reservas indígenas<br />
Faixa de fronteira<br />
A Amazônia permanece como um megalatifúndio:<br />
espaços vazios, presença incipiente <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, integração<br />
incompleta <strong>do</strong> território e da população<br />
indígena, subdesenvolvimento econômico e social.<br />
Tem alta taxa de crescimento demográfico, com estagnação<br />
econômica, o que pode ressuscitar a cabanagem.<br />
A falta de um plano estratégico, a política de criação<br />
de reservas e a legislação ambiental restritiva inviabilizam<br />
o aproveitamento econômico <strong>do</strong> território.<br />
Mantidas as atuais condições, estarão comprometi<strong>do</strong>s<br />
o desenvolvimento e a sustentabilidade, e o fator<br />
de risco à soberania nacional tende a crescer com<br />
o tempo.<br />
Do estu<strong>do</strong> sobressaem, portanto, três desafios inevitáveis<br />
para o futuro da Amazônia: desenvolvimento<br />
autossustentável, integração ao Brasil (física e psicossocial)<br />
e colonização seletiva da Calha Norte.<br />
* Maynard Marques de Santa Rosa é general de Exército, ten<strong>do</strong><br />
desempenha<strong>do</strong> as funções de subchefe <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>-Maior <strong>do</strong><br />
Exército (EME), secretário de política, estratégia e assuntos<br />
internacionais <strong>do</strong> Ministério da Defesa (MD) e chefe <strong>do</strong><br />
Departamento Geral <strong>do</strong> Pessoal, em Brasília/DF.<br />
ao enyte<br />
31
O poder politico<br />
e suas transformacoes<br />
Se<br />
observarmos todas as comunidades humanas<br />
já existentes, veremos que reúnem<br />
uma característica comum: a divisão da<br />
sociedade entre governantes e governa<strong>do</strong>s. Um grupo<br />
detém e monopoliza o poder político (capacidade<br />
de influenciar e controlar pessoas) e o outro não.<br />
Boa parte da filosofia política dedicou-se a estudar<br />
o que gera poder político. Historicamente, para os<br />
gregos, o direito de comandar vinha da capacidade<br />
de persuadir. Por exemplo, Péricles não entrou para a<br />
história como um grande político por suas habilidades<br />
de administra<strong>do</strong>r ou de chefe militar, mas pela<br />
eloquência com que proferia seus discursos e mantinha<br />
alta a estima <strong>do</strong> povo ateniense.<br />
Crítico dessa visão estética da política, Platão renegou<br />
a forma <strong>do</strong>s discursos e enfatizou seu conteú<strong>do</strong>.<br />
O poder deveria ter como base de sustentação a verdade,<br />
a busca da essência das coisas (simplifican<strong>do</strong>,<br />
o político deveria ser um especialista ou um tecnocrata,<br />
como se diz nos dias atuais).<br />
Bastante influenciada pelas ideias platônicas, a filosofia<br />
cristã foi pelo mesmo caminho, mas com<br />
uma conotação religiosa. A finalidade <strong>do</strong> poder<br />
político seria ajudar a conduzir as pessoas por “vales<br />
de sombras”, de forma a assegurar-lhes o gozo<br />
<strong>do</strong> paraíso revela<strong>do</strong>. Era comum realizar analogias<br />
entre ovelhas e pastores, com o Esta<strong>do</strong> exercen<strong>do</strong>,<br />
muitas vezes de forma violenta, a tutela espiritual<br />
<strong>do</strong>s cidadãos.<br />
Maquiavel quebrou a ideia de que a política devesse<br />
ter algum compromisso com a busca de qualquer<br />
tipo de verdade, fosse ela filosófica ou divina. Para o<br />
pensa<strong>do</strong>r florentino, política se resumia à luta pelo<br />
poder, o que lhe conferia a dimensão de jogo que ela<br />
possui até hoje. A política seria possui<strong>do</strong>ra de lógica<br />
* Leonar<strong>do</strong> Barreto é <strong>do</strong>utoran<strong>do</strong> em Ciência Política pela<br />
Universidade de Brasília (UnB), coordena<strong>do</strong>r <strong>do</strong> curso de<br />
Ciência Política <strong>do</strong> Centro Universitário <strong>do</strong> <strong>Distrito</strong> <strong>Federal</strong><br />
(UDF) e funda<strong>do</strong>r <strong>do</strong> site http://casadepolitica.blogspot.com/.<br />
32 ao enyte<br />
Leonar<strong>do</strong> Barreto*<br />
e ética próprias, bastante distantes <strong>do</strong> convenciona<strong>do</strong><br />
pela moral cristã.<br />
A concepção maquiavélica de política como jogo é o<br />
que poderíamos chamar de hardpower, o que retrata<br />
sua dimensão competitiva, muito evidente na luta<br />
que os parti<strong>do</strong>s travam pelo direito de <strong>do</strong>minar.<br />
Com o avanço da democracia, muitos grupos da sociedade<br />
civil começaram a manter outro tipo de relação<br />
com o poder político. O objetivo não era mais<br />
conquistá-lo, mas influenciá-lo. Esses novos atores,<br />
chama<strong>do</strong>s grupos de pressão e interesse, tornaramse<br />
parte <strong>do</strong>s regimes abertos. Chama-se essa modalidade<br />
de poder político de softpower.<br />
A globalização, a crise ambiental e a informatização<br />
das relações humanas começaram a afetar a forma<br />
como o poder político é exerci<strong>do</strong> e legitima<strong>do</strong>. O livre<br />
trânsito de pessoas fez com que pequenas organizações<br />
passassem a ameaçar grandes impérios por<br />
meio de atividades terroristas, países estão na iminência<br />
de disputar os recursos naturais restantes e a<br />
internet acabou com o controle da informação que<br />
os grandes grupos de mídia possuíam. Claramente<br />
estamos na fronteira de uma transformação profunda<br />
das relações tradicionais de poder.<br />
É difícil fazer previsões a respeito <strong>do</strong> futuro poder<br />
político, tanto no que se refere às suas fontes como<br />
à forma como ele é exerci<strong>do</strong>. Mas uma coisa é certa:<br />
ele será cada vez mais plural, anárquico e horizontal.<br />
Muitas formas tradicionais de poder desaparecerão<br />
e novos atores virão inevitavelmente ocupar o papel<br />
de grupo <strong>do</strong>minante.
Cidadania planetaria<br />
Nenhum regime, sistema de governo, instituição<br />
política ou econômica pode, por si só,<br />
garantir uma sociedade digna. Somente com<br />
a incorporação em nossas vidas da fraternidade,<br />
<strong>do</strong> afeto, da amorosidade, da espiritualidade<br />
e da ternura poderemos alcançar um saudável<br />
relacionamento humano e planetário.<br />
A percepção da irmandade de to<strong>do</strong>s os seres é essencial.<br />
Pertencemos to<strong>do</strong>s a uma mesma fonte de vida.<br />
Somos feitos <strong>do</strong> mesmo barro. Estamos to<strong>do</strong>s interliga<strong>do</strong>s.<br />
A nossa família é a humanidade e to<strong>do</strong>s os seres<br />
que compõem a teia da vida, filhos e filhas da terra.<br />
Não há ideologia superior à solidariedade. Quan<strong>do</strong><br />
um homem fere outro homem, ele fere toda a humanidade,<br />
como fere a si próprio. Do macrocosmo ao<br />
microcosmo, a teia da vida é única.<br />
A transformação da sociedade depende da transformação<br />
de cada um de nós. A sociedade deve despertar<br />
para a consciência coletiva da responsabilidade<br />
individual, encaminhan<strong>do</strong>-se para a imprescindível<br />
consciência coletiva da amorosidade universal.<br />
A evolução humana faz-se por meio <strong>do</strong> desenvolvimento,<br />
pelo desabrochar de qualidades, sen<strong>do</strong> fundamentais<br />
a vontade, a sabe<strong>do</strong>ria e o amor.<br />
Para vencer a ignorância é preciso o desenvolvimento<br />
da sabe<strong>do</strong>ria; para vencer a inação é preciso o desenvolvimento<br />
da vontade; para vencer a insensibilidade<br />
é preciso o desenvolvimento <strong>do</strong> amor. A atuação deve<br />
ser a favor <strong>do</strong> bem. O mal só existe quan<strong>do</strong> há ausência<br />
<strong>do</strong> bem. As trevas só existem pela ausência da luz. A<br />
reta atuação é com a luz. Essas qualidades fundamentais<br />
devem ser desenvolvidas simultaneamente. Uma<br />
delas pouco desenvolvida desestabiliza o equilíbrio<br />
essencial de atuação humana, individual e coletiva.<br />
* Ulisses Riedel é funda<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Departamento Intersindical de<br />
Assessoria Parlamentar – DIAP, presidente da ONG União Planetária<br />
e MM das Lojas Areópago, Honra e Tradição e Loja de<br />
Pesquisas.<br />
Ulisses Riedel*<br />
O amor não é uma questão emocional. É uma lei da<br />
natureza. É a lei cósmica da harmonia.<br />
A amorosidade é a base de uma saudável relação humana.<br />
É a única forma saudável.<br />
Todas as pessoas sonham com uma humanidade feliz.<br />
No entanto, a morte provocada pelas guerras, mais<br />
de 100 milhões no século XX, e os trilhões gastos com<br />
elas abalam as convicções <strong>do</strong>s mais otimistas.<br />
Passa da hora de a humanidade romper a insana lógica<br />
da cultura da guerra. Não há caminho para a paz, a<br />
paz é o caminho, ensinou-nos Mahatma Gandhi, em<br />
sintonia com os ensinamentos de to<strong>do</strong>s os grandes<br />
mestres da humanidade.<br />
Queiramos ou não, somos inexoravelmente responsáveis<br />
pelo mun<strong>do</strong> que temos, por ações ou omissões.<br />
Fazemos parte de uma mesma vida. Cada um<br />
de nós é um elo da corrente que<br />
une todas as criaturas. Somos<br />
os tripulantes da Nave Terra,<br />
somos a própria Terra. É fundamental<br />
a união amorosa<br />
de to<strong>do</strong>s para uma viagem<br />
feliz, para a preservação da<br />
humanidade e da vida planetária<br />
nessa saga maravilhosa<br />
da nossa<br />
Mãe Terra, giran<strong>do</strong><br />
harmoniosamente<br />
rumo ao infinito,<br />
como afirma<br />
a Carta da CidadaniaPlanetária,<br />
aprovada<br />
pelo 1º Fórum<br />
Espiritual Mundial,coordena<strong>do</strong><br />
pela União<br />
Planetária e realiza<strong>do</strong><br />
em 2006,<br />
em Brasília.<br />
Mun<strong>do</strong>
História<br />
A Independência <strong>do</strong> Brasil<br />
escrita pelas bandeiras<br />
O intuito<br />
deste artigo não é demolir a data<br />
<strong>do</strong> Sete de Setembro, quan<strong>do</strong> se comemora<br />
a Independência <strong>do</strong> Brasil — data<br />
magna da nacionalidade em um país tão<br />
pobre de símbolos nacionais. Busca-se, no entanto, reconstituir<br />
a imagem de uma realidade histórica, que,<br />
a nosso ver, sofreu distorção muito grande, principalmente<br />
entre os historia<strong>do</strong>res maçônicos.<br />
Em linguagem moderna, pode-se afirmar que a<br />
Maçonaria era a vanguarda <strong>do</strong> movimento da Independência<br />
<strong>do</strong> Brasil. Com a inexistência de parti<strong>do</strong>s<br />
políticos para articular, coordenar e mobilizar o povo<br />
e as elites, a Maçonaria agiu, individual e institucionalmente,<br />
como um verdadeiro parti<strong>do</strong> político da<br />
Independência. Os maçons daquela época juravam,<br />
ao ingressar na Maçonaria, além <strong>do</strong>s juramentos de<br />
praxe, o de realizar a independência <strong>do</strong> Brasil.<br />
34 ao enyte<br />
William Almeida de Carvalho*<br />
Independência ou Morte, mais conheci<strong>do</strong> como O Grito <strong>do</strong> Ipiranga, óleo sobre tela de Pedro Américo, 1888,<br />
ficção para um país carente de símbolos nacionais (atualmente no Museu Paulista da USP).<br />
* William Almeida de Carvalho é economista, cientista político e<br />
presidente da Academia Maçônica de Letras <strong>do</strong> <strong>Distrito</strong> <strong>Federal</strong>.<br />
Informa-se, no ensino fundamental, que o verde representa<br />
nossas florestas e o amarelo, o ouro de nossas<br />
minas. A verdade, contu<strong>do</strong>, manda-nos dizer que<br />
o verde é a cor da Casa <strong>do</strong>s Braganças e o amarelo é<br />
a cor <strong>do</strong>s Habsburgos, de que provém a imperatriz<br />
Dona Leopoldina.<br />
Por sugestão <strong>do</strong> Ir. e confrade Alberto Ricar<strong>do</strong> Schmidt<br />
Patier, maçonólogo erudito e heraldista emérito, fui<br />
estudar a heráldica para uma palestra sobre o “Sete<br />
de Setembro e a Maçonaria”. Desejava resposta à seguinte<br />
pergunta: a Independência <strong>do</strong> Brasil deu-se<br />
realmente no dia 7 de setembro ou no dia 12 de outubro,<br />
data da “Aclamação de D. Pedro”?<br />
Liga-se, <strong>do</strong>ravante, a questão acima a outra de cunho<br />
mais heráldico: durante o Brasil Império (1º e 2º), houve<br />
uma ou duas bandeiras e armas nacionais? Pensase<br />
que, ao responder à segunda pergunta, ilumina-se<br />
magistralmente, como nunca, a primeira questão.
Desde a vinda da Família Real portuguesa em 1808,<br />
o Brasil começou seu processo de independência. A<br />
data da abertura <strong>do</strong>s portos <strong>do</strong> Brasil ao comércio direto<br />
com as nações amigas, em 28 de janeiro de 1808,<br />
pode ser vista como o marco inicial desse processo.<br />
O segun<strong>do</strong> marco, importantíssimo, foi a elevação <strong>do</strong><br />
Brasil a Reino Uni<strong>do</strong> de Portugal e Algarves, com direito<br />
a bandeira e a escu<strong>do</strong>, em 13 de maio de 1816.<br />
Em 1821, as Cortes constituintes portuguesas decretaram<br />
que o campo da bandeira <strong>do</strong> Reino Uni<strong>do</strong> fosse<br />
azul e branco e que dela se eliminasse a esfera armilar,<br />
como se a bandeira constituinte não representasse<br />
mais o Reino Uni<strong>do</strong> ou dele fosse excluí<strong>do</strong> o Reino <strong>do</strong><br />
Brasil. A volta de D. João VI a Portugal em 3 de julho de<br />
1821 precipitou os acontecimentos no Brasil.<br />
Em 7 de setembro, quan<strong>do</strong> regressava de Santos, às<br />
margens <strong>do</strong> riacho <strong>do</strong> Ipiranga, ao receber os Correios<br />
da Corte com as últimas notícias em relação à<br />
sua figura e ao Brasil — e com as cartas da princesa<br />
Leopoldina e de José Bonifácio —, D. Pedro, ira<strong>do</strong>,<br />
teria proferi<strong>do</strong> o Grito que separava o Reino <strong>do</strong> Brasil<br />
<strong>do</strong> de Portugal.<br />
Ainda no dia 7 de setembro, D. Pedro foi aclama<strong>do</strong>,<br />
no Teatro da Ópera de São Paulo, com três “Viva o<br />
primeiro rei <strong>do</strong> Brasil”. Ele retornou ao Rio de Janeiro<br />
na noite de 14 de setembro.<br />
O processo de independência havia galga<strong>do</strong> mais<br />
um degrau, mas ainda não estava completo, pois, em<br />
to<strong>do</strong>s os decretos, alvarás, provisões e demais diplomas<br />
governamentais até o dia 12 de outubro, quan<strong>do</strong><br />
aí, sim, é proclama<strong>do</strong> impera<strong>do</strong>r, inclui-se sempre<br />
a seguinte fórmula: “...o Reino <strong>do</strong> Brasil, de quem sou<br />
o regente e perpétuo defensor...”, ou ainda, “com a rubrica<br />
de sua Alteza real o príncipe regente”.<br />
Em 18 de setembro de 1822, exara-se o decreto que<br />
determina a a<strong>do</strong>ção <strong>do</strong> brasão de armas e da ban-<br />
deira nacional <strong>do</strong> novo Reino. O príncipe regente deveria<br />
instituir nova bandeira, mas tu<strong>do</strong> sob a tutela<br />
de seu augusto pai. Uma nação com <strong>do</strong>is reinos. A<br />
ruptura total só viria a acontecer em 12 de outubro<br />
de 1822, dia natalício de D. Pedro e da verdadeira independência<br />
<strong>do</strong> Brasil, quan<strong>do</strong> D. Pedro foi aclama<strong>do</strong><br />
impera<strong>do</strong>r com pompa e circunstância.<br />
Somente a partir dessa data, o ex-príncipe regente<br />
assumiria sua condição de impera<strong>do</strong>r e cortaria definitivamente<br />
os laços que o amarravam a “Seo Augusto<br />
Pay”. Daí em diante, aclama<strong>do</strong>, apropria-se de<br />
todas as funções de estadista autônomo e independente.<br />
Finalizan<strong>do</strong> o holofote heráldico, no dia 1° de dezembro,<br />
data de sua coroação como impera<strong>do</strong>r, D. Pedro<br />
assinou seu primeiro decreto, substituin<strong>do</strong> a coroa<br />
diamantina pela coroa imperial e estabelecen<strong>do</strong> a<br />
bandeira que durou até a Proclamação da República.<br />
A bandeira <strong>do</strong> Brasil Reino (1) durou 35 dias, <strong>do</strong> 7 de<br />
setembro até 12 de outubro; e a bandeira <strong>do</strong> Brasil império<br />
(2), de 12 de outubro de 1822 até o dia 15 de novembro<br />
de 1889, data da Proclamação da República, ou<br />
seja, 67 anos. (Veja as bandeiras numeradas abaixo.)<br />
O Sete de Setembro somente começou a ser feria<strong>do</strong><br />
nacional oficial a partir <strong>do</strong> Decreto 1.285, de 30 de<br />
novembro de 1835, quan<strong>do</strong> se inicia o processo de<br />
montagem <strong>do</strong> imaginário coletivo sobre a Independência<br />
em um país tão pobre de ícones cívicos.<br />
Espera-se que essa contribuição da heráldica para a<br />
história possa esclarecer alguns pontos que causaram<br />
e ainda causam confusão até os dias de hoje.<br />
O momento é o de desmistificar alguns traços impingi<strong>do</strong>s<br />
como história, procuran<strong>do</strong> extrair os fatos das<br />
lendas apresentadas como verdade. Este artigo insere-se<br />
nesse movimento de esclarecer um pedaço da<br />
controversa história da Independência <strong>do</strong> Brasil.<br />
1 2<br />
ao enyte<br />
35
A<br />
Regência instalada no Brasil (1831-1840),<br />
que sucedeu a D. Pedro I, impera<strong>do</strong>r e<br />
maçom, impôs aos súditos da ex-colônia<br />
portuguesa austeras políticas econômicas,<br />
objetivan<strong>do</strong> atender aos interesses nela entranha<strong>do</strong>s,<br />
estranhos à população em geral.<br />
A província de São Pedro — atual Rio <strong>Grande</strong> <strong>do</strong><br />
Sul — produzia trigo, couro, erva-mate e charque<br />
36 ao enyte<br />
A Maçonaria na<br />
Trecho <strong>do</strong> quadro A batalha <strong>do</strong>s Farrapos, de Wasth Rodrigues, acervo da prefeitura de São Paulo.<br />
* Flávio Rostirola é Desembarga<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Tribunal de Justiça<br />
<strong>do</strong> <strong>Distrito</strong> <strong>Federal</strong> e Territórios e MM das Lojas Honra e<br />
Tradição e Bento Gonçalves, da qual é um <strong>do</strong>s funda<strong>do</strong>res.<br />
Flávio Rostirola*<br />
bovino, importante produto da dieta <strong>do</strong> brasileiro à<br />
época. Uma vez instalada, a Regência elevou os impostos<br />
sobre o charque nacional, reduziu as taxas <strong>do</strong><br />
charque importa<strong>do</strong> <strong>do</strong>s países <strong>do</strong> Prata e sobretaxou<br />
o sal, item de seu custo de produção. Tais decisões<br />
provocaram colapso à economia <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> e a consequente<br />
indignação <strong>do</strong>s gaúchos.<br />
Na área política, a Regência imputou mera condição<br />
de estalagem à Intendência da província de São Pedro<br />
(atual governo <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>) e priorizou destacadamente<br />
os interesses econômicos pessoais e da Monarquia<br />
central. Desse cenário emerge Bento Gonçalves<br />
da Silva, maçom e major alfer da Monarquia, que
Revolução Farroupilha<br />
já havia luta<strong>do</strong> nas campanhas<br />
contra os espanhóis (1811-1812)<br />
e na Argentina (1827).<br />
De espírito concilia<strong>do</strong>r e liberal,<br />
Bento Gonçalves elegeu-se deputa<strong>do</strong><br />
para representar a província,<br />
condição que lhe permitiu<br />
mediar com a Regência a nomeação<br />
<strong>do</strong> intendente da província<br />
de São Pedro, Antonio Fernandes<br />
Braga. De nada valeram os esforços<br />
políticos de Bento Gonçalves,<br />
pois o indica<strong>do</strong> intendente<br />
manteve a política da Regência<br />
de altos tributos, provocan<strong>do</strong> a<br />
indignação da população. Essa<br />
foi uma das principais causas da<br />
deflagração revolucionária.<br />
Nesse clima de inconformidade,<br />
aos 18 de setembro de 1835, foi<br />
feita uma reunião na Loja Maçônica<br />
Filantropia e Liberdade,<br />
em Porto Alegre, sob a presidência<br />
<strong>do</strong> venerável mestre Bento<br />
Gonçalves da Silva. Estavam presentes<br />
à sessão os maçons José<br />
Gomes de Vasconcellos Jardim,<br />
Domingos José de Almeida — mineiro de Diamantina,<br />
que redigiu a ata —, Pedro Boticário, Vicente da<br />
Fontoura, Paulino da Fontoura, Onofre Pires, Antonio<br />
Souza Neto, entre outros.<br />
Como consequência da deflagração <strong>do</strong> levante, os<br />
revolucionários se apoderaram da capital da província<br />
— hoje cidade de Porto Alegre — em 20 de<br />
setembro. A patrulha <strong>do</strong> coman<strong>do</strong> <strong>do</strong> Cabo Rocha<br />
cruzou o riacho da Azenha, impon<strong>do</strong> baixas nas<br />
forças da Intendência local. Diante da iminente consolidação<br />
<strong>do</strong> levante, o governante Antônio Fernandes<br />
Braga apropriou-se <strong>do</strong>s fun<strong>do</strong>s financeiros da<br />
província, fugin<strong>do</strong> em seguida.<br />
Bento Gonçalves, por sua vez, sitiou a cidade e empossou<br />
o então vice-presidente, Marciano Ribeiro,<br />
para acalmar a população, buscan<strong>do</strong>, com sua ação<br />
revolucionária, mudança na política econômica da<br />
Monarquia em relação aos interesses da província.<br />
As reivindicações foram rechaçadas pela Monarquia,<br />
dan<strong>do</strong>-se início à Revolução Farroupilha, que durou<br />
mais de 10 anos (1835-1845).<br />
Bento Gonçalves sofreu a primeira derrota na Batalha<br />
de Fanfa, às margens <strong>do</strong> rio Jacuí, com centenas<br />
de baixas. Rendeu-se ao comandante Bento Manuel<br />
Ribeiro, juntamente com seus comandantes Onofre<br />
Pires, Pedro Boticário, Corte Real e outros. Bento Gonçalves<br />
foi, então, encarcera<strong>do</strong> no Rio de Janeiro. Com<br />
o apoio da Maçonaria carioca, Corte Real e Onofre<br />
Pires fugiram da prisão por estreita passagem, ocasionan<strong>do</strong><br />
a transferência de Pedro Boticário e Bento<br />
Gonçalves para o cativeiro na Ilha <strong>do</strong> Forte, na Bahia.<br />
Novamente a Maçonaria agiu para libertá-los, servin<strong>do</strong>-se<br />
das relações com solda<strong>do</strong>s da guarda prisional<br />
(que umedeceram a pólvora <strong>do</strong> presídio para evitar<br />
o alcance das armas). Ambos evadiram-se <strong>do</strong> local a<br />
na<strong>do</strong>, sen<strong>do</strong> resgata<strong>do</strong>s por embarcações de pesca<strong>do</strong>res<br />
que os aguardavam.<br />
Em seu retorno ao Rio <strong>Grande</strong> (1837), Bento Gonçalves<br />
foi empossa<strong>do</strong> presidente da República, cuja<br />
proclamação se deu por orientação maçônica (1836),<br />
logo após a vitória na Batalha de Seival, comandada<br />
pelo também maçom general Neto.<br />
Decorrida quase uma década, com inúmeras batalhas<br />
vitoriosas e também algumas derrotas, os rebeldes<br />
farroupilhas, já exauri<strong>do</strong>s pelo enfrentamento<br />
com as forças da Monarquia, com a intermediação<br />
da Maçonaria, firmaram, em 1º de março de 1845, o<br />
acor<strong>do</strong> de paz <strong>do</strong> Poncho Verde, subscrito pelo general<br />
Luiz Alves de Lima e Silva, à época, barão de<br />
Caxias, também maçom, representan<strong>do</strong> as forças<br />
monárquicas. Estava assim selada a epopeia republicana<br />
farroupilha.<br />
ao enyte<br />
37
38 ao enyte<br />
Am ade us<br />
* Marden Maluf é maestro, funda<strong>do</strong>r e diretor artístico<br />
das Classes Musicais <strong>do</strong> <strong>Grande</strong> <strong>Oriente</strong> <strong>do</strong> Brasil.<br />
a coragem <strong>do</strong> mestre<br />
Marden Maluf *<br />
O<br />
talento <strong>do</strong> grande Wolfgang Amadeus Mozart<br />
(1756-1791) para o novo é algo indiscutível. A<br />
mestria que adquiriu no artesanato <strong>do</strong> ofício<br />
não pode ser questionada. Impossível um ama<strong>do</strong>r realizar,<br />
por exemplo, a “Sinfonia 41”, dita Júpiter.<br />
O terrível, porém, é a asfixia que o grande Amadeus<br />
sofreu por causa da incrível superficialidade, essência<br />
da época em que viveu, <strong>do</strong> malfada<strong>do</strong> rococó<br />
clássico.<br />
Isso é facilmente verificável em cada uma de suas<br />
mais de seiscentas obras catalogadas. Em determina<strong>do</strong><br />
trecho, eis que surge o Mozart verdadeiro.<br />
Mas, lastimavelmente, no trecho seguinte, eis não<br />
mais Mozart, mas um Wolfgang qualquer, obriga<strong>do</strong> a<br />
rabiscar a torturante mediocridade da aristocracia e da<br />
burguesia reinantes em seu tempo.<br />
O “Réquiem”, última obra de Mozart, trabalhada no leito de<br />
morte, é a composição na qual, até o último instante, fato<br />
único e trágico, o nosso gênio teve finalmente licença de<br />
comprometer-se apenas consigo mesmo. Mozart em todas<br />
as notas.<br />
Ele próprio sabia disso. Embora houvesse recebi<strong>do</strong><br />
esse “Réquiem” por encomenda de terceiros,<br />
afirmou desde o primeiro instante: “Escrevo<br />
esse canto fúnebre para mim mesmo”. É a única<br />
peça que escreveu não para os outros, mas<br />
para o seu espírito.<br />
O espírito de Mozart, contrário ao de sua<br />
época e ao que dele hoje se diz, não era<br />
nem infantil, nem mesquinho, nem frívolo.<br />
Um espírito assim não teria capacidade<br />
para <strong>do</strong>minar a ciência das estruturas<br />
sonoras em tão alto grau.<br />
Perante o sufocamento que a época de<br />
Mozart representava para seu espírito, a<br />
Maçonaria lhe foi a dádiva suprema, elevada<br />
à vital refrigeração.
Mozart foi um maçom apaixona<strong>do</strong> pela Maçonaria.<br />
Há registros de sua Iniciação e Elevação, embora não<br />
se tenha encontra<strong>do</strong> sua Exaltação ao Mestra<strong>do</strong>, mas<br />
certamente galgou degraus outros na Escola Filosófica.<br />
Na “Flauta Mágica”, ópera maçônica e dedicada<br />
à Maçonaria, há referências simbólicas explícitas aos<br />
mais diversos estágios. Além disso, compôs significativas<br />
Cantatas Maçônicas, cujo sucesso entre os<br />
Irmãos muito o alegravam. Amava e frequentava, de<br />
coração, a grandeza filosófica da instituição.<br />
Acredito que a crença em Deus segun<strong>do</strong> os princípios<br />
da Ordem foi o que deu a Mozart forças para viver<br />
seus últimos cinco anos. Não há registro de outro<br />
grande compositor que tenha si<strong>do</strong> obriga<strong>do</strong> a suportar<br />
tamanha carga de pressões em seu trabalho<br />
cria<strong>do</strong>r, soman<strong>do</strong>-se ainda — fato pouco conheci<strong>do</strong><br />
— problemas físicos de toda ordem.<br />
Sob tal aspecto, vejam-se algumas condições físicas<br />
em que o “anjinho” Mozart desenvolveu o que hoje se<br />
costuma considerar obras “felizes e despreocupadas”.<br />
Em 1762 (então com apenas seis anos de idade),<br />
contraiu uma infecção nas vias respiratórias superiores,<br />
devi<strong>do</strong> a uma infecção estreptocócica. Tempos<br />
depois, o menino contraiu uma <strong>do</strong>ença que o médico<br />
pensou ser escarlatina, mas que, na verdade, era<br />
um chama<strong>do</strong> erythema no<strong>do</strong>sum, quase certamente<br />
uma infecção estreptocócica. Neste mesmo ano,<br />
contraiu outra infecção e sofreu um ataque de febre<br />
reumática. Durante o ano de 1764, em Paris e Londres,<br />
Wolfgang teve tonsilite ou amigdalite (abscesso<br />
paritonsilar) e, outra vez, em 1765, padeceu desses<br />
mesmos males, complica<strong>do</strong>s por uma sinusite. Em<br />
dezembro de 1765 (então com nove anos), entrou<br />
em coma e perdeu muito peso. Os terríveis sintomas<br />
incluíam toxiquemia aguda, pulso fraco, delírio,<br />
erupção de pele, pneumonia, exfoliação hemorrágica<br />
da membrana mucosa oral, sugerin<strong>do</strong> uma febre<br />
tifoide endêmica. Etc. etc. ...<br />
Esse impressionante quadro de males ininterruptos<br />
segue pela vida afora, em um relatório médico de<br />
páginas e páginas, basea<strong>do</strong> nas fontes atuais sobre<br />
Mozart. Espantosa não é a tragédia de haver morri<strong>do</strong><br />
com apenas 35 anos, mas o milagre de ter vivi<strong>do</strong><br />
tanto, apesar de tu<strong>do</strong>.<br />
Os ataques morais deviam abater-lhe mais <strong>do</strong> que os<br />
males <strong>do</strong> corpo. Ele foi chama<strong>do</strong> de “caça<strong>do</strong>r de disso-<br />
nâncias”, “porcaria alemã” (atenção: Mozart é músico<br />
alemão — com pensamento e profundidade alemãos!<br />
—, e não austríaco, como to<strong>do</strong>s imaginam e a Áustria<br />
se gaba. A sua Salzburg natal era, à época, território<br />
alemão) e outros xingamentos assim, veementes e<br />
constantes, inclusive por nobres de outros países. Por<br />
outro la<strong>do</strong>, claro que tinha grandes e numerosos defensores<br />
e era famosíssimo em sua época.<br />
O grande exemplo da existência de Wolfgang Amadeus<br />
Mozart, obras artísticas geniais à parte, é a coragem<br />
de haver feito o que fez em condições tão<br />
contrárias. É quase impossível, em 35 anos, tempo<br />
de sua vida, um bom copista copiar o que Mozart<br />
escreveu, ou melhor, o que sobrou <strong>do</strong> que escreveu.<br />
Entenda-se: um bom copista, em trabalho contínuo<br />
e ininterrupto, em perfeito esta<strong>do</strong> de saúde e dedicação<br />
exclusiva.<br />
Como pôde Mozart fazê-lo, viajan<strong>do</strong> incessantemente,<br />
nas condições precárias daquela época, ataca<strong>do</strong><br />
sem trégua por exércitos de males físicos e psicológicos,<br />
e, ainda assim, compon<strong>do</strong> (não simplesmente<br />
copian<strong>do</strong> o já pronto), ou seja, ten<strong>do</strong> a ideia, rabiscan<strong>do</strong>,<br />
voltan<strong>do</strong> atrás, consertan<strong>do</strong>? E, nos entretempos,<br />
tocan<strong>do</strong> em concertos, ensaian<strong>do</strong>, regen<strong>do</strong>,<br />
escreven<strong>do</strong> uma quantidade fenomenal de cartas e<br />
to<strong>do</strong> o infinito problemático e inenarrável <strong>do</strong> dia a<br />
dia?<br />
Eis aqui em Mozart, como em Cervantes e em Aleijadinho,<br />
a essência fulgurante <strong>do</strong> verdadeiro Mestre, a<br />
coragem indômita frente a qualquer espécie de inimigo,<br />
o avançar contínuo <strong>do</strong> gênio, que se aperfeiçoa<br />
conforme as guerras das quais não foge.<br />
A grandiosa coragem (a bravura frente ao perigo!) —<br />
a verdadeira e principal coluna maçônica —, o exemplo<br />
brandi<strong>do</strong> a essa Humanidade que se prostra, derrotada,<br />
ante uma simples <strong>do</strong>r de qualquer espécie.<br />
O exemplo sempre foi não apenas o melhor conselho,<br />
mas o grande símbolo!<br />
Congratulamo-nos com o Ir. Mozart, que nunca desistiu<br />
da terrível batalha contra o habitar a poderosíssima<br />
franzinidade de um Wolfgang pequenino e<br />
<strong>do</strong>entio. Wolfgang perdeu, e morreu. Porém Mozart<br />
— triunfante! — continua mais vivo <strong>do</strong> que nunca, a<br />
esbofetear todas as almas mesquinhas com a grandeza<br />
de sua maçônica vitória.<br />
ao enyte<br />
39
Influências <strong>do</strong><br />
no<br />
O<br />
Iluminismo foi a filosofia que pre<strong>do</strong>minou<br />
na Europa durante o século XVIII.<br />
Segun<strong>do</strong> o historia<strong>do</strong>r da filosofia,<br />
Giovanni Reale, o Iluminismo estava inseri<strong>do</strong><br />
em diversas tradições e não chegou a se configurar<br />
como um sistema compacto de <strong>do</strong>utrinas, uma<br />
vez que foi, na verdade, um articula<strong>do</strong> movimento<br />
filosófico, pedagógico e político.<br />
As raízes <strong>do</strong> Iluminismo podem ser encontradas no<br />
Renascimento e na filosofia moderna, cujo funda<strong>do</strong>r<br />
foi René Descartes. Outras influências de grande relevância:<br />
o mercantilismo econômico e o liberalismo<br />
político. De maneira geral, essas influências buscaram<br />
valorizar os direitos naturais, a liberdade de<br />
pensamento e a razão, não apenas no que concerne<br />
às ideias inatas, como nas filosofias de Descartes e<br />
Leibniz, mas também àquelas ideias conquistadas<br />
pela via empírica, que tiveram em Locke seu principal<br />
representante.<br />
É importante ressaltar que a razão, no Iluminismo, foi<br />
utilizada de maneira crítica e teve os seguintes objetivos:<br />
libertação em relação aos <strong>do</strong>gmas metafísicos,<br />
libertação das superstições religiosas e acentuada<br />
defesa <strong>do</strong> conhecimento científico. Também é importante<br />
lembrar a defesa ao direito natural, que marcou,<br />
de maneira decisiva, aquilo que os iluministas denominaram<br />
a <strong>do</strong>utrina <strong>do</strong>s direitos naturais e invioláveis<br />
<strong>do</strong> homem. Kant sintetizou, de maneira exemplar, esses<br />
ideais, ao dizer que o homem deveria ter a coragem<br />
de fazer uso de sua própria inteligência.<br />
40 ao enyte<br />
Iluminismo<br />
Rito Moderno<br />
* Jair Araújo de Lima é mestre em Filosofia pela Universidade de<br />
Brasília e MM da Loja Universitária Verdade e Evolução 3492.<br />
Jair Araújo de Lima*<br />
Os principais veículos de divulgação das ideias iluministas<br />
foram as academias científicas, a Maçonaria,<br />
os salões parisienses e a enciclopédia francesa.<br />
O Rito Moderno ou Francês, que, em grande medida,<br />
foi influencia<strong>do</strong> pelos ideais iluministas, procurou<br />
combater os exageros místicos e a acentuada valori-<br />
Retrato de René Descartes, por Frans Hals,<br />
Museu <strong>do</strong> Louvre – Paris.<br />
zação <strong>do</strong>s ideais da nobreza, que estavam presentes<br />
nos demais ritos maçônicos que vigoravam naquela<br />
época. Esses acontecimentos tiveram como consequência<br />
o crescimento <strong>do</strong>s altos graus, que estavam
desfiguran<strong>do</strong> a Maçonaria, uma vez que essa<br />
procura, na maioria <strong>do</strong>s casos, era motivada<br />
pela vaidade. Sen<strong>do</strong> assim, O <strong>Grande</strong> <strong>Oriente</strong><br />
da França nomeou uma comissão de maçons de<br />
elevada cultura para fazer um estu<strong>do</strong> <strong>do</strong>s ritos<br />
existentes. Desse mo<strong>do</strong>, surgiu o Rito Moderno,<br />
com um número menor de graus, mas que não<br />
se afastava <strong>do</strong>s ideais originais da Maçonaria.<br />
O Rito Moderno foi concebi<strong>do</strong> como uma espécie<br />
de síntese <strong>do</strong>s demais, mas sem exageros<br />
místicos. É importante, contu<strong>do</strong>, lembrar que o<br />
Rito Moderno foi inspira<strong>do</strong> nas primeiras corporações<br />
francesas da Maçonaria <strong>do</strong>s aceitos, conferin<strong>do</strong><br />
a ele um caráter histórico e, portanto,<br />
pretenden<strong>do</strong> resgatar os ideais originais da Maçonaria.<br />
O novo rito foi aprova<strong>do</strong> pelo <strong>Grande</strong><br />
<strong>Oriente</strong> da França em 1786 e recebeu o título de<br />
Rito Francês ou Moderno. O rito é composto por<br />
apenas 7 graus.<br />
Apesar de possuir algumas características <strong>do</strong>s<br />
outros ritos, o Rito Moderno não considera a<br />
Maçonaria uma ordem mística, portanto os seus<br />
três graus simbólicos representam as etapas da<br />
evolução <strong>do</strong> pensamento humano: intuição,<br />
análise e síntese.<br />
A principal característica <strong>do</strong> Iluminismo foi a defesa<br />
<strong>do</strong> uso crítico da razão, que deveria nortear<br />
to<strong>do</strong>s os campos da experiência humana. Sen<strong>do</strong><br />
to<strong>do</strong> tipo de conhecimento passível de ser critica<strong>do</strong>,<br />
não existe espaço para concepções <strong>do</strong>gmáticas.<br />
Outra característica importante é a certeza<br />
de que esse uso crítico da razão teria como<br />
consequência benefícios nos planos científico,<br />
cultural e social.<br />
A Maçonaria difundiu, de maneira exemplar, os<br />
ideais iluministas, pois defendeu a liberdade de<br />
pensamento, a tolerância em relação às diferen-<br />
O brilho da Verdade resultan<strong>do</strong> da Razão e da Filosofia<br />
(alegoria Iluminista).<br />
ças culturais e a luta contra as tiranias no plano político. O<br />
Rito Moderno pode ser visto como o rito que mais sofreu a<br />
influência da filosofia iluminista, haja vista seu acentua<strong>do</strong><br />
caráter racional, a liberdade absoluta de consciência e sua<br />
luta contra as desigualdades.<br />
SOF/SUL, quadra 4, conj. A, lote 2/4 – Guará – Fone: (61) 3362-2700 – Fax: 3361-6136<br />
SOF/SUL, quadra 5, conj. B, lote 1/4 – Guará (linha pesada) – Fone: (61) 3362-2300 – Fax: 3361-7322<br />
2º Av., bl. 341-A, loja 1 – Núcleo Bandeirante – Fone: (61) 3486-8800 – Fax: 3386-2525<br />
SHN, Área Esp. 19 – Taguatinga Norte – Fone: (61) 3355-8500 – Fax: 3354-7474<br />
Quadra 4, lote 1.560, Setor Leste Industrial – Gama – Fone: (61) 3484-9200 – Fax: 3384-1462<br />
ADE, conj. 1, lote 1 (atrás da Nasa Caminhões) – Fone: (61) 3212-2020<br />
ADE – Área de desenvolvimento econômico – Núcleo Bandeirante<br />
Brasília/DF<br />
ao enyte<br />
41
Poesia<br />
Há<br />
quem afirme que esta palavra<br />
vem <strong>do</strong> árabe “suai-da”, que significa<br />
melancolia. Por definição,<br />
podemos dizer que saudade é a recordação melancólica<br />
de pessoas ausentes que se deseja ter, ver ou<br />
possuir.<br />
Nostalgia é mais apropria<strong>do</strong> para lugares, e saudade,<br />
para pessoas que estão dentro de nossos corações.<br />
Para se entender melhor o que significa a saudade,<br />
é necessário senti-la, e senti-la no fun<strong>do</strong> de nossos<br />
corações, pois só assim poderemos avaliar a extensão<br />
e o verdadeiro significa<strong>do</strong> desta palavra.<br />
O sentimento de saudade se tem <strong>do</strong>s entes queri<strong>do</strong>s<br />
que não retornam mais e daqueles que nos preenchem<br />
com a agradável esperança de um retorno.<br />
Esse sentimento de saudade decanta<strong>do</strong> em prosa e<br />
verso nos acompanha em to<strong>do</strong>s os momentos de nossa<br />
vida e, como se fosse um consolo, Tristão de Ataíde<br />
nos diz: ”A Saudade é a Presença da Ausência”.<br />
A transformação da ausência em presença é o milagre<br />
que to<strong>do</strong>s desejamos, mas difícil de alcançar,<br />
porém, é o milagre da esperança, que está conti<strong>do</strong><br />
neste soneto de Lenine Fiuza Lima, de 1996, chama<strong>do</strong><br />
“Presença”.<br />
* Sylvio Santinoni é o atual Secretário<br />
de Comunicação <strong>do</strong> GODF.<br />
42 ao enyte<br />
Saudade Sylvio<br />
Presença<br />
Santinoni*<br />
Existe uma presença que se vê<br />
E existe uma presença que se sente.<br />
A que se vê os olhos dizem ver<br />
Se tem, diante de si, alguém presente.<br />
Enquanto a que se sente pode ser<br />
A imagem que se foi, portanto ausente,<br />
De alguém que ninguém pode olhar e ter,<br />
Mas que ficou no coração da gente.<br />
Quan<strong>do</strong> aos senti<strong>do</strong>s faltam as sensações,<br />
Vem logo um sentimento de saudade,<br />
Uma lembrança viva em nosso espírito.<br />
Espírito que pulsa de emoção,<br />
Uma emoção que, milagrosamente,<br />
Traz-nos de volta a imagem querida.<br />
Atuação nas áreas:<br />
tributária, bancária e empresarial<br />
SRTV qd. 701, bl. A, sala 330<br />
Fone: (61) 3321-2535<br />
Brasília – DF<br />
E-mail: queiroz@queirozadvoga<strong>do</strong>s.com.br
Lega<strong>do</strong> de Murilo Pinto<br />
Ao<br />
tomar posse como Grão-Mestre-<br />
Geral <strong>do</strong> <strong>Grande</strong> <strong>Oriente</strong> <strong>do</strong> Brasil<br />
em 17 de junho de 1993, Francisco<br />
Murilo Pinto encontrou uma organização vicejante.<br />
Seu antecessor, Jair Assis Ribeiro, com a colaboração<br />
de um grupo técnico constituí<strong>do</strong> para assessorá-lo,<br />
havia construí<strong>do</strong> o Palácio Maçônico, sede <strong>do</strong> Poder<br />
Central, em Brasília, incentivan<strong>do</strong> a pesquisa sobre a<br />
história da Ordem e institucionalizan<strong>do</strong> a hoje próspera<br />
e atuante Associação Paramaçônica Juvenil –<br />
APJ. No plano internacional, Jair também ampliou o<br />
paz e cultura<br />
Lucas Galdeano, Márcio Otávio, Francisco Murilo Pinto, Grão-Mestre-Geral, Joferlino Miranda Pontes, Grão-Mestre-Geral<br />
Adjunto, e Jafé Torres em Sessão Magna <strong>do</strong> evento Compasso para o Futuro, no Ginásio Nilson Nelson (1997).<br />
Joaquim Nogales*<br />
número de trata<strong>do</strong>s de reconhecimento mútuo com<br />
potências estrangeiras.<br />
Seu sucessor, Murilo Pinto, disposto a promover o<br />
congraçamento da Maçonaria brasileira, firmou trata<strong>do</strong><br />
de reconhecimento e amizade com algumas<br />
<strong>Grande</strong>s Lojas brasileiras, integradas na Confederação<br />
da Maçonaria Simbólica <strong>do</strong> Brasil – CMSB, “pon<strong>do</strong><br />
fim a uma situação de velada hostilidade que já<br />
durava mais de 70 anos”, como observou o historia<strong>do</strong>r<br />
José Castellani.<br />
ao enyte<br />
Perfil<br />
43
44 ao enyte<br />
Edição n. 0<br />
Nasci<strong>do</strong> em 1929, em Fortaleza, no Ceará,<br />
Murilo Pinto cursou Direito e fez carreira em<br />
terras paulistas. Em 1963, ingressou na magistratura<br />
e, em 1984, foi promovi<strong>do</strong> a desembarga<strong>do</strong>r<br />
<strong>do</strong> Tribunal de Justiça de São<br />
Paulo. Inicia<strong>do</strong> em 2 de dezembro de 1978<br />
na Loja Maçônica “Universitária” de Bragança<br />
Paulista (SP), passou a representá-la desde<br />
1982 na Poderosa Assembleia Legislativa <strong>do</strong><br />
GOSP, onde foi 1º vigilante e presidente por<br />
três mandatos alterna<strong>do</strong>s.<br />
Eleito Grão-Mestre-Geral <strong>do</strong> <strong>Grande</strong> <strong>Oriente</strong><br />
<strong>do</strong> Brasil em 1993, foi empossa<strong>do</strong> em 24 de<br />
junho <strong>do</strong> mesmo ano. Seu primeiro mandato<br />
foi marca<strong>do</strong> pela busca da integração entre<br />
as potências maçônicas regulares, pelos cursos<br />
de Maçonaria Simbólica, que percorreram<br />
as cinco regiões <strong>do</strong> país, e pelo incentivo<br />
à criação e consolidação de <strong>Grande</strong>s <strong>Oriente</strong>s<br />
estaduais.<br />
No plano internacional, Murilo Pinto promoveu<br />
o GOB nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, sen<strong>do</strong> o<br />
primeiro Grão-Mestre-Geral <strong>do</strong> Brasil a participar<br />
da Conferência Nacional <strong>do</strong>s Grão-<br />
Mestres norte-americanos em fevereiro de<br />
1994. Com a viagem, elevou-se de quatro<br />
para nove o número de <strong>Grande</strong>s Lojas estaduais<br />
norte-americanas a reconhecerem o<br />
Edição especial bilíngue<br />
Edição n. 1<br />
GOB como a maior obediência maçônica <strong>do</strong><br />
mun<strong>do</strong> latino. Firmou, ainda, trata<strong>do</strong> com a<br />
<strong>Grande</strong> Loja <strong>do</strong> México.<br />
Ao mesmo tempo em que divulgava o GOB<br />
no exterior, em entidades como a Ação Maçônica<br />
Internacional (AMI), a administração<br />
Murilo Pinto colaborou expressivamente<br />
para a consolidação <strong>do</strong>s <strong>Grande</strong>s <strong>Oriente</strong>s estaduais<br />
da Paraíba, Piauí, Sergipe, Mato Grosso,<br />
Rio <strong>Grande</strong> <strong>do</strong> Norte, Alagoas, Rio <strong>Grande</strong><br />
<strong>do</strong> Sul e Paraná, investin<strong>do</strong>, recursos na construção<br />
de Palácio Maçônico estadual.<br />
Mas foi no terreno da cultura que Murilo Pinto<br />
fez evoluir as hostes maçônicas. Juntamente<br />
com os Irmãos secretários José Castellani (de<br />
Educação e Cultura) e Álvaro Gomes <strong>do</strong>s San-<br />
Edição n. 2<br />
Edição n. 3<br />
tos (de Orientação Ritualística), implantou<br />
dezenas de cursos itinerantes de Maçonaria,<br />
Edição n. 4
Edição n. 5<br />
Edição n. 7<br />
Edição n. 9<br />
cujo currículo básico compreendia quatro<br />
disciplinas: História da Maçonaria e <strong>do</strong> GOB;<br />
Administração e Direito maçônico; Templo<br />
e símbolos maçônicos; Liturgia e ritualística<br />
maçônicas.<br />
“Somente com a evolução cultural <strong>do</strong>s Irmãos,<br />
a Maçonaria poderá voltar a ter o lugar de destaque<br />
social que já apresentou no passa<strong>do</strong>”,<br />
costumava dizer Murilo. E, com esse pensamento,<br />
deu vida ao Palácio maçônico, construí<strong>do</strong><br />
pelo pragmático Jair Ribeiro, que instituiu<br />
o Conselho <strong>Federal</strong> de Cultura, o Museu<br />
maçônico e a Biblioteca <strong>do</strong> GOB, os Rituais<br />
<strong>do</strong>s seis Ritos reconheci<strong>do</strong>s pela Federação e<br />
a Revista Cultural Minerva Maçônica.<br />
Os frutos de sua gestão proliferaram rapidamente.<br />
Três anos após sua posse, em 1996,<br />
Murilo jactava-se de que o GOB crescia à razão<br />
de seis lojas por mês. Fundamos mais de<br />
uma loja por semana, comemorava.<br />
Reeleito para o GOB em 1998, Murilo não<br />
chegou a terminar sua gestão. Faleceu vítima<br />
de enfisema pulmonar em 21 de janeiro<br />
de 2001, sete meses depois da morte de seu<br />
inseparável adjunto, o inesquecível Joferlino<br />
Miranda Pontes.<br />
“Francisco Murilo Pinto passará à história<br />
como o Grão-Mestre da integração maçônica<br />
nacional e internacional e da evolução cultural,<br />
binômio que colocou o <strong>Grande</strong> <strong>Oriente</strong><br />
<strong>do</strong> Brasil, novamente, no caminho de seus<br />
eleva<strong>do</strong>s destinos”, escreveu Castellani na<br />
última edição da revista Minerva Maçônica,<br />
que, para indignação <strong>do</strong>s Irmãos à época, viria<br />
a encerrar sua edição com o falecimento<br />
de seu idealiza<strong>do</strong>r.<br />
* Joaquim Nogales é mestre em Comunicação pela<br />
UnB, membro da Loja Honra e Tradição e editor-executivo<br />
da Revista Ao Zenyte.<br />
* Colaborou Lucas Galdeano, Grão-Mestre Adjunto<br />
<strong>do</strong> <strong>Grande</strong> <strong>Oriente</strong> <strong>do</strong> <strong>Distrito</strong> <strong>Federal</strong> (2007-2011)<br />
e presidente <strong>do</strong> Conselho Maçônico Distrital (2007-<br />
2011). Durante a gestão de Murilo Pinto, ocupou o<br />
cargo de secretário adjunto de Educação e Cultura<br />
<strong>do</strong> GOB.<br />
Edição n. 6<br />
Edição n. 8<br />
�<br />
� junho de 1997<br />
† janeiro de 2001<br />
Nascimento e morte da<br />
revista Minerva Maçônica<br />
ao enyte<br />
45
Obra em destaque<br />
Designamos Iluminismo ao movimento<br />
cultural que propiciou o advento<br />
da Modernidade e superou o perío<strong>do</strong><br />
histórico chama<strong>do</strong> de Idade Média. A<br />
obra de Jonathan Israel, que vasculhou as principais<br />
bibliotecas públicas, universitárias e particulares da<br />
Europa, possui <strong>do</strong>is méritos que lhe garantem papel<br />
de destaque entre as produções da década.<br />
Primeiro, ela traz à luz correspondências trocadas<br />
entre editores, autores, livreiros, merca<strong>do</strong>res e gestores<br />
de acervos, retratan<strong>do</strong>, de forma admirável, o clima<br />
de desconfiança, conspiração e perseguição que<br />
mol<strong>do</strong>u aquela época e demonstran<strong>do</strong> como o Iluminismo<br />
foi um movimento geral, que mu<strong>do</strong>u a face<br />
de toda a civilização, em contraposição ao hábito de<br />
tomá-lo como movimento regionalmente restrito e<br />
diferencia<strong>do</strong>, ensejan<strong>do</strong> falar-se em Iluminismo europeu,<br />
Iluminismo inglês, alemão e, principalmente,<br />
francês.<br />
Segun<strong>do</strong>, merece realce o fato de a obra fugir à perspectiva<br />
que normalmente tem si<strong>do</strong> a<strong>do</strong>tada na consideração<br />
desse movimento. Da<strong>do</strong> que a modernidade<br />
se caracteriza pela prevalência <strong>do</strong> pensamento<br />
* Rubi Rodrigues é escritor, membro da Academia Maçônica de<br />
Letras <strong>do</strong> DF e MM da Loja Três Poderes 2308.<br />
46 ao enyte<br />
Revolução<br />
<strong>do</strong> saber<br />
Rubi Rodrigues*<br />
Iluminismo Radical – A Filosofia e a Construção da<br />
Modernidade 1650-1750, de Jonathan I. Israel, tradução<br />
de Claudio Blanc, São Paulo: Madras, 2009, 878 p.,<br />
R$ 74,00.<br />
científico, costuma-se tratar e dar ênfase, na consideração<br />
<strong>do</strong> Iluminismo, aos autores que foram precursores<br />
<strong>do</strong> pensamento científico moderno, cujas<br />
ideias deram alma à modernidade.<br />
Nesta obra, o autor, ao contrário, destaca produções<br />
e pensa<strong>do</strong>res que atacaram e conseguiram destruir<br />
os alicerces conceituais que sustentavam o mo<strong>do</strong><br />
medieval de conduzir e vida e a sociedade. Embora<br />
se costume localizar o movimento iluminista no século<br />
XVIII, os elementos corrosivos que começaram<br />
a debilitar as colunas de sustentação da sociedade<br />
medieval já tinham si<strong>do</strong> lança<strong>do</strong>s no século XVII. Seu<br />
mentor principal, o erudito <strong>do</strong>s países baixos, Bento<br />
Espinosa (1632-1677), logrou articular um sistema<br />
altamente consistente, um conjunto de ideias que já<br />
estava presente na tradição mística anterior ao cristianismo<br />
e que se mantinha sorrateira e marginalizada<br />
em escritos, lendas e tradições deístas transmitidas<br />
oralmente pela cultura popular, mas cujo fun<strong>do</strong><br />
de verdades nunca deixou de impressionar os espíritos<br />
mais atentos.<br />
Daí a lição importante desta obra. Ela nos mostra que<br />
superar uma concepção exige tanto definir e criar<br />
algo novo, que se afigure melhor, como também é<br />
indispensável desacreditar o velho, demonstran<strong>do</strong><br />
sua defasagem ou inconsistência. Tanto é necessário<br />
construir o novo como demolir o antigo.
6 n + 0 = n<br />
n - 0 = n<br />
0<br />
¼<br />
matemática<br />
A<br />
3,14<br />
∑<br />
√2<br />
remonta ao homem pré-<br />
histórico, que, não saben<strong>do</strong> operar<br />
л<br />
dus, sen<strong>do</strong> sua divulgação na Europa Ocidental de-<br />
Ⅺ<br />
100%<br />
No começo da história escrita <strong>do</strong>s algarismos, as ci-<br />
$ 2,34 %<br />
rada <strong>do</strong>s hebreus, romanos, gregos, hindus, chineses<br />
½<br />
π = 3,1416<br />
5,79<br />
x 2 + y = z<br />
As origens da Matemática<br />
“Os algarismos não mentem, mas os mentirosos fabricam algarismos.”<br />
com algarismos ou letras representativas<br />
de quantidades, desenhava<br />
figuras na parede das cavernas. A<br />
figuração <strong>do</strong>s números permitiu ao<br />
homem contar os objetos.<br />
vilizações empregavam uma escrita numeral <strong>do</strong> tipo<br />
“pauzinhos de madeira”. Em quase cinco mil anos de<br />
história, o homem evoluiu muito pouco na ciência<br />
<strong>do</strong>s números.<br />
O emprego de traços verticais IIII e III para representar<br />
os números 4 e 3 guarda maior proximidade com<br />
o ábaco <strong>do</strong> que com a numeração literal mais elabo-<br />
e árabes, que introduziam novos símbolos para representar<br />
cada uma das colunas <strong>do</strong> ábaco.<br />
Em mais de 2 mil anos de civilização, os romanos deixaram<br />
marcas da sua escrita e numeração de datas<br />
nos monumentos, sen<strong>do</strong> que os números (sinais)<br />
correspondiam, no ábaco, respectivamente, à coluna<br />
das unidades, dezenas, centenas e milhares.<br />
Numeração in<strong>do</strong>-Arábica<br />
A numeração in<strong>do</strong>-arábica foi inventada pelos hin-<br />
vida aos árabes.<br />
* Laélio Ladeira, ex-professor da Universidade de Brasília, <strong>do</strong><br />
Instituto Militar de Engenharia na Praia Vermelha <strong>do</strong> Rio de<br />
Janeiro e da Escola Nacional de Engenharia <strong>do</strong> Rio de Janeiro<br />
é o atual Sumo Sacer<strong>do</strong>te (High Priest) <strong>do</strong> Tabernáculo Brasília<br />
236 em Kt.Pt. Laélio Ladeira.<br />
** Este texto foi altera<strong>do</strong> com a autorização <strong>do</strong> autor, sen<strong>do</strong><br />
parte dele transformada na linha <strong>do</strong> tempo da história da<br />
Matemática. O texto, na íntegra, pode ser encontra<strong>do</strong> no<br />
http://lojadepesquisasgodf.webs.com/artigos.htm.<br />
∞Laélio Ladeira*<br />
ao enyte<br />
≠<br />
A invenção hindu de sunya = 0 libertou o intelecto<br />
humano das grades discricionárias <strong>do</strong> ábaco. Uma<br />
Uma das grandes figuras da história da matemática<br />
foi o sábio Mohamed ibn Musa al-Khwarizmi, que formulou<br />
várias definições algébricas. Os árabes aper-<br />
7<br />
feiçoaram o sistema hindu ao atribuir ao algarismo<br />
zero, pela primeira vez, um valor posicional na representação<br />
<strong>do</strong>s números. O resulta<strong>do</strong> mais claro desse<br />
fértil perío<strong>do</strong> foi a criação <strong>do</strong> sistema de numeração<br />
in<strong>do</strong>-arábico, que, com ligeiras alterações na grafia, é<br />
utiliza<strong>do</strong> em praticamente to<strong>do</strong>s os países <strong>do</strong> mun<strong>do</strong><br />
moderno.<br />
2 x 7 = 14<br />
9<br />
¾<br />
vez inventa<strong>do</strong> um símbolo representativo da coluna<br />
∆<br />
vazia, “trabalhar” na lousa, no papel, no pergaminho<br />
ou em qualquer material passou a ser tão simples<br />
quanto trabalhar no ábaco.<br />
Três grandes fatores contribuíram para a invenção<br />
da álgebra entre hindus e árabes: 1) a necessidade<br />
de regras de calcular mais simples, ou algorismos,<br />
como se chamava a aritmética no século XIII; 2) a<br />
solução de problemas práticos envolven<strong>do</strong> o uso de<br />
números, isto é, a solução das equações e 3) o estu<strong>do</strong><br />
das séries.<br />
Os hindus escreviam as frações à nossa maneira,<br />
apenas omitin<strong>do</strong> o traço horizontal. A criação <strong>do</strong>s<br />
sistemas de numeração posicional e da noção <strong>do</strong> sinal<br />
zero foi de suma importância para a evolução da<br />
matemática e sua popularização. E aprender a ler e a<br />
escrever a linguagem das medições foi fundamental<br />
para o povo compreender as ciências modernas.<br />
No século VII, teve início a religião islâmica, fundada<br />
pelo apóstolo Maomé, que conseguiu unir as tribos<br />
<strong>do</strong> deserto da Arábia. Nos séculos VIII e IX, os árabes<br />
passaram a invadir os territórios vizinhos, controlan<strong>do</strong><br />
o território desde a Espanha até o vale <strong>do</strong><br />
rio In<strong>do</strong>, na Índia, atual Paquistão. Nesse perío<strong>do</strong>, os<br />
árabes levaram seu sistema de numeração aos países<br />
conquista<strong>do</strong>s.<br />
Ciência<br />
47
Primeiros sistemas de imagem<br />
numérica: grupos de cinco,<br />
dez e vinte elementos em<br />
referência aos de<strong>do</strong>s das mãos<br />
e <strong>do</strong>s pés. Empregava-se<br />
uma escrita numeral <strong>do</strong> tipo<br />
“pauzinhos de madeira”, para<br />
representar os nove primeiros<br />
números pela repetição de<br />
traços verticais:<br />
I II III IIII IIIII IIIIII IIIIIII IIIIIIII IIIIIIIII<br />
3.400 a.C. – Antigo Egito<br />
3.000 a.C. – Mesopotâmia,<br />
China, Índia<br />
8.000 a 5.000 a.C.<br />
Perío<strong>do</strong> Neolítico<br />
48 ao enyte<br />
Linha <strong>do</strong> tempo da<br />
Papiro de Rhind ou Papiro<br />
de Ahmes, o mais antigo<br />
<strong>do</strong>cumento matemático<br />
da história. Relata a vida<br />
<strong>do</strong> escriba e matemático<br />
egípcio de nome Ahmes<br />
(1680-1620 a.C.), que<br />
detalhou a solução de 85<br />
problemas de aritmética,<br />
frações, cálculo de<br />
áreas, volumes, regra de<br />
três, equações lineares,<br />
trigonometria básica e<br />
geometria.<br />
1.650 a.C.<br />
Possivelmente a<br />
forma inicial de<br />
contar empregava<br />
um sistema de<br />
agrupamento de<br />
objetos, como seixos<br />
e gravetos.<br />
Em algum momento<br />
antes de Cristo<br />
Surge o ábaco!<br />
Os hindus inventaram o sistema<br />
decimal e os números arábicos.<br />
Os números foram chama<strong>do</strong>s<br />
arábicos, porque foram os árabes<br />
que os levaram para a Europa.<br />
Os hindus também inventaram o<br />
conceito de zero:<br />
sunya = vazio = (0).<br />
A importância da descoberta <strong>do</strong><br />
zero é globalmente reconhecida.<br />
Nos Vedas (8.500 a.C), há cálculos<br />
matemáticos precisos de<br />
solstícios e equinócios.<br />
640 a.C a 50 a.C.<br />
Grécia antiga<br />
Os para<strong>do</strong>xos de Zenão, filósofo e matemático<br />
grego, são difíceis de reconhecer no ábaco, o que<br />
não ocorre no papel. Zenão dizia que Aquiles<br />
jamais conseguiria alcançar uma tartaruga, pois a<br />
distância que os separava poderia ser subdividida<br />
infinitamente, configuran<strong>do</strong> um problema<br />
matemático formidável.<br />
Os gregos achavam a matemática<br />
uma ciência menor. Eles<br />
desenvolveram a geometria<br />
e outras ciências, porém não<br />
conseguiram criar nem sequer<br />
uma álgebra rudimentar. Não<br />
se preocupavam com grandes<br />
números, pois o comércio, grande<br />
incentiva<strong>do</strong>r <strong>do</strong>s grandes cálculos,<br />
só se expandiria com os romanos.<br />
490 a.C. a 430 a.C.<br />
Zenão de Eleia<br />
Pitágoras cunha<strong>do</strong> em<br />
moeda<br />
É fundamental ter muito cuida<strong>do</strong> ao consultar<br />
a <strong>do</strong>cumentação sobre história da Matemática.<br />
Boa parte dela é escrita por curiosos sem o<br />
entendimento de que conceitos, méto<strong>do</strong>s,<br />
terminologias, notações, valores e motivações<br />
de outrora não são os mesmos de hoje.<br />
Laélio Ladeira
27 a.C. apogeu <strong>do</strong><br />
Império Romano<br />
História da Matemática<br />
Brahmagupta se especializa nas<br />
mesmas questões – cálculos,<br />
séries e equações de Lilavati.<br />
Ambos respondem pela<br />
invenção das leis <strong>do</strong> zero, ou<br />
sunya, lema em que se baseia<br />
toda a nossa aritmética:<br />
a x 0 = 0<br />
a + 0 = a<br />
a – 0 = a<br />
470 d.C.<br />
Os romanos começam a utilizar<br />
letras para representar números.<br />
O sistema de símbolos <strong>do</strong>s<br />
romanos expressa os números<br />
de 1 a 1.000.000, utilizan<strong>do</strong> sete<br />
símbolos:<br />
I (1), V (5), X (10), L (50), C (100),<br />
D (500), M (1000).<br />
O ábaco era o instrumento mais<br />
emprega<strong>do</strong> para efetuar cálculo.<br />
A numeração romana foi difundida<br />
por mais de 2.000 anos, de 753 a.C.<br />
a 1.453 d.C.<br />
Números atuais<br />
árabes<br />
hindus<br />
europeus<br />
Mohamed ibn Musa al-Khwarizmi,<br />
matemático e astrônomo<br />
muçulmano, introdutor <strong>do</strong>s<br />
numerais in<strong>do</strong>-arábicos e<br />
<strong>do</strong>s conceitos da álgebra na<br />
Matemática europeia. Escreveu o<br />
primeiro livro de álgebra – Trata<strong>do</strong><br />
de álgebra. A palavra álgebra<br />
deriva <strong>do</strong> seu nome.<br />
1 2 3 4 5 6 7 8 9 0<br />
500 d.C.<br />
~ 598 a 670 d.C.<br />
780 d.C. a<br />
850 d.C<br />
Coube ao matemático italiano Leonar<strong>do</strong><br />
Pisano (apelida<strong>do</strong> Fibonacci) a glória de<br />
ter trazi<strong>do</strong> para a Europa a numeração<br />
arábica (in<strong>do</strong>-arábico), que veio substituir<br />
o complica<strong>do</strong> sistema inventa<strong>do</strong> pelos<br />
romanos. No entanto, a introdução<br />
<strong>do</strong>s numerais arábicos (in<strong>do</strong>-árabico)<br />
encontrou oposição <strong>do</strong> público, visto que<br />
estes símbolos dificultavam a leitura <strong>do</strong>s<br />
livros <strong>do</strong>s merca<strong>do</strong>res.<br />
O matemático Lilavati de<br />
Aryabhata discute regras<br />
aritméticas, aplica a lei <strong>do</strong>s<br />
sinais de Diofanto, apresenta<br />
uma tábua de senos a intervalos<br />
de 3 ¾° e atribui a π o valor<br />
3,1416. Lilavati mostra como<br />
os aritméticos hindus se<br />
preocupavam com problemas<br />
de taxação, dívidas e juros.<br />
Albert Einsten publica a<br />
Teoria da Relatividade<br />
E = mc 2<br />
1202<br />
1905<br />
Publicação <strong>do</strong> Liber abaci<br />
(Livro <strong>do</strong> ábaco) por Fibonacci<br />
Os hindus não foram os únicos<br />
a inventar o zero. Os maias<br />
repetiram o feito, empregan<strong>do</strong><br />
um arranjo vertical de símbolos<br />
numerais análogos aos <strong>do</strong>s<br />
chineses para as inscrições <strong>do</strong>s<br />
seus monumentos e calendários.<br />
Existem diversos mitos<br />
sobre a origem <strong>do</strong>s<br />
números arábicos. Alguns<br />
deles apontam que as<br />
formas originais <strong>do</strong>s<br />
números indicam seu valor<br />
por meio da quantidade<br />
de ângulos existentes no<br />
desenho de cada algarismo.<br />
Outros mitos sugerem a<br />
quantidade de traços, ou<br />
o número de pontos, ou<br />
de diâmetros e arcos de<br />
circunferência conti<strong>do</strong>s no<br />
desenho de cada algarismo.<br />
m<br />
i<br />
t<br />
o<br />
s
Humor<br />
Segun<strong>do</strong> grau?<br />
50 ao enyte<br />
Mestre Cayrú<br />
No início da sessão de uma loja, se apresentou ao 2º<br />
vigilante um Irmão bem velhinho, portan<strong>do</strong> avental<br />
branco de aprendiz, dizen<strong>do</strong>:<br />
— Vim ser eleva<strong>do</strong> ao 2º grau.<br />
Entre surpreso e curioso, o vigilante perguntou:<br />
— Ah! E quan<strong>do</strong> o Irmão foi inicia<strong>do</strong> na Ordem?<br />
— Fui inicia<strong>do</strong> em 4 de julho de 1922 e estou pronto<br />
para ir ao 2º grau. Insistiu o ancião.<br />
A essa altura, toda a Loja já estava de olho no Irmão<br />
ancião e o vigilante foi conferir os arquivos da oficina.<br />
Para surpresa geral, lá estava a ficha de iniciação<br />
<strong>do</strong> sujeito: 4 de julho de 1922.<br />
Sorridente e ainda mais curioso, o vigilante inquiriu:<br />
— E por onde o Irmão an<strong>do</strong>u to<strong>do</strong> esse tempo? Por<br />
que demorou tanto para ser eleva<strong>do</strong> ao 2º grau?<br />
— Estive aprenden<strong>do</strong> a <strong>do</strong>minar minhas paixões,<br />
respondeu o velhinho, suspiran<strong>do</strong> de saudade.<br />
Sou mais eu<br />
Hora <strong>do</strong> descanso<br />
O aprendiz vai visitar outra loja, mas chega atrasa<strong>do</strong><br />
aos trabalhos. Desconfia<strong>do</strong>, o guarda externo pergunta:<br />
— Você é um maçom regular?<br />
O aprendiz visitante responde:<br />
— Eu, não! Maçons regulares são os outros. Eu sou<br />
<strong>do</strong>s bons!<br />
O poder da informação<br />
Numa capital cosmopolita, o vigário carola vivia brigan<strong>do</strong><br />
contra o que considerava ideias muito liberais<br />
<strong>do</strong> jornal <strong>do</strong> bairro. Cansa<strong>do</strong> de reclamar, o padre<br />
decidiu excomungar o editor-chefe <strong>do</strong> matutino<br />
em pleno sermão da missa de <strong>do</strong>mingo, com a igreja<br />
lotada.<br />
Dois dias depois, o jornal traz em manchetes garrafais<br />
a expulsão <strong>do</strong> referi<strong>do</strong> padre da Maçonaria. Indigna<strong>do</strong>,<br />
o sacer<strong>do</strong>te corre à redação da gazeta para<br />
tomar satisfação com o editor.<br />
— O senhor não pode me expulsar da Maçonaria,<br />
porque eu não sou membro dessa instituição, vociferou<br />
o padre.<br />
— Olha, seu padre, reagiu o jornalista, to<strong>do</strong> mun<strong>do</strong><br />
sabe que eu não sou católico e, mesmo assim, o senhor<br />
me excomungou. Agora, como ninguém sabe<br />
quem é maçom e quem não é, até que o senhor prove<br />
o contrário, vamos continuar dizen<strong>do</strong> que nós demos<br />
um furo de reportagem.<br />
Instinto animal<br />
Qual o maior receio de um bode velho casa<strong>do</strong> com<br />
uma cabrita nova?<br />
Resposta: Que ela caminhe nos Passos Perdi<strong>do</strong>s.<br />
Democracia<br />
Rígi<strong>do</strong>s segui<strong>do</strong>res <strong>do</strong> regimento interno que determinava<br />
a votação para qualquer decisão da oficina,<br />
obreiros de determinada loja se reuniram em comissão<br />
para decidir o que fazer em relação a um Irmão<br />
que acabara de ser interna<strong>do</strong> em um hospital. Após<br />
rápida discussão, decidiram enviar mensagem desejan<strong>do</strong><br />
pronto restabelecimento ao hospitaliza<strong>do</strong>.<br />
Encarrega<strong>do</strong> de redigir a mensagem, o Irmão secretário<br />
escreveu:<br />
“Estima<strong>do</strong> Irmão, reuni<strong>do</strong>s em comissão na mesma<br />
data em que o Irmão adentrou nessa digníssima instituição<br />
hospitalar, decidimos, por seis votos a favor,<br />
três contra e uma abstenção, enviar mensagem expressan<strong>do</strong><br />
o nosso desejo sincero de pronto restabelecimento<br />
<strong>do</strong> Irmão”.
ao enyte<br />
51
52 ao enyte<br />
Supremo Conselho <strong>do</strong> Brasil <strong>do</strong> Grau 33 para o Rito Escocês<br />
O Supremo Conselho <strong>do</strong> Brasil <strong>do</strong> Grau 33 para o Rito Escocês Antigo<br />
e Aceito foi funda<strong>do</strong> em 12 de novembro de 1832, ten<strong>do</strong> funciona<strong>do</strong>,<br />
até o ano de 1976, no prédio da rua <strong>do</strong> Lavradio 97, na cidade <strong>do</strong> Rio<br />
de Janeiro, sede <strong>do</strong> <strong>Grande</strong> <strong>Oriente</strong> <strong>do</strong> Brasil.<br />
Sede atual: Campo de São Cristóvão 114<br />
Rio de Janeiro/RJ – Brasil<br />
Fone: (21) 2589-8773