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Águas Emendadas - Grande Oriente do Distrito Federal

Águas Emendadas - Grande Oriente do Distrito Federal

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<strong>Águas</strong> <strong>Emendadas</strong><br />

um templo da natureza<br />

A Maçonaria na Revolução Farroupilha<br />

Terceiro setor<br />

Fundação Gonçalves Lê<strong>do</strong><br />

10 anos sem Murilo Pinto<br />

As origens da Matemática<br />

A Amazônia é nossa!<br />

Até quan<strong>do</strong>?


Sumário<br />

4 <strong>Águas</strong> <strong>Emendadas</strong> ao norte e ao sul, nascentes para a vida<br />

10 Educação ambiental e aprendizagem<br />

12 Comunicare<br />

14 Baile <strong>do</strong> Maçom – 18º Baile da Maçonaria <strong>do</strong> <strong>Distrito</strong> <strong>Federal</strong><br />

17 Bento Gonçalves – nova estrela no Planalto Central<br />

18 Homenagem justa e perfeita<br />

20 A tríade da Tolosa – estu<strong>do</strong>, trabalho e união<br />

21 Miguel Archanjo – maestro da harmonia<br />

22 Curso de Maçonaria Simbólica<br />

24 Fundação Gonçalves Lê<strong>do</strong> – uma organização social<br />

28 Nebulosa Amazônia<br />

32 O poder político e suas transformações<br />

33 Cidadania planetária<br />

34 A Independência <strong>do</strong> Brasil escrita pelas bandeiras<br />

36 A Maçonaria na Revolução Farroupilha<br />

38 Amadeus – a coragem <strong>do</strong> mestre<br />

40 Influências <strong>do</strong> Iluminismo no Rito Moderno<br />

42 Saudade<br />

43 Lega<strong>do</strong> de Murilo Pinto – paz e cultura<br />

46 Revolução <strong>do</strong> saber<br />

47 As origens da Matemática<br />

50 Hora <strong>do</strong> descanso<br />

Quer anunciar na<br />

revista Ao Zenyte?<br />

aozenyte@godf.org.br


Expediente<br />

<strong>Grande</strong> <strong>Oriente</strong> <strong>do</strong> <strong>Distrito</strong> <strong>Federal</strong>,<br />

federa<strong>do</strong> ao <strong>Grande</strong> <strong>Oriente</strong> <strong>do</strong> Brasil<br />

Grão-Mestre<br />

Jafé Torres<br />

Grão-Mestre Adjunto<br />

Lucas Francisco Galdeano<br />

<strong>Grande</strong>s secretários<br />

Esmeraldino Henrique da Silva<br />

Alamir Soares Ferreira<br />

Laélio Ladeira de Souza<br />

Luiz Hamilton da Silva<br />

Sylvio Santinoni<br />

Wagner Lima<br />

Reginal<strong>do</strong> Pereira de Araújo<br />

José Wedson Feitosa<br />

Fernan<strong>do</strong> Sergio de Britto e Silva<br />

Humberto Pereira Abreu<br />

Flávio Amaury Fusco<br />

Mauro Magalhães<br />

Cristiano Loder<br />

Francisco de Assis Castro<br />

Editor-chefe<br />

Gilberto Simonassi Corbacho<br />

Editor-executivo e jornalista responsável<br />

Joaquim Nogales Vasconcelos<br />

MTB – 897/05/141/DF<br />

Conselho editorial<br />

Félix Fischer<br />

José de Jesus Filho<br />

Lecio Resende da Silva<br />

Lucas Galdeano<br />

Projeto gráfico, diagramação e capa<br />

Renata Guimarães Leitão<br />

Revisão gramatical<br />

Edelweiss de Morais Mafra<br />

Colabora<strong>do</strong>res<br />

Antônio Altair Ribeiro<br />

Johaben Camargo<br />

Lucas Galdeano<br />

Laélio Ladeira<br />

Walber Coutinho Pinheiro<br />

Redação<br />

GODF – <strong>Grande</strong> <strong>Oriente</strong> <strong>do</strong> <strong>Distrito</strong> <strong>Federal</strong><br />

SQN 415 – Área para templos<br />

70878-000 Brasília/DF<br />

Tels.: (61) 3340-2427 e 3340-2664<br />

Fax: (61) 3340-1828<br />

www.godf.org.br<br />

aozenyte@godf.org.br<br />

Impressão<br />

GráfiKa Papel e Cores<br />

Tiragem<br />

10.000 exemplares<br />

A Ao Zenyte não se responsabiliza por opiniões<br />

em artigos assina<strong>do</strong>s.<br />

As matérias publicadas podem ser reproduzidas<br />

parcial ou totalmente, sem consulta prévia,<br />

desde que indicada a fonte.<br />

Palavra <strong>do</strong><br />

Grão-Mestre<br />

As vésperas <strong>do</strong> novo ano ensejam percepção<br />

<strong>do</strong> ciclo da vida em renovação. Os laços familiares,<br />

as amizades, as esperanças, os esforços<br />

para a construção de um mun<strong>do</strong> melhor são<br />

revigora<strong>do</strong>s pelo portal de novos e promissores<br />

percursos.<br />

É tempo de avaliar nossas realizações — e pautar os novos sonhos<br />

—, refletir sobre os momentos em que uma postura de<br />

maior tolerância com o nosso próximo nos faria, certamente,<br />

melhores. Tempo de confraternização e de compreensão de<br />

que as naturais diferenças existentes não deveriam nos tornar<br />

menos irmãos.<br />

Nestes novos tempos, ainda há muito a se fazer em prol da sociedade.<br />

Sem abrir mão de nossas tradições e da realização <strong>do</strong>s<br />

importantes trabalhos em loja, podemos contribuir muito, fazen<strong>do</strong><br />

a diferença, sen<strong>do</strong> verdadeiros construtores sociais.<br />

Nesse senti<strong>do</strong>, a nossa revista Ao Zenyte se propõe a trazer à<br />

luz temas de significativa relevância social. A título de exemplo,<br />

nesta edição, apresentamos a questão ecológica; ou, ainda, a<br />

qualificação profissional e as campanhas beneficentes promovidas<br />

pela instituição social Fundação Gonçalves Lê<strong>do</strong>.<br />

A instrução se constitui área prioritária para a construção de<br />

um país mais justo e perfeito. E, por esse motivo, a edição da<br />

Ao Zenyte premia seus leitores com vários artigos sobre a história<br />

<strong>do</strong> Brasil, da Maçonaria e de maçons conheci<strong>do</strong>s, como<br />

Wolfgang Amadeus Mozart e Francisco Murilo Pinto.<br />

Os eventos de congraçamento de nossa Ordem também são<br />

destaca<strong>do</strong>s, bem como as atividades das lojas jurisdicionadas<br />

ao GODF, com a criação de espaço denomina<strong>do</strong> “Loja em foco”.<br />

Pretendemos que seu conteú<strong>do</strong> seja elabora<strong>do</strong> pelos próprios<br />

membros da loja, com vistas à valorização <strong>do</strong> “próprio fazer” da<br />

loja maçônica.<br />

Feliz Natal a to<strong>do</strong>s e um próspero ano novo.<br />

Jafé Torres<br />

Grão-Mestre <strong>do</strong> <strong>Grande</strong> <strong>Oriente</strong> <strong>do</strong> <strong>Distrito</strong> <strong>Federal</strong>


Capa<br />

Lagoa Bonita – Estação Ecológica <strong>Águas</strong> <strong>Emendadas</strong><br />

4 ao enyte


<strong>Águas</strong> <strong>Emendadas</strong><br />

ao norte e ao sul,<br />

Os<br />

rios que nascem no <strong>Distrito</strong> <strong>Federal</strong> abastecem três importantes<br />

bacias hidrográficas nacionais. Consideran<strong>do</strong> a<br />

drenagem <strong>do</strong>s nossos cursos d’água, 62,5% <strong>do</strong> território<br />

<strong>do</strong> <strong>Distrito</strong> <strong>Federal</strong> contribuem para a formação da Bacia <strong>do</strong> Paraná, 24,2%<br />

para a Bacia <strong>do</strong> São Francisco e 13,3% para a Bacia <strong>do</strong> Tocantins/Araguaia.<br />

Entre as dezenas de nascentes já conhecidas, uma atrai particularmente<br />

nossa atenção, a <strong>do</strong> córrego Vereda <strong>Grande</strong>, um raro fenômeno natural.<br />

Suas águas deslizam em senti<strong>do</strong>s opostos e alimentam as Bacias <strong>do</strong> Paraná,<br />

ao Sul, e <strong>do</strong> Tocantins/Araguaia, ao Norte. O Vereda <strong>Grande</strong> está protegi<strong>do</strong><br />

pela Estação Ecológica <strong>Águas</strong> <strong>Emendadas</strong>, com área aproximada de<br />

10.500 hectares, vizinha a Planaltina, a 38 quilômetros <strong>do</strong> Plano Piloto.<br />

Fotos: Evan<strong>do</strong> Ferreira Lopes**<br />

* Gustavo Souto Maior é engenheiro e Mestre em Economia<br />

<strong>do</strong> Meio Ambiente e atual Presidente <strong>do</strong> Instituto <strong>do</strong> Meio<br />

Ambiente e <strong>do</strong>s Recursos Hídricos <strong>do</strong> <strong>Distrito</strong> <strong>Federal</strong> –<br />

Brasília Ambiental (Ibram).<br />

** Evan<strong>do</strong> Lopes Ferreira é fotógrafo da Estação Ecológica<br />

<strong>Águas</strong> <strong>Emendadas</strong> e gentilmente cedeu as fotos desta<br />

reportagem.<br />

nascentes para a vida<br />

Gustavo Souto Maior*<br />

ao enyte<br />

5


Família de capivaras na Lagoa Bonita de <strong>Águas</strong> <strong>Emendadas</strong>.<br />

A Comissão Explora<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> Planalto Central <strong>do</strong> Brasil,<br />

chefiada pelo astrônomo Luiz Cruls, foi a primeira a<br />

constatar a riqueza ecológica <strong>do</strong> local, no século XIX.<br />

Em seu diário, Cruls descreveu o local onde seria instituída<br />

a Reserva Biológica de <strong>Águas</strong> <strong>Emendadas</strong> quase<br />

oito décadas mais tarde: “A 30 de agosto de 1892,<br />

antes de chegarmos à Vila <strong>do</strong> Mestre-d’Armas, demos<br />

uma volta com o fim de explorarmos a lagoa <strong>do</strong> mesmo<br />

nome. Tem (...) um aspecto pitoresco, isso devi<strong>do</strong><br />

à vegetação, rica de palmeiras, que a circunda”.<br />

De lá para cá, a lagoa passou a se chamar Lagoa Bonita,<br />

e a antiga Vila <strong>do</strong> Mestre-d’Armas transformouse<br />

na agitada Planaltina.<br />

Mas os estu<strong>do</strong>s decisivos para a localização da nova<br />

capital ocorreram somente na década de 50, quan<strong>do</strong><br />

o governo Vargas instituiu a Comissão de Localização<br />

da Nova Capital <strong>Federal</strong> e contratou amplo levantamento<br />

aerofotogramétrico à firma norte-americana<br />

Donald J. Belcher and Associates Incorporated. O<br />

levantamento resultou no Relatório Técnico sobre a<br />

Nova Capital da República.<br />

6<br />

ao enyte<br />

A Comissão Cruls (1892) e os estu<strong>do</strong>s de Belcher<br />

(1954) analisaram áreas no Planalto Central com<br />

capacidade de suportar populações humanas, para<br />

que fosse instalada a futura sede <strong>do</strong> governo federal.<br />

Nessa busca, critérios como a adequação das características<br />

físicas <strong>do</strong>s solos e <strong>do</strong> manto rochoso para<br />

edificações, fertilidade para a agricultura, clima e a<br />

disponibilidade de mananciais para abastecimento<br />

<strong>do</strong>méstico foram decisivos na escolha da atual localização<br />

<strong>do</strong> <strong>Distrito</strong> <strong>Federal</strong>. Atualmente, esses parâmetros<br />

fazem parte da versão moderna das condicionantes<br />

ambientais e embasam o conceito de<br />

capacidade de suporte de uma área.<br />

A área escolhida para o <strong>Distrito</strong> <strong>Federal</strong> encontra-se<br />

em cabeceiras e em área de recarga de aquíferos, não<br />

poden<strong>do</strong> ser indiscriminadamente impermeabilizada.<br />

Cruls e Belcher citam, em seus estu<strong>do</strong>s, a necessidade<br />

de se preservar uma boa fração da cobertura vegetal<br />

para garantir boa qualidade de vida nesse território.<br />

Os locais que ainda possuem água de qualidade são<br />

justamente aqueles protegi<strong>do</strong>s por lei, como as unidades<br />

de conservação de uso indireto.


A 12 de agosto de 1968, o Decreto 771 constituiu,<br />

no <strong>Distrito</strong> <strong>Federal</strong>, a Reserva Biológica de <strong>Águas</strong><br />

<strong>Emendadas</strong>. Vinte anos depois, em 16 de junho de<br />

1988, o Decreto 11.137 modificou a denominação da<br />

categoria de unidade de conservação para Estação<br />

Ecológica, visan<strong>do</strong> a promover o desenvolvimento<br />

de pesquisas científicas aplicadas à ecologia.<br />

Pesquisa<strong>do</strong>ras da Universidade de Brasília<br />

Taissa Camelo Vilas Boas (esquerda) é mestranda<br />

em Ecologia e estuda duas populações de sapos —<br />

Rhinella schneideri e Rhinella rubescens — na Estação<br />

Ecológica, há <strong>do</strong>is anos. Carolina Stieler é graduanda<br />

de Biologia e, antes de se interessar pelos batráquios<br />

há alguns meses, estudava Limnologia (ciência que<br />

investiga a vida em lagos, rios, e reservatórios de<br />

água). A pesquisa da UnB sobre os sapos em <strong>Águas</strong><br />

<strong>Emendadas</strong> começou em 2004. A Estação atrai pesquisa<strong>do</strong>res<br />

nacionais e internacionais.<br />

“As populações de anfíbios <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> inteiro estão<br />

em declínio. A principal causa desse declínio é a<br />

degradação <strong>do</strong> ambiente pelo homem. E o cerra<strong>do</strong><br />

é um <strong>do</strong>s ambientes que mais sofrem com os<br />

impactos negativos causa<strong>do</strong>s pela ação <strong>do</strong> homem.<br />

Parque Nacional<br />

Em 8 de outubro de 1993, na sede da Unesco, em<br />

Paris, foi assinada a criação da Reserva da Biosfera <strong>do</strong><br />

Cerra<strong>do</strong>, marco importante para a preservação da<br />

Estação Ecológica de <strong>Águas</strong> <strong>Emendadas</strong> como uma<br />

de suas áreas-núcleo. Seu objetivo é a conservação<br />

<strong>do</strong>s recursos naturais, o equilíbrio <strong>do</strong> meio ambiente<br />

e o desenvolvimento de projetos de pesquisa para<br />

ampliar o conhecimento <strong>do</strong>s recursos naturais.<br />

O conhecimento acerca da ecologia da fauna <strong>do</strong><br />

cerra<strong>do</strong> é essencial para a sua conservação”, destaca<br />

Taissa Vilas Boas.<br />

Estação Ecológica <strong>Águas</strong> <strong>Emendadas</strong><br />

Mapa <strong>do</strong> relevo <strong>do</strong> <strong>Distrito</strong> <strong>Federal</strong><br />

com as três principais áreas de<br />

preservação <strong>do</strong> bioma <strong>do</strong> cerra<strong>do</strong>.<br />

Lago Paranoá<br />

Jardim Botânico<br />

ao enyte<br />

7


Tamanduá-mirim (Tamandua tetradactyla)<br />

Araribamba-de-cauda-ruiva (Galbula ruficauda)<br />

Vea<strong>do</strong><br />

8 ao<br />

campeiro<br />

enyte<br />

(Ozotocerus bezoarticus)<br />

O cerra<strong>do</strong> está distribuí<strong>do</strong>, principalmente, pelo Planalto<br />

Central brasileiro. Abrange mais de 196 milhões<br />

de hectares e é reconheci<strong>do</strong> como a savana (vegetação<br />

rasteira com arbustos e poucas árvores) mais rica<br />

<strong>do</strong> mun<strong>do</strong> em biodiversidade.<br />

A Reserva da Biosfera <strong>do</strong> Cerra<strong>do</strong> no Brasil foi formada<br />

por vários motivos: 1. pela riqueza singular de<br />

sua biodiversidade e pelo nível de desconhecimento<br />

<strong>do</strong> cerra<strong>do</strong> quanto ao seu potencial biológico; 2.<br />

por ser um <strong>do</strong>s biomas mais ameaça<strong>do</strong>s <strong>do</strong> planeta<br />

pela ocupação humana — atualmente está entre os<br />

vinte e cinco biomas prognostica<strong>do</strong>s como passíveis<br />

de desaparecer (hot spots); 3. por nascerem no<br />

cerra<strong>do</strong> os grandes rios brasileiros, que abastecem<br />

as Bacias <strong>do</strong> Amazonas, São Francisco, Tocantins e<br />

Prata; 4. pela falta de políticas eficazes de planejamento,<br />

desenvolvimento e conservação da região;<br />

5. pela ausência de zoneamentos ambientais adequa<strong>do</strong>s<br />

e integra<strong>do</strong>s para as áreas urbanas e rurais;<br />

6. pelo repasse de tecnologias apropriadas para os<br />

produtores; 7. pelo não reconhecimento <strong>do</strong> cerra<strong>do</strong><br />

como patrimônio nacional.<br />

A conservação da boa qualidade e quantidade das<br />

águas da Estação Ecológica proporcionam a riqueza<br />

da biodiversidade. As águas cristalinas <strong>do</strong> córrego<br />

Vereda <strong>Grande</strong>, quan<strong>do</strong> seguem para o norte, encontram<br />

o rio Maranhão, que vai alimentar o caudaloso<br />

rio Tocantins. Para o sul, desembocam no córrego<br />

Brejinho, engrossam o córrego Fumal, seguem para o<br />

rio São Bartolomeu, depois Corumbá, desaguan<strong>do</strong> no<br />

Paranaíba e forman<strong>do</strong>, então, os rios Paraná e Prata.<br />

Na Estação Ecológica de <strong>Águas</strong> <strong>Emendadas</strong> (ESECAE)<br />

encontram-se representadas várias das fitofisionomias<br />

regionais, particularmente o cerra<strong>do</strong> sensu<br />

stricto, o cerradão, o campo sujo e o campo limpo, as<br />

matas de galeria alagáveis e as veredas. A fitossociologia<br />

<strong>do</strong> componente arbóreo para o cerra<strong>do</strong> registra<br />

que <strong>Águas</strong> <strong>Emendadas</strong> é a área mais rica em espécies,<br />

em comparação com o Parque Nacional de Brasília e<br />

a APA Gama-Cabeça de Vea<strong>do</strong>. As famílias mais importantes<br />

são Leguminosae, Vochysiaceae, Guttiferae,<br />

Malpighiaceae, Styracaceae e Erythroxylaceae.<br />

A ESECAE possui 80 espécies da herpetofauna (répteis<br />

e anfíbios) registradas. Também foram registradas<br />

66 espécies de mamíferos em <strong>Águas</strong> <strong>Emendadas</strong>, que<br />

correspondem aproximadamente a ⅓ <strong>do</strong> total de es-


pécies de mamíferos de ocorrência confirmada para<br />

o bioma <strong>do</strong> cerra<strong>do</strong>. Alguns <strong>do</strong>s animais observa<strong>do</strong>s<br />

aparecem na lista oficial das espécies brasileiras<br />

ameaçadas de extinção: tatu canastra (Prio<strong>do</strong>ntes<br />

maximus); tamanduá-bandeira (Myrmecophaga<br />

tridactyla); lobo-guará (Chrysocyon brachyurus);<br />

suçuarana (Puma concolor); gato-<strong>do</strong>-mato-pinta<strong>do</strong><br />

(Leopardus sp); lontra (Lontra longicaudis); vea<strong>do</strong>campeiro<br />

(Ozotocerus bezoarticus) e rato-<strong>do</strong>-mato<br />

(Kunsia tomentosus).<br />

Atualmente, um <strong>do</strong>s principais problemas da Estação<br />

Ecológica é a forte pressão de ocupação existente no<br />

seu entorno. Tal processo é crescente e generaliza<strong>do</strong><br />

no <strong>Distrito</strong> <strong>Federal</strong>.<br />

No dia 5 de junho de 2009, foi aprova<strong>do</strong> e oficializa<strong>do</strong><br />

o Plano de Manejo da Estação Ecológica de <strong>Águas</strong><br />

<strong>Emendadas</strong>. Durante o ano de execução desse trabalho,<br />

coordena<strong>do</strong> pelo Instituto Brasília Ambiental<br />

(Ibram), foram realizadas intensas atividades, que<br />

contaram com a participação de organizações da<br />

sociedade civil, universidades, instituições públicas<br />

federais e distritais, Ministério Público, Polícia Ambiental,<br />

Corpo de Bombeiros <strong>do</strong> <strong>Distrito</strong> <strong>Federal</strong>, produtores<br />

rurais, empresários. Assim, a comunidade em<br />

geral pôde apresentar preocupações e sugestões.<br />

Foram constituídas parcerias em que cada entidade,<br />

dentro da sua possibilidade, poderá contribuir para a<br />

proteção da unidade de conservação.<br />

O planejamento integra<strong>do</strong> da gestão e manejo das<br />

estações ecológicas supervisionadas pelo governo<br />

<strong>do</strong> <strong>Distrito</strong> <strong>Federal</strong>, realiza<strong>do</strong> de forma participativa e<br />

articulada, favorece a preservação de mo<strong>do</strong> consolida<strong>do</strong>.<br />

Define méto<strong>do</strong>s para a proteção e recuperação<br />

ambiental e proporciona mais harmonia na busca da<br />

sustentabilidade das áreas localizadas no entorno<br />

dessas unidades de conservação.<br />

Com o cumprimento <strong>do</strong> Plano de Manejo, podemos<br />

acreditar que <strong>Águas</strong> <strong>Emendadas</strong> será também contemplada<br />

pelas gerações futuras. Além de grande<br />

beleza paisagística, esta Estação Ecológica possui um<br />

patrimônio biológico único. É um laboratório vivo,<br />

centro de excelência para produção de conhecimento<br />

e informação socioambiental sobre o cerra<strong>do</strong>.<br />

P.S.: Mais informações sobre o tema na publicação <strong>Águas</strong><br />

<strong>Emendadas</strong>, disponível no site www.ibram.df.gov.br.<br />

Jovem Caracará (Caracará plancus)<br />

Ferreirinho relógio (Todirostrum cinereum)<br />

Tatu-peba (Euphractus sexcinctus)<br />

ao enyte<br />

9


Educacao ambiental e<br />

aprendizagem*<br />

Aprender ambientalmente significa encaixar o desafio ambiental<br />

na própria dinâmica da aprendizagem, e não tê-lo<br />

como complemento eventual. Não se condenam outros<br />

tipos de iniciativa (por exemplo, trazer um ambientalista<br />

para uma conversa com os alunos), mas o lance crucial precisa<br />

ser formativo tipicamente. Para começar, aprender ambientalmente<br />

não pode significar só (não precisa excluir) produzir<br />

eventos periódicos, por exemplo, reservar um dia por semestre<br />

como “Dia <strong>do</strong> meio ambiente”, ou fazer uma palestra de<br />

vez em quan<strong>do</strong>, ou plantar uma árvore na escola.<br />

A preocupação ambiental não pode ser apenas preocupação,<br />

mas valorização intrínseca da referência ambiental para<br />

se aprender bem. Podemos fazer o esforço de analisar essa<br />

pretensão <strong>do</strong> ponto de vista teórico e prático. Do ponto de<br />

vista teórico, cabe reconstruir a visão tradicional de aprendizagem<br />

ainda não vinculada às questões ambientais.<br />

O ponto de partida seria o fato de que, para analisar minimamente bem a<br />

realidade que nos cerca, a referência ambiental é parte constituinte, não só<br />

por conta <strong>do</strong> risco que corremos em não tomá-la em conta, mas mormente<br />

porque é fundamental mudar de visão em nome da qualidade de vida<br />

ambientalmente correta. Componente dessa visão é considerar a natureza<br />

como parte integrante da vida no planeta, reven<strong>do</strong>, entre outras coisas, a<br />

questão histórico-social. Também em Sociologia, sempre pre<strong>do</strong>minou a<br />

visão eurocêntrica <strong>do</strong> ser humano como centro <strong>do</strong> universo, resultan<strong>do</strong><br />

daí a inclinação predatória da natureza e de outros seres vivos.<br />

Hoje tendemos a considerar “social” e “natural” praticamente como<br />

sinônimos, implican<strong>do</strong>, entre outras sugestões, não mais olhar o ser<br />

humano como razão de ser <strong>do</strong> universo. Ele é apenas, talvez, mais<br />

evoluí<strong>do</strong>, mas jamais especial, superior, único. Nesse senti<strong>do</strong>, teria<br />

10 ao enyte<br />

,<br />

* Pedro Demo é PhD em Sociologia pela Universidade de Saarbrücken,<br />

Alemanha, e pós-<strong>do</strong>utor pela University of California at Los Angeles<br />

(Ucla), Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s. Atualmente é professor titular aposenta<strong>do</strong> e<br />

Professor Emérito da Universidade de Brasília (UnB), Departamento<br />

de Sociologia.<br />

-<br />

Pedro Demo*


de se construir outro senti<strong>do</strong> para “fraternidade”,<br />

que incluísse a natureza como parceira, mãe.<br />

Do ponto de vista prático, o processo de aprendizagem<br />

precisa ser realiza<strong>do</strong>, não apenas adapta<strong>do</strong>, de<br />

mo<strong>do</strong> correto ambientalmente. Algumas sugestões<br />

podem ser:<br />

a escola precisa ser arquitetada de mo<strong>do</strong><br />

ambientalmente correto (em termos de<br />

áreas verdes, manejo de materiais, trato da<br />

alimentação, uso de energia, produção de<br />

lixo);<br />

no currículo, a organização <strong>do</strong>s conteú<strong>do</strong>s<br />

precisa inserir, naturalmente, a referência<br />

ambiental a cada momento, sempre,<br />

intrinsecamente; não se trata apenas de<br />

exemplificar com indicações ambientes<br />

(meio ambiente não é só exemplo, é<br />

questão de qualidade de vida), mas<br />

de inserir a referência ambiental<br />

como mo<strong>do</strong> de ver, pensar,<br />

interferir, mudar, questionar;<br />

todas as atividades<br />

escolares precisam estar<br />

configuradas ambientalmente,<br />

de sorte a não surgirem contradições<br />

de visão e comportamento;<br />

preocupações mais centrais precisam<br />

deter o devi<strong>do</strong> relevo, por exemplo:<br />

manejo <strong>do</strong> lixo, desperdício; estilo de<br />

alimentação; limpeza e asseio na escola;<br />

tratamento ao ambiente natural na escola<br />

(área verde, árvores etc.);<br />

avaliação permanente <strong>do</strong> ciclo de vida <strong>do</strong>s<br />

produtos e ambientes, de forma que a escola<br />

mantenha consciência sempre renovada de<br />

como lidar com a questão ambiental: como<br />

a escola envelhece ou se degrada; como a<br />

área física é preservada; como a área verde<br />

é cultivada; como os materiais didáticos são<br />

maneja<strong>do</strong>s, depreda<strong>do</strong>s;<br />

cuida<strong>do</strong> com o meio ambiente circundante<br />

da escola (na comunidade próxima), para<br />

que a escola seja vista como líder da causa,<br />

ten<strong>do</strong> alunos como protagonistas.<br />

Há muito que fazer na esfera da educação ambiental.<br />

Eu diria que a educação ambiental em geral evita<br />

enfrentar a questão da aprendizagem. Faz isso<br />

por comodismo, comum entre nós: toma como referência<br />

tranquila a aula. Estou sugerin<strong>do</strong> a necessidade<br />

de rever radicalmente os procedimentos de<br />

aprendizagem.<br />

Quan<strong>do</strong> autores sugerem que é preciso colocar o<br />

aluno no centro, em parte exigem que se respeite<br />

o mo<strong>do</strong> como se aprende naturalmente. Se tomássemos<br />

em conta, por exemplo, como funciona o cérebro<br />

da criança de seis anos, jamais daríamos aula.<br />

Aula lhe é algo estranho, tanto assim que as mães<br />

não dão aula (Schneider, 2007). As crianças aprendem<br />

ludicamente, dependem muito de motivação,<br />

necessitam de orientação, interagem naturalmente,<br />

como parte de sua linguagem natural.<br />

A escola deveria, então, ser como a natureza: instituição<br />

aberta, diversa, plural, formativa. Isso não<br />

desfigura a necessidade de organização, porque<br />

a liberdade de expressão só é produtiva<br />

em contexto de organização e que implique<br />

regras de jogo (O’Neil, 2009). Mas, como<br />

dizia Foucault (2007), a escola mais parece<br />

prisão: comportar-se bem sempre foi<br />

mais importante que aprender bem.<br />

A mensagem da natureza será: criar seres livres<br />

que não se depredam. Pode-se aprender<br />

tu<strong>do</strong> na vida, mas a referência maiúscula<br />

é aprender a conviver em ambientes<br />

diversos, plurais, complementares, onde se<br />

combinam igualitariamente rivalidades e solidariedades,<br />

de maneira minimamente sustentável.<br />

Não basta levar a sério a questão ambiental por conta<br />

de nossa sobrevivência ameaçada. Isso significa<br />

reação tardia e arrependida. Mais importante é oferecer<br />

para nossas crianças a oportunidade de aprender<br />

ambientalmente, ten<strong>do</strong> a relação com a natureza<br />

como referência intrínseca <strong>do</strong> que seria, hoje,<br />

aprender bem. Forman<strong>do</strong>-se a criança ambientalmente,<br />

ela tem a oportunidade de inscrever em sua<br />

vida uma relação ambiental adequada, inauguran<strong>do</strong><br />

outra expectativa cultural e civilizatória.<br />

* A íntegra <strong>do</strong> texto pode ser encontrada no endereço http://<br />

pedrodemo.sites.uol.com.br/textos/td30.html.<br />

** Ilustração: A vida na palma da mão, de Raphael Alleph Leitão<br />

Vasconcelos.<br />

ao enyte<br />

11


Am A r é ...<br />

Realizar a cerimônia de confirmação de bodas, o ritual <strong>do</strong> casamento,<br />

no templo nobre <strong>do</strong> <strong>Grande</strong> <strong>Oriente</strong> <strong>do</strong> <strong>Distrito</strong> <strong>Federal</strong>.<br />

E foi exatamente isso que o Ir. Augusto Flávio, da Loja Honra e<br />

Tradição, e a cunhada Claudia Mendes fizeram na tarde <strong>do</strong> dia<br />

28 de agosto. Foi a primeira vez que esse tipo de cerimônia se<br />

realizou no templo nobre <strong>do</strong> GODF.<br />

PolítiCA n A P A u t A<br />

O cientista político e pesquisa<strong>do</strong>r da UnB<br />

Leonar<strong>do</strong> Barreto proferiu palestra sobre o<br />

tema “Política e poder” na Loja Desembarga<strong>do</strong>r<br />

Francisco Murilo Pinto, dia 25 de outubro.<br />

A Loja é a mais nova oficina jurisdicionada ao<br />

GODF, fundada em 1º de setembro. Barreto<br />

nos brinda com o artigo da página 30.<br />

A Comitiva <strong>do</strong> Real Arco (Rito York<br />

norte-americano) visitou o GODF<br />

no dia 5 de novembro.<br />

Po s s e n A Co r t e<br />

Ministro <strong>do</strong> Superior Tribunal de Justiça desde 1996, Felix<br />

Fischer tomou posse na vice-presidência daquela corte no<br />

dia 3 setembro. O STJ é a mais alta corte <strong>do</strong> país para julgamentos<br />

de questões referentes às leis federais (legislação<br />

infraconstitucional). Na foto, o casal Sônia e Felix Fischer<br />

ladea<strong>do</strong> pelo Grão-Mestre Jafé Torres e o venerável da Loja<br />

Areópago, Gilberto Corbacho.<br />

Cu l t u r A esPirituAl<br />

O presidente da ONG União Planetária, Ir. Ulisses<br />

Riedel, foi um <strong>do</strong>s cinco brasileiros convida<strong>do</strong>s a<br />

participar <strong>do</strong> I Fórum Mundial de Cultura Espiritual,<br />

que aconteceu no Cazaquistão, entre os dias<br />

18 e 20 de outubro. Os outros brasileiros convida<strong>do</strong>s<br />

foram: Leonar<strong>do</strong> Boff, Frei Beto, Paulo Coelho<br />

e o sena<strong>do</strong>r Cristovam Buarque.<br />

re s u l t A d o d A s u r n A s<br />

Joaquim Nogales<br />

Além <strong>do</strong>s Irmãos eleitos vice-presidente, Michel Temer,<br />

e vice-governa<strong>do</strong>r <strong>do</strong> <strong>Distrito</strong><br />

<strong>Federal</strong>, Tadeu Filippelli, a família<br />

maçônica <strong>do</strong> DF comemora<br />

a reeleição <strong>do</strong> deputa<strong>do</strong><br />

federal Ir. Isalci Lucas (foto),<br />

com cerca de 98 mil votos, e a<br />

eleição, para primeiro mandato<br />

na Assembleia Legislativa<br />

Distrital, <strong>do</strong> Ir. Olair Francisco.


We l c o m e b r o t h e r<br />

A e l e i t A<br />

AC A d e m iA mA ç ô n iC A<br />

Lee George Hunderhill, cônsul <strong>do</strong> Reino<br />

Uni<strong>do</strong> e administra<strong>do</strong>r da Embaixada da Inglaterra<br />

em Brasília, foi inicia<strong>do</strong> na Loja Três<br />

Poderes 2308.<br />

mo n t e i r o lo b A t o<br />

Considera<strong>do</strong> precursor da campanha <strong>do</strong><br />

“petróleo é nosso”, o escritor Monteiro Lobato<br />

será patrono de nova loja no DF. O autor<br />

<strong>do</strong> Sítio <strong>do</strong> Picapau Amarelo já é patrono de<br />

sete lojas em outros <strong>Oriente</strong>s estaduais.<br />

Perto de 100 pessoas pagaram para degustar a palestra-almoço <strong>do</strong> exsena<strong>do</strong>r<br />

Lindenberg Cury, promovida pela Academia Maçônica de Letras<br />

<strong>do</strong> DF – AMLDF. Inserir palestra no menu <strong>do</strong> almoço já era hábito<br />

da AMLDF, mas, desde que a entidade firmou parcerias com a Associação<br />

Comercial, Federação das Indústrias, Rotary, OAB, Universidade de<br />

Brasília, Federação <strong>do</strong> Comércio e União Planetária, os eventos só vêm<br />

crescen<strong>do</strong>.<br />

A governa<strong>do</strong>ra eleita <strong>do</strong> Rio <strong>Grande</strong> <strong>do</strong> Norte, atual<br />

sena<strong>do</strong>ra Rosalba Ciarlini, visitou o <strong>Grande</strong> <strong>Oriente</strong> <strong>do</strong><br />

<strong>Distrito</strong> <strong>Federal</strong> dia 17 de novembro, para conhecer o<br />

trabalho social desenvolvi<strong>do</strong> por Irmãos à frente da Fundação<br />

Gonçalves Le<strong>do</strong>. Na foto, o Ir. Augusto Escóssia de<br />

Oliveira, Jafé Torres, a sena<strong>do</strong>ra Ciarlini, o Ir. Johaben Camargo,<br />

representan<strong>do</strong> o sena<strong>do</strong>r Mozaril<strong>do</strong> Cavalcanti,<br />

e o Ir. Eduar<strong>do</strong> Luiz Lucas Bruniera, coordena<strong>do</strong>r da entidade<br />

paramaçônica Bodes <strong>do</strong> Asfalto.<br />

mi lA g r e s A C o n t e C e m<br />

en C o n t r o d o s ve n e ráve i s<br />

Este é um marcante livro<br />

lança<strong>do</strong> pelo Ir. Nelson Dias<br />

Leoni, oficial <strong>do</strong> Exército brasileiro,<br />

sobre sua história de<br />

luta pela vida, após levar um<br />

tiro de fuzil, em 2005, quan<strong>do</strong><br />

estava a serviço da Missão<br />

da ONU no Haiti. Subscreve<br />

a obra com Leoni a jornalista<br />

Damaris Giuliana.<br />

No dia 16 de outubro, a Poderosa Congregação reuniu-se<br />

no Templo Nobre <strong>do</strong> GODF para tratar de três<br />

temas: 1) sucessão ao Grão-Mestra<strong>do</strong> <strong>do</strong> GODF; 2)<br />

realização da 1ª Loja de Mesa (banquete ritualístico)<br />

pelo GODF, com a participação de todas as lojas e 3)<br />

Almoço Natalino, que ficou marca<strong>do</strong> para 5 de dezembro.


Aconteceu<br />

A<br />

18a edição <strong>do</strong> Baile <strong>do</strong> Maçom reuniu,<br />

na noite de 28 para 29 de agosto, mais<br />

de duas mil pessoas no salão <strong>do</strong> <strong>Grande</strong><br />

<strong>Oriente</strong> <strong>do</strong> Brasil. Na festa, realizada conjuntamente<br />

pelo <strong>Grande</strong> <strong>Oriente</strong> <strong>do</strong> <strong>Distrito</strong> <strong>Federal</strong><br />

– GODF e pela <strong>Grande</strong> Loja Maçônica <strong>do</strong> <strong>Distrito</strong> <strong>Federal</strong>,<br />

ocorreu o sorteio de um Renault Clio 1.0 zero<br />

km. Foi mais uma homenagem da família maçônica<br />

aos 50 anos de Brasília.<br />

1. O governa<strong>do</strong>r eleito <strong>do</strong> DF, Agnelo Queiroz, o vice-governa<strong>do</strong>r<br />

eleito, Tadeu Filippelli, com o Grão-Mestre Jafé Torres; 2. O Grão-<br />

Mestre Jafé com o sena<strong>do</strong>r eleito pelo DF Rodrigo Rollemberg; 3.<br />

O Grão-Mestre Adjunto <strong>do</strong> GODF, Lucas Galdeano, Norma Torres,<br />

o sena<strong>do</strong>r Mozaril<strong>do</strong> Cavalcanti, com sua esposa, Geilda, e a<br />

presidente da Fraternidade Feminina, Maria <strong>do</strong> Carmo; 4. Nair<br />

Fernandes, João Alfre<strong>do</strong> Ximenes, o deputa<strong>do</strong> federal reeleito<br />

Isalci Lucas e sua esposa Ivone.<br />

14 ao enyte<br />

Ba i l e d o Ma ç o M<br />

— 18° Baile da Maçonaria <strong>do</strong> <strong>Distrito</strong> <strong>Federal</strong> —<br />

1<br />

2<br />

3<br />

4


2<br />

1<br />

3<br />

4 8<br />

1. Panorâmica <strong>do</strong> baile; 2. Joãozinho Trinta esteve por lá; 3. O sereníssimo Grão-Mestre da <strong>Grande</strong> Loja Maçônica <strong>do</strong> <strong>Distrito</strong> <strong>Federal</strong>,<br />

Juvenal Amaral, comemora com a filha, Marianne, sorteada com o Renault Clio zero km; 4. O Grão-Mestre <strong>do</strong> GODF, Jafé Torres, com<br />

a irmã Ivanise, os sobinhos Fábio e Flavia e os Irmãos Reginal<strong>do</strong> Pereira e Tasso Ottoni, respectivamente, conselheiro e presidente da<br />

Fundação Gonçalves Le<strong>do</strong>; 5. Johaben Camargo e Alamir Ferreira agitam as urnas <strong>do</strong> sorteio <strong>do</strong> Clio zero; 6. O Grão-Mestre Jafé com<br />

o venerável mestre da Loja Três Poderes, Edilson Almeida, e a esposa, Maria Izabel; 7. Os veneráveis mestres Jorge Lunkes, da Loja<br />

Fraternidade Brasiliense, e Renes Mauro de Souza, da Loja José Castellani; 8. O colunista Gilberto Amaral gravou talk show no baile.<br />

Na foto, Amaral entrevista o Grão-Mestre Jafé Torres.<br />

ao enyte<br />

5<br />

6<br />

7<br />

15


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1. Grão-Mestre Jafé Torres, senhora integrante da Fraternidade<br />

Feminina, vice-governa<strong>do</strong>r, Tadeu Filippelli, e os IIr. Gilberto<br />

Corbacho e Paulo Monteverde; 2. Marianne Amaral, feliz com<br />

seu carro novo; 3. Norma Torres e Jafé Junior; 4. Karla Grippe,<br />

secretária <strong>do</strong> GODF, ladeada pelo casal Francisco de Assis<br />

(assessor <strong>do</strong> GODF) e a esposa, Marlene; 5. O Grão-Mestre Jafé<br />

ladea<strong>do</strong> por Rubi Rodrigues, membro da AMLDF e Álvaro Luiz<br />

Tronconi, professor da UnB; 6. O Grão-Mestre Jafé Torres com o<br />

ministro José de Jesus e senhora; 7. As meninas “Filhas de Jó”.<br />

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.<br />

5<br />

6<br />

7


Uma nova estrela brilha no <strong>Oriente</strong> <strong>do</strong><br />

<strong>Distrito</strong> <strong>Federal</strong> desde o dia 24 de setembro<br />

de 2010, data da regularização<br />

da Loja Bento Gonçalves número 4060.<br />

A nova oficina, fundada em maio deste ano por um<br />

grupo de 66 irmãos de diferentes lojas, irá reforçar<br />

as colunas <strong>do</strong> <strong>Grande</strong> <strong>Oriente</strong> <strong>do</strong> Brasil e <strong>do</strong> <strong>Grande</strong><br />

<strong>Oriente</strong> <strong>do</strong> <strong>Distrito</strong> <strong>Federal</strong>.<br />

A loja nasce com o objetivo de exercitar a verdadeira<br />

Maçonaria universal, ten<strong>do</strong> por base os princípios<br />

da família, da caridade e das melhores tradições da<br />

Ordem. Não há, então, o que estranhar no fato de<br />

a escolha para patrono <strong>do</strong> novo ente <strong>do</strong> GODF ter<br />

recaí<strong>do</strong> sobre o herói da Revolução Farroupilha, General<br />

Bento Gonçalves, homem probo, de bons costumes,<br />

amante das tradições, da liberdade, da solidariedade<br />

e da fraternidade.<br />

Ao contrário <strong>do</strong> que pode parecer, não se trata de<br />

oficina exclusiva de gaúchos, mas, sim, de uma loja<br />

imbuída <strong>do</strong> espírito libertário daqueles revolucionários<br />

que, entre os anos 1835 e 1845, desafiaram as<br />

forças imperiais e implantaram no sul <strong>do</strong> país a República<br />

<strong>do</strong> Rio <strong>Grande</strong>.<br />

Para registrar a regularização dessa nova estrela <strong>do</strong> Planalto<br />

Central, foi realizada, em 24 de setembro, Sessão<br />

Magna Branca em comemoração aos festejos da Epopeia<br />

Farroupilha, realiza<strong>do</strong>s tradicionalmente no dia<br />

20 de setembro, data-símbolo para o povo gaúcho.<br />

Estavam presentes mais de 150 pessoas, entre Irmãos,<br />

familiares e convida<strong>do</strong>s, incluin<strong>do</strong> representantes de<br />

Lojas Gaúchas e <strong>do</strong>s CTGs (Centros de Tradições Gaúchas)<br />

de Brasília, devidamente pilcha<strong>do</strong>s.<br />

O público vibrou com a representação teatral da<br />

Epopeia Farroupilha, com diálogos entre os perso-<br />

* Johaben Camargo é jornalista, professor universitário e MM das<br />

Lojas Honra e Tradição e Bento Gonçalves, da qual é um <strong>do</strong>s<br />

funda<strong>do</strong>res.<br />

Bento Gonçalves<br />

nova estrela no Planalto Central<br />

Johaben Camargo*<br />

Sessão Magna em homenagem à epopeia Farroupilha. Ao fun<strong>do</strong>,<br />

Grão-Mestre Jafé Torres, Francisco Roni, venerável da Loja Bento<br />

Gonçalves, e Renes Mauro de Souza, venerável da Loja José<br />

Castellani, e Irmãos de diferentes lojas.<br />

nagens Bento Gonçalves e Giuseppe Garibaldi. Uma<br />

centelha representativa da Chama Crioula foi o auge<br />

das festividades, que incluiu poesias e brilhante palestra<br />

sobre o comandante Bento Gonçalves, proferida<br />

pelo Ir. Flávio Rostirola.<br />

De acor<strong>do</strong> com o venerável mestre da nova oficina, Ir.<br />

Francisco Roni da Rosa, embora o Rito a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> seja o<br />

R.·.E.·.A.·.A.·., a Loja conta com Irmãos <strong>do</strong>s outros cinco<br />

Ritos reconheci<strong>do</strong>s pelo GOB. Ele agradeceu especialmente<br />

a colaboração da Loja-Mãe da Loja Bento<br />

Gonçalves, a Loja José Castellani, e também o apoio<br />

da Loja Honra e Tradição, que contribuiu com muitos<br />

obreiros para a nova oficina.<br />

A Sessão Magna foi prestigiada pelo Eminente Grão-<br />

Mestre <strong>do</strong> GODF, Ir. Jafé Torres, e sua comitiva. Ao final<br />

<strong>do</strong>s trabalhos, ele destacou a expressão da rara e<br />

ímpar beleza <strong>do</strong> evento, salientan<strong>do</strong> a virtude diferenciada<br />

da Maçonaria praticada no <strong>Distrito</strong> <strong>Federal</strong>.<br />

A Loja Bento Gonçalves reúne-se na segunda e na<br />

quarta semana <strong>do</strong> mês, às sextas-feiras, no Templo<br />

da Loja União e Silêncio, no Park Way, às 20 horas.<br />

ao enyte<br />

17


O<br />

Sena<strong>do</strong> <strong>Federal</strong> realizou sessão especial<br />

em homenagem à Ordem Maçônica no<br />

dia 20 de agosto último, Dia <strong>do</strong> Maçom,<br />

pelo décimo ano consecutivo, por iniciativa<br />

<strong>do</strong> sena<strong>do</strong>r e Ir. Mozaril<strong>do</strong> Cavalcanti (PTB-RR). Estiveram<br />

presentes à solenidade representantes das<br />

três potências Maçônicas regulares: <strong>Grande</strong> <strong>Oriente</strong><br />

<strong>do</strong> Brasil – GOB, Confederação da Maçonaria Simbólica<br />

<strong>do</strong> Brasil – CMSB e Confederação Maçônica <strong>do</strong><br />

Brasil – COMAB.<br />

O sena<strong>do</strong>r Geral<strong>do</strong> Mesquita (PMDB-AC) destacou<br />

que os maçons têm a missão de autoaperfeiçoamento,<br />

a dedicação às boas obras, a promoção da<br />

verdade e o reconhecimento como homens e como<br />

irmãos de seus semelhantes.<br />

Já o sena<strong>do</strong>r Mozaril<strong>do</strong>, após relembrar a participação<br />

marcante da Maçonaria em fatos históricos <strong>do</strong><br />

Brasil, como a Independência, a libertação <strong>do</strong>s escravos<br />

e a proclamação da República, afirmou que a<br />

Ordem tem enorme responsabilidade na construção<br />

<strong>do</strong> futuro <strong>do</strong> Brasil.<br />

Para o sena<strong>do</strong>r, a Maçonaria adapta-se aos novos<br />

tempos, interagin<strong>do</strong> cada vez mais com a sociedade,<br />

“sen<strong>do</strong> um exemplo para os brasileiros pelo trabalho<br />

sério e honesto que desenvolve, contribuin<strong>do</strong> para<br />

que o país seja, realmente, democrático, fraterno e<br />

igualitário”.<br />

18 ao enyte<br />

Homenagem justa e perfeita<br />

Sena<strong>do</strong>r Mozaril<strong>do</strong> Cavalcanti discursan<strong>do</strong> em sessão especial <strong>do</strong> Sena<strong>do</strong>.<br />

O Grão-Mestre <strong>do</strong> <strong>Grande</strong> <strong>Oriente</strong> <strong>do</strong> <strong>Distrito</strong> <strong>Federal</strong>,<br />

Jafé Torres, por sua vez, afirmou que a Maçonaria<br />

tem realiza<strong>do</strong> significativos trabalhos sociais em prol<br />

da comunidade, enfatizan<strong>do</strong> a responsabilidade da<br />

instituição para a construção de um país com maior<br />

justiça social.<br />

História – 20 de agosto é denomina<strong>do</strong>, por tradição, o<br />

Dia <strong>do</strong> Maçom. Segun<strong>do</strong> Manoel Joaquim de Menezes,<br />

em 20/08/1822, na 14a Sessão <strong>do</strong> GOB, Joaquim<br />

Gonçalves Le<strong>do</strong> teria defendi<strong>do</strong> a independência <strong>do</strong><br />

Brasil antes mesmo de D. Pedro proclamá-la. Já para<br />

o historia<strong>do</strong>r José Castellani, Menezes equivocou-se,<br />

Convida<strong>do</strong>s prestigiam o Dia <strong>do</strong> Maçom no Plenário.


pois o GOB foi funda<strong>do</strong> em 17 de junho de 1922 e a<br />

sua 14ª sessão ocorreu no dia 9 de setembro. Mesmo<br />

assim, o discurso inflama<strong>do</strong> de Le<strong>do</strong> pela independência,<br />

de acor<strong>do</strong> com Castellani, teria si<strong>do</strong> proferi<strong>do</strong><br />

antes da notícia da proclamação ocorrida em 7 de<br />

setembro ter chega<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio de Janeiro.<br />

Conforme explica José Castellani no livro que subscreve<br />

com William Carvalho sobre a história <strong>do</strong> <strong>Grande</strong><br />

<strong>Oriente</strong> <strong>do</strong> Brasil, o equívoco de Menezes ocorreu<br />

porque, no século XIX, o calendário maçônico pautava-se<br />

pelo calendário judeu, com o início <strong>do</strong> ano em<br />

23 de março, porém, Menezes contou como início <strong>do</strong><br />

ano maçônico o 1º de março.<br />

Como a ata da 14ª sessão <strong>do</strong> GOB diz que a reunião<br />

ocorreu no 20º dia <strong>do</strong> 6º mês, Menezes contabilizou<br />

o discurso de Le<strong>do</strong> no dia 20 de agosto. O cálculo de<br />

Menezes induziu a erro o Barão <strong>do</strong> Rio Branco, que<br />

propagou a data equivocada para to<strong>do</strong> o país, em<br />

mea<strong>do</strong>s <strong>do</strong> século XIX, ao escrever sobre a história<br />

da Independência. É fato incontestável, todavia, que<br />

a participação da Maçonaria foi decisiva no processo<br />

de independência da então colônia portuguesa.<br />

O Grão-Mestre Jafé Torres com 12 membros da delegação da Loja Honra e Tradição<br />

e o secretário de Educação e Cultura <strong>do</strong> GODF, Luiz Arino (2° à esquerda).<br />

Jovens da Associação Paramaçônica Juvenil – APJ<br />

compareceram à sessão especial.<br />

Tasso Otoni, presidente da FGL; Jafé Torres, Grão-Mestre <strong>do</strong> GODF;<br />

Sena<strong>do</strong>r Mozaril<strong>do</strong> Cavalcanti e Antônio Rêgo Filho, presidente da<br />

PAEL da Paraíba, em almoço comemorativo ao Dia <strong>do</strong> Maçom.<br />

ao enyte<br />

19


Loja em foco<br />

Quan<strong>do</strong> os funda<strong>do</strong>res constituem uma<br />

loja maçônica, além de escolher o rito,<br />

o nome e a obediência, hão de decidir a<br />

finalidade — ou objeto — à qual inicialmente<br />

a oficina vai se dedicar. Em geral, há consenso<br />

sobre os objetivos a serem alcança<strong>do</strong>s, contu<strong>do</strong>,<br />

depois de fundada, a loja adquire personalidade<br />

própria e, às vezes, trilha caminho diverso ou desenvolve<br />

trabalhos diferentes daqueles originalmente<br />

previstos.<br />

Isso não aconteceu com a Loja Maçônica Miguel Archanjo<br />

Tolosa.<br />

Fundada em 16 de dezembro de 1981 por 14 mestres<br />

maçons reuni<strong>do</strong>s na residência <strong>do</strong> Ir. Camillo de<br />

Oliveira Júnior, na Asa Norte, em Brasília/DF, a tríade<br />

“estu<strong>do</strong>, trabalho e união” foi erigida já na ata de fundação.<br />

Desde então, os objetivos originais vêm sen<strong>do</strong><br />

tenazmente persegui<strong>do</strong>s.<br />

Para tanto, a Loja Miguel Archanjo Tolosa promove<br />

diversos eventos, entre eles, destacam-se as tradicionais<br />

costeladas, cuja renda é revertida para projetos<br />

sociais, por meio da AFETO – Associação Feminina<br />

Tolosa, e a campanha de serviços sociais organizada<br />

anualmente na cidade de Flores de Goiás.<br />

A Campanha de Flores de Goiás é realizada conjuntamente<br />

com Irmãos de outras lojas, notadamente<br />

da Fraternidade e Justiça II, <strong>do</strong> oriente de Sobradinho/DF,<br />

e conta com a participação de diversos profissionais,<br />

como médicos e dentistas, que prestam<br />

atendimento gratuito à população da cidade goiana.<br />

A tu<strong>do</strong> isso somam-se a distribuição de alimentos,<br />

roupas e remédios e um almoço ofereci<strong>do</strong> àquela<br />

comunidade.<br />

* Antônio Luís Rodrigues Alves é servi<strong>do</strong>r público <strong>do</strong> Tribunal<br />

de Justiça <strong>do</strong> <strong>Distrito</strong> <strong>Federal</strong> e MM obreiro da Loja Miguel<br />

Arcanjo Tolosa.<br />

20 ao enyte<br />

A tríade da Tolosa<br />

estu<strong>do</strong>, trabalho e união<br />

Antônio Luís Rodrigues Alves *<br />

Os eventos sociais organiza<strong>do</strong>s pela Loja Miguel<br />

Archanjo Tolosa contam com grande prestígio na<br />

comunidade maçônica, de forma que a celebração<br />

das datas importantes, bem como o banquete ritualístico<br />

realiza<strong>do</strong> anualmente no Dia <strong>do</strong> Maçom são<br />

disputa<strong>do</strong>s por Irmãos de to<strong>do</strong> o <strong>Distrito</strong> <strong>Federal</strong>.<br />

Embora mereçam apreço, não são a filantropia ou<br />

os eventos sociais que constituem o alicerce sobre<br />

o qual é construída a loja maçônica. Vale dizer que a<br />

própria sobrevivência da Ordem depende <strong>do</strong> estu<strong>do</strong><br />

<strong>do</strong> simbolismo, da filosofia e da busca da verdade,<br />

pois qualquer associação pode praticar a filantropia<br />

ou organizar festividades, contu<strong>do</strong>, somente uma<br />

Augusta Regular Loja Simbólica pode transmitir às<br />

gerações futuras os conhecimentos e valores maçônicos.<br />

É nesse particular que se verifica a excelência<br />

da Loja Miguel Arcanjo Tolosa.<br />

Na formação <strong>do</strong>s aprendizes e companheiros é emprega<strong>do</strong><br />

um méto<strong>do</strong> de ensino, lapida<strong>do</strong> ao longo<br />

<strong>do</strong>s anos, que facilita a apreensão <strong>do</strong>s conhecimentos<br />

<strong>do</strong> grau, resultan<strong>do</strong> na constituição de abaliza<strong>do</strong>s<br />

mestres maçons, capazes de estender a Maçonaria<br />

aos seus respectivos campos de atuação.<br />

Ferramenta essencial no processo de reciclagem e<br />

formação cultural <strong>do</strong> maçom é o Curso de Maçonaria<br />

Simbólica José Castellani, organiza<strong>do</strong> anualmente<br />

e que hoje conta com o apoio <strong>do</strong> <strong>Grande</strong> <strong>Oriente</strong> <strong>do</strong><br />

<strong>Distrito</strong> <strong>Federal</strong> (veja matéria na página 20). Em novembro<br />

de 2009, a Loja promoveu o 1º Seminário Maçônico<br />

de Assuntos Estratégicos, no qual se debateu a<br />

soberania nacional, política, educação e energia.<br />

Os ramos de acácia que exornam os três la<strong>do</strong>s <strong>do</strong><br />

Selo da Loja traduzem o título honorífico de <strong>Grande</strong><br />

Benfeitora que o <strong>Grande</strong> <strong>Oriente</strong> <strong>do</strong> Brasil lhe concedeu,<br />

em razão <strong>do</strong>s relevantes serviços presta<strong>do</strong>s à<br />

comunidade maçônica pelo então Jornal Egrégora,


hoje revista com edição trimestral, que se consoli<strong>do</strong>u<br />

como importante veículo de propagação cultural.<br />

Baluarte da união maçônica, tal qual seu patrono, a<br />

Miguel Arcanjo Tolosa prima pela concórdia e união<br />

de to<strong>do</strong>s os ritos e potências. Facilita o diálogo, colocan<strong>do</strong>-se<br />

a serviço da mediação na busca da solução<br />

harmoniosa <strong>do</strong>s conflitos. Internamente é exemplo<br />

de pluralidade e reunião daquilo que está disperso,<br />

O Ir. Miguel Archanjo Tolosa, Patrono de uma das Lojas<br />

mais atuantes <strong>do</strong> <strong>Grande</strong> <strong>Oriente</strong> <strong>do</strong> <strong>Distrito</strong> <strong>Federal</strong>,<br />

que leva o seu nome, nasceu em 29/09/1924,<br />

em São Luiz <strong>do</strong> Paraitinga, São Paulo, e faleceu em<br />

10/11/1980, em Brasília. Fez carreira militar no Exército<br />

brasileiro e, como músico-maestro de banda<br />

militar e maçom, colheu reconhecimento, respeito e<br />

admiração de to<strong>do</strong>s que o conheceram.<br />

Transferi<strong>do</strong> para a 6ª CIA de Guarda <strong>do</strong> Exército em<br />

1958, Tolosa foi um <strong>do</strong>s que contribuiu, como maestro<br />

da banda da Companhia, para o sucesso da festa<br />

de inauguração de Brasília, promovida pelo presidente<br />

Juscelino Kubistcheck. Após a inauguração da<br />

nova capital, a 6ª CIA foi extinta, e Tolosa, transferi<strong>do</strong><br />

para o Batalhão da Guarda Presidencial. Em 1970,<br />

Miguel Archanjo foi reforma<strong>do</strong> pela Junta Militar de<br />

Saúde por problemas cardiovasculares. Sua patente:<br />

1 o Sargento.<br />

Na Ordem Maçônica, Tolosa foi um exemplo. Inicia<strong>do</strong><br />

a 31/01/1965, na Loja Brasiliana n. 4 (atual Santuário<br />

de A<strong>do</strong>nai 4), da Sereníssima <strong>Grande</strong> Loja de Brasília,<br />

alcançou o Grau de Mestre em 30/03/1965. Em<br />

janeiro <strong>do</strong> ano seguinte, participou da fundação da<br />

Loja Abrigo <strong>do</strong> Centro 8, sen<strong>do</strong> eleito 1º vigilante em<br />

1967.<br />

Em 1974, foi eleito venerável mestre da Loja Abrigo<br />

<strong>do</strong> Cedro. Em junho daquele ano, foi Exalta<strong>do</strong> ao<br />

Grau 33, tornan<strong>do</strong>-se, assim, grande inspetor-geral<br />

da Ordem. Em outubro, tornou-se presidente <strong>do</strong><br />

Conselho Ka<strong>do</strong>sh Visconde Jequitinhonha.<br />

pois abriga, sob suas asas de pelicano, pessoas de diferentes<br />

convicções políticas e religiosas, extirpan<strong>do</strong><br />

<strong>do</strong> seu ninho o sectarismo e a intolerância.<br />

Vê-se, pois, que, não obstante passa<strong>do</strong>s vinte e nove<br />

anos desde a sua fundação, a Loja Maçônica Miguel<br />

Arcanjo Tolosa segue firme na busca de seus objetivos<br />

originais, estudan<strong>do</strong>, trabalhan<strong>do</strong> e cultivan<strong>do</strong> a<br />

união entre to<strong>do</strong>s os maçons.<br />

Miguel Archanjo<br />

maestro da harmonia*<br />

Com a saúde abalada, Tolosa, a partir de 1977, deixou<br />

de ocupar cargos em Loja, em virtude de um<br />

enfarte <strong>do</strong> miocárdio. Foi a partir desse momento<br />

que suas ligações <strong>do</strong> <strong>Grande</strong> <strong>Oriente</strong> <strong>do</strong> Brasil – GOB<br />

estreitaram-se. Moran<strong>do</strong> próximo à sede <strong>do</strong> GOB em<br />

Brasília, na 713 Sul, Miguel Archanjo costumava ocupar<br />

o Tempo de Estu<strong>do</strong>s nas Oficinas lá instaladas.<br />

Profun<strong>do</strong> conhece<strong>do</strong>r <strong>do</strong>s mistérios da Ordem, lutou<br />

pela união das Potências Maçônicas Brasileiras.<br />

“Após sua partida para o <strong>Oriente</strong> Eterno, em dezembro<br />

de 1981, criou-se a Loja Miguel Archanjo Tolosa<br />

2131. Fundada por um grupo de obreiros <strong>do</strong> <strong>Grande</strong><br />

<strong>Oriente</strong> <strong>do</strong> Brasil, representou uma homenagem<br />

a um valoroso maçom da <strong>Grande</strong> Loja. A Maçonaria<br />

<strong>do</strong> <strong>Distrito</strong> <strong>Federal</strong> prestou, desse mo<strong>do</strong>, a mais justa<br />

e perfeita homenagem a Miguel Alrchanjo Tolosa”,<br />

escreveu o Ir. Lucas Galdeano, Grão-Mestre Adjunto<br />

<strong>do</strong> GODF e ex-venerável mestre da Loja Miguel Archanjo<br />

Tolosa.<br />

* Fonte: GALDEANO, Lucas F., Miguel Archanjo<br />

Tolosa: Patrono da Nossa Loja, in Cardernos de<br />

Pesquisas Maçônicas 18, Editora Maçônica<br />

A Trolha, 2001.


Tempo de estu<strong>do</strong><br />

Curso de Maçonaria Simbólica<br />

A<br />

Loja Miguel Archanjo Tolosa promoveu,<br />

nos dias 22 e 23 de outubro, o XVII Curso<br />

de Maçonaria Simbólica “José Castellani”,<br />

no Templo Nobre <strong>do</strong> GODF. O evento<br />

contabilizou 70 irmãos presentes, entre<br />

eles, o eminente Grão-Mestre <strong>do</strong> GODF, Jafé Torres, e<br />

o Grão-Mestre Adjunto, Lucas Galdeano.<br />

A palestra de abertura, na sexta à noite, foi proferida<br />

pelo Ir. Marden Maluf sobre o tema “A ciência Maçônica<br />

<strong>do</strong> equilíbrio”.<br />

22 ao enyte<br />

Abertura <strong>do</strong> XVII Curso de Maçonaria Simbólica José Castellani.<br />

No dia 23, sába<strong>do</strong>, outras cinco palestras: “O simbolismo<br />

das marchas no R.·.E.·.A.·.A.·.”, com o Ir. Raul<br />

Sturari; “200 anos de Maçonaria no Brasil”, com o Ir.<br />

William Carvalho; “Pavimento mosaico: pluralidade e<br />

multiculturalidade”, com o Ir. Danilo Porfírio; “As atribuições<br />

de um venerável mestre”, com Lucas Galdeano<br />

e “A contribuição de Wolfgang Amadeus Mozart à<br />

Maçonaria”, com o Ir. Marden Maluf.<br />

Colaborou o Ir. Orlan<strong>do</strong> Galdeano.


1<br />

4<br />

1. Marden Maluf proferiu as palestras de abertura e de encerramento <strong>do</strong> evento; 2. William Carvalho falou sobre os 200 anos<br />

da Maçonaria no Brasil; 3. O pró-reitor <strong>do</strong>s cursos de pós-graduação <strong>do</strong> Centro Universitário UDF e um <strong>do</strong>s responsáveis<br />

pelo curso de pós-graduação sobre história da Maçonaria ofereci<strong>do</strong> pela instituição, Fabiano Ferraz, participou <strong>do</strong> curso<br />

José Castellani como membro da Tolosa; 4. O venerável mestre da Loja Miguel Archanjo Tolosa, Clemir Márcio Rodrigues,<br />

agradeceu a participação de IIr. de outras lojas; 5. Os IIr. Orlan<strong>do</strong> Galdeano, Décio Bottechia Jr., José Braz Jr. e Joaquim<br />

Nogales; 6. O Grão-Mestre <strong>do</strong> GODF, Jafé Torres, e o Grão-Mestre Adjunto, Lucas Galdeano, seguram fotos <strong>do</strong>s IIr. Francisco<br />

Murilo Pinto e Joferlino Miranda Pontes, respectivamente, ex-Grão-Mestre-Geral <strong>do</strong> GOB e ex-Grão-Mestre-Geral Adjunto,<br />

que foram homenagea<strong>do</strong>s na palestra “A Ciência Maçônica <strong>do</strong> Equilíbrio”, proferida por Marden Maluf.<br />

5<br />

2<br />

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3<br />

6


Terceiro setor<br />

Joaquim Gonçalves Lê<strong>do</strong>, 1o vigilante <strong>do</strong> <strong>Grande</strong><br />

<strong>Oriente</strong> <strong>do</strong> Brasil em 1822, jamais poderia<br />

supor que, 172 anos mais tarde, um grupo de<br />

maçons intitularia uma organização social com<br />

o seu nome, no coração <strong>do</strong> país — a Fundação Gonçalves<br />

Lê<strong>do</strong> – FGL. E se surpreenderia mais ainda ao<br />

sabê-la capaz de formar, em 20 meses, mais de 200<br />

mil alunos nos diferentes 52 cursos ministra<strong>do</strong>s, <strong>do</strong>s<br />

quais 40 na área de informática e 12 de capacitação<br />

em outras áreas profissionais. (Veja em http://www.<br />

dfdigital.df.gov.br/)<br />

A FGL, na qualidade de gestora <strong>do</strong> Programa <strong>do</strong> DF<br />

Digital, principal eixo na promoção da inclusão digital<br />

e capacitação técnica <strong>do</strong> <strong>Distrito</strong> <strong>Federal</strong> por meio<br />

de ensino a distância, multiplicou por cinco a quantidade<br />

de alunos inscritos no programa. No início da<br />

gestão da FGL, em abril de 2009, o DF Digital contava<br />

com 14,6 mil alunos matricula<strong>do</strong>s. Consideran<strong>do</strong>-se<br />

a matricula de estudantes em <strong>do</strong>is ou mais cursos,<br />

representava 28,8 mil cursos em andamento (veja<br />

quadro na página ao la<strong>do</strong>).<br />

Vocação beneficente<br />

Como seu patrono, a FGL enfrentou obstáculos para<br />

a implementação de ações empreende<strong>do</strong>ras implícitas<br />

em seus projetos de mudança social. Criada em<br />

6 de abril de 1994, sob a inspiração de membros da<br />

Loja Gonçalves Lê<strong>do</strong>, <strong>do</strong> <strong>Oriente</strong> de Taguatinga, a<br />

FGL se desvinculou de sua loja-mãe para firmar contrato<br />

de gestão, em 2009, com vigência por 5 anos,<br />

com a Secretaria de Ciência e Tecnologia <strong>do</strong> GDF, por<br />

meio da Fundação de apoio à Pesquisa – FAP.<br />

Os resulta<strong>do</strong>s alcança<strong>do</strong>s no programa de inclusão digital,<br />

porém, não afastaram a FGL de sua vocação beneficente,<br />

ao contrário. Integrou Ações Cívico-Sociais<br />

juntamente com outros parceiros sociais, compreenden<strong>do</strong><br />

ações educativas de saúde, regularização de<br />

<strong>do</strong>cumentos, distribuição de alimentos e kits de saúde<br />

bucal nas cidades <strong>do</strong> entorno <strong>do</strong> DF. Mais recentemente,<br />

em 19 de novembro, a FGL lançou, juntamen-<br />

24 ao enyte<br />

Fundação Gonçalves Lê<strong>do</strong><br />

uma organização social<br />

O presidente da FGL, Tasso Ottoni, e mil cestas básicas para<br />

a campanha Natal da Fraternidade, no pátio interno <strong>do</strong> ed.<br />

Embassy Tower, sede da Fundação no Plano Piloto. Outras<br />

duas mil cestas ficaram na garagem, porque a laje poderia não<br />

suportar o peso.<br />

te com o <strong>Grande</strong> <strong>Oriente</strong> <strong>do</strong> <strong>Distrito</strong> <strong>Federal</strong>, a Ordem<br />

<strong>do</strong>s Advoga<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Brasil Seccional <strong>do</strong> DF – OAB/DF<br />

e com o apoio <strong>do</strong> Correio Braziliense e <strong>do</strong> Banco <strong>do</strong><br />

Brasil, a campanha “Natal da Fraternidade”, com o objetivo<br />

de arrecadar 20 mil cestas básicas, a serem distribuídas<br />

à população de baixa renda.<br />

Em sua sede matriz, no Recanto das Emas, cidade<br />

satélite de Brasília, a FGL já atendeu gratuitamente<br />

a mais de 50 mil pessoas na área de clínica médica,<br />

oftalmológica e o<strong>do</strong>ntológica. A sede possui 3.000<br />

m2 de área construída, num terreno de 600.000 m2 ,<br />

sen<strong>do</strong> equipada com ambulatórios médicos e consultórios<br />

o<strong>do</strong>ntológicos, refeitório e 11 salas de aula,<br />

onde cerca de 3,2 mil pessoas já foram certificadas<br />

em cursos profissionalizantes, entre 2000 e 2005, no<br />

âmbito das ações <strong>do</strong> FAT – Fun<strong>do</strong> de Amparo ao Trabalha<strong>do</strong>r,<br />

<strong>do</strong> Ministério <strong>do</strong> Trabalho e Emprego.<br />

Trabalho reconheci<strong>do</strong><br />

A transformação da FGL começou em 2005, quan<strong>do</strong><br />

Wellington de Queiroz, membro da Loja Gonçalves<br />

Lê<strong>do</strong>, assumiu sua presidência. Os esforços então<br />

empreendi<strong>do</strong>s foram para tornar a FGL independente<br />

de qualquer loja maçônica.


Alterações procedidas em seu estatuto, desvincularam<br />

a FGL da loja-origem, permitin<strong>do</strong> sua habilitação<br />

como organização social sem fins lucrativos no<br />

GDF, ainda em 2007. O reconhecimento das ações<br />

implementadas pela FGL desde 1994 conferiu-lhe<br />

certifica<strong>do</strong> de organização social, permitin<strong>do</strong>-lhe a<br />

participação em processos licitatórios em geral.<br />

Substituin<strong>do</strong> a UnB<br />

Com o encerramento, em 2008, <strong>do</strong> convênio firma<strong>do</strong><br />

entre a Universidade de Brasília e o GDF para a gestão<br />

<strong>do</strong> DF Digital, instituí<strong>do</strong> por decreto, em agosto<br />

de 2006, o GDF abriu nova concorrência pública<br />

para que entidades sociais capacitadas dela participassem.<br />

A FGL foi habilitada no processo licitatório,<br />

sen<strong>do</strong> selecionada como gestora <strong>do</strong> programa no<br />

primeiro trimestre de 2009.<br />

“Confirma<strong>do</strong> o resulta<strong>do</strong> da licitação, alugamos instalações<br />

no edifício Palácio da Imprensa, no setor de<br />

Rádio de TV Sul, porque foi uma exigência <strong>do</strong> contrato<br />

criar uma sede administrativa da Fundação<br />

no Plano Piloto. Abrimos licitação para a aquisição<br />

de milhares de computa<strong>do</strong>res, ao mesmo tempo<br />

Suspeitas infundadas<br />

em que realizamos concurso<br />

público para a contratação<br />

de 400 funcionários”, recorda<br />

Wellington de Queiroz, que<br />

presidiu a FGL por <strong>do</strong>is mandatos<br />

consecutivos (2005-<br />

2009), sen<strong>do</strong> membro atual<br />

<strong>do</strong> Conselho Cura<strong>do</strong>r da entidade.<br />

À Manoel Tavares Santos, sucessor de Queiroz à<br />

frente da FGL, coube esclarecer notícias infundadas<br />

então veiculadas, no início de 2010, sobre possível<br />

ilegalidade na contratação da FGL. Pós-gradua<strong>do</strong><br />

em administração de empresas e alto funcionário de<br />

carreira <strong>do</strong> Banco Central , Tavares alcançou pleno<br />

sucesso na gestão de esclarecimentos eficazmente<br />

presta<strong>do</strong>s à sociedade sobre a legalidade da contratação<br />

de Organizações Sociais pelo Esta<strong>do</strong>.<br />

O mal-entendi<strong>do</strong> teve sua origem quan<strong>do</strong> o GDF, ao<br />

encaminhar ao Superior Tribunal de Justiça informações<br />

sobre valores pagos às empresas presta<strong>do</strong>ras<br />

de serviços de informática, não incluiu os valores de-<br />

Evolução da gestão FGL no DF Digital<br />

Categorias 04/2009 11/2010 Aumento<br />

Alunos<br />

matricula<strong>do</strong>s<br />

Cursos em<br />

andamento<br />

14,6 mil 74 mil 407%<br />

28,8 mil 153 mil 431%<br />

Queda no custo por curso ministra<strong>do</strong><br />

2010<br />

Custo por curso<br />

ministra<strong>do</strong> em R$<br />

Variação de custo<br />

em %<br />

Fevereiro 321,48 100%<br />

Maio 217,57 – 32,3%<br />

Junho 195,31 – 39,2%<br />

vi<strong>do</strong>s à FGL. O GDF não incluiu a Fundação, porque<br />

mantém com a FGL um contrato de gestão, e não de<br />

prestação de serviços de informática, mas, até explicar<br />

a diferença entre esses <strong>do</strong>is contratos, a imprensa<br />

divulgou suspeitas infundadas <strong>do</strong> Ministério Público<br />

e tu<strong>do</strong> teve de ser explica<strong>do</strong> no Tribunal de Justiça <strong>do</strong><br />

<strong>Distrito</strong> <strong>Federal</strong> e <strong>do</strong>s Territórios – TJDFT, que aprovou<br />

o contrato de gestão de acor<strong>do</strong> com a lei.<br />

Por motivos de saúde, Manoel Tavares pediu exoneração<br />

<strong>do</strong> cargo em fevereiro, sen<strong>do</strong> substituí<strong>do</strong> pelo<br />

prof. Tasso Ottoni, então diretor de operações da entidade.<br />

Em julho passa<strong>do</strong>, com a superação judicial<br />

<strong>do</strong> impasse sobre a legalidade <strong>do</strong> contrato de gestão,<br />

deu-se continuidade aos serviços presta<strong>do</strong>s em<br />

face da competência e zelo implícitos na execução<br />

<strong>do</strong> programa de inclusão digital.<br />

A meta é exportar<br />

Para Reginal<strong>do</strong> Silva Pereira<br />

Filho, membro <strong>do</strong> Conselho<br />

Cura<strong>do</strong>r da FGL, a entidade<br />

está plenamente capacitada<br />

para expandir suas atividades<br />

para outros esta<strong>do</strong>s. “A FGL é<br />

a principal entidade de ensino<br />

a distância focada no atendimento<br />

da demanda de capacitação nos esta<strong>do</strong>s e municípios,<br />

com plenas condições de “exportar” a exitosa<br />

experiência <strong>do</strong> <strong>Distrito</strong> <strong>Federal</strong> , tanto na área de ensino<br />

a distância, como também em tecnologia Wi-Fi”.<br />

ao enyte<br />

25


“Criamos padrões de eficiência na oferta de cursos<br />

de capacitação no setor de informática e de qualificação<br />

profissional. Unificamos a programação <strong>do</strong>s<br />

cursos em um Único Sistema de Gerenciamento da<br />

Aprendizagem e as plataformas <strong>do</strong>s polos, o que<br />

permite ao aluno fazer um curso em qualquer polo,<br />

ou até mesmo em casa, pelo seu computa<strong>do</strong>r”, salienta<br />

Tasso Ottoni.<br />

O secretário de Ciência e Tecnologia, Divino Martins,<br />

destaca: “O DF Digital gera renda para a população e,<br />

por isso, também é um programa de inclusão social”.<br />

26 ao enyte<br />

1<br />

2<br />

Numero de polos <strong>do</strong> DF Digital<br />

Abril 2009 Novembro de 2010<br />

72 unidades 135 unidades<br />

O DF Digital conta com 135 polos com computa<strong>do</strong>res<br />

com acesso à internet espalha<strong>do</strong>s<br />

pelo <strong>Distrito</strong> <strong>Federal</strong>. Há polos instala<strong>do</strong>s em<br />

edifícios próprios <strong>do</strong> GDF (27), paróquias (46),<br />

entidades conveniadas com o Ministério da<br />

Ciência e Tecnologia (29) e em outros órgãos<br />

parceiros (33).<br />

1. Equipe <strong>do</strong> Polo de Ceilândia Norte; 2. Magda Landim,<br />

monitora <strong>do</strong> Polo Paranoá: “o DF Digital já recuperou<br />

até alcoólatra”; 3. Seu Odir (83) e <strong>do</strong>na Alda Falcão (79),<br />

inclusão digital sem precisar <strong>do</strong>s netos.<br />

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3


1. Diploma<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Curso Geração III <strong>do</strong> Polo Sobradinho<br />

com o deputa<strong>do</strong> federal reeleito Ir. Isalci Lucas: internet<br />

para a terceira idade; 2. Adriana de Queiroz, coordena<strong>do</strong>ra<br />

<strong>do</strong> Polo Touring: “Os alunos <strong>do</strong> Geração III são os mais<br />

assíduos”.<br />

1<br />

2<br />

O 1 o vigilante <strong>do</strong> GOB<br />

Joaquim Gonçalves Lê<strong>do</strong><br />

(1781-1847) empregava<br />

o nome de Diderot,<br />

o revolucionário editor<br />

da Enciclopédia Francesa,<br />

nas sessões <strong>do</strong> <strong>Grande</strong><br />

<strong>Oriente</strong> <strong>do</strong> Brasil, <strong>do</strong> qual<br />

foi um <strong>do</strong>s funda<strong>do</strong>res, em<br />

17 de junho de 1822, e o<br />

primeiro a ocupar o cargo<br />

de 1o grande vigilante <strong>do</strong><br />

GOB. Os historia<strong>do</strong>res maçons<br />

o consideram o maior<br />

maçom de sua época e também o mais injustiça<strong>do</strong>,<br />

pois muito pouco é cita<strong>do</strong> sobre sua figura na história<br />

oficial <strong>do</strong> Brasil.<br />

Republicano, defendeu ar<strong>do</strong>rosamente a independência<br />

<strong>do</strong> Brasil em sessão <strong>do</strong> GOB, o que originou<br />

as comemorações <strong>do</strong> Dia <strong>do</strong> Maçom (veja matéria<br />

na página16). Exilou-se quan<strong>do</strong> D. Pedro fechou o<br />

GOB e retornou para reinstalação <strong>do</strong> <strong>Grande</strong> <strong>Oriente</strong><br />

(1831-1832). Em 1834, perdeu a cadeira de deputa<strong>do</strong><br />

e deixou a vida pública. Faleceu em 1847, em sua<br />

fazenda Sumi<strong>do</strong>uro, em Santana de Macacu, no Rio<br />

de Janeiro.<br />

ao enyte<br />

27


Atualidade<br />

28<br />

Nebulosa<br />

Em<br />

1908, no auge <strong>do</strong> ciclo econômico<br />

da borracha, Euclides<br />

da Cunha alertou para a<br />

problemática da Amazônia,<br />

figuran<strong>do</strong>-a como uma nebulosa, cujo movimento<br />

centrífugo de expansão, ao crescer com o tempo,<br />

poderia levá-la a despregar-se <strong>do</strong> Brasil.<br />

Com um território que ocupa 60% <strong>do</strong> Brasil, a Bacia<br />

Amazônica detém 20% da água <strong>do</strong>ce <strong>do</strong> planeta e<br />

sua malha hidroviária chega a 22 mil quilômetros.<br />

Sua biodiversidade representa 30% das florestas e<br />

10% da biota mundial, com 3 bilhões de espécies e<br />

um banco genético incalculável. Geologicamente, é<br />

a última fronteira mineral da Terra.<br />

ao enyte<br />

Amazônia<br />

Maynard Marques de Santa Rosa*<br />

A população da Amazônia Legal ultrapassa os 24 milhões<br />

e cresce a uma taxa superior à média nacional.<br />

Os polos urbanos concentram 72% <strong>do</strong> total. O restante<br />

vive às margens <strong>do</strong>s rios e estradas, esvazian<strong>do</strong><br />

o interior. Somente a metrópole de Belém possui<br />

mais de 2 milhões de pessoas, e a de Manaus, mais<br />

de 1,5 milhão.<br />

Apesar da magnitude <strong>do</strong> seu potencial, o produto regional<br />

bruto é pífio em relação à economia brasileira,<br />

representan<strong>do</strong> apenas 6% <strong>do</strong> PIB nacional, logo, a<br />

Região ainda se constitui mais um problema <strong>do</strong> que<br />

uma solução para o Brasil.<br />

Evocan<strong>do</strong> o simbolismo da linguagem de Euclides,<br />

são aborda<strong>do</strong>s a seguir os principais fatores que, ori-


gina<strong>do</strong>s na vastidão amazônica, afetam o equilíbrio<br />

geopolítico <strong>do</strong> nosso país. Os fatores centrípetos são<br />

os que fortalecem a coesão nacional, e os centrífugos,<br />

os que a enfraquecem.<br />

Fatores Centrípetos<br />

O que mais favorece a soberania brasileira sobre a<br />

Amazônia são sua posição geográfica e configuração<br />

territorial.<br />

Excêntrica em relação à zona de maior circulação<br />

da riqueza global no hemisfério norte, a região dista<br />

mais de seis mil quilômetros <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s,<br />

evitan<strong>do</strong> o chama<strong>do</strong> efeito gravitacional das superpotências<br />

e garantin<strong>do</strong> ao Brasil ampla liberdade de<br />

ação política.<br />

A forma compacta <strong>do</strong> território facilita o controle,<br />

contrastan<strong>do</strong> com a In<strong>do</strong>nésia, por exemplo, onde<br />

as ilhas da periferia vêm sen<strong>do</strong> atraídas pelos polos<br />

de interesse circunvizinhos (Cingapura e Austrália).<br />

O arco orográfico que envolve a Bacia Amazônica<br />

— os Andes, o Planalto Central brasileiro e o Maciço<br />

Guianense — funciona como uma espécie de armadura<br />

natural, protegen<strong>do</strong>-a da ingerência externa.<br />

Debruçada no Atlântico, a região tem a cidade de<br />

Belém como portal de entrada, o que enfatiza sua<br />

importância estratégica.<br />

Fatores Centrífugos<br />

A Amazônia brasileira encerra contenciosos geopolíticos<br />

cujo potencial de risco é proporcional à vastidão<br />

<strong>do</strong> patrimônio territorial. Os principais são: o<br />

isolamento, o vazio populacional, que torna a região<br />

um deserto verde, o subdesenvolvimento e as questões<br />

ambiental, indígena e administrativa.<br />

O isolamento natural restringe o acesso à região, limitan<strong>do</strong>-o<br />

historicamente ao transporte aquaviário,<br />

fato que justifica os <strong>do</strong>is séculos de independência<br />

<strong>do</strong> Grão-Pará em relação ao Brasil. Daí a necessidade<br />

de integração viária com o restante <strong>do</strong> país.<br />

O vazio populacional amazônico foi considera<strong>do</strong> pelo<br />

eminente prof. Arman<strong>do</strong> Mendes como seu principal<br />

problema político. Na verdade, a colonização efetiva<br />

só aconteceu na segunda metade <strong>do</strong> século XIX, com<br />

a atração de mão de obra nordestina para os seringais<br />

da margem direita <strong>do</strong> rio Amazonas. Esse ambiente é<br />

o habitat natural da hevea brasiliensis, a seringueira<br />

de maior produtividade. Na margem esquerda, ou<br />

“Calha Norte”, pre<strong>do</strong>mina a hevea benthamiana, espécie<br />

secundária, de baixo rendimento, o que inviabiliza<br />

sua exploração econômica, por isso aquela área<br />

continua desabitada.<br />

A densidade populacional de Roraima é de 1,8 hab/<br />

km 2 , enquanto a <strong>do</strong> Brasil é de 21,5, o que torna imprudente<br />

a política de reservas indígenas, que força<br />

a “desintrusão” de não índios, reduzin<strong>do</strong> ainda mais a<br />

humanização <strong>do</strong> território.<br />

O subdesenvolvimento regional decorre da matriz<br />

econômica, o extrativismo. Inicialmente vegetal, e<br />

atualmente mineral, a indústria extrativa não é capaz<br />

de assegurar sustentabilidade à economia. A política<br />

tradicional de incentivos fiscais vem crian<strong>do</strong> alguma<br />

compensação, mas só conseguiu como resulta<strong>do</strong> a<br />

Zona Franca de Manaus, que custa 5 bilhões de dólares<br />

por ano ao Brasil. O Índice de Desenvolvimento<br />

Humano (IDH) é de 0,725, enquanto a média nacional<br />

é de 0,792. O desenvolvimento autossustentável<br />

da Amazônia, portanto, é outro impositivo estratégico<br />

para o nosso país.<br />

A questão ambiental tem como tese o fundamentalismo<br />

ambientalista e como antítese a cultura<br />

nativa de desrespeito à natureza. Essa dialética ameaça<br />

conservar a região subdesenvolvida. Evidentemente,<br />

a mentalidade de respeito ao meio ambiente<br />

representa uma conquista da civilização, mas o radicalismo,<br />

que chega ao extremo de considerar o ser<br />

humano um intruso na natureza, só contribui para<br />

ocultar interesses inconfessáveis. Três bandeiras<br />

principais têm alimenta<strong>do</strong> a propaganda a partir da<br />

década de 1970: a tese <strong>do</strong> “pulmão <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>”, a <strong>do</strong><br />

“aquecimento global” e o noticiário sobre o desmatamento.<br />

Segun<strong>do</strong> o prof. Samuel Benchimol, a primeira surgiu<br />

a partir de uma interpretação equivocada da resposta<br />

<strong>do</strong> dr. Harold Sioli, <strong>do</strong> Instituto Max Planck, a<br />

uma consulta da UPI, em 1971. O cientista afirmou<br />

que um quarto <strong>do</strong> CO 2 existente na atmosfera estava<br />

armazena<strong>do</strong> na biosfera da floresta. A imprensa distorceu<br />

para um quarto <strong>do</strong> oxigênio, fazen<strong>do</strong> a polêmica<br />

perdurar por mais de três décadas.<br />

ao enyte<br />

29


30<br />

A segunda baseia-se na crença de que o “efeito estufa”<br />

é causa<strong>do</strong> pela emissão de dióxi<strong>do</strong> de carbono<br />

(CO ) gera<strong>do</strong> pela humanidade. São 14 bilhões de<br />

2<br />

toneladas por ano, sen<strong>do</strong> quase 90% oriun<strong>do</strong>s <strong>do</strong><br />

primeiro mun<strong>do</strong> e da China. As queimadas da floresta<br />

representam 3% dessa poluição. Contu<strong>do</strong>, no<br />

contraponto de “A Fraude <strong>do</strong> Aquecimento Global”,<br />

o geólogo Geral<strong>do</strong> Luís Lino afirma que: “não há evidência<br />

científica que vincule os combustíveis fósseis<br />

aos aumentos recentes de temperatura”. Em outra<br />

opinião científica, o prof. Luís Carlos Molion alerta<br />

que a redução forçada das emissões de carbono diminuiria<br />

a oferta de energia, condenan<strong>do</strong> os países<br />

subdesenvolvi<strong>do</strong>s à pobreza eterna.<br />

A terceira polêmica é a <strong>do</strong> desmatamento. O noticiário<br />

volta<strong>do</strong> à formação da opinião pública costuma<br />

englobar indistintamente os índices de desmatamento<br />

legal e ilegal como violação ambiental, o que caracteriza<br />

manipulação com objetivo desconheci<strong>do</strong>.<br />

As pressões ambientalistas vêm provocan<strong>do</strong> a proliferação<br />

de legislação ambiental e de reservas em<br />

to<strong>do</strong>s os níveis (federal, estadual e municipal). A Embrapa<br />

quantificou as restrições existentes (inclusive<br />

indígenas), concluin<strong>do</strong> que somente um quarto das<br />

terras nacionais está legalmente disponível para a<br />

atividade produtiva. Na Amazônia, essa orquestração<br />

tornou-se arma neocolonialista, inviabilizan<strong>do</strong> o<br />

empreende<strong>do</strong>rismo priva<strong>do</strong>, única forma de sustentar<br />

o desenvolvimento.<br />

A questão indígena exacerbou-se após a Constituição<br />

<strong>Federal</strong> de 1988. Sob a influência <strong>do</strong> movimento<br />

indigenista, os Constituintes reverteram o<br />

princípio histórico de integração <strong>do</strong> índio à comunhão<br />

nacional, substituin<strong>do</strong>-o pelo da “interação”.<br />

Com isso, as tribos remanescentes tiveram reconheci<strong>do</strong>,<br />

ainda que tacitamente, o status de nações paralelas<br />

à nação brasileira, coexistin<strong>do</strong> no território nacional.<br />

O Estatuto <strong>do</strong> Índio, que mantém o preceito<br />

da integração, não foi atualiza<strong>do</strong>, o que causa inúmeros<br />

contenciosos.<br />

Observe-se que a política indigenista tradicional<br />

remonta ao Regimento <strong>do</strong> Diretório <strong>do</strong>s Índios, de<br />

1755. Por meio dele, o marquês de Pombal extinguiu<br />

a escravidão indígena, fomentou os casamentos<br />

entre portugueses e índias e concedeu o direito de<br />

preferência sobre as terras às famílias mestiças, cujos<br />

ao enyte<br />

filhos foram torna<strong>do</strong>s capazes legalmente, sen<strong>do</strong><br />

proibida a discriminação. O efeito histórico dessa<br />

política manifesta-se nos traços físicos da sociedade<br />

amazônica, em que quase 70% da população é constituída<br />

de mestiços, 24% de brancos e apenas 2,7%<br />

de índios. Logo, são os nativos que vêm absorven<strong>do</strong><br />

o contingente branco. A revisão dessa tradição, no<br />

entanto, ensejou a proliferação de reservas indígenas<br />

quase sempre situadas sobre grandes riquezas<br />

minerais. São 294 terras indígenas, que ocupam<br />

822,9 mil km2 . A área yanomami (96 mil km2 ) é maior<br />

<strong>do</strong> que Portugal (92 mil km2 ) e foi criada na fronteira,<br />

para abrigar 7 mil índios. A de Raposa-Serra <strong>do</strong> Sol<br />

equivale a 80% <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> de Sergipe.<br />

A questão administrativa iniciou-se em 1823,<br />

quan<strong>do</strong> o território amazônico foi incorpora<strong>do</strong> ao<br />

Brasil. A falta de vivência com sua gestão política, no<br />

entanto, tem induzi<strong>do</strong> os governos a tratá-la como<br />

um grande latifúndio. O último estadista a aplicar<br />

um plano estratégico completo para a região foi o<br />

marquês de Pombal.<br />

No século XIX, o Império brasileiro teve de postergálo,<br />

por força da Guerra <strong>do</strong> Paraguai. No início <strong>do</strong> século<br />

XX, o marechal Hermes da Fonseca, reagin<strong>do</strong> ao<br />

colapso <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> da borracha, esboçou o primeiro<br />

plano republicano, que não pôde ser implementa<strong>do</strong><br />

devi<strong>do</strong> às crises internas. Na 2ª Guerra Mundial, a<br />

ocupação <strong>do</strong>s seringais <strong>do</strong> Pacífico pelos japoneses<br />

fez reativar, por 4 anos, o comércio da borracha amazônica.<br />

Após o novo colapso, Getúlio Vargas criou os<br />

territórios federais <strong>do</strong> Guaporé (atual Rondônia), Rio<br />

Branco (atual Roraima) e Amapá.<br />

Foi por iniciativa parlamentar que a Constituição de<br />

1946 previu a aplicação de 3% da receita tributária<br />

da União no desenvolvimento regional, levan<strong>do</strong> o<br />

segun<strong>do</strong> governo Getúlio Vargas a definir a Amazônia<br />

Legal e a criar uma agência de desenvolvimento<br />

voltada para a borracha — a Sudhevea. As idiossincrasias<br />

locais, porém, impediram que ela atingisse<br />

sua finalidade.<br />

Juscelino Kubistchek iniciou a integração viária com<br />

a implantação da ro<strong>do</strong>via Belém-Brasília, uma obra<br />

sinérgica. E o Plano de Integração Nacional, a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong><br />

pelos governos militares, permitiu a abertura das ro<strong>do</strong>vias<br />

Transamazônica, BR-319, BR-163, BR-174 e Perimetral<br />

Norte, a criação da Embratel e <strong>do</strong> Banco da


Área da Amazônia Legal<br />

5.217.423 km2 61% <strong>do</strong> território nacional<br />

(área sete vezes maior que a da França)<br />

Áreas de reserva<br />

105.673.003 de hectares<br />

12,1% <strong>do</strong> território nacional (equivalente a duas Espanhas)<br />

População total da Amazônia<br />

24 milhões de brasileiros<br />

12,83% da população nacional<br />

População indígena brasileira<br />

534 mil índios<br />

56% da população indígena <strong>do</strong> país está na Amazônia<br />

Crescimento demográfico na Amazônia<br />

1,64% ao ano.<br />

40% acima <strong>do</strong> crescimento médio nacional. Entre 1950 e 2007, a população<br />

da Amazônia Legal cresceu 516%, ritmo muito acima da média nacional,<br />

que foi de 254%<br />

Amazônia e a ativação da Zona Franca de Manaus,<br />

mas teve de ser interrompi<strong>do</strong> pela crise <strong>do</strong> petróleo.<br />

A Constituição de 1988 instituiu o mecanismo das<br />

transferências da União (obrigatórias e voluntárias),<br />

dan<strong>do</strong> aos esta<strong>do</strong>s amazônicos o mesmo tratamento<br />

<strong>do</strong>s demais.<br />

Em 2005, o governo Lula lançou o Plano Amazônia<br />

Sustentável (PAS). Trata-se, porém, de um discurso<br />

ideológico de 101 páginas, dirigi<strong>do</strong> à comunidade<br />

amazônica, sem definir metas. Tem como premissa<br />

o seguinte: “a descentralização de políticas públicas<br />

reduz custos, aumenta a transparência e o controle<br />

social”. Contu<strong>do</strong>, o Programa Calha Norte constatou,<br />

em 2007, que “os esta<strong>do</strong>s amazônicos administram<br />

a própria economia, sem referencial federal e sem<br />

preocupação com a sustentabilidade. A mentalidade<br />

existente é de aplicações que aumentam a despesa<br />

de custeio, sem impacto no crescimento da<br />

economia”. E os indica<strong>do</strong>res da Secretaria <strong>do</strong> Tesouro<br />

Nacional mostram o quanto aqueles esta<strong>do</strong>s dependem<br />

<strong>do</strong>s repasses federais para sua vida vegetativa.<br />

Além de tu<strong>do</strong>, o PAS não é um plano de gestão. Nas<br />

suas próprias palavras, limita-se a “diretrizes estruturantes<br />

que balizem amplos processos de negociação<br />

com os atores sociais relevantes”.<br />

Ac<br />

Conclusão<br />

RR<br />

AP<br />

Reservas indígenas<br />

Faixa de fronteira<br />

A Amazônia permanece como um megalatifúndio:<br />

espaços vazios, presença incipiente <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, integração<br />

incompleta <strong>do</strong> território e da população<br />

indígena, subdesenvolvimento econômico e social.<br />

Tem alta taxa de crescimento demográfico, com estagnação<br />

econômica, o que pode ressuscitar a cabanagem.<br />

A falta de um plano estratégico, a política de criação<br />

de reservas e a legislação ambiental restritiva inviabilizam<br />

o aproveitamento econômico <strong>do</strong> território.<br />

Mantidas as atuais condições, estarão comprometi<strong>do</strong>s<br />

o desenvolvimento e a sustentabilidade, e o fator<br />

de risco à soberania nacional tende a crescer com<br />

o tempo.<br />

Do estu<strong>do</strong> sobressaem, portanto, três desafios inevitáveis<br />

para o futuro da Amazônia: desenvolvimento<br />

autossustentável, integração ao Brasil (física e psicossocial)<br />

e colonização seletiva da Calha Norte.<br />

* Maynard Marques de Santa Rosa é general de Exército, ten<strong>do</strong><br />

desempenha<strong>do</strong> as funções de subchefe <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>-Maior <strong>do</strong><br />

Exército (EME), secretário de política, estratégia e assuntos<br />

internacionais <strong>do</strong> Ministério da Defesa (MD) e chefe <strong>do</strong><br />

Departamento Geral <strong>do</strong> Pessoal, em Brasília/DF.<br />

ao enyte<br />

31


O poder politico<br />

e suas transformacoes<br />

Se<br />

observarmos todas as comunidades humanas<br />

já existentes, veremos que reúnem<br />

uma característica comum: a divisão da<br />

sociedade entre governantes e governa<strong>do</strong>s. Um grupo<br />

detém e monopoliza o poder político (capacidade<br />

de influenciar e controlar pessoas) e o outro não.<br />

Boa parte da filosofia política dedicou-se a estudar<br />

o que gera poder político. Historicamente, para os<br />

gregos, o direito de comandar vinha da capacidade<br />

de persuadir. Por exemplo, Péricles não entrou para a<br />

história como um grande político por suas habilidades<br />

de administra<strong>do</strong>r ou de chefe militar, mas pela<br />

eloquência com que proferia seus discursos e mantinha<br />

alta a estima <strong>do</strong> povo ateniense.<br />

Crítico dessa visão estética da política, Platão renegou<br />

a forma <strong>do</strong>s discursos e enfatizou seu conteú<strong>do</strong>.<br />

O poder deveria ter como base de sustentação a verdade,<br />

a busca da essência das coisas (simplifican<strong>do</strong>,<br />

o político deveria ser um especialista ou um tecnocrata,<br />

como se diz nos dias atuais).<br />

Bastante influenciada pelas ideias platônicas, a filosofia<br />

cristã foi pelo mesmo caminho, mas com<br />

uma conotação religiosa. A finalidade <strong>do</strong> poder<br />

político seria ajudar a conduzir as pessoas por “vales<br />

de sombras”, de forma a assegurar-lhes o gozo<br />

<strong>do</strong> paraíso revela<strong>do</strong>. Era comum realizar analogias<br />

entre ovelhas e pastores, com o Esta<strong>do</strong> exercen<strong>do</strong>,<br />

muitas vezes de forma violenta, a tutela espiritual<br />

<strong>do</strong>s cidadãos.<br />

Maquiavel quebrou a ideia de que a política devesse<br />

ter algum compromisso com a busca de qualquer<br />

tipo de verdade, fosse ela filosófica ou divina. Para o<br />

pensa<strong>do</strong>r florentino, política se resumia à luta pelo<br />

poder, o que lhe conferia a dimensão de jogo que ela<br />

possui até hoje. A política seria possui<strong>do</strong>ra de lógica<br />

* Leonar<strong>do</strong> Barreto é <strong>do</strong>utoran<strong>do</strong> em Ciência Política pela<br />

Universidade de Brasília (UnB), coordena<strong>do</strong>r <strong>do</strong> curso de<br />

Ciência Política <strong>do</strong> Centro Universitário <strong>do</strong> <strong>Distrito</strong> <strong>Federal</strong><br />

(UDF) e funda<strong>do</strong>r <strong>do</strong> site http://casadepolitica.blogspot.com/.<br />

32 ao enyte<br />

Leonar<strong>do</strong> Barreto*<br />

e ética próprias, bastante distantes <strong>do</strong> convenciona<strong>do</strong><br />

pela moral cristã.<br />

A concepção maquiavélica de política como jogo é o<br />

que poderíamos chamar de hardpower, o que retrata<br />

sua dimensão competitiva, muito evidente na luta<br />

que os parti<strong>do</strong>s travam pelo direito de <strong>do</strong>minar.<br />

Com o avanço da democracia, muitos grupos da sociedade<br />

civil começaram a manter outro tipo de relação<br />

com o poder político. O objetivo não era mais<br />

conquistá-lo, mas influenciá-lo. Esses novos atores,<br />

chama<strong>do</strong>s grupos de pressão e interesse, tornaramse<br />

parte <strong>do</strong>s regimes abertos. Chama-se essa modalidade<br />

de poder político de softpower.<br />

A globalização, a crise ambiental e a informatização<br />

das relações humanas começaram a afetar a forma<br />

como o poder político é exerci<strong>do</strong> e legitima<strong>do</strong>. O livre<br />

trânsito de pessoas fez com que pequenas organizações<br />

passassem a ameaçar grandes impérios por<br />

meio de atividades terroristas, países estão na iminência<br />

de disputar os recursos naturais restantes e a<br />

internet acabou com o controle da informação que<br />

os grandes grupos de mídia possuíam. Claramente<br />

estamos na fronteira de uma transformação profunda<br />

das relações tradicionais de poder.<br />

É difícil fazer previsões a respeito <strong>do</strong> futuro poder<br />

político, tanto no que se refere às suas fontes como<br />

à forma como ele é exerci<strong>do</strong>. Mas uma coisa é certa:<br />

ele será cada vez mais plural, anárquico e horizontal.<br />

Muitas formas tradicionais de poder desaparecerão<br />

e novos atores virão inevitavelmente ocupar o papel<br />

de grupo <strong>do</strong>minante.


Cidadania planetaria<br />

Nenhum regime, sistema de governo, instituição<br />

política ou econômica pode, por si só,<br />

garantir uma sociedade digna. Somente com<br />

a incorporação em nossas vidas da fraternidade,<br />

<strong>do</strong> afeto, da amorosidade, da espiritualidade<br />

e da ternura poderemos alcançar um saudável<br />

relacionamento humano e planetário.<br />

A percepção da irmandade de to<strong>do</strong>s os seres é essencial.<br />

Pertencemos to<strong>do</strong>s a uma mesma fonte de vida.<br />

Somos feitos <strong>do</strong> mesmo barro. Estamos to<strong>do</strong>s interliga<strong>do</strong>s.<br />

A nossa família é a humanidade e to<strong>do</strong>s os seres<br />

que compõem a teia da vida, filhos e filhas da terra.<br />

Não há ideologia superior à solidariedade. Quan<strong>do</strong><br />

um homem fere outro homem, ele fere toda a humanidade,<br />

como fere a si próprio. Do macrocosmo ao<br />

microcosmo, a teia da vida é única.<br />

A transformação da sociedade depende da transformação<br />

de cada um de nós. A sociedade deve despertar<br />

para a consciência coletiva da responsabilidade<br />

individual, encaminhan<strong>do</strong>-se para a imprescindível<br />

consciência coletiva da amorosidade universal.<br />

A evolução humana faz-se por meio <strong>do</strong> desenvolvimento,<br />

pelo desabrochar de qualidades, sen<strong>do</strong> fundamentais<br />

a vontade, a sabe<strong>do</strong>ria e o amor.<br />

Para vencer a ignorância é preciso o desenvolvimento<br />

da sabe<strong>do</strong>ria; para vencer a inação é preciso o desenvolvimento<br />

da vontade; para vencer a insensibilidade<br />

é preciso o desenvolvimento <strong>do</strong> amor. A atuação deve<br />

ser a favor <strong>do</strong> bem. O mal só existe quan<strong>do</strong> há ausência<br />

<strong>do</strong> bem. As trevas só existem pela ausência da luz. A<br />

reta atuação é com a luz. Essas qualidades fundamentais<br />

devem ser desenvolvidas simultaneamente. Uma<br />

delas pouco desenvolvida desestabiliza o equilíbrio<br />

essencial de atuação humana, individual e coletiva.<br />

* Ulisses Riedel é funda<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Departamento Intersindical de<br />

Assessoria Parlamentar – DIAP, presidente da ONG União Planetária<br />

e MM das Lojas Areópago, Honra e Tradição e Loja de<br />

Pesquisas.<br />

Ulisses Riedel*<br />

O amor não é uma questão emocional. É uma lei da<br />

natureza. É a lei cósmica da harmonia.<br />

A amorosidade é a base de uma saudável relação humana.<br />

É a única forma saudável.<br />

Todas as pessoas sonham com uma humanidade feliz.<br />

No entanto, a morte provocada pelas guerras, mais<br />

de 100 milhões no século XX, e os trilhões gastos com<br />

elas abalam as convicções <strong>do</strong>s mais otimistas.<br />

Passa da hora de a humanidade romper a insana lógica<br />

da cultura da guerra. Não há caminho para a paz, a<br />

paz é o caminho, ensinou-nos Mahatma Gandhi, em<br />

sintonia com os ensinamentos de to<strong>do</strong>s os grandes<br />

mestres da humanidade.<br />

Queiramos ou não, somos inexoravelmente responsáveis<br />

pelo mun<strong>do</strong> que temos, por ações ou omissões.<br />

Fazemos parte de uma mesma vida. Cada um<br />

de nós é um elo da corrente que<br />

une todas as criaturas. Somos<br />

os tripulantes da Nave Terra,<br />

somos a própria Terra. É fundamental<br />

a união amorosa<br />

de to<strong>do</strong>s para uma viagem<br />

feliz, para a preservação da<br />

humanidade e da vida planetária<br />

nessa saga maravilhosa<br />

da nossa<br />

Mãe Terra, giran<strong>do</strong><br />

harmoniosamente<br />

rumo ao infinito,<br />

como afirma<br />

a Carta da CidadaniaPlanetária,<br />

aprovada<br />

pelo 1º Fórum<br />

Espiritual Mundial,coordena<strong>do</strong><br />

pela União<br />

Planetária e realiza<strong>do</strong><br />

em 2006,<br />

em Brasília.<br />

Mun<strong>do</strong>


História<br />

A Independência <strong>do</strong> Brasil<br />

escrita pelas bandeiras<br />

O intuito<br />

deste artigo não é demolir a data<br />

<strong>do</strong> Sete de Setembro, quan<strong>do</strong> se comemora<br />

a Independência <strong>do</strong> Brasil — data<br />

magna da nacionalidade em um país tão<br />

pobre de símbolos nacionais. Busca-se, no entanto, reconstituir<br />

a imagem de uma realidade histórica, que,<br />

a nosso ver, sofreu distorção muito grande, principalmente<br />

entre os historia<strong>do</strong>res maçônicos.<br />

Em linguagem moderna, pode-se afirmar que a<br />

Maçonaria era a vanguarda <strong>do</strong> movimento da Independência<br />

<strong>do</strong> Brasil. Com a inexistência de parti<strong>do</strong>s<br />

políticos para articular, coordenar e mobilizar o povo<br />

e as elites, a Maçonaria agiu, individual e institucionalmente,<br />

como um verdadeiro parti<strong>do</strong> político da<br />

Independência. Os maçons daquela época juravam,<br />

ao ingressar na Maçonaria, além <strong>do</strong>s juramentos de<br />

praxe, o de realizar a independência <strong>do</strong> Brasil.<br />

34 ao enyte<br />

William Almeida de Carvalho*<br />

Independência ou Morte, mais conheci<strong>do</strong> como O Grito <strong>do</strong> Ipiranga, óleo sobre tela de Pedro Américo, 1888,<br />

ficção para um país carente de símbolos nacionais (atualmente no Museu Paulista da USP).<br />

* William Almeida de Carvalho é economista, cientista político e<br />

presidente da Academia Maçônica de Letras <strong>do</strong> <strong>Distrito</strong> <strong>Federal</strong>.<br />

Informa-se, no ensino fundamental, que o verde representa<br />

nossas florestas e o amarelo, o ouro de nossas<br />

minas. A verdade, contu<strong>do</strong>, manda-nos dizer que<br />

o verde é a cor da Casa <strong>do</strong>s Braganças e o amarelo é<br />

a cor <strong>do</strong>s Habsburgos, de que provém a imperatriz<br />

Dona Leopoldina.<br />

Por sugestão <strong>do</strong> Ir. e confrade Alberto Ricar<strong>do</strong> Schmidt<br />

Patier, maçonólogo erudito e heraldista emérito, fui<br />

estudar a heráldica para uma palestra sobre o “Sete<br />

de Setembro e a Maçonaria”. Desejava resposta à seguinte<br />

pergunta: a Independência <strong>do</strong> Brasil deu-se<br />

realmente no dia 7 de setembro ou no dia 12 de outubro,<br />

data da “Aclamação de D. Pedro”?<br />

Liga-se, <strong>do</strong>ravante, a questão acima a outra de cunho<br />

mais heráldico: durante o Brasil Império (1º e 2º), houve<br />

uma ou duas bandeiras e armas nacionais? Pensase<br />

que, ao responder à segunda pergunta, ilumina-se<br />

magistralmente, como nunca, a primeira questão.


Desde a vinda da Família Real portuguesa em 1808,<br />

o Brasil começou seu processo de independência. A<br />

data da abertura <strong>do</strong>s portos <strong>do</strong> Brasil ao comércio direto<br />

com as nações amigas, em 28 de janeiro de 1808,<br />

pode ser vista como o marco inicial desse processo.<br />

O segun<strong>do</strong> marco, importantíssimo, foi a elevação <strong>do</strong><br />

Brasil a Reino Uni<strong>do</strong> de Portugal e Algarves, com direito<br />

a bandeira e a escu<strong>do</strong>, em 13 de maio de 1816.<br />

Em 1821, as Cortes constituintes portuguesas decretaram<br />

que o campo da bandeira <strong>do</strong> Reino Uni<strong>do</strong> fosse<br />

azul e branco e que dela se eliminasse a esfera armilar,<br />

como se a bandeira constituinte não representasse<br />

mais o Reino Uni<strong>do</strong> ou dele fosse excluí<strong>do</strong> o Reino <strong>do</strong><br />

Brasil. A volta de D. João VI a Portugal em 3 de julho de<br />

1821 precipitou os acontecimentos no Brasil.<br />

Em 7 de setembro, quan<strong>do</strong> regressava de Santos, às<br />

margens <strong>do</strong> riacho <strong>do</strong> Ipiranga, ao receber os Correios<br />

da Corte com as últimas notícias em relação à<br />

sua figura e ao Brasil — e com as cartas da princesa<br />

Leopoldina e de José Bonifácio —, D. Pedro, ira<strong>do</strong>,<br />

teria proferi<strong>do</strong> o Grito que separava o Reino <strong>do</strong> Brasil<br />

<strong>do</strong> de Portugal.<br />

Ainda no dia 7 de setembro, D. Pedro foi aclama<strong>do</strong>,<br />

no Teatro da Ópera de São Paulo, com três “Viva o<br />

primeiro rei <strong>do</strong> Brasil”. Ele retornou ao Rio de Janeiro<br />

na noite de 14 de setembro.<br />

O processo de independência havia galga<strong>do</strong> mais<br />

um degrau, mas ainda não estava completo, pois, em<br />

to<strong>do</strong>s os decretos, alvarás, provisões e demais diplomas<br />

governamentais até o dia 12 de outubro, quan<strong>do</strong><br />

aí, sim, é proclama<strong>do</strong> impera<strong>do</strong>r, inclui-se sempre<br />

a seguinte fórmula: “...o Reino <strong>do</strong> Brasil, de quem sou<br />

o regente e perpétuo defensor...”, ou ainda, “com a rubrica<br />

de sua Alteza real o príncipe regente”.<br />

Em 18 de setembro de 1822, exara-se o decreto que<br />

determina a a<strong>do</strong>ção <strong>do</strong> brasão de armas e da ban-<br />

deira nacional <strong>do</strong> novo Reino. O príncipe regente deveria<br />

instituir nova bandeira, mas tu<strong>do</strong> sob a tutela<br />

de seu augusto pai. Uma nação com <strong>do</strong>is reinos. A<br />

ruptura total só viria a acontecer em 12 de outubro<br />

de 1822, dia natalício de D. Pedro e da verdadeira independência<br />

<strong>do</strong> Brasil, quan<strong>do</strong> D. Pedro foi aclama<strong>do</strong><br />

impera<strong>do</strong>r com pompa e circunstância.<br />

Somente a partir dessa data, o ex-príncipe regente<br />

assumiria sua condição de impera<strong>do</strong>r e cortaria definitivamente<br />

os laços que o amarravam a “Seo Augusto<br />

Pay”. Daí em diante, aclama<strong>do</strong>, apropria-se de<br />

todas as funções de estadista autônomo e independente.<br />

Finalizan<strong>do</strong> o holofote heráldico, no dia 1° de dezembro,<br />

data de sua coroação como impera<strong>do</strong>r, D. Pedro<br />

assinou seu primeiro decreto, substituin<strong>do</strong> a coroa<br />

diamantina pela coroa imperial e estabelecen<strong>do</strong> a<br />

bandeira que durou até a Proclamação da República.<br />

A bandeira <strong>do</strong> Brasil Reino (1) durou 35 dias, <strong>do</strong> 7 de<br />

setembro até 12 de outubro; e a bandeira <strong>do</strong> Brasil império<br />

(2), de 12 de outubro de 1822 até o dia 15 de novembro<br />

de 1889, data da Proclamação da República, ou<br />

seja, 67 anos. (Veja as bandeiras numeradas abaixo.)<br />

O Sete de Setembro somente começou a ser feria<strong>do</strong><br />

nacional oficial a partir <strong>do</strong> Decreto 1.285, de 30 de<br />

novembro de 1835, quan<strong>do</strong> se inicia o processo de<br />

montagem <strong>do</strong> imaginário coletivo sobre a Independência<br />

em um país tão pobre de ícones cívicos.<br />

Espera-se que essa contribuição da heráldica para a<br />

história possa esclarecer alguns pontos que causaram<br />

e ainda causam confusão até os dias de hoje.<br />

O momento é o de desmistificar alguns traços impingi<strong>do</strong>s<br />

como história, procuran<strong>do</strong> extrair os fatos das<br />

lendas apresentadas como verdade. Este artigo insere-se<br />

nesse movimento de esclarecer um pedaço da<br />

controversa história da Independência <strong>do</strong> Brasil.<br />

1 2<br />

ao enyte<br />

35


A<br />

Regência instalada no Brasil (1831-1840),<br />

que sucedeu a D. Pedro I, impera<strong>do</strong>r e<br />

maçom, impôs aos súditos da ex-colônia<br />

portuguesa austeras políticas econômicas,<br />

objetivan<strong>do</strong> atender aos interesses nela entranha<strong>do</strong>s,<br />

estranhos à população em geral.<br />

A província de São Pedro — atual Rio <strong>Grande</strong> <strong>do</strong><br />

Sul — produzia trigo, couro, erva-mate e charque<br />

36 ao enyte<br />

A Maçonaria na<br />

Trecho <strong>do</strong> quadro A batalha <strong>do</strong>s Farrapos, de Wasth Rodrigues, acervo da prefeitura de São Paulo.<br />

* Flávio Rostirola é Desembarga<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Tribunal de Justiça<br />

<strong>do</strong> <strong>Distrito</strong> <strong>Federal</strong> e Territórios e MM das Lojas Honra e<br />

Tradição e Bento Gonçalves, da qual é um <strong>do</strong>s funda<strong>do</strong>res.<br />

Flávio Rostirola*<br />

bovino, importante produto da dieta <strong>do</strong> brasileiro à<br />

época. Uma vez instalada, a Regência elevou os impostos<br />

sobre o charque nacional, reduziu as taxas <strong>do</strong><br />

charque importa<strong>do</strong> <strong>do</strong>s países <strong>do</strong> Prata e sobretaxou<br />

o sal, item de seu custo de produção. Tais decisões<br />

provocaram colapso à economia <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> e a consequente<br />

indignação <strong>do</strong>s gaúchos.<br />

Na área política, a Regência imputou mera condição<br />

de estalagem à Intendência da província de São Pedro<br />

(atual governo <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>) e priorizou destacadamente<br />

os interesses econômicos pessoais e da Monarquia<br />

central. Desse cenário emerge Bento Gonçalves<br />

da Silva, maçom e major alfer da Monarquia, que


Revolução Farroupilha<br />

já havia luta<strong>do</strong> nas campanhas<br />

contra os espanhóis (1811-1812)<br />

e na Argentina (1827).<br />

De espírito concilia<strong>do</strong>r e liberal,<br />

Bento Gonçalves elegeu-se deputa<strong>do</strong><br />

para representar a província,<br />

condição que lhe permitiu<br />

mediar com a Regência a nomeação<br />

<strong>do</strong> intendente da província<br />

de São Pedro, Antonio Fernandes<br />

Braga. De nada valeram os esforços<br />

políticos de Bento Gonçalves,<br />

pois o indica<strong>do</strong> intendente<br />

manteve a política da Regência<br />

de altos tributos, provocan<strong>do</strong> a<br />

indignação da população. Essa<br />

foi uma das principais causas da<br />

deflagração revolucionária.<br />

Nesse clima de inconformidade,<br />

aos 18 de setembro de 1835, foi<br />

feita uma reunião na Loja Maçônica<br />

Filantropia e Liberdade,<br />

em Porto Alegre, sob a presidência<br />

<strong>do</strong> venerável mestre Bento<br />

Gonçalves da Silva. Estavam presentes<br />

à sessão os maçons José<br />

Gomes de Vasconcellos Jardim,<br />

Domingos José de Almeida — mineiro de Diamantina,<br />

que redigiu a ata —, Pedro Boticário, Vicente da<br />

Fontoura, Paulino da Fontoura, Onofre Pires, Antonio<br />

Souza Neto, entre outros.<br />

Como consequência da deflagração <strong>do</strong> levante, os<br />

revolucionários se apoderaram da capital da província<br />

— hoje cidade de Porto Alegre — em 20 de<br />

setembro. A patrulha <strong>do</strong> coman<strong>do</strong> <strong>do</strong> Cabo Rocha<br />

cruzou o riacho da Azenha, impon<strong>do</strong> baixas nas<br />

forças da Intendência local. Diante da iminente consolidação<br />

<strong>do</strong> levante, o governante Antônio Fernandes<br />

Braga apropriou-se <strong>do</strong>s fun<strong>do</strong>s financeiros da<br />

província, fugin<strong>do</strong> em seguida.<br />

Bento Gonçalves, por sua vez, sitiou a cidade e empossou<br />

o então vice-presidente, Marciano Ribeiro,<br />

para acalmar a população, buscan<strong>do</strong>, com sua ação<br />

revolucionária, mudança na política econômica da<br />

Monarquia em relação aos interesses da província.<br />

As reivindicações foram rechaçadas pela Monarquia,<br />

dan<strong>do</strong>-se início à Revolução Farroupilha, que durou<br />

mais de 10 anos (1835-1845).<br />

Bento Gonçalves sofreu a primeira derrota na Batalha<br />

de Fanfa, às margens <strong>do</strong> rio Jacuí, com centenas<br />

de baixas. Rendeu-se ao comandante Bento Manuel<br />

Ribeiro, juntamente com seus comandantes Onofre<br />

Pires, Pedro Boticário, Corte Real e outros. Bento Gonçalves<br />

foi, então, encarcera<strong>do</strong> no Rio de Janeiro. Com<br />

o apoio da Maçonaria carioca, Corte Real e Onofre<br />

Pires fugiram da prisão por estreita passagem, ocasionan<strong>do</strong><br />

a transferência de Pedro Boticário e Bento<br />

Gonçalves para o cativeiro na Ilha <strong>do</strong> Forte, na Bahia.<br />

Novamente a Maçonaria agiu para libertá-los, servin<strong>do</strong>-se<br />

das relações com solda<strong>do</strong>s da guarda prisional<br />

(que umedeceram a pólvora <strong>do</strong> presídio para evitar<br />

o alcance das armas). Ambos evadiram-se <strong>do</strong> local a<br />

na<strong>do</strong>, sen<strong>do</strong> resgata<strong>do</strong>s por embarcações de pesca<strong>do</strong>res<br />

que os aguardavam.<br />

Em seu retorno ao Rio <strong>Grande</strong> (1837), Bento Gonçalves<br />

foi empossa<strong>do</strong> presidente da República, cuja<br />

proclamação se deu por orientação maçônica (1836),<br />

logo após a vitória na Batalha de Seival, comandada<br />

pelo também maçom general Neto.<br />

Decorrida quase uma década, com inúmeras batalhas<br />

vitoriosas e também algumas derrotas, os rebeldes<br />

farroupilhas, já exauri<strong>do</strong>s pelo enfrentamento<br />

com as forças da Monarquia, com a intermediação<br />

da Maçonaria, firmaram, em 1º de março de 1845, o<br />

acor<strong>do</strong> de paz <strong>do</strong> Poncho Verde, subscrito pelo general<br />

Luiz Alves de Lima e Silva, à época, barão de<br />

Caxias, também maçom, representan<strong>do</strong> as forças<br />

monárquicas. Estava assim selada a epopeia republicana<br />

farroupilha.<br />

ao enyte<br />

37


38 ao enyte<br />

Am ade us<br />

* Marden Maluf é maestro, funda<strong>do</strong>r e diretor artístico<br />

das Classes Musicais <strong>do</strong> <strong>Grande</strong> <strong>Oriente</strong> <strong>do</strong> Brasil.<br />

a coragem <strong>do</strong> mestre<br />

Marden Maluf *<br />

O<br />

talento <strong>do</strong> grande Wolfgang Amadeus Mozart<br />

(1756-1791) para o novo é algo indiscutível. A<br />

mestria que adquiriu no artesanato <strong>do</strong> ofício<br />

não pode ser questionada. Impossível um ama<strong>do</strong>r realizar,<br />

por exemplo, a “Sinfonia 41”, dita Júpiter.<br />

O terrível, porém, é a asfixia que o grande Amadeus<br />

sofreu por causa da incrível superficialidade, essência<br />

da época em que viveu, <strong>do</strong> malfada<strong>do</strong> rococó<br />

clássico.<br />

Isso é facilmente verificável em cada uma de suas<br />

mais de seiscentas obras catalogadas. Em determina<strong>do</strong><br />

trecho, eis que surge o Mozart verdadeiro.<br />

Mas, lastimavelmente, no trecho seguinte, eis não<br />

mais Mozart, mas um Wolfgang qualquer, obriga<strong>do</strong> a<br />

rabiscar a torturante mediocridade da aristocracia e da<br />

burguesia reinantes em seu tempo.<br />

O “Réquiem”, última obra de Mozart, trabalhada no leito de<br />

morte, é a composição na qual, até o último instante, fato<br />

único e trágico, o nosso gênio teve finalmente licença de<br />

comprometer-se apenas consigo mesmo. Mozart em todas<br />

as notas.<br />

Ele próprio sabia disso. Embora houvesse recebi<strong>do</strong><br />

esse “Réquiem” por encomenda de terceiros,<br />

afirmou desde o primeiro instante: “Escrevo<br />

esse canto fúnebre para mim mesmo”. É a única<br />

peça que escreveu não para os outros, mas<br />

para o seu espírito.<br />

O espírito de Mozart, contrário ao de sua<br />

época e ao que dele hoje se diz, não era<br />

nem infantil, nem mesquinho, nem frívolo.<br />

Um espírito assim não teria capacidade<br />

para <strong>do</strong>minar a ciência das estruturas<br />

sonoras em tão alto grau.<br />

Perante o sufocamento que a época de<br />

Mozart representava para seu espírito, a<br />

Maçonaria lhe foi a dádiva suprema, elevada<br />

à vital refrigeração.


Mozart foi um maçom apaixona<strong>do</strong> pela Maçonaria.<br />

Há registros de sua Iniciação e Elevação, embora não<br />

se tenha encontra<strong>do</strong> sua Exaltação ao Mestra<strong>do</strong>, mas<br />

certamente galgou degraus outros na Escola Filosófica.<br />

Na “Flauta Mágica”, ópera maçônica e dedicada<br />

à Maçonaria, há referências simbólicas explícitas aos<br />

mais diversos estágios. Além disso, compôs significativas<br />

Cantatas Maçônicas, cujo sucesso entre os<br />

Irmãos muito o alegravam. Amava e frequentava, de<br />

coração, a grandeza filosófica da instituição.<br />

Acredito que a crença em Deus segun<strong>do</strong> os princípios<br />

da Ordem foi o que deu a Mozart forças para viver<br />

seus últimos cinco anos. Não há registro de outro<br />

grande compositor que tenha si<strong>do</strong> obriga<strong>do</strong> a suportar<br />

tamanha carga de pressões em seu trabalho<br />

cria<strong>do</strong>r, soman<strong>do</strong>-se ainda — fato pouco conheci<strong>do</strong><br />

— problemas físicos de toda ordem.<br />

Sob tal aspecto, vejam-se algumas condições físicas<br />

em que o “anjinho” Mozart desenvolveu o que hoje se<br />

costuma considerar obras “felizes e despreocupadas”.<br />

Em 1762 (então com apenas seis anos de idade),<br />

contraiu uma infecção nas vias respiratórias superiores,<br />

devi<strong>do</strong> a uma infecção estreptocócica. Tempos<br />

depois, o menino contraiu uma <strong>do</strong>ença que o médico<br />

pensou ser escarlatina, mas que, na verdade, era<br />

um chama<strong>do</strong> erythema no<strong>do</strong>sum, quase certamente<br />

uma infecção estreptocócica. Neste mesmo ano,<br />

contraiu outra infecção e sofreu um ataque de febre<br />

reumática. Durante o ano de 1764, em Paris e Londres,<br />

Wolfgang teve tonsilite ou amigdalite (abscesso<br />

paritonsilar) e, outra vez, em 1765, padeceu desses<br />

mesmos males, complica<strong>do</strong>s por uma sinusite. Em<br />

dezembro de 1765 (então com nove anos), entrou<br />

em coma e perdeu muito peso. Os terríveis sintomas<br />

incluíam toxiquemia aguda, pulso fraco, delírio,<br />

erupção de pele, pneumonia, exfoliação hemorrágica<br />

da membrana mucosa oral, sugerin<strong>do</strong> uma febre<br />

tifoide endêmica. Etc. etc. ...<br />

Esse impressionante quadro de males ininterruptos<br />

segue pela vida afora, em um relatório médico de<br />

páginas e páginas, basea<strong>do</strong> nas fontes atuais sobre<br />

Mozart. Espantosa não é a tragédia de haver morri<strong>do</strong><br />

com apenas 35 anos, mas o milagre de ter vivi<strong>do</strong><br />

tanto, apesar de tu<strong>do</strong>.<br />

Os ataques morais deviam abater-lhe mais <strong>do</strong> que os<br />

males <strong>do</strong> corpo. Ele foi chama<strong>do</strong> de “caça<strong>do</strong>r de disso-<br />

nâncias”, “porcaria alemã” (atenção: Mozart é músico<br />

alemão — com pensamento e profundidade alemãos!<br />

—, e não austríaco, como to<strong>do</strong>s imaginam e a Áustria<br />

se gaba. A sua Salzburg natal era, à época, território<br />

alemão) e outros xingamentos assim, veementes e<br />

constantes, inclusive por nobres de outros países. Por<br />

outro la<strong>do</strong>, claro que tinha grandes e numerosos defensores<br />

e era famosíssimo em sua época.<br />

O grande exemplo da existência de Wolfgang Amadeus<br />

Mozart, obras artísticas geniais à parte, é a coragem<br />

de haver feito o que fez em condições tão<br />

contrárias. É quase impossível, em 35 anos, tempo<br />

de sua vida, um bom copista copiar o que Mozart<br />

escreveu, ou melhor, o que sobrou <strong>do</strong> que escreveu.<br />

Entenda-se: um bom copista, em trabalho contínuo<br />

e ininterrupto, em perfeito esta<strong>do</strong> de saúde e dedicação<br />

exclusiva.<br />

Como pôde Mozart fazê-lo, viajan<strong>do</strong> incessantemente,<br />

nas condições precárias daquela época, ataca<strong>do</strong><br />

sem trégua por exércitos de males físicos e psicológicos,<br />

e, ainda assim, compon<strong>do</strong> (não simplesmente<br />

copian<strong>do</strong> o já pronto), ou seja, ten<strong>do</strong> a ideia, rabiscan<strong>do</strong>,<br />

voltan<strong>do</strong> atrás, consertan<strong>do</strong>? E, nos entretempos,<br />

tocan<strong>do</strong> em concertos, ensaian<strong>do</strong>, regen<strong>do</strong>,<br />

escreven<strong>do</strong> uma quantidade fenomenal de cartas e<br />

to<strong>do</strong> o infinito problemático e inenarrável <strong>do</strong> dia a<br />

dia?<br />

Eis aqui em Mozart, como em Cervantes e em Aleijadinho,<br />

a essência fulgurante <strong>do</strong> verdadeiro Mestre, a<br />

coragem indômita frente a qualquer espécie de inimigo,<br />

o avançar contínuo <strong>do</strong> gênio, que se aperfeiçoa<br />

conforme as guerras das quais não foge.<br />

A grandiosa coragem (a bravura frente ao perigo!) —<br />

a verdadeira e principal coluna maçônica —, o exemplo<br />

brandi<strong>do</strong> a essa Humanidade que se prostra, derrotada,<br />

ante uma simples <strong>do</strong>r de qualquer espécie.<br />

O exemplo sempre foi não apenas o melhor conselho,<br />

mas o grande símbolo!<br />

Congratulamo-nos com o Ir. Mozart, que nunca desistiu<br />

da terrível batalha contra o habitar a poderosíssima<br />

franzinidade de um Wolfgang pequenino e<br />

<strong>do</strong>entio. Wolfgang perdeu, e morreu. Porém Mozart<br />

— triunfante! — continua mais vivo <strong>do</strong> que nunca, a<br />

esbofetear todas as almas mesquinhas com a grandeza<br />

de sua maçônica vitória.<br />

ao enyte<br />

39


Influências <strong>do</strong><br />

no<br />

O<br />

Iluminismo foi a filosofia que pre<strong>do</strong>minou<br />

na Europa durante o século XVIII.<br />

Segun<strong>do</strong> o historia<strong>do</strong>r da filosofia,<br />

Giovanni Reale, o Iluminismo estava inseri<strong>do</strong><br />

em diversas tradições e não chegou a se configurar<br />

como um sistema compacto de <strong>do</strong>utrinas, uma<br />

vez que foi, na verdade, um articula<strong>do</strong> movimento<br />

filosófico, pedagógico e político.<br />

As raízes <strong>do</strong> Iluminismo podem ser encontradas no<br />

Renascimento e na filosofia moderna, cujo funda<strong>do</strong>r<br />

foi René Descartes. Outras influências de grande relevância:<br />

o mercantilismo econômico e o liberalismo<br />

político. De maneira geral, essas influências buscaram<br />

valorizar os direitos naturais, a liberdade de<br />

pensamento e a razão, não apenas no que concerne<br />

às ideias inatas, como nas filosofias de Descartes e<br />

Leibniz, mas também àquelas ideias conquistadas<br />

pela via empírica, que tiveram em Locke seu principal<br />

representante.<br />

É importante ressaltar que a razão, no Iluminismo, foi<br />

utilizada de maneira crítica e teve os seguintes objetivos:<br />

libertação em relação aos <strong>do</strong>gmas metafísicos,<br />

libertação das superstições religiosas e acentuada<br />

defesa <strong>do</strong> conhecimento científico. Também é importante<br />

lembrar a defesa ao direito natural, que marcou,<br />

de maneira decisiva, aquilo que os iluministas denominaram<br />

a <strong>do</strong>utrina <strong>do</strong>s direitos naturais e invioláveis<br />

<strong>do</strong> homem. Kant sintetizou, de maneira exemplar, esses<br />

ideais, ao dizer que o homem deveria ter a coragem<br />

de fazer uso de sua própria inteligência.<br />

40 ao enyte<br />

Iluminismo<br />

Rito Moderno<br />

* Jair Araújo de Lima é mestre em Filosofia pela Universidade de<br />

Brasília e MM da Loja Universitária Verdade e Evolução 3492.<br />

Jair Araújo de Lima*<br />

Os principais veículos de divulgação das ideias iluministas<br />

foram as academias científicas, a Maçonaria,<br />

os salões parisienses e a enciclopédia francesa.<br />

O Rito Moderno ou Francês, que, em grande medida,<br />

foi influencia<strong>do</strong> pelos ideais iluministas, procurou<br />

combater os exageros místicos e a acentuada valori-<br />

Retrato de René Descartes, por Frans Hals,<br />

Museu <strong>do</strong> Louvre – Paris.<br />

zação <strong>do</strong>s ideais da nobreza, que estavam presentes<br />

nos demais ritos maçônicos que vigoravam naquela<br />

época. Esses acontecimentos tiveram como consequência<br />

o crescimento <strong>do</strong>s altos graus, que estavam


desfiguran<strong>do</strong> a Maçonaria, uma vez que essa<br />

procura, na maioria <strong>do</strong>s casos, era motivada<br />

pela vaidade. Sen<strong>do</strong> assim, O <strong>Grande</strong> <strong>Oriente</strong><br />

da França nomeou uma comissão de maçons de<br />

elevada cultura para fazer um estu<strong>do</strong> <strong>do</strong>s ritos<br />

existentes. Desse mo<strong>do</strong>, surgiu o Rito Moderno,<br />

com um número menor de graus, mas que não<br />

se afastava <strong>do</strong>s ideais originais da Maçonaria.<br />

O Rito Moderno foi concebi<strong>do</strong> como uma espécie<br />

de síntese <strong>do</strong>s demais, mas sem exageros<br />

místicos. É importante, contu<strong>do</strong>, lembrar que o<br />

Rito Moderno foi inspira<strong>do</strong> nas primeiras corporações<br />

francesas da Maçonaria <strong>do</strong>s aceitos, conferin<strong>do</strong><br />

a ele um caráter histórico e, portanto,<br />

pretenden<strong>do</strong> resgatar os ideais originais da Maçonaria.<br />

O novo rito foi aprova<strong>do</strong> pelo <strong>Grande</strong><br />

<strong>Oriente</strong> da França em 1786 e recebeu o título de<br />

Rito Francês ou Moderno. O rito é composto por<br />

apenas 7 graus.<br />

Apesar de possuir algumas características <strong>do</strong>s<br />

outros ritos, o Rito Moderno não considera a<br />

Maçonaria uma ordem mística, portanto os seus<br />

três graus simbólicos representam as etapas da<br />

evolução <strong>do</strong> pensamento humano: intuição,<br />

análise e síntese.<br />

A principal característica <strong>do</strong> Iluminismo foi a defesa<br />

<strong>do</strong> uso crítico da razão, que deveria nortear<br />

to<strong>do</strong>s os campos da experiência humana. Sen<strong>do</strong><br />

to<strong>do</strong> tipo de conhecimento passível de ser critica<strong>do</strong>,<br />

não existe espaço para concepções <strong>do</strong>gmáticas.<br />

Outra característica importante é a certeza<br />

de que esse uso crítico da razão teria como<br />

consequência benefícios nos planos científico,<br />

cultural e social.<br />

A Maçonaria difundiu, de maneira exemplar, os<br />

ideais iluministas, pois defendeu a liberdade de<br />

pensamento, a tolerância em relação às diferen-<br />

O brilho da Verdade resultan<strong>do</strong> da Razão e da Filosofia<br />

(alegoria Iluminista).<br />

ças culturais e a luta contra as tiranias no plano político. O<br />

Rito Moderno pode ser visto como o rito que mais sofreu a<br />

influência da filosofia iluminista, haja vista seu acentua<strong>do</strong><br />

caráter racional, a liberdade absoluta de consciência e sua<br />

luta contra as desigualdades.<br />

SOF/SUL, quadra 4, conj. A, lote 2/4 – Guará – Fone: (61) 3362-2700 – Fax: 3361-6136<br />

SOF/SUL, quadra 5, conj. B, lote 1/4 – Guará (linha pesada) – Fone: (61) 3362-2300 – Fax: 3361-7322<br />

2º Av., bl. 341-A, loja 1 – Núcleo Bandeirante – Fone: (61) 3486-8800 – Fax: 3386-2525<br />

SHN, Área Esp. 19 – Taguatinga Norte – Fone: (61) 3355-8500 – Fax: 3354-7474<br />

Quadra 4, lote 1.560, Setor Leste Industrial – Gama – Fone: (61) 3484-9200 – Fax: 3384-1462<br />

ADE, conj. 1, lote 1 (atrás da Nasa Caminhões) – Fone: (61) 3212-2020<br />

ADE – Área de desenvolvimento econômico – Núcleo Bandeirante<br />

Brasília/DF<br />

ao enyte<br />

41


Poesia<br />

Há<br />

quem afirme que esta palavra<br />

vem <strong>do</strong> árabe “suai-da”, que significa<br />

melancolia. Por definição,<br />

podemos dizer que saudade é a recordação melancólica<br />

de pessoas ausentes que se deseja ter, ver ou<br />

possuir.<br />

Nostalgia é mais apropria<strong>do</strong> para lugares, e saudade,<br />

para pessoas que estão dentro de nossos corações.<br />

Para se entender melhor o que significa a saudade,<br />

é necessário senti-la, e senti-la no fun<strong>do</strong> de nossos<br />

corações, pois só assim poderemos avaliar a extensão<br />

e o verdadeiro significa<strong>do</strong> desta palavra.<br />

O sentimento de saudade se tem <strong>do</strong>s entes queri<strong>do</strong>s<br />

que não retornam mais e daqueles que nos preenchem<br />

com a agradável esperança de um retorno.<br />

Esse sentimento de saudade decanta<strong>do</strong> em prosa e<br />

verso nos acompanha em to<strong>do</strong>s os momentos de nossa<br />

vida e, como se fosse um consolo, Tristão de Ataíde<br />

nos diz: ”A Saudade é a Presença da Ausência”.<br />

A transformação da ausência em presença é o milagre<br />

que to<strong>do</strong>s desejamos, mas difícil de alcançar,<br />

porém, é o milagre da esperança, que está conti<strong>do</strong><br />

neste soneto de Lenine Fiuza Lima, de 1996, chama<strong>do</strong><br />

“Presença”.<br />

* Sylvio Santinoni é o atual Secretário<br />

de Comunicação <strong>do</strong> GODF.<br />

42 ao enyte<br />

Saudade Sylvio<br />

Presença<br />

Santinoni*<br />

Existe uma presença que se vê<br />

E existe uma presença que se sente.<br />

A que se vê os olhos dizem ver<br />

Se tem, diante de si, alguém presente.<br />

Enquanto a que se sente pode ser<br />

A imagem que se foi, portanto ausente,<br />

De alguém que ninguém pode olhar e ter,<br />

Mas que ficou no coração da gente.<br />

Quan<strong>do</strong> aos senti<strong>do</strong>s faltam as sensações,<br />

Vem logo um sentimento de saudade,<br />

Uma lembrança viva em nosso espírito.<br />

Espírito que pulsa de emoção,<br />

Uma emoção que, milagrosamente,<br />

Traz-nos de volta a imagem querida.<br />

Atuação nas áreas:<br />

tributária, bancária e empresarial<br />

SRTV qd. 701, bl. A, sala 330<br />

Fone: (61) 3321-2535<br />

Brasília – DF<br />

E-mail: queiroz@queirozadvoga<strong>do</strong>s.com.br


Lega<strong>do</strong> de Murilo Pinto<br />

Ao<br />

tomar posse como Grão-Mestre-<br />

Geral <strong>do</strong> <strong>Grande</strong> <strong>Oriente</strong> <strong>do</strong> Brasil<br />

em 17 de junho de 1993, Francisco<br />

Murilo Pinto encontrou uma organização vicejante.<br />

Seu antecessor, Jair Assis Ribeiro, com a colaboração<br />

de um grupo técnico constituí<strong>do</strong> para assessorá-lo,<br />

havia construí<strong>do</strong> o Palácio Maçônico, sede <strong>do</strong> Poder<br />

Central, em Brasília, incentivan<strong>do</strong> a pesquisa sobre a<br />

história da Ordem e institucionalizan<strong>do</strong> a hoje próspera<br />

e atuante Associação Paramaçônica Juvenil –<br />

APJ. No plano internacional, Jair também ampliou o<br />

paz e cultura<br />

Lucas Galdeano, Márcio Otávio, Francisco Murilo Pinto, Grão-Mestre-Geral, Joferlino Miranda Pontes, Grão-Mestre-Geral<br />

Adjunto, e Jafé Torres em Sessão Magna <strong>do</strong> evento Compasso para o Futuro, no Ginásio Nilson Nelson (1997).<br />

Joaquim Nogales*<br />

número de trata<strong>do</strong>s de reconhecimento mútuo com<br />

potências estrangeiras.<br />

Seu sucessor, Murilo Pinto, disposto a promover o<br />

congraçamento da Maçonaria brasileira, firmou trata<strong>do</strong><br />

de reconhecimento e amizade com algumas<br />

<strong>Grande</strong>s Lojas brasileiras, integradas na Confederação<br />

da Maçonaria Simbólica <strong>do</strong> Brasil – CMSB, “pon<strong>do</strong><br />

fim a uma situação de velada hostilidade que já<br />

durava mais de 70 anos”, como observou o historia<strong>do</strong>r<br />

José Castellani.<br />

ao enyte<br />

Perfil<br />

43


44 ao enyte<br />

Edição n. 0<br />

Nasci<strong>do</strong> em 1929, em Fortaleza, no Ceará,<br />

Murilo Pinto cursou Direito e fez carreira em<br />

terras paulistas. Em 1963, ingressou na magistratura<br />

e, em 1984, foi promovi<strong>do</strong> a desembarga<strong>do</strong>r<br />

<strong>do</strong> Tribunal de Justiça de São<br />

Paulo. Inicia<strong>do</strong> em 2 de dezembro de 1978<br />

na Loja Maçônica “Universitária” de Bragança<br />

Paulista (SP), passou a representá-la desde<br />

1982 na Poderosa Assembleia Legislativa <strong>do</strong><br />

GOSP, onde foi 1º vigilante e presidente por<br />

três mandatos alterna<strong>do</strong>s.<br />

Eleito Grão-Mestre-Geral <strong>do</strong> <strong>Grande</strong> <strong>Oriente</strong><br />

<strong>do</strong> Brasil em 1993, foi empossa<strong>do</strong> em 24 de<br />

junho <strong>do</strong> mesmo ano. Seu primeiro mandato<br />

foi marca<strong>do</strong> pela busca da integração entre<br />

as potências maçônicas regulares, pelos cursos<br />

de Maçonaria Simbólica, que percorreram<br />

as cinco regiões <strong>do</strong> país, e pelo incentivo<br />

à criação e consolidação de <strong>Grande</strong>s <strong>Oriente</strong>s<br />

estaduais.<br />

No plano internacional, Murilo Pinto promoveu<br />

o GOB nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, sen<strong>do</strong> o<br />

primeiro Grão-Mestre-Geral <strong>do</strong> Brasil a participar<br />

da Conferência Nacional <strong>do</strong>s Grão-<br />

Mestres norte-americanos em fevereiro de<br />

1994. Com a viagem, elevou-se de quatro<br />

para nove o número de <strong>Grande</strong>s Lojas estaduais<br />

norte-americanas a reconhecerem o<br />

Edição especial bilíngue<br />

Edição n. 1<br />

GOB como a maior obediência maçônica <strong>do</strong><br />

mun<strong>do</strong> latino. Firmou, ainda, trata<strong>do</strong> com a<br />

<strong>Grande</strong> Loja <strong>do</strong> México.<br />

Ao mesmo tempo em que divulgava o GOB<br />

no exterior, em entidades como a Ação Maçônica<br />

Internacional (AMI), a administração<br />

Murilo Pinto colaborou expressivamente<br />

para a consolidação <strong>do</strong>s <strong>Grande</strong>s <strong>Oriente</strong>s estaduais<br />

da Paraíba, Piauí, Sergipe, Mato Grosso,<br />

Rio <strong>Grande</strong> <strong>do</strong> Norte, Alagoas, Rio <strong>Grande</strong><br />

<strong>do</strong> Sul e Paraná, investin<strong>do</strong>, recursos na construção<br />

de Palácio Maçônico estadual.<br />

Mas foi no terreno da cultura que Murilo Pinto<br />

fez evoluir as hostes maçônicas. Juntamente<br />

com os Irmãos secretários José Castellani (de<br />

Educação e Cultura) e Álvaro Gomes <strong>do</strong>s San-<br />

Edição n. 2<br />

Edição n. 3<br />

tos (de Orientação Ritualística), implantou<br />

dezenas de cursos itinerantes de Maçonaria,<br />

Edição n. 4


Edição n. 5<br />

Edição n. 7<br />

Edição n. 9<br />

cujo currículo básico compreendia quatro<br />

disciplinas: História da Maçonaria e <strong>do</strong> GOB;<br />

Administração e Direito maçônico; Templo<br />

e símbolos maçônicos; Liturgia e ritualística<br />

maçônicas.<br />

“Somente com a evolução cultural <strong>do</strong>s Irmãos,<br />

a Maçonaria poderá voltar a ter o lugar de destaque<br />

social que já apresentou no passa<strong>do</strong>”,<br />

costumava dizer Murilo. E, com esse pensamento,<br />

deu vida ao Palácio maçônico, construí<strong>do</strong><br />

pelo pragmático Jair Ribeiro, que instituiu<br />

o Conselho <strong>Federal</strong> de Cultura, o Museu<br />

maçônico e a Biblioteca <strong>do</strong> GOB, os Rituais<br />

<strong>do</strong>s seis Ritos reconheci<strong>do</strong>s pela Federação e<br />

a Revista Cultural Minerva Maçônica.<br />

Os frutos de sua gestão proliferaram rapidamente.<br />

Três anos após sua posse, em 1996,<br />

Murilo jactava-se de que o GOB crescia à razão<br />

de seis lojas por mês. Fundamos mais de<br />

uma loja por semana, comemorava.<br />

Reeleito para o GOB em 1998, Murilo não<br />

chegou a terminar sua gestão. Faleceu vítima<br />

de enfisema pulmonar em 21 de janeiro<br />

de 2001, sete meses depois da morte de seu<br />

inseparável adjunto, o inesquecível Joferlino<br />

Miranda Pontes.<br />

“Francisco Murilo Pinto passará à história<br />

como o Grão-Mestre da integração maçônica<br />

nacional e internacional e da evolução cultural,<br />

binômio que colocou o <strong>Grande</strong> <strong>Oriente</strong><br />

<strong>do</strong> Brasil, novamente, no caminho de seus<br />

eleva<strong>do</strong>s destinos”, escreveu Castellani na<br />

última edição da revista Minerva Maçônica,<br />

que, para indignação <strong>do</strong>s Irmãos à época, viria<br />

a encerrar sua edição com o falecimento<br />

de seu idealiza<strong>do</strong>r.<br />

* Joaquim Nogales é mestre em Comunicação pela<br />

UnB, membro da Loja Honra e Tradição e editor-executivo<br />

da Revista Ao Zenyte.<br />

* Colaborou Lucas Galdeano, Grão-Mestre Adjunto<br />

<strong>do</strong> <strong>Grande</strong> <strong>Oriente</strong> <strong>do</strong> <strong>Distrito</strong> <strong>Federal</strong> (2007-2011)<br />

e presidente <strong>do</strong> Conselho Maçônico Distrital (2007-<br />

2011). Durante a gestão de Murilo Pinto, ocupou o<br />

cargo de secretário adjunto de Educação e Cultura<br />

<strong>do</strong> GOB.<br />

Edição n. 6<br />

Edição n. 8<br />

�<br />

� junho de 1997<br />

† janeiro de 2001<br />

Nascimento e morte da<br />

revista Minerva Maçônica<br />

ao enyte<br />

45


Obra em destaque<br />

Designamos Iluminismo ao movimento<br />

cultural que propiciou o advento<br />

da Modernidade e superou o perío<strong>do</strong><br />

histórico chama<strong>do</strong> de Idade Média. A<br />

obra de Jonathan Israel, que vasculhou as principais<br />

bibliotecas públicas, universitárias e particulares da<br />

Europa, possui <strong>do</strong>is méritos que lhe garantem papel<br />

de destaque entre as produções da década.<br />

Primeiro, ela traz à luz correspondências trocadas<br />

entre editores, autores, livreiros, merca<strong>do</strong>res e gestores<br />

de acervos, retratan<strong>do</strong>, de forma admirável, o clima<br />

de desconfiança, conspiração e perseguição que<br />

mol<strong>do</strong>u aquela época e demonstran<strong>do</strong> como o Iluminismo<br />

foi um movimento geral, que mu<strong>do</strong>u a face<br />

de toda a civilização, em contraposição ao hábito de<br />

tomá-lo como movimento regionalmente restrito e<br />

diferencia<strong>do</strong>, ensejan<strong>do</strong> falar-se em Iluminismo europeu,<br />

Iluminismo inglês, alemão e, principalmente,<br />

francês.<br />

Segun<strong>do</strong>, merece realce o fato de a obra fugir à perspectiva<br />

que normalmente tem si<strong>do</strong> a<strong>do</strong>tada na consideração<br />

desse movimento. Da<strong>do</strong> que a modernidade<br />

se caracteriza pela prevalência <strong>do</strong> pensamento<br />

* Rubi Rodrigues é escritor, membro da Academia Maçônica de<br />

Letras <strong>do</strong> DF e MM da Loja Três Poderes 2308.<br />

46 ao enyte<br />

Revolução<br />

<strong>do</strong> saber<br />

Rubi Rodrigues*<br />

Iluminismo Radical – A Filosofia e a Construção da<br />

Modernidade 1650-1750, de Jonathan I. Israel, tradução<br />

de Claudio Blanc, São Paulo: Madras, 2009, 878 p.,<br />

R$ 74,00.<br />

científico, costuma-se tratar e dar ênfase, na consideração<br />

<strong>do</strong> Iluminismo, aos autores que foram precursores<br />

<strong>do</strong> pensamento científico moderno, cujas<br />

ideias deram alma à modernidade.<br />

Nesta obra, o autor, ao contrário, destaca produções<br />

e pensa<strong>do</strong>res que atacaram e conseguiram destruir<br />

os alicerces conceituais que sustentavam o mo<strong>do</strong><br />

medieval de conduzir e vida e a sociedade. Embora<br />

se costume localizar o movimento iluminista no século<br />

XVIII, os elementos corrosivos que começaram<br />

a debilitar as colunas de sustentação da sociedade<br />

medieval já tinham si<strong>do</strong> lança<strong>do</strong>s no século XVII. Seu<br />

mentor principal, o erudito <strong>do</strong>s países baixos, Bento<br />

Espinosa (1632-1677), logrou articular um sistema<br />

altamente consistente, um conjunto de ideias que já<br />

estava presente na tradição mística anterior ao cristianismo<br />

e que se mantinha sorrateira e marginalizada<br />

em escritos, lendas e tradições deístas transmitidas<br />

oralmente pela cultura popular, mas cujo fun<strong>do</strong><br />

de verdades nunca deixou de impressionar os espíritos<br />

mais atentos.<br />

Daí a lição importante desta obra. Ela nos mostra que<br />

superar uma concepção exige tanto definir e criar<br />

algo novo, que se afigure melhor, como também é<br />

indispensável desacreditar o velho, demonstran<strong>do</strong><br />

sua defasagem ou inconsistência. Tanto é necessário<br />

construir o novo como demolir o antigo.


6 n + 0 = n<br />

n - 0 = n<br />

0<br />

¼<br />

matemática<br />

A<br />

3,14<br />

∑<br />

√2<br />

remonta ao homem pré-<br />

histórico, que, não saben<strong>do</strong> operar<br />

л<br />

dus, sen<strong>do</strong> sua divulgação na Europa Ocidental de-<br />

Ⅺ<br />

100%<br />

No começo da história escrita <strong>do</strong>s algarismos, as ci-<br />

$ 2,34 %<br />

rada <strong>do</strong>s hebreus, romanos, gregos, hindus, chineses<br />

½<br />

π = 3,1416<br />

5,79<br />

x 2 + y = z<br />

As origens da Matemática<br />

“Os algarismos não mentem, mas os mentirosos fabricam algarismos.”<br />

com algarismos ou letras representativas<br />

de quantidades, desenhava<br />

figuras na parede das cavernas. A<br />

figuração <strong>do</strong>s números permitiu ao<br />

homem contar os objetos.<br />

vilizações empregavam uma escrita numeral <strong>do</strong> tipo<br />

“pauzinhos de madeira”. Em quase cinco mil anos de<br />

história, o homem evoluiu muito pouco na ciência<br />

<strong>do</strong>s números.<br />

O emprego de traços verticais IIII e III para representar<br />

os números 4 e 3 guarda maior proximidade com<br />

o ábaco <strong>do</strong> que com a numeração literal mais elabo-<br />

e árabes, que introduziam novos símbolos para representar<br />

cada uma das colunas <strong>do</strong> ábaco.<br />

Em mais de 2 mil anos de civilização, os romanos deixaram<br />

marcas da sua escrita e numeração de datas<br />

nos monumentos, sen<strong>do</strong> que os números (sinais)<br />

correspondiam, no ábaco, respectivamente, à coluna<br />

das unidades, dezenas, centenas e milhares.<br />

Numeração in<strong>do</strong>-Arábica<br />

A numeração in<strong>do</strong>-arábica foi inventada pelos hin-<br />

vida aos árabes.<br />

* Laélio Ladeira, ex-professor da Universidade de Brasília, <strong>do</strong><br />

Instituto Militar de Engenharia na Praia Vermelha <strong>do</strong> Rio de<br />

Janeiro e da Escola Nacional de Engenharia <strong>do</strong> Rio de Janeiro<br />

é o atual Sumo Sacer<strong>do</strong>te (High Priest) <strong>do</strong> Tabernáculo Brasília<br />

236 em Kt.Pt. Laélio Ladeira.<br />

** Este texto foi altera<strong>do</strong> com a autorização <strong>do</strong> autor, sen<strong>do</strong><br />

parte dele transformada na linha <strong>do</strong> tempo da história da<br />

Matemática. O texto, na íntegra, pode ser encontra<strong>do</strong> no<br />

http://lojadepesquisasgodf.webs.com/artigos.htm.<br />

∞Laélio Ladeira*<br />

ao enyte<br />

≠<br />

A invenção hindu de sunya = 0 libertou o intelecto<br />

humano das grades discricionárias <strong>do</strong> ábaco. Uma<br />

Uma das grandes figuras da história da matemática<br />

foi o sábio Mohamed ibn Musa al-Khwarizmi, que formulou<br />

várias definições algébricas. Os árabes aper-<br />

7<br />

feiçoaram o sistema hindu ao atribuir ao algarismo<br />

zero, pela primeira vez, um valor posicional na representação<br />

<strong>do</strong>s números. O resulta<strong>do</strong> mais claro desse<br />

fértil perío<strong>do</strong> foi a criação <strong>do</strong> sistema de numeração<br />

in<strong>do</strong>-arábico, que, com ligeiras alterações na grafia, é<br />

utiliza<strong>do</strong> em praticamente to<strong>do</strong>s os países <strong>do</strong> mun<strong>do</strong><br />

moderno.<br />

2 x 7 = 14<br />

9<br />

¾<br />

vez inventa<strong>do</strong> um símbolo representativo da coluna<br />

∆<br />

vazia, “trabalhar” na lousa, no papel, no pergaminho<br />

ou em qualquer material passou a ser tão simples<br />

quanto trabalhar no ábaco.<br />

Três grandes fatores contribuíram para a invenção<br />

da álgebra entre hindus e árabes: 1) a necessidade<br />

de regras de calcular mais simples, ou algorismos,<br />

como se chamava a aritmética no século XIII; 2) a<br />

solução de problemas práticos envolven<strong>do</strong> o uso de<br />

números, isto é, a solução das equações e 3) o estu<strong>do</strong><br />

das séries.<br />

Os hindus escreviam as frações à nossa maneira,<br />

apenas omitin<strong>do</strong> o traço horizontal. A criação <strong>do</strong>s<br />

sistemas de numeração posicional e da noção <strong>do</strong> sinal<br />

zero foi de suma importância para a evolução da<br />

matemática e sua popularização. E aprender a ler e a<br />

escrever a linguagem das medições foi fundamental<br />

para o povo compreender as ciências modernas.<br />

No século VII, teve início a religião islâmica, fundada<br />

pelo apóstolo Maomé, que conseguiu unir as tribos<br />

<strong>do</strong> deserto da Arábia. Nos séculos VIII e IX, os árabes<br />

passaram a invadir os territórios vizinhos, controlan<strong>do</strong><br />

o território desde a Espanha até o vale <strong>do</strong><br />

rio In<strong>do</strong>, na Índia, atual Paquistão. Nesse perío<strong>do</strong>, os<br />

árabes levaram seu sistema de numeração aos países<br />

conquista<strong>do</strong>s.<br />

Ciência<br />

47


Primeiros sistemas de imagem<br />

numérica: grupos de cinco,<br />

dez e vinte elementos em<br />

referência aos de<strong>do</strong>s das mãos<br />

e <strong>do</strong>s pés. Empregava-se<br />

uma escrita numeral <strong>do</strong> tipo<br />

“pauzinhos de madeira”, para<br />

representar os nove primeiros<br />

números pela repetição de<br />

traços verticais:<br />

I II III IIII IIIII IIIIII IIIIIII IIIIIIII IIIIIIIII<br />

3.400 a.C. – Antigo Egito<br />

3.000 a.C. – Mesopotâmia,<br />

China, Índia<br />

8.000 a 5.000 a.C.<br />

Perío<strong>do</strong> Neolítico<br />

48 ao enyte<br />

Linha <strong>do</strong> tempo da<br />

Papiro de Rhind ou Papiro<br />

de Ahmes, o mais antigo<br />

<strong>do</strong>cumento matemático<br />

da história. Relata a vida<br />

<strong>do</strong> escriba e matemático<br />

egípcio de nome Ahmes<br />

(1680-1620 a.C.), que<br />

detalhou a solução de 85<br />

problemas de aritmética,<br />

frações, cálculo de<br />

áreas, volumes, regra de<br />

três, equações lineares,<br />

trigonometria básica e<br />

geometria.<br />

1.650 a.C.<br />

Possivelmente a<br />

forma inicial de<br />

contar empregava<br />

um sistema de<br />

agrupamento de<br />

objetos, como seixos<br />

e gravetos.<br />

Em algum momento<br />

antes de Cristo<br />

Surge o ábaco!<br />

Os hindus inventaram o sistema<br />

decimal e os números arábicos.<br />

Os números foram chama<strong>do</strong>s<br />

arábicos, porque foram os árabes<br />

que os levaram para a Europa.<br />

Os hindus também inventaram o<br />

conceito de zero:<br />

sunya = vazio = (0).<br />

A importância da descoberta <strong>do</strong><br />

zero é globalmente reconhecida.<br />

Nos Vedas (8.500 a.C), há cálculos<br />

matemáticos precisos de<br />

solstícios e equinócios.<br />

640 a.C a 50 a.C.<br />

Grécia antiga<br />

Os para<strong>do</strong>xos de Zenão, filósofo e matemático<br />

grego, são difíceis de reconhecer no ábaco, o que<br />

não ocorre no papel. Zenão dizia que Aquiles<br />

jamais conseguiria alcançar uma tartaruga, pois a<br />

distância que os separava poderia ser subdividida<br />

infinitamente, configuran<strong>do</strong> um problema<br />

matemático formidável.<br />

Os gregos achavam a matemática<br />

uma ciência menor. Eles<br />

desenvolveram a geometria<br />

e outras ciências, porém não<br />

conseguiram criar nem sequer<br />

uma álgebra rudimentar. Não<br />

se preocupavam com grandes<br />

números, pois o comércio, grande<br />

incentiva<strong>do</strong>r <strong>do</strong>s grandes cálculos,<br />

só se expandiria com os romanos.<br />

490 a.C. a 430 a.C.<br />

Zenão de Eleia<br />

Pitágoras cunha<strong>do</strong> em<br />

moeda<br />

É fundamental ter muito cuida<strong>do</strong> ao consultar<br />

a <strong>do</strong>cumentação sobre história da Matemática.<br />

Boa parte dela é escrita por curiosos sem o<br />

entendimento de que conceitos, méto<strong>do</strong>s,<br />

terminologias, notações, valores e motivações<br />

de outrora não são os mesmos de hoje.<br />

Laélio Ladeira


27 a.C. apogeu <strong>do</strong><br />

Império Romano<br />

História da Matemática<br />

Brahmagupta se especializa nas<br />

mesmas questões – cálculos,<br />

séries e equações de Lilavati.<br />

Ambos respondem pela<br />

invenção das leis <strong>do</strong> zero, ou<br />

sunya, lema em que se baseia<br />

toda a nossa aritmética:<br />

a x 0 = 0<br />

a + 0 = a<br />

a – 0 = a<br />

470 d.C.<br />

Os romanos começam a utilizar<br />

letras para representar números.<br />

O sistema de símbolos <strong>do</strong>s<br />

romanos expressa os números<br />

de 1 a 1.000.000, utilizan<strong>do</strong> sete<br />

símbolos:<br />

I (1), V (5), X (10), L (50), C (100),<br />

D (500), M (1000).<br />

O ábaco era o instrumento mais<br />

emprega<strong>do</strong> para efetuar cálculo.<br />

A numeração romana foi difundida<br />

por mais de 2.000 anos, de 753 a.C.<br />

a 1.453 d.C.<br />

Números atuais<br />

árabes<br />

hindus<br />

europeus<br />

Mohamed ibn Musa al-Khwarizmi,<br />

matemático e astrônomo<br />

muçulmano, introdutor <strong>do</strong>s<br />

numerais in<strong>do</strong>-arábicos e<br />

<strong>do</strong>s conceitos da álgebra na<br />

Matemática europeia. Escreveu o<br />

primeiro livro de álgebra – Trata<strong>do</strong><br />

de álgebra. A palavra álgebra<br />

deriva <strong>do</strong> seu nome.<br />

1 2 3 4 5 6 7 8 9 0<br />

500 d.C.<br />

~ 598 a 670 d.C.<br />

780 d.C. a<br />

850 d.C<br />

Coube ao matemático italiano Leonar<strong>do</strong><br />

Pisano (apelida<strong>do</strong> Fibonacci) a glória de<br />

ter trazi<strong>do</strong> para a Europa a numeração<br />

arábica (in<strong>do</strong>-arábico), que veio substituir<br />

o complica<strong>do</strong> sistema inventa<strong>do</strong> pelos<br />

romanos. No entanto, a introdução<br />

<strong>do</strong>s numerais arábicos (in<strong>do</strong>-árabico)<br />

encontrou oposição <strong>do</strong> público, visto que<br />

estes símbolos dificultavam a leitura <strong>do</strong>s<br />

livros <strong>do</strong>s merca<strong>do</strong>res.<br />

O matemático Lilavati de<br />

Aryabhata discute regras<br />

aritméticas, aplica a lei <strong>do</strong>s<br />

sinais de Diofanto, apresenta<br />

uma tábua de senos a intervalos<br />

de 3 ¾° e atribui a π o valor<br />

3,1416. Lilavati mostra como<br />

os aritméticos hindus se<br />

preocupavam com problemas<br />

de taxação, dívidas e juros.<br />

Albert Einsten publica a<br />

Teoria da Relatividade<br />

E = mc 2<br />

1202<br />

1905<br />

Publicação <strong>do</strong> Liber abaci<br />

(Livro <strong>do</strong> ábaco) por Fibonacci<br />

Os hindus não foram os únicos<br />

a inventar o zero. Os maias<br />

repetiram o feito, empregan<strong>do</strong><br />

um arranjo vertical de símbolos<br />

numerais análogos aos <strong>do</strong>s<br />

chineses para as inscrições <strong>do</strong>s<br />

seus monumentos e calendários.<br />

Existem diversos mitos<br />

sobre a origem <strong>do</strong>s<br />

números arábicos. Alguns<br />

deles apontam que as<br />

formas originais <strong>do</strong>s<br />

números indicam seu valor<br />

por meio da quantidade<br />

de ângulos existentes no<br />

desenho de cada algarismo.<br />

Outros mitos sugerem a<br />

quantidade de traços, ou<br />

o número de pontos, ou<br />

de diâmetros e arcos de<br />

circunferência conti<strong>do</strong>s no<br />

desenho de cada algarismo.<br />

m<br />

i<br />

t<br />

o<br />

s


Humor<br />

Segun<strong>do</strong> grau?<br />

50 ao enyte<br />

Mestre Cayrú<br />

No início da sessão de uma loja, se apresentou ao 2º<br />

vigilante um Irmão bem velhinho, portan<strong>do</strong> avental<br />

branco de aprendiz, dizen<strong>do</strong>:<br />

— Vim ser eleva<strong>do</strong> ao 2º grau.<br />

Entre surpreso e curioso, o vigilante perguntou:<br />

— Ah! E quan<strong>do</strong> o Irmão foi inicia<strong>do</strong> na Ordem?<br />

— Fui inicia<strong>do</strong> em 4 de julho de 1922 e estou pronto<br />

para ir ao 2º grau. Insistiu o ancião.<br />

A essa altura, toda a Loja já estava de olho no Irmão<br />

ancião e o vigilante foi conferir os arquivos da oficina.<br />

Para surpresa geral, lá estava a ficha de iniciação<br />

<strong>do</strong> sujeito: 4 de julho de 1922.<br />

Sorridente e ainda mais curioso, o vigilante inquiriu:<br />

— E por onde o Irmão an<strong>do</strong>u to<strong>do</strong> esse tempo? Por<br />

que demorou tanto para ser eleva<strong>do</strong> ao 2º grau?<br />

— Estive aprenden<strong>do</strong> a <strong>do</strong>minar minhas paixões,<br />

respondeu o velhinho, suspiran<strong>do</strong> de saudade.<br />

Sou mais eu<br />

Hora <strong>do</strong> descanso<br />

O aprendiz vai visitar outra loja, mas chega atrasa<strong>do</strong><br />

aos trabalhos. Desconfia<strong>do</strong>, o guarda externo pergunta:<br />

— Você é um maçom regular?<br />

O aprendiz visitante responde:<br />

— Eu, não! Maçons regulares são os outros. Eu sou<br />

<strong>do</strong>s bons!<br />

O poder da informação<br />

Numa capital cosmopolita, o vigário carola vivia brigan<strong>do</strong><br />

contra o que considerava ideias muito liberais<br />

<strong>do</strong> jornal <strong>do</strong> bairro. Cansa<strong>do</strong> de reclamar, o padre<br />

decidiu excomungar o editor-chefe <strong>do</strong> matutino<br />

em pleno sermão da missa de <strong>do</strong>mingo, com a igreja<br />

lotada.<br />

Dois dias depois, o jornal traz em manchetes garrafais<br />

a expulsão <strong>do</strong> referi<strong>do</strong> padre da Maçonaria. Indigna<strong>do</strong>,<br />

o sacer<strong>do</strong>te corre à redação da gazeta para<br />

tomar satisfação com o editor.<br />

— O senhor não pode me expulsar da Maçonaria,<br />

porque eu não sou membro dessa instituição, vociferou<br />

o padre.<br />

— Olha, seu padre, reagiu o jornalista, to<strong>do</strong> mun<strong>do</strong><br />

sabe que eu não sou católico e, mesmo assim, o senhor<br />

me excomungou. Agora, como ninguém sabe<br />

quem é maçom e quem não é, até que o senhor prove<br />

o contrário, vamos continuar dizen<strong>do</strong> que nós demos<br />

um furo de reportagem.<br />

Instinto animal<br />

Qual o maior receio de um bode velho casa<strong>do</strong> com<br />

uma cabrita nova?<br />

Resposta: Que ela caminhe nos Passos Perdi<strong>do</strong>s.<br />

Democracia<br />

Rígi<strong>do</strong>s segui<strong>do</strong>res <strong>do</strong> regimento interno que determinava<br />

a votação para qualquer decisão da oficina,<br />

obreiros de determinada loja se reuniram em comissão<br />

para decidir o que fazer em relação a um Irmão<br />

que acabara de ser interna<strong>do</strong> em um hospital. Após<br />

rápida discussão, decidiram enviar mensagem desejan<strong>do</strong><br />

pronto restabelecimento ao hospitaliza<strong>do</strong>.<br />

Encarrega<strong>do</strong> de redigir a mensagem, o Irmão secretário<br />

escreveu:<br />

“Estima<strong>do</strong> Irmão, reuni<strong>do</strong>s em comissão na mesma<br />

data em que o Irmão adentrou nessa digníssima instituição<br />

hospitalar, decidimos, por seis votos a favor,<br />

três contra e uma abstenção, enviar mensagem expressan<strong>do</strong><br />

o nosso desejo sincero de pronto restabelecimento<br />

<strong>do</strong> Irmão”.


ao enyte<br />

51


52 ao enyte<br />

Supremo Conselho <strong>do</strong> Brasil <strong>do</strong> Grau 33 para o Rito Escocês<br />

O Supremo Conselho <strong>do</strong> Brasil <strong>do</strong> Grau 33 para o Rito Escocês Antigo<br />

e Aceito foi funda<strong>do</strong> em 12 de novembro de 1832, ten<strong>do</strong> funciona<strong>do</strong>,<br />

até o ano de 1976, no prédio da rua <strong>do</strong> Lavradio 97, na cidade <strong>do</strong> Rio<br />

de Janeiro, sede <strong>do</strong> <strong>Grande</strong> <strong>Oriente</strong> <strong>do</strong> Brasil.<br />

Sede atual: Campo de São Cristóvão 114<br />

Rio de Janeiro/RJ – Brasil<br />

Fone: (21) 2589-8773

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