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MAPEAMENTO NACIONAL DA PRODUçãO ... - Itaú Cultural

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mapeamento nacional<br />

da produção emergente<br />

2001/2003


mapeamento nacional<br />

da produção emergente<br />

2001/2003


mapeamento nacional<br />

da produção emergente<br />

2001/2003


SUMÁRIO<br />

mapeamento Nacional da Produção Emergente 6<br />

diagnósticos das Regiões Mapeadas 9<br />

Nordeste e Sudeste 10<br />

Norte e Sudeste 16<br />

Sul, Nordeste e Norte 21<br />

Centro-Oeste e Nordeste 24<br />

artistas 29<br />

curadores 100<br />

mostras 105<br />

rumos da Nova Arte Contemporânea Brasileira 106<br />

entre o Mundo e o Sujeito 115<br />

poéticas da Atitude: O Transitório e o Precário 122<br />

arte: Sistema e Redes 127<br />

Sobre(A)ssaltos 133<br />

grafias do Lugar 139<br />

risíveis Humores 143<br />

manifesto das Indiferenças 147<br />

pupilas Dilatadas 151<br />

o Desconforto da Forma 155<br />

o Discurso do Choque 159<br />

abertura e Ecos 163<br />

estranhamento 166<br />

Bibliografia 170<br />

Índice Onomástico 174


<strong>MAPEAMENTO</strong><br />

<strong>NACIONAL</strong><br />

<strong>DA</strong> PRODUÇÃO<br />

EMERGENTE<br />

O programa Rumos Itaú <strong>Cultural</strong> Artes Visuais,<br />

desenvolvido pelo Instituto Itaú <strong>Cultural</strong>, por<br />

intermédio do Núcleo de Artes Visuais, é uma<br />

atividade de incentivo a jovens artistas. Os participantes<br />

iniciaram sua trajetória profissional na<br />

década de 1990 e trabalham com fotografia,<br />

instalação, videoinstalação, escultura, objeto, pintura,<br />

gravura, desenho, site specific (obras cujo<br />

formato varia de acordo com o local em que são<br />

montadas), intervenções urbanas ou no espaço<br />

expositivo e novas tecnologias.<br />

O programa tem como principal objetivo colaborar<br />

no processo de formação dos artistas e curadores<br />

participantes, recém-surgidos no circuito artístico.<br />

Também proporciona ao público referenciais para<br />

a leitura da obra contemporânea, por meio de<br />

exposições e de textos críticos-curatoriais publicados<br />

em materiais gráficos que acompanham cada<br />

mostra. Contribui desta maneira para o aprofundamento<br />

de conceitos artísticos e significados<br />

estéticos, atuando como um instrumento para a<br />

educação do olhar e do pensamento crítico sobre<br />

a cultura do país.<br />

Com base no conceito de que o confronto das<br />

produções regionais reforça a multiplicidade e a<br />

riqueza da arte brasileira, a cada edição do programa<br />

são selecionados artistas e indicados curadores de<br />

várias partes do país. Ganha destaque assim a arte<br />

feita além do tradicional circuito representado pelas<br />

cidades de São Paulo e do Rio de Janeiro.<br />

Na edição 2001/2003 do programa, a abrangência<br />

nacional foi reforçada ainda em seu cronograma<br />

de mostras, que, além de terem sido apresentadas<br />

nas unidades da rede fixa Itaú <strong>Cultural</strong>, tiveram<br />

lugar, por intermédio de parcerias, em instituições<br />

culturais escolhidas por sua reconhecida atuação<br />

como centros difusores de cultura nas localidades<br />

em que estão sediadas e em suas regiões. Dessa<br />

forma, o público pôde tomar contato com a cultura<br />

e a arte de lugares diferentes e estabelecer<br />

contrapontos e semelhanças.<br />

As instituições culturais regionais, além de locais<br />

privilegiados para a exibição das mostras, assumiram<br />

outro papel de relevada importância na<br />

dinâmica do programa. Atuaram como parceiras<br />

do Instituto na complexa logística de recebimento<br />

dos portfólios de artistas, disponibilizando sua<br />

infra-estrutura física e operacional para que o<br />

material fosse adequadamente armazenado e<br />

pudesse ser pesquisado pela equipe curatorial.<br />

Foi composta equipe curatorial com coordenação<br />

geral de Fernando Cocchiarale, curador do Museu<br />

de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Participam da<br />

equipe três curadores-coordenadores – Cristina<br />

Freire, integrante do corpo curatorial do Museu<br />

de Arte Contemporânea da Universidade de São<br />

Paulo; Moacir dos Anjos, curador do Museu de<br />

Arte Moderna Aloísio Magalhães, do Recife; e<br />

Jailton Moreira, criador do Torreão, espaço independente<br />

voltado para a arte contemporânea,<br />

em Porto Alegre – e nove curadores adjuntos<br />

– Cleomar Rocha [BA], Cristóvão Coutinho [AM],<br />

Eduardo Frota [CE], Juliana Monachesi [SP], Maria<br />

do Carmo de Siqueira Nino [PE], Marília Panitz<br />

[DF], Marisa Flórido Cesar [RJ], Paulo Reis [PR] e<br />

Paulo Schmidt [MG].<br />

A edição iniciou-se com a publicação de edital e<br />

regulamento, em março de 2001, e com a realização<br />

de uma ampla pesquisa, denominada Mapeamento<br />

Nacional da Produção Emergente. Dividiuse<br />

o país em nove regiões, que foram visitadas<br />

pelos curadores adjuntos. Nessas visitas, foram<br />

levantados dados sobre cidades que são pólo de<br />

atração cultural e as condições em que ocorre o<br />

ensino formal e informal da arte nesses locais; os<br />

espaços expositivos, o mercado, o circuito artístico<br />

e a escoagem da produção; a circulação e a troca<br />

da informação artística; as aparelhagens e a infraestrutura<br />

cultural; a presença ou ausência de<br />

atividade crítica e curatorial; as características da<br />

produção; e as expectativas dos artistas em relação<br />

ao programa. As informações do mapeamento<br />

geraram diagnósticos que, sintetizados, estão<br />

presentes nos textos analíticos dos curadores-coordenadores<br />

e do coordenador da equipe curatorial,<br />

que seguem este prefácio.<br />

Além da indicação, com base no mapeamento,<br />

de artistas para integrar esta edição, o elenco<br />

formou-se com o recebimento de 1.495 inscrições<br />

espontâneas de todo o Brasil. Após análise dos<br />

portfólios, a equipe curatorial selecionou 69 artistas,<br />

residentes e atuantes em 16 Estados e no<br />

Distrito Federal, para participar do cronograma de<br />

exposições. Outros 292 artistas mapeados farão<br />

parte de um banco de dados e imagens, que será<br />

disponibilizado no site www.itaucultural.org.br.<br />

Os critérios adotados na seleção final foram a<br />

qualidade das obras de cada inscrito; a coerência<br />

entre o resultado visual e o conceito proposto; o<br />

grau de experimentação do discurso e da poética;<br />

o uso de novas mídias; a permeabilidade da<br />

obra, sua contaminação ou resistência a outras<br />

linguagens; a adequação da mídia ao discurso;<br />

a consistência da pesquisa empreendida para a<br />

concepção dos trabalhos; e o estágio de formação<br />

específica dos artistas.<br />

Um workshop organizado para apresentar a<br />

dinâmica de atuação do programa reuniu, durante<br />

uma semana, em fevereiro de 2002, os 69 artistas<br />

e a equipe curatorial, na sede do Itaú <strong>Cultural</strong>.<br />

Esse evento proporcionou a troca de experiências<br />

artísticas entre os participantes e o aprofundamento<br />

de temas da arte contemporânea, apresentados<br />

em palestras por filósofos, sociólogos,<br />

artistas, curadores e representantes de instituições<br />

culturais.<br />

De fevereiro a abril de 2002, foi realizada,<br />

em parceria com a Fundação Clóvis Salgado<br />

– Palácio das Artes, em Belo Horizonte, a exposição<br />

Rumos da Nova Arte Contemporânea<br />

Brasileira, que abriu o cronograma de mostras e<br />

reuniu todos os artistas desta edição, sob curadoria<br />

de Fernando Cocchiarale. No decorrer do


ano de 2002 e até o primeiro trimestre de 2003,<br />

serão realizadas quinze mostras em espaços culturais<br />

brasileiros, com curadoria dos nove curadores<br />

adjuntos (exposições de pequeno porte) e<br />

dos três curadores-coordenadores (exposições de<br />

médio porte).<br />

Com o objetivo de contribuir para o aprimoramento<br />

da formação artística dos participantes,<br />

estabeleceu-se convênio entre o Itaú <strong>Cultural</strong><br />

e o Consulado Geral da França, em São Paulo.<br />

Sob coordenação da Direction des Affaires Culturelles,<br />

Paris, órgão ligado ao Consulado, foi oferecida<br />

uma bolsa ateliê-residência a um dos artistas<br />

desta edição, entre março e abril de 2002, na<br />

Cité dês Arts, Paris. A seleção dos candidatos à<br />

bolsa levou em conta critérios como a pesquisa<br />

dos conceitos de arte contemporânea, a linguagem<br />

empregada em suas obras, a capacidade de<br />

reflexão sobre a produção e a formação artística<br />

e inserção no circuito das artes.<br />

Este livro encerra as atividades da edição 2001/2003<br />

do programa. Os textos que compõem a publicação<br />

constituem um amplo levantamento das<br />

condições em que se faz a arte contemporânea<br />

brasileira, ressaltando a densidade poética das<br />

obras dos participantes, alguns deles provenientes<br />

de localidades em que o processo e o circuito<br />

artísticos são práticas ainda incipientes.<br />

e Museu de Arte da Universidade Federal do<br />

Paraná, Curitiba.<br />

Registre-se também a prospecção realizada junto<br />

de outras instituições que, apesar da frutífera troca,<br />

devido a contingências operacionais não puderam<br />

abrigar mostras – Centro Dragão do Mar de Arte e<br />

Cultura e Centro de Artes Visuais Raimundo Cela,<br />

Fortaleza; Fundação Casa França-Brasil, Museus<br />

Castro Maya – Museu do Açude e Paço Imperial,<br />

Rio de Janeiro; Museu de Arte Contemporânea,<br />

Niterói; Museu de Arte do Rio Grande do Sul Ado<br />

Malagoli, Pinacoteca da Universidade Federal do<br />

Rio Grande do Sul e Espaço <strong>Cultural</strong> Usina do<br />

Gasômetro, Porto Alegre; Fundação <strong>Cultural</strong> de<br />

Curitiba, Curitiba; e Fundação Jaime Câmara,<br />

Goiânia.<br />

Com o programa Rumos Itaú <strong>Cultural</strong> Artes<br />

Visuais, o Itaú <strong>Cultural</strong> cumpre o importante<br />

papel de democratizar o acesso à cultura e fomentar<br />

a diversidade cultural e social do Brasil.<br />

Instituto Itaú <strong>Cultural</strong><br />

São Paulo, dezembro 2002<br />

‐<br />

diagnósticos das<br />

regiões mapeadas<br />

<br />

Cabe aqui agradecer o apoio recebido de instituições<br />

com as quais o Instituto estabeleceu parcerias<br />

para a apresentação das mostras, que, além<br />

de cederem sua infra-estrutura física e operacional<br />

para que os eventos pudessem ocorrer da forma<br />

mais satisfatória possível, atuaram efetivamente<br />

na difusão dos conceitos do programa, bem<br />

como das obras, artistas e curadores. São elas<br />

Fundação Clóvis Salgado – Palácio das Artes, Belo<br />

Horizonte; Fundação Joaquim Nabuco, Recife;<br />

Galeria Athos Bulcão, Brasília; Museu de Arte<br />

Contemporânea do Paraná, Curitiba; Museu de<br />

Arte da Universidade Federal do Ceará, Fortaleza;


10<br />

Nordeste<br />

e Sudeste<br />

Alagoas, Bahia e Sergipe<br />

Curador adjunto Cleomar Rocha<br />

No mapeamento regional decidiu-se pela visita às<br />

capitais dos Estados de Alagoas, Bahia e Sergipe e a<br />

algumas cidades do interior baiano, considerando-se as<br />

atividades artísticas de produção e as exposições regulares<br />

nas localidades em questão. As visitas ocorreram ao<br />

longo dos meses de março a maio de 2001.<br />

Alagoas/Maceió<br />

Em Alagoas, não há curso superior de artes plásticas,<br />

apenas alguns cursos básicos na área. A falta<br />

de atividades de formação artística dificulta o<br />

surgimento de nomes na cidade, e a ausência de<br />

exposições significativas no contexto contemporâneo<br />

torna nulo o envolvimento dos artistas com<br />

temáticas e questões relacionadas à arte atual. Os<br />

poucos artistas que despontam vêm de formação<br />

superior em áreas afins, como arquitetura e comunicação,<br />

e normalmente sintonizam sua produção<br />

a partir de viagens ao Recife, a Salvador, a São<br />

Paulo e à Europa.<br />

Existem também espaços culturais como a Pinacoteca<br />

Universitária, ligada à Universidade Federal<br />

de Alagoas, Ufal, com três salas para exposições.<br />

A Ufal não mantém cursos de graduação em arte,<br />

oferecendo, esporadicamente, alguns poucos cursos<br />

de extensão. A universidade não tem nenhum<br />

projeto de desenvolvimento na área.<br />

O Serviço Social do Comércio, Sesc, tem um espaço<br />

bem interessante, próximo ao centro da cidade,<br />

com teatro, salas de treinamento e galeria de arte.<br />

A galeria é pequena, o que dificulta a montagem<br />

de uma boa exposição.<br />

Bahia/Salvador<br />

A capital do Estado passa por um período de transição,<br />

bastante necessária, no âmbito das artes<br />

visuais. Um grupo de artistas dos anos 1960, apadrinhado<br />

pelo Estado, manteve a área de artes<br />

plásticas relegada a uma cultura visual desatualizada.<br />

O grupo, hermético para novos nomes, dominava<br />

os setores educacionais - a Escola de Belas Artes<br />

da Universidade Federal da Bahia, EBA/UFBA - e as<br />

políticas públicas dos governos estadual e municipal,<br />

além da área comercial de arte. Sua influência foi<br />

determinante para que novos nomes não alcançassem<br />

espaço ou projeção. Sob nova direção, a EBA foi<br />

retomada como centro de formação na Bahia.<br />

Entre as instituições de formação, apenas a EBA/<br />

UFBA mantém um curso de graduação em artes<br />

plásticas, contando com várias oficinas. A escola<br />

passou por uma fase considerada negra. A<br />

recuperação está sendo feita com o auxílio da<br />

Universidade Federal do Rio Grande do Sul, UFRGS,<br />

que disponibiliza alguns de seus professores para<br />

o curso de mestrado da escola baiana, reaberto<br />

em 2000. Ademais, outras iniciativas, tomadas por<br />

instituições privadas, não conseguiram manter-se.<br />

Os artistas da nova geração buscam espaços para<br />

mostrar seu trabalho e encontram dificuldade em<br />

seu próprio território e mais ainda nos principais<br />

eixos do circuito nacional de arte. A alternativa para<br />

muitos tem sido a participação nos salões regionais,<br />

que efetivamente estão longe de ser um espaço legítimo<br />

da arte. Não há críticos em atividade na Bahia.<br />

A grande contribuição do Museu de Arte Moderna<br />

da Bahia, MAM, dá-se pela manutenção de seus<br />

espaços de exposição, que recebem boas mostras<br />

e onde se realiza anualmente o Salão MAM-Bahia<br />

de Artes Plásticas, um dos melhores do país. Os<br />

artistas vêem com preocupação o espaço do<br />

Museu, que não tem uma política de valorização<br />

de artistas baianos e conseqüentemente não afina<br />

suas relações com a classe como um todo.<br />

Algumas galerias comerciais mantêm exposições<br />

de seus representados, mas não conseguem projeção<br />

ou inferência na produção contemporânea.<br />

Dos espaços, a atuação e a importância se restringem<br />

verdadeiramente ao MAM, à Associação <strong>Cultural</strong><br />

Brasil Estados Unidos, ACBEU, e ao Instituto<br />

<strong>Cultural</strong> Brasil Alemanha, ICBA. Recentemente<br />

foi aberta uma sala de exposições na escola da<br />

Aliança Francesa, que pretende desenvolver trabalho<br />

análogo. Contudo, pelas primeiras mostras<br />

ali realizadas, falta uma dimensão crítica para se<br />

nivelar aos outros espaços.<br />

Bahia/Feira de Santana<br />

Feira de Santana, a principal cidade do interior baiano,<br />

conta com um grupo de artistas interessados<br />

em atividades de formação em arte contemporânea,<br />

vistos na movimentação do Centro Universitário de<br />

Cultura e Arte, Cuca, ligado à Universidade Estadual<br />

de Feira de Santana, Uefs. Tendo a sua volta os mais<br />

atuantes artistas locais, o Cuca exerce o papel de um<br />

verdadeiro centro cultural.<br />

De modo geral, os artistas não têm uma orientação<br />

de formação ou informação em Feira<br />

de Santana. Os trabalhos são, em sua maioria,<br />

formal, conceitual ou tecnicamente imaturos. A<br />

produção na cidade está basicamente voltada<br />

para os salões regionais, que possibilitam a<br />

exposição de trabalhos e premiam alguns artistas.<br />

A Uefs não tem nenhum curso na área. Mantém<br />

apenas um curso de extensão em desenho, que<br />

beira o desenho técnico e não consegue avançar<br />

no campo artístico. Contíguo ao Cuca está o<br />

Museu Regional de Artes, que mantém um acervo<br />

de artistas locais e uma bela coleção de desenhos<br />

ingleses do século XIX.<br />

A cidade tem também um Museu de Arte Contemporânea,<br />

com três salas de exposição - uma<br />

maior e duas menores. Não há nenhuma orientação<br />

seletiva para a ocupação das galerias do museu.<br />

Bahia/Vitória da Conquista<br />

A cidade de Vitória da Conquista, interior baiano,<br />

apresenta uma expressiva produção em relação<br />

ao seu tamanho. A base da atividade é o Museu<br />

Regional de Artes, ligado à Fundação <strong>Cultural</strong> do<br />

Estado da Bahia e responsável pela edição de um<br />

Salão Regional de Artes Plásticas. Reúne vários artistas,<br />

acometidos do mesmo mal que assola Feira de<br />

Santana: produções de qualidade duvidosa, mas que<br />

colecionam prêmios. Questões como inovação, diferente<br />

e choque ainda são tidas como parâmetro para<br />

a valorização da arte. Em conseqüência, vários trabalhos<br />

não passam de deprimentes estudos vazios.<br />

Entre as instituições, o Museu Regional de Artes é<br />

um espaço de atuação referencial, onde se pretende<br />

criar uma biblioteca para os artistas. Concentra<br />

uma pequena galeria (sem recursos para exposições<br />

maiores), um teatro, além de algumas salas<br />

de aula.<br />

Bahia/Ilhéus<br />

Em Ilhéus, Bahia, a atividade cultural e artística é<br />

baseada no turismo, sem outras preocupações. Seus<br />

espaços são quase inexistentes e a atividade em artes<br />

visuais se restringe a uns poucos artistas de pouca<br />

qualidade. Foi possível conhecer alguns trabalhos expostos<br />

em uma livraria e na associação dos artistas.<br />

Entre as instituições, a Casa dos Artistas concentra<br />

alguns artistas e um número maior de artesãos. A<br />

instituição, que funciona em uma sala no quarteirão<br />

Jorge Amado, não tem espaço para exposições<br />

nem se dedica à formação.<br />

Sergipe/Aracaju<br />

A cidade de Aracaju conta com uma produção<br />

bem pequena e tímida em arte. A ausência de<br />

cursos e atividades culturais acaba por inibir pre-<br />

11


O curso de artes da Universidade Federal do<br />

Espírito Santo, Ufes, é atualmente o único respon-<br />

12 tensões maiores. A Universidade Federal de Sergipe, sável pela formação de artistas no Estado do<br />

Minas Gerais/Belo Horizonte<br />

A UFU mantém na cidade o Museu Universitário, 13<br />

Muna, que, mesmo com estrutura deficiente, é um<br />

espaço de referência na cidade.<br />

UFSE, mantém o Centro de Cultura e Arte, Cultarte,<br />

responsável pelas atividades culturais da universidade.<br />

Contudo, a atividade desenvolvida ali é mínima, em<br />

função do que dispõe. O Cultarte está alojado num<br />

velho casarão no centro da cidade, com duas amplas<br />

salas para exposições, duas salas de aula e um anexo<br />

onde funciona a parte administrativa. O velho casarão<br />

encontra-se em péssimo estado de conservação,<br />

impossibilitando sua ocupação. Há um projeto de<br />

criação de um museu nesse espaço, cuja reforma<br />

está na dependência de liberação da verba. Por isso,<br />

a primeira exposição que deveria ocupar o espaço,<br />

montada há meses, não pôde ser aberta à visitação.<br />

A cidade tem poucas galerias, quase desconhecidas.<br />

A população também não dá mostras de<br />

conhecimento da atividade artística desenvolvida<br />

ali, fato curioso numa cidade pequena.<br />

Além do Cultarte, um novo espaço cultural pode<br />

ser utilizado para atividades de formação em arte.<br />

Localizada na praça da Matriz, a Galeria Álvaro<br />

Santos tem sala de exposições e instalações para<br />

cursos e palestras. Sua administração fica a cargo da<br />

Fundação Municipal de Cultura, Turismo e Esportes<br />

de Aracaju, Funcaju, e está aberta a propostas de<br />

mostras e eventos culturais. Sem espaços adequados<br />

para exposições, o Serviço Social da Indústria,<br />

Sesi, mantém cursos de desenho e pintura para iniciantes.<br />

A cidade de Aracaju, ao contrário de Maceió,<br />

não tem nenhuma relação histórica com arte e é<br />

totalmente destituída de referências artísticas.<br />

Espírito Santo e Minas Gerais<br />

Curador adjunto Paulo Schmidt<br />

Espírito Santo/Vitória e Vila Velha<br />

Espírito Santo. A região sofreu uma grande perda<br />

com a interrupção dos Festivais de Verão promovidos<br />

pela própria universidade na cidade de Nova<br />

Almeida, onde se estabeleciam contatos entre<br />

artistas capixabas e os dos demais Estados.<br />

Vitória e Vila Velha contam com um pequeno<br />

número de galerias de arte institucionais e é por<br />

intermédio desses espaços que o circuito expositivo<br />

se dá. Nota-se que a maior parte da programação<br />

de eventos constitui-se de exposições concebidas<br />

e organizadas por grupos de artistas, como numa<br />

reação à escassa iniciativa institucional.<br />

No que se refere às instituições culturais, deve-se<br />

ressaltar a atuação de duas delas, que, em nichos<br />

distintos, têm colaborado incisivamente no circuito<br />

cultural capixaba.<br />

A Casa Porto das Artes, ligada à Capitania dos<br />

Portos, vem desenvolvendo importante política<br />

de difusão e fomento às artes plásticas por meio<br />

de uma programação contínua e da promoção do<br />

Salão do Mar, que é hoje o principal evento de<br />

caráter competitivo, abrangendo os Estados de<br />

Minas Gerais e do Espírito Santo.<br />

O Museu Ferroviário Vale do Rio Doce, inicialmente<br />

um museu temático, mantém uma sala e um grande<br />

galpão dedicados a mostras de arte contemporânea,<br />

viabilizando exposições de artistas brasileiros, acessíveis<br />

não apenas aos artistas e estudantes da área,<br />

mas também ao público infanto-juvenil e escolar,<br />

por meio de seu programa de ação educativa.<br />

O Museu de Arte do Espírito Santo, Maes, vem concentrando<br />

esforços no Programa de Ação Educativa<br />

com a comunidade, ao mesmo tempo que se<br />

empenha na constituição de uma biblioteca/banco<br />

de dados de artes plásticas e na preparação da<br />

reserva técnica para ampliação de seu acervo,<br />

podendo tornar-se um importante núcleo de pesquisa<br />

e de difusão das artes plásticas no Estado.<br />

A capital do Estado tem hoje um grande número<br />

de galerias e espaços destinados à arte contemporânea.<br />

O ensino, porém, mantém-se restrito<br />

a duas escolas universitárias: a Escola de Belas<br />

Artes da Universidade Federal de Minas Gerais,<br />

EBA/UFMG, e a Escola Guignard da Universidade<br />

do Estado de Minas Gerais. Esta última parece<br />

atravessar uma crise de identidade relacionada a<br />

diversas mudanças a que se submeteu na década<br />

passada.<br />

Embora ambas estejam contribuindo enormemente<br />

para a formação de artistas voltados às<br />

questões da contemporaneidade, prevalece ainda<br />

na cidade uma produção bastante conformada<br />

aos nichos de comercialização mais imediata e de<br />

fácil circulação.<br />

A produção emergente, como em outros tempos,<br />

padece de mecanismos mais eficientes para sua<br />

difusão, como publicações especializadas, que<br />

tornem mais possível a interlocução entre artistas,<br />

seus pares, crítica e público.<br />

Entre os espaços expositivos da cidade, vale ressaltar<br />

o esforço que vem sendo realizado pelo<br />

Centro <strong>Cultural</strong> da UFMG, que tem priorizado<br />

a apresentação de mostras individuais de jovens<br />

artistas, tornando possível uma importante etapa<br />

na maturação do processo de trabalho destes.<br />

Minas Gerais/Uberlândia e Juiz de Fora<br />

Pólos de referência em suas regiões, a Universidade<br />

Federal de Uberlândia, UFU, e a<br />

Universidade Federal de Juiz de Fora, UFJF,<br />

oferecem cursos de artes plásticas nos currículos.<br />

Tais pólos apresentam características<br />

bastante distintas e, por questões geográficas,<br />

se voltam, predominantemente, para São<br />

Paulo e Rio de Janeiro.<br />

O trabalho desenvolvido pela Secretaria Municipal<br />

de Cultura de Uberlândia no sentido de fazer emergir<br />

a produção jovem contemporânea, em mostras<br />

panorâmicas de artes plásticas e fotografia, tem<br />

representado importante papel para os artistas da<br />

cidade e da região do Triângulo Mineiro.<br />

A UFJF conserva em seu campus alguns espaços<br />

expositivos, que não contam, porém, com equipamentos<br />

adequados e tampouco mantêm uma<br />

regularidade de programação de eventos.<br />

Em Juiz de Fora, o Centro <strong>Cultural</strong> Bernardo<br />

Mascarenhas é a instituição cultural com atuação<br />

mais dinâmica. Suas instalações contam com<br />

diversas galerias, ateliês, auditório/teatro e salas<br />

de aula disponíveis a grupos da comunidade, que<br />

as utilizam para cursos, grupos de estudo, ensaios,<br />

reuniões etc.<br />

Pouco desperta às investigações das linguagens<br />

contemporâneas, Juiz de Fora conserva fortes as<br />

tradições da pintura e do desenho, construídas ali<br />

por gerações de artistas ainda bastante presentes<br />

na região.<br />

Minas Gerais/Poços de Caldas<br />

Embora a cidade tenha um bem equipado centro<br />

museológico, a Casa da Cultura de Poços de<br />

Caldas, gerido numa parceria entre o Instituto<br />

Moreira Salles e a prefeitura, a produção artística<br />

local se mostra bastante incipiente. Mesmo sem<br />

ter gerado ainda maiores efeitos sobre a comunidade<br />

artística, a atuação da Casa da Cultura<br />

- mediante exposições de arte brasileira algumas<br />

vezes aliadas a cursos ministrados pelos expositores<br />

- tem sido de grande importância para a<br />

cidade e a região.


14 Minas Gerais/Ouro Preto<br />

(dez de Petrópolis, um deles também já inserido no<br />

banco de dados, e um de Teresópolis).<br />

Rio de Janeiro/Rio de Janeiro e Niterói<br />

institucional de arte e os núcleos alternativos administrados<br />

por artistas. Esses grupos têm propostas,<br />

tempos de atuação e consolidação um pouco<br />

diferentes na cena carioca e mesmo brasileira.<br />

Além de estarem se tornando uma referência às<br />

artes, assim como um acontecimento nas cidades,<br />

são iniciativas que, no decorrer de suas experiências,<br />

estão tomando a dimensão de uma política<br />

cultural e social, graças a sua natureza relacional<br />

e crítica.<br />

Mesmo demonstrando uma vocação natural mais<br />

voltada para a conservação e restauração de bens<br />

artísticos históricos, Ouro Preto mantém alguns<br />

espaços públicos que se dedicam também à apresentação<br />

de mostras contemporâneas, como a<br />

Sala Manuel da Costa Ataíde (anexo do Museu da<br />

Inconfidência), a Casa dos Contos e a Fundação de<br />

Arte do Ouro Preto, Faop, escola que atua na formação<br />

de artistas e restauradores. É interessante<br />

observar a grande incidência de artistas na cidade<br />

que têm se apropriado das tradições religiosas ou<br />

da estética barroca colonial para desenvolver seus<br />

trabalhos, traduzindo essas experiências numa<br />

linguagem contemporânea.<br />

Rio de Janeiro<br />

Curadora adjunta Marisa Flórido Cesar<br />

No Estado do Rio de Janeiro foram identificadas<br />

três regiões, segundo características específicas<br />

quanto à formação, produção e ao circuito de<br />

arte: (1) as cidades do Rio de Janeiro e de Niterói,<br />

que, apesar de constituírem unidades políticas e<br />

administrativas independentes, foram consideradas<br />

uma só área, em razão do intercâmbio entre<br />

elas e de sua contigüidade física e cultural; (2)<br />

o sul fluminense, formado pelas cidades de<br />

Barra Mansa, Resende, Volta Redonda, Itatiaia e<br />

cercanias, por constituírem um núcleo regional<br />

de formação e difusão de arte promovido especialmente<br />

pela Universidade de Barra Mansa e<br />

pelo Museu de Arte Moderna de Resende; e (3)<br />

a região serrana, pela proximidade da cidade do<br />

Rio de Janeiro.<br />

Foram visitados 122 artistas, 99 dos quais no Rio de<br />

Janeiro e em Niterói (20 inseridos no banco de dados<br />

do programa Rumos Itaú <strong>Cultural</strong> Artes Visuais<br />

1999/2000); 12 do interior fluminense (um inserido<br />

no referido banco de dados); e 11 da região serrana<br />

O Rio de Janeiro tem um sistema institucional de<br />

arte bastante consolidado e constitui historicamente<br />

um centro cultural de influência nacional.<br />

No entanto, isso não evita a intermitência com que<br />

vêm ocorrendo seus salões, como o Nacional e o<br />

Carioca, que foram importantes referências nacionais<br />

durante anos, desde sua instituição. Por outro<br />

lado, outros projetos e programas vêm atraindo a<br />

participação de artistas do Brasil, a exemplo de O<br />

Artista Pesquisador, promovido pelo MAC/Niterói,<br />

e o Programa de Bolsas RioArte, da Prefeitura da<br />

Cidade do Rio de Janeiro, que concede bolsas para<br />

o desenvolvimento de projetos artísticos, inclusive<br />

em artes visuais. Ainda para cobrir a lacuna deixada<br />

pelo Salão Nacional, o MAM do Rio de Janeiro e a<br />

RioArte realizaram, no ano de 2002, a 1ª Mostra<br />

Rio Arte Contemporânea.<br />

Duas escolas são as principais responsáveis pela formação<br />

em artes visuais no Rio de Janeiro: a Escola de Artes<br />

Visuais do Parque Lage, EAV/Parque Lage, e a Escola de<br />

Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro,<br />

EBA/UFRJ, com ênfase em seu curso de pós-graduação<br />

(mestrado e doutorado). Essa formação é complementada<br />

pelos ateliês informais de artistas.<br />

A quantidade expressiva de cursos de pós-graduação<br />

criados nestes últimos anos, em sua maior<br />

parte teóricos, explicita um interesse renovado<br />

pelas artes visuais. Esses cursos, sete já funcionando<br />

e outros em fase de estruturação, formam<br />

historiadores e críticos de arte, assim como artistas<br />

que coadunam suas inquietações experimentais<br />

com as teóricas. São os principais responsáveis pela<br />

publicação de revistas especializadas de qualidade.<br />

O interessante a observar é a forma como vem<br />

ocorrendo certa permeabilidade entre o ensino<br />

Entre os grupos de artistas que agenciam espaços<br />

e são por vezes também produtores de eventos<br />

artísticos, identificamos quatro que têm proposta<br />

de intercâmbio com outros grupos similares. Esses<br />

grupos são os mais atuantes no cenário artístico<br />

carioca e fluminense e aglutinam, em torno<br />

deles, boa parte da produção artística emergente.<br />

São eles: Atelier DZ9, Portas Abertas e Prêmio<br />

Interferências Urbanas (coordenado por Júlio<br />

Castro), Espaço Agora, Projeto Capacete, Galeria<br />

do Poste (Niterói), Zona Franca e Projeto Dromo.<br />

Rio de Janeiro/Sul fluminense<br />

Barra Mansa, Resende, Volta Redonda e Itatiaia<br />

O Museu de Arte Moderna de Resende tem um<br />

representativo acervo da arte brasileira (Tarsila do<br />

Amaral, Pancetti, Paulo Roberto Leal, entre outros).<br />

Além de promover o Salão da Primavera desde<br />

1974 e exposições temporárias, destaca-se como<br />

referência às artes visuais do interior fluminense.<br />

Essa função, que busca dotar artistas e público<br />

de instrumentos para assimilar o acervo moderno<br />

do Museu e as exposições de arte contemporânea<br />

que ali ocorrem, vem sendo assumida pela<br />

Universidade de Barra Mansa, UBM. O empenho<br />

da UBM deve ser especialmente enfatizado na<br />

formação de artistas, com a criação do curso de<br />

educação artística; na organização de mostras de<br />

arte contemporânea na galeria da universidade;<br />

na promoção de um intercâmbio teórico (com<br />

seminários e palestras ministradas por artistas e<br />

teóricos de fora); e na publicação de periódicos<br />

especializados, ainda que de forma incipiente.<br />

Rio de Janeiro/Região serrana<br />

A região serrana não chega a constituir um núcleo<br />

de referência especial às artes visuais no Estado do<br />

Rio de Janeiro. As visitas aos ateliês foram concentradas<br />

na cidade de Petrópolis, que, entre as três<br />

principais cidades da serra fluminense (Petrópolis,<br />

Teresópolis e Friburgo), vem demonstrando iniciativas<br />

mais contundentes para reverter esse quadro.<br />

A região como um todo carece de espaços de<br />

exposição abertos a mostras de arte contemporânea,<br />

de cursos de arte de formação acadêmica<br />

ou de centros de debate, reflexão ou crítica de<br />

arte. Suas galerias destinam-se principalmente à<br />

exposição da produção artística local.<br />

Fernando Cocchiarale<br />

Coordenador da equipe curatorial<br />

15


Norte e<br />

Sudeste<br />

16 Ao reunir num mesmo relato regiões e Estados<br />

como o Amazonas e São Paulo não é possível<br />

deixar de aludir ao contraste que quaisquer comparações<br />

acabam provocando.<br />

formação ou mesmo intercâmbios que aproximam<br />

os interessados. Essas cidades dispõem<br />

de locais (galerias, oficinas, auditórios) e executam<br />

muitos trabalhos com o Serviço Social do<br />

Comércio, Sesc, que desenvolve projetos nas<br />

Região Norte e São Paulo<br />

áreas de dança, teatro, artes plásticas e outras,<br />

sendo muitas vezes a melhor referência para<br />

exercer parcerias.<br />

Oferecer um panorama da produção artística emergente<br />

num país de dimensões continentais e contrastes<br />

inauditos como o nosso requer de quem se<br />

aventura na empreitada dois requisitos fundamentais:<br />

flexibilidade e trânsito. A flexibilidade sugere<br />

um olhar que se abre ao novo. Isso porque cabe<br />

aos curadores conhecer novos talentos mais do<br />

que reconhecer trabalhos e artistas já consagrados.<br />

Longe de um sistema que se desenha na rota dos<br />

grandes centros hegemônicos, o trânsito sugere a<br />

possibilidade de rever os caminhos já trilhados. A<br />

pouca informação sobre o que se passa nas diversas<br />

regiões do país tem como correlato mais desinformação.<br />

Essa desinformação multiplica-se quando<br />

gerada e reproduzida por meio dos pré-conceitos.<br />

No mapeamento proposto pelo programa Rumos<br />

Itaú <strong>Cultural</strong> Artes Visuais 2001/2003, o deslocamento<br />

dos curadores para diversas regiões do<br />

país sugere a busca de proximidade, neste caso<br />

entre os curadores e artistas, no contexto de cada<br />

lugar visitado.<br />

São Paulo (a capital e o interior) e Estados da<br />

Região Norte foram visitados, respectivamente,<br />

pelos curadores adjuntos Juliana Monachesi e<br />

Cristóvão Coutinho. Se a formação de jovens<br />

curadores é um dos eixos desse programa, a participação<br />

de ambos foi exemplar. A avaliação do<br />

mapeamento regional que se segue pauta-se nas<br />

informações colhidas por eles em suas viagens e<br />

inúmeras visitas a ateliês de artistas. É certo que o<br />

trabalho de campo orienta qualquer investigação<br />

que busque na isenção a excelência de seus objetivos.<br />

Nesse caso, foi fundamental a visita a diferentes<br />

cidades, que se constituíram, ao longo do<br />

tempo, pólos de formação ou difusão do ensino<br />

ou apoio à arte contemporânea.<br />

O contraste, como sabemos, surge da reunião de<br />

elementos tão distintos ao serem colocados sob um<br />

mesmo foco. No entanto, entendo que as regiões<br />

apresentadas aqui são complementares e sintetizam<br />

esse mistério da unidade na diferença, que constitui<br />

o povo brasileiro e suas manifestações culturais.<br />

Do ponto de vista da produção artística, é certo<br />

que as diferenças são marcantes. O que em outras<br />

regiões do país, eventualmente, apareça mais<br />

nuançado, no Norte e no Sudeste surge em seus<br />

mais vívidos contrastes.<br />

O estudo da Região Norte, realizado por Cristóvão<br />

Coutinho, jovem artista e produtor cultural residente<br />

em Manaus, pauta-se em observações feitas<br />

em cada Estado visitado.<br />

Anotou Cristóvão Coutinho em seu relatório:<br />

“A Região Norte, onde se incluem os Estados do<br />

Acre, Amapá, Pará, Rondônia e Roraima, necessita<br />

de ações imediatas que possibilitem uma<br />

aproximação mais rápida do conceito de arte<br />

contemporânea. Na maioria das cidades visitadas,<br />

constatou-se não só a falta de vários segmentos<br />

em termos de acompanhamento no desenvolvimento<br />

das artes visuais, mas também o vazio<br />

na interpretação e construção do olhar e fazer<br />

contemporâneo.<br />

Existem casos isolados de pessoas/artistas que vão<br />

para outros locais do país e, assim, conseguem<br />

inserir-se no sistema de uma maneira periférica,<br />

sem descaracterizar o agir de cada local.<br />

Nas cidades de Rio Branco e Porto Velho verificase<br />

a existência de iniciativas, tanto de artistas<br />

quanto de parceiros locais, que possibilitam a<br />

Na cidade de Boa Vista observa-se uma falta de<br />

receptividade, pela ausência de trabalhos capazes<br />

de identificar uma necessidade natural. (...)<br />

Existe aqui [em Macapá] um pólo de atração. Os<br />

macapaenses se abastecem de uma ligação cultural<br />

existente entre sua cidade e Belém, daí haver<br />

em Macapá uma vontade de se expressar. A cidade<br />

mantém o Centro de Artes Candido Portinari, que,<br />

embora não conte com uma ação contemporânea,<br />

faz com que pessoas participem e cursem até dois<br />

anos regulares de desenho, pintura, teatro, escultura<br />

e outros. Há, na cidade, pessoas interessadas<br />

em participar de programas de formação ou outro<br />

tipo de intercâmbio.<br />

De todas as cidades visitadas, Belém é a que<br />

apresenta atitude e uma maior visibilidade contemporânea,<br />

tanto em formação quanto na permanência<br />

de salões de arte, o que a aproxima de uma<br />

integração com o restante do país.<br />

Para a identificação de uma melhor abordagem,<br />

o programa de formação, ou outro tipo de ação,<br />

deveria manter um estreito contato com instituições<br />

locais, como a Fundação Curro Velho, que<br />

trabalha com adolescentes, em uma dinâmica<br />

de construção contemporânea. E, ainda, com<br />

o Instituto de Artes Visuais do Pará, ou com o<br />

próprio Museu de Arte do Belém, Mabe, que,<br />

como parceiro local, viabilizaria as necessidades de<br />

formação, workshops e intercâmbios. (...)<br />

Depois de ter experimentado nos anos de 1998<br />

e 1999 a realização do Salão Plástica Amazônia,<br />

cujo objetivo era a aproximação de curadores e<br />

pessoas ligadas à arte contemporânea, a cidade<br />

[de Manaus] necessita, neste momento, de<br />

programas de formação ou outros que possibilitem<br />

o acesso a maior interação e aprendizado.<br />

Manaus tem locais indicados para as devidas<br />

ações. O espaço mais adequado para tal é o<br />

Centro de Artes da Universidade do Amazonas,<br />

Caua, que dispõe de galeria, oficinas e auditório,<br />

cuja diretoria demonstra disposição em estabelecer<br />

parceria.<br />

Há vários cursos indicados para a cidade de<br />

Manaus, mas que poderiam circular pelas cidades<br />

de Rio Branco, Porto Velho, Macapá e Belém”.<br />

A necessidade de um projeto de formação mais<br />

sistemático para os artistas locais fica evidenciada<br />

neste relato. Nada de novo ou surpreendente<br />

até aqui. No entanto, parece-me significativo ressaltar<br />

que seriam ações razoavelmente simples,<br />

como viabilizar o acesso dos artistas locais a uma<br />

prensa. É simbólico que a impossibilidade de<br />

acesso a uma prensa seja razão forte o suficiente<br />

para que não haja um gravador sequer na capital<br />

do Amazonas. A necessidade de realizar a formação<br />

fora da região é também relevante. Mais<br />

uma vez evidencia-se o deslocamento para que<br />

se possa viabilizar a formação de artistas e curadores,<br />

professores de arte e, mais amplamente,<br />

produtores culturais.<br />

Parece-me significativo ainda, sobretudo com base<br />

em minhas próprias observações do contexto<br />

artístico e cultural amazonense, especialmente<br />

da cidade de Manaus, que tive a oportunidade<br />

de visitar algumas vezes, que os artistas locais,<br />

de amplo reconhecimento nacional e até internacional,<br />

sejam pouco reconhecidos e valorizados<br />

pela comunidade local. Os pesquisadores que realizam<br />

sua titulação acadêmica em universidades<br />

da Região Sudeste, como a Universidade de São<br />

Paulo, e retornam após a conclusão do curso aos<br />

seus Estados têm também importante papel a des-<br />

17


Uma visita ao Museu do Índio, na cidade de<br />

Manaus, é reveladora e tristemente conclusiva<br />

sobre a situação de descaso em que se encontra<br />

o patrimônio cultural da Amazônia. Repensar a<br />

cultura brasileira é incluir como bens nacionais,<br />

além da floresta, com toda a sua infinitamente<br />

rica biodiversidade, toda a potencialidade cultural<br />

e criativa daqueles que habitam essa região.<br />

Por contraste...<br />

Em São Paulo, tanto na capital como no interior,<br />

a possibilidade de acesso, difusão, distribuição e<br />

circulação de informações artísticas demonstra<br />

uma situação inversa da descrita acima. É interessante<br />

notar como a profusão de iniciativas acaba<br />

proporcionando maior qualidade dos resultados.<br />

Como exemplo observamos que, do total de 1.495<br />

portfólios recebidos pelo programa, 510 são de<br />

São Paulo, e 16 foram os artistas do Estado contemplados<br />

nesta edição.<br />

Sobre a questão da visibilidade da produção artística,<br />

o caso dos Salões de Arte Contemporânea, que são<br />

realizados na capital e em diversas cidades do interior<br />

paulista, é exemplar. Os salões sobrevivem desde o<br />

século XVIII, quando foram criados, na França. Ao<br />

serem importados pelo Brasil, dois séculos depois, ainda<br />

sustentam a lógica e os princípios análogos àqueles de<br />

sua criação. A constante querela entre acadêmicos e<br />

modernos (leia-se hoje contemporâneos), por exemplo,<br />

é uma das características que se mantêm, de diferentes<br />

formas, desde aquele período.<br />

Sobre os resultados das viagens realizadas em São<br />

Paulo, abrangendo a capital e o interior, anotou a<br />

curadora adjunta Juliana Monachesi:<br />

18 empenhar na formação das gerações mais jovens,<br />

no sentido de multiplicar o acesso à formação,<br />

“Apesar de São Paulo constituir uma referên-<br />

consagrados com os de emergentes, assim como<br />

o Heranças Contemporâneas, do MAC.<br />

especificamente de artes, em sua região. Assim,<br />

a universidade poderia configurar-se como um<br />

importante pólo de difusão da reflexão ligada à<br />

visualidade contemporânea.<br />

cia de ensino e fomento à produção em arte<br />

contemporânea, com faculdades de artes conhecidas<br />

pela inventividade da produção de seus<br />

alunos e instituições culturais que têm projetos<br />

com perfil semelhante ao do Rumos Itaú<br />

<strong>Cultural</strong> Artes Visuais, o interior do Estado em<br />

geral não se contagia por essa efervescência. Os<br />

focos de produção contemporânea no interior de<br />

São Paulo caracterizam-se por ações difusas de<br />

grupos independentes ou projetos bissextos do<br />

governo local. (...)<br />

Em São Paulo são três os cursos de artes que<br />

mais se destacam: o da Escola de Comunicações<br />

e Artes, ECA/USP, o da Fundação Armando<br />

Álvares Penteado, Faap, e o da Faculdade Santa<br />

Marcelina. Um diferencial para a formação dos<br />

artistas em São Paulo é dado pelo grande<br />

número de cursos livres e grupos de orientação<br />

em ateliê coordenados por artistas ou professores<br />

renomados. Entre outros, destacam-se o<br />

grupo de estudos em fotografia orientado por<br />

Eduardo Brandão e os acompanhamentos em<br />

ateliê por Leda Catunda e Sérgio Romagnolo,<br />

Nuno Ramos, Paulo Monteiro, Carlos Fajardo,<br />

Sandra Cinto e Albano Afonso.<br />

A difusão e o fomento da arte contemporânea<br />

na cidade de São Paulo estão generosamente<br />

distribuídos entre instituições e um mercado de<br />

arte consolidado. O Centro <strong>Cultural</strong> São Paulo e<br />

o Paço das Artes realizam projetos semelhantes<br />

de seleção por meio de portfólios de artistas<br />

jovens, que são contemplados com mostras individuais<br />

ao longo do ano, realizadas em paralelo<br />

a exposições de artistas com trajetória consolidada.<br />

Os dois museus de arte contemporânea da<br />

cidade – Museu de Arte Moderna de São Paulo,<br />

MAM, e Museu de Arte Contemporânea da<br />

Universidade de São Paulo, MAC/USP – também<br />

têm projetos voltados para a produção jovem:<br />

o Panorama de Arte Brasileira, do MAM, é realizado<br />

bienalmente e mescla trabalhos de artistas<br />

De todos os pólos paulistanos de produção e<br />

reflexão sobre arte contemporânea, entretanto, os<br />

que mais chamam a atenção na história recente<br />

são iniciativas dos próprios artistas, ao propor<br />

formas de autogestão cultural. A principal delas<br />

chama-se Linha Imaginária, grupo que mapeia a<br />

produção brasileira realizando exposições independentes<br />

pelo país.<br />

A produção paulistana tem tantos matizes que<br />

é difícil defini-la. Entretanto, é possível falar<br />

de duas linhagens básicas nesta produção: os<br />

jovens artistas encontram-se, em geral, engajados<br />

em discussões de forma ou em discussões<br />

temáticas. Assim, o mapeamento em São Paulo<br />

detectou, por um lado, artistas voltados para<br />

pesquisa de materiais, discursos em torno do<br />

espaço, de linhas, cores e superfície. Por outro<br />

lado, encontrou muitos artistas cuja produção<br />

está centrada em discussões sobre identidade,<br />

memória, ideologia, questões urbanas, institucionais<br />

etc. Dos trabalhos vistos, os de melhor<br />

qualidade foram aqueles que conseguiram aliar<br />

as duas preocupações.<br />

Interior de São Paulo<br />

No interior de São Paulo, com exceção das<br />

‘cidades-satélites’ da capital (Campinas e os<br />

municípios do ABC paulista) e de Ribeirão Preto,<br />

a produção artística é predominantemente<br />

acadêmica ou é uma academia da arte moderna.<br />

Em geral, as tentativas de fazer arte contemporânea<br />

resvalam em prefigurações de efeito. O<br />

único movimento que se opõe a isso no interior<br />

é o respeitável circuito de salões de arte antenados<br />

com a produção de fato contemporânea. É o<br />

caso dos salões de Santo André, São Bernardo do<br />

Campo, Santos, Jacareí, Americana, Piracicaba e<br />

Ribeirão Preto.<br />

O que se nota, entretanto, é que, apesar de<br />

os salões levarem uma massa crítica para essas<br />

regiões, isso não é suficiente para fomentar nos<br />

artistas locais um olhar mais crítico. Em alguns<br />

locais, não é possível sequer estabelecer um diálogo<br />

inteligível sobre arte contemporânea, porque<br />

as pessoas não têm informação sobre o que se<br />

fez em arte desde meados da década de 1950.<br />

Em São José do Rio Preto, artistas formados pela<br />

faculdade de artes local relatam que os professores<br />

insistem para que os alunos façam pintura<br />

abstrata, por se tratar da tendência mais atual da<br />

arte. Não é à toa que Ribeirão Preto, com uma<br />

produção contemporânea relevante, tenha tido<br />

ao longo de sua história instituições culturais que<br />

abasteceram o lugar de informação.<br />

A cidade de Campinas é bem provida de espaços<br />

expositivos voltados para a arte contemporânea.<br />

Além do Centro de Convivência <strong>Cultural</strong> e do<br />

Museu de Arte Contemporânea – ambos com programação<br />

inconstante no que concerne ao perfil<br />

das mostras –, a cidade conta com a Galeria de<br />

Arte Unicamp, que oferece programação continuada<br />

com linguagens atuais. De forma semelhante a<br />

experiências de gestão independente detectadas<br />

em São Paulo, o Ateliê Aberto funciona como local<br />

de exposições, cursos, palestras e residência de<br />

artistas convidados para realizar site specifics no<br />

espaço, além de elaborar projetos de curadoria e<br />

produção para mostras em outros locais.<br />

Em termos de instalações museológicas, uma<br />

cidade vizinha a Campinas está mais bem equipada.<br />

O Museu de Arte Contemporânea de Americana<br />

passou, entre 1997 e 2000, por reformas e<br />

adaptações do sistema de iluminação, do ar-condicionado<br />

e da reserva técnica, tornando-se hoje um<br />

modelo para as regiões vizinhas. O museu intercala<br />

mostras de arte contemporânea com outras<br />

históricas, contribuindo para a formação de um<br />

novo público, principalmente por meio de investimentos<br />

no setor educativo, que já contempla toda<br />

a rede escolar pública da cidade.<br />

19


20 As cidades do ABC, apesar da proximidade com<br />

São Paulo, apresentam espaços próprios de discussão<br />

e difusão da arte contemporânea. Santo<br />

André funciona como um articulador da produção<br />

local, uma vez que a Casa do Olhar, administrada<br />

pelo governo municipal, realiza diversos eventos<br />

integrando artistas da região. Os Salões de Arte<br />

Contemporânea de Santo André e São Bernardo<br />

do Campo, que acontecem, respectivamente, no<br />

Salão de Exposições do Paço Municipal e no Espaço<br />

Henfil de Cultura, constituem referência obrigatória<br />

para os artistas iniciantes do Estado de São Paulo e<br />

atraem também artistas de outras localidades. E o<br />

Prêmio Revelação de Americana nos últimos dois<br />

anos tem alcançado dimensão nacional.<br />

Dois outros eventos semelhantes no interior paulista<br />

integram o circuito de lançamento dos novos<br />

nomes da arte brasileira: a Bienal de Santos e o<br />

Salão de Arte de Ribeirão Preto, Sarp, que em<br />

2000 completou 25 anos de existência e é conhecido<br />

por ter exibido e premiado em início de carreira<br />

artistas como Ana Maria Tavares, Rosângela<br />

Rennó e José Damasceno. Tanto o Centro de<br />

Cultura Patrícia Galvão, onde se realiza a Bienal de<br />

Santos, quanto o Museu de Arte de Ribeirão Preto,<br />

Marp, onde tradicionalmente acontece o Sarp, são<br />

espaços privilegiados.<br />

Recentemente, o Salão de Ribeirão Preto precisou<br />

ser deslocado para a Casa de Cultura da cidade<br />

em razão de desavenças com os artistas locais,<br />

que reclamavam o direito de realizar, também no<br />

museu, a exposição de um evento similar de arte<br />

acadêmica do qual participam. Esse é um obstáculo<br />

enfrentado na maioria das cidades, cujos<br />

equipamentos culturais precisam contemplar<br />

todas as vertentes artísticas. Em cidades como<br />

Piracicaba, a contenda foi mais bem resolvida,<br />

com a realização de uma Bienal de Arte Naïf; e<br />

em São José do Rio Preto, com a criação de um<br />

Museu de Arte Primitivista, também para abrigar<br />

o legado do artista mais ilustre da cidade, José<br />

Antônio da Silva“.<br />

A disparidade regional, explícita nas desigualdades<br />

sociais, econômicas e culturais que a<br />

acompanham, é antiga e profundamente arraigada<br />

em nosso país. Esse é, sem dúvida, o maior<br />

desafio político e social a ser enfrentado em<br />

todos os setores e não seria diferente nas áreas<br />

artísticas e culturais. As distâncias que separam<br />

os artistas são, não raro, muito grandes, tanto<br />

no sentido físico como também no simbólico. As<br />

desejáveis aproximações, como condição para o<br />

estabelecimento de diálogos profícuos, são realizadas<br />

não sem muito esforço e empenho de<br />

todas as partes envolvidas.<br />

Cristina Freire<br />

Curadora-coordenadora<br />

Sul, Nordeste<br />

e Norte<br />

Quando partimos para a realização do Rumos<br />

Itaú <strong>Cultural</strong> Artes Visuais 2001/2003, a situação<br />

era muito distinta de quando nos reunimos<br />

pela primeira vez, no início de 1999, na organização<br />

da primeira edição do programa. Se desta vez<br />

não necessitávamos tanto do espírito desbravador,<br />

certamente precisaríamos de um segundo olhar<br />

que viesse confirmar ou relativizar as primeiras<br />

impressões, que fosse ao mesmo tempo autocrítico<br />

com as limitações do programa e ajudasse a<br />

reafirmar sua identidade buscando as novidades<br />

ocorridas neste período. Precisávamos dar continuidade,<br />

estabelecendo relações e ao mesmo<br />

tempo constatando as diferenças.<br />

O Rumos Itaú <strong>Cultural</strong> Artes Visuais 2001/2003<br />

reconfigura, em relação à edição anterior do programa,<br />

a distribuição dos Estados em novas regiões<br />

ligeiramente distintas. A região que compreendia<br />

apenas Rio Grande do Sul e Santa Catarina foi<br />

acrescida do Paraná, que na edição anterior compunha<br />

com Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.<br />

Na edição de 1999/2000 os Estados do Ceará,<br />

Maranhão e Piauí foram agrupados com o Rio<br />

Grande do Norte, que nesta edição foi substituído<br />

por Tocantins. Essas mudanças foram adequações<br />

com o objetivo de aproximar as afinidades dos<br />

contextos culturais e obter melhor operacionalização<br />

do projeto.<br />

O primeiro mapeamento diagnosticou que as<br />

aptidões e os problemas de cada região estão ligados<br />

a situações culturais complexas e, portanto,<br />

difíceis de demonstrar mudanças substanciais num<br />

curto período. São processos muitas vezes submetidos<br />

às oscilações de políticas culturais omissas<br />

ou praticamente inexistentes e que mantêm o<br />

movimento e os avanços graças à persistência e<br />

tenacidade dos seus produtores.<br />

As observações que se seguem foram obtidas por<br />

meio da contribuição inestimável dos trabalhos<br />

dos curadores adjuntos Paulo Reis e Eduardo Frota,<br />

que fizeram uma escuta detida e atenciosa nesses<br />

Estados. Seus relatórios e principalmente as muitas<br />

conversas proveitosas ajudaram a formar uma visão<br />

mais abrangente e próxima dessas regiões.<br />

Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina<br />

Curador adjunto Paulo Reis<br />

Apesar de estes Estados fazerem parte de uma<br />

região de espectro geográfico e social relativamente<br />

homogêneo, estamos longe de conferir<br />

essa mesma homogeneidade ao quadro cultural,<br />

principalmente no que diz respeito à formação,<br />

produção e circulação da arte contemporânea.<br />

Podemos notar uma proximidade entre Porto<br />

Alegre e Curitiba, não apenas em relação aos<br />

panoramas locais, mas também na relação desproporcional<br />

que essas capitais têm com as demais<br />

cidades dos respectivos Estados. São diferenças<br />

relevantes em relação à qualidade e à profusão<br />

dessas produções. A centralização se mantém,<br />

embora cidades como Pelotas, Novo Hamburgo e<br />

Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul, e Londrina,<br />

no Paraná, sejam pólos de irradiação consideráveis.<br />

Em Florianópolis verifica-se uma maior carência em<br />

relação às outras capitais, mesmo sendo esta a que<br />

mostrou mais avanços neste período. A implementação<br />

do curso de bacharelado em artes visuais na<br />

Universidade de Santa Catarina, Udesc, começa a<br />

habilitar uma promissora produção jovem.<br />

Santa Catarina também se fez notar pela reformulação<br />

da 31ª Coletiva de Artistas de Joinville.<br />

O evento, realizado no novo Complexo <strong>Cultural</strong><br />

Antártida, em 2001, reconfigurou a tradicional<br />

mostra dando ênfase a projetos que trabalhavam<br />

com a estrutura física e a trama histórica<br />

daquele prédio da cidade. Porém, na edição de<br />

2002, a Coletiva se mostrou hesitante quanto<br />

21


22 ao passo dado no ano anterior, retornando ao continuidade ao diálogo da produção local com<br />

padrões de um realismo documental, é o meio<br />

pelo qual as ligações com a problemática da arte<br />

contemporânea podem fluir, pois a pintura e a<br />

escultura estão ainda demasiadamente limitadas a<br />

uma produção mais acadêmica.<br />

desgastado modelo de exibições que tentam<br />

contemplar toda a produção local, misturando<br />

amadorismo e artesanato com artistas ligados<br />

a propostas contemporâneas. Este é um exemplo<br />

de como se desenvolvem as conquistas nas<br />

cidades de menor porte em toda essa região.<br />

Quando se conseguem pequenos avanços, eles<br />

são sucedidos por uma carga conservadora de<br />

proporção por vezes muito maior. Também ocorreu<br />

com êxito no Estado o 1º Salão de Artes de<br />

Jaraguá do Sul, que demonstrou seriedade e<br />

rigor na edição inaugural. Na parte de formação<br />

é importante notar a persistência exitosa do 4º<br />

Seminário de Artes de Celso Ramos. Esse consta<br />

de uma série de oficinas, ministradas por artistas e<br />

teóricos de diversas partes do país, que atende um<br />

significativo público no Estado de Santa Catarina.<br />

No Paraná ocorreram dois fatos cuja importância<br />

real ainda está por ser definida nos próximos anos.<br />

O primeiro foi o projeto Faxinal das Artes, um<br />

programa de residência de artistas que reuniu 100<br />

nomes de todo o Brasil. Sob curadoria de Agnaldo<br />

Farias e Fernando Bini, esse grupo produziu, discutiu<br />

e aprofundou relações de maneira extremamente<br />

informal e direta, sem as costumeiras mediações<br />

institucionais. No fim de 2002, inaugurou-se em<br />

Curitiba o NovoMuseu. As instalações e as intenções<br />

do projeto não têm precedentes e parâmetros<br />

em qualquer outra parte do Brasil. Se por um lado<br />

isso é motivo de contentamento e otimismo, por<br />

outro preocupa-nos saber como irão estabelecerse<br />

as relações com a comunidade e principalmente<br />

todo o suporte operacional de grande porte que o<br />

museu exige. Espera-se que ele atue na formação<br />

de agentes locais e do público e não dependa do<br />

relativismo dos interesses políticos futuros.<br />

No Rio Grande do Sul, poderíamos dividir os<br />

acontecimentos em dois diferentes tipos: as confirmações<br />

e as novidades. A primeira confirmação<br />

a notar é a Bienal do Mercosul, que na terceira<br />

edição afirma seu caráter contemporâneo e dá<br />

um espectro internacional. O Museu de Arte do<br />

Rio Grande do Sul, com uma série de exposições<br />

de artistas nacionais e mostras de artistas locais de<br />

abrangência até então não usual na cidade, junto<br />

com a continuidade dos cursos de mestrado e<br />

doutorado na Universidade Federal do Rio Grande<br />

do Sul são fatos que se consolidaram nesse período.<br />

As novidades ficam por conta do lançamento<br />

do projeto do Museu da Fundação Iberê Camargo,<br />

a cargo do arquiteto português Alvaro Siza, que<br />

promete ser um local adequado para abrigar<br />

a obra do pintor assim como ponto ativo de<br />

exposições e fomento de pesquisa. A inauguração<br />

do Santander <strong>Cultural</strong> também é digna de nota,<br />

pois vem aparelhar a cidade de mais um precioso<br />

espaço de exibições, cinema e palestras.<br />

Ceará, Maranhão, Piauí e Tocantins<br />

Curador adjunto Eduardo Frota<br />

A situação nesses quatro Estados mudou muito<br />

pouco nos dois últimos anos, excetuando-se<br />

o Ceará, que no fim de 2002 inaugurou a 1ª<br />

Bienal Ceará América, que, seguindo a linha das<br />

grandes exposições, ambiciona acionar toda uma<br />

dinâmica cultural local. Em 2001, já havia ocorrido<br />

em Juazeiro do Norte a Bienal do Cariri, que<br />

deixou poucos rastros. Segue-se com o pensamento<br />

do poder messiânico dos grandes projetos,<br />

porém sem o lastro cultural devido, correndo o<br />

risco de terminarem não encontrando sustentação<br />

adequada nas frágeis malhas culturais.<br />

São propostas que embora bem-intencionadas<br />

buscam apenas uma visibilidade, negligenciando<br />

as carências de formação. Enganam-se ao achar<br />

que certas lacunas de toda uma dinâmica cultural<br />

possam ser suprimidas pelo poder mágico<br />

do grande evento.<br />

Além de Fortaleza, Teresina e São Luís revelam-se<br />

com potenciais centros, principalmente no que diz<br />

respeito à fotografia. Embora ainda restrita aos<br />

Se por um lado o panorama da produção contemporânea<br />

é pouco animador, de outro a situação do<br />

artesanato local é ainda mais desalentadora. Nos<br />

últimos anos houve uma rápida estandardização<br />

e uma pasteurização do trabalho secular de toda<br />

uma produção artesanal popular, hoje transformada<br />

em objetos impessoais empobrecidos de inventividade.<br />

Tudo para atender ao voraz apetite de<br />

uma indústria turística de estreita visão cultural.<br />

A visita a esses Estados não apenas recoloca as<br />

situações levantadas na primeira edição do programa<br />

como também acaba questionando os<br />

limites do próprio Rumos Itaú <strong>Cultural</strong> Artes<br />

Visuais. Até quando vamos enviar curadores para<br />

rastrearem situações de arte contemporânea e,<br />

de consciência limpa e dever cumprido, constatar<br />

mais uma vez que por ali nada acontece É tirânico<br />

esperar parcerias quando já sabemos que elas<br />

não têm condição de se estabelecer. O problema é<br />

muito mais profundo, e necessita-se saber dar sem<br />

esperar receber. Já não basta a inclusão no mapa<br />

de um olhar descompromissado, é necessário criar<br />

um mapa de ações efetivas e generosas.<br />

Conclusão<br />

O relógio que conta o tempo na evolução dos<br />

processos culturais não anda na mesma velocidade<br />

em todo o país. Se a periodicidade do Rumos Itaú<br />

<strong>Cultural</strong> Artes Visuais será de dois ou três anos,<br />

devemos ser pacientes, mas atentos às pequenas<br />

oscilações. Paciência não deve significar resignação<br />

e inércia. Somente o trabalho lento e contínuo na<br />

formação é que poderá alterar substantivamente<br />

esse quadro. Se por vezes notamos inversões nesses<br />

processos, começando do fim para o princípio,<br />

e creditando exclusivamente ao evento a responsabilidade<br />

de formação, torna-se difícil a cobrança<br />

de resultados. É inegável que vivemos um progressivo<br />

aumento dos equipamentos culturais pelo<br />

Brasil, embora nem sempre sucedidos das devidas<br />

condições operacionais para a sua eficácia. Se em<br />

meio a esses processos desordenados conseguimos<br />

alguns resultados, creditam-se os méritos quase<br />

que exclusivamente ao jovem artista brasileiro,<br />

com sua produção diversa e instigante.<br />

Jailton Moreira<br />

Curador-coordenador<br />

23


24<br />

Centro-Oeste<br />

e Nordeste<br />

Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso<br />

e Mato Grosso do Sul<br />

Curadora adjunta Marília Panitz<br />

Mato Grosso<br />

As cidades pólos de produção artística no Estado,<br />

além da capital, Cuiabá, e da vizinha Várzea Grande,<br />

são Rondonópolis e Barra do Garças, onde o<br />

trabalho pouco se diferencia do perfil cuiabano.<br />

É recorrente a avaliação da necessidade de incluir<br />

essa produção no circuito nacional, pela recepção<br />

de exposições de artistas de fora ou pela circulação<br />

da produção local por outras cidades.<br />

Nos discursos dos teóricos e dos produtores culturais<br />

– quase todos com formação em outros Estados –,<br />

há o reconhecimento da falta de um curso superior<br />

na área, para uma maior circulação de idéias, embora<br />

não se perceba tal queixa quando são os artistas<br />

que falam. Esses demandam, principalmente, workshops<br />

sobre novas mídias e de cunho teórico.<br />

Os espaços para formação e veiculação da produção<br />

artística são escassos e sem um perfil definido. O<br />

mais importante permanece sendo o Museu de Arte<br />

e de Cultura Popular, criado dentro da Universidade<br />

Federal de Mato Grosso, que guarda um acervo de<br />

artistas do Estado. Embora bastante deteriorado,<br />

sem equipamentos e espaços adequados, ainda é<br />

referência para os artistas. A abertura do Sesc Arsenal<br />

oferece a Cuiabá um prédio multiuso (galeria, teatro,<br />

estúdio etc.), que pode provocar alguma mudança<br />

na produção cultural da cidade. Mas a iniciativa que<br />

parece ser mais promissora é a criação de A Célula,<br />

formada por um grupo de artistas e produtores da<br />

cidade, sem nenhum vínculo institucional, interessados<br />

em trabalhar com novas mídias.<br />

Mato Grosso do Sul<br />

Embora com dificuldades muito semelhantes às<br />

de Cuiabá, Campo Grande, a capital do Estado, se<br />

diferencia pela existência de curso superior em arte,<br />

na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul,<br />

e pela postura clara de alguns artistas de buscar<br />

mostrar seus trabalhos fora do Estado. Essa tendência<br />

convive, porém, com uma resistência da comunidade<br />

cultural em relação à abertura do circuito.<br />

Os espaços para exposição são escassos e isso é,<br />

em parte, atribuído ao isolamento da cidade em<br />

relação às itinerâncias nacionais. Há somente uma<br />

galeria de arte, com perfil estritamente comercial.<br />

A universidade funciona, nesse contexto, como um<br />

pólo para pesquisas e intercâmbios, viabilizando a<br />

vinda de artistas e teóricos para realizar workshops<br />

e a apresentação de exposições no Museu de Arte<br />

Contemporânea de Campo Grande, Marco, que<br />

está construindo um moderno prédio. Essa iniciativa<br />

de intercâmbio está sendo implementada em<br />

conjunto com a Secretaria de Cultura da cidade e<br />

a Associação de Artistas Plásticos, entidade com<br />

forte atuação local.<br />

A produção artística em Mato Grosso do Sul continua<br />

sendo predominantemente de pintura. Ela<br />

também está presente no interior, notadamente em<br />

Dourados, onde há uma universidade e um grupo<br />

de artistas organizados; Corumbá, onde funciona a<br />

Casa de Cultura; e em Aquidauana, com o Museu<br />

de Arte Pantaneira. O que diferencia essa produção<br />

da de Mato Grosso parece ser a presença de espaço<br />

para pesquisa de linguagens e o fato de vários artistas<br />

terem passado por experiências de formação em<br />

outros Estados. Há, além disso, uma preocupação<br />

entre os gestores culturais de que as ações de formação<br />

se estendam a esses pólos. Associando-se<br />

a esse esforço, Humberto Espíndola, artista que é<br />

referência para a produção local, criou o Instituto<br />

Enokade, organização não-governamental voltada<br />

para o desenvolvimento de projetos culturais de<br />

fomento e divulgação da arte do Estado.<br />

Goiás<br />

Embora cidades como Goiás Velho e Pirenópolis –<br />

centros turísticos e núcleos patrimoniais do Estado<br />

– reúnam grupos de artistas e sediem eventos culturais<br />

de relativa importância (o que também, mais<br />

recentemente, vem acontecendo com as cidades<br />

da Chapada dos Veadeiros), o espaço privilegiado<br />

de formação e exposição é Goiânia.<br />

A produção de Goiânia é diversificada, com<br />

predominância de instalações. Há, entretanto,<br />

dificuldades em relação às possibilidades de<br />

veiculação de propostas mais experimentais,<br />

já que as galerias têm perfil comercial e são,<br />

portanto, avessas a riscos. Essa produção é<br />

geralmente veiculada no Museu de Arte Contemporânea<br />

de Goiás, na universidade ou em<br />

projetos fora do Estado. A realização do Salão<br />

Nacional de Arte de Goiás, desde 2001, pelo<br />

Flamboyant Shopping Center – cujos prêmios<br />

aquisitivos foram incorporados ao acervo do<br />

MAC – gerou grande expectativa em relação a<br />

mudanças nesse quadro.<br />

O Instituto de Arte da Universidade Federal de<br />

Goiás atua como formador e incentivador de<br />

pesquisas no campo das linguagens artísticas.<br />

Por outro lado, muitos dos artistas em atividade<br />

na cidade não estão vinculados à universidade,<br />

mas aos cursos livres, como os ministrados no<br />

MAC – que em seu quadro conta com artistas<br />

representativos como instrutores – e no Centro<br />

Livre de Artes, ligado ao Museu de Arte de<br />

Goiás, que tem imensa freqüência, mas estrutura<br />

precária. Também o Centro <strong>Cultural</strong> da<br />

Fundação Jaime Câmara mantém o Concurso de<br />

Novos Valores das Artes Plásticas, cujas premiações<br />

têm possibilitado a alguns artistas a realização<br />

de estágios no exterior. Há, ademais, uma<br />

preocupação de várias organizações culturais<br />

em empreender ações de formação do olhar do<br />

público, por meio de workshops e seminários<br />

sobre a produção contemporânea.<br />

Distrito Federal<br />

Brasília centraliza a produção, a veiculação e as<br />

atividades de formação em arte no Distrito Federal,<br />

embora cidades como Taguatinga e Sobradinho<br />

tenham grupos organizados de artistas dispostos a<br />

veicular seus trabalhos de modo independente. Com<br />

uma tradição de fomento ligado quase que exclusivamente<br />

ao Estado, a cidade passa por uma disseminação<br />

de lugares pertencentes a instituições privadas ou<br />

formados por artistas e produtores culturais.<br />

Espaços como a Galeria de Arte do Espaço Ambiental<br />

Guimarães Rosa/Funarte – responsável pelo projeto<br />

Prima Obra –, o Centro <strong>Cultural</strong> Banco do Brasil, o<br />

Conjunto <strong>Cultural</strong> da Caixa e a Galeria Le Corbusier<br />

da Embaixada da França desenvolvem projetos centrados<br />

na divulgação da produção contemporânea,<br />

ocupando uma função que tradicionalmente era<br />

desempenhada pelo Museu de Arte de Brasília e<br />

pelas galerias ligadas à Secretaria de Cultura.<br />

A criação de dois espaços particulares voltados para<br />

a produção contemporânea de artes visuais, a Arte<br />

Futura, que edita um tablóide com informações e<br />

críticas de arte, e o Espaço <strong>Cultural</strong> Contemporâneo<br />

Venâncio, que edita uma série de livros de artistas<br />

contemporâneos da região, foi de grande importância<br />

para a cidade, pois eles oferecem alternativa às<br />

vicissitudes políticas. Essas galerias alternam, em<br />

suas agendas, exposições de artistas nacionais com<br />

as de artistas locais. A maior parte desses estabelecimentos<br />

citados mantém programas educativos e de<br />

formação de público nos eventos que promovem.<br />

A Universidade de Brasília é o espaço que centraliza<br />

a formação e as pesquisas de artistas que trabalham<br />

com experimentação de linguagem. A criação do<br />

mestrado em arte é um fator determinante para a<br />

produção emergente, já que muitos artistas (a maior<br />

parte deles formada pela UnB) têm desenvolvido<br />

trabalhos aliados aos projetos de mestrado. A transformação<br />

da área de concentração desse mestrado<br />

– de arte e tecnologia da imagem para arte con-<br />

25


26 temporânea, com duas linhas de pesquisa (poéticas<br />

contemporâneas e teoria e história da arte) – também<br />

parece responder a uma demanda de ampliação de<br />

pesquisa, antes concentrada apenas nas novas tecnologias.<br />

Com um número significativo de artistas trabalhando<br />

com videoarte e web arte, delineia-se também<br />

uma tendência ao uso da fotografia como suporte.<br />

Uma linha de trabalho recorrente é a que coloca a<br />

obra como espaço de cruzamento de questões relativas<br />

a outras áreas de conhecimento.<br />

Ligados à universidade, estão dois espaços de<br />

pesquisa e exposição: Galeria da Casa de Cultura<br />

da América Latina e Galeria de Arte da UnB. Esta,<br />

inaugurada em 1999 e administrada pelo Instituto<br />

de Artes da UnB, alterna mostras experimentais<br />

de alunos e professores com propostas de grandes<br />

nomes da arte brasileira e internacional, cujos projetos<br />

são criados especificamente para o espaço.<br />

A Faculdade de Artes da Fundação Brasileira de<br />

Teatro, embora tradicionalmente ligada às artes<br />

cênicas, organizou um prêmio para novos talentos<br />

em artes visuais e se apresenta como mais um<br />

canal para a divulgação dos novos artistas.<br />

Rio Grande do Norte/Paraíba/Pernambuco<br />

Curadora adjunta Maria do Carmo de Siqueira Nino<br />

Há aspectos referentes ao meio de artes visuais<br />

que são comuns às cidades visitadas nesses três<br />

Estados e devem, portanto, ser considerados em<br />

conjunto. Os jovens artistas em atividade que se<br />

sentem atraídos por formas de expressão que<br />

impliquem o uso de mídias e/ou expressões que<br />

ainda não fazem parte do repertório do público<br />

das pequenas cidades – site specific ou instalações,<br />

por exemplo – têm necessidade de se deslocar<br />

para as capitais de seus Estados. Lá encontram um<br />

ambiente institucional mais propício ao desenvolvimento<br />

de suas investigações.<br />

Mesmo nas capitais, contudo, sentem-se isolados<br />

num contexto cultural que ainda trata suas<br />

atividades como exceção no meio das artes<br />

visuais. Nesse ambiente de relativo isolamento, o<br />

próprio contato com o curador deste programa é<br />

freqüentemente avaliado de forma positiva pelos<br />

artistas, pois constitui uma oportunidade de discutir<br />

as questões que envolvem seus trabalhos.<br />

Isso é um índice da relativa carência de atividades<br />

de reflexão e discussão sobre arte contemporânea<br />

na região. São poucas as oportunidades de obter<br />

informações teóricas ou históricas sobre critérios<br />

e conceitos de contemporaneidade e de participar<br />

de workshops práticos voltados a expressões<br />

artísticas atuais.<br />

Existe, porém, no sentido oposto do que foi<br />

apontado e mesmo entre artistas mais jovens, um<br />

certo ”desencanto” causado pela pouca representatividade<br />

da pintura em salões de arte. Para esses<br />

artistas, a prática da pintura ou de outros meios<br />

mais tradicionais, como a gravura, sempre foi a<br />

principal via pela qual a grande maioria se inicia<br />

em atividades artísticas, além de ser um elo forte<br />

de contato com um público mais abrangente,<br />

com a possibilidade de aceitação no mercado.<br />

Nesse contexto, os artistas muitas vezes sentemse<br />

impelidos a alterar, às vezes abruptamente, a<br />

direção de sua produção, passando a trabalhar<br />

com formas expressivas não tradicionais (instalação,<br />

performance, novas tecnologias), suposto<br />

condicionante de sua inserção no meio de artes<br />

na contemporaneidade.<br />

A necessidade de possuir uma formação profissional<br />

institucional é outro fator que exerce<br />

atração e assume importância crescente para a<br />

geração mais jovem. Além de promover a absorção<br />

de conhecimentos que podem transbordar<br />

para a sua área de criação, a educação formal é<br />

vista também como uma maneira de abrir portas<br />

a outras possibilidades de atuação no mercado e,<br />

potencialmente, liberar o artista para desenvolver<br />

uma produção experimental.<br />

As instituições<br />

Paraíba<br />

São quatro as instituições em João Pessoa que se<br />

destacam na difusão e promoção das artes visuais<br />

contemporâneas. Na Fundação Espaço <strong>Cultural</strong><br />

da Paraíba funciona a Galeria Archidy Picado, a<br />

qual possui instalações em condições para abrigar<br />

exposições de médio e grande portes.<br />

Ligado à Universidade Federal da Paraíba e com<br />

longa história de engajamento com a produção contemporânea,<br />

está o Núcleo de Arte Contemporânea.<br />

Esse Núcleo sedia cursos teóricos, workshops de<br />

artistas e cumpre pauta regular com artistas da<br />

região, por meio de propostas selecionadas por<br />

curadores convidados.<br />

Destaca-se ainda o Centro <strong>Cultural</strong> São Francisco,<br />

no Convento São Francisco, um dos prédios<br />

históricos mais visitados da cidade, cujo espaço de<br />

exposições é, atualmente, o que mais aposta na<br />

experimentação de jovens artistas.<br />

Por fim, há o Centro de Artes Visuais Tambiá.<br />

Embora suas atividades estejam temporariamente<br />

suspensas, esse espaço de exposições e cursos tem<br />

promovido e abrigado uma série de convênios de<br />

cooperação artística com outros países, notadamente<br />

com a Alemanha e a França.<br />

Em Campina Grande, por sua vez, a instituição que<br />

se destaca é o Museu de Arte Assis Chateaubriand,<br />

Maac, onde é mantido um acervo permanente. No<br />

entanto, é pequena a interface com a produção<br />

dos artistas locais.<br />

Rio Grande do Norte<br />

Há em Natal uma diversidade de instituições que,<br />

de modos distintos, promovem a produção contemporânea,<br />

embora a maior parte delas não esteja<br />

satisfatoriamente equipada para desempenhar suas<br />

funções. Uma das mais antigas é a Fundação<br />

<strong>Cultural</strong> Capitania das Artes, primeiro espaço do<br />

município a preservar e a incentivar o fazer cultural,<br />

onde funcionam cursos de arte, ateliês e galerias.<br />

O Centro Federal de Educação Tecnológica, Cefet,<br />

é um estabelecimento de ensino cujo setor de<br />

artes plásticas dispõe de algumas salas que servem<br />

de ateliês e abrigam cursos de arte. O Centro possui<br />

também auditório e sala de exposições. O Solar<br />

Bela Vista, por sua vez, aluga seus espaços para a<br />

realização de eventos, cursos e exposições.<br />

É o jovem Espaço <strong>Cultural</strong> Casa da Ribeira,<br />

contudo, que mais se tem dedicado, programaticamente,<br />

a promover e discutir artes visuais<br />

contemporâneas, com uma pauta de mostras de<br />

artistas nacionalmente conhecidos. Conta com<br />

uma sala de exposições e com o suporte financeiro<br />

da Petrobras para viabilizar suas ações.<br />

Por fim, a Universidade Federal do Rio Grande do<br />

Norte dispõe de um Núcleo de Arte e Cultura,<br />

onde funciona a Galeria Conviv’Arte, capaz de<br />

abrigar exposições de médio porte.<br />

Pernambuco<br />

A Fundação de Cultura e Turismo de Caruaru mantém<br />

um amplo espaço, em condições regulares,<br />

que pode abrigar obras de grande porte e onde se<br />

realiza a maior parte dos eventos culturais e turísticos<br />

da região. Em Petrolina, a Fundação <strong>Cultural</strong><br />

oferece um museu com boa área de exposições e<br />

em condições satisfatórias de funcionamento.<br />

O Museu de Arte Contemporânea de Pernambuco,<br />

situado em Olinda, conserva rico acervo<br />

de arte moderna. Tem galerias para exposições,<br />

mas suas condições físicas ressentem-se da falta<br />

de conservação. Foi a sede do Salão dos Novos,<br />

realizado em 2000, evento que se mostrou<br />

27


28 importante por dar visibilidade a vários artistas<br />

em processo de afirmação de suas trajetórias.<br />

sentado exposições de artes visuais, com ênfase<br />

ao suporte fotográfico.<br />

artistas<br />

29<br />

É o Recife, entretanto, que concentra as principais<br />

instituições do Estado. Na Universidade Federal<br />

de Pernambuco destaca-se o Laboratório de Artes<br />

Plásticas, sob a responsabilidade do Departamento<br />

de Teoria de Arte e Expressão Artística, que<br />

também responde pela Oficina Guaianases de<br />

Gravura, em funcionamento no prédio-sede do<br />

Centro de Artes e Comunicação. Aí encontra-se<br />

também a Galeria de Arte Capibaribe, que abriga<br />

exposições definidas por convênios com outras<br />

instituições e projetos dos próprios alunos e tem<br />

elevada freqüência de público. Recife ressente-se,<br />

porém, da inexistência de cursos de bacharelato e<br />

de pós-graduação em artes plásticas.<br />

Atrelado à Pró-Reitoria de Extensão da UFPE, está<br />

o Instituto de Arte Contemporânea, IAC. Situado<br />

na sede do Departamento de Extensão <strong>Cultural</strong>, o<br />

IAC realiza, na Galeria Pequeno Formato, mostras<br />

de porte reduzido de jovens artistas da cidade.<br />

Outra instituição federal, a Fundação Joaquim<br />

Nabuco, mantém, por meio de seu Instituto de<br />

Cultura, três espaços dedicados à arte contemporânea<br />

– as Galerias Vicente do Rego Monteiro,<br />

Massangana e Baobá. Elas alternam, em sua programação,<br />

mostras de artistas jovens com outras<br />

de artistas já consagrados.<br />

Três instituições geridas pelo governo estadual<br />

destacam-se no segmento das artes visuais.<br />

A mais antiga delas é o Museu do Estado de<br />

Pernambuco, que abriga uma pinacoteca de arte<br />

moderna e contemporânea e duas galerias –<br />

Renato Carneiro Campos e Wellington Virgulino.<br />

Nelas, artistas jovens expõem seus trabalhos,<br />

mas sem regularidade definida. O Museu da<br />

Imagem e do Som de Pernambuco, Mispe, produz<br />

exposições em convênio com outros órgãos,<br />

além de promover encontros e workshops. Por<br />

fim, o Observatório <strong>Cultural</strong> Malakoff tem apre-<br />

É, contudo, o Museu de Arte Moderna Aloísio<br />

Magalhães, Mamam, gerido pela Prefeitura do<br />

Recife, o espaço mais atuante do Estado em termos<br />

de programação de exposições temporárias<br />

de arte moderna e contemporânea, além de<br />

abrigar rico acervo do período. O Mamam tem<br />

boa freqüência de público, desenvolve trabalho de<br />

monitoria para os visitantes e promove exposições<br />

de artistas locais, nacionais e estrangeiros, parte<br />

de uma política que busca ampliar o repertório<br />

visual à disposição da população, incluindo a realização<br />

de palestras e cursos.<br />

Entre as instituições privadas, destacam-se o<br />

Instituto <strong>Cultural</strong> Bandepe e o Instituto Ricardo<br />

Brennand. O primeiro tem alternado exposições de<br />

arte contemporânea com outras de cunho histórico,<br />

embora sinalize serem estas últimas o seu foco<br />

de atuação. O Instituto Ricardo Brennand mantém<br />

rica pinacoteca de arte brasileira do século XIX e<br />

também do período holandês no Brasil e realiza,<br />

além disso, mostras temporárias de artistas consagrados<br />

desses períodos.<br />

Entre as galerias que trabalham com arte contemporânea<br />

de forma sistemática e possuem espaços<br />

expositivos adequados, destacam-se a Amparo 60,<br />

o Espaço <strong>Cultural</strong> Dumaresq, o Espaço <strong>Cultural</strong><br />

Ária e a Galeria Observatório Arte Fotográfica.<br />

Eventualmente, esses espaços promovem cursos e<br />

oficinas ligados à produção contemporânea.<br />

Por fim, é preciso fazer menção a dois espaços<br />

geridos por artistas: o Submarino – ateliê coletivo<br />

de um grupo de jovens artistas – e o N.A.V.E.<br />

– também ateliê coletivo, que organiza cursos e oficinas<br />

com ênfase multidisciplinar em artes visuais.<br />

Moacir dos Anjos<br />

Curador-coordenador


30 Adriana Boff<br />

Alexandre Vogler<br />

Amilcar Packer<br />

Ana Laet<br />

André Santangelo<br />

Arthur Leandro<br />

Beatriz Pimenta<br />

Bruno de Carvalho<br />

Caetano Dias<br />

Caio Machado<br />

Carla Linhares<br />

Carla Zaccagnini<br />

Carlos Mélo<br />

Cinthia Marcelle<br />

Clarissa Campello<br />

Cláudia Leão<br />

Daniella Penna<br />

Divino Sobral<br />

Domitília Coelho<br />

Ducha<br />

Elisa Queiroz<br />

Enrico Rocha<br />

Fabiana Wielewicki<br />

Fabiano Gonper<br />

Fabiano Marques<br />

Fabio Faria<br />

Felipe Barbosa<br />

Frederico Câmara<br />

Gabriela Ficher<br />

Gabriela Machado<br />

Gabriele Gomes<br />

Genesco Alves<br />

Glaucis de Morais<br />

Graziela Kunsch<br />

Gustavo Magalhães<br />

Janaina Barros<br />

Járed Domício<br />

Jeanine Toledo<br />

Jeims Duarte<br />

João Loureiro<br />

Jorge Fonseca<br />

Jorge Menna Barreto<br />

Juliana Stein<br />

Laércio Redondo<br />

Letícia Cardoso<br />

Leya Mira Brander<br />

Lucas Levitan<br />

Luciano Mariussi<br />

Luiz Carlos Brugnera<br />

Marcelo Cidade<br />

Marcelo Feijó<br />

Marilá Dardot<br />

Mário Simões<br />

Marta Neves<br />

Marta Penner<br />

Martinho Patrício<br />

Maxim Malhado<br />

Odires Mlászho<br />

Paula Krause<br />

Raquel Garbelotti<br />

Rodrigo Borges<br />

Rodrigo Godá<br />

Rosana Ricalde<br />

Roosivelt Pinheiro<br />

Silvia Feliciano<br />

Téti Waldraff<br />

Thiago Bortolozzo<br />

Tonico Lemos Auad<br />

Wagner Morales<br />

Adriana Boff (Caxias do Sul RS 1976) formou-se em pintura<br />

pela UFRGS, Porto Alegre, em 1999. Seu trabalho em<br />

fotografia traz experimentações nascidas no Clube da Lata,<br />

coletivo de artistas gaúchos que emprega a técnica do<br />

pinhole. Pesquisa a relação entre espaços públicos e privados<br />

e lança um olhar intimista sobre vivências e experimentações<br />

na cidade. Participou, entre outras exposições, de Clube da<br />

Lata 1 Ano (Casa de Cultura Mario Quintana, Porto Alegre,<br />

1999), Faces da Nova Geração dos Artistas do IA (Pinacoteca<br />

Barão de Santo Ângelo, Porto Alegre, 2000), Divergências<br />

(Centro <strong>Cultural</strong> Usina do Gasômetro,<br />

Porto Alegre, 2001), 27º Panorama de<br />

Arte Brasileira (MAM Ibirapuera, São<br />

Paulo, 2001, MAM, Rio de Janeiro, e<br />

MAM, Salvador, 2002) e Ven a Casa<br />

(Madri, 2001). Integrou a intervenção<br />

urbana O Lado de Dentro de um<br />

Outdoor (Centro Municipal de Cultura,<br />

Porto Alegre, 2001). Vive e trabalha<br />

em Porto Alegre.<br />

Adriana Boff<br />

Imagem Aurora [série Obscuras Refrigeradas], 2000/2001<br />

fotografia com câmera obscura montada s/MDF [tempo de captação: 120 horas]<br />

120 x 90 cm<br />

Coleção da artista<br />

Foto: Divulgação/Arquivo do artista<br />

31


32<br />

Alexandre Vogler<br />

Amilcar Packer<br />

33<br />

Alexandre Vogler de Moraes (Rio de Janeiro RJ 1973) graduou-se em<br />

pintura pela EBA/UFRJ, Rio de Janeiro, onde apresentou dissertação<br />

de mestrado em linguagens visuais, em 1999. Foi artista residente<br />

no Programa de Utilização dos Ateliers da Lada, Porto, Portugal, em<br />

2000. Coordena o Projeto Zona Franca de Artes Visuais e o Projeto<br />

Atrocidades Maravilhosas de Intervenção Urbana no Rio de Janeiro,<br />

desde 2000. Sua produção caracteriza-se pela diversidade de operações,<br />

orientadas por uma reflexão crítica que traça relações entre o<br />

ideal moderno de ordem e pureza do urbanismo e da arte. Realizou<br />

a mostra individual Alexandre Vogler (LGC Arte Hoje e Paço Imperial,<br />

Rio de Janeiro, 2000). Participou, entre outras exposições, do 7º<br />

Salão MAM-Bahia de Artes Plásticas (MAM, Salvador, 2000), Check-in<br />

(Caldeira 213, Porto, Portugal, 2000), 27º Panorama de Arte Brasileira<br />

(MAM Ibirapuera, São Paulo, 2001, MAM, Rio de Janeiro, e MAM,<br />

Salvador, 2002). Vive e trabalha no Rio de Janeiro.<br />

Amilcar Lucien Packer Yessouroun (Santiago, Chile, 1974) formou-se em<br />

filosofia pela FFLCH/USP, São Paulo, em 1999, e estudou fotografia com<br />

Eduardo Brandão, em São Paulo, 1997/2000. Suas imagens resultam de<br />

um processo que começa pela montagem de cenários em casa, onde<br />

executa e registra em vídeo “performances particulares”. As cenas são<br />

fotografadas diretamente da tela da TV. Nas fotos, seu corpo figura em<br />

ações como vestir roupas de modo inusitado ou interagir com outros<br />

“prolongamentos do ser humano”, subvertendo o uso dos objetos e<br />

sugerindo novos significados para o próprio corpo. Apresentou mostra<br />

individual no Programa Anual de Exposições de Artes Plásticas do CCSP<br />

(São Paulo, 2002). Participou, entre outras exposições, da 1ª Mostra<br />

Rio Arte Contemporânea (MAM, Rio de Janeiro, 2002), Coletiva de<br />

inauguração (Galeria Vermelho, São Paulo, 2002), Fotografias no<br />

Acervo do Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM Ibirapuera,<br />

São Paulo, 2002) e Desvio e Norma (Projeto Dromo, Rio de Janeiro,<br />

2002). Vive e trabalha em São Paulo.<br />

Tudo Sempre Começa Bem [detalhe], 2000<br />

etiquetas adesivas e carimbos<br />

200 x 500 cm<br />

Coleção do artista<br />

Foto: Juninho Motta/Itaú <strong>Cultural</strong><br />

Still de Vídeo Sem Título # 35, 1999<br />

fotografia<br />

120 x 160 cm<br />

Coleção do artista<br />

Foto: Divulgação/Arquivo do artista


34<br />

Ana Laet<br />

André Santangelo<br />

35<br />

Ana Maria Andrade de Laet (Barretos SP 1952)<br />

formou-se em comunicação visual e desenho<br />

industrial pela Faap, São Paulo. Freqüentou<br />

cursos da EAV/Parque Lage, Rio de Janeiro,<br />

entre 1997 e 1999, e o Ateliê Nelson Leirner,<br />

Rio de Janeiro, em 2000. Sua poética está centrada<br />

no corpo, seus híbridos e sua representação,<br />

utilizando fotografias e imagens digitais<br />

de corpos humanos, às quais agrega matéria<br />

orgânica, como couro animal, e inorgânica,<br />

como plástico-cristal. Participou, entre outras<br />

exposições, do Salão Paranaense (Curitiba,<br />

1998), Humor Negro (Paço das Artes, São<br />

Paulo, e Anna Maria Niemeyer Galeria de Arte,<br />

Rio de Janeiro, 2000), A Imagem do Som de<br />

Gilberto Gil (Paço Imperial, Rio de Janeiro,<br />

2000) e A Imagem do Som de Antônio Carlos<br />

Jobim (Paço Imperial, Rio de Janeiro, 2001).<br />

Vive e trabalha no Rio de Janeiro.<br />

André Luiz Santangelo Vianna (Rio de Janeiro<br />

RJ 1977) licenciou-se em artes plásticas pela<br />

Faculdade Dulcina de Moraes, em Brasília,<br />

em 1999. Freqüentou a EAV/Parque Lage,<br />

Rio de Janeiro, entre 1996 e 1997. É professor<br />

de arte na rede pública de ensino.<br />

Seu trabalho joga com oposições, com as<br />

“tensões entre iguais”. Os espaços que cria<br />

necessitam de manutenção diária, produzindo<br />

situações que colocam o trabalho no<br />

limiar da performance. Vidros, peixes, água<br />

corrente, mercúrio são elementos que usa<br />

com freqüência. Realizou a mostra individual<br />

Doces Instantes (Projeto Prima Obra,<br />

Funarte, Brasília, 2000). Em parceria com<br />

Antônio Elias, expôs In Extremis e In Vivo... In<br />

Vitro (Sala Villa-Lobos do Teatro Nacional de<br />

Brasília, Brasília, 1999/2000). Participou, entre<br />

outras exposições, de Box Project e Leveza<br />

(Museum of Installation, Londres, 2000).<br />

Faz interferências no cotidiano das cidades.<br />

Montou DeLeite (Base da Transição Listrada,<br />

Fortaleza, 2002). Vive e trabalha em Brasília.<br />

Você É o que Você Come, 2001/2002<br />

instalação – cabides, capas de couro rústico, fotografias impressas em plástico-cristal e cabo de aço<br />

80 x 50 cm [cada capa]<br />

Coleção da artista<br />

Foto: Juninho Motta/Itaú <strong>Cultural</strong><br />

Reiniciar, 2001/2002<br />

instalação – aquários, peixes-beta, TVs e câmeras<br />

220 x 150 cm [área aprox.]<br />

Coleção do artista<br />

Foto: Divulgação/Arquivo do artista


36<br />

Arthur Leandro<br />

Beatriz Pimenta<br />

37<br />

Arthur Leandro de Moraes Maroja (Belém PA 1967) tornou-se<br />

mestre em linguagens visuais pelo programa de artes visuais da<br />

EBA/UFRJ, Rio de Janeiro, em 2000. Faz instalações fotográficas<br />

e videográficas. Procura no real o inconveniente de imagens,<br />

trabalhando em torno da natureza pessoal destas, na medida em<br />

que se possam apresentar ao senso comum. Realizou a mostra<br />

individual Nunca Fomos Tão Felizes (Galeria Theodoro Braga,<br />

Belém, 1996). Participou, entre outras exposições, do Salão<br />

Nacional de Fotografia (prêmio, Porto Alegre, 1993), Fotografia<br />

Paraense Contemporânea: Novas Visões (Galeria de Fotografia e<br />

Galeria Sérgio Milliet, Funarte, Rio de Janeiro, 1998), Vermelho<br />

21 (MNBA, Rio de Janeiro, 1999), Projeto<br />

Atrocidades Maravilhosas de Intervenção<br />

Urbana no Rio de Janeiro (Rio de Janeiro,<br />

2000) e 27º Panorama de Arte Brasileira<br />

(MAM Ibirapuera, São Paulo, 2001, MAM,<br />

Rio de Janeiro, e MAM, Salvador, 2002).<br />

Vive e trabalha em Macapá.<br />

Beatriz Pimenta Velloso (Niterói RJ 1960) formouse<br />

em comunicação visual pela EBA/UFRJ, Rio de<br />

Janeiro, em 1984, onde atualmente faz mestrado<br />

em artes visuais. Freqüentou o Ateliê de Gravura<br />

do Ingá, no Museu do Ingá, Niterói, de 1982 a<br />

1985, e o curso de pintura na EAV/Parque Lage,<br />

Rio de Janeiro, em 1992. A produção da artista<br />

inclui pintura, fotografia com interferência digital e<br />

instalações que interrogam as grandes alterações<br />

do conhecimento e da vida ocasionadas pelas<br />

novas tecnologias. Realizou a mostra individual<br />

Ponto de Vista (Espaço <strong>Cultural</strong> Sérgio Porto,<br />

Rio Arte, Rio de Janeiro, 2000). Participou, entre<br />

outras exposições, do 5º e 6º Salão MAM-Bahia<br />

de Artes Plásticas (MAM, Salvador, 1998/1999),<br />

Centro <strong>Cultural</strong> Recoleta (Buenos Aires, Argentina,<br />

1999), Museu Emílio Caraffa (Córdoba, Argentina,<br />

1999) e Galeria do Poste (Centro <strong>Cultural</strong><br />

Laurinda Santos Lobo, Rio de Janeiro, 2001). Vive<br />

e trabalha no Rio de Janeiro.<br />

Não-Negativo, 2002<br />

instalação – espelho com palavras escritas em negativo<br />

dimensões variáveis<br />

Coleção do artista<br />

Foto: Divulgação/Arquivo do artista<br />

Cabeça, Tronco e Membros, 2000/2002<br />

instalação – fotolitos, acrílico, água, madeira e silicone<br />

800 x 800 cm [área]<br />

Coleção da artista<br />

Foto: Divulgação/Christina Bocayuva


38<br />

Bruno de Carvalho<br />

Caetano Dias<br />

39<br />

Bruno Pacheco de Carvalho (Rio de Janeiro RJ 1978) formou-se<br />

em comunicação social pela PUC/Rio, Rio de Janeiro. Fez, entre<br />

1995 e 2000, cursos de pintura, videoarte e videoinstalação na<br />

EAV/Parque Lage, Rio de Janeiro, com os professores Adriana<br />

Varella, Suzi Coralli, Anna Bella Geiger e Fernando Cocchiarale.<br />

Realiza vídeos e videoinstalações em que o espectador se percebe<br />

em um espaço em que disputa ou se confronta com a<br />

imagem copiada. Apresentou a videoinstalação e o texto 2HS,<br />

em parceria com Júlio Rodrigues (14 th International Congress<br />

of Aesthetics – Aesthetics as Philosophy, Eslovênia, 1998). Participou,<br />

entre outras exposições, da 4ª Mostra MIS de Vídeos<br />

(MIS, São Paulo, 2000), Uma Geração em Trânsito (Centro<br />

<strong>Cultural</strong> Banco do Brasil, Rio de Janeiro, 2001), 1ª Mostra Rio<br />

Arte Contemporânea (MAM, Rio de Janeiro, 2002), 8 th Los<br />

Angeles Free Waves Festival (MOCA California Plaza e Iturralde<br />

Gallery, 2002) e Artefoto (Centro <strong>Cultural</strong> Banco do Brasil, Rio<br />

de Janeiro, 2002). Vive e trabalha no Rio de Janeiro.<br />

Alberto Caetano Dias Rodrigues (Feira de Santana BA<br />

1959) cursou letras vernáculas na UCSAL, Salvador, entre<br />

1985 e 1987. Seus trabalhos mais recentes são fotografias<br />

tratadas digitalmente e impressas em plotter. A poética do<br />

artista está entre o pessoal e o social, o sagrado e o profano,<br />

o íntimo e o público, em um jogo de significações<br />

que gera a ambigüidade de uma obra complexa, simples<br />

e contemporânea. O resultado é o vigor de um trabalho<br />

que anseia por respostas, e as indica sistematicamente em<br />

vários planos. Realizou mostra individual na Temporada<br />

de Projetos (Paço das Artes, São Paulo, 2002). Participou,<br />

entre outras exposições, da 3ª Bienal de Artes Visuais do<br />

Mercosul (Santander <strong>Cultural</strong>, Porto Alegre, 2001), 14<br />

Fragmentos Contemporâneos – Artistas Portugueses e<br />

Brasileiros (MAM, Salvador, e Galeria 57, Leiria, Portugal,<br />

2001) e 10 Anos Marília Razuk (Marília Razuk Galeria de<br />

Arte, São Paulo, 2002). Vive e trabalha em Salvador.<br />

V.E.S.A., 2001/2002<br />

instalação – videocassete, fita magnética, colchões, monitor de TV, amplificador, CD-player, sensor eletrônico<br />

e caixas de som 260 x 300 cm<br />

Coleção do artista<br />

Foto: Juninho Motta/Itaú <strong>Cultural</strong><br />

Convivas, 2001<br />

fotografia digital<br />

125 x 175 cm<br />

Coleção do artista<br />

Foto: Divulgação/Arquivo do artista


40<br />

Caio Machado<br />

Caio Cesar Machado (São Paulo SP 1977) formou-se<br />

em artes plásticas pela Faap, São Paulo,<br />

em 2000. Em seus trabalhos escultóricos, constrói<br />

móveis rudimentares de madeira cujas prateleiras<br />

irregulares e portas entortadas evidenciam<br />

sua inutilidade. O acabamento tosco das peças<br />

remete ao vocabulário da arte povera, e a instabilidade<br />

dos móveis ironiza sua característica de<br />

mobilidade. No processo de trabalho do artista,<br />

esculpir esses móveis equivale a desenhar com<br />

madeira no espaço, assim como ele constrói objetos<br />

semelhantes na superfície de um papel, sempre<br />

partindo da observação de paisagens urbanas<br />

de lugares abandonados. Participou de exposição<br />

coletiva de aquarelas (mezanino da Faap,<br />

São Paulo, 1999) e da Mostra da<br />

Graduação (Salão <strong>Cultural</strong> da Faap,<br />

São Paulo, 2000). Vive e<br />

trabalha em<br />

Osasco,<br />

São Paulo.<br />

Carla Linhares<br />

41<br />

Carla Piedade Linhares de Almeida (Itabira MG 1975)<br />

freqüentou a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo<br />

da PUC, Belo Horizonte, e formou-se em desenho pela<br />

EBA/UFMG, Belo Horizonte, em 1999. Além de cursos<br />

de pintura e reflexão teórica, participou de seminários de<br />

arte contemporânea, no Brasil e no exterior. A arquitetura<br />

e o urbanismo são fatores preponderantes no seu<br />

projeto artístico. Realizou mostra individual na Galeria<br />

Thomas Cohn (São Paulo, 2001). Participou, entre outras<br />

exposições, de Circuito Antivicioso de Regras Cotidianas<br />

(Semana de Arquitetura e Urbanismo e Desenvolvimento<br />

Sustentável, PUC, Belo Horizonte, 2000), Salão Paulista<br />

de Arte Contemporânea (referência especial do júri, São<br />

Paulo, 2000), Projeto Balaio Brasil (Sesc Belenzinho, São<br />

Paulo, 2000), Projeto Portas Abertas (1º lugar, Galeria<br />

Kolams, Belo Horizonte, 2000) e Mostra Conduta da<br />

Imagem (Museu Metropolitano de Arte de Curitiba,<br />

Curitiba, 2001). Vive e trabalha em Belo Horizonte.<br />

162 x 120 x 53 cm [fechado]<br />

Coleção do artista<br />

Foto: Juninho Motta/Itaú <strong>Cultural</strong><br />

Sem Título, 2000<br />

objeto – madeira<br />

Malha Urbana (Belo Horizonte), 2001<br />

miniaturas de móveis estilo chipendale e planta urbana<br />

270 x 350 cm<br />

Coleção da artista<br />

Foto: Divulgação/Arquivo da artista


42<br />

Carla Zaccagnini<br />

Carla Zaccagnini (Buenos Aires, Argentina, 1973)<br />

formou-se em artes plásticas pela Faap, São Paulo,<br />

em 1995, e faz mestrado em poéticas visuais na<br />

ECA/USP, São Paulo. Realiza desenhos baseados no<br />

contorno ou no contato com objetos, o que culminou<br />

na frottage da Galeria Adriana Penteado Arte<br />

Contemporânea, São Paulo, em 2000. Apresentou<br />

diferentes estratégias para dar visibilidade ao acervo<br />

de instituições em que expôs, como o financiamento<br />

do restauro de uma peça. Realizou mostras individuais<br />

no MAP (Belo Horizonte, 2002) e no Torreão (Porto<br />

Alegre, 2002). Participou, entre outras exposições,<br />

de In Passing (Bard College, Nova York, 1999), 27º<br />

Panorama de Arte Brasileira (MAM Ibirapuera, São<br />

Paulo, 2001, MAM, Rio de Janeiro, e MAM, Salvador,<br />

2002), Caminhos do Contemporâneo 1952-2002<br />

(Paço Imperial, Rio de Janeiro, 2002) e Brasileños<br />

Contemporáneos (Centro de Arte Contemporáneo<br />

Wifredo Lam, Havana, Cuba, 2002). Vive e trabalha<br />

em São Paulo.<br />

Carlos Mélo<br />

43<br />

José Carlos de Mélo (Riacho das<br />

Almas PE 1969), entre 1989 e<br />

2000, fez cursos de história da arte<br />

e de pesquisa plástica, no Instituto<br />

de Arte Contemporânea, e de<br />

multimeios, com Paulo Brusky, na<br />

Associação Brasil-América, no Recife;<br />

e no Barbican Centre, em Londres.<br />

Participou do workshop Intervenção<br />

na Paisagem, com Penelope Wherli, na Fundação Joaquim Nabuco<br />

(Recife, 2002). Sua obra apresenta uma reflexão fenomenológica<br />

sobre arte, religião e sagrado na atualidade, sexo, memória, morte<br />

e a dimensão do que nos escapa no imaginário cotidiano. De suas<br />

mostras individuais destacam-se Desenhos e Colagens (IAC/UFPE,<br />

Recife, 1997), Ausências (DEC/UFPE, Recife, 1998), ZONE (IAC/<br />

UFPE, Recife, 2002). Entre outras exposições, participou de Quatro<br />

Artistas de Pernambuco Brasil (Fundação da Juventude, Porto,<br />

Portugal, 2001), Permanências e Rupturas (Torre Malakoff, Recife,<br />

2001), 2º Salão de Arte de Goiás (Goiânia, 2002) e 9º Salão de Arte<br />

da Bahia (prêmio – MAM-Bahia, Salvador, 2002). Vive e trabalha<br />

Assentos, 2001<br />

projeto de bancos dobráveis e modulares [em colaboração com Keila Costa]<br />

40 x 40 x 40 cm [protótipo]<br />

Coleção da artista<br />

Foto: Divulgação/Arquivo da artista<br />

Algo, 2001/2002<br />

instalação – slides e plotter s/parede<br />

220 x 300 x 300 cm<br />

Coleção do artista<br />

Foto: Divulgação/Edson Lucena


44<br />

Cinthia Marcelle<br />

Cinthia Marcelle de Miranda Santos (Belo Horizonte MG<br />

1974) formou-se em desenho pela EBA/UFMG, Belo<br />

Horizonte. Coordenou com o grupo VEM!!!, entre 2000 e<br />

2002, o projeto Caminhando no Lado Selvagem, no qual<br />

fez a curadoria da obra do jovem artista falecido Pedro<br />

Moraleida. Integram seu trabalho processos coletivos realizados<br />

com outros artistas. Apresentou a mostra Aonde<br />

Anda Minha Tereza, em dupla com Sara Ramo. Participou,<br />

entre outras exposições, do Circuito <strong>Cultural</strong> Banco do<br />

Brasil (Sesiminas, Belo Horizonte, 2000). Vive e trabalha em<br />

Belo Horizonte.<br />

45<br />

Marilá Dardot<br />

Marilá Dardot Magalhães Carneiro (Belo Horizonte MG<br />

1973) formou-se em comunicação social pela UFMG,<br />

Belo Horizonte, em 1996. Cursou artes plásticas na Escola<br />

Guignard, Belo Horizonte, de 1997 a 1999. Termina em<br />

2003 o mestrado em linguagens visuais na EBA/UFRJ, Rio<br />

de Janeiro. Fez mostras individuais na EAV/Parque Lage,<br />

Rio de Janeiro, 2001, e no Museu de Arte da Pampulha,<br />

Belo Horizonte, 2002. Recebeu um dos cinco prêmios da<br />

1ª Mostra Rio Arte Contemporânea (MAM, Rio de Janeiro,<br />

2002). Participou, entre outras exposições, de Matéria-<br />

Prima (NovoMuseu, Curitiba, 2002). Vive e trabalha no Rio<br />

de Janeiro.<br />

Nas instalações realizadas em parceria pelas artistas Cinthia<br />

Marcelle e Marilá Dardot, são utilizados os sistemas públicos<br />

de comunicação, como a telefonia e os correios, por<br />

intermédio dos quais o espectador é convidado a interagir<br />

no trabalho de arte. Este é concebido como um "entre",<br />

uma troca incessante de fluxos que privilegia "os encontros<br />

imprevisíveis e os diálogos improváveis", diluindo a autoria<br />

e o objeto de arte finalizado e visível.<br />

Me Liga, 2000/2002<br />

instalação – telefone público, cartões telefônicos e impressão em catálogos telefônicos<br />

Apoio: Brasil Telecom<br />

Coleção das artistas<br />

Fotos: Divulgação/Arquivo das artistas


46<br />

Clarissa Campello<br />

Cláudia Leão<br />

47<br />

Clarissa Campello Ramos (Vitória<br />

ES 1978) formou-se em pintura<br />

pela EBA/UFRJ, Rio de Janeiro,<br />

em 2000. Nesse ano, freqüentou<br />

cursos na EAV/Parque Lage,<br />

Rio de Janeiro. Ao transitar entre<br />

os limites da pintura, fotografia,<br />

imagem digital e performance,<br />

seu trabalho investiga o estatuto<br />

do auto-retrato contemporâneo<br />

e as noções de identidade e<br />

estranhamento. Participou, entre<br />

outras exposições, de Mostrarte<br />

(Universidade Estácio de Sá, Rio<br />

de Janeiro, 2000). Vive e trabalha<br />

no Rio de Janeiro.<br />

Ana Cláudia do Amaral Leão (Belém PA 1967) formou-se<br />

em jornalismo pela UFPA, Belém, em 1996.<br />

Atualmente, cursa mestrado em comunicação e<br />

semiótica, na PUC, São Paulo. É uma das fundadoras<br />

do Caixa de Pandora – Núcleo de Imagens.<br />

Constrói imagens por meio da manipulação de filme<br />

e papel no laboratório fotográfico, usando como<br />

suporte espelhos oxidados e vidros pontilhados. As<br />

imagens remetem à perda, à constituição de territórios<br />

de desejos inatingíveis e à saudade do que<br />

não se pode mais tocar. Realizou a mostra individual<br />

O Jardim dos Caminhos que Se Bifurcam (Galeria<br />

de Fotografia do Alpendre, Fortaleza, 2000). Participou,<br />

entre outras exposições, de Fotografia Brasileira<br />

Contemporânea – Coleção Joaquim Paiva<br />

(Museu Nacional de Arte, La Paz, Bolívia, 2000) e<br />

27º Panorama de Arte Brasileira (MAM Ibirapuera,<br />

São Paulo, 2001, MAM, Rio de Janeiro, e MAM,<br />

Salvador, 2002). Vive e trabalha em São Paulo.<br />

Pintura [série], 2000<br />

jato de tinta s/papel fotográfico<br />

84 x 59 cm [cada imagem]<br />

Coleção da artista<br />

Fotos: Juninho Motta/Itaú <strong>Cultural</strong><br />

O Jardim dos Caminhos que Se Bifurcam, 2000<br />

instalação – fotografia manipulada montada entre lâminas de vidro e espelhos [14 imagens]<br />

dimensões variáveis<br />

Coleção da artista<br />

Foto: Divulgação/Orlando Maneschy


48<br />

Daniella Penna<br />

Divino Sobral<br />

49<br />

Daniella Maria Penna Soares (Belo Horizonte MG 1960) formou-se<br />

em artes plásticas com habilitação em desenho e escultura pela<br />

Escola Guignard/UEMG, Belo Horizonte, em 2000, onde atualmente<br />

cursa o mestrado em artes plásticas e contemporaneidade.<br />

Constrói diários utilizando a fotografia. A imagem é apropriada<br />

em seu trabalho como flagrantes, seriados ou não, que ocultam<br />

evidências. A despreocupação com a composição e a trivialidade<br />

da cena induzem o olhar do espectador a procurar algo que<br />

deveria estar ali e que, no entanto, falta. Realizou interferência<br />

espacial na Galeria da Assembléia Legislativa (Belo Horizonte,<br />

2000). Participou, entre outras exposições, de Apontando o Alvo<br />

(Pace Arte Galeria, Belo Horizonte, 1999), Condutibilidade (Cemig<br />

Espaço <strong>Cultural</strong> Galeria de Arte, Belo Horizonte, 2000), Seqüência<br />

(Galeria da Escola Guignard, Belo Horizonte, 2000) e Randevu<br />

(Galeria Casa dos Contos, Ouro Preto, 2000). Vive e trabalha em<br />

Belo Horizonte.<br />

Divino Sobral de Sousa (Goiânia GO 1966), artista<br />

autodidata, é pesquisador e curador independente.<br />

Escreve textos críticos, publicados no Brasil e no exterior.<br />

Sua obra reúne elementos de memória pessoal entrelaçados<br />

com a mitologia e com a história. Em instalações,<br />

incorpora cordões fiados a partir de cabelos (com os<br />

quais tece redes), livros (que imobiliza pela imersão em<br />

cera) e roupas (que são ora oxidadas, ora bordadas, formando<br />

estampas que parecem reproduzir textos sobre<br />

o tecido). Realizou mostra individual no MAC (Goiânia,<br />

2002). Participou, entre outras exposições, da 2ª Bienal<br />

do Mercosul (Fundação Bienal de Artes Visuais do<br />

Mercosul, Porto Alegre, 1999) e Obras do Faxinal das<br />

Artes (MAC, Curitiba, 2002). Foi curador da coletiva<br />

Olhar Multiplicado (Espaço <strong>Cultural</strong> Contemporâneo<br />

Venâncio, Brasília, 2002). Vive e trabalha em Goiânia.<br />

Não Adianta Faltar ao Enterro [detalhe], 2000<br />

fotografia – plotter<br />

52 x 220 cm [políptico]<br />

Coleção da artista<br />

Fotos: Divulgação/Arquivo do artista<br />

Palavras no Meio da Noite, 2000<br />

aquarela, lápis grafite e lápis de cor sobre papel<br />

32 x 44 cm<br />

Coleção do artista<br />

Foto: Juninho Motta/Itaú <strong>Cultural</strong>


50<br />

Domitília Coelho<br />

Ducha<br />

51<br />

Maria Domitília Costa Coelho da Silva<br />

(São Paulo SP 1971) formou-se em ciências<br />

sociais pela Unicamp, Campinas,<br />

em 1993; em São Paulo, estudou<br />

fotografia com Eduardo Castanho, em<br />

1994, e com Eduardo Brandão, entre<br />

1997 e 2000. Suas fotografias caracterizam-se<br />

pelo tratamento dado às<br />

massas de luz retratadas. Os trabalhos<br />

voltados para cenas urbanas são focados<br />

em luzes e luminosos da cidade<br />

(com pessoas em segundo plano), e<br />

as fotografias de vitrines de lojas de<br />

móveis confundem a luz interna com<br />

a luz externa. A simbologia das vitrines<br />

remete a um questionamento do lugar que a arte ocupa nos<br />

dias de hoje, como decoração. Realizou mostra individual na<br />

Temporada de Projetos (Paço das Artes, São Paulo, 2001) e no<br />

MAM (São Paulo, 2002). Participou, entre outras exposições, do<br />

Projeto Abra/Coca-Cola de Arte Atual (Centro <strong>Cultural</strong> São Paulo,<br />

1998), Panorama de Arte Brasileira (MAM Ibirapuera, São Paulo,<br />

1999) e Fotografias do Acervo do MAM (MAM Ibirapuera, São<br />

Paulo, 2002). Vive e trabalha em São Paulo.<br />

Ducha (Rio de Janeiro RJ 1977) formou-se em pintura<br />

pela EBA/UFRJ, Rio de Janeiro, em 2000. Freqüentou<br />

cursos da EAV/Parque Lage, Rio de Janeiro, entre 1994 e<br />

1995. Produziu ações em espaços expositivos ou urbanos,<br />

como a interferência nos refletores do Cristo Redentor,<br />

Rio de Janeiro, sem a autorização das instituições responsáveis<br />

pelo monumento. Realizou mostra individual no<br />

Agora/Capacete (Rio de Janeiro, 2001). Participou, entre<br />

outras exposições, do Prêmio Interferências Urbanas<br />

(primeiro prêmio, com a intervenção no Cristo Redentor,<br />

Rio de Janeiro, 2000), Orlândia (ocupação coletiva de<br />

uma casa no bairro de Botafogo, Rio de Janeiro, 2001),<br />

27º Panorama de Arte Brasileira (MAM Ibirapuera, São<br />

Paulo, 2001, MAM, Rio de Janeiro, e MAM, Salvador,<br />

2002), 1ª Mostra Rio Arte Contemporânea (MAM, Rio<br />

de Janeiro, 2002) e Obras do Faxinal das Artes (MAC,<br />

Curitiba, 2002).<br />

Vive e trabalha no<br />

Rio de Janeiro.<br />

Sem Título [série], 2001<br />

transparência fotográfica em caixa de acrílico com luz<br />

dimensões variáveis<br />

Coleção da artista<br />

Foto: Juninho Motta/Itaú <strong>Cultural</strong><br />

Laranja, 2000/2002<br />

instalação<br />

50 x 50 cm<br />

Coleção do artista<br />

Fotos: Divulgação/Arquivo do artista


52<br />

Elisa Queiroz<br />

Enrico Rocha<br />

53<br />

Maria Elisa Moreira Queiroz (Macaé RJ 1970) formou-se<br />

em artes plásticas pela Ufes, Vitória. Suas<br />

obras são registros do próprio corpo, em que<br />

expõe afetos e denota sexualidade. Por utilizar<br />

vários recursos, como a fotografia, a apropriação<br />

de objetos ou mesmo o design na confecção de<br />

móveis ergonômicos, o trabalho remonta alegoricamente<br />

a seus dados biográficos e referenciais.<br />

Realizou mostras individuais no Espaço de Arte<br />

da Codesa (Vitória, 1996) e na Galeria de Arte<br />

Espaço Universitário (Ufes, Vitória, 1998). Participou,<br />

entre outras exposições, de Releitura de Matisse<br />

(Biblioteca Central, Ufes, Vitória, 1993), Instalação<br />

(Capela Santa Luzia, Vitória, 1995, e Palácio do<br />

Café, Vitória, 1998), Confortável (Ufes/Defa, Vitória,<br />

1999), Projeto Balaio Brasil (Sesc Belenzinho, São<br />

Paulo, 2000) e 2º e 3º Salão Capixaba do Mar (Casa<br />

Porto das Artes, Vitória, 2000 e 2001 - prêmio).<br />

Vive e trabalha em Vitória.<br />

Enrico Rocha Barbosa Costa (Fortaleza CE 1976)<br />

formou-se em comunicação social na UFCE,<br />

Fortaleza, em 2001. Seus primeiros trabalhos em<br />

fotografia foram direcionados para o jornalismo e<br />

exibidos em pequenas mostras organizadas pelos<br />

alunos da universidade. Como conseqüência da<br />

pesquisa realizada para o projeto experimental de<br />

conclusão do curso, desenvolve atualmente um<br />

trabalho com fotografias no qual utiliza a câmara<br />

em baixa velocidade e atrai imagens construídas<br />

ao acaso. Essa imprevisibilidade, que compreende<br />

o cotidiano, sugere discussões sobre os modos<br />

de percepção da imagem, a apropriação e a construção<br />

do real. Vive e trabalha em Fortaleza.<br />

Namoradeira, 2000/2002<br />

instalação – madeira, transfer, tecido, bala, papel e vidro<br />

250 x 250 x 150 cm<br />

Coleção da artista<br />

Foto: Divulgação/Cláudia Pedrinha<br />

Insônia, 2001<br />

fotografia<br />

120 x 80 cm<br />

Coleção do artista<br />

Foto: Divulgação/Arquivo do artista


54<br />

Fabiana Wielewicki<br />

Fabiano Gonper<br />

55<br />

Fabiana Feronha Wielewicki (Londrina<br />

PR 1977) formou-se em artes plásticas<br />

pela Udesc, Florianópolis, 2001.<br />

Bolsista de iniciação científica nessa<br />

instituição, realizou a pesquisa O Campo<br />

Expandido da Gravura Contemporânea,<br />

em 2000 e 2001, e integrou o Projeto<br />

Arte no Ônibus, que promove intervenções<br />

urbanas em Florianópolis, em<br />

2000. Freqüentou cursos de xilogravura,<br />

serigrafia e desenho. Participa do grupo de<br />

artistas Vaca Amarela. Sua poética utiliza-se<br />

da fotografia para focar a paisagem urbana.<br />

Seu olhar constrói outras temporalidades<br />

para uma paisagem vista da janela de seu<br />

quarto. Realizou a mostra individual Paralaxe<br />

(MIS, Florianópolis, 2001). Participou, entre<br />

outras exposições, da Coletiva de Miniaturas<br />

(1999), 7º Salão Nacional Victor Meirelles<br />

(2000), Implumes (2001) e Pretexto Poético<br />

(2001), todas no Masc, Florianópolis. Vive e<br />

trabalha em Florianópolis.<br />

Fabiano Gonçalves Pereira (João Pessoa PB 1970) cursou<br />

oficinas de escultura, na Fundação Espaço <strong>Cultural</strong><br />

José Lins do Rego, João Pessoa, em 1989. Partindo<br />

do cotidiano e de experiências de ordem pessoal, seu<br />

trabalho oscila entre o imaginário de cunho surrealizante<br />

e o real, introduzindo o mistério, sem excluir,<br />

porém, a possibilidade da comunicação com o receptor.<br />

Realizou, em 1996, Universo em Queda Livre, uma<br />

“retroperspectiva”, no Centro <strong>Cultural</strong> São Francisco,<br />

João Pessoa, onde mostrou duas séries de esculturas,<br />

resultado de um processo de anulação de valores/visões<br />

estéticas e início de sua nova figuração e novos processos.<br />

Apresentou a mostra individual Dimensionáveis<br />

(Galeria Sesc Paulista, São Paulo, 2001). Participou,<br />

entre outras exposições, do 26º Panorama de Arte<br />

Brasileira (MAM Ibirapuera, São Paulo, 1999, Centro<br />

Dragão do Mar de Arte e Cultura, Fortaleza, e MAC,<br />

Niterói, 2000). Vive e trabalha em<br />

João<br />

Monólogo [detalhe], 2000<br />

imagem digitalizada s/acetato<br />

27 x 16 cm<br />

Coleção da artista<br />

Foto: Divulgação/Danísio Silva<br />

Objeto de Exilar/Sítio/Sem Título, 2000<br />

objeto<br />

30 x 90 cm [tríptico]<br />

Coleção do artista<br />

Foto: Divulgação/Rodolfo Athayde


56<br />

Fabiano Marques<br />

Fabiano Neves Marques Pereira (Santos SP 1970) formou-se<br />

em comunicação social pela Faap, São Paulo,<br />

em 1992. Fez cursos livres com os artistas Waldo<br />

Bravo, Regina Carmona, Dudi Maia Rosa, Albano<br />

Afonso e Sandra Cinto, em São Paulo, entre 1999 e<br />

2001. Suas instalações e esculturas têm como base<br />

a história da arte e elementos simbólicos referentes<br />

à formação do povo brasileiro ou a tradições nacionais.<br />

Apresentou, entre outras, as mostras individuais<br />

Escultura de Garagem (Plano Anual de Exposições,<br />

Fundação Pinacoteca Benedito Calixto, Santos, 2002)<br />

e Cascata - III Mostra do Programa de Exposição do<br />

CCSP (São Paulo, 2002). Participou, entre outras<br />

exposições, do 29º Salão de Arte Contemporânea<br />

de Santo André (Santo André, 2001), Edital 2001<br />

(MAC, Campinas, 2001) e Programa Anual de Exposições<br />

de Artes Plásticas (CCSP, São Paulo, 2002).<br />

Vive e trabalha em São Paulo.<br />

Fabio Faria<br />

57<br />

Fabio Thadeu de Faria (São Paulo SP 1974) formouse<br />

em educação artística pela Faap, São Paulo, em<br />

1997. Realiza pinturas quase realistas, que retratam<br />

interiores de locais sempre vazios, para evidenciar<br />

o desolamento da vida contemporânea. O vazio<br />

existencial está também presente na produção do<br />

artista, seja em fotografia, seja em vídeo. Em todos<br />

os trabalhos, a imagem é sempre criada de modo a<br />

enfraquecer ou perder o referencial, com influência<br />

do olhar cinematográfico sobre as coisas. Realizou<br />

mostra individual na Galeria Thomas Cohn (São<br />

Paulo, 2000). Participou, entre outras exposições,<br />

do 6º e 8º Salão MAM-Bahia de Artes Plásticas<br />

(MAM, Salvador, 1999 e 2001), Portas Abertas<br />

(Galeria Thomas Cohn, São Paulo, 1999), Prêmio<br />

Estímulo 2000 (primeiro prêmio, Fundación ArteBA,<br />

Buenos Aires, Argentina, 2000) e 3ª Bienal de Artes<br />

Visuais do Mercosul (Santander <strong>Cultural</strong>, Porto<br />

Alegre, 2001). Vive e trabalha em São Paulo.<br />

The Siestawatch, 2001/2002<br />

instalação – madeira, espuma, tecido e vídeo<br />

120 x 120 cm [área aprox.]<br />

Coleção do artista<br />

Foto: Juninho Motta/Itaú <strong>Cultural</strong><br />

Sem Título – Interior # 100, 1999<br />

óleo s/tela<br />

100 x 200 cm<br />

Cortesia Galeria Thomas Cohn [São Paulo SP]<br />

Foto: Divulgação/Arquivo do artista


58<br />

Felipe Barbosa<br />

Felipe do Nascimento Barbosa (Niterói RJ 1978) formou-se<br />

em pintura pela EBA/UFRJ, Rio de Janeiro, em<br />

2001. Freqüentou cursos na EAV/Parque Lage, Rio de<br />

Janeiro, e no Ateliê de Gravura do Ingá, no Museu<br />

do Ingá, Niterói, entre 1996 e 1998. Participou do<br />

Programa Taller Exposición de Pintura Iberoamericana,<br />

Madri, em 2001. Apropria-se de objetos e elementos<br />

encontrados no cotidiano urbano, como palitos de<br />

fósforo e tampas de garrafas de refrigerante, para<br />

extrair de sua materialidade e do processo de realização<br />

da obra possibilidades artísticas. Em parceria<br />

com a artista Rosana Ricalde, participou do Prêmio<br />

Interferências Urbanas, Rio de Janeiro, em 2000 e<br />

2001. Participou, entre outras exposições, do 27º<br />

Panorama de Arte Brasileira (MAM Ibirapuera, São<br />

Paulo, 2001, MAM, Rio de Janeiro, e MAM, Salvador,<br />

2002). 1ª Mostra Rio Arte Contemporânea (MAM,<br />

Rio de Janeiro, 2002) e 1ª Bienal Ceará América<br />

- De ponta-cabeça<br />

(Fortaleza,<br />

2002). Vive<br />

e trabalha<br />

no Rio de<br />

Janeiro.<br />

Frederico Câmara<br />

59<br />

Frederico Ozanam Agostino Câmara (Governador Valadares<br />

MG 1971) formou-se em gravura pela EBA/UFMG, Belo<br />

Horizonte, em 1993. Fez residência no Vermont Studio<br />

Center, Johnston, Vermont, Estados Unidos, 2000; no<br />

The Banff Centre for the Arts, Banff, Canadá, 2001; e na<br />

Fundación Valparaiso, Mojacar Playa, Espanha, 2001. Sua<br />

produção de videoarte se baseia na utilização econômica<br />

de recursos, atingindo resultados documentais e realistas.<br />

Os trabalhos refletem sobre as indagações do artista e<br />

seu papel em relação às instituições culturais e sociais.<br />

Participou, entre outras exposições, 19º Festival de Vídeo e<br />

Filme Documentário de Kassel (Alemanha), Trap (Vermont<br />

Studio Center, Johnston, Estados Unidos, 2000), e Trip<br />

(The Banff Centre for the Arts, Banff, Canadá, 2001). Vive<br />

e trabalha em Belo Horizonte e Amsterdã.<br />

Corpos que Se Inflamam Quando Atritados, 2000/2001<br />

tela, madeira e palitos de fósforo<br />

45 x 100 x 100 cm<br />

Coleção do artista<br />

Foto: Divulgação/Arquivo do artista<br />

Fear No Art [Não Tenha Medo da Arte] Sangatuck, Michigan, Estados Unidos, 1999<br />

mini-DV, cor, som, 7min<br />

Agradecimento: Geraldo Valério<br />

Coleção do artista<br />

Foto [still video]: Divulgação/Arquivo do artista


60<br />

Gabriela Ficher<br />

Gabriela Machado<br />

61<br />

Gabriela Ficher (São Paulo SP 1973) formou-se em<br />

educação artística pela Faap, São Paulo, em 1997.<br />

Realizou cursos de arte contemporânea com Felipe<br />

Chaimovich e Agnaldo Farias, em São Paulo. Constrói<br />

esculturas em forma de cubos, que sintetizam os<br />

cômodos de uma casa. Em cada face dos cubos figura<br />

um recorte da casa, a face superior correspondendo<br />

ao teto, a inferior ao chão. A série de trabalhos vai<br />

da Cozinha e Sala de Jantar ao Banheiro e Quarto da<br />

Paula, ora revelando uma padronização dos ambientes<br />

familiares, ora evidenciando particularidades de seus<br />

habitantes. Participou, entre outras exposições, da<br />

26ª e 27ª Anual de Artes Plásticas da Faap (Faap, São<br />

Paulo, 1994/1995), Projeto OO (MAB/Faap,<br />

São Paulo, 1995) e Coletiva de<br />

Alunos (Escola 3º Andar,<br />

São Paulo, 1998).<br />

Vive e trabalha em<br />

São Paulo.<br />

Maria Gabriela de Mello Machado da Silva (Joinville SC 1960)<br />

formou-se em arquitetura pela Universidade Santa Úrsula, Rio de<br />

Janeiro, em 1984, e freqüentou os cursos de pintura, desenho,<br />

ateliê livre, gravura em metal e litografia da EAV/Parque Lage,<br />

Rio de Janeiro, entre 1985 e 1993. Cria obras bidimensionais<br />

e instalações usando o desenho. Realizou a mostra individual<br />

Gabriela Machado (Galeria H.A.P., Rio de Janeiro, e Centro<br />

Universitário Maria Antônia, São Paulo, 2002). Participou, entre<br />

outras exposições, do 13º e 16º Salão Nacional de Artes Plásticas<br />

(prêmio aquisição, Funarte, Rio de Janeiro, 1993, e MAM, Rio de<br />

Janeiro, 1998), 6º Salão Nacional Victor Meirelles (prêmio, Masc,<br />

Florianópolis, 1998) e Os Gêneros da Arte: a Natureza-Morta na<br />

Arte Contemporânea (MAM Higienópolis, São Paulo, 2002). Vive<br />

e trabalha no Rio de Janeiro.<br />

Quarto da Paula [Vista 1], 1999/2000<br />

madeira, nylon, papel impresso, algodão, fórmica e esmalte sintético<br />

30 x 30 x 30 cm<br />

Coleção da artista<br />

Foto: Juninho Motta/Itaú <strong>Cultural</strong><br />

Sala dos Fios [detalhe], 2001/2002<br />

instalação – papel higiênico e pintura da série Red Serie<br />

400 x 400 cm [área]<br />

Coleção da artista<br />

Foto: Divulgação/Vicente de Mello


62<br />

Gabriele Gomes<br />

Genesco Alves<br />

63<br />

Gabriele Gomes (Curitiba<br />

PR 1971) formou-se em<br />

desenho e pintura pelo<br />

Istittuto per l’Arte ed il<br />

Restauro, Florença, Itália,<br />

em 1990, e em desenho<br />

e pintura pela Embap,<br />

Curitiba, em 1992. Traços,<br />

registros e ações da<br />

artista na natureza, documentados<br />

em vídeo e fotografia, constituem seu trabalho.<br />

Realizou mostras individuais no Ybakatu Espaço de Arte<br />

(Curitiba, 1996 e 1998) e no Projeto Abra/Coca-Cola de Arte<br />

Atual (Espaço <strong>Cultural</strong> Abra, São Paulo, 1997). Participou,<br />

entre outras exposições, do Projeto Brasil Reflexão 97 – A<br />

Arte Contemporânea da Gravura (Museu Metropolitano de<br />

Curitiba, 1997), Entre o Eu e o Mundo (MAC, Goiânia, 1999),<br />

12ª Mostra da Gravura de Curitiba - Marcas do Corpo, Dobras<br />

da Alma (Museu da Gravura, Curitiba, 2000), 3ª Bienal de<br />

Artes Visuais do Mercosul (Santander <strong>Cultural</strong>, Porto Alegre,<br />

2001), EMCONTRA (Museu da Gravura, Curitiba, 2001) e<br />

Arte Brasileño de Hoy (Sala de Armas-Ciudadela, Pamplona,<br />

Espanha, 2002). Vive e trabalha em Curitiba.<br />

Genesco Alves de Sousa (Jordânia<br />

MG 1972) formou-se em artes<br />

plásticas pela Escola Guignard/<br />

UEMG, Belo Horizonte, em 2000.<br />

Atualmente, faz mestrado em<br />

filosofia pela Fafich/UFMG, Belo<br />

Horizonte. Utiliza blocos de gelo<br />

e pigmento para desenvolver trabalhos<br />

híbridos da escultura e da<br />

pintura, que aludem à noção de<br />

permanência das coisas. O início da<br />

obra determina o princípio do fim<br />

de sua existência. Restam vestígios,<br />

a memória e a incontestável idéia<br />

de transitoriedade. Participou, entre<br />

outras exposições, de Daqui a Um<br />

Século (Centro <strong>Cultural</strong> UFMG, Belo<br />

Horizonte, 1997), Nove Segundos<br />

da Eternidade – 300 Anos de Ouro<br />

Preto (Museu Casa Guignard, Ouro<br />

Preto, 1998), Processos Tridimensionais<br />

(Escola Guignard/UEMG, Belo<br />

Horizonte, 1998), O Peso da Luz<br />

(Centro de Cultura de Belo Horizonte,<br />

1999) e A Casa dos Loucos<br />

(Galeria de Arte Minas Tênis Clube,<br />

Belo Horizonte, 2001). Vive e trabalha<br />

em Belo Horizonte.<br />

Travesseiro no Mar, 2001<br />

VHS, cor, mudo, 2min53<br />

Foto: Divulgação/Leonardo R. Gomes<br />

Sem Título, 2001/2002<br />

instalação – água, pigmentos congelados e fotografias<br />

220 x 200 x 200 cm<br />

Coleção do artista<br />

Foto: Juninho Motta/Itaú <strong>Cultural</strong>


64<br />

Glaucis de Morais<br />

Graziela Kunsch<br />

65<br />

Glaucis de Morais Almeida (Lajeado RS 1972)<br />

formou-se em desenho pela UFRGS, Porto<br />

Alegre, em 1997, onde concluiu mestrado em<br />

poéticas visuais, em 2002. Freqüentou cursos<br />

de intervenção em espaços urbanos e desenho<br />

e teve orientação em artes plásticas no<br />

Torreão, Porto Alegre. Sua pesquisa faz uma<br />

imbricação entre os jogos da arte e a fragilidade<br />

das relações. O elo entre pessoas, seja<br />

pela ponte da linguagem, seja pela construção<br />

da vontade, está precariamente inscrito na<br />

superfície da parede ou na estrutura frágil de<br />

uma escultura. Realizou, entre outras, mostra<br />

individual na Pinacoteca Barão de Santo<br />

Ângelo (Porto Alegre, 2002). Participou, entre<br />

outras exposições, de 25 x 25 (Centro <strong>Cultural</strong><br />

Recoleta, Buenos Aires, Argentina, 1997),<br />

Monteiro Lobato (Casa de Cultura<br />

Mario Quintana, Porto Alegre, 1998),<br />

In Corpore (Galeria Obra Aberta, Porto<br />

Alegre, 2000) e Casa (Porto Alegre,<br />

2001). Vive e trabalha em Porto<br />

Alegre.<br />

Graziela Krohling Kunsch (São Paulo SP 1979) formou-se em artes<br />

plásticas pela Faap, São Paulo, em 2001. Na série de vídeos Nightshot,<br />

a artista desenvolve práticas situacionistas de mudanças sutis<br />

no cotidiano das pessoas. A videoinstalação Nightshot 3 mostra<br />

simultaneamente cinco vídeos da artista perambulando à noite por<br />

São Paulo, latindo para as pessoas e sendo por vezes acolhida, por<br />

vezes enxotada. Edita a revista Urbânia (do núcleo de performance<br />

Subterrânea) e coordena a Casa da Grazi, centro de contracultura<br />

de São Paulo. Co-organizou as exposições independentes Fumaça<br />

e Fumaça 00 (Faap, São Paulo, 2000). Participou, entre outras<br />

exposições, da 31ª e 32ª Anual de Artes Plásticas da Faap (prêmios<br />

- Faap, São Paulo, 1999/2000), Projeto Sony’s Heart Awards<br />

(segundo prêmio, Berlim, 2000) e Genius Loci: o Espírito do Lugar<br />

(São Paulo, 2002). Vive e trabalha em São Paulo.<br />

Concreto, 2000/2002<br />

instalação – 6.000 cartas de baralho e 70 fotografias<br />

160 x 100 x 100 cm [cartas] 220 x 200 cm [fotos]<br />

Coleção da artista<br />

Foto: Divulgação/Miguel Aun<br />

Nightshot 3, São Paulo, 2000<br />

digital, cor, som – excerto de A.N.T.I. cinema<br />

Agradecimento: Fernando Nitsch<br />

Coleção pública<br />

Fotos: Divulgação/Arquivo da artista


66<br />

Gustavo Magalhães<br />

Janaina Barros<br />

67<br />

Gustavo de Oliveira Magalhães<br />

(Brasília DF 1977) concluiu<br />

curso de artes plásticas pela<br />

Universidade de Brasília e de<br />

economia no Ceub, Brasília,<br />

em 2001. Interessa-se pela<br />

abordagem psicanalítica da<br />

perda, da morte e da repetição<br />

como condição do humano.<br />

Seus mais recentes trabalhos<br />

abordam a idéia de portais,<br />

que toma de textos bíblicos,<br />

reproduzidos como almofadas<br />

moles. Realizou as mostras<br />

individuais Desejo de Morte<br />

(Galeria de Bolso da CAL,<br />

Brasília, 2000), Portais (Projeto<br />

Prima Obra, Funarte, Brasília,<br />

2001) e Jovem Arte Contemporânea<br />

de Brasília (Galeria<br />

Arte Futura, Brasília, 2001).<br />

Vive e trabalha em Brasília.<br />

Janaina Barros de Albuquerque (Recife<br />

PE 1976) licenciou-se em educação<br />

artística pela UFPE, Recife. Segundo a<br />

artista, sua audioinstalação Conversa<br />

entre Galinhas é a lembrança e a<br />

reafirmação de que o homem tenta<br />

comunicar-se com outro animal, utilizando-se<br />

de sua fala e de gestos,<br />

com a intenção de ser compreendido.<br />

Participou, entre outras exposições, de<br />

Abril pro Rock (Centro de Convenções,<br />

Recife, 1997), Novos Talentos da Philips<br />

(Recife, 1999) e Formas (Centro de<br />

Artes e Comunicação da UFPE, Recife,<br />

2000). Vive e trabalha no Recife.<br />

Portal 2, 2000/2002<br />

instalação – acrilon, plástico, pluma sintética e fécula<br />

dimensões variáveis<br />

Coleção do artista<br />

Foto: Divulgação/Marcelo Feijó<br />

Conversa entre Galinhas, 2000/2002<br />

audioinstalação – registro realizado em Pirunga SE<br />

220 x 110 x 120 cm [área]<br />

Coleção da artista<br />

Foto: Divulgação/Alírio de Castro


68<br />

Járed Domício<br />

Járed José Barbosa Domício (Fortaleza CE 1973)<br />

formou-se em ciências sociais pela Uece, Fortaleza,<br />

em 2001. Iniciou sua trajetória artística em 1993, em<br />

salões de arte de Fortaleza. Em sua pesquisa, desenvolve<br />

marcações sobre paredes. As linhas cavadas<br />

nas bordas desestruturam o plano e o tornam instável<br />

para o ambiente que ocupa. Realizou as mostras<br />

individuais Orgânica (Centro <strong>Cultural</strong> do Abolição,<br />

Fortaleza, 2000) e Manual Prático de Reconstrução<br />

Vital (Galeria do Geo Dunas, Fortaleza, 2001).<br />

Participou, entre outras exposições, do 4º Salão<br />

Universitário (primeiro prêmio, Mauc, Fortaleza,<br />

1996), 20º Salão dos Novos (menção honrosa,<br />

Fundação <strong>Cultural</strong> de Fortaleza, Fortaleza, 1996), 9º<br />

Salão Paulista de Arte Contemporânea (Complexo<br />

<strong>Cultural</strong> Júlio Prestes, São Paulo,<br />

2000), Salão Nacional de Arte Contemporânea<br />

(Belo Horizonte, 2000)<br />

e 5º Salão Sobral de Arte Contemporânea<br />

(Sobral, Ceará, 2002). Vive e<br />

trabalha em Fortaleza.<br />

Jeanine Toledo<br />

Jeanine Lima Toledo (Maceió AL 1962)<br />

formou-se em comunicação visual pela<br />

UFPE, Recife, em 1983. Seu trabalho<br />

volta-se para a pintura e a escultura,<br />

com destaque para a representação<br />

de partes do corpo. Sem desprezar<br />

a produção artesanal, também contempla<br />

questões conceituais em suas<br />

obras. Apropria-se de uma citação de<br />

Waltercio Caldas, “Isto é arte Arte é<br />

isto”, e dá novo direcionamento a sua<br />

pesquisa artística, ainda se remetendo<br />

ao corpo, porém refletindo sobre a<br />

natureza da arte atual. Entre várias<br />

mostras individuais que realizou, a<br />

mais recente é Impermanência (Instituto<br />

de Arte Contemporânea, Centro<br />

<strong>Cultural</strong> Benfica, Recife, 2002). Participou,<br />

entre outras exposições, de Painting<br />

– An Imaginative Journey (Slade<br />

School of Fine Art, University of London,<br />

Londres, 1996), Ceará e Pernambuco:<br />

Dragões e Leões (Centro Dragão<br />

do Mar de Arte e Cultura, Fortaleza,<br />

1998) e 44º Salão Pernambucano de<br />

Artes Plásticas (Observatório <strong>Cultural</strong><br />

Malakoff, Recife, 2000). Vive e trabalha<br />

no Recife.<br />

69<br />

Planos Instáveis, 2001/2002<br />

intervenção em espaço expositivo<br />

dimenssões variáveis<br />

Foto: Juninho Motta/Itaú <strong>Cultural</strong><br />

Isto É Arte Arte É Isto, 2000<br />

letras e cabelos humanos colados em lona<br />

70 x 300 cm<br />

Coleção da artista<br />

Foto: Divulgação/Fritz Simons


70<br />

Jeims Duarte<br />

João Loureiro<br />

71<br />

João Eduardo Loureiro (São Paulo SP 1972) formou-se em educação<br />

artística pela Faap, São Paulo, em 1995. Realizou cursos<br />

de história da arte com Rodrigo Naves e Felipe Chaimovich<br />

e workshop com Tony Cragg, em Santiago de Compostela,<br />

Espanha, em 1998. Constrói objetos escultóricos como mobiliário<br />

e mesas de jogos, de modo a inutilizar sua função,<br />

gerando desconforto no espectador. Essa subversão pode ser<br />

vista na obra Porta com Respiros, cuja intenção é simular o<br />

comportamento parasitário, que levaria a porta a mofar, ou<br />

em Sinuca, cuja superfície polida impossibilita o jogo. Realizou<br />

mostra individual no Centro <strong>Cultural</strong> UFMG (Belo Horizonte,<br />

2002). Participou, entre outras exposições, da mostra Heranças<br />

Contemporâneas (MAC/USP, São Paulo, 1997), 8º Salão MAM-<br />

Bahia de Artes Plásticas (MAM, Salvador, 2001), 20<br />

Artistas/20 Anos (Centro <strong>Cultural</strong> São Paulo, São<br />

Paulo, 2002) e Quase Desenho (Adriana Penteado<br />

Arte Contemporânea, São Paulo, 2002). Vive e<br />

trabalha em São Paulo.<br />

Jeims Duarte dos Santos (João Pessoa PB 1975) formou-se em<br />

educação artística com habilitação em artes plásticas pela UFPE,<br />

Recife, em 2000. Parte do desenho de tradição expressionista<br />

– próximo ao universo inquietante de Egon Schiele, pintor e<br />

desenhista austríaco – e se serve desse e de outros meios para<br />

abordar questões ligadas ao tempo, às ruínas, ao coletivo e ao<br />

individual. Sua proposta se integra a uma tradição presente<br />

na Documenta, Kassel, 1972, em que os artistas que haviam<br />

desintegrado a obra de arte sentiram a necessidade de juntar os<br />

pedaços em todos os tipos de museu mental, com o intuito de<br />

conservar ou apresentar os vestígios. Realizou mostra individual<br />

na Galeria Vicente do Rego Monteiro (Recife, 2000). Participou,<br />

entre outras exposições, do Prêmio Pernambuco de Artes<br />

Plásticas – Novos Talentos 1999 (MAC, Olinda, 1999). Vive e<br />

trabalha em Maceió.<br />

Galleria, 2002<br />

instalação<br />

220 x 200 x 280 cm<br />

Coleção do artista<br />

Foto: Divulgação/Tadeu Giuliani<br />

Sinuca, 2000<br />

fórmica e feltro<br />

70 x 200 x 120 cm [aberta]<br />

Coleção do artista<br />

Foto: Divulgação/Romulo Fialdini


72<br />

Jorge Fonseca<br />

Jorge Menna Barreto<br />

73<br />

Jorge Mascarenhas Menna Barreto (Araçatuba SP 1970) formou-se em desenho pela UFRGS, Porto<br />

Alegre, em 1997. Freqüentou cursos de escultura contemporânea e pintura. A trama do desejo e<br />

da amizade é tecida em alguns de seus trabalhos, ao trazer o espectador para muito perto e tornálo<br />

o motor da obra. Realizou mostra individual no Torreão (Porto Alegre, 2000). Participou, entre<br />

outras exposições, do 17º Salão do Jovem Artista (Fundação Bienal de Artes Visuais do Mercosul,<br />

Porto Alegre, 1997), Jornal Aberto (Museu do Telephone, Rio de Janeiro, 2000), 7ª Bienal de<br />

Havana (Centro de Arte Contemporáneo Wifredo Lam, Havana, Cuba, 2000), 3ª Bienal de Artes<br />

Visuais do Mercosul (Santander <strong>Cultural</strong>, Porto Alegre, 2001), 4ª Bienal Barro de América (Museo<br />

Alejandro Otero, Caracas, Venezuela, e Memorial da América Latina, São Paulo, 2001) e Brasileños<br />

Contemporáneos (Centro de Arte Contemporáneo Wifredo Lam, Havana, Cuba, 2002). Vive e trabalha<br />

em Porto Alegre.<br />

Jorge Luiz Fonseca (Conselheiro<br />

Lafaiete MG 1966)<br />

é autodidata. Sua obra<br />

se forma pelo cruzamento<br />

de gêneros, próprio da<br />

arte contemporânea. O<br />

artista conjuga procedimentos<br />

de caráter conceitual, artesania – aplicada a materiais<br />

diversos – e uma iconografia baseada na cultura popular, constituindo<br />

um trabalho singular. Realizou mostras individuais no<br />

Projeto Macunaíma (Funarte, Rio de Janeiro, 1999), na Celma<br />

Albuquerque Galeria de Arte (Belo Horizonte, 2000) e na<br />

Anna Maria Niemeyer Galeria de Arte (Rio de Janeiro, 2001).<br />

Participou, entre outras exposições, do 53º Salão Paranaense<br />

(prêmio aquisição, MAC, Curitiba, 1996), 22º Salão de Arte<br />

de Ribeirão Preto (Ribeirão Preto, 1997), Cotidiano/Arte: A<br />

Técnica – Máquinas de Arte (Itaú <strong>Cultural</strong>, São Paulo, 1999),<br />

Bravas Gentes Brasileiras (Fundação Clóvis Salgado – Palácio<br />

das Artes, Belo Horizonte, 2000), Arte e Erotismo (Galeria Nara<br />

Roesler, São Paulo, 2000) e A Recente Coleção do MAC (MAC,<br />

Niterói, 2002). Vive e trabalha em Conselheiro Lafaiete.<br />

Agradeço a Graça Alcançada, 2001<br />

entalhes em madeira<br />

80 x 80 x 12 cm<br />

Coleção Irapoan Cavalcanti<br />

Foto: Juninho Motta/Itaú <strong>Cultural</strong><br />

Massa, 2000/2002<br />

instalação/performance<br />

220 x 200 x 200 cm<br />

Coleção do artista<br />

Foto: Divulgação/Arquivo do artista


74<br />

Juliana Stein<br />

Laércio Redondo<br />

75<br />

Juliana Scotá Stein (Passo Fundo RS<br />

1970) é formada em psicologia pela<br />

UFPR, Curitiba. Freqüentou cursos de<br />

história da arte e técnica da aquarela<br />

em Florença, Itália. Sua proposta estética<br />

apresenta a figura humana em<br />

edições e montagens de imagens que<br />

trazem um sentido ético em sua delicadeza.<br />

Atualmente, fotografa para a<br />

Colors Magazine, da Itália. Participou<br />

da 3ª Bienal Internacional de Fotografia<br />

Cidade de Curitiba (Curitiba, 2000).<br />

Vive e trabalha em Curitiba.<br />

Laércio Redondo (Paranavaí PR 1967), formado em<br />

artes plásticas pela Faap, São Paulo, em 1998, fez<br />

pós-graduação em pintura na Konstfack, Estocolmo,<br />

em 2001. Realiza instalações com imagens em movimento,<br />

envolvendo o espectador em suas tessituras<br />

de lembranças e suspensão de memórias. Realizou as<br />

mostras individuais Arenas (Divisão de Artes da UEL,<br />

Londrina, 1995) e Listen to Me, Work in Progress<br />

(Espaço <strong>Cultural</strong> Sérgio Porto, Rio de Janeiro, 2002).<br />

Participou, entre outras exposições, do 15º Salão<br />

Nacional de Artes Plásticas (MAM, Rio de Janeiro,<br />

1998), Trienal Internacional de Gravura (Cracóvia,<br />

Polônia, 1997), After Venice, colaboração de Dorota<br />

Lukianska (Stockholm Art Fair, Estocolmo, Suécia,<br />

2001), 1ª Mostra Rio Arte Contemporânea (MAM, Rio<br />

de Janeiro, 2002), Prêmio Sérgio Motta (Paço das Artes,<br />

São Paulo, 2002), Matéria Prima da Arte Brasileira<br />

(NovoMuseu, Curitiba, 2002) e Faith, Hope & Love<br />

(Edsvik Konst & Kultur, Stockholm Art Fair, Estocolmo,<br />

2002/2003). Vive e trabalha em Estocolmo.<br />

Éden [série], 1999<br />

fotografia<br />

dimensões variáveis<br />

Coleção da artista<br />

Foto: Juninho Motta/Itaú <strong>Cultural</strong><br />

After Venice, 2001<br />

videoinstalação em DVD dimensões variáveis<br />

Colaboração: Dorota Lukianska Agradecimentos: BMG e Jobim Music<br />

Coleção do artista<br />

Foto: Divulgação/Dorota Lukianska


76<br />

Letícia Cardoso<br />

Leya Mira Brander<br />

77<br />

Letícia de Brito Cardoso (Criciúma SC 1978) cursou<br />

escultura e cerâmica na Udesc, em Florianópolis.<br />

Freqüentou cursos de gravura eletrônica, fotolinguagem,<br />

forno de papel e desenho e expressão, entre<br />

outros. Atualmente, integra o grupo de artistas Vaca<br />

Amarela. Seu trabalho é acionado pelos movimentos<br />

do homem e seu espaço, numa tentativa de rastrear<br />

percepções de si e dos movimentos da natureza.<br />

Realizou mostra individual na Galeria do Shopping<br />

Criciúma (Criciúma, 2000). Participou, entre outras<br />

exposições, do 9º Salão Universitário de Artes Plásticas<br />

(UFSC, Florianópolis, 1999), Cumplicidade da Matéria<br />

(Galeria Aníbal Nunes da UFSC, Florianópolis, 2000),<br />

Implumes (Masc, Florianópolis, 2001), 5º Salão Novos<br />

Valores nas Artes Plásticas (prêmio, Fundação Franklin<br />

Cascaes, Florianópolis, 2001) e Obras do Faxinal das<br />

Artes (MAC, Curitiba, 2002). Vive e trabalha em<br />

Florianópolis.<br />

Leya Mira Brander (São Paulo SP 1976) formou-se em educação artística pela<br />

Faap, São Paulo, em 1997. Suas gravuras em metal são baseadas na recombinação<br />

infinita de pequenas matrizes. Imagens e textos remetem a seu cotidiano,<br />

e constituem um diário de sensações e idéias em que um sentimento reaparece<br />

combinado com outros e formam uma obra. A poesia inspirada e o traço<br />

delicado combinam com o formato miniaturizado da obra. Realizou mostras<br />

individuais na Nova Galeria de Arte (São Paulo, 1999) e no Programa Anual de<br />

Exposições de Artes Plásticas (CCSP, São Paulo, 1999). Participou, entre outras<br />

exposições, da Mostra Rio Gravura - São Paulo: Gravura Hoje (Funarte, Rio de<br />

Janeiro, 1999), Gravura Contemporânea – Módulo 2 (Espaço MAM – Nestlé,<br />

São Paulo, 2001), 8º<br />

Salão MAM-Bahia de<br />

Artes Plásticas (MAM,<br />

Salvador, 2001), Brasileños<br />

Contemporáneos<br />

(Centro de Arte Contemporáneo<br />

Wifredo Lam,<br />

Havana, Cuba, 2002) e<br />

Quase Desenho (Adriana<br />

Penteado Arte Contemporânea,<br />

São Paulo,<br />

2002). Vive e trabalha<br />

em São Paulo.<br />

Como Capturar o Vento, Praia do Rincão, SC, 2001<br />

VHS, cor, som, 5min12<br />

Edição: Casa do Cinema e Vídeo - Edison Puente<br />

Foto: Juninho Motta/Itaú <strong>Cultural</strong><br />

Sem Título [série], 1999/2001<br />

metal – água-forte e ponta-seca<br />

dimensões variáveis<br />

Coleção da artista<br />

Foto: Divulgação/Karina Bacci


78<br />

Lucas Levitan<br />

Luciano Mariussi<br />

79<br />

Lucas Serrano Levitan (Porto Alegre RS 1977)<br />

formou-se em publicidade e propaganda pela<br />

PUC, Porto Alegre, em 2000. Cursou artes<br />

plásticas na UFRGS, Porto Alegre, e freqüentou<br />

cursos de arte no Torreão, Porto Alegre.<br />

Trabalha como designer gráfico e ilustrador.<br />

Em sua obra, há uma busca de outra dimensão<br />

dos objetos e espaços, e o espectador<br />

é mergulhado em jogos em que o humor e<br />

um certo lirismo propõem novas percepções.<br />

Entre as exposições coletivas de que participou<br />

destacam-se 21º Salão do Humor de Piracicaba<br />

(Secretaria de Ação <strong>Cultural</strong>, Piracicaba, 1994)<br />

e Casa (Porto Alegre, 2001). Vive e trabalha<br />

em Porto Alegre.<br />

Luciano Augusto Mariussi (Tupãssi PR 1974) formou-se<br />

em educação artística pela FAP, em 1996, e em gravura<br />

pela Embap, em 1997, ambas em Curitiba. Freqüentou<br />

cursos de direção de cinema, desenho publicitário, litografia,<br />

livro de artista e xilografia. Sua pesquisa une arte<br />

e informática, apontando para um certo estranhamento<br />

do homem diante das novas tecnologias. Realizou, entre<br />

outras, a mostra individual Vídeo-foto-grafias (MAC,<br />

Curitiba, 2000). Participou, entre outras exposições, de<br />

Contemporary Brazilian Prints (Universidade de Dallas,<br />

Dallas, Estados Unidos, 1997, e Louisiana State University,<br />

Baton Rouge, Estados Unidos, 1998), Mostra Rio Gravura<br />

(Rio de Janeiro, 1999), 12ª Mostra da Gravura de Curitiba<br />

– Marcas do Corpo, Dobras da Alma (Museu da Gravura,<br />

Curitiba, 2000), Imagem Experimental (MAM Higienópolis,<br />

São Paulo, 2000) e Fim do Milênio (MAM Higienópolis, São<br />

Paulo, 2001). Vive e trabalha em Curitiba.<br />

Escada, 2000<br />

madeira e vidro<br />

310 x 45 cm<br />

Coleção do artista<br />

Foto: Juninho Motta/Itaú <strong>Cultural</strong><br />

Não Entendo, Curitiba, 1999<br />

vídeo digital, cor, som, 4min30<br />

Câmera: Jonathan Chotguif Entrevistador: Renato Antônio Bertão<br />

Tradução: Harald Stricker e Luciano Lima Assistência geral: Denise Shibata Edição: Cristiano Vicente<br />

Acervo Museu de Arte Moderna [São Paulo SP] Fotos: Divulgação/Arquivo do artista


80<br />

Luiz Carlos Brugnera<br />

Marcelo Cidade<br />

81<br />

Luiz Carlos Brugnera (Espumoso RS 1966) é artista autodidata.<br />

Seu projeto artístico caminha no sentido da construção de uma<br />

casa conceitual, sempre mostrada em fragmentos, como uma<br />

grande instalação. Realizou a mostra individual Imagens Conscientes<br />

(Espaço Arte e Cultura Telepar Brasil Telecom, Curitiba,<br />

2001). Integrou coletivas no Masp (São Paulo, 1995), na Funarte<br />

(Rio de Janeiro, 1995), no Masc (Florianópolis, 1995), no Centro<br />

<strong>Cultural</strong> Recoleta (Buenos Aires, Argentina, 1998), 2ª Arte em<br />

Selo (prêmio) - Bienal Internacional de São Paulo (Fundação<br />

Bienal, São Paulo, 1998), Salão MAM-Bahia de Artes Plásticas<br />

(prêmio, MAM, Salvador, 1998/1999), 26º Salão Nacional de<br />

Artes de Belo Horizonte (prêmio, Museu de Arte da<br />

Pampulha, Belo Horizonte, 2000), Salão Paranaense<br />

(prêmio,<br />

MAC, Curitiba,<br />

1998, 2000 e<br />

2001), Galeria<br />

Arte Singullar<br />

(Curitiba, 2001)<br />

e Obras (MAC,<br />

Curitiba, 2002).<br />

Vive e trabalha em<br />

Cascavel.<br />

Marcelo Cidade Teixeira Nunes (São Paulo SP 1979) cursa artes<br />

plásticas na Faap, São Paulo, desde 1998. Trabalha no meio-termo<br />

entre intervenções públicas e registros fotográficos. Na performance<br />

Eu–Horizonte, realizada nas ruas de São Paulo, o artista se pendurava<br />

nu em postes, utilizando uma técnica de ginástica olímpica<br />

que permitia que ficasse na horizontal. Em Eu-C. D. Friedrich,<br />

opunha a verticalidade de seu corpo ao horizonte da praia e aparecia<br />

vestido, reiterando a oposição entre natureza e cultura da<br />

ação anterior. Realizou trabalhos de inversão de sentido, como<br />

substituir as calçadas das ruas de São Paulo por lajotinhas de<br />

cerâmica e instalar o calçamento em uma casa ou confeccionar<br />

um capacho de cimento que fica dentro de casa. Participou, entre<br />

outras exposições, da 32ª Anual de Artes Plásticas da Faap (Faap,<br />

São Paulo, 2000), 1ª Mostra de Cultura Independente (Funarte,<br />

São Paulo, 2000) e Genius Loci: o Espírito do Lugar (nas ruas de<br />

Vila Buarque, São Paulo, 2002). Vive e trabalha em São Paulo.<br />

Assoalho Empoeirado, 2001<br />

grafite s/madeira e pó de canela<br />

500 x 200 cm<br />

Coleção do artista<br />

Foto: Divulgação/Claiton Biaggi<br />

Eu Sou Ele Assim como Você É Ele Assim como Você Sou Eu e Nós Somos Todos Juntos, 2002<br />

fotografia<br />

60 x 350 cm<br />

Coleção do artista<br />

Foto de pré-projeto: Divulgação/Arquivo do artista


82<br />

Marcelo Feijó<br />

Mário Luís Simões Filho (Promissão SP 1964) cursou teologia<br />

cristã no Instituto Bíblico Betel Brasileiro, em João<br />

Pessoa, entre 1983 e 1985, e ordenou-se pastor evangélico.<br />

Especializou-se em lingüística e missiologia, na Alem-Sil,<br />

Brasília, em 1990. Em 1994, renunciou à vida eclesiástica<br />

e ministerial. Participou de workshops ministrados por Davi<br />

Wirz, Krassimira Drenska e Erica Sturner-Alex, em João<br />

Pessoa, entre 1996 e 1998. Estuda letras na UFPB. Sua<br />

produção, de forte impacto visual e conceitual, situa-se<br />

entre a arte aplicada e as artes plásticas. Aborda questões<br />

da sexualidade e do corpo que levam a refletir sobre a nossa<br />

condição de seres individuais e simultaneamente partes de<br />

uma coletividade. Lugar de mentiras e de verdades, produto<br />

de nossos fantasmas ou de pensamentos íntimos, apto a<br />

se metamorfosear, o corpo é visto como décor e máscara.<br />

Participou, entre outras exposições, do 7º Salão MAM-Bahia<br />

de Artes Plásticas (MAM, Salvador, 2000). Vive e trabalha<br />

em Cabedelo, Paraíba.<br />

Mário Simões<br />

83<br />

Marcelo Feijó Rocha Lima (Goiânia GO 1964) formou-se<br />

em jornalismo pela Faculdade de Comunicação da UnB,<br />

Brasília, em 1986. Fez mestrado em arte e tecnologia da<br />

imagem no Instituto de Artes, entre 1995 e 1997. Cursa<br />

doutorado em história da fotografia, na UnB, onde é<br />

professor da Faculdade de Comunicação. Experimenta a<br />

possibilidade de associar os meios digitais aos mecanismos<br />

pioneiros da fotografia e às possíveis poéticas surgidas<br />

desse cruzamento. Desenvolve pesquisa em suportes<br />

como papéis, placas de louça e vidro, em que as paisagens<br />

se constituem por meio da junção de fragmentos<br />

que formam uma narrativa distorcida, meio colagem,<br />

meio quebra-cabeça. Realizou, com o grupo Ladrões<br />

de Alma, a mostra Cozinha das Almas (Galeria Athos<br />

Bulcão, Brasília, 1998, MIS, São Paulo, 1999, e Brasília,<br />

2000). Participou, entre outras exposições, do Prêmio<br />

Brasília de Artes Plásticas (prêmio aquisição, Museu de<br />

Arte de Brasília, 1998), Salão de Arte do Paraná (MAC,<br />

Curitiba, 1999/2000). Vive e trabalha em Brasília.<br />

Paisagem Urbana – São Paulo [detalhe], 2000/2001<br />

fotografia impressa s/chapas de vidro e porcelana [70 imagens]<br />

16,5 x 410 cm<br />

Coleção do artista<br />

Foto: Divulgação/Arquivo do artista<br />

Habeas Corpus, 2001<br />

painéis fotográficos e caixas de madeira com luvas de lycra<br />

20 x 25 cm [painéis] e 18 x 14 cm [caixas]<br />

Coleção do artista<br />

Foto: Juninho Motta/Itaú <strong>Cultural</strong>


84<br />

Marta Neves<br />

Marta Penner<br />

85<br />

Marta Cristina Pereira Neves (Belo Horizonte<br />

MG 1964) formou-se em cinema de animação,<br />

em 1992, e tornou-se mestre em<br />

artes plásticas, em 1999, pela EBA/UFMG,<br />

Belo Horizonte. Seu trabalho é um exercício<br />

de sarcasmo sobre a arte e o sistema que<br />

a envolve. A crítica, o mercado, a mídia<br />

especializada e o próprio artista são afrontados<br />

por suas obras com humor corrosivo.<br />

Realizou mostra individual na Galeria Circo<br />

Bonfim (Belo Horizonte, 2001). Participou,<br />

entre outras exposições, do 56º Salão<br />

Paranaense (MAC, Curitiba, 1999), 26º<br />

Salão Nacional de Arte de Belo Horizonte<br />

(MAP, Belo Horizonte, 2001), 3ª Bienal<br />

de Artes Visuais do Mercosul (Santander<br />

<strong>Cultural</strong>, Porto Alegre, 2001), 27º Panorama<br />

de Arte Brasileira (MAM Ibirapuera,<br />

São Paulo, 2001, MAM, Rio de Janeiro,<br />

e MAM, Salvador, 2002), 8º Salão MAM-<br />

Bahia de Artes Plásticas (MAM, Salvador,<br />

2001), Brasileños Contemporáneos (Centro<br />

de Arte Contemporáneo Wifredo Lam,<br />

Havana, Cuba, 2002) e Obras do Faxinal das<br />

Artes (MAC, Curitiba, 2002). Vive e trabalha<br />

em Belo Horizonte.<br />

Marta Penner da Cunha (Porto Alegre RS 1965)<br />

formou-se em pintura e fez mestrado em arte e<br />

tecnologia da imagem na UnB, Brasília. Orienta o<br />

ateliê de pintura da Faculdade de Artes Dulcina de<br />

Moraes, Brasília. Iniciou a trajetória artística como<br />

gravadora. A fotografia surgiu com enquadramentos<br />

em superclose, em ampliações sobre as quais<br />

inscreve pequenas frases. Depois adotou a técnica do<br />

pinhole para captar paisagens/ruínas, que reproduz<br />

em backlight. Criou site em que o usuário descobre e<br />

recobre as “paisagens” que instala em espaços impessoais.<br />

Realizou as mostras individuais Aventuras do<br />

Conhecimento (Espaço <strong>Cultural</strong> do Distrito Federal,<br />

Brasília, 1999) e Um Quarto para o Presidente (Espaço<br />

<strong>Cultural</strong> Contemporâneo Venâncio, Brasília, 2002).<br />

Participou, entre outras exposições, do 7º Salão<br />

Nacional Victor Meirelles (Masc, Florianópolis, 2000),<br />

Jovem Arte Contemporânea de Brasília (Galeria Arte<br />

Futura, Brasília, 2001) e Obras do Faxinal das Artes<br />

(MAC, Curitiba, 2002). Vive e trabalha em Brasília.<br />

Sem Título [detalhe da série], 2000/2001<br />

impressão em vinil-adesivo s/placa de alumínio [11 obras]<br />

18 x 23 cm a 34 x 55 cm<br />

Coleção da artista<br />

Foto: Juninho Motta/Itaú <strong>Cultural</strong><br />

Lugares Prediletos/Paisagem do Não-Evento, 2000/2001<br />

instalação c/plotagem/website<br />

120 x 386 cm<br />

Coleção da artista<br />

Foto: Divulgação/Antonio Saggese


86<br />

Martinho Patrício<br />

Maxim Malhado<br />

87<br />

Maxim Pereira Malhado (Ibicaraí BA 1967) formou-se em educação física<br />

pela PUC, Salvador, em 1988. Iniciou o curso de belas-artes na UFBA,<br />

Salvador, mas o abandonou três anos depois. Seu trabalho reporta-se ao<br />

interior da Bahia, na curiosidade exploratória da infância. A redescoberta<br />

de espaços e a reinvenção de formas e modos de abordá-las são o<br />

resultado de sua pesquisa, com foco na madeira, repleta de memórias<br />

do Recôncavo Baiano. Seu trato com a espacialidade é um convite à<br />

redefinição de significados, que traz a revelação do incomum da rotina<br />

urbana, do fluxo dentro/fora, processo/acabado. Apresentou, entre<br />

outras, a mostra individual Intermédio (Instituto <strong>Cultural</strong> Brasil Alemanha,<br />

Salvador, 2001). Participou, entre outras exposições, da 5ª Bienal do<br />

Recôncavo (Centro <strong>Cultural</strong> Dannemann, São Félix, Bahia, 2000), Salão<br />

Nacional de Arte de Goiás (1º prêmio, Flamboyant Shopping Center,<br />

Goiânia, 2001) e 8º Salão MAM-Bahia de Artes Plásticas (MAM, Salvador,<br />

2001). Vive e trabalha em Salvador.<br />

Máscara 1, 2001<br />

cetim<br />

150 x 144 cm<br />

Coleção do artista<br />

Foto: Divulgação/Valquíria Farias<br />

Martinho Patrício Leite (João Pessoa<br />

PB 1964) formou-se em educação artística<br />

pela Universidade Federal da Paraíba,<br />

em João Pessoa. Com uma obra peculiar,<br />

desenvolve conceitos ligados ao cotidiano e à<br />

religiosidade. Realizou, entre outras, mostras<br />

individuais no MAM-Bahia (Salvador, 1997),<br />

no Espaço <strong>Cultural</strong> Sérgio Porto (Rio de Janeiro,<br />

2000) e no MAM Aloísio Magalhães (Recife, 2002).<br />

Participou, entre outras exposições, de 2ª Bienal<br />

Internacional de Buenos Aires (Buenos Aires, Argentina, 2002)<br />

e Caminhos do Contemporâneo – 1952/2002 (Paço Imperial,<br />

Rio de Janeiro, 2002). Tem obras nos acervos do MAM-Bahia,<br />

Salvador, e do MAM Aloísio Magalhães, Recife. Vive e trabalha<br />

em João Pessoa.<br />

Sobressalto, 2001<br />

madeira e pregos<br />

220 x 200 x 200 cm<br />

Coleção do artista<br />

Foto: Juninho Motta/Itaú <strong>Cultural</strong>


88<br />

Odires Mlászho<br />

Paula Krause Corrêa (Canela RS 1977) formou-se<br />

em pintura pela UFRGS, Porto Alegre, em 1999. Sua<br />

pintura tem um peso e uma densidade advindos da<br />

espessa matéria e da relação vigorosa com o espaço<br />

arquitetônico. Realizou mostras individuais na<br />

Galeria João Fahrion do Instituto Estadual de Artes<br />

Plásticas (Porto Alegre, 1998), no Instituto Goethe<br />

(Porto Alegre, 1999) e no Torreão (Porto Alegre,<br />

2002). Participou, entre outras exposições, do 1º<br />

Prêmio Jovem Revelação de Artes Plásticas (MAC,<br />

Americana, 1998), Arte à Vista II (Usina do Gasômetro,<br />

Porto Alegre, 1999), Faces da Nova Geração<br />

dos Artistas do IA (Pinacoteca Barão de Santo<br />

Ângelo, Porto Alegre, 2000) e Divergências (Galeria<br />

Iberê Camargo da Usina do Gasômetro, Porto<br />

Alegre, 2001). Vive e trabalha em Porto Alegre.<br />

Paula Krause<br />

89<br />

José Odires Micoski (Mandirituba PR 1960), artista autodidata, parte da<br />

apropriação e da intervenção sobre imagens de diferentes procedências.<br />

Livros e documentos antigos, cartazes, mapas, fotos e biografias anônimas<br />

geram um elenco de procedimentos próprios. Sua obra produz novos e<br />

raros limites entre uma cosmogonia readaptada à interioridade da imagem<br />

e a exterioridade secular, nascida, fundada e perpetuada em patrimônios<br />

intocados e permanentes. Na série Antecâmara da Máscara, retratos retirados<br />

de uma revista de beleza dos anos 70 são transfigurados com descolagem<br />

e velaturas de papel. Realizou as mostras individuais Caleidoscopia<br />

Mínima (Funarte, Rio de Janeiro, 1999) e Antecâmara da Máscara (Espaço<br />

Paul Mitchell, São Paulo, 2001). Participou, entre outras exposições, de Sob<br />

Medida (Espaço Porto Seguro de Fotografia, São Paulo, 1999), 3ª Bienal<br />

Internacional de Fotografia (Curitiba, 2000) e 10ª Mostra da Coleção Pirelli/<br />

Masp (Masp, São Paulo, 2001). Vive e trabalha em São Paulo.<br />

Antecâmara da Máscara VIII, 2001<br />

fotografia p&b<br />

140 x 100 cm<br />

Coleção do artista<br />

Foto: Divulgação/Arquivo do artista<br />

Sem Título [detalhe], 1999/2002<br />

instalação – piche, óleo de soja e tecido<br />

dimensões variáveis<br />

Coleção da artista<br />

Foto: Divulgação/Arquivo da artista


90<br />

Raquel Garbelotti<br />

Raquel de Oliveira Pedro Garbelotti (Dracena SP<br />

1973) concluiu curso de artes plásticas na Faculdade<br />

Santa Marcelina, São Paulo, em 1994, e<br />

mestrado em artes visuais pela Unesp, São Paulo,<br />

em 2001. Suas dobraduras, em forma de telhado,<br />

lareira, fachada, carro, são feitas de madeira, em<br />

duas dimensões, para serem montadas mentalmente.<br />

Realizou as mostras individuais no Projeto<br />

Macunaíma (Funarte, Rio de Janeiro, 1999) e Casas-<br />

Caixas (Galeria Thomas Cohn, São Paulo, 1999).<br />

Participou, entre outras exposições, do 52º Salão<br />

Paranaense (prêmio, MAC, Curitiba, 1995), 4º Salão<br />

MAM-Bahia de Artes Plásticas (MAM, Salvador,<br />

1997), 26ª Bienal de Pontevedra (Pontevedra, Espanha,<br />

2000), Coleção Liba e Rubem Knijnik: Arte<br />

Brasileira Contemporânea (Margs, Porto Alegre,<br />

2001), 27º Panorama de Arte Brasileira (MAM<br />

Ibirapuera, São Paulo, 2001, MAM, Rio de Janeiro,<br />

e MAM, Salvador, 2002) e 25ª Bienal Internacional<br />

de São Paulo (São Paulo, 2002). Vive e trabalha<br />

em São Paulo.<br />

Rodrigo Borges<br />

91<br />

Rodrigo Borges Coelho<br />

(Governador Valadares<br />

MG 1974) formou-se<br />

em arquitetura e urbanismo<br />

pela Universidade<br />

Federal de Viçosa, Viçosa,<br />

em 1997. Bolsista no Programa de Aprimoramento<br />

Discente, EBA/UFMG, Belo Horizonte, em 1999 e 2000, atualmente<br />

cursa desenho na mesma instituição. Participou da<br />

oficina Realidades Inventadas, no 32º Festival de Inverno da<br />

UFMG, Diamantina, 2000. Seus trabalhos usufruem o espaço<br />

arquitetônico. O desenho redimensiona a dinâmica e restabelece<br />

perspectivas do ambiente doméstico. Participou, entre<br />

outras exposições, da 12ª (prêmio) e 13ª Integrarte (EBA/UFMG<br />

e Centro <strong>Cultural</strong> da UFMG, Belo Horizonte, 1999/2000), Ponto,<br />

Linha e Plano (Centro <strong>Cultural</strong> da UFMG, Belo Horizonte,<br />

2000), Condutibilidade (Galeria de Arte Cemig, Belo Horizonte,<br />

2000) e Resposta (Galeria de Arte Cemig, Belo Horizonte,<br />

2001). Vive e trabalha em Belo Horizonte.<br />

Sistema Reverso, 2001/2002<br />

instalação<br />

dimensões variáveis<br />

Coleção da artista<br />

Foto: Divulgação/Rubens Mano<br />

Banheiro, 2001<br />

pastel-seco e grafite s/papel e parede<br />

220 x 220 cm<br />

Coleção do artista<br />

Foto: Juninho Motta/Itaú <strong>Cultural</strong>


92<br />

Rodrigo Godá<br />

Rodrigo Alves Borges (Goiânia GO 1980) iniciou a formação<br />

artística em cursos do Festival de Inverno de Ouro Preto e<br />

no Ateliê da Escola Técnica Federal de Goiás, em Goiânia.<br />

Trabalha com pintura e desenho, em que insere a escrita.<br />

Explora a relação entre palavra e imagem e cria uma interpretação<br />

pessoal dos produtos manufaturados. Compõe esquemas/croquis<br />

de máquinas (com detalhamento de cada parte,<br />

que lembra desenhos das invenções de Leonardo da Vinci).<br />

Seus pequenos desenhos e explicações científicas parecem<br />

flutuar no espaço, o que potencializa o caráter enigmático.<br />

Realizou mostra individual na Galeria de Arte Frei Confaloni<br />

(Goiânia, 1999). Participou, entre outras exposições, do Salão<br />

de Piracicaba (prêmio, Piracicaba, 1999), Projeto Prima Obra<br />

(Funarte, Brasília, 1999), Fundação Jaime Câmara (menção<br />

honrosa, Goiânia, 2000), 26º Salão Nacional de Arte (prêmio<br />

aquisição, Belo Horizonte, 2000) e Olhar Multiplicado<br />

(Espaço <strong>Cultural</strong> Contemporâneo Venâncio, Brasília, 2002).<br />

Vive e trabalha em Goiânia.<br />

Roosivelt Pinheiro<br />

Roosivelt Max Sampaio<br />

Pinheiro (Corocoró-Nhamundá<br />

AM 1964) formou-se,<br />

em 1997, em pintura pela<br />

EBA/UFRJ, Rio de Janeiro,<br />

onde concluiu mestrado<br />

em artes visuais, em 2002.<br />

A instalação Solitários na/da<br />

Rede assume uma alegorização<br />

e informa o distanciamento<br />

da compreensão<br />

e o sentido de ausência<br />

proporcionados na rede.<br />

Editor participante da revista<br />

de arte O Ralador, ano 1, nº 1. Realizou o cenário para o espetáculo de<br />

dança Pedra, de Célia Golveia Grupo de Dança, CCBB e CCSP, São Paulo, 2002.<br />

Coordenou, com outros artistas, o projeto Zona Franca, na Fundição Progresso,<br />

Rio de Janeiro, 2001/2002. Realizou, entre outras, exposição individual no<br />

Projeto Vitrine Efêmera (Atelier DZ9, Rio de Janeiro, 2001). Participou, entre<br />

outras exposições, das coletivas 1º e 2º Prêmio Interferências Urbanas (Rio de<br />

Janeiro), 27º Panorama de Arte Brasileira (MAM Ibirapuera, São Paulo, 2001,<br />

MAM, Rio de Janeiro, e MAM Salvador, 2002) e integrou o grupo Atrocidades<br />

Maravilhosas no Caminhos do Contemporâneo – 1952/2002 (Paço Imperial, Rio<br />

de Janeiro, 2002). Vive e trabalha no Rio de Janeiro.<br />

93<br />

Sem Título [série], 1999/2000<br />

grafite e acrílica s/tela<br />

dimensões variáveis<br />

Coleção do artista<br />

Foto: Divulgação/François Calil<br />

Solitários na/da Rede, 2001/2002<br />

instalação<br />

dimensões variáveis<br />

Coleção do artista<br />

Foto: Juninho Motta/Itaú <strong>Cultural</strong>


94<br />

Rosana Ricalde<br />

Silvia Feliciano<br />

95<br />

Rosana Ricalde da Silva (Niterói RJ 1971) formou-se em gravura<br />

pela EBA/UFRJ, Rio de Janeiro. Faz mestrado em ciência<br />

da arte na UFF, em Niterói. Combina suportes obsoletos com<br />

ditados esquecidos do latim ou transmitidos pela tradição<br />

oral; com verbos da língua portuguesa agrupados por uma<br />

ação comum; ou poemas de autores brasileiros de séculos<br />

passados. Integra a equipe de produção e pesquisa do Paço<br />

Imperial, Rio de Janeiro, desde 2000. Participou, com Felipe<br />

Barbosa, do Prêmio Interferências Urbanas, Rio de Janeiro,<br />

em 2000 e 2001. Participou, entre outras exposições, do 7º<br />

Salão Nacional Victor Meirelles (Masc, Florianópolis, 2000),<br />

27º Panorama de Arte Brasileira (MAM Ibirapuera, São<br />

Paulo, 2001, MAM, Rio de Janeiro, e MAM, Salvador, 2002),<br />

Niterói Arte Hoje (MAC, Niterói, 2002) e Livro: Objeto da<br />

Arte (CCCM, Rio de Janeiro, 2002), 1ª Bienal Ceará América<br />

- De ponta-cabeça (Fortaleza, 2002) e 9º Salão da Bahia<br />

(Salvador, 2002) . Vive e trabalha no Rio de Janeiro.<br />

Silvia Maria Feliciano da Silva<br />

(Bauru SP 1964) formou-se em<br />

escultura, em 1996, e em pintura,<br />

pela UFMG, Belo Horizonte, em<br />

1998. Seu trabalho tem como fundamento<br />

as questões ecológicas<br />

de preservação e reciclagem, bem<br />

como temas ligados à arqueologia<br />

ou a materiais minerais e orgânicos.<br />

Ela os usa em seus estudos em<br />

Rondônia, onde encontrou um universo<br />

que converge para o seu trabalho,<br />

nos conceitos e nas formas.<br />

Participou, entre outras exposições,<br />

de O que Acontece Quando Se<br />

Muda de Lugar (Fundação Clóvis<br />

Salgado – Palácio das Artes,<br />

Belo Horizonte, 1997), Casa de<br />

Guardar Votos (Centro <strong>Cultural</strong> de<br />

Belo Horizonte, Belo Horizonte,<br />

1999) e Prêmio Salão de Arte de<br />

Rondônia (Porto Velho, 2000).<br />

Vive e trabalha em Porto Velho.<br />

“Feliz É o Sândalo que Perfuma o Machado que o Fere”, 2001/2002<br />

instalação – pó de serra, essência de sândalo e placa de metal c/gravação<br />

dimensões variáveis<br />

Coleção da artista<br />

Foto: Divulgação/Felipe Barbosa<br />

Cidade, 2001<br />

madeira e óleo de copaíba [cinco peças]<br />

150 x 200 cm [cada peça]<br />

Coleção da artista<br />

Foto: Juninho Motta/Itaú <strong>Cultural</strong>


96<br />

Téti Waldraff<br />

Teresa Dorotea Waldraff (Sinimbu RS 1959)<br />

formou-se em educação artística pela Feevale,<br />

Novo Hamburgo, em 1979, e em artes plásticas<br />

e desenho pela UFRGS, Porto Alegre,<br />

em 1986. É professora de artes no ensino<br />

fundamental, em Porto Alegre. Sua poética<br />

está ligada à idéia de memórias sempre<br />

em transformação. Lembranças e guardados,<br />

num moto dinâmico, reinventam-se em novas<br />

estruturas e arranjos de objetos. Realizou as<br />

mostras individuais Itinerantes... ou as Imagens<br />

que Habitam (Centro Histórico <strong>Cultural</strong><br />

Klinger Filho, Porto Alegre, 1998) e Estratégias<br />

para Mudança (Instituto Goethe, Porto Alegre,<br />

2000). Participou, entre outras exposições,<br />

de Projeto Presença do Artista (Margs, Porto<br />

Alegre, 1994), Paisagem de Verão (MAC,<br />

Porto Alegre, 1995), 2º e 3º Salão<br />

de Arte Postal (Ball State University,<br />

Muncie, Estados Unidos, e<br />

Casa 26, Porto Alegre,<br />

1998/1999) e Projeto<br />

Balaio Brasil<br />

(Sesc Belenzinho,<br />

São Paulo,<br />

2000). Vive e<br />

trabalha<br />

em Porto<br />

Alegre.<br />

Thiago Bortolozzo<br />

Thiago Bortolozzo da Silva (São Paulo SP 1976)<br />

formou-se em artes plásticas pela ECA/USP, São<br />

Paulo, em 2001. Fotografias de fachadas e paredes<br />

com “desenhos espontâneos” e intervenções<br />

na arquitetura com escoras, ou outros elementos,<br />

para simular o processo de construção são<br />

seus dois campos de trabalho, além da gravura<br />

e do desenho. No Projeto Utopia 1 2 3 4 enumera<br />

os tapumes de uma reforma e, terminada a obra, levaos<br />

para cercar uma montanha ou parte da mata, na mesma<br />

seqüência em que estavam no prédio reformado. Realizou<br />

mostras individuais no CCSP (São Paulo, 2002) e no Paço das<br />

Artes (São Paulo, 2002). Participou, entre outras exposições,<br />

da Mostra dos Alunos de Graduação de Artes Plásticas da<br />

ECA/USP (Casa das Rosas, São Paulo, 2001), Figura Impressa<br />

(Adriana Penteado Arte Contemporânea, São Paulo, 2001),<br />

Programa Anual de Exposições de Artes Plásticas (CCSP, São<br />

Paulo, 2002) e Ópera Aberta: Celebração (Casa das Rosas,<br />

São Paulo, 2002). Vive e trabalha em São Paulo.<br />

97<br />

Estratégias para Mudança, 2000/2002<br />

mista – cinco peças<br />

dimensões variáveis<br />

Coleção da artista/Paula Ramos<br />

Foto: Divulgação/Fabio Del Re<br />

Vital Brasil, 2001<br />

site specific – madeira e pregos<br />

Coleção do artista<br />

Foto: Juninho Motta/Itaú <strong>Cultural</strong>


98<br />

Tonico Lemos Auad<br />

Wagner Morales<br />

99<br />

Antonio Carlos Lemos Auad (Belém PA 1968) formou-se em<br />

arquitetura e urbanismo pela FAU/USP, São Paulo, em 1997,<br />

e concluiu mestrado em artes visuais na Goldsmiths College,<br />

Londres, em 2000. Sua trajetória artística é marcada pela discussão<br />

do desenho, mas destaca-se com a instalação em que<br />

cria formas humanas com carpete desfiado, expostas sobre<br />

esses mesmos carpetes, tornando-se quase invisíveis devido às<br />

pequenas dimensões. A posição das minúsculas figuras sem<br />

cabeça é inspirada em fotografias que o artista fez de pessoas<br />

em parques londrinos. Participou, entre outras exposições, de<br />

Antarctica Artes com a Folha (Pavilhão Manoel da Nóbrega,<br />

São Paulo, 1996), Heranças Contemporâneas (MAC/USP, São<br />

Paulo, 1997), Além do Arco-<br />

Íris (Faap, São Paulo, 1998),<br />

Artfutures 2000 (Barbican Centre,<br />

Londres, 2000), Zigzag<br />

(Galeria Thomas Cohn, São<br />

Paulo, 2001) e Paralela (galpão<br />

na avenida Matarazzo, São<br />

Paulo, 2002). Vive e trabalha<br />

em Londres.<br />

Wagner Perez Morales Júnior (São Paulo SP 1971) formou-se<br />

em ciências sociais pela FFLCH/USP, São Paulo,<br />

em 1992. Entre seus trabalhos destacam-se os documentários<br />

Bali, Olhos Opacos e Na Lona; os vídeos Não Há<br />

Ninguém Aqui #1, #2 e #3, premiados em festivais e no<br />

Salão de Arte de Ribeirão Preto (Ribeirão Preto, 2001);<br />

a performance 3 Montes: Suíte para Voz e Máquina de<br />

Lavar, parceria com Rafael Campos e Wagner Malta (3ª<br />

Semana Fernando Furlanetto, São João da Boa Vista,<br />

2000); e as videoinstalações Bloombaalde, parceria com<br />

Rafael Campos (MIS, São Paulo, 1998), e Eliot (Ateliê<br />

Daora Brandão, São Paulo, 1999). Realizou a mostra<br />

individual Rossi 22 (Galeria 10,20x3,60, São Paulo,<br />

2002). Participou, entre outros eventos, da Mostra do<br />

Audiovisual Paulista (MIS, São Paulo, 1998, 1999, 2001<br />

e 2002), Iniciativas (Centro <strong>Cultural</strong> São Paulo, 2000),<br />

Festival do Rio (Rio de Janeiro, 1998 e 2000) e 13º Vídeo<br />

Brasil (São Paulo, 2001). Vive e trabalha em São Paulo.<br />

Sem Título [Flores em Chama], 2000<br />

fotografia<br />

45,5 x 45,5 cm<br />

Coleção do artista<br />

Foto: Juninho Motta/Itaú <strong>Cultural</strong><br />

Não Há Ninguém Aqui # 1, São Paulo, 2000<br />

mini-DV, cor, som, 4min10<br />

Coleção do artista<br />

Foto: Divulgação/Arquivo do artista


100<br />

Curadores<br />

Fernando Cocchiarale<br />

Fernando França Cocchiarale (Rio de Janeiro RJ 1951) é crítico de arte; professor de estética do Departamento de<br />

Filosofia e do curso de especialização em história da arte e arquitetura do Brasil, na PUC-Rio, Rio de Janeiro; e professor<br />

da EAV/Parque Lage, Rio de Janeiro. Curador do MAM, Rio de Janeiro, desde 2000, é autor, com Anna Bella<br />

Geiger, do livro Abstracionismo Geométrico e Informal. Publica regularmente textos em catálogos e revistas de arte.<br />

Foi coordenador de artes visuais da Funarte, entre 1991 e 1999. Atua como membro de júris e comissões de seleção<br />

de eventos como 10º e 15º Salão Nacional de Artes Plásticas (Rio de Janeiro, 1987 e 1995). Foi curador-coordenador<br />

do programa Rumos Itaú <strong>Cultural</strong> Artes Visuais 1999/2000. Fez a curadoria, entre outras exposições, de Rio de Janeiro<br />

1959/1960, Experiência Neoconcreta (MAM, Rio de Janeiro, 1991). Vive e trabalha no Rio de Janeiro.<br />

101<br />

coordenação equipe curatorial<br />

Fernando Cocchiarale<br />

curadores-coordenadores<br />

Cristina Freire<br />

Jailton Moreira<br />

Moacir dos Anjos<br />

curadores adjuntos<br />

Cleomar Rocha<br />

Cristóvão Coutinho<br />

Eduardo Frota<br />

Juliana Monachesi<br />

Maria do Carmo de Siqueira Nino<br />

Marília Panitz<br />

Marisa Flórido Cesar<br />

Paulo Reis<br />

Paulo Schmidt<br />

Cristina Freire<br />

Maria Cristina Machado Freire (Rio de Janeiro RJ 1961) formou-se em psicologia pela USP, São Paulo, em 1985.<br />

Concluiu doutorado em psicologia social pela USP, São Paulo, em 1995, e mestrado em administração de<br />

museus e galerias de arte pela City University de Londres, em 1996. É professora convidada do programa de pósgraduação<br />

em psicologia social e artes plásticas do Instituto de Psicologia da USP, São Paulo. Como pesquisadora<br />

e curadora do MAC/USP, São Paulo, fez a curadoria, entre outras exposições, de A Cidade dos Artistas (1997)<br />

e Arte Conceitual e Conceitualismos - Anos 70 no Acervo do MAC/USP (2000). Escreve regularmente artigos<br />

para revistas especializadas nacionais e estrangeiras. Publicou os livros Além dos Mapas – Os Monumentos no<br />

Imaginário Urbano Contemporâneo (Annablume, 1997) e Poéticas do Processo – Arte Conceitual no Museu<br />

(Iluminuras, 1999). Vive e trabalha em São Paulo.<br />

Jailton Moreira<br />

Jailton Marenco Moreira (São Leopoldo RS 1960) formou-se em artes plásticas pela UFRGS, Porto Alegre, em 1994.<br />

Criou, com a artista Elida Tessler, o Torreão, em Porto Alegre, onde oferece orientação em artes visuais, desde 1993.<br />

Foi curador adjunto do programa Rumos Itaú <strong>Cultural</strong> Artes Visuais 1999/2000. Fez a curadoria da 31ª Coletiva de<br />

Artistas de Joinville (Joinville, 2001). Participou da comissão de seleção da 1ª Mostra Rio Arte Contemporânea (MAM,<br />

Rio de Janeiro, 2002). Realizou, entre outras, as mostras individuais Vê Quem Vê Quem (Galeria de Bolso da UnB,<br />

Brasília, 1999) e Trabalhos Insistentes (Galeria Chaves, Porto Alegre, 2002). Participou, entre outras exposições, de<br />

Território Expandido III (Sesc Pompéia, São Paulo, 2001), 3ª Bienal de Artes Visuais do Mercosul (Santander <strong>Cultural</strong>,<br />

Porto Alegre, 2001) e Obras do Faxinal das Artes (MAC, Curitiba, 2002). Vive e trabalha em Porto Alegre.<br />

Moacir dos Anjos<br />

Moacir Tavares Rodrigues dos Anjos Júnior (Recife PE 1963) formou-se em economia pela UFPE, Recife, em<br />

1984. Fez mestrado nessa área na Unicamp, em 1990, e doutorado na University of London, Londres, em<br />

1994. É diretor do Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães, Recife. Foi coordenador cultural da Fundação<br />

Joaquim Nabuco, Recife, entre 1998 e 2000, e curador adjunto do programa Rumos Itaú <strong>Cultural</strong> Artes Visuais<br />

1999/2000. Participou, entre outras, da curadoria de Origem (Observatório <strong>Cultural</strong> Malakoff, Recife, 2000) e<br />

Adoração (Mamam, Recife, e Espaço <strong>Cultural</strong> Contemporâneo Venâncio, Brasília, 2002). Integrou a Comissão de<br />

Seleção da 1ª Mostra Rio Arte Contemporânea (MAM, Rio de Janeiro, 2002). Publicou, entre outros, os ensaios<br />

Arte em Trânsito, no catálogo do projeto Nordestes, 1999; Desmanche de Bordas, no livro Artelatina, 2000;<br />

Modernidade, Valor e Arte, na Revista da USP, 2000; e Construção de um Lugar que Não Acaba, no catálogo<br />

da exposição Antonio Dias (Mamam, Recife, 2002). Vive e trabalha no Recife.


102<br />

Cleomar Rocha<br />

Maria do Carmo de Siqueira Nino<br />

Cleomar de Sousa Rocha (Aurilândia GO 1969) formou-se em letras pela Faculdade de Educação, Ciências e<br />

Letras de Iporá, Goiás, em 1991. Estudou artes plásticas na UnB, Brasília, de 1992 a 1995. Em 1997, concluiu,<br />

pela mesma instituição, mestrado em artes, com área de concentração em arte e tecnologia da imagem. Nesse<br />

ano, transferiu-se para Salvador, onde atuou como coordenador dos cursos de graduação em educação artística<br />

e de graduação e pós-graduação em design na Universidade Salvador. Atualmente, faz doutorado em comunicação<br />

e cultura contemporâneas na UFBA, Salvador. Participou de salões e exposições coletivas apresentando<br />

trabalhos em vídeo e arte computacional, entre eles Ordens e Desordens, Arte e Visualidade (Sebrae, Maceió,<br />

1996), Virtus, Coletiva de Arte Computacional (Centro <strong>Cultural</strong> Adelmar Cardoso Linhares, Salvador, 1998) e<br />

Digital Arte Bahia 99 (ICBA, Salvador, 1999). Vive e trabalha em Salvador.<br />

Cristóvão Coutinho<br />

Cristóvão Coutinho Batista (Manaus AM 1963) formou-se em direito pela Universidade Federal do Amazonas,<br />

Manaus, em 1983. Concluiu especialização em direito ambiental, no Centro de Ciências do Ambiente dessa<br />

instituição, em 1996, e o curso de introdução à museologia e museografia, na Fundação Getúlio Vargas,<br />

Manaus, em 1997. Participou dos cursos experiência neoconcreta, no MAM, Rio de Janeiro, 1991, e aplicação<br />

de minerais, terras, óxidos em artes plásticas, pintura e objeto, na EAV/Parque Lage, Rio de Janeiro, 1991. Foi<br />

assistente da Coordenadoria do Centro de Artes Chaminé, Manaus, de 1997 a 1998; e gerente de exposições<br />

do Centro <strong>Cultural</strong> Palácio Rio Negro, Manaus, de 1999 a 2000. Realizou mostra individual na Galeria Afrânio<br />

de Castro (Manaus, 1986). Recebeu menção especial do júri do Salão Plástica Amazônia, e prêmio aquisição,<br />

pelo trabalho experimental em vídeo intitulado Infantiu, em 1998. Vive e trabalha em Manaus.<br />

Eduardo Frota<br />

Eduardo Elísio Frota (Fortaleza CE 1959) obteve licenciatura plena em educação artística pelas Faculdades<br />

Integradas Bennet, Rio de Janeiro, em 1986. Freqüentou a EAV/Parque Lage, Rio de Janeiro, e o Departamento<br />

de Cursos do MAM, Rio de Janeiro, de 1984 a 1986. Atualmente, coordena o Núcleo de Artes Plásticas do<br />

Alpendre, Casa de Arte, Pesquisa e Produção, em Fortaleza. Recebeu bolsa do Projeto Uniarte 96, da Faperj/<br />

UFRJ, Rio de Janeiro, 1996. Realizou, entre outras, mostras individuais na Galeria Cândido Mendes (Rio de<br />

Janeiro, 1993) e no Torreão (Porto Alegre, 2000). Participou, entre outras exposições, do 6º Salão MAM-Bahia de<br />

Artes Plásticas (MAM, Salvador, 1997), 3ª Bienal de Artes Visuais do Mercosul (Santander <strong>Cultural</strong>, Porto Alegre,<br />

2001), 25ª Bienal Internacional de São Paulo (Fundação Bienal, São Paulo, 2002) e Obras do Faxinal das Artes<br />

(MAC, Curitiba, 2002). Vive e trabalha em Fortaleza.<br />

Juliana Monachesi<br />

Juliana Monachesi Ribeiro (São Paulo SP 1976) formou-se em jornalismo pela Faculdade de Comunicação Social<br />

Cásper Líbero, São Paulo, em 2001. Freqüentou durante três anos o curso de filosofia da USP, em São Paulo.<br />

Trabalhou, de 1999 a 2000, como jornalista no caderno Ilustrada, da Folha de S. Paulo, no setor de artes<br />

visuais. Fez em 2000 o curso de história da arte, do crítico Rodrigo Naves, e o curso Estudos Dirigidos em Crítica<br />

Contemporânea, da curadora e crítica de arte Lisette Lagnado, na Escola de Crítica de Arte e Literatura, em<br />

São Paulo. Como trabalho de conclusão do curso de jornalismo, escreveu o livro-reportagem Sem Título – Arte<br />

Contemporânea Brasileira da Década de 80 ao Ano 2000, mapeamento da atual produção nacional em artes<br />

visuais. Vive e trabalha em São Paulo.<br />

Maria do Carmo de Siqueira Nino (Triunfo PE 1955) formou-se em arquitetura pela UFPE, Recife, em 1980.<br />

Especializou-se em artes plásticas, recebendo o Diplôme d’Etudes Approfondies, DEA, pela Universidade de<br />

Paris 1 – Panthéon Sorbonne, Paris, em 1990. Concluiu doutorado em artes plásticas e ciências da arte nessa<br />

instituição, em 1995. Atualmente, é professora de graduação e pós-graduação em história da arte, fundamentos<br />

da linguagem visual e textualidade literária e artística, na UFPE. Coordenou o Instituto de Arte Contemporânea<br />

dessa universidade entre 1998 e 1999. Participou como artista plástica, entre outras exposições, das realizadas<br />

na Maison des Associations de Paris (1995), no Forum Les Halles (Paris, 1995), no Itaú <strong>Cultural</strong> Campinas<br />

(Campinas, 1996/1997) e na Galeria Massangana (Recife, 1998). Vive e trabalha no Recife.<br />

Marília Panitz<br />

Marília Panitz Silveira (São Leopoldo RS 1958), mestre em teoria e história da arte pela UnB, Brasília, tornou-se<br />

professora da instituição a partir de 1999. Lecionou na Faculdade de Artes Dulcina de Moraes, Brasília, de 1985<br />

a 1989. Dirigiu o Museu Vivo da Memória Candanga, Brasília, entre 1990 e 1996. Em 1998, dirigiu o MAB,<br />

Brasília, onde coordenou o Prêmio Brasília de Artes Visuais 98 e o Programa de Bolsas de Pesquisa MAB/MinC,<br />

para jovens artistas. Atua como pesquisadora e coordenadora dos programas educativos de eventos como<br />

Mostra do Redescobrimento (Salão Negro do Congresso Nacional e Centro <strong>Cultural</strong> Banco do Brasil, Brasília,<br />

2000). A partir de 1999, passa a escrever sobre artistas de Brasília em jornais e catálogos. Fez a curadoria, entre<br />

outras exposições, de Felizes para Sempre (CCBB, Brasília e São Paulo, 2001) e Gentil Reversão (CCBB, Brasília,<br />

2001). Vive e trabalha em Brasília.<br />

Marisa Flórido Cesar<br />

Marisa Flórido Cesar (Rio de Janeiro RJ 1962) formou-se em arquitetura e urbanismo pela FAU/UFRJ, Rio de<br />

Janeiro, em 1984. Concluiu o curso de especialização em história da arte e da arquitetura no Brasil, pela PUC-<br />

Rio, Rio de Janeiro, em 1993. É mestre em artes visuais na área de concentração de história e crítica de arte pela<br />

EBA/UFRJ, Rio de Janeiro, onde faz doutorado. Trabalha em planos e projetos de urbanismo na Prefeitura da<br />

Cidade do Rio de Janeiro, a partir de 1989. Publica textos em revistas de arte, como O Transtorno da Matéria no<br />

Maneirismo, em Gávea, PUC-Rio, 1994; e A Dobra e a Diferença: Colagens de Picasso, em Arte & Ensaio, UFRJ,<br />

1999. Vive e trabalha no Rio de Janeiro.<br />

Paulo Reis<br />

Paulo Roberto de Oliveira Reis (Curitiba PR 1962) concluiu curso de artes plásticas na Faculdade de Artes do<br />

Paraná, Curitiba, em 1985, e mestrado em história social da cultura, na PUC-Rio, Rio de Janeiro, em 1998. É<br />

professor do Departamento de Artes da UFPR, Curitiba, onde faz doutorado em história. Em Curitiba, trabalhou<br />

na Divisão de Pesquisa e Documentação do MAC, entre 1989 e 1991; na Coordenação de Artes Plásticas da<br />

Fundação <strong>Cultural</strong> de Curitiba, entre 1991 e 1992; e no Centro de Pesquisas do Museu Guido Viaro, de 1992 a<br />

1998. Participou de júris e comissões de seleção de artistas em eventos como Salão dos Novos (Araucária, 1997)<br />

e Mostra Brasil (Fundação <strong>Cultural</strong> de Curitiba, 1999). Como curador independente, realizou as exposições<br />

Olhos Blindados (Ybakatu Espaço de Arte, Curitiba, 1999), Uma História da Pele (Museu da Fotografia, Curitiba,<br />

2000) e a co-curadoria do Panorama de Arte Brasileira (MAM Ibirapuera, São Paulo, 2001, MAM, Rio de Janeiro,<br />

e MAM, Salvador, 2002). Vive e trabalha em Curitiba.<br />

103


Paulo Schmidt<br />

Paulo Schmidt (São Paulo SP 1963) cursou desenho e gravura na EBA/UFMG, de 1977 a 1979, e artes plásticas<br />

na Escola Guignard, de 1981 a 1983, em Belo Horizonte. Dirigiu o Departamento de Artes Plásticas da Fundação<br />

Clóvis Salgado – Palácio das Artes, Belo Horizonte, de 1988 a 1993. Realizou, entre outras, a curadoria de A<br />

Identidade Virtual (Fundação de Arte de Ouro Preto, Casa dos Contos e Sala Athaide do Museu da Inconfidência,<br />

Ouro Preto, 1994), Imagens da Modernidade (Museu de Arte da Pampulha, Belo Horizonte, 1996), Cenas do<br />

Brasil – Fotografias de Genevieve Naylor (Centro <strong>Cultural</strong> Yves Alves, Tiradentes, UFMG, Belo Horizonte, e Faop,<br />

Ouro Preto, 1998/1999), Escritos do Grande Sertão de Arlindo Daibert (Fundação Clóvis Salgado - Palácio das<br />

Artes, Belo Horizonte, 1999) e Ars Brasilis (Minas Tênis Clube, Belo Horizonte, 2000). Fez diversos projetos gráficos<br />

editoriais e organizou, ao lado de Eneida Maria de Souza, o livro Mário de Andrade – Carta aos Mineiros<br />

(Editora UFMG, 1997). Vive e trabalha em Belo Horizonte.<br />

mostras<br />

104 105


106 Esta é a mais abrangente das 13 mostras (além desta, mais três de médio<br />

porte, com 18 artistas cada uma, e nove menores, com média de cinco<br />

artistas por exposição) que resultaram do mapeamento, da seleção e<br />

da definição das curadorias do programa Rumos Itaú <strong>Cultural</strong> Artes<br />

Visuais 2001/2003. Dela participam os 69 contemplados, selecionados<br />

em todas as regiões brasileiras, já integrados às mostras médias e menores,<br />

que vão itinerar pelo país até 2003.<br />

106<br />

rumos da nova arte<br />

contemporânea brasileira<br />

107<br />

A exposição Rumos da Nova Arte Contemporânea Brasileira sintetiza<br />

as conclusões curatoriais dos quatro curadores-coordenadores desta<br />

edição do programa. Elas foram amadurecidas e elaboradas no decorrer<br />

de um processo coletivo. Primeiramente os coordenadores procuraram<br />

reconhecer quais as questões mais recorrentes no universo dos trabalhos<br />

propostos pelos 69 artistas contemplados. Em seguida, investigou-se<br />

em que medida seria possível estabelecer os liames dessas questões<br />

com traços essenciais da vida contemporânea. Por fim, chegou-se à<br />

conclusão de que esses liames podiam ser efetivamente estabelecidos<br />

a partir dos seguintes traços: a crise do Sujeito (individual e teórico), a<br />

crise do Objeto (conhecimento, consumo, obsolescência e efemeridade)<br />

e a revolução tecnológica (rede, sistemas e percepção). Daí resultaram<br />

as três exposições de porte médio – Entre o Mundo e o Sujeito; Poéticas<br />

da Atitude: o Transitório e o Precário; e Arte: Sistema e Redes –, assumidas,<br />

respectivamente, pelos curadores-coordenadores Moacir dos Anjos,<br />

Jailton Moreira e Cristina Freire.<br />

coordenador da equipe curatorial<br />

Fernando Cocchiarale<br />

artistas<br />

Exposição geral com os 69 artistas selecionados pelo programa<br />

exposição<br />

Belo Horizonte MG<br />

Fundação Clóvis Salgado – Palácio das Artes<br />

Esses mesmos temas também norteiam a exposição geral que ora apresentamos.<br />

Eles foram capazes de acolher, sem problemas, os trabalhos de<br />

todos os selecionados num só evento, inclusive aqueles que, não tendo<br />

sido incluídos nas três exposições de porte médio, vieram a integrar as<br />

outras nove mostras concebidas pelos curadores adjuntos: Abertura e<br />

Ecos (Cleomar Rocha), Manifesto das Indiferenças (Cristóvão Coutinho),<br />

O Desconforto da Forma (Eduardo Frota), O Discurso do Choque (Juliana<br />

Monachesi), Risíveis Humores (Maria do Carmo de Siqueira Nino),<br />

Grafias do Lugar (Marília Panitz), Sobre(A)ssaltos (Marisa Flórido Cesar),<br />

Estranhamento (Paulo Reis) e Pupilas Dilatadas (Paulo Schmidt).<br />

Não podíamos tê-lo feito de outra maneira. Na contramão da clareza formal<br />

conquistada pelo artista moderno, o artista de nosso tempo baralha<br />

referências, dilui as fronteiras entre pintura, desenho e escultura, utilizase<br />

de repertórios plástico-formais tradicionalmente contraditórios, de<br />

materiais de todo tipo. Explora a distância entre significante e significado<br />

até o limite de uma simbolização aparentemente tão subjetiva que pode<br />

sugerir uma resistência a qualquer mediação por conceitos produzidos ao<br />

redor de características supostamente permanentes e comuns às obras


108 de arte. O artista típico dessa passagem de milênio busca, afinal, em fragmentos<br />

da história, entre o passado e o presente, nas várias regiões do<br />

saber e no cotidiano, a condição singular de sua obra, que se quer única.<br />

A dificuldade em tornar compreensível essa produção não reside, portanto,<br />

na recusa nem no estranhamento perante as novidades supostamente<br />

inéditas e radicais próprias da arte contemporânea, mas na persistente<br />

permanência, tanto para criticá-la quanto para valorizá-la, de princípios<br />

interpretativos, valores e crenças forjados para a compreensão da arte<br />

moderna. Ambos os discursos, um pela recusa, o outro pela rendição<br />

acrítica, não conseguem emprestar sentido ao caráter transitivo da contemporaneidade.<br />

A arte contemporânea é, pois, refratária à classificação pelo discurso<br />

(seja do artista, seja da crítica, seja do público). Ao contrário da produção<br />

tipicamente moderna, cuja ênfase na forma, nas linguagens e nos ismos<br />

inseria poéticas singulares no campo objetivo da história, a nova arte<br />

parece desprezar essa inserção, tornando difícil avaliá-la por meio do<br />

repertório teórico-crítico desenvolvido para captar e produzir o sentido<br />

das produções modernas, eminentemente formalizadas e, portanto,<br />

estranhas a esses segmentos da contemporaneidade.<br />

Não podendo contar com a objetividade formal, cromática e espacial<br />

característica dos ismos, em face da fragmentação que se manifesta<br />

em pontos vitais do esgarçado campo das artes, a palavra e a lógica do<br />

circuito de arte vêm exigindo, de maneira crescente, novas modalidades<br />

de articulação entre obra e fruidor (o curador), novas leituras e interpretações,<br />

novos espaços expositivos e institucionais e um novo público.<br />

Essas transformações vertiginosas, de desdobramentos ainda imprevisíveis,<br />

não têm permitido que a arte contemporânea se torne familiar<br />

ao homem contemporâneo. Para a maioria, ela permanece estranha e<br />

incompreensível. Um dos sintomas mais claros de sua incomunicabilidade<br />

se manifesta na contraditória expectativa do público em reconhecer e<br />

designar com precisão produções que não mais se centram no campo<br />

objetivo da forma e na estrita materialidade de sua linguagem.<br />

Entretanto, longe de se restringir à esfera do espectador, essa incompreensão<br />

permeia também as idéias de alguns críticos e teóricos da arte.<br />

Qual o público, eles encaram esse estranhamento como uma negação ou<br />

um desvio da natureza da arte (ainda quando reduzida apenas à modernidade).<br />

Relutam em aceitar que os princípios teóricos, metodológicos e<br />

conceituais, que os legitimam intelectualmente, nasceram de condições<br />

técnicas, sociais e culturais que já não existem e, por isso, não mais correspondem<br />

aos discursos que antes as faziam transparentes. Não querem,<br />

enfim, reconhecer que seus discursos são, como quaisquer outros, antes<br />

históricos que verdadeiros.<br />

Por outro lado, alguns convictos defensores da produção contemporânea<br />

baseiam sua defesa apenas na valorização ingênua e pontual<br />

da ruptura e da novidade. Talvez não se tenham interrogado sobre a<br />

origem modernista desses valores, paradoxalmente usados como índices<br />

de contemporaneidade.<br />

Se não mais contamos com o aparato teórico-crítico produzido a partir<br />

da clareza autodefinida da arte moderna, podemos, até segunda<br />

ordem, articular a manifesta subjetividade da produção contemporânea<br />

à chamada crise do Sujeito. Podemos também remeter a generalização<br />

do uso, na arte, de materiais não-artísticos, extraídos do mundo natural<br />

e industrial, à crise do Objeto, e, finalmente, articular essas crises com as<br />

transformações tecnológicas que permeiam a complexa transitividade do<br />

mundo em que vivemos. É esse pano de fundo que justifica e empresta<br />

sentido aos recortes que orientam a curadoria e a montagem da mostra<br />

Rumos da Nova Arte Contemporânea Brasileira. Retomemos, então,<br />

as questões definidas pelos curadores-coordenadores.<br />

Entre o Mundo e o Sujeito<br />

Todas as esferas do Sujeito, individual, artística e cognitiva, foram<br />

definidas em função da crença filosófica na identidade e unidade<br />

que as especificavam. Sem esses dois pressupostos teóricos não<br />

teria sido possível designar com clareza as noções de indivíduo,<br />

de autoria (a valorização do estilo pessoal que separou, desde a<br />

Renascença, a arte do artesanato e a autoria individual da coletiva)<br />

e de Sujeito (introduzida por Descartes e reexaminada, século e meio<br />

mais tarde, pela crítica kantiana, que delineou uma noção de Sujeito<br />

cognitivo adequada à modernidade nascente: transubjetivo, impessoal<br />

e voltado para as questões gerais e universais da filosofia e da<br />

ciência). A propalada crise do Sujeito, típica do estágio atual da vida<br />

contemporânea, coincide, essencialmente, com a crise das noções<br />

de identidade e de unidade.<br />

Indispensável para o sucesso epistemológico, tecnológico e econômico<br />

da civilização ocidental, o pensamento dualista, fundado na<br />

oposição de identidades claras e distintas, começou a ser desmontado,<br />

ainda na segunda metade do século XIX. Inicialmente teórico,<br />

esse desmonte, promovido pela antropologia, história, sociologia,<br />

psicanálise e filosofia, levou à eclosão da tão discutida crise do<br />

109


110 Sujeito, que hoje se faz sentir em todos os níveis da vida social e<br />

Poéticas da Atitude: o Transitório e o Precário<br />

psíquica. Nesse quadro, não está contida apenas a crise do indivíduo<br />

e do Sujeito de conhecimento, mas a dos próprios saberes baseados<br />

na polarização.<br />

Fragmentadas até às entranhas, as noções de indivíduo, Sujeito e<br />

conhecimento jazem desarticuladas à espera de novos modelos que<br />

atendam à nova realidade. Num mundo no qual os processos de totalização<br />

não mais espelham aquelas concepções de unidade extraídas<br />

da profundidade (ontológica ou epistemológica) em que se supunha<br />

morar a verdade; numa realidade na qual somente acessamos as totalidades<br />

editadas a partir da complexa superficialidade que caracteriza a<br />

vida pós-moderna, mas que já se anunciava no passado moderno (de<br />

Frankenstein, do divã psicanalítico, da linha de montagem fordista,<br />

da montagem de Eisenstein e Griffith, até as edições de vídeo e de<br />

textos), talvez tenha cabido ao artista a tarefa social da construção de<br />

um novo Sujeito.<br />

O segmento curatorial Entre o Mundo e o Sujeito reúne trabalhos<br />

que tratam, de modos diversos, dessa crise e das tentativas contemporâneas<br />

de constituição de Identidades que assimilem a confusão dos<br />

limites, antes polarizados, entre Sujeito e Objeto. A interferência no<br />

corpo humano, real ou imaginário (corpo desnudo, corpo do artista,<br />

corpo da arte), a tematização do desejo e da sexualidade, a apropriação<br />

dos objetos e a reificação de seus ícones mais banais, e mesmo<br />

a investigação formal e gestual, são tomadas pela produção contemporânea<br />

como rastros da solidão ou do engenho humanos. Longe<br />

dos grandes sistemas filosóficos, que no passado inventaram o sujeito<br />

moderno, o campo estético parece ser atualmente o único capaz de<br />

integrar o ilógico, o acaso e o contraditório. Suas características o situaram<br />

na dianteira da investigação de uma outra noção de identidade<br />

(um Sujeito não mais epistemológico, mas estético), menos unitária<br />

e ordenada, mas certamente mais próxima das novas condições tecnológicas<br />

e históricas.<br />

Deste segmento da mostra participam obras dos seguintes artistas:<br />

Adriana Boff, Ana Laet, Arthur Leandro, Beatriz Pimenta, Bruno de<br />

Carvalho, Caetano Dias, Clarissa Campello, Cláudia Leão, Daniella Penna,<br />

Divino Sobral, Domitília Coelho, Elisa Queiroz, Enrico Rocha, Fabiana<br />

Wielewicki, Fabiano Gonper, Fabio Faria, Gabriela Ficher, Gabriela<br />

Machado, Gabriele Gomes, Gustavo Magalhães, João Loureiro, Juliana<br />

Stein, Laércio Redondo, Leya Mira Brander, Luiz Carlos Brugnera, Marcelo<br />

Cidade, Marcelo Feijó, Mário Simões, Marta Penner, Odires Mlászho,<br />

Raquel Garbelotti, Rodrigo Borges e Rodrigo Godá.<br />

A crise do Sujeito e a crise do Objeto são indissociáveis do impacto<br />

causado pela implantação inexorável de processos de produção industriais.<br />

Esse impacto, no entanto, não se restringiu à revogação dos processos<br />

artesanais de produção dos objetos, diretamente dependentes da<br />

habilidade manual do trabalhador. Inicialmente imperceptíveis, os efeitos<br />

da demissão da mão (Walter Benjamin) se tornaram, ao longo dos séculos<br />

XIX e XX, evidentes, até o ponto crítico a que chegamos. A divisão<br />

do trabalho, que determinou a perda do controle do processo total de<br />

produção de um objeto pelo trabalhador industrial, introduziu no produto<br />

(objeto) a obsolescência, indispensável à lógica do consumo.<br />

Essas transformações tiveram conseqüências ainda mais drásticas no<br />

campo da arte. Na contramão das tecnologias (primeiramente industriais<br />

e, atualmente, da informação), as obras de arte continuaram predominantemente<br />

artesanais, contradizendo a lógica e a generalização do<br />

produto industrializado.<br />

A busca de novas possibilidades de expressão artística e a experimentação<br />

de novos suportes e novos espaços generalizaram o uso de materiais<br />

de trabalho não convencionais que vinham sendo pontualmente<br />

experimentados desde o cubismo. Meios de produção visual alternativos<br />

à habilidade manual exigida pela pintura e pela escultura, como a fotografia,<br />

o cinema e, posteriormente, o vídeo, ampliaram, enfim, os meios<br />

técnicos e expressivos à disposição das artes plásticas, até então de predominância<br />

artesanal.<br />

A criação dessas alternativas não se limitou, porém, à incorporação dos<br />

territórios visuais contíguos. Ela se expandiu para a apropriação de objetos<br />

utilitários, novos ou sucateados, de procedência industrial (ready-made),<br />

para os espaços naturais (land art), urbanos (arte pública), institucionais<br />

e simbólicos (instalações), para o âmbito da idéia (arte conceitual) e para<br />

o próprio corpo (body art e performance). Abrangência que rompeu, em<br />

definitivo, o estrito campo de uma plástica voltada para seus próprios<br />

materiais, meios e elementos exclusivos, típica dos momentos mais radicais<br />

da arte moderna.<br />

Muitos artistas brasileiros vêm trabalhando a partir de materiais e<br />

objetos encontrados nas ruas e até no lixo ou, na esteira de Duchamp,<br />

qualificando situações estéticas por meio de sua atitude. Intervêm nos<br />

espaços urbanos ou usam as sobras de seu consumo que, por obsolescência<br />

ou desgaste mínimos, são jogadas fora pelo consumidor típico<br />

do mundo globalizado.<br />

111


112 Esses últimos trabalhos, entretanto, não nascem do interesse estrito dos<br />

artistas pelas propriedades materiais, gráficas, plásticas e cromáticas dos<br />

existente entre museus e instituições, galerias, críticos, curadores, mercado,<br />

artistas e público.<br />

objetos. Eles não são somente matérias-primas renovadas pela reciclagem,<br />

mas objetos que, mesmo deslocados para o campo das artes, ainda<br />

possuem parte da carga semântica que possuíam no contexto em que<br />

foram produzidos e onde antes circulavam.<br />

Os métodos, meios e técnicas dessas poéticas extraem da efemeridade,<br />

da precariedade e da degeneração o sentido crítico das próprias obras.<br />

Seus resultados não devem ser confundidos com experiências cênicas ou<br />

com produtos reciclados, restritos ao fluxo do tempo ou a uma simples<br />

transformação material que nega sua frágil e precária origem.<br />

Manifestas no Brasil desde os Parangolés e Bólides, criados por Hélio<br />

Oiticica na primeira metade da década de 1960, essas poéticas da atitude<br />

e do precário encontraram na situação social brasileira um lastro de<br />

realidade que lhes conferiu uma força estética e uma atualidade extraordinárias.<br />

Por outro lado configuram um pólo poético diverso do rigor<br />

geométrico da tradição construtiva, de fortes raízes no país.<br />

Walter Benjamin aponta-nos que a invenção das tecnologias da imagem<br />

fotossensível (século XIX) foi determinante para as transformações ocorridas<br />

no âmbito da percepção e no da valoração das obras de arte. Mas<br />

isso não significa que as linguagens da fotografia e do cinema tenham,<br />

automaticamente, nascido com suas técnicas. O mesmo podemos dizer<br />

do vídeo, da computação gráfica e da imagem digital.<br />

Há hoje no Brasil alguns grupos (de artistas, designers, videomakers e<br />

outros) cujo interesse estético restringe-se ao uso explícito da tecnologia.<br />

Parecem desconsiderar, em nome do apreço deslumbrado pela high tech<br />

e do desprezo pela low tech, que o registro de uma performance, por<br />

exemplo, é feito, quase sempre, em vídeo, pela capacidade que essa tecnologia<br />

tem de registrar, como nenhuma outra, uma ação em tempo real,<br />

imediatamente. Defendem seu ponto de vista a partir de um repertório<br />

de idéias de perfil modernista (o chavão do esperado compromisso da<br />

obra com os meios utilizados para produzi-la).<br />

113<br />

O segmento Poéticas da Atitude: o Transitório e o Precário foi pensado<br />

para agrupar as obras desta exposição que interrogam o valor de<br />

perenidade da obra e o uso de materiais e técnicas convencionais. Seja<br />

na valorização das possibilidades poéticas de ações e experiências, seja<br />

na utilização de materiais efêmeros ou de métodos não cartesianos<br />

de ocupação espacial. Deste conjunto participam obras dos seguintes<br />

artistas: Amilcar Packer, Caio Machado, Ducha, Fabiano Marques, Felipe<br />

Barbosa, Genesco Alves, Glaucis de Morais, Graziela Kunsch, Janaina<br />

Barros, Járed Domício, Letícia Cardoso, Lucas Levitan, Maxim Malhado,<br />

Paula Krause, Silvia Feliciano, Téti Waldraff, Thiago Bortolozzo e Tonico<br />

Lemos Auad.<br />

Arte: Sistema e Redes<br />

Outra possibilidade de superar a crise do objeto, investigada pelos artistas<br />

contemporâneos, é a da substituição das técnicas manuais e dos suportes<br />

tradicionais pelas novas tecnologias da imagem e da informação em<br />

rede. A essa dimensão material e tecnológica podemos acrescentar uma<br />

outra, menos evidente e literal, mas certamente não menos contemporânea,<br />

que se revela no uso, pelos artistas, de métodos de compreensão<br />

e de ação informados pelas idéias de sistema e redes. Se no passado<br />

os modernistas usaram a arte para falar de seus meios, os novos artistas<br />

vêm usando-a para falar de seu sistema ou circuito, da rede de relações<br />

Noção frágil e demasiado abrangente, a chamada Arte e Tecnologia<br />

vem permitindo muitos equívocos. O principal deles talvez seja a confusão<br />

entre possibilidades técnicas e invenção poética: alguns pesquisadores,<br />

curadores e críticos consideram a simples utilização de meios<br />

tecnológicos suficiente para configurar questões estéticas. Com isso<br />

atropelam diferenças e lançam numa vala comum produções bastante<br />

diferenciadas.<br />

Muito antes da difusão universal da internet artistas como Cildo Meireles<br />

trabalharam a noção de rede (um canal de irradiação e conexões em<br />

movimento não-linear). Suas Inserções em Circuitos Ideológicos, das<br />

quais a mais conhecida é o Projeto Coca-Cola, poderiam, num sentido<br />

lato, ser pensadas do ponto de vista da lógica da rede (web). As Inserções<br />

nos revelam que a demanda e a lógica da rede já existiram antes mesmo<br />

de sua efetiva implantação.<br />

Feitas as ressalvas, entretanto, é importante reconhecer o sucesso, a<br />

positividade e a contribuição da experimentação diretamente tecnológica,<br />

ou por ela informada, para a percepção contemporânea. Essas<br />

questões estão na origem do último conjunto apresentado, Arte:<br />

Sistema e Redes, embora muitas obras realizadas com meios tecnológicos<br />

tenham sido alocadas nos outros dois segmentos da exposição, uma<br />

vez que tratavam de questões essenciais do mundo contemporâneo<br />

neles destacadas.


entre o mundo e o sujeito<br />

114 Este último núcleo da mostra Rumos da Nova Arte Contemporânea<br />

115<br />

Brasileira é integrado por trabalhos dos seguintes artistas: Alexandre<br />

Vogler, André Santangelo, Carla Linhares, Carla Zaccagnini, Carlos<br />

Mélo, Cinthia Marcelle e Marilá Dardot, Frederico Câmara, Jeanine<br />

Toledo, Jeims Duarte, Jorge Fonseca, Jorge Menna Barreto, Luciano<br />

Mariussi, Marta Neves, Martinho Patrício, Roosivelt Pinheiro, Rosana<br />

Ricalde e Wagner Morales. Suas obras discutem os sistemas de legitimação<br />

e institucionalização da arte e expandem a noção de rede do<br />

curador-coordenador<br />

âmbito tecnológico estrito para o campo de múltiplas significações da<br />

Moacir dos Anjos<br />

arte de nossos dias.<br />

Fernando Cocchiarale<br />

janeiro 2002<br />

artistas<br />

Adriana Boff<br />

Ana Laet<br />

Beatriz Pimenta<br />

Bruno de Carvalho<br />

Caetano Dias<br />

Clarissa Campello<br />

Cláudia Leão<br />

Domitília Coelho<br />

Fabiano Gonper<br />

Fabio Faria<br />

Gabriela Ficher<br />

Gabriele Gomes<br />

Gustavo Magalhães<br />

Juliana Stein<br />

Laércio Redondo<br />

Marcelo Cidade<br />

Marcelo Feijó<br />

Mário Simões<br />

exposições<br />

Recife PE<br />

Fundação Joaquim Nabuco<br />

São Paulo SP<br />

Itaú <strong>Cultural</strong> São Paulo


116 A diversidade de estilos, técnicas, operações e temas, que caracteriza a<br />

produção contemporânea em artes visuais, faz da organização de mostras<br />

como vozes íntimas que se tornam públicas, acentuam uma crise conceitual<br />

na qual estão também envolvidos.<br />

coletivas um exercício de articulação de fragmentos simbólicos. É<br />

nelas que o que é usualmente disperso acolhe sentidos comuns, embora<br />

irremediavelmente provisórios. A despeito de sua coesão aparente<br />

nas salas expositivas, esses sentidos estão sempre prontos a se desfazer<br />

quando as exposições são concluídas e os trabalhos devolvidos a sua<br />

irredutível singularidade. Diante do universo amplo e variado formado<br />

pelos trabalhos dos 69 artistas contemplados pelo programa Rumos Itaú<br />

<strong>Cultural</strong> Artes Visuais 2001/2003, é papel do curador, que o recorta<br />

em mostras menores, identificar que traços – evidentes ou sugeridos<br />

somente – de cada um desses trabalhos estabelecem aproximações ou<br />

atritos com aquilo que particulariza os demais, de modo a agrupá-los<br />

temporariamente sem imposições externas de tema ou idéia.<br />

Deve-se atentar, contudo, para o fato de essa identificação só poder ser<br />

feita de uma forma relacional, na qual cada trabalho é posto diante de<br />

outros e com eles avaliado seu poder de atração simbólica. Como são<br />

todos possuidores de um feixe largo de significados possíveis, a ativação<br />

específica de cada um desses sentidos depende da presença próxima e<br />

contingente de mais trabalhos que partilhem com o outro humores e<br />

modos de se expressar. É a partir do entendimento de que uma exposição<br />

coletiva implica respeitar os sentidos comuns provisoriamente criados pela<br />

aproximação entre trabalhos diversos que se organiza a presente mostra,<br />

bem como as demais pertencentes a esse programa de mapeamento,<br />

fomento e difusão da nova arte contemporânea brasileira.<br />

Os trabalhos dos 18 artistas que compõem a exposição Entre o Mundo<br />

e o Sujeito não ilustram, portanto, um tema definido de modo arbitrário.<br />

Agrupados e postos em contato, são eles que ativam, ao contrário,<br />

uma questão que perpassa as várias instâncias da vida contemporânea,<br />

problematizando-a de maneiras diversas e sem propor síntese alguma.<br />

Enunciam, de pontos de vista que convergem em alguns momentos e<br />

em outros apenas se tocam, o estado presente da crise já longa em que<br />

submergiu a idéia de Sujeito moderno, ancorada numa concepção de<br />

seres humanos unificados e dotados de identidade fixa e autonomia<br />

plena. Em vez da afirmação da integridade do Sujeito, é o seu caráter<br />

fragmentado e difuso que os trabalhos aqui reunidos apontam; em vez<br />

de identidades estáveis, é a identificação com o que é efêmero e múltiplo<br />

que assinalam. Não há em quaisquer desses trabalhos, entretanto,<br />

a pretensão do comentário discursivo e culto; tampouco se pretendem<br />

engajados numa atitude crítica ou celebratória do estado de confusão<br />

de limites entre as coisas do mundo e o Sujeito do conhecimento, aquele<br />

que supostamente as pesa e pensa. Apenas espelham, mimetizam e,<br />

Cláudia Leão<br />

O Jardim dos Caminhos<br />

que Se Bifurcam, 2000<br />

O desmanche progressivo da noção de Sujeito íntegro, estável e autônomo<br />

é, em parte, resultado de uma série de rupturas nos discursos do conhecimento<br />

moderno. Da descoberta do inconsciente por Sigmund Freud<br />

à concepção estruturalista do mundo apoiada nos escritos de Karl Marx,<br />

da revolução lingüística de Ferdinand de Saussure à descrição do poder<br />

disciplinar feita por Michel Foucault, o último século e meio tem colocado<br />

em evidência a inexistência de uma identidade fixa, de uma essência<br />

humana, de uma fala estável, de um corpo liberto. Os movimentos que,<br />

desde a década de 1960, reivindicam, com veemência, os direitos civis<br />

das mulheres, dos negros e dos homossexuais têm igualmente contribuído<br />

para o descentramento conceitual do Sujeito moderno, tornando-o<br />

permeável ao campo da política das diferenças demarcado por diversos e<br />

ativos grupos sociais. Por fim, a intensificação do fluxo internacional de<br />

bens simbólicos a que se chama globalização tem comprimido o tempo<br />

e o espaço em que se desenrolam ação e pensamento, permitindo a permuta<br />

incessante de posições diferentes de mundo e provocando a desterritorialização<br />

permanente das identidades culturais em que se fundam e<br />

se afirmam os sistemas de representação de indivíduos e povos. 1<br />

Por sugerirem, de diferentes maneiras, a condição transitória e circunstancial<br />

do Sujeito na contemporaneidade – não mais estável, mas se refazendo<br />

a cada instante; não mais uno, mas dividido de modo irreparável –,<br />

os trabalhos que integram esta exposição terminam também por comentar<br />

a própria transitividade simbólica que os define e o esgarçamento das<br />

fronteiras que os faziam pertencer ao âmbito somente do estético. É esta,<br />

portanto, uma mostra reflexiva em que os trabalhos desenham, ainda<br />

quando não possuam tal pretensão, um mapa conciso das incertezas<br />

sobre o próprio espaço que a arte ocupa hoje no mundo.<br />

O lugar simbólico no qual se constroem muitos dos trabalhos reunidos<br />

nesta mostra é o corpo humano ou o de sua ausência explícita e ruidosa.<br />

É a partir dele que se articulam várias das formas encontradas para o<br />

enfrentamento – às vezes claro, às vezes só insinuado – de uma situação<br />

de perda ou de mistura de referências que eram separadas antes. Em<br />

alguns desses trabalhos, tal perplexidade se volta para a própria maneira<br />

com que a materialidade do corpo é representada, fazendo-o menos<br />

espesso e denso e tornando-o só superfície opaca. Nas fotografias de<br />

Cláudia Leão, por exemplo, imagens diáfanas de partes do corpo humano<br />

e de seus espaços supostos de vida são suspensas em conjuntos desde<br />

o teto, constituindo fragmentos visuais de uma narrativa que se forma<br />

somente no olho de quem as percorre e que se desmancha logo após.<br />

117


118 É nessa perene abertura à reformulação do sentido específico, que por-<br />

Também aqui, contudo, restam poucos traços da delineação precisa de<br />

uma subjetividade; são somente os vestígios de uma identidade difusa<br />

ou o que se apresenta como possibilidade construtiva de outras que o<br />

artista apresenta.<br />

ventura tenha, que o trabalho aspira, contraditoriamente, à permanência<br />

como obra. Ancorado numa temporalidade distinta, o trabalho de Ana<br />

Laet não propõe, por sua vez, narrativa alguma: busca seduzir o olhar,<br />

de modo rápido, por meio da estranheza causada pela aproximação que<br />

faz de lugares simbólicos distantes. Penduradas em cabides de roupas,<br />

fotografias de corpos humanos desnudos são impressas em plástico liso<br />

e formam, juntas de peles de animais, estruturas que ativam a supressão<br />

de diferenças entre natureza e cultura.<br />

Calcados em visão diversa, três outros trabalhos da mostra tratam dos<br />

variados modos em que um mesmo corpo pode afirmar-se no mundo.<br />

Partindo da fotografia frontal de uma mulher ou um homem, Beatriz<br />

Pimenta a divide em partes iguais e cria duas outras imagens: cada<br />

uma delas formada por uma das metades da fotografia original e seu<br />

duplo rebatido para o lado ausente. Cria, por meio desse procedimento<br />

simples, seres bizarros que evidenciam o quão distinto pode ser o que<br />

parece simétrico ao olhar distraído. Já Clarissa Campello faz do seu<br />

próprio rosto suporte para a investigação de quantas pessoas pode vir a<br />

ser um dia. Utilizando-se apenas de cosméticos e perucas, modifica sua<br />

aparência física até próximo ao limite de desaparição dos traços comuns<br />

que revelam, nas fotografias que registram seu ato, tratar-se do mesmo<br />

indivíduo. Baralha assim identidades por ela construídas e reivindica,<br />

para si e para qualquer um, várias outras formas possíveis de existência.<br />

Marcelo Cidade, por fim, apresenta o registro fotográfico de intervenções<br />

que fez em centros urbanos: despido, abraça-se a postes de sinalização e,<br />

num impulso corporal, põe-se na posição de um horizonte quase oculto.<br />

Desprende-se, assim, não só das roupas que o tornam homem civil, mas<br />

também da verticalidade que o define como humano: coloca-se num<br />

espaço de suspensão simbólica e física que o libera de ser coisa alguma.<br />

Ainda nesse contexto de significados moventes, vários outros trabalhos<br />

põem em tensão a própria polaridade entre a idéia de Sujeito moderno<br />

e as coisas do mundo, fazendo destas índices da primeira ou de seu<br />

gradual desaparecimento. Os três espelhos que Fabiano Gonper apresenta<br />

em linha possuem, cada um deles, capacidades distintas de apreensão<br />

dos corpos que se postam na sua frente. No primeiro, o reflexo<br />

corresponde ao que usualmente se espera da experiência do espelhamento;<br />

no segundo, uma retícula metalizada produz o desconforto do<br />

aprisionamento virtual da carne; no terceiro, o vidro esfumado quase<br />

não mais reflete o corpo, exilando-o do auto-reconhecimento. Valendose<br />

de estratégia aparentemente oposta, Mário Simões busca exibir o<br />

corpo o mais que pode, adornando todas as suas extremidades com<br />

malha azul e fotografando-o quase como objeto decorativo apenas.<br />

Ana Laet<br />

Você É o que Você Come,<br />

2001/2002<br />

Beatriz Pimenta<br />

Moises e Simone, 2000<br />

plotter s/lona vinílica<br />

180 x 335 cm<br />

Coleção da artista<br />

Foto: Juninho Motta/Itaú <strong>Cultural</strong><br />

Clarissa Campello<br />

Pintura [série], 2000<br />

Marcelo Cidade<br />

Eu-Horizonte, 2000<br />

fotografia<br />

70 x 100 cm<br />

Coleção do artista<br />

Foto: Juninho Motta/Itaú <strong>Cultural</strong><br />

Fabiano Gonper<br />

Objeto de Exilar/Sítio/<br />

Sem Título, 2000<br />

Mário Simões<br />

Habeas Corpus, 2001<br />

Fabio Faria<br />

Sem Título - Interior #<br />

100, 1999<br />

Domitília Coelho<br />

Sem Título [série], 2001<br />

Gabriela Ficher<br />

Quarto da Paula [Vista<br />

1], 1999/2000<br />

Adriana Boff<br />

Obscuras Refrigeradas,<br />

2000/2002<br />

geladeira, câmaras<br />

obscuras, fotografias pinhole<br />

s/borracha imantada<br />

150 x 65 x 20 cm<br />

Coleção da artista<br />

Foto: Juninho Motta/Itaú <strong>Cultural</strong><br />

Gustavo Magalhães<br />

Desejo de Morte,<br />

1999/2000<br />

instalação - concreto armado,<br />

parafina e lâmpadas<br />

220 x 400 x 400 cm [área]<br />

Coleção do artista<br />

Foto: Juninho Motta/Itaú <strong>Cultural</strong><br />

Já nas pinturas de Fabio Faria não há espaço para a representação de<br />

corpos. Embora descrevam, em superfícies delineadas com calma, ambientes<br />

destinados à sua presença – quartos, cinemas, salas –, grita nelas o<br />

silêncio constrangedor da falta. São trabalhos que afirmam, na ausência<br />

por demais evidente de quem eles mais falam, a melancolia que a perda<br />

das coordenadas simbólicas de afeto causa. Ainda que também registrem<br />

espaços vazios, as fotografias que Domitília Coelho faz de vitrines<br />

de lojas de móveis não parecem remeter a ausências, mas ao que há já<br />

inscrito, em potência, como formas de vida em ambientes onde tudo é<br />

simulado. Fotografadas da rua, essas vitrines são igualmente oferta e<br />

recusa de acesso, fronteiras tênues, mas claras, entre o espaço público<br />

(rua) e o espaço privado (loja/casa).<br />

Os pequenos cubos que Gabriela Ficher espalha nas salas de exposição<br />

condensam, por sua vez, espaços feitos para serem habitados. Um deles<br />

carrega, fixados em cada um de seus lados, os mesmos materiais que<br />

cobrem as superfícies da sala. Outro reproduz os do quarto; um terceiro,<br />

os do banheiro; e outro, os da cozinha. São ambientes sintéticos<br />

e móveis que, como as pinturas descritas acima, também marcam a<br />

presença humana por sua ausência, tornando-se índices da mobilidade<br />

simbólica e física que define o mundo contemporâneo. Tomando não<br />

os ambientes da casa, mas um dos seus objetos como plataforma de<br />

onde enuncia sua fala, Adriana Boff afixa, na porta de uma geladeira<br />

trazida para o espaço da mostra, fotografias que inicialmente sugerem<br />

um ambiente estranho à memória. Observadas com atenção, revelam<br />

tratar-se, contudo, de imagens do próprio interior da geladeira, realizadas<br />

quando ele se encontrava vedado ao olho humano e só existia,<br />

portanto, como imagem lembrada. Abrindo-se sua porta, descobrem-se<br />

as várias câmaras obscuras que, feitas com embalagens de produtos alimentícios,<br />

captaram as imagens das demais ali postas, invertendo, por<br />

isso, noções de ausência e presença.<br />

É justo do fascínio invertido pela falta que trata a instalação de Gustavo<br />

Magalhães. No interior das quatro urnas de concreto que a compõem,<br />

lâmpadas acesas e quentes flutuam lentamente sobre uma base espessa<br />

de parafina, gradualmente derretida pelo calor intenso. Atraído pela<br />

incandescência vinda de dentro das urnas, o olhar paciente acompanha<br />

o arfar vagaroso de corpos ausentes, que não estão ali nem em lugar<br />

algum, mas em trânsito constante. O trabalho em vídeo de Gabriele<br />

119


120 Gomes é talvez, contudo, dentre os que compõem a exposição, o que<br />

mais sinteticamente evoque, novamente pela falta explícita da figura<br />

humana, a diluição das construções identitárias fixas e a fluidez dos<br />

lugares simbólicos que se pode assumir hoje no mundo. Constando<br />

apenas da imagem de um travesseiro que bóia incerto no mar sem<br />

fotografia e a pintura. Já a videoinstalação de Laércio Redondo mostra,<br />

em duas projeções avizinhadas, um casal que dança (o próprio artista e<br />

Dorota Lukianska, sua colaboradora nesse projeto) numa sala espelhada<br />

e ao som de uma melodia conhecida e antiga. À medida que negociam<br />

seu encontro dançado, suas imagens atravessam os espaços de uma a<br />

afundar tempo algum, ele torna o objeto de repouso da cabeça – lugar<br />

outra projeção, se multiplicam em outras várias imagens que os espelhos<br />

Gabriele Gomes<br />

Laércio Redondo<br />

Travesseiro no Mar,<br />

After Venice [detalhe],<br />

suposto como o da razão e do discernimento – emblema da efemeridade<br />

2001<br />

refletem e se confundem aos olhos de quem as observa. Aproximam<br />

2001<br />

de qualquer posição que o indivíduo assuma.<br />

ainda o que é real do simulacro, o que uma e outra câmara filmaram e<br />

o que é presente e o que é só fato rememorado. Afastados de qualquer<br />

nostalgia de definições seguras e totalizantes, esses e os demais trabalhos<br />

da mostra esboçam, nos modos singulares em que se expressam, caminhos<br />

possíveis para a construção da idéia de um Sujeito fragmentado e<br />

em estado de recriação constante.<br />

A linha extensa composta das pequenas fotografias de Marcelo Feijó<br />

propõe, em seu turno, uma narrativa truncada e híbrida do espaço urbano,<br />

na qual alturas, distâncias, volumes, pessoas e fatos são destituídos<br />

de uma ordem hierárquica ou de interesse singular, constituindo juntos<br />

uma paisagem quebrada e única. Impressas algumas sobre louça e outras<br />

sobre vidro, as fotografias alternam ainda as sensações de opacidade e<br />

transparência que a construção de identidades múltiplas engendra. A<br />

fragmentação da experiência urbana está também presente na videoinstalação<br />

de Bruno de Carvalho. Atraído pelo som de rua e pela luz cortada,<br />

que emanam de um pequeno monitor localizado no piso de uma<br />

sala coberta por colchões, o visitante se aproxima desse vórtice de apelos<br />

aos sentidos e provoca, com o seu deslocamento, a interrupção dos ruídos<br />

que ouvia. Restam apenas, nessa experienciação do corpo no espaço<br />

construído pelo artista, as imagens de pessoas correndo num labirinto<br />

formado por vários ônibus e a frase escrita na tela que afirma, com<br />

alguma ironia: “Você está seguro aqui”. As implicações da idéia frágil de<br />

segurança são também adequadas para o entendimento do conjunto de<br />

fotografias apresentado por Juliana Stein, nas quais imagens de pessoas,<br />

de objetos e de espaços são justapostas sem nenhuma hierarquia e por<br />

vezes só em pedaços. Sugerem ser registros de ambientes hospitalares<br />

fechados ou asilos, lugares de afastamento do convívio social amplo e de<br />

vigilância e controle sobre os corpos dos internos e pacientes. A edição<br />

partida das imagens dá, contudo, sentido comum e potência aos desejos<br />

reprimidos nas instituições disciplinares e que apenas se querem diferentes<br />

(desregulados) nos prazeres e infelicidades da vida.<br />

Marcelo Feijó<br />

Paisagem Urbana -<br />

São Paulo [detalhe],<br />

2000/2001<br />

Bruno de Carvalho<br />

V.E.S.A., 2001/2002<br />

Juliana Stein<br />

Éden [série], 1999<br />

Moacir dos Anjos<br />

121<br />

Os dois últimos trabalhos da mostra a ser comentados evocam o corpo<br />

humano inteiro apenas para anunciar com clareza sua natureza cindida<br />

na contemporaneidade. Nas fotografias apresentadas por Caetano Dias,<br />

imagens de homens despidos são tratadas digitalmente e desfocadas<br />

até virarem manchas coloridas de luz. Os ambientes que as entornam,<br />

contudo, são mantidos nítidos, tornando-se quase molduras para uma<br />

nudez interdita. Na tensão assim criada, o artista abre frestas entre o<br />

mundo íntimo e a esfera pública, entre o oferecimento de corpos e a<br />

sua recusa e, numa ampliação de seu foco de alcance, também entre a<br />

Caetano Dias<br />

Nos Campos do Senhor,<br />

2001<br />

fotografia<br />

125 x 189 cm<br />

Coleção MAM Bahia<br />

Foto: Divulgação/Arquivo do artista<br />

Nota<br />

1. HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. Rio de Janeiro: DP&A, 1997.


122<br />

Poéticas da atitude:<br />

o transitório e o precário<br />

curador-coordenador<br />

Jailton Moreira<br />

artistas<br />

Amilcar Packer<br />

Caio Machado<br />

Ducha<br />

Fabiano Marques<br />

Felipe Barbosa<br />

Genesco Alves<br />

Glaucis de Morais<br />

Graziela Kunsch<br />

Janaina Barros<br />

Járed Domício<br />

Letícia Cardoso<br />

Lucas Levitan<br />

Maxim Malhado<br />

Paula Krause<br />

Silvia Feliciano<br />

Téti Waldraff<br />

Thiago Bortolozzo<br />

Tonico Lemos Auad<br />

exposições<br />

Recife PE<br />

Fundação Joaquim Nabuco<br />

São Paulo SP<br />

Itaú <strong>Cultural</strong> São Paulo<br />

O alinhamento das palavras atitude, transitório e precário não significa<br />

um somatório que visa precisar e reduzir a área de abordagem desta<br />

exposição. Ao contrário, busca criar um campo de forças semântico<br />

onde os conceitos específicos que emanam de cada palavra dançam<br />

em órbitas próprias e ao mesmo tempo se magnetizam. Os artistas aqui<br />

reunidos refletem com suas obras esses pontos e acabam por dinamizálos,<br />

expandi-los e problematizá-los.<br />

O foco na atitude do artista tem origem nas vanguardas históricas, principalmente<br />

no dadaísmo, com seus postulados de antiarte. Em 1969,<br />

Harald Szeemann fez uma curadoria histórica e pontual, When Attitudes<br />

Become Form (Quando as atitudes se tornam forma), em Berna. Esta logo<br />

virou referência não só para as manifestações que se seguiram na década<br />

de 1970 privilegiando as ações dos artistas, mas também como exemplo<br />

de curadoria autoral. Segundo o próprio Szeemann, “nunca a atitude do<br />

artista tinha sido tão diretamente colocada nas obras”. 1 De lá para cá, a<br />

palavra atitude se banalizou a ponto de virar um adjetivo vinculado desde<br />

às mais ingênuas e mercadológicas propostas do universo da música pop<br />

até ao discurso do mundo da moda.<br />

A modernidade, desde o início, estava associada a idéias de transitório e<br />

de velocidade. No decorrer do século XX viu-se na radicalização e aceleração<br />

desses conceitos um direcionamento que levaria à pulverização da<br />

matéria. O conceito de transitório evoca as idéias de efêmero, transitivo<br />

e fugidio. Esse viés aparece nos anos 60 vinculado a propostas como<br />

happenings, performances, environments, land art etc. Era o crescimento<br />

de uma arte que celebrava o instante e ao mesmo tempo se debruçava<br />

sobre os fenômenos naturais, suas transformações e perenidade.<br />

Pode-se perceber uma estética do precário atravessando os dois últimos<br />

séculos e passando por movimentos tão distintos como o impressionismo<br />

e a arte povera. Ela é notada desde em uma progressiva ausência de polimento<br />

da pintura, colocando em evidência o gesto criador, até nas ações<br />

que manifestavam a vulnerabilidade do corpo do próprio artista na body<br />

art. A partir dos fatos de 11 de setembro de 2001, há um redimensionamento<br />

dos parâmetros vigentes que ainda está para ser metabolizado.<br />

A compreensão de que o precário é condição constituinte de toda a<br />

estrutura torna-se fundamental para relativizar o que a pátina do sucesso<br />

político, social e tecnológico pode dissimular.<br />

É sintomático que boa parte da produção detectada neste mapeamento<br />

trabalhe com articulações possíveis desses conceitos. As últimas décadas<br />

foram marcadas por um totalitarismo do novo, quando este passa<br />

a ser o combustível de uma dinâmica institucional que aprimorou seus<br />

123


124 sistemas de mediação entre a arte de ponta e o público, pasteurizando<br />

Amilcar Packer faz vídeos do próprio corpo, que se tensiona com objetos e<br />

com o espaço onde está inserido. Depois fotografa no monitor essas atuações,<br />

que mostram os confrontos com o cenário ou com uma indumentária.<br />

São imagens de ajustes provisórios e rimas dissonantes. Perante os<br />

Felipe Barbosa<br />

Corpos que Se Inflamam<br />

Graziela Kunsch<br />

Quando Atritados,<br />

Nightshot 3, 2000<br />

2000/2001<br />

móveis de Caio Machado estamos constantemente reorientando o olhar<br />

e executando um contorcionismo imaginário na busca de uma ergonomia<br />

possível.<br />

e amortecendo algumas potências. Os artistas cientes da dificuldade de<br />

escapar dessas equações buscam ao menos indagar a sua real flexibilidade<br />

e permeabilidade. Voltam a atacar justamente nos pontos geradores de<br />

alguns paradoxos que baralharam os elementos componentes do circuito<br />

artístico. A dificuldade de atribuir valor monetário a uma ação, o museu<br />

como aliado e carrasco, a museografia como matéria produtora de sentido,<br />

a fragilidade e dissolução do objeto artístico e a ênfase no pensamento<br />

são situações que não se apresentam como novidade, mas surgem<br />

como perguntas recorrentes que não foram devidamente exauridas.<br />

Carece então indagarmos que diferenças essas atitudes possuem em<br />

relação a uma genealogia tão próxima. Seria uma retomada de questões<br />

lançadas ou apenas uma reedição desinformada de velhos traquejos Em<br />

um primeiro momento, notam-se proposições que ocorrem com base na<br />

ausência do antigo dogmatismo. Os artistas se colocam como agenciadores<br />

provisórios de uma circunstância em que, para resolvê-la, todo tipo<br />

de articulação é válido. Ao deflagrarem essas situações, não se escravizam<br />

a comprometimentos inegociáveis. São ações que evocam a singularidade<br />

e brevidade do momento e, ao mesmo tempo, se apresentam<br />

como eventuais nos seus processos artísticos. Nota-se aqui a importância<br />

do fortalecimento de circuitos institucionais e independentes, que,<br />

alheios às exigências do mercado de arte, se têm mostrado receptivos e<br />

com um especial apetite para esse tipo de produção.<br />

A atitude que essas obras evidenciam não é uma série de pantomimas<br />

exibicionistas e narcíseas, mas cutucões provocativos em um observador<br />

passivo que é instigado a pensar como o seu corpo e sentidos responderiam<br />

a esses embates.<br />

A existência do objeto, sua artesania, seu apuro formal, não deve ser<br />

necessariamente abolida. Nas obras de Felipe Barbosa, Glaucis de Morais<br />

e Lucas Levitan, este funciona como um indicativo do risco que o artista<br />

está correndo, até mesmo com a possível perda do próprio objeto. É um<br />

perigo partilhado com o observador, para quem é oferecida a idéia de<br />

pacto e cumplicidade. O momento de percepção se adensa à medida que<br />

se compartilha uma responsabilidade sobre a visualidade apresentada. O<br />

costumeiramente reduzido tempo de fruição se distende em eternidades<br />

particulares. É a convicção de que, por maior que seja a intermediação<br />

entre a obra e a sua percepção, este é o momento de potência revitalizadora<br />

e intraduzível do fazer e usufruir arte.<br />

A instabilidade pode também ser traduzida no equilíbrio precário revelado<br />

nas fotos de Amilcar Packer e nos móveis tortos de Caio Machado.<br />

Glaucis de Morais<br />

Concreto, 2000/2002<br />

Lucas Levitan<br />

Escada, 2000<br />

Amilcar Packer<br />

Still de Vídeo Sem Título<br />

# 35, 1999<br />

Caio Machado<br />

Sem Título, 2000<br />

Téti Waldraff<br />

Estratégias para<br />

Mudança, 2000/2002<br />

Fabiano Marques<br />

The Siestawatch,<br />

2001/2002<br />

Ducha<br />

Laranja, 2000/2002<br />

Paula Krause<br />

Sem Título, 1999<br />

instalação - tecidos e<br />

óleo de soja<br />

220 x 300 cm<br />

Coleção da artista<br />

Foto: Juninho Motta/Itaú <strong>Cultural</strong><br />

Genesco Alves<br />

Sem Título, 2001/2002<br />

Tonico Lemos Auad<br />

Sem Título [Flores em<br />

Chama], 2000<br />

Letícia Cardoso<br />

Como Capturar o<br />

Vento, 2001<br />

O transitório é o eixo que aproxima propostas formalmente tão distintas<br />

como as de Téti Waldraff, Graziela Kunsch e Fabiano Marques. Para Téti<br />

Waldraff, a viagem se coloca como metáfora e urgência. São carrinhos<br />

de viagem amalgamados com seus embrulhos que nos estendem um<br />

convite à partida ao mesmo tempo que se mostram desolados pela nossa<br />

inércia. Graziela Kunsch utiliza a estratégia do passeio para provocar de<br />

modo mais direto esta estagnação. Ao gravar cinco horas de vídeo de<br />

uma caminhada errante pela noite paulistana, latindo desesperadamente<br />

para toda pessoa que encontra, pretende colher do imprevisto a faísca<br />

geradora de algo que não poderia ser previamente determinado. Fabiano<br />

Marques rearticula continuamente elementos de um ateliê inventado. O<br />

espaço do artista é matéria que não exibe uma face estável, pois este<br />

está sempre atuando e propondo assim novas configurações. Para tanto,<br />

durante a exposição a obra é constantemente alterada, seguindo uma<br />

rígida partitura de possibilidades apresentada pelo artista.<br />

As fronteiras entre arte e vida são novamente bombardeadas pelas ações<br />

de Graziela Kunsch e Ducha. Os registros em foto ou vídeo são documentações<br />

de happenings e, ao mesmo tempo, uma confissão dos seus<br />

limites. As ações provocativas de Ducha são descargas energéticas que<br />

instauram processos entrópicos e fazem lembrar o que enunciou o artista<br />

Hans Haacke: “Fazer alguma coisa indeterminada, que pareça sempre<br />

diferente, que não possamos prever a forma”. 2<br />

Outro grupo de artistas trata a forma como resultante da experiência,<br />

como um deixar acontecer: uma espécie de fatalidade. Aqui o trabalho<br />

requer não só a coragem de desencadear uma proposição, sem as intromissões<br />

vaidosas e ordenadoras do ego, mas também a aceitação do<br />

acaso. Para tanto é bom apostar no que Germano Celant falava quando<br />

conceituava os limites da arte povera: “A arte tradicional bloqueia a<br />

respiração do material.” 3 Fazer então com que este respire é conferir<br />

uma vida autônoma, ver a distância e se apropriar, ao final, de todo o<br />

processo. Os longos panos de Paula Krause, embebidos em água e óleo<br />

e constantemente se esvaindo, se avizinham sem dúvida dos gelos monocromáticos<br />

de Genesco Alves, de duração breve, mas que imprimem o<br />

rastro em planos de gesso. Os desenhos em bananas de Tonico Lemos<br />

125


126 Auad, com o preto do amadurecimento que revela lentamente um texto<br />

arte: sistema e redes<br />

ou uma imagem, e o vídeo de Letícia Cardoso, tentando inutilmente reter<br />

o que está sempre a passar, são modelos do gesto artístico. Nessas obras,<br />

a imagem final é incerta, vive no tempo e faz deste seu parceiro.<br />

Os trabalhos de Maxim Malhado, Thiago Bortolozzo e Járed Domício podem<br />

ser vistos, sem medo do trocadilho, como a perguntar se estamos diante<br />

de obras na exposição ou de uma exposição em obras. Percebidos dentro<br />

da exposição, apontam para a sua cenografia. Thiago Bortolozzo e Maxim<br />

Malhado usam elementos de construção civil como andaimes, escoras, fôrmas<br />

de vigas e pilares, atualizando suas estruturas engenhosas e utilitárias<br />

como a criar novas arquiteturas ou a frisar a arquitetura existente. Járed<br />

descasca linhas de pintura e reboco para justamente potencializar o que<br />

antes era imperceptível: a parede branca. São escritas que reconfiguram o<br />

espaço expositivo e semeiam a dúvida por toda a exposição.<br />

Nos trabalhos de Silvia Feliciano e Janaina Barros há um cruzamento dos<br />

imaginários urbanos e suburbanos. Para tanto, usam elementos que, ao<br />

mobilizarem sentidos como audição e olfato, desestabilizam as certezas<br />

da visualidade. Silvia Feliciano monta uma espécie de maquete de<br />

cidade com poliedros de madeira aromatizados com óleo de copaíba. O<br />

cheiro penetrante evoca o contexto de onde essas peças foram extraídas,<br />

mostrando-se antagônico à imagem construída. O fato de o cheiro ir se<br />

dissipando progressivamente soma-se como uma metáfora realista e terrível.<br />

Janaina Barros constrói um espaço diminuto e o sonoriza com um<br />

discurso hilariante, por meio de um inglês paupérrimo, para um grupo de<br />

galinhas. É um comentário bem-humorado sobre a babel de linguagens e<br />

faz com que apareça o desejo ridículo de produzirmos sentido em tudo.<br />

Nas últimas frases do Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa,<br />

Riobaldo sentencia: “...Existe é homem humano. Travessia”. 4 A exposição<br />

Poéticas da Atitude: o Transitório e o Precário revela, na tradução<br />

deste grupo de artistas, que arte é atitude, que o precário é suficiente e<br />

o transitório é destino.<br />

Maxim Malhado<br />

Sobressalto, 2001<br />

Thiago Bortolozzo<br />

Vital Brasil, 2001<br />

Járed Domício<br />

Planos Instáveis,<br />

2001/2002<br />

Silvia Feliciano<br />

Cidade, 2001<br />

Janaina Barros<br />

Conversa entre<br />

Galinhas, 2000/2002<br />

curadora-coordenadora<br />

Cristina Freire<br />

artistas<br />

Alexandre Vogler<br />

André Santangelo<br />

Carla Zaccagnini<br />

Carlos Mélo<br />

Cinthia Marcelle<br />

Divino Sobral<br />

Frederico Câmara<br />

Jeanine Toledo<br />

Jeims Duarte<br />

Jorge Fonseca<br />

Jorge Menna Barreto<br />

Luciano Mariussi<br />

Marilá Dardot<br />

Marta Neves<br />

Marta Penner<br />

Roosivelt Pinheiro<br />

Rosana Ricalde<br />

Wagner Morales<br />

127<br />

Jailton Moreira<br />

Notas<br />

1 KLÜSER, Bernd e HEGEWISCH, Katharina. L’art de l’exposition. Paris: Editions du Regard,<br />

1998.<br />

2 GARRAUD, Colette. L’idée de nature dans l’art contemporain. Paris: Flammarion, 1993.<br />

3 __________. Op. cit., 1993.<br />

4 ROSA, João Guimarães. Grande sertão: veredas. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1979.<br />

exposições<br />

Fortaleza CE<br />

Museu de Arte da Universidade Federal do Ceará<br />

São Paulo SP<br />

Itaú <strong>Cultural</strong> São Paulo


128 Algo se manifesta no campo da arte quando do belo passa-se ao interes­<br />

suas obras. Em suma, o que se questionava era o significado da criação<br />

e os seus limites numa sociedade regulamentada. Se, naquele momento,<br />

o questionamento do sistema da arte tinha ares de revolta, hoje caracteriza-se<br />

por uma distante ironia.<br />

sante como critério de valor. Para o artista norte-americano Donald Judd,<br />

o interessante faz frente à qualidade intrínseca da obra de arte, apregoado<br />

pela estética moderna. Isto porque o interesse não é inerente à obra,<br />

mas advém da relação entre o observador, a obra e o contexto em suas<br />

múltiplas dimensões. Distante de um determinismo absoluto e normativo,<br />

trata-se de uma categoria constantemente criada e recriada. O interessante<br />

define-se, pois, pela indeterminação e pelo relativismo. Sabemos, desde<br />

pelo menos Marcel Duchamp, que a diferença entre objetos cotidianos e<br />

objetos de arte passa pelo enquadre institucional, que é complexo e organiza-se<br />

como um sistema. Envolve, portanto, um conjunto de variáveis não<br />

apenas artísticas, mas também políticas, sociais e históricas, que configuram<br />

o que se convencionou chamar obra de arte, ao longo dos tempos.<br />

O campo artístico organiza-se, assim, como um sistema composto de um<br />

conjunto de redes de sentidos e funções cambiantes. Esta é a moldura<br />

da obra contemporânea, dentro da qual artista, crítico, curador, galerista<br />

e público, invariavelmente, misturam seus papéis. O valor econômico e<br />

o valor simbólico são fundidos e todos os envolvidos nesse sistema são<br />

responsáveis por sua criação e circulação. Se, num primeiro momento, a<br />

tarefa do crítico foi arbitrar o gosto, louvável tarefa que muitos ainda não<br />

se dispuseram a abdicar, hoje opera-se muito mais como uma observação<br />

crítica e apurada dos mecanismos que fazem mover esta engrenagem.<br />

Assim, aproximar-se da obra não significa acercar dos olhos sua materialidade<br />

sensível à maneira do connaisseur, mas, sim, compreender criticamente<br />

os meandros desse sistema.<br />

Como um microcosmo, as redes também não existem autonomamente.<br />

Inserem-se, organicamente, na sociedade contemporânea, já definida<br />

como Era da Informação. Como observa Manuel Castells, sociólogo da<br />

contemporaneidade: “Redes constituem a nova morfologia social de<br />

nossas sociedades, e a difusão da lógica das redes modifica de forma<br />

substancial a operação e os resultados dos processos produtivos e de<br />

experiência, poder e cultura. Embora a forma de organização social em<br />

redes tenha existido em outros tempos e espaços, o novo paradigma da<br />

tecnologia da informação fornece a base material para sua expansão<br />

penetrante em toda a estrutura social”. 1 Essa inserção em redes, que<br />

privilegia o lugar da informação e seus fluxos, é o ponto de partida para<br />

a reunião dos trabalhos que, de uma forma ou de outra, indagam sobre<br />

o estatuto da obra de arte na nossa época.<br />

Jeanine Toledo<br />

Isto É Arte Arte É Isto<br />

[detalhe], 2000<br />

Luciano Mariussi<br />

Não Entendo, 1999<br />

Frederico Câmara<br />

Fear No Art [Não Tenha<br />

Medo da Arte], 1999<br />

Marta Neves<br />

Sem Título<br />

[série][detalhe],<br />

2000/2001<br />

Jeims Duarte<br />

Galleria, 2002<br />

O circuito de comunicação estabelecido entre artista, obra e público,<br />

antes resumido a estes três elementos, hoje expande-se em número e<br />

complexidade. A artista Jeanine Toledo resume a indagação básica desta<br />

rede de sentidos cambiantes. Sua obra completa-se com uma breve<br />

demonstração sustentada somente dentro de um sistema de significados<br />

e valores. Isto é arte – indaga. Arte é isto, responde; numa tautologia<br />

emaranhada em fios de cabelo.<br />

Luciano Mariussi lança esse questionamento fora do circuito artístico. No<br />

vídeo Não Entendo, interroga, em diversas línguas, os passantes nas ruas.<br />

O que surge como resposta nos garante, mais uma vez, que esta definição,<br />

pelo menos em se tratando de arte contemporânea, elabora-se dentro de<br />

um conjunto de códigos muito distante de um idioma comum.<br />

Atento a esses códigos inerentes à definição de arte contemporânea,<br />

Frederico Câmara realiza vídeos como parte de um penoso testemunho<br />

dos passos exigidos do artista aspirante à legitimação dentro do sistema<br />

artístico. Os nomes dos mais conhecidos artistas, por exemplo, são repetidos<br />

como mantras, à exaustão e sem trégua, como figuras idealizadas de<br />

uma sorte inatingível.<br />

Marta Neves escolhe as publicações conceituadas no circuito artístico<br />

para indagar este mesmo sistema de legitimação. Opera dentro de uma<br />

irônica estratégia de guerrilha ao apropriar-se e subverter capas de revistas<br />

de arte, peças centrais na produção, circulação e distribuição de valores<br />

hegemônicos. Se as revistas são parte de um sistema relativamente<br />

recente de legitimação de valores, as galerias remontam à origem do<br />

conceito de valor de exposição.<br />

A Galeria, herdeira dos Gabinetes de Curiosidades e também presente<br />

nos palácios reais, remonta a muitos séculos. A própria galeria, em sua<br />

dimensão contemporânea e ideológica, é interrogada por Jeims Duarte<br />

em seus projetos de galerias virtuais. Os projetos de espaços expositivos<br />

sugerem um valor de exibição, leia-se poder de legitimação, que funde<br />

real e imaginário.<br />

129<br />

É certo, porém, que a consciência crítica sobre esse sistema levou muitos<br />

artistas, sobretudo a partir das décadas de 1960 e de 1970, a tomar os<br />

meandros da produção, circulação e distribuição da arte como tema de<br />

Cada vez mais o papel do observador é central nas poéticas contemporâneas,<br />

sobretudo a partir da segunda metade do século XX, quando<br />

a contemplação é abandonada, e do público exige-se um envolvimento


130 mais direto e ativo. Integrante da proposição artística, a ação, a reação ou<br />

até mesmo, como no trabalho de Jorge Menna Barreto, o peso, isto é, a<br />

massa corpórea deste observador/participador é parte da obra. O artista<br />

torna-se um propositor de situações e a obra resulta dessas interações<br />

sempre cambiantes.<br />

fusão/confusão entre a realidade e a imagem eletrônica que transtorna<br />

o comportamento de peixes-beta. Interessante metáfora da condição<br />

contemporânea, na qual a informação torna-se cada vez mais veloz e o<br />

signo avança sobre as coisas que perdem sua densidade. Não apenas a<br />

densidade das coisas se altera, mas também a noção de superfície. Da<br />

Jorge Menna Barreto<br />

Massa, 2000/2002<br />

André Santangelo<br />

Reiniciar, 2001/2002<br />

relação sensível do contato face a face, passamos à interface da tela,<br />

tempo/espaço de múltiplas conexões instantâneas.<br />

Nesse sentido, é também possível tomar os próprios meios de comunicação<br />

tradicionais como o correio ou a rede telefônica como pontos<br />

centrais de um trabalho, tal como propõem Cinthia Marcelle e Marilá<br />

Dardot. Trata-se de um projeto em que o circuito de comunicação toma o<br />

centro do interesse, e a mensagem importa menos que o estranhamento<br />

provocado pela descontextualização de seus meios. Muito diferente,<br />

por exemplo, da utilização do correio como estratégia de resistência à<br />

ditadura política vivida no país na década de 1970, quando os envios<br />

postais foram estratégia marginal para a troca de informações artísticas<br />

e sobrevivência à ordem repressora dominante.<br />

Se a participação do público é central nessas proposições, é certo também<br />

que o papel do artista tem, em outros projetos, contornos menos<br />

definidos e, não raro, a autoria é esvaecida. Na proposta de Carla<br />

Zaccagnini, a cooperação entre a artista e aqueles não selecionados<br />

para as exposições do programa Rumos Itaú <strong>Cultural</strong> Artes Visuais,<br />

sutilmente, propõe uma mistura de papéis entre artista, crítico e curador,<br />

que se mesclam dentro da exposição, sugerindo o relativismo e a sempre<br />

inevitável arbitrariedade das escolhas.<br />

O papel da linguagem, entenda-se aqui a relação entre o tangível dos<br />

objetos e a fugacidade de suas representações, é central nas poéticas<br />

conceituais. A obra de Joseph Kosuth, sobretudo a partir de 1965, e a do<br />

coletivo inglês Art and Language são exemplares. Pode-se dizer, escreve<br />

Kosuth, que “a arte descreve a realidade, mas, diferente da linguagem,<br />

as obras de arte simultaneamente descrevem como elas a descrevem”. 2<br />

Carlos Mélo opera em sua obra de orientação conceitualista na fronteira<br />

onde os liames entre significante e significado se rompem. O esquema de<br />

conceitos que apresenta desaloja o sentido das palavras, fazendo-o transitar<br />

entre um vocabulário esquemático construído com a lógica incerta<br />

da imaginação e os registros de insólitas ações.<br />

A identidade constitui-se pelo olhar do outro, no espaço intervalar entre<br />

o ser e sua imagem especular; “O que me falta é esse eu que tu vês e a<br />

ti o que falta és tu que eu vejo”, sugere a fenomenologia de Merleau-<br />

Ponty. Ao investigar os limites tecnológicos do espelhamento, André<br />

Santangelo instala uma janela/olho/câmara que confunde o sensível. É a<br />

Cinthia Marcelle e<br />

Marilá Dardot<br />

Me Escreva!,<br />

2001/2002<br />

instalação - caixa de<br />

correio, cartões-postais<br />

e escaninho<br />

dimensões variáveis<br />

Coleção das artistas<br />

Fotos: Divulgação/Arquivo das<br />

artistas<br />

Carla Zaccagnini<br />

[em colaboração com<br />

Keila Costa]<br />

Assentos, 2001<br />

Carlos Mélo<br />

Algo, 2001/2002<br />

Roosivelt Pinheiro<br />

Solitários na/da Rede,<br />

2001/2002<br />

Marta Penner<br />

Lugares Prediletos/Paisagem<br />

do Não-Evento,<br />

2000/2001<br />

Wagner Morales<br />

Não Há Ninguém Aqui #<br />

1, 2000<br />

Roosivelt Pinheiro tece suas redes de pesca na contracorrente das interfaces<br />

eletrônicas. Elabora assim uma identidade de resistência e traz à<br />

tona o reverso desta teia de imaterialidades. As redes que tece em seu<br />

trabalho são parte de um saber sensível, que sobrevive nas tradições e<br />

nas experiências compartilhadas. O peso das pedras que pendem do teto<br />

em sua instalação é a sensível certeza que contrasta com as imagens<br />

imateriais que fluem nas redes de computadores e são solitariamente<br />

encontradas nesses espaços virtuais.<br />

Mais uma vez a rede: sentido absoluto no qual não importa o centro mas<br />

o tempo/espaço das conexões. Este espaço/tempo sem materialidade ou<br />

densidade transforma os lugares em espaços de passagem. Desprovidos<br />

da densidade do lugar, a chegada suplanta a partida, tudo “chega” ou<br />

é descarregado na máquina sem que seja necessário partir. Os hotéis são<br />

emblemas dessas zonas de passagem, não-lugares na expressão de Marc<br />

Augé, como os aeroportos e estações são zonas de trânsito.<br />

Marta Penner, por meio de fotografias e na elaboração de um site, interroga<br />

o sentido dessas áreas de ninguém e de todos, onde o particular<br />

próprio às subjetividades e às singularidades dá lugar ao uniforme e ao<br />

padronizado, ao mesmo tempo que a memória, nosso mais valioso patrimônio,<br />

torna-se souvenir a ser adquirido como objeto barato levado para<br />

casa como remédio paliativo e ineficaz à progressiva perda da capacidade<br />

de compartilhar experiências significativas. Ao serem carregados na tela<br />

do computador, esses frágeis souvenirs também não permanecem e se<br />

esfacelam. Sugerem, mais uma vez, a progressiva perda da transmissibilidade<br />

da experiência, como já anunciava Walter Benjamin, ao comentar<br />

a substituição da narração pela informação na modernidade. Escreve<br />

Benjamin: “Cada manhã, recebemos notícias do mundo todo. E, no<br />

entanto, somos pobres em histórias surpreendentes”. 3 Da incapacidade<br />

de narrar decorre a incomunicabilidade das experiências. A tecnologia<br />

favorece uma relação na qual informação e experiência têm vetores inversos<br />

de sentido.<br />

No vídeo Não Há Ninguém Aqui, de Wagner Morales, uma voz de mulher,<br />

gravada na secretária eletrônica, procura, desesperadamente, marcar um<br />

131


132 encontro com um homem desconhecido. Ao responder ao anúncio, colo-<br />

sobre(a)ssaltos<br />

cado anonimamente pelo artista no jornal, a voz explicita nas mensagens<br />

gravadas o isolamento de quem consome anúncios e, tal qual sujeito<br />

anônimo, encarna o destino de tornar-se objeto-mercadoria.<br />

133<br />

Nesse sistema de comunicação básico que é a linguagem, os artistas também<br />

praticam a palavra, isto é, não simplesmente escrevem, mas procuram<br />

dotar a palavra de uma densidade originária perdida. Sua mínima unidade<br />

significativa, a letra, torna-se unidade plástica de sentido em vários trabalhos.<br />

Ao valer-se das letras livres de qualquer linearidade ou seqüência lógica,<br />

os artistas operam uma escrita sem sintaxe, superpondo e justapondo<br />

palavras, retornando à expressividade plástica das letras e à potencialidade<br />

expressiva do acaso, como exploraram os poetas concretos.<br />

Divino Sobral desenha histórias e narra palavras. De sua caligrafia surgem<br />

desenhos/escrituras que tornam impossível qualquer divórcio entre<br />

palavra e forma.<br />

Divino Sobral<br />

Palavras no Meio da<br />

Noite, 2000<br />

Alexandre Vogler<br />

Tudo Sempre Começa<br />

Bem [detalhe], 2000<br />

Alexandre Vogler constrói suas frases com carimbos em tortuosas linhas<br />

que se repetem sem começo nem fim. A des(organização) do texto<br />

imputa sentido ao espaço em que se instala. Da página branca e asséptica,<br />

lugar privilegiado da escrita, seu gesto/palavra dirige-se ao universo<br />

denso de significados dos lugares onde inscreve/escreve sua ação.<br />

Rosana Ricalde dá materialidade ao jogo de letras, como se as palavras fossem<br />

as peças e o acaso fosse a regra de um mesmo sistema combinatório.<br />

Rosana Ricalde<br />

Corrente de Papel,<br />

2001<br />

papel<br />

dimensões variáveis<br />

Coleção da artista<br />

Foto: Divulgação/Felipe Barbosa<br />

curadora adjunta<br />

Marisa Flórido Cesar<br />

Jorge Fonseca também opera na busca de uma fusão sensível e intuitiva<br />

entre imagens e palavras, mas, por sua vez, orienta-se para o sagrado.<br />

A linearidade lógica e a racionalidade da linguagem dão lugar, em suas<br />

pinturas e objetos, à palavra carregada de um sentido transcendente.<br />

Enfim, ao interrogar os meandros do sistema artístico e suas redes, este<br />

conjunto de obras sugere uma reflexão crítica sobre a pluralidade das<br />

poéticas artísticas contemporâneas a partir do paradigma comum de<br />

serem, notadamente, interessantes.<br />

Cristina Freire<br />

Jorge Fonseca<br />

Os Classificados do<br />

Amor [detalhe], 2001<br />

tecido, acrílica e bordados<br />

220 x 150 cm<br />

Coleção do artista<br />

Foto: Divulgação/Cuia Guimarães<br />

artistas<br />

Alexandre Vogler<br />

Carla Linhares<br />

Ducha<br />

Felipe Barbosa<br />

Graziela Kunsch<br />

Jorge Menna Barreto<br />

Marcelo Cidade<br />

Rosana Ricalde<br />

Notas<br />

1. CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, 1999. p. 497.<br />

2. KOSUTH, Joseph. Art after philosophy and after. Collected writings, 1966-1990.<br />

Massachusets: MIT Press, 1993. p. 247.<br />

3. BENJAMIN, Walter. O narrador. v. 1. São Paulo: Brasiliense, 1985. p. 203 (Obras escolhidas)<br />

exposição<br />

Belo Horizonte MG<br />

Itaú <strong>Cultural</strong> Belo Horizonte


134 Um Horizonte, quiçá Belo: a cidade tomada por Sobre(A)ssaltos tem,<br />

colher as flores desse mal; o viajante, quem sabe, encontraria, no labirinto<br />

no nome, o apelo das distâncias, a prece das dispersões. Um dueto entre<br />

rejeitado por Descartes, o amor de Ariadne. Anjos profanos, distraídos,<br />

o aqui e o alhures, o instante e a eternidade, o centro e a margem.<br />

a deambular pelas ruas indecisas.<br />

135<br />

As cidades fundaram-se na interseção dos caminhos dos homens e dos<br />

deuses. Uma esquina. Um ponto fixo no solo movediço dos espaços,<br />

no fluxo fugidio dos tempos. Essa abertura, gerada na fantasmagoria<br />

que rondava os muros da cidade e a identidade das coisas e dos seres,<br />

permitiria a constituição de um homem e do mundo que ele habita.<br />

Uma fresta em sua voraz irrealidade para que se desse a aparição de<br />

uma distância, a irrupção de uma transcendência, o anúncio do Nome.<br />

Um oráculo no qual estaria a previsão de todos os destinos. Um porto<br />

inequívoco no qual ancorar as verdades e as significações. Um centro do<br />

qual o mundo se estenderia definindo seus horizontes.<br />

Mas as cidades traem os deuses, e os deuses delas desconfiam. Não se<br />

esgotam os exemplos de cidades fabulosas, cujos nomes guardam lá os<br />

seus mistérios. Babilônia, a prostituída famosa. Seu nome Porta do deus.<br />

Mas de um deus que se corrompeu, seduzido pelos impuros desejos<br />

despertos entre seus muros e jardins suspensos. Babilônia, o duplo degradado<br />

e maldito da celestial Jerusalém. Babilônia, a mãe desvirtuada.<br />

E se Atlântida, cidade ideal dos deuses para a qual Platão sonhou uma<br />

organização política e social sem falhas, permanecesse na memória como<br />

a origem perdida de todas as civilizações, a ruína de Babel silenciaria<br />

esse horizonte unívoco. Afinal, uma torre que alcançasse o Verbo era a<br />

promessa de uma tradução absoluta do real, de uma articulação perfeita<br />

entre a experiência e sua decodificação, entre as coisas e os nomes. Babel<br />

tem no nome a raiz hebraica Bll: confundir. Deus castigaria o homem por<br />

sua pretensão e arrogância desmedidas, destruindo a torre e separando<br />

os povos em diversas línguas. Mas ao declarar ao homem sua incomunicabilidade<br />

e sua condição errante no mundo, Ele lhe devolveria a perplexidade<br />

inesgotável, o sobressalto em um mundo sempre a conhecer,<br />

sempre a situar, sempre a nomear.<br />

Reparar o colapso de Babel foi a intenção do saber metafísico; construir<br />

sua torre, o projeto histórico da modernidade, diz Derrida. 1 Alcançar,<br />

enfim, o centro alhures de onde os oráculos anunciam suas verdades, o<br />

centro na origem dos mundos ou no fim dos tempos.<br />

Mas eis o mistério das cidades: mesmo antes de os deuses ou de a<br />

história desertarem das cidades e dos homens, muitos já haviam antecipado<br />

os desvios que as cidades abrigam. Uns as condenariam, outros<br />

as celebrariam. Baudelaire já o sabia, Benjamin também. O flâneur iria<br />

A exposição reúne oito artistas que realizam ações e intervenções no<br />

espaço urbano. Sua proposta inicial previa a passagem por várias cidades,<br />

incorporando as itinerâncias em suas reflexões, possibilitando um<br />

diálogo entre elas e a memória crítica de seu processo. O cancelamento<br />

das exposições, contudo, restringiu sua experiência às ruas de Belo<br />

Horizonte, que nem por isso deixaria de desvendar as infinitas cidades<br />

que uma cidade abriga.<br />

São poéticas que guardam entre si e as cidades a contaminação e a dispersão<br />

dos territórios: a flutuação de fronteiras e de significados entre<br />

o autor e o espectador, a arte e o mundo. Uma constituição relativa<br />

que implica e evidencia a trama de relações na qual esses trabalhos se<br />

inserem, engendram e criticam: uma trama de afetos, sistemas e fenômenos<br />

exteriores ao universo soberano e autônomo da arte moderna, às<br />

condições abstratas e ideais de espaço e de tempo que esta reivindicava.<br />

Invadindo-se pelas alteridades, deslocam-se para os espaços do mundo,<br />

realizam-se na circunstância e nos encontros fortuitos, submergem na<br />

entropia urbana.<br />

Desprotegidas da moldura da galeria, que convenciona o objeto<br />

como artístico, essas ações colocam em tensão extrema o que pode<br />

ser considerado arte, para quem, em nome de quem. Interrogam se<br />

resta à arte alguma lucidez crítica ao mundo, mesmo nele se imiscuindo:<br />

algum poder de sensibilização na vida contemporânea capaz<br />

de concorrer à circulação e à manipulação vertiginosa de imagens<br />

e informações, à espetacularização banalizada e absoluta e à sua<br />

redução a mercadoria nesta comunidade universal e vazia chamada<br />

mercado. Por isso inquirem o sentimento crescente da perda da<br />

esfera pública e a afirmação de que sua representação social vem se<br />

reduzindo – nessa rede de fluxos cada vez mais desterritorializados<br />

pela economia globalizada e pelas novas tecnologias – à encenação,<br />

a uma perpétua simulação de si mesmas. Verificam, enfim, como<br />

possível, aquela que foi, por tradição, a arena da vida pública, tecido<br />

das sociabilidades, presença visível do convívio e do conflito de complexas<br />

diferenças: a cidade.<br />

Sua inscrição na rua obriga o agenciamento recorrente de laços entre<br />

“alguns” espectadores/participantes, não apenas para um acordo sobre<br />

a nomeação de um objeto como arte, mas para a constituição de uma<br />

dimensão social e coletiva de encontros e trocas por meio da arte.


136 Assim, Jorge Menna Barreto e Marcelo Cidade deslocam terras e<br />

implicitamente à Visibilidade: 10.000 garrafas de água mineral, cobrindo<br />

o chafariz do Palácio das Artes. 2 A água foi retirada na madrugada de<br />

sua instalação e vendida nas esquinas. O pão, levado, dias depois, como<br />

comida. Como então conceber a arte como o domínio exclusivo de um<br />

olho desencarnado, do universo da Visibilidade Como aceitar a fruição<br />

estética como um juízo autônomo, purificado e ascético em sua Leveza,<br />

dissociado das necessidades da existência, desvinculado de um corpo que<br />

tem fome e sede Nossas perversidades em exposição.<br />

horizontes. Minha Terra/Sua Terra, MTST consiste na extração de 70<br />

quilos (correspondentes ao peso de Jorge) de terra de uma cidade, e<br />

sua distribuição, em pequenas porções, aos visitantes de outra cidade.<br />

A dispersão das fronteiras e seu destino imprevisível denunciam que<br />

todo limite é um corte arbitrário em um todo infinitamente móvel. Pois<br />

como fixar territórios em um mundo sem centros, se todo vínculo ao<br />

solo se reduz à gravidade, à atração que a terra exerce sobre nossos<br />

corpos A distribuição de terra exige essa espécie de despedaçamento<br />

do corpo/terra do artista e sua doação ao outro além da fronteira: uma<br />

desprivatização de si. A contingência material desse elo coloca o corpo<br />

entre a efemeridade de sua posição e a potência que esta mobilidade<br />

contém: incontáveis territórios surgirão e serão absorvidos em um universo<br />

fragmentado, que oferece tanto seu nomadismo errático quanto<br />

o múltiplo do horizonte.<br />

O horizonte era essa linha circular que limitava o plano da terra e o céu,<br />

e que colocava aquele que olha no centro do mundo que ela limitava.<br />

Marcelo Cidade compõe um horizonte constituído por centenas de habitantes<br />

alinhados na paisagem de cada uma das cidades da mostra, que<br />

o artista reúne pela fotografia.<br />

Jorge Menna Barreto<br />

Minha Terra, Sua Terra<br />

[Rumos], 2001/2002<br />

instalação/performance<br />

textos: Agnaldo Farias e<br />

Daniella Samad<br />

dimensões variáveis<br />

Coleção do artista<br />

Foto: Daniel Mansur/Itaú <strong>Cultural</strong><br />

Alexandre Vogler<br />

Macumbanonsite<br />

[Trabalho pra Maria<br />

Padilha, Rainha<br />

da Encruzilhada],<br />

2001/2002<br />

performance/instalação<br />

- pétalas de rosa vermelha,<br />

pemba branca e<br />

licor de anis<br />

Coleção do artista<br />

Apoio: PUC TV [Minas<br />

Gerais]<br />

Foto: Daniel Mansur/Itaú <strong>Cultural</strong><br />

Se como espaço público entendemos o mundo comum a todos, mas<br />

diferente do lugar que nos cabe dentro dele, onde é o lugar que nos<br />

é específico Ao tecer correspondências entre o projeto moderno do<br />

urbanismo racionalista e da arte, Alexandre Vogler deflagra o que há de<br />

excludente e perverso em seu ideal de pureza, como renova os sentidos<br />

das práticas situacionistas da arte contemporânea. Acolhendo o acaso<br />

em seus planos e as incongruências da vida em seu cotidiano, aponta-nos<br />

que o lugar que nos é específico, se existe, é a escultura para abrigar a<br />

população de rua; a esquina onde a entidade da umbanda Maria Padilha,<br />

Rainha da Encruzilhada, encontra-se com Robert Smithson para uma<br />

Macumbanonsite. Vogler revela o que há de fecundo na aceitação do<br />

erro, no permeio da arte pelas diferentes construções culturais.<br />

137<br />

A paisagem foi a ficção de um mundo visto por um sujeito universal, que<br />

submeteu os horizontes do mundo a seu olho e sua medida. Que subjugou<br />

todos os desvios: os da carne, os do impensado, os do outro obscuro que<br />

erra à nossa volta, a um ponto de fuga referendado por seu olhar, na altura<br />

exata de sua contemplação. O olho que está na origem do quadro. A paisagem<br />

se ancora nesse olhar, ordena os espaços e reúne, no horizonte, as<br />

dispersões de todos os lugares. Horizonte infinito da visualidade é o pouso<br />

das distâncias impalpáveis que apenas a visão toca. A paisagem é domínio<br />

do quase in-corpóreo. O horizonte para onde todos os lugares se dirigem<br />

e de onde todos os lugares extravasam. Ao mesmo tempo que se somam,<br />

os horizontes de Marcelo se relativizam. Recusam a paisagem como o<br />

mundo submetido a um olhar centralizado, para apresentá-la como centenas<br />

de horizontes que nos olham e que nos dissipam como unidade.<br />

E se a paisagem é o horizonte do lugar, dele difere. O lugar talvez abrigue<br />

os corpos e a memória, a ancoragem cultural ao solo. As intervenções<br />

urbanas de Felipe Barbosa e Rosana Ricalde verificam os processos de constituição<br />

e desaparecimento da paisagem, do lugar e da memória na urbe<br />

contemporânea, sua dinâmica autofágica e mutante. Visibilidade intitula<br />

o muro de 8.000 pães, erguido em uma passagem no centro de Belo<br />

Horizonte. Se o olhar alcança a paisagem por sobre a barreira de pães,<br />

ao corpo é interditado o acesso. A alguns quarteirões, Leveza conecta-se<br />

Marcelo Cidade<br />

Eu Sou Ele Assim como<br />

Você É Ele Assim como<br />

Você Sou Eu e Nós<br />

Somos Todos Juntos<br />

[detalhe], 2002<br />

Felipe Barbosa e<br />

Rosana Ricalde<br />

Visibilidade, 2002<br />

intervenção - 8.000<br />

pães e engradado de<br />

madeira<br />

150 x 1.000 cm<br />

Coleção dos artistas<br />

Foto: Daniel Mansur/Itaú <strong>Cultural</strong><br />

Carla Linhares<br />

Circuito Antivicioso<br />

de Regras Cotidianas,<br />

2000/2002<br />

intervenção urbana -<br />

metal e adesivos<br />

40 x 40 cm<br />

Coleção da artista<br />

Foto: Daniel Mansur/Itaú <strong>Cultural</strong><br />

Ducha<br />

Laranja, 2000/2002<br />

Carla Linhares interroga as possibilidades de uma vida social e pública<br />

como ação comunicativa. Invade os códigos de informação urbana para<br />

interferir no circuito viciado das rotinas diárias. Suas placas são colocadas<br />

entre outros cartazes e sinalizações. Suas mensagens alteradas são<br />

lufadas de ar na asfixia de um mundo sobrecodificado, que regula os<br />

contatos pessoais no espaço urbano e os corpos em seus deslocamentos.<br />

Um mundo no qual a própria vida se torna texto, signo, código genético.<br />

A artista sabe que uma afasia nos assola: se vivemos mecanicamente as<br />

relações coletivas, reinventemos a flânerie, com suas sutis escrituras, com<br />

sua cartografia da errância.<br />

Ao relatar que recorrerá “a uma fuga ao sertão e à experiência de<br />

Guimarães Rosa para criar uma situação de desestabilização do senso de<br />

realidade”, e apresentar na galeria apenas um facão recolhido na viagem,<br />

Ducha questiona a esfera pública como o campo do discurso no qual<br />

o estatuto de um fato é determinado e legitimado, inclusive uma obra<br />

de arte. Assim como a narrativa de Grande Sertão: Veredas é tecida em<br />

torno desse vazio deixado pelo ouvinte de Riobaldo, presença invisível<br />

que o leitor deverá preencher, a obra () de Ducha é construída pelas<br />

vozes produzidas em torno de sua fuga e de sua reticente frase, como o<br />

discurso crítico e curatorial. Quem fala Com que autoridade Uma interrogação<br />

que parece já não ter resposta.


138 Graziela Kunsch, com uma câmara de vídeo, parte em direção à margem,<br />

grafias do lugar<br />

coordenada geográfica e simbólica, acolhedora dos excluídos e malditos<br />

da sociedade. Graziela emigra para encontrar, nas Babilônias periféricas,<br />

aqueles acuados em guetos. E o gueto não é o território ou o lugar. É<br />

o fim do sonho de um espaço vital comum e de uma comunidade originária<br />

sem conflitos. Suas performances exigem uma reação do outro,<br />

um acolhimento ou uma rejeição: exibem o desespero da incomunicabilidade.<br />

Na madrugada de Belo Horizonte, a artista é Rita Durão, entre<br />

outras prostitutas-mulheres-nomes de ruas-esquinas-mercadoria com<br />

a avenida do Contorno. Na galeria, o espectador escolhe, para assistir<br />

em uma cabine individual, a uma das fitas de vídeo com nomes das<br />

mulheres-esquinas. Escolha Uma poderia se chamar “o julgamento de<br />

Páris”, pois retoma como tema a Beleza reificada da Vênus, da Virgem,<br />

da prostituta, e questiona o juízo do gosto em seu lastro histórico. Um<br />

juízo que, um dia, se vinculou ao prazer (nem tão) desinteressado.<br />

Graziela Kunsch<br />

Escolha Uma [Belo<br />

Horizonte], 2002<br />

videoinstalação/<br />

performance<br />

200 x 200 cm<br />

Coleção da artista<br />

Foto: Divulgação/Arquivo da artista<br />

139<br />

Toda a arte é pública, se considerarmos que é apresentação a um outro<br />

do qual jamais prescinde. Hoje, é colocado o desafio de repensar as<br />

formas de seu endereçamento ao outro, com o qual estabelece laços ou<br />

afastamentos: experiência compartilhada e possível no mundo em que<br />

vivemos. Como disse Jean-Luc Nancy: “A arte é original e constitutivamente<br />

mostra, exposição, comunicação, envio, endereçamento, partilha<br />

(...). Não há nada menos solipsista do que a arte”. 3<br />

Marisa Flórido Cesar<br />

curadora adjunta<br />

Marília Panitz<br />

Notas<br />

1 Derrida, Jacques. Escrever é um modo de morar. Projeto, São Paulo, v. 118, n. 118, jan.<br />

/fev. 1989.<br />

2 Leveza foi realizada por Felipe Barbosa e Rosana Ricalde para a exposição Rumos da<br />

Nova Arte Contemporânea Brasileira, curadoria de Fernando Cocchiarale, inaugurada em<br />

fevereiro de 2002, simultaneamente a Sobre(A)ssaltos. A referência é pela correspondência<br />

com a obra Visibilidade.<br />

3 NANCY, Jean-Luc. Jean-Luc Nancy / Chantal Pontbriand: uma conversa. Arte & Ensaios,<br />

Rio de Janeiro, n. 8, p. 147-148, nov. 2001.<br />

artistas<br />

Carla Linhares<br />

Fabiana Wielewicki<br />

Glaucis de Morais<br />

Marcelo Feijó<br />

Rodrigo Borges<br />

exposição<br />

Belo Horizonte MG<br />

Itaú <strong>Cultural</strong> Belo Horizonte


140 Como vai meu mundo<br />

inscritas convidam os leitores – artistas e fruidores – a compor narrativas<br />

(im)possíveis. Assim, o objeto de arte, que transita entre imagem e escrita<br />

– tanto no que diz respeito às ações sobre o suporte quanto ao que<br />

denota uma estrutura sintática em algumas obras –, é construção que<br />

recobre o espaço vazio. É substituto do inexistente a ser reconhecido pelo<br />

olhar. 4<br />

Ele está espalhado e ondulado na minha mesa, um grande círculo<br />

de terreno intratável. Zonas de puro espaço estendem-se, alcançam<br />

os mais longínquos pontos da minha imaginação. É um mundo feito<br />

com muito mais do que reinos e continentes. É um reino conhecido<br />

apenas por aqueles que têm olhos para ver o invisível...<br />

Meu mapa me absorve com o que não revela. Cada vez que olho<br />

para ele, sou cativado pelo que, até agora,<br />

não foi incluído dentro de suas margens.<br />

Fra Mauro 1<br />

Encerrado num mosteiro, esse homem da Renascença produzia seu mapamúndi.<br />

Pela palavra e pelo desenho, compunha seu documento. No seu<br />

relato, porém, já se achava a chave do que só poderia ser articulado mais<br />

tarde: a inscrição dos lugares é a inscrição de uma falta... é dela que surgem<br />

as grafias do lugar. A descoberta do mundo se fez seguindo mapas<br />

criados pela imaginação dos cartógrafos, alimentada pela narrativa dos viajantes.<br />

A geografia, então, se instituiu como ciência que descreve a superfície<br />

da Terra (e o que se movimenta sobre ela), nascida de uma cartografia<br />

fantástica, onde as fronteiras entre fato e lenda não existiam.<br />

Segundo a genealogia do conceito de espaço no Ocidente, retraçada por<br />

Michel Foucault, 2 na Idade Média ele existia por localização (idêntico a<br />

lugar). Galileu, ao demonstrar seu caráter infinito, dissolveu os lugares<br />

medievais: “extensão suplanta localização”. Hoje, a situação suplanta a<br />

extensão – “situação definida por relações de proximidade entre pontos<br />

ou elementos (...)”. 3 O que implica circulação. Se perdemos a garantia da<br />

localização, o espaço contemporâneo é, por princípio, vazio de lugares<br />

concretos. É topológico. Como estrutura, recebe seus lugares circunstanciais<br />

por investimento, por nomeação.<br />

O mapa, que entrelaça o caráter efêmero dos deslocamentos e a estabilidade<br />

de um código que nos possibilita identificar lugares, permeia o<br />

imaginário contemporâneo. Embora o mundo não seja mais vasto como<br />

antes e possamos estar do outro lado do planeta em tempo real sem<br />

sairmos de casa, convém que levemos nossos registros ao fazermos nossas<br />

“viagens”. Talvez seja este o estatuto das grafias: o de marca que<br />

requisita um pertencimento.<br />

A arte contemporânea apropria-se desse método: incorpora as indicações<br />

dos itinerários de leitura ao seu corpo. Associadas à idéia de demarcação<br />

(de território), de lugar investido simbolicamente pelo artista, as marcas<br />

Carla Linhares<br />

Plexo Urbano, 2002<br />

planta urbana, espelhos<br />

e luz artificial<br />

dimensões variáveis<br />

Coleção da artista<br />

Foto: Divulgação/Arquivo da artista<br />

Fabiana Wielewicki<br />

Monólogo, 2000<br />

Glaucis de Morais<br />

Linhas de Pensamento,<br />

2000<br />

pregos s/madeira e<br />

texto impresso s/papel<br />

30 x 193 cm<br />

Coleção da artista<br />

Foto: Divulgação/Arquivo da artista<br />

Marcelo Feijó<br />

Paisagem Urbana -<br />

São Paulo [detalhe],<br />

2000/2001<br />

Se a obra é marca em um espaço, ela estabelece o lugar físico para um<br />

lugar evocado. Grafias do Lugar, portanto, investiga a recorrência dessas<br />

inscrições substitutas, sob a perspectiva de cinco artistas que trabalham<br />

a idéia de não-pertencimento (cultural ou geográfico) a um lugar<br />

preexistente à demarcação. Estes são lugares construídos pelos que se<br />

sabem sem lugar garantido. São contingentes, construções em torno da<br />

ausência. As paisagens, aqui, resistem à paisagem.<br />

Em Plexo Urbano, de Carla Linhares, a luz revela o mapa da cidade. O<br />

reflexo obtido por sua incidência sobre espelhos ordenados lança uma cartografia<br />

imaterial sobre o chão e as paredes da galeria. Onde era esperada<br />

a imagem especular, o olhar encontra a trilha de luz que desenha ruas,<br />

quarteirões... Demarcação efêmera a ser guardada no fundo dos olhos.<br />

Em Monólogo, as janelas de Fabiana Wielewicki – sempre a mesma janela<br />

– reificam o lugar nomeado em diferentes lugares. Ao serem organizadas<br />

como frase composta da repetição de uma só palavra, atualizam (e cristalizam)<br />

a fugacidade do vislumbre, que terá de ser suposto (ou inventado)<br />

pelo observador. Pois elas subtraem a paisagem. Oferecem somente a<br />

moldura. Despertam nossa curiosidade e negam-se ao que nos convidam<br />

a fazer – ver além, ver através. Nos propõem um lugar-receptáculo.<br />

As Linhas de Pensamento, de Glaucis de Morais, vindas da estrutura de<br />

seu tear (seu fio de Penélope), configuram-se como uma sucessão de<br />

pregos em seqüência, lida como marcação do texto que a acompanha:<br />

palavras que ao serem escritas inscrevem um caminho. Resultantes do<br />

“desvio” de um outro projeto – o de tecer uma enorme rede (lugar de<br />

repouso) –, elas transformam o instrumento em parte da obra e a completam<br />

pela descrição do que poderia ter sido aquele outro: “...Primeiro<br />

prende bem, passa por aqui por cima, faz a volta (...) Começa outra vez.<br />

É preciso pegar o fio condutor...” Quase infinita descrição de itinerário...<br />

um lugar de passagem, um lugar de onde partir.<br />

A sentença de imagens de Marcelo Feijó, sua Paisagem Urbana, se constrói<br />

por fragmentos captados por sua câmara. Repartindo e reorganizando<br />

a paisagem das cidades que visita, ele compõe uma outra, mutável,<br />

porque feita por pequenos ladrilhos que aguardam diferentes combina-<br />

141


142 ções que ele determina ao fixá-los na parede. Organizadas à maneira do<br />

risíveis humores<br />

cartógrafo Malraux, em seu Museu Imaginário, elas conservam o nome<br />

das cidades originais. Mas se formam arbitrariamente. Como o museu,<br />

este é “um lugar mental, que nos habita”. 5<br />

143<br />

Dos interiores de Rodrigo Borges, surge uma catalogação de objetos,<br />

uma reorganização do cotidiano que inventa uma nova arquitetura, sem<br />

funcionalidade. Desenhos que se fazem como colagem de fragmentos,<br />

eles se formam por acumulação. Desfeitos do espaço tridimensional que<br />

seus nomes requerem – são Banheiros, Cozinhas –, parecem notas à margem<br />

dos ambientes que citam. Não há registro dos equipamentos que<br />

se espera encontrar. Em seu lugar, alusões à passagem dos ocupantes<br />

eventuais, suas marcas.<br />

Rodrigo Borges<br />

Banheiro, 2001<br />

Situadas umas em relação às outras, as obras traçam sua narrativa composta<br />

das narrativas de cada um... Uma nova geografia.<br />

Marília Panitz<br />

curadora adjunta<br />

Maria do Carmo de Siqueira Nino<br />

Notas<br />

1 COWAN, James. O sonho do cartógrafo – meditações de Fra Mauro na corte de Veneza<br />

do século XVI. Rio de Janeiro: Rocco, 1999. p. 116-7.<br />

2 FAUBION, J.D. (org.) Michel Foucault. Different spaces. In Aesthetics, method and epistemology<br />

– essential works of Foucault 1954-1984. v. 2. Londres: Penguin Books, 1998.<br />

p. 175-185.<br />

3 Ibid., p. 176.<br />

4 O que lembra a alegoria do vaso, que Lacan toma de Platão, para explicar o processo<br />

de sublimação pela arte: o objeto-receptáculo é encarado como significante da produção<br />

artística, “como organização em torno do vazio”. In: LACAN, Jacques. Seminário 7: a ética<br />

em psicanálise. São Paulo: Jorge Zahar, 1997. p. 163.<br />

5 Como Jean-François Lyotard define o Museu Imaginário, de André Malraux. In LYOTARD,<br />

Jean-François. Assinado, Malraux. Rio de Janeiro: Record, 1998. p. 310.<br />

artistas<br />

Cinthia Marcelle<br />

Frederico Câmara<br />

Graziela Kunsch<br />

Janaina Barros<br />

Leya Mira Brander<br />

Marilá Dardot<br />

exposição<br />

Brasília DF<br />

Galeria Athos Bulcão


144 O humor é a arte das superfícies e das dobras, das singularidades<br />

nômades e do ponto aleatório sempre deslocado, a arte da gênese<br />

estática, o saber-fazer do acontecimento puro ou a<br />

“quarta pessoa do singular”.<br />

Transformado em co-autor voluntário ou não do processo criativo proposto,<br />

ao tentar se comunicar sem conhecimento prévio do interlocutor ou<br />

a que se destina a conversa, se insere uma possibilidade lúdica que flerta<br />

com o acaso, com a surpresa e o nonsense: encontros e desencontros que<br />

podem estimular situações fictícias, originais, inusitadas e cômicas.<br />

Gilles Deleuze<br />

Sobre o humor, até que ponto podemos esperar que seus encantos permaneçam<br />

intatos, porquanto seus mecanismos e procedimentos sejam<br />

analisados Ao rirmos, é a relação com o objeto de nosso riso que se<br />

acha determinada: aceitação ou recusa, há o pressuposto de que uma<br />

comunicação se estabeleça.<br />

A ótica social e subjetiva do riso e do humor, estando sempre presente,<br />

não elude a questão sobre o que dá o toque risível aos trabalhos, e nos<br />

conduz incansavelmente sobre a consistência dos efeitos de humor das<br />

propostas aqui evocadas.<br />

Graziela Kunsch, por meio do latido em Nightshot 3, se pergunta sobre<br />

a possibilidade de novos códigos universais de comunicação. A inclusão<br />

fortuita de pessoas, registrada durante seu percurso pelas ruas de São<br />

Paulo, aponta para uma tendência em favor da concepção de uma obra<br />

que seja coletiva, visceral, estruturada a partir do confronto direto com<br />

o cotidiano e em total disponibilidade para lidar com a improvisação da<br />

artista e com o risco da reação das pessoas diante da incongruidade e do<br />

burlesco da situação.<br />

Há uma perda do caráter fetichista da obra como monumento, porém<br />

a apresentação dos vídeos em um espaço institucionalizado introduz<br />

uma separação que funciona como um aparato propício à nossa postura<br />

crítica. Isso impede que o público se identifique de maneira ilusionista,<br />

abrindo espaço para a inversão da perspectiva inicialmente dramática<br />

– busca desesperada de comunicação na solidão da metrópole –, em<br />

uma anestesia afetiva que funciona pela alternância e pelo contraste<br />

entre tensão e alívio, como um poderoso catalisador de efeito cômico.<br />

De maneira diferente, a obra Me Liga, concebida pela dupla Cinthia<br />

Marcelle e Marilá Dardot, se complementa e adquire totalmente o<br />

sentido por elas esperado quando um espectador, em dado momento,<br />

aceita interagir com o telefone público instalado no próprio espaço<br />

expositivo. O trabalho não se situa propriamente no espaço da galeria,<br />

mas utopicamente “entre” as polaridades daqueles que eventualmente<br />

instauram um diálogo.<br />

Graziela Kunsch<br />

Nightshot 3, 2000<br />

Cinthia Marcelle e<br />

Marilá Dardot<br />

Me Liga, 2000/2002<br />

Janaina Barros<br />

Conversa entre<br />

Galinhas, 2000/2002<br />

Leya Mira Brander<br />

Sem Título [série],<br />

1999/2001<br />

O riso adquire aqui sua dimensão social mais plena e defendida por<br />

Bergson: fenômeno contagioso, comunicativo por excelência, que pressupõe<br />

a existência de grupos sociais e seus entrelaçamentos. Aquele que<br />

ri necessita da cumplicidade do outro para associar-se a ele no riso e<br />

juntos rirem de si mesmos.<br />

Quando a situação proposta por Janaina Barros na audioinstalação<br />

Conversa entre Galinhas se concretiza para o espectador, ele se vê diante<br />

de um tipo bastante freqüente de gag cômica, de irresistível efeito burlesco,<br />

presente nas comédias desde os primórdios das artes cênicas e do<br />

cinema. Comicidade, de certa forma, prenunciada pelo título – apesar da<br />

ambigüidade que ele sugere –, associada à simplicidade desafiadora do<br />

aparato e da idéia posta em prática, além da evocação da visualidade de<br />

uma cena que ocorre apenas em nossa imaginação, tudo contribui para<br />

manter seu poder de deflagrar o riso franco e de nos surpreender.<br />

Ao evocar simultaneamente o cotidiano banal e prosaico de pessoas<br />

comuns e aliá-lo a fatores que contradizem essa idéia, o idioma<br />

estrangeiro, ela se insere no princípio estético de composição do<br />

burlesco transformado em princípio lúdico e perceptivelmente barroco:<br />

inverter os signos do universo evocado – significante e significado –,<br />

tecer uma armadilha ao nosso pensamento lógico, inserir um efeito de<br />

estranhamento e desproporção, provocando a sensação do ridículo e<br />

do inesperado.<br />

As pequenas gravuras em metal agenciadas como histórias em quadrinhos<br />

de Leya Mira Brander se apresentam como um diário: escrito na<br />

primeira pessoa e em forma de diálogo direto com um hipotético leitor,<br />

evoca uma miríade de sentimentos como ternura, intimidade, receios,<br />

romance, humor, que são poetificados em um tipo de desenho e/ou<br />

escrita que remete à incerteza e ao inacabado do rabisco, como se não<br />

se destinassem a ser partilhados. O caráter lúdico da constante recombinação<br />

das matrizes formando novas seqüências de imagens contrasta<br />

com o seu conteúdo de cunho sentimental e folhetinesco, criando um<br />

sutil efeito de distanciamento; evoca sua faculdade de usar um juízo<br />

crítico em relação aos seus sentimentos, como um tipo de resistência à<br />

ilusão, além apontar para os procedimentos de representação inerentes à<br />

linguagem da gravura. Isso mostra como o narrador – a artista – se situa<br />

145


manifesto das indiferenças<br />

146 em respeito a seus enunciados. Essa distância torna-se então uma atitude<br />

147<br />

do ego em face do objeto estético, qualidade característica daquele que<br />

é capaz de rir de si mesmo.<br />

Da mesma forma, Frederico Câmara, em seu vídeo Fate, utiliza-se de um<br />

humor levemente irônico e ao mesmo tempo refinado, numa narrativa<br />

cujos mecanismos precisos desnudam suas apreensões em relação à sua<br />

própria condição de artista jovem, herdeiro de uma longa tradição e<br />

também imigrante. O personagem, assim como a situação e a intriga,<br />

é esboçado com muita clareza, poder de síntese e destreza quanto a<br />

suas ambições e receios, o que poderia fazer-nos evocar a comédia de<br />

caráter.<br />

Frederico Câmara<br />

Fate [Destino], Londres,<br />

2001<br />

mini-DV, cor, som, 5 min<br />

Coleção do artista<br />

Foto: Divulgação/Arquivo do artista<br />

O efeito de humor aqui presente está associado a essa capacidade de<br />

recuo e de análise demonstrada na estratégia de concepção da história<br />

e seu teor fictício. Estando ligada ao julgamento do observador, a<br />

percepção da dimensão cômica o coloca em posição de superioridade<br />

em relação ao que é percebido na verificação do mundo, disso tirando<br />

prazer intelectual e criativo. Assim entrevistos, o distanciamento e a<br />

conseqüente dissimulação assumem um caráter crítico, embora sejam<br />

noções aproximativas, subjetivas e portanto dificilmente mensuráveis:<br />

metáforas, enfim.<br />

A consciência de que podemos rir de tudo o que nos rodeia pode, em<br />

determinados momentos da vida, até nos surpreender. Mas o humor e<br />

o riso permanecem como poderosas possibilidades de confronto entre a<br />

civilização e o indivíduo.<br />

Maria do Carmo de Siqueira Nino<br />

curador adjunto<br />

Cristóvão Coutinho<br />

artistas<br />

Arthur Leandro<br />

Daniella Penna<br />

Gabriela Machado<br />

Gustavo Magalhães<br />

Paula Krause<br />

exposição<br />

Belo Horizonte MG<br />

Itaú <strong>Cultural</strong> Belo Horizonte


148 Tudo que circula carrega em si uma possibilidade de identificar<br />

verdadeiramente um autor com o seu ato.<br />

Jean Baudrillard, O Paroxista Indiferente<br />

Os cinco artistas juntos são separáveis na apresentação de seus trabalhos,<br />

lidam com materiais diferentes um do outro e alcançam, em silêncio,<br />

o que há além do que estamos vendo; suas obras de construção aparentemente<br />

subjetiva são um ato de vontade em sua forma mais ousada.<br />

De conteúdos inversos, são obras de transfiguração da banalidade e de<br />

busca de formas perdidas, sem renegação ou resignação do sentido,<br />

para além da diferença. Com desenvoltura de pureza e imanência, que<br />

mantêm a qualidade da transcendência dos trabalhos.<br />

Com a construção de um mundo paralelo e virtual em substituição à<br />

nossa realidade, não estamos mais no mundo. Estar no mundo se tornou<br />

uma eventualidade pouco provável. No início deste século XXI, estamos<br />

todos reunidos, mais do que nunca, em um só lugar, estamos um dentro<br />

do outro, e não conseguimos o respeito pela vida. Nela, as imagens<br />

de beleza e verdade são patrimônios de uma busca que ultrapassam e<br />

implodem o homem, as coisas e as diferenças.<br />

Durante séculos, o sentimento do espírito foi o criador e a salvaguarda<br />

das atitudes imaginárias dos grandes artistas. Os conflitos individuais<br />

existenciais serviam de protagonistas e referenciais para o fazer das<br />

idéias. Hoje, porém, estamos em uma rede de informações e de reações<br />

compulsivas e despojadas de quaisquer valores elaborados e praticados<br />

em algum período do passado.<br />

Os artistas de agora são objetos do seu trabalho. E, como tal, o horizonte<br />

e a rede estão disponíveis como fonte de personalidade e suposta<br />

riqueza. Os acontecimentos e as atitudes – sejam elas artísticas, sejam<br />

de outro parâmetro – que servem de referencial para a construção de<br />

uma obra são, na realidade, apenas instrumentos de iniciação para<br />

uma possibilidade vindoura e pós-contemporânea (). O intervalo<br />

presente recheado de releituras e camadas superpostas desse fazer<br />

mostra uma busca do desaparecer e de indiferenças do artista e do<br />

público. A curadoria dos trabalhos reunidos sob essa temática resulta<br />

“na dissolução dos signos e no jogo deliberado dos significantes”. O<br />

vazio das obras é resultado da própria necessidade extrema de cada<br />

artista em se ausentar e ao mesmo tempo multiplicar a expressão da<br />

produção atual. Tal é o desafio lançado pela imaginação livre, que, por<br />

sua vez, é a razão da “animação” em que consiste enfim o prazer do<br />

trabalho contemporâneo.<br />

Como todo ato criativo humano, o despejar de idéias visa à ordenação<br />

e comprovação de uma possibilidade de comunicação. As indiferenças e<br />

desconfianças existentes são uma contribuição em um tempo que chega<br />

à exaustão e proliferação do desejo do ter. Somos capazes da observação<br />

compreensiva, como também embalagens de conceitos vendidos<br />

em um mercado de produtos exageradamente recheados de supostos<br />

objetivos definidos.<br />

Paula Krause<br />

Sem Título, 1999/2002<br />

Gabriela Machado<br />

Sala dos Fios [detalhe],<br />

2001/2002<br />

Daniella Penna<br />

Não Adianta Faltar ao<br />

Enterro [detalhe], 2000<br />

A cumplicidade na ausência do sujeito, sobre o domínio da representação<br />

e sua desaparição, faz do “objeto” um acontecimento único, o que<br />

torna esses artistas participantes de desdobramentos e de uma quebra<br />

de simetria visual. Combinando saturação estética e nostalgia do objeto<br />

perdido da pintura, são idéias de elementos simples e de abstração direta<br />

na linha da modernidade.<br />

Em seus trabalhos, as artistas Paula Krause e Gabriela Machado<br />

compartilham a semelhança da pintura, o diálogo existente e o que<br />

é interessante como imagem capaz de guardar seu segredo. O que<br />

vem de outro lugar procura um outro lugar, criando acesso a formas e<br />

resultados reinventados. Segundo o texto Derramamento de Formas,<br />

de André Severo, na obra Sem Título, de Paula Krause, escapam<br />

construções que se esforçam para alcançar uma estabilidade que<br />

não se firma. Seu trabalho difere pela necessidade de se apreender<br />

antes que tome a forma da determinação e do sentido na matéria<br />

existente e construída com peso e densidade de um ato pictórico, de<br />

desdobramentos no espaço e numa relação própria de invasão com<br />

o espectador.<br />

Na obra intitulada Sala dos Fios – trabalhos de formas constituídas em<br />

uma linha abstrata –, Gabriela Machado procura definição na relação<br />

pintura versus objeto versus instalação. Na elaboração da aparência,<br />

uma ilusão original da pintura, de ruptura, de um menor intervalo<br />

para sua existência. Como diz, seu trabalho é o registro do impulso<br />

corpóreo, de se envolver fisicamente em ato contínuo, em um desvio<br />

estético de autenticidade do autor com o seu ato, de cópias diferentes<br />

do mesmo fazer. Em sua liberação das formas surge a realização e o<br />

seu fim exposto.<br />

As fotografias de Daniella Penna sem peripécias, pelo seu recorte absoluto,<br />

sua imobilidade absoluta, e até por sua essência de silêncio, sem<br />

seres humanos, são, mesmo assim, carregadas de sentido, em intervalos<br />

de sedução com o mundo de cenas de realidades comuns a todos e<br />

cheio de ausência do eu. São imagens condensadas, verdadeiramente<br />

149


pupilas dilatadas<br />

150 fixas e sem diluição, comprometidas, com outra tradição, intemporal, de<br />

151<br />

evidência e de reflexo do perecer humano, como permanência de uma<br />

raça excluída.<br />

A obra do artista Arthur Leandro é a não-existência de uma imagem real<br />

fotográfica, mas sua memória e sugestão, um meio de modificar a visão<br />

convencional que temos dela. Acontecimento negado, uma redução<br />

fenomenológica, através dela a pergunta passa a ser: será que nós pensamos<br />

o mundo ou é o mundo que nos pensa No fato da possibilidade<br />

fotográfica, é o objeto que nos olha e determina a relação de existência<br />

de um mundo de escolhas e imagens negadas e se fixa no conceito da<br />

própria fotografia.<br />

O trabalho de instalação Portais, de Gustavo Magalhães, determina o<br />

simbolismo da passagem e o lugar da ausência e desaparição do sujeito<br />

– de surgir o objeto como evidência insolúvel, cheio de representações.<br />

Um lugar privilegiado para a desaparição. Assim como portal, um espelho,<br />

que faz refletir a imagem do vencedor. Entretanto, não se parece<br />

mais verdadeiramente com ele. Em sua banalização, uma imagem<br />

deformada, de uma falta de “iniciação” do sujeito em nossos dias, um<br />

acontecimento puro pela sua ausência.<br />

Arthur Leandro<br />

Não-Negativo, 2002<br />

Em nosso momento, os artistas, em múltiplas ramificações, inclusive virtuais,<br />

talvez encontrem uma forma de se perder na imensidão das redes.<br />

No plano técnico, o verdadeiro autor é aquele que busca regra que provavelmente<br />

não é aquela que se pensa. Encontramo-nos diante de uma<br />

indeterminação definitiva. E é possível que os artistas contemporâneos,<br />

em sua maioria, não fiquem demasiadamente conscientes de seu lugar<br />

na história da arte e busquem o estado de “experiência” na relação<br />

homem e universo de possibilidades de despojamento ritualístico.<br />

Gustavo Magalhães<br />

Portal 2, 2000/2002<br />

curador adjunto<br />

Paulo Schmidt<br />

Cristóvão Coutinho<br />

artistas<br />

Beatriz Pimenta<br />

Elisa Queiroz<br />

Enrico Rocha<br />

Martinho Patrício<br />

Rosana Ricalde<br />

exposição<br />

Recife PE<br />

Fundação Joaquim Nabuco


152 O último filme de um dos mais aclamados diretores do século<br />

passado, Stanley Kubrick, teve seu roteiro baseado na obra do<br />

austríaco Arthur Schnitzler, publicada em 1928 – Traumnovelle<br />

–, traduzida para o português com o título Pequeno Romance de<br />

Sonho. Schnitzler, que além de escritor e dramaturgo era médico,<br />

teria causado profundo espanto ao seu contemporâneo Freud, que<br />

após mais de 20 anos de relutância confessou ver no autor e em sua<br />

obra um duplo seu, tamanha a proximidade entre a ficção literária e<br />

a teoria psicanalítica que desenvolviam. Freud se estranha diante da<br />

As obras que se encontram nesta mostra não apresentam, salvo exceções,<br />

nenhum traço de lascívia patente que as classifique como arte erótica,<br />

mas sim o fio que as enlaça. Se o lugar da ausência marca um vazio, é<br />

nesse pertencimento que a presença se faz. Não é a saudade a presença<br />

daquilo que não está Os trabalhos destes cinco artistas ocupam antes<br />

lugares periféricos do amor e da sexualidade, como a angústia, a solidão,<br />

a ironia, a obsessão, que o centro do próprio amor ou do sexo. Espelham<br />

em conjunto o que Kubrick malfadou como sendo o amor-sexo nos tempos<br />

do HIV e da internet com o sexo virtual.<br />

familiaridade com que Schnitzler lida com o inconsciente, o desejo,<br />

o erotismo e a morte.<br />

O filme de Kubrick (De Olhos Bem Fechados – Eyes Wide Shut, no<br />

original) conserva em grande medida a atmosfera de sonho criada por<br />

Schnitzler na Viena do início do século XX. Mas, para além do caráter<br />

onírico, oscilando entre a imaginação e o inconsciente, Kubrick bolina<br />

no seio da sociedade cristã e capitalista do seu tempo, expondo as<br />

contradições de seus valores e de sua moral. Em um beco de estreitas<br />

saídas, sua história indica direções que jamais resultam em algo,<br />

esboçando continuamente o perfil da impotência humana ao manobrar<br />

entre os seus íntimos desejos e o establishment de uma sociedade<br />

hipócrita.<br />

Erotismo e amor não são necessariamente parceiros constantes e, em De<br />

Olhos Bem Fechados, Kubrick confirma esse fato. Anunciado pela imprensa<br />

(sic) como o novo último tango, o filme é um tratado sobre sexo<br />

onde não há sexo, apenas indícios, através dos movimentos dos personagens,<br />

ou pela exploração cenográfica.<br />

Com desconforto, vejo no filme de Kubrick uma obra-prima no que diz<br />

respeito à tradução que faz do amor e do sexo no mundo contemporâneo.<br />

Não gosto do que vejo, mas me rendo à lucidez com que as coisas<br />

ali se apresentam.<br />

Não posso dizer que a mostra Pupilas Dilatadas venha em decorrência<br />

do filme De Olhos Bem Fechados. Freud que aqui me socorra,<br />

ou mesmo Jung que me explique. Colocados assim, lado a lado, os<br />

títulos se sobrepõem e um se transforma em declinação do outro.<br />

Pouco importa. Esta exposição tem idéias que não me pertencem,<br />

nem mesmo ao Stanley. Elas fazem parte do nosso imaginário e,<br />

mais ainda, do nosso mundo real. Em ambos os casos – filme e<br />

exposição –, ficam claras as utopias do homem contemporâneo<br />

diante de valores frágeis e perspectivas obscuras para o futuro da<br />

sociedade.<br />

Beatriz Pimenta<br />

Cabeça, Tronco e<br />

Membros [detalhe],<br />

2000/2002<br />

Enrico Rocha<br />

Insônia, 2001<br />

Elisa Queiroz<br />

Namoradeira,<br />

2000/2002<br />

Martinho Patrício<br />

Máscara 1, 2001<br />

Rosana Ricalde<br />

"Feliz É o Sândalo que<br />

Perfuma o Machado que<br />

o Fere", 2001/2002<br />

A instalação fotográfica de Beatriz Pimenta – Cabeça, Tronco e Membros<br />

– desvela a fragilidade de um corpo desconexo entre suas partes, numa<br />

ambiência em que as visões se multiplicam, tornando os corpos – da obra<br />

e do espectador – ainda mais dilacerados.<br />

As fotografias de Enrico Rocha, Insônia, apreendem aquilo que é quase<br />

inapreensível, em rastros e flashes de um olhar conturbado e disperso.<br />

Num movimento de translação fotográfica, usa da cor-luz registrando<br />

estroboscopicamente os alvos de seus disparos perdidos. Mais que os<br />

desenhos de luzes resultantes nas imagens, sobressaem na contracena a<br />

perturbação e a dislexia.<br />

Na sua sala Namoradeira, Elisa Queiroz apropria-se de elementos de<br />

uma movelaria ergonomicamente referenciada nos corpos da artista e<br />

de seu amante. O ambiente é repleto de códigos da libido, constituindo<br />

uma ode ao desejo e à volúpia; entretanto, neste carrossel, os lugares<br />

dos amantes estão rigidamente marcados e fisicamente separados. Os<br />

sujeitos enamorados sucumbem ao idílio dos momentos a dois para<br />

viver uma arrebatadora paixão pelo estado em que se encontram – o<br />

de amar o amor.<br />

Com seus variados significados – compreendendo elemento manufaturado<br />

de tecido, intriga, cerzidura malfeita, namoro impudente –, a palavra<br />

fuxico nomeia o elemento-base para os trabalhos de Martinho Patrício.<br />

Nomeados como Máscaras pelo artista, esses mosaicos de cetim resultam<br />

em ícones de fetiche evocando irrefreável luxúria. É a máscara com a qual<br />

o sujeito oculta sua identidade e chancela sua fantasia.<br />

Em Verborun Torrens, Rosana Ricalde estabelece, mais que uma obra,<br />

um projeto cujo procedimento se desdobra em um trabalho contínuo,<br />

sob inúmeras configurações possíveis. Com caracteres irreversivelmente<br />

gravados, formando um caudal de ações na primeira pessoa do presente<br />

do indicativo, a artista se reconhece, se individualiza, se afirma e, em<br />

meio a tantas ações, se anula e se imobiliza. À primeira vista a obra se<br />

153


154 apresenta infinita, uma vez que o encontro entre linguagem e leitor o<br />

o desconforto da forma<br />

é, mas a exploração desse manancial denuncia a obsessão da obra, que<br />

ordena alfabeticamente seus verbos. Como um autômato fica desprovido<br />

de vontade própria.<br />

155<br />

A leitura dos trabalhos nesta exposição não deve e nem pode ser tomada<br />

como conclusiva. Minha intenção é multiplicar os significados diante da<br />

complexidade dos significantes. A arte, como toda linguagem, depende<br />

de interpretações que a tornem sempre mais desejável. Seja entendida<br />

esta curadoria como a construção de um discurso que vem a partir da<br />

obra de arte e não antes dela.<br />

Paulo Schmidt<br />

curador adjunto<br />

Eduardo Frota<br />

artistas<br />

Felipe Barbosa<br />

João Loureiro<br />

Luiz Carlos Brugnera<br />

Raquel Garbelotti<br />

Rodrigo Godá<br />

exposição<br />

Campinas SP<br />

Itaú <strong>Cultural</strong> Campinas<br />

Espaço de Fotografia e Novas Mídias


156 O artista contemporâneo convive com uma produção de conceitos que,<br />

distendidos e rearticuláveis, se deslocam de um campo estrito ou seguramente<br />

estético da arte para outras várias categorias do conhecimento. É<br />

certo que, em um desses momentos de fluxo transitório, a obra perde a<br />

sua autonomia estética puramente formal e se contextualiza num mundo<br />

prenhe de contra-informações, operando outros sentidos expandidos<br />

dentro de uma dinâmica teia de significações.<br />

que está sob o feixe de luz. Mas no sexto verso abre espaços em branco<br />

entre as palavras dobrado, livros e chaveiro. Adiante, a cabeceira da<br />

cama abre-se numa grande fenda e suga do mundo um sujeito possível<br />

de reinvenção e seu itinerário, que se interrompe num outro espaço em<br />

branco, para esbarrar nas imagens, também já decodificadas, de um relógio<br />

(o demarcador do tempo ou da falta dele) e de um copo (que pode<br />

ser pensado aqui como a idéia de abandono, de alguém que esteve). Fora<br />

do feixe de luz há muito a ser pensado pela possibilidade de significações<br />

dos objetos reposicionados.<br />

Assim, pensar acerca da condição da forma, como critério e processo na<br />

arte contemporânea, parece ser um desafio que oscila entre dois pontos:<br />

o primeiro, seria lhe atribuir um lugar que não seja o de sua construção<br />

pura; o segundo seria lhe conceder uma outra condição que não seja a<br />

sua mera desconstrução. E a partir desse desafio, talvez possa interessar<br />

uma forma processual que, ao mesmo tempo, não abra mão da construção<br />

do objeto, e o recoloque com uma outra proposta de significação<br />

no mundo.<br />

É sobre essa reposição dos objetos que o poema se articula muito mais<br />

como passagem de percepções e informações diversificadas e menos<br />

como reduto de permanência formal, tão cara à tradição construtiva<br />

moderna. É nessa fragmentação de significados que o objeto se vê<br />

imerso num mundo de contradições e se potencializa a partir dos atritos<br />

que nele são evocados, e não em sua mera ordenação lógica.<br />

157<br />

Sob esse aspecto, parece haver uma espécie de esvaziamento do sentido<br />

original da forma e uma possibilidade outra de apreendê-la como uma<br />

variante de descobertas, deixando ao artista a rígida tarefa de pesquisa<br />

para materializar um novo objeto, múltiplo de sentidos, que se projeta<br />

exaurido de suas funções formais preconcebidas, trazendo uma situação<br />

de desconforto aos estímulos antes facilmente decodificáveis.<br />

Com esse pensamento, em caráter ilustrativo e de comparação, podemos<br />

nos remeter a um poema de Francisco Alvim, intitulado Luz.<br />

Em cima da cômoda<br />

uma lata, dois jarros, alguns objetos<br />

entre eles três antigas estampas<br />

Na mesa duas toalhas dobradas<br />

uma verde, outra azul<br />

um lençol também dobrado livros chaveiro<br />

Sob o braço esquerdo<br />

um caderno de capa preta<br />

Em frente uma cama<br />

cuja cabeceira abriu-se numa grande fenda<br />

Na parede alguns quadros<br />

Um relógio, um copo<br />

Esse poema lista objetos da casa. Esta, por sua vez, já reposicionada, é<br />

tomada não mais como lugar de estar, mas como lugar de passagem. O<br />

inventário construído por Alvim é aparentemente objetivo, só existe o<br />

João Loureiro<br />

Sinuca, 2000<br />

Felipe Barbosa<br />

Terra Semeada,<br />

2001/2002<br />

cama de madeira e terra<br />

semeada<br />

160 x 190 x 150 cm<br />

Coleção do artista<br />

Foto: Divulgação/Arquivo do artista<br />

Luiz Carlos Brugnera<br />

Assoalho Empoeirado,<br />

2001<br />

Raquel Garbelotti<br />

Sistema Reverso,<br />

2001/2002<br />

O trabalho de João Loureiro, por exemplo, se desarticula como objeto<br />

funcional. É uma mesa de sinuca que tem a sua estrutura alterada: pernas<br />

que se desprendem da imagem primeira que se tem de mesa, e a<br />

disfunção do plano horizontal provocada pelas dobras do tecido, onde<br />

normalmente se movimentam as bolas, determinando uma impossibilidade<br />

à ação do jogo. A mesa está deslocada para uma nova apropriação<br />

simbólica.<br />

Este deslocamento – a alteração das estruturas primeiras do objeto<br />

– também acontece no trabalho de Felipe Barbosa, em que uma cama<br />

de casal, de madeira maciça, é posta num vazio espacial e de sentidos,<br />

porque desacompanhada de uma mobília que a identifique com a idéia<br />

de quarto (lugar íntimo de sono, amor ou silêncio, por exemplo), onde<br />

não cabe mais o corpo físico. A cama, coberta com capim, retira a presença<br />

do humano, impondo a perenidade da ausência.<br />

Em vez da ausência, mantendo uma tessitura com a passagem do<br />

tempo, o trabalho de Luiz Carlos Brugnera é um assoalho coberto com<br />

grafite e canela em pó. Aqui, há duas relações de sentidos: a do assoalho,<br />

de lugar de passagem a depositário de vestígios; e uma outra, a do<br />

pó de canela, que é uma sutileza, um gesto, uma bruma, para descontextualizar<br />

o assoalho.<br />

Por sua vez, o trabalho de Raquel Garbelotti são desenhos projetivos de<br />

objetos funcionais, como janelas, portas e assoalhos, diagramados em<br />

placas de madeira industrial. Uma espécie de baralhamento dos códigos<br />

de medidas, de lugar e de posição, resultando como peças soltas de um


158 grande quebra-cabeças induzindo o espectador a assumir a operação de<br />

o discurso do choque<br />

re-codificar os objetos no espaço.<br />

159<br />

Por fim, os desenhos de Rodrigo Godá, em grafite e acrílico sobre tela,<br />

são verdadeiras inserções do lúdico, mas sem o caráter construtivo simplificado<br />

que o mundo infantil pede, assumindo, num grau de projeção<br />

criativa, verdadeiras máquinas imaginárias, sem nenhum compromisso<br />

formal de que esses desenhos – projetos inventados – sejam, de fato,<br />

construídos. Podem nos remeter, por exemplo, aos inventos pensados<br />

por Jules Verne ou, às avessas, aos desenhos renascentistas de Leonardo<br />

da Vinci. Os desenhos de Godá são o que podemos chamar de verdadeiras<br />

autonomias.<br />

Rodrigo Godá<br />

Sem Título [série],<br />

1999/2000<br />

Pensar o objeto em uma condição processual é dar a ele a possibilidade<br />

da autonomia, como sugere o poema de William Carlos Williams:<br />

O Carrinho de Mão Vermelho<br />

tanta coisa depende<br />

de um<br />

carrinho de mão<br />

vermelho<br />

esmaltado de água da<br />

chuva<br />

ao lado das galinhas<br />

brancas<br />

(tradução de José Paulo Paes)<br />

curadora adjunta<br />

Juliana Monachesi<br />

Eduardo Frota<br />

artistas<br />

Ana Laet<br />

André Santangelo<br />

Bruno de Carvalho<br />

Caetano Dias<br />

Odires Mlászho<br />

exposição<br />

Curitiba PR<br />

Museu de Arte da Universidade Federal do Paraná


160 “Feridas não vão cicatrizar”, sentencia Thom Yorke em Ok Computer,<br />

terceiro de cinco discos do Radiohead, cujas músicas perturbadas de<br />

letras sombrias arranham o real. 1 A banda é um dos muitos porta-vozes<br />

de um discurso difuso na produção artística contemporânea, que está<br />

ligado à melancolia, à perversão, ao estranho, e pode ser reconhecido<br />

nos filmes de David Lynch e Michael Haneke ou nos livros de Paul Auster<br />

e Ian McEwan. Também nas artes visuais, certa produção está voltada<br />

para a evocação do real, entendido como traumático. Todas essas vozes<br />

entoam o discurso do choque.<br />

mortuárias de sinistra beleza. Nessa série, os rostos das mulheres ressurgem<br />

envelhecidos, submersos, sufocados e cegos. A beleza em<br />

estado terminal é destituída de olhar, ou tem seus olhos voltados para<br />

o interior. Segundo Freud, no texto Das Unheimliche, 2 em que analisa<br />

o fenômeno do familiar reprimido que retorna, o medo de ferir ou<br />

perder os olhos é um dos mais recorrentes em crianças, conservado por<br />

muitos adultos, e funciona como um substituto do temor de ser castrado.<br />

O autocegamento do criminoso mítico Édipo, escreve Freud, era<br />

uma atenuação do castigo da castração. As figuras cegas de Mlászho<br />

fazem o terror do real brilhar.<br />

O termo “ferida” está na raiz etimológica da palavra “trauma”, que<br />

designa todo acontecimento na vida de um sujeito que, por uma incapacidade<br />

de assimilar e elaborar, não pode se inscrever no psiquismo.<br />

O real, definido por Lacan na década de 1960 em termos de trauma,<br />

se refere a essa sobra, àquilo que foge ao domínio das palavras e de<br />

qualquer outra forma de simbolização. O real não pode ser representado,<br />

ele pode apenas ser repetido, como nas obras de Andy Warhol, cujas<br />

repetições de marilyns e cadeiras elétricas, mais do que reproduzir efeitos<br />

traumáticos, os produzem.<br />

Trata-se da adoção preventiva da compulsão à repetição, ou seja, a<br />

utilização daquilo que choca como uma defesa contra esse choque,<br />

na análise de Hal Foster sobre o decano da arte pop. Caetano Dias,<br />

Ana Laet e Odires Mlászho trabalham sempre com séries em que<br />

procedimentos mecânicos se repetem gerando imagens pouco diferentes<br />

entre si. Nas obras de André Santangelo e Bruno de Carvalho,<br />

a repetição reside no eterno looping de seus vídeos. Ao eleger como<br />

assunto de suas obras elementos da ordem do perverso, do sinistro,<br />

do grotesco e até do abjeto, esses artistas não visam a uma catarse,<br />

de fato eles se inserem em um quadro de colapso da arte como<br />

sublimação.<br />

Caetano Dias é um perversor de imagens. Ele as contrabandeia de<br />

outra mídia, subverte sua função e corrompe sua forma com o borramento<br />

de contornos e contextos anteriormente nítidos. Dias é um<br />

desvirtuador da internet, transformando fantasias impalpáveis da rede<br />

em concretas plotagens ao alcance das mãos. Dias é um depravador<br />

de símbolos, fazendo de imagens pornográficas seus santinhos<br />

eletrônicos. Suas obras transtornam o olhar porque tentam flagrar a<br />

abjeção no ato, como faz o Piss Christ, de Andres Serrano. Claro que<br />

não conseguem, porque o real é impossível de representar.<br />

Na Antecâmara da Máscara, de Odires Mlászho, imagens de uma<br />

revista feminina da década de 1970 são transmutadas em máscaras<br />

Caetano Dias<br />

Todos os Santos de<br />

Todos os Dias, 2001<br />

fotografia digital<br />

125 x 201 cm<br />

Coleção do artista<br />

Foto: Divulgação/Arquivo do artista<br />

Odires Mlászho<br />

Antecâmara da Máscara<br />

VIII, 2001<br />

André Santangelo<br />

Sobre os Olhos e as<br />

Gotas, 2000/2002<br />

instalação - aquários,<br />

peixes, cristal, sal grosso,<br />

TV e vídeo<br />

dimensões variáveis<br />

Coleção do artista<br />

Foto: Divulgação/Arquivo do artista<br />

Bruno de Carvalho<br />

Vis-ita, 2001/2002<br />

videoinstalação<br />

dimensões variáveis<br />

Coleção do artista<br />

Foto: Divulgação/Paula Canella<br />

Ana Laet<br />

Você É o que Você<br />

Come, 2001/2002<br />

O trabalho de André Santangelo presentifica o unheimlich freudiano,<br />

porque seus singelos peixinhos coloridos em aquários são o objeto<br />

da infância alienado do passado. Aqui, esses peixes têm sua morte<br />

cronometrada a conta-gotas. Mas a morte nunca se realiza, porque<br />

quando os aquários estão quase vazios, eles são abastecidos com<br />

água novamente. Em paralelo, imagens urbanas repetitivas e familiares<br />

promovem um segundo alheamento. O real é descortinado pelo<br />

elemento estranho.<br />

No caso dos trabalhos de Ana Laet e Bruno de Carvalho, a evocação<br />

do real transfere-se do choque à violação porque colocam em cena o<br />

corpo e seus limites. “A estranha ambição deste tipo de abordagem é<br />

gozar do trauma do sujeito, com o aparente cálculo de que se o objeto<br />

perdido não pode ser reclamado, ao menos a ferida que ele deixou para<br />

trás pode ser esquadrinhada”, escreve Foster a respeito da estratégia<br />

da abjeção. O termo refere-se aos limites do corpo, à distinção espacial<br />

entre dentro e fora e à passagem temporal do corpo materno à lei<br />

paternal, na definição de Júlia Kristeva. O abjeto é algo cuja proximidade<br />

excessiva provoca pânico.<br />

Na videoinstalação Vis-ita, de Bruno de Carvalho, o espectador é convidado<br />

a engatinhar por um túnel de tecido preto até desembocar na<br />

tela que mostra uma endoscopia. À estranha proximidade de entranhas<br />

humanas, dada principalmente pela vivência física do trabalho, soma-se<br />

a captação do rosto do visitante e a sobreposição dessa imagem à do<br />

vídeo. Uma proximidade excessiva que pode produzir pânico.<br />

Você É o que Você Come, de Ana Laet, põe em display invólucros de<br />

carne humana para consumo de massa. As imagens de fragmentos de<br />

corpo são impressas em couro rústico em formato de capas de tinturaria,<br />

dispostas em cabides. O canibalismo sugerido é a atualização de um<br />

real grotesco. Segundo Foster, muitos artistas são impulsionados por<br />

uma ambição de que suas obras provoquem efeito e, ao mesmo tempo,<br />

161


162 sejam drenadas de efeito. “Essa oscilação sugere a dinâmica de choque<br />

abertura e ecos<br />

psíquico desviado por um escudo protetor que Freud desenvolveu em sua<br />

discussão da pulsão de morte.” A instalação de Laet se equilibra nessa<br />

frágil dinâmica entre vitalidade e niilismo.<br />

163<br />

Juliana Monachesi<br />

curador adjunto<br />

Cleomar Rocha<br />

artistas<br />

Arthur Leandro<br />

Caetano Dias<br />

Enrico Rocha<br />

Luciano Mariussi<br />

Marta Penner<br />

Notas<br />

1 O termo “real” utilizado neste texto fundamenta-se na teorização do crítico de arte Hal<br />

Foster em seu livro The Return of the Real. Cambridge: The MIT Press, 1996.<br />

2 A versão utilizada neste texto de 1919 é da tradução do inglês The Uncanny na Edição<br />

Standard Brasileira, volume 17. Rio de Janeiro: Imago Editora, 1969.<br />

exposição<br />

Campinas SP<br />

Itaú <strong>Cultural</strong> Campinas<br />

Espaço de Fotografia e Novas Mídias


164 A mostra apresenta trabalhos de cinco artistas que discutem seus universos<br />

poéticos na dimensão da obra isolada, mas que em conjunto<br />

possibilitam observar a abertura da obra no nível estrutural – para contemplação,<br />

exploração e interação – e no plano semântico, mais caro ao<br />

produto artístico.<br />

Partindo para a arte computacional, interativa, o paranaense Luciano<br />

Mariussi mostra Unfriendly, um aplicativo de computador interativo<br />

que nada permite, provocando o usuário; e é esta provocação que dá<br />

significado ao processo de interação homem/máquina. Suas interfaces,<br />

sem problemas informacionais ou de usabilidade, trazem como ponto<br />

Luciano Mariussi<br />

crucial sua utilidade, que faz pensar. O trabalho sensibiliza e questiona<br />

Unfriendly, 2000<br />

software<br />

Execução: Sérgio Luiz<br />

dos Santos<br />

Coleção do artista<br />

Foto: Juninho Motta/Itaú <strong>Cultural</strong><br />

a própria interatividade maquínica, multiplicando a significação não pelo<br />

seu caráter interativo balizado pela hipertextualidade, mas pelo sensível,<br />

intangível, artístico.<br />

Nesse sentido, a exposição apresenta dois trabalhos para serem vistos,<br />

um para ser explorado e dois para serem interagidos. Contudo, todos<br />

eles ecoam ao tangenciarem o sensível, provocando mesmo as tipologias<br />

de abertura estrutural da obra, reivindicando, no plano semântico, a<br />

abertura das significações. Ali, sim, as obras se abrem para o diálogo com<br />

o apreciador, construindo-se na execução delas mesmas, vivas no embate<br />

que faz, de determinados produtos, arte.<br />

Desse modo, as imagens desfocadas do baiano Caetano Dias se abrem<br />

para significações diversas a partir da desconstrução da imagem<br />

fotográfica, no desfocamento da figura central, em uma espécie de<br />

névoa que transforma a nitidez pressentida pela observação na magia<br />

da diversidade semântica, propondo um jogo de significados entre o<br />

que se vê e o que não se mostra. Os títulos deslocam de vez o trabalho,<br />

dando um tom crítico e de denúncia, desvelando o ser cultural, social,<br />

e despertando pensamentos nem sempre reservados às construções<br />

oníricas.<br />

O cearense Enrico Rocha trilha caminhos similares, apresentando,<br />

em sua série de fotografias Insônia, não mais o desfocamento, mas<br />

o deslocamento da imagem, fazendo a nitidez se perder, movimento<br />

ampliado com o título que sugere bem mais do que diz. Na noite perdida,<br />

em que o sono não se faz presente, um outro sono se constrói,<br />

alimentado de desejos, medos e sensações. Seus monitores deslocados<br />

são janelas que deslocam o observador, fazendo-o trilhar sua própria<br />

condição de insone. São mais que isso: tornam-se espelhos, multiplicando<br />

os sentidos trazidos pelo apreciador, construindo com este sua<br />

própria significação.<br />

O amapaense Arthur Leandro nos apresenta a instalação videográfica<br />

Aquém do Eu – Além do Outro, que já pelo título invoca a subjetividade.<br />

Suas imagens, vistas pelo espelho d´água, teimam em não se mostrar,<br />

duelando com a observação e a percepção. Nesse diálogo, as significações<br />

afloram e se multiplicam, ora encontradas aquém do próprio eu<br />

construído pelo outro, ora escondidas além do outro, construído pelo<br />

meu eu. E é na fuga da imagem que a abertura significativa explora a<br />

instalação, convocando não apenas o olhar do observador, mas também<br />

seu corpo, convidado para a exploração espacial do trabalho.<br />

Caetano Dias<br />

Sobre a Virgem, 2001<br />

fotografia digital [díptico]<br />

125 x 210 cm<br />

Coleção do artista<br />

Foto: Divulgação/Arquivo do artista<br />

Enrico Rocha<br />

Insônia, 2001<br />

Arthur Leandro<br />

Aquém do Eu - Além do<br />

Outro, 2000/2002<br />

videoinstalação<br />

220 x 300 x 300 cm<br />

Coleção do artista<br />

Foto: Divulgação/Arquivo do artista<br />

Marta Penner<br />

Lugares Prediletos/Paisa<br />

gem do Não-Evento,<br />

2000/2001<br />

A brasiliense Marta Penner trabalha seu Paisagem do Não-Evento de<br />

forma instigante ao reverter a dinâmica temporal da rede de computadores,<br />

baseada no tempo real, para o tempo psicológico, apresentando<br />

detalhes de paisagens de Brasília, relacionando-as ao olhar atento, contemplativo.<br />

Aí inverte-se também a condição interação/contemplação,<br />

base para algumas tipologias de abertura da obra de arte. Mais uma vez,<br />

aqui não se tem como primordial a abertura pela interação computacional<br />

do website, mas pelo princípio artístico do olhar da artista, que explora<br />

tempos e espaços que extrapolam a objetividade de uma significação<br />

dada, fazendo-a ocorrer, de fato, no embate entre obra e apreciador, na<br />

dinâmica da fruição artística.<br />

No conjunto de obras, as aberturas semânticas, que solicitam do apreciador<br />

uma complementação de sentido, tornam-se as vozes que ecoam e<br />

permanecem, independentemente da abertura estrutural, técnica.<br />

Todos os trabalhos apresentados, eletrônicos e computacionais, tangenciam<br />

ou centralizam a questão da arte e tecnologia; sugerem, no conjunto,<br />

uma leitura do desenvolvimento cronológico das técnicas de produção de<br />

imagem que inscrevem o desenvolvimento tecnológico da arte. Contudo,<br />

faz-se mister descartar tal possibilidade, e mesmo questioná-la, uma vez<br />

que a reunião das obras no eixo da expressão contemporânea elege o<br />

veio das significações – criadas na subjetividade do confronto obra/apreciador<br />

– pela recepção da obra. A abertura aqui é tida a partir do fenômeno<br />

perceptivo da obra. E é essa abertura que possibilita o seu ecoar<br />

nas muitas mentes que a encontram, e que com ela dialogam.<br />

Cleomar Rocha<br />

165


166<br />

estranhamento<br />

Cobras cegas são notívagas.<br />

O orangotango é profundamente solitário.<br />

Macacos também preferem o isolamento.<br />

Certas árvores só frutificam de 25 em 25 anos.<br />

Andorinhas copulam no vôo.<br />

O mundo não é o que pensamos.<br />

167<br />

Carlos Drummond de Andrade, História Natural<br />

Com base na proposta dos curadores, adjuntos e coordenadores, do programa<br />

Rumos Itaú <strong>Cultural</strong> Artes Visuais 2001/2003, procurei pensar<br />

e reunir obras de arte visando propiciar ao espectador uma aproximação e<br />

compreensão específicas da arte na contemporaneidade. Esta exposição,<br />

tendo por ponto de partida a idéia de estranhamento, apresenta-se como<br />

um espaço para a discussão e reflexão artísticas, lugar da tensão do<br />

inusitado e da permanente ressignificação das coisas. Faz também uma<br />

aposta no papel da arte como entendimento de nossa época.<br />

curador adjunto<br />

Paulo Reis<br />

artistas<br />

Adriana Boff<br />

Fabiana Wielewicki<br />

Gabriele Gomes<br />

Letícia Cardoso<br />

Marcelo Cidade<br />

Podemos afirmar que um dos propósitos, ou constituintes, da linguagem<br />

artística é a possibilidade de fazer estranhar a nós mesmos e ao meio<br />

em que vivemos – micro e macrossociedades. Estranhar, numa acepção<br />

ampla, é experimentar o novo, o não-conhecido, e é também não reconhecer<br />

o que nos é familiar (O Estranho, Sigmund Freud), experimentando<br />

outros sentimentos quando se desconstrói nossa lógica cotidiana. É<br />

construir outras relações espaço-temporais e ter consciência da limitação<br />

de nossos parâmetros de entendimento e de nossa razão historicamente<br />

construída. Mudar a perspectiva de nosso olhar, experimentar outros<br />

pontos de vista na apreensão do mundo e, assim, compreender a densidade<br />

dos tecidos do real. E é poder olhar a nós mesmos com novos e<br />

distanciados olhos e, ao entender que o eu é um outro (Rimbaud), observar-nos<br />

criticamente em nossa fragmentada condição contemporânea.<br />

exposições<br />

Campinas SP<br />

Itaú <strong>Cultural</strong> Campinas<br />

Espaço de Fotografia e Novas Mídias<br />

Curitiba PR<br />

Museu de Arte Contemporânea do Paraná<br />

Uma idéia de estranhamento pode ser buscada no movimento artístico<br />

do surrealismo. Em suas inquirições e vivências de uma outra lógica,<br />

apontava-se para uma idéia do estranho. Sonhos, delírios, alucinações,<br />

vertigens e associações desvelavam, para seus artistas, uma realidade<br />

escondida, subterrânea mesmo, por dentro daquela outra em que se<br />

vivia. O surrealismo arquiteta estranhamentos pela troca de lugares – algo<br />

como um guarda-chuva e uma máquina de costura numa mesa de dissecação<br />

(Lautréamont) –, frottages, método paranóico-crítico, colagens,<br />

cadavre exquis, entre muitos outros. O crítico e poeta mexicano Octavio<br />

Paz, no livro O Arco e a Lira, afirma que o surrealismo é um movimento<br />

pioneiro ao se debruçar sobre o problema da inspiração. O fazer artístico


168 seria trazido para a região do inteligível, sensivelmente alargado, e não<br />

mais para o domínio do gênio.<br />

fronteiras entre natureza e sujeito; em Letícia Cardoso, realiza-se uma<br />

cartografia do corpo e seus movimentos, reverberações e humores; e, em<br />

Marcelo Cidade, o corpo é posicionado como medida instável da paisagem<br />

em meio ao imenso ruído da cidade.<br />

Ao se trazer, porém, a referência dos conceitos surrealistas, não se quer,<br />

como em sua prática, descobrir o outro, a outra realidade, o outro<br />

mundo, a outra racionalidade, mas a complexidade da trama de nossa<br />

realidade – não o “outro”, mas o “mesmo”.<br />

O artista Marcel Duchamp será também uma referência teórica e<br />

artística, por suas operações de deslocamento provocadas por seus<br />

readymades. O conceito de estranhamento está ligado a uma idéia de<br />

troca de posições num campo semântico, pois aquilo que troca de lugar<br />

ganha outro significado e perde seu sentido original. Um urinol (a obra<br />

Fonte, de Marcel Duchamp), deslocado de seu lugar de sentido e uso,<br />

ao entrar para um certame de arte, local do sistema e da validação<br />

artísticos, é por ele contaminado e “se transforma” em objeto de arte.<br />

O fazer artístico é substituído pelo pensar, e a arte torna-se uma operação<br />

de linguagem. Essa discussão, amplificada, será uma das grandes<br />

contribuições da arte conceitual.<br />

Adriana Boff<br />

Imagem Aurora [série<br />

Obscuras Refrigeradas],<br />

2000/2001<br />

Marcelo Cidade<br />

Eu-Horizonte 6, 2000<br />

fotografia<br />

40 x 60 cm<br />

Coleção do artista<br />

Foto: Antonio Saggese/Itaú <strong>Cultural</strong><br />

Ambos os olhares, do surrealismo e de Duchamp, são dois dos fundamentos<br />

da exposição Estranhamento, que, se a princípio, apresenta o<br />

fazer artístico como uma inquietação e pesquisa de novos olhares, também<br />

afirma e reflete a relação, sempre renovada, entre arte e vida.<br />

Paulo Reis<br />

169<br />

De um lado, pensa-se a atuação artística como atividade de produção<br />

de conhecimento e, de outro, deposita-se na múltipla equação do<br />

estranhamento um dos princípios de pensamento sobre o fazer artístico.<br />

A reunião dos artistas selecionados – Adriana Boff, Fabiana Wielewicki,<br />

Gabriele Gomes, Letícia Cardoso e Marcelo Cidade – faz convergir, entre<br />

questões muito próprias a cada corpo de obra, alguns pontos de leitura<br />

que evocam o debate trazido por esta exposição.<br />

As coordenadas com as quais percebemos a realidade e agenciamos<br />

seus sentidos serão manipuladas distintamente pelos artistas. A idéia<br />

do tempo estará ligada à brevidade do instantâneo (Marcelo Cidade<br />

e Gabriele Gomes), à duração estendida (Adriana Boff), à simultaneidade<br />

(Fabiana Wielewicki) e ao momento presente (Letícia Cardoso).<br />

O espaço engendrado estará circunscrito ao urbano (Marcelo Cidade<br />

e Fabiana Wielewicki), à interioridade do corpo (Letícia Cardoso), a<br />

uma natureza recriada (Gabriele Gomes) e ao território do privado<br />

(Adriana Boff).<br />

Longe de esgotarem as discussões dos artistas, distintas percepções serão<br />

assim propostas. No trabalho de Adriana Boff, um duplo do mundo<br />

aparece habitado fantasmaticamente por objetos que registram seus<br />

próprios olhares; em Fabiana Wielewicki, o absurdo rompe, por meio da<br />

justaposição de temporalidades diversas, a organização dos lugares; em<br />

Gabriele Gomes, a marca de sua passagem se dá no apagamento das<br />

Fabiana Wielewicki<br />

Sem Título [série<br />

Paralaxe], 2000<br />

fotomontagem<br />

91 x 206 cm<br />

Coleção da artista<br />

Foto: Divulgação/Arquivo da artista<br />

Gabriele Gomes<br />

Travesseiro no Mar,<br />

2001<br />

Letícia Cardoso<br />

Ouça-Te, 2000<br />

espelho e estetoscópio<br />

50 x 300 cm<br />

Coleção da artista<br />

Foto: Divulgação/Fabiana Wielewicki


170<br />

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2 Vários textos publicados nesse volume foram traduzidos pelo<br />

Itaú <strong>Cultural</strong> para o Workshop Rumos: Curadoria, em 2000.<br />

3 Disponível em português na coletânea de textos de A.<br />

Huyssen, Memórias do modernismo, 1996.


174 AFONSO, Albano (Albano Fernandes Afonso) 18, 56<br />

Índice onomástico<br />

ALBUES JÚNIOR, José Damasceno (ver <strong>DA</strong>MASCENO, José)<br />

ALBUQUERQUE, Janaina Barros de (ver BARROS, Janaina)<br />

ALMEI<strong>DA</strong>, Carla Piedade Linhares de (ver LINHARES, Carla)<br />

ALMEI<strong>DA</strong>, Glaucis de Morais (ver MORAIS, Glaucis de)<br />

ALVES, Genesco (Genesco Alves de Sousa) 30, 63, 112, 122,<br />

125<br />

ALVIM, Francisco (Francisco Soares Alvim Neto) 156<br />

AMARAL, Tarsila do 15<br />

ANDRADE, Carlos Drummond de 167<br />

ANJOS, Moacir dos (Moacir Tavares Rodrigues dos Anjos Júnior)<br />

7, 28, 100, 101, 107, 115, 121<br />

AUAD, Tonico Lemos (Antonio Carlos Lemos Auad) 30, 98,<br />

112, 122, 125<br />

AUARIA, Waldo Alejandro Bravo (ver BRAVO, Waldo)<br />

AUGÉ, Marc 131<br />

AUSTER, Paul 160<br />

BARBOSA, Felipe (Felipe do Nascimento Barbosa) 30, 58, 94,<br />

112, 122, 124, 133, 136, 155, 157<br />

BARRETO, Jorge Menna (Jorge Mascarenhas Menna Barreto)<br />

30, 73, 114, 127, 130, 133, 136<br />

BARROS, Janaina (Janaina Barros de Albuquerque) 30, 67, 112,<br />

122, 126, 143, 145<br />

BATISTA, Cristóvão Coutinho (ver COUTINHO, Cristóvão)<br />

BAUDELAIRE, Charles (Charles Pierre Baudelaire) 134<br />

BAUDRILLARD, Jean 148<br />

BENJAMIN, Walter 111, 113, 131, 134<br />

BERGSON, Henri 145<br />

BERNARDES, Pedro Moraleida (ver MORALEI<strong>DA</strong>, Pedro)<br />

BINI, Fernando 22<br />

BOFF, Adriana 30, 31, 110, 115, 119, 166, 168<br />

BORGES, Rodrigo (Rodrigo Borges Coelho) 30, 91, 110, 139, 142<br />

BORGES, Rodrigo Alves (ver GODÁ, Rodrigo)<br />

BORTOLOZZO, Thiago (Thiago Bortolozzo da Silva) 30, 97, 112,<br />

122, 126<br />

BRANDÃO, Eduardo 18, 33, 50<br />

BRANDER, Leya Mira 30, 77, 110, 143, 145<br />

BRAVO, Waldo (Waldo Alejandro Bravo Auaria) 56<br />

BRUGNERA, Luiz Carlos 30, 80, 110, 155, 157<br />

BRUSCKY, Paulo (Paulo Roberto Barbosa Bruscky) 43<br />

CAL<strong>DA</strong>S, Waltercio (Waltercio Caldas Júnior) 69<br />

CÂMARA, Frederico (Frederico Ozanam Agostino Câmara) 30,<br />

59, 114, 127, 129, 143, 146<br />

CAMPELLO, Clarissa (Clarissa Campello Ramos) 30, 46, 110,<br />

115, 118<br />

CAMPOS, Rafael (Rafael Campos Rocha) 99<br />

CARDOSO, Letícia (Letícia de Brito Cardoso) 30, 76, 112, 122,<br />

126, 166, 168, 169<br />

CARMONA, Regina 56<br />

CARNEIRO, Marilá Dardot Magalhães (ver <strong>DA</strong>RDOT, Marilá)<br />

CARVALHO, Bruno de (Bruno Pacheco de Carvalho) 30, 38,<br />

110, 115, 120, 159, 160, 161<br />

CASTANHO, Eduardo (Eduardo Amaral Castanho) 50<br />

CASTELLS, Manuel 128<br />

CASTRO, Júlio 15<br />

CATUN<strong>DA</strong>, Leda (Leda Catunda Serra) 18<br />

CELANT, Germano 125<br />

CESAR, Marisa Flórido 7, 14, 100, 103, 107, 133, 138<br />

CHAIMOVICH, Felipe 60, 71<br />

CI<strong>DA</strong>DE, Marcelo (Marcelo Cidade Teixeira Nunes) 30, 81, 110,<br />

115, 118, 133, 136, 166, 168, 169<br />

CINTO, Sandra (Sandra Regina Cinto) 18, 56<br />

COCCHIARALE, Fernando (Fernando França Cocchiarale) 7, 15,<br />

38, 100, 101, 106, 114<br />

COELHO, Domitília (Maria Domitília Costa Coelho da Silva) 30,<br />

50, 110, 115, 119<br />

COELHO, Rodrigo Borges (ver BORGES, Rodrigo)<br />

CORALLI, Suzi (Suzi Coralli Moreira) 38<br />

CORRÊA, Paula Krause (ver KRAUSE, Paula)<br />

COSTA, Enrico Rocha Barbosa (ver ROCHA, Enrico)<br />

COUTINHO, Cristóvão (Cristóvão Coutinho Batista) 7, 16, 100,<br />

102, 107, 147, 150<br />

CRAGG, Tony 71<br />

CUNHA, Marta Penner da (ver PENNER, Marta)<br />

<strong>DA</strong> VINCI, Leonardo 92, 158<br />

<strong>DA</strong>MASCENO, José (José Damasceno Albues Júnior) 20<br />

<strong>DA</strong>RDOT, Marilá (Marilá Dardot Magalhães Carneiro) 30, 44,<br />

114, 127, 130, 143, 144<br />

DELEUZE, Gilles 144<br />

DERRI<strong>DA</strong>, Jacques 134<br />

DESCARTES, Renée 109, 135<br />

DIAS, Caetano (Alberto Caetano Dias Rodrigues) 30, 39, 110,<br />

115, 120, 159, 160, 163, 164<br />

DOMÍCIO, Járed (Járed José Barbosa Domício) 30, 68, 112,<br />

122, 126<br />

DRENSKA, Krassimira 83<br />

DUARTE, Jeims (Jeims Duarte dos Santos) 30, 70, 114, 127,<br />

129<br />

DUCASSE, Isidore-Lucien (ver LAUTRÉAMONT, Conde de)<br />

DUCHA 30, 51, 112, 122, 125, 133, 137<br />

DUCHAMP, Marcel 111, 128, 168, 169<br />

DWEK, Zizette Lagnado (ver LAGNADO, Lisette)<br />

EISENSTEIN, Sergei 110<br />

ELIAS, Antônio (Antônio Carlos Elias) 35<br />

ESPÍNDOLA, Humberto (Humberto Augusto Miranda Espíndola) 24<br />

FAJARDO, Carlos (Carlos Alberto Fajardo) 18<br />

FARIA, Fabio (Fabio Thadeu de Faria) 30, 57, 110, 115, 119<br />

FARIAS, Agnaldo (Agnaldo Aricê Caldas Farias) 22, 60<br />

FEIJÓ, Marcelo (Marcelo Feijó Rocha Lima) 30, 82, 110, 115,<br />

120, 139, 141<br />

FELICIANO, Silvia (Silvia Maria Feliciano da Silva) 30, 95, 112,<br />

122, 126<br />

FICHER, Gabriela 30, 60, 110, 115, 119<br />

FONSECA, Jorge (Jorge Luiz Fonseca) 30, 72, 114, 127, 132<br />

175


176 FOSTER, Hal 160, 161<br />

FOUCAULT, Michel 117, 140<br />

FREIRE, Cristina (Maria Cristina Machado Freire) 7, 20, 100,<br />

101, 107, 127, 132<br />

FREUD, Sigmund 117, 152, 161, 162, 167<br />

FROTA, Eduardo (Eduardo Elísio Frota) 7, 21, 22, 100, 102, 107,<br />

155, 158<br />

GALILEI, Galileu (ver GALILEU)<br />

GALILEU (Galileu Galilei) 140<br />

GARBELOTTI, Raquel (Raquel de Oliveira Pedro Garbelotti) 30,<br />

90, 110, 155, 157<br />

GEIGER, Anna Bella 38, 101<br />

GODÁ, Rodrigo (Rodrigo Alves Borges) 30, 92, 110, 155, 158<br />

GOMES, Rosângela Rennó (ver RENNÓ, Rosângela)<br />

GOMES, Gabriele 30, 62, 110, 115, 120, 166, 168<br />

GONPER, Fabiano (Fabiano Gonçalves Pereira) 30, 55, 110, 115,<br />

118<br />

GRIFFITH, David Wark 110<br />

HAACKE, Hans 125<br />

HANEKE, Michael 160<br />

JUDD, Donald 128<br />

JUNG, Carl (Carl Gustav Jung) 152<br />

KOSUTH, Joseph 130<br />

KRAUSE, Paula (Paula Krause Corrêa) 30, 89, 112, 122, 125,<br />

147, 149<br />

KRISTEVA, Júlia 161<br />

KUBRICK, Stanley 152, 153<br />

KUNSCH, Graziela (Graziela Krohling Kunsch) 30, 65, 112, 122,<br />

125, 133, 138, 143, 144<br />

LACAN, Jacques 160<br />

LAET, Ana (Ana Maria Andrade de Laet) 30, 34, 110, 115, 118,<br />

159, 160, 161, 162<br />

LAGNADO, Lisette (Zizette Lagnado Dwek) 102<br />

LAUTRÉAMONT, Conde de (Isidore-Lucien Ducasse) 167<br />

LEAL, Paulo Roberto 15<br />

LEANDRO, Arthur (Arthur Leandro de Moraes Maroja) 30, 36,<br />

110, 147, 150, 163, 164<br />

LEÃO, Cláudia (Ana Cláudia do Amaral Leão) 30, 47, 110, 115, 117<br />

LEITE, Martinho Patrício (ver PATRÍCIO, Martinho)<br />

LEVITAN, Lucas (Lucas Serrano Levitan) 30, 78, 112, 122, 124<br />

LIMA, Marcelo Feijó Rocha (ver FEIJÓ, Marcelo)<br />

LINHARES, Carla (Carla Piedade Linhares de Almeida) 30, 41,<br />

114, 133, 137, 139, 141<br />

LOUREIRO, João (João Eduardo Loureiro) 30, 71, 110, 155, 157<br />

LUKIANSKA, Dorota 75, 121<br />

LYNCH, David 160<br />

MACHADO, Caio (Caio Cesar Machado) 30, 40, 112, 122, 124,<br />

125<br />

MACHADO, Gabriela (Maria Gabriela de Mello Machado da<br />

Silva) 30, 61, 110, 147, 149<br />

MAGALHÃES, Gustavo (Gustavo de Oliveira Magalhães) 30,<br />

66, 110, 115, 119, 147, 150<br />

MALHADO, Maxim (Maxim Pereira Malhado) 30, 87, 112, 122, 126<br />

MALRAUX, André 142<br />

MALTA, Wagner (Wagner Malta Tavares) 99<br />

MARCELLE, Cinthia (Cinthia Marcelle de Miranda Santos) 30,<br />

44, 114, 127, 130, 143, 144<br />

MARIUSSI, Luciano (Luciano Augusto Mariussi) 30, 79, 114, 127,<br />

129, 163, 165<br />

MAROJA, Arthur Leandro de Moraes (ver LEANDRO, Arthur)<br />

MARQUES, Fabiano (Fabiano Neves Marques Pereira) 30, 56,<br />

112, 122, 125<br />

MARX, Karl 117<br />

MAURO, Fra 140<br />

McEWAN, Ian 160<br />

MEIRELES, Cildo (Cildo Campos Meirelles) 113<br />

MÉLO, Carlos (José Carlos de Mélo) 30, 43, 114, 127, 130<br />

MERLEAU-PONTY, Maurice 130<br />

MICOSKI, José Odires (ver MLÁSZHO, Odires)<br />

MLÁSZHO, Odires (José Odires Micoski) 30, 88, 110, 159, 160, 161<br />

MONACHESI, Juliana (Juliana Monachesi Ribeiro) 7, 16, 18,<br />

100, 102, 107, 159, 162<br />

MONTEIRO, Paulo (Paulo Bacellar Monteiro) 18<br />

MORAES, Alexandre Vogler de (ver VOGLER, Alexandre)<br />

MORAIS, Glaucis de (Glaucis de Morais Almeida) 30, 64, 112,<br />

122, 124, 139, 141<br />

MORALEI<strong>DA</strong>, Pedro (Pedro Moraleida Bernardes) 44<br />

MORALES, Wagner (Wagner Perez Morales Júnior) 30, 99, 114,<br />

127, 131<br />

MOREIRA, Jailton (Jailton Marenco Moreira) 7, 23, 100, 101,<br />

107, 122, 126<br />

MOREIRA, Suzi Coralli (ver CORALLI, Suzi)<br />

NANCY, Jean-Luc 138<br />

NAVES, Rodrigo (Rodrigo Figueira Naves) 71, 102<br />

NEVES, Marta (Marta Cristina Pereira Neves) 30, 84, 114, 127, 129<br />

NINO, Maria do Carmo de Siqueira 7, 26, 100, 103, 107,<br />

143, 146<br />

NUNES, Marcelo Cidade Teixeira (ver CI<strong>DA</strong>DE, Marcelo)<br />

OITICICA, Hélio 112<br />

PACKER, Amilcar (Amilcar Lucien Packer Yessouroun) 30, 33,<br />

112, 122, 124, 125<br />

PAES, José Paulo (José Paulo Paes da Silva) 158<br />

PANCETTI, José (Giuseppe Gianinni Pancetti) 15<br />

PANITZ, Marília (Marília Panitz Silveira) 7, 24, 100, 103, 107,<br />

139, 142<br />

PATRÍCIO, Martinho (Martinho Patrício Leite) 30, 86, 114, 151, 153<br />

PAZ, Octavio 167<br />

PENNA, Daniella (Daniella Maria Penna Soares) 30, 48, 110, 147, 149<br />

PENNER, Marta (Marta Penner da Cunha) 30, 85, 110, 127,<br />

131, 163, 165<br />

PEREIRA, Fabiano Gonçalves (ver GONPER, Fabiano)<br />

PEREIRA, Fabiano Neves Marques (ver MARQUES, Fabiano)<br />

PIMENTA, Beatriz (Beatriz Pimenta Velloso) 30, 37, 110, 115,<br />

118, 151, 153<br />

PINHEIRO, Roosivelt (Roosivelt Max Sampaio Pinheiro) 30, 93,<br />

114, 127, 131<br />

PINI, Ana Maria da Silva Araújo Tavares (ver TAVARES, Ana Maria)<br />

PLATÃO 134<br />

QUEIROZ, Elisa (Maria Elisa Moreira Queiroz) 30, 52, 110, 151, 153<br />

RAMO, Sara 44<br />

RAMOS, Clarissa Campello (ver CAMPELLO, Clarissa)<br />

RAMOS, Nuno (Nuno Álvares Pessoa de Almeida Ramos) 18<br />

REDONDO, Laércio 30, 75, 110, 115, 121<br />

REIS, Paulo (Paulo Roberto de Oliveira Reis) 7, 21, 100, 103,<br />

107, 166, 169<br />

RENNÓ, Rosângela (Rosângela Rennó Gomes) 20<br />

RIBEIRO, Juliana Monachesi (ver MONACHESI, Juliana)<br />

RICALDE, Rosana (Rosana Ricalde da Silva) 30, 58, 94, 114,<br />

127, 132, 133, 136, 151, 153<br />

RIMBAUD, Arthur (Jean-Nicolas-Arthur Rimbaud) 167<br />

ROCHA, Cleomar (Cleomar de Sousa Rocha) 7, 10, 100, 102,<br />

107, 163, 165<br />

ROCHA, Enrico (Enrico Rocha Barbosa Costa) 30, 53, 110, 151,<br />

153, 163, 164<br />

RODRIGUES, Alberto Caetano Dias (ver DIAS, Caetano)<br />

RODRIGUES, Júlio 38<br />

ROMAGNOLO, Sérgio 18<br />

ROSA, Dudi Maia (Rafael Maia Rosa) 56<br />

ROSA, João Guimarães 126, 137<br />

SANTANGELO, André (André Luiz Santangelo Vianna) 30, 35,<br />

114, 127, 130, 159, 160, 161<br />

SANTOS, Cinthia Marcelle de Miranda (ver MARCELLE, Cinthia)<br />

SANTOS, Jeims Duarte dos (ver DUARTE, Jeims)<br />

SAUSSURE, Ferdinand de 117<br />

SCHIELE, Egon 70<br />

SCHMIDT, Paulo 7, 12, 100, 104, 107, 151, 154<br />

SCHNITZLER, Arthur 152<br />

SERRA, Leda Catunda (ver CATUN<strong>DA</strong>, Leda)<br />

SERRANO, Andres 160<br />

SEVERO, André (André Schulz Severo) 149<br />

SILVA, José Antônio da 20<br />

SILVA, José Paulo Paes da (ver PAES, José Paulo)<br />

SILVA, Maria Domitília Costa Coelho da (ver COELHO, Domitília)<br />

SILVA, Maria Gabriela de Mello Machado da (ver MACHADO,<br />

Gabriela)<br />

SILVA, Rosana Ricalde da (ver RICALDE, Rosana)<br />

SILVA, Silvia Maria Feliciano da (ver FELICIANO, Silvia)<br />

SILVA, Thiago Bortolozzo da (ver BORTOLOZZO, Thiago)<br />

SILVEIRA, Marília Panitz (ver PANITZ, Marília)<br />

SIMÕES, Mário (Mário Luís Simões Filho) 30, 83, 110, 115, 118<br />

SIZA, Alvaro 22<br />

SMITHSON, Robert 137<br />

SOARES, Daniella Maria Penna (ver PENNA, Daniella)<br />

SOBRAL, Divino (Divino Sobral de Sousa) 30, 49, 110, 127, 132<br />

SOUSA, Divino Sobral de (ver SOBRAL, Divino)<br />

SOUSA, Genesco Alves de (ver ALVES, Genesco)<br />

SOUZA, Eneida Maria de 104<br />

STEIN, Juliana (Juliana Scotá Stein) 30, 74, 110, 115, 120<br />

STURNER-ALEX, Erica 83<br />

SZEEMANN, Harald 123<br />

TAVARES, Ana Maria (Ana Maria da Silva Araújo Tavares Pini) 20<br />

TAVARES, Wagner Malta (ver MALTA, Wagner)<br />

TESSLER, Elida 101<br />

TOLEDO, Jeanine (Jeanine Lima Toledo) 30, 69, 114, 127, 129<br />

VARELLA, Adriana (Adriana Canlizzi de Queiroz Varella) 38<br />

VELLOSO, Beatriz Pimenta (ver PIMENTA, Beatriz)<br />

VERNE, Jules 158<br />

VIANNA, André Luiz Santangelo (ver SANTANGELO, André)<br />

VOGLER, Alexandre (Alexandre Vogler de Moraes) 30, 32, 114,<br />

127, 132, 133, 137<br />

WALDRAFF, Téti (Teresa Dorotea Waldraff) 30, 96, 112, 122, 125<br />

WARHOL, Andy (Andrew Warhol) 160<br />

WHERLI, Penelope 43<br />

WIELEWICKI, Fabiana (Fabiana Feronha Wielewicki) 30, 54,<br />

110, 139, 141, 166, 168<br />

WILLIAMS, William Carlos 158<br />

WIRZ, Davi 83<br />

YESSOUROUN, Amilcar Lucien Packer (ver PACKER, Amilcar)<br />

YORKE, Thom 160<br />

ZACCAGNINI, Carla 30, 42, 114, 127, 130<br />

177


178<br />

179<br />

Presidente de Honra<br />

Olavo Egydio Setubal<br />

Presidente<br />

Milú Villela<br />

Vice-Presidentes Seniores<br />

Joaquim Falcão<br />

Jorge da Cunha Lima<br />

Vice-Presidentes Executivos<br />

Alfredo Egydio Setubal<br />

Ronaldo Bianchi<br />

Diretores Executivos<br />

Antonio Carlos Barbosa de Oliveira<br />

Antonio Jacinto Matias<br />

Cláudio Salvador Lembo<br />

Malú Pereira de Almeida<br />

Renato Roberto Cuoco<br />

Superintendente Administrativo<br />

Walter Feltran<br />

Superintendente de Atividades Culturais<br />

Eduardo Saron<br />

Superintendente de Pesquisas e Projetos<br />

José Roberto Sadek<br />

Controle Interno e Compliance<br />

Antonio Osório Toledo Fernandes<br />

Centro de Documentação e Referência<br />

Selma Cristina da Silva<br />

Itaulab<br />

Marcos Cuzziol<br />

Itaú Numismática – Museu Herculano Pires<br />

Heloísa Arrobas Martins<br />

Núcleo Administrativo<br />

Christiano Neves<br />

Núcleo de Ação Educativa<br />

Renata Bittencourt<br />

Núcleo de Artes Cênicas<br />

Sonia Sobral<br />

Núcleo de Artes Visuais<br />

Marcelo Monzani<br />

Núcleo de Cinema e Vídeo<br />

Roberto Moreira S. Cruz<br />

Núcleo de Comunicação<br />

Eduardo Saron<br />

Núcleo de Literatura<br />

Luís Camargo<br />

Núcleo de Música<br />

Edson Natale<br />

Núcleo de Produtos Culturais<br />

Ana Regina Carrara<br />

Núcleo de Relações Institucionais<br />

Eduardo Saron<br />

Núcleo de Tecnologia<br />

Roberto Sanches Padula<br />

Núcleo do Site<br />

José Roberto Sadek<br />

Núcleo Operacional<br />

Vlamir Saturni<br />

Mapeamento Nacional da Produção Emergente 2001/2003<br />

Núcleo de Artes Visuais<br />

Coordenação<br />

Marcelo Monzani<br />

Produção<br />

Carmen Fajardo<br />

Olga Mitiko Yamashiro<br />

Valéria Dias Barzaghi Toloi<br />

Karen Cristina de Freitas Garcia<br />

Equipe Curatorial<br />

Coordenação<br />

Fernando Cocchiarale<br />

Curadores-Coordenadores<br />

Cristina Freire<br />

Jailton Moreira<br />

Moacir dos Anjos<br />

Curadores Adjuntos<br />

Cleomar Rocha<br />

Cristóvão Coutinho<br />

Eduardo Frota<br />

Juliana Monachesi<br />

Maria do Carmo de Siqueira Nino<br />

Marília Panitz<br />

Marisa Flórido Cesar<br />

Paulo Reis<br />

Paulo Schmidt<br />

Edição e Preparação de Originais<br />

Letra-Guia Ltda.<br />

Rosalina Gouveia<br />

Alexandra Bertola<br />

Núcleo de Comunicação<br />

Coordenação<br />

Eduardo Saron<br />

Produção Executiva<br />

Janaina Chaves<br />

Edição e Revisão de Textos<br />

Celina Oshiro<br />

Marco Aurélio Fiochi<br />

Design e Produção Gráfica<br />

Roberto Carneiro<br />

Sheila Ferreira<br />

Yoshiharu Arakaki<br />

Assessoria de Imprensa<br />

Babi Borghese<br />

Assessoria de Imprensa Rumos Artes Visuais<br />

Texto Intermídia<br />

Estagiários<br />

Carlos Geraldo Temóteo Pereira<br />

Maurício Aoad Gimenez<br />

Centro de Documentação e Referência<br />

Coordenação<br />

Selma Cristina Silva<br />

Normalização Bibliográfica e Índice Onomástico<br />

Josiane Aparecida Mozer<br />

Banco de Imagens<br />

Humberto Pimentel<br />

Digitalização e Tratamento de Imagens<br />

Jonatas Almeida<br />

Núcleo Operacional<br />

Coordenação<br />

Vlamir Saturni<br />

Supervisão de Montagem de Exposições<br />

Henrique Idoeta Soares<br />

Produção de Montagem<br />

Edvaldo Inácio da Silva<br />

José Camilo da Silva<br />

Apoio ao recebimento de portfólios<br />

Casa de Cultura Ivan Morrocos - Secretaria de Estado de Esportes,<br />

Cultura e Lazer RO<br />

Centro Amapaense de Atividades Culturais - Secretaria de Educação do<br />

Estado do Amapá AP<br />

Centro <strong>Cultural</strong> São Francisco PB<br />

Centro de Artes Visuais Raimundo Cela - Palácio da Abolição CE<br />

Centro de Cultura e Arte - Universidade Federal de Sergipe SE<br />

Centro de Cultura Popular Domingos Vieira Filho MA<br />

Fundação <strong>Cultural</strong> Capitania das Artes RN<br />

Fundação <strong>Cultural</strong> de Curitiba PR<br />

Fundação <strong>Cultural</strong> Monsenhor Chaves PI<br />

Fundação de Cultura e Comunicação Elias Mansur AC<br />

Fundação Jaime Câmara GO<br />

Fundação Joaquim Nabuco PE<br />

Galeria de Arte do Centro de Artes da Universidade Federal do Espírito<br />

Santo ES<br />

Museu de Arte Contemporânea MS<br />

Museu de Arte de Belém PA<br />

Museu de Arte de Santa Catarina SC<br />

Museu de Arte do Rio Grande do Sul RS<br />

Museu de Arte e Cultura Popular MT<br />

Museu de Arte Moderna da Bahia BA<br />

Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro RJ<br />

Museu do Homem do Norte AM<br />

Secretaria de Cultura de Palmas TO<br />

Secretaria de Educação, Cultura e Desporto de Roraima RR<br />

Secretaria Municipal de Educação de Maceió AL<br />

Agradecimentos<br />

A equipe curatorial, artistas e instituições culturais que colaboraram<br />

com o programa.


180<br />

181<br />

181<br />

Mapeamento nacional da produção emergente : Rumos Itaú <strong>Cultural</strong> Artes Visuais 2001/2003 /<br />

Coordenação Fernando Cocchiarale, Cristina Freire, Jailton Moreira, Moacir dos Anjos --<br />

São Paulo : Itaú <strong>Cultural</strong>, 2002.<br />

180 p. : fotos color.<br />

Índice Onomástico<br />

Biografias<br />

ISBN nº 85.85291-35-4<br />

1. Artes visuais 2. Arte contemporânea 3. Brasil 4. Artistas Brasileiros 5. Biografia<br />

CDD 709.049

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