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Sei por experiência própria, colhi<strong>da</strong> no tempo que estive liga<strong>do</strong> a aeroportos e<br />
portos, que, estan<strong>do</strong> estes liga<strong>do</strong>s a ci<strong>da</strong>des, são estas e não aqueles os locais<br />
de destino <strong>da</strong>s pessoas e <strong>da</strong>s merca<strong>do</strong>rias. É nas ci<strong>da</strong>des que confluem as<br />
populações que procuram os espaços de vi<strong>da</strong> e de consumo de que usufruem.<br />
Sem a carga no porto de Lisboa, a Região Metropolitana de Lisboa não poderia,<br />
Transportes em Revista.com<br />
País: Portugal<br />
Period.: Diária<br />
Âmbito: Online<br />
ID: 30150673 13-05-2010<br />
Pag.: 1 de 6<br />
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quinta-feira, 13 de Maio de 2010 Pesquisa de notícias<br />
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Carga & Merca<strong>do</strong>rias<br />
voltar<br />
13-05-2010<br />
<strong>Fecho</strong> <strong>da</strong> gola<strong>da</strong> <strong>do</strong> <strong>Tejo</strong><br />
Obra considera<strong>da</strong> fun<strong>da</strong>mental para revitalizar porto de Lisboa<br />
Para contrariar a actual situação de definhamento <strong>do</strong> porto de Lisboa, o autor<br />
defende que o porto deve caminhar para fora <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de e critica o contrato de<br />
alargamento <strong>do</strong> Terminal de Contentores de Alc ntara. Em termos de condições<br />
de fun<strong>do</strong>s e navegabili<strong>da</strong>de, a solução deveria passar por uma localização na<br />
Margem Sul <strong>do</strong> <strong>Tejo</strong>, designa<strong>da</strong>mente na Trafaria, após o fecho <strong>da</strong> chama<strong>da</strong><br />
“gola<strong>da</strong>” <strong>do</strong> <strong>Tejo</strong>.<br />
Dossier<br />
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Em Foco<br />
Passageiros & mobili<strong>da</strong>de<br />
Álvaro Seco - Metro <strong>do</strong> Mondego<br />
Coimbra deveria ter uma autori<strong>da</strong>de de<br />
transportes<br />
Carga & Merca<strong>do</strong>rias<br />
José Benoliel – administra<strong>do</strong>r <strong>da</strong> CP Carga<br />
“CP Carga tem de ser rentável”<br />
Em Linha<br />
Na quali<strong>da</strong>de de ex-presidente <strong>da</strong> APL, o contributo para a análise <strong>do</strong> porto de<br />
Lisboa e a gola<strong>da</strong> <strong>do</strong> <strong>Tejo</strong> focará apenas, <strong>do</strong>is pontos. Por um la<strong>do</strong>, a<br />
importância <strong>da</strong> preservação <strong>do</strong> porto de Lisboa e o seu desenvolvimento,<br />
enquanto infra-estrutura que serve a maior região económica <strong>do</strong> Pais e uma <strong>da</strong>s<br />
grandes <strong>da</strong> Península Ib rica e, por outro la<strong>do</strong>, haverá de deixar expressa a<br />
minha visão, ain<strong>da</strong> que de forma breve, <strong>do</strong> que devem ser os caminhos a trilhar<br />
por Portugal enquanto Nação com uma situação privilegia<strong>da</strong> no contexto <strong>da</strong>s<br />
Nações MarÛtimas, em que considero ter, o nosso País, uma posição relevante.<br />
Presentemente, o porto de Lisboa definha a olhos vistos. Não, enquanto foco<br />
logístico e de passagem de grande parte <strong>da</strong> merca<strong>do</strong>ria que entra e sai <strong>do</strong> nosso<br />
País. É sabi<strong>do</strong> que, em termos de carga total, por aqui transitaram, em 2008,<br />
cerca de 13 milhões tonela<strong>da</strong>s, sen<strong>do</strong> que nos portos, a nível nacional, foram<br />
processa<strong>da</strong>s cerca de 62 milhões tonela<strong>da</strong>s, em igual perío<strong>do</strong> (ver quadro1).<br />
Portanto, o porto de Lisboa processou 20 por cento <strong>da</strong> carga total processa<strong>da</strong> a<br />
nível nacional.<br />
Visto pelo la<strong>do</strong> <strong>do</strong> número de contentores e de TEUs, a carga movimenta<strong>da</strong> no<br />
porto de Lisboa vale 44 por cento <strong>da</strong> processa<strong>da</strong> a nível nacional (ver quadro2).<br />
Contu<strong>do</strong>, existem factos, que aliás são <strong>do</strong> conhecimento público, que<br />
comprovam a anterior apreciação no que concerne ao definhar <strong>do</strong> porto;<br />
decorrente <strong>da</strong> natureza adversa <strong>da</strong>s políticas, <strong>do</strong>s poderes e respectivas<br />
conceptualizações a que o porto se encontra sujeito.<br />
Em primeiro lugar, creio que os governos recentes não têm entendi<strong>do</strong> a<br />
importância <strong>do</strong> porto: umas vezes por fuga ou omissão, como foi o caso <strong>do</strong><br />
cancelamento <strong>do</strong> concurso para a obra <strong>do</strong> fecho <strong>da</strong> gola<strong>da</strong>; outra, por “desvario”<br />
legislativo, como julgo ser o prolongamento <strong>do</strong> terminal de contentores de<br />
Alcântara.<br />
Em segun<strong>do</strong> lugar, como é sabi<strong>do</strong> e público, não é <strong>do</strong> agra<strong>do</strong> <strong>da</strong>s autarquias que<br />
se opere a carga no porto de Lisboa, em especial nos locais que reivindicam<br />
como <strong>do</strong>mínios <strong>da</strong> sua jurisdição.<br />
Em terceiro lugar, têm-se feito ouvir, aqui e além, opiniões segun<strong>do</strong> as quais o<br />
porto de Lisboa deveria ser apenas e só destina<strong>do</strong> a navios de grande Turismo,<br />
os chama<strong>do</strong>s navios de cruzeiro, e ain<strong>da</strong> à chama<strong>da</strong> Náutica de recreio.<br />
Em qualquer <strong>do</strong>s casos, atrevo-me a declarar, na<strong>da</strong> de mais erra<strong>do</strong>.<br />
Vejamos então os porquês<br />
A importância <strong>do</strong> porto de Lisboa no plano económico é fun<strong>da</strong>mental para a<br />
competitivi<strong>da</strong>de económica <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de e <strong>da</strong> Região em que se insere. Região<br />
notoriamente desenvolvi<strong>da</strong>, quer no contexto <strong>do</strong> país, quer ao nível <strong>da</strong> Península<br />
Ibérica. Aqui vivem três milhões e quinhentas mil pessoas, um terço <strong>da</strong><br />
população <strong>do</strong> País. Para um PIB Nacional de 166.433 milhões de euros, a Região<br />
de Lisboa e Vale <strong>do</strong> <strong>Tejo</strong>, contribui com 75.550 milhões.<br />
Com uma população de 33 por cento, a Região contribui com cerca de 45 por<br />
cento para formação <strong>do</strong> PIB.<br />
Em Debate<br />
Carga & Merca<strong>do</strong>rias<br />
<strong>Fecho</strong> <strong>da</strong> gola<strong>da</strong> <strong>do</strong> <strong>Tejo</strong><br />
Inovação ao serviço<br />
<strong>do</strong>s Transportes<br />
Obra considera<strong>da</strong> fun<strong>da</strong>mental para<br />
revitalizar porto de Lisboa<br />
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Socie<strong>da</strong>de,<br />
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e Ciência<br />
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CEDS<br />
LX<br />
sustentável
Passageiros & mobili<strong>da</strong>de<br />
Álvaro Seco - Metro <strong>do</strong> Mondego<br />
Coimbra deveria ter uma autori<strong>da</strong>de de<br />
transportes<br />
Carga & Merca<strong>do</strong>rias<br />
José Benoliel – administra<strong>do</strong>r <strong>da</strong> CP Carga<br />
porto de Lisboa deveria ser apenas e só destina<strong>do</strong> a navios de grande Turismo,<br />
os chama<strong>do</strong>s navios de cruzeiro, e ain<strong>da</strong> à chama<strong>da</strong> Náutica de recreio.<br />
Em qualquer <strong>do</strong>s casos, atrevo-me a declarar, na<strong>da</strong> de mais País: erra<strong>do</strong>. Portugal<br />
Transportes em Revista.com<br />
ID: 30150673 “CP Carga tem de ser rentável”<br />
13-05-2010<br />
Em Linha<br />
Vejamos então os porquês<br />
Period.: Diária<br />
A importância <strong>do</strong> porto de Lisboa no plano económico é fun<strong>da</strong>mental para a<br />
competitivi<strong>da</strong>de económica <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de e <strong>da</strong> Região em que se insere. Região<br />
notoriamente desenvolvi<strong>da</strong>, quer no contexto <strong>do</strong> país, quer Âmbito: ao nível Online <strong>da</strong> Península<br />
Ibérica. Aqui vivem três milhões e quinhentas mil pessoas, um terço <strong>da</strong><br />
população <strong>do</strong> País. Para um PIB Nacional de 166.433 milhões Pag.: de 2 euros, de 6 a Região<br />
de Lisboa e Vale <strong>do</strong> <strong>Tejo</strong>, contribui com 75.550 milhões.<br />
Com uma população de 33 por cento, a Região contribui com cerca de 45 por<br />
cento para formação <strong>do</strong> PIB.<br />
Sei por experiência própria, colhi<strong>da</strong> no tempo que estive liga<strong>do</strong> a aeroportos e<br />
portos, que, estan<strong>do</strong> estes liga<strong>do</strong>s a ci<strong>da</strong>des, são estas e não aqueles os locais<br />
de destino <strong>da</strong>s pessoas e <strong>da</strong>s merca<strong>do</strong>rias. É nas ci<strong>da</strong>des que confluem as<br />
populações que procuram os espaços de vi<strong>da</strong> e de consumo de que usufruem.<br />
Sem a carga no porto de Lisboa, a Região Metropolitana de Lisboa não poderia,<br />
necessariamente, oferecer a estas populações o nível de vi<strong>da</strong> e bem-estar a que<br />
as acostumou.<br />
Sabemos, com efeito, que um <strong>do</strong>s<br />
grandes problemas <strong>do</strong> nosso País, por<br />
to<strong>do</strong>s, aliás, apregoa<strong>do</strong>, é a falta de<br />
competitivi<strong>da</strong>de económica. Organismos<br />
internacionais credencia<strong>do</strong>s falam já de<br />
“grande diferencial de competitivi<strong>da</strong>de”.<br />
Sabemos, também, que as ci<strong>da</strong>des<br />
portuárias se constituíram à volta <strong>do</strong><br />
seu porto, situação de que resultou uma<br />
competitivi<strong>da</strong>de superior à <strong>da</strong>s<br />
restantes. Sabemos, por fim, que a<br />
logística <strong>do</strong>s transportes acrescenta às<br />
matérias-primas e às merca<strong>do</strong>rias um<br />
custo extra, em média uns seis a sete<br />
por cento.<br />
Veja as últimas edições TR<br />
Encontros - Transportes em Revista<br />
Quer isto dizer que, para se ganhar<br />
competitivi<strong>da</strong>de económica, terá de se<br />
optimizar essa logística, saben<strong>do</strong> à<br />
parti<strong>da</strong> que a uma menor distância<br />
corresponde uma mais-valia<br />
considerável, decorrente <strong>da</strong> redução<br />
<strong>do</strong>s custos. Seria, pois, impensável<br />
transferir a carga, que passa no porto<br />
de Lisboa para Sines e Setúbal sem<br />
prejudicar seriamente a competitivi<strong>da</strong>de<br />
económica <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de e <strong>da</strong> Região<br />
Metropolitana e <strong>do</strong> Vale <strong>do</strong> <strong>Tejo</strong><br />
Esta reali<strong>da</strong>de justifica, per si, a visão<br />
de outro futuro <strong>do</strong> porto de Lisboa.<br />
Qual a visão, ou qual o futuro<br />
Para começo de intenções, seria<br />
necessário não reincidir no erro cometi<strong>do</strong> em Alcântara, com o alargamento <strong>do</strong><br />
terminal de contentores. A reivindicação por parte <strong>do</strong> concessionário, sen<strong>do</strong> já<br />
antiga, nunca tinha feito vencimento. Contu<strong>do</strong>, desta vez avançou e, em meu<br />
entender, nos piores moldes, por razões, de to<strong>do</strong>s, conheci<strong>da</strong>s.<br />
Enquanto ex-presidente <strong>do</strong> porto de Lisboa, mantenho o que sempre afirmei, a<br />
partir <strong>do</strong> momento em que tive acesso ao contrato: Jamais o assinaria.<br />
O pronunciamento <strong>do</strong> Tribunal de Contas é <strong>do</strong> <strong>do</strong>mínio público. Na Assembleia <strong>da</strong><br />
República correm, e a meu ver justifica<strong>da</strong>mente, os processos legislativos<br />
conducentes à sua anulação. Que seja aprova<strong>da</strong> em boa hora essa decisão, para<br />
bem <strong>do</strong> porto e <strong>da</strong>s populações que por ali vivem e trabalham.<br />
Com efeito, ter ganho o estatuto de definitivo, um terminal nasci<strong>do</strong> provisório e<br />
que assim deveria morrer constituiu um rude golpe nas perspectivas futuras <strong>do</strong><br />
porto. Esta convicção ganha maior firmeza se considerarmos que, desde a sua<br />
nascença, se concebera já uma alternativa com características de pereni<strong>da</strong>de.<br />
Não basta dizer que se acaba com o terminal de contentores de Alcântara. É<br />
simultaneamente necessário pensar, com serie<strong>da</strong>de, num terminal alternativo<br />
dentro <strong>do</strong> porto de Lisboa. Ali está um <strong>do</strong>s maiores terminais de contentores a<br />
nível nacional.<br />
Seguem-se novas reivindicações, por parte de outras zonas <strong>da</strong> margem norte,<br />
onde existem já terminais de contentores. Uma delas, em Santa Apolónia, por<br />
necessi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> construção terceira travessia <strong>do</strong> <strong>Tejo</strong>. Outra, porque o<br />
movimento de contestação dá dividen<strong>do</strong>s a quem o impulsiona, quan<strong>do</strong> mais não<br />
seja em termos populares.<br />
Não há dúvi<strong>da</strong> que sobre o rio <strong>Tejo</strong> e sobre as suas margens se tem opera<strong>do</strong><br />
transformações que são, indiscutivelmente, limitativas <strong>da</strong> activi<strong>da</strong>de <strong>do</strong> porto.<br />
Mas, também, benéficas para as populações que por aqui vivem ou que aqui<br />
desejam deslocar-se. As zonas que pertencem ao porto, e que nem hoje nem no<br />
futuro têm vocação portuária, devem ser dele excluí<strong>da</strong>s para ingressar na<br />
competência <strong>da</strong>s autarquias, em moldes a definir. Não só em Lisboa, como<br />
também a nível nacional.<br />
Esse caminho tem si<strong>do</strong> segui<strong>do</strong> com êxito por outros países, foi concretiza<strong>do</strong>,<br />
entre nós, na zona <strong>do</strong> Parque <strong>da</strong>s Nações, uma zona portuária degra<strong>da</strong><strong>da</strong> que é<br />
hoje um <strong>do</strong>s ex-líbris de Lisboa, em grande parte devi<strong>do</strong> às especifici<strong>da</strong>des que<br />
envolveram o projecto Expo’98 que possibilitaram uma tão profun<strong>da</strong><br />
transformação. Cabe aqui lembrar, porém, que, ao tempo, não foi fácil vencer<br />
as forças que se opunham ao modelo de urbanização a<strong>do</strong>pta<strong>do</strong>.<br />
A terceira travessia <strong>do</strong> <strong>Tejo</strong>, que se anuncia, introduz limitações ao<br />
funcionamento <strong>do</strong> porto, já tive oportuni<strong>da</strong>de de expressar, publicamente, a<br />
minha oposição ao seu traça<strong>do</strong>; mas traz, certamente, vantagens para as<br />
populações de ambas as margens, e não só. De referir, ain<strong>da</strong>, a zona <strong>da</strong>s <strong>do</strong>cas<br />
e a envolvente <strong>do</strong> terminal de contentores de Alcântara, para onde se fala já de<br />
um jardim junto <strong>do</strong>s contentores. A ser ver<strong>da</strong>de, limitará e muito, a operação<br />
portuária. Surge, assim, a questão fun<strong>da</strong>mental: Como manter o porto com as<br />
valências actuais, se é às populações que cabe a vivência e usufruto <strong>da</strong>s<br />
singulares margens <strong>do</strong> rio<br />
A solução para este aparente dilema, não é nova nem original, <strong>da</strong><strong>do</strong> que outros<br />
a têm experimenta<strong>do</strong> e com êxito. São tantos os exemplos, que será supérfluo
funcionamento <strong>do</strong> porto, já tive oportuni<strong>da</strong>de de expressar, publicamente, a<br />
minha oposição ao seu traça<strong>do</strong>; mas traz, certamente, vantagens para as<br />
populações de ambas as margens, e não só. De referir, ain<strong>da</strong>, País: a Portugal zona <strong>da</strong>s <strong>do</strong>cas<br />
e a envolvente <strong>do</strong> terminal de contentores de Alcântara, para onde se fala já de<br />
um jardim junto <strong>do</strong>s contentores. A ser ver<strong>da</strong>de, limitará Period.: e muito, Diária a operação<br />
portuária. Surge, assim, a questão fun<strong>da</strong>mental: Como manter o porto com as<br />
valências actuais, se é às populações que cabe a vivência e usufruto <strong>da</strong>s<br />
singulares margens <strong>do</strong> rio<br />
Âmbito: Online<br />
Transportes em Revista.com<br />
ID: 30150673 13-05-2010<br />
A solução para este aparente dilema, não é nova nem original, Pag.: 3 <strong>da</strong><strong>do</strong> de 6que outros<br />
a têm experimenta<strong>do</strong> e com êxito. São tantos os exemplos, que será supérfluo<br />
citar como Londres, Nova Iorque ou Marselha.<br />
O porto tem de caminhar para fora <strong>da</strong> Ci<strong>da</strong>de. Tecnicamente falan<strong>do</strong>, é sabi<strong>do</strong><br />
que as condições de fun<strong>do</strong>s e navegabili<strong>da</strong>de óptimas estão aloca<strong>da</strong>s na foz <strong>do</strong><br />
<strong>Tejo</strong>, em especial na margem sul. É, pois, nessa direcção que o porto tem de<br />
caminhar. Uma tal solução, que já esteve em cima <strong>da</strong> mesa, deve voltar a ser<br />
equaciona<strong>da</strong>.<br />
Às Autarquias não agra<strong>da</strong> o manuseamento <strong>da</strong> carga nas suas zonas de<br />
influência. É um facto. Enquanto Presidente <strong>do</strong> porto, cheguei a ouvir afirmar que<br />
a Silopor devia aban<strong>do</strong>nar as actuais instalações. Devo admitir que conhecia,<br />
com algum detalhe as suas funções, <strong>da</strong><strong>do</strong> o facto de ter si<strong>do</strong> o primeiro<br />
Presidente <strong>do</strong> seu Conselho Fiscal. Quan<strong>do</strong> perguntei para onde deveria fazer-se<br />
a mu<strong>da</strong>nça, apenas obtive como resposta: “para o Alentejo, sei lá!”.<br />
Da minha experiência de Autarca (cabe aqui relembrar os oito anos de<br />
Presidência <strong>da</strong> Assembleia Municipal de Vale de Cambra, por sinal uma <strong>da</strong>s<br />
autarquias que mais serve e se serve <strong>do</strong>s portos de Aveiro e de Leixões, <strong>da</strong><strong>do</strong><br />
tratar-se de uma região muito industrializa<strong>da</strong> e com vocação exporta<strong>do</strong>ra),<br />
constato que a filosofia <strong>do</strong> poder autárquico, é, e bem, a defesa intransigente <strong>da</strong><br />
vi<strong>da</strong> e <strong>do</strong> bem-estar <strong>da</strong>s populações. Afinal são elas que elegem os autarcas.<br />
Mas atenção! Os interesses <strong>do</strong> to<strong>do</strong> Nacional devem sempre prevalecer sobre as<br />
conveniências <strong>da</strong>s autarquias, por muito importantes que estas sejam.<br />
É nesta categoria que se inscreve o caso de que vos falava. Nem o porto de<br />
Lisboa pode definhar, nem a Silopor - que presta um serviço de muita relevância<br />
na silagem <strong>da</strong>s matérias-primas que alimentam o nosso quotidiano - deve ser<br />
desactiva<strong>da</strong> ou trasla<strong>da</strong><strong>da</strong> de local apenas por capricho autárquico e, sobretu<strong>do</strong>,<br />
sem uma análise, cui<strong>da</strong><strong>da</strong>, <strong>do</strong>s efeitos práticos dessa alteração. A Silopor nasceu<br />
para responder não só às necessi<strong>da</strong>des nacionais, mas também como infraestrutura<br />
estratégica, certamente como outras que se situam ao longo <strong>da</strong> nossa<br />
costa.<br />
Quanto àqueles muitos que pensam que o porto de Lisboa deve destinar-se só<br />
para Turismo e Lazer, creio que desenham projectos conceptualmente<br />
harmoniosos, mas que, <strong>do</strong> meu ponto de vista, constituem erros estratégicos<br />
graves e de efeitos um tanto ou quanto populistas, se tivermos em conta a<br />
origem dessas propostas.<br />
Bastará, aliás, pensarmos se é possível que exista uma ci<strong>da</strong>de possui<strong>do</strong>ra de um<br />
porto com o de Lisboa, que tenha abdica<strong>do</strong> “tout court” <strong>da</strong> exploração <strong>do</strong> seu<br />
porto. E se existe, o que lhe aconteceu em termos de competitivi<strong>da</strong>de e de nível<br />
de vi<strong>da</strong> <strong>da</strong>s populações<br />
Não tenhamos dúvi<strong>da</strong>s. O porto tem uma função que, como referi, é indiscutível:<br />
Servir a ci<strong>da</strong>de de Lisboa e a maior região económica <strong>do</strong> País. Mas, para haver<br />
porto tem de haver merca<strong>do</strong>rias em trânsito. Tem de haver transporte marítimo<br />
para as transportar. E, acima de tu<strong>do</strong>, o conjunto <strong>da</strong>s várias componentes deve<br />
ter como objectivo imprimir competitivi<strong>da</strong>de, de forma a rivalizar com os<br />
restantes portos nacionais e internacionais e com outros mo<strong>do</strong>s de transporte.<br />
<strong>Fecho</strong> <strong>da</strong> Gola<strong>da</strong><br />
Não é possível, de forma precisa e sem margem de erro, prever o futuro. Mas,<br />
quan<strong>do</strong> ouvi o Almirante Vieira Matias, falar acerca <strong>da</strong> figura de Dom Nuno<br />
Alvares Pereira, referin<strong>do</strong>-se a essa figura maior <strong>da</strong> nossa História, afirmou que<br />
ele “soube analisar o passa<strong>do</strong> interpretar o presente, compreendê-lo e empurrar<br />
o futuro para o sítio certo”. Considero que será precisamente essa a forma de se<br />
poder evitar a situação que o porto está a atravessar, situação que eu definiria<br />
como o desaparecimento enquanto “porto de carga”.<br />
É certo que, com a adesão à CEE, hoje União Europeia, as nossas trocas<br />
comerciais passaram, em boa parte, <strong>da</strong> carga <strong>do</strong>s portos para carga nas<br />
ro<strong>do</strong>vias. Os parceiros comerciais também evoluíram e aqui ao la<strong>do</strong>, a Espanha,<br />
de parceiro irrelevante passou a parceiro importante (ver quadro 3).<br />
Na exportação, a carga transporta<strong>da</strong> na ro<strong>do</strong>via ultrapassa já a carga marítima.<br />
Será por isso que já circulam notícias, segun<strong>do</strong> as quais a carga não cresce nos<br />
portos.<br />
É um facto que a importância <strong>do</strong>s portos decresceu, mas mesmo assim, os
Transportes em Revista.com<br />
País: Portugal<br />
Period.: Diária<br />
ID: 30150673 13-05-2010<br />
Âmbito: Online<br />
Pag.: 4 de 6<br />
É um facto que a importância <strong>do</strong>s portos decresceu, mas mesmo assim, os<br />
portos, nomea<strong>da</strong>mente o de Lisboa, mantêm um eleva<strong>do</strong> grau de importância<br />
que é preciso preservar.<br />
Tive, recentemente, oportuni<strong>da</strong>de de ler duas declarações, uma <strong>do</strong> Secretário de<br />
Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Transportes de Portugal e outra <strong>do</strong> Secretario Geral <strong>do</strong>s Transportes<br />
de Espanha, as quais são sempre indica<strong>do</strong>res <strong>da</strong> orientação política <strong>do</strong> sector de<br />
ca<strong>da</strong> País.<br />
O secretário de Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Transportes Português afirmou que “no transporte de<br />
merca<strong>do</strong>rias (…) não é nossa intenção meter carga à força nos comboios ou<br />
navios, crian<strong>do</strong> exorbitantes incentivos negativos ao transporte ro<strong>do</strong>viário, como<br />
por vezes algum fun<strong>da</strong>mentalismo deixa entender”.<br />
Depois de dissertar sobre a arrumação <strong>da</strong> merca<strong>do</strong>ria pelos mo<strong>do</strong>s de<br />
transporte ro<strong>do</strong>viário, ferroviário e portuário e de reconhecer que os Pirenéus<br />
são to<strong>do</strong>s os dias atravessa<strong>do</strong>s por 20 mil camiões e 400 vagões, o Secretário<br />
Geral de Transportes de Espanha acaba dizen<strong>do</strong>: “Pero estamos a tiempo de<br />
proporcionar un câmbio.” (Estamos a tempo de proporcionar uma mu<strong>da</strong>nça)<br />
Há, pois, que concluir que a importância <strong>do</strong>s portos foi, é e continuará sen<strong>do</strong><br />
indiscutível e estou certo de que, no futuro, será imprescindível por razões<br />
várias, muito em especial devi<strong>do</strong> à implementação <strong>do</strong> Transporte Marítimo de<br />
Curta Distância, adentro <strong>do</strong> espaço comunitário, mas também por razões de<br />
natureza ambiental e de descongestionamento ro<strong>do</strong>viário.<br />
É objectivo <strong>da</strong> União Europeia., cito: “EXPLORAR TODO O POTENCIAL DO<br />
TRANSPORTE MARÍTIMO DE CURTA DISTÂNCIA E DOS SERVIÇOS DE<br />
TRANSPORTE MARÍTIMO EM BENEFICIO DAS EMPRESAS E DOS CIDADÃOS NA<br />
EUROPA”.<br />
Perante o Parlamento Europeu, recentemente, o novo Comissário <strong>do</strong>s<br />
Transportes, Siim Kalas, reiterou esse objectivo e referiu-se a “um pacote<br />
marítimo” de aju<strong>da</strong>s que será apresenta<strong>do</strong> durante este ano.<br />
É, então, chega<strong>da</strong> a hora! O porto de Lisboa tem de ser capaz de despertar outro<br />
interesse nos poderes a que está sujeito, sejam eles o Governo ou as Autarquias<br />
e tem ain<strong>da</strong> de saber demonstrar às populações desta Região económica a sua<br />
mais-valia. Tem de crescer e fazê-lo em direcção à foz <strong>do</strong> rio <strong>Tejo</strong>, onde vai<br />
encontrar os fun<strong>do</strong>s de que carece e as condições de navegabili<strong>da</strong>de necessárias<br />
projectan<strong>do</strong>-se para fora <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de que o viu nascer. Para tal, como aliás, aqui<br />
foi dito nas sessões anteriores, há que avançar com os estu<strong>do</strong>s tendentes á<br />
construção <strong>do</strong> fecho <strong>da</strong> gola<strong>da</strong> e a consequente construção <strong>do</strong> grande terminal<br />
na zona <strong>da</strong> Trafaria. Perguntar-me-ão, qual o custo desta obra. Dir-vos-ei que<br />
desconheço o valor desse orçamento. Mas, estou em condições de afirmar que a<br />
obra que vão fazer em Alcântara, em especial a secção subterrânea, no<br />
chama<strong>do</strong> caneiro de Alcântara, vai certamente envolver verbas avultadíssimas.<br />
Ora, entre uma hipótese e outra, seria bem melhor fazer uma obra única que<br />
poderá resolver alguns problemas: retira os contentores <strong>do</strong> interior <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de de<br />
Lisboa, soluciona, porventura, os problemas <strong>da</strong> Caparica e, porventura também,<br />
traz vantagens no <strong>do</strong>mínio <strong>da</strong>s dragagens.<br />
As acessibili<strong>da</strong>des àquela zona já estão pensa<strong>da</strong>s em termos de ferrovia e<br />
ro<strong>do</strong>via.<br />
Assim será, se quem de direito o entender e quiser contribuir para um futuro<br />
melhor para os actuais três milhões e meio de pessoas que habitam e trabalham<br />
na Região de Lisboa e Vale <strong>do</strong> <strong>Tejo</strong>. O País, creio, também beneficiará com esta<br />
opção.<br />
Que fazer de imediato Informar a opinião pública, recuperar o ante-projecto<br />
inicial, estu<strong>da</strong>r o impacto ambiental com to<strong>do</strong> o cui<strong>da</strong><strong>do</strong>, visto que foi um <strong>do</strong>s<br />
impeditivos anteriores, e seguir em frente.<br />
Porém, como to<strong>do</strong>s compreenderão, a opção é política. Cabe ao Governo.<br />
A importância <strong>do</strong> Mar<br />
Para terminar, gostaria de abor<strong>da</strong>r ain<strong>da</strong> um tema, recorrente, mas nunca
Assim será, se quem de direito o entender e quiser contribuir para um futuro<br />
melhor para os actuais três milhões e meio de pessoas que habitam e trabalham<br />
na Região de Lisboa e Vale <strong>do</strong> <strong>Tejo</strong>. O País, creio, também País: beneficiará Portugal com esta<br />
Transportes<br />
opção.<br />
em Revista.com<br />
ID: 30150673 13-05-2010<br />
Que fazer de imediato Informar a opinião pública, recuperar Period.: o Diária ante-projecto<br />
inicial, estu<strong>da</strong>r o impacto ambiental com to<strong>do</strong> o cui<strong>da</strong><strong>do</strong>, visto que foi um <strong>do</strong>s<br />
impeditivos anteriores, e seguir em frente.<br />
Porém, como to<strong>do</strong>s compreenderão, a opção é política. Cabe Âmbito: ao Governo. Online<br />
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A importância <strong>do</strong> Mar<br />
Para terminar, gostaria de abor<strong>da</strong>r ain<strong>da</strong> um tema, recorrente, mas nunca<br />
excessivo, sen<strong>do</strong>, aliás, minha convicção – dito en passant – que nunca será de<br />
mais falarmos de tu<strong>do</strong>, para que alguma coisa mude.<br />
To<strong>do</strong>s se recor<strong>da</strong>m certamente <strong>do</strong> discurso <strong>do</strong> então Primeiro-Ministro, proferi<strong>do</strong><br />
no Mosteiro <strong>do</strong>s Jerónimos aquan<strong>do</strong> <strong>da</strong> nossa adesão à CEE, em 12 de Junho de<br />
1985.<br />
Dizia ele que “seremos igualmente fiéis à nossa vocação atlântica, ten<strong>do</strong> visto,<br />
pelo presente Trata<strong>do</strong>, reconheci<strong>do</strong>s os nossos direitos sobre uma vastíssima<br />
zona desse oceano, que tão intimamente conhecemos há séculos e cujas<br />
imensas potenciali<strong>da</strong>des importa urgentemente saber aproveitar”.<br />
Na busca desse “saber aproveitar” têm-se feito algumas tentativas ao longo<br />
destes anos, ora crian<strong>do</strong> o Ministério <strong>do</strong> Mar, ora passan<strong>do</strong>-o a Secretaria de<br />
Esta<strong>do</strong>. A meu ver, com pouco sucesso.<br />
No Verão de 2009, foi publica<strong>do</strong> um estu<strong>do</strong> <strong>da</strong> Associação Comercial de Lisboa<br />
que não queremos deixar de louvar. Está de parabéns o Presidente <strong>da</strong><br />
associação, Bruno Bobone.<br />
O referi<strong>do</strong> estu<strong>do</strong> intitula-se; “Hipercluster <strong>da</strong> Economia <strong>do</strong> Mar” e nele se<br />
equacionam uma série de itens que interessa desenvolver de forma coordena<strong>da</strong>.<br />
Trata-se de uma chama<strong>da</strong> de atenção, dirigi<strong>da</strong> às instâncias políticas e à<br />
socie<strong>da</strong>de civil, para a importância <strong>da</strong> economia <strong>do</strong> Mar. Ali se deseja e se<br />
afirma possível que o valor directo, e repito, directo, <strong>da</strong>s activi<strong>da</strong>des econ micas<br />
liga<strong>da</strong>s ao Mar “aumente o seu peso directo na economia portuguesa de <strong>do</strong>is por<br />
cento <strong>do</strong> PIB para quatro a cinco por cento no final de 2025”. Quer isto dizer<br />
que, em pouco mais de uma dúzia de anos, se pretende, duplicar os valores<br />
actuais.<br />
Tomos sabemos: a politica <strong>do</strong> Mar é hoje, em grande parte se não na totali<strong>da</strong>de,<br />
defini<strong>da</strong> em Bruxelas e Estrasburgo. É, portanto, aí, nesses Fóruns, que devemos<br />
fazer valer as nossas posi es.<br />
Em primeiro lugar, porque é nossa “uma vast ssima zona desse atlântico”,<br />
corresponden<strong>do</strong>, em termos de Zona Económica Exclusiva, a <strong>do</strong>is terços <strong>do</strong> Mar<br />
<strong>da</strong> União Europeia. Em segun<strong>do</strong> lugar, porque “tão bem a conhecemos”.<br />
O Mar foi, durante muito tempo <strong>do</strong> passa<strong>do</strong>, o nosso destino e dele nos vieram<br />
lágrimas e grandeza.<br />
Que papel desempenhará ele no nosso futuro colectivo Eis a grande quest o.<br />
Damião Martins de Castro<br />
por: Dami o Martins de Castro<br />
Tags: CEE Lisboa Rio <strong>Tejo</strong> Silopor<br />
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