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Fecho da golada do Tejo

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funcionamento <strong>do</strong> porto, já tive oportuni<strong>da</strong>de de expressar, publicamente, a<br />

minha oposição ao seu traça<strong>do</strong>; mas traz, certamente, vantagens para as<br />

populações de ambas as margens, e não só. De referir, ain<strong>da</strong>, País: a Portugal zona <strong>da</strong>s <strong>do</strong>cas<br />

e a envolvente <strong>do</strong> terminal de contentores de Alcântara, para onde se fala já de<br />

um jardim junto <strong>do</strong>s contentores. A ser ver<strong>da</strong>de, limitará Period.: e muito, Diária a operação<br />

portuária. Surge, assim, a questão fun<strong>da</strong>mental: Como manter o porto com as<br />

valências actuais, se é às populações que cabe a vivência e usufruto <strong>da</strong>s<br />

singulares margens <strong>do</strong> rio<br />

Âmbito: Online<br />

Transportes em Revista.com<br />

ID: 30150673 13-05-2010<br />

A solução para este aparente dilema, não é nova nem original, Pag.: 3 <strong>da</strong><strong>do</strong> de 6que outros<br />

a têm experimenta<strong>do</strong> e com êxito. São tantos os exemplos, que será supérfluo<br />

citar como Londres, Nova Iorque ou Marselha.<br />

O porto tem de caminhar para fora <strong>da</strong> Ci<strong>da</strong>de. Tecnicamente falan<strong>do</strong>, é sabi<strong>do</strong><br />

que as condições de fun<strong>do</strong>s e navegabili<strong>da</strong>de óptimas estão aloca<strong>da</strong>s na foz <strong>do</strong><br />

<strong>Tejo</strong>, em especial na margem sul. É, pois, nessa direcção que o porto tem de<br />

caminhar. Uma tal solução, que já esteve em cima <strong>da</strong> mesa, deve voltar a ser<br />

equaciona<strong>da</strong>.<br />

Às Autarquias não agra<strong>da</strong> o manuseamento <strong>da</strong> carga nas suas zonas de<br />

influência. É um facto. Enquanto Presidente <strong>do</strong> porto, cheguei a ouvir afirmar que<br />

a Silopor devia aban<strong>do</strong>nar as actuais instalações. Devo admitir que conhecia,<br />

com algum detalhe as suas funções, <strong>da</strong><strong>do</strong> o facto de ter si<strong>do</strong> o primeiro<br />

Presidente <strong>do</strong> seu Conselho Fiscal. Quan<strong>do</strong> perguntei para onde deveria fazer-se<br />

a mu<strong>da</strong>nça, apenas obtive como resposta: “para o Alentejo, sei lá!”.<br />

Da minha experiência de Autarca (cabe aqui relembrar os oito anos de<br />

Presidência <strong>da</strong> Assembleia Municipal de Vale de Cambra, por sinal uma <strong>da</strong>s<br />

autarquias que mais serve e se serve <strong>do</strong>s portos de Aveiro e de Leixões, <strong>da</strong><strong>do</strong><br />

tratar-se de uma região muito industrializa<strong>da</strong> e com vocação exporta<strong>do</strong>ra),<br />

constato que a filosofia <strong>do</strong> poder autárquico, é, e bem, a defesa intransigente <strong>da</strong><br />

vi<strong>da</strong> e <strong>do</strong> bem-estar <strong>da</strong>s populações. Afinal são elas que elegem os autarcas.<br />

Mas atenção! Os interesses <strong>do</strong> to<strong>do</strong> Nacional devem sempre prevalecer sobre as<br />

conveniências <strong>da</strong>s autarquias, por muito importantes que estas sejam.<br />

É nesta categoria que se inscreve o caso de que vos falava. Nem o porto de<br />

Lisboa pode definhar, nem a Silopor - que presta um serviço de muita relevância<br />

na silagem <strong>da</strong>s matérias-primas que alimentam o nosso quotidiano - deve ser<br />

desactiva<strong>da</strong> ou trasla<strong>da</strong><strong>da</strong> de local apenas por capricho autárquico e, sobretu<strong>do</strong>,<br />

sem uma análise, cui<strong>da</strong><strong>da</strong>, <strong>do</strong>s efeitos práticos dessa alteração. A Silopor nasceu<br />

para responder não só às necessi<strong>da</strong>des nacionais, mas também como infraestrutura<br />

estratégica, certamente como outras que se situam ao longo <strong>da</strong> nossa<br />

costa.<br />

Quanto àqueles muitos que pensam que o porto de Lisboa deve destinar-se só<br />

para Turismo e Lazer, creio que desenham projectos conceptualmente<br />

harmoniosos, mas que, <strong>do</strong> meu ponto de vista, constituem erros estratégicos<br />

graves e de efeitos um tanto ou quanto populistas, se tivermos em conta a<br />

origem dessas propostas.<br />

Bastará, aliás, pensarmos se é possível que exista uma ci<strong>da</strong>de possui<strong>do</strong>ra de um<br />

porto com o de Lisboa, que tenha abdica<strong>do</strong> “tout court” <strong>da</strong> exploração <strong>do</strong> seu<br />

porto. E se existe, o que lhe aconteceu em termos de competitivi<strong>da</strong>de e de nível<br />

de vi<strong>da</strong> <strong>da</strong>s populações<br />

Não tenhamos dúvi<strong>da</strong>s. O porto tem uma função que, como referi, é indiscutível:<br />

Servir a ci<strong>da</strong>de de Lisboa e a maior região económica <strong>do</strong> País. Mas, para haver<br />

porto tem de haver merca<strong>do</strong>rias em trânsito. Tem de haver transporte marítimo<br />

para as transportar. E, acima de tu<strong>do</strong>, o conjunto <strong>da</strong>s várias componentes deve<br />

ter como objectivo imprimir competitivi<strong>da</strong>de, de forma a rivalizar com os<br />

restantes portos nacionais e internacionais e com outros mo<strong>do</strong>s de transporte.<br />

<strong>Fecho</strong> <strong>da</strong> Gola<strong>da</strong><br />

Não é possível, de forma precisa e sem margem de erro, prever o futuro. Mas,<br />

quan<strong>do</strong> ouvi o Almirante Vieira Matias, falar acerca <strong>da</strong> figura de Dom Nuno<br />

Alvares Pereira, referin<strong>do</strong>-se a essa figura maior <strong>da</strong> nossa História, afirmou que<br />

ele “soube analisar o passa<strong>do</strong> interpretar o presente, compreendê-lo e empurrar<br />

o futuro para o sítio certo”. Considero que será precisamente essa a forma de se<br />

poder evitar a situação que o porto está a atravessar, situação que eu definiria<br />

como o desaparecimento enquanto “porto de carga”.<br />

É certo que, com a adesão à CEE, hoje União Europeia, as nossas trocas<br />

comerciais passaram, em boa parte, <strong>da</strong> carga <strong>do</strong>s portos para carga nas<br />

ro<strong>do</strong>vias. Os parceiros comerciais também evoluíram e aqui ao la<strong>do</strong>, a Espanha,<br />

de parceiro irrelevante passou a parceiro importante (ver quadro 3).<br />

Na exportação, a carga transporta<strong>da</strong> na ro<strong>do</strong>via ultrapassa já a carga marítima.<br />

Será por isso que já circulam notícias, segun<strong>do</strong> as quais a carga não cresce nos<br />

portos.<br />

É um facto que a importância <strong>do</strong>s portos decresceu, mas mesmo assim, os

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