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CAMILA ALVES BAHIA Alterações nos marcadores hepáticos ...

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Universidade Federal do Rio de Janeiro<br />

Centro de Ciências da Saúde<br />

Instituto de Estudos em Saúde Coletiva<br />

<strong>CAMILA</strong> <strong>ALVES</strong> <strong>BAHIA</strong><br />

<strong>Alterações</strong> <strong>nos</strong> <strong>marcadores</strong> <strong>hepáticos</strong> decorrente da exposição<br />

ambiental a organoclorados em uma comunidade do Rio de Janeiro<br />

Rio de Janeiro<br />

Abril/2012


<strong>CAMILA</strong> <strong>ALVES</strong> <strong>BAHIA</strong><br />

<strong>Alterações</strong> <strong>nos</strong> <strong>marcadores</strong> <strong>hepáticos</strong> decorrente da exposição ambiental a<br />

organoclorados em uma comunidade do Rio de Janeiro<br />

Dissertação apresentada ao Programa de<br />

Pós-graduação em Saúde Coletiva do Instituto<br />

de Estudos em Saúde Coletiva, da<br />

Universidade Federal do Rio de Janeiro, como<br />

requisito parcial à obtenção do título de Mestre<br />

em Saúde Coletiva.<br />

Orientador: Prof. Dr. Raphael Mendonça Guimarães<br />

Orientação conjunta: Profa. Dra. Carmen Ildes Rodrigues Fróes Asmus<br />

Rio de Janeiro<br />

Abril/2012


B151<br />

Bahia, Camila Alves.<br />

<strong>Alterações</strong> <strong>nos</strong> <strong>marcadores</strong> <strong>hepáticos</strong> decorrente da<br />

exposição ambiental a organoclorados em uma comunidade do<br />

Rio de Janeiro/ Camila Alves Bahia. – Rio de Janeiro: UFRJ/<br />

Instituto de Estudos em Saúde Coletiva, 2012.<br />

88 f.; 30cm.<br />

Orientador: Raphael Mendonça Guimarães; Carmen Ildes<br />

Rodrigues Fróes Asmus.<br />

Dissertação (Mestrado) - UFRJ/Instituto de Estudos em<br />

Saúde Coletiva, 2012.<br />

Inclui bibliografia.<br />

1. Inseticidas organoclorados. 2. Gastroenterologia. 3.<br />

Disruptores endócri<strong>nos</strong>. 4. Epidemiologia. 5. Meio ambiente. 6.<br />

Brasil. I. Guimarães, Raphael Mendonça. II. Asmus, Carmen<br />

Ildes Rodrigues Fróes. III. Universidade Federal do Rio de<br />

Janeiro, Instituto de Estudos em Saúde Coletiva. IV. Título.<br />

CDD 668.651


ii<br />

<strong>CAMILA</strong> <strong>ALVES</strong> <strong>BAHIA</strong><br />

<strong>Alterações</strong> <strong>nos</strong> <strong>marcadores</strong> <strong>hepáticos</strong> decorrente da exposição ambiental a<br />

organoclorados em uma comunidade do Rio de Janeiro<br />

Dissertação apresentada ao Programa de<br />

Pós-graduação em Saúde Coletiva do Instituto<br />

de Estudos em Saúde Coletiva, da<br />

Universidade Federal do Rio de Janeiro, como<br />

requisito parcial à obtenção do título de Mestre<br />

em Saúde Coletiva.<br />

Banca Examinadora da Defesa<br />

Raphael Mendonça Guimarães, PhD., IESC/UFRJ<br />

Orientador<br />

João Paulo Machado Torres, DSc., Instituto de Biofísica / UFRJ<br />

Antonio Azeredo, DSc., IESC/UFRJ<br />

Rio de Janeiro<br />

Abril/2012


iii


iv<br />

Aos meus pais, irmãos e sobrinha,<br />

pelo amor e apoio incondicional.


v<br />

Agradecimentos<br />

Agradeço a Deus, pela força, coragem e sustento em mais um passo da minha<br />

vida acadêmica. A Ti toda honra e glória!<br />

À minha família, que do seu jeitinho único, me apoiou, sustentou, incentivou, e<br />

compreendeu. Possuo imenso orgulho de vocês, e sei que estão orgulhosos por mim.<br />

Amo vocês!<br />

À minha orientadora, Profª Drª Carmen Asmus, por ter me aceitado como<br />

orientanda, e pelo inenarrável presente que me foi dado por ela: a orientação em<br />

conjunto do Prof Dr Raphael Guimarães. Aos dois, obrigada pelos conhecimentos a<br />

mim transferidos, incentivo, por compreenderem minhas limitações e as adversidades<br />

que ocorreram neste período. Sinto-me profundamente orgulhosa por este período de<br />

convívio com vocês. Sem dúvida alguma, meu aprendizado e principalmente esta<br />

dissertação não “nasceria” e não seria a mesma sem vocês!<br />

A todo corpo docente do IESC, em especial aos professores Volney, Armando,<br />

Ana Maria, Teca, e Gabriel, com quem pude aprender o que é a saúde ambiental e a<br />

minha temida toxicologia.<br />

Ao Roberto, Geraldo, Ivisson, Carla, Fátima e Dentinho - técnicos<br />

administrativos do IESC, sempre atenciosos, prestativos, e sem os quais eu não<br />

conseguiria dar todos os passos que dei dentro do IESC.<br />

Às queridas mestrandas e doutorandas da linha de Produção, Ambiente e<br />

Saúde: Ludmila, Natalia, Tatiana, Aline, Patricia, Isabel e Thatiana. Obrigada pelo<br />

carinho, apoio, caronas, e por dividirem comigo tantos momentos bons e difíceis nesse<br />

período. Foi um grande prazer ter a companhia de vocês ao meu lado.<br />

A Flavia Curi, por todas as caronas, por me ouvir, apoiar, dividir, por ficar feliz<br />

com minhas vitórias, e me ensinar que nesta vida devemos cumprir cada etapa a seu<br />

tempo.<br />

À minha segunda família, a Micela: Fernanda Magalhães (e a Duda!), Luciana<br />

Lima, Natália Duarte, Roberta Palmieri, Silvia Canatto e Vanessa Camargos, Amigas<br />

queridas, verdadeiras irmãs. Perto ou longe; entre preferências e não preferências; entre<br />

cafés da manhã e almoços, subidas e descidas da serra, casamentos, aniversários ou<br />

simples comemorações, entre tantas conversas que nunca conseguimos terminar, entre<br />

tantas risadas e choros; sucessos e fracassos (houve algum), entre tantas “paranóias<br />

delirantes” (piada interna), sei o quanto estimaram meu sucesso e apoiaram meus


vi<br />

objetivos. Toda a minha vida pessoal e profissional não seriam as mesmas sem vocês.<br />

Agradeço também a <strong>nos</strong>sa escancarada versão masculina, porém bem mais calma e<br />

silenciosa: Rafa, Tonho, Leo e Tio Marcelo. Obrigada a todas (os) pelo amor de<br />

sempre, e por fazerem a caminhada se tornar mais feliz e leve.<br />

A Erika Barretto e Moniky Oliveira. Obrigada pelo incentivo, preocupação,<br />

apoio e por sempre estarem dispostas a me ouvir e ajudar no decorrer deste mestrado.<br />

Ao Muller Fernandes, por todo amor, carinho, companheirismo, apoio,<br />

amizade e credibilidade dada a mim.<br />

Aos colegas e usuários do CAPS Rocinha, por compreenderem a necessidade<br />

de minha ausência no trabalho que realizamos lá, quando entrei no curso de mestrado.<br />

Em especial Angela, Mario, Roberta, Amanda e Luciana(s)... Minha equipe querida e de<br />

quem sinto imensa saudade !<br />

Aos colegas de equipe do Instituto de Dermatologia Sanitária, por sempre me<br />

incentivarem nessa jornada. A Aline, Tânia, Marilena, Mirian, Ana Maria, Maria,<br />

Carmelita, Valmir, Eliana, Maria das Graças, Soninha, Christine, Marcos, Luci, Elias e<br />

Verinha: obrigada por sempre me ajudarem a ter um tempinho para ler no plantão.<br />

Aos caros e nobres colegas: Lilian Lauria, Giselle Israel, Rosa Polari, Sergio<br />

Aquino, Claudia Sá; além da Valéria Saraceni, Natália, Roberto e Aline. Obrigada por<br />

me ensinarem sobre política de saúde, planejamento, gerência e epidemiologia. Sintome<br />

profundamente grata pelos ensinamentos, bate-papos e por compreenderem minhas<br />

ausências e dificuldades.<br />

Por último, mas não me<strong>nos</strong> importante, agradeço a Drª Monica Edelenyi. Não<br />

só porque é minha querida chefa, mas porque sem ela eu não entraria no mestrado... E<br />

acreditem, também não teria saído! Agradeço todo o apoio, incentivo, amizade, e<br />

compreensão; por estar sempre a postos para resolver os mais diversos “pepi<strong>nos</strong>” que<br />

enfrentamos no trabalho (“Ai Jesus!”); por ter aguentado minha mania de arrumação de<br />

mesa, gaveta e armário, e ter escutado todos os meus problemas e dúvidas<br />

epidemiológicas por quase 2 a<strong>nos</strong>. Obrigada por me ensinar tanto sobre a verdadeira<br />

importância de uma pesquisa e de uma epidemiologia voltada, de fato, ao serviço e à<br />

política pública em saúde. Ficaria honrada se um dia fosse metade da profissional que<br />

és!


vi<br />

SUMÁRIO<br />

1. Introdução 16<br />

2. Revisão bibliográfica 19<br />

2.1 Pesticidas 19<br />

2.2 Organoclorados 19<br />

2.3 Sistema hepático 24<br />

2.4 Avaliação hepática 26<br />

2.5 Ação dos organoclorados sobre o fígado 31<br />

2.6 Cidade dos Meni<strong>nos</strong> 34<br />

3. Justificativa 36<br />

4. Objetivo geral 37<br />

4.1 Objetivos específicos 37<br />

5. Metodologia 38<br />

5.1 Desenho do estudo 38<br />

5.2 População e local do estudo 38<br />

5.3 Variáveis de estudo 38<br />

5.4 Fonte de dados 40<br />

5.5 Análise de dados 43<br />

5.6 Aspectos éticos 43<br />

6. Resultados 45<br />

7. Discussão dos resultados 64<br />

8. Conclusão 72<br />

9. Referências bibliográficas 74


vii<br />

RESUMO<br />

Introdução: Os compostos organoclorados possuem grande estabilidade no ambiente e<br />

<strong>nos</strong> organismos vivos devido à sua capacidade de bioacumulação, biomagnificação, e<br />

sua difícil degradação por processos naturais, o que pode levar a efeitos negativos na<br />

saúde humana. Um dos casos conhecidos sobre exposição ambiental a organoclorados,<br />

dioxinas e fura<strong>nos</strong>, no Brasil, é o caso Cidade dos Meni<strong>nos</strong> (Duque de Caxias – RJ);<br />

local de funcionamento de uma antiga fábrica produtora de compostos organoclorados,<br />

como HCH e DDT, e que após sua desativação permaneceu no local os resíduos dos<br />

compostos produzidos ali, disseminando-se por via aérea, águas pluviais e carreamento<br />

mecânico. Essa população exposta pode vir a apresentar efeitos <strong>hepáticos</strong>, já que o<br />

fígado sofre ação direta destas substâncias, devido a sua função de metabolização de<br />

compostos. Objetivos: avaliar a existência de alterações dos <strong>marcadores</strong> <strong>hepáticos</strong><br />

estudados decorrentes da exposição crônica a organoclorados; analisar as alterações<br />

encontradas de acordo com as características sócio-demográficas e as variáveis de<br />

exposição; relacionar as alterações encontradas com escores de exposição da população<br />

de Cidade dos Meni<strong>nos</strong>. Método: estudo do tipo observacional (seccional), tendo como<br />

população aquela residente em Cidade dos Meni<strong>nos</strong>, e que participou do inquérito de<br />

saúde da população residente na área, no ano de 2007, realizado pelo INCA, como parte<br />

do convênio estabelecido entre o INCA e a CGVAM (n = 1164). Foram calculadas as<br />

taxas de alterações dos <strong>marcadores</strong> <strong>hepáticos</strong>, razões de chance (odds ratio) brutas e<br />

ajustadas para os grupos de exposição e para os fatores de confusão, e seus respectivos<br />

IC de 95%, através de regressão logística binária não-condicional. Resultados: Apenas<br />

354 indivíduos foram incluídos na análise, devido à falta de informação nas variáveis<br />

usadas para criar os grupos de exposição. A população era predominantemente do sexo<br />

masculino, de faixa etária maior de 20 a<strong>nos</strong>, com IMC adequado. A maior parte dos<br />

casos apresentava níveis normais dos <strong>marcadores</strong> <strong>hepáticos</strong> e de colesterol total, HDL,<br />

LDL, e triglicerídeos. Os indivíduos mais expostos aos compostos organoclorados<br />

apresentavam mais alterações <strong>nos</strong> níveis séricos de LDL e colesterol total. Entretanto,<br />

para os demais <strong>marcadores</strong> <strong>hepáticos</strong>, após a elaboração da regressão logística, não foi<br />

encontrada significância estatística para os grupos de exposição. Conclusão: o achado é<br />

coerente com os mecanismos toxicológicos dos organoclorados, que interferem no<br />

sistema endócrino ao realizar feedback negativo na síntese de hormônios esteroidais,<br />

especialmente o estrogênio, e com isso interferindo também no metabolismo lipídico.<br />

Não houve condições de avaliação de lesão hepática, devido às limitações do estudo.<br />

Palavras-Chave: Inseticidas Organoclorados. Gastroenterologia.<br />

Disruptores endócri<strong>nos</strong>. Epidemiologia. Meio ambiente. Brasil.


viii<br />

ABSTRACT<br />

Introduction: Organochlorine compounds have great stability in the environment and<br />

in living organisms due to its ability to bioaccumulate, biomagnification, and its<br />

difficult to degrade by natural processes, which can lead to negative effects on human<br />

health. One of the known cases of environmental exposure to organochlorines, dioxins<br />

and furans, in Brazil, in the case of Cidade dos Meni<strong>nos</strong> (Duque de Caxias - RJ), place<br />

of operation of an old factory producing organochlorine compounds such as DDT and<br />

HCH, and after deactivation stayed at the waste of the compounds produced there,<br />

spreading by air, rainwater and mechanic entrainment. This exposed population might<br />

have hepatic effects, since the liver suffers the direct action of these substances, due to<br />

its function of metabolizing compounds. Objectives: To evaluate the existence of<br />

changes in the markers studied liver resulting from chronic exposure to<br />

organochlorines, to analyze the changes found in accordance with the sociodemographic<br />

characteristics and exposure variables, relate the changes found with<br />

scores of exposure of the population of Cidade dos Meni<strong>nos</strong> . Method: an observational<br />

study (sectional), with the population that lives in Cidade dos Meni<strong>nos</strong>, and who<br />

participated in a health survey of the resident population in the area, in 2007, organized<br />

by INCA as part of the agreement established between the INCA and CGVAM (n =<br />

1164). Rates were calculated from changes in hepatic markers, odds ratios (odds ratio)<br />

crude and adjusted for exposure groups and for confounding factors, and their<br />

respective 95%, by binary logistic regression non-conditional. Results: Only 354<br />

individuals were included in the analysis due to lack of information in variables used to<br />

create groups of exposure. The population was predominantly male, aged more than 20<br />

years, with adequate BMI. Most of the cases had normal levels of liver markers and<br />

total cholesterol, HDL, LDL and triglycerides. The individuals most exposed to<br />

organochlorine compounds showed more changes in serum total and LDL cholesterol.<br />

However, for other liver markers, after the establishment of logistic regression, we<br />

found no statistical significance for the exposure groups. Conclusion: The finding is<br />

consistent with the toxicological mechanisms of organochlorines, which interfere with<br />

the endocrine system by performing negative feedback in the synthesis of steroid<br />

hormones, especially estrogen, and thereby also interfering with lipid metabolism.<br />

There was no opportunity to evaluate liver damage due to the limitations of the study.<br />

Keywords: Organochlorine insecticides. Gastroenterology. Endocrine Disruptors,<br />

Epidemiology. Environment. Brazil.


ix<br />

Lista de tabelas<br />

Tabela 1 – Distribuição por sexo, escolaridade, renda familiar, microárea de residência,<br />

condição de nascimento em Cidade dos Meni<strong>nos</strong>, grupos de exposição, IMC e uso de<br />

álcool dos 354 habitantes de Cidade dos Meni<strong>nos</strong>, Duque de Caxias, RJ; p. 46.<br />

Tabela 2 – Tabela 02: Distribuição dos indivíduos, segundo sexo, nascimento em cidade<br />

dos Meni<strong>nos</strong>, microárea de residência, faixa etária, uso de álcool e IMC, e grupos de<br />

exposição dos 354 habitantes de Cidade dos Meni<strong>nos</strong>, Duque de Caxias, RJ, p.48.<br />

Tabela 3 – Distribuição dos indivíduos, segundo variáveis sociodemográficas por<br />

<strong>marcadores</strong> <strong>hepáticos</strong>, p. 50.<br />

Tabela 4 – Distribuição dos indivíduos, segundo grupos de exposição por <strong>marcadores</strong><br />

<strong>hepáticos</strong>, p. 54.<br />

Tabela 5 – Associação entre variáveis sociodemográficas, variável de exposição e<br />

alterações em <strong>marcadores</strong> <strong>hepáticos</strong> por regressão logística, p. 56.<br />

Tabela 6 – Associação entre variável de exposição e alterações em <strong>marcadores</strong><br />

<strong>hepáticos</strong> por regressão logística, p. 61.


x<br />

Lista de Quadros<br />

Quadro 01: Características das enzimas hepáticas, p. 28.<br />

Quadro 02: Exames utilizados para avaliação da função hepática, p. 30.<br />

Quadro 03: Efeitos <strong>hepáticos</strong> decorrentes da exposição crônica a DDT, HCH, Dioxinas<br />

e fura<strong>nos</strong>, p. 33.<br />

Quadro 04: Exames coletados e valores de referência, p. 41.


xi<br />

Lista de Figuras<br />

Figura 01 - Estrutura do lóbulo hepático, p. 26.


xii<br />

Lista de siglas e abreviações<br />

ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária<br />

ATP - Ade<strong>nos</strong>ina trifosfato<br />

ATSDR – Agency for Toxic Substances and Disease Registry<br />

CGVAM - Coordenação de Vigilância em Saúde Ambiental do Ministério da Saúde<br />

CM – Cidade dos Meni<strong>nos</strong><br />

CONPREV - Coordenação de Prevenção e Vigilância<br />

DDD – 1,1-dicloro-2,2-bis(p-clorofenil) etano<br />

DDE – 1,1-dicloro-2,2-bis(p-clorofenil)etileno<br />

DDT – 1,1,1-tricloro-2,2-bis(p-clorofenil) etano<br />

EMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária<br />

EPA – Environmental Protection Agency<br />

FEEMA – Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente<br />

FIOCRUZ – Fundação Oswaldo Cruz<br />

FUNASA - Fundação Nacional de Saúde<br />

GABA – Ácido gama amino butírico<br />

GGT - Gama glutamil transpeptidase<br />

HCH - Hexaclorociclohexano<br />

HDL – Lipoproteína de alta densidade<br />

IARC - International Agency for Research on Cancer<br />

IESC - Instituto de Estudos em Saúde Coletiva<br />

INCA - Instituto Nacional do Câncer<br />

IOMC - Inter-Organization Programme for the Sound Management of Chemicals<br />

LDL – Lipoproteína de baixa densidade<br />

MS – Ministério da Saúde<br />

OC - Organoclorados


xiii<br />

OPAS – Organização Pan-Americana de Saúde<br />

PARA – Programa de Análise de Resíduos Sólidos<br />

PCB – Bifenilas policloradas<br />

PCDD - Dibenzo-p-dioxinas<br />

PCDF - Dibenzo-fura<strong>nos</strong> policlorados<br />

PNDA - Plano Nacional de Defensivos Agrícolas<br />

POP - Poluentes Orgânicos Persistentes<br />

RE – Retículo endoplasmático<br />

SINITOX - Sistema Nacional de Informações Toxico Farmacológicas<br />

TGO - Aspartato aminotransferase<br />

TGP - Alanina aminotransferase<br />

UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro


xiv<br />

NOTA INTRODUTÓRIA<br />

O presente projeto é um dos produtos do Termo de Cooperação nº 74/2010<br />

(processo nº 25000.153491/2010-00) estabelecido entre o Instituto de Estudos em Saúde<br />

Coletiva (IESC) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e a Coordenação de<br />

Vigilância em Saúde Ambiental do Ministério da Saúde (CGVAM/MS) no ano de 2011.<br />

Este Termo de Cooperação, nomeado “Análise dos Efeitos à Saúde decorrentes<br />

da Exposição a Compostos Organoclorados em Cidade dos Meni<strong>nos</strong> – RJ” tem como<br />

objeto a análise do banco de dados produzido pelo Instituto Nacional do Câncer<br />

(INCA), durante o ano de 2007, a partir de um convênio realizado, à época, entre o<br />

INCA e a CGVAM.<br />

O convênio estabelecido entre o INCA e a CGVAM teve como objeto a<br />

realização de um inquérito de saúde da população residente na área denominada Cidade<br />

dos Meni<strong>nos</strong>, com coleta de dados clínicos, exame físico e exames laboratoriais. Ele foi<br />

finalizado no ano de 2007 e o banco de dados produzido foi entregue ao MS.<br />

No ano de 2011, o IESC/UFRJ foi chamado pelo MS para analisar este banco<br />

de dados, através do Termo de Cooperação supracitado. O presente projeto de pesquisa<br />

tem como objeto a análise dos dados e informações de saúde existentes neste banco<br />

referentes aos efeitos da exposição a compostos organoclorados sobre o sistema<br />

hepático da população de Cidade dos Meni<strong>nos</strong>.


16<br />

1. INTRODUÇÃO<br />

Os pesticidas têm sido cada vez mais empregados devido ao crescimento da<br />

população mundial e sua consequente demanda por mantimentos, já que na agricultura o<br />

seu uso é a principal estratégia para o combate e prevenção de pragas agrícolas, o que<br />

garante alimento em quantidade suficiente para a população (Caldas, 2000; Tajara,<br />

1998). Outro uso que também aumentam a demanda por seu uso e produção é sua<br />

eficácia no controle e combate de diversas doenças transmitidas por vetores, e o<br />

incremento da industrialização com consequente aumento do consumo de produtos<br />

(Carvalho, 1980; Silva, 2005).<br />

No mundo são utilizadas aproximadamente 2,5 milhões de toneladas de<br />

pesticidas por ano e o Brasil apresenta consumo superior a 300 mil toneladas por ano<br />

(Embrapa, 2011). Dados disponibilizados pelo Sistema Nacional de Informações<br />

Tóxico-Farmacológicas – SINITOX - mostram que dos 11484 casos de intoxicação por<br />

pesticidas em geral no Brasil, no ano de 2009, 41,33% foram causados por tentativa de<br />

suicídio, 38,14% por acidentes individuais, e 0,36% causados por acidente ambiental<br />

(Sinitox, 2011).<br />

Estes pesticidas, também chamados de praguicidas, agrotóxicos, defensivos<br />

agrícolas, vene<strong>nos</strong>, e biocidas, por estas serem nomenclaturas dadas a um mesmo grupo<br />

de substâncias químicas, apesar dos benefícios que trouxeram à humanidade, são<br />

compostos potencialmente tóxicos ao homem e ao ambiente, e capazes de poluir água,<br />

solo, ar, além de alimentos (Allsopp, 2000; Mello, 2005; Pesquero, 1999).<br />

Praguicidas, pesticidas, agrotóxicos ou defensivos agrícolas referem-se a um<br />

amplo grupo de compostos produzidos por processos físicos, químicos ou biológicos, e<br />

que possuem a finalidade de alterar a composição de fauna e flora, a fim de preservá-las<br />

da ação da<strong>nos</strong>a de seres vivos considerados nocivos. São usados <strong>nos</strong> setores de<br />

produção, armazenamento e beneficiamento de produtos agrícolas; pastagens; proteção<br />

de florestas e outros ecossistemas, tratamento de madeiras para construção,<br />

domissanitários, além de ambientes urba<strong>nos</strong>, hídricos e industriais (Brasil, 1989; Oga,<br />

2008; Tajara, 1998; Silva, 2005).<br />

A produção de pesticidas em escala mundial teve inicio em 1930,<br />

intensificando-se em 1940. A entrada no Brasil se deu na década de 1960, sendo<br />

utilizado na agricultura e no combate de pragas e doenças, onde trouxeram importantes<br />

benefícios, como a possibilidade de colheitas mais abundantes e profilaxia de endemias,


17<br />

como malária, tifo, febre amarela e pragas que existiam nas lavouras (Carvalho, 1980;<br />

Silva, 2005; Ribeiro, 2005; Casarett, 2007).<br />

Seu uso e produção no país aumentou ainda mais em decorrência do Plano<br />

Nacional de Defensivos Agrícolas – PNDA, lançado em 1975, o qual determinava a<br />

obrigatoriedade de seu uso para quem pretendesse utilizar o crédito rural. Essa política<br />

integrava a Revolução Verde e objetivava aumentar a produtividade agrícola a partir do<br />

incremento da utilização de agrotóxicos, expansão das fronteiras agrícolas e aumento da<br />

mecanização da produção (Silva, 2005; Ribeiro, 2005).<br />

Apesar dos benefícios supracitados, os pesticidas são considerados um dos<br />

mais importantes fatores de risco para a saúde humana, devido aos da<strong>nos</strong> às populações<br />

humanas, como envenenamento de trabalhadores; a intensa degradação do meio<br />

ambiente (com contaminação de água e solo), e pelo aparecimento de resistência em<br />

organismos-alvo, como pragas e vetores (Silva, 2005; Ribeiro, 2005).<br />

Alguns dos pesticidas fazem parte do grupo de Poluentes Orgânicos<br />

Persistentes ou POPs, os quais são extremamente difíceis de eliminar do ambiente<br />

(Allsopp, 2000; Mello, 2005; Pesquero, 1999). Os POPs possuem grande estabilidade<br />

no ambiente e <strong>nos</strong> organismos vivos devido à sua capacidade de bioacumulação,<br />

biomagnificação, e sua difícil degradação por processos naturais, o que pode levar a<br />

efeitos negativos na saúde humana.<br />

Também por estas características, muitos deles foram amplamente difundidos<br />

no ambiente, pelas correntes de ar, e água (rios e ocea<strong>nos</strong>), chegando a se tornar<br />

contaminantes globais; podendo ainda hoje ser encontrados no ambiente devido a<br />

depósitos de resíduos industriais e à contaminação de água e alimentos (Allsopp, 2000).<br />

Estes POPs foram elaborados e liberados pela indústria química de forma<br />

intencional (produtos), e não intencional (subprodutos e resíduos). Em 2001, seu uso foi<br />

proibido pela Convenção de Estocolmo - tratado internacional que visava reduzir ou<br />

eliminar a produção, uso e disposição dos POPs ( IOMC, 2002).<br />

Nesta Convenção foram instituídas doze substâncias que deveriam ser alvo de<br />

políticas e ações, a fim de reduzir ou eliminar sua produção. Dentre as 12 substâncias,<br />

as nove primeiras são compostos organoclorados: Aldrin, Clordano, DDT, Dieldrin,<br />

Endrin, Heptacloro, Mirex, Toxafeno, Hexaclorobenzeno, Bifenilas Policloradas,<br />

Dioxinas e Fura<strong>nos</strong>. (IOMC, 2002).


18<br />

Os compostos organoclorados apresentam vários efeitos sobre a saúde humana,<br />

pois a exposição crônica a estes compostos pode levar ao aparecimento de efeitos<br />

tóxicos em vários sistemas orgânicos, como neuropatia periférica, discrasia sanguínea,<br />

aplasia medular, lesões renais, arritmias, promoção de tumores, alterações endócrinas,<br />

alterações no sistema reprodutivo, óbito fetal e aborto espontâneo (Amato, 2002; Flores,<br />

2004).<br />

Os organoclorados foram utilizados na agricultura e em programas de saúde<br />

pública, em toda a América Latina, e no Brasil (Allsopp, 2000). Apesar do Brasil ser um<br />

dos líderes mundiais em consumo de pesticidas e com numerosa e diversificada<br />

população exposta, os sistemas de informação mostram dados desarticulados e<br />

limitados, no que se refere às informações sobre as exposições e intoxicações crônicas,<br />

abrangendo em sua maioria casos agudos e mais graves (Faria, 2007; Faria, 2009; Silva,<br />

2005).<br />

Um dos casos conhecidos sobre exposição ambiental a organoclorados,<br />

dioxinas e fura<strong>nos</strong>, no Brasil, é o caso Cidade dos Meni<strong>nos</strong>, região localizada no<br />

município de Duque de Caxias - estado do Rio de Janeiro; onde funcionava o Instituto<br />

de Malariologia (antiga fábrica produtora de compostos organoclorados, como HCH e<br />

DDT), o Abrigo Cristo Redentor e uma vila de casas, nas quais residiam trabalhadores<br />

da fábrica e do abrigo (Oliveira, 2003). Após a desativação da fábrica, os resíduos dos<br />

compostos produzidos permaneceram no local, disseminando-se por via aérea, águas<br />

pluviais e carreamento mecânico (MS, 2004).<br />

Essa população, devido à exposição crônica aos organoclorados, está sendo<br />

monitorada pelo sistema de saúde público e avaliada quanto aos possíveis efeitos<br />

tóxicos destes compostos sobre a sua saúde. Dentre os efeitos desta exposição crônica<br />

sobre o organismo humano está a ação tóxica que estes compostos possuem sobre o<br />

sistema hepático, já que o fígado sofre ação direta destas substâncias, devido a sua<br />

função de metabolização de compostos (MS, 2001; Oga, 2008).<br />

Dessa forma, o presente estudo tem como objeto a ocorrência de alterações <strong>nos</strong><br />

<strong>marcadores</strong> <strong>hepáticos</strong> na população expostas aos compostos organoclorados em Cidade<br />

dos Meni<strong>nos</strong>.


19<br />

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA<br />

2.1Pesticidas<br />

Pesticida é qualquer substância ou mistura de substâncias destinadas a<br />

prevenir, destruir ou controlar pragas, vetores de enfermidade, ou que interfiram na<br />

produção. Dessa forma, podem ser utilizados em vários âmbitos, por seu efeito tóxico<br />

sobre diferentes organismos. A classificação de acordo com a finalidade de uso é (Oga,<br />

2008; Tajara 1998):<br />

▪ Inseticidas: usados contra uma grande variedade de pragas (insetos, larvas e<br />

formigas).<br />

▪ Herbicidas: usados no combate a ervas daninhas;<br />

▪ Fungicidas: combatem fungos;<br />

▪ Raticidas<br />

Os inseticidas são divididos em quatro grupos, a saber:<br />

Organofosforados: compostos orgânicos derivados do ácido fosfórico, do ácido<br />

tiofosfórico ou do ácido ditofosfórico;<br />

Carbonatos: derivados do ácido carbâmico;<br />

Organoclorados: compostos à base de carbono, com radicais de cloro. São<br />

derivados do clorobenzeno, do ciclo-hexano ou do ciclodieno;<br />

Piretróides: compostos sintéticos, apresentam estruturas semelhantes à piretrina<br />

(substância existente nas flores do Chrysanthmum (pyrethrum) cinenariaefolium)<br />

(OPAS, 1996).<br />

2.2 Organoclorados<br />

Os organoclorados são inseticidas que foram desenvolvidos a partir de meados<br />

dos a<strong>nos</strong> 1940, sendo amplamente utilizados na agricultura, silvicultura, domicílios e<br />

saúde pública, <strong>nos</strong> programas de controle a vetores e doenças. Seu emprego tem sido<br />

progressivamente restringido ou proibido em vários países, a partir da década de 1970,<br />

principalmente por serem considerados os inseticidas mais persistentes e os que<br />

oferecem maior risco à saúde humana. Acumulam-se na cadeia alimentar, e podem<br />

originar metabólitos mais tóxicos ou persistentes, e com maiores efeitos nocivos<br />

(Carvalho, 1980; Casaret, 2007; Tajara, 1998).


20<br />

Esta restrição / proibição se deve principalmente à suas características de<br />

bioacumulação, biomagnificação e persistência no ambiente por várias décadas (Albert,<br />

1998; Oga, 2008; Tajara, 1998).<br />

São hidrocarbonetos clorados, com estrutura cíclica e peso molecular entre 300<br />

e 500, apresentando volatilidade limitada.<br />

Compreendem um grupo diverso de agentes, pertencentes a três classes<br />

químicas distintas, incluindo o diclorodifeniletano (DDT e análogos),<br />

hexaclorociclohexano (HCH e isômeros); Ciclodie<strong>nos</strong>; e o toxafeno e seus compostos<br />

relacionados.<br />

Os compostos organoclorados envolvidos no presente estudo são DDT, HCH e<br />

dioxinas e fura<strong>nos</strong>.<br />

O DDT (dicloro difenil tricloroetano) é um pesticida que não é encontrado<br />

naturalmente na natureza, sendo criado e amplamente usado para controle de insetos na<br />

agricultura e àqueles que carreavam doenças (malária e tifo). Após 1972, seu uso não<br />

era permitido <strong>nos</strong> Estados Unidos da América, exceto em casos de emergências de<br />

saúde pública. Atualmente é usado em poucos países para o controle da malária<br />

(ATSDR, 2002). É uma mistura de três formas: p,p’-DDT (85%), o,p’-DDT (15%), e<br />

o,o’-DDT. Apresenta como subprodutos de sua degradação - sendo também usados<br />

como pesticidas, porém em menor extensão que o DDT - o DDE (1,1-dicloro-2,2-bis(pclorofenil)etileno)<br />

and DDD (1,1-dicloro-2,2-bis(p-clorofenil) etano) (ATSDR, 2002).<br />

De forma geral, a absorção é maior quando a via de exposição é oral, a qual<br />

pode ocorrer acidentalmente ou intencionalmente (casos de suicídio) (ATSDR, 2002).<br />

Já a absorção dérmica é considerada limitada, porém, sua capacidade de absorção<br />

aumenta na presença de solventes (ATSDR, 2002).<br />

O DDT e seus metabólitos – DDE e DDD – são lipossolúveis, e por isso, uma<br />

vez absorvidos, são rapidamente distribuídos pelo organismo, via sistema linfático e<br />

sanguíneo. Dessa forma, o DDT deposita-se em tecidos como medula óssea, fígado,<br />

rins, coração, sistema nervoso central, e tecido adiposo (Oga, 2008).<br />

A principal via de excreção de DDT é na urina, ocorrendo também nas fezes<br />

(via excreção biliar) e leite materno (ATSDR, 2002, MS, 2003).


21<br />

O hexaclorociclohexano (HCH) é uma substância química que possui oito<br />

isômeros, sendo cada um destes nomeados de acordo com a posição do hidrogênio na<br />

estrutura química do composto.<br />

Sua forma é sólida, de cor branca, e que apresenta como resultado de sua<br />

evaporação, um vapor incolor, com ligeiro odor de mofo. Outras formas de<br />

apresentação são: poeira, pó, líquido e concentrado. Também está disponível na forma<br />

de loção, creme ou shampoo para tratar e / ou controlar a sarna (ácaros) e piolhos em<br />

huma<strong>nos</strong>.<br />

A absorção pode ocorrer através da via respiratória (ocorre a inalação de vapor<br />

ou poeira do HCH – mais frequente em exposições ocupacionais), via dérmica ou via<br />

digestiva ( esta ocorre em forma acidental), sendo a presença de solventes um fator que<br />

acelera sua absorção. É bem distribuído pelo organismo humano (ATSDR, 2002).<br />

Dibenzo-p-dioxinas (PCDD ou dioxinas) e dibenzo-fura<strong>nos</strong> policlorados<br />

(PCDF ou fura<strong>nos</strong>) são duas classes de compostos altamente tóxicos, aromáticos<br />

tricíclicos, com propriedades físicas e químicas semelhantes.<br />

Não ocorrem naturalmente na natureza, sendo criados como subprodutos não<br />

intencionais de vários processos envolvendo cloro ou substâncias que o contenham,<br />

como por exemplo, produção de pesticidas, incineração de resíduos, e processos de<br />

combustão (Pesquero, 1999).<br />

Dessa forma, oferecem uma ampla rota de exposição, como emissões<br />

atmosféricas, comtaminação de solo, produtos alimentícios, e água. Devido à sua<br />

lipossolubilidade, é encontrada ainda em alimentos, como carne e derivados do leite<br />

(Pesquero, 1999).<br />

Estas subcategorias diferem em relação à dose tóxica, absorção cutânea,<br />

acumulação no tecido adiposo, metabolismo e eliminação; apresentando similaridade<br />

<strong>nos</strong> sinais e sintomas apresentados pelos huma<strong>nos</strong> expostos (Casarett, 2007; Oga,<br />

2008).<br />

Em relação ao potencial carcinogênico, a International Agency for Research on<br />

Cancer ( IARC) classifica alguns dos organoclorados (como por exemplo o DDT,<br />

Hexaclorobenzeno e heptacloro), como pertencentes ao grupo 2B, ou seja,<br />

possivelmente cancerígeno para a espécie humana (EPA, 2005).


22<br />

Sua absorção pode ocorrer por via dérmica, respiratória e digestiva, sendo alterada pela<br />

presença de veículos (solventes), gordura e pelo estado físico do próprio agrotóxico. A<br />

via de absorção mais ligada à toxicidade é a digestiva (Hughes, 2005). Devido à sua alta<br />

lipossolubilidade, são rapidamente absorvidos, bem distribuídos no meio ambiente e no<br />

organismo humano, e depositados no tecido adiposo e leite humano (Albert, 1988;<br />

Hughes, 2005; Tajara, 1998).<br />

Sua biotransformação é lenta, devido aos anéis aromáticos e ao número de<br />

átomos de cloro presentes em sua estrutura química, sendo a remoção destes últimos<br />

muito difícil de ocorrer pelos processos enzimáticos disponíveis no organismo humano.<br />

Isso favorece ao aumento da permanência do composto <strong>nos</strong> organismos vivos e no meio<br />

ambiente (Casarett, 2007, Hughes, 2005).<br />

As rotas de biotransformação são complexas e incluem fase I (declorinação e<br />

demetilação) e fase II (Conjugação), seguido de eliminação (Hughes, 2005).<br />

As exposições podem ocorrer no setor agropecuário, saúde pública firmas<br />

desinsetizadoras, e em seu transporte, comercialização e produção; sendo os indivíduos<br />

expostos tanto os trabalhadores que lidam direto com os compostos, quanto suas<br />

famílias, a população circunvizinha a uma unidade produtiva, e população que ingere o<br />

alimento com resíduos, ou sofre exposição dérmica em aplicações domésticas ou<br />

pulverizações, ou por inalação durante a aplicação de spray (Silva, 2005; Tajara, 1998).<br />

Devido à capacidade dos compostos e seus metabólitos serem excretados no<br />

leite humano, mulheres expostas transferem estes compostos para seus filhos, durante a<br />

amamentação. Outra fonte de exposição são as carnes de animais e ovos de galinha, se a<br />

alimentação destes animais contiver resíduos dos compostos (Albert, 1988).<br />

Os organoclorados possuem ação tóxica prevalente sobre o sistema nervoso,<br />

devido à sua lipossolubilidade, apresentando efeito estimulante sobre o sistema nervoso<br />

central (Tajara, 1998; OPAS, 1996).<br />

Os efeitos agudos aparecem várias horas (6 a 24 h) após a exposição, e<br />

geralmente são parestesia da língua, lábios e face; hipersensibilidade à luz, toque e som;<br />

irritabilidade, tontura e vertigem, tremores e convulsões tônico-clônicas. Isso se dá<br />

porque estes compostos levam à redução da velocidade em que ocorre a despolarização,<br />

aumentando a sensibilidade dos neurônios a peque<strong>nos</strong> estímulos (Casarett, 2007).<br />

Embora pertençam ao mesmo grupo, os organoclorados possuem certas<br />

particularidades. Por exemplo, o hexaclorociclohexano e o ciclodieno possuem


23<br />

mecanismos de ação sobre o sistema nervoso diferentes do DDT, pois a ação deste<br />

último é mais localizada na parte sensorial do sistema nervoso, e dos outros, a ação é<br />

localizada no próprio sistema nervoso central, através do antagonismo à ação do<br />

neurotransmissor ácido gama-aminobutírico (GABA). Os compostos atuam sobre os<br />

receptores GABA e bloqueiam a captação de GABA, o que leva a hiperatividade.<br />

Inibem ainda os íons Na + , K + -ATPase , Ca 2++ -ATPase, Mg 2 + -ATPase, essenciais para<br />

o transporte (absorção e libertação) de cálcio através das membranas, o que resultará em<br />

despolarização e hiperexcitação de membranas pós-sinápticas (Casarett, 2007).<br />

Os efeitos crônicos sobre a saúde humana são mais prejudiciais que os agudos,<br />

porém os agudos são mais fáceis de detectar, por apresentarem e possuírem sinais e<br />

sintomas clínicos bem conhecidos e descritos na literatura. (Tajara, 1998). A maioria<br />

dos efeitos decorrentes da exposição crônica aos compostos organoclorados sobre a<br />

saúde humana são difíceis de detectar também devido às dificuldades metodológicas e<br />

da extrapolação dos resultados (Tajara, 1998).<br />

Alguns efeitos crônicos da exposição ao DDT são dores de cabeça, visão turva,<br />

nistagmo horizontal, parestesia em pernas, perda de memória, diminuição do<br />

desempenho escolar, comportamento impulsivo, mudanças em personalidade, agitação e<br />

fadiga, baixa auto-estima, depressão, redução da espermatogênese, indução de enzimas<br />

e / ou propriedades estrogênicas, com interferência direta ou indireta na fertilidade e<br />

reprodução (Casarett, 2007; Hughes, 2005).<br />

Outras manifestações da exposição crônica são neuropatias periféricas,<br />

(inclusive com paralisias), discrasias sangüíneas, aplasia medular, lesões renais,<br />

arritmias cardíacas, cloroacne, além de lesões hepáticas com alterações das<br />

transaminases e da fosfatase alcalina . Em altas doses são indutores das enzimas<br />

microssômicas hepáticas. (OPAS, 1996). Agem sobre o córtex da supra - renal e<br />

ocasionam manifestações anti esteroidais e induzem as enzimas microssomais .<br />

Induzem a teratogênese e mutagênese.(Albert, 1988).<br />

Ao se realizar a busca sobre artigos nesse tema, percebemos a escassa<br />

quantidade de informações sobre os efeitos em huma<strong>nos</strong>, sendo a maioria dos achados<br />

decorrentes de estudos que realizam a leitura e comparação das concentrações séricas e<br />

em tecido adiposo dos clorados (Tusscher, 2007; Kang, 1997), e estudos em animais,<br />

<strong>nos</strong> quais o fígado aparece como um dos primeiros alvos da ação tóxica dos<br />

organoclorados (ATSDR, 2002).


24<br />

A maioria dos estudos nacionais e internacionais publicados sobre efeitos sobre<br />

a saúde humana decorrentes da exposição crônica a organoclorados tratam de estudos<br />

onde os sujeitos de observação são animais e trabalhadores. Isso se deve ao fato de que<br />

muitas vezes é difícil excluir variáveis confundidoras no caso de uma exposição<br />

ambiental a organoclorados e outros compostos persistentes, como as dioxinas e<br />

fura<strong>nos</strong>, (Guzelian, 1985).<br />

2.3 Sistema hepático<br />

O fígado é o maior órgão do corpo humano. É altamente vascularizado,<br />

possuindo aporte do sistema sanguíneo e do sistema linfático. Possui capacidade de<br />

regeneração de seu tecido, mesmo no indivíduo adulto (Gayotto, 2001; Mendes, 2008).<br />

A unidade básica do tecido hepático é o lóbulo hepático, o qual comporta em<br />

cada um de seus ângulos os espaços porta (que por sua vez, comportam a tríade portal -<br />

ducto hepático, artéria hepática e veia porta); e centralmente a veia hepática terminal<br />

(Gayotto, 2001) – Figura 01.<br />

Os hepatócitos são células poligonais, que perfazem cerca de 70% do volume<br />

hepático. Seu citoplasma é dividido em três zonas e possui uma organização própria,<br />

onde membranas do retículo endoplasmático (RE) estão em continuidade com a<br />

membrana nuclear externa, formando cisternas paralelas ou associadas a mitocôndrias.<br />

A síntese protéica destinada ao uso fora do hepatócito ocorre na zona 1, onde o<br />

RE granular é mais abundante . Já a síntese protéica para uso intrínseco é realizada por<br />

polissomos livres no citoplasma.<br />

O RE liso está situado em continuidade com o RE granular, e suas membranas<br />

são ricas em citocromo P450, o qual possui a função de detoxificação de drogas.<br />

Funções importantes do RE liso são a síntese de ácidos biliares, síntese lipídica,<br />

metabolismo do glicogênio e de glicoproteínas e depósito de cálcio (Gayotto, 2001).<br />

Sua localização estratégica entre o trato intestinal e o resto do corpo, o facilita<br />

a manter a homeostase corporal, o faz metabolizar nutrientes ingeridos, vitaminas,<br />

metais, drogas, toxinas ambientais, e resíduos de bactérias, pois o sangue ve<strong>nos</strong>o<br />

proveniente do estômago e intesti<strong>nos</strong> é direcionado para a veia porta e segue através do<br />

fígado (onde ocorrem catabolismo, armazenamento e / ou excreção através da bile)<br />

antes de entrar na circulação sistêmica (Casarett, 2007).


25<br />

Em relação às suas funções, o fígado realiza a síntese protéica de albumina,<br />

fatores de coagulação (como o Fibrinogênio (fator I), Protrombina (fator II), e Fatores<br />

V, VII e X), além de glicoproteínas e enzimas intracelulares. Realiza também síntese<br />

lipídica de triglicérides, colesterol e ácidos biliares; algumas funções metabólicas, como<br />

metabolismo de carboidratos, aminoácidos, bilirrubina, ácidos graxos livres, além de<br />

hormônios e drogas; síntese da uréia; estocagem de vitaminas lipossolúveis, B12 e<br />

metais (ferro e cobre).<br />

Uma função especializada do fígado é a síntese da bile, e é através dela que o<br />

fígado excreta compostos endóge<strong>nos</strong> e xenobióticos. A excreção biliar de drogas,<br />

xenobióticos e hormônios ocorre através da extração de tais substâncias do sangue,<br />

através dos hepatócitos, e depois são transportados através da membrana canalicular por<br />

exportadores ATP dependentes. Os canais biliares modificam a bile por absorção e<br />

secreção de solutos. Além disso, as células desse epitélio também expressam uma<br />

variedade de enzimas de fase I II, as quais podem contribuir para a biotransformação de<br />

toxinas químicas presentes na bile, pois convertem compostos lipofílicos em<br />

hidrofílicos, através das reações de oxidação, redução ou hidrólise (fase I) e também por<br />

reações de conjugação (fase II) (Casarett, 2007; Landis, 2005; Mendes, 2008).<br />

O fígado apresenta sensibilidade aos derivados do estrógeno, cortisol e<br />

testosterona, pois há receptores específicos para estes hormônios no fígado. Além<br />

disso, o fígado metaboliza estes hormônios e os excreta na bile. (Gayotto, 2001).


26<br />

Figura 01: Estrutura do lóbulo hepático.<br />

Fonte: Hughes,W. Essencial of enironmental toxicology. 2005.<br />

2.4 Avaliação hepática<br />

A avaliação hepática se dá através da avaliação da função hepática e da<br />

ocorrência de dano hepático.<br />

Para avaliação do dano, podemos utilizar a avaliação de enzimas específicas,<br />

através do soro sanguíneo, conhecidas por estarem em níveis específicos quando o<br />

fígado está funcionando corretamente, e que podem apresentar-se elevadas no caso de<br />

dano no fígado.<br />

Para o exame da função hepática - sua capacidade de remover substâncias<br />

rotineiramente encontradas no organismo (por exemplo, bilirrubina) ou aquelas


27<br />

introduzidas no corpo humano (por exemplo, corantes), além de síntese e metabolismo<br />

– podemos usar fatores de coagulação, e análise dos níveis de fosfatase alcalina,<br />

albumina, fatores de coagulação e lipidograma (Hughes, 2005).<br />

As enzimas hepáticas são proteínas que ajudam a catalisar as reações<br />

químicas necessárias no metabolismo intracelular. Em circunstâncias normais estão<br />

presentes no interior das células hepáticas.<br />

Quando o tecido hepático sofre algum dano, e os hepatócitos são destruídos,<br />

sua membrana é rompida, fazendo com que enzimas hepáticas específicas sejam<br />

liberadas para o sistema sanguíneo. Por esta razão, sua dosagem no sangue é um<br />

biomarcador de lesão hepática (Hodgson, 2010; Sala, 2001). As principais enzimas<br />

hepáticas são as aminotransferases, a fosfatase alcalina e gama-glutamiltransferase.<br />

As aminotransferases transferem grupamento amino de uma molécula para<br />

outra. Também são conhecidas como transaminases. São as mais sensíveis e as mais<br />

usadas para avaliar lesões hepáticas. Por serem enzimas intracelulares, quando ocorre<br />

aumento dos níveis plasmáticos é indicativo de lesão celular (Gayotto, 2001). Suas<br />

características são apresentadas no quadro 01.<br />

As principais características das transaminases, a fosfatase alcalina, albumina,<br />

fatores de coagulação e lipidograma estão explicitadas no Quadro 02.<br />

Utilizaremos neste estudo a avaliação das enzimas hepáticas, albumina e<br />

lipidograma, pois apenas estes foram coletados e encontram-se disponíveis no banco de<br />

dados produzido pelo INCA, durante o ano de 2007, fruto do convênio realizado entre<br />

o INCA e a CGVAM, em 2007.


28<br />

Quadro 01: Características das enzimas hepáticas.<br />

Enzima Local Características Sistema hepático<br />

AST / TGO<br />

Não é específica para lesão hepática,<br />

aspartato aminotransferase / soro<br />

pois qualquer alteração nesses tecidos<br />

glutâmico oxalacética<br />

pode alterar seu valor (Mendes, 2008).<br />

transaminase.<br />

Encontrada no fígado,<br />

miocárdio, músculo estriado,<br />

rins, pâncreas, hemácias e<br />

cérebro (Gayotto, 2001;<br />

Mendes , 2008)<br />

É útil para hepatopatias crônicas em<br />

atividade. Encontra-se elevada <strong>nos</strong> casos<br />

de infarto do miocárdio, hepatites virais,<br />

mononucleose, cirrose, pancreatite e<br />

nefropatias<br />

ALT / TGP<br />

alanino aminotransferase /<br />

soro glutâmico pirúvica<br />

Encontrada em grande<br />

quantidade no fígado (é mais<br />

concentrada neste<br />

órgão)(Mendes, 2008).<br />

Outros fatores que causam alteração<br />

nesta enzima: necrose hepática,<br />

hepatites virais, icterícias de origem<br />

viral, infarto do miocárdio e<br />

insuficiência cardíaca (aumento);<br />

desnutrição com deficiência de<br />

vitamina B6, mulheres em uso de<br />

anticoncepcional (diminuição)<br />

(Gayotto, 2001).<br />

É indicador específico de lesão hepática<br />

(Mendes, 2008). Libera-se facilmente<br />

quando ocorre alguma alteração no<br />

hepatócito (Gayotto, 2001). Nos<br />

hepatócitos, a AST / TGO é encontrada<br />

no citoplasma e mitocôndrias; já a ALT /<br />

TGP é encontrada apenas no citoplasma,<br />

fato este que faz com que estas enzimas<br />

sejam as primeiras a aparecer no plasma,<br />

em casos de lesão hepática (Gayotto,<br />

2001).


29<br />

Quadro 01 (continuação): Características das enzimas hepáticas.<br />

Enzima Local Características Sistema hepático<br />

GGT<br />

gama-glutamiltransferase<br />

Encontrada no fígado, rins e<br />

pâncreas (Gayotto, 2001).<br />

Elevada <strong>nos</strong> casos de consumo<br />

excessivo de álcool, retornando a<br />

diminuir seu valor quando há<br />

abstinência. Seu aumento pode ser<br />

induzido por doenças colestáticas, por<br />

diferentes drogas e na doença hepática<br />

não-alcoólica. Em alguns indivíduos, a<br />

GGT eleva-se sem causa aparente<br />

(Gayotto, 2001).<br />

Sensível para indicar hepatotoxicidade<br />

(Gayotto, 2001). se encontra aumentada<br />

<strong>nos</strong> casos de icterícia obstrutiva,<br />

hepatocarcinoma, e quando a atividade do<br />

citocromo P 450 for induzida por álcool e<br />

drogas (Gayotto, 2001).


30<br />

Quadro 02: Exames utilizados para avaliação da função hepática.<br />

Fosfatase alcalina<br />

Local Características Sistema hepático<br />

Se origina no fígado, ossos, Seu nível se eleva em casos de lesão nas As alterações que causam seu aumento são:<br />

intestino e placenta, sendo células da via biliar e em doenças ósseas colestase induzida por drogas, obstrução das<br />

encontrada na parede dos ductos (Gayotto, 2001).<br />

vias biliares e tumores primários ou<br />

intra e extra biliares e ossos.<br />

metastáticos do fígado. Indica dano no<br />

(Mendes, 2008)<br />

epitélio do ducto biliar. (Gayotto, 2001).<br />

Albumina<br />

Proteína que é sintetizada<br />

exclusivamente pelo fígado, e<br />

é quantitativamente a mais<br />

importante das proteínas<br />

plasmáticas (Gayotto, 2001).<br />

Níveis diminuídos ocorrem nas fases<br />

agudas de cirrose, falta de ingestão<br />

protéica ou perdas excessivas através<br />

dos rins ou intestino (Gayotto, 2001).<br />

Lipidograma<br />

Ao avaliar a função hepática, é<br />

importante também se avaliar<br />

o lipidograma, pois uma das<br />

funções do fígado é realizar<br />

síntese, degradação e<br />

eliminação do colesterol<br />

plasmático (White, 1976).<br />

Uma parte deste colesterol é removido<br />

do sangue para a bile, já que<br />

aproximadamente 80% deste colesterol é<br />

transformado no tecido hepático em<br />

vários ácidos da bile (White, 1976).


31<br />

2.5 Ação dos organoclorados sobre o fígado<br />

Hepatotoxicidade é a conseqüência da exposição a toxinas naturais e a vários<br />

produtos químicos sintéticos, incluindo compostos industriais, agrotóxicos e fármacos.<br />

(Hodgson, 2010).<br />

O fígado torna-se potencialmente suscetível às substâncias químicas por três<br />

fatores. Primeiramente, devido ao efeito de primeira passagem, pois a maioria dos<br />

xenobióticos são absorvidos pela via digestiva e transportados pela veia hepática para o<br />

fígado, ou seja, o órgão é o primeiro a entrar em contato com as substâncias tóxicas.<br />

Em segundo lugar, ocorre uma alta concentração de xenobióticos sendo<br />

metabolizados, principalmente pelo sistema citocromo P450 (também chamado sistema<br />

oxidase de função mista ou monoxigenases), formado por enzimas localizadas<br />

predominantemente na superfície do retículo endoplasmático liso, e que atua<br />

apreendendo e inativando vários xenobióticos que entram no organismo humano.<br />

Muitas destas substâncias são detoxificadas, e outras podem ser convertidas em<br />

substâncias potencialmente tóxicas. Além disso, substâncias lipossolúveis são mais<br />

facilmente metabolizadas pelo sistema, pois esta propriedade facilita sua entrada no<br />

retículo endoplasmático e sua conseqüente ligação ao citocromo (Hodgson, 2010;<br />

Mendes, 2008).<br />

A terceira razão é o fato de que a formação da bile e sua movimentação pelo<br />

trato gastrointestinal pode concentrar os xenobióticos, e muitos deles são reabsorvidos e<br />

transportados novamente para o fígado, pela circulação hepática, o que pode levar ao<br />

aumento da concentração destes xenobióticos neste órgão (Hodgson, 2010).<br />

Outro fator que aumenta a susceptibilidade hepática é o fato de que compostos<br />

lipofílicos, especialmente drogas e poluentes ambientais, ultrapassam facilmente os<br />

hepatócitos, pois o epitélio fenestrado do sinusóide permite um contato próximo entre as<br />

moléculas circulantes e hepatócitos. Assim, a membrana hepática concentra compostos<br />

lipofílicos (Casarett, 2007).<br />

A vulnerabilidade do fígado a toxicantes lipossolúveis e de metabolização<br />

hepática, independe da via de absorção, e isso se dá por sua dupla fonte de sangue ( veia<br />

porta e artéria hepática). Assim, o órgão apresenta quantidades apreciáveis de todos os<br />

agentes tóxicos presentes na circulação sistêmica (Casarett, 2007).<br />

A velocidade da biotransformação é afetada por fatores como genéticos<br />

(polimorfismos), fisiológicos (doença, estado clínico, idade, sexo) e ambientais


32<br />

(poluentes e substâncias químicas industriais) ou por uso concomitante de outras drogas<br />

(Franco, 2003).<br />

O fígado sofre diretamente ação dos compostos organoclorados, os quais<br />

induzem as enzimas do sistema microssômico hepático, interferindo em seu próprio<br />

metabolismo e no de outras substâncias que utilizam o mesmo sistema enzimático (Oga,<br />

2008).<br />

Ocorrem ainda alterações morfológicas no fígado, como hipertrofia dos<br />

hepatócitos e organelas subcelulares (mitocôndrias), proliferação de retículo<br />

endoplasmático liso e na formação de corpos de inclusão; necrose ( em concentrações<br />

elevadas) , e um aumento na incidência de tumores <strong>hepáticos</strong> (Casarett, 2007).<br />

Os organoclorados, de forma geral, agem sobre o fígado causando alteração de<br />

enzimas hepáticas (transaminases e fosfatase alcalina); são indutores das enzimas<br />

hepáticas do citocromo P450 (o que promove a ativação de substâncias carcinogênicas);<br />

hepatites aguda e subaguda; e esteatose hepática (Carvalho, 1980; MS, 2001).<br />

DDT, Clordane e heptacloro inibem a comunicação intercelular entre<br />

hepatócitos de rato em cultura. Alem disso, os organoclorados tendem a se acumular na<br />

parte lipídica da membrana celular, e é possível que sua presença interfira na<br />

comunicação celular (Telang e cols 1982 apud Tajara, 1998).<br />

no quadro 03.<br />

As principais ações dos organoclorados sobre o sistema hepático estão descrita


33<br />

Quadro 03: Efeitos <strong>hepáticos</strong> decorrentes da exposição crônica a DDT, HCH, Dioxinas e fura<strong>nos</strong><br />

Composto<br />

Efeitos sobre o sistema hepático decorrente da exposição crônica<br />

Animais Trabalhador Câncer<br />

DDT Necrose hepática em ratos (ATSDR, 2002) Aumento da fosfatase alcalina sérica (ATSDR,2002) Neoplasia hepática (ATSDR, 2002;<br />

Dano hepático severo (ATSDR, 2002) Aumento da GGT (Guzelian, 1985; Bouwman, 1991)<br />

Icterícia, retração e insuficiência hepática (Brasil,<br />

2001)<br />

Indução de enzimas hepáticas (Guzelian,1985)<br />

Tajara, 1998; McGlynn, 2006; Tajara,<br />

1998)<br />

Dioxinas Induz enzimas do citocrono P450 (Tusscher, 2007) Aumento da GGT (Sala, 2001) Neoplasia hepática (ATSDR, 2007)<br />

Dano hepático (Pesquero, 1999)<br />

Aumento das TGO, TGP, fosfatase alcalina e GGT<br />

(exposição ambiental) (ATSDR,1998).<br />

Aumento da GGT (Neuberger, 1998; Lee, 2006)<br />

Cirrose Hepática (Neuberger, 1998; Consonni, 2007)<br />

Dano hepático (Triebig, 1998)<br />

HCH Lesão hepática sutil (ATSDR, 2005). Aumento das enzimas hepáticas (ATSDR,2005) Neoplasia hepática (ATSDR, 2005)<br />

Neoplasia em ratos (Schroter, 1987) Indução das enzimas hepáticas (Guzelian, 1985)


34<br />

2.6 Cidade dos Meni<strong>nos</strong><br />

Cidade dos Meni<strong>nos</strong> é uma região localizada no município de Duque de Caxias,<br />

no estado do Rio de Janeiro. Possui extensão aproximada de 19,4 milhões de metros<br />

quadrados (Oliveira, 2003).<br />

Nesta mesma região foi criado, em 1934, um albergue para meninas pobres,<br />

onde eram realizadas atividades educacionais e para aprendizado profissional. Em 1947,<br />

este albergue foi transformado no Centro de Promoção Social Abrigo Cristo Redentor,<br />

composto agora por 40 pavilhões, sob responsabilidade do Ministério da Educação e<br />

Saúde, abrigando meni<strong>nos</strong> e meninas, passando então a ser conhecido como Cidade dos<br />

Meni<strong>nos</strong> ( Mello, 1998; MS , 2003).<br />

Dois a<strong>nos</strong> depois foi instalado no local o Instituto de Malariologia, ocupando<br />

oito dos quarenta pavilhões existentes. Este Instituto produzia compostos<br />

organoclorados, principalmente o hexaclorociclohexano (HCH), destinados ao controle<br />

de endemias transmitidas por vetores, como a malária, febre amarela e doença de<br />

Chagas (uso nacional), sendo realizada também a exportação de tais produtos (MS,<br />

2003).<br />

Havia na região ainda, uma escola primária, denominada Escola Sara<br />

Kubitscheck, e doze casas destinadas aos funcionários. Estas casas constituíram a Vila<br />

Ministro Mário Pinotti (Mello, 1998).<br />

Com a transferência do Instituto de Malariologia para Brasília, iniciou-se a<br />

desativação gradual da fábrica, no ano de 1961, tendo este processo seu fim em 1965.<br />

Foi deixada no local a produção remanescente de pesticidas, contabilizando 300 a 400<br />

toneladas destes produtos, perfazendo uma área de cerca de 13 mil metros quadrados<br />

(Oliveira, 2003).<br />

Os resíduos destes compostos, durante sua permanência na antiga fábrica,<br />

disseminaram-se por via aérea, águas pluviais e carreamento mecânico. Adicionado a<br />

isto, a população utilizou os resíduos em aterros, reboco de casas, para cobrir buracos na<br />

estrada principal que corta a região (Estrada da Camboaba), e como agrotóxicos, além<br />

de vendê-los em feiras (FIOCRUZ, 2011).<br />

Em 1989, após denúncias pelos meios de comunicação da venda irregular de “pó<br />

de broca” em feiras livres no município de Duque de Caxias, 40 toneladas de HCH<br />

foram retiradas do antigo Instituto (FEEMA) (MS, 2003).


35<br />

Em 1992, a dosagem do sangue de escolares do Centro de Promoção Social<br />

revelou que 54 dos 184 escolares apresentavam níveis detectáveis de HCH no soro (MS,<br />

2003).<br />

A área foi isolada como foco principal de contaminação, em 1995, pela<br />

Fundação Nacional de Saúde – FUNASA. Na mesma época, uma empresa privada foi<br />

encarregada da remediação química do local, realizando a adição de óxido de cálcio no<br />

solo contaminado e, apesar da mesma empresa ter emitido laudo positivo para a<br />

descontaminação do local ( noventa dias após o uso da cal, e sendo avaliado apenas o<br />

isômero γ-HCH); o odor de mofo permanecia no local. Este odor, sendo característico<br />

da presença de HCH , mostrou a ineficácia da ação (Oliveira, 2003). A área foco passou<br />

a apresentar então uma extensão de 40 mil metros quadrados, sendo colocada uma cerca<br />

em sua volta. (MS, 2003).<br />

No ano seguinte, as atividades educacionais na Cidade dos Meni<strong>nos</strong> foram<br />

encerradas, as crianças foram transferidas, permanecendo apenas os moradores no local.<br />

Após a realização de um estudo de avaliação de risco à saúde humana pelo<br />

Ministério da Saúde, em 2002, foram identificados como contaminantes no solo<br />

superficial e <strong>nos</strong> alimentos (ovo e leite de vaca) os seguintes compostos:<br />

hexaclorociclohexano (HCH - isômeros α, β, γ, e σ); 1,1,1-tricloro-2,2-bis(p-clorofenil)<br />

etano (DDT) e seus isômeros DDE ( 1,1-dicloro-2,2-bis(p-clorofenil)etileno) e DDD (<br />

1,1-dicloro-2,2-bis(p-clorofenil) etano); triclorofenol, além de dioxinas e fura<strong>nos</strong> (MS,<br />

2004).<br />

Tais achados levaram à realização de um inquérito de saúde naquela região,<br />

pelo INCA, através de convênio estabelecido entre este e a CGVAM, no ano de 2007.<br />

Naquele momento havia 1.400 residentes no local, mas apenas 1136 participaram do<br />

inquérito (INCA, 2009). Neste inquérito foram realizados exames clínicos e<br />

laboratoriais, além de levantamento de dados sobre a condição sócio-demográfica,<br />

situações de exposição ambiental, informações sobre morbidade e hábitos de vida<br />

(INCA, 2009).


36<br />

3. JUSTIFICATIVA<br />

Considerando-se a escassez de estudos que abordam as evidências científicas<br />

sobre a relação entre os organoclorados e hepatotoxicidade; as alterações hepáticas<br />

decorrentes da exposição não ocupacional a organoclorados; a dispersão e a quantidade<br />

de rotas de exposição na população de Cidade dos Meni<strong>nos</strong>; e a importância da análise<br />

das alterações <strong>nos</strong> <strong>marcadores</strong> de função hepática nesta população, justifica-se o<br />

presente estudo, pois é fundamental a necessidade de monitoramento e vigilância<br />

desses compostos no ambiente e organismo humano devido a sua persistência por longo<br />

tempo no ambiente e no organismo humano.


37<br />

4.OBJETIVO GERAL<br />

Estimar a magnitude da associação entre a exposição ambiental a<br />

organoclorados e alterações de <strong>marcadores</strong> <strong>hepáticos</strong>.<br />

4.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS<br />

Avaliar a existência de alterações dos <strong>marcadores</strong> <strong>hepáticos</strong> estudados<br />

decorrentes da exposição crônica a organoclorados.<br />

Analisar as alterações encontradas de acordo com as características sóciodemográficas<br />

e as variáveis de exposição.<br />

Relacionar as alterações encontradas com escores de exposição da população de<br />

Cidade dos Meni<strong>nos</strong>.


38<br />

5. METODOLOGIA<br />

5.1 Desenho do Estudo<br />

Estudo do tipo observacional, onde foi realizado um estudo seccional da<br />

ocorrência de alterações dos <strong>marcadores</strong> <strong>hepáticos</strong> na população de estudo, exposta a<br />

organoclorados.<br />

5.2 População e local do estudo<br />

A população que serviu como base do presente estudo foi a população<br />

residente em Cidade dos Meni<strong>nos</strong>, e que participou do inquérito de saúde da população<br />

residente na área, no ano de 2007, realizado pelo INCA, como parte do convênio<br />

estabelecido entre o INCA e a CGVAM (INCA,2007).<br />

Foram analisadas as condições sócio-demográficas, situações de exposição<br />

ambiental, informações sobre morbidade, hábitos de vida, além de sinais e sintomas<br />

relatados. Tais informações foram obtidas junto aos indivíduos através de questionários<br />

divididos em módulos (Anexo A), que obtiveram número de respondentes<br />

diferenciados.<br />

A população total investigada foi de 1164 pessoas que moravam na área<br />

quando da realização do estudo, de ambos os sexos, com faixa etária de 0 a 80 a<strong>nos</strong>.<br />

5.3 Variáveis do Estudo<br />

As variáveis do estudo analisadas foram: exposição, confundimento,<br />

modificadoras de efeito e desfecho.<br />

Exposição: microárea de moradia; definição de grupos de exposição,<br />

elaborados a partir de estudo anterior, considerando: tempo de moradia na área; uso e<br />

consumo de solo; criação de animais (gado bovino, suíno e aves); hábitos alimentares<br />

(tipo e freqüência de consumo de carnes, ovos e derivados do leite oriundos de criações<br />

na área);<br />

Confundimento: sexo, idade, uso de bebida alcoólica, IMC;<br />

Modificador de Efeito: nascimento na área (exposição pré-natal);<br />

Desfecho: frequência de alterações <strong>nos</strong> <strong>marcadores</strong> <strong>hepáticos</strong> (AST / TGO, ALT<br />

/ TGP, Fosfatase Alcalina, GGT, albumina, colesterol total, HDL e LDL).


39<br />

Para a realização dos grupos de exposição, usou-se a técnica de agrupamento,<br />

onde foi utilizada a classificação hierárquica ascendente. O método hierárquico<br />

aglomerativo ou ascendente começa com os objetos individuais, ou seja, os sujeitos.<br />

Então, têm-se, inicialmente, tantos grupos quantos forem os sujeitos (n=354). Os mais<br />

semelhantes foram agrupados, sendo estes grupos iniciais fundidos de acordo com suas<br />

similaridades. Eventualmente, como as semelhanças diminuem, todos os subgrupos são<br />

fundidos em um único.<br />

A partir de um dendrograma, pode-se escolher uma partição dos “n” objetos<br />

submetidos à classificação hierárquica ascendente. Para selecionar uma boa partição,<br />

escolheu-se um nível de agregação para o qual o valor não seja muito elevado, ou seja,<br />

baixa transformação das distâncias iniciais entre os objetos.<br />

Para criação dos clusters, foram escolhidas variáveis cujo modelo teórico ancilar<br />

identificasse como comportamento associado à exposição e às rotas de contaminação.<br />

Devido a características básicas dos organoclorados (persistência ambiental,<br />

bioacumulação, biomagnificação na cadeia trófica, alta toxicidade, persistência no<br />

ambiente, lipossolubilidade e difícil eliminação), foram usadas as seguintes variáveis,<br />

para a definição dos clusters: tempo de moradia no local, tempo de contato com solo<br />

(em atividades ocupacionais, agricultura, etc), tempo de criação de animais, tempo de<br />

consumo de carne produzida no local, tempo de consumo de leite, ovos e derivados,<br />

todas variáveis contínuas medidas em a<strong>nos</strong>.<br />

A toxicologia considera, para efeito de avaliação de toxicidade a qualquer<br />

composto químico, a relação dose (intensidade) x tempo. Todas estas variáveis foram<br />

ajustadas para a idade, procedendo-se um cálculo de pessoa tempo em que se<br />

considerou que, para cada ano de exposição.<br />

Os clusters foram então formados pela combinação individual dos ativos, um a<br />

um, em diferentes grupos, até a formação do número estimado pela modelagem (data<br />

driven), que neste caso específico foram três. O processo hierárquico de formação<br />

de clusters foi feito por meio de um dendograma.<br />

Os resultados indicaram que o cluster 1 (n=45), aqui identificado, apresenta<br />

características de exposição que podem ser consideradas como mais intensas do que<br />

aquelas identificadas para o cluster 2 (n=103), de exposição intermediária, que possui<br />

intensidade maior que o cluster 3 (n=206).


40<br />

A validade preditiva dos clusters pode ser avaliada, de forma prospectiva,<br />

verificando-se o comportamento de cada subtipo com relação a diferentes variáveis de<br />

modificação de efeito, como sexo, idade ou fase da vida onde a exposição se iniciou.<br />

Ainda que o desenho deste estudo não permita avaliar a validade preditiva da tipologia,<br />

é possível, todavia, discutir as prioridades de monitoramento. Os clusters mantiveram<br />

padrões diferenciáveis de exposição, o que permite que sejam utilizadas suas<br />

informações para categorizar a população exposta e priorizar o grupo de maior<br />

exposição para rastreamento na rede de serviços de saúde para desfechos associados aos<br />

organoclorados, especialmente desfechos endócri<strong>nos</strong>, reprodutivos, neurológicos,<br />

<strong>hepáticos</strong> e câncer.<br />

5.4 Fonte de dados<br />

Os dados utilizados são oriundos do banco de dados produzido pelo Instituto<br />

Nacional do Câncer (INCA), durante o ano de 2007, através de questionários ( Anexo<br />

A) e exames laboratoriais , aplicado pela Coordenação de Prevenção e Vigilância<br />

(Conprev-INCA), no Programa de Vigilância à Atenção da População Exposta a<br />

Pesticidas Organoclorados em Cidade dos Meni<strong>nos</strong>, RJ; entre março e dezembro de<br />

2007, devido ao convênio realizado, à época, entre o INCA e a CGVAM.<br />

Os exames coletado e seus valores de referência estão contidos no quadro 04.


41<br />

Quadro 04: Exames coletados e valores de referência<br />

Exame Valor de referência Método Laboratório<br />

TGO - aspartato aminotransferase Homens: até 40 u/L<br />

Diagnóstico das<br />

Cinetico UV<br />

Mulheres: até 32 u/L<br />

Américas<br />

TGP - alanina aminotransferase Homens: até 41 u/L<br />

Diagnóstico das<br />

Cinetico UV<br />

Mulheres: até 33 u/L<br />

Américas<br />

GGT - gama glutamil transpeptidase Homens: até 60 u/L Enzimático Diagnóstico das<br />

Mulheres: até 43 u/L<br />

colorimétrico<br />

Américas<br />

Fosfatase alcalina<br />

Crianças:<br />

7 meses a 1 ano - até 456 U/l<br />

1 a 6 a<strong>nos</strong> - até 275 U/l<br />

7 a 12 a<strong>nos</strong> - até 300 U/l<br />

13 a 17 a<strong>nos</strong> - masculino:até 390 U/l e<br />

feminino: até 187 U/l<br />

Cinético IFCC Laboratório INCA<br />

Albumina<br />

Colesterol<br />

Maiores de 18 a<strong>nos</strong>:<br />

homens: 40 a 129 U/l<br />

mulheres: 35 a 104 U/l<br />

3,5 a 5,0 g/dL<br />

Adultos:<br />

Ideal - Inferior a 239 mg/dL<br />

Aumentados - Acima de 240 mg/dL<br />

Criancas e adolescentes (2 a 19 a<strong>nos</strong>):<br />

Ideal - Inferior a 199 mg/dL<br />

Aumentados - Acima de 200 mg/dL<br />

Colorimétrico<br />

Enzimatico<br />

Colorimetrico<br />

Diagnóstico das<br />

Américas<br />

Diagnóstico das<br />

Américas


42<br />

Quadro 04 (continuação): Exames coletados e valores de referência<br />

Exame Valor de referência Método Laboratório<br />

Colesterol - HDL<br />

Homens - acima de 35 mg/dl<br />

Enzimatico Diagnóstico das<br />

Mulheres - acima de 45 mg/dl<br />

Colorimetrico<br />

Américas<br />

Colesterol - LDL<br />

Ideal - Inferior a 160 mg/dL<br />

Aumentados - Igual ou acima de 160<br />

mg/dL<br />

Enzimatico<br />

Colorimetrico<br />

Diagnóstico das<br />

Américas<br />

Triglicerídeos<br />

Crianças até 9 a<strong>nos</strong>:<br />

Ideal - Inferior a 100 mg/dL<br />

Aumentados - Acima de 100 mg/dL<br />

De 10 a 19 a<strong>nos</strong>:<br />

Ideal - Inferior a 130 mg/dL<br />

Aumentados - Acima de 130 mg/dL<br />

Enzimatico<br />

Colorimetrico<br />

Diagnóstico das<br />

Américas<br />

Adultos (maiores de 20 a<strong>nos</strong>):<br />

Ideal - Inferior a 200 mg/dL<br />

Aumentados - Acima de 200 mg/dL


43<br />

5.5 Análise de dados<br />

A análise dos <strong>marcadores</strong> <strong>hepáticos</strong>, e seus respectivos pontos de corte levaram<br />

em consideração os valores limite do laboratório Diagnóstico das Américas e do<br />

Laboratório do INCA. A partir deles, os sujeitos foram classificados como tendo ou não<br />

alterações <strong>nos</strong> <strong>marcadores</strong>.<br />

Foram calculadas as prevalências para as alterações dos <strong>marcadores</strong> <strong>hepáticos</strong>.<br />

Inicialmente, foi realizada análise bivariada para encontrar as variáveis que possuem<br />

relação com as alterações hepáticas, e assim selecionar as variáveis de maior peso para a<br />

modelagem multivariada. Foram consideradas para a análise multivariada todas aquelas<br />

covariadas que possuíram valor de p menor ou igual a 0,25. (Mingoti, 2005).<br />

Para avaliar a associação entre os níveis de exposição aos organoclorados e as<br />

taxas de alterações dos <strong>marcadores</strong> <strong>hepáticos</strong>, foram calculadas razões de chance (odds<br />

ratio) brutas e ajustadas para a variável de exposição (grupos de exposição) e para os<br />

principais fatores de confusão, e seus respectivos intervalos de confiança de 95%,<br />

através de regressão logística binária não-condicional, através do método stepwise<br />

forward ( Mingoti, 2005).<br />

O alcoolismo foi avaliado através do teste CAGE, o qual é utilizado como<br />

critério para categorizar o entrevistado em alcoolista ou não. Foi desenvolvido em 1968,<br />

e validado no Brasil por Mansur e Monteiro em 1983. Possui uma sensibilidade de 88%<br />

e especificidade de 83%. É composto por quatro perguntas, onde é considerado como<br />

caso suspeito de alcoolismo o sujeito que responder afirmativamente duas ou mais<br />

perguntas. (Almeida, 1993).<br />

Para análise dos dados foi usado o programa SPSS versão 19.<br />

5.6 Aspectos Éticos<br />

O presente projeto de pesquisa foi encaminhado ao Comitê de Ética e Pesquisa<br />

do Instituto de Saúde Coletiva da UFRJ, respeitando os procedimentos éticos da<br />

Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde sobre Pesquisa Envolvendo Seres<br />

Huma<strong>nos</strong>.<br />

Embora este banco de dados seja de acesso público e identificado, este projeto<br />

não propôs a individualização dos resultados observados, sendo as análises feitas a<br />

partir do conjunto dos dados existentes. Os pesquisadores asseguram a preservação do


44<br />

anonimato e o sigilo das informações presentes no banco e na divulgação dos resultados<br />

encontrados.


45<br />

6. RESULTADOS<br />

Dos 1164 sujeitos submetidos às entrevistas, 850 foram excluídos da presente<br />

análise devido à falta de informação nas variáveis usadas para criar os grupos de<br />

exposição (tempo de moradia em Cidade dos Meni<strong>nos</strong>, tempo de contato com o solo,<br />

tempo de criação de animais, tempo de consumo de carne produzida no local, além de<br />

tempo de consumo de leite, ovos e derivados), restando então uma população de 354<br />

indivíduos.<br />

Destes 354 indivíduos, conforme mostra a tabela 01, a maioria era do sexo<br />

masculino (50,85%), sendo o sexo feminino correspondente a 49,15% da população;<br />

possuíam idade maior de 20 a<strong>nos</strong> (adultos e idosos - 59,60%). Já em relação à<br />

escolaridade, 44,31% possuía o ensino fundamental incompleto, seguido por 20,41%<br />

que referiu não saber escrever. Na distribuição sobre renda familiar, 28,90% possuía<br />

como renda mensal 2 a 3 salários mínimos, e 21,39% possuía renda de 1 a 2 salários<br />

mínimos. Quando questionados sobre o local onde nasceram, 73,16% referiu não ter<br />

nascido na localidade de Cidade dos Meni<strong>nos</strong>; e quando questionados se faziam uso<br />

regular de bebida alcoólica, 70,9% referiu não fazer uso regular deste. Quando<br />

calculado o IMC, de acordo com peso e altura levantados, e classificados de acordo com<br />

as faixas etárias, observamos que 60,6% possuía IMC adequado para a idade.<br />

Na distribuição de acordo com as microáreas que dividem a região, 28,70%<br />

residia na microárea 4; 26,64% residiam na microárea 2; 24,64% na microárea 1 e 20%<br />

na microárea 3. Após a criação dos grupos de exposição, observamos que 58,19%<br />

daquela população estava alocada no grupo 3 (menor exposição), 29,10% no grupo 2<br />

(exposição intermediária), e 12,71% no grupo 1 (exposição maior), conforme mostra a<br />

tabela 1.


46<br />

Tabela 01: Distribuição por sexo, escolaridade, renda familiar, microárea de residência, condição de<br />

nascimento em Cidade dos Meni<strong>nos</strong>, grupos de exposição, IMC e uso de álcool dos 354 habitantes de<br />

Cidade dos Meni<strong>nos</strong>, Duque de Caxias, RJ.<br />

Variáveis N %<br />

Masculino 180 50,85<br />

Sexo<br />

Feminino 174 49,15<br />

Total 354 100<br />

Faixa etária<br />

Escolaridade<br />

Renda familiar<br />

Nascimento em Cidade dos Meni<strong>nos</strong><br />

Grupos de exposição<br />

IMC<br />

Crianças e adolescentes 143 40,40<br />

Adultos e idosos 211 59,60<br />

Total 354 100<br />

Não sabe escrever 70 20,41<br />

Alfabetizado 9 2,62<br />

Fundamental incompleto 152 44,31<br />

Fundamental completo 21 6,12<br />

Médio Incompleto 34 9,91<br />

Médio Completo 47 13,70<br />

Superior incompleto 5 1,46<br />

Superior completo 4 1,17<br />

Especialização/residencia 1 0,29<br />

Total de indivíduos 343 100<br />

Até 1 salário mínimo 19 10,98<br />

1 - 2 salários mínimos 37 21,39<br />

2 - 3 salários mínimos 50 28,90<br />

3 - 4 salários mínimos 24 13,87<br />

5 - 10 salários mínimos 22 12,72<br />

10 - 20 salários mínimos 1 0,58<br />

Sem rendimento 5 2,89<br />

Não sabe 15 8,67<br />

Total 173 100<br />

Sim 95 26,84<br />

Não 259 73,16<br />

Total 354 100.0<br />

Exposição maior 45 12,71<br />

Exposição Intermediária 103 29,10<br />

Exposição menor 206 58,19<br />

Total 354 100<br />

Adequado 151 60,6<br />

Baixo peso 4 1,6<br />

Sobrepeso 94 37,8<br />

Total 249 100<br />

Uso de álcool<br />

Sim 80 29,1<br />

Não 195 70,9<br />

Total 354 100<br />

Total 354 100<br />

Dados em missing não foram computados para a frequência.<br />

Na descrição dos indivíduos segundo sua alocação em um dos grupos de<br />

exposição, dos 180 homens, 55,56% estavam no grupo de menor exposição (grupo 3 ); e<br />

das 174 mulheres, 60,92% também estavam no mesmo grupo (p < 0,05). Em relação ao<br />

nascimento na localidade de Cidade dos Meni<strong>nos</strong>, dos 95 que nasceram no local,


47<br />

69,87% destes estavam alocados no grupo de menor exposição (p < 0,05). Ao avaliar a<br />

distribuição da faixa etária segundo os grupos de exposição, percebemos que 97,90%<br />

das crianças e adolescentes estão alocados no grupo de menor exposição; já entre os<br />

adultos e idosos, 47,39% destes estão alocados no grupo de exposição intermediária (p<br />

< 0,001). Dentre os indivíduos que referiram fazer uso regular de álcool, 47,5% estavam<br />

alocados no grupo de exposição intermediária.em relação ao IMC, 69,54% dos que<br />

apresentaram peso adequado estavam no grupo de menor exposição. Ressaltamos que<br />

apenas a variável microárea não apresentou valor significativo(p < 0,05), sendo por este<br />

motivo, excluída dos métodos de regressão logística bivariada e multivariada realizadas<br />

à frente (Tabela 02).


48<br />

Tabela 02: Distribuição dos indivíduos, segundo sexo, nascimento em cidade dos Meni<strong>nos</strong>, microárea de<br />

residência, faixa etária, uso de álcool e IMC, e grupos de exposição dos 354 habitantes de Cidade dos<br />

Meni<strong>nos</strong>, Duque de Caxias, RJ..<br />

Variáveis<br />

Sexo<br />

Grupos de Exposição<br />

1 2 3 p-valor Total<br />

N % N % N %<br />

Masculino 16 8,89 64 35,56 100 55,56<br />

180<br />

Feminino 29 16,67 39 22,41 106 60,92 0,007 174<br />

Total 45 12,71 103 29,10 206 58,19 354<br />

Nascimento em<br />

Cidade dos<br />

Meni<strong>nos</strong><br />

Não 30 11,58 89 34,36 140 54,05<br />

259<br />

Sim 15 15,79 14 14,74 66 69,47 0,001 95<br />

Total 45 12,71 103 29,10 206 58,19 354<br />

Faixa etária<br />

Crianças e adolescentes 0 0,00 3 2,10 140 97,90<br />

143<br />

Adultos e idosos 45 21,33 100 47,39 66 31,28 < 0,001 211<br />

Total 45 12,71 103 29,10 206 58,19 354<br />

Uso de álcool<br />

Sim 12 15,00 38 47,50 30 37,50<br />

80<br />

Não 27 13,85 42 21,54 126 64,62 < 0,001 195<br />

Total 39 14,18 80 29,09 156 56,73 275<br />

IMC<br />

Adequado 17 11,26 29 19,21 105 69,54<br />

151<br />

Baixo peso 1 25,00 3 75,00 0 0,00 4<br />

< 0,001<br />

Sobrepeso/Obesidade 19 20,21 46 48,94 29 30,85 94<br />

Total 37 14,86 78 31,33 134 53,82 249<br />

Dados em missing não foram computados para a frequência.<br />

Analisando a tabela 03, podemos observar que a maioria de ambos os sexos<br />

apresentaram níveis normais de TGO, TGP, GGT, fosfatase alcalina, albumina,<br />

colesterol total, HDL, LDL e triglicerídeos, possuindo significância estatística apenas<br />

no cruzamento de sexo com albumina ( p < 0,001), HDL ( p < 0,001) e LDL ( p < 0,05).<br />

Em relação a faixa etária, os dois grupos (crianças e jovens, e adultos e idosos)<br />

apresentaram valores normais para todos os <strong>marcadores</strong> <strong>hepáticos</strong>, possuindo


49<br />

significância estatística apenas para TGP ( p < 0,05), GGT (p < 0,001), fosfatase<br />

alcalina (p < 0,05), albumina (p < 0,05), LDL (p < 0,05) e triglicerídeos (p < 0,001).<br />

Tanto os que referiram ter nascido em Cidade dos Meni<strong>nos</strong>, quanto aqueles que<br />

não nasceram na localidade, possuíam em sua maioria, níveis normais para todas as<br />

enzimas hepáticas, com significância estatística apenas para GGT ( p < 0,05). Além<br />

disso, 24,05% dos que nasceram na localidade possuíam níveis alterados para fosfatase<br />

alcalina.<br />

O mesmo perfil de normalidade se manteve, em sua maioria, para a avaliação<br />

em relação à microárea de residência, sendo que 22,73% dos que residiam na microárea<br />

1, e 22,53% dos que residiam na microárea 4 possuíam níveis alterados de fosfatase<br />

alcalina, 24,2% dos residentes de microárea 1 possuíam níveis alterados de albumina,<br />

20,8% dos residentes da microárea 2 e 28,9% da microárea 3 possuíam níveis alterados<br />

para HDL, e 30,34% dos residentes da microárea 4, e 23,64% da área 3 possuíam níveis<br />

alterados de triglicerídeos. Nenhum dos cruzamentos entre microárea e valores de<br />

<strong>marcadores</strong> <strong>hepáticos</strong> obteve significância estatística.<br />

O uso de álcool mostrou significância estatística apenas para GGT (p < 0,05), e<br />

triglicerídeos ( p < 0,001). No primeiro, 26,3% dos que referiram usar regularmente<br />

álcool possuíam níveis alterados de GGT, e no segundo, 32,39% dos que usavam álcool<br />

possuíam níveis de triglicerídeos elevados. No caso do IMC, em nenhumas dos<br />

cruzamentos com os <strong>marcadores</strong> <strong>hepáticos</strong> houve significância estatística, porém,<br />

33,33% dos que possuíam baixo peso apresentaram níveis de fosfatase alcalina elevada,<br />

e 66,67% dos que possuíam baixo peso apresentaram níveis alterados de HDL.


50<br />

Tabela 03:Distribuição dos indivíduos, segundo variáveis sociodemográficas por <strong>marcadores</strong> <strong>hepáticos</strong>.<br />

Marcadores Hepáticos<br />

Sexo<br />

Variáveis<br />

TGO TGP GGT<br />

Normal Alterada<br />

Normal Alterada<br />

Normal Alterada<br />

p-valor Total<br />

p-valor Total<br />

N % N % N % N % N % N %<br />

Masculino 111 89,1 14 10,9<br />

128 115 89,8 13 10,2<br />

128 109 85,2 19 14,8<br />

128<br />

Feminino 117 91,4 11 8,6 0,337 128 123 96,1 5 3,9 0,42 128 114 89,1 14 10,9 0,228 128<br />

Total 231 90,2 25 9,8 256 238 93,0 18 7,0 256 223 87,1 33 12,9 256<br />

p-valor<br />

Total<br />

Faixa Etária<br />

Crianças e adolescentes 82 87,2 12 12,8<br />

94 93 98,9 1 1,1<br />

94 92 98,9 2 2,2<br />

94<br />

Adultos e idosos 149 92,0 13 8,0 0,155 162 145 89,5 17 11,7 0,002 162 131 90,3 31 21,4 < 0,001 162<br />

Total 231 90,2 25 9,8 256 238 93,0 18 7,6 256 223 93,7 33 13,9 256<br />

Mascimento em<br />

Cidade dos<br />

Meni<strong>nos</strong><br />

Sim 71 85,5 12 14,5<br />

83 79 95,2 4 4,8<br />

83 78 94,0 5 6,0<br />

83<br />

Não 160 92,5 13 7,5 0,066 173 159 91,9 14 8,1 0,248 173 145 83,8 28 16,2 0,016 173<br />

Total 231 90,2 25 9,8 256 238 93,0 18 7,0 256 223 87,1 33 12,9 256<br />

Uso de álcool<br />

Sim 51 89,5 6 10,5 57 53 93,0 4 7,0 57 42 73,7 15 26,3 57<br />

Não 142 89,3 17 10,7 0,597 159 146 91,8 13 8,2 0,519 159 144 90,6 15 9,4 0,002 159<br />

Total 193 89,4 23 10,6 216 199 92,1 17 7,9 216 186 86,1 30 13,9 216<br />

IMC<br />

Adequado 102 96,2 14 13,2<br />

116 106 91,4 10 9,4<br />

116 98 92,5 18 17,0<br />

Baixo peso 3 100,0 0 0,0 3 3 100,0 0 0,0 3 3 100,0 0 0,0 3<br />

0,427<br />

0,640<br />

0,529<br />

Sobrepeso 68 98,6 5 7,2 73 69 94,5 4 5,8 73 65 94,2 8 11,6 73<br />

Total 173 97,2 19 10,7 192 178 92,7 14 7,9 192 166 93,3 26 14,6 192<br />

116


51<br />

Tabela 03 (continuação): Distribuição dos indivíduos, segundo variáveis sociodemográficas por <strong>marcadores</strong> <strong>hepáticos</strong>.<br />

Sexo<br />

Faixa Etária<br />

Mascimento em<br />

Cidade dos<br />

Meni<strong>nos</strong><br />

Uso de álcool<br />

IMC<br />

Variáveis<br />

Marcadores Hepáticos<br />

Fosfatase alcalina Albumina Colesterol Total<br />

Normal Alterada<br />

Normal Alterada<br />

Normal Alterada<br />

p-valor Total<br />

p-valor Total<br />

N % N % N % N % N % N %<br />

p-valor<br />

Masculino 104 81,3 24 18,8<br />

128 96 75,0 32 25,0<br />

128 117 91,4 11 8,6<br />

128<br />

Feminino 100 78,1 28 21,9 0,321 128 118 92,2 10 7,8 < 0,001 128 109 85,2 19 14,8 0,087 128<br />

Total 204 79,7 52 20,3 256 214 83,6 42 16,4 256 226 88,3 30 11,7 256<br />

Crianças e adolescentes 69 74,2 25 26,9<br />

94 73 78,5 21 22,6<br />

94 87 93,5 7 7,5<br />

94<br />

Adultos e idosos 135 93,1 27 18,6 0,042 162 141 97,2 21 14,5 0,039 162 139 95,9 23 15,9 0,760 162<br />

Total 204 85,7 52 21,8 256 214 89,9 42 17,6 256 226 95,0 30 12,6 256<br />

Sim 64 81,0 19 24,1<br />

83 67 80,7 16 19,3<br />

83 74 93,7 9 11,4<br />

83<br />

Não 140 88,1 33 20,8 0,290 173 147 85,0 26 15,0 0,246 173 152 95,6 21 13,2 0,470 173<br />

Total 204 85,7 52 21,8 256 214 83,6 42 16,4 256 226 95,0 30 12,6 256<br />

Sim 49 86,0 8 14,0<br />

57 50 87,7 7 12,3 57 48 84,2 9 15,8<br />

57<br />

Não 122 76,7 37 23,3 0,097 159 135 84,9 24 15,1 0,391 159 142 89,3 17 10,7 0,215 159<br />

Total 171 79,2 45 20,8 216 185 85,6 31 14,4 216 190 88,0 26 12,0 216<br />

Adequado 97 91,5 19 17,9<br />

116 98 92,5 18 17,0<br />

116 101 95,3 15 14,2<br />

Baixo peso 2 66,7 1 33,3 3 3 100,0 0 0,0 3 3 100,0 0 0,0 3<br />

0,319<br />

0,397<br />

0,748<br />

Sobrepeso 55 79,7 18 26,1 73 66 95,7 7 10,1 73 65 94,2 8 11,6 73<br />

Total 154 86,5 38 21,3 192 167 93,8 25 14,0 192 169 94,9 23 12,9 192<br />

Total<br />

116


52<br />

Tabela 03 (continuação): Distribuição dos indivíduos, segundo variáveis sociodemográficas por <strong>marcadores</strong> <strong>hepáticos</strong>.<br />

Sexo<br />

Faixa Etária<br />

Mascimento em<br />

Cidade dos<br />

Meni<strong>nos</strong><br />

Uso de álcool<br />

Marcadores Hepáticos<br />

HDL LDL Triglicerídeos<br />

Variáveis<br />

Normal Alterada<br />

Normal Alterada<br />

Normal Alterada<br />

p-valor Total<br />

p-valor Total<br />

p-valor Total<br />

N % N % N % N % N % N %<br />

Masculino 119 93,0 9 7,0<br />

128 119 93,0 9 7,0<br />

128 116 73,9 41 26,1<br />

157<br />

Feminino 89 69,5 39 30,5 < 0,001 128 109 85,2 19 14,8 0,035 128 124 83,8 24 16,2 0,24 148<br />

Total 208 81,3 48 18,8 256 228 89,1 28 10,9 256 240 78,7 65 21,3 305<br />

Crianças e adolescentes 73 78,5 21 22,6<br />

94 91 97,8 3 3,2<br />

94 93 65,0 50 35,0<br />

143<br />

Adultos e idosos 135 93,1 27 18,6 0,170 162 137 94,5 25 17,2 0,001 162 147 90,7 15 9,3


53<br />

Na avaliação do perfil dos <strong>marcadores</strong> <strong>hepáticos</strong> em relação aos grupos de<br />

exposição, observamos que, mesmo não possuindo significância estatística, 72% dos<br />

indivíduos que possuíam níveis alterados de TGO estavam no grupo de menor<br />

exposição (grupo 3). Já em relação a TGO e GGT, respectivamente 38,9% e 75,5% das<br />

alterações estavam entre aqueles alocados no grupo de exposição intermediária, apenas<br />

o último possuindo significância estatística ( p < 0,005). O maior percentual de<br />

alterações da fosfatase alcalina e albumina encontrava-se dentre os indivíduos do grupo<br />

de menor exposição (57,69% e 61,9%), sendo que estes não apresentaram significância<br />

estatística.<br />

Já em relação ao lipidograma, observamos que foi encontrada significância<br />

estatística apenas para o colesterol total ( p < 0,05), LDL (p < 0,001) e triglicerídeos ( p<br />

< 0,05); onde colesterol apresentou percentuais de níveis alterados iguais entre os três<br />

grupos de exposição (33,33%), HDL e triglicerídeos apresentaram maior alteração dos<br />

níveis <strong>nos</strong> indivíduos alocados no grupo de menor exposição, e apenas o LDL<br />

apresentou um maior nível de alteração <strong>nos</strong> indivíduos do grupo de maior exposição.


54<br />

Tabela 04: Distribuição dos indivíduos, segundo grupos de exposição por <strong>marcadores</strong> <strong>hepáticos</strong>.<br />

Marcadores <strong>hepáticos</strong><br />

TGO<br />

Grupos de Exposição<br />

1 2 3<br />

N % N % N %<br />

Total<br />

Normal 39 16,9 73 31,6 119 51,5 231<br />

Alterada 2 8,0 5 20,0 18 72,0 25<br />

Total 41 16,0 78 30,5 137 53,5 256<br />

p-valor<br />

0,144<br />

TGP<br />

Normal 36 15,1 71 29,8 131 55,0 238<br />

Alterada 5 27,8 7 38,9 6 33,3 18<br />

Total 41 16,0 78 30,5 137 53,5 256<br />

0,166<br />

GGT<br />

Normal 32 14,3 63 28,3 128 57,4 223<br />

Alterada 9 27,3 15 45,5 9 27,3 33<br />

Total 41 16,0 78 30,5 137 53,5 256<br />

0,005<br />

Fosfatase alcalina<br />

Normal 31 15,20 66 32,35 107 52,45 204<br />

Alterada 10 19,23 12 23,08 30 57,69 52<br />

Total 41 16,02 78 30,47 137 53,52 256<br />

0,406<br />

Albumina<br />

Normal 37 17,3 66 30,8 111 51,9 214<br />

Alterada 4 9,5 12 28,6 26 61,9 42<br />

Total 41 16,0 78 30,5 137 53,5 256<br />

0,36<br />

Colesterol Total<br />

Normal 31 13,72 68 30,09 127 56,19 226<br />

Alterada 10 33,33 10 33,33 10 33,33 30<br />

Total 41 16,02 78 30,47 137 53,52 256<br />

0,011<br />

HDL<br />

Normal 34 16,3 66 31,7 108 51,9 208<br />

Alterada 7 14,6 12 25,0 29 60,4 48<br />

Total 41 16,0 78 30,5 137 53,5 256<br />

0,554<br />

LDL<br />

Normal 29 12,7 69 30,3 130 57,0 228<br />

Alterada 12 42,9 9 32,1 7 25,0 28<br />

Total 41 16,0 78 30,5 137 53,5 256<br />

< 0,001<br />

Triglicerídeos<br />

Normal 36 15,00 70 29,17 134 55,83 240<br />

Alterada 5 7,69 10 15,38 50 76,92 65<br />

Total 41 13,44 80 26,23 184 60,33 305<br />

0,009


55<br />

A tabela 05 <strong>nos</strong> traz os resultados relativos a regressão logística bivariada,<br />

onde em relação aos níveis séricos de TGO, apenas as variáveis faixa etária, IMC,<br />

nascimento em Cidade dos Meni<strong>nos</strong> e Grupos de exposição apresentaram significância<br />

estatística. As ORs <strong>nos</strong> indicam que a maioria das variáveis apresentam-se como fatores<br />

de proteção para as alterações dos níveis séricos desta enzima, com exceção do<br />

nascimento em meni<strong>nos</strong>, onde quem nasceu na localidade pode vir a possuir duas vezes<br />

mais chances (OR 2,08).<br />

Quando avaliada a TGP, apenas as variáveis faixa etária e grupos de exposição<br />

apresentaram significância estatística, onde indivíduos com mais de 20 a<strong>nos</strong> apresentam<br />

um risco dez vezes maior de apresentar alterações <strong>nos</strong> níveis de TGP que os indivíduos<br />

mais jovens (OR = 10,9), e os indivíduos alocados no grupo de maior exposição (grupo<br />

1) parecem apresentar risco 3 vezes maior de alterações na TGP que aqueles que foram<br />

alocados no grupo me<strong>nos</strong> exposto (OR = 3,03).<br />

Faixa etária, uso de álcool, nascimento em Cidade dos Meni<strong>nos</strong> e os grupos de<br />

exposição foram as variáveis que apresentaram significância estatística, quando<br />

avaliadas junto a GGT. Indivíduos com mais de 20 a<strong>nos</strong> possuem risco dez vezes maior<br />

de apresentar alterações de GGT que os mais jovens (OR = 10,89), enquanto o uso do<br />

álcool aumenta em três vezes o risco de alterações hepáticas desta enzima (OR = 3,43).<br />

Indivíduos do grupo 1 (maior exposição) apresentaram risco quatro vezes maior de<br />

apresentarem alterações na GGT, que aqueles me<strong>nos</strong> expostos ( OR = 4).<br />

Para a fosfatase alcalina, com exceção do sexo e nascimento em meni<strong>nos</strong>, todas<br />

as variáveis possuíram significância estatística (p < 0,05); e em relação a albumina,<br />

apenas uso de álcool e nascimento na localidade não apresentaram significância<br />

estatística .<br />

O colesterol total, quando associado ao sexo, faixa etária e grupos de<br />

exposição, apresentou significância estatística, e observa-se que aqueles alocados no<br />

grupo mais exposto possuem risco quatro vezes maior de possuir alterações neste<br />

marcador, que aqueles me<strong>nos</strong> expostos (OR = 4,10). Apenas sexo e nascimento em<br />

Cidade dos Meni<strong>nos</strong> apresentaram-se significantes em relação ao HDL; e em relação ao<br />

LDL, indivíduos mais expostos apresentaram risco sete vezes maior de possuir<br />

alterações neste marcador, que os me<strong>nos</strong> expostos (OR = 7); e aqueles com mais de 20<br />

a<strong>nos</strong> também apresentaram risco cinco vezes maior de apresentar alterações <strong>nos</strong> níveis<br />

de LDL que os mais jovens (OR=5,54); ambos com significância estatística.


56<br />

Tabela 05: Associação entre variáveis sociodemográficas, variável de exposição e alterações em <strong>marcadores</strong> <strong>hepáticos</strong> por regressão logística.<br />

Variáveis<br />

Sexo<br />

Marcadores <strong>hepáticos</strong><br />

TGO TGP GGT<br />

OR IC 95% p-valor OR IC 95% p-valor OR IC 95% p-valor<br />

Masculino 1,31 0,569 - 2,998 0,529 2,78 0,961 - 2,781 0,59 1,42 0,678 - 2,971 0,353<br />

Feminino 1 1 1<br />

Faixa etária<br />

Criança - Jovem 1 1 1<br />

Adulto - Idoso 0,59 0,260 - 1,367 0,222 10,90 1,427 - 83,313 0,021 10,89 2,542 - 46,618 0,001<br />

Uso de álcool<br />

Sim 0,98 0,367 - 2,629 0,972 0,85 0,265 - 2,714 0,781 3,43 1,550 -7,584 0,002<br />

Não 1 1 1<br />

IMC<br />

Adequado 1 1 1<br />

Baixo peso /<br />

Sobrepeso<br />

0,54 0,184 - 1,556 0,251 0 0,999 0,67 0,275 - 1,632 0,378<br />

Nascimento em<br />

Cidade dos Meni<strong>nos</strong><br />

Sim 2,08 0,904 - 4,784 0,085 0,58 0,183 - 1,804 0,343 0,33 0,123 - 0,894 0,029<br />

Não 1 1 1<br />

Grupos de<br />

exposição<br />

1 0,34 0,75 - 1,527 0,159 3,03 0,805 - 10,508 0,8 4,00 1,469 - 10,863 0,007<br />

2 0,45 0,161 - 1,272 0,133 2,15 0,697 - 6,651 0,183 3,39 1,405 - 8,162 0,007<br />

3 1 1 1


57<br />

Tabela 05 (continuação): Associação entre variáveis sociodemográficas, variável de exposição e alterações em <strong>marcadores</strong> <strong>hepáticos</strong> por regressão logística.<br />

Variáveis<br />

Sexo<br />

Marcadores <strong>hepáticos</strong><br />

Fosfatase Alcalina Albumina Colesterol total<br />

OR IC 95% p-valor OR IC 95% p-valor OR IC 95% p-valor<br />

Masculino 1,21 0,659 - 2,234 0,535 3,93 1,841 - 8,406 < 0,001 1,85 0,844 - 4,073 0,124<br />

Feminino 1 1 1<br />

Faixa etária<br />

Criança - Jovem 1 1 1<br />

Adulto - Idoso 0,55 0,298 - 1,023 0,059 0,52 0,266 - 1,009 0,053 2,06 0,847 - 4,995 0,111<br />

Uso de álcool<br />

Sim 0,54 0,234 - 1,238 0,145 0,79 0,319 - 1,914 0,604 1,57 0,655 - 3,745 0,313<br />

Não 1 1 1<br />

IMC<br />

Adequado 1 1 1<br />

Baixo peso /<br />

Sobrepeso<br />

1,67 0,810 - 3,448 0,165 0,58 0,228 - 1,459 0,246 0,83 0,333 - 2,065 0,687<br />

Nascimento em<br />

Cidade dos Meni<strong>nos</strong><br />

Sim 1,26 0,666 - 2,382 0,478 1,35 0,680 - 2,683 0,391 0,88 0,384 - 2,016 0,763<br />

Não 1 1 1<br />

Grupos de<br />

exposição<br />

1 1,15 0,507 - 2,612 0,737 0,46 0,151 - 1,410 0,175 4,10 1,568 - 10,704 0,004<br />

2 0,65 0,311 - 1,354 0,249 0,78 0,367 - 1,641 0,507 1,87 0,741 - 4,708 0,185<br />

3 1 1 1


58<br />

Tabela 05 (cont.): Associação entre variáveis sociodemográficas, variável de exposição e alterações em <strong>marcadores</strong> <strong>hepáticos</strong> por regressão logística.<br />

Variáveis<br />

Sexo<br />

Marcadores <strong>hepáticos</strong><br />

HDL LDL Triglicerídeos<br />

OR IC 95% p-valor OR IC 95% p-valor OR IC 95% p-valor<br />

Masculino 0,17 0,080 -0,375 < 0,001 0,43 0,188 - 1,000 0,05 1,83 1,039 - 3,209 0,036<br />

Feminino 1 1 1<br />

Faixa etária<br />

Criança - Jovem 1 1 1<br />

Adulto - Idoso 0,70 0,368 - 1,315 0,264 5,54 1,624 - 18,872 0,006 0,19 0,101 - 0,357 < 0,001<br />

Uso de álcool<br />

Sim 0,91 0,426 - 1,955 0,815 1,25 0,486 - 3,218 0,642 3,35 1,719 - 6,544 < 0,001<br />

Não 1 1 1<br />

IMC<br />

Adequado 1 1 1<br />

Baixo peso /<br />

Sobrepeso<br />

1,14 0,553 - 2,328 0,730 1,49 0,575 - 3,864 0,411 0,79 0,390 - 1,598 0,511<br />

Nascimento em<br />

Cidade dos Meni<strong>nos</strong><br />

Sim 0,64 0,315 - 1.313 0,225 0,67 0,271 - 1,637 0,377 0,56 0,292 - 1,071 0,080<br />

Não 1 1 1<br />

Grupos de<br />

exposição<br />

1 0,77 0,308 - 1,907 0,568 7,68 2,784 - 21,212 < 0,001 0,37 0,138 - 1,002 0,050<br />

2 0,68 0,323 - 1,418 0,301 2,42 0,865 - 6,785 0,092 0,38 0,183 - 0,801 0,011<br />

3 1 1 1


59<br />

Para a realização da regressão logística multivariada, ajustamos os <strong>marcadores</strong><br />

<strong>hepáticos</strong> em relação aos grupos de exposição, por esta ser a variável com as quais<br />

queremos observar se há ou não diferença estatística quando ajustamos às possíveis<br />

variáveis confundidoras ou modificadoras de efeito.<br />

Para o ajuste, foram escolhidas aquelas variáveis que apresentaram na<br />

regressão logística univariada (tabela 05), um valor de p menor ou igual a 0,25. Foi<br />

realizado ainda o ajuste do IMC, onde foram avaliados somente aqueles que possuíam o<br />

mesmo adequado para a idade e aqueles que possuíam sobrepeso.<br />

A tabela 06 mostra os resultados da regressão logística multivariada para cada<br />

um dos <strong>marcadores</strong> <strong>hepáticos</strong>.<br />

Para a TGO, apesar do modelo ajustado não ter apresentado significância<br />

estatística, percebemos que no grupo de exposição maior e intermediária houve um<br />

pequeno aumento no gradiente de risco, em especial no grupo 2, já que a OR apresentou<br />

um aumento em sua magnitude ORc = 0,71; ORa = 1,55).<br />

No caso da TGP, também não encontramos valores estatísticamente<br />

significantes, poré, percebemos que o risco no modelo ajustado diminuiu, tanto no<br />

grupo mais exposto (ORc =3,03 e Ora= 1,08), quando no grupo de exposição<br />

intermediária (ORc = 2,15; Ora = 0,78); quando comparado ao grupo de menor<br />

exposição.<br />

O risco da apresentação de valores alterados para a GGT, no grupo de maior<br />

exposição, tende a diminuir (ORc = 4,07; ORa = 1,36); assim como no caso da<br />

exposição intermediária (ORc = 2,99 ; Ora = 0,81), mas estes dados não possuem<br />

significância estatística.<br />

Para a fosfatase alcalina e albumina, ambos sem significância estatística,<br />

percebemos que também houve um aumento no gradiente de risco, especialmente no<br />

grupo de exposição intermediária (ORa fosfatase alcalina = 5,69; ORa albumina =<br />

4,15).<br />

Apenas para o colesterol total e o LDL o modelo ajustado encontrou<br />

significância estatística. No caso do colesterol total, houve aumento da chance de<br />

apresentação de alteração dos níveis séricos <strong>nos</strong> grupos de maior (ORc = 4,10; ORa =<br />

4,19; p = 0,037) e intermediária exposição (ORc = 1,87; ORa = 2,17; p = 0,25). Para o<br />

LDL, apenas para o modelo ajustado do grupo mais exposto , houve significância


60<br />

estatística (p = 0,025), entretanto o modelo mostra que ocorreu uma diminuição da<br />

chance de alteração <strong>nos</strong> níveis séricos no modelo ajustado (ORc = 7,69; ORa = 4,07).<br />

O modelo ajustado mostrou que para o HDL, a magnitude do risco manteve-se,<br />

e não houve significância estatística. Para os aos triglicerídeos, risco aumentou no<br />

modelo ajustado para ambos os grupos (grupo 1: ORc = 0,45 e ORa= 2,21; grupo 2:<br />

ORc = 0,60 e ORa = 1,34), apesar da ausência de significância estatística para o modelo<br />

ajustado (p = 0,350; p = 0,690).


61<br />

Tabela 06: Associação entre variável de exposição e alterações em <strong>marcadores</strong> <strong>hepáticos</strong> por regressão logística<br />

Grupo<br />

1<br />

Marcadores <strong>hepáticos</strong><br />

TGO TGP GGT<br />

ORc (IC95%) p-valor ORa a (IC95%) p-valor ORc (IC95%) p-valor ORa b (IC95%) p-valor ORc (IC95%) p-valor ORa c (IC95%) p-valor<br />

0,45<br />

0,72<br />

3,03<br />

1,08<br />

4,07<br />

1,36<br />

0,317<br />

0,791<br />

0,80<br />

0,908<br />

0,007<br />

0,61<br />

(0,096 - 2,137) (0,065 - 8,021) (0,875 - 10,508) (0,289 - 4,042) (1,476 - 11,245) (0,412 - 4,526)<br />

2<br />

0,71<br />

1,55<br />

2,15<br />

0,78<br />

2,99<br />

0,81<br />

0,543<br />

0,676<br />

0,183<br />

0,684<br />

0,21<br />

(0,237 - 2,133) (0,197 - 12,235) (0,697 - 6,651) (0,232 - 2,609) (1,184 - 7,567) (0,269 - 2,436)<br />

0,707<br />

3 1 _ 1 _ 1 _


62<br />

Tabela 06 (continuação): Associação entre variável de exposição e alterações em <strong>marcadores</strong> <strong>hepáticos</strong> por regressão logística<br />

Marcadores <strong>hepáticos</strong><br />

Grupo<br />

Fosfatase alcalina<br />

Albumina<br />

Colesterol total<br />

1<br />

ORc (IC95%) p-valor ORa d (IC95%) p-valor ORc (IC95%) p-valor ORa e (IC95%) p-valor ORc (IC95%) p-valor ORa f (IC95%) p-valor<br />

0,94<br />

0,85<br />

0,54 0,358 3,47<br />

4,10<br />

4,19<br />

0,897<br />

0,81<br />

0,330<br />

0,004<br />

0,037<br />

(0,359 - 2,454) (0,766 - 93,823) (0,147 - 2,001) (0,284 - 42,433) (1,568 - 10,704) (1,093 - 16,065)<br />

2<br />

0,72<br />

0,463<br />

5,69 0,143 0,80<br />

0,650<br />

4,15<br />

0,221<br />

1,87<br />

0,185<br />

2,17<br />

(0,305 - 1,717) (0,556 - 58,157) (0,305 - 2,097) (0,424 - 40,680) (0,741 - 4,708) (0,580 - 8,100)<br />

0,25<br />

3<br />

1 _ 1 _ 1 _


63<br />

Tabela 06 (cont.): Associação entre variável de exposição e alterações em <strong>marcadores</strong> <strong>hepáticos</strong> por regressão logística<br />

Grupo<br />

1<br />

Marcadores <strong>hepáticos</strong><br />

HDL LDL Triglicerídeos<br />

ORc (IC95%) p-valor ORa g (IC95%) p-valor ORc (IC95%) p-valor ORa h (IC95%) p-valor ORc (IC95%) p-valor ORa i (IC95%) p-valor<br />

0,77<br />

0,62<br />

7,69<br />

4,07<br />

0,45<br />

2,21<br />

0,568<br />

0,318<br />


64<br />

7. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS<br />

Os resultados do presente estudo apontam fraca ou nenhuma associação para<br />

alterações em enzimas hepáticas provocadas por exposição a organoclorados.<br />

Entretanto, merece especial destaque para tal exposição e para as alterações em<br />

colesterol e lipidiograma.<br />

O fígado é essencial para o metabolismo e armazenamento do colesterol<br />

(Schinoni, 2006), pois os hepatócitos sintetizam e secretam lipoproteínas de densidade<br />

muito baixa que são convertidas em outras lipoproteínas séricas: o HDL – lipoproteína<br />

de alta densidade e o LDL- lipoproteína de baixa densidade, as quais são as principais<br />

fontes de colesterol para o organismo humano (Kutchi, 1998).<br />

O colesterol é ainda precursor dos hormônios esteróides, dos ácidos biliares e<br />

da vitamina D. (Sposito et al, 2007).<br />

As lipoproteínas permitem a solubilização e transporte dos lipídeos. Existem<br />

quatro grandes classes de lipoproteínas separadas em dois grupos. O primeiro grupo é<br />

composto por lipoproteínas maiores e me<strong>nos</strong> densas, representadas pelos quilomícrons,<br />

de origem intestinal, e pelas lipoproteínas de densidade muito baixa (VLDL), as quais<br />

são de origem hepática. O segundo grupo é formado por lipoproteínas ricas em<br />

colesterol de densidade baixa (LDL) e de densidade alta (HDL).<br />

O LDL é responsável pelo transporte de lipídeos de origem hepática. Já o HDL<br />

é formado no fígado, no intestino e na circulação.<br />

Os poluentes orgânicos persistentes – POPs (dentre os quais estão os<br />

organoclorados) são predominantemente carreados pela porção lipídica do sangue (Lee,<br />

et al, 2001). Os organoclorados são compostos biologicamente persistentes, e que<br />

tendem a se bioacumular em huma<strong>nos</strong> e animais que estão no topo da cadeia alimentar<br />

(Bergonzini et al, 2009). Alguns mecanismos bioquímicos e toxicológicos dão pistas<br />

para a plausibilidade biológica na associação entre a ação dos desreguladores<br />

endócri<strong>nos</strong> e alterações da função hepática.<br />

A estrutura dos OC <strong>nos</strong> permite dividi-los em 5 categorias:<br />

Hexaclorooctahidronaftale<strong>nos</strong> (aldrin, dieldrin e endrin), Canfe<strong>nos</strong> clorados (<br />

Endossulfan, clordano, heptaclor, toxafeno), difeniletanoclorados (DDT, DDD, docofol<br />

e metoxiclor) e hexaclorociclohexano.(Mendes, R. , 2007). Todos os organoclorados<br />

podem ter absorção respiratória, digestiva e dérmica e sua principal via de eliminação é


65<br />

a biliar (ATSDR). Os organoclorados parecem induzir a formação de radicais livres no<br />

organismo humano. (Douki, T et l. 1999 e Ferrrari et al. 2001).<br />

Junqueira et al. (1988) evidenciaram que a administração de lindano em ratos<br />

aumenta os níveis de P450 <strong>hepáticos</strong>, a quantidade de radical superóxido, corroborando<br />

a idéia de que organoclorados podem induzir estresse oxidativo. O radical superóxido<br />

pode ser escrito como O2-. ou O2- e é formado após a primeira redução do O2. O<br />

radical superóxido ocorre em quase todas as células aeróbicas e é produzido durante a<br />

ativação máxima de neutrófilos, monócitos, macrófagos e eosinófilos, podendo levar à<br />

lesão celular secundária a sistemas geradores de O2-. (Halliwell et al. 1990)<br />

Roden et al(1997) observaram que no tecido hepático cirrótico de ratos ocorre<br />

maior atividade metabólica de radicais livres. Santos ( 1999) evidenciou que o lindano<br />

administrado a ratos induz um aumento <strong>nos</strong> níveis de citocromo P450 hepático<br />

associado ao aumento dos níveis de lipoperoxidação conseqüente ao aumento da<br />

geração de radical ânion superóxido pelo retículo endoplasmático em ratos. Samanta e<br />

Chaini (1997) estudaram a ação do HCH em frangos com me<strong>nos</strong> de 30 dias de idade,<br />

observando peroxidação lipídica apenas em frações subcelulares do fígado. Esses<br />

resultados tiveram uma correlação positiva tendo a idade como parâmetro.<br />

A geraçäo de radicais livres correlaciona-se fortemente à injúria hepática,<br />

principalmente quando associada ao consumo do álcool etílico. Este induz a aumento na<br />

peroxidaçäo lipídica por dois mecanismos: maior produçäo de espécies reativas de<br />

oxigênio e/ou diminuiçäo dos níveis dos antioxidantes endóge<strong>nos</strong>. Em ratos, Jordão<br />

Junior et al (2002), investigatam o efeito do etanol sobre a peroxidaçäo lipídica<br />

plasmática e hepática (medida por SRATB), vitamina E em plasma e fígado e glutationa<br />

hepática. As concentrações hepáticas de SRATB e de glutationa foram maiores <strong>nos</strong><br />

animais que receberam etanol e as de vitamina E estavam diminuidas (Jordão Junior et<br />

al, 2002).<br />

As dioxinas ligam-se receptor proteico denominador Ah (AhR ou RAh), o que<br />

resulta na ligação deste a uma sequencia de DNA. É possível que esse receptor ligue-se<br />

a uma região regulatória para gene CYP 1A1, que possui o genótipo para uma das<br />

enzimas do tipo citocromo P450. (Yamauchi, Kimb et al. 2006).<br />

Oda et al (1999), ao estudar o as alterações ocorridas após exposição aguda<br />

oral de ratos a alguns organoclorados, como o PCB (bifenilas policlorada) e DDT,


66<br />

identificou que estes xenobióticos são capazes de elevar o peso do fígado e os níveis<br />

séricos de colesterol, sem ocorrer alteração de peso corpóreo.<br />

Os autores ainda reportaram que a exposição a estes compostos, levou a<br />

indução das atividades da 3-hidroxi-3-metilglutaril coenzima A redutase (HMG-CoA), e<br />

da nicotinamida adenina dinucleotídeo fosfato (NADPH), o que pode ser responsável<br />

pela hipercolesterolemia e esteatose nestes ratos.<br />

Apesar destes compostos, assim como outros xenobióticos (por exemplo, o<br />

fenobarbital), aumentarem o colesterol sérico e lipídios <strong>hepáticos</strong>, aumentarem ainda os<br />

níveis séricos de triglicerídeos e diminuir os de HDL; o mecanismo de indução destas<br />

enzimas é desconhecido (Oda, 1999; Lee et alt ,2011).<br />

Sabe-se que a biossíntese do colesterol no fígado de mamíferos é regulada<br />

principalmente através da enzima microssomal HMG-CoA redutase, que catalisa a<br />

velocidade da reação. A atividade desta enzima é regulada por um mecanismo<br />

envolvendo inicialmente um feedback negativo causado pelo colesterol; por uma<br />

degradação e estabilidade da enzima e e mRNA para a HMG-CoA redutase,e por ultimo<br />

pela modificação da ação desta enzima pelos processo de fosforilação, pelo tiol e<br />

substratos (Oda, 1999).<br />

Os organoclorados são disruptores endócri<strong>nos</strong>, e estão associados com o<br />

desenvolvimento de síndrome metabólica ( caracterizada pelo aumento da concentração<br />

de tiacilglicerol e pela baixa concentração de HDL) e diabetes mellitus tipo 2. São<br />

substâncias hormonais ativas, que imitam a ação natural de hormônios, como os<br />

tireoidea<strong>nos</strong> e estróge<strong>nos</strong>. (Dirinck et al, 2010).<br />

Há evidências de que a exposição por poluentes orgânicos persistentes (POP)<br />

podem desempenhar um papel importante no desenvolvimento de diabetes do tipo 2.<br />

Recentemente, alguns estudos relataram que as concentrações séricas de alguns POP,<br />

em particular os organoclorados (OC) e bifenilas policloradas (PCBs) com a ocorrência<br />

de diabetes tipo 2 <strong>nos</strong> EUA (1-3). Uma informação particularmente importante para a<br />

situação da população estudada, qual seja, um grupo exposto cronicamente a baixas<br />

doses, é o fato de que as evidências atuais dizem que a exposição a POPs em doses<br />

baixas, semelhantes aos atuais níveis de exposição da população, aumentam o risco de<br />

diabetes, enquanto uma dose maior POPs não aumentam o risco (Lee, 2010),<br />

semelhante ao conhecidos efeitos de baixas doses de desreguladores endócri<strong>nos</strong><br />

(Welshons, 2003; Daston, 2003).


67<br />

No paradigma atual para diabetes tipo 2, a obesidade resulta de um<br />

desequilíbrio de energia, resistência à insulina da obesidade, e a exaustão das células<br />

beta pancreáticas por superprodução de insulina para compensar a resistência à insulina,<br />

o que em última análise, progride para o diabetes (Lee, 2007). Na verdade, a exposição<br />

a pesticidas OC e PCB tem sido descrita como associada à resistência à insulina e<br />

dislipidemia, mesmo entre as pessoas sem diabetes (Lee, 2007; Kamaus, 2009). Em<br />

conjunto, estes resultados sugerem que baixas doses de OC e PCB podem desempenhar<br />

um papel na importante na diabetogênese e falhas no metabolismo, mesmo nas suas<br />

fases de desenvolvimento.<br />

É importante ressaltar que diferentes tipos de POPs foram diferencialmente<br />

associado com vários aspectos da desregulação metabólica. Por exemplo, p, p'-DDE<br />

predispõe, aparentemente, a um aumento do IMC, aumento dos triglicérides, diminuição<br />

do HDL-colesterol e aumento do HOMA-IR (Lee, 2010). Por outro lado, trans-nonaclor<br />

é mais fortemente associado com o desenvolvimento de diabetes, mas não o IMC, HDLcolesterol,<br />

e HOMA-IR apesar de trans-nonaclor presidpor o aumento dos triglicerídeos.<br />

Portanto, o p, p'-DDE pode ser influente no desenvolvimento de condições de prédiabéticas,<br />

enquanto trans-nonaclor pode ser mais importante na progressão da<br />

resistência à insulina e ao diabetes tipo 2.<br />

Similar às associações entre baixa dose de POPs e diabetes tipo 2, os<br />

mecanismos subjacentes às associações entre POPs e distúrbios na glicose e<br />

metabolismo lipídico têm sido pouco estudado. Por exemplo, a afinidade para receptor<br />

de hidrocarboneto aromático (Ahr) não parece estar diretamente associada com um<br />

papel importante mecanicista <strong>nos</strong> distúrbios metabólicos. Os distúrbios do metabolismo<br />

glicídico e lipídico devidos a POP parecem exigir, pelo me<strong>nos</strong>, duas condições; dose<br />

baixa e persistência. Como as concentrações séricas de POPs, especialmente dos<br />

organoclorados, diminuíram durante várias décadas, fruto das proibições em larga<br />

escala no mundo, baixas doses de POPs são mais frequentemente encontradas hoje do<br />

que intoxicações ou contaminações em altas doses. Pelo fato de que os POPs foram<br />

liberados no meio ambiente desde os a<strong>nos</strong> 1950, e em larga escala no mínimo até<br />

meados dos a<strong>nos</strong> 70, pode-se supor que os sujeitos de estudo tenham sido expostos a<br />

esses produtos químicos. Portanto, tanto em termos de dose de exposição e de duração,<br />

a população de estudo pode estar em maior risco de desenvolver alterações de glicose e


68<br />

metabolismo lipídico por POP do que eram anteriormente nas populações gerais (Lee,<br />

2011).<br />

Além disso, a explosão e a iminência da pandemia da obesidade contribuiu<br />

para piorar o problema, porque as associações entre POPs individual e diabetes tipo 2<br />

tem sido observadas somente entre as pessoas obesas. Além disso, a exposição a<br />

xenobióticos, tais como POP, pode contribuir para o desenvolvimento da obesidade.<br />

Finalmente, os resultados observados no homem podem ser explicados pelos<br />

efeitos do POPs que trabalham em conjunto. Combinações de desreguladores<br />

endócri<strong>nos</strong> são capazes de produzir efeitos significativos, mesmo quando cada<br />

substância química está presente em baixas doses que, individualmente, não induzem<br />

efeitos notáveis (Kortenkamp, 2010). À medida que a população em geral está<br />

simultaneamente exposta a uma mistura de várias centenas de POPs, um efeito de<br />

cocktail devido a POP misto pode ser importante. Portanto, em dose baixa POPs podem<br />

estar envolvidos no desenvolvimento da obesidade, dislipidemia, e resistência à<br />

insulina, embora POP diferente podem dizer respeito a diferentes características<br />

metabólicas. À medida que a população em geral é simultaneamente exposta a vários<br />

POPs através do consumo de alimentos, <strong>nos</strong>sas conclusões sobre POPs podem ajudar a<br />

explicar por que essas anormalidades metabólicas tendem a ocorrer como um cluster.<br />

Junto com achados de Lee ( 2010) sobre o diabetes tipo 2, a exposição do fundo de<br />

POPs podem ajudar a explicar a recente epidemia de obesidade, síndrome metabólica e<br />

diabetes.<br />

Compostos organoclorados (OCs), incluindo bifenilas policloradas (PCBs),<br />

hexaclorobenzeno (HCB), p, p'-diclorodifeniltricloretano (p, p'-DDT), e seu metabólito<br />

mais estável, o diclorodifenildicloroetileno (p, p'-DDE), são substâncias biologicamente<br />

persistentes por serem extremamente lipofílicos. Assim, o termo poluentes orgânicos<br />

(POP) foi também cunhado para indicar que estes compostos, caracterizados pela<br />

elevada lipofilia e tendência para distribuir para os tecidos em relação ao seu teor de<br />

gordura. Tem sido sugerido que o coeficiente de partição de OCs entre o sangue eo<br />

tecido adiposo corresponde à relação de teor lipídico nestes tecidos (Haddad et ai.<br />

2000). Ultimamente, a discussão sobre a associação entre o metabolismo lipídico e a<br />

concentração de organoclorados é tão importante que estudos mais robustos têm<br />

recomendado a normalização de suas concentrações séricas por lipídeos no soro total


69<br />

(TSL) (Phillpi et al, 1989). Isto levaria a uma melhor comparação dos resultados<br />

analíticos, em particular quando obtido em não-jejum.<br />

A soma de lipídeos totais é determinada por colesterol total, triglicérides e<br />

fosfolipídios. No entanto, a maioria dos laboratórios de química clínica não costuma<br />

determinar fosfolipídios séricos. Phillips et ai. (1989) propôs uma fórmula simplificada<br />

para prever a concentração TSL a partir das concentrações séricas de colesterol total e<br />

triglicérides. Esta fórmula foi obtida a partir da regressão linear entre o colesterol e<br />

fosfolípides de uma amostra de 81 pessoas e no pressuposto de que cerca de 73% do<br />

colesterol do soro foi em uma forma esterificada. A partir daí, duas fórmulas<br />

alternativas foram propostas após a avaliação de amostras de estudo maiores (483 e 617<br />

indivíduos, respectivamente) (Covaci et al 2006;. Rylander et al 2006). Modelos de<br />

regressão linear foram aplicados a estes grandes conjuntos de dados para estimar as<br />

relações entre a soma das concentrações séricas de triglicérides e de colesterol, e a soma<br />

das concentrações séricas de todas as fracções lipídicas. Covaci et al. (2006) sugeriram<br />

que a fórmula Phillips conduziria a uma estimativa excessiva do conteúdo TSL,<br />

conduzindo assim a uma subestimativa de lipídeo ajustado níveis de CO. Mais<br />

recentemente, falhas críticas na abordagem da Covaci têm sido divulgadas (Bernert et<br />

al. De 2007). Fato é que Bergonzi et al (2009) determinaram os níveis de colesterol,<br />

triglicérides e fosfolipídios com ensaios enzimáticos em amostras de soro de 121<br />

indivíduos que vivem em uma área poluída do norte da Itália. Nas mesmas amostras e<br />

sobre um conjunto adicional de 69 mulheres grávidas da mesma área, determinou-se<br />

também bifenilas policloradas, hexaclorobenzeno e p, p'-DDE. Nas mulheres, os<br />

compostos foram determinados também em amostras de tecido adiposo. Este estudo<br />

permitiu afirmar que as fórmulas possibilitam um ajuste válido de compostos<br />

organoclorados no soro. O algoritmo proposto por Phillips et al (1989) fornece alguma<br />

ligeira vantagem sobre os outros, em termos de simplicidade de utilização.<br />

Esta discussão sobre a relevância na concentração de lipídios totais e colesterol<br />

e a concentração sérica de OC não é consensual. Portas et al (2009) apontou que as<br />

correlações séricas entre OC e lipídios totais e entre OC e colesterol total são<br />

moderadas, enquanto as correlações entre OC e triglicerídeos foram fracas.Observaram<br />

ainda que as concentrações não ajustadas de p, p'-DDE não foi significativamente<br />

correlacionada com qualquer medida de lipídios. Neste estudo, apenas uma pequena<br />

parte da variabilidade na concentração sérica de OC foi atribuída aos lipídios, de forma


70<br />

que a correção de lipídios pode ser inadequado, desnecessário ou de pouca importância,<br />

em comparação com pacientes com as maiores concentrações de OC. Estas observações<br />

levantam dúvidas sobre a relevância prática de corrigir a concentração de OC por<br />

lipídios.<br />

Como muitos outros estudos epidemiológicos (Porta et al., 2008 e Covaci et al.,<br />

2006), o estudo de Porta et al (2009) não mediu fosfolipídios. Ou seja, os seus<br />

resultados deixam em aberto a possibilidade de que medidas alternativas de lipídios<br />

totais ou de frações lipídicas diferentes poderia ser útil para corrigir os OCs por lipídios.<br />

Os resultados contribuem para a literatura escassa sobre as razões e os meios<br />

para associar concentrações séricas de OC e lipídios. Pesquisa sobre correção de lipídios<br />

das concentrações sanguíneas de agentes lipofílicos ambientais, como os<br />

organoclorados (Porta, 2001, Wolff et al., 2005, Wolff et al., 2007 e Schisterman et al.,<br />

2005) devem, portanto, continuar a ser desenvolvido num contexto mais amplo que<br />

integra a influência dos sintomas clínicos, procedimentos e prazos de extração de<br />

sangue em ambos os lipídios e os compostos lipofílicos (Porta et al., 2009).<br />

Finalmente, o fato de que as concentrações de organoclorados em misturas,<br />

como o que ocorre em Cidade dos Meni<strong>nos</strong>, não são independentes, é geralmente<br />

conhecido por ter implicações importantes para estudos sobre os mecanismos com o<br />

objetivo de elucidar o papel etiopatogênico de cada composto (Glynn et al., 2001,<br />

Glynn et al., 2000, Moysich et al., 1999, Gladen et al., 1999, Gladen et al., 2003,<br />

Masuda et al., 2005 e Cogliano, 1998). As implicações específicas, no entanto, são<br />

muitas vezes me<strong>nos</strong> claras, em particular quando a influência de lípidos é considerada.<br />

A este respeito, Porta et al (2007) pondera algumas questões. Por exemplo, a<br />

necessidade de ajustar um dado OC 1 por outro OC 2 pode geralmente ser mais forte<br />

<strong>nos</strong> estratos de menores concentrações de triglicerídeos, e mais fraco quando as<br />

concentrações de triglicerídeos são maiores. Além disso, poderia ser necessário nas<br />

análises considerar a seguinte possibilidade: enquanto que o efeito causal de um dado<br />

OC 1pode variar de acordo com as concentrações de colesterol e de triglicéridos , o<br />

efeito de OC 1 pode, de fato, ser modificado por OC 2 (Gladen et al., 1999). E viceversa:<br />

o risco de OC1 pode ser modificado por lipídios. Embora lógico, esta segunda<br />

possibilidade pode ser me<strong>nos</strong> comum do que a primeira, uma vez que é também claro<br />

que as correlações de OCs com o colesterol e os triglicéridos são muitas vezes mais<br />

fraca do que as correlações de OCs entre si. (Porta et ai., 2002b, Moysich et al. , 2002 e


71<br />

Laden et al, 1999). Este fato precisa ser considerado quando se discute os métodos mais<br />

apropriados para ajustar para lipídios (Rylander et al, 2006 e Covaci et al, 2006) e<br />

estabelecer a correlação entre eles.


72<br />

8. CONCLUSÃO<br />

O presente estudo buscava estimar a magnitude da associação entre a<br />

exposição ambiental a organoclorados e alterações de <strong>marcadores</strong> <strong>hepáticos</strong>.<br />

Os dados sócio-demográficos do presente estudo mostram que a população é<br />

predominantemente do sexo masculino, de faixa etária maior de 20 a<strong>nos</strong>, com IMC<br />

adequado.<br />

Apesar do número total de casos não poder ter sido completamente avaliado,<br />

devido à falta de informações em muitas variáveis, pode-se observar que a grande<br />

maioria dos casos apresentava níveis normais dos <strong>marcadores</strong> <strong>hepáticos</strong> e de colesterol<br />

total, HDL, LDL, e triglicerídeos.<br />

Uma maior avaliação e identificação de associação entre estas alterações dos<br />

níveis séricos dos <strong>marcadores</strong> <strong>hepáticos</strong> e a exposição aos OC foi dificultada pela falta<br />

de informações colhidas em muitas variáveis (missing), o que também dificultou a<br />

inserção de todos os indivíduos avaliados <strong>nos</strong> grupos de exposição criados.<br />

Houve dificuldades em mensurar o quanto a exposição aos compostos<br />

organoclorados pode ter contribuído para as alterações encontradas. Isso de deve a falta<br />

de informações sobre os níveis séricos dos compostos, doenças auto-referidas, práticas<br />

de atividade física; além na não realização de preparo dos indivíduos antes dos exames<br />

(por exemplo, realização dieta hipolipídica antes do exame, ou não realizar coleta de<br />

sangue no período pós-prandial), que são fatores que poderiam aumentar as chances de<br />

encontrar níveis alterados de enzimas hepáticas e no perfil lipídico.<br />

Não havia dados tanto sobre a prevalência da ocorrência de hepatites virais,<br />

quanto sobre o status vacinal naquela população. Em casos de hepatite aguda, as<br />

enzimas AST/TGO e ALT/TGP aumentam 25 a 100 vezes acima do normal, começando<br />

a se elevar uma semana antes da icterícia e normalizando-se três a seis semanas de curso<br />

da doença. Já em casos de hepatite crônica, elas não ultrapassam quinze vezes o valor<br />

normal. Em hepatites virais, a fosfatase alcalina pouco se altera; e a GGT eleva-se em<br />

hepatites alcoólicas, tóxico-medicamentosas e virais (MS, 2009).<br />

Não houve condições de avaliação de lesão hepática, pois os critérios para<br />

lesão hepática são dois: o aumento superior a duas vezes o valor de referência da TGP<br />

ou da bilirrubina conjugada sérica, ou um aumento combinado da TGO, fosfatase<br />

alcalina, e bilirrubina total, desde que o resultado de pelo me<strong>nos</strong> uma das dosagens seja<br />

superior a duas vezes o valor de referência (Schinoni, 2006). Não foi realizado o exame


73<br />

para a avaliação de bilirrubina, o que impossibilitou também a avaliação da ocorrência<br />

ou não de lesão hepática.<br />

Apesar das limitações, foi identificado que os indivíduos mais expostos aos<br />

compostos organoclorados, presentes na localidade de Cidade dos Meni<strong>nos</strong>,<br />

apresentavam mais alterações <strong>nos</strong> níveis séricos de LDL e Colesterol total. Entretanto,<br />

para os demais <strong>marcadores</strong> <strong>hepáticos</strong>, após a elaboração da regressão logística, não foi<br />

encontrada significância estatística para os grupos de exposição. Este achado é coerente<br />

com os mecanismos toxicológicos dos organoclorados, que interferem no sistema<br />

endócrino ao realizar feedback negativo na síntese de hormônios esteroidais,<br />

especialmente o estrogênio, e com isso interferindo também no metabolismo lipídico.<br />

Futuros estudos, portanto, precisam avaliar esta associação para corroborar ou refutar<br />

<strong>nos</strong>sos achados, para que se possa estabelecer o exato caminho pelo qual os<br />

desregularores endócri<strong>nos</strong> alteram a função hepática.


74<br />

9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

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ANEXOS


Anexo A<br />

Instrumento de coleta de dados


Cronograma<br />

Abril - Dezembro<br />

2011<br />

Janeiro<br />

2012<br />

Fevereiro<br />

2012<br />

Março<br />

2012<br />

Abril<br />

2012<br />

Levantamento de referencial bibliográfico X X<br />

Elaboração do projeto X X X<br />

Qualificação X X<br />

Tratamento e análise dos dados X X<br />

Elaboração do relatório final X X<br />

Defesa X X

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