04.01.2015 Views

Nepso PR-3 (Parte 1) - Instituto Paulo Montenegro

Nepso PR-3 (Parte 1) - Instituto Paulo Montenegro

Nepso PR-3 (Parte 1) - Instituto Paulo Montenegro

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

MANUAL DO <strong>PR</strong>OFESSOR<br />

VERSÃO ESPECIAL PARA DOWNLOAD


© Copyright 2001 by <strong>Instituto</strong> <strong>Paulo</strong> <strong>Montenegro</strong><br />

GLOBAL EDITORA E DISTRIBUIDORA LTDA.<br />

DIRETOR EDITORIAL: Jefferson L. Alves<br />

GERENTE DE <strong>PR</strong>ODUÇÃO: Flávio Samuel<br />

ASSISTENTE EDITORIAL: Rodnei William Eugênio<br />

REVISÃO: Rodnei William Eugênio<br />

CAPA: Sergio Kon sobre desenho de Ricardo Sanzi<br />

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)<br />

(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)<br />

Nossa escola pesquisa sua opinião : manual do professor/<br />

editores Fabio <strong>Montenegro</strong>, Vera Masagão Ribeiro;<br />

[ilustrações Ricardo Sanzi]. – 2. ed. – São <strong>Paulo</strong>: Global, 2002.<br />

ISBN 85-260-0788-2<br />

1. Educação – Opinião pública 2. Opinião pública –<br />

Pesquisas 3. Pesquisa educacional I. <strong>Montenegro</strong>, Fabio. II.<br />

Ribeiro, Vera Masagão. III. Kon, Sergio.<br />

02-5539 CDD–370.72<br />

Índices para catálogo sistemático:<br />

1. Escolas : Pesquisa de opinião : Educação 370.72<br />

2. Pesquisa de opinião : Escolas : Educação 370.72<br />

INSTITUTO PAULO MONTENEGRO<br />

Al. Santos, 2101, 8º andar<br />

01419-002 São <strong>Paulo</strong> SP<br />

tel.: (11) 3066-1758<br />

ipm@ibope.com.br<br />

www.ipm.org.br<br />

Direitos reservados a<br />

GLOBAL EDITORA E DISTRIBUIDORA LTDA.<br />

R. Pirapitingüi, 111, Liberdade<br />

01508-020 São <strong>Paulo</strong> SP<br />

tel.: (11) 3277-7999<br />

fax: (11) 3277-8141<br />

global@globaleditora.com.br<br />

n o de catálogo: 2356<br />

Colabore com a produção científica e cultural.<br />

Proibida a reprodução total ou parcial desta<br />

obra sem a autorização do editor.<br />

Printed in Brazil<br />

Foi feito o depósito legal


REALIZAÇÃO: <strong>Instituto</strong> <strong>Paulo</strong> <strong>Montenegro</strong><br />

COORDENAÇÃO GERAL: Ana Lúcia D’Império Lima, Fabio <strong>Montenegro</strong><br />

COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA: Ação Educativa – Vera Masagão Ribeiro<br />

MANUAL DO <strong>PR</strong>OFESSOR<br />

EDITORES: Fabio <strong>Montenegro</strong>, Vera Masagão Ribeiro<br />

EDIÇÃO DE ARTE: Sergio Kon<br />

CONSULTORES: Alexandre Fortes, Ana Lagôa, Ariovaldo Umbelino de Oliveira, Carlos<br />

Seabra, Celi Aparecida Espasandin Lopes, Célia Maria Benedicto Giglio,<br />

Flávia Inês Schilling, Fernando Valentim, José Carlos Cacau Lopes, Luiz<br />

Percival Leme Britto, Márcia Abreu, Marco Antônio Souza Aguiar, <strong>Paulo</strong><br />

Fontes<br />

APLICAÇÃO EXPERIMENTAL: Lourdes Atié, Monica Moreira de Oliveira Braga Cukierkorn<br />

EDIÇÃO DE TEXTO: Ana Lúcia D’Império Lima, Marcia Cavallari Nunes e Vera Marchesi<br />

REVISORES: Orlando Joia, Hélio Gastaldi, Silvia Mattiazzo, Maria Lúcia Barreto, <strong>Paulo</strong><br />

Pinheiro de Andrade, Marcilio Souza, Marilse Araujo, Silvia Cervellini<br />

REVISÃO FINAL: Edméa Garcia Neiva<br />

ILUSTRAÇÕES: Ricardo Sanzi<br />

PÓLOS REGIONAIS<br />

COORDENAÇÃO NACIONAL: Marilse Araujo<br />

SÃO PAULO: Ação Educativa<br />

RIO DE JANEIRO: Idéias Futuras<br />

PERNAMBUCO: Centro de Cultura Luiz Freire<br />

RIO GRANDE DO SUL: Programa de Pós-Graduação em Educação da UFRGS<br />

INTERNET: <strong>Instituto</strong> <strong>Paulo</strong> <strong>Montenegro</strong> – www.ipm.org.br<br />

INSTITUTO PAULO MONTENEGRO<br />

<strong>PR</strong>ESIDENTE: Desirée Saade <strong>Montenegro</strong><br />

VICE-<strong>PR</strong>ESIDENTE: Solange Maria Saade <strong>Montenegro</strong><br />

DIRETORES: Ana Lúcia D’Império Lima, Flavio Luiz Seabra Ferrari, Odair Bustamante,<br />

Marcia Cavallari Nunes, Vera Frucci, Nelsom Marangoni<br />

SECRETÁRIO-EXECUTIVO: Fabio <strong>Montenegro</strong><br />

INSTITUTO BRASILEIRO DE OPINIÃO<br />

PÚBLICA E ESTATÍSTICA – IBOPE<br />

<strong>PR</strong>ESIDENTE: Carlos Augusto Saade <strong>Montenegro</strong><br />

VICE-<strong>PR</strong>ESIDENTE: Luiz <strong>Paulo</strong> Saade <strong>Montenegro</strong><br />

DIRETORES: Solange Maria Saade <strong>Montenegro</strong>, Marcos Spinola <strong>Montenegro</strong>, <strong>Paulo</strong><br />

Pinheiro de Andrade


SUMÁRIO<br />

UM NOVO DESAFIO PARA UMA TRADICIONAL INSTITUIÇÃO 5<br />

SOBRE O MANUAL 6<br />

PARTE 1<br />

O VALOR EDUCATIVO DA PESQUISA DE OPINIÃO<br />

O espaço da pesquisa na escola 9<br />

A escola como produtora de conhecimento 12<br />

PARTE 2<br />

COMO FAZER PESQUISA DE OPINIÃO NA ESCOLA<br />

Apresentação 15<br />

Planejamento do projeto de pesquisa 16<br />

Análise e interpretação dos resultados 20<br />

Apresentação dos dados com gráficos 21<br />

Sistematização e divulgação dos resultados 23<br />

ANEXO<br />

SUGESTÕES DE <strong>PR</strong>OJETOS<br />

Propostas de Pojetos 25<br />

Tema 1: Sexualidade e Gênero 29<br />

Tema 9: História e Memória 35<br />

CONGRESSO IBOPE/UNESCO


NOSSAESCOLAPESQUISASUAOPINIÃO<br />

VERSÃO REDUZIDA ESPECIAL PARA DOWNLOAD<br />

5<br />

UM NOVO DESAFIO PARA UMA TRADICIONAL INSTITUIÇÃO<br />

Desirée Saade <strong>Montenegro</strong><br />

Presidente do <strong>Instituto</strong> <strong>Paulo</strong> <strong>Montenegro</strong><br />

Carlos Augusto <strong>Montenegro</strong><br />

Presidente do IBOPE<br />

Fundado em 1942, o IBOPE é o mais antigo instituto de pesquisa de mercado da América Latina.<br />

Seu produto é a informação utilizada como instrumento de orientação do processo decisório<br />

de seus clientes. No Brasil, o IBOPE é o maior e mais diversificado fornecedor de<br />

informações para apoiar decisões de marketing, propaganda, mídia e Internet nas esferas<br />

empresarial e política.<br />

Criado em 2000, o <strong>Instituto</strong> <strong>Paulo</strong> <strong>Montenegro</strong> é uma entidade sem fins lucrativos destinada a<br />

executar projetos sociais na área de Educação. Sua criação é conseqüência direta do<br />

engajamento que o IBOPE sempre teve em ações sociais, desde sua fundação.<br />

O objetivo do <strong>Instituto</strong> é desenvolver e disseminar práticas educacionais inovadoras,<br />

contribuindo para que o sistema de ensino do país alcance novos patamares de qualidade.<br />

Uma de suas prioridades é ajudar a renovar o papel formador da escola pública na<br />

comunidade em que está inserida, reforçando seu poder de atração, de agrupamento e de<br />

liderança no cotidiano de alunos, pais e professores.<br />

Estrategicamente, o <strong>Instituto</strong> <strong>Paulo</strong> <strong>Montenegro</strong> procura atuar em parceria com outras<br />

entidades afins na área de Educação, para ampliar o alcance dos projetos. Dessa forma, evita a<br />

superposição de funções e aproveita melhor os recursos disponíveis para cada ação.<br />

Em 2000, o <strong>Instituto</strong> realizou seu primeiro projeto, em parceria com a organização nãogovernamental<br />

Ação Educativa, ao investigar como a pesquisa de opinião poderia ajudar a<br />

melhorar a qualidade do ensino. Especialistas em Educação e professores foram reunidos em<br />

um seminário, para desenvolver a versão preliminar de um manual sobre o valor educativo da<br />

pesquisa. Em seguida, foi realizado um projeto piloto, para testar o uso pedagógico da<br />

pesquisa de opinião em escolas públicas do Rio e de São <strong>Paulo</strong>.<br />

Os resultados desse projeto, batizado de Nossa Escola Pesquisa Sua Opinião, evidenciaram<br />

sua abrangência e seu potencial inovador. O uso da pesquisa de opinião nas salas de aula<br />

contribui para múltiplos objetivos educacionais. A pesquisa pode encaixar-se em todas as<br />

disciplinas, dinamizar o trabalho realizado pelas escolas, motivar e beneficiar alunos e<br />

professores, desenvolver a consciência cidadã da comunidade.<br />

O lançamento deste Manual, dirigido a professores e alunos, marca o início da etapa de<br />

disseminação do projeto Nossa Escola Pesquisa Sua Opinião em escolas da rede pública de<br />

todo o país.


NOSSAESCOLAPESQUISASUAOPINIÃO<br />

VERSÃO REDUZIDA ESPECIAL PARA DOWNLOAD<br />

6<br />

SOBRE O MANUAL<br />

Este manual foi desenvolvido como um instrumento de trabalho do projeto Nossa Escola<br />

Pesquisa Sua Opinião, cujo objetivo é disseminar o uso da pesquisa de opinião como<br />

estratégia pedagógica em escolas da rede pública.<br />

Na primeira parte, expõe-se a fundamentação da proposta, ou seja, discorre-se sobre o<br />

potencial educativo de projetos de pesquisa que envolvam docentes, alunas e alunos.<br />

Evidencia-se como um projeto dessa natureza pode propiciar aprendizagens significativas,<br />

que vêm ao encontro das orientações curriculares mais atuais para a educação básica. Nessas<br />

orientações curriculares, afirmam-se princípios como o da contextualização de conteúdos,<br />

integração de disciplinas, valorização da iniciativa e autonomia dos jovens, cidadania e<br />

participação.<br />

Entretanto, todos os educadores sabem que não é nada fácil concretizar tais princípios na<br />

prática cotidiana da escola. Sem pretender responder de forma completa e definitiva a esse<br />

enorme desafio educacional, o Manual mostra como a realização de pesquisas de opinião<br />

pode constituir uma experiência de prática escolar mais coerente com tais princípios, uma<br />

possibilidade de inovação do trabalho pedagógico no ensino.<br />

A segunda parte do Manual traz instruções de como desenvolver um projeto completo de<br />

pesquisa de opinião, percorrendo todas as etapas. Traz ainda, no anexo, sugestões de<br />

projetos de pesquisa sobre vários temas. Essas sugestões podem ser adaptadas de acordo<br />

com o interesse e a necessidade de cada escola ou apenas servir como exemplos dos<br />

procedimentos mais importantes envolvidos em cada etapa do trabalho: elaboração de<br />

questionários, definição da amostra etc.<br />

O projeto Nossa Escola Pesquisa Sua Opinião procura responder às necessidades que surgem<br />

na prática: incentiva a inovação e o intercâmbio entre educadoras e educadores e recorre ao<br />

apoio de especialistas em pesquisa e nas áreas curriculares do ensino.<br />

Além deste Manual, que traz orientações básicas e gerais, outros subsídios complementares<br />

encontram-se à disposição no site do <strong>Instituto</strong> <strong>Paulo</strong> <strong>Montenegro</strong> – www.ipm.org.br. Nesse<br />

site, os interessados também podem encontrar referências sobre escolas e pessoas que<br />

realizam pesquisas de opinião com finalidade pedagógica, assim como informações sobre as<br />

pesquisas já desenvolvidas em diversas regiões do país.<br />

Anualmente, um congresso promovido pelo IBOPE em parceria com a UNESCO gerará,<br />

também, oportunidades de formação e intercâmbio presencial entre docentes e estudantes<br />

que realizam pesquisas.


NOSSAESCOLAPESQUISASUAOPINIÃO<br />

VERSÃO REDUZIDA ESPECIAL PARA DOWNLOAD<br />

7<br />

Espera-se que este manual inspire e ajude professoras, professores, alunas e alunos a realizar<br />

projetos de trabalho escolar relevantes, utilizando a pesquisa de opinião como ferramenta.<br />

Como é uma publicação de dimensões limitadas, certamente deixará muitas questões em<br />

aberto. Porém, aqueles que se engajarem na iniciativa terão, certamente, a oportunidade de<br />

aprender mais e ir além. Eles integrarão uma rede de pessoas que partilham os mesmos<br />

objetivos, ou seja, experimentarão uma prática pedagógica instigante, trabalharão para que a<br />

escola ofereça educação relevante aos alunos e mais ajustada às necessidades do mundo<br />

contemporâneo.


PARTE 1<br />

O VALOR EDUCATIVO<br />

DA PESQUISA DE OPINIÃO


NOSSAESCOLAPESQUISASUAOPINIÃO<br />

VERSÃO REDUZIDA ESPECIAL PARA DOWNLOAD<br />

9<br />

O ESPAÇO DA PESQUISA NA ESCOLA<br />

NOVA SOCIEDADE, NOVAS A<strong>PR</strong>ENDIZAGENS<br />

Formar o aluno para o exercício da cidadania, para o trabalho e para continuar aprendendo<br />

ao longo da vida. Esta vem sendo a orientação da nova Lei de Diretrizes e Bases – que<br />

regulamenta o sistema de ensino no país – e das Diretrizes Curriculares Nacionais para o<br />

Ensino Médio, elaboradas pelo Conselho Nacional de Educação.<br />

Ampliar a cidadania é um dos objetivos centrais que devem orientar o trabalho pedagógico.<br />

Tal objetivo requer o desenvolvimento de competências e habilidades que permitam entender a<br />

sociedade em que vivemos. Entender essa sociedade não como um cenário estático, mas como<br />

uma produção dinâmica da humanidade – reconstruída em processo contínuo por todos os<br />

indivíduos e grupos humanos. Desenvolver a cidadania é capacitar-se, entre outras<br />

habilidades, a avaliar o sentido do mundo em que se vive, os processos sociais e seu próprio<br />

papel nesses processos.<br />

Coerente com essa perspectiva, uma proposta curricular deve ter como eixo as premissas<br />

indicadas pela UNESCO:<br />

Aprender a conhecer<br />

Aprender a fazer<br />

Aprender a viver<br />

Aprender a ser<br />

Outro objetivo da educação deve ser o desenvolvimento total do ser humano, para que ele<br />

possa ter pensamento próprio, livre, capaz de realizações individuais e coletivas, como pessoa<br />

e como cidadão.


NOSSAESCOLAPESQUISASUAOPINIÃO<br />

VERSÃO REDUZIDA ESPECIAL PARA DOWNLOAD<br />

10<br />

A PESQUISA COMO FONTE DE INFORMAÇÃO<br />

Pesquisar é uma atividade presente em muitas escolas – tanto a pesquisa escolar como a<br />

pesquisa sobre a escola. No primeiro caso – orientada por professoras e professores e<br />

executada por alunas e alunos na forma de exercícios escolares – a busca de informações em<br />

livros ou jornais sem dúvida traz bons resultados em termos de geração de conhecimentos<br />

e aprendizado. Da mesma forma, também têm sido férteis as pesquisas realizadas para<br />

estudar o desempenho dos estudantes ou da escola, ou as iniciativas como o censo escolar,<br />

que reúne dados sobre todas as unidades do sistema de ensino.<br />

Outra prática também adotada é a aplicação de questionários para identificar o perfil<br />

socioeconômico dos alunos e de suas famílias. Esse tipo de levantamento é sempre muito rico<br />

em informações. No entanto, cabe perguntar, para que têm servido esses resultados Essas<br />

iniciativas, embora tragam dados importantes, podem ter alcance limitado se estudantes,<br />

mães e pais forem colocados apenas como fontes de informação.<br />

Aprofundar a indagação, envolvendo os estudantes nesse processo – formular questões,<br />

aplicar questionários e analisar os resultados – é, por sua vez, uma possibilidade muito fértil de<br />

aprendizado para todos os participantes. Ampliam-se os temas de interesse, desenvolvem-se<br />

habilidades e capacidades, dá-se concretude ao currículo. Não apenas saber quem são as<br />

pessoas que participam da escola, mas descobrir o que pensam e por que pensam assim. Esta é<br />

uma das maneiras de transformar a pesquisa em fonte de subsídios para a construção de<br />

novos conhecimentos.<br />

A PESQUISA COMO <strong>PR</strong>ÁTICA EDUCATIVA<br />

À medida que participam das decisões sobre o que e como pesquisar, alunos e alunas estarão<br />

mais motivados para assimilar as informações obtidas. Integrarão essas informações a seus<br />

conhecimentos e as empregarão para ampliar a visão de mundo e conseqüentemente<br />

orientar suas ações.<br />

— Essas aulas são um porre. Do que esse cara fala tanto


NOSSAESCOLAPESQUISASUAOPINIÃO<br />

VERSÃO REDUZIDA ESPECIAL PARA DOWNLOAD<br />

11<br />

Nessa perspectiva, a escolha da pesquisa de opinião como foco das propostas tem um significado<br />

especial: ao elaborar uma pesquisa de opinião sobre determinado tema, as pessoas<br />

necessariamente têm de se posicionar e, com isso, estão participando do processo. Ao<br />

conhecer as opiniões de outros e compará-las com as suas, poderão ainda conscientizar-se<br />

sobre como as visões de mundo são construídas socialmente, por meio de influências, acordos,<br />

conflitos e negociações.<br />

Na escola, a pesquisa de opinião pode ser utilizada em vários momentos e situações.<br />

No planejamento da gestão escolar<br />

No planejamento do processo de ensino-aprendizagem<br />

Na contextualização dos conteúdos das disciplinas<br />

Na integração de diversas disciplinas<br />

Na integração da escola com a comunidade<br />

— Vocês acreditam no que fazem Sabem o que<br />

estamos fazendo aqui


NOSSAESCOLAPESQUISASUAOPINIÃO<br />

VERSÃO REDUZIDA ESPECIAL PARA DOWNLOAD<br />

12<br />

A ESCOLA COMO <strong>PR</strong>ODUTORA DE CONHECIMENTO<br />

Nosso modelo escolar é predominantemente calcado na transmissão de conhecimentos. Esse<br />

modelo vem dando sinais de esgotamento ao longo do tempo e, hoje, diante das novas<br />

tecnologias da informação e da comunicação, mostra-se cada vez mais inadequado.<br />

Alterar esse modelo significa um desafio para a escola. Significa transpor um modelo de<br />

transmissão de saberes para construir um modelo de escola que produz conhecimentos sobre si<br />

mesma, sobre sua comunidade, sobre como interferir nos fenômenos educativos, dando um<br />

novo sentido para a educação escolar.<br />

No Brasil, historicamente, a universidade foi o lugar da produção do conhecimento. Os gabinetes<br />

dos governos, os lugares em que as decisões são tomadas. E a escola básica, o lugar em que<br />

se obedece às orientações vindas do seu exterior.<br />

Hoje, propõe-se que a escola tenha autonomia para formular um projeto pedagógico.<br />

A pesquisa de opinião é ferramenta importante para incentivar o surgimento dessas propostas<br />

e, com elas, transpor o modelo da transmissão e oferecer a base para a produção de novos<br />

saberes.<br />

INTERDISCIPLINARIDADE E CONTEXTUALIZAÇÃO<br />

Os estudantes do ensino médio estão cada vez mais insatisfeitos, por não perceber ligação<br />

entre os conteúdos escolares e a realidade. Constantemente indagam: “Para que serve isto<br />

que estou estudando”<br />

As novas Diretrizes Curriculares para o Ensino Médio, respondendo a essa demanda, propõem<br />

a busca da interdisciplinaridade e da contextualização dos conteúdos curriculares. Com isso,<br />

— Pesquisa Oh, sim, se for rápida, sim,<br />

com prazer.<br />

“Puxa, sabe que isso me deu uma boa<br />

idéia”


NOSSAESCOLAPESQUISASUAOPINIÃO<br />

VERSÃO REDUZIDA ESPECIAL PARA DOWNLOAD<br />

13<br />

pretende-se que o processo pedagógico seja capaz de envolver, de forma combinada, o<br />

desenvolvimento de conhecimentos, competências e habilidades que sirvam para o exercício<br />

de intervenções e julgamentos práticos.<br />

Pretende-se, também, que respondam às necessidades da vida contemporânea, bem como ao<br />

desenvolvimento de conhecimentos mais amplos e abstratos – correspondentes a uma cultura<br />

geral e a uma visão de mundo.<br />

Em outros termos, pode-se dizer que o objetivo último desses pressupostos é colocar, no<br />

centro das práticas educativas, o desenvolvimento de uma cidadania ativa. Assim sendo, o<br />

aprendizado não se resume à exposição dos alunos ao discurso do professor. Ele se realiza<br />

pela participação ativa de cada um e do coletivo educacional numa prática de elaboração<br />

cultural.<br />

As diretrizes curriculares afirmam ainda que os conhecimentos selecionados a priori tendem a se<br />

perpetuar nos rituais escolares, sem passar pela crítica e reflexão dos docentes. Tornam-se, desta<br />

forma, um acervo de conhecimentos quase sempre esquecidos ou que não se consegue aplicar<br />

– por se desconhecer suas relações com o real.<br />

A distância entre os conteúdos programáticos e a experiência dos alunos certamente<br />

responde pelo desinteresse e até mesmo pela deserção que constatamos em nossas escolas.<br />

Não há conhecimento que possa ser aprendido e recriado se não se partir das preocupações<br />

das pessoas. Contextualizar as atividades e o currículo escolar é dar um passo à frente na<br />

adequação da educação às demandas da sociedade.<br />

A contextualização abre as portas para a interdisciplinaridade. Ao eleger temas para projeto<br />

de pesquisa de opinião relacionados a suas vidas e à vida de suas comunidades, docentes e<br />

estudantes abrem a possibilidade de pensar esses problemas sob vários pontos de vista.<br />

A interdisciplinaridade é um instrumento que na proposta de reforma curricular do ensino<br />

médio aponta para estabelecer – na prática escolar – interconexões e passagens entre os<br />

conhecimentos, por meio de relações de complementaridade, convergência ou divergência.<br />

— Esse tipo de pesquisa permite que a gente<br />

investigue, por exemplo, qual é o maior<br />

problema do bairro, na opinião dos alunos da<br />

escola.


PARTE 2<br />

COMO FAZER PESQUISA DE<br />

OPINIÃO NA ESCOLA


NOSSAESCOLAPESQUISASUAOPINIÃO<br />

VERSÃO REDUZIDA ESPECIAL PARA DOWNLOAD<br />

15<br />

A<strong>PR</strong>ESENTAÇÃO<br />

Neste capítulo apresentamos as etapas necessárias para a realização de uma pesquisa de<br />

opinião.<br />

Não se trata de um manual sobre teoria estatística ou construção de questionários. Mesmo<br />

porque o grau de rigor técnico exigido dos institutos de pesquisa profissionais não é aplicável<br />

às atividades que serão realizadas no ambiente escolar.<br />

Os interessados em aprofundar esses temas devem recorrer à bibliografia especializada de<br />

caráter técnico ou a textos mais relacionados à prática da atividade de pesquisa de opinião.<br />

Nosso objetivo é orientar os educadores e estudantes a utilizarem a pesquisa de opinião com<br />

finalidade pedagógica.<br />

... costuma ler livros com mais freqüência<br />

— No banheiro!


NOSSAESCOLAPESQUISASUAOPINIÃO<br />

VERSÃO REDUZIDA ESPECIAL PARA DOWNLOAD<br />

16<br />

PLANEJAMENTO DO <strong>PR</strong>OJETO DE PESQUISA<br />

FORMAÇÃO DA EQUIPE<br />

A iniciativa de realizar uma pesquisa sempre parte da idéia de uma pessoa ou um pequeno<br />

grupo de pessoas. Para concretizar essa idéia, a primeira tarefa é constituir uma equipe.<br />

Uma professora, por exemplo, pode propor a uma turma que se envolva num projeto de<br />

pesquisa que fará parte das atividades pedagógicas planejadas para sua disciplina.<br />

A proposta para a comunidade escolar também pode partir da coordenação pedagógica<br />

ou de representantes do conselho de escola, contando ainda com voluntários para apoiar<br />

a ação.<br />

Para extrair o máximo das potencialidades educativas de uma atividade dessa natureza, é<br />

essencial envolver um bom número de alunos em todas as fases da pesquisa, ou seja:<br />

• definição do tema;<br />

• identificação da população e definição da amostra;<br />

• elaboração do questionário;<br />

• planejamento e execução do trabalho de campo;<br />

• tabulação e processamento dos dados;<br />

• análise, interpretação e apresentação dos resultados.<br />

— Pois bem. Cada grupo já sabe o que fazer;<br />

organizem as pilhas, preparem os planos de<br />

tabulação!


NOSSAESCOLAPESQUISASUAOPINIÃO<br />

VERSÃO REDUZIDA ESPECIAL PARA DOWNLOAD<br />

17<br />

DEFINIÇÃO E DESENVOLVIMENTO DO TEMA DA PESQUISA<br />

A definição e o desenvolvimento do tema de pesquisa devem ser momentos muito<br />

explorados e cuidados. São a grande ocasião para aguçar a curiosidade dos alunos sobre<br />

os conteúdos escolares ou sobre a sua própria comunidade. São também momentos de<br />

antever as dificuldades da pesquisa e pensar nas soluções possíveis.<br />

Para explorar e delimitar o tema selecionado, assim como avaliar a importância do estudo,<br />

deve-se buscar respostas para perguntas do tipo:<br />

O que queremos saber<br />

O que já sabemos sobre o assunto, seja no âmbito local, seja em termos de referências<br />

mais amplas<br />

Que tipo de dúvidas pretendemos esclarecer com a realização dessa pesquisa<br />

Que hipóteses temos sobre o assunto<br />

Diferentes tipos de pessoas têm opiniões diferentes<br />

Quais são os vários aspectos do problema ou os subtemas relacionados ao tema<br />

principal<br />

O que será feito com os resultados<br />

Para quem serão divulgados<br />

— Vamos aos gráficos.<br />

Vejamos o que os resultados, organizados, vão nos<br />

revelar.


NOSSAESCOLAPESQUISASUAOPINIÃO<br />

VERSÃO REDUZIDA ESPECIAL PARA DOWNLOAD<br />

18<br />

DIFERENÇAS ENTRE PESQUISA QUALITATIVA E QUANTITATIVA<br />

Uma vez definido o tema da pesquisa, deve-se escolher entre realizar uma pesquisa qualitativa<br />

ou uma quantitativa. Uma não substitui a outra: elas se complementam.<br />

As pesquisas qualitativas têm caráter exploratório: estimulam os entrevistados a pensar e falar<br />

livremente sobre algum tema, objeto ou conceito. Elas fazem emergir aspectos subjetivos,<br />

atingem motivações não explícitas, ou mesmo não conscientes, de forma espontânea.<br />

As pesquisas quantitativas são mais adequadas para apurar opiniões e atitudes explícitas e<br />

conscientes dos entrevistados, pois utilizam instrumentos padronizados (questionários). São<br />

utilizadas quando se sabe exatamente o que deve ser perguntado para atingir os objetivos da<br />

pesquisa. Permitem que se realizem projeções para a população representada. Elas testam, de<br />

forma precisa, as hipóteses levantadas para a pesquisa e fornecem índices que podem ser<br />

comparados com outros.<br />

O foco deste manual é a pesquisa quantitativa que apresenta maior facilidade de uso no<br />

ambiente escolar. São sete as etapas necessárias para a realização de uma pesquisa<br />

quantitativa:<br />

1 Definição do objetivo da pesquisa.<br />

2 Definição da população e da amostra.<br />

3 Elaboração dos questionários.<br />

4 Coleta de dados (campo).<br />

5 Processamento dos dados (tabulação).<br />

6 Análise dos resultados.<br />

7 Apresentação e divulgação dos resultados.


NOSSAESCOLAPESQUISASUAOPINIÃO<br />

VERSÃO REDUZIDA ESPECIAL PARA DOWNLOAD<br />

19<br />

ELABORAÇÃO DAS PERGUNTAS<br />

As perguntas que são feitas aos entrevistados talvez sejam os componentes mais importantes<br />

de uma pesquisa. As perguntas têm um efeito muito mais profundo nos resultados da pesquisa<br />

do que qualquer outro elemento. Portanto, é importantíssimo que o processo de elaboração<br />

das questões seja cuidadoso.<br />

Elas devem focalizar diretamente o assunto ou tópico pesquisado e ser simples (expressas de<br />

maneira clara) e breves.<br />

As questões curtas estão menos sujeitas a erro tanto por parte do entrevistado quanto do<br />

entrevistador. Quando as perguntas se tornam muito longas, a tendência é de que os<br />

entrevistados se esqueçam da primeira parte da questão, antes mesmo de ter ouvido a<br />

pergunta toda.<br />

O vocabulário utilizado é importantíssimo. Quase todo indivíduo utiliza três níveis de<br />

vocabulário: aquele constituído das palavras com as quais está mais familiarizado, aquele<br />

que ele usa no discurso comum e aquele vocabulário constituído de um conjunto de<br />

palavras que ele só reconhece quando lê ou ouve. E é claro que existem muitas outras<br />

palavras em uma língua que a pessoa não reconhece nem entende o seu significado. A<br />

equipe de trabalho deve, na medida do possível, elaborar as suas perguntas usando as<br />

palavras que fazem parte do cotidiano dos indivíduos pesquisados.<br />

O mesmo ocorre em relação à gramática. As questões mais eficientes são aquelas<br />

compostas por sentenças simples. É preferível usar duas ou mais sentenças simples do que<br />

uma sentença composta.<br />

Durante a elaboração das perguntas, o grupo deve se perguntar várias vezes: Esta questão<br />

trata precisamente do assunto da pesquisa Esta pergunta é a mais breve que poderia ser<br />

Esta questão está completamente clara sobre o que se quer perguntar Se esses<br />

questionamentos forem feitos várias vezes, certamente o grupo detectará defeitos nas<br />

perguntas escritas anteriormente e achará várias maneiras de melhorá-las.<br />

Basicamente, existem dois tipos de questões utilizadas em questionários: as fechadas e as<br />

abertas.


NOSSAESCOLAPESQUISASUAOPINIÃO<br />

VERSÃO REDUZIDA ESPECIAL PARA DOWNLOAD<br />

20<br />

ANÁLISE E INTER<strong>PR</strong>ETAÇÃO DOS RESULTADOS<br />

Toda e qualquer análise de dados provenientes de pesquisa se inicia com uma análise<br />

descritiva das informações. No conjunto de dados, deve-se destacar aquilo que é mais<br />

comum, típico e o que é diferente, discrepante. Ao fazer essa contraposição dos resultados,<br />

temos condições de começar a esboçar nossa linha principal de análise e verificar em que<br />

medida as hipóteses iniciais se confirmam.<br />

Muitas vezes, encontraremos dados mais interessantes em análises feitas mediante cruzamentos<br />

de duas perguntas: principalmente as que qualificam os respondentes por sexo, idade,<br />

escolaridade etc.<br />

— Acho que esse vem depois do de pizza. Fica mais claro o resultado,<br />

não acham


NOSSAESCOLAPESQUISASUAOPINIÃO<br />

VERSÃO REDUZIDA ESPECIAL PARA DOWNLOAD<br />

21<br />

A<strong>PR</strong>ESENTAÇÃO DOS DADOS COM GRÁFICOS<br />

Além das tabelas, outra forma de apresentar os dados de uma pesquisa são os gráficos. Eles<br />

ajudam a evidenciar algumas relações ou tendências.<br />

A vantagem dos gráficos é facilitar a leitura, além do bom efeito visual. Por isso, é preciso<br />

cuidar tanto da precisão das medidas quanto da estética da apresentação.<br />

Muitos programas de computador geram gráficos automaticamente a partir de números<br />

registrados em uma planilha.<br />

A seguir, mostramos alguns exemplos dos gráficos mais usados para apresentar dados de<br />

pesquisas. Todos eles podem ser feitos no computador ou desenhados à mão com auxílio de<br />

réguas ou transferidores.<br />

GRÁFICO DE LINHAS<br />

Variação da intenção de voto<br />

em dois candidatos à prefeitura


NOSSAESCOLAPESQUISASUAOPINIÃO<br />

VERSÃO REDUZIDA ESPECIAL PARA DOWNLOAD<br />

22<br />

GRÁFICO DE BARRAS<br />

O que as pessoas preferem ler para se distrair<br />

Fonte: Indicador Nacional de Alfabetismo Funcional. <strong>Instituto</strong> <strong>Paulo</strong><br />

<strong>Montenegro</strong>/Ibope, 2001.<br />

GRÁFICO DE SETOR<br />

Em comparação com escolas particulares que você<br />

conhece ou ouve falar, na sua opinião, esta escola é<br />

melhor, igual ou pior do que as escolas particulares<br />

Fonte: IBOPE


NOSSAESCOLAPESQUISASUAOPINIÃO<br />

VERSÃO REDUZIDA ESPECIAL PARA DOWNLOAD<br />

23<br />

SISTEMATIZAÇÃO E DIVULGAÇÃO DOS RESULTADOS<br />

Uma pesquisa de opinião realizada na comunidade escolar reúne informações inéditas, que<br />

merecem ser documentadas e divulgadas. Os resultados de uma pesquisa são apresentados<br />

na forma de relatórios, contendo todas as informações relevantes:<br />

A apresentação do tema ou do problema de pesquisa.<br />

A população estudada, o tipo e tamanho de amostra utilizada e as datas do trabalho de<br />

campo.<br />

Tabelas e gráficos com os dados que forem relevantes, entremeados por explicações e<br />

comentários.<br />

As conclusões, interpretações ou ainda sugestões para outros estudos.


ANEXO<br />

SUGESTÕES DE <strong>PR</strong>OJETOS


NOSSAESCOLAPESQUISASUAOPINIÃO<br />

VERSÃO REDUZIDA ESPECIAL PARA DOWNLOAD<br />

25<br />

<strong>PR</strong>OPOSTAS DE <strong>PR</strong>OJETOS<br />

CONTEÚDO<br />

Esta parte do manual apresenta idéias para a utilização pedagógica da pesquisa de opinião e<br />

traz sugestões de projetos que podem ser realizados na escola.<br />

Os exemplos foram desenvolvidos por profissionais da área de Educação com experiência em<br />

suas especialidades e boa familiaridade com o cotidiano da escola pública brasileira.<br />

Ao apresentarmos cada tema desenvolvido pelos especialistas optamos por uma síntese de<br />

suas idéias, dando ênfase, em cada um dos temas, apenas a um aspecto da elaboração das<br />

pesquisas.<br />

As nove sugestões de projetos apresentadas estão organizadas em nove temas: Sexualidade e<br />

Gênero; Língua e Identidade; Opinião – Passado e Presente; Tecnologia e Educação; Leitura –<br />

Práticas e Representações; Escola e Participação; Alimentação; Meio Ambiente e História e<br />

Memória.<br />

Os exemplos fornecidos estão organizados por ordem de complexidade, começando com os<br />

mais simples, que podem ser realizados por um único professor com uma classe em apenas<br />

duas ou três aulas, para terminar com projetos de pesquisa bem amplos, cuja realização<br />

deverá estender-se por vários meses do ano letivo e envolver professores de diversas áreas.


NOSSAESCOLAPESQUISASUAOPINIÃO<br />

VERSÃO REDUZIDA ESPECIAL PARA DOWNLOAD<br />

26<br />

<strong>PR</strong>OPOSTA DE <strong>PR</strong>OJETO<br />

1<br />

SEXUALIDADE E GÊNERO<br />

Meninos e meninas – iguais e diferentes<br />

Discuta com seus alunos os papéis destinados a meninos e meninas,<br />

explorando as percepções sobre como a sociedade estabelece modelos de<br />

conduta específicos e distintos para as pessoas em função do seu sexo.<br />

• Discutir as diferenças atribuídas a homens e mulheres por nossa sociedade.<br />

OBJETIVOS<br />

PEDAGÓGICOS<br />

• Explicitar as conseqüências dessas diferenças para os homens, para as<br />

mulheres e para a sociedade.<br />

• Debater a possibilidade de mudança dessa situação.<br />

2<br />

LÍNGUA E IDENTIDADE<br />

O uso de estrangeirismos<br />

Pesquise e debata com seus alunos o uso de estrangeirismos na língua<br />

portuguesa, na perspectiva da língua como fenômeno social, articulando<br />

conteúdos de várias disciplinas: língua portuguesa e língua estrangeira, história<br />

e geografia.<br />

OBJETIVOS<br />

PEDAGÓGICOS<br />

• Reconhecer que as línguas se modificam, especialmente pela incorporação<br />

de novos termos.<br />

• Destacar os efeitos lingüísticos do contato entre diferentes culturas e suas<br />

implicações políticas.<br />

3<br />

OBJETIVOS<br />

PEDAGÓGICOS<br />

OPINIÃO: PASSADO E <strong>PR</strong>ESENTE<br />

O papel das mulheres<br />

Partindo de uma pesquisa realizada pelo IBOPE em 1967, que destacava a<br />

atuação das mulheres em nossa sociedade, convide seus alunos a debater<br />

as diferenças e semelhanças entre as respostas dadas há 30 anos e as que<br />

seriam dadas agora. Analise, comparativamente, mudanças e permanências<br />

do passado e do presente.<br />

• Facilitar a compreensão das desigualdades de gênero, numa perspectiva<br />

histórica.<br />

• Possibilitar o entendimento histórico de fatos que são dados como naturais<br />

e permanentes.<br />

• Reconhecer a pesquisa de opinião como fonte de informação, do ponto<br />

de vista histórico.


NOSSAESCOLAPESQUISASUAOPINIÃO<br />

VERSÃO REDUZIDA ESPECIAL PARA DOWNLOAD<br />

27<br />

<strong>PR</strong>OPOSTA DE <strong>PR</strong>OJETO<br />

4<br />

TECNOLOGIA E EDUCAÇÃO<br />

O uso da informática na escola<br />

Pesquise quais conhecimentos, interesses e familiaridades com o mundo da<br />

informática têm os alunos, professores e equipe técnica da sua escola.<br />

Investigue qual foi a contribuição dela (escola) no acesso a essa tecnologia.<br />

OBJETIVOS<br />

PEDAGÓGICOS<br />

• Conhecer que tipo de uso a escola faz da informática para desenvolver<br />

suas atividades.<br />

• Identificar quem tem (na escola e na comunidade) acesso a esse recurso.<br />

• Conhecer as demandas da comunidade escolar sobre o uso da informática.<br />

5<br />

LEITURA: <strong>PR</strong>ÁTICAS E RE<strong>PR</strong>ESENTAÇÕES<br />

O que a gente gosta de ler<br />

Realize um levantamento sobre gostos e hábitos de leitura, identificando os<br />

textos com os quais os alunos têm contato mais freqüente e se há discrepância<br />

entre as expectativas da escola e a preferência dos alunos.<br />

OBJETIVOS<br />

PEDAGÓGICOS<br />

• Entender como se dá a disseminação dos hábitos de leitura.<br />

• Entender que coexistem diferentes modos de ler.<br />

• Entender que coexistem diferentes objetos de leitura.<br />

• Verificar o papel da escola no ensino da literatura.<br />

6<br />

ESCOLA<br />

E PARTICIPAÇÃO<br />

Diversidade cultural e juventude<br />

Realize um levantamento sobre hábitos, gostos e meios de socialização dos<br />

jovens da sala de aula ou de toda a escola, trabalhando questões sociais e<br />

culturais diversas.<br />

OBJETIVOS<br />

PEDAGÓGICOS<br />

• Descobrir pontos em comum entre os jovens da classe, que facilitem na<br />

construção do diálogo.<br />

• Explicitar as diferentes identidades juvenis.<br />

• Analisar as demandas de lazer, visando à organização de uma ação cultural<br />

conjunta.


NOSSAESCOLAPESQUISASUAOPINIÃO<br />

VERSÃO REDUZIDA ESPECIAL PARA DOWNLOAD<br />

28<br />

<strong>PR</strong>OPOSTA DE <strong>PR</strong>OJETO<br />

7<br />

ALIMENTAÇÃO<br />

Consumo alimentar, renda e cultura<br />

Estude e discuta com seus alunos os hábitos alimentares dos brasileiros, de<br />

diferentes classes sociais e regiões do país, por meio da pesquisa do IBOPE<br />

sobre o assunto, realizada em 2000.<br />

OBJETIVOS<br />

PEDAGÓGICOS<br />

8<br />

OBJETIVOS<br />

PEDAGÓGICOS<br />

9<br />

HISTÓRIA<br />

• Desenvolver abordagens interdisciplinares sobre:<br />

– as necessidades nutricionais de nosso organismo;<br />

– valor calórico e nutritivo dos alimentos consumidos pela população;<br />

– a influência das culturas indígenas, africanas e européia na conformação da<br />

culinária nacional;<br />

– os meios de comunicação de massa e a indução ao consumo de alimentos<br />

industrializados;<br />

– as diferenças regionais e culturais de hábitos alimentares;<br />

– a política agrícola, a produção e distribuição de alimentos no Brasil.<br />

MEIO AMBIENTE<br />

O que podemos fazer pelo meio ambiente<br />

Problematize o tema: “O que o brasileiro pensa sobre o meio ambiente”<br />

analisando, com os alunos, os resultados das pesquisas realizadas em âmbito<br />

nacional em 1992 e 1997. A proposta é que os alunos confrontem suas<br />

próprias opiniões, a opinião pública e informações que constam dos livros,<br />

sobre o assunto.<br />

• Desenvolver a percepção do lugar do homem no meio ambiente.<br />

• Desenvolver a consciência de que meio ambiente tem estreita relação<br />

com questões sociais.<br />

• Desenvolver a perspectiva da educação ambiental como uma necessidade<br />

da comunidade.<br />

E MEMÓRIA<br />

Quem somos nós<br />

Proponha para os alunos o resgate e análise do processo de formação de<br />

uma determinada comunidade, tendo a escola como eixo geográfico do<br />

trabalho. Nesta proposta podem ser utilizados os recursos das pesquisas<br />

qualitativa e quantitativa.<br />

OBJETIVOS<br />

PEDAGÓGICOS<br />

• Ter maior clareza e conhecimento sobre a história local.<br />

• Ter maior consciência do lugar que a comunidade ocupa na história social<br />

mais ampla.<br />

• Vislumbrar caminhos para o exercício da cidadania.


1<br />

TEMA:<br />

SEXUALIDADE E GÊNERO


NOSSAESCOLAPESQUISASUAOPINIÃO<br />

VERSÃO REDUZIDA ESPECIAL PARA DOWNLOAD<br />

30<br />

Tradicionalmente, o tema Sexualidade não encontrava espaço nos currículos escolares, a não<br />

ser como tópico específico tratado do ponto de vista biológico pelo professor dessa disciplina<br />

ou por algum especialista convidado para uma palestra ou para um programa especial. Nas<br />

novas diretrizes curriculares para o Ensino Médio são destacados os princípios da<br />

contextualização e da interdisciplinaridade, indicando-se um novo enquadramento para temas<br />

como esse.<br />

ADOTANDO A PESQUISA DE OPINIÃO PARA A<strong>PR</strong>OFUNDAR O TEMA<br />

A SELEÇÃO DO TEMA<br />

Para despertar o interesse em um projeto de pesquisa é importante escolher um tema que<br />

atenda às expectativas dos alunos. A sugestão é que se faça um levantamento de temas e<br />

que, depois de expostos, sejam debatidos e selecionados pelo conjunto da turma. Essa<br />

discussão pode constituir-se num primeiro exercício de pesquisa a ser realizado com/entre os<br />

alunos, um primeiro ensaio para um trabalho de pesquisa de opinião mais extenso.<br />

Atualmente, muitas questões relacionadas à sexualidade invadem as salas de aula do Ensino<br />

Médio nem sempre na forma de um saudável debate, mas, freqüentemente, como problemas<br />

que afetam as condições de estudo e convivência na escola. São elas: as doenças<br />

sexualmente transmissíveis (DSTs), a violência interpessoal, a ausência de noção de respeito<br />

pelo outro, a gravidez precoce, a contaminação pelo HIV. São questões que emergem da<br />

vivência dos jovens e que afetam crucialmente sua existência presente e futura que precisam<br />

impregnar toda a prática pedagógica – deixar de ser apêndice e ocupar o centro das<br />

atenções. Constituem-se, portanto, em excelentes temas de pesquisa por estarem diretamente<br />

vinculados aos interesses e necessidades dos alunos.<br />

No entanto, temáticas relacionadas à sexualidade não devem ficar restritas ao tratamento<br />

estritamente disciplinar pois a biologia é apenas um dos fatores implicados nessa área. É<br />

preciso considerar os processos físicos, psíquicos e sociais que afetam as pessoas. Daí essas<br />

temáticas se prestarem melhor a projetos de trabalho que integrem diversas formas de busca<br />

de informações, debates e ações de intervenção.<br />

A proposta aqui sugerida serve apenas como um exemplo da diversidade de abordagens que<br />

o tema sexualidade pode ter.


NOSSAESCOLAPESQUISASUAOPINIÃO<br />

VERSÃO REDUZIDA ESPECIAL PARA DOWNLOAD<br />

31<br />

<strong>PR</strong>OPOSTA<br />

MENINOS E MENINAS – IGUAIS E DIFERENTES<br />

Desde que tomam conhecimento do sexo do bebê, mesmo durante a gestação, os pais<br />

começam a viver expectativas com relação a como será seu filho ou sua filha. Muitas vezes,<br />

em relação a um menino, alimentam expectativas de que venha a ser um homem viril,<br />

corajoso, forte, protetor, esteio da família. A menina deverá ser a mãe, a esposa, a mulher<br />

meiga e dócil, companheira sentimental, leal e complemento do marido.<br />

Percebendo que o sexo faz parte da vida social e não é apenas um referencial biológico – ser<br />

homem ou mulher – os cientistas sociais utilizam a palavra gênero para definir o conjunto de<br />

atribuições, representações, relações e poderes constitutivos da identidade sexual dos<br />

indivíduos, vivendo em sociedade.<br />

ESTUDANDO A MATÉRIA<br />

Discuta com seus alunos sobre os papéis destinados a meninos e meninas, explorando as<br />

percepções sobre como a sociedade estabelece modelos de conduta específicos e distintos<br />

para as pessoas em função do seu sexo.<br />

Uma idéia é partir de texto dramático (veja exemplo a seguir) para levantar a discussão do<br />

tema. Os alunos deverão avaliar a posição de cada personagem, refletindo sobre as várias<br />

condutas morais presentes na sociedade e na nossa própria visão de mundo.


NOSSAESCOLAPESQUISASUAOPINIÃO<br />

VERSÃO REDUZIDA ESPECIAL PARA DOWNLOAD<br />

32<br />

TEXTO DE APOIO<br />

Sexo e Juventude<br />

Luís tem 19 anos. Está namorando sua vizinha, Helena, há um ano. Eles se amam.<br />

Há algum tempo ele tentou convencê-la a dormirem juntos. Helena disse que gostava<br />

muito dele, mas preferia não ter relações até casar. Luís gostou da reação dela, pois<br />

a achou muito séria.<br />

Ao mesmo tempo, Luís começou a “cantar” a empregada (Teresa), que ele achava<br />

até muito bonitinha, embora muito boba. Teresa sabia que Luís namorava Helena,<br />

mas depois de algumas “cantadas”, acabou se apaixonando por ele. Como ela já<br />

não era mais virgem, dormiu algumas vezes com ele. Teresa tomou pílula, mas se<br />

esqueceu alguns dias de tomá-la e acabou engravidando.<br />

Luís contou para seu pai, que lhe disse que tivesse mais cuidado numa próxima vez,<br />

pois um aborto ficava caro, mesmo quando feito por uma “curiosa”. O pai de Luís<br />

deu a Teresa dinheiro para que ela procurasse uma “curiosa”, e mandou-a embora.<br />

Tereza conta tudo para Helena, que fica indignada e “dá o fora” em Luís.<br />

Teresa vai morar na casa de sua irmã e decide ter o filho. Conhece Osvaldo, um<br />

operário de uma indústria de calçados, que se apaixona por ela, mas não pretende<br />

se casar, porque ganha pouco no seu emprego e porque tem receio dos comentários<br />

dos amigos e da família em relação ao fato de Teresa ser mãe solteira.<br />

Adaptação do livro: Sexo e Juventude,<br />

de Carmem Barroso e Cristina Bruschini (organizadoras)<br />

REGISTRANDO A OPINIÃO DAS PESSOAS<br />

Cada aluno deverá atribuir uma nota de 1 a 5 ao comportamento de cada<br />

personagem, de acordo com a seguinte escala:<br />

1 = não gostou das ações do personagem<br />

5 = gostou muito das ações do personagem<br />

PERSONAGENS<br />

Luís<br />

Helena<br />

Teresa<br />

Pai de Luís<br />

Osvaldo<br />

VALOR<br />

a. Calcular a média das notas atribuídas a cada personagem entre homens e mulheres<br />

separadamente.<br />

b. Comparar as médias obtidas e discutir os resultados.<br />

c. Verificar as diferenças de opinião entre alunos e alunas, que poderão, por sua vez, trazer<br />

novas reflexões sobre esse tema.


NOSSAESCOLAPESQUISASUAOPINIÃO<br />

VERSÃO REDUZIDA ESPECIAL PARA DOWNLOAD<br />

33<br />

A partir deste exercício em sala de aula, o grupo pode optar por estender o projeto para o<br />

ambiente externo, formulando um roteiro básico de perguntas e hipóteses de respostas.<br />

OBJETIVOS PEDAGÓGICOS<br />

• Discutir as diferenças atribuídas a homens e mulheres por nossa sociedade.<br />

• Explicitar as conseqüências dessas diferenças para os homens, para as mulheres e<br />

para a sociedade.<br />

• Debater a possibilidade de mudança dessa situação.


9<br />

TEMA:<br />

HISTÓRIA E MEMÓRIA


NOSSAESCOLAPESQUISASUAOPINIÃO<br />

VERSÃO REDUZIDA ESPECIAL PARA DOWNLOAD<br />

35<br />

O ensino da história pode favorecer a compreensão dos alunos sobre a sociedade em que<br />

estão inseridos, fomentando o questionamento sobre o presente e desenvolvendo capacidades<br />

de interpretação. É também no ensino da história que se pode facilitar a apropriação de<br />

instrumentos que permitam apurar juízos individuais e coletivos. É na história – entendida<br />

como pesquisa e análise – que se pode perceber o papel de cada um como sujeito individual<br />

e coletivo dos fatos.<br />

HISTÓRIA ORAL, MEMÓRIA COLETIVA E CONSTRUÇÃO DA OPINIÃO PÚBLICA<br />

As principais experiências de uso pedagógico da pesquisa no ensino de história têm se<br />

desenvolvido com a chamada história oral, utilizada para essa finalidade especialmente em<br />

projetos de educação de adultos.<br />

A história oral, com a técnica de entrevistas abertas orientadas por tópicos de interesse, utiliza<br />

as memórias de pessoas que vivenciaram uma determinada época como fontes de construção<br />

do conhecimento histórico.<br />

Essa metodologia tem sido importantíssima para o resgate da noção de que as pessoas<br />

comuns desempenham um papel ativo no processo histórico. A história oral mostra que as<br />

pessoas desenvolvem uma compreensão de seu tempo e de sua experiência de vida – tudo<br />

isso vale tanto quanto o relato de documentos oficiais.<br />

OPINIÃO E LEMBRANÇAS<br />

É claro que o relato das pessoas sobre o passado não se constitui em uma reconstrução<br />

neutra e completa do que realmente aconteceu. Assim como ocorre com outros tipos de fontes<br />

históricas, as narrativas orais reconstituem uma determinada apreensão e compreensão do<br />

passado a partir dos problemas, estímulos e indagações do presente.<br />

Dependendo da avaliação do entrevistado sobre aspectos da realidade ou da sua vida,<br />

algumas coisas poderão ser lembradas ou esquecidas, valorizadas ou desprezadas.<br />

Essa evocação seletiva já demonstra como é forte a presença de elementos opinativos na<br />

própria constituição dos depoimentos. Com muita freqüência, ao indagarmos sobre a<br />

trajetória de vida de um entrevistado, percebemos, por exemplo, que ele ou ela:<br />

• Compara condições de vida, hábitos, experiências passadas e presentes;<br />

• Emite juízos sobre processos e personalidades históricos locais, nacionais e internacionais.<br />

No primeiro caso, temos manifestações do tipo: “Hoje está tudo pela hora da morte. Naquela<br />

época se comprava 10 quilos de carne por quinhentos réis.” – Ou então, ao contrário: “Agora<br />

é tudo mais fácil, quando eu cheguei aqui não havia água encanada nem luz elétrica.”<br />

Já no segundo caso, podemos classificar frases como: “Nunca houve um político tão bom<br />

para este bairro como o prefeito Fulano.” – Ou então: “A melhor coisa que aconteceu aqui foi


NOSSAESCOLAPESQUISASUAOPINIÃO<br />

VERSÃO REDUZIDA ESPECIAL PARA DOWNLOAD<br />

36<br />

a instalação da fábrica tal, que dava emprego para todo mundo e ainda tinha um ótimo<br />

serviço médico.”<br />

Essas opiniões sobre fatos e personalidades históricos podem aparecer em comparações e<br />

avaliações positivas ou negativas. Quando se resumem a uma manifestação individual,<br />

revelam apenas uma opinião isolada. Quando, porém, percebemos que diferentes pessoas<br />

que vivenciaram, ou não, o período em questão fazem referência aos mesmos assuntos e<br />

sobre eles se posicionam de forma semelhante ou coerente, temos o que chamamos de<br />

marcos da memória coletiva. Em outras palavras, são elementos do processo histórico de um<br />

determinado grupo social, fundamentais para que ele organize e compreenda sobre sua<br />

própria história.


NOSSAESCOLAPESQUISASUAOPINIÃO<br />

VERSÃO REDUZIDA ESPECIAL PARA DOWNLOAD<br />

37<br />

QUEM SOMOS NÓS<br />

Ao utilizar recursos de pesquisas qualitativa e quantitativa, esta proposta visa resgatar e<br />

analisar o processo de formação de determinada comunidade, tendo como eixo a escola.<br />

Um objeto de pesquisa que pode trazer elementos para o estudo de várias temáticas<br />

relevantes é a análise do processo de constituição da comunidade em que a escola está<br />

situada.<br />

Indagar quando e por que um bairro ou uma região da cidade surgiu, ou ainda por que<br />

cresceu mais em determinados momentos ou recebeu determinados tipos de moradores, nos<br />

levará a uma série de tópicos fundamentais no estudo da formação do Brasil contemporâneo.<br />

Mudanças econômicas, migrações, reconfigurações do mundo do trabalho, demandas sociais<br />

urbanas, participação político-eleitoral e em organizações da sociedade civil, problemas<br />

ambientais, cidadania e exclusão social são alguns dos temas que podem ser levantados e<br />

debatidos a partir da pesquisa, desde que se formulem as questões adequadas.<br />

Todas as fases do trabalho devem ser precedidas de orientação metodológica, quando o<br />

professor explicará aos alunos os objetivos do projeto, respondendo a dúvidas e antecipando<br />

dificuldades eventuais na implementação da proposta e das alternativas possíveis. Do mesmo<br />

modo é fundamental uma boa contextualização dos temas a serem abordados, assim como a<br />

análise crítica sobre os resultados obtidos.<br />

FASE I – HISTÓRIA ORAL<br />

A<strong>PR</strong>ESENTAÇÃO E CONTEXTUALIZAÇÃO DO <strong>PR</strong>OBLEMA<br />

Nesta fase seria realizada uma pesquisa qualitativa exploratória consistindo em entrevistas<br />

com antigos moradores do local. As entrevistas teriam como tema central a compreensão<br />

sobre a formação e o desenvolvimento da comunidade local.<br />

A primeira coisa a fazer seria despertar nos alunos a curiosidade com relação à história do<br />

local em que vivem:<br />

• Quando surgiu<br />

• Como evoluiu desde então<br />

• O que explica suas características atuais


NOSSAESCOLAPESQUISASUAOPINIÃO<br />

VERSÃO REDUZIDA ESPECIAL PARA DOWNLOAD<br />

38<br />

Após o trabalho de discussão sobre o conhecimento dos alunos a esse respeito e a<br />

sistematização das dúvidas restantes ou de questões em aberto, a idéia de entrevistar<br />

moradores históricos poderia ser colocada como tarefa.<br />

SELEÇÃO DE SUJEITOS<br />

As entrevistas poderiam ser realizadas com um número pequeno de depoentes, selecionados<br />

tanto em função da idade e/ou tempo de moradia no local quanto do seu perfil. Em linhas<br />

gerais, deve-se dar prioridade aos entrevistados com idade mais avançada ou com mais<br />

tempo de moradia no local. No caso de bairros de ocupação muito recente, é possível que sua<br />

história seja conhecida pela maioria da população.<br />

VERIFICANDO A OPINIÃO DAS PESSOAS<br />

Para facilitar a análise, o ideal é que o aluno disponha de um gravador portátil, e o<br />

respondente concorde com a gravação da entrevista. Após identificar o respondente<br />

qualificado a depor sobre a história do bairro, o aluno esclarecerá o entrevistado sobre os<br />

objetivos da entrevista e, se dispuser de um gravador, solicitará a autorização para a<br />

gravação. O roteiro a ser seguido na entrevista poderia ser algo semelhante ao exemplo a<br />

seguir. Trata-se apenas de um exemplo, que pode ser redefinido de acordo com a realidade<br />

local e com os temas que se pretende trabalhar.<br />

DICA<br />

O uso do gravador facilita o trabalho, mas é perfeitamente viável a técnica da anotação<br />

manual das respostas. Por questão de natureza ética, a gravação de uma entrevista<br />

sem autorização prévia do entrevistado é fortemente condenada por todos os códigos<br />

de práticas profissionais. Em certos países, as leis de proteção ao consumidor prescrevem<br />

punição severa sobre o assunto.


NOSSAESCOLAPESQUISASUAOPINIÃO<br />

VERSÃO REDUZIDA ESPECIAL PARA DOWNLOAD<br />

39<br />

IDÉIAS PARA ROTEIRO DA ENTREVISTA EXPLORATÓRIA<br />

1. História de vida do entrevistado<br />

1.1. Local e data de nascimento.<br />

1.2. Nasceu no local Caso contrário, quando e por que se mudou para lá.<br />

1.3. Ocupação e local de nascimento dos pais.<br />

1.4. Número de descendentes (filhos, netos, bisnetos…) e idade aproximada deles.<br />

1.5. Histórico de ocupações (quando começou a trabalhar, fazendo o quê, empregos por<br />

que passou e tempo aproximado que ficou em cada um).<br />

1.6. Experiência escolar (quantos anos freqüentou a escola).<br />

1.7. Vínculos sociais relevantes (participação em igrejas, associações, clubes, sindicatos,<br />

partidos etc.).<br />

2. Relato do entrevistado sobre a história local<br />

2.1. Como era o bairro quando nele chegou (ou então na sua infância ou juventude)<br />

Quais as principais mudanças que aconteceram desde então<br />

2.2. Do que sobrevivia a maioria dos moradores Trabalhavam na indústria, no comércio<br />

ou no setor de prestação de serviços Quais eram as principais empresas Elas continuam<br />

funcionando e empregando muita gente<br />

2.3. Qual a origem da maioria dos moradores do bairro Do próprio local De outras<br />

partes da cidade Do interior do Estado De outros Estados De outros países Como era<br />

antigamente e como é hoje o relacionamento entre esses vários grupos<br />

2.4. Como eram as condições de vida da maioria da população na época da chegada do<br />

entrevistado ao local, ou na sua juventude Os salários e o rendimento dos negócios eram<br />

bons Como era o custo de vida Quais eram as principais formas de diversão e de lazer<br />

dos moradores<br />

2.5. O bairro sempre teve acesso a serviços públicos (água, energia elétrica, esgoto,<br />

telefone, transporte) Caso contrário, quando e como esses serviços começaram a ser<br />

implantados<br />

2.6. Como se deu a relação do bairro com os poderes públicos e com os políticos As<br />

necessidades da comunidade costumam ser atendidas pelos órgãos governamentais<br />

Houve ou há algum representante político da região na câmara de vereadores ou em<br />

algum outro órgão de governo<br />

2.7. No seu ponto de vista, quais são os fatos e os momentos mais importantes na história<br />

do bairro


NOSSAESCOLAPESQUISASUAOPINIÃO<br />

VERSÃO REDUZIDA ESPECIAL PARA DOWNLOAD<br />

40<br />

TRANSCRIÇÃO DAS ENTREVISTAS<br />

Em primeiro lugar, é necessário realizar o fichamento das entrevistas. O ideal é realizar a<br />

transcrição das fitas, o que se constitui numa tarefa muito lenta e trabalhosa. Caso não seja<br />

possível realizar a transcrição completa, os alunos que fizeram as entrevistas poderão ouvir a<br />

fita e anotar as partes mais importantes, organizando as anotações por tópicos.<br />

A CRIAÇÃO DE CATEGORIAS E SELEÇÃO DE TEMAS<br />

Trata-se da organização dos resultados obtidos nas diversas entrevistas, em categorias e temas<br />

comuns, e do estabelecimento de relações entre eles.<br />

Estas anotações podem ser apresentadas em sala de aula pelos alunos ou grupos de alunos<br />

responsáveis por cada entrevista. Comparando-se as respostas de vários entrevistados, será<br />

bastante fácil identificar e selecionar temas e questões relevantes sobre os quais eles<br />

expressam uma opinião formada.<br />

FASE II – A PESQUISA QUANTITATIVA<br />

Caso a execução da pesquisa exploratória tenha motivado os alunos e os resultados tenham<br />

despertado interesse e curiosidade é possível que se queira prosseguir para a fase II – uma<br />

pesquisa quantitativa.<br />

Os assuntos que forem selecionados para serem quantificados, extraídos da fase exploratória<br />

e dos debates dos alunos, levarão à elaboração de um questionário de perguntas fechadas,<br />

ou seja, um questionário em que as opções de resposta estarão impressas abaixo da<br />

pergunta.<br />

CONSTITUIÇÃO DA AMOSTRA<br />

Uma especial atenção deve ser dada, nessa fase do trabalho, à seleção da amostra na qual<br />

se fará a aplicação do questionário.<br />

É pouco provável que os recursos de tempo disponível permitam realizar uma pesquisa<br />

cientificamente desenhada para ser representativa da totalidade da população do bairro.<br />

Embora seja difícil obter informações precisas sobre o perfil sociodemográfico de bairros ou<br />

regiões dentro de uma cidade, em último caso podem ser utilizados os dados sobre o conjunto<br />

da cidade para a seleção de uma amostra de entrevistados proporcional à distribuição da<br />

população no que diz respeito a sexo, faixa etária e escolaridade.<br />

Quanto mais “homogênea”, ou quanto mais semelhante for a opinião das pessoas sobre um<br />

determinado assunto, menor o erro amostral, sendo portanto mais fácil selecionar uma<br />

amostra que represente essa população. Já quando as opiniões tendem a ser divergentes (ou<br />

“heterogênas”, em linguagem mais técnica) um maior cuidado deverá ser tomado para que a<br />

amostra represente diferentes grupos, garantindo assim que as várias opiniões tenham chance<br />

de estar bem representadas.


NOSSAESCOLAPESQUISASUAOPINIÃO<br />

VERSÃO REDUZIDA ESPECIAL PARA DOWNLOAD<br />

41<br />

ELABORAÇÃO DO INSTRUMENTO<br />

Os marcos da memória coletiva identificados na fase anterior devem servir de orientação para<br />

a definição da temática da pesquisa de opinião e da abordagem a ser adotada na sua<br />

formulação.<br />

Digamos que o tema adotado se situe no âmbito do tópico curricular Características do<br />

Sistema Político Brasileiro, e que o assunto selecionado seja O Papel do Ex-prefeito Fulano de Tal<br />

na História do Bairro. Com base nos comentários contidos no trabalho exploratório de história oral,<br />

seria possível elaborar um questionário fechado, a ser aplicado a uma amostra de moradores do<br />

bairro.<br />

ANÁLISE DOS RESULTADOS E RELATÓRIO FINAL<br />

Após a aplicação dos questionários e o processamento das respostas, vários temas podem ser<br />

objetos de debates em sala de aula e objetos de estudos complementares.<br />

• Qual a relação entre a industrialização, o crescimento urbano e as mudanças políticas ocorridos<br />

no Brasil nos últimos 50 anos<br />

• Por que diferentes segmentos da população manifestam opiniões diferentes sobre os mesmos<br />

assuntos, quando indagados na pesquisa<br />

• Qual o papel da população do bairro na conquista de melhorias e serviços públicos para o<br />

mesmo<br />

• Como podemos analisar a relação do bairro com a política e os políticos<br />

OBJETIVOS PEDAGÓGICOS<br />

• Ter maior conhecimento sobre a história local.<br />

• Ter maior consciência do lugar que a comunidade ocupa na história social mais ampla.<br />

• Vislumbrar caminhos para o exercício da cidadania.


NOSSAESCOLAPESQUISASUAOPINIÃO<br />

VERSÃO REDUZIDA ESPECIAL PARA DOWNLOAD<br />

42<br />

CONGRESSO IBOPE-UNESCO<br />

A<strong>PR</strong>ENDENDO COM A PESQUISA QUE ENSINA<br />

O Congresso IBOPE-UNESCO é uma iniciativa para disseminar conhecimento, dar visibilidade<br />

e facilitar o intercâmbio de experiências das escolas públicas e seus profissionais na<br />

construção de projetos pedagógicos que utilizam a pesquisa de opinião.<br />

É um evento anual dirigido aos profissionais das áreas de educação, englobando<br />

universidades, escolas públicas e privadas, organizações não-governamentais e outras<br />

entidades interessadas no uso pedagógico da pesquisa de opinião.<br />

OBJETIVOS<br />

Disseminar o modelo pedagógico proposto nos Parâmetros Curriculares Nacionais, no qual<br />

os alunos e professores têm papel ativo na construção dos conhecimentos.<br />

Promover a qualificação do trabalho educativo das escolas públicas, na direção da<br />

contextualização e da interdisciplinaridade.<br />

Promover o papel do professor como centro do processo pedagógico no interior da escola.<br />

Promover a realização, nas escolas, de projetos interdisciplinares significativos para a<br />

comunidade escolar.<br />

Promover o uso pedagógico da pesquisa de opinião como ferramenta estratégica para a<br />

melhoria da qualidade da educação.<br />

Sistematizar e tornar visíveis experiências escolares inovadoras que utilizam a pesquisa de<br />

opinião como recurso pedagógico.


NOSSAESCOLAPESQUISASUAOPINIÃO<br />

VERSÃO REDUZIDA ESPECIAL PARA DOWNLOAD<br />

43<br />

PARTICIPE<br />

Para cadastrar o seu projeto veja o formulário anexado.<br />

Para saber mais sobre como se inscrever para o congresso, visite o site do <strong>Instituto</strong> <strong>Paulo</strong><br />

<strong>Montenegro</strong> (http://www.ipm.org.br/).<br />

Outras informações podem ser solicitadas:<br />

• pelo e-mail institutopaulomontenegro@ibope.com.br<br />

• ou enviando carta para o <strong>Instituto</strong> <strong>Paulo</strong> <strong>Montenegro</strong>, Alameda Santos, 2101, 8 o andar, São<br />

<strong>Paulo</strong>-SP, CEP 01419-002.


NOSSAESCOLAPESQUISASUAOPINIÃO<br />

VERSÃO REDUZIDA ESPECIAL PARA DOWNLOAD<br />

44<br />

MODELO DE FORMULÁRIO PARA CADASTRO DE <strong>PR</strong>OJETOS DE PESQUISA<br />

Esta é uma oportunidade para todos aqueles que realizaram projetos pedagógicos baseados<br />

na pesquisa de opinião. Há duas maneiras de cadastrar o seu projeto:<br />

1 Faça uma cópia deste formulário, inclua suas informações e envie para o <strong>Instituto</strong> <strong>Paulo</strong><br />

<strong>Montenegro</strong>. Al. Santos, 2101, 8 o andar, São <strong>Paulo</strong> – SP, CEP 01419-002.<br />

Não destaque o formulário do Manual; tire quantas cópias achar necessário.<br />

2 Preencha o cadastro diretamente no site do <strong>Instituto</strong> <strong>Paulo</strong> <strong>Montenegro</strong>: www.ipm.org.br<br />

ATENÇÃO:<br />

Todos os projetos cadastrados serão divulgados no banco de projetos Nossa Escola<br />

Pesquisa sua Opinião na Internet e participarão da seleção para serem apresentados no<br />

Congresso IBOPE-UNESCO.


NOSSAESCOLAPESQUISASUAOPINIÃO<br />

VERSÃO REDUZIDA ESPECIAL PARA DOWNLOAD<br />

45<br />

SOBRE A ESCOLA<br />

• Nome da Escola:<br />

• Escola Federal, Estadual, Municipal ou Particular<br />

• Endereço:<br />

• Bairro:<br />

• CEP:<br />

• Cidade:<br />

• Estado:<br />

• Telefone:<br />

• Fax:<br />

• E-mail:<br />

• Endereço na Internet (site): http://


NOSSAESCOLAPESQUISASUAOPINIÃO<br />

VERSÃO REDUZIDA ESPECIAL PARA DOWNLOAD<br />

46<br />

SOBRE O <strong>PR</strong>OJETO<br />

• Titulo do projeto:<br />

• Resumo (escreva, em poucas linhas, o que o projeto investigou e qual foi o público<br />

pesquisado):<br />

• Diga quais os temas abordados pelo projeto (sexualidade, cidadania, meio ambiente, perfil<br />

do jovem, perfil do professor, hábitos de leitura, participação, qualidade da educação etc.)<br />

• Data de início (mm/aa):<br />

• Data de término (mm/aa):


NOSSAESCOLAPESQUISASUAOPINIÃO<br />

VERSÃO REDUZIDA ESPECIAL PARA DOWNLOAD<br />

47<br />

SOBRE OS PARTICIPANTES<br />

• Diga quantos professores participaram:<br />

• Professores de quais disciplinas<br />

• Diga quantos alunos participaram:<br />

• Alunos de que série<br />

• Alunos de curso profissionalizante Qual<br />

• Diga qual o curso profissionalizante:<br />

• Outros (quem):


NOSSAESCOLAPESQUISASUAOPINIÃO<br />

VERSÃO REDUZIDA ESPECIAL PARA DOWNLOAD<br />

48<br />

SOBRE VOCÊ<br />

• Nome do responsável pelas informações:<br />

• E-mail:<br />

• Telefone:<br />

OBSERVAÇÕES ADICIONAIS<br />

• Utilize o espaço abaixo se tiver algum comentário extra:

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!