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Esponjas Marinhas da Bahia - Guia de Campo e ... - Porifera Brasil

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Introdução<br />

<strong>de</strong> Ilha Gran<strong>de</strong>, no Estado do Rio <strong>de</strong> Janeiro (p.ex. Desmapsamma anchorata); no Estado<br />

<strong>de</strong> São Paulo, área do Canal <strong>de</strong> São Sebastião (p.ex. Aplysina fulva, Haliclona melana);<br />

e por fim, algumas se esten<strong>de</strong>m até o litoral do Estado <strong>de</strong> Santa Catarina (p.ex.<br />

Dragmacidon reticulatum, Hymeniacidon heliophila, Te<strong>da</strong>nia ignis). Esses múltiplos limites<br />

<strong>de</strong> distribuição austral <strong>de</strong> espécies tropicais fizeram com que to<strong>da</strong> a área ao sul<br />

<strong>da</strong> <strong>Bahia</strong> (ou do ES, do RJ, ...) fosse consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> como uma área <strong>de</strong> transição entre<br />

a Província <strong>Brasil</strong>eira (tropical) e uma fauna patagônica (subtropical). Entretanto,<br />

esta sugestão ignora o fato <strong>de</strong> que os costões rochosos encontrados em boa parte do<br />

SE e S do país abrigam uma espongiofauna <strong>de</strong> características particulares, ain<strong>da</strong> em<br />

boa parte <strong>de</strong>sconheci<strong>da</strong>, haja vista que o grosso dos materiais disponíveis em coleções<br />

ain<strong>da</strong> não foi formalmente <strong>de</strong>scrito. Apesar <strong>da</strong> precarie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>ste inventário,<br />

o número <strong>de</strong> espécies <strong>de</strong> poríferos provisoriamente endêmicas <strong>de</strong>sta faixa do litoral<br />

que se esten<strong>de</strong> <strong>da</strong> Região do Cabo Frio até a ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Florianópolis, já é consi<strong>de</strong>rável<br />

(> 10). E como tal, justificativa para o reconhecimento <strong>de</strong> uma área <strong>de</strong> en<strong>de</strong>mismo,<br />

para a qual se propôs no passado o termo <strong>de</strong> Província Paulista, e hoje integra<br />

o mapa global <strong>de</strong> ecorregiões marinhas como a Ecorregião Marinha do Su<strong>de</strong>ste<br />

do <strong>Brasil</strong>.<br />

Um aspecto importante a ressaltar é que esta marca<strong>da</strong> afini<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> espongiofauna<br />

marinha brasileira com a caribenha, que ultrapassa 50% <strong>de</strong> espécies compartilha<strong>da</strong>s<br />

mesmo no litoral do Estado <strong>de</strong> São Paulo (75% – 52/70 – <strong>da</strong>s espécies apresenta<strong>da</strong>s<br />

neste <strong>Guia</strong>), é indicativa <strong>da</strong> existência <strong>de</strong> um fluxo relativamente gran<strong>de</strong> entre as<br />

duas áreas. Isto, a <strong>de</strong>speito <strong>da</strong> suposta barreira exerci<strong>da</strong> pelo imenso aporte <strong>de</strong> água<br />

doce e sedimentos em suspensão na foz do Amazonas. Sabe-se que, possivelmente<br />

em <strong>de</strong>corrência <strong>de</strong> sua menor <strong>de</strong>pendência <strong>de</strong> boa luminosi<strong>da</strong><strong>de</strong> (ao contrário <strong>da</strong>s<br />

algas e dos corais zooxantelados), poríferos não encontraram maiores dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

em se estabelecer mais fundo, ao largo do Amazonas, abaixo <strong>da</strong> influência <strong>de</strong>sta<br />

pluma amazônica <strong>de</strong> água-doce, criando assim um corredor para intercâmbio <strong>de</strong> espécies<br />

entre a Província do Caribe e a <strong>Brasil</strong>eira. É notória, por exemplo, a ocorrência<br />

<strong>de</strong> peixes recifais nesta área, valendo-se <strong>de</strong>ste corredor <strong>de</strong> esponjas como se fora um<br />

recife <strong>de</strong> água rasas. Dentre as espécies aqui <strong>de</strong>scritas do Estado <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong>, algumas<br />

também foram registra<strong>da</strong>s <strong>de</strong>ste “corredor sub-amazônico”, p.ex. Monanchora arbuscula<br />

e Xestospongia muta.<br />

Em 2007 foram lista<strong>da</strong>s 110 espécies <strong>de</strong> poríferos conhecidos <strong>de</strong> águas brasileiras<br />

com mais <strong>de</strong> 100 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, registrados ao largo <strong>de</strong> <strong>de</strong>z estados costeiros.<br />

Os estados on<strong>de</strong> este conhecimento está mais avançado são São Paulo (40 spp), Rio<br />

<strong>de</strong> Janeiro (19 spp), Rio Gran<strong>de</strong> do Sul (17 spp) e Espírito Santo (16 spp). Este panorama<br />

já sofreu algumas alterações em <strong>de</strong>corrência <strong>da</strong> recente publicação <strong>de</strong> novos<br />

registros para a ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> montes submarinos Vitória-Trin<strong>da</strong><strong>de</strong> (ES), o monte submarino<br />

Almirante Sal<strong>da</strong>nha (ES/RJ) e a Bacia <strong>de</strong> <strong>Campo</strong>s (setor RJ), com base em<br />

materiais coletados pelo Programa REVIZEE (Avaliação do Potencial Sustentável<br />

dos Recursos Vivos <strong>da</strong> Zona <strong>de</strong> Exclusão Econômica) e pela Petrobrás.<br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

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