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Arquivo 16 - Educação Física.pmd - Atlas do Esporte no Brasil

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Escola de <strong>Educação</strong> <strong>Física</strong> e <strong>Esporte</strong> da Universidade de São Paulo<br />

CLAUDIA GUEDES<br />

School of Physical Education and Sport – University of São Paulo<br />

At the end of the 19 th century, education in Brazil was still following<br />

the teaching legacy of Jesuit Priests, when it started to be influenced<br />

by the positivist ideas of Auguste Comte, (see chapter on Positivism<br />

in this <strong>Atlas</strong>). In this context of in<strong>no</strong>vations it was possible to observe<br />

the very beginning of physical education as a profession and of the<br />

physical education teacher as the new undergraduate professional.<br />

Although Mackenzie College (an independent college founded in<br />

São Paulo state in the 1880s by Presbyterian clergy who had<br />

immigrated from England and from the United States) was the<br />

pioneer institution to support this new proposition, the first<br />

undergraduate school in SP to train teachers was a military institution<br />

but only in the early 20 th century. In 1931, the Universidade de São<br />

Paulo (University of São Paulo State – USP) created the Escola de<br />

<strong>Educação</strong> <strong>Física</strong> e <strong>Esporte</strong> (School of Physical Education and Sport<br />

– EEFE), leading institution <strong>no</strong>t only in Brazil but also in Latin<br />

America. This leadership was initially based on the continuous<br />

improvement of professional training and then on the emphasis given<br />

to scientific research. From 1934 to 2002 3,000 teachers improved<br />

training, almost 300 students graduated with a B.S. in physical<br />

education and Sports, approximately 300 graduate students earned<br />

their Master’s degree, 70 earned their Ph.D. degrees and more than<br />

2,000 physical education teachers became specialists in several areas.<br />

The EEFE-USP has international prestige today due to its scientific<br />

production. The Biodynamics Department has 5 laboratories:<br />

Biomechanics, Biochemistry, Physiology, Nutrition and Biophysics.<br />

The Pedagogy Department manages the Centro de Estu<strong>do</strong>s<br />

Socioculturais <strong>do</strong> Movimento Huma<strong>no</strong> (Center of Sociocultural<br />

Studies of Human Movement) and two Laboratories: Motor Behavior<br />

and Pedagogy. There are two additional laboratories in the Sports<br />

Department: Psychology and Sports Development. The EEFE-USP<br />

also publishes a scientific journal on a large scale: the “Revista<br />

Paulista de <strong>Educação</strong> <strong>Física</strong>”, classified in the Qualis as I – C and<br />

indexed in LILACS and SPORTDiscus.<br />

Origens e definições No século XIX, as “Ciências” chegaram<br />

ao <strong>Brasil</strong> através <strong>do</strong>s portos, carregadas pelos bacharéis em direito<br />

com idéias positivistas, refletin<strong>do</strong> uma Europa em reconstrução<br />

política e o desenvolvimento crescente <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s da<br />

América. A <strong>Educação</strong> procurada pelos brasileiros apóia então suas<br />

bases na busca da superação da ig<strong>no</strong>rância enquanto arma que<br />

garantiria a soberania nacional e o futuro <strong>do</strong>s jovens sob o lema da<br />

“ordem, <strong>do</strong> progresso e <strong>do</strong> amor” (lema positivista da teoria de<br />

Augusto Comte, muito popular na época). A virada <strong>do</strong> século para<br />

a educação trouxe a cisão entre a Igreja Católica e o controle<br />

educacional <strong>do</strong> país, colocan<strong>do</strong> nas mãos <strong>do</strong> <strong>no</strong>vo Esta<strong>do</strong> republica<strong>no</strong><br />

a responsabilidade pelo ensi<strong>no</strong> de primeiro e segun<strong>do</strong> graus,<br />

garantin<strong>do</strong> sua condição laica. Isso gerou uma série de reformas. A<br />

mais importante foi a de Benjamin Constant, que a<strong>do</strong>tou o<br />

positivismo como a filosofia de base para as instruções na escola<br />

pública e com isso afastou ainda mais o ensi<strong>no</strong> católico como oficial,<br />

abrin<strong>do</strong> portas para outras instituições religiosas como, por exemplo,<br />

a protestante. O protestantismo tem suas origens <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> aos 55<br />

a<strong>no</strong>s de sua descoberta, quan<strong>do</strong> chegaram aqui os primeiros<br />

calvinistas de raízes francesas e holandesas. Entretanto, foi com a<br />

abertura religiosa assegurada pela Constituição de 1824, que o<br />

país tor<strong>no</strong>u-se atraente para um “boom” imigratório que fixaria<br />

esta religião entre os brasileiros e tornaria o trabalho, a atividade<br />

física e um <strong>no</strong>vo tipo de educação, marcas indeléveis de sua<br />

contribuição ao desenvolvimento da educação brasileira. No<br />

entanto, a importância das atividades físicas e da educação moral<br />

já havia si<strong>do</strong> mencionada nas escolas católicas. Em 1823, um a<strong>no</strong><br />

depois da Independência <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong>, um padre Jesuíta chama<strong>do</strong><br />

Belchior Pinheiro de Oliveira – Deputa<strong>do</strong> da Província de Minas<br />

Gerais – apresentou à Câmara (Congresso Nacional) uma proposta<br />

para criar uma educação completa para crianças e jovens que<br />

deveriam desenvolver suas habilidades em três grandes áreas: física,<br />

moral e intelectual. A proposta <strong>do</strong> Padre Belchior para um “Trata<strong>do</strong><br />

de <strong>Educação</strong>” foi entregue a José Maria<strong>no</strong> de Albuquerque<br />

Cavalcante – Deputa<strong>do</strong> da Província <strong>do</strong> Ceará. Neste trata<strong>do</strong>, o<br />

autor esclarece sua preocupação com uma certa <strong>Educação</strong> <strong>Física</strong>,<br />

depois de constatar a frágil saúde demonstrada pela criança<br />

brasileira. Nesta época já existiam duas grandes obras que<br />

defendiam a <strong>Educação</strong> <strong>Física</strong> e moral das crianças. A primeira,<br />

publicada em Portugal e traduzida <strong>do</strong> francês pelo brasileiro, natural<br />

de Florianópolis, o bacharel Luis Moniz Barreto, em 1787, intitulavase<br />

“<strong>Educação</strong> Physica e Moral <strong>do</strong>s Meni<strong>no</strong>s de Ambos os Sexos”.<br />

Esta obra enfatizava a necessidade da força física e virilidade<br />

pelos meni<strong>no</strong>s na construção de homens saudáveis, com hábitos de<br />

higiene desenvolvi<strong>do</strong>s. Os exercícios físicos ao ar livre condicionavam<br />

o bom desempenho <strong>no</strong>s estu<strong>do</strong>s e levava também à disciplina moral.<br />

Um segun<strong>do</strong> livro com essa preocupação foi escrito pelo médico<br />

brasileiro Francisco de Mello Franco chama<strong>do</strong> “Trata<strong>do</strong> da <strong>Educação</strong><br />

Physica <strong>do</strong>s Meni<strong>no</strong>s para uso da Nação Portuguesa”, publica<strong>do</strong><br />

em 1790 por ordem da Academia Real de Ciências. A preocupação<br />

maior <strong>do</strong> autor era a busca para a cura <strong>do</strong>s males provoca<strong>do</strong>s pela<br />

“degeneração da raça” de que sofriam os jovens portugueses.<br />

Enquanto solução para a cura <strong>do</strong>s males, vícios e sedentarismo,<br />

Mello Franco dedicou quatro capítulos que traçavam um pla<strong>no</strong> de<br />

atividades físicas necessárias não somente às crianças e jovens,<br />

mas também às futuras mães.<br />

Esta obra veio com o seu autor, que acompanhava D. Leopoldina<br />

em viagem para o <strong>Brasil</strong>. Dr. Francisco de Mello Franco, chama<strong>do</strong> o<br />

pai da puericultura pela medicina brasileira, permaneceu <strong>no</strong> país<br />

até o a<strong>no</strong> de 1817, onde publicou outro trata<strong>do</strong>, desta vez sobre as<br />

febres. Nesta obra, ele dedicou to<strong>do</strong> o segun<strong>do</strong> volume sobre as<br />

condições precárias de saúde <strong>do</strong>s brasileiros e à necessidade de<br />

exercícios ao ar livre, da prática de jogos e de ginástica. O clima<br />

tropical fortemente senti<strong>do</strong> pelos imigrantes europeus favorecia a<br />

degeneração da força física e da virilidade, defendia Mello Franco.<br />

Outrossim, o mo<strong>do</strong> de vida sedentário e dedica<strong>do</strong> às festas é<br />

denuncia<strong>do</strong> como profícuo ao nascimento de crianças frágeis e<br />

conseqüentemente um futuro rechea<strong>do</strong> de homens fracos. No <strong>Brasil</strong><br />

colonial a necessidade era de criação de escolas que possibilitassem<br />

uma “educação completa”, como queria Belchior, para a melhoria<br />

da saúde. Essa importância era tanta, que Cavalcante – Deputa<strong>do</strong><br />

da Província <strong>do</strong> Ceará, ao ler a proposta de Belchior, imediatamente<br />

iniciou a criação de um concurso nacional que daria uma medalha<br />

de Menção Honrosa àquele (a) que providenciasse o melhor pla<strong>no</strong><br />

de <strong>Educação</strong> <strong>Física</strong>, moral e intelectual para os jovens brasileiros e<br />

haveria um prêmio em dinheiro para aquele (a) que criasse o melhor<br />

pla<strong>no</strong> de <strong>Educação</strong> <strong>Física</strong> para os jovens. Não se sabe ao certo se<br />

houve quem se candidatasse ou se alguém ganhou os prêmios<br />

acima menciona<strong>do</strong>s. Mas, a tentativa teve uma repercussão nacional<br />

tamanha, que o gover<strong>no</strong> man<strong>do</strong>u importar quantos manuais fossem<br />

necessários para suprir o treinamento de mestres de ginásticas nas<br />

escolas <strong>no</strong>rmais. A partir da Independência <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong> os interesses<br />

nacionais estavam volta<strong>do</strong>s para criar uma nação e desenvolver o<br />

senso de patriotismo. Através da evocação <strong>do</strong> século XIX, expressões<br />

se repetiam sobre o desejo de atingir progresso, aumentar o<br />

conhecimento, melhorar a vida em ambos as dimensões – práticas<br />

e morais. Buscavam-se condições dignas de moradia e uma<br />

administração pública segura e melhor. Apenas uma pequena elite<br />

tinha acesso a escolas, cuida<strong>do</strong>s médicos, entretenimento e outros<br />

benefícios de uma vida digna. Isto revelava que estes benefícios<br />

não estavam ao alcance <strong>do</strong> grande número de trabalha<strong>do</strong>res e<br />

pessoas pobres. O interesse em melhorar a qualidade de vida destas<br />

pessoas incluía cuida<strong>do</strong>s médicos apropria<strong>do</strong>s, educação para<br />

práticas saudáveis nas suas vidas diárias e como utilizar o tempo<br />

livre para o próprio benefício.<br />

A <strong>no</strong>va Constituição de 1824 também mencionava a importância<br />

da instrução pública e comentava sobre a necessidade de construir<br />

escolas e criar um currículo que providenciaria conhecimento e<br />

habilidades para os jovens que auxiliassem <strong>no</strong> desenvolvimento <strong>do</strong><br />

país. A <strong>Educação</strong> <strong>Física</strong> era parte de várias discussões e propostas<br />

de <strong>no</strong>vas leis que versavam sobre a instrução pública. O Regulamento<br />

da Instrução primária de 1885 e secundária <strong>do</strong> município da corte<br />

deveria primeiro ser aplica<strong>do</strong> à reforma <strong>do</strong> Colégio Dom Pedro II. A<br />

parte mais significativa desta reforma está na ênfase dada à inclusão<br />

de ginástica <strong>no</strong> currículo. Para isso, <strong>no</strong> entanto, mudaram a escola<br />

<strong>do</strong> centro da cidade para a periferia, onde de acor<strong>do</strong> com o Ministro<br />

da reforma educacional – Luiz Pereira Couto Ferraz, os estudantes<br />

teriam mais espaço ao ar livre, poderiam então, além da ginástica,<br />

dedicar-se ao banho de mar <strong>no</strong> aprendiza<strong>do</strong> da natação e longas<br />

caminhadas para o fortalecimento <strong>do</strong>s pulmões.<br />

Década de 1870 A má organização governamental, entretanto,<br />

e a falta de investimentos financeiros impediram a melhoria da<br />

educação <strong>no</strong>s i<strong>do</strong>s desta década, adian<strong>do</strong> a expansão <strong>do</strong>s exercícios<br />

físicos como disciplina formal. Outro problema era a falta de<br />

professores prepara<strong>do</strong>s para atuar com a população jovem. À<br />

medida <strong>do</strong>s a<strong>no</strong>s, <strong>no</strong> entanto, a necessidade de professores<br />

qualifica<strong>do</strong>s para ensinar <strong>Educação</strong> <strong>Física</strong> nas escolas tor<strong>no</strong>u-se<br />

reconhecida. Neste perío<strong>do</strong> a educação permanecia nas mãos <strong>do</strong>s<br />

padres Jesuítas. As poucas escolas que existiam eram direcionadas<br />

a uma elite da população e tinham rígidas restrições àqueles que<br />

não eram católicos. A prática da atividade física ainda estava<br />

condicionada aos bons hábitos de moralidade, ou seja, exercícios<br />

físicos eram apenas para os meni<strong>no</strong>s, às meninas destinava-se o<br />

aprendiza<strong>do</strong> das prendas <strong>do</strong>mésticas. No final <strong>do</strong> século XIX, a<br />

intensa restrição social colocada pela posição católica conserva<strong>do</strong>ra<br />

<strong>do</strong>s tempos coloniais começou a ser aban<strong>do</strong>nada em prol de intensa<br />

atividade social e da diversificação de interesses influenciada<br />

pelo grande número de imigrantes, que agora se mesclavam nas<br />

grandes cidades da época. A sociedade dessas cidades (mais<br />

especificamente Rio de Janeiro e São Paulo) estava se tornan<strong>do</strong><br />

mais urbana e cosmopolita. Em 1870, por exemplo, a fundação da<br />

Sociedade Alemã de Turnverein em São Paulo, chamou a atenção<br />

da elite emergente, que rapidamente aderiu à prática dessa<br />

modalidade de ginástica nacionalista.<br />

1882 Em um fluente e convincente discurso, feito neste a<strong>no</strong> pelo<br />

Bacharel, escritor, político e membro <strong>do</strong> Comitê Público de <strong>Educação</strong><br />

– Rui Barbosa, a <strong>Educação</strong> <strong>Física</strong> retorna aos interesses da<br />

administração imperial. Rui Barbosa defendeu a importância da<br />

<strong>Educação</strong> <strong>Física</strong> basea<strong>do</strong> na erudição filosófica grega, <strong>no</strong>s<br />

preâmbulos filosóficos franceses, como por exemplo, Montaigne e<br />

Rabelais. O ora<strong>do</strong>r cita muitos outros de vários países que se<br />

ocuparam da importância da <strong>Educação</strong> <strong>Física</strong> na instrução <strong>do</strong>s<br />

jovens. Rui Barbosa também fez de suas experiências fora <strong>do</strong> país<br />

o carro chefe de sua oratória: – exemplos de países europeus que já<br />

haviam a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> pla<strong>no</strong>s de <strong>Educação</strong> <strong>Física</strong> como França, Alemanha,<br />

Inglaterra, Dinamarca e Itália e principalmente os Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s,<br />

uma vez que este país já considerava a <strong>Educação</strong> <strong>Física</strong>, parte<br />

essencial <strong>do</strong> sistema de educação. Em um <strong>do</strong>s mais expressivos<br />

momentos de seu discurso, Rui Barbosa declarou que a ginástica e<br />

to<strong>do</strong> tipo de exercícios físicos ajudavam a todas as crianças e jovens<br />

a desenvolver um senso de ordem e hábitos morais saudáveis. A<br />

<strong>Educação</strong> <strong>Física</strong> também era importante para o desenvolvimento<br />

postural, <strong>do</strong>s passos firmes e corretos, <strong>do</strong> uso eficiente <strong>do</strong> corpo e<br />

bons hábitos de higiene. Através das lições de práticas corporais,<br />

Rui Barbosa acreditava que se poderia obter melhores resulta<strong>do</strong>s<br />

<strong>do</strong> que pelas lições verbais.<br />

Décadas de 1880 – 1890 Marca-se neste perío<strong>do</strong> o início da<br />

demanda por uma <strong>no</strong>va profissão, a de <strong>Educação</strong> <strong>Física</strong>. Em<br />

retrospecto, houve mudanças sociais que conduziram à descoberta<br />

das atividades físicas como lazer. Em São Paulo expandem-se os<br />

passeios de bicicleta: as tardes de cricket <strong>no</strong> clube inglês e a<br />

expectativa <strong>do</strong>s jogos de futebol tornaram-se entretenimentos<br />

preferi<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s paulista<strong>no</strong>s, que por meio dessas atividades<br />

aprendiam o jeito de ser <strong>do</strong> imigrante inglês. Além disso, havia as<br />

brigas de galo, apresentações de música e dança, bem como tantas<br />

outras vindas <strong>do</strong> <strong>no</strong>rte da Europa. A prática esportiva, nessa época,<br />

passa a ser de suma importância, tanto para as horas de lazer<br />

quanto para demonstrar status e poder aquisitivo nas rodas sociais.<br />

Esse evento pressio<strong>no</strong>u a tradicional posição <strong>do</strong>s Benediti<strong>no</strong>s e<br />

Jesuítas, os quais passam a incorporar em seus programas<br />

educacionais os “desafios da reforma e melhora curricular<br />

protestante”, assim chama<strong>do</strong>s por Freyre (1974). O ensi<strong>no</strong> superior<br />

DACOSTA, LAMARTINE (ORG.). A TLAS DO ESPORTE NO BRASIL. RIO DE JANEIRO: CONFEF, 2006 14.9


<strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> continuava <strong>do</strong>mina<strong>do</strong> pelo sistema tradicional de ensi<strong>no</strong>.<br />

As duas escolas de direito, as duas escolas de medicina, as duas<br />

escolas de farmácia e a única escola de minas seguiam a rotina<br />

tradicional e ponderavam os valores de uma educação ultrapassada.<br />

Nenhuma delas tinha a característica de um ensi<strong>no</strong> não apenas<br />

profissionalizante, que era o que buscava o ministro Chamberlain<br />

(cria<strong>do</strong>r da primeira escola mista, <strong>do</strong>s jardins de Infância em São<br />

Paulo, das primeiras escolas <strong>no</strong>rmais e da primeira escola superior<br />

privada), para suprir a lacuna na educação <strong>do</strong>s filhos de imigrantes<br />

tanto america<strong>no</strong>s quanto alemães. De acor<strong>do</strong> com um <strong>do</strong>cumento<br />

intitula<strong>do</strong> Project Mackenzie – A Protestant College for Brazil – In<br />

the General Assembly of the Presbyterian Church, Sy<strong>no</strong>d of Brazil.<br />

Immediate En<strong>do</strong>wment of a Christian College in Brazil Similar to<br />

Robert College in Constanti<strong>no</strong>ple or the Syrian Protestant College<br />

of Beirut, escrito em 1888, existe a justificativa para a criação <strong>do</strong><br />

Mackenzie, evidenciada pelas seguintes palavras: “Os jovens<br />

rapazes que desejam ir além <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> básico antes de estudar<br />

para uma profissão, ou aqueles que desejam uma educação que<br />

não seja completamente profissional são compeli<strong>do</strong>s a estudar<br />

fora... Aqueles pais de família porta<strong>do</strong>res de consideráveis ganhos<br />

monetários, patro<strong>no</strong>s de <strong>no</strong>ssas escolas, têm manda<strong>do</strong>, com grande<br />

relutância, seus garotos para a Alemanha, porque infelizmente o<br />

país não oferece educação superior <strong>no</strong>s termos em que precisamos.<br />

Outros garotos, filhos de pais me<strong>no</strong>s afortuna<strong>do</strong>s, param de estudar,<br />

e seus talentos são em grande escala, perdi<strong>do</strong>s para uma nação<br />

que não oferece oportunidades para o seu desenvolvimento<br />

(Mackenzie SP,1888)” Essa foi uma das principais razões para a<br />

criação <strong>do</strong> Mackenzie College. Mas o principal acontecimento girava<br />

em tor<strong>no</strong> da construção da Estrada de Ferro São Paulo, que ligava<br />

o Vale <strong>do</strong> Paraíba (principal centro cafeicultor) a Santos (principal<br />

porto alfandegário). Não havia sequer uma instituição, <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>,<br />

que formasse engenheiros ou quaisquer outros profissionais<br />

habilita<strong>do</strong>s para trabalhar nessa construção. As escolas<br />

presbiterianas que alcançaram o país <strong>no</strong> final <strong>do</strong> século e atingiram<br />

seu auge nas duas primeiras décadas <strong>do</strong> século XX contribuíram<br />

para a inclusão de práticas de atividades motoras e esportes. Esta<br />

contribuição influenciou outros modelos educacionais, tanto quanto<br />

católicos até a própria reforma educacional <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> de São Paulo<br />

– que se tor<strong>no</strong>u modelo federal. Esta reforma foi conduzida pelo<br />

modelo cria<strong>do</strong> por Chamberlain e <strong>no</strong>vamente proposta por Fernan<strong>do</strong><br />

de Azeve<strong>do</strong> em 1928.<br />

A colonização portuguesa significou a aculturação <strong>do</strong> povo indígena<br />

<strong>no</strong> mesmo patamar de <strong>do</strong>minação e miscigenação. Muitos <strong>do</strong>s<br />

hábitos indígenas foram transforma<strong>do</strong>s pelos hábitos europeus e<br />

outros foram acolhi<strong>do</strong>s pelos coloniza<strong>do</strong>res. Com o advento da<br />

imigração de outros povos europeus e africa<strong>no</strong>s <strong>no</strong> passar <strong>do</strong>s<br />

séculos, <strong>no</strong>vo pa<strong>no</strong>rama surge entre os brasileiros. No final <strong>do</strong><br />

século XIX e início <strong>do</strong> Século XX a imigração italiana traz <strong>no</strong>vos<br />

hábitos e preconceitos entre os Portugueses, as rivalidades ficaram<br />

fortes nas disputas entre espaços físicos e evidenciavam-se nas<br />

ruas com as brigas de galo, as lutas e as partidas de futebol .<br />

Entretanto, serão os hábitos Anglo-saxões que irão remodelar a<br />

vida social <strong>do</strong>s brasileiros, mesmo que até a primeira década <strong>do</strong><br />

século XX, os costumes franceses é que ditavam o comportamento<br />

social a partir de atividades intelectuais como os saraus, as peças<br />

de teatro, apresentações de dança e música. Um exemplo da força<br />

francesa na educação brasileira foi a tradução <strong>do</strong> manual<br />

originalmente intitula<strong>do</strong>: Higiène Scoilare: Influence de l’école sur<br />

la santé des enfants (Higiene Escolar: A Influência da Escola na<br />

Saúde das Crianças), publica<strong>do</strong> em 1882 por R. Ryant, que se<br />

tor<strong>no</strong>u livro didático nas escolas <strong>no</strong>rmais mais importantes <strong>do</strong> país<br />

a partir de 1890. Além <strong>do</strong>s manuais franceses, é interessante <strong>no</strong>tar<br />

que houve várias tentativas para implementação de escolas<br />

<strong>no</strong>rmais, baseadas <strong>no</strong> modelo francês, que fossem especializadas<br />

em formar professores capazes de ministrar aulas de <strong>Educação</strong><br />

<strong>Física</strong> nas escolas públicas. Entretanto, a primeira manifestação<br />

governamental para criação de uma escola preparatória de<br />

educa<strong>do</strong>res físicos acontece logo <strong>no</strong>s primeiros a<strong>no</strong>s <strong>do</strong> século XX.<br />

1905 Em 21 de dezembro deste a<strong>no</strong>, o Dr. Jorge Moraes, Deputa<strong>do</strong><br />

pelo Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Amazonas, defendeu a criação de um curso para<br />

professores de ginástica, esportes e <strong>Educação</strong> <strong>Física</strong> para<br />

lecionarem nas escolas. No seu discurso, segun<strong>do</strong> Marinho (1942),<br />

o deputa<strong>do</strong> profere as seguintes palavras: “Desde o século XIX as<br />

Forças Armadas Francesas têm si<strong>do</strong> um modelo de Escola de<br />

<strong>Educação</strong> <strong>Física</strong>. Iniciada em Grenelle e hoje situada em Vincennes,<br />

esta escola recebe de volta a cada cinco a<strong>no</strong>s solda<strong>do</strong>s para<br />

atualizarem-se e reforçarem os exercícios físicos. Eu recomen<strong>do</strong> a<br />

criação de uma Escola de <strong>Educação</strong> <strong>Física</strong> que siga o modelo das<br />

Forças Armadas Francesas e que seja criada uma para a Polícia<br />

Militar e outra para os cidadãos civis (Deputa<strong>do</strong> Jorge Morais, 21<br />

de Dezembro de 1905. Assembléia da Câmara, Rio de Janeiro)”.<br />

1910 Somente após cinco a<strong>no</strong>s da proposição Jorge Morais, <strong>no</strong><br />

entanto, é que surge a Escola de <strong>Educação</strong> <strong>Física</strong> da Força Pública,<br />

influenciada ou não pela iniciativa <strong>do</strong> Deputa<strong>do</strong> Moraes, seguiu as<br />

prerrogativas da Escola de Joivinlle Le Point e serviu como modelo<br />

para as iniciativas seguintes de criação de Escolas Superiores de<br />

<strong>Educação</strong> <strong>Física</strong> nacionais como a Escola Superior de <strong>Educação</strong><br />

<strong>Física</strong> <strong>do</strong> Exército (1933) e da Escola Superior de <strong>Educação</strong> Physica<br />

(1934). As interfaces políticas que coincidem com esta<br />

inquestionável preocupação com a <strong>Educação</strong> <strong>Física</strong> foram aquelas<br />

que movimentaram as reformas educacionais da formação <strong>do</strong> <strong>no</strong>vo<br />

modelo de gover<strong>no</strong>: a República Positivista. O lema filosófico<br />

demonstrava a necessidade de prover as escolas públicas com aulas<br />

de <strong>Educação</strong> <strong>Física</strong> e moral para uma juventude que deveria ser<br />

educada para o progresso, através da ordem.<br />

Décadas 1900 – 1910 Entre 1905 e 1910, Decretos leis<br />

aparecem <strong>no</strong> Amazonas, Ceará, Bahia, Rio de Janeiro e São Paulo,<br />

requisitan<strong>do</strong> a obrigatoriedade da <strong>Educação</strong> <strong>Física</strong>, Moral e Cívica,<br />

daí portanto, a demanda por instrutores de ginástica ou professores<br />

de <strong>Educação</strong> <strong>Física</strong> cresceu consideravelmente.Todavia, o único<br />

estabelecimento de ensi<strong>no</strong> especializa<strong>do</strong> era a Escola de <strong>Educação</strong><br />

<strong>Física</strong> da Força Pública, originalmente criada apenas para a formação<br />

<strong>do</strong> corpo militar que iria atuar em outros quartéis treinan<strong>do</strong> solda<strong>do</strong>s.<br />

Uma das prerrogativas para a demanda de profissionais civis para<br />

atuar nas escolas vem com força total em <strong>do</strong>is decretos-leis de<br />

1911 e 19<strong>16</strong>. O primeiro divide o Colégio Dom Pedro II em duas<br />

unidades (Internato e Externato) e designa que: “As aulas de<br />

Ginástica serão obrigatórias em ambas as escolas e deverão ter<br />

como objetivo o desenvolvimento da força muscular e hábitos<br />

saudáveis (...), os professores deverão orientar os seus alu<strong>no</strong>s a<br />

reconhecer a importância da <strong>Educação</strong> <strong>Física</strong>”. O segun<strong>do</strong> decreto,<br />

designava a obrigatoriedade de inspeção sanitária (médica) em<br />

todas as escolas brasileiras. Na secção 4, deste decreto, diz-se da<br />

responsabilidade <strong>do</strong> médico escolar: “(...) é de inteira<br />

responsabilidade <strong>do</strong> médico escolar orientar aos estudantes sobre<br />

a importância da prática da <strong>Educação</strong> <strong>Física</strong> e assegurar-se de<br />

que os exercícios sejam propriamente ajusta<strong>do</strong>s às necessidades<br />

e às idades <strong>do</strong>s alu<strong>no</strong>s. Paralelamente às reformas escolares,<br />

outros eventos contribuíram para a divulgação <strong>do</strong>s esportes e da<br />

ginástica como por exemplo, a criação em 1913 da Associação<br />

Atlética Esportiva <strong>do</strong> Exército, a Liga Militar de Futebol; em 1915<br />

o primeiro campeonato Sul America<strong>no</strong> de Basquetebol Masculi<strong>no</strong>,<br />

organiza<strong>do</strong> pela ACM; em 1918 por iniciativa da Professora Klara<br />

Korte, foi cria<strong>do</strong> o primeiro centro de cultura física feminina <strong>no</strong><br />

Rio de Janeiro e principalmente as conseqüências da Primeira<br />

Guerra Mundial, que traçaram <strong>no</strong>vos rumos para a classe média<br />

urbana brasileira através <strong>do</strong>s <strong>no</strong>vos conceitos nas ciências, nas<br />

artes e na educação <strong>do</strong>s a<strong>no</strong>s de 1920.<br />

Década de 1920 Em face <strong>do</strong> frenesi deste perío<strong>do</strong>, da descoberta<br />

de <strong>no</strong>vas atividades sociais pelos brasileiros, desde aquelas<br />

realizadas ao ar livre <strong>no</strong>s finais de semana, que reuniam o prazer<br />

<strong>do</strong> passeio pelas ruas da cidade até à diversão <strong>do</strong>s jogos trazi<strong>do</strong>s<br />

pelos imigrantes, as pessoas começam a aderir mais e mais à<br />

prática de atividades físicas. Novas idéias sobre educação e o ensi<strong>no</strong><br />

militar, baseadas <strong>no</strong>s <strong>no</strong>vos conceitos científicos, ficaram evidentes<br />

em 1922 quan<strong>do</strong> o Ministério da Guerra criou o Centro Militar de<br />

<strong>Educação</strong> <strong>Física</strong>-CMEF. Esta foi a primeira instituição que oferecia<br />

estu<strong>do</strong>s experimentais para o desenvolvimento da fisiologia <strong>do</strong><br />

exercício. As pesquisas inicialmente abordavam testes de urina,<br />

saliva, condicionamento cardiovascular, avaliações e medidas da<br />

capacidade física. O CMEF tor<strong>no</strong>u-se modelo para os laboratórios<br />

de fisiologia que foram cria<strong>do</strong>s durante os a<strong>no</strong>s 1960. Um exemplo,<br />

pode ser a criação <strong>do</strong> LABOFISE, hoje situa<strong>do</strong> na Universidade<br />

Federal <strong>do</strong> Rio de Janeiro.<br />

1928 – 1933 Nos campos civis educacionais, mudanças conhecidas<br />

como “Reforma Fernan<strong>do</strong> de Azeve<strong>do</strong>” tomaram lugar <strong>no</strong> cenário<br />

nacional neste a<strong>no</strong> e tiveram consideráveis propostas <strong>no</strong> país inteiro.<br />

Esta reforma reorganizava as escolas primárias, os ginásios, as<br />

escolas secundárias, as escolas <strong>no</strong>rmais e as escolas técnicas<br />

secundárias. Fernan<strong>do</strong> de Azeve<strong>do</strong>, em seu texto, deu à <strong>Educação</strong><br />

<strong>Física</strong> uma atenção especial na construção <strong>do</strong> “Currículo Nacional”.<br />

De acor<strong>do</strong> com Azeve<strong>do</strong> (1940), ‘A <strong>Educação</strong> <strong>Física</strong> deveria ser<br />

ensinada em todas as escolas brasileiras, para ambos os sexos,<br />

entretanto com especial atenção às necessidades e características<br />

da graça feminina’. Azeve<strong>do</strong> também defendia que a <strong>Educação</strong><br />

<strong>Física</strong> deveria ter, <strong>no</strong>s pla<strong>no</strong>s governamentais, a concretização de<br />

uma proposta para a criação de uma escola específica<br />

profissionalizante que preparasse professores civis para atuarem<br />

nas escolas públicas. Para fazer valer a sua sugestão de formação<br />

de professores especializa<strong>do</strong>s para ministrarem aulas de <strong>Educação</strong><br />

<strong>Física</strong>, Azeve<strong>do</strong> formou uma aliança com o Tenente Inácio de Freitas<br />

Rolim e com o Dr. Virgílio Alves Bastos e criaram um curso provisório<br />

de <strong>Educação</strong> <strong>Física</strong> basea<strong>do</strong> <strong>no</strong> modelo que havia si<strong>do</strong> desenvolvi<strong>do</strong><br />

pelo CMEF. Azeve<strong>do</strong> listou 20 <strong>no</strong>mes de professores e mais 60<br />

<strong>no</strong>mes de monitores de ensi<strong>no</strong> para fazerem este curso. Com estes<br />

80 civis e trabalha<strong>do</strong>res da educação juntaram outros 8 tenentes<br />

<strong>do</strong> exército e <strong>do</strong>is médicos. Este curso provisório não foi entretanto<br />

na sede da Escola de <strong>Educação</strong> <strong>Física</strong> da Força Pública-SP, como se<br />

poderia prever, mas sim na Escola de <strong>Educação</strong> <strong>Física</strong> <strong>do</strong> Exército-<br />

EsEFEx , situada <strong>no</strong> RJ e que foi criada em 1933 justamente para<br />

suprir a lacuna na formação necessária de professores.<br />

O curso foi delinea<strong>do</strong> segun<strong>do</strong> o currículo <strong>do</strong> CMEF e basea<strong>do</strong> <strong>no</strong>s<br />

resulta<strong>do</strong>s das pesquisas sobre adequação <strong>do</strong>s exercícios à idade e<br />

sexo das crianças e a<strong>do</strong>lescentes. Os objetivos principais deste<br />

curso eram (1) formar homens para ministrarem aulas de <strong>Educação</strong><br />

<strong>Física</strong> <strong>no</strong> Exército e Marinha e (2) formar homens e mulheres civis<br />

em instrutores de <strong>Educação</strong> <strong>Física</strong> para suprir a demanda das escolas<br />

públicas em várias cidades brasileiras. O currículo <strong>do</strong> curso provisório<br />

tor<strong>no</strong>u-se o currículo básico da EsEFEx e este por sua vez embasou<br />

o primeiro currículo da Escola Superior de <strong>Educação</strong> Physica<br />

exclusivamente para formação civil. A proliferação de clubes e<br />

associações em prol <strong>do</strong> desenvolvimento esportivo gerou a<br />

expectativa de uma <strong>no</strong>va geração que iria combinar o<br />

desenvolvimento econômico e a atitude saudável. As crônicas de<br />

jornais da época, como o Esta<strong>do</strong> de São Paulo, evocam <strong>do</strong> gover<strong>no</strong><br />

atitudes de apoio ao desenvolvimento organiza<strong>do</strong> destas práticas.<br />

Como resposta às reivindicações populares por meio da mídia<br />

impressa, pelos resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s atletas que participaram <strong>no</strong>s Jogos<br />

Olímpicos de 1920 na Antuérpia e outros tantos eventos que<br />

marcaram esta época, o gover<strong>no</strong> <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> de São Paulo tomou a<br />

iniciativa da criação <strong>do</strong> Departamento de <strong>Educação</strong> Physica - DEP,<br />

um órgão associa<strong>do</strong> à Secretaria <strong>do</strong> Interior para organizar a<br />

<strong>Educação</strong> <strong>Física</strong> <strong>no</strong> Esta<strong>do</strong>: “Consideran<strong>do</strong> que os esportes<br />

aperfeiçoam a raça humana, combatem o alcoolismo, habilitam à<br />

disciplina e ao espírito de renúncia pela causa comum; Consideran<strong>do</strong><br />

que, há mais de um século tem países mais adianta<strong>do</strong>s cria<strong>do</strong><br />

departamentos com o fim especial de orientar e dirigir os esportes;<br />

Consideran<strong>do</strong> que o esporte atende aos mais altos interesses<br />

eugênicos num país em que mister tomam em consideração estes<br />

fatos – CRIA O DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO PHYSICA<br />

(Decreto 4.855 de 27 de janeiro de 1931)”. No a<strong>no</strong> seguinte,<br />

publicaram-se as finalidades <strong>do</strong> DEP, as quais eram resumidamente:<br />

“a) Orientar a <strong>Educação</strong> Physica em to<strong>do</strong>s os estabelecimentos<br />

públicos, primários, secundários, superiores e profissionais; b)<br />

Organizar e orientar o ensi<strong>no</strong> e a prática da gymnastica e <strong>do</strong>s<br />

esportes nas instituições públicas onde se tornem necessários ou<br />

aconselháveis; c) Fiscalizar e orientar o ensi<strong>no</strong> da gymnastica e a<br />

prática esportiva <strong>no</strong>s estabelecimentos de ensi<strong>no</strong> particular; d)<br />

Organizar uma escola de educação physica para a formação de<br />

professores technicos; e) organizar um pla<strong>no</strong> systemático de<br />

educação physica, de acor<strong>do</strong> com as instrucções <strong>do</strong> decreto <strong>no</strong>.<br />

10.890, de 18 de abril de 1931 e com o decreto <strong>no</strong>. 23.252, de 19 de<br />

outubro de 1933, ambos <strong>do</strong> gover<strong>no</strong> provisório; f) promover a<br />

a<strong>do</strong>pção desse pla<strong>no</strong> pelas entidades esportivas, clubes ou<br />

fundações; g) manter um gabinete technico e uma biblioteca<br />

especializada para o estu<strong>do</strong> e demonstração <strong>do</strong>s problemas de<br />

educação physica; (...) (Decreto <strong>no</strong>. 6.440 de <strong>16</strong> de maio de 1934)”.<br />

1934 A Escola Superior de <strong>Educação</strong> Physica – ESEP nasce quase<br />

que simultaneamente com o gover<strong>no</strong> Vargas. É em 1931 que as<br />

primeiras linhas de seu projeto aparecem sob o teto <strong>do</strong> DEP.<br />

Considerada a primeira Escola de <strong>Educação</strong> <strong>Física</strong> em caráter civil<br />

instituída <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>, a ESEP era parte integrante <strong>do</strong> Departamento<br />

de <strong>Educação</strong> Physica - DEP (Daiuto, 1994). O início de suas funções<br />

estava atrela<strong>do</strong> à disponibilidade de profissionais especializa<strong>do</strong>s,<br />

o que atrasou o início de suas atividades para o a<strong>no</strong> de 1934.<br />

Segun<strong>do</strong> Ma<strong>no</strong>el (1997) as características da ESEP <strong>no</strong> perío<strong>do</strong> de<br />

1930 a 1960 foram resultantes <strong>do</strong>s eventos ocorri<strong>do</strong>s em 1890 e<br />

1900. As disciplinas eram de cunho prático e largamente<br />

fundamentadas para o ensi<strong>no</strong> esportivo. As bases científicas foram<br />

14.10 DACOSTA, LAMARTINE (ORG.). A TLAS DO ESPORTE NO BRASIL. RIO DE JANEIRO: CONFEF, 2006


introduzidas pelo corpo <strong>do</strong>cente, na sua maioria com graduação em<br />

medicina. O primeiro Currículo contava com sete cadeiras: Anatomia<br />

humana, Physiologia Humana, Hygiene, Noções de Psychologia<br />

Educativa, <strong>Educação</strong> Physica, Noções de Orthopedia e História da<br />

<strong>Educação</strong> Physica. O primeiro corpo <strong>do</strong>cente da Escola era forma<strong>do</strong><br />

de <strong>do</strong>ze professores: Dr. Arne Ragnar Enge, Dr. Américo Netto <strong>do</strong><br />

Rego Cavalcanti, Dr. Francisco Pompeu <strong>do</strong> Amaral, Dr. João Alves<br />

Meira, Dr. Miguel Leuzzi, Prof. Jarbas Salles de Figueire<strong>do</strong><br />

(responsável pela aula inaugural, ministrada em 4 de agosto de<br />

1931, sobre o tema “Atividades <strong>Física</strong>s para crianças de 7/8 a<strong>no</strong>s<br />

de Idade, de acor<strong>do</strong> com o méto<strong>do</strong> francês”), Prof. Antonio de<br />

Castro Carvalho, Prof. José Villela Bastos, prof. Antonio Cochiarelli,<br />

Prof. Idyllio Alcantara de Oliveira Abbade, Prof. Alfre<strong>do</strong> Giorgetti<br />

e Prof. Alvaro Car<strong>do</strong>so. Sem sede própria, a ESEP utilizou diversos<br />

espaços físicos para a realização das aulas. Para as aulas teóricas<br />

foram inicialmente utilizadas as salas de aula <strong>do</strong> Parque D. Pedro<br />

II e as baias <strong>do</strong> parque Água Branca. Para as aulas práticas, os<br />

professores e alu<strong>no</strong>s se encontravam na Escola de <strong>Educação</strong> <strong>Física</strong><br />

da Força Pública, da Associação Atlética São Paulo, Clube Regatas<br />

Tietê, <strong>Esporte</strong> Clube Pinheiros, <strong>do</strong> Clube Espéria, Estádio Municipal<br />

<strong>do</strong> Pacaembu, dependências <strong>do</strong> Departamento de <strong>Educação</strong> Physica,<br />

e <strong>no</strong> centro esportivo “Constâncio Vaz Guimarães” <strong>no</strong> Ibirapuera<br />

(onde as aulas teóricas começaram também a serem ministradas),<br />

de onde finalmente se mu<strong>do</strong>u para a cidade universitária. O primeiro<br />

a<strong>no</strong> letivo da ESEP foi de agosto de 1934 a abril de 1936, com<br />

apenas um mês de férias (janeiro). A primeira turma de alu<strong>no</strong>s saía<br />

com seus professores pelo interior <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> para divulgar os<br />

verdadeiros objetivos da <strong>Educação</strong> <strong>Física</strong> e da ESEP. Para isso o<br />

DEP promovia excursões, apresentações de ginástica, disputa de<br />

jogos amistosos e palestras para a comunidade e autoridades locais.<br />

Nas primeiras três décadas de sua existência, a ESEP se destacou<br />

pelo ensi<strong>no</strong> e difusão da <strong>Educação</strong> <strong>Física</strong>. Duas iniciativas ficaram<br />

como marco para a <strong>Educação</strong> <strong>Física</strong> paulistana: a primeira foi a<br />

grandiosidade das apresentações de ginástica tanto em São Paulo<br />

quanto em outros Esta<strong>do</strong>s. Um evento de repercussão nacional, foi<br />

a visita da Escola ao Rio de Janeiro em dezembro de 1934 para um<br />

estágio na ESEFEx. A excursão ao Rio através da demonstração de<br />

ginástica consagrou a imagem da ESP na Sociedade Paulista e<br />

principalmente carioca. A outra iniciativa foi a criação <strong>do</strong>s cursos<br />

internacionais, que eram realiza<strong>do</strong>s na cidade de Santos para<br />

especializarem os professores já forma<strong>do</strong>s. Um <strong>do</strong>s <strong>no</strong>mes mais<br />

importantes que ministrou cursos foi Auguste Listello, a convite <strong>do</strong><br />

professor Antônio Boaventura da Silva.<br />

A primeira turma de gradua<strong>do</strong>s em “Instructores de Gymnastica”<br />

formou-se em 1935 com 34 componentes, cujos <strong>no</strong>mes seguem em<br />

destaque <strong>no</strong> final deste capítulo. Estes estudantes também<br />

formaram a Associação de Alum<strong>no</strong>s da Escola Superior de <strong>Educação</strong><br />

Physica em 14 de Março de 1934 que, unida à Federação<br />

Universitária Paulista de <strong>Esporte</strong>s (formada em 18 de setembro de<br />

1934), organizou várias competições, das quais a ESEP se destacou<br />

como campeã universitária durante vários a<strong>no</strong>s. Enquanto<br />

profissionais gradua<strong>do</strong>s, uniram-se com seus professores em<br />

representação de classe através da criação da Associação de<br />

Professores de <strong>Educação</strong> <strong>Física</strong> em 15 de junho de 1934.<br />

1934 – 1958 Logo após o curso de Instructores de Gymnastica,<br />

30 estudantes engajaram-se <strong>no</strong> curso de Licenciatura em <strong>Educação</strong><br />

<strong>Física</strong>, que cumpriu o perío<strong>do</strong> letivo de julho de 1935 a março de<br />

1936 com as seguintes disciplinas: Biologia, Orthopedia,<br />

Physioterapia, Theoria e Prática <strong>do</strong>s <strong>Esporte</strong>s, Theoria e Prática de<br />

Dansas Clássicas e Rhytmicas, Organização de <strong>Educação</strong> Infantil,<br />

Organização, Administração e Direcção de Torneios, Competições<br />

de Gymnastica e <strong>Esporte</strong>, Accidentes Esportivos, Prevenções e<br />

Socorros de Urgência. “Em 02 de abril de 1936 foram diploma<strong>do</strong>s<br />

os primeiros Licencia<strong>do</strong>s em <strong>Educação</strong> <strong>Física</strong> <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong>” (Daiuto,<br />

1994:18). De 1934 a 1958 a ESEP teve como diretores aqueles que<br />

também dirigiam o DEP, foram eles os senhores: Dr. Antonio Smith<br />

Bayma 1934-1936), Dr. Arne Ragnar Enge (1936-1938), Dr.<br />

Edmun<strong>do</strong> Carvalho (1938-1940), Major Sylvio Magalhães Padilha<br />

(1939 a 1951), Dr. Arthur Alcayde Valls (SD), Dr. Paulo Go<strong>do</strong>y<br />

(1951-1953), Mario Nunes de Souza (1954-1957) e Alaor Pacheco<br />

Ribeiro (1957 a 1958). Desde a sua fundação em 1931 (Decreto<br />

Estadual n. 4.855 de 27 de Janeiro de 1931) pelo Gover<strong>no</strong> <strong>do</strong><br />

Esta<strong>do</strong> como parte integrante <strong>do</strong> DEP e o início <strong>do</strong>s cursos em<br />

1934, a ESEP até 1940 não foi reconhecida pelo Gover<strong>no</strong> Federal<br />

como Instituição de Ensi<strong>no</strong> Superior. Após o reconhecimento<br />

(Decretos Lei <strong>no</strong>. 5.723, de 28 de maio de 1940 e <strong>16</strong>.531 de 06 de<br />

setembro de 1941), havia um prazo de cinco a<strong>no</strong>s para satisfazer as<br />

exigências legais. O prazo foi descumpri<strong>do</strong> várias vezes, mas sempre<br />

reconsidera<strong>do</strong> devi<strong>do</strong> à eficiência exaltada pelos estabelecimentos<br />

educacionais, <strong>no</strong> que concernia a sua contribuição ao progresso da<br />

<strong>Educação</strong> <strong>Física</strong> <strong>no</strong> país. Entre o perío<strong>do</strong> de criação e<br />

reconhecimento, havia sempre a ameaça de fechamento da ESEP,<br />

e este momentum não foi sana<strong>do</strong> com o reconhecimento oficial,<br />

havia a necessidade de sanar outros tantos entraves ao seu ple<strong>no</strong><br />

funcionamento. A década de 1950 foi crucial para a consolidação<br />

<strong>do</strong> projeto acadêmico para a ESEP. Dentre a aspiração por uma<br />

sede própria, estabelecimento de um corpo <strong>do</strong>cente dedica<strong>do</strong><br />

apenas à ESEP, havia a necessidade de auto<strong>no</strong>mia, que<br />

conseqüentemente envolvia a dependência <strong>do</strong> DEP. Nesta década<br />

duas campanhas foram feitas para a estruturação da ESEP. A<br />

primeira em 1954 não teve nenhum des<strong>do</strong>bramento significativo,<br />

mas contribuiu para delinear a seguinte, que foi em 1956 com a<br />

participação de professores e alu<strong>no</strong>s. A participação <strong>do</strong> presidente<br />

<strong>do</strong> Centro Acadêmico Rui Barbosa – CARB – foi fundamental.<br />

1959 – 1969 O Presidente <strong>do</strong> CARB, José Geral<strong>do</strong> Massucato,<br />

através de um amigo conseguiu o convite para participar de um<br />

jantar, onde estaria presente o Governa<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> de São Paulo.<br />

Entre um discurso e outro, o representante <strong>do</strong>s alu<strong>no</strong>s da ESEP<br />

pediu a palavra e conseguiu que o Governa<strong>do</strong>r Jânio Quadros<br />

atendesse ao seu apelo em prol da transformação da ESEP em<br />

Instituto Isola<strong>do</strong> de Ensi<strong>no</strong> Superior – Escola Superior de <strong>Educação</strong><br />

<strong>Física</strong> <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> de São Paulo ESEFESP. Desta forma o anteprojeto<br />

foi envia<strong>do</strong> à Assembléia Legislativa <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> e a lei que<br />

promulgava a incorporação da Escola ao sistema estadual <strong>do</strong> ensi<strong>no</strong><br />

superior e criava as tão sonhadas cátedras, foi aprovada. Depois da<br />

primeira etapa vencida, a luta foi pelo provimento das cadeiras de<br />

ensi<strong>no</strong>. Este processo, <strong>no</strong> entanto, teve seus percalços e percursos<br />

jurídicos durante pelo me<strong>no</strong>s três a<strong>no</strong>s. Somente em <strong>16</strong> de outubro<br />

de 1961 foi que o Governa<strong>do</strong>r Carvalho Pinto assi<strong>no</strong>u o decreto<br />

<strong>no</strong>mean<strong>do</strong> os primeiros professores catedráticos da Escola Superior<br />

de <strong>Educação</strong> <strong>Física</strong> <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> de São Paulo-ESEFESP: Prof. Dr.<br />

Florin<strong>do</strong> de Alencar (Diretor); Prof. Moacyr Brondi Daiuto; Prof.<br />

Alaor Pacheco Ribeiro; Prof. Mario Nunes de Souza; Prof. Cyro de<br />

Andrade; Profa. Maria Laura Barreto Figueire<strong>do</strong>; Prof. Paulo de<br />

Escrag<strong>no</strong>lle Taunay; Prof. Dimas Alves de Almeida; Profa. Maria<br />

José Moraes Barros; Prof. Miguel Mora<strong>no</strong>; Prof. Antonio Boaventura<br />

da Silva; Prof. Mario Miranda Rosa; Profa. Stella Ferreira Mansur<br />

Guerios; Prof. Arnal<strong>do</strong> Pedroso Filho; Prof. Jarbas Gonçalves e<br />

Profa. Maria Amália Corrêa Giffoni.<br />

O passo seguinte era o estabelecimento de uma sede própria.<br />

As negociações para a incorporação da ESEFESP pela<br />

Universidade de São Paulo (ainda em construção) tiveram início<br />

em 1962, ainda que configurasse apenas como uma construção<br />

<strong>do</strong>s edifícios para solucionar a peregrinação de alu<strong>no</strong>s e<br />

professores pelos clubes da cidade, assim como a improvisação<br />

dada pelo Ginásio <strong>do</strong> Ibirapuera. A incorporação, <strong>no</strong> entanto,<br />

somente se efetivou em 1969 pelo Decreto Estadual n. 170 de<br />

10 de dezembro, trazen<strong>do</strong> <strong>no</strong>vos elementos, mas não a sede tão<br />

necessária. A ESEFESP tor<strong>no</strong>u-se Escola de <strong>Educação</strong> <strong>Física</strong> da<br />

Universidade de São Paulo – EEF-USP.<br />

Décadas 1960 – 1990 A busca por especialização fora <strong>do</strong> país<br />

começa a diferenciar a EEF-USP das outras instituições. A entrada<br />

na Universidade de São Paulo em 1969 caracteriza finalmente o<br />

processo de auto<strong>no</strong>mia que vinha sen<strong>do</strong> busca<strong>do</strong> desde a separação<br />

<strong>do</strong> DEP. Além disso, a transição trouxe a necessidade de construção<br />

de uma disciplina acadêmica também voltada para a preparação<br />

profissional. Em 11 de março de 1975, finalmente acabaram as<br />

dificuldades <strong>do</strong>s espaços físicos pela escola, pois foi inaugurada a<br />

sede própria da EEF-USP, ocupan<strong>do</strong> uma área de 10.000 m 2 . Estava,<br />

portanto, concretiza<strong>do</strong> o projeto de uma escola com infra-estrutura<br />

e pessoal. Segun<strong>do</strong> Ma<strong>no</strong>el (1997), a fase de transição é marcada<br />

pela busca de ampliar as atividades, incorporan<strong>do</strong> a pesquisa como<br />

carro chefe para a produção de conhecimentos. Um marco<br />

importante é a criação <strong>do</strong> primeiro curso de pós-graduação stricto<br />

sensu da área na América Latina, ofereci<strong>do</strong> em nível de Mestra<strong>do</strong><br />

em 1977, com a participação <strong>do</strong>s Professores: Cyro de Andrade,<br />

Fernanda Barroso Beltrão, Mario Nunes de Souza, Moacyr Brondi<br />

Daiuto, Irany Novah Moraes, Aluisio de Queirós Teles, Halmut<br />

Heindrich Grabert, Horst Haedisch, Ítalo Bustamant Palloci, João<br />

Eduar<strong>do</strong> Rodrigues Villalobos, José Fernan<strong>do</strong> Bittencourt<br />

Lomônaco, Mario Carvalho Pini, Maurício Rocha e Silva Junior,<br />

Raymond Victor Egg, Rock Spencer Maciel de Barros, Rosa<br />

Rosenberg Krausz, Mario Miranda Rosa, Jarbas Salles F. Gonçalves,<br />

Lamartine Pereira da Costa, Maria Augusta P. M. Kiss, Antonio<br />

Boaventura da Silva, Ma<strong>no</strong>el Gomes Tubi<strong>no</strong> e Alfre<strong>do</strong> Gomes de<br />

Faria Júnior. Os primeiros mestres forma<strong>do</strong>s foram Maria Alice<br />

Magalhães Navarro (Noção <strong>do</strong> Ritmo da Criança) e Rubens Lombardi<br />

Rodrigues (Lesões <strong>do</strong> planalto Tibial e suas implicações médico<br />

desportivas), que defenderam suas dissertações <strong>no</strong> dia 11 de<br />

dezembro de 1979. Na fase 1969 -1977 foi forma<strong>do</strong> o primeiro<br />

centro de pesquisa, volta<strong>do</strong> para investigação de questões biológicas<br />

como Fisiologia <strong>do</strong> Exercício e Antropometria, sob a direção da<br />

Prof. Maria Augusta P.M Kiss.<br />

As transições da EEF-USP e suas i<strong>no</strong>vações atingem o auge <strong>no</strong><br />

perío<strong>do</strong> de 1982 a 1989, quan<strong>do</strong> voltam <strong>do</strong> exterior (Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s,<br />

Japão e Alemanha), <strong>do</strong>centes com o título de <strong>do</strong>utor em <strong>Educação</strong><br />

<strong>Física</strong>. As questões se intensificaram entre a visão tradicional da<br />

<strong>Educação</strong> <strong>Física</strong> voltada apenas para a atuação profissional e uma<br />

visão de um curso academicamente orienta<strong>do</strong> também para a<br />

pesquisa. Nesta fase há a reformulação <strong>do</strong> Mestra<strong>do</strong> com a criação<br />

da área de Pedagogia <strong>do</strong> Movimento Huma<strong>no</strong> e <strong>do</strong> primeiro curso<br />

de <strong>do</strong>utora<strong>do</strong> em <strong>Educação</strong> <strong>Física</strong> da América Latina (1989), na<br />

área de Biodinâmica <strong>do</strong> Movimento Huma<strong>no</strong>. Para a graduação, há<br />

o resulta<strong>do</strong> das discussões internas sobre as finalidades <strong>do</strong> curso<br />

de preparação profissional: a criação <strong>do</strong>s cursos de Bacharela<strong>do</strong><br />

em <strong>Educação</strong> <strong>Física</strong> e <strong>Esporte</strong> (1992) e a reformulação da<br />

Licenciatura que se torna facultativa aos bacharéis (Ma<strong>no</strong>el, 1997).<br />

A EFE-USP torna-se então Escola de <strong>Educação</strong> <strong>Física</strong> e <strong>Esporte</strong> da<br />

Universidade de São Paulo – EEFE-USP.<br />

Situação atual No cenário nacional a Escola de <strong>Educação</strong> <strong>Física</strong><br />

e <strong>Esporte</strong> da USP, desde suas origens remonta como modelo. Várias<br />

situações urgem sua pertinência e relevância histórica não somente<br />

em nível nacional, mas também como correspondência ao cenário<br />

internacional. De 1934 a 2002, a EEFE-USP já graduou cerca de<br />

3.000 alu<strong>no</strong>s em Licenciatura, quase 300 bacharéis em <strong>Educação</strong><br />

<strong>Física</strong> e <strong>Esporte</strong>. Aproximadamente 300 mestres e 70 <strong>do</strong>utores já<br />

defenderam suas teses e mais de 2.000 professores de <strong>Educação</strong><br />

<strong>Física</strong> tornaram-se especialistas em diversas áreas. A atual estrutura<br />

acadêmica conta com três departamentos: <strong>Esporte</strong>, Pedagogia <strong>do</strong><br />

Movimento <strong>do</strong> Corpo Huma<strong>no</strong> e Biodinâmica <strong>do</strong> Movimento <strong>do</strong><br />

Corpo Huma<strong>no</strong>, supri<strong>do</strong>s por 40 <strong>do</strong>centes, sen<strong>do</strong> 34 com titulação<br />

de Doutor ou acima e dentre estes, 33 em Regime de Dedicação<br />

Exclusiva à Docência e à Pesquisa. Os cursos em andamento recebem<br />

111 disciplinas para aproximadamente 650 alu<strong>no</strong>s matricula<strong>do</strong>s na<br />

graduação e 150 na pós-graduação. Os Programas de extensão até<br />

2002 atingiram cerca de 2000 pessoas.<br />

Os programas de pós-graduação stricto sensu (mestra<strong>do</strong> e<br />

<strong>do</strong>utora<strong>do</strong>) têm recebi<strong>do</strong> desde 1992 conceito “A” pela CAPES,<br />

configuran<strong>do</strong> as últimas avaliações a <strong>no</strong>ta 5. Internacionalmente a<br />

EEFE-USP vem amplian<strong>do</strong> os convênios acadêmicos, envolven<strong>do</strong><br />

professores e alu<strong>no</strong>s com duas instituições estrangeiras como a<br />

Deustche Sporthochschule Köln, da Alemanha e a Faculdade de<br />

Ciências <strong>do</strong> Desporto e <strong>Educação</strong> <strong>Física</strong>-FCDEF, de Portugal. Para<br />

dar suporte à demanda da produção científica, o departamento de<br />

Biodinâmica oferece cinco laboratórios: Biomecânica, Bioquímica,<br />

Fisiologia, Nutrição e Biofísica. O departamento de Pedagogia<br />

administra um Centro de Estu<strong>do</strong>s Socio-culturais <strong>do</strong> Movimento<br />

Huma<strong>no</strong> e <strong>do</strong>is Laboratórios: Comportamento Motor e de<br />

Pedagogia. No Departamento de <strong>Esporte</strong>s há <strong>do</strong>is laboratórios:<br />

Psicologia e Desenvolvimento <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong>. A EEFE-USP conta<br />

também com uma publicação científica em larga escala de<br />

distribuição que é a Revista Paulista de <strong>Educação</strong> <strong>Física</strong>, classificada<br />

<strong>no</strong> Qualis como I – C e indexada <strong>no</strong> LILACS e SPORTDiscus.<br />

Enquanto primeira escola de <strong>Educação</strong> <strong>Física</strong> para civis <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> –<br />

e por que não usar as palavras <strong>do</strong> sau<strong>do</strong>so Professor Daiuto: “Quiçá<br />

na América Latina!” – a EEFE-USP traçou sua vocação <strong>no</strong> senti<strong>do</strong><br />

de incorporar a pesquisa ao seu projeto pedagógico e de buscar a<br />

coerência entre as produções científicas para melhorar e suprir as<br />

demandas <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> de trabalho. A EEFE-USP completa em<br />

2004 seus 70 a<strong>no</strong>s, manten<strong>do</strong>-se atualizada com as repercussões<br />

mundiais <strong>do</strong> desenvolvimento da área, incentivan<strong>do</strong> o corpo <strong>do</strong>cente<br />

na busca de atualizações, especializações e cooperações tanto em<br />

níveis nacionais quanto internacionais, sem, <strong>no</strong> entanto, perder a<br />

tradição de compromisso com a educação, com as ciências da vida<br />

e com a sociedade. Para isso esta instituição de ensi<strong>no</strong> superior<br />

direciona, primordialmente, sua atenção para o desenvolvimento<br />

<strong>do</strong> campo de conhecimento da <strong>Educação</strong> <strong>Física</strong>, propon<strong>do</strong> uma<br />

DACOSTA, LAMARTINE (ORG.). A TLAS DO ESPORTE NO BRASIL. RIO DE JANEIRO: CONFEF, 2006 14.11


formação profissional de qualidade a partir da produção de<br />

conhecimento através de suas pesquisas e intercâmbios acadêmicos.<br />

Fontes primárias: Documentos Oficiais, manuscritos, recortes<br />

de jornal, correspondências, etc foram consulta<strong>do</strong>s <strong>no</strong>s seguintes<br />

locais: <strong>Arquivo</strong> da Cidade de São Paulo; <strong>Arquivo</strong> da Gazeta Esportiva;<br />

<strong>Arquivo</strong> <strong>do</strong> Centro de Memória da EEFE-USP; <strong>Arquivo</strong> <strong>do</strong> Centro<br />

de Memória <strong>do</strong> Instituto Mackenzie; Museu <strong>do</strong> Imigrante; <strong>Arquivo</strong><br />

da Câmara <strong>do</strong>s Deputa<strong>do</strong>s, Brasília DF.<br />

Fontes Daiuto, Moacyr Sexagésimo Aniversário <strong>do</strong> início das<br />

Atividades Didáticas 1934-1994. Universidade de São Paulo, São<br />

Paulo, 1994; ESEFESP. Editorial. O CARB: Jornal <strong>do</strong> Órgão <strong>do</strong>s<br />

Alu<strong>no</strong>s da Escola de <strong>Educação</strong> <strong>Física</strong> <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> de São Paulo. N. 4,<br />

agosto, 1962; Freyre. G. Ordem e Progresso (Tomos 1 e 2). José<br />

Olympio, Rio de Janeiro, 1974; Giffoni, Maria Amália Correa.<br />

Subsídios para a história da Escola de <strong>Educação</strong> <strong>Física</strong> da USP.<br />

Revista <strong>do</strong> Instituto Histórico e geográfico de São Paulo. Vol. LXXXII,<br />

1987, PP. 134 – 139; Guedes, Claudia Maria & Park, Roberta. ‘É<br />

Preciso Fortificar as Crianças’: Health, Exercise, and Educational<br />

Reform in the Eighteenth and Early Nineteenth Century Portugal.<br />

In press. Guedes, Claudia Maria. ‘From Small Beginnings’ To A<br />

Major Enterprise: The Development Of The Escola Superior De<br />

Educacao Physica At The University Of Sao Paulo, Brazil. ISHPES,<br />

2003; Guedes, Claudia Maria. The Role of Mackenzie College in<br />

the Introduction of Basketball in Brazil. Nassh 2003; Henry, F. M.<br />

Physical education: an academic discipline. Journal of Health,<br />

Physical Education and Recreation, 35 (7):32-33, 69, 1964; Marinho,<br />

I. P. Contribuições para a História da <strong>Educação</strong> <strong>Física</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>.<br />

Imprensa Nacional, Rio de Janeiro, 1942; Project Mackenzie – a<br />

Protestant college for Brazil – in the general assembly of the<br />

Presbyterian Church, sy<strong>no</strong>d of Brazil. Immediate en<strong>do</strong>wment of a<br />

Christian College in Brazil similar to Robert College in<br />

Constanti<strong>no</strong>ple or the Syrian Protestant College of Beirut, 1888;<br />

Schwarcz, L. K. Entre cientistas, confeitarias, bondes e muita garoa.<br />

Um passeio pelo centro de São Paulo na virada <strong>do</strong> século XIX.<br />

Mimeo, 2000; Sevcenko, Nicolau. Orfeu Extático na Metrópole.<br />

São Paulo, Sociedade e Cultura <strong>no</strong>s Frementes a<strong>no</strong>s 20. Cia das<br />

Letras, São Paulo, 2000.<br />

ESEP – Primeira turma de gradua<strong>do</strong>s em<br />

“Instructores de Gymnastica”, 1935<br />

A<strong>do</strong>nira de Souza Pinto Macha<strong>do</strong><br />

Affonso Apolinário Doin Netto<br />

Alice Pereira<br />

Alaor Pacheco Ribeiro<br />

Bo Dethow<br />

Court Edgar K<strong>no</strong>epfel<br />

Cyro de Andrade<br />

Dimas Alves de Almeida<br />

Elvira de Santos Pimentel<br />

Ermida Vial Ribeiro<br />

Eugenie Nicolau Aun<br />

Eurydice da Silva Costa<br />

Francisco Golvanese Natale<br />

Geloyra de Campos<br />

Jacintha F. G. Bretas Salles<br />

Jandira Gomes Escobar Orecchia<br />

José Nunes Sardinha<br />

Luiz Almeida Martins<br />

Helena Gomes Escobar Mazza<br />

Lydia Manara<br />

Maria Aparecida Pereira Guena<br />

Maria Lenk<br />

Maria Lucia Sampaio Pinto<br />

Mario Nunes de Souza<br />

Milton Alcântara de Oliveira<br />

Milton Müller da Silva<br />

Moacyr Brondi Daiuto<br />

Martha Novinski Barrion de Mello<br />

Maria de Lourdes Ramos Biemmi<br />

Paulo Alves<br />

Sebastião Simas F. de Carvalho<br />

Stella Ferreira Mansur Guérios<br />

Vera Cintra<br />

Wally Thiele Daiuto<br />

EEFE-USP – Professores <strong>do</strong> primeiro curso de pósgraduação<br />

stricto sensu em <strong>Educação</strong> <strong>Física</strong> da América<br />

Latina, ofereci<strong>do</strong> em nível de Mestra<strong>do</strong> em 1977<br />

Cyro de Andrade<br />

Fernanda Barroso Beltrão<br />

Mario Nunes de Souza<br />

Moacyr Brondi Daiuto,<br />

Irany Novah Moraes<br />

Aluisio de Queirós Teles<br />

Halmut Heindrich Grabert,<br />

Horst Haedisch<br />

Ítalo Bustamant Palloci<br />

João Eduar<strong>do</strong> Rodrigues Villalobos<br />

José Fernan<strong>do</strong> Bittencourt Lomônaco<br />

Mario Carvalho Pini<br />

Maurício Rocha e Silva Junior<br />

Raymond Victor Egg<br />

Rock Spencer Maciel de Barros<br />

Rosa Rosenberg Krausz<br />

Mario Miranda Rosa<br />

Jarbas Salles F. Gonçalves<br />

Lamartine Pereira da Costa<br />

Maria Augusta P. M. Kiss<br />

Antonio Boaventura da Silva<br />

Ma<strong>no</strong>el Gomes Tubi<strong>no</strong><br />

Alfre<strong>do</strong> Gomes de Faria Júnior.<br />

14.12 DACOSTA, LAMARTINE (ORG.). A TLAS DO ESPORTE NO BRASIL. RIO DE JANEIRO: CONFEF, 2006

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