Cerapió 2008 - CALANGO BIKERS
Cerapió 2008 - CALANGO BIKERS
Cerapió 2008 - CALANGO BIKERS
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Cerapió <strong>2008</strong><br />
nas fotografias de<br />
Jomane Casagrande
02<br />
ônibus aquático. Uma adaptação de uma embarcação de transporte de carga para passageiro, onde uma carroceria de ônibus foi adaptada no barco. Travessia de Lorena à Cabedelo, na Paraíba.
Cerapio <strong>2008</strong><br />
Esta foi minha primeira cobertura jornalística e<br />
fotográfica de uma competição de bike no nordeste,<br />
uma das maiores provas de ultra-maratona do país,<br />
o Cerapió. Uma corrida de quatro dias, recheada de<br />
muita cultura, belos visuais, boas trilhas, estradinhas<br />
e estradões, sem falar na hospitalidade do povo<br />
nordestino, que impressiona qualquer um.<br />
A organização caprichou no roteiro, quatro estados<br />
em 4 dias, com largada dia 23 em Fortaleza/CE,<br />
passando por Mossoró/RN, Natal/RN, João Pessoa/PB e<br />
terminando em Recife/PE dia 26 de janeiro/<strong>2008</strong>. Uma<br />
verdadeira aula de antropologia e sociologia, podendo<br />
ver de perto o comportamento das pessoas e das<br />
sociedades onde vivem.<br />
Quem quiser participar de uma competição calorosa,<br />
na cabeça e no coração, fazer amizades, turismo e<br />
muita competição vá para o Cerapió.<br />
Nas próximas páginas deste livro você vai encontar<br />
um pouco de cada momento do Cerapió <strong>2008</strong>, com<br />
imagens que refletem a realidade social de vilas por<br />
onde passou a prova e algumas fotografias que narram<br />
os momentos desta competição.<br />
Um abraço e boa viagem.<br />
Jomane Casagrande<br />
jomane@fotopress.com.br<br />
03
expediente<br />
• Evento: Competição Cerapió <strong>2008</strong><br />
• Data: 23 à 26 janeiro <strong>2008</strong><br />
• Local: De Fortaleza/CE à Recife/PE - Brasil<br />
• Texto e fotos: Jomane Casagrande<br />
• Participantes: 57 ciclistas<br />
• Equipamento usado: Uma Nikon D70, Uma Nikon<br />
D200, lentes 70-300mm, 18-70mm e Flash SB 800.<br />
Contatos:<br />
E-mail: jomane@fotopress.com.br<br />
Sites: fotopress.com.br / zepedal.com.br<br />
MSN: zepedal.jomane@hotmail.com<br />
Fone: 5531-3353-7521<br />
Cel.: 31 9347-4245<br />
Agradecimentos<br />
Ao organizador do Cerapió Ehrlich Cordão, pela parceria.<br />
Ao diretor de prova (bike) Zenardo Maia, pelas dicas,<br />
apoio e atenção.<br />
Ao motopress Bruce Cordão “Barbante” companheiro de<br />
trilha.<br />
Ao Fábio Piva e Haroldo Nogueira pelas fotos.<br />
À Radical Produções e equipe das bikes por todo apoio e<br />
pela moto CRF 230.<br />
À Kelly de Paula Lara, pelo carro de apoio.<br />
Valeu Ailton, pela carona.<br />
Aos atletas participantes do Cerapió <strong>2008</strong>, um abraço,<br />
2009 tem mais!<br />
À Assessoria de imprensa pela paciência.<br />
Ao fotógrafo Rogério Vital pelas informações do<br />
nordeste.<br />
04
Os bikers tiveram a oportunidade de conhecer as diversas fazer de uma plantação de cana. Esta fotografia demontra a dureza do corte e a queimada do canavial<br />
06
O comeco<br />
Tudo começou em abril de 1987, num<br />
bate papo informal entre Ehrlich Cordão,<br />
na época gerente da Automaq Motos,<br />
concessionária Yamaha em Teresina/PI e<br />
Galdino Gabriel, programador de sistemas.<br />
No primeiro momento, o Enduro era para ser<br />
chamado de Enduro da Integração, na idéia<br />
de unir os pilotos de motos dos dois estados<br />
pioneiros na prática de enduro de regularidade<br />
na região norte e nordeste do país.<br />
Durante o levantamento, os<br />
desbravadores das trilhas descobriram uma<br />
área de terra em Litígio entre os estados do<br />
Ceará e Piauí e numa conversa com um caboclo<br />
da região para saber onde estavam, o mesmo<br />
falou que lá era o Cerapió-Piocerá! Na verdade<br />
ninguém sabia a quem a área pertencia, e<br />
não sabiam onde estavam, se era no Piauí ou<br />
no Ceará. Foi então que a prova passou a ser<br />
chamada de Cerapió – quando sai do Ceará<br />
para o Piauí e Piocerá – quando o roteiro é<br />
inverso.<br />
Daí para frente o evento foi tomando<br />
novas proporções e agregando novas categorias,<br />
como quadricíclo, carros 4X4 e 4X2... até chegar<br />
as bicicletas, em 2001.<br />
Concentração das motos para largada promocional dia 22/01/08 `a noite, em Fortaleza/CE<br />
08
Deslocamento das bicicletas por 4 km até o local oficial de largada, em Maranguape/CE<br />
09
Cerapio <strong>2008</strong><br />
O Cerapió <strong>2008</strong> teve<br />
alteração em seu formato. Em anos<br />
pares tem largada em Fortaleza/<br />
CE e término em alguma cidade<br />
do Nordeste. Já em anos ímpares,<br />
sai de Terezina/PI e termina em<br />
alguma cidade nordestina. Este<br />
ano foi realizado entre os dias 23<br />
e 26 de janeiro, com largada em<br />
Fortaleza/CE e chegada em Recife/<br />
PE. Participaram 367 competidores,<br />
sendo que 57 eram bikers.<br />
Imagine o que é o ronco dos<br />
motores de 310 veículos, acelerando<br />
com os RPMs (Rotações por<br />
Minutos) em alta. Os escapamentos<br />
produzindo barulho que mechem<br />
com a adrenalina de qualquer<br />
pessoa.<br />
Assim eram os veículos<br />
motorizados do Cerapió,<br />
que passavam pelas vilas e<br />
assentamentos, fazendo belas<br />
curvas, saltos e promovendo alegria<br />
para as comunidades locais.<br />
Mas era só isso. Os carros e<br />
motos passavam, as crianças<br />
10
Os adultos paravam para ver o pelotão passar, enquanto as crianças corriam atrás<br />
11
gritavam e a poeira ficava.<br />
Então apareciam os bravos e fortes<br />
veículos de propulsão humana,<br />
as bicicletas! Isso mesmo, aqueles<br />
que vem ao encontro da população<br />
cumprimentar, conversar e saudar<br />
os expectadores eram os ciclistas.<br />
Um evento de tão grande<br />
importância não poderia deixar<br />
de fora a parte social. Que doa<br />
400 cestas básicas à APAE de<br />
Maracanaú/CE, precisa de um<br />
representante em contato direto com<br />
as comunidades por onde passa.<br />
Assim, as bicicletas conseguem este<br />
título de aproximação entre Cerapió<br />
e população.<br />
Quando a moto Madrinha<br />
pilotada por Bruce Cordão<br />
(barbante) parou nas comunidades<br />
para avisar da caravana de bike,<br />
os meninos logo corriam ao seu<br />
encontro, gritando com toda<br />
empolgação: “Macho! Agora é as<br />
bicicleta” Ao passar, os primeiros<br />
ciclistas que disputavam posições o<br />
pessoal gritava e animava cada vez<br />
mais. Já o segundo e terceiro grupo,<br />
com ritimo mais lento, fazia uma<br />
festa, com brincadeiras, acenos de<br />
mão, crianças correndo atrás... e<br />
muita alegria.<br />
12<br />
Os ciclistas passaram por vários quilômetros de canaviais e muitas vilas. Nestes percursos, dava para ver perfeitamente suas atividades diárias e seus costumes
Assentamento Terra Molhada, um projeto da Petrobrás. Quase toda a comunidade parou para ver os ciclistas<br />
13
Por falta de água em casa, esta imagem foi comum de encontrar: a mulher lavando roupas no riacho<br />
Foram tantas situações que<br />
marcaram esta integração entre<br />
população/Cerapió/bike que merece<br />
ser escrito em um livro. Mas para não<br />
deixar você, Zé, com curiosidade, vou<br />
contar só um “cadiquim”, para ver se<br />
tu se arriba e anima a fazer o Piocerá<br />
2009 (ano que vem tem largada<br />
em Teresina/PI – terra quente e de<br />
mulheres bonitas):<br />
- No segundo dia, entre<br />
Mossoró e Natal, em pleno agreste,<br />
no meio da caatinga, os organizadores<br />
colocaram um Ponto-de-água ao lado<br />
de um chafariz, justamente onde as<br />
comunidades buscavam água para seus<br />
lares. Uma bandinha que foi apelidada<br />
de Forró do Cerapió, composta de<br />
quatro garotos, que produziram seus<br />
próprios instrumentos, animavam<br />
o Ponto. É Sim, muita alegria e uma<br />
festa à parte, bem regional e alegre.<br />
- Alguns quilômetros à frente,<br />
a trilha passava por dentro de um<br />
curral de cabras e saía bem em frente à<br />
casa, onde todos os familiares estavam<br />
de luto, pela perca do patriarca Senhor<br />
Onecino. Mesmo em um momento de<br />
dor, a família providenciou camisas<br />
com a estampa da foto do “pai” para<br />
receber os competidores de bicicletas.<br />
“Não poderíamos deixar de fazer esta<br />
14
Próximo à Mossoró/RN, os ciclistas encararam um longo trecho de caatinga. Com muita vegetação seca e areia<br />
15
homenagem à nosso tão<br />
querido pai” falou uma das filhas<br />
emocionada.<br />
- Na Paraíba, os ciclistas<br />
passaram em frente a usina de<br />
açúcar Monte Alegre, que teve<br />
quase todo o pessoal da produção<br />
parado para ver os ciclistas com<br />
muitos apláusos. Assim foram os<br />
quatro dias de Cerapió.<br />
“Fiquei impressionado,<br />
quando passei por uma vila. As<br />
crianças corriam atrás da bicicleta.<br />
Muitos gritavam e pediam para<br />
que acenássemos para elas. Nunca<br />
vi isso. Uma receptividade tão<br />
calorosa. Uma carência até de um<br />
aceno ou cumprimento.” contou<br />
Ailton Lara, de Belo Horizonte,<br />
que participou pela segunda vez do<br />
evento. “Gostei muito do Cerapió.<br />
Melhorou muito de 2007 para <strong>2008</strong>.<br />
Tem uma integração muito grande.<br />
Muitos que participaram este ano,<br />
estavam o ano passado. Há uma<br />
integração muito grande” Ailton<br />
completou, afirmando que pretende<br />
voltar em 2009.<br />
“Esta é uma forma diferente<br />
de fazer turismo. A gente faz o<br />
que gosta e conhece os lugares de<br />
forma diferente. Se eu viesse para o<br />
16<br />
Corte de cana. Dura lida sob o sol escaldante da Paraíba
A mulher observa atentamente as páginas da Revista Zé Pedal ao lado do seu companheiro, que pilotava a carroça pipa. Isso mostra que a Revista Zé Pedal chega até onde não tem água.<br />
17
tradicional, não conseguiria ver de perto a<br />
outra face da região. Ver o sertão, o agreste, a comida<br />
e cultura local. Gostei muito do Cerapió. Como<br />
competição e principalmente como turismo” explicou<br />
Mário Roma, campeão da Máster, ciclista português<br />
que mora em São Paulo.<br />
Toda esta receptividade vista pelos ciclistas, foi<br />
reafirmada pelas equipes de apoio. “Não tinha como<br />
ser indiferente. O pessoal tentava ajudar sempre. Da<br />
forma que dava e que não dava. Dois casos: primeiro,<br />
foi quando paramos em frente uma casa, os familiares<br />
queriam de qualquer forma que almoçássemos com<br />
eles. O apoio Ênio, até tomou banho na casa do<br />
pessoal. Outro caso foi na chegada do segundo dia,<br />
em Paraú/RN. O proprietário do restaurante local,<br />
mesmo com toda a falta dágua, improvisou um cano<br />
externo para que os ciclistas tomassem banho. Não<br />
importava para ele se só tinha aquela água ou não.<br />
O que queria era ajudar” declarou Kelly de Paula<br />
Lara, uma Apoio bem ativa. Que além de apoiar seus<br />
atletas ajudava outros apoiadores menos experientes<br />
e outros ciclistas. Fica aqui o agradecimento pelo<br />
apoio recebido, porque fui de carona no primeiro dia<br />
com esta bela equipe conterrânea do Zé, aqui de BH.<br />
Congresso técnico no primeiro dia em Fortaleza/CE - Motos<br />
18
Mário Roma e Abraão Azevedo na largada promocional<br />
Concentração para a largada promocional<br />
Informações aos ciclistas antes de cada largada pelo diretor de prova Zenardo Maia<br />
19
A competicao<br />
Primeiro dia<br />
Borracharia<br />
Campos alagados no 1º dia<br />
A largada do primeiro dia<br />
foi em Maranguape/CE, cidade<br />
natal de Chico Anízio. Os ciclistas<br />
fizeram um deslocamento de quatro<br />
quilômetros, onde houve uma bela<br />
concentração frente a Escola Santa<br />
Rita, para largada oficial. Logo<br />
no começo os ciclistas encararam<br />
uma grande serra muito íngreme<br />
de quatro quilômetros, e desnível<br />
de 480 metros, sob chuva fina, ao<br />
meio de uma mata, com estrada de<br />
calçamento, fato que dificultava a<br />
tração da bike.<br />
Logo em seguida, longo<br />
trecho de subidas e descidas leves,<br />
mas com muita lama e chuva, que<br />
exigiu muito dos equipamentos.<br />
Totalizando assim 56 quilômetros,<br />
com chegada na cidade de Guaíba/<br />
Jegue e bicicleta. Imagem comum no Ceará<br />
Muito verde e água no Ceará<br />
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Esta foi a imagem do primeiro dia. Chuva e muita lama. Embora estava chovendo, não foi o suficiente para encher os açudes.<br />
21
22<br />
CE. Uma grande mesa de<br />
frutas estava a espera dos ciclistas<br />
no Centro de Educação Arte e<br />
Cultura Portal da Serra.<br />
O vencedor foi o brasiliense<br />
Abraão Azevedo, com o tempo de<br />
2.21.57H, que tratou logo de decidir<br />
a corrida no começo da prova,<br />
subindo a grande “parede” com a<br />
relação da bike de coroa do meio,<br />
fato que foi o comentário no final<br />
da corrida. Mas chegou apenas um<br />
segundo à frente de Jailson Alves.<br />
A etapa foi marcada pela<br />
dificuldade da grande subida e pela<br />
chuva. O bom foi o clima que estava<br />
bem frio.
Segundo dia<br />
Uma etapa encantadora.<br />
A largada foi à 37km de Mossoró/<br />
RN, às margens da BR 343 (só para<br />
ilustrar, todas as rodovias Estaduais<br />
e Federais do Rio Grande do Norte<br />
estavam como um tapete). Na<br />
largada, muita movimentação de<br />
moradores local. Como tem um<br />
chafariz no Posto, muitas carroças<br />
equipadas com reservatórios de água<br />
(carroça pipa) estavam concentradas<br />
para abastecer, dando um “charme”<br />
diferente na largada.<br />
Os ciclistas encararam<br />
muitos bancos de areia, muito calor,<br />
cascalho e algumas subidas longas na<br />
parte final, passando por vegetação<br />
de caatinga, árvores de Juá (único<br />
verde encontrado nesta região, por<br />
ser a única planta que sobrevive<br />
verde na seca, além dos cactus). O<br />
vencedor foi novamente<br />
24
No segundo dia a prova foi no Rio Grande do Norte, onde era possível ver como a vegetação e clima mudou completamente. Muita seca e calor.<br />
25
26<br />
Abraão Azevedo que<br />
percorreu os 50 km no tempo de<br />
1.50.59H, que teve uma diferença de<br />
quase dois minutos de Jaílson Alves.<br />
“O que mais dificultou na segunda<br />
etapa foi o calor. Tinha muita<br />
areia e pedras, que dificultavam os<br />
ataques. Então fiz um pouco mais<br />
de força, tentando distanciar do<br />
grupo justamente na areia, porque<br />
o pelotão quase parava nestes<br />
trechos”, explicou Abraão.<br />
Nesta etapa, os ciclistas<br />
passaram por grande quantidade<br />
de vilas e assentamentos, sentindo<br />
de perto além do calor de 43 graus<br />
na cabeça, o calor humano da
Terceiro dia<br />
No segundo para o terceiro<br />
dia alguns ciclistas pernoitaram em<br />
Mamanguape, cidade bem próxima<br />
ao local de largada. Já quem preferiu<br />
hospedar em Natal, teve de encarar<br />
120km para a largada, que mesmo<br />
sendo marcada para às 9:00h, as<br />
equipes tiveram de sair cedo, devido às<br />
obras de duplicação da BR 101, onde<br />
podia ver de perto o trabalho da divisão<br />
do Exército Brasileiro de construção,<br />
colocando a mão na massa. Ou melhor<br />
na terra e no asfalto.<br />
Pois bem, a concentração foi<br />
na entrada da Usina de Açúcar Monte<br />
Alegre. Devido alguns problemas<br />
na irrigação do canavial, o diretor<br />
de prova, Zenardo Maia, resolveu,<br />
atrasar em uma hora a largada, para<br />
que as grandes tubulações fossem<br />
retiradas do caminho da prova, para<br />
que o circuito não sofresse alteração.<br />
(Olha que estamos falando de uma<br />
competição que envolve quatro<br />
Estados, por isso acontece de tudo!<br />
Imagina o que é!).<br />
Dada a largada, para uma etapa<br />
de 50 quilômetros, predominando<br />
28
No terceiro dia, na Paraíba, os ciclistas percorreram todo o tempo ao meio de canaviais. Nesta imagem pode ser visto um avião de pulverização, onde os operários manuseiam os agrotóxicos sem maior preocupação.<br />
29
30<br />
Imagine quanto custa estas 3 bikes Dá para comprar uma L200 e fazer o Cerapió de 4X4<br />
A meninada se diverte no riacho<br />
Integragração: biker x comunidade<br />
Este na moto sou eu, em uma CRF230, gentilmente cedida pela organização. Ao lado de Abraão Azevedo<br />
os estradões, passando por<br />
muitos canaviais. Nesta etapa os<br />
ciclistas viram todas as fases de uma<br />
produção de cana: preparação da<br />
terra, plantio, irrigação, pulverização<br />
aérea, corte, colheita e transporte.<br />
Ufa! Como a etapa seguia em direção<br />
à cidade litorânea de Lucena, o vento<br />
contra foi a grande dificuldade,<br />
obrigando os ciclistas a formar<br />
grupos, para andar em pelotão, para<br />
fazer o formato flecha, como no<br />
ciclismo de estrada, revezando para<br />
romper o vento.<br />
“Esta foi a etapa mais rápida.<br />
O que dificultou foi o vento e muitos<br />
ataques. Parecendo uma prova de<br />
speed”, ensinou Abraão, que ficou<br />
com a terceira posição. Em segundo<br />
ficou Jailson Alves e o vencedor da<br />
etapa foi José Roberto com o tempo<br />
1.47.08H.<br />
Nesta etapa, a chegada foi<br />
na praia de Lucena/PB, um céu<br />
azul, água morna e areia fina, um<br />
convite irresistível para os ciclistas,<br />
que concentraram no Bar Toca<br />
Guaiamum, onde uma farta mesa<br />
de frutas típicas os aguardavam,<br />
com direito à água de coco, abacaxi,<br />
melão de duas qualidades, melancia,<br />
manga, abacaxi, umbu e muito
Quarto dia<br />
Um dia previsto para 60<br />
quilômetros de trilhas, com largada<br />
em Condado/PE, às 9:00h, mas<br />
as obras da BR 101, prejudicou a<br />
etapa final, porque a PRF-Polícia<br />
Rodoviária Federal não deu o apoio<br />
prometido para travessia da BR,<br />
deixando então a responsabilidade<br />
por conta da organização. Como<br />
o local era de tráfego intenso, o<br />
diretor de prova, Zenardo Maia<br />
tomou uma sábia decisão - que<br />
foi comunicada à todos antes da<br />
largada, que mudou para às 10h, na<br />
tentativa de negociação com a PRF<br />
- “Visando a segurança de todos os<br />
ciclistas, iremos encerrar a prova<br />
no quilômetro 30. Para não termos<br />
que correr o risco de atravessar<br />
uma rodovia tão movimentada<br />
como a 101 sem apoio da Polícia<br />
Rodoviária”, informou Zenardo, que<br />
fez uma bela atuação do comando<br />
da equipe de bikes.<br />
Enquanto a equipe técnica<br />
percorria trilhas e tentava solucionar<br />
os problema da travessia, os<br />
32<br />
Uma longa subida pela frente...
Olha a travessia de água aí...<br />
...tinha até empurra bike<br />
33
34<br />
ciclistas concentrados na cidade de<br />
Condado/PE, foram agraciados com<br />
um belo café da manhã, com direito<br />
à sucos, frutas e muitas variedades,<br />
oferecido pela prefeitura Municipal<br />
de Condado.<br />
Dada a largada. Logo no<br />
início os ciclistas entraram em<br />
um trecho muito técnico, de dez<br />
quilômetros, com trilhas fechadas,<br />
matinha, travessia de riachos, subidas<br />
por estradinhas, até atravessar a<br />
rodovia estadual PE062, que teve<br />
o tráfego controlado pela Polícia<br />
Rodoviária Militar Pernambucana.<br />
Na segunda parte do roteiro, mais<br />
20 km de trilhas, subidas, matinha<br />
e belos visuais.<br />
O final da prova foi próximo<br />
ao distrito de Goiana, em uma<br />
estrada asfaltada de uma fábrica de<br />
cimento, que tinha uma plantação de<br />
bambu, que fechava dos dois lados,<br />
fazendo um túnel verde. Muito<br />
bonito e clima ameno. O resultado<br />
final ficou assim: Campeão, Abraão<br />
Azevedo com o tempo de 7:24:19H.<br />
Segundo: Jailson Alves, 7:26:00.<br />
Terceiro: José Roberto, 7:33:24H.<br />
Quarto: Edson Vieira, 7:40:16H e<br />
completando o podium: Maurício<br />
José 7:47:40H.
Na trilha fechada não dá né, tem que carregar mesmo.<br />
A organização caprichou na sinalização, com setas e marcação nas árvores e cruzamentos de estradas e trilhas<br />
35
36<br />
Um grande abraço aos<br />
participantes do Cerapió <strong>2008</strong> e aos<br />
organizadores, que fizeram um belo<br />
evento. Uma salva de palmas para<br />
Zezinho Ribeiro Filho, de Fortaleza/<br />
CE, que após se recuperar de um<br />
acidente retorna às competições,<br />
justamente no Cerapió.<br />
Na categoria Feminino,<br />
participaram duas, Marineide da<br />
Silva e Madruga. Na categoria<br />
Turismo, participaram Neylor<br />
Bahia Soares, de Belo Horizonte,<br />
José Ricardo Gomes, de Campos<br />
dos Goytacases/RJ.
Valeu português (Mário Roma) pela vitória.<br />
É isso aí Neylor, mostra a suada medalha após 4 dias de pedal<br />
37
O diretor geral do Cerapió, Ehrlich Cordão, avalia como positiva a participação das bikes.<br />
Foto: Aroldo Nogueira<br />
Jomane - Qual sua avaliação para a categoria bike no Cerapió, um evento que é<br />
todo voltado para motos e carros.<br />
Cordão- Discordo! Se fosse voltado para carros e motos, não teríamos um<br />
roteiro diferenciado, nem uma equipe, o problema é que no Brasil, só existem<br />
duas revistas que cobrem bike: Zé Pedal e Bike Action, enquanto que nas<br />
outras modalidade existem aos montes..... Agora, cada modalidade tem sua<br />
importância dentro do contexto da prova. Inclusive as bikes já trouxe atletas<br />
internacionais várias vezes... não tem o volume e participantes das outras<br />
modalidades.<br />
Jomane – Cordão, qual sua avaliação geral da prova (bike) e quais os apoios<br />
recebidos.<br />
Cordão- A prova foi um sucesso, tivemos um diretor de prova que juntamente<br />
com sua equipe fizeram um trabalho magnífico e agradecemos o público e<br />
todos que participaram. Além de nossos patrocinadores: Honda, Petrobrás,<br />
Governo do Ceará, Houston Bike e Prefeitura de Condado-PE, que deu um<br />
apoio legal na largada com um belo café a manhã.<br />
38
40<br />
Concentração da galera na praia de Lucena/PB, local do término da terceira etapa.
Jomane Casagrande<br />
Nasceu em 03/03/1973<br />
em Resplendor/MG,<br />
atualmente reside em<br />
Betim/MG. Jornalista e<br />
fotógrafo especializado<br />
em cobertura de eventos<br />
esportivos. Casagrande é<br />
editor da Revista Zé Pedal,<br />
um veículo de circulação<br />
nacional, segmentado em<br />
esportes com bicicletas.<br />
Foto: Fábio Piva / PPPress