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PREMATURIDADE E SAÚDE PERINATAL<br />
A incidência <strong>do</strong> parto pré-termo é de cerca de 12% em to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong>. Em Portugal tem aumenta<strong>do</strong> de forma consistente, de<br />
5,7 prematuros por 100 na<strong>do</strong>s-vivos em 2001 para 8,8 em 2009. Destes, 1% têm menos de 32 semanas de gestação.<br />
Alguns fatores de risco são conheci<strong>do</strong>s: maior número de gestações em idade superior a 35 anos (de 14 para 20,6% no mesmo<br />
perío<strong>do</strong>), infertilidade cujo tratamento determina muitas vezes gemelaridade e estilos de vida menos saudáveis, com consumos<br />
crescentes de tabaco (segun<strong>do</strong> os Inquéritos Nacionais de Saúde o tabagismo entre as raparigas <strong>do</strong>s 15 aos 24 anos aumentou<br />
40% em 5 anos) e álcool. Contu<strong>do</strong>, a abordagem obstétrica e neonatal adequada, a melhoria <strong>do</strong>s cuida<strong>do</strong>s perinatais e neonatais<br />
têm si<strong>do</strong> fatores de queda da mortalidade neonatal e infantil que atingiu em 2010 o valor histórico de 2,45‰.<br />
O investimento perinatal de obstetras e neonatologistas através de vigilância apertada, corticóides pré-natais, tipo de parto<br />
adequa<strong>do</strong>, o transporte in-utero e a sofisticação e evolução tecnológica das Unidades de Cuida<strong>do</strong>s Intensivos Neonatais, têm<br />
si<strong>do</strong> determinantes nos resulta<strong>do</strong>s. […]<br />
Para uma melhoria de cuida<strong>do</strong>s, é preciso saber mais: saber o que acontece em Portugal em idades gestacionais inferiores a 24<br />
semanas; se são mortes fetais evitáveis ou na<strong>do</strong>s-vivos com morte neonatal precoce ou tardia; complicações e intervenções nas<br />
UCINs; e ainda o que acontece nos primeiros anos de vida sob o ponto de vista de sequelas e desenvolvimento psico-motor. […]<br />
O estu<strong>do</strong> europeu EPICE, coordena<strong>do</strong> pelo INSERM (França), integra vários países europeus e duas regiões portuguesas, Norte e<br />
Lisboa e Vale <strong>do</strong> Tejo. Foi desenha<strong>do</strong> de mo<strong>do</strong> a considerar os aspetos referi<strong>do</strong>s anteriormente, ou seja, envolve obstetras e<br />
neonatologistas de todas as unidades destas regiões, regista to<strong>do</strong>s os nascimentos entre as 22 e as 31 semanas de gestação,<br />
prevê o seguimento até aos <strong>do</strong>is anos de vida e inclui um questionário detalha<strong>do</strong> aos pais.<br />
A proposta desta rede em Maio deste ano foi aceite imediatamente pelos profissionais cujo objetivo primeiro é o “melhor interesse”<br />
das crianças portuguesas.<br />
Portugal não está assim alhea<strong>do</strong> de redes europeias que são uma mais valia para to<strong>do</strong>s.<br />
Maria <strong>do</strong> Céu Macha<strong>do</strong><br />
Fotografias gentilmente cedidas pelo Centro Hospitalar Lisboa Norte.<br />
RECÉM-NASCIDOS MUITO PRÉ-TERMO NA COORTE DE NASCIMENTOS PORTUGUESA GERAÇÃO XXI<br />
A Geração XXI é um estu<strong>do</strong> de coorte que integra 8647 recémnasci<strong>do</strong>s,<br />
recruta<strong>do</strong>s entre abril de 2005 e agosto de 2006, nos<br />
Serviços de Obstetrícia <strong>do</strong>s cinco hospitais públicos da área<br />
metropolitana <strong>do</strong> <strong>Porto</strong> (Centro Hospitalar de V.N. de Gaia;<br />
Hospital Pedro Hispano; Hospital Geral de Santo António; Hospital<br />
de São João e Maternidade Júlio Dinis).<br />
É a coorte de nascimentos portuguesa que nos representa no<br />
consórcio europeu de coortes de nascimento, recrutada com o<br />
objetivo de identificar características da gravidez e da infância<br />
que influenciem o desenvolvimento e o esta<strong>do</strong> de saúde em<br />
fases subsequentes da vida. A Geração XXI acompanha a evolução<br />
de vários determinantes de saúde (biológicos, comportamentais<br />
e sociais), no senti<strong>do</strong> de explorar novas hipóteses e<br />
problemas, para além de compreender a influência <strong>do</strong> perío<strong>do</strong><br />
pré-natal e <strong>do</strong>s primeiros anos de vida na saúde.<br />
Aos 4 anos de idade foram avaliadas cerca de 7500 crianças e<br />
respetivas famílias. A próxima avaliação terá início a 10 de abril<br />
de 2012, no dia <strong>do</strong> 7º aniversário da primeira criança Geração<br />
XXI.<br />
Dos 8647 recém-nasci<strong>do</strong>s, 3% são gémeos. Foi observada uma<br />
prevalência de 1,5% de recém-nasci<strong>do</strong>s muito pré-termo<br />
(MPT) (n=128). Entre os fetos únicos 0,7% eram MPT e entre<br />
os gemelares 20%. Dos recém-nasci<strong>do</strong>s muito pré-termo 51%<br />
são <strong>do</strong> sexo feminino, 67% nasceram por cesariana e 11%<br />
apresentavam um índice APGAR inferior 7. Entre os 18 óbitos<br />
infantis identifica<strong>do</strong>s na coorte, 10 ocorreram no perío<strong>do</strong> neonatal,<br />
destes, 7 eram MPT. Assim, a mortalidade neonatal neste<br />
grupo foi de 5,5% .<br />
O quadro seguinte apresenta a prevalência de perturbações<br />
globais em grandes áreas, referidas pelas mães aquan<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />
questionário aplica<strong>do</strong> aos 4 anos de idade.<br />
PERTURBAÇÕES<br />
RNMPT<br />
(24-31semanas)<br />
RNPTM<br />
(32-36semanas)<br />
RNT<br />
(≥37semanas)<br />
Crescimento 3% 2% 0,9%<br />
Linguagem 19% 10% 8%<br />
Visão 20% 10% 6%<br />
Audição 10% 7% 4%<br />
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