análise da percepção corporal e sexual de mulheres ...
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Trabalho 324<br />
ANÁLISE DA PERCEPÇÃO CORPORAL E SEXUAL DE MULHERES<br />
HISTERECTOMIZADAS<br />
Elaine Apareci<strong>da</strong> <strong>de</strong> Almei<strong>da</strong> [1]<br />
Gisele Acerra Biondo<br />
Antonieta Keiko Kaku<strong>da</strong> Shimo [2]<br />
Benedito Cherbeu Dlessandre Oliveira<br />
Aman<strong>da</strong> Maria Jamarino<br />
JAMARINO, A.M. Analise <strong>da</strong> percepção <strong>corporal</strong> e <strong>sexual</strong> <strong>de</strong> <strong>mulheres</strong><br />
histerectomiza<strong>da</strong>s. 2009. 52f. Trabalho <strong>de</strong> Conclusão <strong>de</strong> Curso. Enfermagem. Centro<br />
Regional Universitário <strong>de</strong> Espírito Santo do Pinhal, S.P., 2009<br />
RESUMO<br />
A histerectomia é indica<strong>da</strong> para as <strong>mulheres</strong> com miomas uterinos, prolapsos uterinos,<br />
hemorragias, cânceres, dor pélvica, endometriose, entre outras doenças. Consiste na<br />
retira<strong>da</strong> total ou parcial do útero. Para algumas <strong>mulheres</strong>, a retira<strong>da</strong> do útero tem po<strong>de</strong>r<br />
emocional muito gran<strong>de</strong>; acreditam que sem ele, per<strong>de</strong>rão o valor <strong>de</strong> ser mulher; pois<br />
acreditam que sem o mecanismo <strong>de</strong> gerar filhos, passarão a ser vistas <strong>de</strong> outra<br />
maneira. Já outras acreditam que, mesmo retirando o órgão por motivo <strong>de</strong> doença, foi a<br />
melhor coisa que po<strong>de</strong>ria ter acontecido, tendo em vista que sua vi<strong>da</strong> continuará<br />
normalmente. Os objetivos <strong>de</strong>sse estudo foi verificar a qual visão que as <strong>mulheres</strong><br />
passam a ter <strong>de</strong> si após a cirurgia; constatar a importância do útero para as <strong>mulheres</strong>;<br />
verificar as orientações <strong>da</strong><strong>da</strong>s no plano fisiológico sobre o procedimento; verificar a<br />
quali<strong>da</strong><strong>de</strong> do apoio ao âmbito psicológico que foram passados a essas <strong>mulheres</strong>;<br />
observar a visão que essas <strong>mulheres</strong> adquiriram <strong>de</strong>pois <strong>da</strong> cirurgia <strong>de</strong> si e como isso<br />
po<strong>de</strong> influenciar na vi<strong>da</strong> social e doméstica. É um trabalho <strong>de</strong> caráter qualiquantitativo,<br />
2964
Trabalho 324<br />
<strong>de</strong>scritivo e transversal foi <strong>de</strong>senvolvido através <strong>da</strong> aplicação <strong>de</strong> um questionário semi –<br />
estruturado com 14 perguntas às <strong>mulheres</strong> histerectomiza<strong>da</strong>s em um município do<br />
interior paulista. A amostra foi composta por 17 sujeitos. Apesar <strong>da</strong>s manifestações <strong>de</strong><br />
uma menopausa precoce, um sentimento gran<strong>de</strong> <strong>de</strong> calor e para algumas <strong>mulheres</strong><br />
uma possível osteoporose antecipa<strong>da</strong>, as <strong>mulheres</strong> entrevista<strong>da</strong>s sentiram-se mais<br />
motiva<strong>da</strong>s em relação ao ato <strong>sexual</strong>, em relação com a convivência com o parceiro.<br />
Após o estudo, elas <strong>de</strong>monstraram satisfação após a cirurgia.<br />
Unitermos: Saú<strong>de</strong> <strong>da</strong> mulher, histerectomia, <strong>sexual</strong>i<strong>da</strong><strong>de</strong>, sentimentos<br />
LISTA DE FIGURAS<br />
Tabela 01 – Distribuição <strong>da</strong>s variáveis sociais <strong>da</strong>s <strong>mulheres</strong> histerectomiza<strong>da</strong>s<br />
entrevista<strong>da</strong>s no município <strong>de</strong> Itapira, SP, 2009.............................................................31<br />
Gráfico 01 – Distribuição <strong>da</strong>s causas que levaram as <strong>mulheres</strong> a submeterem-se a<br />
histerectomia no município <strong>de</strong> Itapira, SP, 2009.............................................................33<br />
Gráfico 02 – Distribuição <strong>da</strong> faixa etária <strong>da</strong> menarca <strong>da</strong>s <strong>mulheres</strong> entrevista<strong>da</strong>s no<br />
município <strong>de</strong> Itapira, SP, 2009........................................................................................34<br />
Gráfico 03 – Distribuição do sentimento <strong>sexual</strong> antes <strong>da</strong> cirurgia referido pelas<br />
entrevista<strong>da</strong>s no município <strong>de</strong> Itapira, SP, 2009.............................................................35<br />
Gráfico 04 – Distribuição do sentimento <strong>sexual</strong> <strong>de</strong>pois <strong>da</strong> cirurgia referido pelas<br />
entrevista<strong>da</strong>s no município <strong>de</strong> Itapira, SP, 2009.............................................................36<br />
Gráfico 05 – Distribuição do prazer <strong>sexual</strong> antes <strong>da</strong> cirurgia referido pelas entrevista<strong>da</strong>s<br />
no município <strong>de</strong> Itapira, SP, 2009...................................................................................36<br />
Gráfico 06 – Distribuição do prazer <strong>sexual</strong> <strong>de</strong>pois <strong>da</strong> cirurgia referido pelas<br />
entrevista<strong>da</strong>s no município <strong>de</strong> Itapira, SP, 2009.............................................................37<br />
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Trabalho 324<br />
Gráfico 07 – Distribuição do relacionamento com o parceiro antes <strong>da</strong> cirurgia referido<br />
pelas entrevista<strong>da</strong>s no município <strong>de</strong> Itapira, SP, 2009...................................................37<br />
Gráfico 08 – Distribuição do relacionamento com o parceiro <strong>de</strong>pois <strong>da</strong> cirurgia referido<br />
pelas entrevista<strong>da</strong>s no município <strong>de</strong> Itapira, SP, 2009...................................................38<br />
SUMÁRIO<br />
INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 13<br />
CAPÍTULO 1 - HISTERECTOMIAS: SUAS CAUSAS E OS PROCEDIMENTOS<br />
CIRÚRGICOS..................................................................................................................16<br />
CAPÍTULO 2 – ASPECTOS BIOPSICOSSOCIAIS DAS MULHERES<br />
HISTERECTOMIZADAS................................................................................................20<br />
CAPÍTULO 3 - A FEMINILIDADE E OS SENTIMENTOS APÓS A RETIDA DO ÚTERO:<br />
ACOLHIMENTO DA FAMÍLIA.........................................................................................26<br />
CAPÍTULO 4 - RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................. 31<br />
CAPÍTULO 5 - CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................. 39<br />
REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 40<br />
APÊNDICES .................................................................................................................. 43<br />
APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO ELABORADO PELO PESQUISADORJAMARINO EM<br />
2009 A SER APLICADO NOS SUJEITOS COLABORADORES DA<br />
PESQUISA...................................................................................................................................44<br />
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Trabalho 324<br />
ANEXOS ....................................................................................................................... 47<br />
ANEXO A - FOLHA DE ROSTO PARA PESQUISA ENVOLVENDO SERES HUMANOS<br />
...................................................................................................................................... 48<br />
ANEXO B - FORMULÁRIO DE ENCAMINHAMENTO PARA PESQUISA COM SERES<br />
HUMANOS .................................................................................................................... 49<br />
ANEXO C - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE) .......... 50<br />
ANEXO D - TERMO DE CIÊNCIA DOS ESCLARECIMENTOS FORNECIDOS PELO<br />
CEPex ........................................................................................................................... 51<br />
ANEXO E - PARECER PESQUISA SERES HUMANOS ÁREA NÃO MEDICA ............ 52<br />
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Trabalho 324<br />
INTRODUÇÃO<br />
A histerectomia, cirurgia <strong>de</strong> retira<strong>da</strong> <strong>de</strong> útero, foco <strong>de</strong>ste estudo, é um<br />
procedimento operatório freqüente, espera – se que entre 20 – 30% <strong>da</strong>s <strong>mulheres</strong><br />
serão submeti<strong>da</strong>s a esta operação até a sexta déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> vi<strong>da</strong>.<br />
Segundo Rocca (1995), a cirurgia <strong>de</strong> histerectomia é realiza<strong>da</strong> <strong>da</strong>s seguintes<br />
formas: total, subtotal, em conjunto com anexectomia unilateral e bilateral e radical.<br />
Para Lemgruber e Costa (2000) as histerectomias po<strong>de</strong>m ser utiliza<strong>da</strong>s para<br />
tratamento <strong>de</strong> afecções tanto benignas quanto malignas. As malignas geralmente <strong>de</strong><br />
acentua<strong>da</strong> complexi<strong>da</strong><strong>de</strong> e <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> técnica.<br />
As benignas po<strong>de</strong>m ser: anatômicas; funcionais; infecciosas e emergenciais.<br />
Algumas <strong>mulheres</strong> que passam pela cirurgia <strong>de</strong> histerectomia, apresentam certo<br />
medo no pré – operatório, um sentimento <strong>de</strong> per<strong>da</strong>, sentem – se como se estivessem<br />
faltando um pe<strong>da</strong>ço <strong>de</strong> si.<br />
A paciente teme a morte, a anestesia, o procedimento em si, a recuperação.<br />
Para tentar obter controle sobre esses medos, a paciente pré cirúrgica lança mão <strong>de</strong><br />
algumas estratégias, como: <strong>de</strong>positar confiança na equipe <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>; acreditar em Deus<br />
acima <strong>de</strong> qualquer coisa; controlar o pensamento e ter sempre a companhia <strong>de</strong> alguém<br />
conhecido.<br />
Sendo a histerectomia um procedimento, realizado em gran<strong>de</strong> número, há uma<br />
necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> se reconhecer seus problemas pós cirúrgicos, não só envolvendo a<br />
área física, mas também a emocional. Esta i<strong>de</strong>ntificação dos problemas ten<strong>de</strong> a auxiliar<br />
no tratamento <strong>da</strong>s pacientes que tiveram seu útero parcial ou totalmente retirado, pois a<br />
i<strong>de</strong>ntificação feminina muitas vezes está liga<strong>da</strong> a esse órgão (MACHADO, 2005).<br />
Segundo Freire (1996), muitas <strong>mulheres</strong> consi<strong>de</strong>ram o período menstrual como<br />
um período <strong>de</strong>sagradável, no entanto, enten<strong>de</strong>m sua função como fun<strong>da</strong>mental para<br />
proporcionar a probabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> procriação, aumento do <strong>de</strong>sejo <strong>sexual</strong> e manutenção<br />
hormonal.<br />
Alguns fatores são <strong>de</strong>spertados pelas <strong>mulheres</strong> após a cirurgia <strong>de</strong> retira<strong>da</strong> <strong>de</strong><br />
útero, bem como a parte <strong>sexual</strong>. Elas sentem certo medo <strong>de</strong> que seu parceiro não as<br />
aceite mais como antes, que ele sinta falta <strong>de</strong> alguma coisa no momento <strong>da</strong> relação.<br />
2968
Trabalho 324<br />
A paciente precisa ser tranqüiliza<strong>da</strong> e informa<strong>da</strong> <strong>de</strong> que ela ain<strong>da</strong> terá uma<br />
vagina e que po<strong>de</strong>rá ter relações sexuais <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> uma abstinência temporária pósoperatória,<br />
enquanto os tecidos se cicatrizam. A informação <strong>de</strong> que a satisfação <strong>sexual</strong><br />
e orgasmos originam-se <strong>da</strong> estimulação do clitóris, em vez do útero, <strong>de</strong>ixam-nas mais<br />
calmas e confiantes no sucesso do procedimento. Muitas percebem alguma mu<strong>da</strong>nça<br />
nas sensações sexuais <strong>de</strong>pois <strong>da</strong> histerectomia, mas elas variam em intensi<strong>da</strong><strong>de</strong>. Em<br />
alguns casos, a vagina é encurta<strong>da</strong> pela cirurgia, e isso po<strong>de</strong> afetar a sensibili<strong>da</strong><strong>de</strong> ou o<br />
conforto (BRUNNER e SUDDARTH, 2002).<br />
Para o casal, o conhecimento e os esclarecimentos <strong>de</strong> como a cirurgia é<br />
realiza<strong>da</strong> e os cui<strong>da</strong>dos no pré e pós – operatórios são essenciais para a paciente<br />
(SBROGGIO, 2005). Deixando claro para eles que, o procedimento cirúrgico terá inicio,<br />
meio e fim. Após a cirurgia <strong>de</strong> retira<strong>da</strong> do útero, a dor e o <strong>de</strong>sconforto abdominal<br />
estão presentes nos primeiros dias <strong>da</strong> paciente, manifestações, sentimentos pelo<br />
momento vivido.<br />
Apenas os diálogos no pré e pós – operatórios serão suficientes e representam<br />
uma aju<strong>da</strong> efetiva para explorar e conhecer a linguagem do corpo; po<strong>de</strong> aju<strong>da</strong>r na união<br />
do casal, falar abertamente sobre ca<strong>da</strong> dúvi<strong>da</strong> e incerteza quanto a essa fase<br />
po<strong>de</strong>ndo fortalecer a união do casal, e além disso, incluir filhos, amigos, parentes,<br />
enfim tudo e todos que recoloquem a mulher na sua família, socie<strong>da</strong><strong>de</strong> e acima <strong>de</strong> tudo<br />
que faça se sentir ama<strong>da</strong>, <strong>de</strong>seja<strong>da</strong> e cura<strong>da</strong>, para viver novamente tudo o que a vi<strong>da</strong><br />
lhe reservou (MONTORO, 2006).<br />
O objetivo <strong>de</strong>ste estudo foi verificar a visão que as <strong>mulheres</strong> histerectomiza<strong>da</strong>s<br />
passam a ter <strong>de</strong> si <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> efetua<strong>da</strong> a cirurgia; constatar a importância do útero para<br />
o grupo <strong>de</strong> <strong>mulheres</strong> pesquisa<strong>da</strong>s; verificar orientações <strong>da</strong><strong>da</strong>s no plano fisiológico sobre<br />
o procedimento; verificar a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> do apoio no âmbito psicológico que foram<br />
passa<strong>da</strong>s para essas <strong>mulheres</strong>; observar a visão que elas adquiriram <strong>de</strong>pois <strong>da</strong><br />
cirurgia <strong>de</strong> si e como isso po<strong>de</strong> influenciar na vi<strong>da</strong> social e doméstica.<br />
Este estudo teve caráter qualiquantitativo, <strong>de</strong>scritivo e transversal; foi<br />
<strong>de</strong>senvolvido através <strong>da</strong> aplicação <strong>de</strong> um questionário semi-estruturado elaborado pela<br />
autora do projeto.<br />
2969
Trabalho 324<br />
O instrumento foi composto por 14 questões e aplicado em <strong>mulheres</strong> com relato<br />
<strong>de</strong> cirurgia <strong>de</strong> histerectomia. A escolha dos indivíduos foi aleatório, sem distinção <strong>de</strong><br />
faixa etária, escolari<strong>da</strong><strong>de</strong>, raça ou condição econômica. O levantamento dos casos foi<br />
realizado em um Hospital <strong>de</strong> uma ci<strong>da</strong><strong>de</strong> do interior paulista.<br />
Os instrumentos foram aplicados pela autora do estudo no período entre<br />
setembro e outubro <strong>de</strong> 2009. Os entrevistados foram orientados quanto aos objetivos<br />
<strong>da</strong> pesquisa e aceitaram participar após leitura, concordância e assinatura do Termo <strong>de</strong><br />
Consentimento Livre e Esclarecido. Esse trabalho foi aprovado pelo comitê <strong>de</strong> Ética,<br />
Ensino, Pesquisa e Extensão do UNIPINHAL.<br />
2970
Trabalho 324<br />
CAPÍTULO 1<br />
HISTERECTOMIAS: SUAS CAUSAS E OS PROCEDIMENTOS<br />
CIRÚRGICOS<br />
A história <strong>da</strong> histerectomia remonta ao século XVI. Segundo Murta (2000), a<br />
primeira cirurgia é <strong>de</strong> crédito <strong>de</strong> Berengarius, que em 1507, na ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Bolonha, foi<br />
realizado a cirurgia <strong>de</strong> retira<strong>da</strong> do útero, mas há dúvi<strong>da</strong>s se a retira<strong>da</strong> foi total ou<br />
parcial. A cirurgia vaginal para retira<strong>da</strong> do útero planeja<strong>da</strong> foi realiza<strong>da</strong> somente no<br />
século XIX. Após quase 300 anos <strong>da</strong> cirurgia vaginal, Heat, em Manchester, Inglaterra,<br />
realizou a primeira exérese do útero pela via abdominal. Durante a laparotomia foi<br />
constatado a presença <strong>de</strong> uma massa sóli<strong>da</strong>, compatível com mioma, então foi<br />
realizado uma retira<strong>da</strong> uterina subtotal.<br />
Sangramentos intensos ou dores pélvicas <strong>de</strong>correntes <strong>de</strong> doenças ginecológicas<br />
levam muitas <strong>mulheres</strong> a buscar tratamentos medicamentosos que nem sempre têm<br />
resultados positivos. Um número muito gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>stes casos acabará em indicação<br />
cirúrgica <strong>de</strong> remoção do útero (histerectomia) (SBROGGIO, GIROLDI, GONÇALVES,<br />
2008).<br />
Assuntos controversos estão presentes quanto a preservação ou remoção dos<br />
ovários. Para Pontes (2002), a ooforectomia remoção dos ovários profilática, quando<br />
<strong>da</strong>s histerectomia abdominal, priva gran<strong>de</strong> numero <strong>de</strong> <strong>mulheres</strong> dos efeitos benéficos<br />
dos esterói<strong>de</strong>s sexuais endógenos e as conseqüências <strong>da</strong> redução dos andrógenos<br />
ovarianos, após a menopausa são poucos conhecidos. Em contraparti<strong>da</strong>, observa – se<br />
a redução no risco <strong>de</strong> câncer <strong>de</strong> ovário em <strong>mulheres</strong> submeti<strong>da</strong>s a histerectomia.<br />
A histerectomia é um procedimento operatório freqüente, espera-se que entre<br />
20-30% <strong>da</strong>s <strong>mulheres</strong> serão submeti<strong>da</strong>s a esta operação até a sexta déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> vi<strong>da</strong>. A<br />
freqüência <strong>de</strong>sta operação varia conforme o país, sendo muito mais alta nos Estados<br />
Unidos e na Austrália, quando comparados a Europa. Nos Estados Unidos, realizam-se<br />
cerca <strong>de</strong> 600.000 histerectomia por ano; na Austrália, a proporção é <strong>de</strong> 1:1.000<br />
<strong>mulheres</strong>/ano e, no Reino Unido, são realiza<strong>da</strong>s 100.000 histerectomias pelo Sistema<br />
Único <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> (SUS) (SORIA et al, 2007).<br />
2971
Trabalho 324<br />
Segundo Rocca (1995), a cirurgia <strong>de</strong> histerectomia é realiza<strong>da</strong> <strong>da</strong>s seguintes<br />
formas: total, subtotal, em conjunto com anexectomia unilateral e bilateral e radical.<br />
- Histerectomia total: nessa cirurgia o corpo uterino e o colo são removidos.<br />
- Histerectomia Subtotal: apenas o corpo é removido.<br />
- Histerectomia com anexectomia unilateral ou bilateral: realizado retira<strong>da</strong> <strong>da</strong>s tubas<br />
uterinas (salpingectomia), remoção <strong>de</strong> um ou ambos os ovários (ooforectomia) e<br />
retira<strong>da</strong> <strong>da</strong>s tubas uterinas e ovários (salpingooforectomia).<br />
- Histerectomia radical: realizado dissecação dos nódulos linfáticos, remoção dos<br />
parâmetros e tecido <strong>da</strong> pare<strong>de</strong> vaginal.<br />
- Histerectomia do útero gravídico: é realizado analise <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> paciente, verificando o<br />
estágio em que se encontra a doença para serem toma<strong>da</strong>s medi<strong>da</strong>s cabíveis para o<br />
caso.<br />
Existem várias indicações para a realização <strong>da</strong> cirurgia <strong>de</strong> histerectomia,<br />
variando <strong>de</strong> paciente para paciente. O tratamento po<strong>de</strong> ser tanto benigno quanto<br />
maligno (LEMGRUBER; COSTA. 2000).<br />
Para Lemgruber; Costa (2000) as histerectomias po<strong>de</strong>m ser utiliza<strong>da</strong>s para<br />
tratamento <strong>de</strong> afecções tanto benignas quanto malignas. As malignas geralemente <strong>de</strong><br />
acentua<strong>da</strong> complexi<strong>da</strong><strong>de</strong> e <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> técnica. As benignas po<strong>de</strong>m ser:<br />
anatômicas; funcionais; infecciosas e emergenciais.<br />
As indicações anatômicas envolvem:<br />
- Miomas: aparecem no miométrio, contendo quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> variável do tecido conjuntivo<br />
fibroso. Ocasionalmente encontrados durante o exame abdominal pélvico bimanual ou<br />
ultra-sonografia (CORLETA, et al, 2007).<br />
- Endometriose: na endometriose, uma lesão benigna ou lesões com células similares<br />
àquelas que revestem o útero, crescem <strong>de</strong> forma aberrante na cavi<strong>da</strong><strong>de</strong> pélvica, fora do<br />
útero. O tecido endometrial erroneamente situado, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>da</strong> estimulação hormonal<br />
ovariana. Durante a menstruação, esse tecido ectópico sangra. Muitas vezes para<br />
<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> áreas sem saí<strong>da</strong>s, provocando dor e a<strong>de</strong>rência (BRUNNER E SUDDARTH,<br />
2002).<br />
2972
Trabalho 324<br />
- A<strong>de</strong>nomiose: neoplasia <strong>de</strong> origem rara, sendo os mais comuns como: a<strong>de</strong>nomas,<br />
a<strong>de</strong>nomiomas e neoplasias mesenquimais, na arvore biliar, o a<strong>de</strong>nomioma localize-se<br />
preferencialmente no fundo <strong>da</strong> vesícula (KALIL, 2000).<br />
Como indicações que envolvem a função do órgão:<br />
- Sangramento uterino disfuncional: é um estimulo ina<strong>de</strong>quado <strong>de</strong> hormônio sobre o<br />
endométrio (MACHADO, 2001).<br />
- Dismenorréia secundária: também conheci<strong>da</strong> como menstruação dolorosa, cólica<br />
menstrual ou dismenorréia. É a dor pélvica; situação encontra<strong>da</strong> no sistema reprodutivo<br />
feminino, ocorre comumente após dois anos <strong>da</strong> primeira menarca (primeira<br />
menstruação) (ABC <strong>da</strong> SAUDE, 2007).<br />
Entre as indicações infecciosas, também conheci<strong>da</strong>s como doença inflamatória<br />
pélvica:<br />
- Piométrio: consiste na presença <strong>de</strong> material ósseo na pare<strong>de</strong> uterina, caso não<br />
comum (VASQUEZ, et al, 2003).<br />
- Tuberculose: forma <strong>de</strong> tuberculose extra pulmonar causa<strong>da</strong> pelo Mycobacterium<br />
tuberculosis ou Mycobacterium bovis. Doença que envolve to<strong>da</strong> cama<strong>da</strong> do abdome<br />
vem aumentando principalmente à custa dos casos <strong>de</strong> infecção pelo vírus <strong>da</strong><br />
imuno<strong>de</strong>ficiência humana (HIV) (CAMPAGNOLO, 2000).<br />
Finalmente as causas emergenciais para realização <strong>da</strong> histerectomia:<br />
- Hemorragia por perfuração do útero por DIU;<br />
- Ruptura uterina intra-parto.<br />
As causas malignas po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>fini<strong>da</strong>s como:<br />
- Câncer pélvico e prolapso genital: o prolapso <strong>de</strong> órgãos pélvicos é <strong>de</strong>finido como o<br />
<strong>de</strong>slocamento permanente, parcial ou total, <strong>de</strong> qualquer segmento vaginal ou órgão<br />
pélvico <strong>da</strong> sua localização habitual, abrangendo a procedência <strong>da</strong>s pare<strong>de</strong>s vaginais ou<br />
do útero (CARRAMÂO, 2009).<br />
- Hemorragia uterina disfuncional: Causado por sangramento endometrial sem causa<br />
anatômica. Ou etiologias não ginecológicas como: disfunção <strong>da</strong> tireói<strong>de</strong>, coagulopatia,<br />
gravi<strong>de</strong>z e outras patologias ginecológicas (CAMPOS, 2005).<br />
- Câncer <strong>de</strong> colo uterino: origina<strong>da</strong> dos gens <strong>de</strong> uma única célula, o câncer torna-se<br />
capaz <strong>de</strong> proliferar até o ponto <strong>de</strong> se formar uma massa tumoral no local e a distância.<br />
2973
Trabalho 324<br />
É o segundo câncer mais comum entre <strong>mulheres</strong> do Brasil, que correspon<strong>de</strong> a 25% <strong>de</strong><br />
todos os cânceres (CARVALHO, 2003).<br />
Apesar <strong>de</strong>sses tipos <strong>de</strong> histerectomia, segundo Rocca (1995), existem alguns<br />
procedimentos que geram algumas varie<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> histerectomia, sendo para <strong>mulheres</strong><br />
acima <strong>de</strong> 65 anos; 75% é realiza<strong>da</strong> cirurgia vaginal; por outro lado, as <strong>mulheres</strong> abaixo<br />
<strong>de</strong> 65 anos, 60% são abdominais.<br />
A gran<strong>de</strong> maioria <strong>da</strong>s histerectomias radicais obstétricas e subtotais são realiza<strong>da</strong>s<br />
diretamente por via abdominal, aproxima<strong>da</strong>mente 36% <strong>da</strong>s histerectomias são<br />
realiza<strong>da</strong>s anexectomia bilateral.<br />
A i<strong>da</strong><strong>de</strong> mais comum para realização <strong>de</strong> cirurgia <strong>de</strong> histerectomia é <strong>de</strong> 42 a 45 anos<br />
<strong>de</strong> i<strong>da</strong><strong>de</strong>. Contudo, algumas <strong>mulheres</strong> procuram uma segun<strong>da</strong> opinião sobre a<br />
realização <strong>da</strong> cirurgia <strong>de</strong> histerectomia, constatando ou melhor, confirmando se ela é<br />
necessária ou não.<br />
Em alguns casos benignos existem algumas indicações ou alternativas para a<br />
histerectomia, po<strong>de</strong>ndo ser cita<strong>da</strong> como:<br />
- Embolização do mioma uterino: esse procedimento substitui a histerectomia na maior<br />
parte <strong>da</strong>s indicações por miomas uterinos, tendo como potencial, a preservação <strong>da</strong><br />
fertili<strong>da</strong><strong>de</strong> (BARROZO, 1995).<br />
- Miomectomia por via abdominal, laparoscopia ou histereoscopia: é substituído por<br />
quase to<strong>da</strong>s as outras indicações <strong>de</strong> miomas não atendi<strong>da</strong>s pela embolização.<br />
- Cirurgia <strong>de</strong> redução ou ablação <strong>de</strong> endométrio: po<strong>de</strong> substituir a histerectomia para<br />
tratamento do sangramento uterino anormal <strong>de</strong> causa benigna. Realizado através <strong>de</strong><br />
ví<strong>de</strong>o histeroscopia ou outros equipamentos específicos (BARROZO, 1995).<br />
A história <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e os exames físicos e pélvicos são obtidos, sendo realizados os<br />
exames laboratoriais. Os <strong>da</strong>dos <strong>de</strong> avaliação adicionais incluem as respostas<br />
psicossociais <strong>da</strong> paciente, porque a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> uma histerectomia po<strong>de</strong> provocar<br />
reações emocionais fortes e medos. Quando a histerectomia é realiza<strong>da</strong> para remover<br />
um tumor maligno, a ansie<strong>da</strong><strong>de</strong> relaciona<strong>da</strong> ao medo, do câncer e suas conseqüências<br />
aumentam muito o estresse <strong>da</strong> paciente e <strong>de</strong> sua família. Essas <strong>mulheres</strong> po<strong>de</strong>m estar<br />
em maior risco <strong>de</strong> sintomas psicológicos, sintomas físicos, síndrome pós-menopausa e<br />
o uso aumentado <strong>de</strong> cui<strong>da</strong>dos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pós-operatório. Outras <strong>mulheres</strong> apresentam<br />
2974
Trabalho 324<br />
melhora <strong>da</strong> saú<strong>de</strong> física e mental <strong>de</strong>pois <strong>da</strong> histerectomia (BRUNNER e SUDDARTH,<br />
2002).<br />
A partir <strong>de</strong>ste momento, a enfermagem tem um papel muito importante, pois <strong>de</strong>verá<br />
estar presente, sendo o profissional mais próximo <strong>da</strong> paciente durante o período <strong>de</strong><br />
internação. Por isso, <strong>de</strong>verá eluci<strong>da</strong>r to<strong>da</strong>s as dúvi<strong>da</strong>s, inseguranças e medos, enfim<br />
quaisquer dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> que possa vir a surgir. A presença <strong>da</strong> família, também é<br />
importante, para que a mulher se sinta segura <strong>de</strong> si, sabendo que posteriormente terá o<br />
apoio necessário para sua recuperação, po<strong>de</strong>ndo se restabelecer retornando suas<br />
ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s normais, bem como seu trabalho, sua posição como mulher e mãe<br />
(CARVALHO, 2005)<br />
2975
Trabalho 324<br />
CAPÍTULO 2<br />
ASPECTOS BIOPSICOSSOCIAIS DAS MULHERES<br />
HISTERECTOMIZADAS.<br />
A cirurgia <strong>de</strong> histerectomia é um procedimento realizado em gran<strong>de</strong> número para<br />
a remoção dos órgãos reprodutivos internos femininos, para tratamento na cura <strong>de</strong><br />
miomas e cânceres <strong>de</strong> colo <strong>de</strong> útero.<br />
A situação sócio econômica <strong>da</strong>s <strong>mulheres</strong> submeti<strong>da</strong>s à cirurgia <strong>de</strong> histerectomia<br />
é dividi<strong>da</strong> em dois gran<strong>de</strong>s grupos.<br />
De acordo com Muraro (1983), esta divisão é realiza<strong>da</strong> consi<strong>de</strong>rando a situação<br />
econômica, social e cultural <strong>da</strong>s pacientes. Definindo assim, um grupo formado por<br />
<strong>mulheres</strong> trabalhadoras e/ ou operárias que constituem o nível sócio econômico baixo;<br />
e o outro, composto por <strong>mulheres</strong> <strong>de</strong> classe social média alta que formam o nível sócio<br />
econômico médio alto, com <strong>mulheres</strong> geralmente com formação <strong>de</strong> nível superior que<br />
exercem ou não suas profissões.<br />
Junto com o fator econômico que <strong>de</strong>fine os dois grupos, tem – se, <strong>de</strong> acordo com<br />
Muraro (1983), a concepção <strong>de</strong> mundo <strong>da</strong>s <strong>mulheres</strong> que caracterizam ca<strong>da</strong> pólo. As<br />
pessoas provenientes do nível sócio econômico baixo concebem que sua existência é<br />
marca<strong>da</strong> pelo trabalho, atribuindo assim ao próprio corpo a função <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenhar as<br />
funções que sua profissão e vi<strong>da</strong> exigem. Já as <strong>mulheres</strong> provenientes <strong>da</strong> classe social<br />
média alta, concebem sua existência pauta<strong>da</strong> no próprio bem estar, gerando com isso a<br />
existência dos cui<strong>da</strong>dos clínicos e estéticos do próprio corpo.<br />
Consi<strong>de</strong>rando os fatores apontados anteriormente, tem – se nos estudos<br />
estabelecidos por Muraro (1983), que a situação econômica <strong>da</strong>s <strong>mulheres</strong> que<br />
precisam ser submeti<strong>da</strong>s à cirurgia <strong>de</strong> histerectomia, leva em conta a percepção<br />
individual que ca<strong>da</strong> uma tem a respeito <strong>da</strong> necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> retira<strong>da</strong> do útero. Ou seja,<br />
nas <strong>mulheres</strong>, pertencentes a classe social menos favoreci<strong>da</strong>, que fazem do próprio<br />
corpo a força motriz que lhes asseguram a própria vivência, a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> cirurgia<br />
gera uma significativa esperança por livrá-la <strong>da</strong> dor e incômodos <strong>da</strong> doença, tanto na<br />
vi<strong>da</strong> profissional, como na vi<strong>da</strong> pessoal.<br />
2976
Trabalho 324<br />
Quanto às <strong>mulheres</strong> que formam o grupo <strong>de</strong> nível sócio econômico médio alto, a<br />
cirurgia <strong>de</strong> histerectomia po<strong>de</strong> lhes gerar uma maior preocupação <strong>de</strong>vido a retira<strong>da</strong> dos<br />
órgãos internos reprodutivos e influenciar negativamente na concepção <strong>de</strong> feminili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
e na própria auto afirmação. Uma vez que, para elas, em consonância com Muraro<br />
(1983), o próprio corpo tem o objetivo e função <strong>de</strong> i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> constituído pelos cui<strong>da</strong>dos<br />
clínicos e estéticos.<br />
O fator social e cultural <strong>da</strong>s <strong>mulheres</strong> histerectomiza<strong>da</strong>s, <strong>de</strong> acordo com Muraro<br />
(1983), po<strong>de</strong>m causar estas sensações no período pré – operatório. Após a cirurgia,<br />
tais percepções não interferem em suas concepções e conceitos acerca <strong>da</strong>s mu<strong>da</strong>nças<br />
do próprio corpo.<br />
Tratando <strong>da</strong> questão <strong>da</strong> i<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s <strong>mulheres</strong> que precisam ser submeti<strong>da</strong>s à<br />
cirurgia <strong>de</strong> histerectomia, associa<strong>da</strong> ao nível sócio econômico, tem – se <strong>de</strong> acordo com<br />
<strong>da</strong>dos do Ministério <strong>da</strong> Saú<strong>de</strong> (BRASIL, 2006), e também dos estudos realizados por<br />
Muraro (1983), que a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> cirúrgica atinge principalmente <strong>mulheres</strong> entre trinta<br />
e quarenta e cinco anos in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> classe social. O que po<strong>de</strong> ocorrer é o<br />
diagnóstico precoce nas <strong>mulheres</strong> mais favoreci<strong>da</strong>s financeiramente e culturalmente<br />
<strong>de</strong>vido a maior frequência a consultas e exames ginecológicos.<br />
Alguns autores acreditam que fatores emocionais possam estar relacionados ao<br />
procedimento cirúrgico adotado. Apesar <strong>de</strong> citarem que a retira<strong>da</strong> do útero não traz<br />
gran<strong>de</strong>s conseqüências para as <strong>mulheres</strong>, acreditam que a histerectomia com remoção<br />
dos ovários, po<strong>de</strong>ria <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ar em muitas <strong>mulheres</strong> histerectomiza<strong>da</strong>s sintomas<br />
<strong>de</strong>pressivos <strong>de</strong>vido a falta <strong>de</strong> hormônio (NAUGHTON; MACBB, 1997).<br />
Em relação ao estado emocional <strong>da</strong>s pacientes histerectomiza<strong>da</strong>s o pré –<br />
operatório atua diretamente sobre suas reações, tanto durante a cirurgia quanto no pós<br />
– operatório.<br />
Segundo Cosmo e Carvalho (2000), acredita – se que a hospitalização, po<strong>de</strong><br />
causar o sentimento <strong>de</strong> ruptura na vi<strong>da</strong> diária, implicar em uma série <strong>de</strong> sentimentos <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>sconforto, principalmente no ambiente hospitalar.<br />
Para Romano (1998), as principais fontes <strong>de</strong> ansie<strong>da</strong><strong>de</strong> no período pré –<br />
operatório são: separação <strong>da</strong> casa, <strong>da</strong> família, <strong>de</strong> suas coisas principalmente; ser<br />
forçado a assumir o papel <strong>de</strong> doente e antecipar questões diretamente relaciona<strong>da</strong>s<br />
2977
Trabalho 324<br />
com o físico, tais como o ato cirúrgico, a dor e a per<strong>da</strong> do controle sobre si mesmo; e<br />
finalmente o medo com relação à vi<strong>da</strong> em si.<br />
Avaliar parâmetros pré – operatórios, assume papel importante na <strong>de</strong>finição do<br />
perfil <strong>de</strong> <strong>mulheres</strong> submeti<strong>da</strong>s a este procedimento cirúrgico.<br />
O medo do <strong>de</strong>sconforto é a principal causa <strong>da</strong> insegurança e <strong>da</strong> ansie<strong>da</strong><strong>de</strong> do<br />
paciente pré – operatório cirúrgico. A paciente teme a morte, a anestesia, o<br />
procedimento em si, a recuperação. Para tentar obter controle sobre esses medos, a<br />
paciente pré cirúrgica lança mão <strong>de</strong> algumas estratégias, como: <strong>de</strong>positar confiança na<br />
equipe <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>; acreditar em Deus acima <strong>de</strong> qualquer coisa; controlar o pensamento;<br />
e ter sempre a companhia <strong>de</strong> alguém conhecido.<br />
Com relação aos cui<strong>da</strong>dos pós – operatórios <strong>da</strong> cirurgia <strong>de</strong> histerectomia, tem –<br />
se <strong>de</strong> acordo com Amorim (2000), que o nível sócio econômico baixo apresenta maior<br />
índice <strong>de</strong> infecção pós – operatória, principalmente quando a cirurgia é total e<br />
abdominal. Junto com a condição social <strong>da</strong>s <strong>mulheres</strong> submeti<strong>da</strong>s a cirurgia <strong>de</strong><br />
histerectomia, existem outros fatores <strong>de</strong> risco relevantes, como a i<strong>da</strong><strong>de</strong>, quando for<br />
superior a sessenta anos, a obesi<strong>da</strong><strong>de</strong> e diabetes.<br />
Na tentativa <strong>de</strong> contribuir com a diminuição dos casos <strong>de</strong> infecção pós –<br />
operatória nos procedimentos <strong>de</strong> histerectomia, recomen<strong>da</strong> – se, conforme Amorim<br />
(2000), que a adoção <strong>de</strong> antibioticoterapia profilática seja uma medi<strong>da</strong> adota<strong>da</strong><br />
conforme as necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s e particulari<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> paciente, sendo recomen<strong>da</strong>do<br />
seu uso quando a infecção do sítio cirúrgico for superior a <strong>de</strong>z por cento. Esse estudo<br />
particular <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> caso <strong>de</strong>ve existir in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> condição social <strong>da</strong> mulher.<br />
Amorim (2000), salienta que o nível sócio econômico baixo <strong>da</strong>s <strong>mulheres</strong><br />
histerectomiza<strong>da</strong>s, conforme apontado anteriormente, influi na existência do risco <strong>de</strong><br />
infecção pós – operatória, provavelmente pelo fato <strong>da</strong>s pacientes serem oriun<strong>da</strong>s do<br />
Sistema Único <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> (SUS) e apresentarem condições sociais e culturais<br />
semelhantes que interferem nos cui<strong>da</strong>dos pós – cirúrgicos.<br />
O processo <strong>de</strong> cui<strong>da</strong>r concomitante à quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> no pós – operatório,<br />
in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> classe social <strong>da</strong> paciente, é uma condição relevante para a total<br />
recuperação <strong>da</strong>s <strong>mulheres</strong> histerectomiza<strong>da</strong>s. Quando uma mulher é submeti<strong>da</strong> a este<br />
2978
Trabalho 324<br />
tipo <strong>de</strong> cirurgia, <strong>de</strong> acordo com Salimena e Souza (2008), é preciso que ela tenha<br />
conhecimento e esclarecimentos dos efeitos que ela causa no corpo feminino.<br />
Sendo a histerectomia um procedimento, realizado em gran<strong>de</strong> número, há uma<br />
necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> se reconhecer seus problemas pós cirúrgicos, não só envolvendo a<br />
área física, mas também a emocional. Esta i<strong>de</strong>ntificação dos problemas ten<strong>de</strong> a auxiliar<br />
no tratamento <strong>da</strong>s pacientes que tiveram seu útero parcial ou totalmente retirado, pois a<br />
i<strong>de</strong>ntificação feminina muitas vezes esta liga<strong>da</strong> a esse órgão (MACHADO, 2005).<br />
A cirurgia <strong>de</strong> histerectomia, por conta <strong>de</strong> exigir o manuseio <strong>da</strong>s alças intestinais<br />
durante o processo, po<strong>de</strong> acarretar em alterações <strong>da</strong>s funções intestinais. A paciente,<br />
então, precisa <strong>de</strong> orientação para não se esforçar durante o ato <strong>de</strong> <strong>de</strong>fecação, bem<br />
como ter cui<strong>da</strong>dos ao urinar por ter ocorrido a cateterização vesical. Dentre estes, e<br />
outros aspectos, é relevante que a mulher receba no pré – operatório e no pós –<br />
operatório acompanhamento técnico para que possa realizar um restabelecimento<br />
favorável e assim aprimorar sua quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> vi<strong>da</strong>, livre <strong>da</strong> doença em <strong>de</strong>corrência <strong>da</strong><br />
cirurgia <strong>de</strong> histerectomia.<br />
Ain<strong>da</strong> com relação ao pós – operatório, Salimena e Souza (2008), tratam em<br />
seus estudos dos cui<strong>da</strong>dos restritos que a mulher histerectomiza<strong>da</strong> <strong>de</strong>ve receber para<br />
resgatar seu espaço e função no meio familiar, profissional e social. Estas orientações,<br />
in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte o nível sócio econômico <strong>de</strong>vem ser feitas por meio <strong>de</strong> uma linguagem<br />
clara e objetiva, envolvendo informações a respeito do período <strong>de</strong> repouso necessário e<br />
<strong>da</strong>s limitações <strong>de</strong> alguns hábitos <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> mulher. Tais hábitos, associados à<br />
maneira <strong>de</strong> viver <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> paciente, po<strong>de</strong> envolver inibições e <strong>de</strong>sajustes <strong>da</strong>s funções<br />
sociais. Isto tudo, consi<strong>de</strong>rando <strong>de</strong> maneira especial as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s que ca<strong>da</strong> mulher<br />
<strong>de</strong>senvolve <strong>de</strong>ntro e fora <strong>de</strong> casa.<br />
Salimena e Souza (2008), salientam em seus estudos que tanto as condições <strong>de</strong><br />
saú<strong>de</strong>, como <strong>da</strong> doença nas classes sociais mais baixas, ficam ao cargo do médico,<br />
que é o principal informante para a paciente sobre o quadro clinico e tratamento<br />
a<strong>de</strong>quado, pois geralmente estas <strong>mulheres</strong> não tem conhecimento dos múltiplos efeitos<br />
e cui<strong>da</strong>dos necessários para a total recuperação <strong>da</strong> mulher histerectomiza<strong>da</strong>.<br />
É preciso que a mulher submeti<strong>da</strong> a cirurgia <strong>de</strong> retira<strong>da</strong> <strong>de</strong> útero, compreen<strong>da</strong> a<br />
incisão como procedimento terapêutico que tem a finali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> resolver o problema do<br />
2979
Trabalho 324<br />
órgão doente e também suas conseqüências e implicações para a condição <strong>de</strong> mulher<br />
<strong>de</strong> ca<strong>da</strong> paciente <strong>de</strong> acordo com sua função e ocupação social.<br />
As autoras em questão, tratam a cirurgia <strong>de</strong> histerectomia consi<strong>de</strong>rando seus<br />
fatores objetivos, que correspon<strong>de</strong>m a cura <strong>da</strong> doença; e também os subjetivos que<br />
envolvem os cui<strong>da</strong>dos necessários para a saú<strong>de</strong> em seu sentido total e amplo,<br />
englobando vi<strong>da</strong> afetiva, psicológica e social.<br />
O total estabelecimento <strong>da</strong> paciente <strong>de</strong> histerectomia precisa trazer em seu bojo<br />
os quesitos biológicos, social e cultural, providos e munidos <strong>de</strong> conhecimento a respeito<br />
<strong>da</strong> doença que a levou ao ato cirurfico, como também, quais os cui<strong>da</strong>dos necessários<br />
para restabelecimento físico, social e emocional.<br />
Uma medi<strong>da</strong> aponta<strong>da</strong> por Salimena e Souza (2008), para contribuir com a<br />
afetivação do processo <strong>de</strong> cui<strong>da</strong>r junto a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> vi<strong>da</strong>, principalmente para as<br />
<strong>mulheres</strong> <strong>de</strong> classes sociais menos favoreci<strong>da</strong>s, é o Programa <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> <strong>da</strong> Família,<br />
<strong>de</strong>senvolvido pelo Ministério <strong>da</strong> Saú<strong>de</strong>, que precisa esten<strong>de</strong>r seus objetivos para ações<br />
que reflitam acompanhamento e cui<strong>da</strong>do <strong>de</strong> prevenção <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>.<br />
Ain<strong>da</strong> tratando <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> após a cirurgia <strong>de</strong> histerectomia Novoa<br />
(1996), abor<strong>da</strong> a respeito do real significado que a retira<strong>da</strong> do útero tem para algumas<br />
<strong>mulheres</strong>. Em seu estudo o autor relata que as entrevista<strong>da</strong>s concebem a presença do<br />
útero como uma questão natural antes <strong>da</strong> necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> cirurgia. Com o diagnóstico e<br />
a <strong>de</strong>terminação <strong>da</strong> incisão cirúrgica, essas <strong>mulheres</strong> apegaram – se a questão que<br />
lau<strong>da</strong>va - lhes doente, então, se o útero não tinha mais sua função natural, a cirurgia<br />
era necessária e inevitável.<br />
Esta concepção, <strong>de</strong> acordo com o autor é oriun<strong>da</strong> <strong>da</strong> maneira <strong>de</strong> como ca<strong>da</strong><br />
mulher percebe a si mesma. Entretanto, apesar <strong>de</strong> todo preparo aparente, é preciso<br />
que exista o atendimento explicativo e <strong>de</strong> orientação para o momento do resultado dos<br />
exames, periódicos pré , trans e pós – operatórios.<br />
Apesar <strong>de</strong> todo conhecimento e preparo que a mulher possa trazer em seu bojo,<br />
a cirurgia <strong>de</strong> retira<strong>da</strong> <strong>de</strong> útero exige, segundo Novoa (1996), um aparato profissional<br />
que favoreça a resistência emocional e social muito importante para o tratamento e<br />
recuperação completos.<br />
2980
Trabalho 324<br />
Novoa (1996), aponta como fator relevante para a melhoria <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> vi<strong>da</strong><br />
<strong>da</strong>s <strong>mulheres</strong> histerectomiza<strong>da</strong>s, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do nível sócio econômico, a questão <strong>de</strong><br />
que a retira<strong>da</strong> do útero faz estabelecer a instauração <strong>da</strong> esperança pauta<strong>da</strong> na própria<br />
sobrevivência perante ao órgão doente e a superação do incomodo e mal estar<br />
causados pelos sintomas <strong>da</strong> doença.<br />
Consi<strong>de</strong>rando Novoa (1996), as influências do nível sócio econômico nas<br />
<strong>mulheres</strong> histerectomiza<strong>da</strong>s, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> classe social, requerem que exista a<br />
realização <strong>de</strong> grupos <strong>de</strong> orientação, fun<strong>da</strong>mental com atendimento psicológico para que<br />
elas tenham uma melhor compreensão em relação ao seu próprio corpo, a patologia<br />
que apresentam, ao procedimento cirúrgico necessário e a recuperação positiva.<br />
Outro fator proveniente <strong>da</strong> realização <strong>da</strong> cirurgia <strong>de</strong> histerectomia, refere – se a<br />
vi<strong>da</strong> <strong>sexual</strong> <strong>da</strong>s <strong>mulheres</strong>, que <strong>de</strong> acordo com Muraro (1986), apresenta resultados<br />
diferentes na <strong>sexual</strong>i<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>vido ao nível sócio econômico <strong>da</strong> paciente.<br />
Para Muraro (1986), as <strong>mulheres</strong> pertencentes ao nível sócio econômico baixo<br />
que precisam <strong>da</strong> força do corpo para <strong>de</strong>sempenharem suas funções profissionais e <strong>de</strong><br />
donas <strong>de</strong> casa, encontram nessa condição motivos naturais para superarem<br />
naturalmente a per<strong>da</strong> do órgão interno que contribui com a retoma<strong>da</strong> <strong>da</strong>s sensações<br />
corporais, possibilitando, após o resguardo necessário, a retoma<strong>da</strong> <strong>de</strong> forma usual <strong>da</strong><br />
<strong>sexual</strong>i<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />
Já, as <strong>mulheres</strong> oriun<strong>da</strong>s <strong>de</strong> nível sócio econômico médio alto, com ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />
intelectualiza<strong>da</strong>s, estabelecem uma relação mais reflexiva com o corpo e assim, sentem<br />
<strong>de</strong> forma maior a per<strong>da</strong> <strong>de</strong> parte <strong>de</strong> si mesmas. Tal situação, prolonga a retoma<strong>da</strong> a<br />
<strong>sexual</strong>i<strong>da</strong><strong>de</strong>, que em muitos casos, precisa do trabalho psicológico para sua efetivação.<br />
A questão <strong>da</strong> feminili<strong>da</strong><strong>de</strong> e <strong>sexual</strong>i<strong>da</strong><strong>de</strong> será melhor abor<strong>da</strong><strong>da</strong> no capitulo<br />
seguinte quem tem o objetivo <strong>de</strong> retratar esta situação.<br />
2981
Trabalho 324<br />
CAPÍTULO 3<br />
A FEMINILIDADE E OS SENTIMENTOS APÓS A RETIDA DO ÚTERO:<br />
ACOLHIMENTO DA FAMÍLIA<br />
A quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> <strong>da</strong> mulher histerectomiza<strong>da</strong> tem relação direta aos conceitos<br />
básicos estabelecidos <strong>de</strong> feminili<strong>da</strong><strong>de</strong>, <strong>sexual</strong>i<strong>da</strong><strong>de</strong> e os benefícios que a histerectomia<br />
causa frente aos fatores fisiológicos.<br />
Segundo Freire (1996), muitas <strong>mulheres</strong> consi<strong>de</strong>ram o período menstrual como<br />
um período <strong>de</strong>sagradável, no entanto, enten<strong>de</strong>m sua função como fun<strong>da</strong>mental para<br />
proporcionar a probabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> procriação, aumento do <strong>de</strong>sejo <strong>sexual</strong> e manutenção<br />
hormonal.<br />
Em função disto, uma vez submeti<strong>da</strong> ao procedimento cirúrgico <strong>de</strong> histerectomia,<br />
a mulher se <strong>de</strong>para com a per<strong>da</strong> consciente e inconsciente <strong>de</strong> diversas funções<br />
regula<strong>da</strong>s pelo órgão.<br />
Isto significa que as <strong>mulheres</strong> po<strong>de</strong>m ver o útero como um órgão importante<br />
<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> si, <strong>de</strong>monstrando que sua per<strong>da</strong> se refletirá sobre o que elas enten<strong>de</strong>m como<br />
a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> ser fêmea, incluindo também o <strong>de</strong>sejo <strong>sexual</strong> e até a libido (NOVOA,<br />
1996).<br />
Algumas <strong>mulheres</strong>, percebem a importância que o útero tem, após a sua<br />
retira<strong>da</strong>.<br />
Os medos e as duvi<strong>da</strong>s <strong>de</strong> uma mulher histerectomizaa<strong>da</strong> são muitos. E passam<br />
principalmente pela área psicológica. Muitas perguntas surgem: Será que meu parceiro<br />
sentira a falta do útero Será que sou menos mulher por não ter mais meu útero Será<br />
que vou me tornar uma mulher <strong>de</strong>s<strong>sexual</strong>iza<strong>da</strong>, vazia ou ate mesmo invali<strong>da</strong> Vou ter<br />
orgasmos E muitas outras (FREIRE, 1996).<br />
Avalia-se o quanto a retira<strong>da</strong> do útero po<strong>de</strong> proporcionar uma nova etapa <strong>de</strong> bem<br />
– estar, <strong>de</strong>sta forma proporcionando orientações pós-cirúrgicas com relação aos mitos<br />
<strong>da</strong> cirurgia associa<strong>da</strong> ao conceito <strong>de</strong> feminili<strong>da</strong><strong>de</strong>, po<strong>de</strong>-se evitar possíveis conflitos<br />
sexuais e conjugais (SBROGGIO, 2005).<br />
Para Spier e Freeman (1996), a per<strong>da</strong> <strong>da</strong> i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>sexual</strong>, receio <strong>de</strong> per<strong>de</strong>r a<br />
libido, episódios <strong>de</strong> <strong>de</strong>pressão, <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> procriação, i<strong>da</strong><strong>de</strong> inferior a 35 anos no<br />
2982
Trabalho 324<br />
momento <strong>da</strong> cirurgia <strong>de</strong> histerectomia, entre outros fatores; são inúmeras sensações<br />
vivencia<strong>da</strong>s por pacientes pós procedimento cirúrgico. As sensações <strong>de</strong> insegurança e<br />
vulnerabili<strong>da</strong><strong>de</strong> são com freqüência uma avaliação realista <strong>da</strong> situação <strong>da</strong> paciente.<br />
Desistir do controle do corpo é <strong>de</strong>sconfortável para to<strong>da</strong>s nós, porém terrível para as<br />
<strong>mulheres</strong> que geralmente sentem tal insegurança. As pacientes também ten<strong>de</strong>m a<br />
per<strong>de</strong>r sua in<strong>de</strong>pendência econômica. A mulher que trabalha muito todos os dias<br />
durante vários anos, tem medo <strong>de</strong> ficar parcial ou totalmente incapacita<strong>da</strong> por um<br />
incerto período <strong>de</strong> tempo. A per<strong>da</strong> <strong>de</strong>ste papel familiar, ain<strong>da</strong> que temporária, prejudica<br />
suas sensações <strong>de</strong> inutili<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />
A paciente precisa ser tranqüiliza<strong>da</strong> que ela ain<strong>da</strong> terá uma vagina e que po<strong>de</strong>rá<br />
ter relações sexuais <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> uma abstinência temporária pós- operatória, enquanto<br />
os tecidos se cicatrizam. A informação <strong>de</strong> que a satisfação <strong>sexual</strong> e orgasmos originamse<br />
<strong>da</strong> estimulação do clitóris, em vez do útero, tranqüiliza muitas <strong>mulheres</strong>. Muitas<br />
percebem alguma mu<strong>da</strong>nça nas sensações sexuais <strong>de</strong>pois <strong>da</strong> histerectomia, mas elas<br />
variam em intensi<strong>da</strong><strong>de</strong>. Em alguns casos, a vagina é encurta<strong>da</strong> pela cirurgia, e isso<br />
po<strong>de</strong> afetar a sensibili<strong>da</strong><strong>de</strong> ou o conforto (BRUNNER e SUDDARTH, 2002).<br />
Para as <strong>mulheres</strong> que não tem filhos, a per<strong>da</strong> do útero po<strong>de</strong>rá causar um<br />
impacto emocional maior, pois a falta <strong>de</strong> opção e a falta do órgão po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>spertar<br />
sentimentos <strong>de</strong> per<strong>da</strong>, <strong>de</strong> inutili<strong>da</strong><strong>de</strong>, <strong>de</strong> <strong>de</strong>stituição <strong>da</strong> condição feminina, isto porque<br />
para muitas <strong>mulheres</strong> a feminili<strong>da</strong><strong>de</strong> esta intimamente associa<strong>da</strong> ao conceito <strong>de</strong><br />
conceber (ANGERAMI – CAMON, 1998).<br />
Segundo Mead (1971), o conceito <strong>de</strong> feminili<strong>da</strong><strong>de</strong> associado ao útero, parte <strong>de</strong><br />
um ponto histórico, on<strong>de</strong> há séculos tem sido construído vários significados em torno<br />
<strong>de</strong>le, mas todos eles sempre dão relevância ao papel do mulher como reprodutora,<br />
praticamente resumindo a razão <strong>da</strong> sua existência na materni<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />
Algumas pacientes ain<strong>da</strong> apresentam certo tipo <strong>de</strong> medo pré – operatório; o<br />
medo <strong>da</strong> anestesia: ao mesmo tempo em que evita a dor <strong>da</strong> paciente, impe<strong>de</strong> também<br />
o exercício e controle sobre o próprio corpo, levando a paciente a assumir uma posição<br />
passiva no processo. O próprio termo “submeter-se” a procedimento cirúrgico indica a<br />
aceitação <strong>de</strong> um estado <strong>de</strong> <strong>de</strong>pendência. O medo <strong>de</strong> que aconteça alguma coisa erra<strong>da</strong><br />
no momento <strong>da</strong> cirurgia é lembrado pelo fato <strong>de</strong> que a paciente estará sob o efeito <strong>da</strong><br />
2983
Trabalho 324<br />
anestesia. A paciente também po<strong>de</strong> apresentar reações emocionais forte por fazer uma<br />
histerectomia, e sentimentos pessoais fortes ligados ao diagnóstico, às opiniões <strong>de</strong><br />
outras pessoas <strong>de</strong> suas relações que po<strong>de</strong>m estar envolvi<strong>da</strong>s, como a família e o<br />
parceiro, crenças religiosas e temores sobre o prognóstico (BRUNNER e SUDDARTH,<br />
2002).<br />
Muitas pacientes, após a cirurgia <strong>de</strong> histerectomia, se <strong>de</strong>param com o medo <strong>da</strong><br />
auto – imagem; acredita que <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>la ficará um buraco, certo vazio, ela passará a se<br />
sentir “oca” por <strong>de</strong>ntro. Esse pensamento provoca uma crise na i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> feminina,<br />
pois cria o mito <strong>de</strong> que a histerectomia torna as <strong>mulheres</strong> pouco atraentes, levando<br />
assim um sentimento <strong>de</strong> baixa auto – estima e <strong>de</strong>svalorização do corpo. A paciente é<br />
informa<strong>da</strong> <strong>de</strong> que seus períodos menstruais se acabaram, mas que ela ain<strong>da</strong> po<strong>de</strong><br />
apresentar uma secreção discretamente sanguinolenta por alguns dias, <strong>de</strong>pois <strong>da</strong> qual,<br />
se o sangramento reincidir, <strong>de</strong>ve ser relatado <strong>de</strong> imediato (BRUNNER e SUDDARTH,<br />
2002).<br />
Segundo Angerami-Camon (1998), os transtornos são maiores para as <strong>mulheres</strong><br />
que não tem filhos, pois com a retira<strong>da</strong> do útero, elas acreditam em um sentimento <strong>de</strong><br />
per<strong>da</strong>, <strong>de</strong> inutili<strong>da</strong><strong>de</strong> e <strong>de</strong>stituição <strong>da</strong> condição feminina; pois para elas, ser mulher está<br />
associado ao conceito <strong>da</strong> capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> reprodução.<br />
Além disso, quando o equilíbrio hormonal é conturbado, como geralmente ocorre<br />
nos distúrbios do sistema reprodutor, a paciente po<strong>de</strong> experimentar <strong>de</strong>pressão e<br />
sensibili<strong>da</strong><strong>de</strong> emocional aumenta<strong>da</strong> como relação às pessoas e situações (BRUNNER<br />
e SUDDARTH, 2002).<br />
Um estudo realizado por Sbroggio (2005), pelo <strong>de</strong>partamento <strong>de</strong> ginecologia <strong>da</strong><br />
facul<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Campinas, UNICAMP, relata a prevalência <strong>da</strong>s disfunções sexuais em um<br />
valor <strong>de</strong> 25 a 33% entre <strong>mulheres</strong> com faixa etária <strong>de</strong> 35 a 59 anos e <strong>de</strong> 51 a 75% entre<br />
as <strong>mulheres</strong> <strong>de</strong> 60 a 65 anos <strong>de</strong> i<strong>da</strong><strong>de</strong>. Acredita-se que, as <strong>mulheres</strong> no período<br />
reprodutor ao se <strong>de</strong>pararem com a antecipação <strong>da</strong> menopausa causa<strong>da</strong> pela cirurgia<br />
<strong>de</strong> retira<strong>da</strong> <strong>de</strong> útero, sofrem abalo em seu auto - conceito e imagem <strong>corporal</strong>, por<br />
acreditarem que a menopausa mais precoce é um período <strong>de</strong> crises e per<strong>da</strong>s. Acreditase<br />
que <strong>mulheres</strong> se <strong>de</strong>param frente à <strong>de</strong>pressão pós histerectomia, fato muito comum<br />
entre as pacientes, sentimentos que se caracterizam por <strong>de</strong>samparo, <strong>de</strong>sprezo a si<br />
2984
Trabalho 324<br />
própria, e o sentimento <strong>de</strong> inutili<strong>da</strong><strong>de</strong>. A paciente <strong>de</strong>primi<strong>da</strong> <strong>de</strong>ve ser incentiva<strong>da</strong> a<br />
expressar seus sentimentos, conversando, adotando sempre uma forma agradável <strong>de</strong><br />
dialogo e aos poucos assumir sua vi<strong>da</strong> na totali<strong>da</strong><strong>de</strong> (SPIER; FREEMAN, 1996).<br />
Mostra-se que a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> <strong>de</strong> uma mulher histerectomiza<strong>da</strong> po<strong>de</strong> estar<br />
relaciona<strong>da</strong> à ausência <strong>de</strong> dores e hemorragias, possibilitando à inserção na socie<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />
Para o casal, o conhecimento e os esclarecimentos <strong>de</strong> como a cirurgia é realiza<strong>da</strong> e os<br />
cui<strong>da</strong>dos no pré e pós – operatórios são essenciais para a paciente. (SBROGGIO,<br />
2005).<br />
Deixando claro para elas que, o procedimento cirúrgico terá inicio, meio e fim.<br />
Após a cirurgia <strong>de</strong> retira<strong>da</strong> do útero, a dor e o <strong>de</strong>sconforto abdominal estão<br />
presentes nos primeiros dias <strong>da</strong> paciente.<br />
Segundo Brunner e Sud<strong>da</strong>rth 2002), os analgésicos são administrados conforme<br />
prescrição médica, para aju<strong>da</strong>r a aliviar a dor e promover os movimentos e<br />
<strong>de</strong>ambulação, facilitando o retorno <strong>da</strong> peristalse normal.<br />
A equipe <strong>de</strong> enfermagem, tem papel muito importante no pós – operatório. A<br />
equipe <strong>de</strong>ve ter um conhecimento <strong>da</strong>s reações in<strong>de</strong>sejáveis que afetam a paciente. Isso<br />
proporciona um gran<strong>de</strong> planejamento voltado para a melhoria <strong>de</strong> todos os sintomas<br />
presentes.<br />
De fato, os efeitos <strong>da</strong> histerectomia na vi<strong>da</strong> <strong>da</strong> mulher e mais especificamente na<br />
<strong>sexual</strong>i<strong>da</strong><strong>de</strong> feminina, são complexos e <strong>de</strong>correntes <strong>da</strong> interação <strong>de</strong> fatores físicos,<br />
psicológicos, sociais, culturais, religiosos e educacionais que interferem na visão que a<br />
mulher tem do útero e <strong>de</strong> si mesma. Remover o útero po<strong>de</strong> significar per<strong>de</strong>r um pe<strong>da</strong>ço<br />
importante <strong>de</strong> si, pois este sempre esteve associado com o po<strong>de</strong>r <strong>da</strong> criação, órgão<br />
<strong>sexual</strong>, fonte <strong>de</strong> prazer, o que implica uma imagem negativa <strong>de</strong> si como percepção ruim<br />
<strong>da</strong> auto – imagem, per<strong>da</strong> <strong>da</strong> inutili<strong>da</strong><strong>de</strong> e <strong>da</strong> vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> viver, diminuição <strong>da</strong> libido,<br />
<strong>de</strong>pressão, culpa, raiva, vergonha e <strong>de</strong>sarmonia na relação com o parceiro (VARGENS;<br />
CALIRI, 2000).<br />
Evi<strong>de</strong>ncia-se a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> se atuar junto a <strong>mulheres</strong> nessa condição para<br />
que tais mitos sejam confrontados com as informações cientificas, <strong>de</strong> maneira que lhes<br />
seja permitido vivenciar a cirurgia e o pós – operatório do modo menos inquietante e<br />
mais satisfatório (SBROGGIO, 2005).<br />
2985
Trabalho 324<br />
Os medos <strong>de</strong> uma mulher histerectomiza<strong>da</strong> são muitos; a parte psicológica é a<br />
principal a ser “trata<strong>da</strong>”. O parceiro tem sempre que estar presente nas consultas<br />
ginecológicas para saber como li<strong>da</strong>r com a “mulher” pós opera<strong>da</strong>. Saber <strong>de</strong> to<strong>da</strong>s as<br />
suas restrições e coisas que <strong>de</strong>verá <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> fazer por um certo tempo. Só assim, após<br />
a cirurgia e o pós – operatório, eles possam viver a vi<strong>da</strong> normalmente como era feita<br />
antes.<br />
Apenas os diálogos no pré e pós – operatórios serão suficientes e representam<br />
uma aju<strong>da</strong> efetiva para explorar e conhecer a linguagem do corpo, po<strong>de</strong> aju<strong>da</strong>r na união<br />
do casal, falar abertamente sobre ca<strong>da</strong> dúvi<strong>da</strong> e incerteza quanto essa fase que po<strong>de</strong><br />
fazer com que fortaleça a união do casal, e além disso, incluir filhos, amigos, parentes,<br />
enfim tudo e todos que recoloquem a mulher na sua família, socie<strong>da</strong><strong>de</strong> e acima <strong>de</strong> tudo<br />
que faça se sentir ama<strong>da</strong>, <strong>de</strong>seja<strong>da</strong> e cura<strong>da</strong>, para viver novamente tudo o que a vi<strong>da</strong><br />
lhe reservou (MONTORO, 2006).<br />
2986
Trabalho 324<br />
RESULTADOS E ANÁLISE DOS DADOS COLETADOS<br />
A amostra do estudo foi composta por 17 <strong>mulheres</strong> que foram submeti<strong>da</strong>s à<br />
histerectomia. O estado civil predominante foi <strong>de</strong> casa<strong>da</strong> referido por 64,7% <strong>da</strong>s<br />
entrevista<strong>da</strong>s; a faixa etária compreen<strong>de</strong>u <strong>de</strong> 25 a 62 anos <strong>de</strong> i<strong>da</strong><strong>de</strong>; 94,1% eram <strong>da</strong><br />
etnia branca e 5,9% par<strong>da</strong>; 100% <strong>da</strong>s <strong>mulheres</strong> eram católicas; 64,8% possuem ensino<br />
médio completo e 35,2% o ensino superior completo (Tabela 1).<br />
Com relação aos antece<strong>de</strong>ntes obstétricos 5 (29,4%) são núliparas; 3 (17,6%)<br />
primigestas, 6 (35,4%) secundigesta, 2 (11,7%) tercigesta e 01 (5,9%) multigesta. Além<br />
disso, apenas 01 mulher entrevista<strong>da</strong> relatou ter história <strong>de</strong> abortamento.<br />
Tabela 01 – Distribuição <strong>da</strong>s variáveis sociais <strong>da</strong>s <strong>mulheres</strong> histerectomiza<strong>da</strong>s<br />
entrevista<strong>da</strong>s no município <strong>de</strong> Itapira, SP, 2009.<br />
Variáveis Sociais N Porcentagem (%)<br />
Estado Civil<br />
Casa<strong>da</strong> 11 64,70%<br />
Separa<strong>da</strong> 1 5,80%<br />
Solteira 3 17,60%<br />
Viúva 2 11,90%<br />
I<strong>da</strong><strong>de</strong> (anos)<br />
25 a 30 2 11,70%<br />
31 a 35 1 5,80%<br />
36 a 40 3 17,60%<br />
41 a 45 4 23,50%<br />
46 a 50 4 23,50%<br />
51 e mais 3 17,90%<br />
Etnia<br />
Branca 16 94,10%<br />
Par<strong>da</strong> 1 5,90%<br />
Religião<br />
Catolica 17 100%<br />
Escolari<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
Ensino médio completo 11 64,80%<br />
Superior completo 6 35,20%<br />
Número <strong>de</strong> filhos<br />
Zero 5 29,40%<br />
Um 3 17,60%<br />
Dois 6 35,40%<br />
Três 2 11,70%<br />
Quatro 1 5,90%<br />
Número <strong>de</strong> abortos<br />
Zero 16 94,20%<br />
Um 1 5,80%<br />
Fonte: questionário aplicado, 2009<br />
2987
Trabalho 324<br />
Com relação aos motivos que levaram as <strong>mulheres</strong> entrevista<strong>da</strong>s a submeteremse<br />
a cirurgia <strong>de</strong> histerectomia, 53% ocorreram por ocasião <strong>de</strong> mioma uterino; 17,7% por<br />
hemorragia; 5,8% repectivamente por endometriose e câncer maligno e 17,7% por<br />
outros motivos (Gráfico 01).<br />
De acordo com Cézar (2008) os cânceres malignos como: mioma e outras<br />
intercorrências como hemorragia, endometriose e prolapso uterino são indicações para<br />
a histerectomia<br />
Gráfico 01 – Distribuição <strong>da</strong>s causas que levaram as <strong>mulheres</strong> a submeterem-se a<br />
histerectomia no município <strong>de</strong> Itapira, SP, 2009.<br />
17,7%<br />
5,8%<br />
5,8%<br />
17,7%<br />
cancer<br />
endometriose<br />
miomoas<br />
hemorragias<br />
outros<br />
53%<br />
Fonte: questionário aplicado, 2009<br />
Segundo Bergamo (2009), a maioria <strong>da</strong>s meninas eram surpreendi<strong>da</strong>s com<br />
relação a primeira menarca, <strong>de</strong>vido a falta <strong>de</strong> informação, discussão do assunto <strong>da</strong>s<br />
escolas e falta <strong>de</strong> orientação dos pais. Já nos dias atuais, as adolescentes sabem o que<br />
é menstruação e os principais sintomas para ela aparecer.<br />
Seus sintomas costumam aparecer dois anos antes <strong>da</strong> menstruação, como: o<br />
corpo ganha formas arredon<strong>da</strong><strong>da</strong>s, as mamas ficam volumosas e os pêlos pubianos<br />
começam a aparecer.<br />
“Hoje é normal uma menina <strong>de</strong> 8 anos ter seios e menstruar com 9 ou 10 anos”<br />
(BERGAMO, 2009).<br />
2988
Trabalho 324<br />
Quanto à faixa etária em que as entrevista<strong>da</strong>s tiveram a menarca, ou seja, a<br />
primeira menstruação, em média ocorreu aos 13 anos <strong>de</strong> i<strong>da</strong><strong>de</strong> e veio acompanha<strong>da</strong><br />
por satisfação, ansie<strong>da</strong><strong>de</strong> e dúvi<strong>da</strong>s dos sintomas físicos (Gráfico 02).<br />
Gráfico 02 – Distribuição <strong>da</strong> faixa etária <strong>da</strong> menarca <strong>da</strong>s <strong>mulheres</strong> entrevista<strong>da</strong>s<br />
no município <strong>de</strong> Itapira, SP, 2009.<br />
35,2%<br />
11,7%<br />
5,9% 5,9%<br />
17,7%<br />
23,6%<br />
10 anos<br />
11 anos<br />
12 anos<br />
13 anos<br />
14 anos<br />
16 anos<br />
Fonte: questionário aplicado, 2009.<br />
Já com relação à primeira relação <strong>sexual</strong> ou coitarca a faixa etária foi mais<br />
abrangente, com média <strong>de</strong> 18 anos <strong>de</strong> i<strong>da</strong><strong>de</strong>, porém compreen<strong>de</strong>ndo entre 15 a 27<br />
anos. As entrevista<strong>da</strong>s referiram sentimentos <strong>de</strong> medo e ansie<strong>da</strong><strong>de</strong> frente à primeira<br />
relação <strong>sexual</strong>.<br />
Quando questiona<strong>da</strong>s sobre o sentimento referente à realização <strong>da</strong> cirurgia 12 (70,5%)<br />
<strong>da</strong>s entrevista<strong>da</strong>s afirmaram ter visualizado o procedimento como necessário para a<br />
preservação <strong>da</strong> saú<strong>de</strong>; 03 (17,6%) enxergavam a cirurgia como uma forma <strong>de</strong> se livrar<br />
<strong>de</strong> um incômodo; 02 (11,7%) referiram ter medo <strong>de</strong> morrer por ocasião <strong>da</strong> anestesia.<br />
Um elemento que po<strong>de</strong> <strong>de</strong>spertar medo nas pacientes, é a anestesia: ao mesmo<br />
tempo que evita a dor, impe<strong>de</strong> o exercício <strong>de</strong> controle sobre o corpo. O medo <strong>de</strong> que<br />
aconteça alguma coisa <strong>de</strong> errado no momento <strong>da</strong> cirurgia é mantido pelo fato <strong>de</strong> que o<br />
paciente estará sob o efeito <strong>da</strong> anestesia (FIGHERA; VIERO, 2005).<br />
2989
Trabalho 324<br />
Chama a atenção que a cirurgia <strong>de</strong> histerectomia muitas vezes insista no<br />
<strong>de</strong>sconforto emocional. Segundo Lima, Ribeiro e Carvalho (2005), os medos <strong>da</strong>s<br />
<strong>mulheres</strong> histerectomiza<strong>da</strong>s são muitos, medo <strong>de</strong> per<strong>de</strong>r o parceiro; <strong>de</strong> ele não ter mais<br />
a vonta<strong>de</strong> <strong>sexual</strong> como antes; medo <strong>de</strong> o parceiro sentir um buraco <strong>de</strong>ntro <strong>da</strong> mulher,<br />
ou até mesmo se ela sentirá inváli<strong>da</strong>.<br />
No entanto, 88,2% <strong>da</strong>s entrevista<strong>da</strong>s não receberam qualquer orientação ou<br />
apoio psicológico anteriormente a cirurgia.<br />
Apesar <strong>da</strong> reduzi<strong>da</strong> parcela <strong>de</strong> <strong>mulheres</strong> citarem falta <strong>de</strong> orientação psicológica<br />
no que se refere às orientações sobre o procedimento cirúrgico, 2/3 <strong>da</strong>s entrevista<strong>da</strong>s<br />
receberam informações.<br />
As entrevista<strong>da</strong>s foram questiona<strong>da</strong>s quanto ao relacionamento <strong>sexual</strong> antes e<br />
<strong>de</strong>pois <strong>da</strong> cirurgia e chama a atenção que anteriormente acontecia com indiferença e<br />
após o procedimento houve motivação (Gráfico 03 e 04).<br />
Segundo Sbroggio, Giroldi e Gonçalves (2005), os sentimentos citados são<br />
<strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ados pelo fato <strong>de</strong> que as <strong>mulheres</strong> acreditam que a <strong>sexual</strong>i<strong>da</strong><strong>de</strong> é um dos<br />
pilares para a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> e conjugal, possibilitando disfunção <strong>sexual</strong> e até<br />
mesmo a baixa auto-estima.<br />
Gráfico 03 – Distribuição do sentimento <strong>sexual</strong> antes <strong>da</strong> cirurgia referido pelas<br />
entrevista<strong>da</strong>s no município <strong>de</strong> Itapira, SP, 2009.<br />
60,00%<br />
40,00%<br />
20,00%<br />
0,00%<br />
5,9%<br />
Anciosa<br />
23,5%<br />
Motiva<strong>da</strong><br />
47%<br />
Indiferente<br />
5,9% 17,7%<br />
Temerosa<br />
Outros<br />
Fonte: questionário aplicado, 2009.<br />
2990
Trabalho 324<br />
Gráfico 04 – Distribuição do sentimento <strong>sexual</strong> <strong>de</strong>pois <strong>da</strong> cirurgia referido pelas<br />
entrevista<strong>da</strong>s no município <strong>de</strong> Itapira, SP, 2009.<br />
50%<br />
47%<br />
29,5%<br />
0%<br />
0%<br />
Anciosa<br />
Motiva<strong>da</strong><br />
Indiferente<br />
5,9%<br />
Temerosa<br />
17,6%<br />
Outros<br />
Fonte: questionário aplicado, 2009.<br />
No entanto, quanto ao prazer <strong>sexual</strong> antes e <strong>de</strong>pois <strong>da</strong> cirurgia, não houve<br />
modificação expressiva relata<strong>da</strong> pelas <strong>mulheres</strong> entrevista<strong>da</strong>s (Gráfico 05 e 06).<br />
Após a retira<strong>da</strong> do útero, recomen<strong>da</strong>-se abstinência <strong>sexual</strong> por no mínimo 60<br />
dias. Após isso, vi<strong>da</strong> <strong>sexual</strong> normal. Evi<strong>de</strong>ntemente a mulher ficará um pouco insegura<br />
ao iniciar suas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s sexuais, mas isso logo passa e tudo fica bem. Alias, melhor<br />
que antes, sem menstruação (CÉZAR, 2008).<br />
Gráfico 05 – Distribuição do prazer <strong>sexual</strong> antes <strong>da</strong> cirurgia referido pelas<br />
entrevista<strong>da</strong>s no município <strong>de</strong> Itapira, SP, 2009.<br />
50,00%<br />
41,2% 47%<br />
11,8%<br />
0,00%<br />
Bom<br />
Excelente<br />
Médio<br />
0<br />
%<br />
Não sentia<br />
prazer<br />
0%<br />
Outros<br />
Fonte: questionário aplicado, 2009.<br />
2991
Trabalho 324<br />
Gráfico 06 – Distribuição do prazer <strong>sexual</strong> <strong>de</strong>pois <strong>da</strong> cirurgia referido pelas<br />
entrevista<strong>da</strong>s no município <strong>de</strong> Itapira, SP, 2009.<br />
50,00%<br />
35,3% 47%<br />
0,00%<br />
Bom<br />
Excelente<br />
5,9%<br />
Médio<br />
0<br />
%<br />
Não sentia<br />
prazer<br />
11,8%<br />
Outros<br />
Fonte: questionário aplicado, 2009.<br />
O mesmo padrão foi encontrado quando as entrevista<strong>da</strong>s foram questiona<strong>da</strong>s<br />
quanto ao relacionamento com o parceiro antes e <strong>de</strong>pois <strong>da</strong> cirurgia, ou seja, não<br />
houve modificação expressiva (Gráfico 07 e 08).<br />
Gráfico 07 – Distribuição do relacionamento com o parceiro antes <strong>da</strong> cirurgia<br />
referido pelas entrevista<strong>da</strong>s no município <strong>de</strong> Itapira, SP, 2009.<br />
100,00%<br />
64,8%<br />
50,00%<br />
0,00%<br />
Bem<br />
11,8%<br />
Indiferente<br />
5,8% 11,8% 5,8%<br />
Mal<br />
Muito bem<br />
Outros<br />
Fonte: questionário aplicado, 2009.<br />
2992
Trabalho 324<br />
Gráfico 08 – Distribuição do relacionamento com o parceiro <strong>de</strong>pois <strong>da</strong> cirurgia<br />
referido pelas entrevista<strong>da</strong>s no município <strong>de</strong> Itapira, SP, 2009.<br />
100,00%<br />
50,00%<br />
52,9%<br />
35,3,%<br />
0,00%<br />
Bem<br />
0% 0%<br />
Indiferente<br />
Mal<br />
Muito bem<br />
11,8%<br />
Outros<br />
Fonte: questionário aplicado, 2009.<br />
Foi questionado sobre a importância do útero para as entrevista<strong>da</strong>s, seguindo alguns<br />
<strong>de</strong>poimentos:<br />
“Só serve para gerar filhos”.<br />
Entrevista<strong>da</strong> 2<br />
“A partir do momento em que ficou doente, ele não serve pra mais na<strong>da</strong>”.<br />
Entrevista<strong>da</strong> 4<br />
“É um órgão capaz <strong>de</strong> nos ligar a materni<strong>da</strong><strong>de</strong>, portanto <strong>da</strong>r sentido a vi<strong>da</strong>”.<br />
Entrevista<strong>da</strong> 10<br />
2993
Trabalho 324<br />
CAPÍTULO 5<br />
CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />
A cirurgia <strong>de</strong> histerectomia, para algumas <strong>da</strong>s <strong>mulheres</strong> entrevista<strong>da</strong>s, causam<br />
certo <strong>de</strong>sconforto psicológico, social, cultural, religioso e educacional, interferindo na<br />
visão que a mulher tem do útero e <strong>de</strong> si mesmo. Remover o útero po<strong>de</strong> significar per<strong>de</strong>r<br />
um pe<strong>da</strong>ço importante <strong>de</strong> si, pois este sempre esteve associado com o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong><br />
criação, órgão <strong>sexual</strong>, fonte <strong>de</strong> prazer, o que implica em uma percepção ruim <strong>da</strong> autoimagem,<br />
per<strong>da</strong> <strong>da</strong> feminili<strong>da</strong><strong>de</strong> e <strong>da</strong> vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> viver. Já para outras, é como se na<strong>da</strong><br />
estivesse acontecido, é como se o órgão permanecesse <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> si após a realização<br />
<strong>da</strong> cirurgia.<br />
Por outro lado, po<strong>de</strong> surgir a <strong>de</strong>scoberta <strong>de</strong> outros po<strong>de</strong>res e potenciali<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />
que po<strong>de</strong>m significar a liber<strong>da</strong><strong>de</strong>, o auto conhecimento e uma gran<strong>de</strong> fonte <strong>de</strong> energia e<br />
prazer <strong>sexual</strong>.<br />
A cirurgia realiza<strong>da</strong>, requer orientações para as entrevista<strong>da</strong>s, <strong>de</strong>ixando bem<br />
claro para as <strong>mulheres</strong> que elas não menstruaram mais no final <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> mês, ou seja,<br />
terá uma menopausa precoce. E em alguns casos, principalmente as <strong>mulheres</strong> que não<br />
tem filhos, <strong>de</strong>ixar claro <strong>de</strong> que isso não mais po<strong>de</strong>rá acontecer. No entanto, 88,2% <strong>da</strong>s<br />
entrevista<strong>da</strong>s, não receberam apoio psicológico anteriormente a cirurgia, enquanto que<br />
2/3 <strong>de</strong>las tiveram orientações sobre o procedimento a ser realizado.<br />
Então, o que po<strong>de</strong> mu<strong>da</strong>r na reali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> uma mulher é a forma como a mesma<br />
se percebe e passa a perceber após a cirurgia. Esse mu<strong>da</strong>nça é <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong><br />
crenças e valores que esta mulher possui, relacionados ao útero e ao gênero feminino.<br />
Um fator importante na realização <strong>da</strong> cirurgia é o apoio <strong>da</strong> família, principalmente<br />
do marido ou companheiro, o casal tem que estar ciente <strong>de</strong> tudo que po<strong>de</strong>rá acontecer<br />
antes, durante e após a realização <strong>da</strong> cirurgia, <strong>de</strong>ixando claro que o procedimento terá<br />
inicio, meio e final.<br />
Apenas os diálogos pré e pós operatórios suficientes representam uma aju<strong>da</strong><br />
efetiva para conhecer melhor a linguagem do corpo feminino.<br />
2994
Trabalho 324<br />
Durante o estudo e após as entrevistas com as <strong>mulheres</strong> histerectomiza<strong>da</strong>s, foi<br />
constatado que o útero é a principal fonte <strong>de</strong> reprodução humana e crescimento <strong>da</strong><br />
família, e claro a mulher junto ao útero, sente-se mais po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> feminili<strong>da</strong><strong>de</strong>. Mas em<br />
algumas <strong>da</strong>s entrevista<strong>da</strong>s acreditam-se que o útero é mesmo para a procriação, ou<br />
seja, sua única função é <strong>de</strong> gerar filhos e ficar doente.<br />
Após o estudo, foi contatado que algumas <strong>da</strong>s <strong>mulheres</strong> entrevista<strong>da</strong>s sentem-se<br />
melhores em relação ao ato <strong>sexual</strong>, pois, sem o útero não sentem mais dores no<br />
momento <strong>da</strong> relação, também a convivência com o parceiro melhora. Elas sentem-se<br />
mais motiva<strong>da</strong>s ao ato <strong>sexual</strong><br />
Dessa forma, a cirurgia po<strong>de</strong> assumir uma função positiva, com efeitos benéficos<br />
para a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> <strong>da</strong> mulher, ao mesmo tempo em que se buscar promover sua<br />
libertação <strong>da</strong> valorização pela condição reprodutora, rompendo os laços <strong>de</strong> atendimento<br />
à mulher com o mo<strong>de</strong>lo patriarcal dominante.<br />
2995
Trabalho 324<br />
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2998
Trabalho 324<br />
APÊNDICE<br />
2999
Trabalho 324<br />
7.1 APÊNDICE A - Q UE STI O N ÁR I O EL AB O R AD O PELO<br />
PESQUIS AD O R JAM AR I N O EM 2009 A S E R AP L ICAD O N OS<br />
S UJEITO S CO L AB O R AD O R E S DA PESQUIS A.<br />
Q uesti onário<br />
D . N.: __/__/__ ESTADO CIVIL: ___________ IDA DE : _______<br />
C O R: __________ RELIGIÃO: __________________________<br />
N ATURALIDADE : _____________________________________<br />
G RA U DE ESCOLARI DA DE: ____________________________<br />
C I DA DE: ____________________ ESTADO: _____________ __<br />
N Ú ME RO DE FILHOS: _____ NÚME RO DE ABORTOS: ______<br />
1. Por qual motivo foi indica do à cirurgia <strong>de</strong> Histere ctom ia a<br />
s enhora<br />
( ) Cânce r ( ) Do r Pélvica<br />
( ) Endometriose ( ) Hemorra gia<br />
( ) M iomas ( ) Pro lapso Uterino<br />
( ) Outros ______________ ___________________________<br />
2. Qual a importância do útero para vo cê<br />
_________________________________________________________<br />
_________________________________________________________<br />
_________________________________________________________<br />
_________________ ____________________<br />
3. Sua primeira menstruaçã o ocorreu aos _______ anos.<br />
Quais foram os sentimentos <strong>da</strong> primeira menstruação<br />
( ) Ansie<strong>da</strong><strong>de</strong> ( ) Irritabili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
( ) Medo ( ) Satisf ação<br />
( ) Sentimento <strong>de</strong> Doença ( ) Sin tomas f ís i co s<br />
( ) Outros ____ _____________________________________<br />
4. A s re laçõ es se xuais<br />
P r imeira rela ção <strong>sexual</strong> oco r reu aos ________ anos.<br />
O sentimento foi <strong>de</strong> :<br />
( ) Ansie<strong>da</strong><strong>de</strong> ( ) Do r<br />
( ) Medo ( ) Cu lpa<br />
( ) D if icu l<strong>da</strong><strong>de</strong> ( ) Sem pra ze r<br />
( ) Pra ze r ( ) Satisf ação<br />
( ) Sem Re ação ( ) Sin tomas F ísico s<br />
( ) Outros _________________________________________<br />
5. O que a senhora pensou sobre a cirurgia<br />
Sentimentos <strong>da</strong> cirurgia:<br />
3000
Trabalho 324<br />
( ) Medo <strong>de</strong> morrer por ca so <strong>da</strong> anestesia ;<br />
( ) Via a ciru r gia como necessá ria para pre se r vação <strong>da</strong> saú<strong>de</strong>;<br />
( ) Via a ciru r gia como uma forma <strong>de</strong> se livra r <strong>de</strong> um in comodo;<br />
( ) Via a ciru r gia como uma per<strong>da</strong> irrepará vel;<br />
( ) Outros _________________________________________<br />
6. A senhora recebeu alguma orie ntação psico ló gica antes <strong>da</strong><br />
r ealiza ção <strong>da</strong> cirurgia<br />
( ) Sim ( ) Não<br />
E specif i qu e<br />
_______________________________________________________<br />
_______________________________________________________<br />
_____________________________________<br />
7. Foi realizado orientações sobre o procedimento cirúrgico <strong>de</strong> retira<strong>da</strong> <strong>de</strong> útero<br />
( ) Sim ( ) Não<br />
Especifique<br />
______________________________________________________________________<br />
______________________________________________________________________<br />
_________________________________________________<br />
8. O que a senhora pensa hoje sobre a cirurgia<br />
( ) Foi melhor para a saú<strong>de</strong>;<br />
( ) Foi melhor no sentido <strong>de</strong> se livrar <strong>de</strong> um incomodo;<br />
( ) Sente que per<strong>de</strong>u algo importante;<br />
( ) Outros _______________________________________________________<br />
9. Quanto ao relacionamento <strong>sexual</strong>, como a senhora sentia-se antes <strong>da</strong> cirurgia<br />
em relação ao ato <strong>sexual</strong><br />
( ) Ansiosa ( ) Motiva<strong>da</strong> ( ) Indiferente ( ) Temerosa<br />
( ) Outros ____________________________________________________<br />
Como a senhora se sente hoje (agora) em relação ao ato <strong>sexual</strong><br />
( ) Ansiosa ( ) Motiva<strong>da</strong> ( ) Indiferente ( ) Temerosa<br />
( ) Outros ____________________________________________________<br />
10. Em relação ao prazer na relação <strong>sexual</strong>, como era antes <strong>da</strong> cirurgia<br />
( ) Bom ( ) Excelente ( ) Médio ( ) Não sentia prazer<br />
( ) Outros ____________________________________________________<br />
3001
Trabalho 324<br />
Como é atualmente<br />
( ) Bom ( ) Excelente ( ) Médio ( ) Não sentia prazer<br />
( ) Outros ____________________________________________________<br />
11. No relacionamento com o parceiro;<br />
Como se sentia antes <strong>da</strong> cirurgia<br />
( ) Bem ( ) Indiferente ( ) Mal ( ) Muito Bem<br />
( ) Outros ____________________________________________________<br />
Como se sente hoje<br />
( ) Bem ( ) Indiferente ( ) Mal ( ) Muito bem<br />
( ) Outros ____________________________________________________<br />
3002
Trabalho 324<br />
ANEXOS<br />
3003
Trabalho 324<br />
8.1 ANEXO A:<br />
FOLHA DE ROSTO PARA PESQUISA ENVOLVENDO SERES HUMANOS<br />
1.Projeto <strong>de</strong> Pesquisa:<br />
2. Área do Conhecimento (Ver relação no verso) 3. Código: 4. Nível: (Só áreas do conhecimento 2 a 4)<br />
5.Área(s) Temática(s) Especial (s) 6. Código(s): 7. Fase: (Só área temática 3)<br />
I ( ) II ( ) III ( ) IV ( )<br />
8. Unitermos: (3)<br />
SUJEITOS DA PESQUISA<br />
9. Número <strong>de</strong> sujeitos na<br />
pesquisa<br />
10. Grupos Especiais:
Trabalho 324<br />
52. Relatório(s) do Pesquisador responsável previsto(s) para:<br />
Data: _____/_____/_____<br />
Data: _____/_____/______<br />
53. Assinatura dos membros do CEPex:<br />
_________________________________ ________________________________ __________________________<br />
Profa. M.Sc. Mag<strong>da</strong> Cristina Zanforlin Ina<strong>da</strong> Profa. M.Sc. Cristina Porto Pinheiro Filiponi Profa. M.Sc. Margarete Del Bianchi<br />
Vice-presi<strong>de</strong>nte Secretária Presi<strong>de</strong>nte<br />
3005
Trabalho 324<br />
8.2 ANEXO B:<br />
FORMULÁRIO DE ENCAMINHAMENTO PARA PESQUISA COM SERES HUMANOS<br />
ÁREA NÃO MÉDICA<br />
USO EXCLUSIVO DO CEPex<br />
Protocolo Nº:____/____ Protocolo CPE Nº ____/___Recebido Em: ____/____/____<br />
TITULO DO PROJETO:<br />
Nome Completo do Pesquisador<br />
Responsável<br />
Tel. Do Pesquisador<br />
E-Mail do Pesquisador<br />
Tel./Ramal Interno no UNIPINHAL<br />
Nome eTelefone dos Outros<br />
Pesquisadores<br />
Nome Completo do Orientador<br />
Patrocinador (Se Houver):<br />
Assinatura do Pesquisador:<br />
Nome do Médico<br />
Responsável<br />
CRM<br />
Curso<br />
Assinatura do Presi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong><br />
CIPE do Curso:<br />
Assinatura <strong>da</strong> Coor<strong>de</strong>nação <strong>da</strong> CPE<br />
3006
Trabalho 324<br />
Assinatura <strong>da</strong> Presidência do CEPex<br />
Data:<br />
3007
Trabalho 324<br />
8.3 ANEXO C:<br />
MODELO<br />
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE)<br />
__________________Nome do Voluntário ou Responsável Legal , brasileiro (a),<br />
estado civil, portador do documento <strong>de</strong> i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
, SSP- ____, resi<strong>de</strong>nte à<br />
Rua (Av). _____________________________, nº ______, Bairro ________, na ci<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> _______________________, Estado , <strong>de</strong>claro ter sido suficientemente informado a<br />
respeito dos objetivos e procedimentos <strong>da</strong> pesquisa<br />
(nome <strong>da</strong> pesquisa)<br />
, <strong>de</strong> responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> do (a) Prof (a)______________________.<br />
Estou ciente dos <strong>de</strong>sconfortos e riscos, <strong>de</strong>ste trabalho, assim como <strong>da</strong>s garantias <strong>de</strong><br />
confi<strong>de</strong>nciali<strong>da</strong><strong>de</strong> e <strong>de</strong> esclarecimentos permanentes. Minha participação é isenta <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>spesas. Concordo voluntariamente em participar <strong>de</strong>ste estudo e po<strong>de</strong>rei retirar o meu<br />
consentimento a qualquer momento, antes ou durante o mesmo, sem penali<strong>da</strong><strong>de</strong>s ou<br />
prejuízo ou per<strong>da</strong> <strong>de</strong> qualquer benefício que eu possa ter adquirido, ou no meu<br />
atendimento neste Serviço.<br />
Assinatura do voluntário/representante legal Data / /<br />
_____________________________________<br />
Assinatura <strong>da</strong> testemunha Data / /<br />
RG - _________________________________<br />
(Somente para o responsável do projeto)<br />
Declaro que obtive <strong>de</strong> forma apropria<strong>da</strong> e voluntária o Consentimento Livre e<br />
Esclarecido <strong>de</strong>ste voluntário ou representante legal para a participação neste estudo.<br />
Assinatura do responsável pelo estudo Data / /<br />
3008
Trabalho 324<br />
8.4 ANEXO D:<br />
TERMO DE CIÊNCIA DOS ESCLARECIEMTNOS FORNECIDOS PELO<br />
CEPex<br />
____________Nome do pesquisador responsável__________, responsável pela<br />
pesquisa: ______nome <strong>da</strong> pesquisa________, <strong>de</strong>claro estar ciente <strong>de</strong> todos os<br />
esclarecimentos fornecidos pelo CEPex, na área <strong>de</strong> Pesquisa com Seres Humanos;<br />
não po<strong>de</strong>ndo <strong>de</strong>clarar <strong>de</strong>sconhecimento em caso <strong>de</strong> intervenção <strong>de</strong>ste Comitê no<br />
an<strong>da</strong>mento <strong>de</strong>sta pesquisa, por mim e meus colaboradores (se houver), realiza<strong>da</strong>.<br />
Espírito Santo do Pinhal, _______ <strong>de</strong> _______________ <strong>de</strong> 200__.<br />
__________________________________<br />
Assinatura<br />
3009
Trabalho 324<br />
8.5 ANEXO E<br />
3010