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A Continuidade do Cuidado à mulher e recém-nascido após o parto ...

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“A <strong>Continuidade</strong> <strong>do</strong> Cuida<strong>do</strong> à <strong>mulher</strong> e recém-nasci<strong>do</strong> após o <strong>parto</strong> e nascimento,<br />

perspectivas para um cuida<strong>do</strong> integra<strong>do</strong>r e automizante”<br />

Raquel N. Tamez 1<br />

Muitos hospitais promovem o vinculo materno desde o pré natal, com um processo de <strong>parto</strong><br />

humaniza<strong>do</strong> e alojamento conjunto, mãe e filho ficam inseparáveis, fortifican<strong>do</strong> o desenvolvimento<br />

de um processo afetivo saudável, e facilitan<strong>do</strong> a formação de um cuida<strong>do</strong> integra<strong>do</strong>r e<br />

automizante. Mas quan<strong>do</strong> nos deparamos com a gravidez e o <strong>parto</strong> de alto risco, existe um<br />

desafio muito maior na promoção <strong>do</strong> cuida<strong>do</strong> integra<strong>do</strong>r e automizante.<br />

Budin 1 , um <strong>do</strong>s primeiros perinatologistas, em 1907 já fazia havia observa<strong>do</strong> que as mães<br />

quan<strong>do</strong> separadas <strong>do</strong>s seus recém nasci<strong>do</strong>s logo após o <strong>parto</strong>, perdiam interesse em cuidar e<br />

nutrir de seus filhos. No ano 1900, com a taxa de mortalidade e morbidade neonatal elevadas,<br />

principalmente causada por infecção hospitalar, foi desenvolvi<strong>do</strong> o regime de isolamento, não<br />

sen<strong>do</strong> permiti<strong>do</strong> nem aos pais visitarem ou permanecer com os filhos recém nasci<strong>do</strong>s de risco.<br />

Alguns autores 2 mencionam que existe um perío<strong>do</strong> crítico entre as primeiras horas e dias após o<br />

<strong>parto</strong>, onde ocorre o desenvolvimento <strong>do</strong> apego entre a mãe e seu filho, e quan<strong>do</strong> ocorre uma<br />

falha neste processo pode haver conseqüências no futuro desenvolvimento da relação entre esta<br />

mãe e seu filho, inclusive aumentan<strong>do</strong> a falência de crescimento e abuso físico como<br />

espancamento infantil 3 . Os autores Klaus e Fanaroff 4 referem-se a necessidade que temos de<br />

cuidar não somente <strong>do</strong> recém nasci<strong>do</strong> de alto risco mas também <strong>do</strong>s pais.Atualmente houve um<br />

progresso significativo na promoção <strong>do</strong> desenvolvimento <strong>do</strong> vínculo entre mãe e recém nasci<strong>do</strong><br />

nos berçários de alto risco ou UTI neonatais.<br />

1 Raquel N. Tamez - Enfermeira Especialista Enfermagem Médico-Cirurgica<br />

Enfermeira Assistencial e Coordena<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> Programa de Aleitamento Materno, UTI Neonatal, Henry Medical Center<br />

- 85 Dogwood Trail Drive Stockbridge, Georgia 30281 USA -Rtamez10@gmail.com


Promoção para um cuida<strong>do</strong> integra<strong>do</strong>r e automizante na UTI neonatal ou berçário de alto<br />

risco 5<br />

Este processo inicia-se já no pré-natal até após a alta hospitalar, com o seguimento sistematiza<strong>do</strong><br />

desta mãe e seu filho.<br />

As seguintes intervenções colaboram para otimizar um vínculo materno mais efetivo entre a mãe<br />

e seu recém nasci<strong>do</strong> de alto risco<br />

Consulta ante-<strong>parto</strong> 4,7<br />

O neonatologista deverá discutir com a gestante de alto risco, fazen<strong>do</strong> um apanha<strong>do</strong> geral no<br />

caso específico, das complicações envolvidas, taxa de mortalidade e morbidade neonatal,<br />

duração <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> de internação, limitações da participação materna no início devi<strong>do</strong> a<br />

instabilidade <strong>do</strong> neonato, enfatizar a importância da presença materna quan<strong>do</strong> for possível,<br />

educar a mãe nos benefícios <strong>do</strong> leite materno para este neonato enfermo.<br />

Após o Nascimento<br />

Mostrar o recém nasci<strong>do</strong> para a mãe antes de levá-lo para a UTI neonatal ou berçário de alto<br />

risco.<br />

Na UTI Neonatal 4,5,6,8<br />

A experiência de ter um filho na UTI neonatal é um evento inespera<strong>do</strong> e traumático, me<strong>do</strong> de se<br />

apegar e perder o filho, ambiente estranho e desconheci<strong>do</strong>, senso de culpa, sen<strong>do</strong> de impotência<br />

em ajudar na recuperação <strong>do</strong> filho. Portanto as intervenções que deverão ser desenvolvidas<br />

deverão reconhecer este processo emocional <strong>do</strong>s pais, integran<strong>do</strong>-os nos cuida<strong>do</strong>s <strong>do</strong> dia a dia,<br />

promoven<strong>do</strong> a aproximação, autonomia e competência no cuida<strong>do</strong> <strong>do</strong> filho.


No caso <strong>do</strong>s neonatos prematuros este aprendiza<strong>do</strong> também envolve ensinar os pais quanto ao<br />

desenvolvimento neuro-psicomotor <strong>do</strong> prematuro e como responder as suas necessidades, e<br />

aprender sua linguagem, como sinais de estresse, <strong>do</strong>r, entre outros.<br />

Promover o Cuida<strong>do</strong> Canguru etapa I, assim que o neonato esteja estável<br />

A mãe deverá iniciar a ordenha <strong>do</strong> leite materno assim que esteja estável, e dar preferência para<br />

fazê-lo ao la<strong>do</strong> da cabeceira <strong>do</strong> neonato, o que ajuda a promover maior produção <strong>do</strong> leite<br />

materno.<br />

Promover a auto-estima <strong>do</strong>s pais<br />

Oferecer privacidade durante o perío<strong>do</strong> que os pais passam com o filho na UTI neonatal<br />

Manter os pais informa<strong>do</strong>s <strong>do</strong> progresso <strong>do</strong> filho, complicações que surgem ou surgirão no futuro<br />

e tratamentos em progresso ou que serão inicia<strong>do</strong>s.<br />

Criar grupo de apoio aos pais na UTI neonatal<br />

Clinica de seguimento multidisciplinar após a alta hospitalar<br />

É possível promover o vinculo afetivo entre a mãe e seu filho precocemente na UTI neonatal<br />

através das intervenções mencionadas. O papel da enfermagem é fundamental nesta tarefa.<br />

Sen<strong>do</strong> importante o treinamento da equipe para que possa englobar entre suas atribuições e<br />

rotinas diárias <strong>do</strong> cuida<strong>do</strong> de enfermagem, também a tarefa de ajudar a desenvolver o vínculo<br />

materno precocemente, promoven<strong>do</strong> assim um cuida<strong>do</strong> mais integra<strong>do</strong>r e automizante.


Referências<br />

1. Budin, P The Nursling. Lon<strong>do</strong>n:Caxton Publishing Co., 1907<br />

2. Kennel,J., Trause, M. and Klaus,M: Evidence for a sensitive period in the human<br />

mother. In Parent-infant interaction. Ciba Foundation Symposion 33 (new series).<br />

Amsterdan: Elsevier Publishing CO., 1975<br />

3. Klaus,M. ,Jerauld,R., Lreger, N., et al Maternal Attachment:Importance of the first<br />

post-partum days. N Engl J Med,286:460, 1972.<br />

4. Tamez,RN. Intervenções no Cuida<strong>do</strong> Neuropsicomoter <strong>do</strong> Prematuro, Rio de<br />

Janeiro:Editora Guanabara Koogan/GEN.,2009.<br />

5. Klaus,M, Fanaroff,AA. Care of the High-Risk Neonate,Philadelphia:WB Saunders<br />

CO., 146-172 p., 1979.<br />

6. Dare,S. et al Humanização e abordagem desenvolvimdentalista nos cuida<strong>do</strong>s ao<br />

recém-nasci<strong>do</strong> de muito baixo peso.In Costa, HPF, Marba,ST. O recém nasci<strong>do</strong>-de Muito<br />

Baixo Peso, Rio de Janeiro: Editora Atheneu, p.85-102, 2003.<br />

7. Halamak, LP The advantages of prenatal counseling by a neonatologist. Journal of<br />

Perinatology, 2001;21(2):116-20.<br />

8. Woodwell, WH Perspectives on parenting in the NICU. Advances in Neonatal Care,<br />

2002; 2(3):161-69.

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