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LEITE, Emeli Marques Costa. Os papéis do intérprete de libras na ...

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justificar a que tipo <strong>de</strong> neutralida<strong>de</strong> está se referin<strong>do</strong>. San<strong>de</strong>r parece<br />

contraditório ao dizer que, “[e]mbora não exista neutralida<strong>de</strong> total”, ela <strong>de</strong>ve<br />

estar presente “[e]m suas atuações, atitu<strong>de</strong>s corporais e ento<strong>na</strong>ção <strong>de</strong> voz<br />

<strong>do</strong> <strong>intérprete</strong>”. É Roy (2000) quem esclarece muito bem essa visão <strong>do</strong><br />

<strong>intérprete</strong>, dizen<strong>do</strong> existir uma tendência, da parte <strong>de</strong>les, em criar metáforas<br />

para i<strong>de</strong>alizar um comportamento conversacio<strong>na</strong>l, mesmo quan<strong>do</strong> suas<br />

práticas violam as noções que eles mesmos têm sobre esse comportamento<br />

e suas expectativas referentes à condução <strong>de</strong> uma conversa durante a<br />

transmissão <strong>de</strong> mensagens. (cf. 2000:103). Wa<strong>de</strong>nsjö (1998), ao tratar<br />

<strong>de</strong>sse tema, diz que a “[n]eutralida<strong>de</strong> é uma noção relacio<strong>na</strong>da a um<br />

<strong>de</strong>termi<strong>na</strong><strong>do</strong> relato da fala <strong>de</strong> outros, e po<strong>de</strong> <strong>de</strong>stacar-se como parcial ou<br />

não, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> <strong>de</strong> como a fala é entendida” (cf.1998:284). Wa<strong>de</strong>nsjö<br />

(1998) e Metzger (1999a) discutem a questão <strong>de</strong> que nem sempre as<br />

crenças <strong>do</strong>s <strong>intérprete</strong>s sobre seu trabalho, correspon<strong>de</strong>m à realida<strong>de</strong> da<br />

interpretação.<br />

Em conversas informais, <strong>na</strong>s discussões em palestras, seminários, ou<br />

durante aulas em cursos realiza<strong>do</strong>s pelo Brasil, esta pesquisa<strong>do</strong>ra tem<br />

observa<strong>do</strong>, através <strong>do</strong>s diversos discursos <strong>de</strong> pessoas que têm<br />

<strong>de</strong>sempenha<strong>do</strong> a função <strong>de</strong> <strong>intérprete</strong> <strong>de</strong> Libras, que elas, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com<br />

suas crenças, <strong>de</strong>monstram enten<strong>de</strong>r como sen<strong>do</strong> características próprias <strong>de</strong><br />

sua função, ser: um elemento neutro <strong>na</strong> interação, invisível e imparcial<br />

quan<strong>do</strong> interpreta; e que para ser fiel ao texto origi<strong>na</strong>l, <strong>de</strong>ve funcio<strong>na</strong>r como<br />

máqui<strong>na</strong> (transferir o produto <strong>de</strong> uma língua para outra), <strong>de</strong>ve ser um<br />

media<strong>do</strong>r, facilita<strong>do</strong>r e condutor da comunicação. Esse confronto entre as<br />

crenças e a realida<strong>de</strong>, po<strong>de</strong> ser comprova<strong>do</strong> no discurso <strong>de</strong> San<strong>de</strong>r (2003),<br />

apresenta<strong>do</strong> anteriormente, pois segun<strong>do</strong> Metzger (1999a), existe um<br />

para<strong>do</strong>xo em relação às metas <strong>de</strong> neutralida<strong>de</strong> traçadas pelo profissio<strong>na</strong>l<br />

<strong>intérprete</strong>, e, aquilo que, verda<strong>de</strong>iramente, acontece no ato da interpretação<br />

(cf. 1999a: 24). San<strong>de</strong>r parece ter consciência da impossibilida<strong>de</strong> em ser<br />

neutro, “[e]mbora, não exista uma neutralida<strong>de</strong> total” são suas palavras, ao<br />

mesmo tempo em que afirma que o <strong>intérprete</strong> “[d]everá sempre usar <strong>de</strong><br />

“neutralida<strong>de</strong>”. Segun<strong>do</strong> a autora, os quatro mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> <strong>papéis</strong> <strong>do</strong><br />

<strong>intérprete</strong>, a seguir, surgem e resultam nesse para<strong>do</strong>xo: 1) ajuda<strong>do</strong>r; 2)<br />

condutor; 3) facilita<strong>do</strong>r da comunicação; e 4) especialista bilíngue e<br />

bicultural. Este último é um mo<strong>de</strong>lo mais recente entre os <strong>papéis</strong> <strong>do</strong><br />

<strong>intérprete</strong>, e, que Metzger consi<strong>de</strong>ra como relevante para o <strong>de</strong>sempenho da<br />

tarefa <strong>de</strong> interpretar. A autora esclarece que o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> ajuda<strong>do</strong>r tem<br />

relação com o tempo em que a profissão <strong>de</strong> <strong>intérprete</strong> encontrava-se em<br />

fase <strong>de</strong> organização, nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, quan<strong>do</strong> a maioria das pessoas<br />

(amigos ou familiares <strong>de</strong> sur<strong>do</strong>s), que tinham alguma fluência <strong>na</strong>s duas<br />

línguas, <strong>de</strong>sempenhavam essa função. O mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> condutor projeta o

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