Enfermeiros e Uso Abusivo de Drogas - Uerj
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ENFERMEIROS E USO ABUSIVO DE DROGAS<br />
O homem lança mão <strong>de</strong> veículos inebriantes<br />
para modificar e/ou alterar sua percepção e humor,<br />
tendo como conseqüência, na maioria das<br />
vezes, alteração do comportamento 11 .<br />
Entre os consumidores das drogas lícitas encontram-se<br />
os profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, <strong>de</strong>stacando-se<br />
entre eles os profissionais <strong>de</strong> enfermagem,<br />
que <strong>de</strong>têm os conhecimentos sobre os efeitos diretos<br />
e indiretos <strong>de</strong>ssas substâncias e das conseqüências<br />
que o uso das drogas lícitas po<strong>de</strong>m trazer<br />
para a sua saú<strong>de</strong> e para a socieda<strong>de</strong> 2-11 .<br />
Em um estudo 12 sobre o uso <strong>de</strong> drogas na<br />
enfermagem, i<strong>de</strong>ntificou - se que a maioria dos<br />
usuários <strong>de</strong>senvolviam uma segunda jornada <strong>de</strong><br />
trabalho no lar, não praticavam lazer e apresentavam<br />
sentimentos positivos em relação ao trabalho;<br />
todavia, consi<strong>de</strong>ravam o ambiente <strong>de</strong> trabalho<br />
estressante. Falavam que conheciam os efeitos<br />
dos psicofármacos e consi<strong>de</strong>ravam os problemas<br />
psíquicos o fator principal para o uso dos<br />
mesmos. Porém, relatavam que o motivo dos problemas<br />
eram a família dos sujeitos usarem<br />
psicofármacos, sendo que os ansiolíticos foram os<br />
mais usados, a maioria com prescrição médica.<br />
USO<br />
DE DROG<br />
ROGAS<br />
AS LÍCIT<br />
ÍCITAS<br />
AS POR<br />
ENFERMEIROS<br />
A enfermagem é uma profissão respaldada<br />
por conhecimentos técnico-científicos, os quais<br />
instrumentalizam o profissional para o cuidado.<br />
A Enfermagem envolve arte quando se preocupa<br />
com o ser cuidado e com a interação a ser<br />
estabelecida com o mesmo 13 .<br />
O cuidado <strong>de</strong>senvolvido, e cada vez mais<br />
estudado ao longo dos anos, não é uma prática<br />
inovadora, ou seja, é realizado <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o princípio<br />
da humanida<strong>de</strong> e é intrínseco ao processo <strong>de</strong> viver,<br />
adoecer e morrer dos seres humanos.<br />
A partir <strong>de</strong>sses estudos, o conceito <strong>de</strong> cuidar/cuidado<br />
também é aprimorado e passa a <strong>de</strong>ixar<br />
<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rado sinônimo <strong>de</strong> assistir – prestar<br />
ajuda/auxiliar, torna-se mais amplo e passa a<br />
ser visto como uma forma <strong>de</strong> respeito, <strong>de</strong> relacionamento,<br />
<strong>de</strong> compartilhar.<br />
Cuidar em enfermagem é olhar, ouvir, observar,<br />
sentir e empatizar com o outro, estando disponível<br />
para fazer com ou para o outro aqueles procedimentos<br />
técnicos que ele não apren<strong>de</strong>u a executar<br />
ou não consegue executar, procurando compartilhar<br />
o saber com o cliente e/ou familiar 14 .<br />
Com isso, o cuidador precisa estar em equilíbrio<br />
para po<strong>de</strong>r <strong>de</strong>senvolver suas ativida<strong>de</strong>s, visto<br />
que muitas vezes passará por <strong>de</strong>sgastes ao prestar<br />
cuidado, em especial a pessoas enfermas. Para que<br />
isso ocorra, faz-se necessário que o enfermeiro<br />
saiba reconhecer suas limitações e suas necessida<strong>de</strong>s,<br />
buscando manter uma qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida<br />
através do cuidar <strong>de</strong> si.<br />
A fim <strong>de</strong> cuidar <strong>de</strong> si é preciso o autoconhecimento<br />
e a autovalorização da/o enfermeira/o como<br />
ser humano que age, reage e interage com outros<br />
seres e com o meio ambiente, buscando caminhos<br />
que possam favorecer suas práticas cotidianas.<br />
Entre elas po<strong>de</strong>mos mencionar <strong>de</strong>scanso, nutrição<br />
a<strong>de</strong>quada, ativida<strong>de</strong> física, bem como suporte<br />
social 15 .<br />
Como cuidadores e seres cuidados que somos,<br />
é imprescindível que reconheçamos as diferenças<br />
e significados <strong>de</strong> autocuidado, cuidado que<br />
realizamos ou ensinamos quando o equilíbrio entre<br />
a saú<strong>de</strong> e a doença já está abalado, necessitando<br />
ser restaurado ou a<strong>de</strong>quado. Cuidar-se está<br />
relacionado a ações como prevenir doenças, realizar<br />
exames periódicos, entre outras. E o cuidar<br />
<strong>de</strong> si refere-se à promoção <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, está ligado<br />
ao processo <strong>de</strong> viver e ser saudável, preocupando-se,<br />
portanto, com o estilo <strong>de</strong> vida da pessoa 15 .<br />
Num estudo 16 realizado em um hospital universitário<br />
para i<strong>de</strong>ntificar o nível <strong>de</strong> estresse e os<br />
transtornos psicossomáticos auto-atribuídos, constatou-se<br />
que os fatores <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>adores <strong>de</strong> estresse<br />
foram: o controle excessivo por parte da instituição;<br />
dificulda<strong>de</strong>s nas relações interpessoais;<br />
inobservância da ética pelos colegas; ativida<strong>de</strong>s<br />
rotineiras e repetitivas; excessivo número <strong>de</strong> pacientes;<br />
clima <strong>de</strong> sofrimento e morte; salários insuficientes;<br />
falta <strong>de</strong> lazer; falta <strong>de</strong> apoio e reconhecimento<br />
pela instituição entre outros. Os sintomas<br />
psicossomáticos predominantes foram: cansaço,<br />
tensão muscular, nervosismo, irritabilida<strong>de</strong>, dor lombar,<br />
ansieda<strong>de</strong>, tensão pré-menstrual, cefaléias,<br />
problemas <strong>de</strong> memória, <strong>de</strong>pressão, entre outros.<br />
Diante <strong>de</strong>sses resultados, observa-se a necessida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> se buscar estratégias para reduzir os<br />
fatores <strong>de</strong> estresse no trabalho, promovendo a saú<strong>de</strong><br />
e qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida do trabalhador.<br />
Entre essas estratégias, alguns profissionais<br />
têm buscado o uso <strong>de</strong> psicofármacos, ou seja, drogas<br />
lícitas, como forma <strong>de</strong> aliviar essas situações.<br />
Com o passar dos dias, esse profissional ten<strong>de</strong> a<br />
aumentar o consumo, visando satisfazer suas necessida<strong>de</strong>s,<br />
chegando a doses elevadas, ou seja,<br />
p.602 • R Enferm UERJ, Rio <strong>de</strong> Janeiro, 2006 out/<strong>de</strong>z; 14(4):599-06.