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Enfermeiros e Uso Abusivo de Drogas - Uerj

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Zeferino MT, Santos VEP, Radünz V, Carraro TE, Frello AT<br />

ENFERMEIROS<br />

E USO<br />

ABUSIVO<br />

DE<br />

DROGAS<br />

ROGAS: COMPROMETENDO O<br />

CUIDADO DE SI E DO OUTRO<br />

NURSES<br />

AND DRUG<br />

ABUSE<br />

BUSE: COMPROMISING THE<br />

SELF CARE AND THE CARE OF OTHERS<br />

Maria Terezinha Zeferino *<br />

Viviane Euzébia Pereira Santos **<br />

Vera Radünz ***<br />

Telma Elisa Carraro ****<br />

Ariane Thaise Frello *****<br />

RESUMO: Este artigo <strong>de</strong> revisão objetiva refletir sobre os fatores que po<strong>de</strong>m levar o profissional <strong>de</strong><br />

saú<strong>de</strong>, em especial o enfermeiro, a fazer uso <strong>de</strong> drogas lícitas ou ilícitas. Esse fato po<strong>de</strong> ocasionar<br />

prejuízo à sua saú<strong>de</strong> e, conseqüentemente, comprometer o cuidado ao outro. A pesquisa bibliográfica<br />

compreen<strong>de</strong>u o período 1976-2006. Destacam-se estudos que apontam profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> como<br />

mais suscetíveis à <strong>de</strong>pendência <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminadas drogas <strong>de</strong>vido à maior possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> auto-administração<br />

e livre acesso a tais substâncias em seu trabalho. Muitas vezes as drogas são utilizadas na tentativa<br />

<strong>de</strong> minimizar ou reverter a síndrome <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste profissional. Com isso <strong>de</strong>senvolvem outros <strong>de</strong>sequilíbrios<br />

e infringem os preceitos éticos e estéticos da profissão, pois o efeito da droga altera o comportamento, o<br />

raciocínio lógico, a tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões e a execução <strong>de</strong> procedimentos especializados, colocando em<br />

risco a vida das pessoas sob seus cuidados e comprometendo a sua própria saú<strong>de</strong>.<br />

Palavras-chave: Droga; cuidado; autocuidado; enfermeiro.<br />

ABSTRACT: This review paper is a reflexive study about the factors which can lead health professionals,<br />

especially nurses, to the use of legal and illegal drugs. The use of drugs can damage the professional’s<br />

health, and consequently compromise the care of others. The literature review comprised the period<br />

between 1976 and 2006. Some studies point out that health professionals as the most susceptible to<br />

become <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nt of certain drugs. This may be explained by the fact that these professionals have more<br />

chances of self administration of drugs because they have free access to all kind of substances in their<br />

daily work. Many times the substances are used in an attempt to minimize or to stop a burnout syndrome.<br />

As a consequence, many professionals <strong>de</strong>velop other kind of disturbances and begin to violate the rules<br />

of ethics and aesthetics of the professional’s co<strong>de</strong>, because the effect of the drug alters the professionals’<br />

behavior, their logical reasoning, their <strong>de</strong>cision making capacity and their execution of procedures. All of<br />

that may put in risk the life of people whom they are caring for, as well as their own health.<br />

Keywords: Drugs; care; self-care; nurse.<br />

INTRODUÇÃO<br />

Este artigo <strong>de</strong> revisão é um estudo reflexivo<br />

sobre a questão do uso <strong>de</strong> drogas lícitas ou<br />

ilícitas por profissional <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, em especial o<br />

enfermeiro, fato que po<strong>de</strong> prejudicar o cuidar <strong>de</strong><br />

si mesmo para po<strong>de</strong>r cuidar do outro.<br />

O consumo <strong>de</strong> drogas, pelas socieda<strong>de</strong>s humanas,<br />

confun<strong>de</strong>-se com a história do <strong>de</strong>senvolvimento<br />

da humanida<strong>de</strong>, sendo certo que este<br />

uso, nas socieda<strong>de</strong>s ditas primitivas, estava ligado<br />

ao mágico-religioso e à medicina. A droga era<br />

algo que servia <strong>de</strong> ligação entre o divino eohumano,<br />

possibilitando a manifestação dos espíritos,<br />

sendo controlada culturalmente por meio <strong>de</strong> práticas<br />

rituais pelo pajé, feiticeiro ou xamã, que<br />

gozava <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> po<strong>de</strong>r na comunida<strong>de</strong>¹.<br />

Nos últimos anos, percebe-se um aumento<br />

do uso <strong>de</strong> drogas tanto lícitas quanto ilícitas. A<br />

socieda<strong>de</strong> aceita certas drogas como lícitas e con<strong>de</strong>na<br />

outras como ilícitas. Nos Estados Unidos e<br />

gran<strong>de</strong> parte da Europa Oci<strong>de</strong>ntal, as drogas lícitas<br />

são cafeína, nicotina e álcool. No Oriente<br />

Médio, a cannabis po<strong>de</strong> ser adicionada à lista <strong>de</strong><br />

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ENFERMEIROS E USO ABUSIVO DE DROGAS<br />

drogas lícitas, enquanto o álcool é proibido. Nos<br />

An<strong>de</strong>s da América do Sul, a folha <strong>de</strong> coca é usada<br />

para aliviar a fome e aumentar a capacida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> realizar trabalho intenso em elevadas altitu<strong>de</strong>s<br />

2,3 . Assim, drogas são ilícitas ou lícitas, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo<br />

<strong>de</strong> cada socieda<strong>de</strong> que as usa 4 .<br />

Há estudos 2 que indicam médicos e enfermeiros<br />

como profissionais vulneráveis à <strong>de</strong>pendência <strong>de</strong><br />

certas drogas por lidarem com elas em seu trabalho.<br />

Consi<strong>de</strong>ramos que o uso <strong>de</strong> drogas por profissionais<br />

<strong>de</strong> saú<strong>de</strong> po<strong>de</strong> interferir no seu próprio<br />

autocuidado e, conseqüentemente, no cuidado<br />

ao outro. Assim, este artigo <strong>de</strong> revisão tem por<br />

objetivo refletir sobre os fatores que po<strong>de</strong>m levar<br />

o profissional <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, em especial o enfermeiro,<br />

a fazer uso <strong>de</strong> drogas lícitas ou ilícitas.<br />

Entre os fatores <strong>de</strong>terminantes <strong>de</strong>ssa problemática,<br />

abordaremos neste estudo o <strong>de</strong>scuido <strong>de</strong><br />

si mesmo pelo cuidador que faz uso <strong>de</strong> drogas<br />

in<strong>de</strong>vidamente, partindo da premissa que, para<br />

po<strong>de</strong>r cuidar do outro, é preciso estar/ser cuidado.<br />

Outro fator a ser discutido é que cuidar vai<br />

muito além <strong>de</strong> assistir – prestar ajuda, é uma forma<br />

<strong>de</strong> estar com, é uma forma ética e estética <strong>de</strong><br />

ver, viver e relacionar-se com o mundo.<br />

Para alcançar o objetivo proposto,partiu-se<br />

<strong>de</strong> pesquisa bibliográfica sobre o tema, abrangendo<br />

o período <strong>de</strong> 1976 a 2006.<br />

OUSO<br />

DE DROGAS<br />

O uso <strong>de</strong> drogas, para a Organização Mundial<br />

<strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> (OMS), é consi<strong>de</strong>rado um problema<br />

<strong>de</strong> saú<strong>de</strong> publica, pois cerca <strong>de</strong> 10% das populações<br />

dos centros urbanos fazem uso das mesmas.<br />

Este fato tem implicações sociais, psicológicas, econômicas<br />

e políticas, visto estar associado à<br />

criminalida<strong>de</strong> e práticas anti-sociais, além <strong>de</strong> ser<br />

consi<strong>de</strong>rado responsável por 1,4% <strong>de</strong> todas as mortes<br />

no mundo, sendo que cerca <strong>de</strong> 25% dos casos<br />

<strong>de</strong> AIDS estão ligados diretamente ao uso <strong>de</strong> drogas<br />

injetáveis. Dados do Ministério da Saú<strong>de</strong> 5 , com<br />

relação aos aci<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> trânsito no Brasil, apontam<br />

que 53% do total dos pacientes atendidos por<br />

aci<strong>de</strong>nte em um hospital público <strong>de</strong> São Paulo/SP<br />

estavam com níveis <strong>de</strong> alcoolemia superiores aos<br />

permitidos pelo Código <strong>de</strong> Trânsito Brasileiro.<br />

Para corroborar, apresentamos dados da dissertação<br />

<strong>de</strong> mestrado4 que trabalhou a questão<br />

do uso <strong>de</strong> drogas pelos caminhoneiros em Santa<br />

Catarina. Dos representantes das empresas <strong>de</strong><br />

transporte <strong>de</strong> cargas pesquisadas, 48% respon<strong>de</strong>ram<br />

que seus motoristas fazem uso <strong>de</strong> drogas quando<br />

estão dirigindo em longos percursos, das quais<br />

65% evi<strong>de</strong>nciaram o consumo <strong>de</strong> anfetaminas, o<br />

que indica fator <strong>de</strong> risco para o envolvimento <strong>de</strong><br />

caminhoneiros em aci<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> trânsito. Po<strong>de</strong>-se<br />

também consi<strong>de</strong>rar que a droga, nesse caso, é<br />

utilizada como ferramenta <strong>de</strong> trabalho, visto que<br />

alguns caminhoneiros afirmam precisar <strong>de</strong>la para<br />

vencer o sono em gran<strong>de</strong>s percursos ao volante.<br />

Estudos realizados pelo Centro Brasileiro <strong>de</strong><br />

Informações sobre <strong>Drogas</strong> Psicotrópicas<br />

(CEBRID), no período <strong>de</strong> 1987 a 1997, com estudantes<br />

do ensino fundamental e médio em 10<br />

capitais brasileiras, <strong>de</strong>ram conta do aumento do<br />

consumo <strong>de</strong> drogas nesse período. Na categoria<br />

<strong>de</strong> uso seis vezes ou mais ao mês, observou-se o<br />

aumento no consumo <strong>de</strong> 100% para os ansiolíticos;<br />

150% para as anfetaminas; 325% para a maconha<br />

e 700% para a cocaína 5 .<br />

Outra forma <strong>de</strong> abordar o uso <strong>de</strong> drogas pelos<br />

estudantes, que normalmente são adolescentes,<br />

foi uma pesquisa etnográfica 6 com as mulheres/mães<br />

questionando que práticas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> são<br />

utilizadas pela família para proteger os filhos <strong>de</strong>sse<br />

risco. Ao fim do estudo <strong>de</strong>staca-se que as entrevistadas<br />

enfatizam as orientações como meio<br />

<strong>de</strong> educar os filhos em <strong>de</strong>trimento <strong>de</strong> comportamentos<br />

punitivos e restritivos.<br />

Em estudo 7 sobre a formação <strong>de</strong> acadêmicos<br />

<strong>de</strong> enfermagem com relação ao fenômeno das drogas,<br />

é ressaltada a importância <strong>de</strong> se ampliar a<br />

compreensão dos futuros enfermeiros a respeito<br />

do uso <strong>de</strong> drogas para que possam, <strong>de</strong>ssa forma,<br />

intervir junto aos usuários <strong>de</strong>ssas substâncias <strong>de</strong><br />

forma efetiva e eficaz, pois em seus resultados <strong>de</strong><br />

pesquisa <strong>de</strong>stacam como fragilida<strong>de</strong> a <strong>de</strong>sarticulação<br />

da teoria e prática <strong>de</strong>sse tema na formação<br />

dos enfermeiros.<br />

Com relação aos profissionais da saú<strong>de</strong>, há<br />

estudos 2 que apontam médicos e enfermeiros como<br />

mais suscetíveis à <strong>de</strong>pendência <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminadas<br />

drogas <strong>de</strong>vido à maior possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> auto-administração,<br />

pois têm livre acesso a essas substâncias<br />

em seu cotidiano <strong>de</strong> trabalho, sendo responsáveis<br />

ainda pelo seu armazenamento e controle.<br />

Com o advento da socieda<strong>de</strong> capitalista,<br />

pouco a pouco as drogas <strong>de</strong>ixaram sua função social<br />

integradora/mágica ou medicinal, transformando-se<br />

em produto/mercadoria. Na busca do<br />

lucro, o uso <strong>de</strong> drogas alcançou, rapidamente,<br />

gran<strong>de</strong>s contingentes humanos. Devido às pecu-<br />

p.600 • R Enferm UERJ, Rio <strong>de</strong> Janeiro, 2006 out/<strong>de</strong>z; 14(4):599-06.


Zeferino MT, Santos VEP, Radünz V, Carraro TE, Frello AT<br />

liarida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>sse produto/mercadoria, seu consumo<br />

veio a merecer especial atenção das autorida<strong>de</strong>s<br />

internacionais, com vistas a proibir seu uso 1 .<br />

ASPECTOS<br />

LEGAIS<br />

No início do século passado, na Convenção<br />

Internacional <strong>de</strong> Nova York, on<strong>de</strong> o Brasil foi<br />

um dos países signatários, inaugurava-se, com a<br />

penalização, uma nova maneira <strong>de</strong> as socieda<strong>de</strong>s<br />

humanas buscarem controlar o consumo <strong>de</strong> drogas.<br />

A Lei Seca, promulgada no primeiro quartel<br />

do século passado, nos Estados Unidos da América,<br />

penalizava o consumo <strong>de</strong> álcool 1 .<br />

O fenômeno da presença maciça <strong>de</strong> drogas<br />

nas socieda<strong>de</strong>s mo<strong>de</strong>rnas chama a atenção, não<br />

apenas pelo narcotráfico ou pelo consumo que se<br />

alastra, em particular no primeiro mundo, mas<br />

também pelas contradições manifestadas na sua<br />

abordagem por autorida<strong>de</strong>s, meios <strong>de</strong> comunicação<br />

e opinião pública 8 .<br />

No Brasil, a primeira legislação penal sobre<br />

o uso <strong>de</strong> drogas remonta à década <strong>de</strong> 20 eo<strong>de</strong>senvolvimento<br />

da legislação sobre o assunto <strong>de</strong>semboca<br />

numa lei especial, a Lei 6.368/76, que<br />

trata da prevenção, repressão e dos procedimentos<br />

processuais para os crimes relativos a drogas 1 .<br />

Atualmente, está em vigência a Lei 10.409,<br />

<strong>de</strong> 11 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 2002, que dispõe sobre a prevenção,<br />

o tratamento, a fiscalização, o controle e<br />

a repressão à produção, ao uso e ao tráfico ilícitos<br />

<strong>de</strong> produtos, substâncias ou drogas ilícitas que<br />

causem <strong>de</strong>pendência física ou psíquica 9 .<br />

Nesse contexto, tem-se também a Portaria<br />

nº 344, <strong>de</strong> 12 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 1998, da Agência Nacional<br />

<strong>de</strong> Vigilância Sanitária (ANVISA), e suas<br />

atualizações. Essa Portaria aprova o Regulamento<br />

Técnico sobre substâncias e medicamentos sujeitos<br />

a controle especial, ficando esta sob o controle<br />

e fiscalização das Autorida<strong>de</strong>s Sanitárias do<br />

Ministério da Saú<strong>de</strong>, Estados, Municípios e Distrito<br />

Fe<strong>de</strong>ral. O controle e a fiscalização da produção,<br />

comércio, manipulação ou uso das substâncias<br />

e medicamentos <strong>de</strong> que trata esse Regulamento<br />

Técnico e <strong>de</strong> suas atualizações serão executadas,<br />

quando necessário, em conjunto com o<br />

órgão competente do Ministério da Fazenda, Ministério<br />

da Justiça e seus congêneres nos Estados,<br />

Municípios e Distrito Fe<strong>de</strong>ral 10 .<br />

O fato <strong>de</strong> os usuários continuarem a ingerir<br />

drogas, apesar das leis e dos graves prejuízos muitas<br />

vezes causados por elas, tem por motivo o efeito<br />

prazeroso que advém da introdução da droga<br />

no organismo ocorrer a curto prazo, mantendo o<br />

comportamento <strong>de</strong> auto-administração, enquanto<br />

que as conseqüências danosas ocorrem tar<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>mais para terem efeito punitivo e, assim,<br />

suprimirem o mesmo comportamento. Portanto,<br />

uma vez caído na armadilha, não é fácil o indivíduo<br />

se livrar da <strong>de</strong>pendência <strong>de</strong> drogas, mesmo<br />

porque nem sempre há <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> fazê-lo 2.<br />

MOTIV<br />

OTIVAÇÕES<br />

PARA<br />

O CONSUMO<br />

A <strong>de</strong>pendência <strong>de</strong> drogas trata-se <strong>de</strong> um<br />

estado em que o organismo, submetido ao uso<br />

periódico ou contínuo <strong>de</strong> certas drogas, passa a<br />

necessitar física e/ou psiquicamente do seu uso 3 .<br />

A Organização Mundial <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> 2 consi<strong>de</strong>ra<br />

a <strong>de</strong>pendência <strong>de</strong> drogas como um estado mental<br />

e muitas vezes físico, que resulta da interação<br />

entre um organismo vivo e uma droga. Caracteriza-se<br />

por comportamento que sempre inclui uma<br />

compulsão <strong>de</strong> tomar a droga para experimentar<br />

seu efeito psíquico e, às vezes, evitar o <strong>de</strong>sconforto<br />

provocado por sua ausência.<br />

Embora algumas pessoas sofram um grau consi<strong>de</strong>rável<br />

<strong>de</strong> tensão durante suas vidas e ocasionalmente<br />

lancem mão <strong>de</strong> alguma droga para se<br />

aliviar, apenas uma parcela relativamente pequena,<br />

ainda que numericamente importante, <strong>de</strong>senvolve<br />

um padrão <strong>de</strong> auto-administração periódico<br />

ou continuado, que leva tais pessoas a sofrerem<br />

graves prejuízos individuais e, em muitos casos,<br />

a infligirem danos a outrem, bem como à socieda<strong>de</strong><br />

em geral 2 .<br />

Cabe ressaltar que o uso abusivo <strong>de</strong> drogas é<br />

apresentado à população como vinculado às drogas<br />

ilícitas, ficando as drogas lícitas - exatamente<br />

as mais consumidas - inteiramente livres para o<br />

consumo, o qual é alimentado por propagandas<br />

que as colocam como caminho do sucesso e sinônimo<br />

<strong>de</strong> alegria, beleza e juventu<strong>de</strong>.<br />

O uso in<strong>de</strong>vido <strong>de</strong> drogas é um sintoma <strong>de</strong><br />

que a socieda<strong>de</strong> não está bem, sendo, portanto,<br />

sintoma e não causa. Às motivações tradicionais<br />

que levam o ser humano ao uso, em geral controlado,<br />

se sobrepõe a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> compensação,<br />

em face <strong>de</strong> uma realida<strong>de</strong> adversa <strong>de</strong> <strong>de</strong>sequilíbrios<br />

como: <strong>de</strong>semprego, falta <strong>de</strong> atendimento médico e<br />

educacional gratuitos, <strong>de</strong> habitação digna, <strong>de</strong> saneamento<br />

básico, poluição geral, violência, fome,<br />

para citar alguns exemplos, num nítido e insuportável<br />

prejuízo da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida.<br />

R Enferm UERJ, Rio <strong>de</strong> Janeiro, 2006 out/<strong>de</strong>z; 14(4):599-06. • p.601


ENFERMEIROS E USO ABUSIVO DE DROGAS<br />

O homem lança mão <strong>de</strong> veículos inebriantes<br />

para modificar e/ou alterar sua percepção e humor,<br />

tendo como conseqüência, na maioria das<br />

vezes, alteração do comportamento 11 .<br />

Entre os consumidores das drogas lícitas encontram-se<br />

os profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, <strong>de</strong>stacando-se<br />

entre eles os profissionais <strong>de</strong> enfermagem,<br />

que <strong>de</strong>têm os conhecimentos sobre os efeitos diretos<br />

e indiretos <strong>de</strong>ssas substâncias e das conseqüências<br />

que o uso das drogas lícitas po<strong>de</strong>m trazer<br />

para a sua saú<strong>de</strong> e para a socieda<strong>de</strong> 2-11 .<br />

Em um estudo 12 sobre o uso <strong>de</strong> drogas na<br />

enfermagem, i<strong>de</strong>ntificou - se que a maioria dos<br />

usuários <strong>de</strong>senvolviam uma segunda jornada <strong>de</strong><br />

trabalho no lar, não praticavam lazer e apresentavam<br />

sentimentos positivos em relação ao trabalho;<br />

todavia, consi<strong>de</strong>ravam o ambiente <strong>de</strong> trabalho<br />

estressante. Falavam que conheciam os efeitos<br />

dos psicofármacos e consi<strong>de</strong>ravam os problemas<br />

psíquicos o fator principal para o uso dos<br />

mesmos. Porém, relatavam que o motivo dos problemas<br />

eram a família dos sujeitos usarem<br />

psicofármacos, sendo que os ansiolíticos foram os<br />

mais usados, a maioria com prescrição médica.<br />

USO<br />

DE DROG<br />

ROGAS<br />

AS LÍCIT<br />

ÍCITAS<br />

AS POR<br />

ENFERMEIROS<br />

A enfermagem é uma profissão respaldada<br />

por conhecimentos técnico-científicos, os quais<br />

instrumentalizam o profissional para o cuidado.<br />

A Enfermagem envolve arte quando se preocupa<br />

com o ser cuidado e com a interação a ser<br />

estabelecida com o mesmo 13 .<br />

O cuidado <strong>de</strong>senvolvido, e cada vez mais<br />

estudado ao longo dos anos, não é uma prática<br />

inovadora, ou seja, é realizado <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o princípio<br />

da humanida<strong>de</strong> e é intrínseco ao processo <strong>de</strong> viver,<br />

adoecer e morrer dos seres humanos.<br />

A partir <strong>de</strong>sses estudos, o conceito <strong>de</strong> cuidar/cuidado<br />

também é aprimorado e passa a <strong>de</strong>ixar<br />

<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rado sinônimo <strong>de</strong> assistir – prestar<br />

ajuda/auxiliar, torna-se mais amplo e passa a<br />

ser visto como uma forma <strong>de</strong> respeito, <strong>de</strong> relacionamento,<br />

<strong>de</strong> compartilhar.<br />

Cuidar em enfermagem é olhar, ouvir, observar,<br />

sentir e empatizar com o outro, estando disponível<br />

para fazer com ou para o outro aqueles procedimentos<br />

técnicos que ele não apren<strong>de</strong>u a executar<br />

ou não consegue executar, procurando compartilhar<br />

o saber com o cliente e/ou familiar 14 .<br />

Com isso, o cuidador precisa estar em equilíbrio<br />

para po<strong>de</strong>r <strong>de</strong>senvolver suas ativida<strong>de</strong>s, visto<br />

que muitas vezes passará por <strong>de</strong>sgastes ao prestar<br />

cuidado, em especial a pessoas enfermas. Para que<br />

isso ocorra, faz-se necessário que o enfermeiro<br />

saiba reconhecer suas limitações e suas necessida<strong>de</strong>s,<br />

buscando manter uma qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida<br />

através do cuidar <strong>de</strong> si.<br />

A fim <strong>de</strong> cuidar <strong>de</strong> si é preciso o autoconhecimento<br />

e a autovalorização da/o enfermeira/o como<br />

ser humano que age, reage e interage com outros<br />

seres e com o meio ambiente, buscando caminhos<br />

que possam favorecer suas práticas cotidianas.<br />

Entre elas po<strong>de</strong>mos mencionar <strong>de</strong>scanso, nutrição<br />

a<strong>de</strong>quada, ativida<strong>de</strong> física, bem como suporte<br />

social 15 .<br />

Como cuidadores e seres cuidados que somos,<br />

é imprescindível que reconheçamos as diferenças<br />

e significados <strong>de</strong> autocuidado, cuidado que<br />

realizamos ou ensinamos quando o equilíbrio entre<br />

a saú<strong>de</strong> e a doença já está abalado, necessitando<br />

ser restaurado ou a<strong>de</strong>quado. Cuidar-se está<br />

relacionado a ações como prevenir doenças, realizar<br />

exames periódicos, entre outras. E o cuidar<br />

<strong>de</strong> si refere-se à promoção <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, está ligado<br />

ao processo <strong>de</strong> viver e ser saudável, preocupando-se,<br />

portanto, com o estilo <strong>de</strong> vida da pessoa 15 .<br />

Num estudo 16 realizado em um hospital universitário<br />

para i<strong>de</strong>ntificar o nível <strong>de</strong> estresse e os<br />

transtornos psicossomáticos auto-atribuídos, constatou-se<br />

que os fatores <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>adores <strong>de</strong> estresse<br />

foram: o controle excessivo por parte da instituição;<br />

dificulda<strong>de</strong>s nas relações interpessoais;<br />

inobservância da ética pelos colegas; ativida<strong>de</strong>s<br />

rotineiras e repetitivas; excessivo número <strong>de</strong> pacientes;<br />

clima <strong>de</strong> sofrimento e morte; salários insuficientes;<br />

falta <strong>de</strong> lazer; falta <strong>de</strong> apoio e reconhecimento<br />

pela instituição entre outros. Os sintomas<br />

psicossomáticos predominantes foram: cansaço,<br />

tensão muscular, nervosismo, irritabilida<strong>de</strong>, dor lombar,<br />

ansieda<strong>de</strong>, tensão pré-menstrual, cefaléias,<br />

problemas <strong>de</strong> memória, <strong>de</strong>pressão, entre outros.<br />

Diante <strong>de</strong>sses resultados, observa-se a necessida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> se buscar estratégias para reduzir os<br />

fatores <strong>de</strong> estresse no trabalho, promovendo a saú<strong>de</strong><br />

e qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida do trabalhador.<br />

Entre essas estratégias, alguns profissionais<br />

têm buscado o uso <strong>de</strong> psicofármacos, ou seja, drogas<br />

lícitas, como forma <strong>de</strong> aliviar essas situações.<br />

Com o passar dos dias, esse profissional ten<strong>de</strong> a<br />

aumentar o consumo, visando satisfazer suas necessida<strong>de</strong>s,<br />

chegando a doses elevadas, ou seja,<br />

p.602 • R Enferm UERJ, Rio <strong>de</strong> Janeiro, 2006 out/<strong>de</strong>z; 14(4):599-06.


Zeferino MT, Santos VEP, Radünz V, Carraro TE, Frello AT<br />

ao uso excessivo, por acreditar que o uso <strong>de</strong>stas substâncias<br />

po<strong>de</strong> facilitar o cotidiano <strong>de</strong> suas vidas.<br />

Os enfermeiros não são imunes a doenças<br />

relacionadas ao estresse ou a comportamentos <strong>de</strong><br />

risco à saú<strong>de</strong> e apontam algumas estatísticas que<br />

reforçam tais fatos: enfermeiros são 30 a 100 vezes<br />

mais propensos que a população em geral a se tornarem<br />

quimicamente <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes, enfermeiros<br />

apresentam um elevado grau <strong>de</strong> síndrome <strong>de</strong><br />

exaustão se comparados com outros profissionais;<br />

médicos e enfermeiros são as categorias profissionais<br />

mais propensas a se tornarem <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes<br />

<strong>de</strong> drogas (principalmente, medicamentos) para<br />

fugir do estresse 17 .<br />

Analisando a atuação dos profissionais <strong>de</strong><br />

enfermagem que, normalmente, trabalham em<br />

equipe, tais situações po<strong>de</strong>m provocar <strong>de</strong>sgastes<br />

e até rompimentos na equipe, falta <strong>de</strong> confiança<br />

do colega etc. Se pensarmos que enfermagem é<br />

gente que cuida <strong>de</strong> gente 18 , po<strong>de</strong>mos nos <strong>de</strong>parar<br />

com os erros nos procedimentos e técnicas levando<br />

a risco <strong>de</strong> morte. Desse modo, cabe ressaltar<br />

as questões <strong>de</strong> não cuidado para com os outros e<br />

também para consigo, pois o uso <strong>de</strong> drogas interfere<br />

no organismo <strong>de</strong> forma geral, po<strong>de</strong>ndo provocar<br />

doenças e isolamento social diante <strong>de</strong> tais<br />

situações, bem como abandono familiar e até perda<br />

do emprego.<br />

Os profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> que fazem uso<br />

abusivo <strong>de</strong> drogas têm consciência, pela sua formação,<br />

<strong>de</strong> que estão infringindo o código <strong>de</strong> ética<br />

da profissão, entretanto não conseguem controlar<br />

suas ações. E muitas vezes seus colegas percebem<br />

isso, mas preferem omitir-se, evitando assim<br />

constrangimentos para a pessoa, equipe, profissão<br />

e até para a instituição empregadora 11 .<br />

Em nossa opinião, ao omitir tais fatos, o colega<br />

torna-se conivente com essa situação e também<br />

coloca em risco sua saú<strong>de</strong>, a <strong>de</strong> seu colega<br />

usuário e a saú<strong>de</strong> das pessoas por ele cuidadas,<br />

vivendo assim um dilema ético. O cuidar <strong>de</strong> si e<br />

o cuidar do outro estarão <strong>de</strong>sestruturados/<br />

<strong>de</strong>sarmônicos, o estar com o outro, o compartilhar,<br />

o trocar experiências serão prejudicados, afetando<br />

o processo <strong>de</strong> viver e ser saudável.<br />

CONSIDERAÇÕES<br />

FINAIS<br />

Acreditamos que a escassez <strong>de</strong> material a<br />

respeito do uso <strong>de</strong> drogas por profissionais da saú<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>ve-se ao fato <strong>de</strong> as pessoas ainda terem medo<br />

<strong>de</strong> falar sobre um assunto carregado <strong>de</strong> estigmas,<br />

ou ainda, por receio <strong>de</strong> se comprometerem ou envolverem<br />

outras pessoas ou colegas <strong>de</strong> trabalho.<br />

A Comissão Interamericana <strong>de</strong> Controle do<br />

Abuso <strong>de</strong> <strong>Drogas</strong> (CICAD) e os Institutos Internacionais<br />

<strong>de</strong> Li<strong>de</strong>rança em Enfermagem têm funcionado<br />

como facilitadores do estudo do fenômeno<br />

<strong>de</strong> drogas na América Latina, estimulando a<br />

expansão da produção <strong>de</strong> pesquisas e artigos relacionados<br />

a esse tema 19 .<br />

No transcorrer <strong>de</strong> nossas reflexões, percebemos<br />

que alguns profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> utilizam as<br />

drogas tentando minimizar ou reverter o burnout<br />

(síndrome <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste profissional). Com isso,<br />

acabam por <strong>de</strong>senvolver outros <strong>de</strong>sequilíbrios e<br />

infringem os preceitos da ética e estética da profissão,<br />

visto que o efeito da droga altera o comportamento,<br />

modifica o raciocínio lógico, a tomada<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões e a execução <strong>de</strong> procedimentos<br />

especializados, colocando em risco a vida das pessoas<br />

sob seus cuidados.<br />

Além disso, cabe <strong>de</strong>stacar a parcela <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong><br />

das instituições <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> que não<br />

valorizam a promoção da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida <strong>de</strong> seus<br />

colaboradores e nem sempre abordam o fenômeno<br />

das drogas em seus programas <strong>de</strong> educação continuada.<br />

Por outro lado, salientamos que os profissionais<br />

<strong>de</strong> saú<strong>de</strong> também são responsáveis por sua<br />

atuação diante do fenômeno das drogas.<br />

Os estabelecimentos <strong>de</strong> ensino também<br />

merecem ser pontuados, principalmente os da<br />

graduação <strong>de</strong> enfermagem, que, na maioria das<br />

vezes, abordam esse assunto na disciplina <strong>de</strong><br />

saú<strong>de</strong> mental /psiquiatria, dando-lhe pouca<br />

ênfase, e com isso não sensibilizando os acadêmicos<br />

para agir e interagir em face do uso e<br />

abuso <strong>de</strong> drogas.<br />

A falta <strong>de</strong> programas públicos <strong>de</strong> prevenção<br />

e as maciças campanhas promocionais <strong>de</strong> bebidas<br />

alcoólicas e <strong>de</strong> cigarros são outros fatores que,<br />

aliados ao conhecimento <strong>de</strong>ficitário, po<strong>de</strong>m levar<br />

pessoas <strong>de</strong> diferentes faixas etárias, classe social<br />

e nível <strong>de</strong> instrução ao consumo <strong>de</strong> drogas, e<br />

essa situação não é diferente entre os profissionais,<br />

<strong>de</strong>stacando neste estudo os enfermeiros.<br />

Ao registrar essas reflexões acerca do uso <strong>de</strong><br />

drogas por profissionais enfermeiros e a relação<br />

entre o cuidar <strong>de</strong> si mesmo e o cuidar do outro,<br />

esperamos <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ar a discussão sobre a<br />

temática. Queremos chamar a atenção para o uso<br />

e abuso <strong>de</strong> drogas lícitas, por profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>,<br />

alertando para a problemática.<br />

R Enferm UERJ, Rio <strong>de</strong> Janeiro, 2006 out/<strong>de</strong>z; 14(4):599-06. • p.603


ENFERMEIROS E USO ABUSIVO DE DROGAS<br />

Ressaltamos a necessida<strong>de</strong> da abordagem do<br />

tema nos cursos <strong>de</strong> graduação, sensibilizando os<br />

futuros profissionais, por meio do conhecimento,<br />

para estarem alertas quanto aos efeitos e riscos<br />

das drogas, inclusive as lícitas. É preciso alertar<br />

os profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> que a facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> acesso<br />

às drogas lícitas torna-os população vulnerável<br />

ao seu uso e abuso.<br />

Vivemos em um mundo globalizado, on<strong>de</strong> as<br />

drogas, lícitas e/ou ilícitas, permeiam o dia-a-dia<br />

das pessoas em geral e dos profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong><br />

especificamente. O enfermeiro, como profissional<br />

do cuidado, ao estar imerso nesse mundo, <strong>de</strong>ve<br />

ocupar-se não apenas com o cuidado do outro,<br />

mas também com o cuidar <strong>de</strong> si.<br />

Essas modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cuidado po<strong>de</strong>m contribuir<br />

para a promoção da saú<strong>de</strong> e a prevenção do<br />

uso e abuso <strong>de</strong> drogas. Ao cuidar do outro cuidando<br />

<strong>de</strong> si, o enfermeiro estará evitando que o <strong>de</strong>scuidado<br />

permeie o dia-a-dia da enfermagem.<br />

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da Saú<strong>de</strong> (BR). Manual <strong>de</strong> treinamento <strong>de</strong> profissionais<br />

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[dissertação <strong>de</strong> mestrado]. Florianópolis (SC): Universida<strong>de</strong><br />

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(GO): AB editora; 1999.<br />

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Burnout. Florianópolis (SC): Editora UFSC/Programa <strong>de</strong><br />

Pós-Graduação em Enfermagem; 2001.<br />

16. Belancieri MF, Bianco MHBC. Estresse e repercussões<br />

psicossomáticas em trabalhadores da área <strong>de</strong> enfermagem<br />

<strong>de</strong> um hospital universitário. Texto e Contexto Enf. 2004;<br />

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18. Horta VA. Gente que cuida <strong>de</strong> gente. Enf Novas Dimensões.<br />

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19. Wright MG, Caufield C, Gray G, Olson J, Ludueña<br />

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Faculty of Nursing. Rev Latino-am Enfermagem.<br />

2005;13:1102-17.<br />

p.604 • R Enferm UERJ, Rio <strong>de</strong> Janeiro, 2006 out/<strong>de</strong>z; 14(4):599-06.


Zeferino MT, Santos VEP, Radünz V, Carraro TE, Frello AT<br />

ENFERMEROS<br />

Y USO<br />

ABUSIVO<br />

DE DROGAS<br />

ROGAS: COMPROMETIENDO EL CUIDADO DE SÍ Y DEL OTRO<br />

RESUMEN: Este artículo <strong>de</strong> revisión objetiva reflexionar sobre los factores que pue<strong>de</strong>n llevar el profesional<br />

<strong>de</strong> salud, particularmente el enfermero, a hacer uso <strong>de</strong> drogas lícitas o ilícitas. Ese hecho pue<strong>de</strong> ocasionar<br />

un perjuício para su salud y, consecuentemente, comprometer el cuidado al otro. La investigación<br />

bibliográfica abarcó el período 1976-2006. Se <strong>de</strong>stacan estudios que indican los profesionales <strong>de</strong> salud<br />

como los más susceptibles a la <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ncia <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminadas drogas, <strong>de</strong>bido a una mayor posibilidad<br />

<strong>de</strong> autoadministración, y el libre acceso a tales sustancias en su trabajo. Muchas veces, las drogas son<br />

utilizadas con la intención <strong>de</strong> minimizar o revertir el síndrome <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste profesional. Con eso <strong>de</strong>sarrollan<br />

otros <strong>de</strong>sequilibrios e infringen preceptos éticos y estéticos <strong>de</strong> la profesión, porque el efecto <strong>de</strong> la droga<br />

altera el comportamiento, el raciocinio lógico, la toma <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisiones y la ejecución <strong>de</strong> procedimientos<br />

especializados, colocando en riesgo la vida <strong>de</strong> las personas que están bajo sus cuidados y<br />

comprometiendo su propia salud.<br />

Palabras Clave: Droga; cuidado; autocuidado; enfermero.<br />

Recebido em: 21.08.2006<br />

Aprovado em: 07.11.2006<br />

Notas<br />

*<br />

Enfermeira. Mestre em Engenharia Civil. Docente do Curso <strong>de</strong> Enfermagem da Universida<strong>de</strong> do Sul <strong>de</strong> Santa Catarina. Enfermeira da<br />

Secretaria <strong>de</strong> Estado da Saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> Santa Catarina. Membro do Grupo <strong>de</strong> Pesquisa Cuidando e Confortando - C&C/PEN/UFSC. E-mail:<br />

tzeferino@hotmail.com Rua Juvêncio Costa, 163 Bairro Trinda<strong>de</strong> Florianópolis - Santa Catarina. CEP 88036-270.<br />

**<br />

Doutoranda da PEN/UFSC. Mestre em Enfermagem, PEN/UFSC. Professora do Curso <strong>de</strong> Graduação em Enfermagem do IELUSC –<br />

Joinville/SC. Membro do Grupo <strong>de</strong> Pesquisa Cuidando e Confortando da PEN/UFSC. Membro do Grupo <strong>de</strong> Estudos em Metodologia da<br />

Assistência <strong>de</strong> Enfermagem do IELUSC.<br />

***<br />

Enfermeira. Pós-Doutora em Enfermagem. Docente do Departamento e da Pós-Graduação em Enfermagem da UFSC. Membro do Grupo<br />

<strong>de</strong> Pesquisa Cuidando e Confortando – C&C/PEN/UFSC.<br />

****<br />

Enfermeira. Pós-Doutora em Enfermagem. Docente do Departamento e da Pós-Graduação em Enfermagem da UFSC. Membro do<br />

Grupo <strong>de</strong> Pesquisa Cuidando e Confortando – C&C/PEN/UFSC.<br />

*****<br />

Graduanda em Enfermagem na UFSC. Membro do Grupo <strong>de</strong> Pesquisa Cuidando e Confortando – C&C/PEN/UFSC.<br />

R Enferm UERJ, Rio <strong>de</strong> Janeiro, 2006 out/<strong>de</strong>z; 14(4):599-06. • p.605

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