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BRASIL<br />

ALÉM DO COMUM<br />

KILIAN<br />

JORNET<br />

O cara mais<br />

insano das<br />

montanhas<br />

ÁFRICA<br />

VIRGEM<br />

Quilômetros<br />

de praias<br />

com ondas<br />

intocadas<br />

19<br />

MANEIRAS<br />

de mudar<br />

o mundo e a<br />

si mesmo<br />

MADS MIKKELSEN<br />

O ator europeu de maior sucesso na atualidade fala de vida,<br />

morte e da nova temporada da série Hannibal<br />

JANEIRO DE 2015CANIBAL


A energiA<br />

de red Bull em três<br />

novos sABores.<br />

crAnBerry lime BlueBerry<br />

www.redBull.com.Br


50<br />

ESTILO AFRICANO<br />

O fotógrafo da África do Sul<br />

Alan van Gysen abre seu<br />

portfólio espetacular<br />

JANEIRO DE 2015<br />

KENNETH WILLARDT/CORBIS OUTLINE (COVER), ALAN VAN GYSEN, MATT GEORGES<br />

BEM-VINDO<br />

Algum dia você imaginou que subir montanhas<br />

gigantes – as mais altas do mundo – em alta<br />

velo cidade e descê-las também deste modo<br />

seria algo possível Pois um esportista colocou<br />

esse desafio diante de toda a comunidade<br />

montanhista: Kilian Jornet pode ser chamado<br />

de maluco, mas ninguém pode negar que o que<br />

ele faz está quebrando os limites dos esportes<br />

de alta resistência. O Red Bulletin foi bater<br />

um papo franco com o catalão (pág. 24) – mas<br />

não paramos por aí. Viajamos ao México para<br />

contar como foi a etapa final do Red Bull<br />

Cliff Diving World Series (pág. 40) e também<br />

bis bilhotamos os arquivos do fotógrafo Alan<br />

van Gysen, que tem registros alucinantes de<br />

algumas das melhores – e menos frequentadas<br />

– ondas da África (pág. 50). Vamos nessa<br />

“Existem<br />

várias maneiras<br />

de encarar uma<br />

montanha.”<br />

KILIAN JORNET, PÁG. 24<br />

THE RED BULLETIN 5


O MUNDO DE RED BULL<br />

NESTE MÊS<br />

GALERIA<br />

10 GALERIA As melhores fotos do mês<br />

34<br />

MADS MIKKELSEN<br />

O astro da série Hannibal<br />

fala da fama e de sua<br />

paixão por bicicletas<br />

74<br />

30 HORAS DE FESTA<br />

Música eletrônica sem fim, gente<br />

animada e mulheres interessantes:<br />

tudo numa única balada em Londres<br />

40<br />

A PRÓXIMA GERAÇÃO<br />

Quem será o próximo rei do Red Bull Cliff<br />

Diving World Series Orlando Duque,<br />

atual detentor do posto, tem sua opinião<br />

64<br />

MALAS PRONTAS<br />

Tiveram uma ideia muito boa:<br />

colocar uma pipa de paraglider<br />

junto com o snowboard<br />

48<br />

STÉPHANE PETERHANSEL<br />

Hexacampeão com as motos e penta<br />

com os carros no Rally Dakar: Stéphane<br />

Peterhansel, 49 anos, é um mestre<br />

BULLEVARD<br />

16 MUDANÇAS Como mudar<br />

o mundo e nós mesmos<br />

DESTAQUES<br />

24 Kilian Jornet<br />

Loucura Novos limites Show de<br />

resistência Conheça Kilian Jornet<br />

34 Mads Mikkelsen<br />

Entrevistamos o maior ator europeu<br />

da atualidade<br />

40 Red Bull Cliff Diving<br />

Fomos ao México registrar a última<br />

etapa do campeonato<br />

46 Banda do Mar<br />

A nova banda de Marcelo Camelo<br />

e Mallu Magalhães<br />

48 Stéphane Peterhansel<br />

Um mestre do Rally<br />

50 Alan van Gysen<br />

O portfólio de um dos maiores<br />

fotógrafos de surf<br />

AÇÃO!<br />

64 MALAS PRONTAS Snowboard no ar<br />

65 MINHA CIDADE Gdansk, na Polônia<br />

66 EM FORMA Força no basquete<br />

67 WFL Corrida noturna<br />

68 RELÓGIOS Oris<br />

70 BALADA Casa92<br />

71 MÚSICA Ariel Pink<br />

72 GAMES Universe Sandbox 2<br />

73 ENTRETENIMENTO Luz, câmera, ação<br />

74 VIDA NOTURNA Fabric<br />

80 NA AGENDA Dicas de janeiro<br />

84 MOMENTO MÁGICO Montanha lilás<br />

KENNETH WILLARDT/CORBIS OUTLINE, ALEX DE MORA, GETTY IMAGES, SAMO VIDIC /RED BULL CLIFF DIVING, FLAVIEN DUHAMEL/RED BULL CONTENT POOL<br />

6 THE RED BULLETIN


NOSSO TIME<br />

QUEM FEZ<br />

A EDIÇÃO DESTE MÊS<br />

“A modéstia<br />

e a veia competitiva<br />

aliadas<br />

aos seus feitos<br />

extraordinários<br />

fazem dele<br />

um cara único.”<br />

Norman Howell sobre o montanhista<br />

Kilian Jornet (pág. 24)<br />

NORMAN<br />

HOWELL<br />

O jornalista apaixonado por<br />

esportes de montanha já<br />

entrevistou diversos atletas.<br />

Mas nenhum foi tão natural<br />

e carismático quanto o catalão<br />

Kilian Jornet, atleta de<br />

endurance que corre e esquia<br />

nas maiores montanhas do<br />

mundo. “Quando o fotógrafo<br />

pediu que ele corresse até<br />

uma encosta íngreme entre<br />

mato, raízes e buracos, ele<br />

o fez com tranquilidade, sem<br />

esforço, como se deslizasse<br />

sobre o chão”, diz Howell.<br />

“Ele tem uma relação<br />

espi ritual com a natureza.”<br />

Conheça Jornet na página 24.<br />

ALAN<br />

VAN GYSEN<br />

No começo, na escola de salvavidas<br />

júnior, ele tinha medo<br />

das ondas. Mas não demorou<br />

para o fotógrafo sul-africano<br />

Alan van Gysen superar seus<br />

medos e começar a captar<br />

a arte do mundo do surf ao seu<br />

redor. Nos últimos 15 anos<br />

ele viajou pelos litorais da<br />

África e do Oceano Atlântico,<br />

atrás do desconhecido e com<br />

a esperança de encontrar dias<br />

perfeitos e ondas perfeitas.<br />

“Uma coisa é fazer esses<br />

registros direto no lugar.<br />

E é bom demais juntar tudo<br />

e reviver as experiências.”<br />

Confira a partir da página 50.<br />

WERNER<br />

JESSNER<br />

Os caminhos de Werner<br />

Jessner e do campeão do<br />

Dakar Stéphane Peterhansel<br />

se cruzaram várias vezes<br />

nos últimos 20 anos. Numa<br />

delas, Jessner foi a um passeio<br />

exclusivo na antiga fábrica<br />

da Mitsubishi. Peterhansel<br />

foi entrevistado enquanto<br />

pilotava a 160 km/h. Ao se<br />

deparar com um entroncamento,<br />

não diminuiu a velocidade.<br />

Jessner ficou tenso<br />

e Peterhansel apenas sorriu<br />

e foi com tudo. Dessa vez,<br />

a entrevista foi consideravelmente<br />

mais tranquila. Confira<br />

o resultado na página 48.<br />

THE RED BULLETIN<br />

PELO MUNDO<br />

O Red Bulletin é publicado<br />

em 11 países. Acima, a capa<br />

da edição dos EUA<br />

BASTIDORES<br />

Balada sem fim<br />

por Alex de Mora<br />

O Red Bulletin já o mandou<br />

a um chuvoso festival<br />

no sul da Inglaterra para<br />

fotografar uma aranharobô<br />

gigante, o que foi<br />

um teste de maratonista<br />

para o fotógrafo londrino<br />

especializado em música<br />

e moda. Mas desta vez<br />

Confira a balada de 30 horas na pág. 74 fomos além: “Uma balada<br />

aberta por 30 horas é<br />

loucura – e fotografar isso é mais louco ainda”, diz De Mora<br />

sobre sua maratona na Fabric, em Londres.<br />

Alex de Mora (à direita)<br />

com o repórter Florian<br />

Obkircher, do Red Bulletin<br />

8 THE RED BULLETIN


DESERTO DO KALAHARI, SUL DA ÁFRICA<br />

FAÍSCA INICIAL<br />

“Você, seu carro e o horizonte.” Com este slogan, a Kalahari Desert<br />

Speedweek vem atraindo os fãs de carros antigos do mundo inteiro<br />

para a savana desde 2012. A promessa: acelerar sem regras de<br />

trânsito – tanto em máquinas tradicionais como em motos.<br />

A caça ao recorde de velocidade começa na parte sul-africana<br />

do deserto. Vantagem do local: o dobro do tamanho da Espanha.<br />

Ou seja, espaço para se soltar à vontade.<br />

www.speedweeksa.com<br />

Foto: Tyrone Bradley<br />

11


LONDRES, INGLATERRA<br />

STREET STYLE<br />

A ideia por trás do Red Bull Local Hero Tour é muito<br />

simples: quatro feras do BMX viajam pela Grã-Bretanha<br />

em busca de pistas de skate e de talentos locais. Se não<br />

há pistas, é preciso improvisar. Na Westminster Bridge<br />

em frente ao Parlamento Britânico, por exemplo. As marcações<br />

das ciclovias ganham uma interpretação muito livre,<br />

como demonstram os feras [da esq. para a dir.] Anthony<br />

Perrin, Simone Barraco, Bruno Hoffmann e Kriss Kyle.<br />

www.redbull.com/bike<br />

Foto: Rutger Pauw/Red Bull Content Pool<br />

12


YUCATÁN, MÉXICO<br />

ESTUDO SOBRE<br />

A QUEDA<br />

Uma piscina gigante no meio da selva Os cenotes,<br />

típicos do México, se formam quando tetos de cavernas<br />

de rocha calcária desmoronam e os orifícios formados<br />

se enchem de água doce. Local perfeito para a final do<br />

Red Bull Cliff Diving World Series 2014. Na foto, os saltos<br />

de aquecimento dos atletas. Eles saltaram de uma altura<br />

de 19 metros. Gary Hunt (ING), que levaria o título mais<br />

tarde, é o segundo da esquerda.<br />

www.redbullcliffdiving.com<br />

Foto: Romina Amato/Red Bull Cliff Diving<br />

14


BULLEVARD<br />

REVOLUÇÃO!<br />

AGORA É<br />

A SUA VEZ!<br />

O orador controverso<br />

agora é escritor: Russell<br />

Brand quer estimular<br />

o ativismo político<br />

Ele já foi ao trabalho vestido<br />

de terrorista, foi depen dente<br />

de heroína e contava publicamente<br />

suas aventuras sexuais.<br />

Hoje ele mudou e parece que<br />

está iluminado. O multitalento<br />

britânico é adepto do veganismo<br />

e pratica meditação transcendental.<br />

E o próximo em<br />

sua lista é o mundo. Em seu<br />

livro Revolution, o portador<br />

da boa nova entre os comediantes<br />

apela a uma mudança<br />

radical no sistema político.<br />

Como Começando por<br />

si mesmo.<br />

DICA: Russell Brand, Revolution<br />

(Editora Cornerstone, 2014)<br />

“VOCÊ PODE<br />

MUDAR O MUNDO.<br />

OU A SI MESMO.<br />

O SEGUNDO É<br />

MAIS DIFÍCIL.” (*)<br />

(*) Disse Mark Twain (que por sinal trocou seu nome)


BULLEVARD<br />

Vira, vira, virou!<br />

TOME A<br />

INICIATIVA !<br />

Está claro: se quer<br />

uma mudança, você<br />

tem que fazer algo.<br />

Mas o quê<br />

SUA ESCOLHA<br />

VOCÊ PRECISA<br />

DE MUDANÇAS<br />

As perguntas mais importantes<br />

na vida têm respostas muito<br />

simples. Se você for sincero<br />

S<br />

VOCÊ É INFELIZ<br />

N<br />

N<br />

APAREÇA!<br />

Manifestantes contra a<br />

Parceria Transatlântica<br />

(TTIP) levam seu frango<br />

desinfetado com cloro.<br />

VOCÊ GOSTARIA<br />

DE SER FELIZ<br />

S<br />

MANTENHA<br />

TUDO IGUAL<br />

S<br />

VOCÊ QUER<br />

MUDAR A<br />

SUA VIDA<br />

N<br />

TIRE A ROUPA!<br />

Andar de bicicleta em<br />

Madri está diferente.<br />

Os ciclistas nus pedem<br />

mais ciclovias.<br />

VOCÊ ESTÁ<br />

PREPARADO PARA<br />

AS DIFICULDADES<br />

DE UM NOVO<br />

COMEÇO<br />

N<br />

DE VERDADE<br />

N<br />

S<br />

S<br />

DEAN CHALKLEY, GETTY IMAGES, FOTOLIA, REUTERS(4), CORBIS<br />

Surpresa! Andreja Pejić é o nome desta modelo<br />

australiana que adora confundir nossos conceitos<br />

sobre o que é masculino e feminino. Ela nasceu e foi<br />

criada como menino, mas na adolescência descobriu<br />

seu lado feminino e acabou conquistando as passarelas<br />

da moda em Paris – tanto em roupas femininas<br />

quanto masculinas. Foi eleita uma das 100 mulheres<br />

mais sexy do mundo pela revista masculina FHM e<br />

hoje, aos 23 anos, vive oficialmente como mulher.<br />

ESPALHE O CHEIRO!<br />

Parlamento de Berlim:<br />

o grupo Attac mostrou<br />

como cheiram esterco<br />

ou riqueza acumulados.<br />

ESCREVA NO CORPO!<br />

O Femen se mobiliza<br />

contra a exploração<br />

sexual das mulheres.<br />

A polícia não tira o olho.<br />

MUDE<br />

DE VIDA!<br />

COMO VEJA<br />

NAS PÁGINAS<br />

SEGUINTES<br />

S Sim N Não<br />

THE RED BULLETIN 17


BULLEVARD<br />

MUDE EM UMA SEMANA<br />

DESCUBRA<br />

SEU VERDA-<br />

DEIRO EU E<br />

DESENVOLVA<br />

TODO SEU<br />

POTENCIAL<br />

Veja como se transformar,<br />

em apenas sete<br />

dias, em uma pessoa<br />

muito, muito melhor<br />

1 2 3<br />

SEGUNDA-FEIRA TERÇA-FEIRA QUARTA-FEIRA<br />

ENCONTRE<br />

O ERRO<br />

Ninguém é perfeito.<br />

Nem você, não é mesmo<br />

Se você responder a<br />

UMA destas perguntas<br />

com SIM, você ainda tem<br />

seis dias para aprender<br />

a dizer NÃO.<br />

VOCÊ…<br />

…é tímido demais para conversar<br />

com o cara do espelho<br />

…atualiza seu status usando<br />

copiar e colar<br />

…só se levanta de manhã para<br />

poder se deitar novamente<br />

à noite<br />

…não consegue tocar os dedos<br />

dos pés nem sentado<br />

…acha que uma dieta equilibrada<br />

consiste em alternar entre pizza<br />

e nuggets de frango<br />

…acha que reiniciar só tem a ver<br />

com computador travado<br />

Então, já está mais<br />

do que na hora<br />

de arregaçar<br />

as mangas e fazer<br />

uma melhora<br />

nessa sua vida.<br />

Somente com seu estilo próprio<br />

você poderá se manter sobre<br />

os próprios pés<br />

PROCURE POR<br />

SIGNIFICADO<br />

O autoconhecimento<br />

é o primeiro passo para<br />

a melhora. Questione<br />

sua rotina e seja sincero<br />

com você mesmo.<br />

Completamente sincero.<br />

1. Se você pudesse mudar<br />

algo em você imediatamente,<br />

o que seria<br />

A Meu corpo.<br />

B Meu caráter.<br />

C Minha inteligência.<br />

E você já está<br />

realizando<br />

mudanças em<br />

algum deles<br />

2. Há alguma<br />

coisa que você<br />

sempre quis fazer<br />

mas nunca fez,<br />

apesar de não custar<br />

dinheiro<br />

A Sim.<br />

E o que você está<br />

esperando<br />

B Não.<br />

O quê Você não tem<br />

imaginação<br />

3. Você tem um segredo que<br />

colocaria seu relacionamento<br />

em risco caso viesse à tona<br />

A Sim.<br />

O segredo é que é muito<br />

grave ou o seu relacionamento<br />

é que é muito fraco<br />

B Não.<br />

Seu/sua parceiro(a) é tão<br />

compreensivo(a) assim ou<br />

a sua vida é que é regrada<br />

4. Qual destes destinos você<br />

escolheria<br />

A Famoso, mas infeliz.<br />

B Podre de rico, mas sem<br />

amor.<br />

C Feliz no amor, mas pobre.<br />

E qual deles se parece mais<br />

com a sua vida real C Sinceramente<br />

Tem certeza<br />

ABANDONE<br />

A ROTINA<br />

A vida começa onde a zona<br />

de conforto acaba. Então,<br />

vá lá fora e faça exatamente<br />

o contrário de tudo<br />

que tem feito até agora.<br />

Sinta o vento da mudança.<br />

Infiltre-se num grupo de autoajuda<br />

para antigos membros<br />

de seitas e se apresente<br />

como seu novo líder.<br />

Entre numa loja, tire<br />

todas as suas roupas<br />

no provador, coloqueas<br />

na prateleira ao<br />

lado do caixa, pisque<br />

para a vendedora:<br />

“Sim. É isso<br />

mesmo”. E saia<br />

completamente<br />

nu pela porta.<br />

Diga a seu chefe que<br />

você conside raria<br />

seriamente uma<br />

redução no salário<br />

dele.<br />

Ligue para sua mãe e pergunte<br />

se ela sempre come toda a<br />

comida do prato.<br />

Pergunte à sua namorada<br />

o que ela está pensando.<br />

Se não tem uma, pergunte<br />

à sua terapeuta.<br />

“Todos<br />

pensam<br />

somente<br />

em mudar a<br />

humanidade.<br />

Ninguém<br />

pensa em<br />

mudar a<br />

si mesmo.”<br />

LIEV TOLSTÓI<br />

FOTOLIA(2), REUTERS, CORBIS<br />

18 THE RED BULLETIN


BULLEVARD<br />

4 5 6 7<br />

QUINTA-FEIRA SEXTA-FEIRA SÁBADO DOMINGO<br />

FA Ç A<br />

CONTATO<br />

Soft skills são dinheiro<br />

vivo: só quem consegue<br />

inspirar as pessoas pode<br />

aumentar seu capital<br />

social. Misture-se.<br />

MEXA SEU<br />

CORPO<br />

Dedique esse dia a seu<br />

corpo. Ande de bicicleta.<br />

Ou nade. Faça flexões.<br />

Ou corra pelo menos<br />

os últimos 10 metros<br />

até o ônibus.<br />

ACEITE SEUS<br />

VÍCIOS<br />

Cinco passos para<br />

a frente e um salto<br />

para trás: adiante-se<br />

ao efeito ioiô. Faça as<br />

pazes com a preguiça.<br />

BEM-VINDO À SUA<br />

NOVA VIDA!<br />

E então Já sente a força<br />

do seu novo eu pulsar<br />

nas suas veias Então<br />

agora descanse e curta<br />

o momento.<br />

Acenda o forno e coloque<br />

dentro dele uma pizza<br />

recheada de nuggets<br />

de frango.<br />

Beba 14 garrafas de vinho<br />

como Gérard Depardieu.<br />

Se ainda for possível ficar<br />

em pé (piscadinha), faça<br />

sexo loucamente.<br />

No fim do dia, escreva uma<br />

carta a si mesmo. Explique<br />

o quanto você já está velho<br />

para a vida que levava antes.<br />

Mostre seu verdadeiro eu, e as pessoas se sentirão atraídas por você<br />

FOTOLIA(2), REUTERS, GETTY IMAGES, NASA<br />

QUEBRA-GELO<br />

Uma entrada silenciosa é a sua<br />

marca registrada Não por<br />

muito tempo. Objetivo do dia:<br />

comece uma conversa com<br />

cinco pessoas desconhecidas.<br />

DICAS PARA QUEBRAR O GELO<br />

Espalhe fatos interessantes.<br />

De preferência sobre o<br />

tempo. Por exemplo: “Você<br />

sabia que 80 por cento das<br />

pessoas atingidas por raios<br />

são homens”<br />

Faça elogios a seu interlocutor.<br />

Por exemplo:<br />

“Que peruca chique!<br />

Posso experimentar”<br />

Perguntas interessantes<br />

garantem a continuidade<br />

do diálogo: “Quando foi<br />

a última vez que você pensou<br />

sobre como a<br />

vida é curta”<br />

RELAXE<br />

COM IOGA<br />

A pose do escorpião em<br />

três passos:<br />

1 Inspire.<br />

2 Expire.<br />

3 Faça a pose do escorpião.<br />

A gente<br />

se vê na<br />

segunda!<br />

THE RED BULLETIN 19


BULLEVARD<br />

MARLON BRANDO<br />

usou em Uma<br />

Rua Chamada<br />

Pecado o que na<br />

época era roupa<br />

de baixo: uma<br />

camiseta branca.<br />

Hoje é a coisa mais<br />

normal do mundo.<br />

DICAS DE<br />

LEITURA<br />

Para carreiristas:<br />

os clássicos que<br />

o guiarão ao poder.<br />

Memorize somente<br />

uma frase de cada<br />

ARTE COM DADOS<br />

SUA NOVA,<br />

VERDADEIRA<br />

SELFIE<br />

É possível fazer coisas<br />

incríveis com os dados<br />

que registram movimento:<br />

crime ou arte<br />

Passos, curtidas, histórico de<br />

buscas: tudo o que fazemos<br />

pode ser quantificado. A artista<br />

Laurie Frick transforma seus<br />

dados em arte com um<br />

aplicativo bem divertido:<br />

NICOLAU MAQUIAVEL:<br />

O PRÍNCIPE<br />

“Os homens são tão<br />

simples e obedecem<br />

tanto às necessidades<br />

presentes, que quem<br />

engana encontrará<br />

sempre quem<br />

se deixa enganar.”<br />

O FRICKbits<br />

registra os lugares<br />

onde você<br />

esteve. Quanto<br />

mais você se<br />

movimenta, mais<br />

colorido fica.<br />

SEMPRE TEM UMA PRIMEIRA VEZ<br />

FORAM ELES QUE COMEÇARAM<br />

Correr, lavar as mãos, usar camisetas: sim. Estas coisas<br />

também tiveram que ser inventadas. Graças a três heróis<br />

ROBERT GREENE:<br />

AS 48 LEIS DO PODER<br />

“Qualquer erro cometido<br />

com ousadia é facilmente<br />

corrigido com<br />

mais ousadia. Todos<br />

admiram o corajoso.<br />

Ninguém louva<br />

o tímido.”<br />

Você pode<br />

compartilhar sua<br />

obra de arte com<br />

os amigos. Ou<br />

deletá-la. Junto<br />

com os dados,<br />

esperamos.<br />

IGNAZ SEMMELWEIS<br />

O médico de Budapeste era<br />

criticado por pedir que lavassem<br />

as mãos antes das operações.<br />

JERRY MORRIS<br />

Provou na década de 1950 que<br />

correr regularmente é saudável.<br />

Não é só cansativo.<br />

DALE CARNEGIE:<br />

COMO FAZER AMIGOS<br />

E INFLUENCIAR<br />

PESSOAS<br />

“Fale para as pessoas<br />

sobre elas mesmas<br />

e elas o escutarão<br />

por horas.”<br />

KOBAL COLLECTION, GETTY IMAGES, IMAGO<br />

20 THE RED BULLETIN


BULLEVARD<br />

VIRADA NA CARREIRA<br />

DE VOLTA<br />

AO COMEÇO<br />

Não é toda mudança<br />

de direção que leva<br />

a uma melhora<br />

Só ficamos sabendo das<br />

histórias das pessoas que<br />

mudaram radicalmente<br />

de vida e se deram bem.<br />

Não foi o que aconteceu<br />

com estes famosos. Talvez<br />

porque eles já tivessem<br />

encontrado seu verdadeiro<br />

talento há muito tempo.<br />

NAOMI<br />

CAMPBELL quis<br />

lançar carreira<br />

como cantora,<br />

mas o álbum de<br />

estreia foi um<br />

fiasco. Quem ouviu<br />

sabe por quê.<br />

MICHAEL<br />

JORDAN interrompeu<br />

sua carreira<br />

no basquete<br />

em 1993 para<br />

dedicar-se ao<br />

beisebol. Durou<br />

dois anos.<br />

LUDWIG<br />

WITTGENSTEIN<br />

sentiu um chamado<br />

para ser<br />

professor. Depois<br />

de cinco anos, ele<br />

era novamente<br />

filósofo. Lógico.<br />

“A vida não é fácil<br />

em lugar nenhum.”<br />

LUDWIG WITTGENSTEIN<br />

FRANKIE MUNIZ<br />

decidiu começar<br />

uma carreira de<br />

piloto em 2006.<br />

E ganhou um<br />

prêmio. Dos<br />

colegas, por<br />

jogar limpo.<br />

KAINRATH – DUAS VEZES DOIS SÃO...<br />

GETTY IMAGES(4) DIETMAR KAINRATH<br />

RELAÇÃO<br />

EDUCAÇÃO<br />

THE RED BULLETIN 21


BULLEVARD<br />

Mais futuro para o presente!<br />

Como mudar nossas vidas, se todas essas coisas ainda não existem<br />

Tá... a questão do amor... O amor existe. O que falta é coragem<br />

TELETRANSPORTE<br />

EM VEZ DE VOO<br />

Economia de tempo e talvez de<br />

energia. Mas o lobby do suco de<br />

tomate ainda é muito poderoso.<br />

E STÁ NA<br />

HORA DO<br />

JANTAR<br />

Estas três iguarias vão<br />

mudar você de dentro<br />

para fora. Acredite<br />

UPDATE PARA A VIDA<br />

NÃO TEM APP<br />

PARA ISSO<br />

Sim, claro! Seis deles vão<br />

melhorar muito a sua vida<br />

MAIS BONITO<br />

Estas sementes de<br />

maconha não dão barato,<br />

mas são verdadeiras<br />

bombas de proteína.<br />

Em vez de queimar erva,<br />

queime gorduras,<br />

mantendo a forma.<br />

SUAR<br />

Sete minutos de<br />

exercícios por dia<br />

são suficientes com<br />

o Fitness Coach.<br />

MOTIVAÇÃO<br />

Independentemente<br />

de seu objetivo:<br />

o Beeminder ajuda<br />

a não se perder.<br />

WINGMAN<br />

BroApp envia<br />

um torpedo à sua<br />

namorada caso<br />

você se esqueça.<br />

NO PONTO<br />

Toggl mede o<br />

tempo de trabalho<br />

e percebe quando<br />

você enrola.<br />

MAIS FORTE<br />

Na Ásia, existem mitos<br />

de que o sangue de<br />

cobra além de melhorar<br />

o sistema imunológico<br />

também aumenta a virilidade<br />

dos homens. Não<br />

há provas científicas.<br />

Candidatos a cobaias<br />

FESTA SEM FIM<br />

Ele encontra sempre<br />

o melhor club<br />

ou o melhor bar<br />

por perto: event0.<br />

DAR SORTE<br />

Comece o dia<br />

de forma positiva<br />

com o Five<br />

Minute Journal.<br />

CRESCIMENTO<br />

Essa seria para<br />

viver rindo: dentes<br />

que não param<br />

de crescer.<br />

Quando sai, senhores<br />

nerds da<br />

biotecnologia<br />

AMOR LIVRE<br />

Viva o poliamor!<br />

A charada continua<br />

sendo<br />

como ser feliz<br />

para sempre<br />

somente com<br />

um parceiro.<br />

FAZ TUDO<br />

Máquina de lavar<br />

e computador<br />

foram um bom<br />

começo. Mas<br />

e os robôs domésticos<br />

que<br />

fazem tudo<br />

MAIS INTELIGENTE<br />

Escargots são o<br />

melhor alimento para<br />

o cérebro. Os ácidos graxos<br />

ômega-3 melhoram<br />

a memória, e o hormônio<br />

T3 da tireoide aumenta<br />

a atividade cerebral.<br />

Apetitosos.<br />

DIÁLOGO DAS LATAS<br />

O que o ano novo trará<br />

CORBIS(3), FOTOLIA(3), GETTY IMAGES(3) DIETMAR KAINRATH<br />

22 THE RED BULLETIN


BULLEVARD<br />

BOAS INTENÇÕES<br />

FAÇA ISSO NO ANO NOVO<br />

Parar de fumar, beber menos, malhar mais etc.,<br />

etc. Sei... Nós temos cinco dicas muito boas<br />

para o resto de seus dias<br />

Caramba!<br />

Quem precisa disso<br />

Capacete<br />

pensador<br />

Neuroestimulação craniana é o nome<br />

que os cientistas deram ao que esta<br />

máquina faz com você. Simplificando:<br />

o Foc.us aumenta a eficiência do<br />

cérebro estimulando-o com impulsos<br />

elétricos. Eletrochocante!<br />

1<br />

VISTA VERMELHO!<br />

Psicólogos descobriram que pessoas em fotos com<br />

moldura vermelha são consideradas mais atrativas.<br />

Azar no amor Use roupas vermelhas este ano.<br />

Pelo menos a cueca.<br />

O chato<br />

O HAPIfork dispara um alarme quando você<br />

passa dos limites com a comida. Quem não<br />

quiser receber ordens do garfo que coma<br />

com as mãos. Isso sim faz feliz.<br />

CORBIS(5)<br />

4 SESSÕES DE RELAX SEXUAL POR SEMANA!<br />

Uma pesquisa grega confirmou: pessoas que fazem<br />

sexo pelo menos quatro vezes por semana ganham<br />

3% a mais que aquelas que só podem, ou querem,<br />

ou conseguem, uma vez por semana.<br />

2<br />

3<br />

5<br />

NÃO ACEITE SER PROMOVIDO!<br />

Quem pode fazer mais do que o trabalho exige é<br />

promovido. Até alcançar o patamar da sua incompetência.<br />

É o que diz o “Princípio de Peter”, e muitos<br />

superiores são a prova viva de sua precisão.<br />

PROCRASTINE – MAS COM ESTILO!<br />

Você vive deixando as coisas para amanhã Cientistas<br />

descobriram que isso não é necessariamente<br />

ruim. Quem protela conscientemente sabe lidar<br />

melhor com a pressão. E surfa a adrenalina.<br />

4<br />

NÃO CONFIE NA SUA INTUIÇÃO!<br />

Ela engana, pois as informações que recebemos<br />

do ambiente não são precisas. Por isso, só tome<br />

decisões com base na lógica. O nobel Daniel<br />

Kahneman refletiu muito a respeito.<br />

Canhão<br />

fotográfico<br />

Pesa 20 gramas, não é muito<br />

maior que a unha do polegar<br />

e registra duas fotos por<br />

minuto. O Narrative Clip<br />

salva cada momento da<br />

sua vida. O seu sorriso<br />

também amarelou<br />

THE RED BULLETIN 23


KILIAN JORNET DIVIDE OPINIÕES NO MUNDO DO MONTANHISMO<br />

O QUE O ATLETA CATALÃO TEM FEITO NOS PRINCIPAIS MONTES DO PLANETA<br />

É ALGO JAMAIS VISTO: ELE ENCARA OS DESAFIOS A TODA VELOCIDADE,<br />

COM O MÍNIMO DE EQUIPAMENTO E MUITA CORAGEM<br />

POR: NORMAN HOWELL<br />

FOTOS: MATT GEORGES<br />

MAIS<br />

DO QUE<br />

ESCALADA<br />

25


Homem rápido:<br />

Kilian Jornet<br />

demonstra o que<br />

faz dele um ser<br />

supremo nas<br />

montanhas,<br />

enfrentando o<br />

caminho íngreme<br />

e sinuoso no<br />

vilarejo de Le Tour,<br />

perto de Chamonix<br />

“NÃO SINTO MEDO, MAS EXISTE UM SENTIMENTO CONSTANTE<br />

DE PREOCUPAÇÃO. SE VOCÊ NÃO GOSTA DO RISCO, OU NÃO<br />

ACEITA, NÃO DEVE FAZER ESSAS COISAS. MESMO TREINANDO<br />

E VIVENDO NAS MONTANHAS, NUNCA SE SABE DE TUDO.”


Kilian Jornet é um homem que vai a muitos lugares<br />

e com rapidez. Ele corre no verão e anda de esqui no<br />

inverno. É o melhor atleta de resistência do mundo e,<br />

aos 27 anos, acumula conquistas mais importantes<br />

que muitos atletas de nível internacional. Ele vence<br />

corridas de centenas de quilômetros, corre por geleiras,<br />

sobe a toda velocidade montanhas e depois desce<br />

de esqui. Subiu alguns dos picos mais importantes<br />

do mundo a toda velocidade, sem auxílio, carregando<br />

o mínimo de equipamento, quebrando recordes improváveis.<br />

Quando ele pode, para, admira a vista, come<br />

umas frutinhas e bebe água direto da fonte. Na maior<br />

parte das vezes, compete contra ele mesmo.<br />

Para alguns, ele inventou um novo esporte; para<br />

outros, está envergonhando a longeva tradição do<br />

alpinismo e incentivando um comportamento irresponsável<br />

nas montanhas. Jornet prima pela simplicidade:<br />

ele diz que é apenas um montanhista em<br />

busca de diversão.<br />

Diversão, no vocabulário de Jornet, quer dizer subir<br />

e descer o Mont Blanc em 4 horas e 57 minutos e<br />

o Matterhorn em 2 horas e 52 minutos. Ou percorrer<br />

toda a extensão dos Pireneus, do Atlântico ao Mediterrâneo,<br />

850 km e 42 mil metros de elevação, em<br />

oito dias. Ou, sua mais nova opção de divertimento,<br />

conquistar o Monte McKinley, no Alasca, a 6 168 metros,<br />

o mais alto da América do Norte, escalando a pé<br />

na neve e na cerração, e depois descer de novo, de<br />

esqui, num trajeto de 11 horas e 48 minutos ao todo.<br />

Outro recorde, outra façanha do montanhismo.<br />

Além dessas realizações na escalada de velocidade,<br />

Jornet foi muitas vezes campeão mundial em uma<br />

corrida extrema por trilhas (distâncias grandes, de<br />

tipicamente 80 km a 160 km de montanha), escalada<br />

vertical (1 km em disparadas de castigar o pulmão)<br />

e corridas na altitude (mais curtas, de 20 km a 42 km).<br />

Ele também venceu a maioria das mais importantes<br />

competições de montanhismo e alpinismo em todos<br />

os Alpes e detém o recorde de muitos deles. No final<br />

do ano, vai em busca do Aconcágua, nos Andes argentinos,<br />

próximo da cidade de Mendoza. Depois, atacará<br />

montanhas na Rússia e América do Norte.<br />

A seguir, enumeramos alguns extratos de uma<br />

longa entrevista que Jornet concedeu ao Red Bulletin<br />

no vilarejo de Le Tour, próximo de Chamonix, na<br />

França, enquanto subia um caminho íngreme para<br />

encontrar um local adequado para a sessão de fotos.<br />

Uma van Mercedes azul com placa da Espanha entra<br />

no estacionamento. Kilian Jornet chegou. Ele está de<br />

bermuda, colete de corrida, jaqueta e tênis de trilha.<br />

Parece pequeno dentro da jaqueta. Ele é tímido no<br />

começo. Apesar de ter presença, um sorriso pronto e<br />

a aura de alguém que já fez tanta coisa, ele não fala<br />

muito. É bastante gentil, prestativo e, pelas quatro<br />

horas e meia seguintes, está totalmente dedicado a<br />

ser um profissional perfeito.<br />

“NÃO VEJO DISTINÇÃO ENTRE<br />

ESQUI, MONTANHISMO E CORRIDA:<br />

PARA MIM, É TUDO UMA QUESTÃO<br />

DE ESTAR NAS MONTANHAS.”<br />

the red bulletin: Fale sobre a sua família.<br />

kilian jornet: Meu pai é um guia e guardião<br />

de uma reserva na montanha. Ele aborda de forma<br />

clássica o montanhismo: usa botas e mochilas<br />

enormes. Minha mãe é professora, adora correr,<br />

pratica o montanhismo de maneira mais relaxada<br />

e tem uma profunda consciência da natureza.<br />

Ela me transmitiu o desejo de compreender como<br />

as coisas acontecem e como a natureza é. Desde<br />

meus 3 anos até talvez os 10, depois do jantar,<br />

antes de ir para a cama, já de pijamas, nós saíamos<br />

para dar uma caminhada na floresta.<br />

Lembro-me de ficar com medo nas primeiras vezes,<br />

minha irmã e eu nos agarrávamos nas pernas da minha<br />

mãe e ficávamos junto dela. Mas, pouco depois, nos<br />

acostumamos com tudo, com a floresta, e, apesar de<br />

perceber que não se pode saber o que está ao redor,<br />

pode-se sentir o chão, tem o vento e a chuva, você<br />

começa a ficar mais confiante para caminhar na floresta<br />

à noite e passa a se divertir. Meus pais desenvolveram<br />

em mim um grande sentimento de responsabilidade.<br />

Quando nós partíamos em uma trilha, nunca<br />

eles foram na dianteira. Ao contrário, minha irmã e<br />

eu íamos na frente e tínhamos que decidir o caminho.<br />

28 THE RED BULLETIN


Grandes marcas:<br />

Kilian Jornet é<br />

multicampeão<br />

de trail running,<br />

skyrunning e<br />

escalada vertical.<br />

Ele também tem<br />

diversos recordes no<br />

alpinismo com esqui


“QUANDO COMECEI A PRATICAR, AOS 13 ANOS, FIQUEI FASCI-<br />

NADO PELA HISTÓRIA DE BRUNO BRUNOD E DE SEU RECORDE<br />

NO MATTERHORN (...) FORAM FAÇANHAS QUE ME FIZERAM<br />

SONHAR. PARA MIM, ERAM ACONTECIMENTOS LINDOS.”<br />

Jornet sabe como poucos<br />

que montanhismo é um<br />

estilo de vida. Sua maneira<br />

de encarar as montanhas<br />

em desafios que beiram<br />

o surreal é vista por<br />

ele como algo natural,<br />

uma maneira própria de<br />

interagir com a natureza


Quando errávamos, eles nos ajudavam<br />

a consertar e a analisar nossos erros junto<br />

com a gente. Era divertido, nós tínhamos<br />

que nos lembrar de referências, das flores<br />

e dos animais.<br />

Diversão é o que importa.<br />

Acho que é importante ser feliz. Não quer<br />

dizer que tudo tenha que ser carpe diem<br />

e só se divertir a todo momento. Você<br />

também precisa buscar as coisas que te<br />

fazem feliz. Isso significa muitas vezes<br />

que será difícil e haverá sofrimento, mas<br />

também haverá diversão. O sofrimento<br />

é duro, mas é diferente se vem do mundo<br />

exterior. Então, é um estado mental diferente.<br />

Por exemplo, você está em uma<br />

expedição e está realmente frio e o tempo<br />

está terrível: você sofre, é claro, mas é<br />

a sua escolha, então você lida com isso.<br />

O montanhismo não é apenas um esporte,<br />

é um estilo de vida.<br />

Você falou tanto em esportes quanto<br />

em montanhismo. Você inventou uma<br />

nova forma de estar nas montanhas,<br />

um novo esporte<br />

Não, estou apenas repetindo o que as<br />

pessoas fizeram no passado e o que ainda<br />

farão no futuro. Quando observamos o que<br />

figuras como Bruno Brunod e Marino<br />

Giacometti fizeram, foi igual, ou como<br />

Walter Bonatti, que estava fazendo um<br />

montanhismo light há muito tempo, como<br />

fazia Reinhold Messner, à sua maneira...<br />

É bacana ver que existem várias formas<br />

de se relacionar com a montanha. Tem<br />

os base jumpers, cuja interpretação é<br />

completamente diferente das montanhas,<br />

e eu com meu estilo de corredor… nós<br />

estamos todos fazendo a mesma coisa,<br />

mas de maneiras diferentes.<br />

O fotógrafo então pede que Jornet corra<br />

sobre uma superfície particularmente<br />

íngreme do terreno com uma geleira no<br />

fundo que ficaria bem na foto. Jornet tira<br />

a jaqueta que usava por baixo e corre. Ele<br />

não faz nenhum esforço, é leve, saltitante.<br />

Em menos de um minuto ele desaparece<br />

de vista ao alcançar o cume. Ele não está<br />

correndo, ele apenas flui pela montanha.<br />

Você descreveu uma vez a corrida<br />

como um fluxo. Você correu antes e<br />

nada foi um obstáculo, você simplesmente<br />

ultrapassou tudo com muita<br />

tranquilidade.<br />

“É BONITO VER OS<br />

ANIMAIS SE MOVENDO.<br />

ELES TÊM MUITA SUTILEZA.<br />

NÓS NÃO FOMOS<br />

FEITOS PARA ISSO.”<br />

32


Sim, mas existem alguns lugares onde<br />

os obstáculos existem (risos). É muito<br />

bonito ver os animais se movendo. Eles<br />

se mexem com tanta sutileza que parece<br />

fácil. Para nós, é muito técnico, você<br />

precisa se concentrar onde coloca os pés,<br />

e você luta, e então vê um bicho correndo<br />

e se dá conta de que na verdade nós não<br />

fomos feitos para isso.<br />

Falando sobre os riscos, o seu recorde<br />

no Monte McKinley foi alcançado nas<br />

mais duras condições.<br />

Sim, o tempo estava terrível no Denali<br />

[como é chamado no Alasca]. Estava lá<br />

havia 20 dias e tinha apenas passado<br />

três com sol. O tempo estava bom quando<br />

cheguei. Mas depois disso foi ruim.<br />

Quando soube que haveria uma janela<br />

de tempo aberta, decidi arriscar. O tempo<br />

mudou a 5 mil metros: eu estava no meio<br />

das nuvens e ventava forte. Começou a<br />

nevar e minha visibilidade não ia mais<br />

que 20 metros. Então, nos últimos 1,5 mil<br />

metros, realmente dei tudo porque estava<br />

sozinho e tinha que abrir a trilha, o que<br />

era difícil. Eu não sabia se conseguiria<br />

chegar ao cume. Quando consegui, foi<br />

uma sensação muito boa de colocar meus<br />

esquis no pé, porque a escalada tinha<br />

sido muito difícil. Mas o tempo estava<br />

piorando: era uma cerração densa, e eu<br />

podia ver apenas 2 ou 3 metros na minha<br />

frente e nevava pesado. Eu tinha que descer<br />

rápido para quebrar o recorde. Então,<br />

desci direto, praticamente às cegas, já que<br />

eu realmente não sabia o que encontraria<br />

pela frente.<br />

Você teve medo<br />

Não é medo, mas existe um sentimento<br />

constante de preocupação. Se você não<br />

gosta do risco, ou não aceita, não deve<br />

fazer essas coisas. Mesmo indo muito<br />

às montanhas, treinando e vivendo nelas,<br />

Um dos feitos mais<br />

recentes de Jornet<br />

foi a escalada do<br />

McKinley, no Alasca,<br />

onde esquiou por<br />

mais de 11 horas<br />

nunca se sabe de tudo. Pode-se saber apenas<br />

uma parte pequena, e é preciso aceitar<br />

isso. Quando se é jovem, olha-se para a<br />

montanha, enxerga-se sua beleza, mas não<br />

se entendem os riscos. Quanto mais se<br />

cresce em anos e experiência, mais se vê<br />

a montanha de forma diferente. Você entende<br />

os perigos. E eles não são os que você<br />

espera, ou os que os livros avisaram. Sempre<br />

são as coisas mais estranhas, inesperadas,<br />

o ilógico. É preciso saber e compreender<br />

isso se quiser estar nas montanhas.<br />

Outra pausa porque o fotógrafo precisa<br />

ajustar a iluminação. Jornet se acomoda<br />

em um arbusto e colhe umas frutinhas. Ele<br />

faz isso muito durante a entrevista,<br />

pega umas frutinhas<br />

azuis e outras vermelhas. Ele<br />

pega um punhado e as oferece.<br />

“É rico em vitamina C! Tem<br />

tanta comida boa nas montanhas,<br />

é por isso que eu quase<br />

nunca levo nada para comer.<br />

E tem água em todas as partes!”<br />

Então, ele tira uma foto das<br />

frutinhas selvagens na palma<br />

da mão e posta no seu Instagram.<br />

Ele gosta de mostrar<br />

seu dia a dia nas montanhas.<br />

Tem mais de 60 mil seguidores.<br />

Como começou o projeto<br />

“The Summits of My Life”<br />

Comecei há três anos, mas<br />

tenho ele em mente há muito<br />

tempo. Quando era criança,<br />

tinha um pôster enorme do<br />

Matterhorn no quarto, e os<br />

livros que eu lia eram sobre<br />

montanhismo. Então, sabia<br />

o nome dos picos e suas histórias.<br />

Quando comecei a praticar<br />

esportes, aos 13 anos,<br />

fiquei fascinado pela história<br />

de Bruno Brunod e do seu<br />

recorde no Matterhorn, ou<br />

de Stéphane Brosse, quando<br />

ele estabeleceu o recorde<br />

no Mont Blanc… essas foram<br />

as façanhas que me fizeram<br />

sonhar. Essas montanhas e<br />

esses feitos eram ao mesmo<br />

tempo lindos e estéticos.<br />

Stéphane Brosse morreu enquanto<br />

conquistava os oito picos do maciço<br />

do Mont Blanc de esqui com Jornet.<br />

Brosse era um dos seus ídolos.<br />

PROJETO<br />

“SUMMITS<br />

OF MY LIFE”<br />

Por que escolheu esses cumes<br />

O Matterhorn, bom, porque está lá.<br />

E por causa do recorde de Bruno Brunod,<br />

que foi uma conquista inacreditável.<br />

Cruzar o Mont Blanc<br />

(4 810 m)<br />

A rota de Courmayeur a<br />

Chamonix liga as capitais<br />

do alpinismo. 8h42m<br />

(normalmente: 3 dias)<br />

Matterhorn (4 478 m)<br />

Quebrou o recorde<br />

de Bruno Brunod,<br />

seu herói de infância,<br />

em 1983. 2h52m<br />

Mont Blanc (4 818 m)<br />

A montanha mais alta<br />

dos Alpes. 4h57m<br />

McKinley (6 168 m)<br />

A mais alta da América<br />

do Norte e sujeita a<br />

temperaturas polares.<br />

11h48m<br />

Aconcágua (6 959 m)<br />

O pico mais alto da<br />

América do Sul. Ele irá<br />

encarar no fim de 2014.<br />

Monte Elbrus<br />

(5 642 m)<br />

O monte mais alto<br />

e difícil da Europa.<br />

Tentou uma vez e não<br />

conseguiu. Tentará<br />

de novo em 2015.<br />

Everest (8 848 m)<br />

O topo do mundo –<br />

ainda busca liberação.<br />

E o Mont Blanc pela sua posição na<br />

história do montanhismo. O Aconcágua<br />

é o mais alto na América Latina. O Elbrus<br />

é o mais alto da Europa, e eu também<br />

gosto do fato de a Rússia ter a cultura<br />

de selecionar as melhores pessoas para<br />

expedições nas montanhas colocando-as<br />

para escalar essa montanha com velocidade.<br />

Você consegue imaginar uma corrida<br />

entre Chamonix e o cume do Mont<br />

Blanc Impossível, mas é o que acontece<br />

na Rússia, e é por isso que eu gosto tanto<br />

de ir para lá. O McKinley é uma montanha<br />

polar com condições realmente extremas,<br />

e o Everest, é claro, é a mais alta do mundo<br />

e, hoje, com todas as expedições comerciais,<br />

é fácil de escalar. Mas,<br />

se você não vai pela rota normal<br />

e evita as cordas fixas,<br />

então é uma montanha grande.<br />

Como você se sente de subir<br />

o Everest depois de toda<br />

a confusão que aconteceu<br />

neste ano<br />

Muito da confusão surgiu<br />

da forma como a maioria<br />

das pessoas no Oriente lida<br />

com a escalada, de maneira<br />

muito comercial. Quando<br />

Ueli Steck e Simone Moro<br />

estiveram lá, eles escalaram<br />

rápido, então não fazia parte<br />

das ideias de sherpas que<br />

uma escalada daquelas fosse<br />

possível. Com o Everest, se<br />

você vai pela rota normal,<br />

onde todas as outras pessoas<br />

estão escalando, pode ter<br />

problemas. Nós vamos evitar<br />

a rota normal, estaremos sozinhos<br />

daquele lado da montanha.<br />

Haverá apenas quatro<br />

de nós, sem carrega dores.<br />

Nós podemos ter pro blemas<br />

entre nós mesmos (risos),<br />

mas não com os outros.<br />

É hora de ir. Jornet precisa<br />

fazer umas filmagens no<br />

esta cionamento onde nos<br />

encon tramos. Escurecerá<br />

em breve. Ele pega uma das<br />

pesadas sacolas do fotógrafo,<br />

carregada de equipamento,<br />

coloca nos ombros e começa<br />

a descer a trilha. Ele cantarola sozinho,<br />

como faz no filme Déjame Vivir e nos<br />

muitos vídeos em que aparece no YouTube.<br />

Sem forçar, apenas fluindo pelo caminho<br />

pedregoso e enla meado. Infantil e alegre.<br />

Jornet some de vista, a voz do seu canto<br />

sumindo atrás dele. Ele simplesmente<br />

ama fazer o que faz.<br />

www.summitsofmylife.com<br />

33


AS LIÇÕES<br />

DE HANNIBAL<br />

LECTER<br />

Em entrevista ao Red Bulletin,<br />

Mads Mikkelsen fala sobre<br />

grandes temas como a vida<br />

e a morte; Deus e o mundo;<br />

e bicicletas<br />

ENTREVISTA: RÜDIGER STURM<br />

FOTOS: KENNETH WILLARDT/CORBIS OUTLINE<br />

34


“[Se percebo que não fluí na<br />

interpretação] Exijo repetir.<br />

Porque sei que não ficou bom.<br />

Não importa o quanto<br />

o diretor esteja satisfeito.”


Mads Mikkelsen, 48, dinamarquês, filho de uma enfermeira<br />

e de um sindicalista, é hoje provavelmente<br />

a maior estrela entre os atores europeus. Ele chega<br />

para a entrevista com o Red Bulletin meio despenteado,<br />

com sua barba por fazer e a camisa enfiada de qualquer<br />

jeito no jeans. Mas ele está bem acordado e com<br />

um humor ótimo. “Antes de começar a entrevista,<br />

tenho que avisar uma coisa para você”, diz. “Nós, os<br />

dinamarqueses, somos muito bons em fazer piadas<br />

com nós mesmos. Por trás de tudo que dizemos tem<br />

sempre um senso de humor cruel.” Foram essas suas<br />

primeiras palavras antes de falar sobre seu processo<br />

criativo, suas crenças e a paixão pelas bicicletas.<br />

the red bulletin: Senhor Mikkelsen, você fez<br />

um vilão com James Bond, foi herói no faroeste<br />

e na mitologia grega, e também encarnou<br />

Hannibal Lecter. De onde vem essa preferência<br />

por personagens extremos<br />

mads mikkelsen: A resposta é simples. A minha<br />

vida é muito chata. Para um projeto me tocar, ele<br />

tem que ser ou dramático ou emocionante ou mesmo<br />

louco. Eu preciso do contraste. De comédias, por<br />

exemplo, eu não gosto nem um pouco. A não ser<br />

que sejam muito loucas.<br />

Hannibal é tudo menos uma comédia. No momento,<br />

você está filmando a terceira temporada da<br />

série que tem sido um sucesso. Não teve dúvidas<br />

quanto a fazer esse personagem<br />

Não depois que falei com Bryan Fuller, a mente<br />

criativa por trás da série. Ele queria me apresentar<br />

a história em dez minutos. Depois de duas horas,<br />

ele ainda estava falando. Ele delirava sobre Hannibal<br />

como um adolescente apaixonado. Depois dessa<br />

conversa, ficou claro: tinha que fazer alguma coisa<br />

junto com aquele cara doido.<br />

37


Ex-dançarino<br />

profissional,<br />

Mikkelsen iniciou<br />

a carreira de ator<br />

nos anos 1990,<br />

fazendo seu nome<br />

como um traficante<br />

de drogas na trilogia<br />

dinamarquesa<br />

Pusher<br />

Quanto é necessário e até que ponto o ator deve<br />

encarnar um personagem canibal<br />

Hahaha, você quer saber se eu…<br />

...não foi até as últimas consequências,<br />

certamente.<br />

Fora suas preferências alimentares muito... excêntricas,<br />

ele não é um psicopata típico. Hannibal Lecter não<br />

é um animal unidimensional. Não cometa o erro de<br />

reduzi-lo. Ele ama arte, música, comida, línguas e,<br />

também, matar. Para ele, trata-se de mais uma paixão.<br />

Tem inclusive um certo, digamos, amor no que faz. É<br />

uma faceta que tento expressar... Acha louco demais<br />

Talvez se você explicasse essa ideia um pouco<br />

melhor.<br />

Ele é um dos monstros mais horrorosos que já vimos.<br />

Claro. Mas, deixando de lado suas atrocidades, podemos<br />

aprender muito com Hannibal. Por exemplo,<br />

que a vida no limiar da morte é muito mais interessante.<br />

Porque é quando percebemos que devemos<br />

aproveitar a vida ao máximo todos os dias. Ele não<br />

tem tempo para banalidades. Não perde tempo com<br />

pessoas estúpidas. Você pode aprender muito com<br />

essa atitude. Além disso, uma coisa que me fascina<br />

nele é sua imensa autoconfiança.<br />

Por quê<br />

Porque sou uma pessoa insegura. Sempre estou<br />

inseguro quando experimento alguma coisa, cada<br />

vez que faço um trabalho. O sentimento de insegurança<br />

é minha companhia constante<br />

“Quando você sobe na bicicleta e quase<br />

cospe sangue, o seu cérebro produz<br />

essas endorfinas [...] Ando todos os<br />

dias. Se não ando, fico desesperado.”<br />

Agora você está mentindo.<br />

Não! É verdade!<br />

Insegurança poderia ser útil se você fizesse personagens<br />

medrosos, desesperados, desconfiados.<br />

Mas você interpreta heróis. Como dá para ficar<br />

inseguro ao interpretar heróis<br />

Tenho que esquecer a insegurança. Eu sei, eu sei,<br />

falar é fácil. O que tento fazer é, quando estou interpretando,<br />

entrar em um tipo de estado fluido. Então<br />

não penso. Eu sou. Quando começo a pensar e raciocinar,<br />

quando estou consciente do que estou fazendo,<br />

então não funciona. Quando percebo que isso aconteceu,<br />

preciso repetir tudo novamente.<br />

A não ser que o diretor goste do resultado.<br />

Não. Não abro mão. Eu exijo repetir. Porque sei que<br />

não ficou bom. Eu sei. Dá para entender Não importa<br />

o quanto o diretor esteja satisfeito.<br />

38 THE RED BULLETIN


Você tem alguma tendência em ser solitário<br />

Essa profissão é ao mesmo tempo muito social e<br />

muito antissocial. Quando estamos trabalhando,<br />

estamos cercados de gente o tempo todo. Ou não<br />

seria possível realizar o trabalho. Ao mesmo tempo,<br />

um ator tem que vivenciar seu próprio processo<br />

interno. Você tem que encontrar uma personalidade<br />

diferente dentro de você e conduzi-la. Para isso é<br />

preciso estar completamente sozinho. E é preciso<br />

conseguir estar nesse estado mesmo rodeado de<br />

centenas de pessoas. Isso tem que ser aprendido.<br />

Quando se aprende a escutar somente os próprios<br />

pensamentos e a própria música interna, a qualidade<br />

da inspiração se torna infinita.<br />

Como se aprende isso Maturidade<br />

Anos de meditação<br />

Andando de bicicleta.<br />

Ah.<br />

Ando todos os dias. Uma ou duas horas, quando vou<br />

sozinho. Mais tempo se vou com um grupo. Andar<br />

de bicicleta é a minha droga. Você pode perguntar<br />

aos maratonistas ou triatletas. Todos conhecemos<br />

a sensação. Quando você sobe na bicicleta e quase<br />

cospe sangue, o seu cérebro produz essas endorfinas.<br />

Coisinhas incríveis. Você fica viciado nelas. Quando<br />

não posso andar de bicicleta alguns dias, entro<br />

em desespero.<br />

Senhor Mikkelsen, isso é uma confissão de<br />

um viciado em drogas<br />

Hahaha, até um certo ponto, sim. Claro que tem<br />

situações em que você esgota todas as energias, está<br />

fraco e pega uma gripe. Isso seria uma viagem errada,<br />

se você quiser. Mas normalmente você ganha uma<br />

boa dose de adrenalina. Tem pessoas que precisam<br />

sentir o perigo para experimentar essa sensação.<br />

Elas escalam montanhas. Isso não me interessa.<br />

O que me interessa é ir até aquele limite extremo<br />

em que nada mais rola. Onde já não posso mais.<br />

Isso me deixa realizado.<br />

O que exatamente deixa você realizado<br />

Eu já refleti sobre o que acontece ali. Mas não sei<br />

o que é. Sinceramente. Devo ser simplesmente<br />

viciado em esportes. Mesmo quando não estou com<br />

a bicicleta, pratico algum outro esporte – futebol,<br />

handebol, tênis. Quando tenho um intervalo, assisto<br />

a esportes na TV.<br />

Tem alguma aventura de bicicleta que marcou<br />

você<br />

Uma vez em Los Angeles. Um amigo tinha duas bicicletas<br />

de corrida e me desafiou. Fazia algum tempo<br />

que não pedalava, mas não dei importância. Normalmente<br />

estou em boa forma. E então fomos... subindo<br />

e descendo as montanhas ao redor de Los Angeles.<br />

E foi um fiasco. Sofri muito. Quase morri. Sem chance<br />

de ganhar do meu amigo. Uma frustração completa.<br />

Depois da corrida, disse a mim mesmo: “Você não<br />

pode admitir isso”. Comprei uma bicicleta de corrida,<br />

me preparei, voltei a Los Angeles e aí ele teve que<br />

se ver comigo. Foi muito divertido!<br />

Quer dizer que podemos imaginar como Mads<br />

Mikkelsen organiza corridas particulares de<br />

ciclismo nas estradas ao redor de Los Angeles<br />

(Risos.) Não como algo que aconteça todo dia. Mas<br />

daquela vez foi importante. Eu precisava daquela<br />

revanche. Não podia simplesmente aceitar uma<br />

derrota sem fazer nada.<br />

Não é uma acusação, mas tem uma razão para<br />

se fechar uma estrada quando se realiza uma<br />

corrida.<br />

Claro. Você tem razão. Eu reconheço que foi perigoso.<br />

Nas ruas de Los Angeles têm essas grades enormes<br />

sobre os bueiros para recolher a água da chuva.<br />

Elas são grandes demais para você passar em cima<br />

com a bicicleta. O pneu entala. O que teria graves<br />

consequências mesmo numa velocidade abaixo<br />

dos 50km/h. Mas eu fui com tudo a 50 por hora na<br />

direção de uma dessas grades. Quando vi, era tarde<br />

demais para desviar. Eu sabia: ou conseguia saltar<br />

sobre a coisa, ou seria uma queda. E por sorte eu<br />

consegui. Só uma pequena parte do pneu traseiro<br />

tocou a grade. Essa foi por muito pouco.<br />

Talvez tenha um anjo da guarda vigiando você<br />

Não sou nada religioso. Zero. Claro, seria muito<br />

bom se houvesse um ser superior bondoso. Mas,<br />

até que tenhamos prova disso, acho que é melhor<br />

que tomemos as rédeas de nossa vida nas próprias<br />

mãos. Ação própria, responsabilidade própria.<br />

Prefiro assim.<br />

Em todo caso, deve ter sido uma sensação incrível<br />

sair de um susto desses sem um arranhão...<br />

De jeito nenhum! Eu estava irritado e assustado.<br />

Acabei de dizer que o perigo não me excita. Não<br />

me interessa.<br />

Mas, por outro lado, você também disse que<br />

a vida no limiar da morte é mais interessante.<br />

O que não significa que você deve se arriscar<br />

imprudentemente.<br />

Senhor Mikkelsen, você está dizendo isso no<br />

mesmo momento em que acende um cigarro!<br />

Ponto pra você. Hahahaha! Eu já tentei parar,<br />

mas não consegui.<br />

Pense bem, quantos desafios ciclísticos você<br />

não poderia vencer com os pulmões limpos<br />

Você tem razão. Se eu parasse de fumar, seria mais<br />

rápido pedalando. Talvez possa me fixar nessa ideia<br />

como motivação para parar.<br />

39


“Ele é muito bom.<br />

Sua figura no ar é muito<br />

bonita”, diz Duque sobre<br />

Paredes. “O Johnny tem<br />

fome, tem vontade…<br />

E todas as habilidades<br />

necessárias para ser<br />

um sucesso no esporte”


INSTRUÇ ~ O E S<br />

PARA HERDAR<br />

UM REINO<br />

Cenote Ik Kil, estado de Yucatán (México).<br />

Última parada do Red Bull Cliff Diving World<br />

Series 2014. O saltador mexicano Jonathan<br />

Paredes está na beira da plataforma, a 27 m de<br />

altura. Abaixo, Orlando Duque, 12 vezes campeão<br />

mundial, o anima. O medo e a pressão se notam<br />

no ar.Jonathan salta e falha em sua entrada<br />

na água. Orlando ri e aplaude: ele sabe que acabou<br />

de ver um futuro número um do mundo falhar<br />

Por: Armando Aguilar<br />

ROMINA AMATO/RED BULL CONTENT POOL<br />

41


Quando o nome de Jonathan<br />

foi mencionado para que fosse<br />

convidado ao Red Bull Cliff Diving<br />

World Series, Orlando o apoiou.<br />

“Pediram minha opinião, e eu disse<br />

que sim na hora. Só recomendo<br />

quem tem realmente qualidade.<br />

E ele se destacava, sem dúvida”<br />

A<br />

foto é comovente. Dois amigos unidos,<br />

um com um abraço e o outro com o coração:<br />

Jonathan não só rodeia Orlando<br />

com seus braços, como também repousa<br />

sua cabeça sobre o ombro de seu mentor.<br />

Os dois sorriem com essa alegria contagiante.<br />

Acabam de conseguir algo histórico:<br />

Orlando Duque, a grande lenda, e<br />

Jonathan Paredes, o novato, levam o ouro<br />

e o bronze, respectivamente, na estreia<br />

dos saltos de grande altura dentro do<br />

Campeonato Mundial da Federação Internacional<br />

de Natação, em Barcelona, 2013.<br />

“Conseguimos, cara. Conseguimos!”, diz<br />

o colombiano ao jovem, que não consegue<br />

conter a emoção e começa a chorar.<br />

Alguém comenta com o mexicano que<br />

ninguém de sua delegação presenciou sua<br />

façanha. “Não importa, aqui está Duque,<br />

que é quem tem que estar”, responde.<br />

Além dessa medalha, 2013 foi tão<br />

incrível para Jonathan (novato do ano no<br />

Red Bull Cliff Diving e quarto lugar geral<br />

– atrás de Duque, que ficou em terceiro),<br />

que muitos acharam que o mexicano era<br />

a próxima grande estrela dos saltos de<br />

penhasco. “As pessoas que entendem desse<br />

esporte podem identificar quem tem um<br />

futuro extraordinário e quem vai ter que<br />

trabalhar com mais esforço. Johnny é dos<br />

primeiros. É como as pessoas que entendem<br />

de cavalos: sabem em que animal<br />

devem apostar”, diz Orlando.<br />

No entanto, 2014 acabou não sendo<br />

maravilhoso para Jonathan: arrancou<br />

com dois pódios no Red Bull deste ano,<br />

mas teve dois tropeços graves, em Portugal<br />

e na Espanha. O novato do ano passado<br />

foi desmoronando, e sua participação<br />

na temporada 2015 está em perigo.<br />

Tudo se define aqui, em Ik Kil.<br />

Jonathan Paredes pode realmente ser<br />

um herdeiro digno do legado de Orlando<br />

Duque “Não é meu legado. Somos muitos<br />

os que colaboramos todos estes anos para<br />

tornar grande esse esporte, a diferença<br />

é que eu durei várias gerações. Mas sim,<br />

ao final, Johnny será a pessoa que transmitirá<br />

o conhecimento aos novos saltadores”,<br />

afirma Orlando, que também adverte:<br />

“Mas ele precisa melhorar algumas coisas,<br />

nós já falamos sobre isso. Por exemplo...”.<br />

Aqui vão os conselhos de uma lenda para<br />

seu amigo:<br />

“PERCA O MEDO, É HORA DE<br />

ARRISCAR.” Durante a prática prévia<br />

à grande final 2014 do Red Bull Cliff<br />

Diving em Ik Kil, Jucelino Junior, saltador<br />

brasileiro, caminha até a beira da plataforma.<br />

Ele para, espia o penhasco e dá<br />

dois passos para trás. Jucelino volta para<br />

a borda da plataforma, fica imóvel por<br />

alguns segundos e, quando parece que<br />

vai decolar, retrocede. Decepcionado,<br />

Depois de ser o novato<br />

do ano em 2013, Jonathan<br />

experimentou a fama<br />

e a exigência. “Este ano<br />

eu estava esperando<br />

muitas coisas muito cedo,<br />

e acho que foi isso que<br />

me pressionou”, afirma<br />

42 THE RED BULLETIN


DEAN TREML/RED BULL CONTENT POOL (2), AGUSTIN MUNOZ/RED BULL CONTENT POOL<br />

“O JOHNNY PRECISA PARAR DE<br />

SE DEIXAR PRESSIONAR TANTO<br />

PELO PAÍS, PELA FAMÍLIA, POR<br />

ELE MESMO, E CURTIR MAIS.”<br />

THE RED BULLETIN 43


O que Orlando<br />

significa para Johnny<br />

“Ele é a pessoa que eu<br />

mais admiro e que vou<br />

admirar para sempre,<br />

porque ninguém vai<br />

conseguir o que ele já<br />

fez até agora. Nem eu<br />

vou conseguir isso”<br />

“NÃO É RUIM TER MEDO,<br />

MAS AQUI É PRECISO<br />

ARRISCAR.”<br />

ROMINA AMATO/RED BULL CONTENT POOL (2), DEAN TREML/RED BULL CONTENT POOL<br />

44


abaixa a cabeça. Lá embaixo, o público<br />

o incentiva. Jucelino volta à posição de<br />

salto, abre os braços para começar, mas<br />

se arrepende, levanta uma mão para se<br />

desculpar e se retira. Sim, esses homens<br />

também sentem medo. E como não ter<br />

medo quando você vai se jogar de uma<br />

altura de oito andares, uma ousadia que<br />

acelerará seu corpo mais rápido que um<br />

carro de corrida, para impactar com a água<br />

a 85 km/h em apenas três segundos<br />

“Quando você para na plataforma e volta,<br />

está claro que existe temor. Quando você<br />

chega ao final da plataforma, não vai voltar,<br />

porque está preparado para saltar.<br />

E Johnny estava tendo um bloqueio meio<br />

complicado em relação a isso”, indica<br />

Orlando. O temor é um sistema de defesa<br />

que nos põe em alerta, mas se nos domina<br />

faz com que cometamos erros, e isso é<br />

uma coisa que um saltador de penhascos<br />

não pode se permitir. “Não é ruim ter<br />

medo, mas aqui é preciso arriscar e vencer<br />

o temor. Uma nota 9 ou 10 de qualificação<br />

não se consegue com hesitações.<br />

Johnny deve confiar no seu preparo, foi<br />

para isso que ele treinou, para se arriscar<br />

de uma forma segura. Ele foi entendendo<br />

isso, e cada vez salta mais tranquilo.”<br />

O que motivou Orlando a “adotar” Jonathan<br />

“Eu achei ele legal. Johnny é uma pessoa<br />

agradável, é muito educado e estava muito<br />

emocionado por competir entre nós”<br />

F<br />

AÇA SALTOS COM<br />

MAIOR GRAU DE DIFI-<br />

CULDADE. OS SALTOS<br />

QUE VOCÊ DOMINA<br />

JÁ NÃO LHE BASTAM.”<br />

Duque sempre admitiu<br />

que não tem muito<br />

como ajudar Jonathan<br />

em relação à técnica:<br />

“O que Johnny sabe sobre saltos ele<br />

aprendeu há muito tempo com a escola<br />

mexicana de clavados (saltadores de<br />

grandes alturas), uma das melhores do<br />

mundo, mas já é necessário que ele aumente<br />

o grau de dificuldade”. Durante<br />

o ano passado e o começo deste, a média<br />

de qualificações para os saltos de Jonathan<br />

era 9. A fórmula era simples: ele executava<br />

saltos excelentes e conservadores,<br />

à espera de que os outros competidores<br />

falhassem um pouco nos saltos mais arriscados.<br />

“Isso não tinha como funcionar<br />

sempre, os outros saltadores aperfeiçoaram<br />

os saltos com maior grau de dificuldade,<br />

e agora os saltos que Johnny mais<br />

domina já não são suficientes.”<br />

É o que está acontecendo agora em<br />

Ik Kil: enquanto Jonathan tenta garantir<br />

seu lugar na série do próximo ano com<br />

os saltos com os quais ele se sente seguro,<br />

o inglês Gary Hunt apresentou como último<br />

salto um triple quad, um dos saltos<br />

com maior grau de dificuldade. Jonathan<br />

falha e mal consegue receber alguns oitos;<br />

Gary recebe uma enxurrada de noves com<br />

seu último salto. “Eu nunca fiz os saltos<br />

mais difíceis, mas sempre saltei com muita<br />

qualidade, e isso me fez ganhar muitos<br />

eventos”, diz Orlando. “Johnny não tem<br />

que fazer os saltos mais loucos ou os mais<br />

perigosos, basta que ele aumente o grau<br />

de dificuldade e faça ótimas execuções<br />

para voltar a ter bons resultados.”<br />

Abdominais, oblíquos<br />

e pernas fortes são<br />

indispensáveis para<br />

um bom salto, um<br />

treinamento que é<br />

mais parecido com<br />

a academia do que<br />

com saltar de<br />

um penhasco<br />

“QUANDO VOCÊ ESTIVER COM<br />

SEUS MELHORES RESULTADOS,<br />

TREINE COM MAIS ESFORÇO DO QUE<br />

NUNCA.” Se tem um erro que Orlando<br />

Duque cometeu e que ele não gostaria<br />

que Jonathan repetisse, é se sentir superior<br />

aos outros atletas. “Quando eu não<br />

parava de ganhar, no início de minha carreira,<br />

esqueci um pouco do treinamento<br />

pois sentia uma grande vantagem.” Apesar<br />

de ser um esporte cujas execuções duram<br />

apenas alguns segundos, aqui é vital ter<br />

um preparo físico excepcional. “A qualidade<br />

de Johnny pode levá-lo a achar que<br />

pode treinar menos que os outros, mas<br />

ele deve se preparar ainda mais para aumentar<br />

a vantagem”, aconselha Orlando.<br />

“PARE DE SE PRESSIONAR TANTO.”<br />

Após o último salto de Paredes em Ik Kil,<br />

o público e a imprensa estão desiludidos.<br />

Jonathan não está no pódio. Não há nenhuma<br />

façanha mexicana para comentar<br />

a respeito. A nota é que Gary Hunt é o campeão,<br />

e Jonathan não garante um posto<br />

para a série do próximo ano. Agora ele<br />

terá que passar por uma fase classificatória<br />

para obter seu lugar. Duque não se alarma:<br />

“Ele certamente vai ganhar a classificatória<br />

e estará na competição em 2015. O que<br />

aconteceu hoje foi a lição do ano inteiro:<br />

Johnny precisa parar de se deixar pressionar<br />

tanto pela família, pelo país, por ele<br />

mesmo, e curtir mais”. Depois de suas surpreendentes<br />

vitórias de 2013, muitos se<br />

esqueceram de que Jonathan Paredes tem<br />

apenas 25 anos, que ele ainda é um novato<br />

e que compete contra os melhores saltadores<br />

do mundo. Inclusive o próprio Johnny<br />

se esqueceu de que tem uma carreira pela<br />

frente. Jonathan quis conquistar o mundo<br />

do cliff diving em dois anos porque isso<br />

era o que todos esperavam dele. Todos,<br />

menos o homem que já ganhou tudo nesse<br />

esporte e que tem um último conselho<br />

para o mexicano: “O que você conseguiu<br />

até agora já tem muito mérito. Jonathan:<br />

você está fazendo uma coisa que a imensa<br />

maioria do planeta não é capaz de fazer,<br />

em lugares maravilhosos como este. Olhe<br />

ao seu redor, este penhasco não é incrível<br />

Você está praticando um dos esportes<br />

mais arriscados do mundo. Divirta-se!”.<br />

www.redbullcliffdiving.com<br />

45


Banda do Mar<br />

Formada no final de 2013<br />

em Lisboa, Portugal, lançou<br />

seu primeiro disco, Banda<br />

do Mar, em maio de 2014<br />

“Me Sinto Ótima”<br />

Uma das músicas que mais<br />

se destacam no disco é<br />

“Me Sinto Ótima”, na qual<br />

Mallu Magalhães mostra que<br />

a temporada europeia está<br />

lhe fazendo muito bem<br />

“Mais Ninguém”<br />

Primeiro single da banda,<br />

“Mais Ninguém” tem um<br />

divertido clipe com o trio<br />

dançando por Lisboa, e a<br />

letra diz: “Fazemos a festa /<br />

Somos do mundo / Sempre<br />

fomos bons de conversar”


BANDA DO MAR<br />

“É mais que um<br />

trabalho para nós”<br />

Conversamos com Mallu Magalhães, Marcelo Camelo e Fred Ferreira sobre<br />

a turnê brasileira da Banda do Mar, trio formado em Portugal<br />

Por: Fernando Gueiros<br />

DIVULGAÇÃO<br />

Marcelo Camelo e Mallu Magalhães são<br />

o casal mais badalado da música nacional.<br />

Acontece que, desde o final do ano<br />

passado, eles não moram mais no país –<br />

se mudaram para Lisboa, onde, em pouco<br />

tempo, passaram a fazer música junto<br />

com o baterista português Fred Ferreira,<br />

amigo de Camelo dos tempos de Los<br />

Hermanos e membro de bandas como<br />

Buraka Som Sistema e Orelha Negra.<br />

No primeiro disco da banda, Banda<br />

do Mar, o trio acertou o tom e agradou<br />

a críticos e aos já apaixonados fãs de<br />

Camelo e Mallu. As 12 músicas refletem<br />

a tranquilidade do trio, com letras sobre<br />

alegria, paz e diversão – bastante do<br />

que o casal brasileiro encontrou na<br />

capital portuguesa.<br />

Mallu mostra maturidade em suas interpretações<br />

e dá a entender como está<br />

sua vida atualmente em músicas como<br />

“Me Sinto Ótima”, uma das melhores do<br />

disco. Camelo parece que se libertou de<br />

um trabalho solo muito frutífero, intenso<br />

e extremamente poético para encarar<br />

um projeto dançante e animado. Fred foi<br />

a cereja do bolo, o equilíbrio que o caso<br />

precisava para deslanchar com arranjos<br />

arejados e extremamente atuais.<br />

Nos shows feitos aqui no Brasil, a Banda<br />

do Mar se apresentou junto com Marcos<br />

Gerez e Gabriel Bubu, que já trabalharam<br />

com Marcelo Camelo. Entre uma e outra<br />

parada na turnê que passou por mais de<br />

dez cidades, Mallu, Camelo e Fred falaram<br />

com a gente.<br />

the red bulletin: Como foi a recepção<br />

do público nos shows da Banda do Mar<br />

aqui no Brasil<br />

Marcelo Camelo: A gente esperava que<br />

o público gostasse, mas ficamos surpresos<br />

com o carinho enorme com que os fãs<br />

nos receberam, foi incrível.<br />

Mallu Magalhães: A gente está vendo<br />

tanto os fãs antigos meus e do Marcelo<br />

como um pessoal novo. Fãs da Banda do<br />

Mar mesmo, que já vieram com o disco<br />

novo na cabeça.<br />

Como é o processo de divulgação<br />

de discos nos tempos de hoje A internet<br />

tem um papel importantíssimo.<br />

Vocês acham que o CD está morrendo<br />

Vocês se preocupam com isso de<br />

alguma maneira<br />

“Aconteceu de<br />

forma natural.<br />

Cada um compunha<br />

sua parte<br />

e mostrávamos<br />

um para o outro.”<br />

Mallu: Apesar de a internet ter um papel<br />

totalmente importante, não acho que o<br />

CD morreu e não acho que isso um dia<br />

vai acontecer, sempre vão existir apreciadores<br />

dessa mídia.<br />

Existe alguma divisão de tarefas na<br />

banda Ainda mais considerando que<br />

dois membros são marido e mulher,<br />

a relação na hora da criação tem<br />

alguma regra<br />

Mallu: Não existe uma divisão imposta,<br />

eu e o Marcelo que fizemos as letras, o Fred<br />

foi importante nos arranjos. Todo mundo<br />

acaba ajudando no que pode.<br />

Marcelo: A Banda do Mar aconteceu de<br />

forma bem natural. Cada um compunha<br />

sua parte, e, quando a música estava o<br />

mais perto de ficar pronta, nós mostrávamos<br />

aos outros, que davam sugestões.<br />

Mallu: A música é muito mais que um<br />

trabalho para a gente, então não existe<br />

essa divisão entre trabalho e vida pessoal<br />

entre nós.<br />

Fred, quais são os sons novos vindos<br />

de Portugal que você recomenda para<br />

os nossos leitores<br />

Fred Ferreira: Em Portugal assim<br />

como no Brasil temos bandas muito boas<br />

que eu posso destacar como grupos que<br />

estão fazendo algo novo, nomes que acho<br />

muito bons como Deolinda, David Fonseca,<br />

The Legendary Tigerman, Frankie Chavez,<br />

Osso Vaidoso, Dead Combo, Da Weasel,<br />

Xutos & Pontapés, Buraka Som Sistema,<br />

Regula, Sam The Kid, Orelha Negra...<br />

Quais são as diferenças e as semelhanças<br />

entre a música portuguesa e a brasileira.<br />

Por quê<br />

Fred: Juntar as culturas é ótimo, e a cultura<br />

brasileira e a portuguesa não são<br />

tão distantes. Somos países irmãos e com<br />

muita música e cultura para descobrir<br />

ainda sobre cada um deles.<br />

Mallu, vocês se mudaram para Lisboa<br />

por um tempo. O que foi o melhor dessa<br />

experiência de vida Quais as principais<br />

diferenças que sentiram entre a vida<br />

em Lisboa e a vida que tinham em SP<br />

Mallu: Continuamos morando em<br />

Lisboa, viemos para o Brasil para os<br />

shows da Banda do Mar mesmo. Temos<br />

uma rotina bem tranquila em Portugal,<br />

assim como a que tínhamos no Brasil.<br />

O Brasil sempre será nossa casa, mas<br />

agora Lisboa também é nossa casa,<br />

estamos curtindo a rotina por lá.<br />

www.bandadomar.com.br<br />

THE RED BULLETIN 47


Nome<br />

Stéphane Peterhansel<br />

Nascido em<br />

6 de agosto de 1965<br />

em Échenoz-la-Méline,<br />

França<br />

Estreia no Dakar<br />

em 1988, na Yamaha<br />

Vitórias no Dakar<br />

em 1991, 1992, 1993,<br />

1995, 1997 e 1998 com<br />

a Yamaha na categoria<br />

motos. Mudou para<br />

carros em 1999. Vitórias<br />

em 2004, 2005 e 2007<br />

com a Mitsubishi e 2012 e<br />

2013 na Mini. E ainda dois<br />

segundos e um terceiro<br />

lugar. Para 26 largadas<br />

somente dois (!) rallies<br />

não terminados


“Você não se cansa<br />

nunca do Rally Dakar,<br />

Stéphane Peterhansel”<br />

São 26 largadas e 11 vitórias. Em toda a história do lendário rally,<br />

nenhum piloto teve mais vitórias do que o francês Stéphane Peterhansel,<br />

de 49 anos. E ele não pensa em parar. O que o motiva<br />

Por: Werner Jessner<br />

FLAVIEN DUHAMEL/RED BULL CONTENT POOL<br />

the red bulletin: Então, você já<br />

não viu tudo depois de tantas edições<br />

do rally Há 26 anos, o seu ano sempre<br />

começa da mesma forma…<br />

stéphane peterhansel: Não! Minha<br />

grande paixão é explorar países novos.<br />

E, como o trajeto muda a cada ano,<br />

sempre tem algo novo para conhecer.<br />

Mas para isso não é necessário ser<br />

um piloto de rally.<br />

É verdade. Em setembro, por exemplo,<br />

eu atravessei o Lesoto de bicicleta.<br />

Por quê<br />

O Lesoto é um enclave na África do Sul.<br />

Eu nunca tinha estado lá, e, como<br />

o Dakar agora é realizado na América<br />

do Sul, ele não me levaria tão cedo para<br />

o sul da África.<br />

Por que de bicicleta<br />

De uma maneira ou de outra, você tem<br />

que ficar em forma para o Dakar.<br />

Mas são 26 largadas no Dakar...<br />

A minha segunda grande paixão é<br />

o automobilismo. O Dakar é, para mim,<br />

a combinação perfeita.<br />

Mas chega o momento em que você<br />

já viu essencialmente tudo...<br />

Eu participei 18 vezes do Rally Dakar<br />

na África. Em cada uma delas o céu<br />

era diferente. Isso sem falar da areia<br />

e dos cheiros.<br />

Que lugar você achou o mais bonito<br />

Pela paisagem, foi o sul da Argélia.<br />

Mas, pelo conjunto de toda a corrida,<br />

o trajeto desde Paris até a Cidade<br />

do Cabo foi o mais diversificado.<br />

Na América do Sul, todos os trechos<br />

pela cordilheira são espetaculares.<br />

Água, seca, altitudes extremas:<br />

muitas opções para o viajante.<br />

Qual é a idade ideal para vencer o rally<br />

Quando eu tinha 35 anos, achava que<br />

meu conterrâneo Jean-Louis Schlesser<br />

era um velho. E hoje ainda sou mais jovem<br />

do que ele era quando conquistou<br />

sua última vitória. Quarenta e nove não<br />

é idade. Eu sou jovem mentalmente e<br />

fisicamente me sinto em perfeita forma.<br />

Por quanto tempo você pretende<br />

correr ainda<br />

Ainda gostaria de conseguir minha sexta<br />

vitória na categoria carros. Ganhei seis<br />

“Pela paisagem,<br />

amei o sul da<br />

Argélia. Muitas<br />

opções para<br />

o viajante.”<br />

vezes na categoria motos. Seria uma<br />

conta redonda. O meu contrato com a<br />

Peugeot Sport tem duração de três anos.<br />

Quando você trocou a moto pelo carro<br />

foi por medo<br />

Mais por instinto de sobrevivência. Em<br />

dez corridas de moto eu não tive nenhum<br />

acidente sério. Mas vi pilotos morrerem<br />

na minha frente e outros ficarem em<br />

cadeira de rodas. Tinha sempre a sensação<br />

de estar no controle da situação.<br />

Mas é exatamente aí que mora o perigo.<br />

Além disso, era bem chato...<br />

Chato!<br />

Muito. Dentro do capacete, você está<br />

sozinho o tempo todo. Para o melhor<br />

e para o pior. No carro, você pode trocar<br />

ideias com o copiloto.<br />

Qual o seu carro preferido<br />

Sempre tive carros muito rápidos. Todos<br />

AWD. Em 2015, vou correr pela primeira<br />

vez com um buggy de tração traseira,<br />

o Peugeot 2008 DKR. Mesmo que nesse<br />

momento, três meses antes do início<br />

da corrida, eu não tenha a sensação de<br />

que ele me permita vencer, ele é o carro<br />

que mais me agrada.<br />

É o que diz o piloto de fábrica.<br />

Mas é verdade. O regulamento permite<br />

maior curso na suspensão do buggy do que<br />

dos carros com AWD (que altera a tração<br />

automaticamente), o que combina melhor<br />

com meu estilo de direção suave e tranquilo.<br />

Quanto pior a pista, melhor o Peugeot.<br />

Quem será o mais rápido Você ou o<br />

companheiro de equipe Carlos Sainz<br />

Por enquanto ele. Simplesmente porque<br />

ele tem mais experiência com buggies.<br />

Você poderia mudar para a categoria<br />

trucks também...<br />

Experimentei uma vez no ano passado.<br />

Não vai acontecer. Não tem nada a ver<br />

com dirigir um carro. Não me interessa.<br />

Ou para o skate.<br />

A última vez que subi num skate foi há mais<br />

de dez anos quando, arrumando a garagem,<br />

encontrei por acaso meu skate velho.<br />

Continuo sabendo o que faço em cima de<br />

um, mas o esporte mudou radicalmente<br />

desde a minha época há quase 40 anos.<br />

Nós competíamos no slalom. Os jovens de<br />

hoje nem sabem que isso existiu um dia.<br />

O que a idade lhe ensinou<br />

Que você tem que ficar atento se não<br />

quiser perder o trem.<br />

www.peugeot-sport.com<br />

THE RED BULLETIN 49


ÁFRICA SALGADA<br />

Ser um surfista na África significa ser comprometido. Significa enfrentar<br />

a infinidade de uma rica e diversa fronteira do surf e estar preparado para<br />

tudo o que aparecer no caminho. Ser um surfista na África é viajar grandes<br />

distâncias por uma onda, e nunca mais querer voltar para casa quando você<br />

encontra o pico certo. O fotógrafo sul-africano ALAN VAN GYSEN, 32 anos,<br />

abriu sua galeria de fotos de surf e contou para o Red Bulletin como é trabalhar<br />

em busca de ondas inóspitas no continente africano<br />

O sul-africano Craig Anderson,<br />

um dos freesurfers mais alternativos<br />

e ousados da atualidade, em Skeleton<br />

Bay, na Namíbia, uma das ondas<br />

mais cobiçadas da atualidade<br />

50


“É difícil não se apaixonar pela África”, diz Alan<br />

van Gysen, descrevendo o mistério e a oportunidade<br />

que acenam para os viajantes antes mesmo que eles<br />

tenham colocado os pés naquele continente de solo<br />

vermelho cor de sangue<br />

Morador da Cidade do Cabo, a uma curta distância da Praia de Kommetjie,<br />

Van Gysen fotografa surf desde o final dos anos 1990. “A África é cercada de mar<br />

e três oceanos que contam com ondas de todos os tipos, a maioria das quais<br />

ainda intocadas e divididas em 38 países”, ele diz. “Esta é a atração: tem alguma<br />

coisa para todo mundo. Uma aventura para todos. Primeiro mundo, terceiro<br />

mundo, mundos intermediários: a África tem a resposta para qualquer pergunta.<br />

Por exemplo, uma das melhores ondas do momento, em Skeleton Bay,<br />

na Namíbia, começou a ser surfada regularmente a partir de 2011. E, no ano<br />

passado, uma onda ainda mais nova apareceu – em Angola, com 3 quilômetros<br />

de comprimento. Imagine o que mais pode existir lá…<br />

O que eu adoro na África é que ela oferece uma sensação de liberdade<br />

desconhecida para muitos dos que vivem no primeiro mundo. Claro que<br />

a sensação de liberdade geralmente tem um preço, que pode chegar na forma<br />

de desafios a serem superados. Mas não é assim que as melhores descobertas<br />

são feitas Como as descobertas culturais nas viagens de ônibus que duram<br />

24 horas. Ou nas suas descobertas pessoais quando o carro quebra no deserto.<br />

Ou descobrindo uma onda quando sua barca foi cancelada e você precisa<br />

tomar uma rota alternativa. Esse é o estilo de vida do surf, e muitas vezes<br />

você só valoriza isso quando desliza numa onda que nunca surfou antes.”<br />

52


Nesta página: o americano Dane<br />

Gudauskas mostra a perfeição<br />

da manobra e da onda num secret<br />

spot no sul de Angola. Surfar sem<br />

ninguém por perto era aquilo que<br />

ele precisava depois de uns dias<br />

parado por causa de uma lesão<br />

À esquerda: o sul-africano<br />

Andrew Lange arrebentando<br />

numa tarde em Moçambique<br />

“O freesurf, ou surfar com a alma, está no coração de todo<br />

surfista. Desde os guerreiros de fim de semana até os ativos<br />

grisalhos viajantes, a busca é sempre por uma onda exclusiva,<br />

livre de ego ou de disputa. A pureza do surf e a satisfação do<br />

coração e da alma… Os surfistas chamam isso de ‘alimentar’,<br />

e é isso que dá o combustível para esse vício que é o surf.<br />

E poucos lugares oferecem tanta exclusividade como a África.”


“O Norte e o Oeste da África têm grandes swells em lugares como Marrocos, Senegal e Ilhas<br />

Canárias, mas poucos lugares oferecem ondas maiores e mais fortes que a África do Sul”, diz<br />

Van Gysen. “Aberta à força total das profundas correntes atlânticas geradas nos Roaring Forties,<br />

a África do Sul é martelada por ondas gigantes durante os meses de inverno do Hemisfério Sul.<br />

A Cidade do Cabo tem uma comunidade de big surf em expansão, os sul-africanos estão<br />

criando fama de destemidos e ligados em dropar ondas grandes. E, enquanto alguns picos não<br />

oferecem boas paredes para manobrar, existem outros muito menores, protegidos, que surgem<br />

quando os grandes swells batem em cheio na ponta mais sul do continente.”


Nesta página: o surfista Josh Redman,<br />

de Durban, faz o bottom turn com estilo<br />

em Hermanus, perto da Cidade do Cabo<br />

Esquerda: o pôr do sol africano é ainda<br />

mais lindo visto da água, com a silhueta<br />

de Craig Anderson em Cabo St. Francis<br />

55


56 THE RED BULLETIN


“Diferentemente de lugares como Austrália,<br />

Havaí e Indonésia, a vida na África não precisa<br />

girar em torno do surf”, diz Van Gysen. “Ainda<br />

existem comunidades que não têm um conceito<br />

do que é surf. É um conceito completamente<br />

exótico, tão alienígena quanto gente voando.<br />

As pessoas às vezes piram na praia, imitando<br />

os movimentos do surf e olhando as pranchas<br />

como se elas tivessem caído do céu. Um dos<br />

grandes presentes de viajar na África é<br />

a oportunidade de mergulhar nessas<br />

comuni dades e em suas culturas.”<br />

Nesta foto e na superior<br />

esquerda: crianças curiosas<br />

em Angola se reúnem em volta<br />

de Cheyne Cottrell e David<br />

Richards pela praia enquanto<br />

eles desbravam uma onda ainda<br />

sem nome. “Depois que nós<br />

paramos de surfar, um molequinho<br />

per guntou onde estavam<br />

as hélices, presumindo que<br />

a prancha de surf era como um<br />

barco a motor”, diz Van Gysen.<br />

“Não tem nada como a emoção<br />

de surfar uma onda pela primeira<br />

vez e saber que nenhum<br />

surfista esteve nela antes”<br />

À esquerda: uma vista<br />

aérea do remoto subúrbio<br />

de Wlotzkasbaken, no deserto<br />

da Namíbia


Imagem principal:<br />

não se engane pela cor.<br />

Esta é a Cidade do Cabo,<br />

e a temperatura é de 9 ºC:<br />

“Pegar a estrada em busca<br />

de ondas novas e boas não<br />

é brincadeira. É imersão<br />

de verdade. É se integrar<br />

ao ambiente”


“A beleza de uma onda vazia, azul<br />

cristalina, é o que motiva o surfista<br />

desde sempre. Ter a capacidade de<br />

estar cortando por dentro um corpo<br />

de água em movimento é a sensação<br />

mais especial e definitiva para qualquer<br />

surfista e vai para sempre se manter<br />

como o aspecto mais eterno do esporte.<br />

Como diz um famoso slogan de uma<br />

marca de surfwear: ‘Only a surfer<br />

knows the feeling’ [Só o surfista<br />

conhece a sensação].”<br />

59


Acompanhar um surfista em<br />

uma onda de 2 km de comprimento<br />

no meio do deserto não é pouca<br />

coisa. “Voando de um país vizinho,<br />

o helicóptero teve que esperar<br />

horas para que a névoa espessa<br />

da Namíbia se dissipasse antes de<br />

pousar na areia em frente a esta<br />

onda”, diz Van Gysen. “A beleza<br />

aqui está em como a onda quebra:<br />

a curva quebrando, a explosão<br />

da água branca, o tubo sombrio<br />

e a água com cor de areia. Craig<br />

Anderson está no meio do caos<br />

e procurando a saída”<br />

“A fotografia sempre foi uma questão de perspectiva. Seja de<br />

cima ou de baixo, horizontal ou vertical, a paisagem é utilizada<br />

para enfatizar o momento. Mas como é que se faz para fotografar<br />

uma das ondas mais insanas do mundo, no meio do Deserto da<br />

Namíbia, sem um ponto privilegiado Em Skeleton Bay não tem<br />

uma elevação de onde se possa observar o surfista, só dá para<br />

ver o mar e a areia até onde o olho consegue enxergar. A solução<br />

então foi o ponto de vista do olho de um pássaro nas nuvens.”


Conheça o autor<br />

Quando Alan van Gysen foi picado<br />

pelo bicho da aventura, 15 anos atrás,<br />

em vez de viajar e gastar suas economias,<br />

decidiu ganhar a vida contando histórias<br />

que viveu com o surf. Uma experiência<br />

em natação competitiva combinada<br />

com o estudo de música clássica e com<br />

a escola de arte foi a preparação ideal<br />

para a forma física da arte da fotografia<br />

de surf. “Prefiro fazer as fotos na água”,<br />

ele diz. “É uma energia muito grande<br />

no momento e isso me dá melhor perspectiva<br />

para registrar e compartilhar<br />

a beleza do tema e do local.”<br />

instagram.com/alanvangysen<br />

61


Conheça a nova<br />

tecnologia para<br />

acabar com barulho<br />

MÚSICA, pág. 71<br />

Aonde ir e<br />

o que fazer<br />

AÇÃO!<br />

VIAGEM / RELÓGIOS / TREINO / MÚSICA / FESTAS / CIDADES / BALADAS<br />

GETTY IMAGES<br />

Reinando<br />

na NBA<br />

PRECISA DE AJUDA PARA TER UM FÍSICO<br />

EXPLOSIVO APRENDA COM HARRISON BARNES,<br />

DO GOLDEN STATE WARRIORS<br />

EM FORMA, pág. 66<br />

THE RED BULLETIN 63


AÇÃO!<br />

MALAS PRONTAS<br />

Pense na manobra<br />

dos sonhos: você<br />

pode realizá-la<br />

T E M<br />

M A I S<br />

COISA!<br />

AS BOAS PEDIDAS<br />

NA SUÍÇA<br />

À LA 007<br />

Faça um salto<br />

de bungee jump<br />

da represa de<br />

Locarno, no Ticino,<br />

no sul do país,<br />

e recrie a cena<br />

de abertura do<br />

filme 007 Contra<br />

Goldeneye.<br />

getyourguide.com<br />

Snowboard no ar<br />

WOOPY JUMPING O NOVO ESPORTE FAZ VOCÊ PLANAR<br />

ENQUANTO DESCE MONTANHAS DE NEVE<br />

Combinando a emoção do snowboarding com a adrenalina<br />

do paragliding, o woopy jumping está cada<br />

vez mais se tornando um esporte comum nos Alpes<br />

suíços. Descendo uma montanha a cerca de 50 km/h<br />

em uma prancha pode ser emocionante, mas com<br />

uma vela inflável em formato de delta acoplada às<br />

suas costas a adrenalina é total. O que seriam solavancos<br />

se tornam pequenos voos. Parece que você<br />

está planando por uma eternidade. Mais de 30 segundos<br />

de voo, se você caprichar. “Parece mesmo<br />

que você está voando de verdade”, diz Emma Shore,<br />

uma praticante de snowboard do Canadá que experimentou<br />

o woopy jumping na região do Lac Noir, na<br />

Suíça. “A vela é realmente muito leve e, quando você<br />

está planando, é como se não tivesse peso algum.”<br />

Com a vela nas costas e a pista brilhando lá embaixo,<br />

os woopy jumpers podem curtir o passeio no ar. A categoria<br />

acabou de surgir nos Alpes suíços, com apenas<br />

uns poucos resorts oferecendo instruções e equipamento.<br />

Mas, com um rápido crescimento e uma experiência<br />

incomparável, não demora muito para que<br />

sua popularidade decole, exatamente como seus participantes.<br />

“Já desci muito com snowboard e também<br />

já planei bastante”, diz Shore, “mas saltar com uma<br />

vela acoplada às costas é realmente demais.”<br />

jump.woopyjump.com<br />

AVISO DE QUEM CONHECE<br />

TENHA ATITUDE<br />

“Decida se o que você quer é planar ou descer a montanha”,<br />

diz Emma Shore. “Se você vacilar quando estiver<br />

decolando, vai sempre escorregar e se esborrachar<br />

no chão. Tome coragem, atitude e assuma o voo!”<br />

Decole<br />

utilizando a vela<br />

de paragliding<br />

A direção certa<br />

“São duas opções de comando”, diz Laurent<br />

de Kalbermatten, inventor da woopy wing.<br />

“Uma é como uma asa-delta, jogando o peso<br />

de acordo com o seu centro gravitacional.<br />

A outra é criando um ‘diferencial’ puxando<br />

em um cabo e em outro para curvar a vela.”<br />

SE JOGUE<br />

Embarque em<br />

um passeio de<br />

helicóptero pelos<br />

alpes e salte de<br />

paraquedas com<br />

instrutor. A altura<br />

4,5 mil metros.<br />

helicopterskydive.com<br />

SUBINDO<br />

Desça de rappel<br />

pelas fendas até<br />

o fundo de uma<br />

geleira e escale<br />

para voltar. Tudo<br />

com a supervisão<br />

de alguns dos<br />

melhores instrutores<br />

de alpinismo<br />

da Suíça.<br />

swissalpineguides.ch<br />

GETTY IMAGES(2), FOTOLIA(2)<br />

64 THE RED BULLETIN


´<br />

AÇÃO!<br />

MINHA CIDADE<br />

Sopot<br />

1<br />

GDANSK<br />

DJ residente:<br />

Tomek Hoax,<br />

35, de Gdansk<br />

2<br />

GDANSK, POLÔNIA<br />

AL. NIEPODLEGŁOSCI<br />

“Um milhão de<br />

conhecidos”<br />

GDANSK JAZZ DE PRIMEIRA, ARQUITETURA<br />

DOIDA, AMBIENTE FAMILIAR – POR QUE A CIDADE<br />

PORTUÁRIA NA POLÔNIA É NOSSA DICA DE VIAGEM<br />

“À primeira vista, Gdansk lembra outras cidades<br />

portuárias no norte da Europa, como Amsterdã<br />

ou Bruges”, conta o DJ Tomek Hoax sobre sua<br />

cidade natal. “Isso por causa das igrejas de tijolo<br />

à vista e dos canais. Mas, na verdade, Gdansk é<br />

única: junto com as vizinhas Gdynia e Sopot, forma<br />

a ‘Trójmiasto’ (Tricidade) – com opções para<br />

todo mundo: Sopot é a metrópole da festa, Gdynia<br />

um oásis de tran quilidade e Gdansk a cidade antiga<br />

com cafés, pubs e bares de jazz. As pessoas São<br />

1 milhão delas vivendo aqui e todas parecem se<br />

conhecer. São abertas aos turistas, o que parece<br />

estar agradando, já que a cada ano chegam mais.”<br />

AL. GRUNWALDZKA<br />

ZASPA<br />

3<br />

GOLFO DE GDANSK<br />

AL. ZWYCIĘSTWA<br />

UL. MARYNARKI POLSKIEJ<br />

UL. JANA Z KOLNA<br />

RIO VÍSTULA<br />

UL. H. SUCHARSKIEGO<br />

TOP CINCO<br />

OS MELHORES DA CIDADE DE TOMEK<br />

AL. ARMII KRAJOWEJ<br />

4<br />

UL. ELBLA˛ SKA<br />

WOJTEK ROJEK, LUKASZ PIETRZAK(2), TOMEK HOAX(2), FOTOLIA(3)<br />

1 SFINKS700<br />

2 CASA TORTA<br />

3 MURAIS<br />

4 NEIGHBOUR’S KITCHEN 5 FOOD TRUCKS<br />

Al. Franciszka Mamuszki 1<br />

“A melhor balada de Gdansk.<br />

Com os melhores DJs locais<br />

e internacionais. O dono é<br />

Leszek Możdżer, famoso<br />

pianista de jazz. Ele está sempre<br />

lá e improvisa ao piano<br />

junto com os DJs. Único.”<br />

Jana Jerzego Haffnera 6<br />

“Ponto turístico, mas que<br />

vale a pena: o edifício doido<br />

foi construído por dois arquitetos<br />

poloneses que se inspiraram<br />

nos gráficos do sueco<br />

Per Dahlberg. Dentro Lojas,<br />

bares e agito.”<br />

Bairro de Zaspa<br />

“Um bairro com atmosfera<br />

antiga: artistas de rua decoraram<br />

os edifícios cinzentos<br />

da época comunista com<br />

grafites gigantescos. Para<br />

ver todos, planeje duas horas<br />

de caminhada. Vale a pena.”<br />

Szafarnia 11<br />

“Pergunta: onde comer<br />

em Gdansk Resposta: no<br />

Neighbour’s Kitchen. Amado<br />

por todos, o restaurante serve<br />

menu de luxo ou hambúrgueres<br />

para paladares exigentes.<br />

Até o pão é feito lá.”<br />

Gdansk, Gdynia e Sopot<br />

“Nossos food trucks são uma<br />

lenda. Carrinhos de lanches<br />

ambulantes que estão em<br />

todos os lugares onde está<br />

acontecendo alguma coisa.<br />

Meu preferido O ‘Mukabar’<br />

e seus sanduíches de falafel.”<br />

A Ç Ã O<br />

EXTRA<br />

EM GDANSK<br />

E ARREDORES<br />

VELEJAR NO GELO<br />

Barcos a vela sobre patins, gelo<br />

liso, velocidade... Os lagos na<br />

Masúria são o paraíso dos<br />

velejadores no gelo.<br />

icesailing.org<br />

SUBMERSO<br />

Quer se divertir mergulhando<br />

Gdansk é o lugar perfeito<br />

para buscar restos de barcos<br />

naufragados.<br />

balticdive.pl<br />

SKATE DE INVERNO<br />

O parque de skate ao ar livre<br />

com 1 500 m 2 é novo. O clima<br />

da costa possibilita a diversão<br />

mesmo durante o inverno.<br />

abiskatepark.pl<br />

THE RED BULLETIN 65


AÇÃO!<br />

EM FORMA<br />

Por que Harrison<br />

Barnes faz treino<br />

de explosão<br />

Porque sim<br />

Harrison Barnes,<br />

22, é ala dos<br />

Golden State<br />

Warriors na NBA<br />

Ele sabe<br />

como voar<br />

BASQUETE VEJA COMO O ALA DOS<br />

GOLDEN STATE WARRIORS, HARRISON<br />

BARNES, SE MANTÉM EM FORMA<br />

PARA DISPUTAR A NBA<br />

“A capacidade de fazer o corpo render<br />

o máximo é o que diferencia um atleta<br />

bom de um atleta excepcional”, diz a fera<br />

da NBA, Harrison Barnes. “No basquete<br />

profissional isso significa principalmente<br />

explosão e velocidade.” Na sua primeira<br />

temporada, em 2013, já pelo time de<br />

Oakland, Califórnia, Barnes alcançou<br />

uma média de 16 pontos nos playoffs.<br />

Depois do sucesso da temporada, o ala<br />

de 2,03 m de altura contratou os serviços<br />

do personal coach Travelle Gaines, que já<br />

treinou mais de 300 jogadores profissionais<br />

de futebol e também estrelas como<br />

o rapper Puff Daddy. Sua preocupação<br />

principal: pernas e a velocidade na passagem<br />

da defesa para o ataque. “Treinamos<br />

muito saltos e corrida”, explica Gaines.<br />

“Tornozelos e dedos dos pés fortes são<br />

decisivos para um salto potente.”<br />

nba.com<br />

Treine como um profissional da NBA.<br />

Veja o vídeo em que Harrison Barnes mostra<br />

seu treinamento em redbulletin.com<br />

ALGEMAS PARA OS PÉS<br />

SKLZ LATERAL RESISTOR<br />

AGACHAMENTO<br />

“Agachamento e extensão de ombros são exercícios fantásticos para trabalhar todo o corpo”, conta<br />

o treinador. “Os melhores resultados são obtidos com duas a três séries de 12 a 15 repetições.”<br />

1 2 3<br />

“Sempre levo essa faixa elástica comigo”,<br />

diz Gaines. “Você coloca nos tornozelos e faz<br />

alguns movimentos muito intensivos (passo<br />

lateral, pivôs, avanços, por exemplo)...<br />

Fortalece os quadris e melhora<br />

a explosão.”<br />

Posição ereta,<br />

pés afastados<br />

na largura dos<br />

quadris, halteres<br />

pequenos<br />

na altura dos<br />

ombros, braços<br />

próximos<br />

ao corpo<br />

Agachar,<br />

manter o<br />

tronco ereto<br />

e joelhos em<br />

cima da linha<br />

dos pés<br />

Subir, levantar<br />

os halteres acima<br />

da cabeça.<br />

Voltar à posição<br />

inicial<br />

GETTY IMAGES(2) HERI IRAWAN<br />

66 THE RED BULLETIN


AÇÃO!<br />

WINGS FOR LIFE<br />

Entre em forma para<br />

a Wings for Life World<br />

Run: aproveite a noite<br />

EQUIPO<br />

IDEAL<br />

MENOS DESCUL-<br />

PAS: ASSIM DÁ<br />

MAIS GOSTO<br />

CORRER À NOITE<br />

PETZL TIKKA XP<br />

Lanterna de<br />

cabeça com até<br />

160 lumens, peso<br />

de 85 g, feixes vermelhos<br />

e brancos<br />

e luz constante<br />

quando a energia<br />

da bateria diminui.<br />

petzl.com<br />

BALASZ GARDI/RED BULL CONTENT POOL<br />

Corrida noturna<br />

WINGS FOR LIFE WORLD RUN CONSTRUA DESDE JÁ UMA BASE PARA ESTAR<br />

EM FORMA EM MAIO. CONFIRA 10 DICAS PARA ESTAR NA MELHOR FORMA<br />

A TEMPO PARA A WINGS FOR LIFE WORLD RUN<br />

1<br />

Desafie a escuridão.<br />

A noite caiu e a rota de<br />

sempre já não motiva Vá<br />

correr mesmo assim. O caminho<br />

conhecido muda completamente<br />

à noite. O cérebro<br />

compensa a falta de estímulos<br />

ópticos e de repente você se<br />

sente acordado e tudo parece<br />

novo e interessante.<br />

2<br />

Vista-se direito.<br />

Medo do resfriado Use<br />

várias camadas, para manter<br />

a temperatura do corpo estável.<br />

Importante: não se esqueça de<br />

proteger as orelhas, as mãos<br />

e os pés do frio. Ninguém quer<br />

dedos frios e úmidos. Então,<br />

o melhor são bons tênis de<br />

corrida e meias de Gore-Tex.<br />

3<br />

Seja visível.<br />

Refletores no agasalho,<br />

na calça e principalmente<br />

nos tênis melhoram as chances<br />

de os motoristas o verem<br />

com antecedência. O mesmo<br />

vale para os que correm na<br />

mata e não querem que um<br />

caçador incauto os confunda<br />

com um javali. (Leia o item 6.)<br />

4<br />

Esteja atento.<br />

Correr no escuro não<br />

significa correr às escuras.<br />

Um passo fora da trilha pode<br />

ser o suficiente para torcer<br />

um tornozelo. Lanternas de<br />

cabeça com LED iluminam<br />

o caminho, só pesam uns poucos<br />

gramas e praticamente<br />

não atrapalham.<br />

5 Oriente-se.<br />

No escuro, seu sentido<br />

espacial e temporal muda.<br />

Vá se afastando de casa em círculos<br />

concêntricos. Na dúvida,<br />

você pode voltar rapidamente<br />

à casa. Para corridas noturnas<br />

é melhor medir o tempo do que<br />

a distância.<br />

Deixe quem está<br />

6 dormindo em paz.<br />

Nem o pior tipo físico justifica<br />

correr pela mata acordando<br />

todas as formas de vida.<br />

Os animais que o digam: corredores<br />

não têm nada que procurar<br />

na mata à noite. (O mesmo<br />

vale para caçadores. E excursionistas.<br />

E mountain bikers.<br />

E cachorros.)<br />

A COMPETIÇÃO<br />

Uma única largada para seis continentes:<br />

no dia 3 de maio de 2015 acontecerá<br />

a segunda corrida mundial da história.<br />

O público-alvo: todos que queiram competir<br />

com todo mundo. Mais informações:<br />

www.wingsforlifeworldrun.com<br />

7<br />

Ouça com atenção.<br />

OK. Você está acostumado<br />

a correr com fones. Sem<br />

música, você não faz nada.<br />

Mesmo assim, experimente<br />

fazê-lo durante a noite. Os<br />

ouvidos estão com sensibilidade<br />

máxima durante a noite.<br />

A noite soa diferente.<br />

8<br />

Grupos de corredores<br />

noturnos.<br />

O grupo dá motivação ao<br />

treino. Nele você tem menos<br />

desculpas e menos motivos<br />

para deixar a preguiça vencer.<br />

E a noite é propícia para atividades<br />

em grupo.<br />

9<br />

Participe de uma<br />

competição.<br />

Tem muitas. Mais do que<br />

você imagina. Muitos organizadores<br />

já perceberam o bom<br />

negócio que é preparar corridas<br />

noturnas. Há mais pessoas<br />

correndo à noite do que imagina<br />

o corredor solitário. Vinte mil<br />

na largada já não são raridade<br />

(em Viena, por exemplo).<br />

10<br />

Dê-se uma<br />

recompensa.<br />

Um banho quentinho, o comichão<br />

na pele reaquecida,<br />

um chá com biscoito no sofá.<br />

Quem foi brincar lá fora à noite<br />

pode apreciar melhor o aconchego<br />

do lar. Os que ficaram<br />

enrolando no sofá devorando<br />

biscoitos têm toda razão para<br />

ter peso na consciência. E em<br />

alguma outra parte também.<br />

PUMA PURE<br />

NIGHTCAT<br />

Jaqueta de corrida<br />

respirável com<br />

malha de ventilação<br />

e fios de fibra<br />

de vidro nos ombros<br />

(com ajuste<br />

para luz constante<br />

ou intermitente).<br />

puma.com<br />

PUMA FAAS 600<br />

V2 NC POWERED<br />

Tênis para corrida<br />

ultraleve com refletores<br />

na superfície<br />

e um dispositivo<br />

de LED na língua<br />

que melhoram<br />

a visibilidade do<br />

corredor à noite.<br />

puma.com<br />

THE RED BULLETIN 67


AÇÃO !<br />

RELÓGIO<br />

ALTÍMETRO ORIS<br />

BIG CROWN PROPILOT<br />

Ele mostra sua altitude<br />

até 4 572 metros<br />

D U P L A<br />

FUNÇÃO<br />

POR QUE O<br />

ALTÍ METRO<br />

ORIS BIG CROWN<br />

PROPILOT TEM<br />

DUAS COROAS<br />

DUAS<br />

E QUATRO<br />

Na posição de<br />

duas horas, a coroa<br />

ajusta a data<br />

e a hora. O barômetro/altímetro<br />

é ajustado usando<br />

a coroa em quatro<br />

horas. Gire ela,<br />

e o relógio fica<br />

à prova d’água e<br />

desce até 100 m<br />

de profundidade.<br />

No pulso<br />

e no ar<br />

ORIS EXISTEM MUITOS RELÓGIOS<br />

DE AVIAÇÃO, MAS QUASE NENHUM<br />

COM DUAS DAS MAIS IMPORTAN-<br />

TES FERRAMENTAS DE VOO. ESTE<br />

TEM – E COM MUITO ESTILO<br />

Os pilotos gostam<br />

de estar informados<br />

sobre a altitude<br />

e a pressão<br />

atmos férica, mas<br />

são raros os relógios<br />

de pulso com barômetro<br />

e altí metro. Em 1963,<br />

a suíça Favre-Leuba<br />

lançou o Bivouac.<br />

Em 1989, a também<br />

suíça Revue<br />

Thommen lançou o<br />

altímetro Airspeed.<br />

Agora chega um terceiro,<br />

o altímetro Big<br />

Crown ProPilot, da Oris.<br />

Cada um desses relógios<br />

tem as funções<br />

de barômetro e altímetro<br />

do mesmo jeito.<br />

As peças do barômetro<br />

e altímetro<br />

são produzidas<br />

pela empresa suíça<br />

de instrumentos<br />

de voo Thommen<br />

As mudanças na pressão são<br />

detectadas mecani camente por<br />

pequenas ligas de metal sensíveis<br />

à pressão em uma pequena cápsula<br />

conhe cida como câmera<br />

aneroide. (“Aneroide”<br />

literalmente signi fica<br />

“sem fluido”; a pressão<br />

foi medida pela<br />

primeira vez por<br />

barômetros e outros<br />

instrumentos usando<br />

líquidos.) Um delicado<br />

sistema de alavanca então<br />

transforma as ligas de<br />

contração em movimentos<br />

de indicadores nos<br />

medidores do relógio.<br />

Todas as peças do barômetro<br />

e do altímetro são feitas de materiais<br />

ultraleves: para o ProPilot,<br />

a Oris usou filamentos de fibra de<br />

carbono laminados, um material<br />

que também tem o benefício extra<br />

de ser incrivelmente resistente.<br />

O tamanho do relógio, bem maior<br />

do que os outros, com 47 mm de<br />

diâmetro, não é assim só porque<br />

está na moda ver pessoas usando<br />

relógio grandes. Ele é assim porque<br />

precisa acomodar as raras<br />

características de modo que você<br />

possa facilmente ler a pressão<br />

atmosférica ou altitude, sempre<br />

que precisar.<br />

oris.ch<br />

SEM PRESSÃO<br />

O barômetro/altímetro<br />

funciona<br />

apenas se a pressão<br />

dos ambientes<br />

externos e internos<br />

estiver equalizada,<br />

o que você<br />

faz girando a coroa<br />

no sentido inverso.<br />

SEMPRE LIMPO<br />

Oris desenvolveu<br />

uma membrana<br />

de Gore-Tex e um<br />

material de teflon<br />

para evitar umidade<br />

ou sujeira<br />

entrar no relógio.<br />

ALEXANDER LINZ<br />

68 THE RED BULLETIN


TÚNEL DO TEMPO<br />

Homem<br />

de sorte<br />

JACK W. HEUER TRANSFORMOU<br />

SORTE EM UMA FORTUNA<br />

Por Gisbert L.<br />

Brunner, jornalista<br />

de relógios que<br />

teve seu primeiro<br />

Carrera há 50 anos<br />

Jack W. Heuer deve ter sido um<br />

sortudo. Em 1969, a fabricante de<br />

relógios que leva seu nome apresentou<br />

ao mundo seu primeiro cronógrafo<br />

automático com microrrotor<br />

e um encaixe à prova d’água. Como<br />

Heuer – conhecido como JWH –<br />

não tinha dinheiro para anunciar,<br />

decidiu trabalhar com o piloto de<br />

Fórmula 1 e representante suíço<br />

da Porsche Jo Siffert. Em troca da<br />

oferta de JWH de mudar seu compromisso<br />

para a Porsche, ele colocou<br />

no circuito de Brands Hatch em<br />

1971.) O departamento de compras<br />

do filme também garantiu que<br />

McQueen usasse um Heuer Monaco,<br />

que instantaneamente se tornou um<br />

relógio cult. Em 1971, a sorte mais<br />

uma vez se apresentou a JWH. Enquanto<br />

ele vagava por Saint-Imier,<br />

na Suíça, conheceu Clay Regazzoni.<br />

O vencedor do Grande Prêmio Italiano<br />

estava à procura de um equipamento<br />

para cronometrar a 24 Horas<br />

de Le Mans e o circuito da Ferrari em<br />

Maranello. Dessa forma, o Heuer se<br />

tornou o cronômetro oficial da Escuderia<br />

Ferrari, com Enzo Ferrari em<br />

pessoa assinando o contrato (o grupo<br />

Tag comprou a Heuer em 1985). Por<br />

mais de 40 anos, todos os pilotos da<br />

Ferrari tiveram o logo de cinco ponteiros<br />

da Heuer nos seus carros e<br />

um igualmente marcante cronógrafo<br />

automático de ouro nos seus pulsos.<br />

tagheuer.com<br />

MAIS DESEJADOS<br />

A trinca<br />

MODELOS ESPETACULARES ASSINADOS<br />

POR GRANDES MARCAS SELECIONAMOS<br />

TRÊS NOVOS PARA VOCÊ<br />

Chopard Superfast Chrono<br />

Porsche 919 Edition<br />

A fabricante de relógios<br />

de Genebra recentemente<br />

se tornou a Parceira<br />

Oficial de Cronometragem<br />

da Porsche para<br />

comemorar o retorno<br />

da fabricante alemã<br />

para Le Mans. O primeiro<br />

resultado dessa<br />

parceria é o cronógrafo<br />

de aço de 45 mm, do qual<br />

apenas 919 unidades existem.<br />

A braçadeira de borracha<br />

preta imita as marcas dos<br />

pneus de carros de corrida.<br />

chopard.com<br />

Alpina Alpiner 4 GMT<br />

Este relógio de pulso<br />

superelegante consegue<br />

fazer um ou dois truques.<br />

Você pode ajustá-lo<br />

para mostrar as horas<br />

de um segundo fuso<br />

horário graças a<br />

um controle a mais.<br />

Ele é lindo de todas<br />

as formas: com o dial<br />

iluminado ou escuro<br />

e com a pulseira de<br />

couro ou metal.<br />

alpina-watches.com<br />

o logo da Heuer no Porsche 908.<br />

Um Heuer Monaco novinho também<br />

passou a ser usado no pulso<br />

de Siffert. “Foi certamente uma forma<br />

amadora de ingressar no negócio<br />

da Fórmula 1”, lembra-se JWH,<br />

“mas nós fomos a primeira marca<br />

de fora dessa indústria a entrar nesse<br />

esporte de alta performance.”<br />

Como parte do acordo, em 1970<br />

Steve McQueen usou os macacões<br />

originais de Siffert para as filmagens<br />

de As 24 Horas de Le Mans. (Siffert<br />

morreu em um acidente de corrida<br />

Em sentido horário, da esq. para a dir.:<br />

Niki Lauda (à esquerda) e Clay Regazzoni<br />

assinam seus patrocínios com a Heuer,<br />

um de cada lado com JWH, no início dos<br />

anos 1970; Mick Jagger em 1977 usando<br />

um Heuer Autavia; e Steve McQueen em<br />

Le Mans em 1970<br />

Tudor Heritage<br />

Black Bay<br />

Este relógio de mergulho<br />

da subsidiária da Rolex<br />

causou sensação da<br />

primeira vez que apareceu,<br />

em 2012, especialmente<br />

o modelo<br />

com detalhes em bordô.<br />

Esta nova versão em<br />

azul foi um sucesso<br />

instantâneo quando foi<br />

lançada, em março. Você<br />

precisa entrar em uma lista<br />

de espera para comprar um.<br />

tudorwatch.com<br />

THE RED BULLETIN 69


AÇÃO!<br />

BALADA<br />

São Paulo,<br />

quinta-feira:<br />

alegria total<br />

BALADAS<br />

LOUCAS<br />

DEBAIXO D’ÁGUA, NO<br />

GELO OU EM CIMA<br />

DA ÁRVORE. VOCÊ<br />

NUNCA IMAGINOU<br />

UMA FESTA ASSIM<br />

SUBSIX<br />

Niyama, Maldivas<br />

A primeira balada<br />

submarina do<br />

mundo (fica a<br />

6 metros de profundidade).<br />

Só<br />

se chega nela com<br />

barcos especiais.<br />

Da pista você<br />

pode ver os peixes<br />

nadando.<br />

Tá em casa<br />

CASA 92 A BALADA QUE É UM MARCO<br />

DA REVITALIZAÇÃO DO LARGO DA BATATA,<br />

EM SÃO PAULO, É ESPETACULAR<br />

Imagine um ambiente com gente bonita,<br />

serviço de qualidade, segurança e uma<br />

decoração feita com todo requinte por<br />

grandes artistas. São nove bares, quatro<br />

pistas de dança, fumódromos e áreas<br />

livres em todos os quatro ambientes:<br />

Casa da Família, Boulevard, Pracinha 92<br />

e Casa 92. Além de tudo isso, a Casa 92<br />

tem uma loja, dentro da balada, onde os<br />

clientes podem comprar objetos de decoração<br />

e camisetas assinadas por Marcelo<br />

Sommer e Adriana Comparini. No calendário<br />

de festas, uma se destaca pela originalidade:<br />

a noite para cachorros e seus<br />

donos. Fora os embalos caninos, a Casa<br />

recebe festas como We Love Beats, Turn<br />

Around e Let’s Jack, às quintas, e Luv e<br />

Sundaze nos finais de tarde de domingo.<br />

Com quatro anos e meio de existência,<br />

a Casa 92 inaugura ainda neste ano um<br />

bar com comida mediterrânea e coquetelaria.<br />

Em 2015, abre o Bar da Família<br />

para seus clientes mais fiéis e amigos.<br />

CASA 92<br />

Rua Cristóvão Gonçalves, 92, Pinheiros<br />

São Paulo, SP<br />

casa92.com.br<br />

HOMEM<br />

DA NOITE<br />

NEY FAUSTINI, 33, É DJ HÁ<br />

15 ANOS E ATUALMENTE<br />

PRODUZ SEU SOM<br />

TEVE ALGUMA NOITE<br />

INESQUECÍVEL<br />

Tive várias, mas me lembro<br />

como se fosse ontem quando<br />

toquei pela primeira vez no<br />

extinto club Lov.e, em 2001,<br />

na noite do DJ Marky. Ele<br />

era referência pra mim.<br />

O QUE FAZ A NOITE PAU-<br />

LISTANA SER TÃO BOA<br />

São Paulo é uma cidade<br />

que nunca dorme, caótica<br />

e intensa, onde a diversão<br />

se mistura à arte e cultura.<br />

OS INGREDIENTES PARA<br />

A FESTA PERFEITA SÃO...<br />

...diversidade e respeito, com<br />

mais pessoas aproveitando o<br />

momento, e menos celulares.<br />

facebook.com/neyfaustini.<br />

music<br />

CHILLOUT<br />

Dubai, EAU<br />

Um bar de gelo<br />

numa cidade<br />

do deserto:<br />

a temperatura<br />

do salão é -6 ºC.<br />

Tudo é feito de<br />

gelo, vidro e aço.<br />

Os visitantes<br />

precisam de<br />

casacos e luvas.<br />

TREE BAR<br />

Limpopo,<br />

África do Sul<br />

Um dos baobás<br />

mais antigos<br />

(1 700 anos) e<br />

amplos (47 metros<br />

de circunferência)<br />

do mundo tem um<br />

bar em seu tronco.<br />

O espaço comporta<br />

60 pessoas.<br />

CAROLINA KRIEGER E ALI KARAKAS(5), FOTOLIA(3)<br />

70 THE RED BULLETIN


SASHA EISENMAN, WARNER MUSIC, ROGER SARGENT<br />

AÇÃO!<br />

MÚSICA<br />

Ariel Marcus<br />

Rosenberg, conhecido<br />

como Ariel Pink, 36,<br />

é o alucinado gênio<br />

pop de Los Angeles<br />

Rei do pop<br />

chiclete<br />

PLAYLIST AS REFERÊNCIAS VÃO<br />

DE ANTONIO BANDERAS A MICKEY:<br />

O NOVO COMPOSITOR DE MADONNA,<br />

ARIEL PINK, E AS MÚSICAS DA RAINHA<br />

DO POP QUE MAIS O INFLUENCIARAM<br />

1<br />

Na verdade,<br />

a música de<br />

Madonna era<br />

considerada<br />

coisa de menina<br />

na minha<br />

escola. Mas<br />

eu não me<br />

importava.<br />

Essa música é para mim a materialização<br />

da felicidade infantil. Quando a ouvia,<br />

fechava os olhos e imaginava que era<br />

o Mickey que a cantava e que meus pais<br />

me levavam para comprar brinquedos.<br />

O paraíso!<br />

4<br />

Em sua juventude, Ariel Pink gravava canções folk<br />

punk em fitas cassete fazendo a batida nas axilas.<br />

Em 2003, ele foi descoberto pelas estrelas do indie<br />

americano Animal Collective, que chegaram a fundar<br />

uma gravadora para lançar a música de Pink<br />

em grande estilo. Agora, o décimo álbum do último<br />

gênio louco da música pop está pronto: Pom Pom<br />

é uma mistura alucinada de new<br />

wave, música melosa, comercial<br />

e freak rock rabugento. O gênero<br />

“tudo misturado” de Ariel Pink<br />

também é reconhecido no setor<br />

convencional. Madonna o convidou<br />

para escrever as canções de<br />

seu próximo disco. Como tributo,<br />

ele escolheu cinco canções da<br />

rainha do pop que marcaram<br />

sua juventude.<br />

www.ariel-pink.com<br />

Madonna<br />

Madonna<br />

3<br />

Madonna<br />

2<br />

“Borderline” “Oh Father”<br />

“Live to Tell”<br />

Madonna<br />

“La Isla Bonita” 5<br />

A fantasia de<br />

férias mais<br />

sensual de<br />

todos os tempos.<br />

Quando<br />

ouço “La Isla<br />

Bonita”, quero<br />

beber martínis<br />

com Antonio<br />

Banderas em uma praia de Cancún.<br />

Claro que a música é uma lista de clichês:<br />

guitarras flamencas, frases em<br />

espanhol. Melhor ignorar. Porque atrás<br />

delas está uma das melhores canções<br />

pop dos anos 1980.<br />

Como essa<br />

música me<br />

emocionava!<br />

Madonna canta<br />

sua juventude,<br />

a morte<br />

da mãe, os<br />

conflitos com<br />

o pai, a fuga<br />

do ambiente católico. A música é claramente<br />

autobiográfica. Dá para sentir<br />

nos versos e na energia. O single foi<br />

um fiasco comercial. Mas eu a considero<br />

a música mais emocionante de<br />

toda a carreira da Rainha do Pop.<br />

Madonna<br />

“Cherish”<br />

Para mim,<br />

o último grande<br />

clássico<br />

de Madonna.<br />

Foi lançado<br />

em 1989. Eu<br />

tinha terminado<br />

a escola<br />

e trabalhava<br />

em uma loja de discos. Não gostava da<br />

MTV e de Madonna. Preferia thrash<br />

metal e músicas ainda mais anormais.<br />

Fantás tica e eterna: os vocais parecendo<br />

gospels a transformam no perfeito pop<br />

chiclete – porém com muita qualidade.<br />

Outra canção<br />

triste e inacreditavelmente<br />

bela. Mesmo<br />

que Madonna<br />

não seja conhecida<br />

por<br />

suas baladas,<br />

já nos primeiros<br />

compassos fica claro que isso é<br />

Madonna. Inconfundível. Não importa<br />

que ela mudasse de produtor como<br />

mudava de amante. O seu talento para<br />

melodias simples e geniais nos primeiros<br />

anos de carreira era incomparável.<br />

PROTEÇÃO<br />

CONTRA RUÍDOS<br />

GADGET DO MÊS<br />

DUBS<br />

Os primeiros tampões para ouvidos<br />

hi-tech do mundo: eles fazem mais do<br />

que simplesmente bloquear as ondas<br />

sonoras do ambiente. Um sistema de<br />

filtro de frequências mantém o som original,<br />

mas o reduz em 12 dB. Perfeitos<br />

para baladas e shows<br />

ensurdecedores.<br />

getdubs.com<br />

DE OLHO<br />

E M 2 0 1 5<br />

NOMES PARA<br />

VOCÊ ESCUTAR<br />

MUITO NO ANO<br />

QUE VEM<br />

ILOVE­<br />

MAKONNEN<br />

Venerado por Miley<br />

Cyrus e patrocinado<br />

por Drake:<br />

o rapper de 25 anos<br />

consegue unir<br />

atmosferas oníricas<br />

com hip hop<br />

pesado. Para os<br />

fãs de Future e<br />

Drake, ouçam<br />

“Tuesday”.<br />

FAT WHITE<br />

FAMILY<br />

Nudez, brigas com<br />

os fãs: o sexteto<br />

de blues-punk é<br />

a maior novidade<br />

da Inglaterra.<br />

Para os fãs de<br />

Nick Cave e<br />

The Fall, ouçam<br />

“Bomb Disneyland”.<br />

TINASHE<br />

Modelo, atriz,<br />

cantora: com baladas<br />

melancólicas,<br />

a garota de 21 anos<br />

vai direto para a<br />

liga das superstars.<br />

Para os fãs de<br />

Aaliyah e The<br />

Weeknd, ouçam<br />

“Pretend”.<br />

THE RED BULLETIN 71


AÇÃO!<br />

GAMES<br />

O espaço e suas<br />

possibilidades<br />

infinitas<br />

CLIQUE<br />

CHIQUE<br />

ESPAÇONAVE OU<br />

MOUSE GAMER<br />

NÃO PARECE, MAS<br />

A RESPOSTA É:<br />

MOUSE<br />

TT ESPORTS<br />

LEVEL 10 M<br />

A Tt eSports<br />

desenvolve teclados<br />

e mouses<br />

para gamers profissionais.<br />

Para<br />

essa preciosidade<br />

em alumínio, eles<br />

tiveram a ajuda<br />

do departamento<br />

de design da BMW.<br />

O universo na<br />

caixa de areia<br />

UNIVERSE SANDBOX ² QUEM NÃO QUER BRINCAR<br />

DE DEUS COM ESSE SIMULADOR ESPACIAL É POSSÍVEL<br />

O que aconteceria se de repente um asteroide gigante aparecesse<br />

do nada em rota de colisão com a Terra O impacto<br />

abriria uma cratera maior que a Austrália. E a onda de choque<br />

espalhada pelo planeta destruiria todas as formas de<br />

vida e faria os oceanos evaporarem. O que sobraria da Terra<br />

seria um pedaço de rocha morta com temperatura de um<br />

forno de pizza. Não soa como uma tarde de domingo ideal.<br />

A não ser que seja no Universe Sandbox ². É o que há em<br />

todos os jogos da série: o prazer de criar e de destruir. Não<br />

há pontuação, níveis ou chefões. As crianças nas caixas de<br />

areia também não precisam deles para se divertir. No Universe<br />

Sandbox ², como o nome diz, o universo todo é uma caixa de<br />

areia. Mas, em vez de destruir castelos de areia, você lança<br />

asteroides contra a Terra ou faz galáxias inteiras colidir.<br />

A primeira parte do Universe Sandbox<br />

saiu em 2008. Era o resultado do hobby<br />

de um único programador: Dan Dixon,<br />

de Seattle. Ele mesmo se surpreendeu<br />

que as pessoas achassem tão divertido<br />

construir sistemas solares (para destruílos<br />

em seguida). A continuação precisou<br />

de três anos e uma equipe – com um<br />

astrônomo e uma climatologista – para<br />

Universe Sandbox ²<br />

para Windows,<br />

Mac e Linux<br />

ficar pronta: Universe Sandbox ². Uma<br />

coisa é certa: eliminar toda forma de<br />

vida na Terra nunca foi tão divertido.<br />

MAIS CAIXAS DE AREIA NO ESPAÇO<br />

Engenheiros do espaço<br />

Construir espaçonaves e estações espaciais com<br />

a tecnologia que só vai existir daqui a 50 anos:<br />

com Space Engineers é possível. No momento,<br />

o jogo ainda está em fase de testes, em processo<br />

de melhoramento e expansão. E lembra um pouco<br />

Minecraft no espaço sideral.<br />

Conheça os Kerbals<br />

Eles são homenzinhos<br />

verdes e baixinhos<br />

do planeta Kerbin.<br />

Eles têm uma missão<br />

espacial ambiciosa. Mas,<br />

antes de se lançarem<br />

a ela, os foguetes têm de<br />

ser planejados e testados.<br />

Não que engenharia<br />

espacial seja uma coisa<br />

fácil, mas neste jogo ela é<br />

surpreendentemente divertida.<br />

LOGITECH G502<br />

PROTEUS CORE<br />

Para mãos de cirurgião:<br />

com sensor<br />

de 12 000 dpi,<br />

o Proteus Core<br />

é o mouse mais<br />

preciso do mercado.<br />

E ainda<br />

parece que vai<br />

decolar a qualquer<br />

momento.<br />

MAD CATZ<br />

R.A.T. 9<br />

Quando se trata de<br />

design audacioso,<br />

a Mad Catz é a número<br />

um. E nesse<br />

mouse monstruoso<br />

sem fio ainda é<br />

possível ajustar<br />

peso e tamanho.<br />

72 THE RED BULLETIN


L UZ, CÂMERA, AÇÃO<br />

DON FLOOD FOR NETFLIX, JOE PUGLIESE<br />

J O G O R Á P I D O<br />

LORENZO<br />

RICHELMY<br />

Anote este nome. A série<br />

épica que a Netflix vai produzir<br />

e exibir, Marco Polo,<br />

terá Richelmy como o lendário<br />

explorador em batalhas<br />

grandiosas, lutas incríveis<br />

e encontros cheios de aventura.<br />

Filmada em locações<br />

asiáticas com orçamento<br />

para rivalizar com Game of<br />

Thrones, Marco Polo poderá<br />

ser o seu próximo vício<br />

Por: Geoff Berkshire<br />

the red bulletin: Essa é<br />

a sua primeira série para<br />

a TV. Como foi que surgiu<br />

a oportunidade<br />

lorenzo richelmy: Meu<br />

agente disse que o diretor de<br />

elenco italiano não gostou de<br />

mim, então ele me falou para<br />

fazer um vídeo e mandou para<br />

o diretor principal da escolha<br />

do elenco [nos EUA]. Filmei<br />

com a minha namorada interpretando<br />

Kublai Khan. Não<br />

soube de nada por dois meses.<br />

Então viajei para os EUA para<br />

um festival de filmes e descobri<br />

no aeroporto de Filadélfia<br />

que tinha conseguido o papel.<br />

Você precisou aprender<br />

muita coisa, inclusive a falar<br />

inglês. Como se preparou<br />

Tive seis semanas. De manhã,<br />

fazia quatro horas de treinos<br />

para o corpo. Tínhamos uma<br />

equipe chinesa de acrobacias<br />

para nos ensinar wushu, os<br />

japoneses nos treinavam para<br />

luta com espada e um coreógrafo<br />

para as cenas de luta.<br />

Depois, mais duas horas de<br />

lições de montaria, uma hora<br />

para aprender arco e flecha<br />

e mais duas horas de inglês.<br />

Você já conhecia a Malásia<br />

Eu já tinha visitado a maior<br />

parte do Sudeste asiático,<br />

exceto as Filipinas e a Malásia,<br />

“ Tivemos pessoas<br />

de 25 países, e eu<br />

era o único italiano.<br />

Não foi fácil, mas<br />

foi um sonho.”<br />

então foi bom para aumentar<br />

o repertório! Adorei o calor<br />

e a umidade, melhor que o<br />

Casaquistão. Atuar no frio<br />

é pior que atuar no calor.<br />

Como foram as filmagens<br />

Eu tive algo como três dias de<br />

folga em sete meses. Tivemos<br />

pessoas de 25 países, e eu era<br />

o único italiano. Não foi fácil,<br />

mas foi um sonho.<br />

Quanto você sabia sobre<br />

Marco Polo<br />

Ele não é um herói como<br />

Napoleão é para a França,<br />

mas para Veneza ele é o maior<br />

homem que já existiu. Quando<br />

John Fusco [o criador do<br />

seriado] me falou dele pela<br />

primeira vez, era como se ele<br />

fosse o professor da universidade<br />

e eu um ignorante. Tinha<br />

que estudar e conhecê-lo.<br />

E você já conhecia a Netflix<br />

Não tem na Itália. Pensei:<br />

“Ah! Série para a web e vão<br />

me levar para a Malásia” Não<br />

terá na Itália nem nos próximos<br />

dois anos. Eu posso ficar com<br />

a minha vida tranquila em<br />

Roma e talvez ir para a China<br />

e ser famoso. Aí serei como<br />

Bill Murray em Encontros e<br />

Desencontros e fazer propaganda<br />

de bebidas em Tóquio.<br />

www.netflix.com<br />

Marco Polo estreia dia 12/12<br />

HISTÓRIA<br />

DE AMOR<br />

Simon Helberg, astro<br />

de The Big Bang<br />

Theory, está começando<br />

no cinema,<br />

escrevendo e dividindo<br />

a direção com<br />

sua esposa, Jocelyn<br />

Towne, na comédia<br />

We’ll Never Have<br />

Paris. Abaixo, ele fala<br />

de suas influências:<br />

Noivo<br />

Neurótico,<br />

Noiva Nervosa<br />

(1977)<br />

Este é, quem sabe,<br />

o filme mais romântico<br />

já feito. Ele também é tão<br />

brilhante enquanto comédia<br />

com frases memoráveis<br />

como é na análise<br />

da condição humana.<br />

Sideways –<br />

Entre Umas<br />

e Outras<br />

(2004)<br />

O protagonista é um<br />

personagem cujo maior<br />

obstáculo é ele mesmo.<br />

É um filme com linda<br />

produção e simplicidade.<br />

O tom é perfeito.<br />

Um Romance<br />

Moderno<br />

(1981)<br />

Este filme não tem medo<br />

de mostrar um personagem<br />

em um foco não<br />

muito favorável: autodestrutivo,<br />

neurótico. Aborda<br />

os relacionamentos e sua<br />

construção na luta entre<br />

a autonomia e o egoísmo.<br />

We’ll Never Have Paris<br />

estreia nos EUA em 22/1<br />

THE RED BULLETIN 73


Seth Troxler (acima)<br />

é um dos DJs convidados.<br />

Ele toca dois<br />

sets na comemoração<br />

do aniversário da<br />

Fabric: o turno da<br />

manhã, às 10 horas,<br />

e a after party,<br />

20 horas mais tarde<br />

30 horas


de FESTA<br />

200 mil beats, 8,5 mil pessoas dançando, 20 DJs,<br />

três pistas: a Fabric, a melhor balada underground de<br />

Londres, comemora seu 15º aniversário com uma festa-<br />

maratona desde sábado à noite até segunda de manhã<br />

Por: Florian Obkircher Fotos: Alex de Mora<br />

75


Sábado, 23:00<br />

Oliver Bourke está preparado.<br />

Uma bolsa com a escova de<br />

dentes, gel para o cabelo e<br />

óculos de sol. “Noitadas<br />

especiais requerem medidas<br />

especiais”, diz. O designer<br />

gráfico de 25 anos, de barba<br />

por fazer, veio aqui festejar<br />

por 30 horas a fio. Porque a<br />

maior balada underground de<br />

Londres, a Fabric, comemora<br />

seus 15 anos com uma festamaratona<br />

até segunda-feira.<br />

Está há uma hora na fila<br />

de 150 metros para a entrada.<br />

“Venho aqui desde que tinha<br />

18 anos. Minha educação<br />

musical foi com os DJs da<br />

Fabric”, conta. “Hoje vamos<br />

ter 20 dos melhores DJs do<br />

mundo na largada: Ricardo<br />

Villalobos, Seth Troxler,<br />

Craig Richards...”<br />

2 3 :0 2<br />

Um edifício vitoriano de três<br />

andares, tijolos à vista, porta<br />

de metal grande e pesada,<br />

acima dela uma placa despretensiosa<br />

com o nome<br />

“fabric”, à frente das grades.<br />

À direita vão entrando os que<br />

têm ingressos, à esquerda<br />

se amontoam os que têm o<br />

nome na lista de convidados.<br />

E aqueles que esperam ter.<br />

“Aqui!”, gritam quatro pessoas<br />

à jovem com maquiagem cintilante<br />

sentada à frente da<br />

porta. Jo Neill, 25, é arquiteta<br />

durante a semana e hostess<br />

da festa no fim de semana.<br />

“Nome”<br />

“Andy Harris.”<br />

“Infelizmente não está<br />

na lista.”<br />

“Mas... Seth Troxler tinha<br />

me prometido...”<br />

“Sinto muito, querido,<br />

por favor, você precisa ir para<br />

a outra fila.”<br />

Em uma noite normal,<br />

Neill tem 300 nomes na sua<br />

lista. Hoje são 842. Quem já<br />

passou por ela passa por um<br />

detector de metais, depois é<br />

revistado pelos seguranças e,<br />

em seguida, passa pela revista<br />

das bolsas.<br />

Domingo, 00:14<br />

O apelido do clube é labirinto<br />

– e por uma boa razão. As três<br />

pistas de dança subterrâneas<br />

estão interligadas por duas<br />

amplas escadarias de tijolos.<br />

Elas são as principais veias de<br />

trânsito do lugar. Entre elas<br />

há balcões, bares, banheiros<br />

e inúmeras escadas de caracol<br />

e corredores estreitos onde<br />

se perder. Não há sinalização.<br />

“Sala 3 Aqui à esquerda,<br />

pelo corredor à direita, suba<br />

a escada. Entendeu”<br />

0 0 :18<br />

Na Sala 3, Keith Reilly está<br />

encostado no bar. Cabelo curto,<br />

barba por fazer, camiseta preta,<br />

55 anos, o chefe da Fabric.<br />

Quando lhe perguntam sobre<br />

o 19 de outubro de 1999, ele<br />

sorri. “A primeira noite foi<br />

uma loucura. Três horas antes<br />

do início ainda não tínhamos<br />

luz”, conta. “No fim da festa,<br />

descobrimos que nenhum de<br />

nós sabia fechar o edifício.<br />

Então, ficamos aqui e continuamos<br />

a festa.”<br />

A ideia de Reilly no começo<br />

era oferecer uma balada<br />

underground de amantes<br />

da música para amantes da<br />

música. “Um lugar no qual<br />

o visitante não fosse julgado<br />

pela roupa que está vestindo”,<br />

diz. “E isso numa época em<br />

que praticamente só havia<br />

clubes almo fadinhas tocando<br />

house insosso em Londres.”<br />

Desde então, 4 mil artistas<br />

já participaram de cerca de<br />

2,6 mil eventos, e mais de<br />

5,43 milhões de pessoas<br />

dançaram no que foi um<br />

fri gorífico um dia. Só para<br />

a festa de aniversário são<br />

esperadas 8,5 mil pessoas.<br />

Em 2007 e 2008, a Fabric<br />

foi considerada a melhor<br />

balada do mundo pela DJ<br />

Magazine. Qual é a receita<br />

para o sucesso Autenticidade.<br />

“Os Guettas e Aviciis da vida<br />

não tocam aqui. Ainda que<br />

esses DJs estrelados e engomadinhos<br />

adorassem ter essa<br />

chance. Nós só trazemos<br />

76


os DJs apaixonados pelo que<br />

fazem e criativos”, diz Reilly.<br />

0 1:15<br />

A Sala 1 é o centro da catedral<br />

da festa. Dez metros de altura,<br />

parede de tijolos à vista, canos<br />

grossos de metal cobrem<br />

o teto. Lasers verdes cortam<br />

a fumaça. Praticamente não<br />

se pode ver o DJ porque sua<br />

cabine não é elevada e tem<br />

uma grade de 2 metros de<br />

altura em volta. É assim que<br />

deve ser, pois aqui a estrela é<br />

a música, que é bombardeada<br />

sobre as centenas de pessoas<br />

que estão dançando ao som<br />

de quatro caixas de som gigantescas<br />

penduradas nos cantos.<br />

O piso tem 400 sensores que<br />

transformam ondas sonoras em<br />

vibração. Os baixos reverberam<br />

tanto que os joelhos de quem<br />

está dançando tremem.<br />

0 4 :15<br />

Um segurança grandão vigia<br />

a porta de metal ao lado do<br />

caixa eletrônico da própria<br />

balada. Só quem tem uma<br />

pulseira dourada escrita<br />

“rock star” pode entrar no<br />

backstage. Quem anda por<br />

aqui é importante. Ou se sente<br />

assim. Cerca de 40 figuras<br />

disputam os 15 metros quadrados<br />

do salão. Está abafado<br />

e quente. O pequeno ventilador<br />

de teto não é suficiente.<br />

0 4 :18<br />

Entre os que levam a pulseira<br />

de “rock star”, Normski é a verdadeira<br />

estrela. Barba grisalha,<br />

“OS GUETTAS DA VIDA NÃO TOCAM<br />

AQUI. AINDA QUE ESSES DJs ENGOMA-<br />

DOS ADORASSEM TER ESSA CHANCE.”<br />

voz rouca, olhos brilhantes.<br />

Tapinhas nas costas e abraços<br />

o tempo todo. Normski ensinou<br />

a muitos dos que estão presentes<br />

aqui o que é house. Em finais<br />

dos anos 1980, ele era o<br />

apresentador de um programa<br />

sobre dance na TV britânica.<br />

O lema de vida do autoconfiante<br />

veterano das festas: “Eu<br />

não preciso da noite. A noite<br />

precisa de mim”. Ele é convidado<br />

de honra na Fabric há<br />

15 anos. “Por fora, o lugar não<br />

mudou nada. Continua detonado<br />

como no começo”, diz.<br />

“E isso está certo. As pessoas<br />

vêm aqui por causa da música.<br />

Para ver os DJs da Champions<br />

League da Música tocarem.<br />

Pergunte aos DJs britânicos<br />

quais são seus objetivos profissionais.<br />

A resposta será sempre<br />

a mesma: Tocar aqui uma vez.”<br />

0 9 : 3 2<br />

O hipster, irmão mais novo do<br />

Super Mario, entra nos bastidores.<br />

Seth Troxler. Cabeleira,<br />

bigode, quilinhos a mais.<br />

Estão trabalhando<br />

245 pessoas na maior<br />

festa do ano na Fabric.<br />

Desde o pessoal do<br />

bar e os pizzaiolos até<br />

os DJs. Um deles é<br />

Craig Richards (no<br />

topo, de camisa azul),<br />

que tem sido presença<br />

constante atrás dos<br />

controles da Sala 1 nos<br />

sábados desde a inauguração<br />

há 15 anos.<br />

À direita, abaixo:<br />

o DJ James Jackson<br />

e o veterano Normski<br />

relembram os primeiros<br />

passos do superclube<br />

nos bastidores<br />

77


“Seth! Seth!” Duas mulheres<br />

bonitas se jogam sobre ele<br />

para cumprimentá-lo. O DJ<br />

americano parece cansado,<br />

mesmo que só comece a tocar<br />

em uma hora. Como se preparar<br />

para uma gig às 10h30<br />

Dormir antes ou não dormir<br />

“A segunda opção. Acabei de<br />

chegar do aeroporto. Há algumas<br />

horas eu estava tocando<br />

em Amsterdã.”<br />

11: 4 5<br />

Segundo a programação, os<br />

DJs Marcel Dettmann e Ben<br />

Klock deveriam ter parado há<br />

duas horas. Os DJs do lendário<br />

clube berlinense Berghain<br />

estão suando há 11 horas<br />

atrás das pickups da Sala 2.<br />

Para encerrar, eles tocam<br />

“Idioteque”, do Radiohead.<br />

Quando Dettmann sai da cabine,<br />

ele surpreendentemente<br />

não parece cansado. “As primeiras<br />

três horas foram um<br />

pouco difíceis, mas depois o<br />

tempo voou”, diz. Esse foi o<br />

set mais longo de sua carreira<br />

78 <br />

“Não. Uma vez toquei por<br />

16 horas no Berghain.” Em três<br />

horas sai o voo para Amsterdã<br />

para a próxima festa.<br />

1 4 :00<br />

Fim do primeiro tempo. Quinze<br />

horas de festa já se passaram.<br />

Três garotas fazem posições<br />

de ioga nos futons de couro da<br />

Sala 2. Na Sala 1, uns garotos<br />

parecem embriões colados<br />

à parede, as pernas dobradas,<br />

a cabeça entre os joelhos.<br />

Um deles é Oliver Bourke.<br />

Seus olhos já estão pequenos<br />

e vermelhos. Ele não precisa<br />

contar que esqueceu de colocar<br />

desodorante na bolsa. E<br />

está decidido a aguentar até<br />

o fim. Ele murmura: “200 mil<br />

beats. Eu fiz as contas. Trinta<br />

horas de techno são cerca de<br />

200 mil beats. Eu não vou<br />

perder nenhum”.<br />

16:05<br />

Como se manter nutrido para<br />

a festa-maratona sem sair da<br />

balada Tem um carrinho de<br />

pizza no fumódromo. O cozinheiro,<br />

com seu bigode enrolado,<br />

assou umas 100 pizzas<br />

nas últimas três horas. A preferida<br />

até agora “Smokey<br />

Seth” com tiras de bacon temperado<br />

e molho picante de<br />

jalapeño, segundo uma receita<br />

do DJ Seth Troxler. “Comida<br />

pesada”, avisa a Bourke. “Você<br />

não quer um pedaço de marguerita<br />

É bem mais leve para<br />

o estômago.”<br />

19 :00<br />

Um faraó com dreadlocks e<br />

óculos escuros arrasta caixas<br />

de papelão pela pista de dança.<br />

O conteúdo: perucas com<br />

cores de gosto no mínimo<br />

questionável, capacetes de<br />

proteção para construções,<br />

“30 HORAS DE TECHNO.<br />

SÃO 200 MIL BEATS. E EU NÃO<br />

QUERO PERDER NENHUM.”<br />

máscaras de cavalo, toucas<br />

de anões, roupas de padres,<br />

chupetas gigantes. Uma tradição<br />

de aniversário na Fabric:<br />

é a única noite no ano em que<br />

se usam fantasias. O pequeno<br />

gesto tem um efeito enorme:<br />

em poucos minutos, todos os<br />

convidados estão revolvendo<br />

o conteúdo das caixas como<br />

crianças. O cansaço da tarde<br />

já desapareceu. Normski<br />

vestiu um vestidinho de festa<br />

vermelho muito justo. Seu<br />

corpo brilha com o suor. Ele<br />

grita com voz rouca: “Ainda<br />

preciso de uma peruca. Me<br />

deem uma peruca!”.<br />

2 1:05<br />

Um coelho sobe ao palco<br />

e se posiciona dentro de<br />

um castelo de sintetizadores


analógicos: Mathew Jonson,<br />

especialista canadense do<br />

techno. O beat invade o ambiente.<br />

Ele parece possuído,<br />

manipulando os controles. Bate<br />

tanto a cabeça que uma orelha<br />

da fantasia se desprega.<br />

2 2:00<br />

A loucura toma conta: um<br />

Barbapapa rosa de 2 metros<br />

sobe no palco e convida o coelho-de-uma-orelha<br />

para dançar.<br />

Alemães em lederhosen<br />

se misturam com pedreiros.<br />

Seth Troxler dança junto com<br />

o público – com uma touca de<br />

bebê e uma camisola de stripper.<br />

“Demais!”, grita Bourke,<br />

em sua fantasia de Batman.<br />

“Devia ser assim antigamente<br />

no Studio 54.”<br />

Segunda-feira,<br />

01:32<br />

São 26 horas de festa e já se<br />

nota: o chão está sujo, o ar<br />

cheira a suor, o comportamento<br />

de cio dos rapazes já perdeu<br />

todo traço de inibição. Parecem<br />

galos com o pescoço<br />

esticado buscando contato<br />

visual com as mulheres que<br />

dançam ao lado.<br />

0 4 :59<br />

É o último minuto da festa.<br />

O pioneiro do techno minimalista<br />

Ricardo Villalobos<br />

toca um de seus grandes<br />

sucessos: “Easy Lee”. Muitos<br />

levantam os smartphones<br />

para gravar em vídeo os<br />

últimos momentos da festamaratona.<br />

Três... dois...<br />

um... e Não acon tece<br />

nada. O beat continua.<br />

05:20<br />

Oliver Bourke, que a essa<br />

hora já parece ter encarnado<br />

o Batman, diz: “Na reta final<br />

de uma festa, você entra no<br />

modo maratonista: não pensa.<br />

Continua”. Olhando para ele,<br />

é fácil identificar que já entrou<br />

nesse modo.<br />

0 6 :10<br />

O DJ desliga a pickup. O beat<br />

vai ficando lento e se transforma<br />

em um ruído surdo.<br />

As luzes se acendem. Os dançarinos<br />

apertam os olhos,<br />

vampiros ao nascer do sol.<br />

Bourke coloca os óculos de<br />

sol e se despede, suado, mas<br />

contente. Fim da festa, depois<br />

de 32 horas.<br />

0 6 : 3 0<br />

A Sala 1 está vazia. A turma<br />

da limpeza já começou há<br />

muito tempo. Silêncio absoluto<br />

se não fosse aquele zunido<br />

no ouvido. A porta do<br />

backstage se abre. Um pequeno<br />

grupo dos que têm a pulseira<br />

dourada aparece e vai na direção<br />

da Sala 3. Caixas com bebidas<br />

estão preparadas sobre<br />

a pista de dança – o pessoal<br />

do bar já foi para casa. Seth<br />

Troxler começa a after party<br />

colocando um álbum de<br />

space disco.<br />

www.fabriclondon.com<br />

O turno mais longo<br />

de DJs da festamaratona<br />

foi o dos<br />

berlinenses Marcel<br />

Dettmann e Ben Klock<br />

(à esquerda, abaixo):<br />

11 horas. De 1 h da<br />

madrugada ao meiodia.<br />

A receita de resistência<br />

“Dormir<br />

a tarde inteira antes”,<br />

sorri Dettmann<br />

79


AÇÃO!<br />

NA AGENDA<br />

Campeonatos de surf<br />

acontecem na Praia<br />

da Cacimba do Padre<br />

A partir de 1º/1, em Fernando de Noronha<br />

Temporada<br />

em Noronha<br />

Pense no paraíso. Agora pense nas melhores<br />

ondas do Brasil. Junte as duas coisas e pronto:<br />

esse é o cenário que você encontrará em Fernando<br />

de Noronha, a ilha pernambucana que recebe<br />

dezenas de surfistas entre dezembro e março.<br />

O motivo As tempestades de inverno no Hemisfério<br />

Norte. A gente explica: como a ilha está em<br />

mar aberto, as praias da Cacimba, Bode, Cachorro<br />

e Conceição, que são viradas para o norte, recebem<br />

as ondulações potentes vindas das tempestades<br />

do inverno no Atlântico Norte. O resultado<br />

Um show de surf para quem está na areia.<br />

www.noronha.pe.gov.br<br />

9 e 19/1, no Rio, SP e Salvador<br />

Eletrônico<br />

Uma das estrelas do pop eletrônico,<br />

o DJ francês David Guetta, que já foi<br />

eleito o melhor do mundo pela revista<br />

DJ Mag, fará shows em três cidades do<br />

Brasil durante o verão: São Paulo, Rio<br />

de Janeiro e Salvador. No Rio, David se<br />

apresentará diante de milhares de fãs<br />

no Riocentro; em SP, o show acontece<br />

no Pavilhão do Anhembi; e, na Bahia,<br />

a festa será no Parque de Exposições de<br />

Salvador. Espere por hits bombásticos<br />

como “When Love Takes Over” e “Turn<br />

Me On”. Os ingressos custam a partir<br />

de R$ 200 (estudantes pagam meia).<br />

ingressorapido.com.br<br />

80 THE RED BULLETIN


3 a 25/1, em São Paulo<br />

Copinha<br />

A disputa mais respeitada das categorias de base<br />

do futebol brasileiro acontece em janeiro. Com<br />

a já tradicional final realizada no Pacaembu no dia<br />

do aniversário de São Paulo, a Copinha, como é<br />

conhecida, é o celeiro de grandes craques do país<br />

e contará apenas com atletas nascidos entre 1995<br />

e 1999. Quem defende o bicampeonato é o Santos.<br />

www.cbf.com.br<br />

ENSAIOS<br />

D A S<br />

ESCOLAS<br />

É O COMEÇO DO<br />

SAMBA E DA FOLIA<br />

17<br />

JANEIRO<br />

MARCELO MARAGNI/RED BULL CONTENT POOL, DIVULGAÇÃO (3), RINGO STARR, AL BELLO/ZUFFA LLC<br />

21, 23, 25 e 28/1, em Porto Alegre, SP, Rio e BH<br />

Foo Fighters<br />

A banda de Dave Grohl chega de forma<br />

arrasadora em território tupiniquim.<br />

São quatro datas de megashows, sendo<br />

dois deles nos estádios do Morumbi e<br />

do Maracanã. Puro delírio para os fãs<br />

do verdadeiro rock. O Foo Fighters<br />

passa por aqui com sua nova turnê, do<br />

disco Sonic Highways, que já é sucesso<br />

de vendas. O novo single “Something<br />

From Nothing” é uma das canções mais<br />

esperadas – mas com certeza o público<br />

vai pedir clássicos como “This is a Call”,<br />

“Everlong” e “All My Life”.<br />

www.ticketsforfun.com.br<br />

31/1, em Las Vegas<br />

Ele voltou<br />

Anderson Silva irá encarar<br />

seu primeiro desafio depois<br />

da trágica derrota para Chris<br />

Weidman em dezembro de<br />

2013. O brasileiro<br />

se recuperou da<br />

fratura exposta e<br />

volta ao octógono<br />

diante do americano<br />

Nick Diaz. Será que<br />

teremos nocaute<br />

ufc.com<br />

Anderson<br />

Silva<br />

10/1, no Rio<br />

Reggae roots<br />

A Fundição Progresso receberá o Natiruts, banda brasiliense<br />

fiel ao reggae roots instaurado por Bob Marley.<br />

A banda volta aos palcos da Fundição um ano após<br />

a gravação de seu último disco ao vivo, #NoFilter, lançado<br />

no ano passado. No repertório, além de clássicos<br />

da banda, algumas releituras de músicas de Legião<br />

Urbana, Charlie Brown Jr. e Paralamas do Sucesso.<br />

www.fundicaoprogresso.com.br<br />

31/12, no Rio<br />

Ano-novo<br />

A festa em Copacabana é<br />

daquelas que o mundo inteiro<br />

para e assiste. Comemorar<br />

o Réveillon no Rio é uma experiência<br />

única na vida – e<br />

na noite de 31 de dezembro<br />

para 1º de janeiro a prefeitura<br />

carioca promete, mais uma<br />

vez, um show de fogos que<br />

durará mais de 15 minutos.<br />

A festa é para todos!<br />

www.rio.rj.gov.br<br />

17/1, em São Paulo<br />

Ritmo de samba<br />

A folia tem data para começar<br />

a esquentar o verão: é no dia<br />

da apresentação do Bloco do<br />

Sargento Pimenta no Cine<br />

Joia, em São Paulo. A turma<br />

inspirada nos Beatles que<br />

adapta grandes hits do quarteto<br />

de Liverpool ao ritmo das<br />

marchinhas carnavalescas<br />

promete ferver mais uma vez<br />

a noite paulistana. Imperdível.<br />

cinejoia.tv<br />

MOCIDADE<br />

ALEGRE<br />

O ensaio técnico<br />

da campeã do Carnaval<br />

paulista em<br />

2014 acontecerá<br />

no Sambódromo<br />

do Anhembi e é<br />

de graça. O enredo<br />

homenageia<br />

Marília Pêra.<br />

mocidadealegre.<br />

com.br<br />

18<br />

JANEIRO<br />

MANGUEIRA<br />

O ensaio técnico<br />

da tradicional<br />

escola verde-erosa<br />

acontecerá<br />

na Sapucaí no<br />

domingo, dia 18.<br />

A entrada é gratuita,<br />

e o enredo<br />

da escola de figuras<br />

como Cartola<br />

homenageará<br />

as mulheres.<br />

mangueira.com.br<br />

25<br />

JANEIRO<br />

BEIJA-FLOR<br />

DE NILÓPOLIS<br />

A escola azule-<br />

branca vai<br />

ensaiar na Sapucaí<br />

no dia 25.<br />

O en redo conta<br />

a história da<br />

Guiné Equatorial,<br />

e nomes como<br />

Paulinho da Viola<br />

estarão por lá.<br />

beija-flor.com.br<br />

THE RED BULLETIN 81


Diretor de Redação<br />

Robert Sperl<br />

Redator-Chefe<br />

Alexander Macheck<br />

Editor de Generalidades<br />

Boro Petric<br />

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Colaboradores<br />

Muhamed Beganovic, Georg Eckelsberger,<br />

Sophie Haslinger, Holger Potye, Clemens Stachel,<br />

Manon Steiner, Raffael Fritz, Marianne Minar, Martina Powell,<br />

Mara Simperler, Lukas Wagner, Florian Wörgötter<br />

Editores de Arte<br />

Martina de Carvalho-Hutter, Silvia Druml,<br />

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Editores de Fotografia<br />

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Rudi Übelhör (Diretor de Fotografia Adjunto),<br />

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Ilustrador Dietmar Kainrath<br />

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Gerente de Produção Michael Bergmeister<br />

Produção<br />

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Matthias Zimmermann (App)<br />

Impressão<br />

Clemens Ragotzky (Diretor),<br />

Karsten Lehmann, Josef Mühlbacher<br />

Assinaturas e Distribuição<br />

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Gerente Geral e Publisher Wolfgang Winter<br />

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(Áustria); Tribunal de registro de empresas: Tribunal de<br />

justiça de Salzburgo; Número de registro: FN 297115i;<br />

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Redação<br />

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Cidade do Cabo 8001, +27 (0) 21 431 2100<br />

THE RED BULLETIN<br />

Alemanha, ISSN 2079-4258<br />

Editor Alemanha Andreas Rottenschlager<br />

Revisão Hans Fleißner<br />

Gerentes de Canal Christian Baur, Nina Kraus<br />

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Martin Olesch, martin.olesch@de.redbulletin.com<br />

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THE RED BULLETIN<br />

Áustria, ISSN 1995-8838<br />

Editor Áustria Ulrich Corazza<br />

Revisão Hans Fleißner<br />

Gerente de Projeto Lukas Scharmbacher<br />

Venda de Anúncios Alfred Vrej Minassian (Diretor),<br />

Thomas Hutterer, Romana Müller; anzeigen@at.redbulletin.com<br />

Impressão Prinovis Ltd. & Co. KG, D-90471 Nuremberg<br />

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Estados Unidos, ISSN 2308-586X<br />

Editor EUA Andreas Tzortzis<br />

Editora Adjunta Ann Donahue<br />

Revisão David Caplan<br />

Diretor de Publishing e Venda de Anúncios<br />

Nicholas Pavach<br />

Gerente de Projeto Melissa Thompson<br />

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THE RED BULLETIN<br />

França, ISSN 2225-4722<br />

Editor França Pierre Henri Camy<br />

Assistente de Redação Christine Vitel<br />

Tradução e Revisão<br />

Susanne & Frédéric Fortas, Ioris Queyroi,<br />

Christine Vitel, Gwendolyn de Vries<br />

Gerente de Canal Charlotte Le Henanff<br />

Venda de Anúncios Cathy Martin: 07 61 87 31 15,<br />

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Impressão Prinovis Ltd. & Co. KG, 90471 Nuremberg<br />

Redação 12 rue du Mail, 75002 Paris; 01 40 13 57 00<br />

THE RED BULLETIN<br />

Irlanda, 2308-5851<br />

Editor Irlanda<br />

Paul Wilson<br />

Editora Associada Ruth Morgan<br />

Editor de Música Florian Obkircher<br />

Subeditora-Chefe Nancy James<br />

Subeditor-Chefe Adjunto Joe Curran<br />

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Redação<br />

Richmond Marketing, 1st Floor Harmony Court,<br />

Harmony Row, Dublin 2, Irlanda; +353 (1) 631 6100<br />

THE RED BULLETIN<br />

México, ISSN 2308-5924<br />

Editor México<br />

Alejandro García Williams<br />

Editores<br />

Pablo Nicolás Caldarola (Editor Adjunto),<br />

Gerardo Álvarez del Castillo, José Armando Aguilar<br />

Revisão<br />

Alma Rosa Guerrero, Inma Sánchez Trejo<br />

Gerente de Projeto e Vendas<br />

Rodrigo Xoconostle Waye<br />

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Av. Central no. 235, Zona Industrial Valle de Oro<br />

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Editor Responsável<br />

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Nova Zelândia, ISSN 2079-4274<br />

Editor Nova Zelândia<br />

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Reino Unido, 2308-5894<br />

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Suíça, ISSN 2308-5886<br />

Editor Suíça Arek Piatek<br />

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82 THE RED BULLETIN


CORRIDA MUNDIAL PELA CURA DE LESÕES NA MEDULA<br />

A ÚNICA CORRIDA EM QUE<br />

A LINHA DE CHEGADA ESTÁ ATRÁS DE VOCÊ<br />

NO MESMO DIA EXATAMENTE NO MESMO HORÁRIO EM TODO O MUNDO<br />

3 DE MAIO DE 2015<br />

BRASÍLIA, 08:00<br />

A TAXA DE INSCRIÇÃO SERÁ 100% DESTINADA À PESQUISA DA MEDULA ESPINHAL<br />

INCREVA-SE<br />

AGORA!<br />

WINGSFORLIFEWORLDRUN.COM


MOMENTO MÁGICO<br />

Golden, Canadá<br />

25 de março de 2014<br />

Dez meses de trabalho e quatro toneladas<br />

de equipamento foram investidos<br />

na produção de Afterglow, um filme que<br />

combina instalações de luz e freeskiing<br />

de maneira impressionante. “Iluminamos<br />

montanhas com holofotes de 4 000 watts<br />

em várias cores”, conta o fotógrafo canadense<br />

Mike Brown. “E então seguimos<br />

o freeskier Pep Fujas às 3 da madrugada<br />

descendo a montanha lilás.”<br />

www.sweetgrass-productions.com<br />

“4 000 watts de lilás.<br />

3 da manhã. Pep<br />

desce a encosta.”<br />

O fotógrafo Mike Brown descreve as gravações de Afterglow<br />

na Colúmbia Britânica<br />

A PRÓXIMA EDIÇÃO DO RED BULLETIN SERÁ LANÇADA EM 14 DE JANEIRO DE 2015<br />

AFTERGLOW SCREENGRAB<br />

84 THE RED BULLETIN


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