FamÃÂlia CERAMBYCIDAE - Acervo Digital de Obras Especiais
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COLEOPTERA 71<br />
comendo a polpa <strong>de</strong> frutos maduros já abertos; às vêzes se<br />
encontram sôbre o solo. Quase todos na fase adulta não são<br />
realmente nocivos, exceto, como veremos, os chamados "serradores".<br />
Geralmente vivem sôbre as plantas em que se criam as<br />
larvas. Todavia, como em geral voam bem, po<strong>de</strong>m ser encontrados<br />
em lugares distantes daquele em que nasceram.<br />
Recordo-me bem do susto por que passei em Obidos (Baixo<br />
Amazonas) quando em fins <strong>de</strong> 1912 dirigia o Serviço <strong>de</strong><br />
Combate a Febre Amarela nessa cida<strong>de</strong>. Estudava à noite na<br />
sala da nossa residência, quando entrou pela janela, voando,<br />
um bicho do porte <strong>de</strong> um morcego, porém, <strong>de</strong> vôo mais lento<br />
e ruidoso. Chocando-se fortemente na pare<strong>de</strong>, caio ao chão;<br />
pu<strong>de</strong> então ver que se tratava <strong>de</strong> um enorme Longicórnio,<br />
talvez o Titanus giganteus. Como na ocasião, <strong>de</strong> entomologia<br />
apenas entendia um pouco <strong>de</strong> mosquitos, não pu<strong>de</strong> verificar<br />
a espécie dêsse Cerambicí<strong>de</strong>o, que até então nunca virá, provàvelmente<br />
proce<strong>de</strong>nte da mata situada a mais <strong>de</strong> um quilômetro<br />
<strong>de</strong> distância do lugar em que me achava.<br />
Quase todos os Cerambicí<strong>de</strong>os (excetuando os Prioníneos<br />
e alguns Cerambicíneos), quando presos, produzem ruído estridulatório<br />
característico, resultante do esfregamento da superfície<br />
inferior do pronoto contra a face superior do mesonoto,<br />
partes essas transversal e finamente enrugadas. Daí os<br />
nomes vulgares: "toca viola" e "visita" (V. Dicionário dos<br />
animais do Brasil <strong>de</strong> R. VON IHERING, 1940).<br />
Para a propagação da espécie os Cerambicí<strong>de</strong>os põem os<br />
ovos nos galhos ou no tronco das plantas hospe<strong>de</strong>iras, vivas,<br />
mortas ou já abatidas, conforme a espécie. Dos ovos saem,<br />
tempos <strong>de</strong>pois, larvas (brocas), cujo comportamento varia<br />
segundo o grupo a que pertencem. Umas vivem em escavações<br />
ou galerias que abrem na entrecasca (região subcortical),<br />
às vêzes circundando-a; outras perfuram no lenho túneis mais<br />
ou menos alongados, longitudinais e <strong>de</strong> secção elíptica, todavia<br />
não tão achatada quanto as galerias dos Bupresti<strong>de</strong>os. São<br />
pois xilófagas ou lignívoras, brocas caulinares ou radiculares.