Revista Leitura de Bordo - Fevereiro 2015
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Economia<br />
Ano novo, novas expectativas<br />
O cenário nacional não permite otimismo no horizonte dos próximos meses,<br />
um quadro que se repete em vários governos estaduais e no DF<br />
Não era para trazer surpresa as primeiras medidas<br />
tomadas pela nova equipe econômica do segundo<br />
governo Dilma. Na verda<strong>de</strong>, tais medidas po<strong>de</strong>m<br />
ser vistas pelos aspectos econômico e político.<br />
No aspecto econômico a saída encontrada foi<br />
a convencional: aumento <strong>de</strong> tributos e contenção<br />
<strong>de</strong> gastos. O velho e conhecido arrocho. A questão<br />
aqui é se o remédio traz o risco <strong>de</strong> matar o doente ou<br />
não. Pois bem, o risco é real e a economia irá sentir.<br />
Não há como se ter expectativa <strong>de</strong> um ano <strong>de</strong> <strong>2015</strong><br />
melhor que o <strong>de</strong> 2014. Na melhor das hipóteses será<br />
igual. Como não se preten<strong>de</strong> diminuir os assim chamados<br />
“benefícios sociais” que são os sustentáculos<br />
políticos do governo, tecnicamente não há muito<br />
mais opções. Mas diminuir a correção da tabela <strong>de</strong><br />
imposto <strong>de</strong> renda foi um pouco exagerado, uma vez<br />
que é <strong>de</strong>sgaste <strong>de</strong>mais para resultado <strong>de</strong> menos.<br />
Já no aspecto político tanto os eleitores petistas<br />
ou tucanos po<strong>de</strong>m ficar felizes: a cartilha adotada pelos<br />
petistas é a mesma que seria adotada pelos tucanos.<br />
Lógico que um governo não po<strong>de</strong> ser avaliado<br />
apenas pelo aspecto econômico porém é impressionante<br />
como embora sejam os gran<strong>de</strong>s confrontadores<br />
no cenário político nacional, cada vez mais petistas<br />
e tucanos falam a mesma língua. Basta comparar<br />
as medidas adotadas durante o governo FHC com as<br />
do governo Dilma. Isto po<strong>de</strong> gerar a consequência,<br />
pelo <strong>de</strong>sgaste do discurso, do surgimento <strong>de</strong> uma<br />
nova corrente <strong>de</strong> pensamento econômico, fora da<br />
escola tradicional <strong>de</strong> pensamento, embora os gran<strong>de</strong>s<br />
nomes da área econômica do Brasil produzam<br />
o mesmo material. Vamos acrescentar um pouco:<br />
trabalho pesado em todo governo, combate a corrupção,<br />
diminuição <strong>de</strong> estrutura administrativa e um<br />
pouco da função <strong>de</strong> caixeiro viajante para o principal<br />
mandatário não faria mal algum para o país.<br />
E tem ainda a investigação que envolve a Petrobrás,<br />
da qual neste momento é impossível calcular o<br />
tamanho real do estrago econômico e político para<br />
o país, com consequências internacionais.<br />
Já no governo do Distrito Fe<strong>de</strong>ral, tomando-se<br />
as <strong>de</strong>vidas cautelas que temos que tomar tendo em<br />
vista já termos sido Secretário <strong>de</strong> Estado, também as<br />
medidas adotas pelo atual governo foram corretas,<br />
mas permitam-nos fazer os seguintes comentários:<br />
a) o aumento do IPVA somando-se ao fim da isenção<br />
para a compra <strong>de</strong> carro zero será muito comemorada<br />
pelos Estados <strong>de</strong> Goiás e Minas Gerais,<br />
que verão um aumento <strong>de</strong> emplacamento ali,<br />
transferida do Distrito Fe<strong>de</strong>ral. No final será uma<br />
medida antieconômica trazendo perda <strong>de</strong> arrecadação<br />
<strong>de</strong> IPVA e ICMS;<br />
b) a diminuição <strong>de</strong> valores <strong>de</strong> contratos não é tarefa<br />
fácil (a não ser que haja superfaturamento). Se<br />
houver diminuição <strong>de</strong> postos <strong>de</strong> vigilância ou limpeza,<br />
por exemplo, po<strong>de</strong> até ter questionamento<br />
do Ministério Público, uma vez que estes serviços<br />
estão ligados à conservação <strong>de</strong> patrimônio público.<br />
Não se po<strong>de</strong> esquecer também que as empresas<br />
que prestam estes serviços já estão passando<br />
por dificulda<strong>de</strong>s financeiras.<br />
c) acabar com Administração Regional também não<br />
é tarefa fácil uma vez que as mesmas forças, políticas<br />
ou não, que se movimentaram para sua criação,<br />
se movimentarão para sua manutenção. Vai<br />
dar barulho e <strong>de</strong>sgaste para o novo governo.<br />
d) infelizmente o novo governo está cuidando<br />
dos efeitos, mas não quis enfrentar a causa que<br />
é a <strong>de</strong>spesa com pessoal. Uma posição na qual<br />
já fomos <strong>de</strong>rrotados. Enquanto a <strong>de</strong>spesa com<br />
pessoal não se situar entre 40% a 42% da Receita<br />
Corrente Líquida não haverá equilíbrio fiscal. O<br />
alongamento ou mesmo a suspensão <strong>de</strong> parcelas<br />
<strong>de</strong> reajustes <strong>de</strong>veria estar na pauta. É um tema<br />
on<strong>de</strong> o político tem se sobreposto ao técnico no<br />
Distrito Fe<strong>de</strong>ral com toda sua consequência ruim.<br />
Acabar com cargos comissionados ajuda, mas<br />
muito pouco.<br />
De todo o acima exposto po<strong>de</strong>-se concluir que<br />
<strong>2015</strong> será um ano para testar nossos nervos. Infelizmente<br />
não será fácil.<br />
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