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Certo dia, a mãe disse-lhe que ainda iria
ganhar muito dinheiro por causa das
suas formas e cor da pele... A verdade é
que Micaela Reis é multifacetada e
explora ao máximo o seu capital sensual!
odeio, manequim, atriz e
apresentadora de televisão
bão apenas algumas das
múltiplas facetas profissionais que conhe-
cemos de Micaela Reis, que esteve recen-
temente em Portugal, a convite do grupo
de cabeleireiros absolutLOOK. Este
escolheu-a para protagonista de uma
campanha de publicidade, a lançar em
meados de janeiro, que promete dar que
falar! A opção por Micaela Reis para em-
baixadora da marca prendeu-se com o
reconhecimento e o cari nho que esta tem
junto do público-alvo da empresa, tanto
em Portugal como nos mercados para
onde o grupo se pretende expandir, "como
é o caso de Luanda, onde se prevê que a
absolutLOOK chegue durante o primeiro
semestre de 2012", revelou o diretor de
marketing da marca.
Dona de uma beleza invejável e sobeja-
mente premiada, Micaela Reis é também
uma mulher que vive intensamente e ex-
plora ao máximo o seu capital sensual,
uma máxima que em tudo se enquadra
com o conceito da absolutLOOK. O su-
cesso, esse, parece fácil de adivinhar!
AFRO: Quem é a Micaela Reis?
MICAELA REIS: É uma jovem, de 22
anos, que se está a afirmar no mundo da
televisão, como apresentadora e atriz.
Quais as suas maiores virtudes?
Sou uma pessoa delicada e muito fo-
cada nos meus objetivos, alguém que sabe
bem aquilo que quer e onde quer chegar.
E onde é que quer chegar?
O mais longe que puder! O meu obje-
tivo, como é óbvio, é formar-me em
representação, aprender muito mais e
levar o nome do meu país, que é An-
gola, o mais longe possível!
Em que áreas gostava que isso acon-
tecesse?
No cinema, por exemplo, que é das coisas
que eu mais adoraria fazer, e também em
séries e teatro - é por aí que quero entrar,
de preferência num papel que não tenha
nada a ver comigo. Também adoro o meu
trabalho como apresentadora, mas a repre-
sentação é a minha verdadeira paixão!
Paixões à parte, como é que tudo
começou?
Desde pequena que sempre gostei de
moda. A minha família sempre me disse
¦¦ Sou uma
verdadeiro mulher
africano. Herdei
o lodo vaidoso
de querer estar
sempre bem e no
meu melhor 11 11

que eu tinha altura para modelo, mas
como não tenho corpo - nem nunca
tive- para trabalhar em moda, tentava
não pensar muito nisso, porque sem-
pre fui uma mulher com muitas formas...
Entretanto, um dia a minha
mãe soube do casting para
o Miss
Angola Portugal. Como já tinha ou-
vido falar do concurso, lá acabei por
me inscrever. Tinha 18 anos.
Nesse dia, tudo mudou...
Sim, fiquei no castingl Venci o Miss
Angola Portugal em 2006. Ao ganhar
esse concurso, tive o direito de parti-
cipar mesmo no Miss Angola 2007,
que também ganhei! Ninguém es-
tava a espera, porque uma diáspora
nunca tinha ganho. Depois fui
para o Miss Universo e, como fui
muito bem preparada, consegui o
sétimo lugar.
E o Miss Mundo surge como?
Como, em 2006, Angola havia
obtido uma boa classificação, o
comité do Miss Angola
Micaela Reis
esteve
sempre
atenta às
suas poses
durante o
makingof da
campanha
publicitária
decidiu en-
viar-me também ao Miss Mundo,
onde conquistei o segundo lugar.
Fui ainda eleita Miss África/Mundo, em
2007, e ganhei a Medalha de Bronze nas
Olimpíadas da Beleza, em 2008.
Que balanço faz destas suas con-
quistas?
Fico muito contente por ter conseguido
classificações que dignificam o meu país.
Como foi recebida depois da conquista
destes trofeus?
Fui muito bem recebida. Deram-me
todo o reconhecimento. Tenho imenso a
agradecer ao meu país. Se hoje sou o que
sou e se continuo a acreditar, tem muito a
ver com Angola e com a força e o apoio
constantes da minha família.
Se hoje continua a acreditar?
É verdade. . . Quando era mais nova - de-
via ler na altura uns 14 ou 15 anos -, sentia
vergonha por ter um peito demasiado vo-
lumoso e por todo o meu corpo
ser bem
mais curvilíneo do queo das minhas ami-
gas. A somar a isso, era de raça negra...
Nessa altura, sofri o peso do racismo e não
foi fácil. ..Vivi uma fase muito complicada,

em que tive um grande apoio da minha
mãe e dos meus irmãos, porque isso do ra-
cismo era algo completamente novo para
mim - nunca o havia sentido até então. Na
fase da adolescência - quanto a mim, a
mais complicada do nosso crescimento -,
vivia sempre a pensar que queria diminuir
a volumetria do meu peito e emagrecer.
Achava que nunca daria para modelo, por-
que me sentia desacreditada pelaspessoas
que me rodeavam. Contudo, a minha mãe
dizia-me sempre - na brinca-
deira - que um dia as minhas
formas ainda me iriam dar a
ganhar muito dinheiro e tam-
bém a minha cor. I loje, riu-me
imenso quando penso nisto...
Não escondo que cheguei
mesmo a fazer uma mamoplas-
tia, para diminuir o peito, mas a
questão é que, com o passar dos
anos, o volume voltou e as minhas for-
mas são hoje iguais às que tinha antes
da operação. Assumo que são, sem dú-
vida alguma, uma boa ajuda na minha
profissão. Digo uma ajuda, pois acho
que não é só a beleza exterior que conta
e sim tudo. Sermos bonitos é impor-
tante, mas também precisamos deter
substância, senão a beleza acaba e
não resta mais nada. I loje, não me
arrependo de ter tentado melhorar
aquilo que me fazia sentir menos bem.
Quando reencontro as pessoas do passado
que me procuram - ou têm a lata de me
procurar, não ligo nem me interessa. Uma
coisa que o meu irmão mais velho me en-
sinou foi que não devemos nunca julgar
ninguém, mas sim tentar conhecer as pes-
soas. Eu tento fazer isso, por mais que possa
ouvir falar mal ou bem de cada pessoa.
Nunca julgo ninguém. . .
Entretanto, após os concursos de mis-
ses e das várias incursões no mundo da
moda, surgiu recentemente a oportuni-
dade de ser atriz, na série Voo Direto, da
RTP. Quer falar-nos um pouco desta
experiência?
Na verdade, acho que nunca fui modelo;
sempre fui chamada para produções ou
para desfiles, por ser a Micaela Reis, a Miss
Angola, e nunca por ser a modelo. Por isso,
acho que isto tem muito a ver com o mundo

da beleza. Recentemente, a Semba Comu-
nicação, queéuma produtora, chamou-me
para o casting para o Voo Direto. Creio que
isso teve a ver com o facto de saberem que
havia tido formação como apresentadora
de televisão. A verdade é que fiz esse casting
para um papel secundário, mas depois aca-
bei como protagonista. Foi uma excelente
experiência. Adorei!
A Micaela surgiu, também, recente-
mente como apresentadora de televi-
são. Como é que encarou mais esse
novo desafio?
Sempre gostei
formação
de televisão e fu i fazer uma
à índia, onde estive num canal, e
depois a Londres, onde aprofundei os meus
conhecimentos com aulas privadas com
uma professora que me ensinou técnicas e
conhecimentos. Em Portugal, frequentei
depois aulas de voz, porque
falo muito rá-
pido, e aprendi a falar pausadamente, de
forma a conseguir passar uma mensagem.
As palavras, mais do que ser ditas, devem
ser também interpretadas; foi isso mesmo
que aprendi. Entretanto, quase de seguida,
surgiu-me a oportunidade de apresentar o
EliteModelLookAngolae, entretanto, tam-
bém o de Moçambique. Neste momento, há
já projetos novos como apresentadora e
atriz, mas dos quais não posso ainda falar.
Apesar
de não se considerar mane-
quim, as oportunidades de brilhar no
mundo da moda não param de surgir,
como é o caso deste convite por parte
da absolutLOOK.
É verdade. Senti-me muito bem com esta
oportunidade e com o convite que me foi
endereçado para ser embaixadora da
marca, porque sou uma mulher megavai-
dosa e adoro cuidar do meu cabelo! Adoro
mesmo! A minha mãe diz-me sempre que
o cabelo é o cartão-de-visita. É excelente
poder ser o rosto de uma marca com um
forte sentido estético, o que na minha pro-
fissão se revela importante.
Uma marca que, entretanto, vai che-
gar ao seu país.
Até ao fim do primeiro semestre de
2012, a absolutLOOK já vai estar presente
em Angola, o que é excelente, pois assim
fico com a certeza que, onde quer que es-
teja, terei sempre a meu lado os melhores
conselheiros para cuidar do meu cabelo!
É bom quando as marcas fazem este in-
tercâmbio cultural, em que apostam num
mercado como o de Angola. Trabalhar
com profissionais responsáveis e com ex-
periência firmada a nível internacional,
que conseguem
fazer trabalhos como
aquele que fizemos para esta sessão da
campanha, mostra não só as suas moder-
nidade e versatilidade, como, com certeza,
despertará a curiosidade das pessoas.
Deste modo, elas irão querer saber quem
é a absolutLOOK e de onde saíram tama-
nhas imaginação e criatividade!
Sente-se uma embaixadora da beleza
em Angola? Um exemplo a seguir para
as jovens
do seu país?
Confesso que tenho muitas fãs jovens,
a maioria adolescentes. Procuro sempre
ter uma postura em que tento dar um
exemplo que as pessoas queiram seguir
mas, no fundo, acredito que cada ser hu-
mano é único e que o temos para dar ao
mundo mais ninguém tem; por isso, de-
vemos querer
continuar a ser únicos.
Acredito que as figuras públicas exercem
uma influência, negativa ou positiva, so-
bre as pessoas que as seguem, pelo que
devem sempre esforçar-se por dar o me-
lhor. Acho que isso já acontece em Angola,
porque as pessoas começam a encarar a
moda c a representação como um traba-
lho e não só como o "querer aparecer" ou
o "fazer por fazer". Vêem que é preciso dar
no duro para chegar a algum lugar.
Tem segredos de beleza?
Não tenho grandes segredos.
Uso bons
produtos, como um bom hidratante,
tanto de manhã como à noite. Faço esfo-
liação, umas máscaras e um cuidado
regular. Quanto aos cabelos, a verdade é
que são mesmo a minha prioridade, daí
ter aceite o desafio da absolutLOOK, pois
a ideia de ter um grupo
de estilistas de
cabelos que cuide realmente de mim dei-
xa-me profundamente satisfeita! Sou
mesmo uma verdadeira mulher africana,
apesar de ter nascido na Furopa. Herdei
esse lado vaidoso de nos querermos cui-
dar e estar sempre no nosso melhor. ¦¦'-
etapa: Fernando Algarvio, Lybelos:absolutlook com Nuno Oliveira;
Maquilhagem; Caria Mateus; Assistente de iluminado; Carlus
Mendes; Agrarier intentos: Micaela Oliveira [cedência de vestido)
e Eugênio tie CamjHís (re dència A?. joia=); Fotos: Paula Alveno