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Tratores agricolas 3 e 4-2001.pdf - LEB/ESALQ/USP

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<strong>Tratores</strong> agrícolas - Especial. 3<br />

<strong>Tratores</strong> agrícolas<br />

Conceito:<br />

É uma unidade móvel de potência composta de motor, transmissão,<br />

sistema de direção e de sustentação e componentes compLementares,<br />

onde se acopLamimpLementos e máquinas com diversas funções.<br />

etrator é uma máquina composta<br />

de mecanismos complexos,<br />

que transforma a energia química<br />

do combustível em energia útil para a realização<br />

dos trabalhos com implementos agrícolas.<br />

A ASAE (Amelican Society Q/Aglicultura1Engúzeers)<br />

conceitua o trator como uma<br />

máquina de tração projetada e inicialmente<br />

recomendada para proporcionar potência aos<br />

implementos agrícolas. Um trator agrícola<br />

desloca a si mesmo e proporciona uma força<br />

na direção de avanço que permite engatar<br />

implementos que tenham função agrícola. Ele<br />

constitui-se na principal fonte de potência da<br />

moderna agricultura. Alguns textos atribuem<br />

ao trator a função de servir como base ou<br />

eixo da mecanização agrícola moderna.<br />

O trator agrícola é aquele que tem suas<br />

características voltadas ao uso nas operações<br />

agrícolas. Deve ser o mais versátil<br />

possível, tendo condições de nele acoplar-se<br />

os mais diferentes tipos de máquinas e implementos.<br />

O seu projeto deve prever con-<br />

o modelo mais Íltil<br />

Pelas características da agricultura<br />

brasileira e informações<br />

práticas, pode-se estimar que o trator<br />

mais útil poderia ser o modelo mais básico<br />

e versátil, e a partir daí poderia ser montado<br />

um leque de opções de equipamentos<br />

disponíveis sob a forma de opcionais, que<br />

variariam de acordo com as necessidades<br />

de cada cliente, sistema de produção, cultura,<br />

região, nível de mão-de-obra, etc. Talvez<br />

uma espécie de trator sob medida.<br />

Nas duas figuras 1 e 2 temos os dois tipos<br />

de projeto e construção de tratores que<br />

atualmente se encontram no mercado. O<br />

primeiro tipo, representado pela figura 2, é<br />

o projeto que se encontra no mercado com<br />

maior intensidade desde os anos 60 até os<br />

dias atuais. Nesse caso o suporte do eixo<br />

dianteiro (1), o motor (2), a caixa de câmbio<br />

(3), a carcaça do diferencial (4) e do eixo traseiro<br />

(5) e a da TDP (6) e sistema hidráulico<br />

(7) fazem uma estrutura única conhecida<br />

forto ao operador, assim como boa visibilidade<br />

lateral, frontal, traseira e manobrabilidade.<br />

Além disso, é importante que a<br />

ergonomia preveja a facilidade de acoplamento<br />

de implementos e o incentivo<br />

às operações de manutenção. Este trator<br />

deve ser simples, robusto e resistente ao clima.<br />

Na indústria de tratores há uma diferença<br />

entre o potencial que o mercado pode absorver<br />

e necessita e o que realmente é fabricado,<br />

estabelecendo-se uma luta quotidiana<br />

entre os setores (departamentos de uma empresa)<br />

comercial e de engenharia. Os projetos<br />

utilizados pelas fábricas são, na maioria<br />

dos casos, importações das suas matrizes e<br />

que contém muita tecnologia intrínseca. De<br />

fato, um trator para ser lançado em um país<br />

de agricultura pressionada por custos, como<br />

é o caso do Brasil, deve ter o seu preço reduzido,<br />

resultando que esta diminuição se faz à<br />

base de retirada de componentes de conforto<br />

e segurança, por exemplo.<br />

como monobloco. A grande vantagem deste<br />

sistema foi diminuir o peso do trator porque<br />

a própria união entre as peças dá a rigidez<br />

de que ele necessita. O ponto negativo fica<br />

por conta das manutenções que se devem<br />

realizar no motor, embreagem e diferencial<br />

que obrigam que o trator tenha a sua estrutura<br />

desmontada, dificultando a realização<br />

dos serviços fora de uma oficina especializada.<br />

A segunda estrutura, conhecida como<br />

modular, é a que parece ser a tendênCia construtiva<br />

atual, incorporada pela nova linha de<br />

tratores mundiais da John Deere e Case, inclusive<br />

no Brasil, que tem muitas vantagens,<br />

entre as quais a possibilidade de se estabelecer<br />

famílias de tratores, barateando o custo<br />

de um produto de muita qualidade tecnológica.<br />

Os beneficios se estendem também à<br />

linha de produção, pois os componentes de<br />

vários modelos de um trator podem ser montados<br />

a um mesmo chassi.<br />

Março / Abril 2001<br />

Na indústria<br />

de tratores há<br />

uma diferença<br />

entre o<br />

potencial que<br />

o mercado<br />

pode absorver<br />

e necessita e o<br />

que realmente<br />

é fabricado,<br />

estabelecendose<br />

uma luta<br />

quotidiana<br />

entre os<br />

setores<br />

(departamentos<br />

de uma<br />

empresa)<br />

comercial e de<br />

engenharia<br />

. lVIáquinas


-<br />

4 . Especial - <strong>Tratores</strong> agrícolas<br />

As primeiras<br />

notícias de<br />

ensaio ou<br />

provas de<br />

comparação.<br />

entre tratores<br />

são do ano<br />

de 1908<br />

foi assim que começou...<br />

'T alvez<br />

o ano de 1858 seja o indicativo<br />

do início da tratorização<br />

agricola mundial, pois por esta data<br />

foi desenvolvido um sistema de preparo do<br />

solo por meio de cabos de aço, que tornava<br />

possível que um arado de aivecas pudesse<br />

utilizar a potência gerada por uma máquina<br />

a vapor estacionária. Nessa mesma época<br />

também começaram a ser utilizados os tratores<br />

movidos a vapor para as tarefas de arrasto.<br />

Eram máquinas muito pesadas, muito<br />

pouco eficientes e que utilizavam muita<br />

mão-de-obra para sua manutenção e operação.<br />

Em 1876, foi registrada a patente de um<br />

motor de combustão interna por Otto, ainda<br />

que de imediato este não tenha sido aplicado<br />

em tratores, que permaneceram com os motores<br />

a vapor até o fmal do século XIX. No<br />

ano de 1890, houve a introdução das esteiras<br />

metálicas nos tratores a vapor, até que<br />

em 1906, aparece o primeiro trator com motor<br />

de combustão interna de ciclo Otto, movido<br />

a querosene.<br />

As primeiras notícias de ensaio ou provas<br />

de comparação entre tratores são do ano de<br />

1908, motivados pela febre de substituição<br />

de motores a vapor por motores de combustão<br />

interna a gasolina e querosene.<br />

No ano de 1911 se desenvolveu a primeira<br />

Feira de Demonstrações de <strong>Tratores</strong>, em<br />

Nebraska, EUA, onde foram apresentados os<br />

primeiros tratores com uma configuração<br />

semelhante à que temos atualmente. O primeiro<br />

trator agricola fabricado em série foi<br />

lançado em 1913, nos Estados Unidos.<br />

Em 1920 começaram as primeiras provas<br />

de trator, em Nebraska, EUA, pela aplicação<br />

de uma lei aprovada pelo parlamento<br />

do Estado (1919) que dava competência a<br />

Universidade do Estado de Nebraska para<br />

desenvolver as normas que permitiam a avaliação<br />

de tratores.<br />

Alguns anos mais tarde estas permitiram<br />

converter-se em Normas ASAE de aceitação<br />

universal, até que se implantou os Códigos<br />

de Ensaios da OCDE (Organização Cooperativa<br />

de Desenvolvimento Econômico) e o estabelecimento<br />

de consenso por meio do Código<br />

de ensaios de tratores da OCDE e as<br />

normas ISO (International Standard Organízation),<br />

que tratam do assunto.<br />

FIG.01<br />

CJ<br />

Esquema construtivo monobloco<br />

utilizado pela maioria dos tratores atuais.<br />

(Fonte: Solotractor. Márquez, L.)<br />

k~<br />

IJ<br />

Esquema construtivo modular utilizado<br />

;a pelos tratores John Deere.<br />

(Fonte: Renius, K.)<br />

FIG.02<br />

~áquinas. Março / Abril 2001<br />

Uso generalizadO<br />

21<br />

utilização efetiva do trator leve<br />

'I de uso geral começou somente<br />

~em 1923, com a introdução da<br />

tomada de potência e de uma significativa<br />

diminuição do seu peso total. Um ano depois<br />

foi lançado o trator triciclo, necessário<br />

na época pela grande recomendação agronômica<br />

do cultivo em linha.<br />

Em 1927, por fim, é introduzido o motor<br />

de combustão interna de ignição por<br />

compressão, que depois a passou a ser conhecido<br />

por ciclo Diesel, em um trator fabricado<br />

pela empresa Castelmaggiore, de<br />

Bolonha, Itália. Alguns textos americanos<br />

afirmam que isto ocorreu comercialmente<br />

somente em 1931, mas sem nenhuma dúvida<br />

o fato de introduzir este tipo de motor<br />

foi a primeira grande inovação tecnológica


<strong>Tratores</strong> agrícolas - Especial. 5<br />

na fabricação de tratores.<br />

No ano de 1933 foi introduzida a segunda<br />

grande inovação, pois começaram-se a<br />

substituir os rodados de ferro por pneus<br />

de borracha. É claro que conjuntamente a<br />

essas importantes introduções, ocorria um<br />

desenvolvimento industrial normal no produto,<br />

o que fazia incrementar<br />

e tornando-os mais eficientes<br />

a qualidade,<br />

na sua utilização<br />

nos terrenos agrícolas.<br />

A partir de 1935 passou -se a adotar com<br />

mais freqüência os motores de combustão<br />

interna de ignição por faísca,<br />

com outros desenvolvimentos,<br />

o que junto<br />

tornou o trator<br />

agrícola mais versátil. Nessa mesma<br />

época, o produto caminhou para uma crescente<br />

normalização.<br />

No meio da segunda grande guerra mundial,<br />

ocorre a introdução do sistema de engate<br />

em três pontos de acionamento mecânico.<br />

Junto com este sistema foram lançados<br />

modelos de tratores a gás (grande parte<br />

do combustível líquido estava mobilizado<br />

para a guerra) e os microtratores. Estas<br />

modificações foram devidas, em grande<br />

parte, à rápida e intensa incorporação de<br />

tecnologia proporcionada pelos estudos<br />

militares. A partir de 1949, os tratores passaram<br />

a incorporar o sistema de acionamento<br />

hidráulico de implementos.<br />

Dois estudos realizados em 1982 e 1990<br />

confirmaram que o peso específico do trator,<br />

isto é, a quantidade de kg do trator em<br />

relação à potência do motor, diminui na<br />

medida em que aumenta a potência. Isto<br />

significa que os tratores de maior potência<br />

(maiores) são proporcionalmente mais leves<br />

que os tratores com menos potência no<br />

motor. Vejamos um exemplo, retirado do<br />

gráfico anterior: um trator de 40 kW de potência<br />

no motor tem um peso específico de<br />

aproximadamente 72 kg por cada kW do<br />

seu motor, ao passo que um trator de 100<br />

kW no motor tem apenas uma relação de<br />

68 kg de massa para cada KW de motor.<br />

Como conclusão podemos afirmar que<br />

os tratores maiores são mais dependentes<br />

de lastre<br />

máxima<br />

que os menores, para alcançar a<br />

eficiência e talvez os fabricantes<br />

estejam baseando-se em modelos menores<br />

e equipando-os com motores mais potentes.<br />

Também é verdade que o uso de materiais<br />

mais leves, como o polipropileno, a fibra<br />

de vidro e o alumínio, que passaram a<br />

ser freqüentes<br />

tornou o trator<br />

na indústria automotiva,<br />

um veículo mais leve.<br />

100<br />

Relaçãoentrepotêndado motore o pesoespecíficodotrator.<br />

90<br />

.<br />

~ 80<br />

5<br />

g 70<br />

~ I..<br />

~ 60 .<br />

'u<br />

8-<br />

"'"<br />

o 50<br />

a.<br />

"'"<br />

.<br />

.. .<br />

40 30 40 60 80 100 140<br />

.<br />

Potencia en el motor,<br />

kW<br />

180<br />

""<br />

j'<br />

~<br />

o aumento da potência<br />

Etre os anos de 1959 e 1960 a potência<br />

média dos tratores aumen<br />

a muito rapidamente, estabelecendo-se<br />

uma tendência que persiste nos dias<br />

atuais. Nesta mesma década se consolida a<br />

supremacia do combustível e do sistema Diesel<br />

e começa a ocorrer uma série de refmamentos<br />

técnicos, como a melhoria das transmissões,<br />

o que fez incrementar a oferta do<br />

número de marchas, tornando-as mais práticas<br />

em condições de trabalho.<br />

Em 1961 se dissemina a introdução comercial<br />

do sistema hidráulico de três pontos,<br />

em configuração muito semelhante a<br />

atual, conhecido como sistema Ferguson,<br />

que passa a ser a terceira grande incorporação<br />

tecnológica nos tratores agrícolas.<br />

Na década de 70, se produz uma introdução<br />

intensa de tratores agrícolas de quatro<br />

rodas motrizes, geralmente de grandes<br />

dimensões, nos EUA, e de pequeno porte na<br />

Europa. Nos anos 80 o predomínio passou<br />

a ser dos tratores de tração dianteira assistida<br />

(TOA).<br />

A década de 90 é marcada como a época<br />

dos sistemas eletrônicos de auxilio à operação<br />

dos tratores agrícolas, pois um grande<br />

número de tratores já pode sair de fábrica<br />

equipada com sistemas<br />

nico de rendimento.<br />

de controle eletrô-<br />

No Brasil o início da fabricação de tratores<br />

ocorre no ano de 1960, a partir da instituição<br />

do Plano Nacional da Indústria de <strong>Tratores</strong><br />

Agrícolas, em 1959, pelo governo federal.<br />

Até essa década os tratores utilizados<br />

na agricultura brasileira eram importados<br />

da Europa e Estados Unidos.<br />

Antes da etapa de fabricação de tratores<br />

no Brasil havia una situação bastante singular,<br />

pois eram muitas marcas e modelos<br />

que os agricultores adquiriam sem muitas<br />

garantias de assistência técnica, mas com<br />

preços<br />

mente<br />

bastantes interessantes<br />

devidos a financiamentos<br />

principal-<br />

oficiais.<br />

Havia incentivos à importação, o que resultava<br />

em baixos preços de aquisição mas<br />

Março / Abril 2001<br />

Como<br />

conclusão<br />

podemos<br />

afirmar que os<br />

tratores<br />

maiores são<br />

mais<br />

dependentes<br />

de lastre que<br />

os menores,<br />

para alcançar a<br />

máxima<br />

eficiência e<br />

talvez os<br />

fabricantes<br />

estejam<br />

baseando-se<br />

em modelos<br />

menores e<br />

equipando-os<br />

com motores<br />

mais potentes<br />

. lVIáquinas


6 . Especial - <strong>Tratores</strong> agrícolas<br />

I<br />

A densidade<br />

tratória no<br />

Brasil é de<br />

aproximadamente<br />

120 hectares<br />

por unidade.<br />

Esta média é<br />

bastante<br />

afetada pela<br />

região onde se<br />

executa a<br />

análise<br />

~áquinas. Março / Abril 2001<br />

poucas garantias de reposição dos componentes.<br />

Muitas vezes era mais fácil substituir<br />

um trator avariado do que repará-Io, pois<br />

não existiam planos de manutenção. Nessa<br />

época tampouco a indústria de componentes<br />

estava em condições e nem tinha segurança<br />

para encarregar-se de produzir o volume<br />

que as condições requeriam.<br />

 indústria brasileira<br />

Partir do ano 60 aproveitando as<br />

'I facilidades oferecidas pelo govert1Lo,<br />

se instalaram no país, a Ford e<br />

a Valmet, com 80% e 20% do mercado respectivamente.<br />

Posteriormente passaram a<br />

ser importantes na comercialização a Fendt<br />

e a Deutz, que já estavam no Brasil como<br />

importadores.<br />

Em 1965 estavam sendo comercializados<br />

tratores das marcas Ford (20%), Massey Ferguson<br />

(35%), Valmet (21 %), Deutz (12%),<br />

CBT (10%) e Fendt (2%). Ainda que estas<br />

porcentagens sejam aproximadas, pode-se<br />

notar que a Ford já começava a diminuir<br />

sua participação no mercado, e de fato se<br />

retirou do Brasil em 1968. Pode-se notar<br />

também que entrou em fabricação o primeiro<br />

trator nacional, o CBT, da Companhia<br />

Brasileira de <strong>Tratores</strong>, indústria de capital<br />

privado, instalada em São Carlos, SP.<br />

No princípio da década de 70, a Massey<br />

Ferguson predominava no mercado, com<br />

mais de 50% do total de tratores vendidos.<br />

A outra metade se repartia entre CBT e Valmeto<br />

Nesses anos o mercado era de três marcas<br />

e as opções correspondiam aos modelos<br />

que estas ofereciam. No ano de 1975 o governo<br />

federal voltou a incentivar a indústria<br />

de tratores, o que fez com que os preços baixassem<br />

até 1976. Nesse ano outra vez as<br />

dificuldades no crédito bancário provocaram<br />

uma diminuição na demanda, com o que<br />

incrementou a ociosidade e os preços. Comparando-se<br />

o preço do trator com um produto<br />

básico do país, o milho, se passou pela<br />

situação de que para comprar um trator em<br />

1967 se necessitava de 2147 sacos do produto,<br />

até que em 1975 o mesmo trator somente<br />

requeria 818 sacos. Foram anos muito<br />

importantes para a indústria nacional,<br />

com o que se incrementou a capacidade potencial<br />

de produção, chegando a ser de 100<br />

mil tratores anuais, o que de fato nunca se<br />

alcançou.<br />

No final de 1976 a relação entre o preço<br />

do trator e o saco de milho havia incrementado<br />

a 1018, com o que provocou a quebra<br />

técnica de algumas empresas fabricantes.<br />

A conseqüência para as que permaneceram<br />

no mercado foi uma redução das vendas,<br />

diversificação e a tentativa de exportação,<br />

principalmente para os países vizinhos da<br />

América do Sul. Nesse período se nacionalizou<br />

a Massey Ferguson.<br />

Em fmais da década de 70 a divisão do<br />

mercado estava entre estes três fabricantes,<br />

a Ford, que havia retornado ao país e três<br />

empresas de pequena fabricação, Malves,<br />

Brasitália, Agrale, com os microtratores, e a<br />

Case, com os tratores de maior porte. Nessa<br />

época se comercializava ao redor de 50 mil<br />

unidades ao ano, sendo que os 63 mil de<br />

1976 marcaram o recorde de produção e<br />

vendas. Se considerássemos os tratores de<br />

rodas e os motocultores, o total atingiu aproximadamente<br />

72 mil unidades anuais.<br />

 densidade no Brasil<br />

OBrasil sempre foi um consumidor<br />

de seus próprios tratores por<br />

que a parcela de exportação nunca<br />

ultrapassava os 20%. Na década de 80 não<br />

se pôde manter a produção nos altos níveis<br />

dos anos anteriores e houve uma diminuição<br />

da produção com a devida estabilização<br />

nos níveis das 25 mil unidades.<br />

A densidade tratória no Brasil é de aproximadamente<br />

120 hectares por unidade. Esta<br />

média é bastante afetada pela região onde se<br />

executa a análise. Na parte sul, São Paulo,<br />

Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul,<br />

há uma média de 40 hectares por trator, ao<br />

passo que em regiões da parte norte este Índice<br />

cresce de maneira importante.<br />

No mercado interno, a demanda por regiões<br />

é bastante maior na região Sul e Sudeste,<br />

onde se comercializam ao redor de 75%<br />

dos tratores fabricados. Assim mesmo estas<br />

vendas somente atendem a reposição do parque<br />

existente. A região mais promissora é<br />

talvez a Centro-Oeste e o baixo Nordeste, onde<br />

no futuro se pode formar uma região onde a<br />

porcentagem de vendas pode incrementarse.<br />

Em dados aproximados a indústria de tratores<br />

no Brasil pode estar proporcionando 18<br />

mil postos de trabalho diretos.<br />

A parcela referente à exportação aumentou<br />

e chegaram a níveis ao redor de 29%<br />

(1988). O principal fabricante a exportar<br />

seus produtos era a Maxion, com 12% do<br />

total de sua produção. Nessa época as crises<br />

do setor já haviam provocado o fechamento<br />

de algumas fábricas importantes, ou<br />

pelo menos da linha agrícola de produção,<br />

-


<strong>Tratores</strong> agrícolas - Especial. 7<br />

Noprincipiodoono1990o distribuiçõodosvendoseroo seguinte:<br />

Balancodo mercadobrasileiro<br />

de tratores'de rodas nos anos 1988/89.<br />

Fabricante 1998 % 1989 %<br />

Móxiôri<br />

Valmel..<br />

Ford<br />

01<br />

Ailrõfe<br />

Oulra$,<br />

TOTAL<br />

14.997'<br />

10.097<br />

8.740<br />

2.644<br />

1.3.40<br />

1.288<br />

10<br />

,.,...,~...".,<br />

25.B.<br />

Z2J<br />

M..<br />

M.<br />

3J<br />

100<br />

"11.568<br />

8.949<br />

5.926<br />

3.193<br />

,1.204<br />

1.384<br />

22 100<br />

e reduzido bastante o nível de produção de<br />

outras.<br />

Neste mercado confuso e de poucas possibilidades<br />

para os menores fabricantes, algumas<br />

empresas, como a Santa Matilde e<br />

a Yanmar tiveram sua participação significativa.<br />

Outras empresas, como a Massey<br />

Ferguson, mudaram de nome, passando a<br />

produzir outra marca de tratores como era<br />

o caso dos tratores Maxion.<br />

Fazendo uma avaliação geral dos tratores<br />

brasileiros, se pode dizer que o nível técnico<br />

é bom, mas que os modelos fabricados<br />

caracterizam-se pela falta de alguns detalhes<br />

técnicos que os fazem menos seguros<br />

e confortáveis que os vendidos na Europa<br />

e nos Estados Unidos da América.<br />

Quanto a inovações tecnológicas podese<br />

destacar a utilização do álcool combustível,<br />

ainda que não tenha sido satisfatório<br />

tecnicamente. Durante alguns anos foram<br />

produzidos modelos de tratores com este<br />

combustível, tanto em ciclo Otto, como em<br />

mistura, no sistema Diesel.<br />

Baixa produção, preços altos<br />

Da capacidade instalada de produção,<br />

100 mil tratores por ano, produz-se<br />

somente 25 mil, isso se reflete<br />

em incremento de preço da unidade, o<br />

que diretamente incide no aumento da utilização<br />

do trator. Assim, estima-se que ao redor<br />

de 80% da frota de tratores do Brasil tenha<br />

mais de oito anos e 30% mais de 12 anos<br />

de utilização. Considerando-se pelos níveis<br />

de manutenção dos países desenvolvidos até<br />

que isto não se configuraria em um problema<br />

importante, mas se se analisa sob o ponto<br />

de vista de que na maioria dos casos a<br />

manutenção e as reparações são deficientes,<br />

o problema passa a ser mais grave.<br />

A partir do inicio da década de 90, o mercado<br />

voltou a abrir-se e começaram a entrar<br />

os tratores importados, principalmente da<br />

Europa e Estados Unidos.<br />

A situação atual é muito preocupante pois<br />

nos últimos dois anos as vendas<br />

ram das 12 mil unidades anuais<br />

não passa-<br />

no mercado<br />

interno e as revendas de tratores de pequeno<br />

porte distribuídas pelo interior do país<br />

não conseguiram suportar as novas condições<br />

de mercado estabelecidas<br />

Real. A rede de revendedores<br />

pelo Plano<br />

diminuindo<br />

desta forma fez com que o mercado se restringisse<br />

somente às grandes marcas.<br />

temente instalou-se no Brasil a John<br />

Recen-<br />

Deere,<br />

por meio de uma associação com a SLC, e<br />

iniciou a fabricação de uma linha de tratores<br />

semelhantes aos que já fabricava e comercializava<br />

no resto do mundo. A Maxion, do grupo<br />

Iochpe, foi adquirida pela AGCO e infelizmente<br />

a CBT encerrou a sua participação no<br />

mercado depois de mais de 35 anos de atividade.<br />

A Ford e a Fiat juntas formaram o grupo<br />

New Holland.<br />

Atualmente o Brasil é um dos grandes fabricantes<br />

de tratores do mundo. A globalização<br />

da economia fez com que, por nossas<br />

condições industriais particulares, fossemos<br />

transformados em fabricantes e montadores<br />

das mais importantes marcas mundiais.<br />

Nota-se que a maioria dos fabricantes produz<br />

tratores na faixa entre 50 e 199 cv de<br />

potência bruta no motor. A exceção fica por<br />

conta da Agrale e da Yanmar, que produzem<br />

tratores pequenos, e da Muller e da JI Case,<br />

que produzem tratores de grande porte.<br />

A produção anual de 2000 foi de aproximadamente<br />

27 mil unidades, um terço dos<br />

quais fabricados pela AGCO do Brasil, a maior<br />

do país. É de se ressaltar o volume crescente<br />

e importante da SLC-John Deere, que mesmo<br />

entrando recentemente no mercado já<br />

ocupa a quarta posição<br />

tratores de rodas.<br />

como fabricante de<br />

Ressalta-se que é uma particularidade<br />

brasileira a manutenção de modelos de linhas<br />

antigas, mesmo com o lançamento de<br />

novos produtos. Por uma questão de mercado<br />

os fabricantes mantêm em produção<br />

linhas antigas, atendendo o desejo de gru-<br />

A globalização<br />

da economia<br />

fez com que,<br />

por nossas<br />

condições<br />

industriais<br />

particulares,<br />

fossemos<br />

transformados<br />

em fabricantes<br />

e montadores<br />

das mais<br />

importantes<br />

marcas<br />

mundiais<br />

Produçãode tratoresde rodasnacionaispor fabricantee por categoriano ano 2000<br />

Morco Até40cv 50o99cv 1000199cv Moisde200cv Totol<br />

I Agrole<br />

629<br />

bf ~<br />

I J/Cose ,<br />

:o:<br />

84 97<br />

I NewHoIlondloIinoAmericanoUdo O<br />

3929 O-<br />

I SlC-JohnDeereSA<br />

I VoltrodoBrosilSA<br />

I,YonrnordoBrasilSA<br />

(Fonte: Anloveo).<br />

,o<br />

O<br />

291<br />

1479<br />

'38M<br />

154<br />

,2263 ,<br />

lli8. .<br />

Q<br />

L<br />

O"<br />

3742I<br />

illlJ<br />

447 I<br />

. ~áquinas<br />

Março / Abril 2001


8 . Especial - <strong>Tratores</strong> agrícolas<br />

pos de agricultores conservadoresis que desejam<br />

comprar modelos semelhantes aos<br />

que compraram no passado. Mesmo linhas<br />

que já saíram de fabricação há décadas nos<br />

EUA e na Europa são ainda sucesso entre<br />

nossos agricultores. Isso implica em uso de<br />

modelos carentes de itens de segurança e<br />

conforto.<br />

TRATOR stondo(lhom lro!Õo nos rodostroseiros<br />

(4x2)<br />

Trolor stondardcom Iraçõodianteiro auxiliar<br />

(4x2TDA)<br />

Trolor com traçõo integral artirulado<br />

(4x4)<br />

(Fonte:MoIerial de alVulgo!ÕoJohn Deere)<br />

lVIáqulnas. Março / Abril 2001<br />

Classificação de <strong>Tratores</strong><br />

eassificar tratores por sua forma e<br />

constituição é algo muito dificil e poêmico,<br />

porém quisemos estabelecer<br />

um tipo de classificação que diferenciasse as<br />

diversas formas de fabricação atual e pudesse<br />

estabelecer uma relação de terminologia entre<br />

os diferentes modelos.<br />

TIatmes elerodas<br />

Um eim:<br />

. Tlatores ele rabiças - São os tratores de<br />

rabiças, onde o peso do trator se apóia nas<br />

rodas motrizes (alinhadas transversalmente em<br />

um eixo) e sobre o implemento. Ex.: Tobatta.<br />

São tratores de duas rodas, com direção por<br />

meio de rabiças e com peso e dimensão reduzida.<br />

Têm a conformação geral bem diferente<br />

dos tratores padrão. O apoio traseiro é feito no<br />

implemento ao qual o trator está ligado.<br />

DoJs ebos:<br />

.UtDitárloou stDndorr:l-São os tratores<br />

normalmente encontrados na agricultura brasileira<br />

e mundial, diferem muito pouco de um<br />

para para outro, de uma marca para outra,<br />

mantendo constante estas características desde<br />

anos em tomo de 1919.Ainda que este trator<br />

tenha muita semelhança aparente, apresenta<br />

diferenças básicas, como a distância entre eixos<br />

e a altura minima, adequando-se a projetos<br />

e objetivo de utilização.<br />

Um bom parâmetro de diferenciação dos<br />

modelos é a sua relação massa/potência. Assim,<br />

um trator com uma relação próxima a 60<br />

kg/kW se adapta mais às operações pesadas e<br />

lentas. Esta relação é conseguida por meio de<br />

pesos que se adicionam ao trator, na operação<br />

de lastreamento. Um trator com 35 kg/kW é<br />

um trator recomendado para as operações leves<br />

de cultivo, pulverização, transporte, etc.<br />

. 4 z 2 - Este trator tem a força de tração<br />

exercida somente no eixo traseiro. O eixo<br />

dianteiro é somente diretriz. Ex.: MF 275. O<br />

projeto deste trator permite boa eficiência de<br />

utilização até potências próximas aos 75 kW,<br />

utilizando uma distribuição de peso de 30% no<br />

eixo dianteiro e 70% no traseiro ou 15/85 de<br />

distribuição dinâmica.<br />

. Tração dianteJraAmn1fAr (mA) -Também<br />

chamados de "tracionados" ou "traçados",<br />

estes tratores têm rodas dianteiras menores<br />

que as traseiras, embora providas de pneus<br />

motrizes. A tração pode ser exercida no eixo<br />

dianteiro, mediante o acionamento de uma alavanca<br />

que está ao alcance do operador. Ex.:<br />

MF 296/4. Esses tratores podem ser projetados<br />

para obter boa eficiência em uma faixa de<br />

potência entre 75 e 150 kW. A distribuição de<br />

peso dinâmica recomendada é aproximada-<br />

mente 40% no eixo dianteiro e 60% no traseiro,<br />

o que pode transformar-se em 30/60 dinâmico.<br />

Este tipo de trator pode desenvolver 15%<br />

mais de potência na barra de tração que um<br />

similar de mesmo peso na versão 4 x 2.<br />

.Tração integral: ArticuJado 4 z 4 - A<br />

tração pode ser exercida nas quatro rodas ou<br />

nos dois eixos. Durante o trabalho e o deslocamento,<br />

o trator tem sempre a tração nos dois<br />

eixos. A mudança da direção de deslocamento<br />

se faz por meio da articulação do chassi, ficando<br />

as rodas sem movimento direcional em relação<br />

ao chassi.<br />

TM31.<br />

Ex.: Engesa 1124 e Muller<br />

Os tratores de tração integral geralmente<br />

possuem motor de mais de 150 kW, pois é acima<br />

desta potência de motor em que esta versão<br />

supera em eficiência as demais configurações.Microtlator<br />

- São tratores pequenos, de<br />

quatro rodas ou esteiras, com dimensões e peso<br />

reduzidas, mas que conservam conformação<br />

geral e proporcionalidade dos tratores standnrd<br />

ou padrões. Não devem ser conftmdidos com<br />

os motocultores ou tratores de rabiças. (Ex.:<br />

Agrale e Yanmar)<br />

Tlatores ele esteJras<br />

. Esteira metáHca - O trator de esteiras<br />

tem a sua tração desenvolvida por meio de<br />

esteiras (ou lagartas), que unem os dois eixos,<br />

sendo um motriz e o outro guia para a esteira.<br />

A direção de deslocamento é variada por<br />

meio da alteração da velocidade de deslocamento<br />

das duas esteiras (uma de cada lado). Seu<br />

uso na agricultura é pequeno, embora existam<br />

no Brasil tratores de esteira para o uso<br />

agrícola. Se recomendam para serviços que<br />

demandem grande força de tração (preparo do<br />

solo, subsolagem, desmatamento, etc).<br />

Suas maiores desvantagens em relação aos<br />

tratores de rodas são a baixa velocidade de deslocamento,<br />

pequena versatilidade, custo de<br />

manutenção alto, preço inicial alto e exigência<br />

de transporte por caminhão entre uma lavoura<br />

e outra Ex.: Catterpilar D4.<br />

. EsteJra ele borracha - A introdução dos<br />

tratores de esteiras de borracha é muito recente<br />

e está restrita quase exclusivamente à região<br />

Centro-Oeste. São tratores bastante modernos<br />

que incorporam uma tecnologia que<br />

pode vir a superar os pontos negativos do trator<br />

de esteira metálica. Ainda sedesconhecem<br />

com a mesma intensidade dos tratores de rodas<br />

o comportamento a longo prazo da manutenção<br />

necessária e dos custos operacionais.<br />

Ex.: Catterpilar Challenger.<br />

.....


<strong>Tratores</strong> agrícolas - Especial. 9<br />

4100,4230, 5070A, 5080,5080.4, BX 4.130,BX4.150,BX 4.110,<br />

4120,1240,4230.4 5060.4T, 5070,5060 BX6.150<br />

4630,4630E,5030,5630,5630T,6630,<br />

6630T,5030T,6630T CAN,Tl65,mo,<br />

MX135,MG8920 I I MG894<br />

7630,8430 DT,8630DT,8830<br />

DT,TU00 TR,7830,TU00,<br />

TMll0, TMll0 TR,TM120TR,<br />

T170TR, R80, Tl80TR,Tl90, 4630T, TM130TR,TM140TR,7630TR4,<br />

Tl65TR,Tl90TR,5630T CAN<br />

7830TR4,8030TR4,TMI35T<br />

TM150TR,TM165TR<br />

AGCOdo BrasilCom.EInd. lIda<br />

MF265,MF265E,MF265/4,MF250,<br />

MF275,MF275/4,MF290,MF290/4,<br />

MF292,MF292/4,MF283/4,MF275/4E,<br />

MF290/4CANA,MF250/4,MF250/4E,<br />

MF275E,MF610,MF610/4,MF290CANA,<br />

MF5275,MF5275/4,MF5285,MF5285/4,<br />

MF5290,MF5290/4,MF250A,MF2505E,<br />

MF5300,MF5300/4,MF271/2,MF281/4,<br />

MF281/2,MF2625E,MF262/4,AA6.65/<br />

2, AA6.65/4,AA6.85/2,AA6.85/4,<br />

MF251/2,MF251/4,MF271/4<br />

MF297,MF299/4,MF297/4,<br />

MF620/4,MF630,MF620,<br />

MF299,MF650/4,MF660/4,<br />

MF680/4,MF640/4,MF630/4,<br />

MF298/4,MF5310/4,MF5320/<br />

4, MF5310/2, AA6.110/2,<br />

AA6.110/4, AA6.125/2,<br />

AA6.125/4,AA6.110/2<br />

TM16<br />

56004)(2,57004x2,<br />

56004x4,57004x4<br />

63004x2,63004x4,66004x4,<br />

75004x4,65004x2<br />

685F,685,6854x4,785F,785,7854x4,<br />

9854x4,8855,885TS,8854x4,885,800,<br />

8004x4, 6854x4F, 7854x4F, 8854x45,<br />

8854x415, Premiun, Premiun4x4,PCR,<br />

PCR4x4~ 700, 7004x4<br />

15804x4,17804x4,12804x4,<br />

9854x45,11B04x45,13804x45,<br />

16804x4~18804x45<br />

1030,105OH,<br />

10501,1040,10550'<br />

2060XT, 1045, 1045DT<br />

<strong>Tratores</strong> e usos<br />

emotor do trator tem uma função de<br />

transformação, fazendo com que<br />

parte da energia do combustível seja<br />

disponível na forma de trabalho mecânico, mas<br />

devemos dispor da transmissão para que este<br />

trabalho mecânico seja útil para as exigênci-<br />

~<br />

as das atividades agrícolas.<br />

O trator agrícola pode ser utilizado nos trabalhos<br />

agrícolas de diferentes formas e estas<br />

vão provocar a utilização de maneira diferente.<br />

O trator tem a função de desenvolver uma<br />

força horizontal ou com pequena inclinação<br />

no sentido do seu deslocamento e por meio<br />

desta, e da velocidade em que o faz, oferecer<br />

uma determinada potência ao implemento<br />

agrícola. Um exemplo deste tipo de aplicação<br />

é o trabalho com uma grade ou um arado.<br />

Desta utilização pode-se ressaltar alguns<br />

problemas técnicos e funcionais, começando<br />

pela aderência. A tração se faz possível por<br />

meio da aderência dos órgãos propulsores e<br />

de uma certa reação do terreno, baseada nas<br />

suas características físico-mecânicas. A condição<br />

desfavorável desta relação resulta em<br />

patinamento excessivo.<br />

A aderência é uma força resultante que<br />

Março / Abril 2001<br />

. ~áquinas


1O .<br />

Especial - <strong>Tratores</strong> agrícolas<br />

1.<br />

2.<br />

3.<br />

4.<br />

5.<br />

6.<br />

7.<br />

ClASSIFICACÃO DOS TRATORES<br />

(1. TRATORsh,nrlorrl, 2.Trator de cobino ovonçodo, 3.Trator4 x 4 comeixosdireõonois,<br />

4. Trotor4 x 4 orticulodo,5. Microtratorderodos,6. Microtratordeesteiros,7.Trotor de robiços).<br />

(Fonte: Moteriol de divulgopio<br />

Deutz-Fohr)<br />

aparece entre as rodas e o terreno, resultado<br />

de outras forças que estão localizadas<br />

em diferentes pontos da wna de coritato entre<br />

ambos. Tem a direção igual à direção de<br />

avanço e se pode considerar que esteja localizada<br />

no centro desta wna.<br />

Geralmente a roda está coberta por um<br />

pneu e a superficie de apoio é o solo agrícola.<br />

Assim os dois se deformam ao mesmo tempo<br />

e a wna de contato se torna curvilínea. A área<br />

formada tem a forma elíptica para os pneus<br />

diagonais e um pouco mais próxima ao retângulo<br />

no caso dos pneus radiais. A aderência<br />

depende da carga dinâmica, que é a parte do<br />

peso total que está apoiado sobre o eixo ou<br />

eixos motrizes e da natureza e condição desta<br />

wna de contato, entre roda e solo.<br />

O peso aderente depende da distribuição<br />

de peso do trator, que é uma característica do<br />

projeto e da operação de lastreamento. Nos<br />

tratores de tração simples, é a parte do peso<br />

total que fica no eixo traseiro, em operação.<br />

Nos tratores de tração nas quatro rodas todo<br />

o peso do trator é peso aderente, pois os dois<br />

eixos exercem tração. As garras dos pneus<br />

também servem para aumentar a aderência,<br />

pois incrementam o coeficiente de aderência<br />

ao apoiar em um solo mais consistente, inclusive<br />

quando o trator mantém o mesmo peso<br />

aderente.<br />

Dentro deste uso poderíamos distinguir<br />

basicamente três condições mais freqüentes:<br />

. Trator arrastando um reboque:<br />

De uma maneira mais freqüente no Brasil,<br />

realizando transporte interno, dentro da propriedade.<br />

Na Europa, utiliza-se bastante no<br />

transporte externo, necessitando por isto maior<br />

rigor no cumprimento de normas de circulação<br />

viária, como registro, habilitação, sinalização,<br />

etc.<br />

. Trator arrastando equipamento de trabalho<br />

com o solo pela barra de tração:<br />

Este tipo de equipamento seria chamado<br />

de arrastado e cada vez se utiliza menos no<br />

Brasil, um pouco mais no Centro-oeste e norte<br />

que no sul-sudeste. A utilização da barra<br />

de tração para o trabalho se utiliza bastante<br />

quando esta compõe o engate juntamente com<br />

o sistema de controle remoto de cilindros externos,<br />

freqüente em grades e semeadoras de<br />

grande porte.<br />

. Trator trabalhando com implemento preso<br />

aos três pontos do sistema hidráulico:<br />

Este sistema bastante popularizado nos<br />

últimos anos tem vantagens importantes em<br />

relação ao uso da barra de tração, como a manobrabilidade<br />

e operacionalidade do implemento,<br />

assim como a total integração entre<br />

este e o trator.<br />

. Trator trabalhando com um implemento<br />

preso ao seu chassi:<br />

É o caso de carregadoras frontais, máquinas<br />

de colheita de espigas, etc. O seu uso é<br />

pequeno e bastante restrito.<br />

Além da função anterior, o trator é o responsável<br />

por acionar mecanismos da máquina<br />

agrícola a que está conectado, por meio da<br />

tomada de potência. Nesse segundo caso haverá<br />

o movimento relativo entre trator e má- i<br />

quina agrícola.<br />

O Brasil utiliza bem menos esta forma do<br />

que a Europa e o meio agrícola utiliza bem<br />

mais que o meio rural, como a mecanização<br />

nas atividades wotécnicas. Exemplo.: pulverizador,<br />

enxada rotativa, etc.<br />

Há também o uso como central fixa. Essa<br />

terceira maneira de uso do trator, bastante<br />

mais restrita que as primeiras, utiliza somente<br />

o movimento da tomada de potência para<br />

acionar máquinas estacionárias. Exemplo:<br />

bomba de água, trilhadora.<br />

Fernando Schlosser,<br />

Universidade de Santa Maria<br />

~áquinas. Março / Abril 2001

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