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1_2007___Volume_31_N.. - sbmet

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Boletim da<br />

Sociedade Brasileira<br />

de Meteorologia<br />

ISSN 1676-014X<br />

vol.<strong>31</strong>, n o .1, abril <strong>2007</strong><br />

Desafios Associados<br />

às<br />

Mudanças<br />

Climáticas


O Boletim da Sociedade Brasileira de Meteorologia (BSBMET) é uma publicação quadrimestral da SBMET<br />

(www.<strong>sbmet</strong>.org.br), com tiragem de 1.000 exemplares. O BSBMET aceita colaborações, na forma de artigos<br />

originais de divulgação de assuntos técnicos, científicos ou profissionais e reproduções de matérias de interesse<br />

do Corpo Social, desde que não protegidos por direitos autorais, ou mediante autorização expressa do detentor<br />

destes direitos.<br />

DIRETORIA EXECUTIVA PARA O BIÊNIO <strong>2007</strong>/2008<br />

Presidente: Maria Gertrudes Alvarez Justi da Silva<br />

Diretor Financeiro: Isimar de Azevedo Santos<br />

Diretora Administrativa: Marley C. de Lima Moscati<br />

Diretor Científico: Pedro Leite da Silva Dias<br />

Diretor Profissional: Alfredo Silveira da Silva<br />

Vice-Presidente: Bernardo Barbosa da Silva<br />

Vice-Diretor Financeiro: Jonas da Costa Carvalho<br />

Vice-Diretora Administrativa: Heloisa M. T. Nunes<br />

Vice-Diretor Científico: Osvaldo Luiz Leal de Moraes<br />

Vice-Diretor Profissional: Marilene de Lima<br />

CONSELHO DELIBERATIVO<br />

Efetivos<br />

José Marques – Presidente<br />

Francisca Maria Alves Pinheiro<br />

Francisco de Assis Diniz<br />

Halley Soares Pinheiro Junior<br />

José Antonio Marengo Orcini<br />

José Carlos Figueiredo<br />

Luis Augusto Toledo Machado<br />

Marco Antonio Jusevicius<br />

Maria Luiza Poci Pinto<br />

Suplentes<br />

Adriano Marlisom Leão de Sousa Gerhard Held Rosane Rodrigues Chaves<br />

Conselho Fiscal<br />

Elza Correia Sucharov – Presidente<br />

Eugênio José Ferreira Neiva<br />

Jaci Maria Bilhalva Saraiva<br />

Suplente<br />

Mariana Palagano Ramalho Silva<br />

Editor Responsável<br />

Editor Assistente<br />

Marley Cavalcante de Lima Moscati<br />

Pedro Leite da Silva Dias<br />

INPE - Prédio da Meteorologia, Sala 26<br />

USP-IAG – Depto de Meteorologia<br />

Av. dos Astronautas, 1758, Jd. da Granja<br />

Rua do Matão, 1226, Cidade Universitária<br />

12.227-010 – São José dos Campos, SP 05508-900 – São Paulo, SP<br />

marley@cptec.inpe.br<br />

pldsdias@master.iag.usp.br<br />

Editores Colaboradores: Heloisa M. T. Nunes, Luiz Augusto T. Machado e Nelson Jesus Ferreira<br />

Setor de Normas e Legislação: Alfredo Silveira da Silva<br />

Setor de Divulgação e Marketing: Marley Cavalcante de Lima Moscati<br />

2<br />

3<br />

4<br />

1<br />

EXPEDIENTE<br />

Coordenação: Marley Cavalcante de Lima Moscati<br />

Projeto Gráfico e Prod. Gráfica: DigitalPress e Graftipo Ltda<br />

Capa: DigitalPress<br />

Impressão: Graftipo Ltda<br />

Revisão Editorial: Marley Cavalcante de Lima Moscati<br />

Fotografias: (1) - Marley Moscati, (2) - B.I. , (3) - Marley Moscati, (4) - Marcus V. Toledo<br />

ISSN 1676-014X. Distribuição dirigida e gratuita<br />

Distribuição dirigida e gratuita


EDITORIAL<br />

No início de <strong>2007</strong>, o relatório preliminar do IPCC divulgou a avaliação sobre o aquecimento global,<br />

despertando o mundo para um problema alarmante: nosso planeta está em sério risco e já começa a sentir os<br />

efeitos devastadores das mudanças climáticas, e alguns dos danos são irreversíveis. Desde então, especialistas<br />

de várias áreas do conhecimento e do mundo todo, além de setores governamentais, empresariais, entre outros,<br />

voltaram-se para uma ampla reflexão que o tema exige, tentando buscar alternativas que garantam um futuro<br />

melhor para o planeta. Como resultado dessas reflexões preliminares, constata-se que a situação atual é<br />

decorrente de escolhas, individuais ou coletivas, feitas ao longo dos anos e, principalmente, ao uso inadequado<br />

da tecnologia disponível. Com isso, patrimônios naturais inteiros estão em risco, nos próximos anos se<br />

espera eventos climáticos mais severos (secas e enchentes devastadoras, maior freqüência de furacões e com<br />

intensidade muito maior, etc), já constata-se a ocorrência de degelo em regiões nunca antes esperadas, pondo<br />

em risco cidades inteiras, a sobrevivência da fauna e da flora nativos, e da própria humanidade, ... Enfim, há<br />

uma série de sinais alertando que a saúde do planeta inspira cuidados, e urgentes! O assunto também é tema<br />

deste número do Boletim da SBMET, que foca os desafios associados às mudanças climáticas, com ênfase<br />

na América do Sul e no Brasil. A matéria do Dr. Carlos Nobre discute porque devemos nos preocupar com o<br />

aquecimento global. A matéria da Dra. Maria Assunção F. da Silva Dias e do Dr. Pedro Leite da Silva Dias trata<br />

sobre os efeitos regionais em cenários futuros, especificamente nos padrões de precipitação, considerando os<br />

modelos de previsão de tempo e de clima atuais. O assunto também é discutido em outras matérias que tratam<br />

de aspectos distintos da questão, em algumas notícias divulgadas na internet, no texto da OMM para o Dia<br />

Meteorológico Mundial em <strong>2007</strong>, entre outros, publicadas neste número do Boletim.<br />

A participaçao da comunidade científica nos congressos de meteorologia tem crescido a cada edição desde o I<br />

Congresso Brasileiro de Meteorologia (CBMET), realizado em 1980. O formato da última edição, realizada em<br />

novembro de 2006, a Programação, as atividades desenvolvidas, a lista de premiação de trabalhos, além de uma<br />

avaliação dos resultados obtidos, estão relatados no Relatório Científico e de Atividades do XIV CBMET.<br />

Duas recentes conquistas de sócios da SBMET merecem destaque: A nomeação da Dra. Maria Assunção Faus<br />

da Silva Dias para a Academia Brasileira de Ciência e o Prêmio Conrado Wessel concedido ao Dr. Carlos<br />

Afonso Nobre. Nesta edição do boletim, a SBMET homenageia outros dois sócios, o Dr. Jesus Marden dos<br />

Santos e o Dr. Fernando Pimenta Alves, sócios beneméritos da SBMET, pelas contribuições dadas à área.<br />

Também, outros sócios merecem destaque, o Dr. Tércio Ambrizzi, que conclui seu mandado de quatro anos<br />

como Editor Responsável pela RBMET, onde fez um trabalho exemplar e reconhecido por todos, e o Dr.<br />

Manoel Alonso Gan, que assume o cargo para os próximos quatro anos, a quem desejamos sucesso em sua<br />

atuação. A SBMET se sente honrada por ter em seu quadro personalidades tão ilustres, parabeniza-as pelas<br />

conquistas e as agradece pelas contribuições.<br />

A SBMET informa com pesar o falecimento do Prof. Obasi, um integrante da comunidade científica que<br />

trabalhou incansavelmente pela divulgação da meteorologia no mundo. Aqui é feita uma singela homenagem<br />

ao Prof. Obasi.<br />

Há, ainda, muitas outras notícias interessantes a serem lidas, a agenda de eventos, assuntos de interesse dos<br />

sócios da SBMET, entre outros.<br />

Desejo à todos uma boa leitura!!<br />

Marley Cavalcante de Lima Moscati<br />

Editora Responsável


SUMÁRIO<br />

Boletim da Sociedade Brasileira de Meteorologia<br />

Desafios Associados às Mudanças Climáticas<br />

vol. <strong>31</strong>, nº 1, abril <strong>2007</strong><br />

Editorial ............................................................................................................... 01<br />

Marley Cavalcante de Lima Moscati<br />

Palavra da Presidente da SBMET ................................................................................. 04<br />

Maria Gertrudes Alvarez Justi da Silva<br />

Mudanças climáticas globais e o Brasil: porque devemos nos preocupar? ................................ 07<br />

Carlos Afonso Nobre<br />

As incertezas regionais nos cenários de mudanças climáticas globais ..................................... 12<br />

Maria Assunção Faus da Silva Dias, Pedro Leite da Silva Dias<br />

A incerteza científi ca e a opinião pública na balança das negociações sobre mudança de clima ...... 18<br />

Luis Antonio L. Aímola, Pedro Leite da Silva Dias<br />

O Quarto Relatório do IPCC (IPCC AR4) e projeções de Mudança de Clima para o Brasil<br />

e América do Sul ..................................................................................................... 23<br />

Jose A. Marengo Orsini<br />

Projeções do clima da América do Sul segundo o cenário “B1” do IPCC adotando um modelo<br />

acoplado oceano-atmosfera-vegetação-gelo marinho ......................................................... 29<br />

Flávio Justino, Marcelo Cid de Amorim<br />

O desafi o das energias renováveis e suas implicações ambientais ......................................... 36<br />

Enio Bueno Pereira<br />

Impactos Antrópicos no clima da região metropolitana de São Paulo ...................................... 48<br />

Augusto José Pereira Filho, Paulo Marques dos Santos, Ricardo de Camargo, Mário Festa, Frederico Luiz Funari,<br />

Sérgio Torre Salum, Carlos Teixeira de Oliveira, Edvaldo Mendes dos Santos, Pety Runha Lourenço,<br />

Edvaldo Gomes da Silva, Willians Garcia, Maria Aparecida Fialho<br />

Mudanças climáticas e agricultura: um estudo de casos para as culturas do milho e do feijão<br />

em Minas Gerais ..................................................................................................... 57<br />

José Luiz C. Silva Júnior, Luiz Cláudio Costa, Marcelo Cid de Amorim, Flávio Justino Barbosa<br />

O aquecimento global e a cafeicultura brasileira ............................................................... 65<br />

Hilton S. Pinto, Jurandir Zullo Junior, Eduardo D. Assad, Balbino A. Evangelista<br />

O planeta Terra: Aquecimento global e mudanças climáticas ................................................. 73<br />

Teresinha de Maria Bezerra Sampaio Xavier, Airton Fontenele Sampaio Xavier


Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

O Projeto TroCCiBras: Objetivos, resultados da Campanha 2004 e o futuro ................................ 81<br />

Gerhard Held<br />

Homenagem da SBMET aos seus sócios Beneméritos ......................................................... 90<br />

Tema da OMM para o Dia Meteorológico Mundial de <strong>2007</strong>,<br />

Meteorologia Polar: Entendendo os Impactos Globais ......................................................... 93<br />

Dimitrie Nechet<br />

Comemoração do Dia Meteorológico Mundial de <strong>2007</strong> no Brasil ............................................. 96<br />

Editor da Revista Brasileira de Meteorologia: uma experiência única ....................................... 97<br />

Tércio Ambrizzi<br />

Posse da Diretora Executiva da SBMET (<strong>2007</strong> - 2008) ........................................................101<br />

Novos valores de anuidade para <strong>2007</strong> ...........................................................................105<br />

Pagamento de anuidades com cartão de crédito ...............................................................105<br />

Designação do novo Editor da RBMET ............................................................................106<br />

Resultado da Eleição para o Conselho Fiscal da SBMET ......................................................107<br />

RBMET online ........................................................................................................107<br />

XIV Congresso Brasileiro de Meteorologia:<br />

Síntese dos relatórios Científi cos e de Atividades .............................................................108<br />

XIV CBMET: Lista de premiação de trabalhos ...................................................................117<br />

Isso foi Notícia .......................................................................................................120<br />

Relatório síntese do Workshop para a definição das bases conceituadas para o Sistema<br />

Brasileiro de alerta Precoce de seca e desertificação (SAP) .................................................124<br />

Coordenadora do CPTEC/INPE é eleita acadêmica da Associação Brasileira de Ciência (ABC) ........132<br />

Carlos Nobre ganha Prêmio Conrado Wessel ...................................................................132<br />

Seção Normas e Legislação: Colégio de Entidades Nacionais ...............................................133<br />

Alfredo Silveira da Silva<br />

Agenda ................................................................................................................136<br />

Falece o Professor Obasi, Ex-Secretário Geral da OMM, grande incentivador da Meteorologia .......143<br />

Anunciantes ..........................................................................................................144<br />

Política Editorial do Boletim da SBMET ..........................................................................145<br />

3


Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

MENSAGEM<br />

Prezados sócios e amigos da SBMET,<br />

Neste primeiro Boletim de <strong>2007</strong> gostaríamos de agradecer a todos os sócios a presença maciça ao<br />

XIV Congresso Brasileiro de Meteorologia, em Florianópolis, e o apoio dado por ocasião da eleição<br />

da nova Diretoria Executiva da SBMET que atuará no biênio <strong>2007</strong>-2008.<br />

A nova Diretoria está motivada e com o firme propósito de caminhar na consecução dos três objetivos<br />

básicos de sua proposta de trabalho: a) aumentar a visibilidade da Meteorologia Nacional, b)<br />

participar ativamente da organização da política da Meteorologia, c) buscar uma interação construtiva<br />

com todos os segmentos da sociedade brasileira, quer ao nível de pesquisa, quer na aplicação do<br />

conhecimento desenvolvido em nossa área. Com esses objetivos em mente gostaríamos de ressaltar<br />

algumas atividades em que a SBMET atuou fortemente neste início de <strong>2007</strong>.<br />

Em termos políticos, o ano de <strong>2007</strong> começou com uma grande notícia na área de Meteorologia: o<br />

Presidente da República assinou em 21 de março o Decreto 6065 que trata da criação da Comissão<br />

de Coordenação de Meteorologia, Climatologia e Hidrologia (CMCH). A SBMET vem liderando há<br />

anos ações que buscam uma organização do setor e considera a criação desta Comissão um passo<br />

importante neste sentido. Embora ainda não seja ideal, a composição da CMCH contempla quase<br />

todos os atores envolvidos na Meteorologia Nacional, como era desejo da SBMET. Compõem esta<br />

Comissão, além dos já tradicionais membros como o INMET, o INPE, a Aeronáutica e a Marinha,<br />

também membros novos, que consideramos atores importantes na coordenação da área, entre eles um<br />

representante dos Serviços Estaduais de Meteorologia, um representante das empresas prestadoras de<br />

serviços e um representante da indústria de partes, de equipamentos e de sistemas em Meteorologia.<br />

Também serão membros da CMCH os Presidentes da Sociedade Brasileira de Meteorologia (SBMET),<br />

da Sociedade Brasileira de Agrometeorologia (SBAgro) e da Associação Brasileira de Recursos<br />

Hídricos (ABRH). Acreditamos que a partir da sua primeira reunião, provavelmente em agosto deste<br />

ano, muitas questões que têm dificultado o desenvolvimento da área serão tratadas de uma maneira<br />

organizada e objetiva e as soluções para os problemas existentes serão encontradas na forma de<br />

consenso entre todas as partes interessadas.<br />

Com a divulgação do Quarto Relatório do IPCC, que revela com uma clareza acentuada a preocupação<br />

mundial dos cientistas com as Mudanças Climáticas Globais advindas do aumento dos gases do efeito<br />

estufa na atmosfera, a SBMET promoveu vários debates e discussões sobre o tema, além de participar<br />

de Grupos de Trabalho com o objetivo de fazer frente às mudanças previstas. Após a divulgação<br />

do Sumário Técnico do Grupo I do IPCC, a SBMET organizou três importantes discussões com<br />

parceiros significativos. Foram eles: o evento “Mudanças Climáticas Globais e seus Efeitos na<br />

Agricultura, Recursos Hídricos e Saúde Pública”, organizado juntamente com o INMET, o INPE<br />

e a ANA, e realizado em Brasília em 28 de fevereiro; o Seminário “Os Resultados Recentes Sobre a<br />

Contribuição Humana á Mudança do Clima da Terra: Aspectos Físicos e Repercussões Sociais<br />

e Econômicas” realizado em conjunto com o Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas no Rio de<br />

Janeiro em 6 de março, e o evento “Os Impactos Regionais e Setoriais das Mudanças no Clima”,<br />

realizado em São Paulo, juntamente com o Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP em 10 de<br />

março. Todos estes encontros foram filmados e as palestras podem ser vistas nos endereços divulgados<br />

nos Informes e no Portal da SBMET.<br />

A SBMET e a SBAgro estão buscando uma aproximação maior através da troca de experiências e na<br />

4


Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

realização conjunta de eventos científicos. Por ocasião da realização do XV Congresso Brasileiro de<br />

Agrometeorologia, em Aracaju, foi realizada uma reunião que contou com as presenças da Presidente<br />

da SBMET e do Presidente eleito da SBAgro. Nessa reunião, acertaram algumas iniciativas que visam<br />

uma atuação mais integrada destas associações científicas que, além de terem assento na CMCH, têm<br />

muitos objetivos e sócios em comum.<br />

Em termos de realizações para o segundo semestre, a SBMET vai realizar o Simpósio de Ensino de<br />

Meteorologia do Mercosul, nos dias 16 e 17 de agosto do corrente ano. Este evento está inserido nas<br />

atividades da 64 a Semana Oficial da Engenharia, Arquitetura e Agronomia, do Sistema CONFEA/<br />

CREA, que terá lugar no Rio Cidade Nova Convention Center, na cidade do Rio de Janeiro. O objetivo<br />

deste Simpósio é o de coordenar as ações dos Cursos de Meteorologia no sentido de possibilitar uma<br />

cooperação acadêmica efetiva e que aponte direções para um Consórcio de Ensino nas Ciências<br />

Atmosféricas, no âmbito de graduação e de pós-graduação, assim como possibilitar encaminhamentos<br />

da maior credibilidade dos Cursos de Meteorologia dos países pertencentes ao Mercosul.<br />

Outra atividade que já se incorpora ao calendário de eventos da SBMET, alternando com nossos<br />

Congressos que se realizam em anos pares, é o Simpósio Internacional de Climatologia (SIC). Este<br />

ano o II SIC será em São Paulo, nos dias 2 e 3 de novembro, e terá como tema “Mudanças Climáticas:<br />

Detecção e Atribuição de Causas”.<br />

No segundo semestre de <strong>2007</strong>, a SBMET estará colaborando com a realização da “III Conferência<br />

Regional sobre Mudanças Globais: América do Sul”, que ocorrerá em São Paulo no período de 4 a 8<br />

de novembro, com o “2 0 Simpósio Brasileiro de Desastres Naturais e Tecnológicos”, que acontecerá<br />

de 9 a 13 de dezembro em Santos, SP e com o “V Workshop de Micrometeorologia”, que ocorrerá em<br />

Santa Maria, RS, de 12 a 14 de dezembro.<br />

Finalizando, julgamos importante reiterar nossa posição de que é indispensável a atuação dos sócios<br />

da SBMET para que a mesma se torne uma entidade cada vez mais atuante e conseqüentemente<br />

mais reconhecida e respeitada. Estamos aqui abertos às críticas e às sugestões esperando com isso<br />

aperfeiçoar os mecanismos de atuação da nossa Sociedade Brasileira de Meteorologia.<br />

Presidente da SBMET<br />

5


Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

MUDANÇAS CLIMÁTICAS GLOBAIS E O BRASIL:<br />

PORQUE DEVEMOS NOS PREOCUPAR (*)<br />

Carlos Afonso Nobre<br />

Pesquisador Titular do INPE/Membro do Grupo de Trabalho II do IPCC<br />

Pres. do Comitê Científico do Programa Internacional da Geosfera-Biosfera (IGBP)<br />

nobre@cptec.inpe.br<br />

O recém lançado Quarto Relatório do Grupo<br />

de Trabalho I do Painel Intergovernamental<br />

de Mudanças Climáticas (IPCC) da ONU é<br />

contundente ao afirmar, com 90% de confiança,<br />

que as atividades humanas são a causa principal<br />

do aquecimento global observado nos últimos 50<br />

anos e aponta o acúmulo de gases de efeito estufa,<br />

notadamente o dióxido de carbono, o metano e o<br />

óxido nitroso, cujas concentrações atmosféricas<br />

são as mais altas em pelo menos 650 mil anos<br />

de história do planeta, como os principais<br />

responsáveis. É certo que o rápido aumento da<br />

concentração destes gases na atmosfera se deve<br />

à ação humana. Por exemplo, as emissões atuais<br />

de dióxido de carbono são 50 vezes maiores do<br />

que as emissões naturais da crosta terrestre ao<br />

longo da história geológica do planeta.<br />

O relatório destaca igualmente que é<br />

inequívoco que o planeta vem aquecendo,<br />

0,74 o C em 100 anos, e que já são discerníveis<br />

uma série de mudanças climáticas como aumento<br />

das temperaturas do ar e dos oceanos, degelo de<br />

neve e gelo e aumento global do nível médio do<br />

mar de 17 cm durante o Século XX. Onze dos<br />

últimos doze anos no período de 1995 a 2006<br />

foram os mais quentes do registro instrumental<br />

de temperaturas globais desde 1850. Associado<br />

ao aquecimento já registrado, já se observa<br />

intensificação de alguns tipos de fenômenos<br />

meteorológicos extremos, como ondas de calor,<br />

secas, chuvas intensas e ciclones tropicais. Em<br />

resumo, praticamente estão descartadas causas<br />

naturais para o aquecimento das últimas décadas,<br />

o qual se deve, em sua quase totalidade, a<br />

mudança da composição da atmosfera por ações<br />

humanas.<br />

O relatório projeta que o planeta continuará<br />

a aquecer numa taxa de 0,2 o C por década nas<br />

próximas duas décadas, taxa esta que é, até certo<br />

ponto, independente do cenário de emissões de<br />

gases de efeito estufa. Até o final do Século XXI<br />

a temperatura média global pode subir de 2 o C a<br />

mais de 4 o C, o nível médio do mar, entre 28 cm<br />

e 59 cm, com o risco de se elevar mais de 1 m se<br />

for acelerada a tendência de degelo das grandes<br />

massas de gelo da Groelândia.<br />

Algum grau de mudanças climáticas já se<br />

tornou inevitável, como enfatiza o Relatório<br />

do IPCC, pois não é mais possível reverter<br />

totalmente o aquecimento global. Os gases de<br />

efeito estufa presentes em excesso na atmosfera<br />

têm tempos de residência que variam de décadas<br />

a séculos e continuarão aquecendo a baixa<br />

atmosfera e superfície terrestre por séculos. O<br />

nível do mar continuará a subir por mais de mil<br />

anos, à medida que o aquecimento vai penetrando<br />

lentamente nas suas camadas mais profundas.<br />

Estima-se subjetivamente que poderíamos<br />

evitar as conseqüências mais perigosas<br />

das mudanças climáticas se o aumento das<br />

temperaturas globais não ultrapassasse 2 o C, em<br />

relação às temperaturas da época pré-industrial.<br />

(*) Essa matéria foi apresentada em Workshop realizado durante o XIII Simpósio Brasileiro de Sensioriamento Remoto, divulgada no Jornal da<br />

Ciência, e-mail 3250, de 25 de abril de <strong>2007</strong>. Autorizada a publicação na integra no Boletim da SBMET.<br />

7


Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

Para na ficar acima deste valor, as concentrações<br />

de dióxido de carbono não poderão ultrapassar<br />

550 partes por milhão em volume (ppmv) e tal<br />

concentração já atingiu 380 ppmv em 2006.<br />

As emissões atuais (queima de combustíveis<br />

fósseis e emissões advindas da mudança dos<br />

usos da terra) já chegam a quase 9 bilhões de<br />

toneladas de carbono anualmente e crescem a<br />

mais de 3% ao ano, nos últimos anos. Chegar à<br />

estabilização em 550 ppmv impõe um limite às<br />

emissões globais de CO 2<br />

. Poder-se-ia emitir um<br />

máximo de 750 bilhões de toneladas de carbono<br />

durante todo o Século XXI. Em outras palavras,<br />

as emissões teriam que reduzir-se drasticamente<br />

e não ultrapassar 3 bilhões de toneladas anuais<br />

na segunda metade do Século, significando<br />

uma radical “descarbonização” da sociedade<br />

global, notadamente dos sistemas de produção<br />

de energia. Tarefa esta que se afigura como<br />

um objetivo de difícil consecução sem uma<br />

radical transformação dos sistemas de produção<br />

e consumo em escala global. Ademais, este<br />

cálculo considera que a fração do CO 2<br />

emitido<br />

pelas atividades humanas que permanece na<br />

atmosfera, cerca de 45% durante o Século<br />

XX, continua a mesma durante este Século.<br />

Entretanto, a capacidade dos oceanos e da biota<br />

terrestre de remover 55% do CO 2<br />

em excesso<br />

na atmosfera começa a dar sinais de saturação,<br />

isto é, a fração atmosférica provavelmente será<br />

maior no futuro, o que limitará o valor permitido<br />

de emissões para se chegar à estabilização da<br />

concentração na atmosfera para um valor que<br />

pode ser substancialmente menor do que 750<br />

bilhões de toneladas.<br />

É interessante observar que os valores de<br />

incerteza das estimativas para o clima futuro<br />

constantes dos relatórios do IPCC não têm variado<br />

substancialmente nos últimos três relatórios<br />

(1995, 2001 e <strong>2007</strong>) ainda que tenha havido<br />

um gigantesco avanço científico na modelagem<br />

matemática do sistema climático, o qual envolve<br />

a atmosfera, os oceanos, a criosfera e a biosfera,<br />

incluindo o ciclo de carbono nos oceanos e<br />

na vegetação. Quando considerados todos os<br />

modelos climáticos globais utilizados e todos os<br />

cenários futuros de emissões de gases de efeito<br />

estufa, a faixa de projeções para o aumento da<br />

temperatura global média até o final do Século<br />

situa-se entre aproximadamente 1,5 C e 6 C nos<br />

três últimos relatórios. Em números redondos,<br />

metade desta incerteza se deve às diferenças<br />

entre projeções dos modelos climáticos e metade<br />

dela vem por não sabermos a trajetória futura<br />

das emissões de gases de efeito estufa.<br />

Hoje, a maioria das pessoas tem “certeza”<br />

de que este é um gravíssimo problema para a<br />

humanidade. Isto vem acontecendo de maneira<br />

rápida e, até certo ponto, independente do<br />

mais lento progresso na redução das incertezas<br />

científicas sobre o clima do futuro. Há vantagens<br />

de que assim o seja, pois incertezas científicas<br />

sobre como evoluirá o complexo sistema<br />

climático irão sempre existir, mas estas não<br />

devem servir de desculpa à inação.<br />

Esta percepção é necessária para permitir a<br />

transição dos insustentáveis padrões atuais de<br />

produção e consumo para padrões sustentáveis<br />

no futuro, se quisermos estabilizar as emissões<br />

globais ainda neste século, transição esta que<br />

não ocorrerá de maneira indolor. Mesmo no país<br />

cujo governo tem se mostrado mais reticente<br />

em assumir compromissos para a mitigação<br />

das emissões, os EUA, as pesquisas de opinião<br />

não deixam dúvida de que a população está<br />

consciente sobre o problema ambiental do<br />

aquecimento global, ainda que possa estar<br />

inadvertidamente aguardando soluções com<br />

nítido viés tecnológico, já que tem sido este o<br />

viés das políticas governamentais de Bush para<br />

a “solução” da questão.<br />

Ainda que seja imperativo mitigar as emissões<br />

como a única solução aceitável moralmente no<br />

longo prazo, a inevitabilidade de que algum grau<br />

de mudança climática acontecerá de qualquer<br />

maneira faz com que igual ênfase deve ser dada<br />

tanto à redução acelerada das emissões globais<br />

nas próximas décadas como à necessidade de<br />

8


Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

adaptação às mudanças climáticas que já se<br />

tornaram inevitáveis. Poderá o Brasil atuar, com<br />

liderança, nestas duas frentes?<br />

Sem considerar as emissões provenientes das<br />

mudanças dos usos da terra, a emissão de CO 2<br />

per capita do brasileiro estaria em torno de 0,5<br />

toneladas de carbono por ano, bastante baixa em<br />

nível mundial, comparável àquelas da Índia, e<br />

bem abaixo daquelas dos países industrializados,<br />

tipicamente entre 2,5 e mais de 5 (EUA)<br />

toneladas por habitante por ano. Isto se deve à<br />

nossa matriz energética relativamente “limpa”.<br />

Porém, ao considerar que aproximadamente<br />

75% das emissões brasileiras de gás carbônico<br />

–o principal gás de efeito estufa—provém<br />

dos desmatamentos, as emissões per capita<br />

ultrapassam 1,5 toneladas por ano, algo similar à<br />

emissão per capita da China, que vem crescendo<br />

exponencialmente nos últimos anos.<br />

Decorre desta simples aritmética que a<br />

contribuição do Brasil ao esforço mundial<br />

de mitigação do aquecimento global passa<br />

obrigatoriamente por reduzir as emissões<br />

dos desmatamentos. Em princípio, é, sim,<br />

perfeitamente possível reduzir os desmatamentos<br />

da floresta Amazônica a valores próximos<br />

de zero, uma vez que existe um gigantesco<br />

estoque de áreas já desmatadas degradadas<br />

ou abandonadas em todo o país, mais de 150<br />

mil km 2 de áreas degradadas ou abandonadas<br />

somente na Amazônia, as quais, com o concurso<br />

de modernas técnicas agronômicas, devem<br />

servir ao crescimento da cadeia de produção<br />

agropecuária, da agricultura familiar ao<br />

agronegócio. Além disso, reflorestamentos em<br />

grande escala nas áreas desmatadas retiram gás<br />

carbônico da atmosfera através da fotossíntese<br />

e contribuem para a mitigação das emissões,<br />

podendo se tornar atraentes Mecanismos de<br />

Desenvolvimento Limpo (MDL) para o país.<br />

A implementação de políticas públicas<br />

favorecendo a utilização de tais áreas para<br />

diminuir a pressão da expansão da fronteira<br />

agrícola sobre a floresta permitiria se ganhar<br />

tempo para que se tentasse o desenvolvimento de<br />

um novo modelo para a Amazônia, explorando o<br />

potencial econômico e social da extraordinária<br />

biodiversidade dos ecossistemas tropicais. Não<br />

há paradigmas de desenvolvimento econômico<br />

e social baseado em recursos da biodiversidade<br />

em nenhum país tropical mega-diverso do<br />

mundo para serem copiados pelo Brasil. Mas<br />

para isso, há que se investir pesadamente em<br />

descentralização da infra-estrutura de C&T da<br />

região, expandido as atuais e criando novas<br />

unidades de pesquisa básica e aplicada e fixação<br />

maciça de pesquisadores e engenheiros nestas<br />

instituições. Esta é uma tecla na qual a própria<br />

SBPC vem batendo metódica e insistentemente<br />

nos últimos anos, mas os investimentos em C&T<br />

na Amazônia, incrementalmente crescentes, são<br />

completamente insuficientes para criar as bases<br />

para um novo modelo para a região.<br />

Por outro lado, traz preocupação a constatação<br />

de que, no tocante à adaptação às mudanças<br />

climáticas, praticamente está tudo por fazer<br />

no Brasil. Os poucos estudos brasileiros sobre<br />

os impactos das mudanças climáticas nos<br />

ecossistemas naturais e agro-ecossistemas, nas<br />

zonas costeiras e na saúde humana não deixam<br />

dúvidas de que o país não sairá incólume.<br />

Tipicamente como na maioria dos países<br />

em desenvolvimento, a sociedade com larga<br />

população vivendo abaixo da linha de pobreza<br />

e baixo IDH, a economia fortemente baseada<br />

em recursos naturais e a exuberante Natureza<br />

são vulneráveis às mudanças climáticas atuais e<br />

mais ainda àquelas que estão por vir.<br />

Aumento da temperatura de alguns graus traz<br />

embutido um palpável risco para o Nordeste, com<br />

claríssimas repercussões sociais: diminuição da<br />

disponibilidade hídrica no semi-árido, menor<br />

tempo de permanência da água no solo, isto é,<br />

aceleração de aridização, o que tornaria mais<br />

marginal a agricultura de sequeiro, meio de<br />

subsistência atual de milhões de habitantes<br />

da zona rural. Adicionalmente, aumentaria a<br />

9


Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

intensidade das periódicas secas.<br />

As políticas públicas de desenvolvimento<br />

regional do Nordeste, que, além da eliminação<br />

da pobreza como principal bandeira, já procuram<br />

aumentar a convivência com a seca como fator<br />

de resiliência da sociedade rural, terão que<br />

obrigatoriamente consideração um cenário de<br />

redução da disponibilidade hídrica no semi-árido<br />

para o futuro.<br />

Para o extenso litoral brasileiro, é certo o<br />

aumento do nível do mar e da intensidade das<br />

ressacas em toda a zona costeira e há grande<br />

probabilidade de expressivo crescimento dos<br />

desastres naturais pelo aumento da ocorrência<br />

de chuvas intensas e secas, de maneira similar<br />

ao que vem acontecendo neste verão na região<br />

Sudeste. Em resumo, um quadro de mudanças<br />

climáticas preocupante para todo o país.<br />

A questão dos impactos do aquecimento<br />

global na Amazônia é complexa e preocupante.<br />

Subsistem ameaças concretas de colapso de<br />

parte da floresta amazônica, especialmente na<br />

suas porções central e oriental, com erosão da<br />

rica biodiversidade. Aumentos acima de 3 a 4<br />

graus centígrados nas temperaturas na Amazônia<br />

e no Centro-Oeste terão um impacto devastador<br />

na rica diversidade biológica da floresta e do<br />

cerrado. Estudos científicos indicam um risco de<br />

desaparecimento de mais de 50% das espécies<br />

arbóreas do cerrado e ameaças a mais de 90%<br />

das espécies arbóreas da Amazônia Oriental. Há<br />

que se considerar que aquecimento global não é<br />

a única ameaça ambiental à floresta tropical. A<br />

sinergia entre aquecimento global, desmatamento<br />

e crescente incidência de incêndios florestais<br />

ameaça entre 20 e 40% da floresta Amazônica de<br />

sério risco de desaparecimento ou substituição<br />

por um tipo de savana empobrecida.<br />

Espécies da flora e da fauna, particularmente<br />

as endêmicas, dificilmente conseguiriam<br />

adaptar-se através de migrações à velocidade<br />

espantosa de décadas, em comparação ao ritmo<br />

de mudanças naturais, com que ocorrem as<br />

alterações climáticas. Tristemente, extinção<br />

parece ser o caminho para um sem número delas.<br />

Em termos globais, no cenário mais pessimista<br />

de aquecimento, até 50% de todas as espécies de<br />

plantas e animais estarão ameaçadas até o final<br />

do século. O efeito das mudanças climáticas<br />

nos ecossistemas naturais coloca em foco que<br />

somente políticas de adaptação não resolvem.<br />

E que o esforço de mitigação das emissões tem<br />

que ser global, pois os países mega-diversos no<br />

seu conjunto contribuíram historicamente pouco<br />

para o acúmulo de gases na atmosfera, mas<br />

são os que mais perderão com a redução certa<br />

de riqueza biológica. No limite, os esforços do<br />

Brasil em reduzir desmatamentos na Amazônia<br />

e, por conseguinte, cortar suas emissões, têm<br />

sentido somente como parte de uma ação global<br />

de mitigação das emissões em todos os setores,<br />

principalmente com a descarbonização dos<br />

sistemas de geração de energia.<br />

Após mais de uma década de quase letargia,<br />

há claros sinais de que a sociedade brasileira<br />

começa perceber a gravidade do problema<br />

e, ainda que de maneira tímida, se abre para<br />

discutir o problema. Os setores governamentais,<br />

empresariais e acadêmicos e a sociedade civil<br />

organizada vêm se articulando para aumentar<br />

a consciência sobre a questão e na busca de<br />

políticas ambientais conseqüentes e a prova<br />

disto é o surgimento de fóruns de mudanças<br />

climáticas em vários estados nos últimos anos. O<br />

Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas trouxe<br />

ao primeiro plano de discussão a importância<br />

da redução das emissões por desmatamentos,<br />

assunto que era considerado absoluto tabu no<br />

Governo Federal até alguns anos atrás.<br />

Acima de tudo, o aquecimento global deve ser<br />

encarado com uma questão moral e ética: aqueles<br />

que menos contribuíram para o problema são os<br />

que vão sofrer as mais graves conseqüências.<br />

Progresso tecnológico para a transição a uma<br />

nova sociedade, sustentável na utilização dos<br />

10


Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

recursos naturais do planeta, é uma condição<br />

necessária para a habitabilidade a longo prazo<br />

do Homo sapiens e de todas as outras formas<br />

de vida, porém não suficiente. Há que haver<br />

conscientização sobre a gravidade da ameaça<br />

do aquecimento do planeta em escala global. De<br />

nada adiantará qualquer esforço brasileiro em<br />

reduzir emissões se elas continuarem a subir em<br />

outras partes do mundo.<br />

11


Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

AS INCERTEZAS REGIONAIS NOS CENÁRIOS DE<br />

MUDANÇAS CLIMÁTICAS GLOBAIS<br />

Maria Assunção Faus da Silva Dias 1, 2 , Pedro Leite da Silva Dias 2<br />

(1) Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE<br />

Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos - CPTEC<br />

(2) Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas - IAG<br />

Departamento de Ciências Atmosféricas - USP<br />

E-mails: assuncao@cptec.inpe.br , pldsdias@master.iag.usp.br<br />

Os cenários de mudanças climáticas relatados no 4 0<br />

Relatório do IPCC AR4 (<strong>2007</strong>) apontam para uma<br />

série de mudanças climáticas globais na temperatura<br />

do ar à superfície e nos padrões de precipitação. A<br />

evolução anual das médias globais, assim como<br />

mapas que indicam os padrões espaciais esperados,<br />

tanto anualmente como do ponto de vista sazonal, são<br />

apresentados como os cenários mais prováveis para os<br />

próximos 100 anos. Esses cenários são baseados numa<br />

variedade de simulações com diferentes modelos<br />

que foram validados conforme sua capacidade de<br />

representar satisfatoriamente o clima do passado e do<br />

presente. O grande avanço observado entre o IPCC<br />

AR4 e seu antecessor, o terceiro relatório (publicado<br />

em 2001), está na maior segurança proporcionada<br />

pelos diversos modelos usados permitindo conclusões<br />

com maior grau de certeza (ou menor incerteza) com<br />

relação ao efeito das atividades humanas no clima da<br />

Terra.<br />

Ao usar um conjunto de modelos de diferentes<br />

origens e com diferentes características, o IPCC AR4<br />

procurou usar a diversidade dos modelos como um<br />

fator de definição de probabilidade de ocorrência,<br />

ou de grau de confiança, principalmente quando<br />

enfocadas as diferentes regiões geográficas do globo<br />

e as diferentes estações do ano. De particular interesse<br />

é a mudança no regime de precipitação, nem sempre<br />

detectável no total anual, mas em muitos casos<br />

apresentando mudanças no comprimento da estação<br />

chuvosa. Tanto as alterações previstas na temperatura<br />

como no regime anual e sazonal da chuva podem ter<br />

impactos dramáticos na biodiversidade, nas atividades<br />

agrícolas, na sobrevivência de biomas naturais, além<br />

do efeito direto na disponibilidade da água e no<br />

degelo em altas latitudes com reflexos no nível do<br />

mar que afeta diretamente as regiões costeiras.<br />

A análise dos efeitos regionais nos cenários futuros,<br />

especificamente no caso dos padrões de chuva, tem<br />

uma incerteza básica que é a própria representação da<br />

chuva: os modelos atuais de previsão de tempo e de<br />

previsão climática sazonal ainda têm problemas nesse<br />

sentido, o que aumenta sensivelmente a incerteza dos<br />

cenários futuros nas escalas de décadas a centenas de<br />

anos. Os principais problemas na simulação de chuva<br />

ainda são:<br />

•<br />

•<br />

Resolução espacial das simulações numéricas;<br />

Interação aerossóis - radiação - microfísica de<br />

nuvens.<br />

De forma menos direta, porém ainda relevante, tem-se<br />

aspectos de acoplamento oceano-atmosfera, biosferaatmosfera<br />

e, por fim, existem as próprias limitações<br />

atuais na representação da química atmosférica e<br />

dos ciclos biogeoquímicos, que afetam simulações<br />

em todas as escalas podendo afetar os padrões de<br />

temperatura à superfície e o regime de precipitação.<br />

Levando em conta apenas os aspectos de resolução<br />

e da interação aerossóis – radiação - microfísica de<br />

nuvens, existe uma grande incerteza nos cenários<br />

de climas futuros do ponto de vista da precipitação,<br />

particularmente nas regiões tropicais onde os efeitos<br />

baroclínicos são de segunda ordem.<br />

12


Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

As simulações numéricas usadas no IPCC AR4 para<br />

definir os cenários do clima futuro da Terra tem<br />

resolução típica de 100 km. O primeiro impacto<br />

da baixa resolução é na definição da condição de<br />

contorno na superfície em termos de topografia, da<br />

definição das regiões cobertas por água (oceano,<br />

lagos, rios) e da cobertura vegetal.<br />

Em regiões montanhosas a definição das encostas é<br />

bastante suavizada por essa resolução. Tanto o efeito<br />

mecânico de desvio das parcelas de ar que encontram<br />

as encostas, como o efeito térmico na produção de<br />

circulações vale-montanha são prejudicadas. Casos<br />

típicos são regiões com vales bem definidos, como<br />

o Vale do Rio São Francisco ou o Vale do Paraíba,<br />

cuja existência é praticamente eliminada com baixas<br />

resoluções.<br />

A linha costeira também perde detalhamento.<br />

Regiões costeiras perto de montanhas como, por<br />

exemplo, a Serra do Mar, tem grandes problemas<br />

de representação da intensidade das circulações<br />

locais nas simulações numéricas de baixa resolução<br />

espacial, pois dependem dos gradientes horizontais<br />

de temperatura. A velocidade da circulação simulada<br />

é inversamente proporcional à resolução e, em geral,<br />

uma descrição adequada ocorre para resoluções<br />

inferiores a 10 km. No caso de brisa marítima, por<br />

exemplo, quanto maior a velocidade da frente de<br />

brisa, maior a convergência associada e, portanto,<br />

mais intensos devem ser os movimentos verticais que,<br />

em última instância, definem a taxa de condensação<br />

de vapor d’água nas nuvens. Localmente há impactos<br />

também em regiões onde os contrastes não são bem<br />

resolvidos pela grade do modelo. Contrastes de<br />

vegetação também produzem circulações locais não<br />

convencionais como o que é observado nas regiões<br />

de interface entre floresta e pastagens (Souza et al.,<br />

2000) , regiões com agricultura e solo nu, e em volta<br />

das grandes represas, grandes rios (Silva Dias et al.,<br />

2004) ou regiões alagadas como o Pantanal.<br />

As circulações locais são o principal mecanismo<br />

produtor de chuvas nas regiões costeiras,<br />

especialmente nas baixas latitudes; no caso do Brasil,<br />

a costa do Nordeste e do Norte tem regime de chuvas<br />

tipicamente definido pela brisa marítima, conforme<br />

descrito por Kousky (1980) e por Negri et al. (2002).<br />

Além da chuva local, vários autores têm enfocado a<br />

questão de que a brisa marítima serve como gatilho<br />

para disparo de linhas de instabilidade que podem<br />

ser costeiras ou propagar-se por grandes distâncias<br />

continente adentro (Cohen et al., 1985; Rickenbach,<br />

2004).<br />

A baixa resolução também exige que os processos de<br />

formação de nuvem, que tem escala sub-grade, sejam<br />

parametrizados. A parametrização da convecção<br />

tem sabidamente suas limitações na representação<br />

do processo de precipitação, principalmente para<br />

chuvas de nuvens quentes (muito comuns em<br />

regiões marítimas e costeiras) e no caso de Sistemas<br />

Convectivos de Mesoescala (SCM) – o caso das<br />

linhas de instabilidade, por exemplo. No caso das<br />

chuvas originadas de nuvens quentes, os modelos de<br />

baixa resolução não incluem o processo de produção<br />

de chuva. No entanto, em boa parte do litoral do<br />

Nordeste do Brasil, as nuvens rasas produzem<br />

chuva, basicamente por serem nuvem marítimas<br />

formadas por gotas grandes, nucleadas ao redor de<br />

sais marinhos higroscópicos. Estas contrastam com<br />

nuvens rasas continentais formadas por um grande<br />

número de gotículas pequenas, formadas a partir<br />

de um grande número de partículas de poeira ou<br />

poluição, que permanecem em suspensão no ar sem<br />

cair como chuva.<br />

No caso dos SCM a sua reprodução em baixa<br />

resolução fica prejudicada pela impossibilidade<br />

de simular os processos dinâmicos das correntes<br />

descendentes que definem a propagação do<br />

sistema. Neste caso, um exemplo típico é a linha<br />

de instabilidade da Amazônia (Cohen et al., 1985).<br />

Essas linhas de instabilidade representam um caso<br />

crítico em simulações de baixa resolução: o início da<br />

formação da linha ocorre a partir da brisa marítima<br />

na costa norte e sua propagação como um SCM<br />

pode levá-las até milhares de quilômetros da costa,<br />

num extenso ciclo de vida com impacto em grandes<br />

áreas do leste e do centro da Amazônia. Ramos da<br />

Silva et al. (<strong>2007</strong>) mostram que as grandes linhas de<br />

instabilidade da Amazônia não são simuladas por<br />

13


Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

modelos com resoluções superiores a 20 km.<br />

É plausível especular sobre o papel da resolução<br />

dos modelos na geração de furacões. O caso do<br />

Oceano Atlântico Sul merece particular atenção.<br />

Vários modelos do IPCC AR4 indicam redução da<br />

intensidade da fonte de calor do Amazonas e Brasil<br />

Central. Sabe-se que esta fonte mantém o intenso<br />

cisalhamento vertical no Oceano Atlântico Sul<br />

(Gandu e Silva Dias, 1988) que impede a formação<br />

de furacões já que as temperaturas da superfície<br />

são propícias. A fonte de calor do Amazonas e<br />

Brasil Central também é responsável pela intensa<br />

subsidência que seca a média troposfera no Atlântico,<br />

tornando o ambiente ainda mais desfavorável para<br />

a gênese das tempestades tropicais. A redução da<br />

precipitação na parte tropical do Brasil deve, em tese,<br />

diminuir o cisalhamento e a subsidência no Oceano<br />

Atlântico Sul. Portanto, é plausível esperar um<br />

aumento da probabilidade de ocorrência de furacões<br />

no Oceano Atlântico Sul, sobretudo ao se considerar<br />

o aumento da temperatura da superfície do mar.<br />

Evidentemente, podem existir outros fatores, por<br />

exemplo, relacionados com a interação entre a fonte<br />

de calor da África (Gandu e Silva Dias, 1998), que<br />

podem tornar este processo mais complexo. Somente<br />

modelos de alta resolução espacial, da ordem de<br />

poucos km, têm os mecanismos para capturar esses<br />

processos que levam à formação de furacões.<br />

Os aerossóis presentes na atmosfera têm diversos<br />

impactos na formação de nuvens e de chuva e são<br />

discutidos com bastante abrangência ao longo do IPC<br />

AR4, utilizando-se modelos de transferência radiativa<br />

desacoplados dos Modelos de Circulação Geral da<br />

atmosfera (MCG). Para incluir os aerossóis nos MCG<br />

é necessário um modelo de emissões. As emissões<br />

podem ocorrer a partir de levantamento de poeira em<br />

geral, emissões veiculares, industriais ou vegetais<br />

(compostos orgânicos voláteis com conversão gáspartícula),<br />

queimadas e erupções vulcânicas. Os<br />

MCG usados pelo IPCC somente incluem os efeitos<br />

climatológicos dos aerossóis que são estacionários.<br />

Um dos efeitos da presença de uma camada de<br />

aerossóis é a redução da incidência de radiação à<br />

superfície, identificado pelo IPCC AR4 como uma<br />

forçante radiativa negativa, isto é, de resfriamento.<br />

Um efeito esperado de uma camada de aerossóis é um<br />

aumento da estabilidade termodinâmica reduzindo os<br />

movimento verticais e diminuindo a quantidade de<br />

chuva. Conforme mostrado por Freitas et al. (2000), a<br />

pluma de aerossóis emitidos por queimadas no Brasil<br />

Central pode atingir grandes áreas da América do<br />

Sul e do Oceano Atlântico Sul, ou seja, um efeito em<br />

escala continental que ao não ser incluído nos MCG<br />

leva a um aumento da incerteza dos resultados. Esse<br />

impacto pode ser relativamente grande ao longo do<br />

chamado jato de baixos níveis (Vera et al., 2006)<br />

que leva para latitudes médias tanto a umidade da<br />

Amazônia como os produtos da queima da biomassa<br />

do Brasil Central que alcançam a região das bacias<br />

do Paraná e do Prata. A heterogeneidade espacial<br />

dos aerossóis também pode gerar circulações locais<br />

não-convencionais que podem causar significativo<br />

impacto na precipitação, eventualmente aumentandoa,<br />

apesar do efeito negativo associado ao impacto<br />

radiativo dos aerossóis (Vendrasco et al., <strong>2007</strong>).<br />

Outros efeitos dos aerossóis envolvem a interação com<br />

a microfísica das nuvens. Dentre os aerossóis há uma<br />

parcela que atua como Núcleos de Condensação de<br />

Nuvens (NCN). Para nuvens quentes é bastante claro<br />

que poucos NCN permitem a ocorrência de chuvas<br />

enquanto que muitos NCN inibem a chuva. No entanto,<br />

para nuvens frias, ou seja, aquelas em que existe a fase<br />

gelo além de gotas de água líquida, o efeito de aumento<br />

de NCN é extremamente não-linear e definido por<br />

fatores externos como o conteúdo de umidade no ar,<br />

a estabilidade atmosférica e o cisalhamento vertical do<br />

vento. Martins (2006) utilizou um modelo numérico<br />

com 1 km de resolução para analisar o efeito dos NCN<br />

na região Amazônica chegando à conclusão de que um<br />

número maior de NCN tem o efeito de tornar as chuvas<br />

mais intensas e localizadas, sem necessariamente<br />

alterar a chuva média na área. Quanto mais intensas e<br />

localizadas as chuvas, maior a probabilidade de eventos<br />

extremos associados como ventanias e inundações. E<br />

maiores os danos à vegetação e a agricultura, maior<br />

a probabilidade de deslizamentos de encostas. Estes<br />

efeitos dos aerossóis nas nuvens levam a uma grande<br />

incerteza relativa aos feitos regionais dos cenários<br />

climáticos.<br />

14


Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

Reconhecendo as incertezas regionais dos cenários<br />

climáticos globais, várias iniciativas têm levado à<br />

produção de cenários mais detalhados, através do<br />

processo de enfoque em menores escalas, permitido<br />

por modelos regionais que utilizam os cenários de<br />

baixa resolução como condições de contorno. No<br />

entanto, sem chegar a resoluções bem menores que<br />

10 km dificilmente esses cenários de maior resolução<br />

terão reduzido as incertezas nos resultados. E<br />

mesmo chegando a resoluções da ordem de poucos<br />

quilômetros ainda resta o problema da interação nãolinear<br />

entre escalas que existe na natureza e leva a<br />

um impacto das pequenas escalas nas maiores num<br />

processo de retro-alimentação positiva semelhante<br />

ao que explica em boa parte a sustentabilidade de<br />

furacões a partir do efeito coletivo das nuvens que<br />

os integram. Como a convecção e as circulações<br />

geradas num modelo regional reagem às condições<br />

de contorno do MCG, mas não são usadas para<br />

retroalimentar as circulações de grande escala, há<br />

novamente uma incerteza, especialmente em regiões<br />

com grandes conjuntos de nuvens como nas chamadas<br />

fontes tropicais de calor da Amazônia e da Indonésia,<br />

entre outras, e nas zonas de convergência associadas<br />

a grandes bandas de nuvens, como a Zona de<br />

Convergência Intertropical, a Zona de Convergência<br />

do Atlântico Sul, entre outras que podem ter efeitos<br />

globais (Raupp e Silva Dias, 2004).<br />

Para reduzir a incerteza associada à baixa resolução<br />

e ao desenvolvimento de nuvens e chuvas, a melhor<br />

opção é aumentar a resolução e incluir os processos<br />

microfísicos de nuvens e sua interação com aerossóis.<br />

Simulações de longo prazo como as necessárias para<br />

os cenários climáticos são proibitivas, do ponto de<br />

vista computacional sendo uma alternativa a análise<br />

detalhada de casos especiais para identificação de<br />

possíveis cenários locais associados aos sistemas<br />

sinóticos mais relevantes. Como exemplo, pode-se<br />

imaginar o caso dos complexos convectivos que afetam<br />

o norte da Argentina/Paraguai (Velasco e Fritsch,<br />

1987). Simulações regionais longas com algumas<br />

dezenas de quilômetros de resolução não descrevem<br />

a evolução desses sistemas sinóticos. Estudos de<br />

caso, por outro lado, baseados em ambientes de<br />

grande escala produzidos pelos cenários futuros, com<br />

alta resolução (da ordem de poucos km), podem dar<br />

informações relevantes sobre as alterações no ciclo<br />

de vida e nos eventos extremos associados. Técnicas<br />

de mineração de dados podem apontar para situações<br />

de maior interesse para esses estudos de caso.<br />

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Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

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132(5):1201–1219, 2004.<br />

Silva Dias, M.A.F.; Silva Dias, P.L.; Longo, M.<br />

Fitzjarrald, D.R.; Denning, A.S. River breeze<br />

circulation in eastern Amazon: observations<br />

and modeling results. Theoretical and Applied<br />

Climatology, 78(1-3):111-121, 2004.<br />

Souza, E.P.; Rennó, N.O.; Silva Dias, M.A.F.<br />

Convective circulations induced by surface<br />

heterogeneities. Journal of Atmospheric Sciences,<br />

57: 2915-2922, 2000.<br />

Vera, C.; Baez, J.; Douglas, M.; Emanuel, C.B.; Orsini,<br />

J. A M.; Meitin, J.; Nicolini, M.; NoguesPaegles, J.;<br />

Paegle, J.; Penalba, O.; Salio, P.; Saulo, C.; Silva<br />

Dias, M.A.F., Silva Dias, P.; Zipser, E. The South<br />

American Low Level Jet Experiment (SALLJEX).<br />

Bulletin of the American Meteorological Society,<br />

86, 1,63-77, 2006.<br />

Velasco, I.; Fritsch, J.M. Mesoscale convective<br />

complexes in the Americas. Journal of Geophysical<br />

Research–Atmospheres, 92(D8):9591-9613, 1987.<br />

Vendrasco, E.P.; Silva Dias, P.L.; Freitas, E.D. A Case<br />

Study of the radiative effect of biomass burning in the<br />

precipitation; the Cuiabá-Santarém (Eastern Amazon)<br />

Case. Submetido a publicação em Meteorology and<br />

Atmospheric Physics, <strong>2007</strong>.<br />

AGRADECIMENTOS<br />

As pesquisas dos autores são financiadas pela FAPESP, CNPq e FINEP.<br />

16


Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

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17


Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

A INCERTEZA CIENTÍFICA E A OPINIÃO PÚBLICA NA<br />

BALANÇA DAS NEGOCIAÇÕES SOBRE MUDANÇA DE CLIMA<br />

Luis Antonio L. Aímola 1 , Pedro Leite da Silva Dias 2<br />

(1)<br />

Instituto de Estudos Avançados – Grupo de Ciências Ambientais – IEA/USP<br />

(2) Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas –IAG/USP<br />

Instituto de Estudos Avançados/ Universidade de São Paulo (IEA - USP)<br />

E-mails: aimola@usp.br, pldsdias@master.iag.usp.br<br />

A mídia mundial tem chamado o ano de<br />

<strong>2007</strong> de “o ano das mudanças climáticas”.<br />

Isso se deve, primeiramente, ao fato do Painel<br />

Intergovernamental de Mudanças Climáticas (em<br />

inglês, Intergovernamental Panel on Climate Change<br />

- IPCC) estar publicando neste ano a quarta série de três<br />

relatórios de avaliação sobre o aquecimento global:<br />

o primeiro se concentra sobre as bases científicas da<br />

mudança climática e já foi publicado em Paris em<br />

fevereiro último. O segundo, trata dos impactos das<br />

mudanças climáticas e das vulnerabilidades regionais<br />

a essas mudanças, e foi divulgado em abril. A última<br />

parte avalia como podemos mitigar as emissões de<br />

Gases de Efeito Estufa (GEE) e saiu a público em<br />

maio. A principal mensagem desses relatórios é que<br />

as mudanças climáticas estão ocorrendo em uma<br />

velocidade sem precedentes na história e por isso<br />

é necessário tomar duas atitudes básicas: reduzir<br />

drasticamente as emissões globais de GEE e começar<br />

a se adaptar às mudanças que já se iniciaram.<br />

Um outro motivo é porque vários especialistas<br />

em clima têm afirmado que o efeito estufa conjugado<br />

com o fenômeno climático El Niño farão de <strong>2007</strong> o<br />

ano mais quente já registrado, com conseqüências<br />

para todo o planeta. Uma confirmação parcial dessa<br />

previsão já parece ter se realizando: o último inverno<br />

no Hemisfério Norte foi o mais quente dos últimos<br />

128 anos. A julgar pela grande cobertura dada pela<br />

mídia para a publicação do relatório em Paris, e sua<br />

ampla repercussão na sociedade, espera-se ainda<br />

muito mais discussão e mobilização de vários setores<br />

da sociedade ainda este ano sobre o problema do<br />

aquecimento global.<br />

O ano de <strong>2007</strong> também deve ser um ano de<br />

decisões políticas importantes nesta área. Logo<br />

depois da publicação do IPCC em Paris, a União<br />

Européia decidiu fixar a meta de reduzir pelo menos<br />

20% de suas emissões de GEE até 2020. Mas nem<br />

tudo neste ano pode representar avanços políticos<br />

nesta área. Discussões de bastidores para as próximas<br />

rodadas de negociações que definirão as políticas de<br />

reduções de emissões após o período de cumprimento<br />

do Protocolo de Kyoto, 2008-2012 tem indicado<br />

que, apesar de várias declarações recentes de muitos<br />

governos sobre a necessidade de ação mais vigorosa<br />

a partir de 2013, ainda existem muitas dificuldades<br />

a serem superadas até que se alcance um consenso<br />

sobre quem deve nessa próxima etapa reduzir suas<br />

emissões e de quanto.<br />

Os EUA, o maior emissor mundial de GEE,<br />

se negou a participar do acordo de Kyoto e sua<br />

participação em um acordo após 2012 será muito<br />

importante para que haja políticas eficazes de<br />

controle do aquecimento global, mas sua posição<br />

ainda é incerta. O Congresso norte americano tem<br />

há muito tempo condicionado um compromisso<br />

dos EUA em qualquer acordo global a que países<br />

em desenvolvimento tais como Índia, China e<br />

Brasil, também assumam metas obrigatórias. De<br />

outro lado, esses países ainda resistem fortemente<br />

a quaisquer obrigações de reduções de emissões,<br />

18


Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

pois, argumentam, precisam crescer para resolver<br />

seus graves problemas sociais e cortar suas emissões<br />

representa um freio neste processo.<br />

O caminho até a ratificação do Protocolo de Kyoto<br />

demonstrou que o consenso entre os países, e mesmo<br />

dentro deles, é difícil de ser obtido. E não parece que<br />

as negociações para o próximo período serão mais<br />

fáceis, embora aparentemente haja um momento mais<br />

propício a um consenso mais amplo, sobretudo pela<br />

publicação dos relatórios do IPCC. Sem dúvida todos<br />

esses acontecimentos poderão ter influência na 13 a<br />

Conferência das Partes que acontecerá no final deste<br />

ano em Bali. A esperança é que o ano termine com<br />

uma perspectiva de um acordo que amplie aquele<br />

já feito em Kyoto. Na realidade ainda é impossível<br />

prever o impacto que os documentos do IPCC terão<br />

sobre essas negociações.<br />

O estado do conhecimento científico sobre as<br />

mudanças climáticas expresso nos relatórios do IPCC<br />

tem sido a plataforma a partir da qual os governos,<br />

as Organizações não-Governamentais (ONG´s) e<br />

as corporações, tomam suas decisões sobre o que<br />

fazer para lidar com o problema das mudanças<br />

climáticas. Por isso, espera-se que a cada publicação<br />

desses relatórios assistamos a mudanças cada vez<br />

mais significativas nas atitudes dos governos e no<br />

comportamento geral da sociedade em direção a<br />

uma política global eficaz de combate às mudanças<br />

climáticas. O motivo básico é a expectativa de que<br />

as incertezas científicas sobre o aquecimento global<br />

e seus efeitos diminuam sistematicamente. Dessa<br />

forma, pensa-se, as negociações tenderão cada<br />

vez mais a acordos globais mais amplos. Será que<br />

a relação entre o avanço do conhecimento sobre<br />

mudança de clima e os acordos internacionais segue<br />

essa lógica simples?<br />

Esses relatórios, embora contenham a melhor<br />

informação existente sobre o assunto, estão ainda<br />

repletos de incertezas sobre de quanto exatamente a<br />

temperatura global subiria se nada fizéssemos para<br />

evitar o aquecimento. As incertezas se ampliam<br />

significativamente quando tentamos prever essas<br />

elevações de temperatura para daqui a 20, 30, 50 ou<br />

100 anos à frente. Uma cascata de incertezas é gerada<br />

nos modelos de circulação geral oceano-biosferaatmosfera<br />

acoplados por causa das incertezas nos<br />

valores de inúmeros dos seus parâmetros, levando<br />

a um largo espectro de situações possíveis quando<br />

se tenta prever quais exatamente seriam os níveis<br />

médios de precipitação, de elevação do nível médio<br />

do mar e a distribuição de impactos nos ecossistemas<br />

através do globo.<br />

O sistema do clima é altamente complexo, envolve<br />

não-linearidades, muitas delas ainda não muito bem<br />

compreendidas, e o fenômeno do aquecimento global<br />

e as mudanças climáticas resultantes é de muito longo<br />

prazo. Quando estes modelos são usados para calibrar<br />

modelos climáticos de menor complexidade acoplados<br />

a modelos ecológicos e econômicos a situação piora,<br />

pois a cascata de incertezas se amplia ainda mais<br />

quando incorpora o elemento humano que é em<br />

muitos aspectos imprevisível. Em geral os cenários<br />

gerados por estes modelos apontam para futuros com<br />

inúmeros impactos negativos em extensas áreas do<br />

globo, caso nada seja feito. Mas a sua intensidade e<br />

época precisas em que ocorreriam são questões ainda<br />

sem resposta e não podem ser obtidas rapidamente.<br />

Para algumas questões as incertezas são intrínsecas<br />

e não simplesmente estatísticas, o que implica em<br />

nunca poderem ser reduzidas.<br />

Parece despropositado falar das incertezas em<br />

um momento como este, pós-relatórios do IPCC,<br />

em que a sociedade parece estar alcançando uma<br />

conscientização sem precendentes, cuja mobilização<br />

pode pressionar muito os governos a tomarem<br />

medidas mais severas no combate ao aquecimento<br />

global. Mas os fatos mostram que os governos<br />

do mundo todo estão avançando muito pouco nos<br />

esforços para dar seqüência ao Protocolo de Kyoto<br />

mesmo diante da crescente preocupação da opinião<br />

pública com as mudanças climáticas e os alertas da<br />

ONU, de que o problema representa uma ameaça<br />

de dimensões semelhantes às de uma guerra. O fato<br />

é que a grande amplitude das incertezas científicas<br />

sobre o tema ainda oferece muito espaço para que<br />

coexistam várias posições contrárias ao movimento<br />

de intensificação de reduções de emissões e permite<br />

que vários governos possam continuar a resistir a<br />

qualquer compromisso formal para isso.<br />

19


Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

Estudos têm mostrado que os países formam<br />

suas posições nas negociações internacionais sobre<br />

mudanças climáticas a partir da avaliação de sua<br />

vulnerabilidade potencial àquelas mudanças e dos<br />

custos que incorreria se viesse a reduzir suas emissões.<br />

Essa conclusão tem sido chamada de teoria do autointeresse<br />

dos países nas negociações ambientais<br />

internacionais, pois preconiza basicamente a idéia<br />

de que cada país forma suas posições visando<br />

unicamente seus interesses nacionais, em oposição a<br />

qualquer atitude altruísta que busque o bem estar de<br />

outras nações (Sprinz e Vaahatoranta, 1994).<br />

Um país, segundo esta teoria, que estimasse para<br />

seu território danos climáticos altos e custos baixos<br />

para o abatimento de suas emissões domésticas,<br />

tomaria uma atitude promovedora de políticas mais<br />

severas de reduções. Daria o exemplo aos outros<br />

países assumindo voluntariamente metas mais<br />

ambiciosas de reduções e cobraria desses países<br />

atitudes semelhantes. Esse comportamento é o que<br />

observamos, por exemplo, na União Européia, que<br />

assumiu o compromisso acima indicado.<br />

Um país que, ao contrário do primeiro tipo, estima<br />

danos climáticos baixos e custos de abatimento<br />

altos, seguiria o comportamento inverso: resistiria<br />

a qualquer acordo que o levasse a ter que assumir<br />

reduções intensas de emissões. Ele pode ser<br />

caracterizado por uma atitude procrastinadora nas<br />

negociações. O exemplo típico de um protelador<br />

é os EUA. Uma nação, por outro lado, que avalia<br />

danos climáticos altos, e custos de abatimento<br />

também altos, tem uma atitude intermediária entre<br />

os casos anteriores e sua atitude é na maior parte do<br />

tempo ambígua, procurando evitar assumir custos<br />

de abatimento, mas pressionando os outros países a<br />

reduzirem suas emissões. Este é o caso, por exemplo,<br />

da China, do Brasil e da Índia. Finalmente, o país<br />

que estima danos e custos baixos tem uma atitude<br />

expectadora, procurando se aproveitar das situações<br />

para fazer acordos que o beneficiem em outras áreas.<br />

Este é o caso, por exemplo, da Rússia nas negociações<br />

do Protocolo de Kyoto.<br />

1. UM MODELO DE NEGOCIAÇÕES SOB<br />

INCERTEZA<br />

A partir dessa tipologia de comportamentos, o que<br />

podemos esperar daqui para frente em termos das<br />

negociações sobre a mudança de clima? Para tentar<br />

responder a esta pergunta, Aímola (2006) construiu<br />

um modelo matemático que representa as economias<br />

nacionais e suas emissões de GEE, as vulnerabilidades<br />

de cada país ao aquecimento global e a maneira como<br />

as expectativas de cada um, em função das incertezas<br />

científicas, influenciam seu papel nas negociações.<br />

Aqui são discutidos alguns dos principais resultados<br />

obtidos por Aímola (2006).<br />

No modelo de Aimola (2006), cada país foi<br />

representado como um agente que tem um modelo<br />

clima-economia no qual alguns de seus parâmetroschave<br />

têm incertezas representadas por distribuições<br />

de probabilidades que mudam ao longo do tempo. O<br />

modelo é inovador, pois se baseia em um método ainda<br />

pouco utilizado para modelagem em mudanças<br />

climáticas, a Simulação de Sistemas Multiagentes.<br />

Nele, cada governo faz planos, usa uma metodologia<br />

para projetar cenários futuros de mudança de clima e<br />

de impactos econômicos, assim como um critério de<br />

decisão para escolher sua posição. Para modelar as<br />

negociações propriamente ditas, usou-se a Teoria dos<br />

Jogos, uma área da Ciência Econômica que trata do<br />

comportamento estratégico dos agentes.<br />

Foram escolhidos alguns parâmetros-chave ainda<br />

altamente incertos, sobre os quais a resolução das<br />

incertezas, ainda que gradual, é crucial para antecipar<br />

o comportamento do clima e da economia, e levar<br />

à ação mais eficaz. Para o clima, foram escolhidos<br />

como parâmetros incertos a sensibilidade climática<br />

e a inércia térmica do oceano. Para as economias, a<br />

vulnerabilidade às mudanças climáticas e os custos<br />

marginais de abatimento de emissões de GEE. A<br />

partir dessa representação, o modelo explora cenários<br />

de evolução dos conhecimentos científicos sobre<br />

o aquecimento global e sua influência no processo<br />

político internacional.<br />

20


Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

O modelo permite realizar simulações variandose<br />

com diferentes velocidades as distribuições<br />

de probabilidades para representar a redução das<br />

incertezas e os possíveis ritmos de tais reduções.<br />

É impossível prever como se dará a evolução<br />

do conhecimento científico sobre o clima, a<br />

vulnerabilidade de cada país em seu território,<br />

bem como dos custos domésticos de abatimento de<br />

emissões, mas no modelo pode-se explorar diversos<br />

cenários de redução de incertezas e fazer uma análise<br />

global dos resultados de cada simulação.<br />

O modelo é capaz de reproduzir a tipologia de<br />

comportamentos dos países nas negociações sobre<br />

mudança de clima como descritos pela teoria do autointeresse<br />

para várias situações de incertezas. Com ele<br />

pode-se simular cenários em que a diminuição das<br />

incertezas se dá de forma lenta (5% por década), ou<br />

rápida (20% ou mais por década), o que significaria<br />

a resolução completa das incertezas na metade deste<br />

século, e observar a mudança de comportamento de<br />

cada país toda vez que negocia metas de reduções de<br />

emissões de GEE.<br />

Assim, por exemplo, um país que inicialmente é<br />

“protelador” nas negociações, com a diminuição das<br />

incertezas sobre sua vulnerabilidade e seus custos,<br />

pode vir a adotar uma atitude “promovedora” de<br />

reduções de emissões. Países de comportamento<br />

intermediário podem passar a ter posição mais<br />

definida, seja pelo lado da ação vigorosa, seja pela<br />

procrastinação. “Promotores” podem manter suas<br />

atitudes, ou não, e países “indiferentes” podem se<br />

tornar “promotores” ou “proteladores”, dependendo<br />

do resultado final da diminuição das incertezas dos<br />

impactos e dos custos esperados.<br />

A partir dessas mudanças de papéis, que implicam<br />

diferentes distribuições de metas de reduções de<br />

emissões negociadas entre os países, é possível<br />

avaliar o efeito da diminuição das incertezas sobre<br />

o aquecimento global e a magnitude dos danos<br />

econômicos em cada território nacional.<br />

Desenvolveu-se um programa de computador, o<br />

Proclin – Protótipo para Simular o Papel das Incertezas<br />

nas Negociações Climáticas para simular situações<br />

simples, considerando inicialmente somente dois<br />

grandes blocos de países, representando as nações<br />

industrializadas e aquelas em desenvolvimento. Isto<br />

é, um dos blocos foi calibrado com parâmetros que<br />

representam um grupo de países ricos com emissões<br />

altas, enquanto o outro representa nações com renda<br />

mais baixa e emissões ainda reduzidas, mas crescendo<br />

rapidamente (Aímola, 2006).<br />

O objetivo das simulações é saber sob que<br />

condições de diminuição das incertezas científicas, as<br />

futuras negociações podem gerar políticas que evitem<br />

impactos climáticos severos ainda neste século em<br />

pelo menos um dos blocos de países. Considerouse<br />

como dano econômico severo a situação em<br />

que o Produto Interno Bruto (PIB) de cada bloco<br />

começaria a declinar, levando à recessão econômica<br />

em virtude das perdas advindas do aquecimento<br />

global – destruição de infraestrutura, quebras de<br />

safras agrícolas, aumento drástico de doenças infecto<br />

contagiosas, etc, e os resultados obtidos são discutidos<br />

a seguir.<br />

2. CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />

Os resultados das simulações preliminares obtidas<br />

com o Proclin para a condição testada mostram que<br />

somente para reduções muito rápidas das incertezas,<br />

tal como 20% por década, as negociações evitam<br />

recessão econômica em ambos os blocos de países.<br />

No modelo, isso ocorre apenas em cenários onde<br />

o aquecimento se dá de forma muito lenta. Para<br />

elevações rápidas de temperatura, a recessão é<br />

inevitável para os dois blocos mesmo que as incertezas<br />

diminuam muito rapidamente.<br />

Algumas simulações indicaram que se as<br />

incertezas não diminuíssem, ou se o fizessem muito<br />

lentamente, as recessões econômicas viriam mais<br />

rápida e intensamente. Isso mostra que a pesquisa<br />

científica tem papel relevante nas negociações, mas<br />

limitado no que se refere à eficácia das reduções<br />

negociadas. Ou seja, o clima pode reagir à quantidade<br />

de emissões mais rapidamente do que mudanças<br />

significativas de posição dos países nas negociações.<br />

No modelo, é importante lembrar, as mudanças de<br />

21


Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

posições ocorrem somente após os países obterem<br />

um conhecimento científico mais seguro. As ações<br />

são tomadas a partir de nova informação.<br />

Em um cenário de incertezas diminuindo<br />

lentamente e com países possuindo elevada aversão<br />

à recessão, a seqüência de negociações simulada<br />

evitou a contração do PIB. O resultado indica que a<br />

precaução quanto ao que de pior pode ocorrer é um<br />

fator relevante no processo, mesmo que esse cenário<br />

seja considerado de baixa probabilidade. Nesse caso,<br />

abre-se a oportunidade de uma postura proativa por<br />

parte de governos e sociedades, e o conhecimento<br />

avança junto com as ações preventivas.<br />

Além da informação científica, a aversão ao risco<br />

é um fator chave para levar os governos a tratar o<br />

problema com a seriedade que ele merece e nesse<br />

sentido a percepção da sociedade com relação às<br />

ameaças das mudanças climáticas poderá ter um<br />

papel decisivo como elemento de pressão, para<br />

que se amplie o acordo de Kyoto. Na balança das<br />

negociações a mídia e o mega show Earth Live a ser<br />

realizado pelo ex-Vice-Presidente dos EUA, Al Gore,<br />

para julho deste ano, que alcançará dois bilhões de<br />

pessoas em todo o mundo pela TV e internet, poderão<br />

ser pesos decisivos.<br />

3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

Aimola, L. A. L. Cascata de Incertezas,<br />

Impactos Climáticos Perigosos e Negociações<br />

Internacionais de Mudança de Clima Global<br />

– Um Modelo Exploratório. Tese de Doutorado<br />

em Ciência Ambiental. São Paulo: PROCAM-USP,<br />

2006.<br />

Sprinz, D.; Vaahatoranta. The self-interest based<br />

explanation of International Environmental Policy.<br />

International Organization, vol. 48, n 0 1, 1994.<br />

22


Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

O QUARTO RELATÓRIO DO IPCC (IPCC AR4) E PROJEÇÕES<br />

DE MUDANÇA DE CLIMA PARA O BRASIL E AMÉRICA DO SUL<br />

José Antonio Marengo Orsini<br />

Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos – CPTEC/INPE<br />

E-mail: marengo@cptec.inpe.br<br />

Desde a década de 1980, evidências científicas<br />

sobre a possibilidade de mudança de clima em nível<br />

mundial vêm despertando interesse crescente no<br />

público e na comunidade científica em geral. Em 1988,<br />

a Organização Meteorológica Mundial (OMM) e o<br />

Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente<br />

(PNUMA) estabeleceram o Intergovernamental<br />

Panel on Climate Change (IPCC). O IPCC ficou<br />

encarregado de apoiar com trabalhos científicos<br />

as avaliações do clima e os cenários de mudanças<br />

climáticas para o futuro. Sua missão é “avaliar a<br />

informação científica, técnica e sócio-econômica<br />

relevante para entender os riscos induzidos pela<br />

mudança climática na população humana”.<br />

Esta tarefa é abordada com a participação de um<br />

grande número de pesquisadores das áreas de clima,<br />

Meteorologia, Hidrometeorologia, Biologia e ciências<br />

afins, que se reúnem regularmente a cada quatro anos<br />

e discutem as evidências científicas mais recentes<br />

e atualizadas. Assim como os resultados do estadoda-arte<br />

de vários tipos de modelos (atmosféricos,<br />

acoplados oceano-atmosfera), com a meta de chegar<br />

a um consenso sobre as tendências mais recentes em<br />

termos de mudança de clima.<br />

Os relatórios do IPCC, especialmente do GT1<br />

sobre “As Bases Científicas” fornecem uma revisão<br />

compreensiva e atualizada de todas as informações<br />

e estudos feitos na área de clima, oceanografia,<br />

ecologia, entre outras ciências relacionadas à<br />

mudanças climáticas. Esta informação é apresentada<br />

para as comunidades científicas, o público em<br />

geral e, em especial, para políticos e tomadores de<br />

decisões, que precisam receber informação de forma<br />

compreensível. Para isto, o IPCC tem a tarefa de<br />

sumariar o conhecimento atual contido nos relatórios<br />

científicos sobre as possíveis mudanças do clima no<br />

futuro para os tomadores de decisões. Este relatório<br />

é chamado de Summary for Policy Makers SPM,<br />

ou Relatório Sumário para Tomadores de Decisões<br />

(IPCC, 2001 a, b, c, d, <strong>2007</strong>).<br />

O Terceiro Relatório Científico (TAR) mostra<br />

que “existem novas e fortes evidências de que a<br />

maior parte do aquecimento observado durante os<br />

últimos 50 anos é atribuída às atividades humana”<br />

(IPCC, 2001 a), o que foi amplamente anunciado em<br />

jornais e revistas científicas da imprensa mundial.<br />

Entretanto, o TAR não trouxe conclusões sobre<br />

possíveis mudanças na freqüência e intensidade de<br />

eventos climáticos extremos.<br />

O Quarto Relatório Científico do IPCC<br />

AR4 foi liberado em fevereiro de <strong>2007</strong>, e nele<br />

apresentam-se evidencias de mudanças de clima,<br />

especialmente nos extremos climáticos que podem<br />

afetar significativamente o planeta, especialmente<br />

os paises menos desenvolvidos na região tropical.<br />

Novos modelos que incluem modelos acoplados com<br />

vegetação interativa e melhores representações de<br />

nuvens e aerossóis foram rodados, e uma maior atenção<br />

foi dada para a simulação de extremos climáticos e de<br />

variabilidade interdecadal. As principais conclusões<br />

desse relatório sugerem, com confiança acima de<br />

90%, que o aquecimento global dos últimos 50 anos<br />

é causado pelas atividades humanas. As avaliações<br />

23


Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

observacionais e as projeções climáticas para o futuro<br />

e passado mostram novas evidências de tendências e<br />

processos que podem se resumir assim:<br />

a)<br />

b)<br />

c)<br />

d)<br />

e)<br />

f)<br />

O aquecimento global tem sido agravado pela<br />

poluição humana, e a escala do problema não<br />

tem precedentes, pelo menos nos últimos 20<br />

mil anos;<br />

Há evidências esmagadoras de que o clima<br />

da Terra está sofrendo uma transformação<br />

dramática devido as atividades humanas;<br />

As temperaturas médias globais neste século<br />

subirão entre 2 0 C e 4,5 0 C como resultado da<br />

duplicação das concentrações de dióxido de<br />

carbono na atmosfera em relação aos níveis préindustriais,<br />

devido a emissões por atividades<br />

humanas (como a queima de petróleo e carvão<br />

e o desmatamento das florestas tropicais, como<br />

a Amazônia);<br />

A isso poderia se somar mais 1,5 0 C como<br />

decorrência dos processos de realimentação<br />

positivos no clima, resultantes do derretimento<br />

do gelo marinho, do permafrost (solo e subsolo<br />

permanentemente congelado) e da acidificação<br />

dos oceanos;<br />

Existem amplas evidências de aquecimento<br />

antropogênico do sistema climático no<br />

aquecimento global observado nos últimos 50<br />

anos;<br />

A mudança climática deve continuar por<br />

décadas e talvez séculos, mesmo se as emissões<br />

de gases-estufa forem cortadas.<br />

O Brasil é vulnerável às mudanças climáticas<br />

atuais e mais ainda às que se projetam para o futuro,<br />

especialmente quanto aos extremos climáticos. As<br />

áreas mais vulneráveis compreendem a Amazônia<br />

e o Nordeste do Brasil, como mostrado em estudos<br />

recentes (Marengo, 2006; Ambrizzi et al., <strong>2007</strong>;<br />

Marengo et al., <strong>2007</strong>). Estas publicações destacam<br />

os principais estudos de tendências climáticas<br />

observadas no clima do presente para América do<br />

Sul e fazem também análises dos cenários climáticos<br />

futuros previstos pelos modelos do IPCC para os<br />

cenários de altas e baixas emissões.<br />

1. CLIMA DO PRESENTE: TENDÊNCIAS<br />

CLIMÁTICAS OBSERVADAS<br />

Os mapas produzidos pelo IPCC AR4 (Figura 1)<br />

mostram para um período de 25 anos (1979-2005) a<br />

tendência de aquecimento de até 1,1 0 C/década no<br />

Sudeste da América do Sul, assim como a tendência<br />

de aquecimento no Nordeste e Amazônia. Para as<br />

chuvas, observa-se a tendência já detectada em<br />

estudos anteriores do IPCC (de aumento de até 30%/<br />

década da chuva na Bacia do Prata, e em algumas<br />

áreas isoladas do Nordeste. Para a Amazônia não<br />

aparece uma tendência clara de aumento ou redução<br />

nas chuvas, apresentando mais uma tendência<br />

de variações interdecadais contrastantes entre a<br />

Amazônia do Norte e do Sul (Marengo, 2006).<br />

Para o Brasil, a temperatura média aumentou<br />

aproximadamente 0,75 0 C até o final do Século XX<br />

(considerando a média anual de 1961-90 de 24,9 0 C),<br />

e sendo 1998 o ano mais quente no Brasil (aumento<br />

de até 0,95 0 C em relação à normal climatológica<br />

de 24,9 0 C). Ao nível regional, pode-se observar<br />

que para o período de 1951-2002, as temperaturas<br />

mínimas têm aumentado em todo o país, mostrando<br />

um aumento expressivo de até 1,4 0 C por década,<br />

enquanto as temperaturas máximas e médias têm<br />

aumentado em até 0,6 0 C e 0,4-0,6 0 C por década,<br />

respectivamente em quase todo o país (Obregon e<br />

Marengo, <strong>2007</strong>). O fato das tendências positivas nas<br />

temperaturas mínimas anuais serem mais acentuadas<br />

do que as temperaturas máximas determinam as<br />

tendências negativas na amplitude térmica do ciclo<br />

diurno de temperaturas (Tmax-Tmin). As tendências<br />

de aquecimento são detectadas ao nível anual e<br />

sazonal, com maiores aquecimentos no inverno e<br />

primavera.<br />

Em relação à precipitação, as análises<br />

observacionais no clima do presente não apontam<br />

para tendência de redução de chuvas na Amazônia<br />

(devido ao desmatamento). O que tem sido observado<br />

são variações interdecadais de períodos relativamente<br />

24


Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

mais secos ou chuvosos no Brasil na Amazônia e<br />

Nordeste. Regionalmente, tem sido observado um<br />

aumento das chuvas no Sul e partes do Sul do Brasil,<br />

na Bacia do Paraná - Prata, desde 1950, consistente<br />

com tendências similares em outros países do<br />

Sudeste da América do Sul. No sudeste o total anual<br />

de precipitação parece não ter sofrido modificação<br />

perceptível nos últimos 50 anos.<br />

A)<br />

Figura 1: Tendências observadas de: a) Temperatura média anual (1979-2005),<br />

expressa em 0 C/década, b) chuva (1979-2005), expressa em % , ambas em relação a<br />

1961-90. Cores azul/vermelho indicam mais frio/mais quente e cores marrom/verde<br />

indicam mais seco/mais úmido.<br />

Fonte: IPCC AR4 (<strong>2007</strong>).<br />

Na Amazônia, observam-se as tendências<br />

positivas de chuva até +120 mm/década na maior<br />

parte do Sul e Sudeste do Brasil, assim como alguns<br />

postos pluviométricos com tendências negativas no<br />

Amazonas, na Bahia, em Minas Gerais e no Rio<br />

de Janeiro. Com respeito aos valores sazonais de<br />

precipitação, a tendência de aumento de chuva no<br />

sul do Brasil é consistente durante todo o ano, ainda<br />

que esta tendência seja mais acentuada nos meses de<br />

inverno, chegando até +40 mm/década e, em segundo<br />

lugar, durante o verão. Para o Nordeste, as chuvas<br />

não apresentam tendências de chuva significativas de<br />

aumento ou redução, e na Amazônia as tendências<br />

de chuva também não são muito claras a nível<br />

regional. O que pode se afirmar é que estas regiões<br />

experimentam variações interdecadais, com períodos<br />

B)<br />

de aproximadamente 25-30 anos, alternando épocas<br />

mais ou menos chuvosas (Marengo, 2006). Isto pode<br />

ser explicado pela variabilidade natural do clima na<br />

forma de variações decadais nos Oceanos Pacífico e<br />

Atlântico tropical.<br />

Em relação a vazões dos rios, as tendências<br />

de chuva observadas refletem bem as tendências<br />

na precipitação, com uma clara<br />

tendência de aumento nas vazões<br />

do Rio Paraná e outros rios no<br />

sudeste da América do Sul. Na<br />

Amazônia, Pantanal e Nordeste<br />

não foram observados tendências<br />

sistemáticas em longo prazo em<br />

direção a condições mais secas ou<br />

chuvosas, sendo mais importantes<br />

variações interanuais e interdecadais,<br />

associadas à variabilidade natural<br />

de clima na mesma escala temporal<br />

de variabilidade de fenômenos<br />

interdecadais dos Oceanos Pacífico<br />

e Atlântico tropical. As análises de<br />

vazões de rios na América do Sul e<br />

no Brasil (Marengo, 2006) apontam<br />

para aumentos entre 2-30% na<br />

Bacia do Rio Paraná e nas regiões<br />

vizinhas no sudeste da América do<br />

Sul, consistente com as análises<br />

de tendência de chuva na região.<br />

Não foram observadas tendências importantes nas<br />

vazões dos rios da Amazônia e da Bacia do Rio São<br />

Francisco. Na costa oeste do Peru, as tendências de<br />

chuva positivas podem ser explicadas pelos valores<br />

extremamente altos de chuvas e vazões durante os<br />

anos de El Niño de 1972, 1983, 1986 e 1998 que<br />

afetam sensivelmente as tendências. Algumas das<br />

vazões no Brasil (Amazônia, Sul do Brasil, norte<br />

do Nordeste) apresentam altas correlações com os<br />

campos de anomalias de temperatura de superfície do<br />

mar nos Oceanos Pacífico e Atlântico Tropical, o que<br />

sugere uma possível associação entre vazões extremas<br />

e El Niño, ou um aquecimento no Oceano Atlântico<br />

Norte Tropical, como foi o caso, por exemplo, de<br />

1998 com reduções nas vazões em Manaus e Óbidos<br />

e nos níveis baixos do Rio Solimões durante a recente<br />

seca de 2005 (Marengo, 2006).<br />

25


Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

2. CLIMA DO FUTURO: PROJEÇÕES DO IPCC ATÉ<br />

2100<br />

A temperatura média do ar para o Brasil, em 2100<br />

pode aumentar até 28,9 o C para o cenário de altas<br />

emissões A2 e até 26,3 o C para o cenário de baixas<br />

emissões B2, considerando<br />

a média de 1961-90 de<br />

25,0 o C. Isso corresponderia<br />

a um aquecimento de 3,8 o C<br />

para o cenário de altas<br />

emissões e de 1,3 o C para o<br />

cenário de baixas emissões,<br />

com base em uma média<br />

de seis modelos climáticos<br />

globais do IPCC TAR<br />

(Marengo, 2006).<br />

do Brasil durante os meses de inverno JJA o que pode<br />

comprometer a chuva na região leste de Nordeste, que<br />

apresenta o pico da estação chuvosa nessa época do<br />

ano. A figura corresponde a uma média dos modelos<br />

de IPCC AR4 para o Cenário intermédio A1B (IPCC,<br />

<strong>2007</strong>).<br />

As projeções de<br />

mudança nos regimes e<br />

distribuição de chuva,<br />

derivadas dos modelos<br />

globais de IPCC AR4, para<br />

climas mais quentes no<br />

futuro não são conclusivas,<br />

e as incertezas ainda são<br />

grandes, pois dependem<br />

dos modelos e regiões<br />

consideradas (Marengo,<br />

2006). Na Amazônia<br />

e Nordeste, ainda que<br />

alguns modelos climáticos<br />

globais do IPCCC AR4<br />

apresentem reduções<br />

drásticas de precipitações,<br />

outros modelos apresentam<br />

aumento. A média de<br />

todos os modelos, por<br />

outro lado, é indicativa<br />

de maior probabilidade<br />

de redução de chuva em<br />

regiões como Amazônia<br />

de leste e Nordeste<br />

como conseqüência do<br />

aquecimento global. A<br />

Figura 2 mostra reduções de<br />

chuva no Norte e Nordeste<br />

26<br />

A)<br />

Cenário A1BCenário A1B, (2080-99)-(1980-99) DJF<br />

Cenário A1B, (2080-99)-(1980-99) JJA<br />

Figure 2: Projeções de anomalias de chuva para 2080-99 relativo a 1980-99 em (%), para: a) DJF,<br />

b) JJA. Cores azul/vermelho mostram anomalias negativas/positivas de chuva. Cenário e A1B<br />

(Intermediário). Fonte: IPCC (<strong>2007</strong>).<br />

Figura 3: Projeções de temperatura para os cenários de baixas emissões A2 e baixas emissões A2<br />

para 2080-99 relativo a 1980-99. Anomalias expressas em mm dia -1 .<br />

Fonte: IPCC (<strong>2007</strong>).<br />

B)


Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

Em latitudes mais altas, a região da Bacia do Prata<br />

apresenta projeções de possíveis aumentos na chuva<br />

e vazões até a segunda metade do Século XXI, de até<br />

20% durante os meses de verão austral (DJF). Isto<br />

sugere que para esta região o futuro apresentaria uma<br />

continuidade da variabilidade de chuvas e vazões<br />

observadas durante os últimos 50 anos, o que talvez<br />

indique maior confiança nestas projeções para esta<br />

região.<br />

As projeções para temperatura do ar (Figura 3) são<br />

mais reveladoras, e a consistência entre os modelos é<br />

maior. No cenário otimista B2 o aquecimento a nível<br />

anual pode chegar ate 3 0 C no Brasil, em tanto que<br />

no cenário pessimista A2 o aquecimento pode chegar<br />

ate 5 0 C na parte sul da Amazônia, e em todo o Brasil<br />

o aquecimento varia entre 3 0 C e 5 0 C, sendo mais<br />

intenso na região tropical (IPCC, <strong>2007</strong>).<br />

As projeções de extremos segundo o IPCC AR4<br />

sugerem para boa parte do Brasil aumentos na<br />

freqüência de extremos de chuva em todo o Brasil,<br />

principalmente na Amazônia do oeste, sul e sudeste<br />

do Brasil. Para o período de 2080-2099 em relação<br />

ao presente (1980-99), no cenário A1B, os eventos<br />

extremos de chuva intensa mostram um aumento na<br />

freqüência e na contribuição de dias muito chuvosos<br />

na Amazônia oeste, enquanto na Amazônia de leste e<br />

no nordeste a tendência é de aumento na freqüência<br />

de dias secos consecutivos, o que também se observa<br />

para o norte do Sudeste. No restante do sudeste e na<br />

região Sul do Brasil, assim como na Amazônia do<br />

Oeste as projeções de clima para o futuro mostram<br />

um aumento na precipitação intensa, o que também<br />

tem sido observado nos últimos 50 anos. Em relação<br />

a temperaturas, quase todo o País está sujeito a<br />

aumento na freqüência de ondas de calor e de noites<br />

quentes, especialmente nas regiões Sudeste e Sul do<br />

Brasil. As projeções de extremos climáticos derivados<br />

dos modelos do IPCC AR4 aparecem em Marengo<br />

(2006).<br />

3. DISCUSSÕES E RECOMENDAÇÕES<br />

O estudo das mudanças climáticas globais deve<br />

ser analisado de forma interdisciplinar em função da<br />

própria natureza do sistema climático. A integração<br />

destes estudos se faz necessária a fim de que se possam<br />

desenhar estratégias, tanto de mitigação quanto de<br />

adaptação, eficazes para enfrentar mudanças adversas<br />

do clima. A questão de vulnerabilidade e adaptação<br />

deve ser tratada de maneira pragmática, inclusive com<br />

o desenvolvimento de modelos que levem em conta<br />

as necessidades dos países em desenvolvimento.<br />

Nesse esforço, é crucial a participação de técnicos e<br />

cientistas, bem como o fortalecimento das instituições<br />

dos países em desenvolvimento.<br />

A experiência brasileira nesse domínio mostra a<br />

necessidade de se ajustar os métodos aplicáveis aos<br />

cenários de mudança do clima resultantes de modelos<br />

globais para projeções de escopo regional ou local.<br />

Esse ajuste seria útil para estudos sobre os impactos<br />

da mudança do clima em áreas como gerenciamento<br />

de recursos hídricos, ecossistemas, atividades<br />

agrícolas e mesmo a propagação de doenças. A maior<br />

resolução obtida em modelos de escopo regional<br />

ou local concorreria para uma previsão realista de<br />

alterações extremas e a uma melhoria substancial da<br />

avaliação da vulnerabilidade dos países à mudança<br />

do clima e de sua capacidade de adaptação.<br />

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

Ambrizzi, T., Rocha, R., Marengo J, A. I.<br />

Pisnitchenko, L. Alves, Fernandez, J. P. <strong>2007</strong>:<br />

Cenários regionalizados de clima no Brasil para<br />

o Século XXI: Projeções de clima usando três<br />

modelos regionais. Relatório 3. MINISTÉRIO<br />

DO MEIO AMBIENTE - MMA, SECRETARIA<br />

DE BIODIVERSIDADE E FLORESTAS<br />

–SBF, DIRETORIA DE CONSERVAÇÃO<br />

DA BIODIVERSIDADE – DCBio Mudanças<br />

Climáticas Globais e Efeitos sobre a<br />

Biodiversidade - Sub projeto: Caracterização do<br />

clima atual e definição das alterações climáticas<br />

para o território brasileiro ao longo do Século<br />

XXI. Brasília, Fevereiro <strong>2007</strong>.<br />

27


Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

Marengo, J, A. 2006: Mudanças climáticas globais<br />

e seus efeits sobre a biodiversidade - Caracterização<br />

do clima atual e definição das alterações climáticas<br />

para o território brasileiro ao longo do Século XXI.<br />

Ministério do Meio Ambiente MMA,Brasília., Brasil,<br />

212 p.: il. color ; 21 cm. (Série Biodiversidade, v. 26)<br />

ISBN 85-7738-038-6<br />

Marengo, J. A., Alves, L., Valverde, M., Rocha,<br />

R., Laborbe, R, <strong>2007</strong>: Eventos extremos em cenários<br />

regionalizados de clima no Brasil e América do Sul<br />

para o Século XXI: Projeções de clima futuro usando<br />

três modelos regionais. Relatório 5, MINISTÉRIO<br />

DO MEIO AMBIENTE - MMA, SECRETARIA<br />

DE BIODIVERSIDADE E FLORESTAS –<br />

SBF, DIRETORIA DE CONSERVAÇÃO DA<br />

BIODIVERSIDADE – DCBio Mudanças Climáticas<br />

Globais e Efeitos sobre a Biodiversidade - Sub<br />

projeto: Caracterização do clima atual e definição<br />

das alterações climáticas para o território brasileiro<br />

ao longo do Século XXI. Brasília, Fevereiro <strong>2007</strong><br />

Intergovernmental Panel on Climate Change<br />

IPCC. Climate Change 2001: The Scientific Basis-<br />

Contribution of Working Group 1 to the IPCC.<br />

Third Assessment Report. Cambridge Univ. Press.<br />

2001 a.<br />

Intergovernmental Panel on Climate Change IPCC.<br />

Climate Change 2001: Impacts, Adaptation and<br />

Vulnerability - Contribution of Working Group 2<br />

to the IPCC. Third Assessment Report. Cambridge<br />

Univ. Press. 2001 b.<br />

Intergovernmental Panel on Climate Change<br />

IPCC. Climate Change 2001: The Scientific<br />

Basis - Summary for Policymakers and Technical<br />

Summary of the Working Group I Report.<br />

Cambridge Univ. Press. 2001 c. 98 p.<br />

Intergovernmental Panel on Climate Change<br />

IPCC. Climate Change 2001: Impacts, Adaptation<br />

and Vulnerability - Summary for Policymakers<br />

and Technical Summary of the Working Group II<br />

Report. Cambridge Univ. Press. 2001 d, 86 pp.<br />

Intergovernmental Panel on Climate Change<br />

- IPCC. Climate Change <strong>2007</strong>: The Physical<br />

Science Basis, Summary for Policy Makers. IPCC,<br />

Genebra, <strong>2007</strong>.<br />

AGRADECIMENTOS<br />

Este documento é derivado principalmente<br />

do resultado do projeto Caracterização do clima<br />

atual e definição das alterações climáticas<br />

para o território brasileiro ao longo do século<br />

XXI, apoiado pelo Projeto de Conservação e<br />

Utilização Sustentável da Diversidade Biológica<br />

Brasileira – PROBIO, Com o apoio do MMA/BIRD/<br />

GEF/CNPq e pelo Global Opportunity Fund-<br />

GOF do Reino Unido, através do Projeto Using<br />

Regional Climate Change Scenarios for Studies<br />

on Vulnerability and Adaptation in Brazil and<br />

South America.<br />

28


Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

PROJEÇÕES DO CLIMA DA AMÉRICA DO SUL<br />

SEGUNDO O CENÁRIO “B1” DO IPCC ADOTANDO<br />

UM MODELO ACOPLADO OCEANO-ATMOSFERA-<br />

VEGETAÇÃO-GELO MARINHO<br />

Flávio Justino, Marcelo Cid de Amorim<br />

Universidade Federal de Viçosa, Departamento de Engenharia Agrícola, Av. P.H. Rolfs, S/N, Viçosa, MG<br />

CEP 36570-000, Fone: (<strong>31</strong>) 3899-1870 – FAX (<strong>31</strong>) 3891-2745.<br />

E-mails: fjustino@ufv.br, mcid@vicosa.ufv.br<br />

RESUMO<br />

A caracterização do clima a partir das previsões numéricas é inteiramente dependente das condições forçantes<br />

fornecidas aos modelos. Várias destas forçantes (cenários climáticos) foram estabelecidas pelo Painel Intergovernamental<br />

sobre as Mudanças Climáticas (IPCC). Neste estudo foram analisadas simulações climáticas<br />

acopladas a partir do cenário B1 do IPCC. Se comparado à média entre 1970 e 2000, os resultados apresentados<br />

mostram que a temperatura média anual na América do Sul para o período de 2070 a 2100 apresenta um padrão<br />

espacial variável, no qual a região central da América do Sul e a região Amazônica apresentam anomalias<br />

de temperatura em torno de 1 K e 0,6 K, respectivamente. Os resultados mostram ainda que a partir de 1880<br />

na América do Sul, existe uma pequena diminuição na área coberta por florestas passando estas áreas a uma<br />

predominância de gramíneas. Esta mudança na vegetação se extende até o ano de 2100.<br />

Palavras-chave: Mudanças Climáticas, IPCC, América do Sul, Modelagem Climática.<br />

ABSTRACT<br />

Earth’s climate based upon modeling simulations are tightly linked to the set up of boundary and initial<br />

conditions. Several driving forcings have been established by the Intergovernmental Panel on Climate Change<br />

(IPPC). In this study, coupled climate simulations carried out with the B1 scenario of the IPCC are analyzed.<br />

Compared with mean conditions averaged between 1970 and 2000, these results show that the annual mean<br />

surface temperature in South America for the period from 2070 to 2100 exhibits different spatial patterns. In<br />

the sense that the central region of the South America and the Amazon region, show temperature anomalies of<br />

up to 1 K e 0.6 K, respectively. The results indicate, furthermore, that accompanying the Industrial Revolution<br />

(ca.1880), there exist a small reduction in the area covered by forests in South America which is followed by a<br />

predominance of grass. This change in the vegetation patterns do not cease until the year 2100.<br />

Key words:Climate Changes, IPCC, South America, Climate Modeling.<br />

29


Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

1. INTRODUÇÃO<br />

Há tempos os povos têm percebido a estreita<br />

relação entre o homem e o clima devido a influência<br />

de variações climáticas no bem-estar social. Acreditase<br />

que o desaparecimento da civilização dos Maias,<br />

que ocorreu a cerca de 800 anos, está associado a<br />

variações bruscas de precipitação em escalas de<br />

décadas (Haug et al., 2001). Especula-se também<br />

que o aumento e a redução da população nas regiões<br />

montanhosas ao longo da Cordilheira dos Andes no<br />

Peru e Equador estão associadas a períodos secos e<br />

úmidos (Thompson e co-autores, 1995). O interesse<br />

em mudanças climáticas abruptas e graduais surge,<br />

então, com a detecção a partir de testemunhos de<br />

gelo que variações acentuadas na temperatura e<br />

precipitação foram marcantes no passado (Lowell et<br />

al., 1995).<br />

Nas últimas décadas, o interesse pelos estudos das<br />

mudanças climáticas têm crescido substancialmente,<br />

sobretudo devido à associação de tais impactos na<br />

atividade humana. Os eventos climáticos extremos<br />

vêm recebendo total atenção da sociedade devido<br />

às perdas de vida humana, bem como, ao aumento<br />

exponencial crescente dos custos associados a estes<br />

eventos (Karl e Easterling, 1999). Por exemplo,<br />

enchentes e desmoronamentos associados ao furacão<br />

Mitch, em 1998, resultaram em mais de 10.000 mortes<br />

na América Central. Em 1995, as perdas econômicas<br />

nos Estados Unidos, devido aos furacões, foram<br />

orçadas em mais de cinco bilhões de dólares (Pielke<br />

e Landsea, 1998). Todavia, estes prejuízos não são<br />

características únicas do Hemisfério Norte (HN).<br />

Em 2004, o litoral de Santa Catarina foi seriamente<br />

afetado pela presença do furacão Catarina (Pezza e<br />

Simmonds, 2004), causando prejuízos materiais e<br />

ceifando vidas humanas.<br />

Recentemente com a liberação do sumário do<br />

Painel Inter-governamental de Mudanças Climáticas<br />

(do inglês, Intergovernamental Panel on Climate<br />

Change - IPCC), torna-se evidente a necessidade<br />

de estudos visando o melhor entendimento das<br />

implicações do aumento dos gases de efeito estufa<br />

para o clima da terra. Embora exista um consenso<br />

considerável com respeito às projeções climáticas<br />

provenientes dos modelos numéricos, pouco se vem<br />

discutindo sobre os cenários econômicos (B1, A1T,<br />

B2, A1B e A2) que servem como condições iniciais<br />

e forçantes para estruturar as projeções do clima.<br />

Como estes cenários estabelecem diferentes padrões<br />

no consumo de materiais fósseis, como combustíveis,<br />

para o período compreendido entre 1990 e 2100,<br />

faz-se necessário que nossas análises e discussões<br />

também tomem como premissa fundamental o<br />

cenário econômico utilizado como condição inicial<br />

e forçante. Por exemplo, projeções da temperatura<br />

média global para 2100 baseada no cenário B1, é 2 K<br />

menor que as projeções feitas se escolhido o cenário<br />

A2, um cenário mais pessimista (IPCC, <strong>2007</strong>). Notese<br />

que as diferenças na escala regional podem ser<br />

ainda mais significativas.<br />

No Brasil, a maior parte das projeções do clima<br />

futuro, têm como base o desenvolvimento econômico<br />

mais catastrófico, os cenários da família A. Diante<br />

do exposto, o objetivo deste estudo é investigar as<br />

projeções do clima na América do Sul tendo como base<br />

o cenário B1, fazendo uso de um modelo acoplado<br />

de intermediária complexidade oceano-continenteatmosfera-vegetação-gelo<br />

marinho. A nosso ver este<br />

vem a ser o primeiro estudo feito no Brasil (já que<br />

não existe registro na literatura), com o uso de um<br />

modelo acoplado que envolve os cinco componentes<br />

do sistema climáticos: atmosfera, oceano, continente,<br />

vegetação e gelo marinho.<br />

2. OS CENÁRIOS ECONÔMICOS E OS<br />

EXPERIMENTOS NUMÉRICOS<br />

2.1 - Os Cenários Econômicos<br />

Reproduzir e/ou modelar impactos futuros da<br />

atividade humana no clima é um tarefa extremamente<br />

complexa. As emissões antropogênicas de gases<br />

causadores do efeito estufa são afetadas por uma<br />

miríade de diferentes, contudo relacionadas, variáveis.<br />

As condições iniciais dos modelo climáticos devem<br />

30


Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

incluir entradas socioeconômicas enfatizando, por<br />

exemplo, a taxa de crescimento populacional, o índice<br />

de desenvolvimento humano, o produto interno bruto<br />

e a escolha da forma de energia a ser usada. Estas<br />

condições iniciais são denominadas de “cenários” e<br />

serão descritas a abaixo.<br />

São notáveis o crescimento populacional e o consumo<br />

de carvão quando se assumi estas condições iniciais.<br />

Este cenário produz a maior forçante radiativa<br />

segundo o IPCC (<strong>2007</strong>).<br />

A)<br />

2.1.1 - Os cenários da família A<br />

O cenário “A1” retrata um mundo com uma<br />

taxa de crescimento econômica muito rápida, com<br />

crescimento baixo da população, e baseia-se na<br />

introdução acelerada de modernas e mais eficientes<br />

tecnologias. O cenário A2 descreve um mundo<br />

heterogêneo; o crescimento da população é elevado<br />

e o crescimento econômico e a mudança tecnológica<br />

são mais lentos do que no cenário A1. Dentro do “A1”<br />

há quatro subcategorias, a saber: A1B, A1C, A1G, e<br />

A1T. Estas subcategorias correspondem a diferentes<br />

formas no uso dos recursos naturais e ao emprego<br />

de diferentes tecnologias para a geração de energia:<br />

“A1C” é um cenário com emissões elevadas, baseadas<br />

na queima de carvão; “A1G” também apresenta<br />

emissões elevadas, porém baseadas no consumo de<br />

óleo e gás. Os demais A1B e A1T são mais moderados<br />

e se baseiam no uso de combustíveis não-fósseis.<br />

A Figura 1 mostra o crescimento populacional e o<br />

consumo de combustíveis segundo o cenário “A2”.<br />

B)<br />

Figura 1: a) Crescimento populacional, b) consumo de combustíveis<br />

segundo o cenário “A2”.<br />

Fonte: http://www.manicore.com.<br />

2.1.2 Os cenários da família B<br />

O cenário “B1” descreve um mundo com taxa<br />

de crescimento populacional mais moderada, uma<br />

rápida mudança para uma economia da informação<br />

e de serviço, atrelada a uma tecnologia mais<br />

limpa e, substancialmente, menos dependente dos<br />

recursos naturais não renováveis. O cenário “B2”<br />

descreve um mundo baseado em soluções locais<br />

aos problemas globais; o crescimento da população<br />

é moderado, existem níveis intermediários para o<br />

desenvolvimento econômico e há uma mudança<br />

tecnológica mais diversa do que nos cenários “A1” ou<br />

“B1”. A Figura 2 retrata o crescimento populacional<br />

e as mudanças no consumo de combustíveis segundo<br />

o cenário “B1”. Uma inspeção dessa figura torna<br />

evidente a redução no consumo de óleo e carvão,<br />

ao passo que fontes renováveis de energia passam a<br />

ser mais consumidas. O consumo de óleo e carvão<br />

praticamente cessa a partir de 2060.<br />

O IPCC, do ponto de vista técnico e cientifico, não<br />

acena, não valoriza ou faz menções e recomendações<br />

para qual cenário econômico seria adequado como<br />

condição inicial para projeções climáticas futuras.<br />

Assim, cabe ao pesquisador, subjetivamente,<br />

decidir que condições devem ser implementadas.<br />

Nossa investigação aqui apresentada tem como<br />

base o cenário “B1”. A etapa seguinte da pesquisa,<br />

em andamento, é reproduzir projeções a partir do<br />

cenário “A2”.<br />

<strong>31</strong>


Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

A)<br />

B)<br />

ao longo das isopicnais para capturar o impacto dos<br />

eddies de mesoescala no transporte. A resolução<br />

horizontal do modelo Clio é de aproximadamente<br />

3° de latitude e longitude com 20 níveis verticais<br />

desigualmente espaçados. LOVECLIM possui um<br />

módulo de vegetação dinâmica (VECODE) que<br />

evolui de acordo com as condições de superfície (por<br />

exemplo, temperatura e precipitação). Desta forma,<br />

é possivel investigar o comportamento da floresta<br />

amazônica e outros biomas sob diferentes condições<br />

climáticas. A partir de valores médios anuais de<br />

diversas variáveis climáticas, o modelo VECODE<br />

computa a evolução da vegetação descrita como<br />

uma distribuição fracionária de deserto, florestas,<br />

e da grama em cada ponto da grade. Informações<br />

adicionais sobre o modelo podem ser obtidas no sítio<br />

http://www.knmi.nl/onderzk/CKO/ecbilt-papers.<br />

html.<br />

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

Figura 2: a) Crescimento populacional, b) consumo de combustíveis<br />

segundo o cenário “B1”. Fonte: http://www.manicore.com.<br />

2.1.3. Descrição do Modelo acoplado Oceano-<br />

Atmosfera-Vegetação-Gelo Marinho–LOVECLIM<br />

O componente atmosférico do modelo acoplado<br />

LOVECLIM (LOch-Vecode-Ecbilt-CLio-agIsm Model),<br />

a saber ECBilt (Opsteegh et al.,1998), é um modelo<br />

de 3 camadas com um núcleo adiabático quasegeostrófico<br />

atrelado a parametrizações físicas para o<br />

ciclo hidrológico, e um código simplificado para a<br />

radiação. ECBilt é um modelo spectral que funciona<br />

em um truncamento T21 triangular, o que corresponde<br />

a uma resolução horizontal aproximada de 5,6° de<br />

latitude e longitude. O componente oceânico do<br />

LOVECLIM é o modelo Clio. Este último é baseado nas<br />

equações primitivas e emprega uma superfície livre<br />

com parametrizações termodinâmicas/dinâmicas para<br />

o componente do gelo marinho. Parametrizações para<br />

difusividade vertical são empregadas, o que constitui<br />

uma simplificação do Esquema de Turbulência<br />

de Mellor e Yamada (Mellor e Yamada, 1982). O<br />

modelo oceânico também inclui processos de difusão<br />

32<br />

Os resultados para o estudo aqui apresentado são<br />

mostrados a partir das comparações entre o clima<br />

simulado pelo modelo (LOVECLIM) entre os anos<br />

1970-2000 e as projeções estruturadas para o período<br />

2070-2100. Assim, foi conduzido um experimento<br />

numérico a partir do ano “1000” finalizando no ano<br />

“2500” – forçado a partir de condições iniciais de<br />

erupções vulcânicas como proposto por Crowley<br />

(2000) e considerando as variações orbitais propostas<br />

por Berger (1978). A evolução dos gases de efeito<br />

estufa é proveniente de reconstruções a partir de<br />

testemunhos de gelo (Goosse et al., 2005). Somandose<br />

a isso, a influência dos aerossóis de sulfato devido<br />

à atividade antropogenica é implementada durante o<br />

período 1850-2000 como uma modificação do albedo<br />

de superfície (Charlson et al., 1991). As mudanças no<br />

uso do solo foi aplicada de acordo com Ramankutty<br />

e Foley (1999). Este experimento é similar a rodada<br />

numérica conduzida por Goosse et al. (2005). A<br />

Figura 3a, mostra a evolução dos gases de efeito<br />

estufa CO 2<br />

, CH 4<br />

e N 2<br />

O no último milênio. Entre o<br />

período de 1880 até 2100 as concentrações destes<br />

gases seguem observações e a tendência proposta no<br />

cenário “B1” do IPCC. Note-se que a partir de 2100<br />

os mesmos foram matidos constantes.


Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

A) B)<br />

C) D)<br />

Figura 3: a) Evolução dos gases de efeito estufa [CO 2<br />

, CH 4<br />

e N 2<br />

O] no último milênio e suas projeções para 2100 segundo o cenário “B1” do<br />

IPCC. b) Evolução temporal da anomalia da temperatura [em K] média global na superfície, da temperatura média nos Hemisférios Norte e<br />

Sul , e sobre a Amazônia. c) e d) mostram a distribuição espacial das anomalias anuais de temperatura [em K] e precipitação [expressa em<br />

cm/ano], no período de 2070 a 2100 e no período de 1970 a 2000. A linha preta na Figura 3d separa os valores positivos dos negativos<br />

das anomalias.<br />

O aumento da concentração de CO 2<br />

, CH 4<br />

e N 2<br />

O na<br />

atmosfera é evidente a partir da revolução industrial,<br />

ou seja, por volta do ano 1880 (Figura 3a). De forma<br />

análoga, a Figura 3b, mostra a elevação na temperatura<br />

média global, no HN e no Hemisfério Sul (HS), e na<br />

Amazônia. É importante observar que a temperatura<br />

média areal no HS passa por um ajuste mais lento<br />

que as demais após a estabilização do CO 2<br />

em 2100.<br />

Isto se deve a substancial massa oceânica austral.<br />

Embora o modelo climático empregado seja de uma<br />

complexidade intermediária, quando comparado ao<br />

estado da arte dos AOGCMs empregados no IPCC,<br />

sua projeção de temperatura para 2100 está dentro<br />

da faixa dos resultados do IPCC. Nossos resultados,<br />

propõem um aquecimento em torno de 1 K para<br />

as temperaturas média global e do HN. Para o HS<br />

e a região Amazônica estes valores são um pouco<br />

menores, da ordem de 0,6 K e 0,5 K, respectivamente.<br />

33


Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

Deve-se notar que o modelo foi capaz de reproduzir<br />

a queda de temperatura global, e do HN ocorrida na<br />

“pequena idade do gelo” no período entre 1650-1750<br />

(Figura 3b).<br />

A)<br />

A distribuição espacial das anomalias de<br />

temperatura é mostrada na Figura 3c. Com excessão<br />

da região extratropical onde anomalias de temperatura<br />

superiores a 1,5 K são evidentes, as demais regiões da<br />

América do Sul são dominadas por valores menores<br />

que 1 K. No continente, o maior aquecimento é<br />

projetado para região centro-sul do Brasil e sul da<br />

Argentina (de até 1 K), anomalias menores que 0,5 K<br />

são estimadas para as demais áreas.<br />

De acordo com o IPCC (<strong>2007</strong>), as projeções para<br />

as precipitações entre os modelos exibem um alto grau<br />

de dispersão, o que leva a resultados com conclusões<br />

discutíveis. Por exemplo, para uma mesma região,<br />

alguns modelos predizem um aumento significativo na<br />

quantidade das chuvas, enquanto outros propõem um<br />

quadro completamente antagônico, ou seja, condições<br />

mais áridas. Isto leva a dificuldades na interpretação<br />

dos resultados dos modelos. Nosso estudo mostra um<br />

aumento de precipitação na região norte, nordeste e<br />

central da América do Sul, o que inclui a parte norte<br />

da Amazônia. Estes resultados, todavia, devem ser<br />

vistos com cautela devido as limitações do modelo<br />

que emprega uma dinâmica quase-geostrófica e<br />

possui baixa resolução espacial e vertical. Justino et<br />

al. (2004) mostram que apesar da limitação teórica,<br />

devido a quase-geostrofia, a resposta atmosférica<br />

associada a mudanças na temperatura da superfície do<br />

mar nos trópicos é qualitativamente bem capturada.<br />

Estas mudanças da estrutura termal da atmosfera<br />

e do balanço hidrológico, também são reproduzidas<br />

pela cobertura vegetal (Figura 4a). A partir da<br />

revolução industrial existe uma redução gradual na<br />

área coberta por árvores de grande porte na região<br />

compreendida entre 15°N e 20°S, passando a ter uma<br />

predominância de gramíneas. Vale lembrar que esta<br />

modificação se dá praticamente na fronteira sul da<br />

região amazônica, não havendo mudanças sensíveis<br />

nas demais regiões. A partir de 2100 o modelo mostra<br />

um estado que pode ser caracterizado como uma<br />

situação de equilibrio para os dois biomas.<br />

B)<br />

Figura 4: a) Evolução temporal da fração da área coberta por floresta<br />

e gramínias na região compreendida entre 15°N e 20°S, b) Área e<br />

volume do gelo marinho no HS.<br />

Um outro elemento determinante para dinâmica no<br />

clima do planeta é o gelo marinho. A Figura 4b mostra<br />

que o aumento dos gases de efeito estufa trás como<br />

conseqüência uma diminuição na área e no volume<br />

do gelo no HS, em particular após 2100. Isto se deve<br />

a um substancial aquecimento na área compreendida<br />

entre 70 °S e o pólo sul (não mostrado). Um estudo<br />

que está em fase de desenvolvimento avaliará as<br />

respostas do impacto no gelo marinho associadas as<br />

forçantes antropogênicas.<br />

34


Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />

Baseado em experimentos numéricos conduzidos<br />

com um modelo acoplado de intermediária<br />

complexidade, LOVECLIM, foi demonstrado que<br />

variações na composição atmosférica devido as<br />

erupções vulcânicas, ao aumento dos gases de efeito<br />

estufa e mudanças no uso do solo, estão associadas a<br />

severas mudanças na estrutura térmica da atmosfera<br />

e na precipitação. Os resultados mostram que a partir<br />

de 1880 na América do Sul, existe uma pequena<br />

diminuição na área coberta por florestas, passando<br />

estas áreas a uma maior predominância de gramíneas.<br />

Isto se deve em parte ao aquecimento simulado neste<br />

período. Para a região central da América do Sul e a<br />

região Amazônica, este aquecimento é em torno de<br />

1 K e 0,6 K, respectivamente em 2100 (Figura 3c).<br />

Após 2100 com a fixação nos níveis de CO 2<br />

, CH 4<br />

e N 2<br />

O, os biomas parecem encontrar o equilibrio<br />

dinâmico. Obviamente, as análises precisam ser mais<br />

aprofundadas no sentido que a vegetação não responde<br />

de uma forma linear as variações climáticas.<br />

Os resultados têm como base o cenário “B1” do<br />

IPCC, que apresenta uma evolução da composição<br />

atmosférica mais branda se comparado aos demais<br />

cenários. Isto nos leva a concluir que todas as<br />

discussões envolvendo futuras mudanças climáticas<br />

devem ser tomadas com ressalvas e discutidas com<br />

base nas condições iniciais forçantes.<br />

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

Berger, A. L. Long-term variations of daily<br />

insolation and quaternary climatic changes. J. Atm.<br />

Sci.., 35:2363– 2367, 1978.<br />

Charlson, R. J., et al. Perturbation of the Northern<br />

Hemisphere radiative balance by backscattering<br />

from anthropogenic sulfate aerosols, Tellus, Ser. AB,<br />

43:152– 163, 1991.<br />

Crowley, T. J. Causes of climate change over the<br />

past 1000 years. Science, 289:270–277, 2000.<br />

Haug, G.; Hughen, K.; Sigman, D.; Peterson, L.;<br />

Röhl, E U. Southward migration of the intertropical<br />

convergence zone through the Holocene. Science,<br />

1304–1308, 2001.<br />

Goosse, H. et al. Modelling the climate of the last<br />

millennium: What causes the differences between<br />

simulations? Geophys. Res. Lett., 32, L06710,<br />

doi:10.1029/2005GL022368, 2005.<br />

IPCC - Climate Change <strong>2007</strong>: The Physical<br />

Science Basis. Summary for Policymakers. http://<br />

www.ipcc.ch. (portal consultado em 10 de março de<br />

<strong>2007</strong>).<br />

Justino, F., Timmermann, A. Souza, E. E Merkel,<br />

U. Baroclinic reorganization of atmospheric flow<br />

during the Last Glacial Maximum. J. Climate., v.18,<br />

p.2826 - 2846, 2005.<br />

Karl, T. R., D. R. Easterling. Climate extremes:<br />

Selected review and future research directions.<br />

Climatic Change, 42, 309–325, 1999.<br />

Lowell et al. Inter-hemispheric correlation of late<br />

Pleistocene glacial events. Science, 269, 1541–1549,<br />

1995.<br />

Pezza, A. B., E Simmonds, I. The first South<br />

Atlantic hurricane: Unprecedented blocking, low<br />

shear and climate change. Geophysical Res. Letters,<br />

32, doi:10.1029/2005GL023390, 2004.<br />

Pielke JR., R. E Landsea, C. Normalized Atlantic<br />

hurricane damage: 1925–1995. Wea. Forecasting,<br />

12, 621–6<strong>31</strong>, 1998.<br />

Ramankutty, N. E Foley, J. A. Estimating historical<br />

changes in global land cover: Croplands from 1700<br />

to 1992. Global Biogeochem Cycles, 13:997– 1027,<br />

1999.<br />

Thompson et al.. Late Glacial Stage e Holocene<br />

Tropical Ice Core Records from Huascaran, Peru.<br />

Science, 269, 46–50, 1995.<br />

35


Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

O DESAFIO DAS ENERGIAS RENOVÁVEIS E SUAS<br />

IMPLICAÇÕES AMBIENTAIS<br />

Enio Bueno Pereira<br />

Instituto Nacional de Pesquisas espaciais - INPE<br />

Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos – CPTEC<br />

Divisão de Clima e Meio Ambiente - DMA<br />

E-mail: eniobp@cptec.inpe.br<br />

O Brasil é uma economia emergente e, como outros<br />

países nessa categoria, busca o seu desenvolvimento<br />

social e econômico. No seu segundo mandato,<br />

o Presidente Lula anunciou a nova meta 5% de<br />

crescimento econômico do país projetada no seu<br />

Plano de Aceleração do Crescimento (PAC <strong>2007</strong>-<br />

2010). É sabido que o estágio de desenvolvimento<br />

de uma nação está fortemente relacionado com a<br />

sua demanda por energia (Goldemberg e Villanueva,<br />

2003). Assim, por exemplo, enquanto o homem<br />

primitivo, há mais de 2000 anos, tinha um consumo<br />

per capita de energia estimado em 12 mil kcal dia -1 , o<br />

homem moderno, ou tecnológico como é por alguns<br />

chamado, consome, em média, 230 mil kcal dia -1 , um<br />

salto gigantesco de 2000%. Na realidade, esse salto<br />

foi praticamente todo ele ocorrido no curto intervalo<br />

de tempo entre o início da revolução industrial, no<br />

Século XIX, e hoje, o que torna esse pulo na demanda<br />

por energia ainda mais descomedido. Qual o impacto<br />

que esse crescimento exerce sobre o nosso meio<br />

ambiente? Já temos fortes indicativos quanto a isso,<br />

conforme demonstra o último relatório do Painel<br />

Inter-Governamental para mudanças Climáticas (do<br />

inglês, Intergovernamental Panel on Climate Change<br />

- IPCC), divulgado em fevereiro de <strong>2007</strong>. Inicialmente<br />

toda essa demanda por fontes de energia recaiu nas<br />

formas mais facilmente disponível de energia com<br />

elevada densidade energética 1 , o carvão natural e,<br />

logo após o petróleo, ambos combustíveis fósseis e,<br />

portanto, capazes de liberar dióxido de carbono (CO 2<br />

)<br />

para a atmosfera a uma taxa muito maior do que o<br />

ambiente terrestre (atmosfera, hidrosfera, litosfera e<br />

biosfera) é capaz de armazenar.<br />

A concentração de CO 2<br />

vem aumentando<br />

gradativamente como mostra a Figura 1, gerada com<br />

dados do laboratório do vulcão Mauna Loa, no Havaí,<br />

obtidos da Administração Nacional de Oceanos e<br />

Atmosfera (NOAA).<br />

Figura 1: Crescimento (círculos vazados) e taxa de crescimento<br />

anual (linhas contínuas) da concentração de gás carbônico na<br />

atmosfera, medidos na estação da NOAA, no Havaí.<br />

Fonte: NOAA (<strong>2007</strong>).<br />

Além do CO 2<br />

, outros gases provenientes do<br />

consumo de combustíveis fósseis derivados do<br />

petróleo têm impactos significantes na qualidade do<br />

meio ambiente. O ar poluído das grandes cidades é,<br />

talvez, o exemplo mais visível do uso dos combustíveis<br />

fósseis.<br />

A preocupação com o aumento dos gases do efeito<br />

estufa desencadeou movimentos de Órgãos Não-<br />

Governamentais (ONG´s) e negociações em painéis<br />

internacionais, como aquela que resultou no Protocolo<br />

de Quioto, em vigência desde fevereiro de 2005, com<br />

a adesão de 166 países (http://pt.wikipedia.org/<br />

36


Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

wiki/Lista_dos_países_membros_do_Protocolo_<br />

de_Quioto). Através desse tratado se propõe um<br />

calendário pelo qual os países desenvolvidos têm a<br />

obrigação de reduzir a quantidade de gases poluentes<br />

em, pelo menos, 5,2% até 2012, em relação aos níveis<br />

de 1990. Os países signatários terão que colocar em<br />

prática planos para reduzir a emissão desses gases<br />

entre 2008 e 2012. No entanto, um dos maiores<br />

protagonistas no cenário de emissões de gases do<br />

efeito estufa, os Estados Unidos da América (EUA),<br />

responsáveis por mais de 24% das emissões totais<br />

de CO 2<br />

para a atmosfera, parecem não ter a intenção<br />

de assinar esse tratado. Nesse país, os combustíveis<br />

consumidos por automóveis e caminhões são<br />

responsáveis pela emissão de 67% do monóxido<br />

de carbono (CO), 41% dos óxidos de nitrogênio<br />

(NOX), 51% dos gases orgânicos reativos, 23% dos<br />

materiais particulados, 5% do dióxido<br />

de enxofre (SO 2<br />

) e por quase 30% das<br />

emissões de CO 2<br />

(Lima, 2004).<br />

países tropicais, que detém os maiores mananciais de<br />

recursos renováveis (solar, biomassa e hídrico).<br />

1. ENERGIA E DESENVOLVIMENTO<br />

A Tabela 1 mostra comparativamente as taxas<br />

de emissões de CO 2<br />

para a atmosfera decorrente da<br />

produção de energia por vários países, comparadas<br />

com as do Brasil. O Brasil ostenta os menores<br />

valores de emissão, em todas as unidades medidas.<br />

Países altamente industrializados, como os EUA e<br />

o Japão mostram taxas de emissão por habitante até<br />

dez vezes maiores que as do Brasil. O Japão é o país<br />

que apresenta a maior taxa de emissão por unidade de<br />

área, destacando a enorme demanda energética desse<br />

país.<br />

Tabela 1: Emissões de CO 2<br />

devidas à produção de energia primária.<br />

Emissões de CO 2<br />

Brasil EUA Japão A. Latina Mundo<br />

O fato que causa maior desconforto<br />

a nós brasileiros é que a parte principal<br />

da conta a ser paga pelos atuais níveis<br />

dos gases do efeito estufa na atmosfera,<br />

estará agora sendo cobrada dos países<br />

em desenvolvimento, já que estes<br />

são os que deverão provocar o maior<br />

crescimento da demanda energética nos<br />

próximos anos, caso os mecanismos<br />

propostos pelo Protocolo de Quioto<br />

não se consolidem globalmente.<br />

TCO 2<br />

/hab. 1,77 19,6 9,47 1,98 3.89<br />

TCO 2<br />

/toe de SIE 1,62 2,47 2,33 1,97 2,32<br />

TCO 2<br />

/10 9 US$ do PIB 0,27 0,60 0,40 0,30 0,60<br />

TCO 2<br />

/km 2 superfície 36,3 614 <strong>31</strong>98 46 119<br />

As siglas SIE e PIB significam Suprimento Interno de Energia e Produto Interno Bruto,<br />

respectivamente.<br />

Fonte: BEN (2004).<br />

A busca por fontes renováveis de energia se<br />

tornou palavra de ordem mundialmente, sobretudo<br />

após a divulgação do Quarto Relatório do IPCC<br />

(http://ipcc-wg1.ucar.edu/). Isso deverá repercutir<br />

fortemente sobre os países em desenvolvimento, não<br />

somente sob o ponto de vista dos impactos diretos<br />

e indiretos causados pelas mudanças climáticas em<br />

si, mas também devido às implicações geopolíticas.<br />

Vasconsellos e Vidal (1998), em seu livro “Poder dos<br />

Trópicos” já alertavam para a mudança do paradigma<br />

energético com o possível deslocamento dos principais<br />

centros produtores de recursos energéticos do oriente<br />

médio, como principal produtor do petróleo, para os<br />

É instrutivo verificar a evolução temporal da razão<br />

entre oferta (consumo) interna de energia e o PIB,<br />

já que essa razão é um importante sócio-indicador.<br />

A Figura 2 mostra essa razão para dois grupos<br />

de países, um grupo representando as economias<br />

emergentes e outro de países desenvolvidos. O Brasil<br />

apresenta um consumo interno de energia per capita 2<br />

de 52 GJ/hab, abaixo da média mundial (67 GJ/hab),<br />

e muito abaixo do que aquele apresentada pelos<br />

países desenvolvidos como os EUA (361GJ/hab). Em<br />

contrapartida, as razões entre os consumos de energia<br />

e os PIBs, também conhecidas como Intensidades<br />

Elétricas para os países desenvolvidos são maiores<br />

37


Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

do que aquelas mostradas para o grupo dos países em<br />

desenvolvimento, ilustrados na Figura 2 pela Rússia,<br />

China, Índia e Brasil. Isso revela que cada incremento<br />

unitário no PIB desses países irá demandar uma oferta<br />

interna de energia maior do que no grupo dos países<br />

desenvolvidos.<br />

O Brasil juntamente com os outros países<br />

em desenvolvimento, como a Índia e a China,<br />

caracteriza-se por valores relativamente elevados<br />

para esse indicador sócio-econômico e é conhecido<br />

com eletrointensivo, o que quer dizer que está<br />

incluído entre os que irão demandar, no futuro,<br />

investimentos maiores no setor de energia. Assim, o<br />

foco das preocupações mundiais sobre cenários de<br />

emissões de gases do efeito estufa tem recaído em<br />

boa parte sobre os países em desenvolvimento já<br />

que, segundo o raciocínio acima, estes apresentam<br />

uma ameaça adicional caso adotem o mesmo modelo<br />

de desenvolvimento empregado no passado pelos<br />

países desenvolvidos, baseado nas reservas fósseis<br />

de hidrocarbonetos.<br />

recursos hídricos, mas também por algumas decisões<br />

governamentais acertadas no passado, como a criação<br />

do Proálcool, por exemplo. A Tabela 2 mostra quais<br />

as principais fontes de energia primária do país<br />

em valores de toneladas equivalentes de petróleo.<br />

O petróleo e seus derivados continuam sendo as<br />

principais fontes de energia nesse país, com uma<br />

parcela superior a 38% do total de energia.<br />

Tabela 2: Estrutura da oferta de energia primária no Brasil em 10 6<br />

toneladas equivalentes de petróleo (TOE).<br />

FONTES<br />

X 10 6 TOE<br />

NÃO RENOVÁVEIS 120.953<br />

PETRÓLEO E DERIVADOS 84.020<br />

GÁS NATURAL 20.393<br />

CARVÃO MINERAL 13.940<br />

URÂNIO 2.600<br />

RENOVÁVEIS 97.695<br />

HIDROELETRICIDADE 32.691<br />

LENHA E CARVÃO VEGETAL 28.560<br />

ÁLCOOL 30.441<br />

Figura 2: Consumo per capita em Joules (colunas) e<br />

Intensidade Elétrica em Joules/dólar (linha sólida).<br />

Fonte: International Energy Annual (2004).<br />

2. MATRIZES ENERGÉTICAS<br />

Praticamente metade da oferta de energia interna<br />

primária 3 no Brasil é oriunda de recursos renováveis.<br />

Isso foi possível por características climáticoambientais<br />

que nos conferem uma abundância de<br />

OUTROS (EÓLICO, SOLAR, ETC.) 6.002<br />

Fonte: Relatório SWERA (<strong>2007</strong>).<br />

TOTAL 218.648<br />

Para a geração de energia elétrica, as renováveis<br />

atingem cerca de 88% da oferta interna, contra os<br />

19% em média para o restante do mundo. A energia<br />

hidráulica representa a maior parte dessa oferta. A<br />

Figura 3 mostra como se distribui as diversas fontes<br />

de energia no Brasil e no mundo.<br />

38


Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

3. CENÁRIOS DAS ENERGIAS SOLAR, EÓLICA E<br />

BIODIESEL<br />

Energia eólica<br />

Figura 3: Matrizes de energia elétrica do Brasil e do resto do<br />

mundo.<br />

Fonte: BEN (2004).<br />

A evolução do uso dos recursos renováveis no<br />

Brasil é bastante variável, como pode se notar na<br />

Figura 4. A despeito de sermos um dos países com<br />

a maior parcela de recursos renováveis na sua matriz<br />

energética, a evolução temporal desse padrão tem<br />

mostrado um ligeiro declínio desde a década de<br />

70. Comparando com a evolução havida nos países<br />

mais desenvolvidos da OECD 4 , o Brasil sofreu uma<br />

redução na fração de renováveis de cerca de <strong>31</strong>%,<br />

enquanto os países da OECD aumentaram sua<br />

dependência nos renováveis em mais de 23%. Isso<br />

significa que nosso crescimento econômico tem sido<br />

baseado principalmente na intensificação do emprego<br />

das fontes não renováveis de energia, como o gás<br />

natural e a nuclear.<br />

O Brasil apresenta diversas opções energéticas<br />

para impulsionar seu desenvolvimento, entre elas<br />

está a energia eólica. Segundo o Atlas do Potencial<br />

Eólico Brasileiro (Camargo et al., 2002), mais de<br />

71.000 km 2 do território nacional possui velocidades<br />

de vento ao nível de 50 m, que é a altura típica dos<br />

aerogeradores 5 , superior a 7 ms -1 , o que propicia<br />

um potencial eólico da ordem de 272 TWh ano -1<br />

de energia elétrica. Essa é uma cifra bastante<br />

significativa considerando que o consumo nacional<br />

de energia elétrica é de 424 TWh ano -1 . A maior<br />

parte desse potencial está na costa dos estados<br />

nordestinos, como conseqüência dos ventos alísios<br />

(Amarante et al., 2002). Além disso, o vento que<br />

sopra no Brasil possui característica excelente para<br />

a geração de energia, medida através de parâmetros<br />

estatísticos relacionados a sua estabilidade. A Figura<br />

5a ilustra a distribuição das velocidades do vento a<br />

50 m, para a região Nordeste. A Figura 5b mostra a<br />

distribuição do parâmetro de forma k da Distribuição<br />

de Weibull, que está relacionado à estabilidade do<br />

vento. Normalmente, valores de k acima de três são<br />

considerados excelentes para efeitos de geração de<br />

energia eólica.<br />

a) b)<br />

Figura 4: Variação temporal das frações de oferta de energia<br />

primária no Brasil.<br />

Fonte: Relatório SWERA (<strong>2007</strong>).<br />

Figura 5: a) Velocidades médias anual dos ventos a 50m; b) fatores<br />

de escala k, obtidos pelo Modelo Eta rodado no CPTEC/INPE,<br />

configurado para resolução de 10 km, com 38 camadas verticais e<br />

adaptado para entrada de dados topográficos e de cobertura vegetal<br />

em grade de 1 km e condições iniciais de reanalise do National<br />

Centers for Environmental Prediction (NCEP) atualizadas a cada 6<br />

horas.<br />

Fonte: Projeto SONDA, desenvolvido no CPTEC/INPE (http://<br />

www.cptec.inpe.br/sonda/).<br />

39


Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

Estudos encomendados por<br />

concessionárias de energia dos estados<br />

do Nordeste e do sul brasileiro (Amarante<br />

et al., 2001), mostram que nos períodos<br />

em que os reservatórios normalmente<br />

atingem os níveis mais críticos, entre<br />

julho e outubro, são os que apresentam<br />

as maiores potenciais eólicos. Essa<br />

complementaridade é particularmente<br />

importante no mercado de energia, pois,<br />

propicia uma garantia de estabilização do<br />

preço e do fornecimento da energia pela<br />

diversificação da matriz de geração.<br />

O governo, ciente desse fato, lançou<br />

em dezembro de 2006 a primeira fase do<br />

programa conhecido como PROINFA, de<br />

incentivo as energias de origem eólica,<br />

de biomassa e de pequenas centrais<br />

hidroelétricas. Nessa primeira fase, 1400<br />

MW em projetos da iniciativa privada<br />

de geração eólica já foram previamente<br />

selecionados pela ELETROBRÁS para<br />

implantação, com garantia de compra<br />

da energia gerada por 20 anos apreços<br />

competitivos de mercado. Embora o programa já<br />

tenha incrementado a capacidade de geração eólica<br />

nacional em cerca de dez vezes (de 29MW para 208<br />

MW), o alvo de 1400 MW está encontrando alguns<br />

obstáculos comerciais para ser atingido no prazo<br />

esperado.<br />

40<br />

Energia Solar<br />

A despeito do enorme potencial energético solar<br />

do Brasil, com níveis de insolação entre 4 a 7 kWh/<br />

m 2 /dia contra 2,5 a 3,7 kWh m 2 dia -1 na Alemanha,<br />

um dos países que mais tem investido em projetos<br />

e programas governamentais de inserção da energia<br />

solar na sua matriz de energia. A Figura 6 mostra as<br />

medias anuais por estação do ano da radiação solar<br />

global incidente sobre o território brasileiro obtidas<br />

do Atlas de Energia Solar do Brasil, realizado pelo<br />

INPE em <strong>2007</strong>, com base no Modelo de Transferência<br />

Radiativa BRASIL-SR, alimentado com 10 anos de<br />

dados de satélite fornecidos pela Divisão de Satélites<br />

Ambientais (DSA) do CPTEC.<br />

Figura 6: Radiação solar global incidente na superfície com base em 10 anos de<br />

dados de satélites da série GOES.<br />

Fonte: Pereira et al. (<strong>2007</strong>).<br />

O potencial solar nacional é enorme. Para se ter<br />

uma idéia, a energia solar que poderia ser gerada por<br />

uma área equivalente a área inundada do reservatório<br />

da Usina de Balbina, com 2360 km 2 , localizada no<br />

estado do Amazonas, seria suficiente para suprir toda<br />

a demanda anual de energia elétrica nacional com<br />

enorme excedente. A Figura 7 ilustra uma projeção<br />

de produção de energia fotovoltaica 6 pelas áreas<br />

equivalentes de inundação dos principais reservatórios<br />

de produção de hidroeletricidade nacionais.<br />

Figura 7: Produção equivalente de energia solar fotovoltaica pelas<br />

áreas inundadas dos principais reservatórios de produção de<br />

hidroeletricidade.


Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

A energia fotovoltaica, ainda é pouco competitiva<br />

comercialmente, já que seu custo final ao consumidor<br />

é cerca de 10 vezes superior ao da energia convencional<br />

hidroelétrica. Mas em regiões não supridas pela rede<br />

nacional de distribuição elétrica (Figura 8), gerenciada<br />

pelo Operador Nacional do Sistema (ONS), que inclui<br />

a maior parte da região norte do país, essa opção<br />

torna-se economicamente viável, seja como fonte<br />

primária de energia em sistemas isolados (pequenas<br />

comunidades, escolas, hospitais e residências), seja<br />

com forma de geração elétrica híbrida em conjunto<br />

com geradores diesel, com conseqüente economia<br />

de combustível e redução nas emissões de gases do<br />

efeito-estufa.<br />

No que concerne as ações governamentais de<br />

incentivo a expansão da geração elétrica de origem<br />

solar, ainda não existe atualmente um endereçamento<br />

direto. Contudo, o programa do governo conhecido<br />

como “Luz Para Todos” e gerenciado pela<br />

ELETROBRÁS deverá permitir, de forma indireta,<br />

essa expansão. Segundo o último censo, 5,5%<br />

da população brasileira ainda não tem acesso à<br />

eletricidade, a maior parte na região rural e menos<br />

desenvolvidas economicamente. Ademais, cerca de<br />

17% das famílias brasileiras com renda abaixo de um<br />

salário mínimo não estão servidas pela rede nacional<br />

de distribuição de eletricidade. O papel do Programa<br />

“Luz Para Todos” é viabilizar o acesso à energia<br />

elétrica a toda a população brasileira. Exatamente<br />

nessas regiões mais remotas e distantes da rede<br />

nacional de distribuição elétrica é que a energia de<br />

origem solar, de forma isolada ou híbrida, torna-se<br />

economicamente viável.<br />

Figura 8: Sistema nacional interligado de distribuição de energia elétrica.<br />

Fonte: Agência Nacional de Energia Elétrica, MME (2004). http://mme.gov.br<br />

Já a energia solar térmica 7 , geralmente empregada<br />

para aquecimento de residências e outras edificações, é<br />

uma realidade econômica em crescimento modesto no<br />

país. No Brasil, o aquecimento da água nas residências,<br />

hotéis, hospitais, piscinas e outras instalações onde<br />

água aquecida é necessária, é realizado por gás natural<br />

ou, pior ainda, por aquecedores elétricos. Ambos, de<br />

forma direta ou indireta, são potenciais contribuintes<br />

para a emissão de CO 2<br />

. Os chuveiros elétricos, por<br />

exemplo, embora possuam um custo unitário muito<br />

baixo e acessível a toda população nacional de baixa<br />

renda, podem representar a metade dos gastos na<br />

41


Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

conta de eletricidade dessas famílias. No entanto,<br />

um sistema compacto residencial de aquecimento de<br />

água, embora possua um custo inicial elevado, pode<br />

ser amortizado rapidamente pela economia mensal<br />

de eletricidade que propicia. Mas ainda existe grande<br />

resistência cultural para a adoção em massa desses<br />

sistemas pela população, seja por desconhecimento,<br />

seja por desconfiança.<br />

A Figura 9, obtida a partir dos dados de irradiação<br />

do Atlas Brasileiro de Energia Solar, dados de<br />

temperatura do ar e dados sócio-econômicos (Pereira<br />

et al., <strong>2007</strong>; http://www.ibge.gov.br/home/), permite<br />

delimitar as regiões brasileiras onde a combinação<br />

dessas variáveis propiciam o mais rápido retorno<br />

do investimento inicial na instalação de um sistema<br />

compacto de aquecimento de água solar para uma<br />

família brasileira de quatro pessoas. Nota-se que uma<br />

enorme porção do território nacional, particularmente<br />

nas regiões Sudeste e Sul, onde se concentra a parcela<br />

de maior poder aquisitivo e as maiores densidades<br />

populacionais, o retorno do investimento é da ordem<br />

de três anos. Isso representa um enorme mercado<br />

para essa tecnologia limpa, ainda pouco explorado.<br />

O ganho em termos de redução das emissões do CO 2<br />

pela substituição completa dos chuveiros elétricos<br />

nessas regiões ainda não foi calculado, mas deve ser<br />

significativo.<br />

Figura 9: Tempo de retorno do investimento (PB – payback time) de<br />

um sistema coletor termo-solar compacto em anos.<br />

Fonte: SWERA (<strong>2007</strong>).<br />

42<br />

Biodiesel<br />

O Brasil é um dos países no mundo que mais se<br />

destaca no uso de biocombustíveis. O ponto inicial foi<br />

em 1970 quando se implantou o Programa Nacional<br />

do Álcool (PROALCOOL). Este Programa surgiu<br />

em meio às crises do petróleo daquela década, e teve<br />

como objetivos garantir o suprimento de combustíveis<br />

para o país, substituir a gasolina por um combustível<br />

renovável e encorajar o desenvolvimento tecnológico<br />

da indústria de cana-de-açúcar e do álcool. Neste<br />

trabalho, não será abordado o uso do álcool combustível<br />

já que existe um grande número de publicações sobre<br />

esse tema, seja nos seus aspectos tecnológicos como<br />

nos seus impactos ambientais (Vasconsellos e Vidal,<br />

1998; Goldemberg e Villanueva, 2003). O enfoque<br />

será dado ao biodiesel, já que se trata de um assunto<br />

ainda relativamente novo no contexto de sua inserção<br />

na matriz energética do pais.<br />

O biodiesel é um combustível que recebeu essa<br />

denominação genérica devido a sua produção ser<br />

derivada de fontes biológicas renováveis tais como<br />

óleos vegetais (dendê, babaçu, soja, palma, mamona,<br />

entre outros) e gordura animal. É biodegradável e<br />

não tóxico, tem perfil de baixa emissão de poluentes,<br />

tornando-o ambientalmente benéfico (Ma e Hanna,<br />

1999). As pesquisas com o biodiesel no Brasil<br />

tiveram seu início no ano de 1980 com os trabalhos do<br />

Professor Expedito Parente, da Universidade Federal<br />

do Ceará, que é autor da primeira patente mundial de<br />

biodiesel e de querosene vegetal de aviação.<br />

Em termos de Brasil, o biodiesel pode se tornar<br />

um importante produto para exportação e para a<br />

independência energética nacional, associada à<br />

geração de emprego e renda nas regiões mais carentes<br />

do País (Lima, 2004). Em julho de 2003 o governo<br />

federal instituiu um Grupo de Trabalho Interministerial<br />

encarregado de realizar um estudo sobre a viabilidade<br />

do uso de biodiesel como fonte energética alternativa.<br />

Este grupo gerou um relatório que serviu como base<br />

para o governo estabelecer o Programa Nacional de<br />

Produção e Uso do Biodiesel (PNPB) como ação<br />

estratégica e prioritária para o Brasil. O Programa tem<br />

como objetivo a implementação, de forma sustentável,


Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

tanto técnica, como economicamente, a produção e<br />

uso do biodiesel, com enfoque na inclusão social e no<br />

desenvolvimento regional, via geração de emprego e<br />

renda. Com o programa estabelecido foi promulgada<br />

uma lei em janeiro de 2005, que até 2008, obriga a<br />

adição percentual mínima de 2% de biodiesel ao óleo<br />

diesel comercializado ao consumidor; este percentual<br />

será aumentado para 5% até 2013.<br />

Para atender os percentuais de mistura do biodiesel<br />

ao óleo diesel o PNPB estima que será necessário uma<br />

ampliação na área destinada ao plantio de oleaginosas.<br />

Para a mistura de 2% de biodiesel ao diesel de<br />

petróleo serão necessários cerca de 1,5 milhão de<br />

hectares, o que equivale a 1% dos 150 milhões de<br />

hectares plantados e disponíveis para agricultura no<br />

Brasil. Este número não inclui as regiões ocupadas<br />

por pastagens e florestas.<br />

Alguns fatos aconteceram para revitalizar o<br />

biodiesel no Brasil, entre eles, a busca do governo em<br />

reduzir a importação do óleo diesel, com os preços<br />

em elevação no mercado internacional. Uma atitude<br />

do governo foi a criação do Programa Brasileiro<br />

de Desenvolvimento Tecnológico do Biodiesel<br />

(PROBIODIESEL) em outubro de 2002, por meio<br />

do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT),<br />

que tem como principais objetivos desenvolver<br />

tecnologias de produção e estabelecer uma Rede<br />

Brasileira de Biodiesel que congregue e harmonize<br />

o desenvolvimento desse combustível. Um outro<br />

Programa, lançado por meio do Ministério de Minas<br />

e Energia, é o Programa Combustível Verde –<br />

Biodiesel, que teve seu início em julho de 2003 e tem<br />

como objetivo diversificar a bolsa de combustíveis,<br />

diminuir a importação de óleo diesel e ainda criar<br />

emprego e renda no campo.<br />

Um item preocupante para a indústria<br />

automobilística no Brasil é que a especificação para o<br />

biodiesel não tem características bem determinadas.<br />

Esse fato é alegado devido o Brasil possuir uma grande<br />

diversidade em oleaginosas podendo apresentar<br />

variações elevadas em suas características físicas e<br />

químicas.<br />

O Ministério da Agricultura estabeleceu a<br />

agroenergia como prioridade, e assim elaborou<br />

um Plano Nacional de Agroenergia, com base na<br />

perspectiva da matriz energética mundial, que tem<br />

como objetivo organizar uma proposta de pesquisa,<br />

desenvolvimento, inovação e transferência de<br />

tecnologia com vistas a conferir sustentabilidade.<br />

Dentro desse plano o biodiesel é uma das principais<br />

cadeias produtivas que contemplará os estudos sócioeconômicos,<br />

capacitação de corpo técnico-científico<br />

no âmbito de mecanismos de desenvolvimento<br />

limpo, incorporação na cultura dos programas de<br />

desenvolvimento científico e tecnológico, elaboração<br />

dos balanços energéticos dos ciclos de vida das<br />

cadeias produtivas do agronegócio brasileiro e efetuar<br />

o zoneamento agroecológico de espécies vegetais<br />

importantes para agricultura de energia.<br />

O biodiesel pode ser obtido por processos<br />

alternativos tais como o craqueamento térmico<br />

(pirólise) e transesterificação, que pode ser etílica,<br />

mediante o uso do álcool comum (etanol) ou metílica,<br />

com o emprego do metanol. A opção que parece ser<br />

estrategicamente mais vantajosa para o Brasil é o<br />

processo de transesterificação usando o etanol, o qual<br />

é produzido em larga escala a baixos custos O metanol,<br />

a opção alternativa, além de ser altamente tóxico,<br />

necessita ser importado ou produzido a partir de gás<br />

natural. A opção pela rota etílica de transesterificação<br />

pode ser considerada a mais benéfica para o meio<br />

ambiente, pois a emissão de dióxido de carbono<br />

decorrente da combustão do biodiesel pode ser<br />

reabsorvida pela fotossíntese, durante o crescimento<br />

das próximas safras da matéria-prima das quais se<br />

produz o óleo e o álcool. Na rota metílica, apenas<br />

parte das emissões de CO 2<br />

produzidos pela combustão<br />

do biodiesel é reabsorvida (PNA, 2006).<br />

A atual produção nacional de biodiesel ainda é<br />

incipiente, resultando em uma produção em torno de<br />

176 milhões de litros anuais. Esse nível de produção<br />

estimado constitui um grande desafio para que sejam<br />

cumpridas as metas estabelecidas pelo PNPB, que<br />

necessita de, aproximadamente, 750 milhões de litros<br />

em sua fase inicial.<br />

43


Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

O biodiesel deverá ser também um importante<br />

instrumento de inclusão social no Brasil, pois<br />

promoverá geração de emprego e renda no campo,<br />

além de permitir o suprimento de energia elétrica<br />

para comunidades isoladas, mediante o uso de<br />

geradores estacionários com ou sem o emprego<br />

das energias solar ou eólica de forma híbrida. Uma<br />

outra potencialidade do biodiesel é a redução das<br />

importações de petróleo e de óleo diesel, refletindose<br />

na diversificação da matriz energética brasileira, na<br />

redução do dispêndio de divisas, na auto-suficiência,<br />

na questão geopolítica e também no adensamento<br />

de cadeias do agronegócio, permitindo à agricultura<br />

familiar atuar como produtora de matérias-primas, de<br />

óleos vegetais e de biodiesel.<br />

O biodiesel está sendo considerado um combustível<br />

alternativo limpo que poderá reduzir as emissões de<br />

gases prejudiciais à atmosfera. Mas para se fazer<br />

uma avaliação completa e precisa dos benefícios<br />

ambientais é necessário analisar todo o ciclo de vida<br />

do biodiesel, que envolve a produção de sementes,<br />

fertilizantes, agrotóxicos, preparo do solo, plantio,<br />

processo produtivo, colheita, armazenamento,<br />

transporte e o seu consumo. Quanto aos impactos<br />

causados à atmosfera, deve-se avaliar a quantidade de<br />

gases emitidos em todas as fases desse ciclo e deduzila<br />

do volume capturado na fotossíntese da biomassa<br />

que é servida como matéria-prima.<br />

Hidrogênio<br />

O hidrogênio é o combustível renovável por<br />

excelência, já que sua combustão gera somente água.<br />

É conhecido pela sua alta densidade energética, 120<br />

MJ kg -1 contra 46.9 MJ kg -1 da gasolina e 26,8 MJ<br />

kg -1 do etanol. Não obstante seu custo de produção,<br />

armazenamento e distribuição sejam ainda elevados,<br />

entre US$ 0,8 e US$ 3,4 por quilograma (http://www.<br />

solartoday.org/2004/may_june04/h2_afford_<br />

it.htm), esses valores podem ser competitivos com<br />

o preço da gasolina em termos energéticos, (Miller<br />

e Duffey, 2005). Hoje, a maior parte do hidrogênio<br />

é produzido a partir de combustíveis fósseis (96%),<br />

principalmente a partir da reforma do gás natural e<br />

sua produção vem aumentando mundialmente em<br />

cerca de 10% ao ano. A crescente demanda e preços,<br />

alem da preocupação mundial com mecanismos<br />

de desenvolvimento limpo empregando fontes<br />

alternativas de energia, abrem novas perspectivas<br />

e cenários para esse combustível no futuro,<br />

principalmente em associação com as fontes de<br />

recursos renováveis solar e eólica.<br />

Devido ao caráter intrinsecamente intermitente<br />

das fontes de energia solar e eólica, onde não se<br />

pode controlar a oferta primária, é importante buscar<br />

um mecanismo para seu armazenamento de forma<br />

a propiciar um balanço entre a oferta de fonte e a<br />

demanda. O hidrogênio tem sido apontado como<br />

uma das possíveis soluções para isso, por ser um<br />

vetor energético de amplo espectro de utilização.<br />

Uma vez armazenado, este hidrogênio viabiliza além<br />

da ampliação da sua oferta à indústria petroquímica e<br />

de fertilizantes, a viabilização do seu uso automotivo,<br />

além da geração de eletricidade, principalmente<br />

empregando-se células a combustível 8 . Com uma<br />

grande capacidade hidráulica e sucro-alcooleira, o<br />

Brasil poderá produzir hidrogênio suficiente para<br />

utilizar em suas próprias células a combustível e<br />

exportar o excedente.<br />

As células a combustível terão uma grande<br />

importância principalmente na área automobilística<br />

- tradicionalmente uma grande consumidora de<br />

combustíveis fósseis, e uma das responsáveis, como<br />

vimos, pela emissão de grandes quantidades de CO 2<br />

.<br />

Alem disso, conjuntamente com as energias solar<br />

e eólica, poderá servir para reduzir investimentos<br />

onerosos em linhas de transmissão para atingir<br />

localidades remotas e evitar o emprego de geradores<br />

movidos a combustível fóssil nesses locais.<br />

O Programa Brasileiro de Sistemas de Células<br />

a Combustível, lançado pelo MCT em 2002 (www.<br />

mct.gov.br/index.php/content/view/5118.html)<br />

irá demandar uma atuação conjunta e articulada de<br />

diversos setores. No Programa, constam os primeiros<br />

subsídios para questões referentes a normas sobre<br />

propriedade intelectual, ética e de segurança dos<br />

experimentos a serem realizados nesta área.<br />

44


Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

Efi ciência Energética<br />

Uma das preocupações mundiais na direção<br />

de minimizar os impactos do desenvolvimento<br />

econômico de uma nação sobre o meio ambiente se<br />

refere a otimização dos processo energéticos ligados<br />

seu desenvolvimento. Essa eficiência já tem sido<br />

um marco na indústria automobilística nacional, por<br />

exemplo, com o desenvolvimento de motores mais<br />

eficientes e multi-combustíveis (fl ex-power). Também<br />

na indústria do álcool, os índices de eficiência estão<br />

sendo buscados, agora com o reaproveitamento do<br />

bagaço da cana para aumentar a produção (Ereno e<br />

Cesar, <strong>2007</strong>) e com o uso desse resíduo de bagaço<br />

no processo térmico de obtenção do álcool a partir<br />

do mosto (sumo de qualquer fruta que contenha<br />

açucar).<br />

Na área de produção e consumo de energia,<br />

algumas aplicações imediatas dos recursos de<br />

energia solar abundantes no Brasil poderão levar<br />

a resultados importantes na redução do consumo<br />

de energia elétrica. Um desses exemplos já foi<br />

mencionado anteriormente, é através do emprego do<br />

aquecimento da água pela radiação solar. Embora o<br />

custo de um sistema de aquecimento solar seja da<br />

ordem de trinta vezes o custo de um chuveiro elétrico<br />

– amplamente usado em todo o país pelo seu baixo<br />

custo e alta confiabilidade – o custo pago pela empresa<br />

distribuidora de energia para atender a demanda<br />

de energia no pico causado pelo uso dos chuveiros<br />

elétricos no final da tarde é repassado ao consumidor.<br />

Sob o ponto de vista ambiental, a economia na energia<br />

gerada terá, certamente um paralelo na redução das<br />

emissões dos gases do efeito estufa.<br />

A iluminação pública é outra área que pode<br />

propiciar enorme oportunidade de redução no<br />

consumo energia elétrica, em decorrência disso,<br />

redução nas emissões desses gases.<br />

Os limites para o acionamento e desligamento da<br />

iluminação pública são estabelecidos por normas da<br />

ABTN (Associação Brasileira de Normas Técnicas -<br />

NBR – 5123, 1998) com base nos níveis de iluminância<br />

dos crepúsculos matutinos (80 Lux) e vespertino (20<br />

Lux). Tais limites foram definidos em função dos<br />

limites de sensibilidade do olho humano. No entanto,<br />

esses limites tem sido questionados e, muitas vezes,<br />

não obedecidos. Alem disso, devem servir apenas<br />

como valores de referência, já que os índices de<br />

iluminância mudam também por conta da época do<br />

ano e de variáveis ambientais como nebulosidade,<br />

topografia e até mesmo ocultações em áreas de<br />

alta densidade de edificações. Aparte do problema<br />

da segurança pública e do conforto ambiental, em<br />

grandes metrópoles, apenas alguns minutos a mais<br />

no tempo de acionamento da iluminação pública<br />

podem refletir em um enorme desperdício de energia,<br />

ou em termos econômicos, milhões de reais a mais<br />

nas contas das prefeituras dessas metrópoles. Por<br />

exemplo, um estudo realizado pelo autor desse artigo<br />

para a área de concessão de uma grande empresa de<br />

distribuição elétrica de São Paulo apontam valores<br />

da ordem de R$ 6.000.000,00 de perdas financeiras<br />

anuais, para um desvio de apenas 30 minutos diários<br />

a mais no período de acionamento/desligamento do<br />

sistema de iluminação pública, caso tais variáveis<br />

ambientais e climáticas não sejam levadas em<br />

consideração. Certamente, desvios dessa ordem de<br />

magnitude podem também ser traduzidas em termos<br />

de emissões equivalente de CO 2<br />

para a atmosfera, nos<br />

casos de sistemas de geração termoelétrica.<br />

A eficiência energética é, talvez, o único caminho<br />

a ser buscado como solução remediadora de curto<br />

prazo para redução das emissões dos gases do efeito<br />

estufa, já que não há uma outra forma conhecida<br />

de se prover o desenvolvimento econômico de uma<br />

nação sem um aumento equivalente na sua demanda<br />

por energia.<br />

45


Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

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Disponível em: < http://www.esrl.noaa.gov/gmd/<br />

ccgg/trends/>. Acessado em 26 mar. <strong>2007</strong>.<br />

Pereira, E.B.; Martins, F. R. ; Abreu, S. L.; Ruther,<br />

R. Atlas Brasileiro de Energia Solar. ISBN 978-<br />

85-17-00030-0, INPE, <strong>2007</strong>, 60 p.<br />

PNA-2006 Ministério da Agricultura, Plano<br />

Nacional de Agroenergia. Disponível em: . Acesso em 05 jan. <strong>2007</strong>.<br />

SWERA Relatório brasileiro do Projeto<br />

SWERA/PNUMA/GEF. São José dos Campos,<br />

INPE/CPTEC, <strong>2007</strong>. (no prelo)<br />

Vasconsellos, G. F.; Bautista Vidal, J.W. O Poder<br />

dos Trópicos. Editora Casa Amarela, 1998. 303p.<br />

AGRADECIMENTOS<br />

O autor agradece a toda sua equipe de trabalho<br />

no CPTEC/INPE, em particular aos Drs. Fernando<br />

R. Martins, Márcio Augusto Ernesto de Moraes e a<br />

Sra. Silvia V. Pereira por importantes contribuições a<br />

redação, diagramação e edição desse trabalho.<br />

Ma, F.; Hanna, M. A. Biodiesel production: a<br />

review. Bioresouce Technology, 70: 1-15, 1999.<br />

Miller, A.I.; Duffey, R.B. Sustainable and<br />

economic hydrogen cogeneration from nuclear<br />

energy in competitive power markets, Energy,<br />

30(14): 2690-2702, 2005.<br />

46


Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

NOTAS DE RODAPÉ<br />

1.<br />

2.<br />

Densidade energética é a quantidade de energia<br />

armazenada em um sistema por unidade de<br />

massa ou de volume.<br />

Fonte: International Energy Annual, 2004.<br />

6.<br />

Energia gerada pelo efeito fotoelétrico pela<br />

incidência dos raios solares em painéis<br />

recobertos por material fotoelétrico,<br />

normalmente o silício monocristalino.<br />

3.<br />

4.<br />

5.<br />

Composição de todas as fontes de energia<br />

nacionais.<br />

Organização internacional dos países<br />

desenvolvidos e industrializados com os<br />

príncípios da democracia representativa e da<br />

economia de livre mercado.<br />

Também conhecidos por turbinas eólicas,<br />

compostos por pás aerodinâmicas acopladas<br />

através de um eixo a um gerador elétrico.<br />

7.<br />

8.<br />

Energia gerada diretamente na forma de calor<br />

por painéis, normalmente empregada para<br />

aquecimento de água.<br />

Célula a combustível (Fuel Cell) é uma<br />

tecnologia que utiliza a combinação química<br />

entre oxigênio e hidrogênio para gerar energia<br />

elétrica, energia térmica e água.<br />

47


Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

IMPACTOS ANTRÓPICOS NO CLIMA DA<br />

REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO<br />

Augusto José Pereira Filho, Paulo Marques dos Santos, Ricardo de Camargo,<br />

Mário Festa, Frederico Luiz Funari, Sérgio Torre Salum, Carlos Teixeira de Oliveira,<br />

Edvaldo Mendes dos Santos, Pety Runha Lourenço, Edvaldo Gomes da Silva,<br />

Willians Garcia e Maria Aparecida Fialho<br />

Universidade de São Paulo/Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (USP/IAG)<br />

Departamento de Ciências Atmosféricas, Rua do Matão, 1226, São Paulo, SP, 05508-090<br />

E-mails: apereira@model.iag.usp.br, pmsantos@usp.br, ricamarg@model.iag.usp.br, mfesta@model.iag.usp.<br />

br, ffunari@model.iag.usp.br, ssalum@model.iag.usp.br, cartol@model.iag.usp.br, edmendes@model.iag.<br />

usp.br, pety@model.iag.usp.br, edigomes@usp.br, willians@usp.br, estacao@model.iag.usp.br<br />

RESUMO<br />

Este trabalho analisa a evolução do clima na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) por meio de séries<br />

temporais de temperatura do ar, umidade relativa, insolação, precipitação, pressão atmosférica e vento medidos<br />

pela Estação Meteorológico (EM) do IAG/USP, no período de 1936 a 2005. Os resultados desta pesquisa foram<br />

publicados nos anais do XIV CBMET e revelam que neste período de 70 anos houve aumento da temperatura<br />

do ar em 2,1 o C, aumento da precipitação em 395 mm, aumento do vento zonal (u) em 0,5 m s -1 , decréscimo<br />

do vento meridional (v) em 1,0 m s -1 e decréscimo da umidade relativa em 7%. Sugere-se que as mudanças<br />

climáticas sejam de origem antrópica regional e global. A primeira seria causada pela diminuição de áreas<br />

vegetadas, expansão horizontal e vertical da área urbana, aumento da poluição do ar e, a segunda, menos<br />

significativa, devida aos impactos globais dos gases do efeito estufa. A maioria dos eventos de enchente na<br />

RMSP está relacionada com a ilha de calor e circulação de brisa marítima no período chuvoso. Esses eventos<br />

têm grande impacto sobre a população de São Paulo, de mais de 18 milhões de habitantes.<br />

Palavras-chave: Clima urbano, climatologia urbana, estação meteorológica do IAG-USP.<br />

48<br />

ABSTRACT<br />

This work presents a climate analysis of the Metropolitan Area of São Paulo (RMSP) through time series of<br />

air temperature, relative humidity, sunshine hours, rainfall, air pressure and winds measured by the weather<br />

stations at IAG/USP between 1936 and 2005. These results were published in the proceedings of the XIV<br />

Brazilian Meteorological Conference and reveal that in this period of 70 years the air temperature increased by<br />

2.1 o C, the precipitation increased by 395 mm and the zonal wind (u) increased by 0.5 m s -1 , the meridional wind<br />

(v) decreased by 1,0 m s -1 and the relative humidity decreased by and 7% in the past 70 years. It is suggested<br />

that theses climate changes are due to regional and global antropic sources. The first is related to chances in<br />

the microclimate due to a reduction in vegetation cover, an increase in urbanization and air pollution, and, the<br />

other, less significant, is related to global greenhouse effects. Most flood events in RMSP are related to the<br />

urban heat island and the sea breeze during the rainy season. These events have a great impact over the local<br />

population of more than 18 million people.<br />

Key-words: Urban climate, urban climatology, weather station of IAG-USP.


Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

1. INTRODUÇÃO<br />

O Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências<br />

Atmosféricas (IAG) da Universidade de São Paulo<br />

(USP) faz medições de variáveis meteorológicas no<br />

Parque Estadual e Fontes do Ipiranga (PEFI) há quase<br />

75 anos. Até 1930, a sede do Serviço Meteorológico do<br />

Estado de São Paulo era o Observatório Astronômico<br />

e Meteorológico da Capital, situado na Avenida<br />

Paulista, onde também funcionava sua Estação<br />

Meteorológica Central (Figura 1). Com o crescimento<br />

da cidade em volta da sede, procurou-se proceder<br />

a transferência da mesma para o Parque do Estado,<br />

Bairro da Água Funda na Capital Paulista, inclusive<br />

da Estação Central de modo que foi necessária a<br />

instalação de uma outra para substituí-la.<br />

Essa nova Estação central foi instalada no<br />

local onde já havia iniciada a construção do novo<br />

Observatório, no centro do citado parque que por ser<br />

de propriedade do Estado, era uma garantia de que as<br />

condições locais poderiam ser preservadas por tempo<br />

indeterminado, bastando apenas que se conservasse<br />

esse patrimônio para a finalidade com que fosse<br />

destinado. A nova Estação Central foi inaugurada<br />

no dia 22 de novembro de 1932, com início das<br />

operações regulares no dia 1 0 de janeiro de 1933.<br />

A conservação da reserva florestal do hoje<br />

PEFI (Figura 1) permitiu que no decorrer dos anos<br />

as condições físicas ambientais permanecessem<br />

praticamente constantes, propiciando uma boa<br />

consistência dos dados da longa série climatológica<br />

temporal ali medida a partir de 1933, de modo<br />

que quaisquer variações observadas serão devidas<br />

certamente às variações no clima da RMSP. A<br />

manutenção das atividades na área de Meteorologia<br />

no IAG/USP ao longo dos anos permitiu não somente<br />

a composição da série temporal climatológica como<br />

também para que mais tarde quando o IAG foi<br />

incorporado na USP em 1946 e se tornou Unidade de<br />

Ensino da mesma em 1972, fosse possível à criação do<br />

Departamento de Meteorologia, hoje Departamento<br />

de Ciências Atmosféricas.<br />

Essa longa série temporal climatológica vem<br />

sendo utilizada em trabalhos de pesquisa, tanto do<br />

lado aplicado no sentido de prestação de serviço<br />

à comunidade, quanto do lado acadêmico na<br />

elaboração de dissertações e teses da USP e de outras<br />

Universidades.<br />

Este artigo apresenta as principais características<br />

da evolução do clima num ambiente urbano em<br />

expansão com degradação ambiental devido ao<br />

crescimento populacional e atividades humanas por<br />

meio desta série climatológica temporal no período<br />

de 1936 a 2005.<br />

2. METODOLOGIA<br />

A EM do IAG/USP, registrada na Organização<br />

Meteorológica Mundial (OMM) sob número 83004,<br />

tem posição geográfica de 23º39’S, 46º37’W e<br />

altitude de 799,22 m. A posicão geográfica da EM<br />

esta mostrada na Figura 1 pelo ponto vermelho<br />

com a sigla PEFI (Parque Estadual e Fontes<br />

do Ipiranga). Praticamente todas as variáveis<br />

meteorológicas são medidas à superfície com<br />

instrumentos clássicos convencionais. As medições e<br />

observações meteorológicas são, desde o início das<br />

mesmas, realizadas diariamente por observadores<br />

meteorológicos, das 0700h as 2400h, a cada hora. No<br />

período da madrugada os dados são medidos apenas<br />

pelos instrumentos registradores de cujos diagramas<br />

são extraídos os dados horários da madrugada para<br />

completar o período de 24 horas. A metodologia das<br />

medições e observações vem sendo mantida, com<br />

pequenas modificações que se fizeram necessárias, de<br />

modo que a confiabilidade dos dados foi conservada<br />

dentro do possível. Adicionalmente, são registradas<br />

as observações de fenômenos meteorológicos (e.g.,<br />

trovoada e granizo) observações. Os diagramas dos<br />

sensores de temperatura, pressão, umidade, vento,<br />

precipitação, e radiação solar registros originais das<br />

variáveis são arquivados e compreende cerca de<br />

250.000 diagramas dos instrumentos registradores.<br />

As médias diárias de temperatura do ar, umidade<br />

relativa, intensidade e direção do vento, pressão<br />

49


Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

atmosférica, insolação e precipitação diária da EM do IAG/USP<br />

foram utilizados nas análises climáticas para a RMSP, no período<br />

de 1936 a 2005, aqui apresentadas.<br />

Figura 1: Imagem MODIS/ACQUA da RMSP de 20 de julho de 2003. Pontos vermelhos<br />

mostram as localizações da EM do IAG/USP na Av. Paulista até 1932 (EC) e, depois,<br />

no Parque do Estado e Fontes do Ipiranga (PEFI). Cores marrons, verde escuro e claro<br />

indicam áreas urbanas, vegetadas e represas, respectivamente.<br />

Fonte: (http://visibleearth.nasa.gov).<br />

Obtiveram-se destas médias<br />

diárias e totais diários de precipitação<br />

as médias anuais de cada variável e<br />

totais anuais de precipitação, bem<br />

com as respectivas séries de anomalias<br />

definidas como a diferença entre a<br />

média (total no caso da precipitação)<br />

anual e a média de 70 anos de cada<br />

variável. Elaboraram-se análises da<br />

evolução temporal de cada variável<br />

por meio de gráficos 3D com o mês e<br />

ano no plano horizontal e a variável no<br />

eixo vertical. As curvas de nível destas<br />

foram obtidas a partir da interpolação<br />

bi-linear cúbica. Realizaram-se<br />

também análises espectrais a partir<br />

das séries temporais de dados de<br />

médias diárias e anuais das variáveis<br />

acima cujos resultados são apenas<br />

citados neste trabalho. Realizou-se<br />

também uma análise de agrupamento<br />

das variáveis por meio do método<br />

de distâncias Euclidianas simples<br />

(Johnson e Wichen, 1988), com o<br />

objetivo de avaliar o agrupamento<br />

entre as variáveis meteorológicas<br />

diariamente e anualmente.<br />

Estimativas de chuva acumulada<br />

foram obtidas na área de abrangência<br />

do radar meteorológico de São Paulo<br />

(Figura 2). A precipitação acumulada é<br />

obtida da integração temporal das taxas<br />

de precipitação. A chuva acumulada<br />

total foi estimada apenas para os<br />

eventos de enchente associados com<br />

brisa marítima e ilha de calor entre<br />

2002 e 2004 (Pereira Filho et al., 2004)<br />

conforme mostrado na Tabela 1.<br />

Figura 2: Imagem IR do satélite GOES-12 às 1540 UTC de 29 de março de <strong>2007</strong>. Escala<br />

de cores indica temperatura ( o C) estimada. Circunferência mostra área de cobertura do<br />

radar meteorológico de São Paulo num raio de 240 km.<br />

Fonte: Imagem IR adaptada do Laboratório Master, IAG-USP (http://www.master.<br />

iag.usp.br).<br />

50


Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

Tabela 1: Eventos de enchentes na Cidade de São Paulo. Levantamento parcial realizado por meio de reportagens do Jornal Folha de<br />

São Paulo (FSP), dados do Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE) da Prefeitura de Município de São Paulo (PMSP), do radar<br />

meteorológico de São Paulo e da estação meteorológica do Departamento de Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo.<br />

Data FSP VF PA RVF PCR DT TAI<br />

P<br />

max<br />

Norte Sul Centro Leste Oeste RADAR BM T<br />

max<br />

20020324 SIM 21 SIM SIM SIM SIM FF 24.3 20.7<br />

20020708 SIM SIM FF 18.1 10.0<br />

20020920 SIM 23 SIM 198 39.5 SIM SIM SIM SIM SIM FF 25.8 18.2<br />

20021029 SIM 8 80 33.5 SIM SIM SIM 32.4 21.2<br />

20021128 SIM 51 SIM 154 SIM 81.0 SIM SIM SIM SIM 32.8 22.9<br />

20021201 SIM 17 SIM SIM SIM SIM 33.5 20.4<br />

20021217 SIM 2 41 93 SIM SIM SIM SIM SIM 29.2 21.1<br />

20030102 SIM 23 SIM SIM SIM 32.3 21.6<br />

20030103 SIM 37 SIM 15 SIM 113.0 SIM SIM SIM 28.6 21.1<br />

20030116 SIM 30 SIM 66 SIM SIM SIM SIM 28.7 19.1<br />

20030121 SIM 9 SIM SIM SIM 29.7 22.7<br />

20030127 SIM 8 SIM SIM SIM FF 24.4 19.7<br />

20030128 SIM 69 SIM SIM SIM FF 23.5 20.4<br />

20030217 SIM SIM SIM FF 25.2 20.0<br />

20030303 SIM 29 SIM SIM SIM 33.7 23.2<br />

20030305 SIM 24 60 SIM 73.0 SIM SIM SIM 29.7 21.8<br />

20030307 SIM 36 SIM 129 SIM SIM SIM 30.2 21.4<br />

200<strong>31</strong>009 SIM 19 SIM 162 SIM SIM SIM 30.4 18.9<br />

200<strong>31</strong>117 SIM SIM 89 SIM JJ 28.1 19.4<br />

200<strong>31</strong>223 SIM 11 128 SIM SIM SI M FF 27.5 19.8<br />

20040112 SIM SIM 98 SIM SIM SIM SIM 27.9 19.5<br />

20040123 SIM 3 20 SIM 147 SIM SIM SIM SIM 27.8 20.1<br />

20040130 SIM 33 SIM 151 SIM 62.4 SIM SIM SIM SIM <strong>31</strong>.3 20.1<br />

200401<strong>31</strong> SIM 19 32.7 SIM SIM SIM 30.8 19.1<br />

20040202 SIM 47 SIM 85 65.0 SIM SIM SIM SIM 32.3 22.7<br />

20040204 SIM 32 SIM 73.3 SIM SIM SIM 32.6 21.0<br />

20040219 SIM 14 SIM 106 SIM 43.7 SIM SIM SIM 32.6 18.3<br />

20040222 SIM 26 SIM SIM FF 23.4 20.2<br />

20040404 SIM 15 SIM SIM SIM SIM JJ 25.8 18.4<br />

20040406 SIM 29 142 SIM 79.5 SIM SIM SIM SIM 26.3 20.6<br />

20040421 SIM 1 13 SIM SIM SIM SIM SIM 25.2 19.8<br />

Td<br />

max<br />

A legenda, da esquerda para a direta, indica a data do evento (ano, mês, dia), disponibilidade de registro jornalístico da FSP, número de<br />

vítimas fatais (VF), pontos de alagamento (PA), ocorrência de rajadas de vento forte (RFV), pico de congestionamento registrado (PCR)<br />

em km, ocorrência de deslizamento de terra (DT), de descargas elétricas atmosféricas (DEA), de transporte aéreo interrompido (TAI),<br />

precipitação máxima (P max) em mm, regiões da PMSP atingidas (Norte, Sul, Centro, Leste e Oeste), disponibilidade de dados de radar<br />

(RADAR), ocorrência de brisa marítima (BM), temperatura do ar máxima (T max<br />

) e temperatura de ponto de orvalho máxima (T d max<br />

) em o C. Os<br />

símbolos JJ e FF se referem a eventos de jato de altos níveis e frente fria, respectivamente.<br />

Fonte: Pereira Filho et al. (2004).<br />

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Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

3. RESULTADOS<br />

A Figura 3 mostra a evolução temporal 3D das<br />

médias mensais de temperatura do ar, umidade<br />

relativa, insolação, pressão atmosférica mínima,<br />

precipitação e rosa dos ventos. Estas variáveis<br />

foram arbitrariamente selecionadas para sintetizar os<br />

resultados obtidos. Notam-se mudanças significativas<br />

no ciclo anual das variáveis ao longo das últimas sete<br />

décadas com aumento da temperatura, precipitação,<br />

insolação e diminuição da umidade relativa do ar<br />

conforme indicado pela mudança nas escalas de cores<br />

de cada variável. Nota-se uma marcante mudança na<br />

pressão mínima diária ocorrida na década de setenta<br />

quando ocorreu uma mudança sazonal, com mínimas<br />

relativas no período de inverno e máximas relativas na<br />

primavera e verão. Nota-se uma queda na insolação<br />

diária média no mesmo período. A precipitação média<br />

diária mensal também aumentou significativamente<br />

principalmente no período chuvoso. As magnitudes<br />

das mudanças de longo período são apresentadas<br />

adiante.<br />

Estudos recentes (Pereira Filho et al., 2004;<br />

Xavier et al., 1994) mostram que as chuvas de verão<br />

são mais intensas na RMSP devido aos efeitos de ilha<br />

de calor e circulação de brisa marítima. A Figura 2<br />

mostra uma imagem no canal infravermelho (IR) do<br />

dia 29 de março de <strong>2007</strong> onde se observa a ilha de<br />

calor da RMSP, que apresenta temperaturas acima de<br />

30º C no início da tarde. As temperaturas nas bordas<br />

da RMSP são pelo menos 5º C menor em relação ao<br />

centro da ilha de calor urbano.<br />

A Figura 4 mostra a composição da distribuição<br />

de chuva acumulada de 18 eventos de enchente<br />

relacionados com a ilha de calor e brisa marítima.<br />

Nota-se um núcleo de precipitação de até 650 mm<br />

sobre a RMSP com valores na periferia da RMSP<br />

da ordem de 300 mm. Nestes casos de enchente, a<br />

ilha de calor tende a produzir uma baixa térmica e<br />

convergência sobre a RMSP. Os resultados acima<br />

indicam que houve mudanças climáticas na RMSP<br />

com aumento da temperatura e precipitação e<br />

diminuição da umidade relativa (Figura 3). Sugere-se<br />

que essas mudanças sejam em parte devidas a fatores<br />

locais como o aumento da área urbana horizontal e<br />

vertical. O primeiro tem efeito direto sobre o balanço<br />

energético superficial e, o segundo, sobre a rugosidade<br />

superficial e dinâmica da camada limite. Houve<br />

também aumento da poluição do ar e do material<br />

particulado que podem contribuir para mudanças<br />

na microfísica, eletricidade e termodinâmica de<br />

nuvens frias. Embora a EM esteja num ambiente<br />

rural preservado, as condições no entorno resultaram<br />

em mudanças locais significativas. Estas mudanças<br />

têm um impacto negativo nas atividades sócioeconômicas<br />

da RMSP com dias mais quentes, secos e<br />

poluídos no outono e inverno e, recorrentes enchentes<br />

na primavera e verão. Resultados de Shein (2006)<br />

indicam um aumento da temperatura global de 0,5 o C<br />

a partir da década de 70. Ele estima um aumento de<br />

até 0,5 o C na região da RMSP, entre 1961 e 1990.<br />

A Figura 5 apresenta a evolução temporal das<br />

anomalias de temperatura, umidade relativa, pressão<br />

atmosférica média, vento zonal e meridional,<br />

precipitação e insolação. A rápida expansão horizontal<br />

da Região Metropolitana de São Paulo até a década<br />

de 60 resultou num aumento da temperatura do ar,<br />

sem necessariamente um aumento concomitante da<br />

quantidade de vapor de água próxima à superfície ou,<br />

como se sugere, houve uma diminuição da quantidade<br />

de vapor de água em virtude da redução das áreas<br />

vegetadas. Desta forma, o aumento da temperatura<br />

do ar e manutenção ou diminuição da quantidade de<br />

vapor de água tem resultado num contínuo decréscimo<br />

da umidade relativa do ar mais significativamente a<br />

partir da década de 60. Por outro lado, as anomalias<br />

de vento que eram de Sudoeste até a década de 70<br />

mudaram para Nordeste. Sugere-se que essa mudança<br />

esteja relacionada com circulações térmicas induzidas<br />

pela ilha de calor. De qualquer forma, as anomalias<br />

de vento até a década de 70 traziam ar relativamente<br />

seco e frio e, depois da década de 70, ar relativamente<br />

quente e úmido. O aumento de temperatura do ar<br />

na RMSP no período de 1961 a 1991 medido pela<br />

EM do IAG/USP foi maior do que 1,0 o C, acima da<br />

estimativa global em Shein (2006) de cerca de 0,5º<br />

C. Isto sugere que, somado ao aumento global da<br />

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Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

a) b) c)<br />

d) e) f)<br />

Figura 3: Evolução mensal e anual da média diária, no período de 1936 a 2005, da: A) temperatura do ar ( o C); B) umidade relativa do ar (%),<br />

C) insolação (hora); D) pressão mínima (mb) e E) precipitação (mm). Rosa dos ventos (F) com freqüências de intensidades. Escala de cores<br />

indica respectivos valores das médias das variáveis.<br />

Fonte: Santos et al. (2006).<br />

Figura 4: Composição da distribuição espacial de chuva acumulada<br />

estimada com o radar meteorológico de São Paulo, para 18 eventos<br />

de enchentes associados com brisa marítima e ilha de calor na<br />

RMSP, ocorridos no período de 2002 a 2004. Escala de cores indica<br />

total de chuva (mm). Estão indicados os contornos geográficos de<br />

São Paulo, sul de Minas Gerais e Rio de Janeiro. Circunferência<br />

indica o raio de abrangência do radar meteorológico de 240 km.<br />

Latitudes e longitudes estão também indicadas.<br />

Fonte: Pereira Filho at al. (2004).<br />

temperatura, houve um aumento local da temperatura<br />

(mais significativo), que contribuíram para as<br />

mudanças climáticas observadas na RMSP. As análises<br />

espectrais realizadas (não mostradas) com as séries<br />

de dados de temperatura do ar, pressão do ar, ventos<br />

zonal e meridional, umidade relativa, precipitação,<br />

e insolação da EM IAG/USP evidenciam, além dos<br />

ciclos insolação anual e sazonal intensos, ciclos de<br />

2 a 11 anos com ciclos menos significativos de mais<br />

longo prazo, maiores do que 30 anos, exceto para a<br />

temperatura média do ar que apresentou apenas ciclos<br />

mais curtos de 2 à 7 anos, possivelmente associados<br />

ao fenômeno El Niño/Oscilação do Sul (ENOS). Ou<br />

seja, há fatores de mudanças associadas a sistemas<br />

transientes globais e outros associados com mudanças<br />

locais de origem antrópica.<br />

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Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

2<br />

1<br />

1<br />

2<br />

1<br />

2<br />

3<br />

1<br />

2<br />

3<br />

2<br />

1<br />

1<br />

2<br />

Figura 5: Evolução temporal das anomalias de temperatura do ar, umidade relativa, componentes zonal e meridional do vento,<br />

pressão, precipitação e insolação, defi nidas a partir das médias anuais do período de 1936 a 2005 estimadas com os dados<br />

da Estação Meteorológica do IAG USP.<br />

A análise de agrupamento das variáveis médias<br />

anuais (Figura 6) indica que o vento é altamente<br />

correlacionado com a temperatura média. Estas duas<br />

variáveis se relacionam com a umidade relativa e,<br />

estas, com a insolação. Agrupam-se a precipitação<br />

e pressão com as demais variáveis. Desta forma,<br />

os resultados sugerem que embora a volume de<br />

precipitação dependa da umidade e da temperatura,<br />

a pressão atmosférica determina o volume total<br />

convertido em precipitação.<br />

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Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

Figura 6: Diagrama de árvore de distâncias Euclidianas simples entre pressão média do<br />

ar (mb), precipitação (mm) e insolação (h), Temperatura média do ar ( 0 C), vento zonal<br />

e meridional (m s -1 ) e umidade relativa (%) medidas pela EM do IAG/USP, no período<br />

de 1936 a 2005.<br />

4. CONCLUSÕES<br />

Os resultados aqui apresentados<br />

sugerem que talvez as grandes<br />

cidades tropicais do planeta sofram<br />

mais por causa da mudança do<br />

balanço energético na CLP, devido ao<br />

aumento das temperaturas mínimas em<br />

particular, decorrente da urbanização<br />

e, menos, por causa das mudanças<br />

globais devidas ao aumento dos gases<br />

do efeito estufa. Num cenário de<br />

aumento do gradiente de temperatura<br />

entre o centro geométrico da área<br />

urbana e sua periferia tenderia a<br />

concentrar mais sistemas convectivos<br />

isolados sobre ela. Menos precipitação<br />

haveria sobre as bacias de mananciais,<br />

que no caso da RMSP estão exatamente<br />

nas bordas da região metropolitana.<br />

Ainda, enchentes, rajadas de vento<br />

e descargas elétricas seriam mais<br />

intensas, com o agravamento dos<br />

conhecidos impactos negativos sobre<br />

a população da RMSP.<br />

Análises espectrais das séries temporais de dados<br />

(não apresentadas) indicam a existência de ciclos de<br />

2 a 11 anos e outros de 21 anos ou mais longos na<br />

pressão do ar, ventos, umidade relativa e insolação<br />

e precipitação. Por outro lado, a temperatura do ar<br />

possui ciclos mais significativos entre 2 e 7 anos<br />

apenas. Estes resultados sugerem um significativo<br />

impacto dos eventos de El Niño, La Niña e Oscilação<br />

do Sul na RMSP. Por exemplo, as fortes anomalias<br />

positivas de 1976 e 1983 estão associadas com<br />

episódios de El Niño (Xavier, 2001). Os resultados<br />

sugerem ainda que a intensidade do anticiclone<br />

subtropical do Atlântico Sul influencie o total anual<br />

de precipitação. O deslocamento deste para oeste<br />

(leste) deve reduzir (aumentar) as chuvas.<br />

Eventos intensos de precipitação, rajadas<br />

de vento, descargas elétricas e granizo sobre a<br />

RMSP no período de verão e os eventos de intensa<br />

poluição e baixas umidades no outono e inverno<br />

têm impacto significativo na população (Pereira<br />

Filho et al., 2004). O Programa Sistema Integrado<br />

de Hidrometeorologia do Estado de São Paulo da<br />

FAPESP está implementando novas plataformas<br />

observacionais e computacionais, por exemplo, a<br />

implantação de uma rede de estações meteorológicas<br />

automáticas na RMSP para o monitoramento e a<br />

previsão hidrometeorológica de modo a mitigar os<br />

impactos das mudanças antrópicas naquela região<br />

(Pereira Filho et al., 2005).<br />

55


Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

DCA. Medições e observações de superfície<br />

efetuadas na Estação Meteorológica do IAG<br />

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Anais. CDROM. Florianópolis, SC, 2006.<br />

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Climáticos e de Previsão para o Ceará e Nordeste<br />

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urbano: o caso da Cida de São Paulo. RBMET,<br />

9(1):44-53, 1994.<br />

AGRADECIMENTOS<br />

Os autores agradecem aos revisores anônimos<br />

deste artigo, que o melhoram muito com as suas<br />

correções, sugestões e comentários. O primeiro<br />

autor agradece ao CNPq e à FAPESP (Processos N o<br />

300456/2005-0 e N o 01/13952-2, respectivamente)<br />

pelo suporte no desenvolvimento da pesquisa da qual<br />

faz parte este artigo.<br />

56


Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

MUDANÇAS CLIMÁTICAS E AGRICULTURA:<br />

UM ESTUDO DE CASOS PARA AS CULTURAS DO<br />

MILHO E DO FEIJÃO EM MINAS GERAIS<br />

José Luiz C. Silva Júnior, Luiz Cláudio Costa, Marcelo Cid de Amorim, Flávio Justino Barbosa<br />

Universidade Federal de Viçosa - Av. P.H Rolfs s/n - Viçosa, MG, 36.571 – 000, Brasil<br />

Tel: +55 (<strong>31</strong>) 3899-1903 /Fax: +55 (<strong>31</strong>) 3899-2735<br />

E-mails: jlcabral_jr@yahoo.com.br, l.costa@ufv.br, mcid@vicosa.ufv.br, fjustino@ufv.br<br />

RESUMO<br />

O presente trabalho tem como objetivo principal avaliar os impactos das mudanças climáticas nas culturas<br />

do milho e do feijão, a partir da simulação dos processos físico-biológicos utilizando os modelos CROPGRO<br />

Dry-bean e CERES-MAIZE. Os resultados obtidos mostram que, tendo como base as projeções dos cenários<br />

de mudanças climáticas do IPCC, existe uma redução da produtividade da cultura do milho de até 15% para<br />

o cenário A2 e 10% para o B2. Para a cultura do feijão, o modelo apresenta um aumento de produtividade<br />

superior a 57% para o cenário B2 e de 45% para o A2.<br />

Palavras-chave: Mudanças climáticas, modelos, impactos.<br />

ABSTRACT<br />

The aim of this work is to assess the impacts of climate changes for maize and bean for the State of Minas<br />

Gerais, using the CROPGRO Dry-bean and CERES-MAIZE models. These experiments allow investigating<br />

modifications of the physical and biological processes in the crop. The results show that the A2 and B2<br />

projections of the IPCC lead to a reduction of the productivity of the culture of maize of up to 15% for A2 and<br />

10% for B2. Turning to beans, the model predicted an increase of production of up to 57 % for the scenario B2<br />

and 45% in the A2.<br />

Key words: Climate change, models, impacts.<br />

1. INTRODUÇÃO<br />

O último relatório do International Panel on<br />

Climate Change (IPCC) mostra que as mudanças<br />

climáticas decorrentes da atividade humana já estão<br />

ocorrendo em uma escala global e que as previsões<br />

para o Século XXI são preocupantes. Apesar da<br />

certeza dos graves efeitos das mudanças climáticas<br />

na agricultura, muitas incertezas ainda existem na<br />

quantificação dos mesmos. Diversos estudos mostram<br />

que culturas como feijão, soja, arroz e trigo, respondem<br />

de forma positiva a um aumento da concentração de<br />

CO 2<br />

na atmosfera, contrabalançando assim os efeitos<br />

negativos do aumento de temperatura, que reduz o<br />

período vegetativo e aumenta a taxa de respiração de<br />

manutenção na maioria das culturas, causando assim<br />

um impacto negativo na produtividade (Long et al.,<br />

2005; Slingo, et al., 2005). Vários estudos realizados<br />

em ambientes controlados mostram um aumento<br />

de 23% a 43% na produtividade das culturas C 3<br />

em<br />

57


Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

resposta ao aumento do CO 2<br />

(Trnka et al., 2004).<br />

Tal efeito é conhecido na literatura como efeito<br />

fertilização do CO2 (Dhakhwa et al., 1997). Por<br />

outro lado, outros estudos indicam que o beneficio<br />

do aumento de CO 2<br />

pode ser bem menores, entre<br />

8% e 15%, quando consideradas outras condições<br />

ambientais como, por exemplo, o estresse hídrico e<br />

a disponibilidade de fertilizante (Trnka et al., 2004,<br />

Long et al. 2005).<br />

Na busca do entendimento e na quantificação da<br />

complexa interação entre clima e cultura, têm-se<br />

observado nos últimos anos, um crescente aumento<br />

na utilização de modelos de simulação na agricultura.<br />

Tais modelos têm-se mostrado extremamente<br />

eficientes na análise das flutuações espaço-temporal<br />

e de cenários futuros na produtividade agrícola<br />

de diferentes culturas em respostas as mudanças<br />

climáticas (Betts et al., 2004; Hansen e Indeje, 2004;<br />

Popova e Kercheva, 2004; Trnka et al., 2004, Costa<br />

e Barros, 2001).<br />

No entanto, poucos estudos foram realizados<br />

no Brasil utilizando modelos de simulação de<br />

crescimento de culturas para analisar os impactos<br />

das mudanças climáticas na produtividade das<br />

culturas. Assad e Luchiari Jr. (1989) e Siqueira et<br />

al. (1994, 2000) avaliaram as possíveis alterações<br />

de produtividade para as culturas de soja e milho em<br />

função dos cenários das mudanças climáticas, através<br />

do aumento de CO 2<br />

e da temperatura para algumas<br />

regiões do Brasil. Pinto et al. (1989 e 2001) avaliaram<br />

o impacto das mudanças do clima na produção<br />

regional, onde foi considerado o efeito das elevações<br />

das temperaturas e das chuvas no zoneamento do café<br />

para os estados de Minas Gerais, São Paulo e Goiás.<br />

Considerando as relações lineares entre elementos<br />

climáticos, principalmente temperatura, e cultura,<br />

os resultados indicaram uma drástica redução nas<br />

áreas com aptidão agroclimática (Pinto et al., 2002).<br />

Todavia, espera-se que a utilização de modelos de<br />

crescimento de culturas, que consideram as interações<br />

lineares e não-lineares entre a cultura e os elementos<br />

climáticos, permita uma análise mais detalhada dos<br />

possíveis impactos das mudanças climáticas na<br />

produtividade das culturas.<br />

As culturas do milho (C 4<br />

) e do feijão (C 3<br />

)<br />

apresentam respostas diferenciadas de crescimento<br />

a variações de elementos climáticos como radiação,<br />

concentração de O 2<br />

e CO 2,<br />

temperatura e umidade, o<br />

que permite a avaliação e quantificação da resposta<br />

fotossintética ao efeito do aumento na absorção do<br />

CO 2<br />

e da temperatura na produtividade. A cultura C 3<br />

é menos eficiente do que a C 4<br />

devido a perda do CO 2<br />

pela fotorespiração (Rosemberg et al., 1990; Taiz e<br />

Zeiger, 1991, citados por Streck, 2005).<br />

As culturas do milho e do feijão têm uma grande<br />

importância econômica para o Brasil, e em particular<br />

para Minas Gerais, o maior produtor de feijão e o<br />

segundo maior produtor de milho do país. Além da<br />

importância econômica, existe também o caráter social<br />

dessas culturas, consideradas de extrema importância<br />

para a população menos favorecida, sendo assim<br />

fundamentais para a segurança alimentar, uma das<br />

maiores preocupações mundial devido o crescimento<br />

populacional e a necessidade de se aumentar a<br />

produção de alimentos para suprir a demanda (Parry<br />

et al., 2004; FAO, 2005). Diante disto, o objetivo<br />

desse trabalho é estimar os impactos dos cenários das<br />

mudanças climáticas na produtividade das culturas<br />

do milho e do feijão para os anos de 2020, 2050 e<br />

2080, de acordo com os Cenários A2 e B2 (IPCC,<br />

2001).<br />

2. DADOS E METODOLOGIA<br />

A área de estudo considerada foi o Estado de<br />

Minas Gerias (Figura 1), localizada no sudeste do<br />

Brasil, entre 14º 13’57’’S e 22º 55’ 47’’S e entre<br />

39º 51’ 27’’W e 51º 02’56’’W, com uma área total<br />

de 588.383 km 2 . O estado de Minas Gerais encontrase<br />

numa zona de transição climática, com influência<br />

de vários elementos climáticos, principalmente a<br />

distribuição irregular da precipitação na região, com<br />

período chuvoso no verão e seco no inverno (Grimm<br />

e Ferraz, 1998). Os dados de temperaturas diárias<br />

máximas e mínimas (em ºC), precipitação (em mm) e<br />

radiação solar (em MJ.m -2 .dia -1 ), são provenientes da<br />

série temporal do Instituo Nacional de Meteorologia<br />

(INMET), para o período de 1975 a 2004. Os dados<br />

58


Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

diários da radiação solar foram calculados usando<br />

horas de brilho solar, a partir da Equação de Modelo<br />

de Angstrom-Prescott (Vianello e Alves, 1991).<br />

carbono, balanço de nitrogênio no solo e balanço<br />

de água (Boote et al., 1998; Jones e Kiniry, 1986).<br />

Os modelos foram previamente calibrados para as<br />

diferentes regiões de Minas Gerais com<br />

dados climáticos e de produtividade para<br />

o período de 1975 a 2004. As simulações<br />

foram realizadas considerando a data de<br />

plantio para 01 de outubro.<br />

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

Figura 1: Localização das estações e das mesoregiões estudadas.<br />

Devido a grande variabilidade na classificação<br />

dos tipos de solos e pela dimensão do Estado de<br />

Minas Gerias, foi utilizada neste estudo o solo<br />

tipo 3. A avaliação dos impactos das mudanças<br />

climáticas nas culturas do milho e do feijão foi<br />

realizada através dos cenários pessimista e otimista<br />

(A2 e B2, respectivamente) para os anos 2020,<br />

2050 e 2080 a partir dos modelos CROPGRO Drybean<br />

e CERES-MAIZE (Jones e Kiniry, 1986). O<br />

cenário A2 descreve um mundo heterogêneo, com<br />

crescimento da população elevado, e crescimento<br />

econômico e mudança tecnológica mais lentos.<br />

O cenário B2 descreve um mundo baseado em<br />

soluções locais aos problemas globais, com<br />

crescimento da população moderado, existindo níveis<br />

intermediários para o desenvolvimento econômico<br />

e uma mudança tecnológica mais diversa. Estes<br />

modelos determinísticos e baseados em processos<br />

que simulam os processos físicos, químicos e<br />

biológicos da cultura em resposta a variações do<br />

ambiente, estão incluídos no Sistema de Suporte para<br />

Transferência de Agrotecnologia (DSSAT v.4.0).<br />

Esses modelos consideram em seus resultados os<br />

parâmetros agronômicos e os processos fisiológicos<br />

em função do clima, solo e as condições de manejo.<br />

Os processos do modelo são orientados a considerar<br />

o desenvolvimento da cultura com o balanço de<br />

Os resultados obtidos para a cultura do<br />

milho (Figuras 2 a, c, e) dentro do cenário<br />

B2 indicam no ano de 2020 um ganho de<br />

até 5% da produtividade nas regiões do<br />

Vale do Jequitinhonha, Vale do Mucuri,<br />

Triângulo Mineiro e a região Sul/Sudeste.<br />

Na região Central mineira destaca-se com<br />

uma redução variando de 5 a 10%, e nas<br />

outras regiões reduções de até 5%. Para os<br />

anos de 2050 e 2080 o aumento da redução<br />

das regiões mais centrais do estado abrangendo a<br />

Campos dos Vertentes até a Zona da Mata e o restante<br />

do Estado com reduções de até 5%. Os resultados<br />

estão de acordo com os resultados encontrados por<br />

Siqueira et al. (2000), que indicaram reduções de<br />

até 10% na produtividade da cultura do milho para<br />

algumas regiões do Brasil.<br />

Para a cultura do feijão (Figuras 2 b, d, f) os<br />

resultados mostram um aumento significativo de<br />

produtividade, indicando um efeito benéfico do<br />

aumento da concentração de CO 2<br />

na produtividade da<br />

cultura. Tais resultados são coerentes com a hipótese<br />

do efeito fertilizante do CO 2<br />

que parte do princípio<br />

que a concentração atual de CO 2<br />

na atmosfera é<br />

limitante a capacidade fotossintética máxima das<br />

plantas C 3<br />

, devido aos níveis atuais serem insuficiente<br />

para saturar a enzima Rubisco (Bowes, 1991; Taiz<br />

e Zeiger, 1991; Vu et al., 1997, citado por Streck<br />

(2005)). Os aumentos mais significativos são obtidos<br />

na região do Vale do Jequitinhonha, descendo até<br />

a Zona da Mata Mineira. Na região do Triângulo<br />

Mineiro verifica-se um comportamento muito similar<br />

ou com pouca variação nas projeções dos anos 2020,<br />

2050 e 2080. Poucas variações são obtidas na parte<br />

mais central do Estado.<br />

59


Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

CULTURA DO MILHO<br />

CULTURA DO FEIJÃO<br />

(a)<br />

(b)<br />

(c)<br />

(d)<br />

(e)<br />

(f)<br />

Figura 2: Estimativas da redução de produtividade no Estado de Minas Gerias para as culturas do milho e do feijão, para os cenários B2,<br />

para os anos: a, b) 2020; c, d) 2050; e, f)2080<br />

60


Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

Para o CenárioA2, os resultados indicam uma<br />

acentuada redução da produtividade da cultura do<br />

milho nos anos de 2020, 2050 e 2080 em todas as<br />

regiões estudas (Figuras 3 a, c, e). Esta redução<br />

se intensifica da parte mais central até a região do<br />

Triângulo Mineiro, onde alcança reduções superiores<br />

a 15%.<br />

Os resultados para a cultura do feijão (Figuras<br />

3 b, d, f) indicam que para o Cenário A2, o efeito<br />

de fertilização do CO 2<br />

já não consegue manter o<br />

mesmo aumento de produtividade previsto para o<br />

Cenário B2, indicando que existe uma minimização<br />

do efeito positivo do aumento de CO 2<br />

devido ao<br />

aumento acentuado da temperatura. É importante<br />

salientar que os resultados encontrados para a cultura<br />

do feijão devem ser vistos com cautela e mostram<br />

a necessidade de estudos mais específicos, uma vez<br />

não leva em consideração a interferência de possíveis<br />

eventos climáticos extremos, que irão ocorrer<br />

com mais freqüência em condições de mudanças<br />

climáticas, nem os fatores de condições de uso do<br />

solo, disponibilidade de nutrientes, doenças, pragas,<br />

competição de ervas daninha fatores que devem<br />

reduzir o efeito fertilização do aumento do CO 2<br />

.<br />

Supomos que os resultados do aumento da<br />

produtividade simulada da cultura do feijão para os<br />

dois cenários (A2 e B2) não tenham obtidos muita<br />

diferença entre eles, se devam principalmente pela<br />

pouca representatividade espaço-temporal de fatores<br />

como: a disponibilidade de nutrientes, doenças e<br />

pragas, e que o efeito fertilização do CO 2<br />

tenha<br />

prevalecido nos processos físico-biológicos de<br />

crescimento e desenvolvimento. Na cultura do milho,<br />

apesar da pouca diferença dos resultados nos distintos<br />

cenários, foi observado que o aumento da temperatura<br />

se evidenciou como o principal limitante na redução<br />

da produtividade simulada, pelas suas características<br />

fisiológicas e bem como os fatores anteriormente já<br />

mencionados.<br />

Estudos considerando tais fatores e também os<br />

possíveis mecanismos de adaptação das culturas<br />

às mudanças climáticas estão sendo desenvolvidos<br />

pelo grupo de pesquisa em mudanças climáticas<br />

e seus impactos na agricultura da Universidade<br />

Federal de Viçosa em parceria com outros órgãos de<br />

pesquisa nacionais e internacionais. Os resultados<br />

desses estudos serão divulgados através de artigos<br />

publicados em revistas nacionais/internacionais a<br />

serem submetidos em breve.<br />

61


Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

CULTURA DO MILHO<br />

CULTURA DO FEIJÃO<br />

(a)<br />

(b)<br />

(c)<br />

(d)<br />

(e)<br />

(f)<br />

Figura 3: Estimativa da redução da produtividade no Estado de Minas Gerias, das culturas do milho e do feijão, para os cenários A2, para<br />

os anos: a, b) 2020; c, d) 2050; e, f)2080.<br />

62


Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

4. CONCLUSÕES<br />

Em condições ótimas de manejo e nutrientes os<br />

resultados preliminares encontrados no presente<br />

trabalho indicam um efeito positivo do aumento<br />

de CO 2<br />

na produtividade da cultura do feijão em<br />

ambos os cenários A2 e B2. Para a cultura do<br />

milho os cenários A2 e B2 indicam uma redução na<br />

produtividade que pode alcançar até 15% dos valores<br />

atuais. Mais estudos, tanto observacionais como de<br />

modelagem numérica e experimentos de campo,<br />

precisam ser realizados para o pleno entendimento<br />

dos mecanismos envoltos nas respostas das culturas<br />

às mudanças climáticas.<br />

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64


Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

O AQUECIMENTO GLOBAL E A CAFEICULTURA BRASILEIRA<br />

Hilton S. Pinto¹, Jurandir Zullo Junior¹, Eduardo D. Assad², Balbino A. Evangelista³<br />

¹Cepagri/Unicamp. CNPq; ²Embrapa Informática Agropecuária. CNPq; ³Agroconsult Ltda.<br />

E-mails: hilton@cpa.unicamp.br, jurandir@cpa.unicamp.br, assad@cnptia.embrapa.br,<br />

balbino@agroconsult.agr.br<br />

RESUMO<br />

A cultura do café no Brasil é caracterizada por plantas da espécie arábica (Coffea arabica L.), predominantes nas<br />

áreas com temperaturas médias anuais entre 18°C e 22°C, e por plantas da espécie robusta (Coffea canephora<br />

Pierre), cultivadas nas áreas com temperaturas médias anuais entre 22°C e 26°C. Temperaturas fora desses<br />

limites causam danos ao cultivo do café devido ao abortamento floral por ondas de calor ou por morte de<br />

tecidos devido a geadas. Considerando as perspectivas de aumento das temperaturas globais anunciadas pelo<br />

IPCC, o presente trabalho avalia, com base no comportamento eco-fisiológico das plantas, a adaptabilidade<br />

climática de ambas as espécies de café às novas condições de temperatura que poderão predominar no país, em<br />

especial entre as regiões Sudeste e Sul.<br />

Palavras-chave: Café arábica, café robusta, mudança climática.<br />

ABSTRACT<br />

According to the reports of the Intergovernmental Panel of Climatic Change – IPCC 2001 and <strong>2007</strong> - the<br />

global extreme temperature is supposed to increase to the end of the century from 1.2°C to 6,4°C and the total<br />

rainfall can increase about 15% in the tropical area. Using these parameters numerical models of productivity<br />

based on water balance and on physiological properties of the crops were developed for two species of coffee<br />

- Coffea Arabica L. and Coffea robusta Pierre. Therefore scenarios of the Brazilian coffee cultivation were<br />

established as simulated by three different levels of temperature (+1,0°C, +3,0°C and +5,8°C) and an increase<br />

of 15% of rainfall. The results showed a migration of coffee arabica from Southeast to South of the country<br />

and a possibility of robusta coffee cultivation in the Southeast.<br />

Keywords: Arabica coffee, robusta coffee, climate change.<br />

1. INTRODUÇÃO<br />

O relatório do Intergovernmental Panel on<br />

Climate Change (IPCC, <strong>2007</strong>) confirmou e<br />

atualizou os resultados anteriores (IPCC 2001a,<br />

b), indicando uma situação inquietante quanto ao<br />

aumento da temperatura no planeta e seus efeitos na<br />

produção agrícola. Considerando as causas naturais<br />

e antropogênicas, a previsão é que a temperatura<br />

global deverá aumentar, até o final do século vinte<br />

e um, entre 1,4°C e 5,8°C, tendo a média de 1961-<br />

1990 como referência, com valores extremos da<br />

ordem de 1,2°C e 6,4°C, dependendo da localização<br />

do país considerado. Esses cenários complementam<br />

os estudos feitos anteriormente pelo próprio IPCC<br />

(IPCC, 1997) que estimou um incremento na<br />

temperatura de 0,05°C por década e observou um<br />

aumento de chuvas entre 0,5 a 1,0% por década,<br />

até o final do século vinte, no Hemisfério Norte. No<br />

setor da região tropical compreendida entre 10 o N e<br />

65


Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

10 o S, o incremento na precipitação detectado nos<br />

estudos do IPCC (IPCC, 1997) foi de 0,2 a 0,3%.<br />

Independentemente das críticas e sugestões aos<br />

relatórios do IPCC (Gray, 1997; Reilly et al., 2001;<br />

Webster et al., 2001; Wingley e Raper, 2001),<br />

qualquer aumento das temperaturas, nas diferentes<br />

regiões do globo terrestre, levará a alterações do<br />

comportamento agrícola, provocando uma mudança<br />

das fronteiras de exploração econômica ou de<br />

subsistência. O objetivo deste artigo é avaliar, com<br />

base no comportamento eco-fisiológico das plantas<br />

de café, a aptidão das espécies arábica e robusta às<br />

novas condições climáticas que poderão predominar<br />

nas regiões Sudeste e Sul do Brasil.<br />

2. CLIMA E COMPORTAMENTO VEGETAL<br />

No Brasil, até o ano 2001, foram poucos os<br />

estudos desenvolvidos sobre o efeito das mudanças<br />

climáticas e seus impactos na agricultura. Assad e<br />

Luchiari Jr. (1989) avaliaram as possíveis alterações<br />

de produtividade para as culturas de soja e milho<br />

em função de cenários de aumento e redução das<br />

temperaturas. Siqueira et al. (1994) apresentaram,<br />

para algumas regiões do Brasil, os efeitos das<br />

mudanças globais na produção de trigo, milho e<br />

soja. Uma primeira tentativa de identificar o impacto<br />

das mudanças do clima na produção regional foi<br />

feita por Pinto et al. (1989 e 2001), que simularam<br />

os efeitos da elevação da temperatura do ar e da<br />

chuva no zoneamento do café para os Estados de<br />

São Paulo e Goiás. Novos trabalhos elaborados nos<br />

últimos cinco anos, no entanto, analisaram com<br />

detalhe o comportamento da agricultura nos cenários<br />

prognosticados pelo IPCC. Desses, podem ser<br />

citados os trabalhos desenvolvidos por Assad et al.<br />

(2004), Pinto et al. (2005) e Zullo et al. (2006), que<br />

tratam da alteração dos cultivos no Brasil em função<br />

dos cenários de aumento das temperaturas em 1,4°C,<br />

3,0°C e 5,8°C.<br />

O principal aspecto que condiciona a adaptabilidade<br />

biológica das culturas ao clima refere-se ao efeito<br />

direto nas plantas, do aumento da temperatura e<br />

da concentração de dióxido de carbono (CO 2<br />

) na<br />

atmosfera, que alteram, de forma significativa, o<br />

66<br />

comportamento dos estômatos e, conseqüentemente,<br />

da fotossíntese. A concentração do CO 2<br />

, sendo<br />

próxima de 300ppm, está bem abaixo da saturação<br />

para a maioria da plantas. Níveis excessivos, próximos<br />

de 1.000ppm passam a causar fitotoxidade. Nesse<br />

intervalo, de modo geral, o aumento do CO 2<br />

promove<br />

maior produtividade biológica nas plantas, conforme<br />

demonstraram Assad e Luchiari (1989). Da mesma<br />

forma, o aumento da temperatura do ar condiciona um<br />

comportamento biológico cada vez menos eficiente à<br />

medida que as temperaturas se aproximam de 34°C,<br />

principalmente durante a fase de florescimento, como<br />

no caso da planta de café arábica (Figura 1), que<br />

causa o abortamento das flores, transformando-as no<br />

que são comumente chamadas de “estrelinhas” (Iaffe<br />

et al., 2003 a).<br />

Figura 1: a) Botões florais normais; b) Botões abortados ou<br />

“estrelinhas”, devido à ocorrência de temperaturas elevadas<br />

observadas.<br />

Fonte: Iaffe et al. (2003 a).<br />

(a)<br />

(b)


Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

Temperaturas próximas a 40°C nas folhas tendem<br />

a causar uma diminuição gradual da fotossíntese nas<br />

plantas do tipo C 3<br />

, conforme mostrado na Figura 2.<br />

A denominação C3 advém do fato da maioria das<br />

plantas verdes formarem como primeiro produto<br />

estável da cadeia bioquímica da fotossíntese o ácido<br />

3-fosfoglicérico (3-PGA), uma molécula com três<br />

carbonos. As plantas C4 são assim chamadas por<br />

formarem como primeiro produto da fotossíntese<br />

o ácido oxalacético (4C), o qual é rapidamente<br />

reduzido a ácido málico e ácido aspártico, ambos<br />

com 4C, porém mais estáveis. Estruturalmente, outra<br />

diferença entre as plantas C3 e C4 é a presença, nestas<br />

últimas, de uma camada proeminente de células<br />

clorofiladas envolvendo os feixes condutores da<br />

folha (“Anatomia Kranz” ou “Síndrome de Kranz”)<br />

(HERBÁRIO, <strong>2007</strong>).<br />

e Abastecimento (MAPA), com base no Zoneamento<br />

de Riscos Climáticos. Os cálculos das deficiências<br />

hídricas mensais e anual foram feitos pelo método de<br />

Thornthwaite e Mather (1955), para armazenamento<br />

de água no solo igual a 125mm.<br />

Tabela 1: Valores limites da deficiência hídrica e da temperatura<br />

determinantes da aptidão climática dos cafés arábica e robusta no Brasil.<br />

Espécie<br />

DHA<br />

(mm)<br />

DHSet<br />

(mm)<br />

DH<br />

Out-Mar<br />

(mm)<br />

TMAno<br />

(°C)<br />

TMNov<br />

(°C)<br />

Arábica 18


Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

aumento nesse período, coincidente com a curva<br />

da precipitação pluviométrica de Campinas, o que<br />

permitiu inferir que o comportamento hidrológico<br />

da região de Campinas poderia ser representativo do<br />

Estado.<br />

ocorrência de pelo menos dois dias com temperaturas<br />

máximas iguais ou superiores a 34°C. Campinas, por<br />

exemplo, tem cerca de 3% de probabilidade para esse<br />

tipo de ocorrência.<br />

A Figura 3, elaborada com dados termométricos<br />

observados entre 1890 e 2006 no Centro Experimental<br />

do Instituto Agronômico de Campinas (IAC),<br />

exemplifica um acréscimo significativo de cerca<br />

de 0,0225ºC/ano na temperatura média mínima<br />

anual, ou seja, um aumento de 2,6ºC nos últimos<br />

116 anos. Outras análises efetuadas com séries<br />

climáticas de localidades no Sudeste e Sul do país<br />

mostraram tendências semelhantes para aumento das<br />

temperaturas da ordem de 0,02/ano em Sete Lagoas<br />

(MG) ou 0,008C/ano em Pelotas (RS). Em todos os<br />

casos citados, as maiores tendências de crescimento<br />

foram observadas nas temperaturas mínimas.<br />

Figura 3: Variação das temperaturas mínimas médias anuais entre 1890 e<br />

2006 na região de Campinas, SP. Dados do IAC/SAA.<br />

Considerando que a cultura do café é extremamente<br />

sensível a temperaturas elevadas na época do<br />

florescimento, o que acarreta o abortamento floral<br />

com conseqüente queda da produção, pode-se ter uma<br />

avaliação do comportamento regional da cultura em<br />

função principalmente das chamadas ondas de calor.<br />

Iaffe et al. (2003b) analisaram condições contrastantes<br />

de incidências de dias seqüenciais com temperaturas<br />

acima de 34°C e mostraram que a região noroeste de<br />

São Paulo tem uma probabilidade próxima a 25% de<br />

68<br />

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

Trabalhos desenvolvidos por Assad et al. (2004),<br />

Pinto et al. (2005) e Zullo et al. (2006) mostram que<br />

o Brasil poderá perder cerca de 23% de sua área<br />

potencialmente apta ao cultivo do café arábica devido<br />

ao aumento de apenas 1,0°C na temperatura. A perda<br />

será de 58% caso a temperatura global aumente 3,0°C<br />

e o país perderá, aproximadamente, 92% da produção<br />

potencial de café arábica caso o prognóstico do<br />

IPCC de aumento de 5,8°C seja confirmado para o<br />

final do século. Observa-se, nos resultados obtidos<br />

por esses autores, que as áreas de inaptidão para a<br />

cultura cafeeira em função das temperaturas<br />

máximas suportadas pelas plantas – 23ºC de<br />

média anual - aumentam significativamente<br />

até o final do século, deslocando a cultura<br />

progressivamente para o Sul do país e para<br />

áreas mais elevadas no Sudeste, em busca<br />

de clima mais ameno, assumindo a hipótese<br />

de redução da incidência de geadas com a<br />

elevação da temperatura global. No entanto,<br />

simulações preliminares para os cenários<br />

futuros de aumento das temperaturas no Sul<br />

do país mostram que essa alteração climática<br />

poderá beneficiar o cultivo do café arábica em<br />

Santa Catarina e no Rio Grande do Sul onde<br />

serão encontrados padrões de temperatura<br />

e chuva compatíveis com a biologia do<br />

cafeeiro.<br />

Por outro lado, os Estados de São Paulo e Minas<br />

Gerais, embora perdendo grande parte da área com<br />

potencial ao cultivo do café arábica, deverão sofrer<br />

modificações que beneficiarão o cultivo do café<br />

robusta, menos susceptível às altas temperaturas,<br />

conforme mostra a Tabela 2. Com exceção das<br />

condições atuais, as chuvas foram consideradas com<br />

15% de aumento. Os cenários futuros são mostrados<br />

nas Figuras 4 e 5.


Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

(a)<br />

(a)<br />

(b)<br />

(b)<br />

(c)<br />

(c)<br />

(d)<br />

(d)<br />

Figura 4: Mapas representativos das áreas com potencial ao cultivo<br />

do café robusta no Estado de São Paulo na condição climática atual<br />

(a) e cenários correspondentes a aumentos de 15% na chuva e<br />

1,0°C (b), 3,0°C (c) e 5,8°C (d) na temperatura.<br />

Figura 5: Mapas representativos das áreas com potencial ao cultivo<br />

do café robusta no Estado de Minas Gerais na condição climática<br />

atual (a) e cenários correspondentes a aumentos de 15% na chuva<br />

e 1,0°C (b), 3,0°C (c) e 5,8°C (d) na temperatura.<br />

69


Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

Tabela 2: Porcentagem de áreas climaticamente aptas ao plantio<br />

de café robusta nos Estados de São Paulo e Minas Gerais, nas<br />

condições de temperatura atual e simulada para aumentos de<br />

temperatura de 1ºC, 3ºC e 5,8ºC e 15% na chuva.<br />

Estado<br />

Área Potencial<br />

Atual +1,0°C +3,0°C +5,8°C<br />

SP <strong>31</strong>,1% 38,8% 29,6% 6,2%<br />

MG 12,2% 20,5% 28,1% 0,0%<br />

Segundo os dados do IBGE, disponíveis em<br />

http://www.ibge.gov.br, tem-se que, entre 1990<br />

e 2005, o Estado de São Paulo perdeu cerca de<br />

61% das áreas com cultivo de café arábica. Uma<br />

avaliação mais detalhada desses dados mostra que as<br />

regiões com temperaturas mais elevadas, próximas<br />

ao limite de maior susceptibilidade do cafeeiro,<br />

perderam mais áreas com cultivo do que outras<br />

regiões onde as temperaturas são normalmente<br />

mais baixas, sugerindo que um ligeiro aumento das<br />

temperaturas observado nesses anos pode ter sido<br />

suficiente para afetar negativamente a produtividade,<br />

levando os cafeicultores a mudarem de cultura.<br />

Coincidentemente, nesse mesmo período, a área<br />

com cultivo de seringueira no Estado, uma planta<br />

resistente ao calor, cresceu cerca de 10 vezes, de 3.700<br />

ha para 37.000 ha, estabelecendo-se, principalmente,<br />

nas áreas anteriormente ocupadas pela cafeicultura.<br />

Por outro lado, o estado de Minas Gerais possuía, em<br />

1990, uma área plantada com café arábica da ordem<br />

de 984 mil hectares e passou para 1,04 milhões<br />

em 2005. Nesse caso, o Triângulo Mineiro, região<br />

limítrofe de temperatura potencial para o cafeeiro,<br />

passou de 156 mil hectares para 146 mil hectares,<br />

enquanto que o Sul e o Sudeste do Estado, com áreas<br />

mais frias, passou de 413 mil hectares para 443 mil<br />

hectares. Não há uma indicação efetiva de que a<br />

causa dessas migrações da cultura tenha sido uma<br />

ligeira alteração climática, mas pode ter havido uma<br />

opção dos agricultores por uma cultura mais rentável<br />

devido à diminuição de produtividade do café.<br />

6. CONCLUSÕES<br />

Resultados obtidos anteriormente por Assad et<br />

al. (2004), Pinto et al. (2005) e Zullo et al. (2006)<br />

mostraram uma clara tendência de diminuição<br />

das áreas aptas para o cultivo do café arábica no<br />

Sudeste do país, considerando os cenários futuros<br />

apresentados pelo IPCC e que o acréscimo das<br />

temperaturas seja homogêneo nessas áreas. O<br />

presente trabalho demonstra que a perda de áreas<br />

aptas para o café arábica no Sudeste do país poderá<br />

ser compensada pelo aparecimento de áreas com<br />

aptidão ao desenvolvimento do café robusta, hoje<br />

encontrado nas áreas baixas do Espírito Santo.<br />

Além disso, avaliações preliminares indicam que,<br />

considerando os padrões utilizados no Zoneamento<br />

de Riscos Climáticos do Brasil, o café arábica poderá<br />

encontrar condições de potencial climático para seu<br />

desenvolvimento econômico nos estados de Santa<br />

Catarina e Rio Grande do Sul.<br />

Considerando o cenário de aumento das<br />

temperaturas, pode-se admitir que, nas regiões<br />

climaticamente limítrofes àquelas de delimitação de<br />

cultivo adequado das plantas agrícolas, a anomalia<br />

positiva de temperatura que venha a ocorrer será<br />

desfavorável ao desenvolvimento vegetal. Quanto<br />

maior a anomalia, menos apta se tornará a região,<br />

até o limite máximo de tolerância biológica ao calor.<br />

Por outro lado, culturas mais resistentes a altas<br />

temperaturas, provavelmente, serão beneficiadas,<br />

até o seu limite próprio de tolerância ao estresse<br />

térmico. No caso de baixas temperaturas, regiões que<br />

atualmente sejam limitantes ao desenvolvimento de<br />

culturas susceptíveis a geadas, com o aumento do<br />

nível térmico devido ao aquecimento global, passarão<br />

a exibir condições favoráveis ao desenvolvimento da<br />

planta. Um caso típico seria o da cultura cafeeira que<br />

poderá ser deslocada futuramente do Sudeste para o<br />

Sul do país.<br />

70


Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

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72


Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

O PLANETA TERRA: AQUECIMENTO GLOBAL<br />

E MUDANÇAS CLIMÁTICAS<br />

Teresinha de Maria Bezerra Sampaio Xavier<br />

Diretora Científica da Academia Cearense de Ciências (ACECI)/<br />

Profa. da Universidade Federal do Ceará/Engenharia Hidráulica e Ambiental<br />

Airton Fontenele Sampaio Xavier<br />

ACECI, Prof. do Mestrado em Computação Profissionalizante - UECE/CEFET-CE<br />

(sem vínculo empregatício)<br />

Rua Oswaldo Cruz 176 Ap. 400, Fortaleza-CE - CEP 60.125-150<br />

E-mails: txavier@secrel.com.br, axavier@secrel.com.br<br />

Há cerca de um século, ou mais, vem ocorrendo<br />

aumento gradativo das temperaturas no planeta<br />

Terra, nitidamente a partir do início do século XX,<br />

porém de forma mais exacerbada no decorrer dos<br />

últimos trinta anos. Este aumento, detectável quanto<br />

às temperaturas do ar nos dois hemisférios, embora<br />

com predominância do Hemisfério Norte (HN), como<br />

ainda em função de aumento nítido e progressivo<br />

das temperaturas das águas oceânicas, tudo isto<br />

envolvendo em seu conjunto o fenômeno designado<br />

como aquecimento global.<br />

Conforme foi confirmado no último relatório do<br />

Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas -<br />

IPCC/UNEP/WMO (<strong>2007</strong>), recentemente aprovado,<br />

este aumento de temperaturas pode atribuir-se,<br />

primordialmente, ao “efeito estufa” devido ao<br />

acúmulo de gases poluentes, na atmosfera, como<br />

ozônio (O 3<br />

), dióxido de carbono (CO 2<br />

ou gás<br />

carbônico excessivo), monóxido de carbono (CO),<br />

metano (CH 4<br />

), óxido nitroso (N 2<br />

O), e outros. Com<br />

efeito, estes gases, cujos teores na atmosfera tendem<br />

a crescer, vão constituir camada progressivamente<br />

“impermeável” à radiação que, de ordinário, seria<br />

devolvida ao espaço exterior sob a forma de radiação<br />

infra-vermelha. Daí, resultando o “aprisionamento”<br />

de calor e, em conseqüência, o aludido aumento das<br />

temperaturas no planeta.<br />

À parte desses gases responsáveis pelo efeito<br />

estufa, deve-se ainda levar em conta o acúmulo de<br />

poeira e aerossóis na atmosfera. Quanto à poeira, cabe<br />

considerar a que é mobilizada pelo vento e originada<br />

de regiões desérticas e outras áreas degradadas.<br />

Principalmente, na Ásia e África, afetando centros<br />

urbanos populosos, como na China. Em menor escala,<br />

o problema detecta-se nas demais áreas continentais.<br />

A queima de combustíveis fósseis e as queimadas<br />

também contribuem para o aumento da concentração<br />

de aerossóis na atmosfera devido à condensação de<br />

compostos orgânicos voláteis emitidos no processo<br />

de combustão. Esses aerossóis em geral exercem<br />

um papel de resfriamento na atmosfera pois tendem<br />

a refletir mais energia solar de volta para o espaço<br />

que absorvê-la. Entretanto, alguns aerossóis de<br />

queimadas podem conduzir ao aquecimento pelo seu<br />

aspecto escuro que favorece a absorção.<br />

Outro mecanismo, somado ao primeiro (gases e<br />

aerossóis na atmosfera), refere-se à “ilha de calor”<br />

em áreas urbanas. Ora, a “junção” destas “ilhas” de<br />

temperaturas mais elevadas também contribuiria para<br />

o aumento progressivo das temperaturas na superfície<br />

da Terra. Trata-se de mecanismo que tem sido pouco<br />

explicitado, decerto pela circunstância de referir-se a<br />

uma origem local. Por outro lado, como ao nível das<br />

cidades são igualmente produzidos gases e aerossóis<br />

poluentes, em última análise os habitantes dos centros<br />

73


Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

urbanos acabam partícipes, para não dizer grandes<br />

responsáveis pelo aquecimento global.<br />

Enfim o desmatamento, seguido da substituição por<br />

vegetação rasteira e de pequeno porte também pode<br />

levar a um aquecimento localizado. A construção de<br />

grandes reservatórios de água, por outro lado, pode<br />

levar a resfriamento, também localizado.<br />

Lembremos que por ilha de calor entende-se<br />

a cúpula de ar aquecido sobre as cidades, mesmo<br />

as de menor talhe, em função do calor advindo da<br />

pavimentação (asfáltica, pedras, concreto, etc) e ainda<br />

das edificações ali existentes. O aquecimento em<br />

centros urbanos também provém de fontes de calor<br />

móveis, como os próprios veículos, e estacionárias,<br />

como no caso de aparelhos de ar condicionado e outras<br />

fontes de energia, principalmente industriais. Por<br />

outro lado, em urbes litorâneas, como Fortaleza, no<br />

Ceará, e outras cidades à beira-mar, a ilha de calor (e<br />

o desconforto térmico resultante) pode intensificar-se<br />

pela verticalização urbana, máxime na orla marítima,<br />

decorrência da especulação imobiliária que conduz<br />

à construção de edifícios elevados e territorialmente<br />

adensados, ou seja, falésias artificiais servindo<br />

de barreira à penetração da brisa. Obviamente, a<br />

rarefação da cobertura vegetal nas áreas urbanas<br />

constitui outro fator concorrente.<br />

Neste artigo, tratamos de apenas algumas questões<br />

ligadas ao aquecimento global e mudanças climáticas<br />

daí resultantes, com ênfase no aquecimento do<br />

Oceano Atlântico intertropical, capaz de afetar mais<br />

diretamente o clima brasileiro e, em especial, conduzir<br />

a impactos no Nordeste semi-árido; neste tocante,<br />

com referência a trabalhos prévios dos autores e<br />

colaboradores. Por motivo da pouca disponibilidade<br />

de espaço, omite-se a questão do papel das mudanças<br />

climáticas locais já mencionadas, características<br />

do meio urbano, remetendo-se a Xavier (2001),<br />

no Cap. 12. Por outro lado, discute-se brevemente<br />

sobre prognósticos e/ou previsões, bem como, sobre<br />

conseqüências do aquecimento global, entre as quais<br />

a possibilidade de expansão das áreas endêmicas das<br />

doenças tropicais.<br />

1. PAPÉIS DOS DOIS HEMISFÉRIOS PARA O<br />

AQUECIMENTO GLOBAL<br />

O aquecimento devido ao “efeito estufa” e aquele<br />

originado pelo somatório das ilhas de calor é sentido<br />

de maneira nítida no HN. Com efeito, este hemisfério é<br />

bem mais continental do que o Hemisfério Sul (HS). Por<br />

outro lado, a contribuição para a poluição atmosférica<br />

é muito mais importante nos países industriais daquele<br />

hemisfério, em vista dos altos níveis da poluição<br />

originada das fábricas e outras plantas industriais e,<br />

também, a partir da circulação automotora, etc. Em<br />

última análise, processos que se ligam à queima de<br />

combustíveis fósseis, como o carvão, o gás natural e o<br />

petróleo. Além disso, o somatório das ilhas de calor seria<br />

ainda maior, no referido hemisfério. Note-se que uma<br />

constatação do maior adensamento de centros urbanos,<br />

ao norte, pode ainda ser obtida da simples inspeção<br />

de imagens de satélite, trazendo uma distribuição dos<br />

pontos brilhantes correspondentes a sua iluminação<br />

artificial, noturna.<br />

Numa imagem recente divulgada pela NASA, fica<br />

demonstrado que o aquecimento resulta realmente<br />

bem maior, no Hemisfério Norte. Veja-se, a respeito, a<br />

Figura 1. Com efeito, na maior parte do HN, em 2006, as<br />

anomalias (diferenças acima da média), na Figura 1, vão<br />

de 1 0 C até 4 0 C, aproximadamente. No HS, em geral, de<br />

0,2 0 C a 1 0 C. Portanto, ao sul, detectam-se anomalias<br />

quatro a cinco vezes menores, em termos aproximados,<br />

comparando àquelas observadas ao norte do equador.<br />

A partir da Figura 1, observa-se um aquecimento no<br />

extremo norte (e Ártico) mais intenso e generalizado<br />

que no extremo sul (e Antártida). Tais resultados são<br />

significativos, pois não constituem meras simulações,<br />

mas observações reais a partir de imagens de satélites,<br />

a menos de mínimas distorções comuns em medidas<br />

indiretas.<br />

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Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

2. AUMENTOS DRAMÁTICOS DA TEMPERATURA<br />

NO ATLÂNTICO<br />

Figura 1: Anomalias das temperaturas em 2006.<br />

Fonte: NASA/Earth Observatory.<br />

Estas constatações tornam-se importantes<br />

porque constituem indício claro de que a maior<br />

responsabilidade caberia ao HN, quando são<br />

comparadas suas anomalias para as temperaturas,<br />

em 2006, àquelas do HS. Não obstante, cabe lembrar<br />

que as pessoas habitando ao sul da linha equatorial<br />

são igualmente responsáveis pelo que venha a<br />

ocorrer no futuro, em termos de mudanças climáticas<br />

indesejáveis e limitantes à vida e/ou à sobrevivência<br />

humana, pois os mesmos mecanismos “predatórios”<br />

são também por elas exercidos, embora em menor<br />

escala, à parte de parâmetros já expressivos no<br />

tocante a uma agressão à cobertura vegetal (bosques<br />

e florestas), inclusive para fins agrícolas e pastoreio.<br />

Outros argumentos e/ou contra-argumentos<br />

sobre estas mesmas questões são aqui omitidas. Em<br />

particular, quando se leva em conta outros fatores,<br />

como: (i) a eficiência do processo de mistura do CO 2<br />

atmosférico dos dois hemisférios, de que resultam<br />

pequenas diferenças nos respectivos teores deste gás;<br />

(ii) o papel do albedo do gelo, no Ártico; e (iii) idem,<br />

da circulação oceânica vertical. Todos esses fatores,<br />

de certa forma, intervindo na assimetria entre os dois<br />

hemisférios.<br />

Mudanças climáticas no Atlântico intertropical<br />

norte e sul foram detectadas por Xavier, Xavier e Alves<br />

(2000), quanto à Temperatura da Superfície do Mar<br />

(TSM) e à Pseudo-Tensão do Vento de Superfície<br />

(PTVS). Foram indicadas influências também nítidas<br />

dos eventos El Niño-Oscilação do Sul (ENOS)/El<br />

Nino-Southern Oscillation (ENSO), em especial<br />

sobre a bacia do Atlântico norte. Por outro lado, o<br />

papel da Oscilação Decadal do Pacífico (ODP)/<br />

Pacific Decadal Oscillation (PDO) para a TSM no<br />

Atlântico intertropical mostra-se pouco significativa;<br />

veja-se Xavier e Xavier (2004). Ademais, sua possível<br />

influência nas chuvas no Nordeste setentrional<br />

(Ceará) inicia-se tardiamente, em março/abril de<br />

cada ano, a par de comportar sinal sempre bem mais<br />

fraco que o exercido pelo ENOS. Posteriormente,<br />

Xavier e Xavier (2005) re-analisaram as alterações<br />

da TSM no Atlântico, por sua vez conduzindo a<br />

outras comunicações, especialmente em Xavier et al.<br />

(2006 a).<br />

A ênfase destes últimos trabalhos foi sobre<br />

alterações da TSM nas adjacências da costa africana:<br />

a) no HN, entre o equador e 20 o N, área que comporta<br />

a MDR (Main Development Region), ainda incluindo<br />

o Golfo da Guiné; b) e no HS, do equador até 10 o S,<br />

principalmente. Com relação às mudanças da TSM<br />

junto à costa da África foram referidos aumentos<br />

“dramáticos” da TSM nas últimas décadas, podendo<br />

inclusive explicar a maior atividade ciclônica no HN,<br />

em função de ondas de leste que se deslocam para o<br />

Caribe. No HS, também ondas de leste são responsáveis<br />

por episódios de chuvas intensas no litoral leste do<br />

Nordeste brasileiro (zona da mata), que em alguns<br />

anos implicam em chuvas intensas de pós-estação no<br />

semi-árido nordestino e, em particular, no Ceará; veja<br />

Xavier (2001), Cap. 11, p. 365-383.<br />

Tem-se na Figura 2 um “box-plot” para a variação<br />

da TSM no Golfo de Guiné, em dezembro, com<br />

respeito a três sub-períodos consecutivos de treze<br />

anos cada, em 1964-2004 (à época eram disponíveis<br />

os dados somente até ao 1º semestre/2004). De fato,<br />

75


Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

a análise de variância da TSM no Golfo de Guiné, em<br />

dezembro, alcançou elevada significância estatística,<br />

com erro p=0,0000 apx. Por outro lado, o gráfico<br />

mostra como variaram o quartil inferior, a mediana e<br />

o quartil superior, ao longo do período, permitindo<br />

melhor caracterizar os aumentos consecutivos das<br />

temperaturas. Em geral, ainda no Golfo da Guiné,<br />

ocorreram “aumentos dramáticos” da TSM de<br />

setembro a dezembro (2º semestre), que corresponde<br />

ao auge da estação dos furacões no HN; porém,<br />

também em março (2 0 semestre).<br />

Figura 3: Áreas selecionadas para cálculos de temperatura no<br />

Atlântico intertropical (médias, medianas, etc).<br />

Fonte: Xavier (2001).<br />

Figura 2: “Box-Plot” para o comportamento da TSM no Golfo de<br />

Guiné, em dezembro, para três classes (sub-períodos) de 1964-<br />

2004.<br />

Fonte: Xavier e Xavier (2005).<br />

Lembremos que em cada “caixa” ou “box”<br />

daquela modalidade de gráfico (Figura 2), a “base” e<br />

sua “tampa” representam os quartis inferior e superior,<br />

respectivamente. O segmento “intermédio” dentro de<br />

cada “caixa” representa sua mediana, desenhada em<br />

cinza mais claro. Por outro lado, os prolongamentos<br />

para cima ou para baixo referem-se às variações dos<br />

restantes valores numéricos. Note-se que do primeiro<br />

para o terceiro (e último) sub-período a mediana passou<br />

de um valor algo inferior a 27,6 °C para um valor acima<br />

de 28,4 °C, ou seja, com variação para as medianas<br />

da ordem de 1 0 C. Para as várias áreas no Atlântico<br />

intertropical interessadas na análise de variações da<br />

TSM no Atlântico, veja-se a Figura 3.<br />

Na Figura 4 exibe-se o gráfico de dispersão das<br />

observações (x=ano, y=tsmg12) para as TSM médias<br />

no Golfo da Guiné, para todos os dezembros, desde<br />

1964. Através desta figura percebe-se que na primeira<br />

metade do período as médias da TSM em dezembro<br />

na área G são todas inferiores a 28,4 0 C, ao passo<br />

que na segunda metade, a partir de 1985, de vinte<br />

observações, onze delas (52,4%) ultrapassaram aquele<br />

limiar; mais, desde 1993 dez dentre doze médias de<br />

temperaturas (83,3%) superaram os 28,4 0 C.<br />

Figura 4: Variação da TSM média na área G (Golfo da Guiné) nos<br />

meses de dezembro, desde 1964 até 2004.<br />

Fonte: Xavier e Xavier (2005).<br />

76


Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

Sobre as tendências de aumento da TSM nas<br />

áreas C1, C2 e B1, são aqui omitidos os resultados,<br />

de certa forma análogos. Note-se que aumentos<br />

da TSM em D1, D2 e A1, na costa das Américas,<br />

possuem caráter menos dramático do que ocorre na<br />

costa africana. Ainda na mesma linha, dois artigos<br />

foram apresentados no XIV Congresso Brasileiro de<br />

Meteorologia, explorando recursos da “Linguagem R”;<br />

ou seja, por Xavier et al. (2006 b). Nestes dois artigos,<br />

os resultados foram bastante significativos, porém<br />

se referem a uma análise exploratória das variações<br />

no Atlântico intertropical ao longo do período 1964-<br />

2005, agora utilizando de quatro e seis sub-períodos,<br />

mediante a aplicação da “linguagem R” (um dialeto da<br />

“linguagem S”).<br />

Os resultados expostos referem-se às variações de<br />

temperaturas médias. Porém, foram também examinadas as<br />

variações para medianas e para quantis extremos, ao longo<br />

destes períodos; além do que se refere a extremos<br />

expressados como valores máximos, resultados esses<br />

aqui omitidos (veja-se a Figura 5, para a área C1).<br />

Figura 5: Variação das médias nos sub-períodos consecutivos<br />

1,2,3,4, para 1964-2005, nos meses junho a dezembro, na Área<br />

C1.<br />

Fonte: Xavier et al. (2006 b).<br />

3. IMPACTOS SOBRE A SAÚDE HUMANA<br />

Espera-se, no tocante a mudanças climáticas<br />

originadas do aquecimento global, uma extensão da<br />

zona de ocorrência das chamadas doenças tropicais,<br />

que em geral ficam hoje adstritas à faixa intertropical,<br />

ou seja, entre o Trópico de Câncer (ao norte da linha<br />

equatorial) e o Trópico do Capricórnio (no HS).<br />

Este último, passando alguns quilômetros ao sul da<br />

cidade de São Paulo. De fato, no caso do dengue,<br />

focos da doença podem também ser detectados em<br />

localidades extratropicais, como tem ocorrido em<br />

Buenos Aires-Argentina. Contudo, é de esperar que<br />

as áreas endêmicas para muitas doenças tropicais,<br />

como o dengue, a malária, a melioidose e outras,<br />

sejam francamente expandidas para fora desta faixa<br />

intertropical. Aliás, no México, casos de malária<br />

foram detectados a altitudes onde antes o vetor<br />

não se encontrava, agora em função de aumentos<br />

progressivos e locais, das temperaturas. Muitas<br />

doenças infecciosas causadas por vírus (como no<br />

dengue) ou por outros patógenos (protozoários<br />

como na malária) exibem um comportamento sazonal<br />

característico em vista de seus vetores, os mosquitos,<br />

serem sensíveis a variações meteorológico-climáticas,<br />

em especial em função da chuva, da umidade e<br />

temperatura do ar; em alguns casos, ao vento. Não<br />

obstante, podendo apresentar variações interanuais<br />

que não se explicam, exclusivamente, pelas últimas<br />

condições citadas.<br />

Na Figura 6 mostra-se de maneira indubitável<br />

como a curva porcentual da chuva costuma preceder<br />

de forma nítida a curva porcentual dos casos humanos<br />

de dengue. Apresenta-se o gráfico para 2002, porém<br />

dispõe-se de todas as curvas a partir de 1998 até<br />

2006, para a Região Metropolitana de Fortaleza-<br />

Ceará. Conforme mostraram Xavier et al. (<strong>2007</strong>).<br />

De fato (esta outra figura está omitida) pode-se ainda<br />

demonstrar que, em geral, as curvas porcentuais<br />

da chuva, dos focos do vetor e dos casos humanos<br />

também costumam preceder uma após a outra, o mais<br />

das vezes exatamente nesta ordem; ou seja: chuva <br />

focos do vetor casos humanos de dengue.<br />

77


Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

4. DISCUSSÃO<br />

Evidências a respeito de mudanças climáticas<br />

em curso, em função do aquecimento global, são<br />

fornecidas por várias fontes, no que se refere a<br />

aumentos das temperaturas do ar e dos oceanos, a par<br />

dos aumentos progressivos da emissão e o acúmulo<br />

de gases poluentes na atmosfera, etc. Consulte-se,<br />

a respeito: Oak Ridge (2003), IPCC/UNEP/WMO<br />

(2001), Hadley Center/Met Offi ce (2004). Remete-se,<br />

mais uma vez, a IPCC/UNEP/WMO (<strong>2007</strong>). Outros<br />

materiais de fontes autorizadas e confiáveis podem<br />

ser resgatadas da Internet e de periódicos científicos.<br />

Veja-se, ainda, Xavier (2003).<br />

Sobre mudanças climáticas na perspectiva do<br />

meio urbano, remete-se em particular a: Columbia<br />

Earth Institute (2001). Bem como, para mudanças<br />

climáticas em São Paulo e em Fortaleza-Ceará, a<br />

Xavier et al. (1994), Xavier et al. (1996), Xavier<br />

(2001). A respeito de mudanças climáticas nos<br />

oceanos, especialmente no Atlântico, consultemse<br />

ainda as bibliografias em Xavier et al. (2000),<br />

Xavier et al. (2006), Xavier et al. (2006 b). Trata-se,<br />

aí, também da questão da intensificação dos eventos<br />

ciclônicos e tempestades no Atlântico norte, inclusive<br />

com o aumento do número anual de furações, nas<br />

últimas décadas.<br />

78<br />

1<br />

Figura 6: Chuva (1) e casos de dengue (2) em Fortaleza-CE, em 2002:<br />

curvas acumuladas das respectivas ordens porcentílicas.<br />

Fonte: Xavier et al. (<strong>2007</strong>).<br />

2<br />

Um aspecto a considerar, que tem<br />

freqüentado a mídia, refere-se a algum<br />

exagero no que concerne a perspectivas<br />

sobre o aquecimento global e às<br />

conseqüências que daí podem advir.<br />

Sem dúvida, devido à gravidade da<br />

situação, um pouco de exagero é<br />

preferível à acomodação, ou ainda, à<br />

minimização dos possíveis perigos.<br />

Tal postura pode ser encontrada,<br />

inclusive, em meios científicos sérios.<br />

Contudo, ainda pairam dúvidas em<br />

termos de ampla incerteza, quanto<br />

aos cenários para o futuro. Conforme<br />

especialistas, e esta é também nossa<br />

posição, seria necessário melhor<br />

selecionar os modelos de previsão que<br />

entram no IPCC. Assim, deveriam em<br />

princípio ser excluídos os que fossem incapazes de<br />

reproduzir adequadamente o clima presente, a partir<br />

de cenários passados. Não estando bem claro se<br />

tais ressalvas foram, realmente, levadas em conta.<br />

De fato, a “calibração” cuidadosa de modelos de<br />

previsão evita conclusões precipitadas. A rigor, a<br />

“calibração” de modelos, hidrológicos, demográficos,<br />

epidemiológicos e em sistemas de apoio à decisão,<br />

etc., envolve um princípio universalmente aceito;<br />

donde valeria à pena aplicá-lo, seriamente, no que<br />

concerne ao clima.<br />

Assim, as previsões sobre os aumentos progressivos<br />

de temperatura do ar e oceanos, como sobre alterações<br />

em termos das condições pluviométricas das áreas<br />

tropicais e sua produtividade agrícola, poderão estar<br />

super-dimensionadas, em especial que os modelos<br />

numéricos empregados são apenas indicativos, além<br />

de sujeitos a erros não suficientemente conhecidos.<br />

A par da circunstância de que os prognósticos são<br />

de caráter muito geral em termos geográficos, donde<br />

incapazes de considerar peculiaridades locais. Por<br />

exemplo, sobre a possível diminuição de chuvas e<br />

aumento das temperaturas no Nordeste semi-árido,<br />

cabe lembrar que o aumento das temperaturas<br />

no Atlântico inter-tropical poderá representar a<br />

intensificação de chuvas, pelo menos no litoral da<br />

região. Por outro lado, os aumentos de temperaturas


Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

na costa da África, ao sul da linha equatorial, com a<br />

intensificação das ondas de leste, poderá representar<br />

tendência de chuvas intensas na zona da mata e,<br />

nos anos de maior força deste sistema, com chuvas<br />

copiosas no Nordeste setentrional semi-árido, de<br />

“pré-“ e “pós-estação”. Com efeito, torna-se muito<br />

difícil de prever, com exatidão, o que poderá ocorrer<br />

em áreas mais limitadas, até o fim do século XXI, ou<br />

mesmo nos seus meados.<br />

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

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Xavier, T. de Ma. B. S.; Xavier, A.F.S. Aumentos<br />

Dramáticos da TSM/SST em Áreas e Sub-Áreas do<br />

Atlântico Inter-tropical Leste: 1950/1964-2005. XII<br />

CBMET. Anais. CDROM, 2005, 8 p.<br />

Xavier, T. de Ma. B. S., Xavier, A.F.S., Silva-Dias,<br />

P.L.; Silva-Dias, Ma. A. F. Aumentos Dramáticos da<br />

TSM na Costa Africana do Atlântico Inter-Tropical<br />

1950/1964-2005 e Implicações sobre Eventos<br />

Climáticos nas Américas, 1ª CONFERÊNCIA<br />

LUSÓFONA SOBRE O SISTEMA TERRA, Lisboa,<br />

22-24 de março de 2006 a. Anais. IGPB-Portugal.<br />

Xavier, A.F.S.; Xavier, T. de Ma. B. S.; Alves, B. da<br />

S. Mudanças Climáticas no Atlântico e sua Análise<br />

Exploratória pela ´Linguagem´ R: 1. TSM nas<br />

Adjacências da Costa Africana 1964-2005; 2. TSM<br />

nas Proximidades das Américas 1964-2005. XIV<br />

Congresso Brasileiro de Meteorologia, Florianópolis.<br />

Anais. nov. 2006, CD-ROM. 2006 b.<br />

Xavier, A,F.S.; Gomes, M.J. Negreiros, Lima,<br />

J.W.de O.; Pontes, R.J.S.; Xavier, T.de Ma.B.S.;<br />

Freire, L.A.de M. Interferência Climatológica<br />

na Ocorrência de Focos e Casos de Dengue<br />

em Fortaleza-Ceará-Nordeste do Brasil, 1.<br />

Pluviometria. Em fase de submissão, <strong>2007</strong>.<br />

6. AGRADECIMENTOS<br />

Os autores agradecem ao Prof. Dr. Pedro Leite da<br />

Silva Dias do DCA/IAG/USP e a Academia Brasileira<br />

de Ciências, pela revisão deste artigo e preciosas<br />

sugestões.<br />

80


Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

O PROJETO TroCCiBras:<br />

OBJETIVOS, RESULTADOS DA CAMPANHA 2004 E O FUTURO<br />

Gerhard Held 1 , Roberto Vicente Calheiros 2 , Ana Maria Gomes e TroCCiBras Team<br />

Instituto de Pesquisas Meteorológicas, Caixa Postal 281, Bauru, São Paulo - 17033-360<br />

E-mails: gerhard@ipmet.unesp.br, calheiros@ipmet.unesp.br, ana@ipmet.unesp.br<br />

1<br />

Coordenador Geral; 2 Coordenador Científico<br />

RESUMO<br />

O projeto TroCCiBras (Experimento sobre Cirros e Convecção Tropical no Brasil) foi concebido pelo<br />

IPMet com o propósito de conciliar dois projetos da União Européia, denominados TROCCINOX e<br />

HIBISCUS, com as necessidades dos grupos brasileiros de pesquisas, durante a campanha de campo<br />

conjunta realizada em 2004. Outrossim, o TroCCiBras objetivava regulamentar a troca entre os<br />

pesquisadores participantes de dados atmosféricos inéditos sobre a atmosfera no Brasil. Esses dados estão<br />

contidos em três bases separadas. O propósito deste artigo é o de apresentar alguns dos resultados obtidos,<br />

especialmente os das pesquisas em meteorologia com radar e descargas elétricas, e ao mesmo tempo,<br />

destacar os dados já publicados, sobre a investigação dos mecanismos de transporte entre a alta troposfera<br />

e a baixa estratosfera (UT-LS) e a importância da convecção para o balanço hídrico na baixa estratosfera.<br />

Palavras-chave: Convecção profunda, observações de radar Doppler, medidas na troposfera, Lidar.<br />

ABSTRACT<br />

The project TroCCiBras (Tropical Convection and Cirrus Brasil) was created by IPMet to coordinate the two<br />

European Union projects TROCCINOX and HIBISCUS with the needs of Brazilian research groups during a<br />

joint field campaign in 2004, as well as to regulate the exchange of these unique data on the Brazilian atmosphere,<br />

residing in the three separate Data Bases, between the participating researchers. The purpose of this paper is to<br />

present some selected recent results, especially in the field of radar meteorology and lightning research, while,<br />

at the same time, drawing attention to already published material on topics like transport mechanisms between<br />

the Upper Troposphere and Lower Stratosphere (UT-LS) and the importance of overshooting convection to the<br />

LS water budget.<br />

Key Words: Deep convection, Doppler radar observations, tropospheric measurements, lidar.<br />

81


Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

1. INTRODUÇÃO<br />

2. OBJETIVOS<br />

Em fevereiro de 2003 foi realizado um Workshop<br />

Internacional, em Bauru/SP, organizado pelo Instituto<br />

de Pesquisas Meteorológicas da Universidade Estadual<br />

Paulista (IPMet/UNESP) e os coordenadores dos<br />

projetos europeus TROCCINOX (Experimento sobre<br />

Convecção Tropical, Cirros e Óxidos de Nitrogênio)<br />

e HIBISCUS (Impacto da convecção tropical sobre<br />

a alta troposfera e a baixa estratosfera), que contou<br />

com a participação de cerca de 35 delegados, e nele<br />

fez-se representar a maioria dos grupos de pesquisa<br />

brasileiros especializados em ciências atmosféricas.<br />

Durante esse Workshop foi verificado o interesse de<br />

grupos de pesquisa do país na participação em um<br />

projeto de pesquisa multidisciplinar, que explorasse<br />

os dados de natureza única providos pelas Campanhas<br />

dos Projetos TROCCINOX e HIBISCUS. Propôsse<br />

que todas as organizações e departamentos de<br />

Universidades com trabalhos relevantes nessa área<br />

fossem convidados a submeter uma breve proposta,<br />

indicando atividades pretendidas durante a campanha<br />

conjunta prevista para janeiro e fevereiro de 2004.<br />

A instituição líder, o IPMet/UNESP, coordenaria<br />

essas curtas propostas e subseqüentemente faria um<br />

convite para a submissão de propostas completas. Tais<br />

proposições foram então organizadas na denominada<br />

Proposta do TroCCiBras (Experimento sobre Cirros e<br />

Convecção Tropical no Brasil) para apresentação ao<br />

Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico<br />

e Tecnológico (CNPq)<br />

objetivando obter a<br />

respectiva autorização<br />

para a realização<br />

de uma “Expedição<br />

Científica” (Portaria<br />

N 0 625, Presidência<br />

da República, 22 de<br />

dezembro de 2003,<br />

publicado no Diário<br />

Oficial da União N 0 253,<br />

em 30 de dezembro de<br />

2003), que era essencial<br />

para a concessão da<br />

necessária permissão do<br />

Governo Brasileiro para<br />

a operação no espaço<br />

aéreo nacional de<br />

aeronaves laboratório do<br />

projeto TROCCINOX.<br />

82<br />

ÁREAS DO<br />

SUB-PROJETO<br />

Meteorologia, Física<br />

Atmosférica e Previsão<br />

O objetivo geral do Projeto TroCCiBras é obter<br />

um conjunto único de medidas especiais através<br />

de toda a extensão da troposfera, chegando à baixa<br />

estratosfera, para atender necessidades específicas de<br />

pesquisa de instituições brasileiras de investigação,<br />

através da execução do projeto TROCCINOX da<br />

União Européia e do projeto conjunto brasileiroeuropeu<br />

HIBISCUS no Brasil. Os objetivos dos<br />

projetos TROCCINOX e HIBISCUS estão detalhados<br />

em Held et al. (2004 a, b).<br />

Os diferentes sub-projetos de pesquisa, embora<br />

agrupados em três tópicos principais, a saber,<br />

“Meteorologia, Física Atmosférica e Previsão”,<br />

“Química Atmosférica” e “Validação de Sensores<br />

Remotos em Satélites e no Solo” constituem, de fato,<br />

um conjunto compreensivo. A Tabela 1 lista os vários<br />

sub-projetos e instituições responsáveis. A proposta<br />

completa do projeto TroCCiBras, como submetido à<br />

FAPESP em outubro de 2003 e outros documentos<br />

relevantes podem ser obtidos no endereço www.ipmet.<br />

unesp.br/troccibras/. Em que pese o investimento<br />

europeu (cerca de 11,6 milhões de euros) nos projetos<br />

TROCCINOX e HIBISCUS, os quais foram ainda<br />

complementados por contribuições individuais de<br />

Instituições participantes, não se logrou êxito quanto<br />

ao suporte solicitado à FAPESP (um valor de R$<br />

500.000,00) para execução do TroCCiBras.<br />

Tabela 1: Projetos no âmbito do TroCCiBras com os sub-projetos específicos.<br />

TÍTULO DO SUB-PROJETO<br />

Integração das observações de radar, descargas<br />

elétricas, modelos numéricos e Nowcasting<br />

Validação de modelos numéricos com<br />

componente de química da atmosfera<br />

Acoplamento entre camada limite e o início e<br />

intensificação da convecção úmida<br />

Estudos de física de nuvens<br />

Estudos de eletricidade atmosférica e sprites<br />

Poluição do ar, nuvens e interações climáticas<br />

Química Atmosférica<br />

Distribuição vertical de aerosóis e gases traço<br />

entre o solo e a média troposfera<br />

Medidas combinadas de diferentes sensores<br />

Validação de Sensores<br />

Detecção em ar claro e nuvens<br />

Embarcados e Terrestres<br />

Quantificação de precipitação usando canais de<br />

microondas<br />

INSTITUIÇÃO<br />

RESPONSÁVEL<br />

IPMet/UNESP<br />

CPTEC/INPE<br />

CTA e<br />

CPTEC/INPE<br />

UECE<br />

ELAT/INPE<br />

IAG/USP<br />

IF/USP e MPIC<br />

IPMet/UNESP<br />

IPMet/UNESP<br />

IPMet/UNESP<br />

Obs.: Os tópicos em itálico não puderam ser executados devido a uma limitação de fundos.


Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

3. RESULTADOS<br />

Todos os dados coletados no contexto do projeto<br />

TroCCiBras (21 de janeiro a 11 de março de 2004)<br />

foram agrupados em um banco de dados (Held et<br />

al., 2004 a), protegido por senha, cujo acesso aos<br />

pesquisadores participantes atende aos requisitos<br />

normalmente adotados para projetos da espécie.<br />

Mais um Workshop Internacional foi realizado<br />

em Bauru/SP, em novembro de 2004, pelo IPMet e a<br />

coordenação dos projetos TROCCINOX e HIBISCUS.<br />

Este Workshop contou com a participação de 35<br />

cientistas principais, sendo 16 da União Européia<br />

(França, Reino Unido, Itália, Alemanha, bem como<br />

da Suiça) e 19 do Brasil. Neste, foram apresentados<br />

40 apresentações no total, com enfoques gerais sobre<br />

os Projetos TroCCiBras, HIBISCUS e TROCCINOX,<br />

estudos básicos relevantes para o Brasil e os primeiros<br />

resultados da Campanha (Held, 2004).<br />

Radares do IPMet<br />

As observações contínuas dos radares do IPMet,<br />

em Bauru e Presidente Prudente (Figura 1) compôs a<br />

espinha dorsal da campanha do TroCCiBras e resultou<br />

numa contribuição importante para os projetos<br />

internacionais, não só para o planejamento das<br />

atividades diárias do projeto, tais como lançamentos<br />

de balões e rotas das aeronaves, mas também para<br />

estudos de casos específicos do TROCCINOX (Fehr<br />

et al., 2004), bem como complemento aos estudos<br />

de lidar, vapor d´agua, medidas com sondas-deretroespalhamento<br />

e estudos de modelagem de<br />

nuvens do HIBISCUS (Donfrancesco et al., 2004;<br />

Pommereau et al., <strong>2007</strong>; Durry et al., 2006; Nielsen<br />

et al., <strong>2007</strong>; Grosvenor et al., 2005, 2006, <strong>2007</strong>).<br />

Climatologia das tempestades durante o período<br />

do TroCCiBras<br />

Uma análise climatológica para as tempestades<br />

ocorridas durante a campanha do TroCCiBras foi<br />

iniciada por Gomes e Held (2004). Este estudo<br />

está sendo expandido, usando o sistema TITAN<br />

(Thunderstorm Identifi cation Tracking Analysis and<br />

Nowcasting) (Dixon and Wiener, 1993), que provê<br />

uma variedade de parâmetros relativos às tempestades<br />

durante um dado período. A Figura 2 mostra a<br />

freqüência de dias em que as tempestades penetraram<br />

através da tropopausa durante o mês de fevereiro para<br />

um período de 7 anos (1996-2002), em cotejo com o<br />

mês de fevereiro de 2004. O número de dias em que os<br />

topos das tempestades atingiram a baixa estratosfera<br />

durante o experimento ficou entre os máximos,<br />

considerando os oito anos de observações, ou seja,<br />

em torno de 58,6% para o mês de fevereiro. Estudos<br />

detalhados enfocando topos dos ecos, variando os<br />

limiares de refletividades (10-40 dBZ) e de volume<br />

(16 e 50 km 3 ) revelaram ocorrências de máximos<br />

secundários para ambos os limiares de 10 e 35 dBZ<br />

e de volume 50 km 3 (Figura 3). Os resultados destas<br />

informações estão sendo utilizados para determinar a<br />

freqüência de penetrações das torres de nuvens e sua<br />

contribuição para o conteúdo de água e gelo na baixa<br />

estratosfera, bem como os mecanismos associados<br />

ao transporte vertical (Pommereau and Held, 2006;<br />

Pommereau e Held, <strong>2007</strong>).<br />

Figura 1: Rede de radares do IPMet (BRU = Bauru; PPR = Presidente<br />

Prudente), mostrando os anéis de 240 km e 450 km, assim como o<br />

Aeroporto de Gavião Peixoto (GPX), onde as aeronaves laboratório<br />

fi caram alocadas.<br />

Figura 2: Freqüência de dias em fevereiro quando uma ou mais torres<br />

de tempestades penetraram através da tropopausa (radar banda-S<br />

do IPMet/UNESP em Bauru, 240 km de raio; sem informação para<br />

estatística em 2003).<br />

83


Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

e também para comparação com novos instrumentos<br />

de alta-resolução (Durry et al., 2006). Essas pesquisas<br />

mostram a importância das células convectivas, que<br />

penetram a tropopausa e contribuem para o balanço<br />

hídrico na baixa estratosfera.<br />

Estudos de Física de Nuvens<br />

Figura 3: Freqüência de topos médios e máximos (limiares de 10<br />

dBZ e 35 dBZ, volume 50 km 3 ; Bauru, 240 km de raio).<br />

Validação de Modelos Numéricos com<br />

Componente de Química da Atmosfera<br />

Este sub-projeto, sob a coordenação do CPTEC/<br />

INPE, foi concebido como um projeto de análise<br />

pós-facto do TroCCiBras, mas até o presente ainda<br />

não se materializou, à exceção de alguns estudos<br />

colaborativos com cientistas do HIBISCUS (Huret et<br />

al., 2006).<br />

Acoplamento entre Camada Limite e o Início e<br />

Intensificação da Convecção Úmida<br />

Este sub-projeto foi proposto por pesquisadores<br />

(PIs) do CTA e do CPTEC/INPE. Não foi possível,<br />

à época, dispor-se da instrumentação prevista pelos<br />

pesquisadores proponentes (sodar, sistema de balão<br />

cativo, anemômetro sônico, bem como um sistema<br />

adicional de radiosonda), ficando prejudicada a sua<br />

participação no experimento de campo. No entanto,<br />

durante o período do experimento foram realizadas<br />

um número de até seis radiossondagens por dia, sendo<br />

algumas delas com sensor de ozônio, resultando num<br />

total de 105 perfis coletados. Estes dados estão sendo<br />

exaustivamente utilizados pelos grupos de cientistas<br />

do HIBISCUS e do IPMet/UNESP, para investigar os<br />

mecanismos de transporte entre a troposfera superior<br />

e a estratosfera inferior (UT-LS; Pommereau et al.,<br />

<strong>2007</strong>; Pommereau e Held, <strong>2007</strong>; Nielsen et al., <strong>2007</strong>),<br />

84<br />

Este sub-projeto, empregando uma aeronave<br />

Bandeirante, da UECE, especialmente instrumentada<br />

para pesquisas em física de nuvens, teria sido de<br />

grande valia para a verificação das medidas tridimensionais<br />

de radar (refletividade e escoamento<br />

radial), bem como para estudos de topos de nuvens<br />

versus topo dos ecos de radar. No entanto, face à<br />

indisponibilidade dos respectivos recursos, constantes<br />

da solicitação à FAPESP como anteriormente<br />

mencionado, a participação do avião da UECE não<br />

pôde se concretizar nessa oportunidade.<br />

Estudos de Eletricidade Atmosférica e Sprites<br />

Dados da Rede Brasileira de Detecção de Descargas<br />

Elétricas (RINDAT) foram disponibilizados pelo<br />

ELAT/INPE para todo o período de coleta de dados<br />

do TroCCiBras. Algumas destas observações já<br />

foram utilizadas para estudos de casos específicos<br />

(Fehr et al., 2004). Um estudo climatológico feito<br />

por Naccarato et al. (2004) dentro do raio de alcance<br />

de 450 km do radar de Bauru, o radar indicou que a<br />

atividade elétrica durante o período do TroCCiBras<br />

foi significativamente abaixo da média dos cinco<br />

anos (1999-2003), ou seja, 37%, 58% e 75% menor<br />

que as médias durante os meses de janeiro, fevereiro<br />

e março, respectivamente.<br />

Os estudos sobre Sprite não puderam ser conduzidos<br />

devido à insuficiência de fundos. O Grupo LRGOU<br />

da Universidade de Osaka operou dois sistemas de<br />

banda larga DITF (Digital Interferometer) no período<br />

de 13 de fevereiro a 25 de maio de 2004, sendo um<br />

próximo ao radar de BRU e outro ao longo de uma<br />

linha de base de 28,6 km a sudeste do radar, de forma<br />

a detectar descargas em modo tridimensional (Held


Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

et al., 2005). Quanto às análises em relação aos ecos<br />

de radar, face ao considerável tempo requerido para<br />

tal, foi trabalhada até o momento parte de um dia.<br />

As Figuras 4a-d mostram as observações usando uma<br />

única estação de coleta e a Figura 5 uma apresentação<br />

tridimensional, demonstrando claramente a<br />

origem das descargas elétricas na região de baixas<br />

refletividades acima dos topos dos ecos observados<br />

pelo radar. Portanto, observações tridimensionais de<br />

descargas elétricas são extremamente importantes<br />

para nowcasting, por serem indicadores de regiões<br />

de nuvens não-detectadas ainda pelo radar, onde a<br />

intensificação das células convectivas deverá ocorrer.<br />

As análises estão em andamento para outros dias.<br />

a) b)<br />

c) d)<br />

Figura 4: Exemplos do sistema 3-D DITF em 20 de fevereiro de 2004, com observações com uma única estação de flashes relativos aos ecos<br />

de radar (5 dBZ): a) CG (nuvem-terra), b, c) IC (entre-nuvens), d) CC (nuvem-nuvem).<br />

Fonte: Held et al. (2004b).<br />

85


Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

concentrações de óxido de nitrogênio (NO) dentro da<br />

camada limite (até 2,4 km) durante um vôo efetuado<br />

no início da manhã e outro à tarde, para mapear as<br />

concentrações antes e depois do estabelecimento da<br />

convecção (e a atividade elétrica associada). Durante<br />

a manhã as concentrações são mais altas próximo do<br />

solo que no topo da camada limite, mas à tarde são<br />

baixas e a atmosfera está bem misturada. Estão em<br />

andamento estudos enfocando como estes poluentes<br />

da camada limite planetária são transportados para<br />

dentro de células convectivas e sua contribuição para<br />

a configuração de mistura e transporte da UTLS.<br />

Figura 5: Representação 3-D de dois eventos de descargas de umsegundo<br />

relativos à varredura volumétrica do radar (10 dBZ).<br />

Fonte: Held et al. (2005).<br />

Poluição do Ar, Nuvens e Interações<br />

Climáticas<br />

Este sub-projeto, proposto por pesquisadores (PIs)<br />

do IAG/USP foi planejado como um projeto de análise<br />

pós-facto, essencialmente para projetos de estudantes,<br />

mas até o presente ainda não se materializou.<br />

Química Atmosférica:<br />

Distribuição Vertical de Aerossóis e Gases Traço<br />

entre o Solo e a Média-Troposfera<br />

Este sub-projeto, proposto em conjunto pelo<br />

IPMet/UNESP e por pesquisadores (PIs) do IF/<br />

USP e MPIC, teve apenas sete missões de vôo<br />

com a aeronave laboratório Bandeirante, devido à<br />

escassez de recursos e sem o suporte financeiro da<br />

FAPESP. Alguns destes vôos foram coordenados<br />

com a aeronave Falcon do TROCCINOX e com aos<br />

lançamentos de balões do HIBISCUS. Resultados<br />

preliminares das medidas de gases e aerossóis foram<br />

apresentados por Thielman et al. (2004) e Artaxo et<br />

al. (2004), respectivamente. A Figura 6 mostra as<br />

A operação do sistema de Lidar de Aerosol do<br />

IPEN, instalado no IPMet/UNESP, também faz parte<br />

deste sub-projeto. Este Lidar monitorou a atmosfera<br />

até os 30 km ao nível médio do mar em diferentes<br />

períodos do dia e da noite, sempre que as condições<br />

atmosféricas permitiram. Alguns resultados<br />

preliminares foram publicados por Landulfo et al.<br />

(2004). O perfil na Figura 7 é visualizado de 855 m<br />

até 21,5 km e mostra uma camada claramente visível<br />

de nuvens em torno de 4,5 km de altitude, assim<br />

como uma camada de aerossóis em torno de 3 km e<br />

5 km. O topo da camada limite está acerca de 1850<br />

m; todas as camadas mencionadas são discerníveis<br />

em níveis de verde e azul-claro. As análises estão em<br />

andamento para outros dias.<br />

Validação de Sensores Embarcados e Terrestres<br />

Os três sub-projetos: Medidas Combinadas de<br />

Diferentes Sensores, Detecção em Ar Claro e Nuvens<br />

e Quantificação de Precipitação Usando Canais de<br />

Microondas, foram propostos por PIs do IPMet/<br />

UNESP e as pesquisas estão em andamento. Alguns<br />

resultados preliminares, comparando perfis de<br />

umidade determinados de sensores a bordo de satélite<br />

e do lidar DIAL H 2<br />

O, embarcado na aeronave Falcon<br />

do TROCCINOX, foram apresentados por Calheiros<br />

et al. (2004). Adicionalmente, uma proposta de<br />

validação, para o Brasil, usando GPS e baseado<br />

nas medidas realizadas durante as campanhas do<br />

TroCCiBras e TROCCINOX também já foi publicada<br />

em Calheiros et al. (2005).<br />

86


Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

(a)<br />

(b)<br />

Figura 6: Concentrações de NO no dia 27 de fevereiro de 2004<br />

durante a manhã (a) e à tarde (b) entre o solo e 2,4 km anmm<br />

(Thielman et al., 2004); tempos de amostragem são aproximados,<br />

hora local). A imagem do radar de Bauru mostra a atividade<br />

convectiva durante o vôo da tarde.<br />

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />

Em suma, pode-se dizer que o TroCCiBras atingiu<br />

seus objetivos, a despeito do fato de que o avião<br />

laboratório de vôo estratosférico, o M-55 Geophysica,<br />

não pode chegar a tempo para a campanha de janeiro<br />

a março de 2004. No entanto, durante fevereiro<br />

de 2005, uma segunda fase do TROCCINOX foi<br />

conduzida com a participação da aeronave M-<br />

55, tendo ocorrido fora do projeto original do<br />

TroCCiBras. No total, seis instituições brasileiras de<br />

pesquisa participaram ativamente no experimento de<br />

campo sob a coordenação do IPMet/UNESP, quais<br />

sejam, CPTEC/INPE, CLA/IPEN, IF/USP, INMET,<br />

ELAT/INPE, IAC, assim como o MPIC Alemãs e a<br />

Universidade de Osaka, Japão. Uma base única de<br />

dados foi estabelecida para o período experimental<br />

(21 de janeiro a 11 de março de 2004), a qual nunca<br />

esteve antes disponível no Estado de São Paulo.<br />

Esta base de dados se tornará pública em janeiro<br />

de 2008, um ano após o encerramento do projeto.<br />

A coordenação do TroCCiBras com os projetos da<br />

Comissão Européia, TROCCINOX e HIBISCUS,<br />

resultou em um conjunto geral de dados de valor<br />

extraordinário para o Brasil. As demais publicações<br />

podem ser encontradas no website do TroCCiBras<br />

(http://www.ipmet.unesp.br/troccibras/publicacoes.<br />

htm).<br />

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

ARTAXO, P.; LARA, L.;NISHIOKA, G.;<br />

RIBEIRO, A.C. Aerosol measurements with the INPE<br />

Bandeirante during the TroCCiBras / TROCCONOX<br />

Experiment 2004. Proceedings, HIBOSCUS /<br />

TroCCiBras / TROCINOX Workshop, Bauru, SP,<br />

p.11, www.ipmet.unesp.br/troccibras/,2004<br />

Figura 7: Perfi l de Lidar obtido no IPMet, Bauru, em 04 de março de<br />

2004 entre 19:51 HL e 20:57 HL (Landulfo et al., 2004).<br />

CALHEIROS, R.V.; MACHADO, R; FLENTJE,<br />

H.; THOMPSON LEITE, C.A.F. Humidity profiles<br />

from satelite sensors and Lidar. Proceedings,<br />

HIBISCUS / TroCCiBras / TROCINOX /<br />

Workshop, Bauru, SP, p. 24, www.ipmet.unesp.br/<br />

troccibras/, 2004.<br />

87


Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

CALHEIROS, R.V.; HELD, G.; MITEV, V.;<br />

ANTONIO, C.A.A.; MARTUCCI, G.; MATTHEY,<br />

R. Ground and Airborne Validation Plans for GPM in<br />

the Central State of São Paulo, Brazil (Paper P6R.8).<br />

Preprints, 32nd Conf. on Radar Meteorology,<br />

AMS, Albuquerque, USA, 8p, 2005.<br />

DIXON, M.; WIENER, G. TITAN Thunderstorm<br />

Identification, Tracking, Analysis and Nowcasting<br />

- A radar-based methodology. J. Atmos. Ocean.<br />

Technol., 10:785-797, 1993.<br />

DONFRANCESCO, G.D.; CAIRO, F.; HELD,<br />

G.; FIERLI, F. Contemporary Measurements of a<br />

Ground-Based Weather Radar and Balloon-Borne<br />

Lidar at Bauru during the HIBISCUS Campaigns:<br />

A Powerful Synergy in Cloud Physics Studies<br />

(Paper P6R.10). Preprints, 32 nd Conf. on Radar<br />

Meteorology, AMS, Albuquerque, USA, 4p, 2005.<br />

DURRY, G.; HURET, N.; HAUCHECORNE, A.;<br />

MARECAL, V.; POMMEREAU, J.-P.; JONES, R.L.;<br />

HELD, G.; LARSEN, N.; RENARD, J.-B. Isentropic<br />

advection and convective lifting of water vapor in the<br />

UT-LS as observed over Brazil (22ºS) in February<br />

2004 by in situ high-resolution measurements of<br />

H 2<br />

O, CH 4<br />

, O 3<br />

and temperature. Atmos. Chem. Phys.<br />

Discuss., v. 6 (Special HIBISCUS issue), p.12469-<br />

12501, 2006.<br />

FEHR, T.; GOMES, A.M.; HÖLLER, H.;<br />

SCHLAGER, H.; PINTO, O.; KAWASAKI, Z.;<br />

HUNTRIESER, H.; GATZEN, C.; HELD, G.;<br />

SCHUMANN, U. Lightning activity and cloud<br />

properties of the convective storm system on 3 March<br />

2004 observed during TROCCINOX / TroCCiBras<br />

and implications for lightning NOx production.<br />

Transactions, American Geophysical Union, 2004<br />

Fall Meeting, San Francisco, USA, 2004.<br />

GROSVENOR, D.P.; CHOULARTON, T.W.;<br />

COE, H.; HELD, G.; HANSFORD, G.M. Cloud<br />

Resolving Model studies of tropical deep convection<br />

observed during HIBISCUS 2004. Geophysical<br />

Research Abstracts, v. 7, EGU General Assembly<br />

2005, Vienna, Austria, p.8324, 2005.<br />

GROSVENOR, D.P.; CHOULARTON, T.W.;<br />

COE, H.; HELD, G. Cloud Resolving Model studies<br />

of upper tropospheric dehydration due to tropical<br />

deep convection observed during HIBISCUS 2004.<br />

Geophysical Research Abstracts, v. 8, EGU General<br />

Assembly 2006, Vienna, Austria, p.7466, 2006.<br />

GROSVENOR, D.P.; CHOULARTON, T.W.;<br />

COE, H.; HELD, G. A study of the effect of<br />

overshooting deep convection on the water content of<br />

the TTL and lower stratosphere from Cloud Resolving<br />

Model simulations. Atmos. Chem. Phys. Discuss.,<br />

v. 7 (Special HIBISCUS issue), 7277-7346, <strong>2007</strong>.<br />

GOMES, A.M.; HELD, G. Determinação e<br />

avaliação do parâmetro densidade VIL para alerta<br />

de tempestades. XIII Congresso Brasileiro de<br />

Meteorologia. Fortaleza, SBMET, Anais (CD ROM),<br />

12 p, 2004.<br />

HELD, G. (ed.). Proceedings, HIBISCUS /<br />

TroCCiBras / TROCINOX Workshop, Bauru, SP,<br />

32 p, 2004. (www.ipmet.unesp.br/troccibras/)<br />

HELD G.; CALHEIROS, R.V.; POMMEREAU,<br />

J-P.; GOMES, A.M. A preview of preliminary results<br />

from the TroCCiBras, TROCCINOX and HIBISCUS<br />

campaign 2004. XIII Congresso Brasileiro de<br />

Meteorologia, Fortaleza, SBMET, Anais (CD ROM),<br />

15 p, 2004 a.<br />

HELD, G.; CALHEIROS, R.V.; SCHLAGER, H.;<br />

POMMEREAU, J.-P.; MORIMOTO, T. TroCCiBras<br />

and its Partner Projects TROCCINOX and HIBISCUS:<br />

Monitoring the Atmosphere from Ground-level to<br />

the Lower Stratosphere. Proceedings, International<br />

Conference on Grounding and Earthing<br />

(GROUND’2004) & 1st International Conference<br />

on Lightning Physics and Effects. Belo Horizonte,<br />

p. 17-23, 2004 b.<br />

HELD, G.; GOMES, A.M.; PINTO, O. Jr.;<br />

NACCARATO, K.P.; KAWASAKI. Z.; MORIMOTO,<br />

T. The Integrated Use of a Lightning Network and<br />

Doppler Radars in the State of São Paulo to Identify and<br />

Forecast Severe Storms and its Application to Power<br />

88


Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

Electric Utilities. Proceedings VIII International<br />

Symposium on Lightning Protection. São Paulo, p.<br />

429-434, 2005.<br />

LANDULFO, E.; FREITAS, A.Z.; PAPAYANNIS,<br />

A.; SOUZA, R.F.;POZZETTI, L.M.V.; LIMA, E.;<br />

BIRAL, A.R.P.; TORRES, A.S.; MATOS, C.A.;<br />

SAWAMURA, P.; ZEFERINO, J. Lidar measurements<br />

with IPEN’s Aerosol Lidar during the troCCiBras 2004<br />

Campaign. Proceedings, HIBISCUS / TroCCiBras<br />

/ TROCINOX Workshop, Bauru, SP, p. 10, www.<br />

ipmet.unesp.br/troccibras/, 2004.<br />

NACCARATO, K.P.; PINTO Jr., O.; HELD, G.<br />

Lightning climatology in the State of São Paulo in<br />

comparison to the TroCCiBras experimental period<br />

in 2004. Proceedings, HIBISCUS / TroCCiBras /<br />

TROCINOX Workshop, Bauru, SP, p. 10, www.<br />

ipmet.unesp.br/troccibras/, 2004.<br />

NIELSEN, J.K.; LARSEN, N.; CAIRO, F.; Di<br />

DONFRANCESCO, G.; ROSEN, J.M.; DURRY,<br />

G.; HELD, G. Solid particles in the tropical lowest<br />

stratosphere. Atmos. Chem. Phys., v. 7 (Special<br />

HIBISCUS issue), p. 685-695, <strong>2007</strong>.<br />

POMMEREAU, J.P.; HELD, G. How deep<br />

convective overshooting over land can penetrate<br />

the stratosphere? Abstract A13G-04. Transactions,<br />

American Geophysical Union, 2006 Fall Meeting,<br />

San Francisco, USA, 2006.<br />

POMMEREAU, J.P.; GARNIER, A.; HELD, G.;<br />

GOMES, A.M.; GOUTAIL, F.; et. al. An overview<br />

of the HIBISCUS campaign. Atmos. Chem. Phys.<br />

Discuss., v. 7 (Special HIBISCUS issue), p. 2389-<br />

2475, <strong>2007</strong>.<br />

POMMEREAU, J.P.; HELD, G.; Is there a<br />

strotospheric fountain? Atmos. Chem. Phys. Discuss.,<br />

v.7 (Spetial HIBISCUS issue), 8933-8950, <strong>2007</strong>.<br />

THIELMANN, A.; WELLING, M.; ANDREAE,<br />

M.O. Trace gas measurements during TroCCiBras<br />

/ TROCCINOX 2004. Proceedings, HIBISCUS /<br />

TroCCiBras / TROCINOX Workshop, Bauru, SP,<br />

p. 11, www.ipmet.unesp.br/troccibras/, 2004.<br />

5. AGRADECIMENTOS<br />

Agradece-se à UNESP e à Fundunesp pelo seu<br />

suporte financeiro, permitindo que alguns subprojetos<br />

e atividades do projeto TroCCiBras fossem<br />

executadas conjuntamente com o TROCCINOX<br />

e o HIBISCUS durante a campanha experimental,<br />

conforme proposto inicialmente. O CTA forneceu<br />

incalculável apoio logístico para obter as permissões<br />

necessárias do governo central em conexão com a<br />

admissão temporária do avião estrangeiro, enquanto<br />

destina-se à Embraer elevado reconhecimento e<br />

especiais agradecimentos por disponibilizar suas<br />

instalações em Gavião Peixoto, para serem usadas<br />

como uma base para as aeronaves do TroCCiBras<br />

e do TROCCINOX, sem custos para o projeto.<br />

Agradece-se, outrossim, a Açucareira Zillo-Lorenzetti<br />

e a equipe da Usina São José, assim como a UNIP,<br />

Campus de Bauru, pela permissão de instalação das<br />

estações de descargas elétricas do LRGOU em suas<br />

dependências. O apoio do Ministério da Defesa e<br />

do Ministério de Ciência e Tecnologia (incluindo<br />

o CNPq) foram fundamentais para que o projeto<br />

pudesse se concretizar.<br />

89


Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

HOMENAGEM DA SBMET AOS SEUS<br />

SÓCIOS BENEMÉRITOS<br />

No encerramento da Assembléia Geral do V<br />

Congresso Brasileiro de Meteorologia, realizado<br />

no Rio de Janeiro, no período de 7 a 11 de novembro<br />

de 1988, a Diretoria Executiva (DE) e o Conselho<br />

Deliberativo (CD) da SBMET conferiram o<br />

título na categoria Sócio Benemérito às seguintes<br />

personalidades, por terem contribuído de forma<br />

invulgar para o desenvolvimento da SBMET ou para<br />

a salvaguarda dos seus interesses: Jesus Marden<br />

dos Santos, Yomar Morada de Souza, Everaldo<br />

Cavalcanti Bechara, Fábio de Alcântara e Fernando<br />

Pimenta Alves.<br />

Passado-se quase vinte anos, a SBMET presta<br />

uma singela homenagem a essas personalidades em<br />

reconhecimento ao trabalho prestado e, que alguns<br />

deles ainda vem prestando á sociedade. Desta vez, na<br />

forma de uma matéria curta publicada nesse número<br />

do Boletim da SBMET, destacando os principais<br />

aspectos de suas vidas profissionais em prol da<br />

Meteorologia.<br />

Atualmente temos no quadro de associados<br />

na categoria Sócio Benemérito apenas três dessas<br />

personalidades mencionadas. São eles: Jesus Marden<br />

dos Santos, Everaldo Cavalcanti Bechara e Fernando<br />

Pimenta Alves. Os demais, infelizmente, já são<br />

falecidos, e a homenagem será in memorian. Apesar<br />

dos esforços empreendidos pela DE e pelo CD em<br />

contata-lo, só foi possível saber que o Sr. Bechara<br />

está residindo em Recife. Assim, devido à falta de<br />

informações mais atualizadas sobre a vida profissional<br />

desse sócio, sua homenagem será publicada em um<br />

próximo número do Boletim.<br />

JESUS MARDEN DOS SANTOS<br />

Nosso homenageado, Jesus Marden dos Santos,<br />

para os amigos e alunos que tiveram o privilégio<br />

de tê-lo como professor, Dr. Marden, é filho de<br />

Piracicaba, aprazível cidade do interior de São<br />

Paulo, cortada pelo rio de mesmo nome. Em 1952 foi<br />

diplomado como Engenheiro Agrônomo pela Escola<br />

Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ)/<br />

USP; neste mesmo ano iniciou sua carreira docente<br />

junto ao seu Departamento de Física e Meteorologia<br />

(atualmente Departamento de Ciências Exatas). Por<br />

várias vezes exerceu a Chefia deste Departamento.<br />

Quatro anos após, realizava o seu Mestrado em<br />

Climatologia Agrícola na Iowa State University nos<br />

EUA, e em 1957 obteve seu doutorado na ESALQ/<br />

USP. Entre 1963 e 1964, sob a supervisão de Tanner<br />

e Suomi realizou Estágio de Especialização na<br />

Universidade de Wisconsin/EUA e, usufruindo uma<br />

bolsa do Conselho Britânico, obteve o pós-doutorado<br />

trabalhando com Penman e Monteith. Quem já<br />

90<br />

“transitou” pelos domínios agrometeorológico e<br />

biometeorológico ficou fascinado ao ler os trabalhos<br />

destes renomados pesquisadores. Cremos que somente<br />

os talentos privilegiados foram contemplados com<br />

a oportunidade única de sorverem os ensinamentos<br />

destes quatro luminares. E o Dr Marden foi um destes<br />

talentos.<br />

O Dr. Marden obteve a Livre Docência em 1978 e<br />

passou a Prof. Adjunto em 1979. No âmbito específico<br />

da Meteorologia foi Diretor do então Departamento<br />

Nacional de Meteorologia (DNMET), atual Instituto<br />

Nacional de Meteorologia (INMET), no período de<br />

1964 a 1967, o qual tinha sua sede no Rio de Janeiro.<br />

Foi nesta ocasião que, seguindo seu perfil inovador<br />

e idealista, sedimentou as bases do primeiro Curso<br />

de Meteorologia do Brasil, instalado provisoriamente<br />

no Departamento de Física da Faculdade Nacional de<br />

Filosofia (FNFi) da Universidade do Brasil (UB),<br />

conhecida hoje como Universidade Federal do Rio


Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

de Janeiro (UFRJ). Da primeira turma do Curso<br />

somos seu feliz componente e nos alegramos de<br />

lembrar aqueles momentos, ainda presentes na nossa<br />

memória, embora já passados 42 anos. Fazemos votos<br />

que, daqui a 42 anos, os calouros de Meteorologia<br />

de hoje tenham a oportunidade de comemorar com a<br />

mesma alegria esta fase de suas vidas profissionais,<br />

da mesma forma com que nós da primeira turma o<br />

fazemos.<br />

Nossas atividades como alunos eram divididas<br />

entre as aulas na FNFi e no INMET na Praça XV.<br />

Como atividade integradora tivemos oportunidade<br />

de vivenciar um Serviço de Meteorologia, num<br />

ambiente onde se respirava a ciência meteorológica<br />

e do qual partilhávamos do esforço do Dr. Marden<br />

pela modernização do Órgão. Além de sala de aula,<br />

de um Laboratório de Análise e Previsão do Tempo<br />

e sala para as práticas da disciplina “Instrumentos<br />

Meteorológicos”, dispunhamos de cabines individuais<br />

com ar condicionado para realizarmos nossos estudos,<br />

rever as aulas, fazer nossos exercícios. Na ocasião o<br />

Dr. Marden nos lecionava as disciplinas “Instrumentos<br />

e Métodos de Observação” e “Climatologia”.<br />

Desta forma, o Dr. Marden, com sua visão<br />

anos à frente, fez com que o INMET da época se<br />

transformasse, também, no nosso ponto de agradável<br />

convívio diário inclusive com os seus funcionários.<br />

Uma verdadeira revolução no conceito de ensino e<br />

treinamento em Meteorologia, na época.<br />

Lembramos com satisfação quando, ainda<br />

estudantes, fomos instalados pelo Dr. Marden para<br />

participar da organização da Biblioteca do DNMET.<br />

Num trabalho de garimpagem e supervisionados pela<br />

bibliotecária Dulce Cardoso, de saudosa memória,<br />

ajudamos na seleção, catalogação e organização dos<br />

milhares de documentos, publicações as mais variadas<br />

de Meteorologia e até cartas sinóticas da Rússia, que se<br />

encontravam amontoados na Biblioteca. Gostaríamos<br />

de continuar contando aqui, principalmente para os<br />

jovens alunos da Meteorologia, os muitos “causos”<br />

por nós vividos. Seriam muitas páginas a serem<br />

escritas, mas o espaço é curto e, assim, não será<br />

possível.<br />

Ao longo dos anos e já profissionais, fomos<br />

testemunhas de sua atuação como Diretor (de<br />

1967 a 1972), na modernização e consolidação<br />

da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias<br />

do Campus de Jaboticabal, SP, hoje reconhecida<br />

internacionalmente.<br />

Em seu invejável curriculum vitae, destacase<br />

sua dedicação à formação acadêmica de novos<br />

meteorologistas. Além da criação de novas escolas,<br />

novos cursos, orientou dezenas de pesquisadores. Foi<br />

meu orientador no mestrado e doutorado na ESALQ/<br />

USP.<br />

Para finalizar, tomamos a liberdade de pinçar<br />

trecho de uma menção feita ao Dr. Marden<br />

pela Sociedade Brasileira de Agrometeorologia<br />

(SBAgro), em seu Boletim, por ocasião da outorga<br />

do merecido título de Agrometeorolista Emérito: “Os<br />

seus trabalhos e esforços com certeza contribuíram<br />

decisivamente para modernizar os estudos e técnicas<br />

na Meteorologia, Agronomia, Meio Ambiente e<br />

Agrometeorologia, entre outros, e na formação de<br />

recursos humanos, criando o primeiro Curso de Pós-<br />

Graduação em Agrometeorologia no Brasil, junto a<br />

ESALQ, em 1972.”<br />

Escrito por José Marques,<br />

Presidente do CD da SBMET.<br />

91


Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

FERNANDO PIMENTA ALVES<br />

Fernando Pimenta Alves nasceu no Rio de<br />

Janeiro em 03 de dezembro de 1921, cidade que<br />

reside atualmente. Em 1940, interrompeu o Curso<br />

de Química Industrial, na Universidade do Brasil,<br />

para fazer o Curso Superior em Meteorologia na<br />

Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA-<br />

EUA). Para tal, conseguiu uma bolsa de estudos do<br />

United States Weather Bureau-EUA (de 1941 a 1944),<br />

e obteve os títulos de Meteorologista Profissional<br />

(Bacharel) e Mestrado em Meteorologia. Após<br />

concluir seu curso, fez estágio por seis meses no<br />

United States Weather Bureau, como Meteorologistajúnior<br />

no Aeroporto Internacional de Kansas City-<br />

EUA. Em 1945 ocupou o cargo de Meteorologista<br />

Sênior na Panair do Brasil S. A., sediada no Rio<br />

de Janeiro. Desde 1945 é Membro Profisional da<br />

Sociedade Americana de Meteorologia. No período<br />

de 1946 até 1954, organizou e chefiou a Seção de<br />

Meteorologia da Empresa de Transportes Aerovias<br />

Brasil S. A.<br />

Foi nomeado Meteorologista Classe I do Serviço<br />

de Meteorologia do Ministério da Agricultura<br />

(INEMET) em 1951, com sede no Rio de Janeiro,<br />

sendo efetivado no cargo em 1953 após aprovado em<br />

concurso público. No INEMET exerceu vária funções<br />

no período de 1951 a 1990, podendo-se destacar<br />

a de Chefe da Seção de Meteorologia Sinótica e<br />

Marítima, Chefe da Seção de Rádio-Comunicação,<br />

Chefe da Divisão de Meteorologia Aplicada,<br />

Assessor do Diretor do INEMET, Coordenador do<br />

Programa Mundial do Clima e Diretor do 6 0 Distrito<br />

de Meteorologia, tendo sido dispensado dessa última<br />

função em março de 1990.<br />

Enquanto estava no INEMET, foi posto à<br />

disposição da Organização Meteorológica Mundial<br />

(OMM), em resposta a convite do Secretário Geral<br />

da OMM. Assim, serviu à OMM de 13 de outubro<br />

de 1964 até 17 de janeiro de 1982, onde ocupou<br />

inicialmente o cargo de Oficial Técnico, passando em<br />

1969 a Chefe da Divisão de Sistemas de Observação<br />

do Departamento de vigilância Meteorológica<br />

Mundial, permanecendo no cargo por 10 anos.<br />

Exerceu esse cargo até completar 60 anos, idade limite<br />

dos funcionários da OMM, conforme regulamento<br />

da Organização. Durante todo o período de seu<br />

trabalho no Secretariado da OMM, executou suas<br />

funções e responsabilidades com grande eficiência<br />

e conhecimento profissional. Suas relações dentro<br />

e fora do Secretariado foram excelentes, fazendo<br />

muitos amigos no mundo inteiro. Retornou ao Brasil<br />

em 21 de janeiro de 1982, reassumindo a função de<br />

Meteorologista do INEMET em 5 de fevereiro de<br />

1982.<br />

Também exerceu outras atividades profissionais,<br />

tais como Professor da disciplina Meteorologia<br />

Geral ministrada no curso regular de Técnico de<br />

Meteorologia, na Escola Técnica Nacional (em<br />

1962), Professor de Inglês Técnico do curso avulso<br />

de Meteorologista do Curso de aperfeiçoamento,<br />

Especialização e Extensão do Ministério da Agricultura<br />

(em 1962), e Professor da disciplina Meteorologia,<br />

ministrada aos oficiais da DHN, em seu Curso de<br />

Especialização, em 1964. Foi Secretário do Comitê<br />

de Meteorologia na “ICAO South Atlantic Regional<br />

Session”, em 1947; Delegado do Brasil na Segunda<br />

Reunião da Associação Regional III (América do Sul)<br />

da OMM realizada em Caracas, em 1957; Presidente<br />

do Grupo de Trabalho de Telecomunicações da<br />

Associação Regional III (América do Sul), de 1957 até<br />

1964; e Delegado do Brasil na Reunião da Comissão<br />

de Meteorologia Sinótica da OMM, realizada em<br />

Washington, em 1962.<br />

Foi o primeiro Presidente eleito da Sociedade<br />

Brasileira de Meteorologia - SBMET (1960-1962),<br />

sendo reconduzido ao cargo por mais três biênios, a<br />

saber: 1983-1984, 1989-1990 e 1994-1996. Ocupou o<br />

cargo de Membro Suplente do Conselho Deliberativo<br />

no biênio 1987-1988. Também foi Membro Efetivo<br />

do Conselho Deliberativo em 1991 e nos biênios<br />

1993-1994, 1996-1998 e 1998-2000. Exerceu o<br />

cargo de Presidente da Comissão Organizadora do<br />

VI Congresso Brasileiro de Meteorologia, realizado<br />

em Salvador, no período de 19 a 23 de novembro de<br />

1990. Fernando Pimenta Alves realizou um trabalho<br />

exemplar na SBMET, com seu talento inovador e<br />

dedicação, o qual é reconhecido amplamente por<br />

toda a comunidade.<br />

92


Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

TEMA DA OMM PARA O<br />

DIA METEOROLÓGICO MUNDIAL DE <strong>2007</strong><br />

“METEOROLOGIA POLAR: ENTENDENDO OS IMPACTOS GLOBAIS”<br />

Mensagem do Sr. M. Jarraud,<br />

Secretário geral da OMM<br />

Tradução de Dimitrie Nechet<br />

Professor da UFPa<br />

Todos os anos, no dia 23 março, a Organização<br />

Meteorológica Mundial (OMM), os seus 187 países<br />

membros e a comunidade meteorológica mundial<br />

celebram o Dia Meteorológico Mundial. Este<br />

Dia comemora a entrada, oficialmente, em 1950,<br />

da Convenção da OMM, criando a Organização.<br />

Subseqüentemente, em 1951, a OMM foi designada<br />

como uma agência especializada do Sistema das<br />

Nações Unidas.<br />

Em 2005, por ocasião de sua sessão de número<br />

57, o Conselho Executivo da OMM decidiu que<br />

o tema para o ano de <strong>2007</strong> seria “Meteorologia<br />

Polar: Entendendo os Impactos Globais”,<br />

em reconhecimento à importância do Ano Polar<br />

Internacional de <strong>2007</strong>-2008, e como uma contribuição<br />

para esse ano, que está sendo patrocinado pela<br />

OMM e pelo Conselho Internacional para a Ciência<br />

(ICSU). Para assegurar que os pesquisadores possam<br />

trabalhar em ambas as regiões polares durante os<br />

meses de Verão e de Inverno, o evento na verdade,<br />

será mantido de março de <strong>2007</strong> a março de 2009.<br />

O objetivo fundamental do Ano Polar Internacional<br />

é um intenso trabalho de coordenação internacional,<br />

pesquisa científica interdisciplinar e observações<br />

focalizadas nas regiões polares da Terra e os seus<br />

efeitos globais de longo alcance.<br />

Em recentes anos, houve interesse renovado no<br />

clima e as nas condições ambientais das regiões polares<br />

que têm alguns antecedentes históricos importantes,<br />

já que essas regiões desempenharam um papel<br />

decisivo, tradicionalmente, nas atividades da OMM<br />

e nas atividades da Organização que a antecedeu, a<br />

Organização Meteorológico Internacional (OMI).<br />

Em 1879, o Segundo Congresso Meteorológico<br />

aprovou o objetivo de um Ano Polar Internacional,<br />

que foi mantido em 1882-1883. O segundo Ano<br />

Polar Internacional que também foi iniciado pela<br />

Organização Meteorológica Internacional aconteceu<br />

em 1932-1933. O sucesso do primeiro e do segundo<br />

Ano Polar Internacional conduziu ao desenvolvimento<br />

de um Ano Geofísico Internacional mais amplo,<br />

estendendo-se para englobar as latitudes mais baixas,<br />

em lugar de, simplesmente, um novo Ano Polar<br />

Internacional. Esse Ano Geofísico Internacional, que<br />

durou de 1 de julho de 1957 a <strong>31</strong> de dezembro de<br />

1958 teve como conseqüências de longo alcance, em<br />

termos de pesquisas científicas, pelo envolvimento<br />

de 80.000 cientistas de 67 países.<br />

Através dos Serviços Nacionais de Meteorologia<br />

e Hidrologia e de outras instituições de seus países<br />

membros, a OMM estará fazendo contribuições<br />

significativas ao novo Ano Polar Internacional<br />

nas áreas de, meteorologia polar, oceanografia,<br />

glaciologia e hidrologia, em termos de pesquisa<br />

científica e de observações. Outra contribuição<br />

essencial para o Ano Polar Internacional será<br />

fornecido pelo programa espacial da OMM. Afinal<br />

de contas, os resultados científicos e operacionais<br />

do Ano Polar Internacional oferecerão benefícios<br />

a vários programas da OMM, gerando conjuntos<br />

completos de dados e conhecimento científico de<br />

órgãos oficiais, para assegurar desenvolvimento<br />

adicional de monitoramento ambiental e previsão<br />

de sistemas, incluindo a previsão de tempo severo.<br />

Além disso, fornecerá valiosas contribuições na<br />

93


Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

avaliação de mudança de clima e de seus impactos,<br />

em particular, se as redes de observação forem<br />

estabelecidas ou melhoradas durante o período do<br />

Ano Polar Internacional, para poderem ser mantidas,<br />

por muitos anos, de modo operacional.<br />

Até agora as observações meteorológicas locais<br />

envolvidas nas regiões, polares são áreas menos densas<br />

de cobertura na Terra. Assim, a meteorologia polar<br />

tem confiado extensivamente nos satélites de órbita<br />

polar. Dados anteriores de satélite meteorológicos<br />

obtidos destas regiões consistiram, principalmente, de<br />

imagem visível e de infravermelha, mas, em recentes<br />

anos, uma gama muito mais ampla de produtos ficou<br />

disponível de instrumentos com microonda ativos e<br />

passivos, permitindo, em particular, a determinação<br />

de perfis de temperatura e de umidade, até mesmo<br />

durante condições atmosféricas nubladas, bem como<br />

de ventos, da extensão e da concentração de gelo<br />

de mar e vários outros parâmetros. Além disso, esta<br />

falta relativa de observações no local, também foi<br />

compensado, parcialmente, pelo desenvolvimento de<br />

estações meteorológicas automáticas e de bóias fixas<br />

e à deriva no gelo.<br />

Embora as regiões polares sejam, geralmente,<br />

distantes de zonas amplamente povoadas, há uma<br />

grande necessidade por previsões seguras do tempo<br />

nessas áreas. Ao redor do Ártico, são necessárias as<br />

previsões para a proteção de comunidades indígenas<br />

e em defesa de operações marítimas, como também<br />

para a exploração e produção de óleo e gás. Na<br />

Antártica, são necessárias previsões seguras para<br />

as operações complexas de logística marítimas e<br />

aéreas, como também em defesa de programas de<br />

pesquisa científica e pela expansão da indústria de<br />

turismo. A previsão do tempo, em todas as partes do<br />

mundo, apresenta alguns desafios sem igual, quando<br />

comparado às regiões extra-polares, mas os avanços<br />

notáveis fizeram durante os recentes anos observações<br />

de sistemas para a previsão numérica do tempo, que<br />

tem levado à melhoria considerável na habilidade de<br />

previsões do tempo, incluindo essas regiões polares.<br />

Durante as últimas décadas, foram descobertas<br />

mudanças significativas no ambiente polar, como uma<br />

diminuição no gelo perene do mar, o derretimento de<br />

algumas geleiras e das geadas permanentes e uma<br />

diminuição de gelo de rio e de lago. Estas mudanças<br />

que são até mesmo mais evidentes no Ártico do<br />

que na Antártica, estiveram sujeitas a consideráveis<br />

estudos. O Terceiro Relatório de Avaliação da<br />

OMM, em 2001 com o patrocínio do Painel<br />

Intergovernamental em Mudança de Clima (IPCC)<br />

indica que a temperatura de superfície global da Terra<br />

aumentou, por aproximadamente, 0.6°C durante o<br />

século 20. O Relatório, além disso, fez estimativas<br />

adicionais calculando, globalmente, a média de<br />

temperaturas de superfície, que estariam subindo<br />

de 1,4 a 5,8 o C, no período de 1990-2100. No total,<br />

o IPCC calculou que, pelo ano de 2100, o nível do<br />

mar terá aumentado entre 9 cm e 88 cm que causaria<br />

um problema muito significativo para muitos Estados<br />

em Desenvolvimento de Pequenas Ilhas e, em geral,<br />

para áreas de baixadas do mundo. Atualmente, o<br />

IPCC está no processo de preparação do seu Quarto<br />

Relatório de Avaliação, que será libertado durante o<br />

ano de <strong>2007</strong>.<br />

A diminuição do gelo do mar poderia induzir à<br />

mudanças sérias em ecossistemas marinhos, afetando<br />

mamíferos marinhos e as vastas populações de krill,<br />

que alimentam o grande número de aves marinhas,<br />

focas e baleias. A geada permanente também é<br />

sensível ao aquecimento atmosférico a longo prazo,<br />

e, assim, é provável ter um descongelamento<br />

progressivo nas superfícies congeladas, ao redor do<br />

Ártico, acompanhado pela expansão de superfícies<br />

molhadas e o potencial para o dano considerável para<br />

o suporte de edificações e da infra-estrutura. Este<br />

derretimento também teria implicações para o ciclo<br />

de carbono, através da liberação de um dos gases de<br />

estufa mais importantes, o metano, que é mantido<br />

dentro da geada permanente.<br />

Ozônio é um gás estratosférico, extremamente,<br />

importante já que ele protege a biosfera absorvendo<br />

radiação solar ultravioleta. O ozônio atmosférico<br />

foi primeiro medido na Antártica através de<br />

instrumentos baseados na superfície durante o Ano<br />

Polar Internacional de 1957-1958. Desde meados<br />

de1970, um padrão diferente foi descoberto ao<br />

término de invernos do Hemisfério Sul, já que o<br />

94


Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

aumento de valores mais baixos de ozônio foi,<br />

consecutivamente, medido a cada ano até o início<br />

de aquecimento da primavera da estratosfera. De<br />

acordo com a descoberta do buraco de Ozônio da<br />

Antártica foi uma conseqüência importante do Ano<br />

Polar Internacional. Foi finalmente determinado que<br />

o “buraco” desenvolveu-se em grande parte, como<br />

resultado de emissões de alguns gases industriais<br />

extensivamente usados. Contudo, seguindo as<br />

medidas adotadas como resposta, parece estar<br />

estabilizando agora. Se as providências do Protocolo<br />

de 1987 nas substâncias que destruem a Camada<br />

de Ozônio forem adotadas, calcula-se que a camada<br />

de ozônio, em médias latitudes, estará recuperando<br />

seus valores normais, em meados do atual século e<br />

que, a recuperação da Antártica, exigirá uns 15 anos<br />

adicionais.<br />

Contudo a importância do estudo da meteorologia<br />

polar pode, por si só, estar impossibilitada, como um<br />

todo, enfatizar os impactos fundamentais das regiões<br />

polares, no sistema de clima global. As mudanças nas<br />

latitudes mais altas podem ter impactos significativos,<br />

em todos os ecossistemas e em todas as sociedades<br />

humanas, independente da latitude geográfica.<br />

Assim, os impactos de meteorologia polar devem ser<br />

considerados dentro de um contexto mais amplo.<br />

Realmente, há numerosos exemplos de influências<br />

globais das consequências polares. Por exemplo,<br />

gelo polar constitui a cobertura térmica efetiva, que<br />

desempenha um papel crítico na manutenção da<br />

circulação oceânica global. Além disso, as regiões<br />

polares têm um papel primordial na determinação do<br />

sistema de clima global, que é dirigido pela energia<br />

recebido do Sol, principalmente nas latitudes mais<br />

baixas. Como um todo, o Equador recebe durante<br />

o ano, aproximadamente, cinco vezes mais energia<br />

calorífica do que os Polos, e a atmosfera e os<br />

oceanos respondem a esse grande gradiente térmico<br />

transportando esse calor para os Polos. Assim, as<br />

duas regiões polares são unidas ao resto do sistema<br />

de clima da Terra por caminhos bastante complexos,<br />

baseado em escoamento atmosférico combinado e na<br />

circulação oceânica.<br />

O El Niño Oscilação Sul (ENOS) é a maior<br />

massa de flutuação do Oceano Pacífico tropical,<br />

que está associado com as variações periódicas nas<br />

temperaturas da superfície do mar do Este do Oceano<br />

Pacífico. O ENOS é na realidade um grande ciclo<br />

climático e tem sido mostrado que afeta outras<br />

regiões, mesmo distantes da bacia do Pacífico. Por<br />

exemplo, evidências estatísticas mostram que, em<br />

certas partes de África, o ENOS pode contribuir na<br />

discrepância das chuvas interanuais e até mesmo<br />

para a seca, como na realidade ocorreu, com o evento<br />

do Niño em 1991-1992, quando um episódio de<br />

seca devastadora ameaçou, em torno de 18 milhões<br />

de pessoas com a fome. As “Teleconexões” são<br />

definidas como interações atmosféricas entre regiões,<br />

grandemente, separadas e agora os pesquisadores<br />

estão investigando tais relações entre as condições de<br />

tempo polares e outros evento de tempo e clima.<br />

O Ano Polar Internacional de <strong>2007</strong>-2008, assim,<br />

está endereçado a uma gama extensa de assuntos<br />

físicos, biológicos e sociais, direta ou indiretamente<br />

relacionados às regiões polares. A urgência e a<br />

complexidade das mudanças observadas nas regiões<br />

polares exigirão uma aproximação científica mais<br />

ampla e mais integrada. A colaboração internacional<br />

aumentada e as sociedades abertas são o resultado<br />

desse marco e do esforço científico, sem nenhuma<br />

dúvida, estimulam e facilitam o acesso de dados<br />

irrestritos e iniciativas de pesquisas entrelaçadas.<br />

Através de um amplo esforço, o Ano Polar<br />

Internacional representará, também, um passo<br />

adiante na disponibilidade de conhecimento científico<br />

com acesso ao público geral. Ao mesmo tempo,<br />

em relação à geada permanente, será o fato que os<br />

impactos derivados das regiões polares são, também,<br />

importantes para o sistema climático global, como<br />

um todo, de modo que muitas mudanças detectadas,<br />

nas latitudes mais altas serão achadas terem impactos<br />

significativos no desempenho sustentável de todas as<br />

sociedades, independente da latitude geográfica.<br />

A Meteorologia sempre foi reconhecida como<br />

um paradigma de uma ciência sem fronteiras e a<br />

meteorologia polar é, talvez, o último exemplo deste<br />

princípio. Assim,, quando a comunidade meteorológica<br />

95


Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

internacional celebra o Dia Meteorológico Mundial,<br />

em <strong>2007</strong>, é meu desejo que todos os países membros<br />

da Organização Meteorológica Mundial reconheçam a<br />

importância da meteorologia polar e de seus impactos<br />

globais potenciais nas suas vidas, nas suas seguranças<br />

e nas suas prosperidades. Além disso, também é<br />

minha expectativa que os resultados desse esforço<br />

possam contribuir para um melhor entendimento da<br />

variabilidade e da mudança de clima, como também,<br />

para o desenvolvimento e disponibilidade de muitas<br />

aplicações necessárias do clima, um dos maiores<br />

desafios do século 21.<br />

ACONTECEU<br />

COMEMORAÇÃO DO DIA METEOROLÓGICO<br />

MUNDIAL DE <strong>2007</strong> NO BRASIL<br />

Em 23 de março de <strong>2007</strong> foi comemorado o Dia<br />

Meteorológico Mundial, com o tema “Meteorologia<br />

Polar: Entendendo os Impactos Globais”. No Brasil,<br />

muitas instituições realizaram eventos conjuntos e<br />

enviaram à Secretaria da SBMET sua Programação<br />

de atividades em comemoração pela data. Essas<br />

Programações foram amplamente divulgada pela<br />

SBMET no Informe e no Portal (www.<strong>sbmet</strong>.org.<br />

br). Os membros da Diretoria Executiva da SBMET<br />

se fizeram presentes em vários desses eventos. As<br />

instituições que organizaram um evento específico<br />

em comemoração ao Dia, e que suas programações<br />

foram divulgadas pela SBMET, foram:<br />

•<br />

•<br />

•<br />

•<br />

•<br />

•<br />

•<br />

•<br />

•<br />

•<br />

•<br />

•<br />

•<br />

•<br />

•<br />

CEPAGRI/UNICAMP e a EMBRAPA Informática<br />

CPTEC/INPE<br />

Curso de graduação em Meteorologia e o Centro Estadual de Meteorologia e Hidrologia da Universidade<br />

do Estado do Amazonas (UEA)<br />

EPAGRI/CIRAM<br />

Instituto de Pesquisas Cientificas e Tecnológicas do Estado do Amapá (IEPA)/Núcleo de Hidrometeorologia<br />

e Energias Renováveis (NHMET)<br />

INMET-2 0 DISME, SIPAM, SECTAM, UFPA e INFRAERO<br />

INMET – 5 0 DISME-MG<br />

INMET – 10 0 DISME-GO<br />

IPMET/UNESP - Bauru<br />

UFPEL, UFSM e INMET-8º DISME<br />

UFCG<br />

UFAL<br />

USP e ATECH<br />

SIPAM-Porto Velho<br />

SIPAM, UFPA e INMET<br />

96


Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

EDITOR DA REVISTA BRASILEIRA DE METEOROLOGIA:<br />

UMA EXPERIÊNCIA ÚNICA<br />

Tércio Ambrizzi<br />

DCA - IAG/USP<br />

Editor Responsável da RBMET (2003-2006)<br />

ambrizzi@model.iag.usp.br<br />

Em <strong>2007</strong> a Revista Brasileira de Meteorologia<br />

(RBMET) completa 21 anos de existência. Dentro da<br />

sociedade civil, esta idade indica a maioridade plena<br />

e ao olhar a evolução da revista desde o lançamento<br />

do primeiro número em 1986, creio ser este o caso.<br />

Nos anos iniciais, a revista apresentou um número de<br />

edições não periódicas e poucos artigos por fascículo,<br />

acompanhando de certa forma o desenvolvimento<br />

da própria área de ciências atmosféricas no país.<br />

No entanto, aliado ao próprio desenvolvimento da<br />

Meteorologia brasileira e com o auxílio de algumas<br />

agências de fomento à pesquisa (CNPq, FAPESP,<br />

CAPES), nos últimos anos a RBMET conseguiu<br />

recuperar e atualizar sua publicação, tendo agora<br />

periodicidade quadrimestral. Atualmente, a RBMET<br />

apresenta um fluxo contínuo de recebimento de artigos<br />

e já conta com trabalhos revisados para publicação<br />

em suas próximas edições.<br />

Missão da Revista<br />

A Revista Brasileira de Meteorologia, editada e<br />

publicada pela Sociedade Brasileira de Meteorologia<br />

(SBMET), é o órgão de divulgação das pesquisas<br />

em andamento pela Comunidade Meteorológica.<br />

As pesquisas divulgadas são resultados de trabalhos<br />

dos pesquisadores e professores da área de<br />

meteorologia e suas sub-áreas como climatologia,<br />

sinótica, hidrometeorologia, sensoriamento remoto,<br />

modelagem atmosférica e climática; abrangendo<br />

resultados novos de pesquisa e muitas vezes trabalhos<br />

oriundos da área acadêmica (dissertações de mestrado<br />

e teses de doutorado). Os trabalhos abordam as<br />

características da atmosfera na região brasileira e de<br />

outras regiões do globo, onde além dos resultados de<br />

pesquisadores brasileiros, são publicados também<br />

artigos elaborados por colegas da comunidade latina<br />

americana e internacional de forma geral. Todos os<br />

artigos são revisados por profissionais especializados<br />

( peer review process ) e mantidos no anonimato. Há<br />

também espaço para publicação de artigos científicos<br />

de revisão, apresentando o estado da arte em um<br />

determinado assunto. Neste ultimo caso a revisão<br />

científica é normalmente solicitada a pesquisadores<br />

altamente qualificados ou então pesquisadores<br />

estrangeiros, uma vez que os artigos podem ser<br />

submetidos em língua inglesa, espanhola ou<br />

portuguesa, sendo que necessariamente os resumos e<br />

títulos devem aparecer em português e inglês.<br />

Atualmente, em torno de 70% dos artigos são<br />

oriundos de trabalhos de pesquisa inéditos. Os outros<br />

20% fazem parte de estudos desenvolvidos através de<br />

pesquisas advindas da área acadêmica, ou seja, são<br />

trabalhos de mestrado e parte de teses de doutorado.<br />

Aproximadamente 5% dos artigos, mostram estudos<br />

de caso de eventos particulares e que se destacaram<br />

dentro de uma determinada estação do ano. Conforme<br />

explicitado acima, trabalho de revisão do estado<br />

da arte de um tópico específico e atual também são<br />

aceitos, mas são pouco freqüentes, representando<br />

menos de 5% correspondente as quatro últimas<br />

edições da revista.<br />

97


Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

Ser Editor da RBMET<br />

No XII Congresso Brasileiro de Meteorologia<br />

realizado na cidade de Foz do Iguaçu em 2002, a<br />

assembléia geral da SBMET votou uma mudança<br />

nas normas de administração da Revista Brasileira<br />

de Meteorologia, onde o mandato do Editor<br />

Responsável pela RBMET passaria de 2 para 4 anos,<br />

podendo inclusive ter uma recondução pelo mesmo<br />

período. Ficou determinado também que o Editor<br />

não poderia estar vinculado a Diretoria Executiva<br />

(DE). Estas modificações foram propostas com o<br />

intuito de fortalecer a revista e dar continuidade de<br />

trabalho independente dos diretores da SBMET.<br />

Sendo assim, através da indicação de meu nome,<br />

votação na Assembléia Geral e aceite, tornei-me<br />

responsável pela publicação da principal revista<br />

brasileira de divulgação de pesquisa na área de<br />

Ciências Atmosféricas.<br />

Dando continuidade ao excelente trabalho que<br />

vinha sendo realizado pelos Editores Responsáveis<br />

de períodos anteriores, várias metas e ações foram<br />

atingidas ao longo do mandato de 2003 a 2006.<br />

Primeiramente, um time de pesquisadores doutores<br />

de alto nível e de diferentes instituições brasileiras<br />

foi convidado a fazer parte da RBMET, são eles: José<br />

Antonio Marengo Orsini (INPE/CPTEC – Editor<br />

Assistente); Enio Pereira de Sousa (UFCG); Gilberto<br />

Fisch (CTA/IAE); Osvaldo L. L. de Moraes (UFSM)<br />

e posteriormente Augusto José Pereira<br />

Filho (USP/IAG), como Editores<br />

Associados.<br />

Com o intuito de tornar a RBMET<br />

conhecida internacionalmente, além<br />

dos editores responsáveis pela<br />

qualidade da revista dentro do Brasil,<br />

alguns outros pesquisadores renomados<br />

de instituições latino-americanas,<br />

dos Estados Unidos e Inglaterra,<br />

aceitaram participar do Corpo Editorial<br />

Internacional da revista como os Drs.<br />

Carolina S. Vera (UBA, Argentina), René D. Garreau<br />

(UCh, Chile); Victor Magaña (UNAM, México),<br />

Brant Liebmann (CIRES, Estados Unidos) e David<br />

98<br />

Stephenson (UR, Inglaterra). Estas primeiras ações<br />

tinham por objetivo estimular a qualidade e quantidade<br />

de artigos submetidos, onde a freqüência anual<br />

de publicação e seu reconhecimento internacional<br />

pudessem ser atingidos.<br />

Apesar de todos os planos e metas, da motivação<br />

e suporte de toda a equipe de editores, uma das<br />

dificuldades encontradas ao longo do período foi<br />

quanto ao financiamento da própria revista. Nas<br />

duas gestões da DE, ou seja, nos biênios 2002-<br />

2004 e 2004-2006, o suporte a RBMET foi amplo e<br />

irrestrito. Através de pedidos de auxílio à editoração<br />

ao CNPq e contribuição de alguns pesquisadores<br />

através de projetos de pesquisa, as edições da revista<br />

continuaram a ser publicadas dentro do período<br />

esperado. Conforme podemos ver pela Tabela 1,<br />

ao longo dos anos, o volume de artigos recebidos<br />

cresceu de forma significante e, desta forma, a partir<br />

do ano de 2005, a RBMET começou a contar com<br />

três edições anuais. Recebendo artigos não somente<br />

de pesquisadores brasileiros, mas também de outros<br />

países latino-americanos, a qualidade dos mesmos<br />

também melhorou de forma excepcional, sendo<br />

que há vários anos a revista é considerada como<br />

Qualis Nível A Nacional da CAPES, ou seja, dentro<br />

do ranking das revistas em que a CAPES qualifica<br />

como importante e considera em suas avaliações de<br />

produção científica dos cursos de pós-graduação,<br />

particularmente na área de Meteorologia.<br />

Tabela 1: Resumo geral dos artigos recebidos, aceitos, recusados, cancelados pelo<br />

autor e em processo de revisão ao longo do quadriênio 2003-2006<br />

Descrição 2003 2004 2005 2006<br />

Artigos Recebidos 24 32 56 87 *<br />

Artigos Aceitos 21 22 36 11<br />

Artigos Recusados 3 06 13 08<br />

Artigos Cancelados pelo Autor - 04 02 -<br />

Artigos em Processo de Revisão - - 05 24<br />

(*)<br />

O total de artigos recebidos em 2006 contém também a soma daqueles enviados<br />

para a edição especial do LBA (ver texto para detalhes).<br />

Ao longo do ultimo quadriênio, a RBMET se<br />

consolidou como uma revista de divulgação de


Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

pesquisa altamente qualificada e de referencia nos<br />

meios acadêmicos. Com o aumento dos artigos<br />

submetidos e posteriormente aceitos, foi necessário<br />

não somente aumentar o número de edições por ano,<br />

fato este que se concretizou a partir de 2004, com<br />

edições em junho, agosto (durante o XIII Congresso<br />

Brasileiro de Meteorologia em Fortaleza, Ceará)<br />

e dezembro; mas também aumentar o número de<br />

artigos por edição, passando de 10 para 12 a partir da<br />

edição de dezembro de 2004 (Tabela 2).<br />

A evolução do número de artigos ao longo da<br />

história da RBMET, bem como os principais editores<br />

responsáveis pela mesma podem ser apreciados<br />

através da Tabela 2. É interessante notar que o<br />

primeiro número publicado em 1986 continha apenas<br />

4 artigos e o volume 21, números 3a e 3b, publicado<br />

em dezembro de 2006, contém no total 37. Na verdade,<br />

em relação a esta última edição, a confiança alcançada<br />

pela RBMET, seja em sua comprovada qualidade<br />

como em sua freqüência, culminou com uma edição<br />

especial de trabalhos ligados ao projeto Large-scale<br />

Biosphere-Atmosphere Experiment in Amazônia<br />

(LBA), o qual teve como editores especiais os Drs.<br />

Osvaldo L. L. de Moraes da Universidade Federal de<br />

Santa Maria e Antonio O. Manzi, do INPA.<br />

Apesar da Tabela 2 conter apenas os nomes<br />

dos editores responsáveis pela RBMET ao longo<br />

destes últimos 20 anos, deve ser ressaltada a grande<br />

contribuição dos editores assistentes e associados em<br />

cada uma de suas fases. Destaque também é dado aos<br />

inúmeros revisores que tem contribuído diretamente<br />

para o aumento progressivo da qualidade dos artigos<br />

publicados. Neste caso, os autores estão de parabéns<br />

por submeterem seus artigos a nossa revista, por<br />

acreditarem em sua qualidade e capacidade de<br />

divulgação científica.<br />

Tabela 2: Descrição do volume, número, data de publicação, número de artigos por número e nome do Editor responsável pela<br />

RBMET ao longo dos últimos 20 anos de sua existência.<br />

<strong>Volume</strong> Número Data Public. N o artigo Editor Responsável<br />

1 1-2 Junho/Dez/86 4-7 Antonio Divino Moura<br />

2 1-2 Jun/Dez/87 8 Antonio Divino Moura<br />

3 1 Jun/88 4 Antonio Divino Moura<br />

3 2 Dez/88 4 Silvio de Oliveira<br />

4 1-2 Jun/Dez/89 6 Silvio de Oliveira<br />

5 1-2 Jun/Dez/90 6 Silvio de Oliveira<br />

6 1-2 Jun/Dez/91 8 Maria Assunção F.S. Dias<br />

7 1-2 Jun/Dez/92 8 Maria Assunção F.S. Dias<br />

8/9 1-1 93/94 9 Maria Assunção F.S. Dias<br />

10 1-2 Jun/Dez/95 8 Romisio G. B. André<br />

11 1-2 Jun/Dez/96 10 Romisio G. B. André<br />

12 1-2 Jun/Dez/97 6 Romisio G. B. André<br />

13 1-2 Jun/Dez/98 7 Romisio G. B. André<br />

14 1-2 Jun/Dez/99 7-8 Romisio G. B. André<br />

15 1-2 Jun/Dez/00 11-10 Romisio G. B. André<br />

16 1-2 Jun/Dez/01 10 Gilberto F. Fisch<br />

17 1-2 Jun/Dez/02 10 Gilberto F. Fisch<br />

18 1-2 Jun/Dez/03 10 Tércio Ambrizzi<br />

19 1-3 Jun/Ago/Dez/04 10-10-12 Tércio Ambrizzi<br />

99


Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

( continuação )<br />

<strong>Volume</strong> Número Data Public. N o artigo Editor Responsável<br />

20 1-3 Abril/Ago/Dez/05 12 Tércio Ambrizzi<br />

21 1-2 Abril/Ago/06 12 Tércio Ambrizzi<br />

21 3a-3b Dez/06 17-20<br />

Tércio Ambrizzi;Osvaldo L.L. Moraes;<br />

e Antonio O. Manzi<br />

Comentários Finais<br />

Após a reflexão feita acima, onde de forma breve<br />

descrevi o histórico da RBMET, sua evolução ao longo<br />

do tempo e seu impacto em nossa sociedade, creio<br />

que o título do presente artigo não poderia estar mais<br />

correto, ou seja, ser editor da Revista Brasileira de<br />

Meteorologia é sem duvida alguma uma experiência<br />

única. Ao longo de meus quatro anos, pude criar<br />

laços não somente profissionais, mas também de<br />

amizade com os Editores que me acompanharam e<br />

ajudaram. Juntos tornamos a revista da Sociedade<br />

Brasileira de Meteorologia uma referência nacional<br />

e internacional. Erros foram cometidos e corrigidos<br />

o mais rápido possível, no entanto os acertos foram<br />

muito maiores. Neste período pude conhecer também<br />

vários membros de nossa comunidade científica que<br />

estavam sempre dispostos a colaborar com as revisões<br />

dos artigos. A eles meu muito obrigado.<br />

Por fim, de modo a continuar a modernizar a<br />

RBMET, tornando-a mais ágil e rápida em termos<br />

de tempo de publicação e para facilitar a transmissão<br />

dos conhecimentos para os futuros editores, o Portal<br />

da RBMET encontra-se pronto para acesso a todos<br />

os membros da comunidade científica. Através<br />

do esforço do DE no biênio 2005-2006 e da nova<br />

diretoria (biênio <strong>2007</strong>-2008), o site www.rbmet.org.<br />

br encontra-se totalmente implementado. Através<br />

deste portal é possível acessar os números antigos<br />

da RBMET, além de submeter e acompanhar o<br />

andamento de artigos pelos autores. Os editores da<br />

revista, bem como os revisores por eles escolhidos<br />

terão acesso especial e poderão fazer todo o processo<br />

de acompanhamento on line.<br />

Concluo meu mandato com um misto de alegria<br />

e tristeza. Alegria porque pude acompanhar toda<br />

a evolução de nossa revista e o desenvolvimento<br />

científico de nosso país na área de ciências<br />

atmosféricas, além de conviver com pesquisadores de<br />

altíssimo nível. Triste porque existem muitas outras<br />

coisas que poderia ter feito e não fiz. No entanto,<br />

estou certo de que o próximo Editor Responsável<br />

pela RBMET vai poder fazer muito mais do que fiz e<br />

a ele felicito por aceitar este importante e prazeroso<br />

desafio de comandar a principal revista em Ciências<br />

Atmosféricas do Brasil ligada à Sociedade Brasileira<br />

de Meteorologia.<br />

100


EXPEDIENTE<br />

da SBMET<br />

Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

POSSE DA DIRETORIA EXECUTIVA<br />

DA SBMET (<strong>2007</strong>-2008)<br />

A Diretoria Executiva da SBMET para o biênio<br />

<strong>2007</strong>-2008 foi empossada em 26 de janeiro pp., em<br />

cerimônia realizada na sede do CREA-RJ, durante<br />

Assembléia Geral Extraordinária convocada para<br />

esse fim. Estiveram presentes em torno de setenta<br />

participantes, incluindo sócios, representantes de<br />

instituições públicas e privadas, participantes do<br />

CREA, familiares e amigos, além do público em<br />

geral.<br />

O encerramento da cerimônia foi coroado com um<br />

Coquetel oferecido aos presentes e patrocinado pela<br />

Empresa Hobeco Sudamericana Ltda., do sócio da<br />

SBMET Sr. Gilson Feitosa, que também prestigiou o<br />

evento de posse.<br />

Também informamos que no dia 25 de janeiro pp.<br />

a Diretoria Executiva (DE) da SBMET para o biênio<br />

<strong>2007</strong>-2008 e membros do Conselho Deliberativo<br />

(CD) da SBMET estiveram reunidos em um Jantar de<br />

Confraternização na Churrascaria PORCÃO, no Rio<br />

de Janeiro, patrocinado pela Empresa SIMTECH<br />

Representações. Na ocasião, os membros da DE e<br />

do CD foram recepcionados pelo Representante da<br />

SIMTECH, o Sócio Corporativo da SBMET, Sr.<br />

César Lynch.<br />

A DE externa seus agradecimentos à HOBECO e<br />

à SIMTECH pela presença na cerimônia de posse dos<br />

novos membros da DE e do CD, e pelo patrocínio em<br />

ambas as confraternizações já mencionadas.<br />

REGISTRO DA CERIMÔNIA DE POSSE<br />

(fotos cedidas por Marley Moscati)<br />

Público presente durante a cerimônia de Posse.<br />

101


EXPEDIENTE<br />

da SBMET<br />

Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

Assinatura do Termo de Posse, dos membros da nova<br />

Diretoria Executiva da SBMET<br />

(a) (b) (c)<br />

(d) (e) (f)<br />

(g) (h) (i)<br />

a) Isimar de Azevedo Santos (Dir. Financeiro)<br />

b) Jonas da Costa Carvalho (Vice-Dir. Financ.)<br />

c) Marley C. L. Moscati (Dir. Administrativa)<br />

d) Heloisa M. T. Nunes (Vice-Dir. Admin.)<br />

e) Alfredo Silveira da Silva (Dir. Profissional)<br />

f) Marilene de Lima (Vice-Dir. Profissional)<br />

g) Pedro Leite da Silva Dias (Dir. Científico)<br />

h) Osvaldo L. L. de Moraes ( Vice-Dir. Científico)<br />

i) Bernardo Barbosa da Silva (Vice-Presidente)<br />

j) Maria Gertrudes A. Justi da Silva (Presidente)<br />

(j)<br />

102


Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

Durante a cerimônia foi apresentada a Palestra “Um desafio para a Meteorologia moderna: a<br />

interdisciplinaridade”, proferida pelo Dr. Pedro Leite da Silva Dias (foto 1). A platéia foi muito participativa<br />

(foto 2 em destaque Dr. Fernando Pimenta Alves), com uma ampla discussão sobre os assuntos apresentados<br />

pelo Dr. Pedro Dias.<br />

(1) (2)<br />

Nova DE da SBMET (<strong>2007</strong>-2008)<br />

COQUETEL OFERECIDO PELA HOBECO<br />

(fotos cedidas por Marley Moscati)<br />

Justi (ao centro), com o anfi trião da Hobeco, Gilson Feitosa<br />

(à esquerda)<br />

103


Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

EXPEDIENTE<br />

da SBMET<br />

Alguns convidados presentes ao coquetel oferecido pela Hobeco:<br />

JANTAR DE CONFRATERNIZAÇÃO OFERECIDO PELA SIMTECH<br />

(Fotos cedidas por Marley Moscati)<br />

Presidente da SBMET com anfi trião, Cesar Lynch<br />

104


Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

NOVOS VALORES DE ANUIDADE PARA <strong>2007</strong><br />

O Conselho Deliberativo da SBMET em reunião<br />

realizada na Sede da SBMET, no Rio de Janeiro, em<br />

26 de janeiro de <strong>2007</strong>, aprovou os seguintes valores<br />

para as anuidades de <strong>2007</strong>, atualizados a cada trimestre:<br />

TRIMESTRES<br />

CLASSES DE SÓCIOS/VALORES (em R$)<br />

ESTUDANTE COLABORADOR EFETIVO CORPORATIVO<br />

Jan-Fev-Mar 23,00 45,00 90,00 180,00<br />

Abr-Mai-Jun 25,00 48,00 95,00 190,00<br />

Jul-Ago-Set 28,00 55,00 110,00 220,00<br />

Out-Nov-Dez 30,00 60,00 120,00 240,00<br />

Encontra-se disponível no Portal da SBMET<br />

(www.<strong>sbmet</strong>.org.br) o link para pagamento online<br />

da anuidade de <strong>2007</strong>. O pagamento da anuidade deve<br />

ser feito exclusivamente via boleto bancário. Isso<br />

ajudará no controle dos depósitos feitos em nome<br />

da SBMET, pois, muitos depósitos bancários entram<br />

sem identificação do depositante (o sócio não faz<br />

depósito identificado).<br />

Para a geração do boleto bancário acesse o link<br />

reservado aos sócios e informe seu e-mail e senha.<br />

Qualquer dúvida na geração do boleto bancário, favor<br />

contatar o Setor de Suporte do Portal, com Rogério<br />

Torres (rogerio@thecubestudios.com).<br />

PAGAMENTO DE ANUIDADES COM CARTÃO DE CRÉDITO<br />

Já está disponível no Portal da SBMET o pgamento de anuidades com cartão de crédito Américan<br />

Express (AMEX). É só acessar e conferir!<br />

105


Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

EXPEDIENTE<br />

da SBMET<br />

DESIGNAÇÃO DO NOVO EDITOR DA RBMET<br />

Devido ao fim do mandato do Editor Responsável<br />

da Revista Brasileira de Meteorologia (RBMET), Dr.<br />

Tércio Ambrizzi, a SBMET abriu inscrições para o<br />

cargo mencionado. O sócio efetivo Manoel Alonso<br />

Gan, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas<br />

Espaciais/Centro de Previsão de Tempo e Estudos<br />

Climáticos (INPE/CPTEC), foi candidato único ao<br />

cargo supramencionado.<br />

Em Reunião do Conselho Deliberativo (CD)<br />

realizada em 27 de abril de <strong>2007</strong>, na Sede da SBMET,<br />

foi aprovada por unanimidade a designação do sócio<br />

Manoel Alonso Gan, como o novo Editor Responsável<br />

da RBMET, para o quadriênio <strong>2007</strong>-2010.<br />

O nome do novo Editor da RBMET foi submetido<br />

à aprovação dos sócios efetivos quites com a anuidade<br />

durante a Assembléia Geral Extraordinária, ocorrida<br />

em 27 de abril de <strong>2007</strong> na Sede do CREA-RJ,<br />

tendo sido aprovado por unanimidade pelos sócios<br />

presentes.<br />

A SBMET agradece ao Dr. Tércio Ambrizzi pelo<br />

trabalho realizado como Editor da RBMET até essa<br />

data e dá as boas vindas ao Dr. Manoel Alonso Gan,<br />

desejando-lhe muito sucesso e um ótimo trabalho em<br />

seu mandato.<br />

Curriculum Vitae Resumido do novo Editor da RBMET, MANOEL ALONSO GAN<br />

Pesquisador Titular do Centro de Previsão de<br />

Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC)/Instituto<br />

Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Vem<br />

trabalhando no INPE na área de Meteorologia<br />

Sinótica e Climatologia Dinâmica desde março<br />

de 1982. Obteve o seu bacharelado em Física na<br />

Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/<br />

SP), o mestrado e o doutorado em Meteorologia no<br />

INPE, e o Pós-Doutorado no International Research<br />

Institute for Climate and Society (IRI).<br />

Publicou artigos em revistas de circulação<br />

internacional sobre Ciclogênese, Vórtices Ciclônicos<br />

em Altos Níveis e Circulação da Monção na América<br />

do Sul. Recentemente foi Vice-Diretor Científico<br />

da SBMET e atualmente é membro do Comitê<br />

Regional para o Hemisfério Sul do Programa<br />

THORPEX (THe Observing system Research and<br />

Predictability Experiment), da Organização Mundial<br />

de Meteorologia.<br />

Como proposta inicial de trabalho na RBMET,<br />

pretende:<br />

•<br />

•<br />

•<br />

•<br />

Renovar o atual quadro de editores associados,<br />

se possível incluir alguns estrangeiros de<br />

renome internacional;<br />

Manter e, se possível, melhorar o atual nível<br />

da revista;<br />

Agilizar o processo de aceitação dos artigos;<br />

Procurar corrigir possíveis falhas que por<br />

ventura surjam no software de submissão online<br />

dos artigos (neste caso, conta com o apoio<br />

de todos para que seja informado de problemas<br />

encontrados).<br />

Assim que outras melhorias que estão sendo<br />

discutidas, principalmente com o Dr. Nelson Jesus<br />

Ferreira (que será o Editor Assistente) forem definidas,<br />

estas serão comunicadas aos sócios da SBMET.<br />

106


Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

RESULTADO DA ELEIÇÃO PARA O CONSELHO FISCAL da SBMET<br />

O resultado da eleição para o Conselho Fiscal (CF)<br />

para a conclusão do mandato do ano fiscal de <strong>2007</strong>,<br />

realizada durante a Assembléia Geral Extraordinária<br />

ocorrida em 27 de abril de <strong>2007</strong>, na Sede do CREA-<br />

RJ, no Rio de Janeiro, segue abaixo:<br />

Candidatos<br />

Número de Votos<br />

Elza Correia Sucharov 43<br />

Eugênio José Ferreira Neiva 34<br />

Fernando Pimenta Alves 21<br />

Jaci Maria Bilhalva Saraiva <strong>31</strong><br />

Mariana Palagano Ramalho Silva 26<br />

Houve 06 votos nulos e 02 votos em branco. Assim, foram eleitos os seguintes sócios da SBMET, como<br />

membros do CF:<br />

Titulares:<br />

Elza Correia Sucharov - Presidente<br />

Eugênio José Ferreira Neiva<br />

Jaci Maria Bilhalva saraiva<br />

Suplente:<br />

Mariana Palagano Ramalho Silva<br />

RBMET ONLINE<br />

Desde a abertura do XIV CBMET em<br />

Florianópolis, SC, está em funcionamento o Portal<br />

da RBMET (www.rbmet.org.br). Neste, todos os<br />

artigos publicados nas RBMET anteriores e atual<br />

(volumes 18 (2003) até o último número de <strong>2007</strong> ),<br />

estão com acesso livre para download. Também está<br />

disponível o link para submissão online de artigos<br />

científicos.<br />

107


Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

EXPEDIENTE<br />

da SBMET<br />

XIV CONGRESSO BRASILEIRO DE METEOROLOGIA<br />

Síntese dos Relatórios Científi co e de Atividades<br />

1. INTRODUÇÃO<br />

Os Congressos Brasileiros de Meteorologia são eventos<br />

bianuais que vêm sendo promovidos, sistemática<br />

e ininterruptamente pela Sociedade Brasileira de<br />

Meteorologia (SBMET) desde 1980. Tais congressos<br />

têm tido grande êxito em promover o entendimento dos<br />

processos do meio ambiente atmosférico. Detalhes sobre<br />

estes encontros podem ser obtidos em seus respectivos<br />

anais publicados pela SBMET.<br />

A Sociedade Brasileira de Meteorologia entendeu<br />

que era o momento oportuno de enfocar e priorizar as<br />

questões de aplicação e dedicou este XIV Congresso<br />

Brasileiro de Meteorologia (XIV CBMET) a este<br />

objetivo primordial, definindo como tema do evento “A<br />

Meteorologia a Serviço da Sociedade”.<br />

No XIV CBMET foram destacadas as seguintes<br />

aplicações:<br />

Energia<br />

Esporte, Turismo, Lazer e Cultura<br />

Agricultura e Pesca<br />

Saúde e Meio Ambiente<br />

Economia, Indústria, Comércio, Transporte e<br />

Comunicações<br />

Defesas Civil e Militar<br />

O objetivo do XIV CBMET, seguindo os passos<br />

das edições anteriores, foi o de reunir a comunidade<br />

científica para apresentar e discutir os resultados das<br />

novas descobertas na área de Meteorologia e áreas<br />

108


Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

correlatas, enfocando os benefícios que esses resultados<br />

e descobertas podem trazer para a sociedade como<br />

um todo. Este XIV Congresso especificamente se<br />

propôs a trazer visibilidade às diversas aplicações da<br />

Meteorologia, através da interação e do debate com os<br />

segmentos envolvidos.<br />

Além de pesquisadores, professores e estudantes de<br />

meteorologia, agronomia, oceanografia, geografia<br />

e ecologia, entre outros, participaram efetivamente<br />

do evento, tomadores de decisão, engenheiros e<br />

responsáveis por instituições de defesa civil e de<br />

planejamento gerencial.<br />

Os Congressos de Meteorologia no Brasil têm crescido<br />

a cada edição em dimensão e qualidade, inclusive<br />

atraindo grande interesse por parte de pesquisadores de<br />

países da América Latina e da Península Ibérica. Além<br />

disso, a participação maciça dos estudantes sinaliza para<br />

o progresso da área, por envolver as novas gerações nas<br />

questões da pesquisa e desenvolvimento. Na presente<br />

edição do Congresso, contou-se com 1010 trabalhos<br />

e 1563 participantes inscritos. Participaram do evento<br />

357 estudantes de pós-graduação, 550 estudantes<br />

dos cursos de Técnico e de graduação, além de 16<br />

participantes especiais (avaliadores dos trabalhos), e os<br />

demais inscritos, profissionais da área de Meteorologia<br />

e afins. Houve participantes de todas as instituições<br />

ligadas à Meteorologia e Climatologia do Brasil, tais<br />

como universidades, órgãos de Meteorologia Estaduais<br />

e Federais, empresas de Meteorologia e Ministérios.<br />

O evento também contou com a participação de<br />

representantes e convidados internacionais.<br />

2. EQUIPE ORGANIZACIONAL DO EVENTO<br />

2.1 - DIRETORIA EXECUTIVA DA SBMET<br />

Maria Gertrudes Alvarez Justi da Silva – Presidente<br />

Augusto José Pereira Filho – Vice-Presidente<br />

Marley Cavalcante de Lima Moscati – Diretora<br />

Administrativa<br />

Nelson Jesus Ferreira – Vice-Diretor Administrativo<br />

Isimar de Azevedo Santos – Diretor Financeiro<br />

Anne Moraes – Vice-Diretora Financeira<br />

Teresinha de Maria Bezerra Sampaio Xavier –<br />

Diretora Científica<br />

Manoel Alonso Gan – Vice-Diretor Científico<br />

Alfredo Silveira da Silva – Diretor Profissional<br />

Ana Lúcia Frony de Macedo – Vice-Diretora<br />

Profissional<br />

2.2 – PRESIDENTE DO XIV CBMET<br />

Maria Gertrudes Alvarez Justi da Silva – UFRJ<br />

2.3 – COMITÊ DE INFRA-ESTRUTURA<br />

Alfredo Silveira da Silva – UFRJ<br />

Anne Moraes - UFRJ<br />

Claudine Pereira Dereczynski - UFRJ<br />

Marley Cavalcante de Lima Moscati – CPTEC/INPE<br />

2.4 – COMITÊ DE FINANÇAS<br />

Isimar de Azevedo Santos - UFRJ<br />

Heloisa Moreira Torres Nunes - IGAM/SIMGE<br />

Elza Correa Sucharov – SIMERJ<br />

Francisco de Assis Diniz - INMET<br />

2.5 – COMITÊ LOCAL<br />

Henrique de Melo Lisboa – UFSC (Coordenador)<br />

Reinaldo Haas – UFSC<br />

Mário Francisco Leal Quadro – CEFET/SC<br />

Marcia Vetromilla Fuentes – CEFET/SC<br />

Marilene de Lima – CIRAM/EPAGRI<br />

Rita Alvez – CIRAM/EPAGRI<br />

Marcelo Moraes – CIRAM/EPAGRI<br />

Helio dos Santos Silva – FURB<br />

Sylvio Mantelli – INPE<br />

2.6 – COMITÊ CIENTÍFICO<br />

Augusto José Pereira Filho – USP<br />

Luis Augusto Toledo Machado – CPTEC/INPE<br />

Manoel Alonso Gan – CPTEC/INPE<br />

Nelson de Jesus Pereira – CPTEC/INPE<br />

Regina Célia dos Santos Alvalá – CPTEC/INPE<br />

Teresinha de Maria Bezerra Sampaio Xavier – UFC<br />

e ACECI<br />

2.7 – COMITÊ DE MINICURSOS<br />

Teresinha de Maria Bezerra Sampaio Xavier – UFC<br />

e ACECI (Coordenadora)<br />

Regina Célia dos Santos Alvalá – CPTEC/INPE<br />

Henrique de Melo Lisboa – UFSC<br />

Viviane Regina Algarve – CPTEC/INPE<br />

109


Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

EXPEDIENTE<br />

da SBMET<br />

2.8 – COMITÊ ORGANIZADOR DAS ÁREAS DE<br />

APLICAÇÃO<br />

ENERGIA<br />

Eduardo Alvim Leite – SIMEPAR<br />

Ênio Bueno Pereira – INPE<br />

ESPORTE, TURISMO, LAZER E CULTURA<br />

Maria Assunção Faus da Silva Dias – CPTEC/INPE<br />

Hélio dos Santos Silva – FURB<br />

AGRICULTURA E PESCA<br />

Antônio Divino Moura – INMET<br />

José Antonio Lorenzzetti – INPE<br />

SAÚDE E AMBIENTE<br />

Carlos Afonso Nobre – INPE<br />

Fábio Luiz Teixeira Gonçalves – USP<br />

ECONOMIA, INDÚSTRIA, COMÉRCIO,<br />

TRANSPORTE E COMUNICAÇÕES<br />

Oswaldo Massambani – USP<br />

Eduardo Sávio Passos Rodrigues Martins<br />

– FUNCEME<br />

DEFESAS CIVIL E MILITAR<br />

Ricardo Sarmento Tenório – UFAL<br />

Márcio Luiz Alves – DCSC<br />

2.9 – COMITÊ DE AVALIAÇÃO DOS TRABALHOS<br />

– ÁREAS TEMÁTICAS<br />

CLIMA: DESCRIÇÃO, MODELAGEM,<br />

VARIABILIDADE E PREVISÃO<br />

Alice Marlene Grimm – UFPR<br />

Luiz Carlos Baldicero Molion – UFAL<br />

Guillermo Obregon Párraga<br />

Edmilson Dias de Freitas<br />

Silvio Nilo Figueroa<br />

Clóvis Angeli Sansigolo<br />

HIDROMETEOROLOGIA<br />

Alexandre Güeter – SIMEPAR<br />

Francisco de Assis Salviano de Souza – UFCG<br />

POLUIÇÃO E QUÍMICA DA ATMOSFERA<br />

Maria de Fátima Andrade – USP<br />

Jonas Carvalho – ULBRA<br />

INTERAÇÃO OCEANO-ATMOSFERA<br />

Ricardo de Camargo – USP<br />

Manoel Gomes Filho – UFCG<br />

AGROMETEOROLOGIA E PROCESSOS DE<br />

TROCA ENTRE SOLO-PLANTA-ATMOSFERA<br />

Romísio Geraldo Bouhid André – UENF<br />

Roberto da Fonseca Lyra – UFAL<br />

RADIAÇÃO E SENSORIAMENTO DA<br />

ATMOSFERA<br />

José Ricardo de Almeida França – UFRJ<br />

Galdino Viana Mota – UFPA<br />

SISTEMAS METEOROLÓGICOS E PREVISÃO DE<br />

TEMPO<br />

Reinaldo Bonfim Silveira – INMET<br />

Marcelo Seluchi – INPE<br />

MODELAGEM ATMOSFÉRICA<br />

Clemente Augusto Souza Tanajura – LNCC/RJ<br />

José Paulo Bonatti – INPE<br />

3. FONTES DE APOIO AO EVENTO<br />

3.1 - ENTIDADES PROMOTORAS E<br />

CO-PARTICIPANTES<br />

SBMET – (Organizadora)<br />

UFSC – (Co-participante)<br />

INPE/CPTEC - (Co-participante)<br />

UFRJ – (Co-participante)<br />

USP – (Co-participante)<br />

3.2 - APOIO INSTITUCIONAL<br />

EPAGRI/CIRAM<br />

CEFET-SC<br />

INMET<br />

FURB<br />

110


Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

3.3 - PATROCINADORES<br />

CAPES<br />

CNPq<br />

CREA-SC<br />

FAPERJ<br />

FAPESP<br />

PETROBRÁS<br />

FINEP<br />

CONFEA<br />

ANA<br />

OMM<br />

ONS<br />

3.4 - EXPOSITORES<br />

AGROSYSTEM<br />

CAMPBELL SCIENTIFIC<br />

EPAGRI/CIRAM<br />

FUNCEME<br />

HOBECO<br />

INMET<br />

INPE/CPTEC<br />

PETROBRÁS<br />

SELLEX<br />

SIMEPAR<br />

SIMTECH<br />

SQUITTER DO BRASIL<br />

4. PROGRAMAÇÃO<br />

4.1 - ATIVIDADES DE ABERTURA<br />

Inscrições e entrega do material do Congresso<br />

– Hall de Exposições<br />

Abertura do Congresso com as autoridades<br />

presentes – Auditório Garapuvu<br />

Entrega dos Prêmios “Sampaio Ferraz” e<br />

“Adalberto Serra”<br />

Conferência Magna: A Meteorologia a Serviço<br />

da Sociedade<br />

Conferencista: Dr a . Maria Assunção Faus da<br />

Silva Dias (Coordenadora Geral do CPTEC/<br />

INPE)<br />

Momento de Confraternização no Hall de<br />

Exposições<br />

4.2 - DISCUSSÕES SOBRE POLÍTCAS E<br />

ESTRATÉGIAS PARA A METEOROLOGIA<br />

Debate: Ensino de Meteorologia no Brasil<br />

Motivadores: Adilson José de Lara (CONFEA)<br />

Mário Francisco Leal de Quadro (CEFET-SC)<br />

Bernardo Barbosa da Silva (UFCG)<br />

Amauri Pereira de Oliveira (USP)<br />

Discussão sobre Salário Mínimo Profissional<br />

Palestra proferida pelo Dr. Fernando Elias Vieira<br />

Jogaid – Federação Interestadual de Sindicatos de<br />

Engenheiros (FISENGE).<br />

Encontro dos Estudantes de Meteorologia<br />

Coordenação: Prof Ms. Mario Francisco Leal Quadro<br />

(CEFET-SC)<br />

Assembléias da Sociedade Brasileira de<br />

Meteorologia<br />

4.3 - CICLOS DE PALESTRAS DE CONVIDADOS<br />

INTERNACIONAIS<br />

Palestras com tradução simultânea:<br />

Stefan L. Hastenrath (University of Wisconsin)<br />

Título: Mecanismos de circulação e de teleconexão<br />

das secas do Nordeste.<br />

John J. Bates (NOAA/NESDIS)<br />

Título: Climate Data Records for Climate Studies<br />

from Existing and New Instruments Aboard NOAA<br />

Satellites.<br />

Thomas M. Whittaker (Space Science and<br />

Engineering Center, Un. Wisconsin)<br />

Título: Using VISITview for Remote Collaborations<br />

and Training.<br />

Palestras sem tradução simultânea:<br />

Bart Kruit (Wageningen University & Research<br />

Centre, Wegeningen, Holanda)<br />

Título: Processos de Troca Solo-Planta-Atmosfera.<br />

111


Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

EXPEDIENTE<br />

da SBMET<br />

Fedor Messinger (Earth System Science<br />

Interdisciplinary Center, Universidade de<br />

Maryland)<br />

Título: Modelagem de Mesoescala.<br />

Patrício Aceituno (Universidade do Chile)<br />

Título: Anomalias Climáticas na América do Sul<br />

durante o El Niño 1987-1988.<br />

Aleksis Kajava (Vaisala)<br />

Titulo: Novas Tecnologias para Projetos de<br />

Mesoescala – A Experiência do Teste BED.<br />

Ed Bardo (Vaisala)<br />

Titulo: Monitoramento de Descargas Totais com<br />

Aplicacao em Previsao de Tempestades Severas.<br />

4.4 - MINICURSOS<br />

Foram oferecidos cinco mini-cursos (Tabela 1),<br />

com 141 inscritos e destes, 109 participaram<br />

efetivamente. Várias universidades se inscreveram,<br />

podendo-se citar USP, UFCG, UECE, UFJF,<br />

UFSC, CEFET - RJ, CEFET-BA, CEFET-SC, UnB,<br />

UFRJ, UFSM, UFPA, UFRGS, UENF, UFPE,<br />

UNISUL, UNICAMP, UFAL, UNISC, entre outras.<br />

Também participaram dos mini-cursos as seguintes<br />

instituições: EMBRAPA, CETREL, INFRAERO,<br />

FURNAS, ONS, COMAER, INPA, INPE, INMET,<br />

UNIVERDADE DA ALEMANHA, ESCOLA<br />

DE APRENDIZES-MARINHEIRO, UNESCO,<br />

DEFESA CIVIL-SP, além de interessados em<br />

meteorologia.<br />

Tabela 1: Mini-cursos ministrados durante o XIV CBMET.<br />

N 0 MINI-CURSOS INSCRITOS (Participantes)<br />

1<br />

Quantis e Eventos Extremos – Aplicações em Ciências da Terra e<br />

Ambientais<br />

Instrutor: Teresinha M. B. Sampaio Xavier (UFCE e ACECI)<br />

13 (13)<br />

2<br />

Desastres Naturais – Inundação e Deslizamentos e Previsão<br />

Meteorológica para Mitigação<br />

Instrutores: Augusto José Pereira Filho (USP) e Massato Kobyama<br />

(ENS-UFSC)<br />

17 (15)<br />

3<br />

Interpretação de Imagens de Satélites<br />

Instrutores: Nelson Jesus Ferreira e<br />

Manoel Alonso Gan, do CPTEC/INPE<br />

33 (26)<br />

4<br />

Mudanças Climáticas Globais<br />

Instrutores: José Antônio Marengo Orsini (CPTEC/INPE), Pedro<br />

Leite da Silva Dias (USP), Tércio Ambrizzi (USP)<br />

63 (43)<br />

5<br />

Meteorologia Geral para Formação Profissional de Ensino Médio<br />

Instrutores: Ana Catarina Farah Perrella (UNIVAP) e Mário Francisco<br />

Leal de Quadros (CEFETSC)<br />

15 (12)<br />

112


Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

4.5 - SESSOES PLENÁRIAS<br />

PLENÁRIA 1 – Energia<br />

Coordenador: Enio B. Pereira - CPTEC/INPE<br />

Relator: Eduardo Alvim Leite – SIMEPAR<br />

Palestra: “ Contribuição das energias renováveis<br />

na mitigação dos efeitos das mudanças climáticas”<br />

Apresentadora: Laura Cristina Fonseca Porto,<br />

Diretora do Departamento de Desenvolvimento<br />

Energético, Secretaria de Planejamento e<br />

Desenvolvimento Energético, Ministério de Minas<br />

e Energia (MME)<br />

PLENÁRIA 2 - Esporte, Turismo, Lazer e Cultura<br />

Coordenador: Dr. Hélio dos Santos Silva FURB<br />

Relator: Dra. Maria Assunção F. S. Dias INPE/CPTEC<br />

Palestra: “A necessidade de informações<br />

meteorológicas adequadas para o Turismo, Esportes<br />

e Lazer”.<br />

Apresentadora: Dra. Ana Cristina P. C de Almeida<br />

– UFPA<br />

Palestra - “Os principais eventos turísticos de Santa<br />

Catarina e suas vulnerabilidades às informações<br />

meteorológicas”.<br />

Apresentador: Dr. Guilberto Chaplin Savedra /<br />

Secretário Estadual de Cultura, Turismo e Esportes<br />

– Santa Catarina (SC).<br />

PLENÁRIA 3 - Agricultura e Pesca<br />

Coordenadores: Dr. Antonio Divino Moura - INMET e<br />

Dr. João Antonio Lorenzzetti - INPE<br />

Relator: Dr. Lauro Tadeu G. Fortes - Coordenação de<br />

Desenvolvimento e Pesquisa, INMET<br />

Palestra - “ Comportamento Fenológico de culturas<br />

agrícolas e aquecimento global”<br />

Apresentador: Prof. Hilton Silveira Pinto- Cepagri/<br />

Unicamp<br />

Palestra – Meteorologia e pesca: conceitos, aplicações<br />

e incertezas.<br />

Apresentadora: Profa. Patrícia Sunye - EPAGRI/<br />

CIRAM<br />

PLENÁRIA 4 - Saúde e Ambiente<br />

Coordenador e Relator: Dr. Fábio Luiz Teixeira<br />

Gonçalves - USP/IAG<br />

Palestra: “Malária e Mudanças Climáticas”<br />

Apresentador: Dr. Ulisses Confalonieri (Fiocruz)<br />

PLENÁRIA 5 - Economia, Indústria, Comércio,<br />

Transporte e Comunicações<br />

Coordenador e Relator: Dr. Eduardo Sávio Passos<br />

Rodrigues Martins – FUNCEME<br />

Palestra: “Impactos sócio-econômicos da<br />

variabilidade climática”<br />

Apresentador: Francisco de Assis de Souza Filho,<br />

IRI/Columbia University<br />

PLENÁRIA 6 - Defesa Civil<br />

Coordenador: Dr. Ricardo Sarmento Tenório – UFAL<br />

Relator: Márcio Luiz Alves – Capitão da Polícia Militar<br />

- Defesa Civil/SC<br />

Palestra: “A Defesa civil e a importância da<br />

meteorologia nas suas ações“<br />

Apresentador: Coronel Pimentel – Secretário<br />

Nacional da Defesa Civil – Ministério da Integração<br />

Nacional.<br />

4.6 - MESAS REDONDAS<br />

MESA REDONDA 1: Projetos cooperativos entre<br />

o setor energético e a área de meteorologia – Temas<br />

prioritários e mecanismos de promoção<br />

Coordenador: Eduardo Alvim Leite, SIMEPAR<br />

Relator: Enio B. Pereira, CPTEC/INPE<br />

Participantes:<br />

Hemes Chipp - Diretor Geral do ONS<br />

Ildo Sauer - Diretor de Gás e Energia da Petrobrás<br />

Laura Cristina Fonseca Porto (MME)<br />

Pedro Leite da Silva Dias, Professor Titular do<br />

IAG/ USP.<br />

113


Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

EXPEDIENTE<br />

da SBMET<br />

MESA REDONDA 2: Como fornecer informações<br />

meteorológicas adequadas ao setor de Cultura, Turismo,<br />

Lazer e Esportes, para tomadas de decisão?<br />

Coordenador: Dra. Maria Assunção F. S. Dias INPE/<br />

CPTEC<br />

Relator: Dr. Hélio dos Santos Silva FURB<br />

Participantes:<br />

Dra. Ana Cristina P. C de Almeida - UFPA<br />

Dr. Guilberto Chaplin Savedra - Secretaria de Estado<br />

da Cultura, Turismo e Esportes – SC.<br />

Dr. Marcelo Enrique Seluchi - CPTEC-INPE<br />

Sr. Luiz Cavalcanti - INMET/DF<br />

MESA REDONDA 3: Agricultura e Pesca: A<br />

Meteorologia na Produção de Alimentos<br />

Coordenadores: Dr. Antonio Divino Moura – INMET e<br />

Dr. João Antonio Lorenzzetti - INPE<br />

Relator: Dr. Lauro Tadeu G. Fortes, Coordenação de<br />

Desenvolvimento e Pesquisa - INMET<br />

Participantes:<br />

Prof. Hilton Silveira Pinto - UNICAMP<br />

Dra. Patricia Sunye - EPAGRI/CIRAM<br />

Dr. João Antonio Lorenzzetti - INPE<br />

Dr. Antônio Divino Moura – INMET<br />

MESA REDONDA 4: Saúde e Ambiente<br />

Coordenador e Relator: Dr. Fábio Luiz Teixeira<br />

Gonçalves - USP/IAG<br />

Participantes:<br />

Palestra - Doenças respiratórias e mudanças<br />

climáticas<br />

Apresentadora: Regina Cardoso Alves (USP/FSP)<br />

Palestra - Estudos sobre Radiação UV no Brasil: Uma<br />

amostra da necessidade imediata da conscientização<br />

da população quanto à proteção solar.<br />

Apresentador: Marcelo Correa (UNIFEI)<br />

MESA REDONDA 5: Economia, Indústria, Comércio,<br />

Transporte e Comunicações<br />

Coordenador e Relator: Dr. Eduardo Sávio Passos<br />

Rodrigues Martins – FUNCEME<br />

Participantes:<br />

Palestra: Transporte Aéreo e Meteorologia<br />

Apresentadores: Capitão Robson Ressurreição e<br />

Capitão Adilson Cleomenes Rocha - DECEA<br />

Palestra:Comunicação entre o gerador da informação<br />

climática/de tempo e o usuário final: a relação<br />

meteorologia e sociedade<br />

Apresentador: Renzo Tadei, Yale University/IRI,<br />

Columbia University<br />

MESA REDONDA 6: Defesa Civil<br />

Coordenadorç Dr. Ricardo Sarmento Tenório – Sistema<br />

de Radar Meteorológico de Alagoas – SIRMAL/Instituto<br />

de Ciências Atmosféricas – ICAT/ Universidade Federal<br />

de Alagoas – UFAL<br />

Relator: Márcio Luiz Alves – Capitão da Polícia Militar<br />

- Defesa Civil/SC<br />

Participantes:<br />

Renato Igor – Repórter da CBN / RBS TV<br />

Dr. Luiz Augusto Toledo Machado - Centro de<br />

Previsão de Tempo e Estudos Climáticos CPTEC/<br />

Divisão de Satélites e Sistemas Ambientais<br />

Dr. Adriano Augusto de Araújo Jorge - Coordenadoria<br />

Municipal de Defesa Civil - COMDEC MACEIÓ<br />

MESA REDONDA 7: A Meteorologia no Programa<br />

Espacial Brasileiro<br />

Participantes:<br />

Palestra: “A Agencia Espacial Brasileira e a<br />

Meteorologia no Brasil”<br />

Apresentador: Dr. Raimundo Nonato Mussi<br />

Palestra: “Programa do Satélite Geoestacionário<br />

Brasileiro”<br />

Apresentador: Dr. Osvaldo Catsumi Iamamura:<br />

MESA REDONDA 8: Padrões para as Estações<br />

Automáticas Hidrometeorológicas<br />

Coordenador: Mário Francisco Leal de Quadro<br />

(CEFET–SC)<br />

Participantes:<br />

Renato Bréa Victoria<br />

Mauro Silvio Rodrigues<br />

114


Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

4.7 - OUTRAS ATIVIDADES<br />

Palestra: Cenários Regionais de Mudanças<br />

Climáticas no Brasil – Auditório Garapuvu<br />

Apresentador: Dr. José Antonio Marengo Orsini<br />

Reunião do GPM-Brasil – Sala Petúnia<br />

4.8 - TRABALHOS CIENTIFICOS APRESENTADOS<br />

Trabalhos Científi cos por Áreas Temáticas<br />

Áreas Temáticas Oral Poster Total<br />

Clima: descrição, modelagem, variabilidade e previsão 32 288 320<br />

Hidrometeorologia 8 56 64<br />

Poluição e química da atmosfera 8 54 62<br />

Interação oceano-atmosfera 4 34 38<br />

Agrometeorologia e processos de troca entre solo-planta-atmosfera 16 122 138<br />

Radiação e sensoriamento da atmosfera 16 96 112<br />

Sistemas meteorológicos e previsão de tempo 24 149 173<br />

Modelagem atmosférica 16 87 103<br />

Total 124 886 1010<br />

Trabalhos Científi cos por Áreas de Aplicação<br />

Áreas Temáticas<br />

Total<br />

Energia 175<br />

Esporte, Turismo, Lazer e Cultura 12<br />

Agricultura e Pesca 229<br />

Saúde e Meio Ambiente 354<br />

Economia, Indústria, Comércio, Transporte e Comunicações 109<br />

Defesas Civil e Militar 1<strong>31</strong><br />

Total 1010<br />

5. CONCLUSÕES<br />

As demandas pelas aplicações da Meteorologia têm sido<br />

crescentes, inclusive porque o país como um todo tem se<br />

desenvolvido, exigindo cada vez mais proteção e garantia<br />

de que os recursos alocados nos empreendimentos não<br />

sejam perdidos em função das adversidades do tempo<br />

e do clima. Neste Congresso foi possível compilar as<br />

questões que afligem o setor produtivo, trazendo-as<br />

aos especialistas das diversas áreas de aplicação da<br />

Meteorologia. A comunidade científica pôde demonstrar<br />

suas habilidades em transformar as pesquisas em<br />

115


Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

EXPEDIENTE<br />

da SBMET<br />

respostas práticas, adequadas à solução de problemas<br />

concretos, aumentando a visibilidade da Meteorologia<br />

brasileira pela interação com o setor produtivo.<br />

Um dos avanços que se destacou no XIV CBMET foi<br />

o aumento significativo do número de instituições que<br />

estão utilizando a modelagem numérica na pesquisa e<br />

na operação, elevando o nível da Meteorologia brasileira<br />

aos padrões internacionais. Estes avanços, evidenciados<br />

no Congresso, vão desde a modelagem atmosférica e dos<br />

oceanos até os modelos acoplados oceano-atmosfera,<br />

solo-planta-atmosfera, modelos hidrometeorológicos e<br />

modelos de química e dispersão de poluentes.<br />

Outro avanço marcante observado neste Congresso foi a<br />

percepção de que os dados meteorológicos no Brasil têm<br />

se tornado mais disponíveis aos que deles necessitam.<br />

Observou-se que as demandas por dados oficiais foram<br />

mais facilmente atendidas e que grande empenho foi<br />

envidado para que dados nacionais e internacionais de<br />

interesse no Brasil pudessem ser disponibilizados com<br />

mais facilidade para uso em pesquisa e ensino. Percebeuse<br />

também um significativo aumento na quantidade<br />

e qualidade de dados gerados por parte dos Centros<br />

Estaduais de Meteorologia e por projetos específicos,<br />

tais como o LBA e o PIRATA.<br />

Nos últimos anos observou-se, e ficou bastante<br />

evidente nas apresentações durante do Congresso, que<br />

a Meteorologia Brasileira cresceu no entendimento<br />

da física intrínseca dos processos atmosféricos em<br />

nossa região, resultando na melhoria dos diagnósticos<br />

climáticos e das previsões do tempo. Este avanço se<br />

deve certamente a uma mais adequada integração entre<br />

a teoria, a modelagem e a experimentação como ficou<br />

evidenciado nos resultados dos experimentos LBA<br />

e SALLJEX, por exemplo. Ficou claro ainda que a<br />

Meteorologia brasileira vem adquirindo know-how na<br />

aplicação de cenários regionais de mudanças climáticas,<br />

com perspectivas de aplicação na prevenção de crises<br />

ambientais e no planejamento da produção de alimentos,<br />

bens e energia.<br />

Dentre os principais fatores intrínsecos da área que têm<br />

favorecido seu desenvolvimento conforme detectado<br />

durante o Congresso, pode-se ressaltar a visibilidade<br />

que a Meteorologia tem obtido através da imprensa, a<br />

percepção crescente por parte de órgãos governamentais<br />

e empresas da importância de se estudar o tempo e o<br />

clima para o entendimento das mudanças climáticas e<br />

seus efeitos sobre a vida.<br />

Dentre os fatores que dificultam o desenvolvimento da<br />

Meteorologia, evidenciou-se durante o Congresso que os<br />

investimentos na área ainda são insuficientes (conforme<br />

relatado em várias Mesas Redondas e Plenárias do<br />

Congresso), são poucos os profissionais formados (Mesa<br />

Redonda: “Ensino de Meteorologia no Brasil”) e são<br />

ainda aviltados os salários pagos a estes profissionais<br />

(Mesa Redonda: “Ensino de Meteorologia no Brasil” e<br />

na Discussão Sobre Salário Mínimo Profissional).<br />

Concluindo, este Congresso reuniu centenas de<br />

pesquisadores, profissionais da área operacional,<br />

professores e estudantes, atuantes em todas as regiões do<br />

país, tendo sido uma grande oportunidade para a troca<br />

de conhecimentos, equalização do conhecimento a nível<br />

nacional e internacional e congraçamento. O evento<br />

serviu ainda para a definição de políticas e estratégias<br />

que possam resultar no desenvolvimento da própria<br />

Meteorologia e na sua efetiva aplicação em favor da<br />

sociedade.<br />

116


Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

XIV CBMET: LISTA DE PREMIAÇÃO DE TRABALHOS<br />

(1) RADIAÇÃO. ATMOSFÉRICA E<br />

SENSORIAMENTO REMOTO<br />

POSTER SÊNIOR<br />

Autores: Alexandre Correia e Carlos Pires.<br />

Título: Validation of aerossol optical depth retrievals by<br />

remoto sensing over Brazil and South América.<br />

POSTER JUNIOR<br />

Autores: Eduardo Wilde Bárbaro, Amauri Pereira<br />

de Oliveira, Jacyra Ramos Soares e João Francisco<br />

Escobedo<br />

Título: Observational study of downward atmospheric<br />

longwave radiation at the surface in the city of São<br />

Paulo.<br />

ORAL<br />

Autores: Leonardo de Faria Peres, Renata Libonati dos<br />

Santos e Carlos do Carmo de Portugal e Castro<br />

Título: Land surface emissivity estimation in<br />

METEOSAT-8/SEVIRI TIR bands using MODIS data.<br />

(2) INTERAÇÃO OCEANO-ATMOSFERA<br />

POSTER SÊNIOR<br />

Autores: Tânia Ocimoto Oda<br />

Título: Distribuição espaço-temporal dos campos<br />

de temperatura da supercície do mar e vorticidade<br />

geostrófica no Atlântico Sul.<br />

POSTER JUNIOR<br />

Autores: Ricardo Martins Campos e Ricardo de<br />

Camargo<br />

Título: Caracterização das condições sinóticas sobre o<br />

Atlântico Sudoeste associadas a marés meteorológicas<br />

no Porto de Santos.<br />

ORAL<br />

Autores: Alice Marlene Grimm e Angela Akie Natori<br />

Título: Mudanças climáticas e o impacto de episódios<br />

El Nino e La Nina sobre a América do Sul.<br />

(3) SISTEMAS METEOROLÓGICOS E<br />

PREVISÃO DO TEMPO<br />

POSTER SÊNIOR<br />

Autores: Micheline de Sousa Coelho<br />

Título: Análise de informações por doenças respiratórias<br />

em função de condições meteotrópicas na cidade de São<br />

Paulo.<br />

POSTER JUNIOR<br />

Autores: Clara Miho Narukawa Iwabe e Rosmeri<br />

Porfirio da Rocha<br />

Título: Contribuição da Dobra da Tropopausa na<br />

Intensificação de um Ciclone a Leste do Sul do Brasil.<br />

ORAL<br />

Autores: Marcelo Enrique Seluchi<br />

Título: Padrões sinóticos associados a situações de<br />

deslizamentos de encostas na Serra do Mar.<br />

(4) CLIMA: DESCRIÇÃO, MODELAGEM,<br />

VARIABILIDADE E PREVISÃO<br />

POSTER SÊNIOR<br />

Autores: Paulo Sérgio Lucio, Fábio Cunha Conde,<br />

Andréa Malheiros Ramos, Andréa de Oliveira Cardoso<br />

e Iracema Cavalcanti.<br />

Título: Reconstrução de séries meteorológicos via redes<br />

neurais artificiais.<br />

POSTER JUNIOR<br />

Autores: Michelle Simões Reboita<br />

Título: Monitoramento dos ciclones extratropicais no<br />

hemisfério sul.<br />

ORAL (DOIS TRABALHOS PREMIADOS)<br />

Autores: Rubens Leite Vianello<br />

Título: Cenários de mudanças climáticas e seus efeitos<br />

na ocorrência dos mosquitos da dengue em Belo<br />

Horizonte.<br />

117


Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

EXPEDIENTE<br />

da SBMET<br />

Autores: Ieda Pscheidt e Alice Marlene Grimm<br />

Título: Impactos da variabilidade interanual e<br />

interdecadal na freqüência de eventos extremos sobre<br />

o sul do Brasil.<br />

(5) POLUIÇÃO E QUÍMICA DA ATMOSFERA<br />

POSTER SENIOR<br />

Autores: Marcio Gledson Lopes Oliveira, Rosiberto<br />

Junior, Maria de Fátima Andrade, Edmilson Freitas,<br />

Eduardo Landulfo e Sandro Toshio Uehara.<br />

Título: Transporte de material particulado de queimadas<br />

para região metropolitana de São Paulo: um estudo de<br />

caso.<br />

POSTER JUNIOR<br />

Autores: Caroline Bertagnolli, Damaris Kirsch Pinheiro<br />

e Nelson Jesus Ferreira, Nelson Jorge Schuch<br />

Título: Aplicação de Ondeleta na Caracterização das<br />

Escalas de Variabilidade do Conteúdo Total de Ozônio<br />

no Sul do Brasil: 1997-2005.<br />

ORAL<br />

Autores: José Eduardo Gonçalves, André Luciano<br />

Malheiros, Ernani de Lima Nascimento, Selma Regina<br />

Maggiotto e Nelson Luis da Costa Dias.<br />

Título: Veículo aéreo não tripulado para perfilamento<br />

atmosférico em alta resolução.<br />

(6) MODELAGEM NUMÉRICA DA ATMOSFERA<br />

POSTER SENIOR<br />

Autores: Maria Cristina Lemos da Silva, Antonio Marcos<br />

Mendonça, José Paulo Bonatti e Maria Assunção Faus<br />

da Silva Dias<br />

Título: Previsão das Temperaturas Mínimas para o<br />

Centro-Sul do Brasil Utilizando a Previsão de tempo<br />

por ENSENBLE do CPTEC<br />

POSTER JUNIOR<br />

Autores: Otacilio Leandro de Menezes Neto, Juliana<br />

Lima Oliveira, Alexandre Araújo Costa e Sérgio Sousa<br />

Sombra<br />

Título: Impactos da Circulação Geral em Casos de<br />

El Niño e La Nina no Potencial Eólico no Nordeste<br />

Brasileiro<br />

ORAL<br />

Autores: Rodrigo Gevaerd, Saulo Freitas e Karla<br />

Longo<br />

Título: Simulação numérica da emissão do transporte de<br />

biomassa de queimada durante o incêndio de Roraima<br />

de 1998.<br />

(7) AGROMETEOROLOGIA E PROCESSOS DE<br />

TROCA ENTRE SOLO-PLANTA-ATMOSFERA<br />

POSTER SENIOR<br />

Autores: Cláudio de Castro Pellegrini<br />

Título: A review perturbation technique applied to the<br />

study of stratified atmospheric boundary layer.<br />

POSTER JUNIOR<br />

Autores: Alessandro Augusto dos Santos Michilis e Ralf<br />

Gielow<br />

Título: Armazenamento e Balanço de Energia em<br />

Superfície para uma Área de Floresta no Sudoeste da<br />

Amazônia.<br />

ORAL<br />

Autores: Alessandro Lechinoski e Leonardo Deane de<br />

Abreu Sá<br />

Título: Aspecto da Variabilidade Temporal das Trocas de<br />

CO2 e de Vapor d’água Acima da Floresta de Caxiuanã,<br />

PA.<br />

(8) HIDROMETEOROLOGIA<br />

POSTER SENIOR<br />

Autores: Eduardo Alvin Leite e Otto Correa Rotunno<br />

Filho<br />

Título: Análise de sensibilidade da previsão hidrológica<br />

em relação à informatividade da previsão de<br />

precipitação.<br />

POSTER JUNIOR.<br />

Autores: Ana Claudia Fernandes Medeiros Braga, Carlos<br />

de Oliveira Galvão, Enio Pereira de Souza, Renato de<br />

Oliveira Fernandes, Enilson Palmeira Cavalcanti, Klecia<br />

Forte de Oliveira<br />

Título: Previsão de Escoamento em uma Bacia<br />

Hidrográfica Através Acoplamento do Modelo BRAMS<br />

e de um Modelo Hidrológico.<br />

118


Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

ORAL<br />

Autores: Autores Raquel Chinaglia Pereira dos Santos,<br />

Francisco Martins Fadiga Junior, Mario Tadeu Leme de<br />

Barros, João Eduardo Gonçalves Lopes e José Rodolfo<br />

Scarati Martins.<br />

Título: Modelos de Previsão de vazões para a bacia<br />

incremental à Uheitaipu utilizando previsão de<br />

precipitação de curto prazo.<br />

119


ISSO FOI<br />

NOTÍCIA<br />

Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

CRESCE O DESENVOLVIMENTO DE PROJETOS PARA A NEUTRALIZAÇÃO<br />

DE GASES POLUENTES, SEGUNDO EMPRESA CERTIFICADORA<br />

Os projetos mais desenvolvidos são relacionados à<br />

energia renovável como co-geração (aproveitamento<br />

local do calor residual originado) do bagaço de canade-açúcar,<br />

pequenas centrais hidroelétricas. Projetos<br />

de aterro sanitário (captação e queima do gás metano)<br />

e projetos de troca de combustível.<br />

A preocupação com o superaquecimento global<br />

está cada vez mais em pauta em todo o mundo. As<br />

mudanças climáticas ocorridas nos últimos anos foram<br />

tão intensas que forçaram até o irredutível Presidente<br />

americano, George W. Bush, a admitir a necessidade<br />

de mudança na política climática dos Estados Unidos.<br />

Segundo a conselheira jurídica do Banco Mundial,<br />

Flávia Rosembuj, o fundo de créditos de carbono<br />

arrecadou em 2006 o dobro do valor alcançado em<br />

2005, totalizando US$ 22 bilhões, frente aos US$ 11<br />

bilhões de 2005. Cada tonelada de crédito de carbono<br />

custa em torno de US$ 10. A multa por tonelada<br />

excedida é de cerca de US$ 119.<br />

De acordo com os dados do Ministério da Ciência<br />

e Tecnologia, há 1.597 projetos de Mecanismo de<br />

Desenvolvimento Limpo (MDL) sendo estruturados<br />

em todo o mundo. O Brasil mantém a terceira posição<br />

em números de projetos, com 210. À frente estão a<br />

China, com 299 projetos, e a Índia, líder com 557.<br />

Em termos de reduções de emissões projetadas,<br />

a terceira posição também é brasileira “ responsável<br />

pela redução de 195 milhões de toneladas de dióxido<br />

de carbono (CO 2<br />

) e gases equivalentes ao CO 2<br />

, o que<br />

corresponde a 8% do total mundial, para o primeiro<br />

período de obtenção de créditos. A China ocupa o<br />

primeiro lugar, com 1.056 milhões de toneladas de<br />

CO 2<br />

e a serem reduzidas (43%), seguida da Índia,<br />

com 548 milhões de toneladas, o que equivale a 22%.<br />

A SGS do Brasil, multinacional suíça líder em<br />

testes, inspeções e certificações, foi designada pelos<br />

órgãos mundiais para validar e verificar projetos.<br />

Como uma das principais empresas que presta esse<br />

serviço, a procura pela validação da SGS serve como<br />

termômetro de como está a evolução do mercado de<br />

carbono. E a procura, que tem crescido nos últimos<br />

tempos, demonstra que o mercado de carbono já<br />

começa a se tornar realidade.<br />

De 2005 até agora, a empresa já validou 58<br />

projetos e verificou 28. Devido à importância<br />

das discussões sobre o assunto e as solicitações<br />

de empresas interessadas nesse mercado, a<br />

empresa passou a atuar este ano em projetos CCX<br />

(Chicago Climate Exchange), na área florestal. “O<br />

investimento nesse setor é uma mina de ouro para<br />

o Brasil. Acompanhando a valorização dos créditos<br />

de carbono na Bolsa de Valores, a expectativa é que<br />

as demandas na SGS aumentem este ano em torno<br />

de 25% em relação a 2006”, diz o gerente da SGS,<br />

Fabian Gonçalves. Segundo estatísticas do Banco<br />

Mundial, entre 2005 e 2006, a Ásia foi responsável<br />

por 32% das negociações de créditos, e a América<br />

Latina respondeu por cerca de 28%. O potencial para<br />

a oferta de créditos está concentrado na Ásia (China,<br />

Índia e Coréia do Sul) e América Latina (Brasil e<br />

México).<br />

FONTE: Ecopress com informações da Assessoria SGS-<br />

07/03/07, às 12h01. Extraído do Website: http://www.<br />

jornaldomeioambiente.com.br, acessado em 8/3/<strong>2007</strong>.<br />

120


Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

RELATÓRIO BRASILEIRO SOBRE DESERTIFICAÇÃO<br />

SERVIRÁ DE MODELO A OUTROS PAÍSES<br />

Um relatório do governo brasileiro sobre<br />

desertificação deverá servir de modelo para outros<br />

países adotarem ações no combate a esse fenômeno<br />

que provoca miséria e distúrbios climáticos, como a<br />

falta de água e o aquecimento global.<br />

Relatório<br />

Trata-se do Relatório de Implementação de<br />

Combate à Desertificação, documento elaborado<br />

durante três anos sob coordenação do Ministério do<br />

Meio Ambiente (MMA). Sua apresentação oficial<br />

ocorrerá em Buenos Aires, neste mês de março,<br />

durante a 5ª Sessão do CRIC (Comitê de Revisão da<br />

Implementação da Convenção das Nações Unidas de<br />

Combate à Desertificação).<br />

Modelo Inovador<br />

Segundo o Coordenador-técnico do Programa de<br />

Combate à Desertificação do MMA, José Roberto<br />

Lima, o relatório brasileiro é inovador por reunir<br />

estratégias do governo federal, de estados e da<br />

sociedade civil de uma forma inédita entre os países<br />

signatários da convenção. “O Brasil está realmente<br />

envolvido com o tema. O relatório não é meramente<br />

técnico, é um compromisso nacional que une o poder<br />

público e toda a sociedade”, diz José Roberto.Um dos<br />

consultores do relatório, Silvio Santana, da Fundação<br />

Grupo Esquel Brasil, afirma que a política social do<br />

atual governo coincide com as metas de combate<br />

à desertificação, como, por exemplo, redução da<br />

pobreza, da fome e da desigualdade social, além<br />

de manter as populações em seus locais de origem.<br />

Segundo ele, o programa coincide quase literalmente<br />

com o texto da convenção. De acordo com Silvio<br />

Santana, os esforços pela elaboração do relatório<br />

reuniu ministérios, governos estaduais, organizações<br />

não-governamentais, universidades e empresas.<br />

“Não adianta trabalhar de forma setorizada. Precisa<br />

haver uma plataforma de integração entre o governo<br />

e a sociedade. Somente o Grupo de Trabalho da<br />

Articulação do Semi-árido possui mais de mil<br />

entidades, inclusive igrejas e sindicatos”, afirma.<br />

“Nenhum outro país constituiu um grupo de trabalho<br />

parlamentar de combate à desertificação. O Brasil<br />

está dando um exemplo”.<br />

Desertificação no Brasil<br />

No Brasil, as áreas suscetíveis à desertificação<br />

abrangem 1.488 municípios dos nove estados<br />

do Nordeste. Também foram incluídos nesta<br />

classificação cidades do norte de Minas Gerais<br />

e noroeste do Espírito Santo. No total, ocupam<br />

uma área de 1.338.076 quilômetros quadrados,<br />

equivalentes a 15,7% do território nacional, onde<br />

vivem 32 milhões de pessoas, ou 18,6% da população<br />

brasileira. Metade desses municípios detêm os piores<br />

índices de desenvolvimento humano do País. No<br />

mundo, as regiões áridas, semi-áridas e subúmidas<br />

secas representam quase um terço da superfície<br />

terrestre, abrigam mais de 1 bilhão de seres humanos<br />

e são responsáveis por 22% da produção mundial de<br />

alimentos.<br />

A ampliação dessas áreas, tanto no Brasil quanto<br />

no resto do planeta, é conseqüência do aquecimento<br />

global e da exploração inadequada dos recursos<br />

naturais, entre outros motivos. Os resultados são<br />

eventos climáticos extremos mais freqüentes, como<br />

inundações, ondas de calor, menor volume de chuva<br />

em regiões secas e incidência de furacões, tufões e<br />

ciclones.<br />

FONTE: Ministério do meio Ambiente/ASCOM/<br />

texto de Rafael Imolene. Website: http://www.<br />

institutoventuri.com.br/noticias1.htm, acessado<br />

em 08/03/<strong>2007</strong>.<br />

121


ISSO FOI<br />

NOTÍCIA<br />

Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

BRASIL APRESENTA NA ARGENTINA ATLAS<br />

SOBRE ÁREAS SUSCETÍVEIS À DESERTIFICAÇÃO<br />

O Brasil apresenta nesta quinta-feira (15/03),<br />

na 5ª Sessão do CRIC - Comitê de Revisão da<br />

Implementação da Convenção das Nações Unidas<br />

de Combate à Desertificação, um atlas das áreas<br />

suscetíveis à desertificação no Brasil e um relatório<br />

de implementação do Programa de Ação Nacional<br />

de Combate à Desertificação (PAN). A informação<br />

é do Secretário de Recursos Hídricos do Ministério<br />

do Meio Ambiente, João Bosco Senra, que participa<br />

do evento. A reunião, que acontece em Buenos Aires,<br />

na Argentina, encerra dia 21/03. No encontro, o<br />

governo brasileiro também anunciará oficialmente a<br />

candidatura do economista Antonio Rocha Magalhães<br />

para comandar a Convenção das Nações Unidas de<br />

Combate à Desertificação (UNCCD, na sigla em<br />

inglês). O CRIC foi criado pela quinta Conferência<br />

das Partes da UNCCD como órgão subsidiário para<br />

ajudar na revisão da implementação da convenção.<br />

(MMA)<br />

FONTE: Matéria publicada no Boletim eletrônico<br />

Ambiente Brasil, em 14/03/07. (http://www.<br />

ambientebrasil.com.br/noticias/)<br />

INSTALADA COMISSÃO MISTA SOBRE<br />

MUDANÇAS CLIMÁTICAS<br />

No dia 13 de março, o Presidente da Câmara<br />

dos Deputados, Arlindo Chinaglia (PT), instalou a<br />

comissão mista especial destinada a acompanhar,<br />

monitorar e fiscalizar as ações referentes às mudanças<br />

climáticas no Brasil. A instância será presidida pelo<br />

deputado Eduardo Gomes (PSDB-TO). A vicepresidência<br />

ficará a cargo do senador Fernando Collor<br />

de Mello (PTB-AL) e a relatoria, com o senador Renato<br />

Casagrande (PSB-ES). O primeiro requerimento<br />

aprovado no âmbito do colegiado é de autoria do<br />

Senador Fernando Collor, sugerindo ao governo<br />

federal a realização, em 2012, da 3ª Conferência<br />

Mundial do Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio<br />

+20), nos mesmos moldes da realizada na capital<br />

carioca em 1992, que ficou conhecida como Eco-92.<br />

Outra sugestão aprovada é de autoria do deputado<br />

federal Sebastião Bala Rocha (PDT-AP). Em seu<br />

requerimento, o parlamentar solicita que a comissão<br />

seja integrada por 11 deputados e 11 senadores, em<br />

vez de sete deputados e sete senadores. Segundo<br />

ele, o aumento do número de integrantes objetiva<br />

incluir, no quadro da instância, mais deputados<br />

122<br />

da região amazônica e também mais senadoras ou<br />

deputadas. Até o momento foram indicados para<br />

compor a comissão os seguintes deputados: Iran<br />

Barbosa (PT-SE), João Pizzolatti (PP-SC), Rose de<br />

Freitas (PMDB-ES), Eduardo Gomes (PSDB-TO),<br />

Luiz Carreira (PFL-BA), Rodrigo Rollemberg (PSB-<br />

DF) e Sarney Filho (PV-MA). Já os senadores são os<br />

seguintes: Fernando Collor de Mello (PTB-AL), João<br />

Ribeiro (PFL-MT), Romeu Tuma (PFL-SP), Inácio<br />

Arruda (PCdoB-CE), Renato Casagrande (PSB-ES),<br />

Jefferson Péres (PDT-AM) e Delcídio Amaral (PT-<br />

MS).<br />

Em breve, os novos membros serão escolhidos<br />

pelos presidentes da Câmara e do Senado. De acordo<br />

com a Agência Câmara, na próxima terça-feira (20),<br />

às 14h, a comissão definirá sua agenda de trabalho, a<br />

partir da proposta do relator Renato Casagrande.<br />

(Gestão C&T, nº 582)<br />

FONTE: Boletim eletrônico do Jornal da Ciência,<br />

E-mail 3224, de 16 de março de <strong>2007</strong>.


Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

DECRETO N 0 6.065, DE 21 DE MARÇO DE <strong>2007</strong> CRIA COMISSÃO<br />

DE COORDENAÇÃO DAS ATIVIDADES DE METEOROLOGIA,<br />

CLIMATOLOGIA E HIDROLOGIA (CMCH)<br />

A Edição N 0 56 de 22/03/<strong>2007</strong> do Diário Oficial<br />

traz o Decreto N 0 6.065, de 21 de março de <strong>2007</strong><br />

criando a Comissão de Coordenação das Atividades<br />

de Meteorologia, Climatologia e Hidrologia (CMCH).<br />

O Decreto pode ser encontrado no website:<br />

http://www.in.gov.br/materias/xml/do/<br />

secao1/2618251.xml.<br />

FONTE: Divulgação feita no Informe da SBMET,<br />

em 30/03/07.<br />

SÃO PAULO GANHA ESTAÇÃO PARA MEDIÇÃO<br />

DE POLUENTES ATMOSFÉRICOS<br />

Com a inauguração de uma nova estação para<br />

medição de ozônio, nesta quinta-feira (29/3), em<br />

São Paulo, o Instituto de Pesquisas Energéticas e<br />

Nucleares (IPEN) passou a integrar oficialmente a<br />

rede de monitoramento da Companhia de Tecnologia<br />

de Saneamento Ambiental (CETESB). Resultado de<br />

um convênio de cooperação científica entre as duas<br />

entidades, a estação, que irá monitorar a qualidade<br />

do ar para estudar os gases precursores do ozônio e<br />

do monóxido de carbono, está localizada no campus<br />

da USP, em local considerado favorável aos estudos<br />

de formação do gás, por localizar-se distante do fluxo<br />

de veículos.<br />

Diariamente, as amostras de ar coletadas serão<br />

analisadas, identificadas e quantificadas no laboratório<br />

do Centro de Química e Meio Ambiente do IPEN.<br />

Segundo o instituto, além de fazer parte da rede de<br />

monitoramento da CETESB, a estação fornecerá à<br />

comunidade científica um ponto privilegiado para os<br />

experimentos sobre a atmosfera. O ozônio é o poluente<br />

que mais ultrapassa os parâmetros de qualidade do<br />

ar estabelecidos nas legislações federal e estadual,<br />

chegando a atingir níveis de concentrações elevadas<br />

que levam à má qualidade do ar na capital paulista.<br />

A CETESB mantém 29 estações automáticas<br />

de monitoramento da qualidade do ar na região<br />

metropolitana de São Paulo, a maioria delas localizada<br />

em áreas de grande fluxo de veículos. Os dados<br />

coletados pela nova estação já estão disponíveis no<br />

boletim da qualidade do ar da companhia, em www.<br />

cetesb.sp.gov.br. A nova estação para medição de<br />

ozônio se chamará IPEN-USP e estará disponível<br />

à comunidade científica para desenvolvimento de<br />

trabalhos conjuntos. Os pesquisadores interessados<br />

devem entrar em contato pelo e-mail lvgatti@ipen.<br />

br.<br />

FONTE: Boletim eletrônico Agência FAPESP, de<br />

30/03/<strong>2007</strong>.<br />

123


Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

Relatório Síntese do<br />

WORKSHOP PARA DEFINIÇÃO DAS BASES CONCEITUAIS<br />

DO SISTEMA BRASILEIRO DE ALERTA PRECOCE DE<br />

SECA E DESERTIFICAÇÃO (SAP)<br />

Coordenação Técnica de Combate à Desertifi cação – CTC<br />

SGAN 601, L 1, Ed. CODEVASF – Brasilia, DF<br />

Fone: (61) 40091861/1295<br />

Em 8 e 9 de fevereiro de <strong>2007</strong>, o Instituto Nacional<br />

de Pesquisas Espaciais (INPE) - órgão do Ministério<br />

da Ciência e Tecnologia (MCT), promoveu em<br />

parceria com o Ministério do Meio Ambiente (MMA)<br />

um workshop com o objetivo discutir a elaboração<br />

de um Sistema capaz de prever períodos de seca no<br />

semiárido brasileiro e desenhar cenários atuais de<br />

vulnerabilidade resultantes do uso da terra - com<br />

ênfase nas questões de desertificação e cenários<br />

futuros em decorrência das mudanças climáticas.<br />

Para levantar as condições de antecipar eventos<br />

críticos nas áreas suscetíveis à desertificação,<br />

estiveram presentes especialistas de entidades como<br />

defesa civil, climatologia, hidrologia, agricultura,<br />

recursos hídricos, demografia, entre outras ligadas ao<br />

tema, levantando informações para um futuro sistema<br />

integrado de alerta para beneficiar a sociedade.<br />

Durante o Workshop elaborou-se um conjunto de<br />

recomendações para orientar o desenvolvimento de<br />

um Sistema Brasileiro de Alerta Precoce de Secas e<br />

Desertificação (SAP) e discutiram-se as restrições<br />

técnicas, científicas, políticas e institucionais para a<br />

implantação do sistema.<br />

Ao longo das discussões, ficou claro que os<br />

sistemas de alerta contra as periódicas secas -<br />

extremos climáticos - encontram-se em um estágio<br />

mais avançado de desenvolvimento se comparados<br />

às diferentes iniciativas na área de diagnóstico e<br />

prevenção ao processo de desertificação.<br />

124<br />

A recomendação dos participantes foi no sentido de<br />

fazer uso sinérgico de programas de monitoramento,<br />

previsão, extensão e disseminação já existentes e em<br />

operação na região.<br />

Sendo assim, o grupo recomendou que o futuro<br />

sistema de alerta precoce utilize como cerne os<br />

sistemas já operacionais na área de monitoramento<br />

e previsão de secas, exercitando e resgatando a<br />

rede de parcerias já existentes. Em relação ao<br />

futuro Sistema de Alerta Precoce, a sugestão foi<br />

de implementar inicialmente um programa piloto<br />

que servirá de experiência e ajudará a nortear o seu<br />

desenho definitivo. Indicadores de degradação serão<br />

gradualmente incorporados ao Sistema.<br />

Paralelamente, sugeriu-se nomear um grupo<br />

de trabalho que irá definir, em detalhes, todas as<br />

necessidades, sob os pontos de vista institucional,<br />

financeiro e de recursos humanos, para que o Sistema<br />

Brasileiro de Alerta Precoce de Secas e Desertificação<br />

seja plenamente implementado.<br />

Relatório Consolidado dos Grupos de Trabalho<br />

(GT)<br />

Para nortear as discussões, os três GT receberam<br />

um roteiro básico. A seguir, apresentam-se as<br />

recomendações consolidadas resultantes das<br />

atividades dos grupos.


Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

• Por que precisamos de um sistema de alerta<br />

precoce?<br />

- Minimizar impactos de agentes naturais<br />

capazes de causar danos às atividades<br />

socioeconômicas e aos recursos naturais;<br />

- Embasar a tomada de decisões e para<br />

planejamento de políticas públicas.<br />

• Que tipo de problema precisamos resolver?<br />

- Arranjo e articulação institucional;<br />

- Promoção de transversalidade;<br />

- Financiamento;<br />

- Estabelecimento de parcerias;<br />

- Coleta, disseminação e uso de dados;<br />

- Conciliação de interesses institucionais;<br />

- Capacitação profissional;<br />

- Conscientização dos diversos segmentos da<br />

sociedade;<br />

- Decisão e motivação política;<br />

- Organização e mobilização social;<br />

• Quais os objetivos específi cos do sistema?<br />

- O SAP deve estar orientado para eventos<br />

climáticos extremos (multi-riscos) e<br />

acompanhamento e projeção do processo<br />

de evolução (espacial e temporal) da<br />

desertificação nas ASD (Áreas Susceptíveis à<br />

Desertificação);<br />

- O SAP deverá gerar dados e informações e<br />

produzir cenários e seus respectivos riscos<br />

e vulnerabilidades, das situações presente e<br />

futura (por exemplo, mudanças climáticas),<br />

para tomada de decisões, visando prevenir ou<br />

mitigar impactos de fenômenos adversos;<br />

- O sistema tem por objetivo prevenir e<br />

minimizar os impactos de eventos críticos nas<br />

ASD, por meio do conhecimento prévio dos<br />

riscos e das vulnerabilidades, monitoramento<br />

e alerta, disseminação inteligível deste alerta e<br />

preparação para agir;<br />

- Expressar as informações do SAP em linguagem<br />

apropriada aos usuários e interessados, em seus<br />

diversos níveis.<br />

• Alerta precoce de quê? (tempo, clima, secas,<br />

fatores causadores de desertificação, segurança<br />

alimentar etc)<br />

Os indicadores devem responder a aspectos<br />

físico-químico, biológicos e sócio-econômicos. Por<br />

exemplo, sugere-se:<br />

* Indicadores físicos e biológicos<br />

- Precipitação pluviométrica;<br />

- Alteração do regime hidrológico;<br />

- Caracterização do solo e sua susceptibilidade<br />

ao processo de degradação<br />

- Temperatura;<br />

- Umidade atmosférica;<br />

- Evapotranspiração;<br />

- Segurança hídrica;<br />

- Eventos extremos (secas, cheias e<br />

inundações, granizo,veranicos);<br />

- Cobertura vegetal e uso da terra.<br />

* Indicadores antropogênicos<br />

- Saúde;<br />

- Doenças de veiculação hídrica;<br />

- Doenças veiculadas por vetores;<br />

- Segurança alimentar;<br />

- Perda de biodiversidade<br />

(desmatamento, queimadas);<br />

- Degradação do solo e assoreamento<br />

dos cursos d’água;<br />

- Sobrepastoreio;<br />

- Atividades depredadoras;<br />

- Monitoramento sistemático dessas<br />

variáveis, por meio de implementação<br />

de redes e observações.<br />

125


Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

• Quais seriam os usuários e benefi ciários de um<br />

SAP?<br />

- Instituições de pesquisa e acadêmicas;<br />

- Agências e órgãos governamentais nos diversos<br />

níveis;<br />

- Agências de fomento;<br />

- Organizações da sociedade civil;<br />

- Agentes econômicos de vários setores<br />

(agricultura, mineradoras, serviços em geral);<br />

• Quais os componentes de um sistema de alerta<br />

precoce para secas, especialmente para ASD?<br />

A) Conhecimento dos riscos<br />

- Avaliar os indicadores de desertificação<br />

existentes e definir aqueles que se adequem às<br />

particularidades das ASD;<br />

- Redefinição das ASD, através de critérios mais<br />

adequados à realidade local e aos indicadores<br />

nacionais dos que aqueles preconizados pela<br />

UNCCD;<br />

- Mapeamento das áreas sujeitas à inundação,<br />

seca, queimadas, etc;<br />

- Caracterização e mapeamento das<br />

vulnerabilidades e potencialidades (ZEE) nas<br />

ASD.<br />

B) Monitoramento e sistema de alerta<br />

- Monitorar os indicadores de desertificação<br />

definidos;<br />

- Ampliar a densidade e melhorar a distribuição<br />

espacial da rede de obtenção de dados básicos<br />

(climáticos, meteorológicos, hidrológicos,<br />

etc);<br />

- Melhora a capacidade de previsão de eventos<br />

climáticos extremos bem como reduzir as<br />

margens de incertezas no que se refere a<br />

cenários de mudanças climáticas;<br />

- Melhorar a rede de comunicação entre<br />

instituições.<br />

C) Disseminação dos alertas<br />

- Defesa Civil como elo entre o SAP e a população<br />

e, no caso na sua inexistência, articulação<br />

com outras representatividades municipais<br />

(prefeitura, conselhos, cooperativas, igrejas,<br />

polícia, bombeiros, rádios comunitárias,<br />

sindicatos, etc).<br />

D) Preparação para resposta<br />

- Fortalecimento institucional do Sistema<br />

Nacional de Defesa Civil e capacitação para os<br />

seus técnicos;<br />

- Programa de educação da população da ASD<br />

para enfrentamento das situações de alerta.<br />

• Quais são os sistemas existentes que são relevantes<br />

para o SAP?<br />

- Defesa Civil;<br />

- Ministério da Integração;<br />

- Vigilâncias Sanitárias animal e vegetal;<br />

- Sistemas de Observação de Dados (por<br />

exemplo, meteorológicos, hidrológicos). Há<br />

a necessidade de se contar com um sistema<br />

de aquisição de dados em tempo real de<br />

informações reconhecidas com relevantes ao<br />

processo (tais como imagens de satélites no<br />

mapeamento de vegetação). Com relação aos<br />

dados históricos, é necessário tornar públicos<br />

os bancos de dados existentes;<br />

- Sistemas de previsão sazonal; incluindo<br />

indicadores de variabilidade intrasazonal na<br />

esfera de monitoramento e previsão (Estados,<br />

INMET, INPE);<br />

- SINIMA;<br />

- SINDEC;<br />

- Sistema de Monitoramento de Água no<br />

Solo – FUNCEME e PROCLIMA - INPE,<br />

EMBRAPA;<br />

126


Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

- Sistemas de monitoramento de incêndios<br />

florestais e de campos (FUNCEME/IBAMA,<br />

Estados, INPE/IBAMA e INMET);<br />

- Sistema de Geotecnologia do INPE;<br />

- SIGA/ ASA, Sistema Articulação do Semi-<br />

Árido – SAS;<br />

- Sistema de monitoramento de safras;<br />

- SNIRH/ ANA incluindo sistemas operacionais<br />

da sala de situação;<br />

- SIAGAS - CPRM e SIDRA - IBGE, bem como<br />

outros bancos de dados de interesse;<br />

- Dados coletados pelas Universidades de<br />

interesse ao SAP;<br />

- Dados coletados pelas ONGs e organizações<br />

civis em geral;<br />

• Aperfeiçoamento / fortalecimento de sistemas<br />

existentes ou novo sistema?<br />

- Aperfeiçoar e fortalecer os sistemas de<br />

previsão e alerta meteorológico, hidrológico,<br />

de monitoramento de queimadas, e de defesa<br />

civil existentes. O SAP será concebido de<br />

uma maneira compartilhada com os sistemas<br />

relevantes existentes;<br />

- Ampliar os sistemas existentes de maneira a<br />

incluir ferramentas de alerta precoce contra o<br />

problema da desertificação, criando sistemas<br />

complementares que venham a incorporar<br />

as questões relevantes no problema da<br />

desertificação (por exemplo, sistemas de<br />

previsão e detecção de colapso de safra, alerta<br />

sobre desmatamento de todos os biomas, a<br />

partir do mapeamento da vegetação);<br />

- Garantir a interoperabilidade entre todos os<br />

sistemas;<br />

- Nos problemas de desertificação, construir o<br />

sistema implica a necessidade de se atingir o<br />

consenso sobre os indicadores do processo.<br />

Sugere-se utilizar indicadores preliminares<br />

entre os grupos de estudo de desertificação da<br />

América do Sul. Há a necessidade de propor<br />

vários indicadores, considerando que o alerta<br />

se baseia na convergência de fatores;<br />

- Sistematizar os bancos de dados de maneira<br />

a adequá-los a esses indicadores. Numa fase<br />

inicial, sugere-se concentrar em um aspecto<br />

do processo (por exemplo, quebra de safra, ou<br />

ferramentas de diagnósticos já existentes de<br />

desertificação) para dar início ao sistema;<br />

- Correção das bases de dados existentes<br />

de maneira a aumentar a consistência da<br />

informação;<br />

- Há a necessidade de implantar algumas<br />

áreas pilotos para testar os indicadores em<br />

áreas pouco estudadas da região, bem como<br />

compatibilizar os critérios entre os estados no<br />

mapeamento já existentes das áreas sujeitas à<br />

desertificação. Sugere-se utilizar indicadores<br />

indiretos do problema, tais como o estudo de<br />

séries históricas de dados meteorológicos como<br />

indicativos das velocidades de mudanças;<br />

- Apropriar-se de experiências já existentes<br />

na região sobre a recuperação de áreas<br />

degradadas.<br />

• População (e suas instituições) como “parceira”<br />

(agente, usuária e beneficiária) do SAP (Exemplo:<br />

experiência da Defesa Civil)<br />

- Estimular o envolvimento de comitês, conselhos,<br />

comissões já existentes com atribuições sobre<br />

a temática de desertificação (por exemplo,<br />

Comitês de Bacias Hidrográficas);<br />

- Promover uma maior inserção nos setores do<br />

governo com a idéia de compatibilizar políticas<br />

públicas;<br />

- Sensibilizar, articular e mobilizar todos os<br />

segmentos da sociedade;<br />

- Promover educação ambiental de forma<br />

participativa, principalmente em questões<br />

relativas à desertificação;<br />

- Promover e discutir, junto à sociedade,<br />

alternativas econômicas para minimizar os<br />

problemas de degradação;<br />

127


Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

- Assegurar a participação da comunidade na<br />

gestão do SAP;<br />

- Incorporar no sistema educacional ações<br />

de interesse para o sistema de alerta (por<br />

exemplo, envolver as escolas em coleta de<br />

informações básicas, palestras, treinamento)<br />

visando promover um maior nível de inserção<br />

da informação na educação formal;<br />

- Promover a participação da mídia em diferentes<br />

estágios do SAP, inclusive em atividades de<br />

treinamento;<br />

- Fomentar treinamentos entre os usuários da<br />

informação, e programas de transferência<br />

de tecnologia, com a finalidade de facilitar a<br />

apropriação da informação pelos usuários;<br />

- É necessário criar mecanismos de respostas<br />

mais rápidas e efetivas. O sistema deve ser<br />

propositivo, e deve ser capaz de indicar que<br />

certos mecanismos colocados em práticas<br />

durante os eventos críticos trazem danos<br />

maiores no longo prazo. E essencial o<br />

desenvolvimento de planos de preparação,<br />

mitigação e contingência para todos os<br />

cenários;<br />

- Preparar folhetos informativos, técnicos e<br />

científicos sobre os índices de desertificação,<br />

como combatê-la e minimizar o processo.<br />

• Como capturar e comunicar as informações de<br />

alerta precoce junto:<br />

a)<br />

b)<br />

c)<br />

aos tomadores de decisão;<br />

aos grupos sociais mais diretamente<br />

afetados; e<br />

à sociedade em geral.<br />

- Transmitir a informação aos respectivos<br />

usuários em linguagem adequada, expressando<br />

de forma apropriada a magnitude e intensidade<br />

dos eventos;<br />

- Sugere-se a criação de quadro normativo<br />

responsável por iniciar as ações EFETIVAS<br />

DE MITIGAÇÃO E PREVENÇÃO a partir<br />

das recomendações técnicas do SAP, caso<br />

contrário o sistema terá alcance restrito;<br />

- Sugerir ações que facilitem e fomentem<br />

a apropriação dos usuários e das próprias<br />

instituições públicas estaduais e federais<br />

(tomadores de decisão) das informações<br />

geradas pelo SAP;<br />

- Utilizar de todos os meios de comunicação para<br />

divulgação e disseminação.<br />

• Como organizar a população para “estar<br />

preparada” e poder responder ao SAP com<br />

mínimo desgaste e maior efi cácia?<br />

- Valendo-se de associações comunitárias<br />

(comitês de bacia, comissões de meio<br />

ambiente,...), motivar e incentivar a promoção<br />

e aceitação de temas relativos ao combate à<br />

desertificação;<br />

- Comunicação em linguagem adequada,<br />

utilizando meios disponíveis da mídia;<br />

- Incluir tema em programas de educação<br />

ambiental;<br />

- Capacitar, inclusive à distância, grupos meta<br />

específicos e de forma continuada em temas<br />

com enfoque no controle à desertificação.<br />

• Quais são os atores que têm um papel relevante<br />

no SAP?<br />

- MMA, MS, MI, MAPA, MCT, órgãos de<br />

desenvolvimento regional (ADENE/SUDENE,<br />

DNOCS, CODEVASF...);<br />

- Ministério Público;<br />

- Associações comunitárias;<br />

- Iniciativa privada;<br />

- Órgãos estaduais e municipais;<br />

- Órgãos de defesa civil;<br />

- Instituições de ensino e pesquisa;<br />

- ONGs, redes da sociedade civil;<br />

128


Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

- INPE, INMET, INSA, EMBRAPA;<br />

- Organismos de cooperação internacional;<br />

- Agentes financeiros e fundos setoriais.<br />

• Quais são os papéis do Governo Federal, dos<br />

Estados, dos Municípios e como articulá-los?<br />

- Entendemos que as ações de coordenação em<br />

nível federal devam ficar no MMA. Cabe ao<br />

MMA definir, de forma participativa, o melhor<br />

arranjo institucional e a arquitetura do SAP e<br />

coordenar nacionalmente o sistema;<br />

- Sugere-se uma Comissão de Coordenação do<br />

SAP: esfera federal (MMA/SRH, MI/ DNOCS<br />

e SEDEC, MCT/ INPE);<br />

- A Comissão gestora federal deverá se articular<br />

com órgãos de atuação estaduais (Secretarias<br />

Estaduais de Recursos Hídricos e Meio<br />

Ambiente e Núcleos Regionais nas ASD do<br />

PMTCRH – CPTEC/ INPE). Recomendase<br />

resgatar o papel catalisador do MCT, com<br />

financiamento para ações do diversos atores;<br />

- Fortalecimento Institucional do MMA, através<br />

da elaboração da Política Nacional de Combate<br />

à Desertificação e criação do Conselho Nacional<br />

de Combate à Desertificação, já definidos<br />

no PAN. Como sugestão, tem-se a criação<br />

de uma Secretaria Nacional de Combate à<br />

Desertificação;<br />

- Cabe aos governos estaduais identificar as<br />

secretarias responsáveis pela coordenação do<br />

programa no estado e co-financiar o sistema<br />

para maximizar seus benefícios;<br />

- É papel dos municípios adaptar o SAP à<br />

realidade local, desenvolvendo a necessária<br />

articulação nesse nível;<br />

- Em nível municipal, o órgão articulador<br />

seria a Defesa Civil, onde existir, e outros<br />

órgãos de representatividade local. Além da<br />

Defesa Civil, entendemos que é conveniente<br />

o envolvimento de órgãos tais como: Emater,<br />

Corpo de Bombeiros e Polícia Militar.<br />

• Quais são os papéis das universidades, instituições<br />

de pesquisa, entidades do setor privado, sociedade<br />

civil organizada, meios de comunicação?<br />

- Universidades, Instituições de pesquisa e<br />

Centros Estaduais: pesquisa aplicada, dados<br />

sobre estudos de casos e novas metodologias.<br />

Capacitação técnica, disseminação das<br />

informações e ações de extensão junto às<br />

comunidades locais;<br />

- Órgãos operacionais federais e estaduais: coleta<br />

de informações básicas e sua disponibilização,<br />

operacionalização e implantação de processos.<br />

Capacitação e difusão das informações;<br />

- Entidades e organizações do setor privado:<br />

Informações, experiências, dados, avaliações.<br />

O setor privado tem um papel fundamental a<br />

desenvolver no co-financiamento do sistema e<br />

na forma de apoio operacional. Cabe também ao<br />

setor privado a disseminação e apropriação das<br />

informações, e deve se envolver em atividades<br />

como treinamento, extensão e conscientização.<br />

No caso de organizações tais como as ONG,<br />

elas deveriam atuar em ações de mobilização,<br />

divulgação, implementação de iniciativas<br />

específicas, e na adequação das informações às<br />

realidades locais. Fortalecimento da sociedade<br />

civil, especialmente das organizações<br />

comunitárias de base;<br />

- Meios de comunicação: disseminação,<br />

conscientização e mobilização.<br />

• Qual o papel da Cooperação Internacional?<br />

- WMO, IICA, FAO, UNESCO, WHO, UNICEF,<br />

GTZ, JICA, Banco Mundial, BID, União<br />

Européia, Cooperações Bilaterais, NOAA,<br />

USGS;<br />

- Cooperação técnica (expertise, intercâmbio);<br />

- Financiamento;<br />

- Apoio ao dimensionamento do SAP.<br />

129


Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

• Quais são as alternativas de arranjos institucionais<br />

para o funcionamento de um eficiente sistema de<br />

alerta precoce?<br />

- RESGATAR E FORTALECER os arranjos<br />

institucionais já existentes;<br />

- Explorar a incorporação de novos parceiros,<br />

particularmente os não-convencionais;<br />

- No que se refere ao combate à desertificação,<br />

destinar ao MMA o papel de catalisador e<br />

articulador para identificação e definição das<br />

instituições que participarão da implementação<br />

do SAP;<br />

- Estabelecer comissões de gestão integrada;<br />

- Adequar o arranjo institucional do PAN-Brasil<br />

ao SAP (???);<br />

• Que recursos são necessários para o<br />

desenvolvimento, implementação e funcionamento<br />

de um efi ciente sistema de alerta precoce de<br />

secas, especialmente para as Áreas Susceptíveis<br />

à Desertifi cação?<br />

o Institucionais;<br />

o Tecnológicos e Científicos;<br />

o Financeiros;<br />

o Humanos;<br />

- Os recursos iniciais do sistema devem ser<br />

suficientes para construir um protótipo do SAP.<br />

Se este protótipo for bem sucedido, irá criar<br />

novas demandas que conduzirão à ampliação<br />

do sistema;<br />

- Este protótipo será construído a partir do<br />

conjunto de ferramentas já existentes para<br />

o monitoramento e previsão das secas<br />

periódicas. Esta sugestão se baseia no<br />

fato que já existe, sistemas operacionais,<br />

experiência e metodologias consolidadas<br />

sobre esse fenômeno. O protópo irá incluir<br />

alguns indicadores do processo de degradação<br />

ambiental, que será o cerne do SAP para a<br />

questão da desertificação;<br />

- O sistema deve incluir cenários climáticos em<br />

formato tal que possam ser incorporados em<br />

ações tais como os ZEEs;<br />

- Como ponto de partida, utilizar a infra-estrutura<br />

e os conhecimentos científicos e tecnológicos<br />

existentes (estabelecimento/ fortalecimento<br />

de rede de instituições), complementandoos<br />

segundo as necessidades do SAP. Ao<br />

mesmo tempo, recomenda-se valorizar os<br />

conhecimentos tradicionais disponíveis;<br />

- Inicialmente, utilizar os recursos humanos<br />

disponíveis. Entretanto, e mesmo no<br />

desenvolvimento deste protótipo, há a<br />

necessidade de contar com recursos humanos<br />

dedicados no SAP.<br />

Para dimensionar o SAP em nível de detalhe,<br />

sugere-se:<br />

- A criação de um Grupo de Trabalho sob a<br />

coordenação do MMA, quem irá definir uma<br />

instituição líder e estabelecer um arranjo<br />

institucional que contemple todas as áreas de<br />

atuação do SAP;<br />

- Neste Grupo de Trabalho, deverá haver definição<br />

clara das atribuições e responsabilidades de<br />

cada instituição participante;<br />

- Identificar possíveis fontes financeiras, internas<br />

e externas. Identificar/mobilizar recursos<br />

em programas já existentes (por exemplo,<br />

ProÁgua, PCPR, Fundos Setoriais);<br />

- Os recursos humanos serão complementando<br />

segundo as necessidades do SAP, a serem<br />

definidas pelo GT;<br />

- Induzir a formação e fixação de recursos<br />

humanos adequados às necessidade do SAP<br />

(fomento de bolsas CNPq, IICA, FAPs<br />

estaduais), inclusive pesquisas aplicadas,<br />

ressaltando que não apenas é suficiente formar<br />

esses recursos humanos mas também fixá-los.<br />

130


Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

• Como viabilizar a decisão política e os recursos<br />

para a implantação ou adaptação do SAP?<br />

- Compensação ambiental de empresas atuantes<br />

nas ASD – articulação com Conselho Nacional<br />

de Meio Ambiente (recurso poderá ir para o<br />

fundo específico vinculado ao SAP);<br />

- Apresentar sua concepção à Ministra de Meio<br />

Ambiente, sugerindo que, em articulação<br />

com o MI e MCT, seja levado à Casa Civil<br />

para constituição de um Grupo de Trabalho<br />

Interministerial para seu desenvolvimento<br />

e implementação. Destacar sua viabilidade<br />

técnicoeconômica e os prejuízos sociais,<br />

econômicos e ambientais decorrentes de sua<br />

não implementação (custo da desertificação);<br />

- Incluí-lo no Orçamento Geral da União e dos<br />

Estados: previsão no PPA dos órgãos federais<br />

coordenadores e dos estados onde se localizam<br />

as ASD (para garantir contrapartida no caso de<br />

convênios);<br />

- Criação de fundo setorial (exemplo: CT Petro,<br />

CT Hidro), já proposto anteriormente no PAN,<br />

bem como a busca de recursos nos fundos<br />

estaduais de recursos hídricos;<br />

- Cabe ao CNPQ a elaboração de editais<br />

específicos;<br />

- Imposto de renda de empresas;<br />

- Recurso do Proágua contra a desertificação<br />

– MI;<br />

- Submeter a proposta à Comissão de Meio<br />

Ambiente do Congresso Nacional, visando<br />

o apoio político e financeiro para sua<br />

implementação.<br />

• Estabelecimento de agenda de implementação da<br />

proposta SAP<br />

- Apresentação do conceito à Ministra de Meio<br />

Ambiente;<br />

- Constituição do GTI;<br />

- Preparação da proposta preliminar do SAP<br />

pelo GTI;<br />

- Apresentação da proposta aos principais atores<br />

envolvidos, para efeito de validação;<br />

- Implantação.<br />

1<strong>31</strong>


Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

COORDENADORA DO CPTEC/INPE É ELEITA ACADÊMICA<br />

DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CIÊNCIA (ABC)<br />

Na última eleição da Academia Brasileira de<br />

Ciências (ABC), realizada em 30 de março, além<br />

da renovação da Diretoria para o período de <strong>2007</strong> a<br />

2010, também foram eleitos 25 novos membros para<br />

a entidade. Entre estes, a Coordenadora do Centro de<br />

Previsão do Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC),<br />

do INPE, Maria Assunção Faus da Silva Dias, que irá<br />

ocupar uma das duas cadeiras destinadas a cientistas<br />

da área de Ciências da Terra.<br />

Na renovação da Diretoria da ABC, o matemático<br />

Jacob Palis passou a ocupar a Presidência da entidade<br />

no lugar do Professor Eduardo Krieger. Os 25 novos<br />

acadêmicos eleitos à parte irão integrar 11 áreas<br />

científicas. Para validar a candidatura a acadêmico<br />

da ABC, o nome do cientista deve ser indicado por<br />

membros da entidade.<br />

A área de Ciências da Terra possui atualmente 72<br />

membros, entre os quais o pesquisador Carlos Nobre,<br />

do INPE, eleito em 2003. No total, a ABC conta com<br />

mais de 600 membros. Entre os temas considerados<br />

prioritários pela nova Diretoria e que deverão ser<br />

foco de grandes estudos estão: Amazônia, mudanças<br />

climáticas e impactos ambientais.<br />

FONTE: Boletim eletrônico do Jornal da Ciência<br />

3235, de 02/04/<strong>2007</strong>.<br />

CARLOS NOBRE GANHA PRÊMIO Conrado Wessel<br />

A Fundação Conrado Wessel (website: www.fcw.<br />

org.br) anunciou nesta quarta-feira (18/4/<strong>2007</strong>) os<br />

nomes dos ganhadores do Prêmio FCW de Ciência<br />

e Cultura 2006, concedido a personalidades de<br />

reconhecimento nacional em seis categorias.<br />

Os vencedores foram: Sérgio Mascarenhas<br />

Oliveira (Ciência geral), Ricardo Renzo Brentani<br />

(Medicina), Ruth Rocha (Literatura), Magno Antonio<br />

Patto Ramalho (Ciência aplicada ao campo), Carlos<br />

Afonso Nobre (Ciência aplicada ao meio ambiente)<br />

e Aldo Cunha Rebouças (Ciência aplicada à água). A<br />

cerimônia de entrega será realizada no dia 4 de junho,<br />

na Sala São Paulo, a partir das 19h30. Os perfis dos<br />

escolhidos, de acordo com a FCW, revela “qualidades<br />

de talento inovador, liderança, abrangência social,<br />

trabalho incansável, integridade e ética”. O prêmio<br />

concedido a cada ganhador foi de R$ 100 mil isentos<br />

de impostos.<br />

Leia a matéria na íntegra em: http://www.agencia.<br />

fapesp.br/boletim_dentro.php?id=7024.<br />

FONTE: Boletim eletrônico Agencia FAPESP, de<br />

19/4/<strong>2007</strong>.<br />

132


NORMAS e<br />

LEGISLAÇÃO<br />

Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

COLÉGIO DE ENTIDADES NACIONAIS<br />

Alfredo Silveira da Silva<br />

Diretor Profissional da SBMET/Conselheiro do CREA-RJ<br />

E-mail: alfredo@meteoro.ufrj.br<br />

O Colégio de Entidades Nacionais (CDEN) teve<br />

como marco inicial a Decisão do CONFEA n°CR-<br />

006/83, que aprovou o processo de discussão para a<br />

reformulação da legislação profissional, constituindo<br />

a Comissão Diretora das Entidades Nacionais.<br />

A primeira reunião do Colegiado foi realizada<br />

em 28 de maio de 1983, na sede do CONFEA, em<br />

Brasília, contando com a participação do Presidente<br />

do CONFEA e dos representantes das Entidades<br />

Nacionais FNE (Federação Nacional de Engenheiros),<br />

FNA (Federação Nacional de Arquitetos e<br />

Urbanistas), IAB (Instituto de Arquitetos do Brasil),<br />

FEBRAE (Federação Brasileira de Associações de<br />

Engenheiros), CONAGE (Coordenação Nacional de<br />

Geologia), AGB (Associação de Geógrafos do Brasil),<br />

CONATI (Conselho Nacional de Técnicos), FENATA<br />

(Federação Nacional de Técnicos Agrícolas), que<br />

elaboram o documento “Estratégica do Processo de<br />

Discussão da Legislação Profissional pela Comissão”,<br />

servindo de subsídios para o processo de discussão<br />

da Lei n° 5.194, de 24 de dezembro de 1966, na pauta<br />

do CONFEA. Em seguida, o Plenário do CONFEA<br />

aprovou, em outubro de 1983, o referido documento<br />

e no ano de 1984 foram realizados sete encontros<br />

nacionais, vinte e cinco regionais e cinco reuniões da<br />

Comissão Diretora.<br />

Em março de 1986 foi realizada reunião do CDEN<br />

com participação de dezoito entidades Nacionais:<br />

ABEAS (Associação Brasileira de Educação<br />

Agrícola Superior), ABEA (Associação de Brasileira<br />

de Engenheiros de Alimentos), ABEE (Associação<br />

Brasileira de Engenheiros Eletricistas), ABENC<br />

(Associação Brasileira de Engenheiros Civis),<br />

ABEMEC (Associação Brasileira de Engenharia<br />

Mecânica e Industrial), AGB, CONAGE, CONTAE<br />

(Conselho Nacional das Associações de Técnicos<br />

Industriais), FAEAB (Federação das Associações<br />

de Engenheiros Agrônomos do Brasil), FEBRAE,<br />

FAEMI (Federação das Associações de Engenheiros<br />

de Minas do Brasil), FNA, FNE, FENATA, IAB,<br />

SBMET (Sociedade Brasileira de Meteorologia),<br />

SBEF (Sociedade Brasileira de Engenheiros<br />

Florestais). No encontro, discutiu-se a Minuta de<br />

Anteprojeto de Alteração da Lei n° 5.194, de 24 de<br />

dezembro de 1966, numa tentativa de consolidar<br />

os documentos gerados pelos grupos Arquitetura,<br />

Agronomia, Engenharia e Geociências.<br />

Durante o Processo Constituinte 1991/1992,<br />

o CDEN teve papel fundamental na proposta de<br />

reorganização do Sistema e na revisão de sua<br />

legislação, culminando em 1994, com a Resolução<br />

n° 386, de 27 de julho de 1994, que criou o Colégio<br />

de Entidades Nacionais, regulamentando-o como<br />

Fórum Consultivo do Sistema/CONFEA.<br />

Em 2005, o Plenário do CONFEA aprovou a<br />

Resolução n° 1011, de 24 de agosto de 2005, que<br />

fixa os critérios para credenciamento das Entidades<br />

Nacionais no CONFEA, revogando a Resolução<br />

386, de 27 de julho de 1994. A referida resolução<br />

estabelece o prazo de três anos, a contar da data de<br />

publicação, para que o CONFEA inicie a revisão do<br />

credenciamento das Entidades Nacionais.<br />

Constituíram pauta do CDEN questões<br />

relacionadas ao funcionamento do Sistema, à<br />

uniformização de procedimentos, visando à<br />

133


Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

NORMAS e<br />

LEGISLAÇÃO<br />

maximização da eficiência e eficácia do Sistema,<br />

posicionando-se diante de temas relacionados<br />

às profissões fiscalizadas, além da integração e<br />

desenvolvimento do Sistema CONFEA/CREA.<br />

O Colégio de Entidades Nacionais é composto<br />

pelos Presidentes de Entidades Nacionais e, na sua<br />

ausência, pelos seus representantes credenciados,<br />

devendo a Coordenação do CDEN ser exercida,<br />

em caráter executivo, por um Coordenador<br />

e um Coordenador Adjunto eleitos por seus<br />

membros durante sua primeira reunião realizada<br />

obrigatoriamente, na sede do CONFEA, com um<br />

mandato de um ano, permitida uma única reeleição<br />

para quaisquer dos cargos. Sendo elegíveis para os<br />

cargos de Coordenado e Coordenador Adjunto, os<br />

Presidentes de Entidades Nacionais nos limites de<br />

vigência de seus respectivos mandatos nas Entidades<br />

de origem.<br />

O CDEN reúne-se ordinariamente duas vezes por<br />

ano, sendo a primeira anual na sede do CONFEA e<br />

a segunda incorporada à programação da Semana<br />

Oficial da Engenharia, Arquitetura e Agronomia<br />

(SOEAA). A primeira reunião anual é instalada<br />

pelo Presidente do CONFEA e pelo Coordenador<br />

da Comissão de Assuntos Nacionais (CAN), ou<br />

seus representantes, que convocam o Coordenador<br />

em exercício para proceder ao relato das atividades<br />

desenvolvidas no período de seu mandato. Em<br />

seguida, procede à eleição dos Coordenadores.<br />

O Presidente do CONFEA e o Coordenador<br />

da CAN ou seus representantes darão posse aos<br />

Coordenadores eleitos, passando a presidir os<br />

trabalhos o Coordenador eleito, dando seqüência<br />

à pauta da qual devem constar obrigatoriamente à<br />

definição do programa de trabalho e discussão de<br />

assuntos de interesse do CDEN.<br />

O CDEN poderá convocar reuniões<br />

extraordinárias, com a definição prévia da pauta, a<br />

pedido do Coordenador, com prévia autorização do<br />

CONFEA; por iniciativa de 2/3 dos membros, com<br />

informação prévia de, no mínimo, quinze dias ao<br />

CONFEA; ou por iniciativa do CONFEA.<br />

134<br />

Compete ao Coordenador do CDEN: encaminhar<br />

ao CONFEA, para homologação, programação anual<br />

de trabalho, após sua aprovação na 1ª Reunião;<br />

organizar, dirigir e coordenar Reuniões Ordinárias<br />

e Extraordinárias; incentivar e apoiar as Entidades<br />

Nacionais nas ações que visem ao aprimoramento<br />

do CDEN e do Sistema CONFEA/CREA; tomar<br />

providências para a tramitação dos assuntos nos<br />

termos do seu Regimento; e apresentar ao CONFEA e<br />

às Entidades Nacionais relatórios contendo sugestões<br />

e recomendações emanadas das reuniões do CDEN<br />

para as providencias cabíveis.<br />

A ordem dos trabalhos das reuniões consiste<br />

em: verificação do quorum; abertura da reunião,<br />

apreciação e aprovação da sú mula da reunião anterior,<br />

informes, leitura e aprovação da pauta e apreciação<br />

dos assuntos pautados.<br />

Os serviços de secretaria e assessoria do Colegiado<br />

são desempenhados pela Gerência de Relações<br />

Institucionais (GRI), unidade de estrutura auxiliar<br />

do CONFEA que é responsável por sistematizar as<br />

sugestões de assuntos a serem incluídos na pauta das<br />

reuniões; encaminhar a convocação aos membros do<br />

CDEN; encaminhar a pauta das reuniões; formatar<br />

propostas apresentadas pelo CDEN; encaminhar as<br />

propostas geradas nas reuniões à comissão permanente<br />

responsável pela condução de assuntos nacionais<br />

para analisar, visando à consecução dos objetivos<br />

aos quais se destinam; acompanhar a tramitação<br />

dos documentos oriundos das reuniões; assessorar<br />

tecnicamente as reuniões; elaborar sumula das<br />

reuniões; e manter organizado o acervo documental.<br />

Os posicionamentos do CDEN possuem<br />

instrumentos e numeração próprios, devidamente<br />

fundamentados, recomendando estudos e medidas<br />

por parte do CONFEA, relatando a situação existente,<br />

proposição, justificativa, fundamentação legal e<br />

sugestão de mecanismos para implementação.<br />

As informações sobre o Colegiado, tais como<br />

Histórico, Estrutura, Funcionamento, Propostas,<br />

Deliberações, Calendário de Reuniões e Entidades<br />

Filiadas podem ser obtidas no site www.confea.org.<br />

br/cden.


Boletim SBMET abril <strong>2007</strong><br />

A Coordenação do CDEN é exercida em caráter<br />

executivo, por um Coordenador e um Adjunto, eleitos<br />

por seus membros. No ano de 1995 o Arquiteto<br />

Itamar Kalil, Presidente da ABEA, exerceu o cargo<br />

de Coordenador junto com o Eng. Agrônomo Carlos<br />

Pieta Filho da CONFAEAB, Coordenador Adjunto.<br />

Em 1996 a Coordenação manteve-se com o Arquiteto<br />

Itamar Kalil e o Coordenador Adjunto foi o Eng.<br />

Agrimensor Miguel Prieto, da FENEA. Nos anos de<br />

1997 e 1998, a Coordenação ficou com o Presidente<br />

da ABEAS, Eng. Agrônomo Helmut Forte Daltro, e a<br />

Coordenação Adjunta com o Presidente da FENEA,<br />

Eng. Agrimensor Ziocélito José Bardini. Em 1999, a<br />

Coordenação do CDEN veio a ser exercida pelo Eng.<br />

Florestal Fernando A. S. Bemerguy, Presidente da<br />

ABEAS, e o Presidente da FEBRAE, Eng. Civil José<br />

Ramalho Ortigão Jr., passou a ser o Coordenador<br />

Adjunto. No ano de 2000, o Colégio continuou<br />

sendo comandado pelo Eng. Florestal Fernando<br />

Bemerguy, Presidente da ABEAS e o Eng. Civil<br />

Pedro Lopes de Queiroz, Presidente da ABENGE,<br />

como Coordenador Adjunto. Durante o ano de<br />

2001, o CDEN foi coordenado pelo Presidente da<br />

FISENGE, Eng. Eletricista Paulo Bubach, tendo com<br />

Coordenado Adjunto o Eng. Eletricista Reynaldo<br />

Rocha Barros. Em 2002, a coordenação ficou com o<br />

Presidente da FNA, Arquiteto e Urbanista Eduardo<br />

Bimbi, e a Coordenação Adjunta com a Eng. de<br />

Alimentos Márcia Ângela Nori. No ano de 2003, o<br />

Colégio continuou sendo comandado pelo mesmo<br />

arquiteto e tendo como Coordenador Adjunto o<br />

Presidente da SBEF, Eng. Florestal Carlos Adolfo<br />

Bantel. Em 2004, o CDEN foi coordenado pelo<br />

Presidente da CONFAEB, Eng. Agrônomo Antonio<br />

de Pádua Angelim e o Presidente da FAEP-BR, Eng.<br />

de Pesca Augusto José Nogueira. Em 2005, o CDEN<br />

foi coordenado pelo Presidente da CONFAEB e como<br />

Coordenador Adjunto o Presidente da CONTAE,<br />

Técnico Industrial Eletrônico Ricardo do Nascimento<br />

Alves. Em 2006, o Colégio foi Coordenado pelo<br />

Presidente da ANEST, Eng. Mec. Francisco Machado<br />

da Silva e como Coordenador Adjunto o Presidente<br />

da CONTAE, Técnico Industrial Eletrônico Ricardo<br />

do Nascimento Alves. Atualmente a Coordenação do<br />

CDEN continua com o mesmo Presidente da ANEST,<br />

tendo como Coordenador Adjunto o Eng. Agrônomo,<br />

Presidente da ABEAS José Geraldo Vasconcelos<br />

Bracuhy.<br />

135


AGENDA<br />

Boletim SBMET ago-nov 2006<br />

ABRIL <strong>2007</strong><br />

• Special Session at the EGU General Assembly<br />

AS1.15: Aerosol-Precipitation Interactions<br />

Período: 15 a 20 de abril de <strong>2007</strong><br />

Local: Vienna, Austria<br />

Website: www.cosis.net/members/meetings/<br />

programme/overview_db.php?m_id=40<br />

• Congresso Ibero-americano sobre desenvolvimento<br />

sustentável (SUSTENTÁVEL <strong>2007</strong>)<br />

Período: 24 a 26 de abril de <strong>2007</strong><br />

Local: Auditório Ibirapuera, Avenida Pedro Álvares<br />

Cabral, s/nº, Parque do Ibirapuera - São Paulo - SP<br />

Website: www.sustentavel.org.br/local-do-evento.asp<br />

• Fórum de Agronegócio - Biocombustível no Brasil<br />

Período: 26 de abril de <strong>2007</strong><br />

Local: Campinas, SP<br />

Website: www.cori.unicamp.br/foruns/agro/foruns_<br />

agro.php<br />

• Workshop de Monitoramento Ambiental<br />

Período: 27 a 28 de abril de <strong>2007</strong><br />

Local: São Paulo, SP<br />

Website: www.edutechambiental.com.br/cursos_<br />

workshops/index.asp<br />

MAIO <strong>2007</strong><br />

• Fórum sobre Aquecimento Global<br />

Período: 03 de maio a 28 junho de <strong>2007</strong><br />

Local: Campinas, SP<br />

Website: www.canalenergia.com.br/zpublisher<br />

materias/Meio_Ambiente.asp?id=59023<br />

• Seminário “Mitigação das Mudanças Climáticas<br />

- Contribuições do Grupo de Trabalho III ao<br />

4º Relatório do Painel Intergovernamental de<br />

Mudança Climática - IPCC”<br />

Período: 08 de maio de <strong>2007</strong><br />

Local: Auditório do Programa de Planejamento<br />

Energético do Instituto Alberto Luiz Coimbra de<br />

Pós-Graduação COPPE-UFRJ/UFRJ, Centro de<br />

Tecnologia, Bloco C, Sala C-208, Ilha do Fundão<br />

- Rio de Janeiro - RJ<br />

Horário: 10 horas<br />

• 7th IEEE International Symposium on Cluster<br />

Computing and the Grid – CCGrid<strong>2007</strong><br />

Período: 14 a 17 de maio de <strong>2007</strong><br />

Local: Rio de Janeiro, RJ<br />

Website: ccgrid07.lncc.br<br />

• 1º Workshop de Interação Universidade-Empresa<br />

Período: 18 de maio de <strong>2007</strong><br />

Local: Itatiba, SP<br />

Website: www.saofrancisco.edu.br<br />

• Palestra “Domínios Geoambientais da região de<br />

influência da barragem do Tijuco Alto, alto Vale<br />

do Ribeira: adequabilidades e limitações frente ao<br />

uso e ocupação”<br />

Período: 19 de maio <strong>2007</strong><br />

Local: Campinas, SP<br />

Website: www.sbe.com.br/aberta.asp<br />

136


Boletim SBMET ago-nov 2006<br />

• III Encontro da Associação de Órgãos Municipais<br />

de Meio Ambiente do Estado do Rio de Janeiro<br />

(ANAMMA-RJ)<br />

Período: 22 a 24 de maio <strong>2007</strong><br />

Local: Niterói, RJ<br />

Website: www.anamma.com.br/contVisualizar.<br />

asp?id=960<br />

• Workshop Internacional sobre Qualidade da Água<br />

e Boas Práticas de Manejo para a Aqüicultura<br />

Período: 22 a 25 de maio de <strong>2007</strong><br />

Local: Auditório da Reitoria da Universidade do Estado<br />

do Amazonas (UEA), Manaus.<br />

Contato por e-mail: alzira@inpa.gov.br ou leem@inpa.<br />

gov.br.<br />

Mais Informações pelo telefone (92) 3643-<strong>31</strong>91.<br />

Website: www.inpa.gov.br<br />

Promoção: INPA, EMBRAPA, FAPEAM<br />

• AGU-SBGf Joint Meeting<br />

Período: 22 a 25 de maio <strong>2007</strong><br />

Local: Acapulco, México<br />

Website: www.agu.org/meetings/ja07/<br />

• Seminário sobre Manejo Integrado de bacias<br />

hidrográfi cas em Florestas plantadas<br />

Período: 23 e 24 de maio <strong>2007</strong><br />

Local: Viçosa, MG<br />

Website: www.sif.org.br<br />

• 4º Congresso Nacional de Meio Ambiente –<br />

Perspectivas de Sobrevivência do Planeta neste<br />

Milênio<br />

Período: 24 a 26 de maio <strong>2007</strong><br />

Local: Poços de Caldas, MG<br />

Website: www.meioambientepocos.com.br<br />

• Conferência “Agroenergia e Biocombustível”<br />

Período: 25 de maio <strong>2007</strong><br />

Local: Botucatu, SP<br />

Website: www.iea.usp.br/iea/contato/contato98.html<br />

• II Workshop em Modelagem de Tempo e Clima<br />

utilizando o Modelo Eta: Aspectos Físicos e<br />

Numéricos<br />

workshop: 29 de maio – 02 de junho de <strong>2007</strong>, de terça<br />

a sábado<br />

mini-cursos: 28 de maio de <strong>2007</strong>, segunda-feira<br />

Local: INPE - Cachoeira Paulista - SP<br />

Organização: INPE e APLBA<br />

Website: worketa@cptec.inpe.br e www.cptec.inpe.br/<br />

worketa/evento.shtml<br />

• Simpósio sobre “Aquecimento Global e<br />

Responsabilidade Social”<br />

Período: 29 a <strong>31</strong> de maio de <strong>2007</strong><br />

Local: Auditório Central - Campus I - Universidade<br />

Católica de Brasília, Brasília, DF<br />

Website: www.ucb.br/simposio<br />

JUNHO <strong>2007</strong><br />

• Workshop Passivo Ambiental<br />

Período: 01 e 02 de junho de <strong>2007</strong><br />

• Summer School on Multiscale Modeling and<br />

Simulation in Science<br />

Local: Rua Cubatão 1088/90, Paraíso, São Paulo, SP<br />

Período: 04 a 15 de junho de <strong>2007</strong><br />

Local: Bosön, Stockholm<br />

Website: www.edutechambiental.com.br/<br />

Website: http://user.it.uu.se/~ngssc/ngssc_home//S2M2S2/<br />

http://www.atm.helsinki.fi /ILEAPS<br />

Email: ileaps-ipo@helsinki.fi<br />

137


AGENDA<br />

Boletim SBMET ago-nov 2006<br />

• Seminário “Impactos das Mudanças Climáticas e<br />

Cenários no Estado de São Paulo”<br />

Período: 06 de junho de <strong>2007</strong><br />

Local: São Paulo, SP<br />

Website: www.iea.usp.br/contato<br />

• Comemorações do Dia Mundial do Meio Ambiente/<br />

Evento Planeta Terra no Século XXI - Avanços e<br />

Conseqüências<br />

Período: 05 e 06 de junho de <strong>2007</strong><br />

Local: Florianópolis, SC<br />

Website: ciram.epagri.sc.gov.br<br />

• Congresso Internacional de Agroenergia e<br />

Biocombustíveis<br />

Período: 11 a 15 de junho de <strong>2007</strong><br />

Local: Teresina, PI<br />

Website:<br />

www.agendapromocoes.com.br/<br />

agrobioenergia/<br />

• IV Workshop on Lidar Measurements in Latin<br />

America<br />

Período: 17 a 23 de junho de <strong>2007</strong><br />

Local: Ilhabela, SP, Brazil<br />

Website: www.cea.inpe.br/cea/lws/index.htm<br />

• Workshop em Assimilação de dados em Modelos<br />

Atmosféricos Aplicações Meteorológicas e<br />

Hidrológicas<br />

Período: 21 a 22 de junho de <strong>2007</strong><br />

Local: Fortaleza, CE<br />

Website: www.funceme.br/<br />

• I Seminário Internacional sobre Mudanças<br />

Climáticas e seus Impactos na Agricultura<br />

Período: 21 a 23 de junho de <strong>2007</strong><br />

Local: Auditório da Biblioteca Central da UFV – Viçosa,<br />

MG<br />

Website: www.cpd.ufv.br/intranet/eventos/climaticas<br />

• II International Workshop on Climate Change and<br />

its impact on agriculture “linking regional climate<br />

model with crop growth model to analyze climate<br />

chance impacts on agriculture in Brazil”<br />

Período: 21 a 23 de junho de <strong>2007</strong><br />

Local: Viçosa, MG<br />

Website: www.cpd.ufv.br/intranet/eventos/climaticas<br />

Contato por email: Marcos Costa (mh.costa@ufv.br)<br />

• The <strong>2007</strong> World Congress in Computer Science,<br />

Computer Engineering, and Applied Computing<br />

(WORLDCOMP’07) (composto de 24 Conferências)<br />

Período: 25 a 28 de junho de <strong>2007</strong><br />

Local: Monte Carlo Resort Hotel, Las Vegas, Nevada,<br />

EUA<br />

Contato por e-mail: H. R. Arabnia - hra@cs.uga.edu.<br />

Website: www.worldacademyofscience.org/<br />

worldcomp07<br />

www.world-academy-of-science.org<br />

• II Encontro Sul-Brasileiro de Meteorologia/<br />

IV Jornada de Palestras dos Estudantes de<br />

Meteorologia - UFPel<br />

Período: 25 a 29 de junho de <strong>2007</strong><br />

Local: Florianópolis, SC<br />

Website: www.cefetsc.edu.br/~meteoro/esbm/<br />

138


Boletim SBMET ago-nov 2006<br />

JULHO <strong>2007</strong><br />

• XV Congresso Brasileiro de Agrometeorologia<br />

Tema: “A AGROMETEOROLOGIA NO SÉCULO XXI”<br />

Período: 02 a 05 de julho de <strong>2007</strong><br />

Local: Centro de Convenções do Hotel Parque dos<br />

Coqueiros, situado à Rua Francisco Rabelo Leite, nº<br />

1075, Bairro Atalaia, Aracaju, SE<br />

Website: www.cbagro<strong>2007</strong>.com.br<br />

• Conferência Internacional de Educação a Distância<br />

com Apoio Computacional em Meteorologia e<br />

Hidrologia (CALMet) <strong>2007</strong><br />

Período: 02 a 07 de julho de <strong>2007</strong><br />

Local: Beijing, China<br />

Website: calmet.comet.ucar.edu/<br />

Informações: Patrick Parrish (pparrish@comet.ucar.<br />

edu), Vesa Nietosvaara (vesa.nietosvaara@fmi.fi), Fan<br />

Hong (fanh@cma.gov.cn), Dr. Ednaldo Oliveira dos<br />

Santos (ednaldo@ppe.ufrj.br).<br />

• Joint conference of the International Association of<br />

Meteorology and Atmospheric Sciences (IAMAS)<br />

and the International Union of Geodesy and<br />

Geophysics (IUGG)<br />

Período: 02 a 13 de julho de <strong>2007</strong><br />

Local: University of Perugia, Itália<br />

Contato por E-mail: secretary@iugg<strong>2007</strong>perugia.it<br />

Website: www.iugg<strong>2007</strong>perugia.it<br />

• 59ª Reunião Anual da SBPC<br />

Período: de 08 a 13 de julho de <strong>2007</strong><br />

Local: campus da Universidade Federal do Pará<br />

(UFPA), em Belém do Pará<br />

Tema central: Amazônia: desafi o nacional .<br />

Website: www.sbpcnet.org.br/eventos/59ra.<br />

As inscrições para os minicursos serão abertas a partir<br />

de abril do próximo ano.<br />

• 11th World Multi-conference on Systemics,<br />

Cybernetics and Informatics: WMSCI <strong>2007</strong><br />

Período: 08 a 11 de julho de <strong>2007</strong><br />

Local: Orlando, Florida, EUA<br />

Website: www.iiis-cyber.org/wmsci<strong>2007</strong><br />

• 6 0 Simpósio Brasileiro de Captação e Manejo de<br />

Água de chuva<br />

Período: 09 a 12 de julho de <strong>2007</strong><br />

Local: UFMG, Belo Horiznte, MG<br />

Website: www.abcmac.org.br<br />

• Session "IWG02" - 4rd AOGS Annual Meeting:<br />

"Modelling and Simulation of<br />

Dangerous Phenomena for Hazard Mapping"<br />

Período: 30 de julho a 4 de agosto de <strong>2007</strong><br />

Local: Bangkok, Thailandia<br />

Website: www.asiaoceania.org/aogs<strong>2007</strong>/<br />

Contato por e-mail: Giulio Iovine: iovine@irpi.cnr.it;<br />

g.iovine@irpi.cnr.it; giovine64@katamail.com<br />

139


AGENDA<br />

Boletim SBMET ago-nov 2006<br />

AGOSTO <strong>2007</strong><br />

• 33rd International Conference on Radar<br />

Meteorology<br />

Período: 06 a 10 de agosto de <strong>2007</strong><br />

Local: Cairns Convention Centre, Cairns, Austrália<br />

Informações: http://www.ametsoc.org/meet/index.<br />

html<br />

Website: www.tropicalaustralia.com.au/<br />

• Workshop Internacional de Satélites Meteorológicos<br />

para Usuários Sul-Americanos<br />

Período: 20 a 24 de agosto <strong>2007</strong><br />

Local: Maceió, Alagoas<br />

Data de inscrição: até 10 de maio <strong>2007</strong><br />

Website: www.evento.ufal.br/eumetsat/<br />

• Curso de Verão: “Land Surface - Atmosphere<br />

Interactions in a Changing Climate”<br />

Período: 26 a <strong>31</strong> de agosto de <strong>2007</strong><br />

Local: Grindelwald, Switzerland<br />

Data limite para submissão: 20 de dezembro de 2006<br />

(notifi cacção de aceite em janeiro <strong>2007</strong>)<br />

Website: www.nccr-climate.unibe.ch/summer_<br />

school/<strong>2007</strong>/<br />

• Second International Conference on Earth System<br />

Modeling Max Planck Institute for Meteorology<br />

Período: 27 a <strong>31</strong> de agosto de <strong>2007</strong><br />

Inscrições online: outubro de 2006<br />

Website: www.mpimet.mpg.de/icesm<br />

SETEMBRO <strong>2007</strong><br />

• 14th IUAPPA World Congress<br />

Período: 09 a 13 de setembro de <strong>2007</strong><br />

Local: Brisbane, Austrália<br />

Website: www.icms<br />

• The United Nations/Austria/European Space<br />

Agency Symposium on “Space Tools and Solutions<br />

for Monitoring the Atmosphere in Support of<br />

Sustainable Development ”<br />

Período: 11 a 14 de setembro de <strong>2007</strong><br />

Local: Graz, Austria<br />

Website: www.unoosa.org/oosa/SAP/act<strong>2007</strong>/graz/<br />

index.html<br />

• Workshop Internacional sobre Clima, Recursos<br />

Naturais e Aplicações na CPLP<br />

Período: 11 a 15 de setembro de <strong>2007</strong><br />

Local: CABO VERDE, Ilha do Sal<br />

Contato com Secretaria do Evento: secretariado.<br />

cra@gmail.com ou Dr. Sérgio Ferreira (Portugal)<br />

(sfconsultoria@gmail.com)<br />

Centro Empresarial de Carnaxide, Avenida Tomás<br />

Ribeiro, 47 – 3 - 2790-463 Carnaxide, Portugal<br />

Tel.: (+351) 93 373 4391 (Dr. Sérgio Ferreira)<br />

Fax: (+351) 21 418 3819<br />

• Congresso Internacional "A Global Vision of<br />

Forestry in the 21st Century"<br />

Período: 30 de setembro a 03 de outubro de <strong>2007</strong><br />

Local: Toronto, Canadá<br />

Website: www.forestry.utoronto.ca/centennial/int_<br />

congress.htm<br />

140


Boletim SBMET ago-nov 2006<br />

OUTUBRO <strong>2007</strong><br />

• Semana Nacional de Ciência e Tecnologia – <strong>2007</strong><br />

Foi escolhido como lema para a Semana de <strong>2007</strong>,<br />

Terra.<br />

Período: 01 a 07 de outubro de <strong>2007</strong><br />

• VIII Congresso Brasileiro de Redes Neurais<br />

Período: 07 a 11 de outubro de <strong>2007</strong><br />

Local: Florianópolis, SC<br />

Website: http://www.ieb.ufsc.br/CBRN/<br />

• I Simpósio Brasileiro de Inteligência<br />

Computacional<br />

Período: 07 a 11 de outubro de <strong>2007</strong><br />

Local: Universidade Federal de Santa Catarina,<br />

Florianópolis, SC<br />

Website: www.ieb.ufsc.br/SBIC<br />

NOVEMBRO <strong>2007</strong><br />

• II Simpósio Internacional de Climatologia (SIC)/ III<br />

Conferência Regional sobre Mudanças Climáticas<br />

- “A detecção das mudanças climáticas e a<br />

atribuição de causas”<br />

Período: 02 e 03 de novembro de <strong>2007</strong><br />

Local: São Paulo, SP<br />

• III Conferência Regional sobre Mudanças Globais<br />

Período: 04 a 08 de novembro de <strong>2007</strong><br />

Local: São Paulo, SP<br />

• II Simpósio Internacional de Climatologia: “A<br />

detecção das mudanças climáticas e a atribuição<br />

de causas”<br />

Período: 08 a 10 de novembro de <strong>2007</strong><br />

Local: São Paulo, SP<br />

• IX Simpósio Internacional de Proteção contra<br />

Descargas Atmosféricas (IX SIPDA)<br />

Período: 26 a 30 de novembro de <strong>2007</strong><br />

Local: Foz do Iguaçu - PR<br />

Website: www.iee.usp.br/sipda<br />

E-mail para contato com Secretaria: sipda@iee.usp.br)<br />

•<br />

DEZEMBRO <strong>2007</strong><br />

IV Congresso Cubano de Meteorologia<br />

Período: 04 a 08 de dezembro de <strong>2007</strong><br />

Local: Ciudad de La Habana<br />

Recebimento de abstract: ate <strong>31</strong> de maio de <strong>2007</strong><br />

Envio cartas de aceite: à medida que for sendo recebido<br />

os resumos até <strong>31</strong> de julho <strong>2007</strong><br />

Envio do trabalho completo: até <strong>31</strong> de agosto de <strong>2007</strong><br />

O recebimento de abstracts e trabalhos deve ser feito<br />

por e-mail: resumenes@insmet.cu<br />

Website: www.insmet.cu/sometcuba/default.htm<br />

E-mail: sometcuba@insmet.cu<br />

• V Workshop de Micrometeorologia<br />

Período: 12 a 14 de dezembro de <strong>2007</strong><br />

Local: UFSM, Santa Maria<br />

Contato: Otavio Acevedo (otavio@smail.ufsm.br)<br />

141


AGENDA<br />

Boletim SBMET ago-nov 2006<br />

MARÇO 2008 AGOSTO 2008<br />

• International Symposium on “Weather Radar and<br />

Hydrology”<br />

Período: 10 a 15 de março de 2008<br />

Local: Grenoble, France<br />

Website: www.wrah-2008.com<br />

• XV Congresso Brasileiro de Meteorologia<br />

Período: 18 a 23 de agosto de 2008<br />

Local: A defi nir<br />

Tema: a defi nir<br />

Organização: SBMET<br />

142


OBITUÁRIO<br />

Boletim SBMET ago-nov 2006<br />

FALECE O NOTÁVEL PROFESSOR OBASI, EX-SECRETÁRIO<br />

GERAL DA OMM, GRANDE INCENTIVADOR DA METEOROLOGIA<br />

Godwin Patrick Olu Obasi (1933 - <strong>2007</strong>)<br />

O Professor Godwin Patrick Olu Obasi, Secretário<br />

Geral da Organização Meteorológica Mundial entre<br />

01 de janeiro de 1984 e <strong>31</strong> de dezembro de 2003,<br />

faleceu em 03 de março de <strong>2007</strong>, em Abuja, Nigéria.<br />

O Professor Obasi nasceu em 24 de dezembro de<br />

1933 em Ogori, Estado de Kogi, Nigéria. Recebeu<br />

os títulos de Bacharel em Ciências em Matemática<br />

e Física (1959, com honras) na Universidade de<br />

McGill, Montreal, Canadá; de Mestre em Ciências<br />

(1960) e de Doutor em Meteorologia (1963) no<br />

Massachusets Institute of Technology, EUA, tendo<br />

recebido o Prêmio Carl Rossby pela melhor Tese de<br />

Doutorado.<br />

Após sua graduação, foi trabalhar no Serviço<br />

Meteorológico Nacional da Nigéria. Quatro anos<br />

depois, entrou no Corpo Docente da Universidade de<br />

Nairobi, onde posteriormente foi nomeado Chefe do<br />

Departamento de Meteorologia e Diretor da Faculdade<br />

de Ciências. Em 1978, mudou-se para Genebra para<br />

integrar o Secretariado da OMM como Diretor do<br />

Departamento de Educação e Treinamento. Em maio<br />

de 1983 foi eleito Secretário Geral da OMM pelo<br />

Congresso Meteorológico Mundial, com um mandato<br />

de quatro anos a partir de 01 de janeiro de 1984.<br />

Subseqüentemente foi re-eleito por mais quatro vezes<br />

(em 1987, 1991, 1995 e 1999). Completado o seu<br />

quinto mandato, tornou-se Secretário Geral Emérito,<br />

conforme decisão do 14 o Congresso Meteorológico<br />

Mundial.<br />

Durante seus mandatos, o Professor Obasi foi<br />

ativo na procura de soluções globais para problemas<br />

ambientais, com especial atenção para a atmosfera,<br />

a água doce e os oceanos. Ele esteve na vanguarda<br />

para chamar a atenção do mundo para o problema<br />

das mudanças globais, especialmente ao reunir a<br />

Segunda Conferência Mundial do Clima em Genebra,<br />

em 1990. Teve um papel importante nas negociações<br />

que levaram aos estabelecimentos da Convenção<br />

das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, da<br />

Convenção das Nações Unidas para Combater a<br />

Desertificação, do Painel Intergovernamental sobre<br />

Mudanças Climáticas (IPCC), do Programa Mundial<br />

de Pesquisas Climáticas, do Sistema Global de<br />

Observação Climática, e da Convenção de Viena para<br />

a Proteção da Camada de Ozônio e seu Protocolo de<br />

Montreal.<br />

O nome do Professor Obasi está intimamente<br />

associado a sucessos científicos altamente relevantes<br />

em seu campo de especialização, a dinâmica da<br />

atmosfera, incluindo experimentos relacionados à<br />

pesquisa das Monções Oeste Africanas e da Atmosfera<br />

Global.<br />

O Professor Obasi foi agraciado com honras por<br />

muitas sociedades profissionais de Meteorologia e de<br />

Hidrologia, academias de ciências e universidades<br />

em todo o mundo.<br />

Nota da OMM, traduzida pelo Dr. Ralf Gielow,<br />

INPE/CPTEC.<br />

Foto tirada durante conferência em Évora, Portugal, em 2002.<br />

Da esquerda para a direita, Antonio Divino Moura (INMET), Prof.<br />

Obasi, Luiz Carlos Baldicero Molion (UFAL).<br />

143


Boletim SBMET ago-nov 2006<br />

ANUNCIANTES<br />

Pág 6<br />

www.hobeco.net<br />

E-mail: info@hobeco.net<br />

Contra-capa<br />

www.simtech.com.br<br />

E-mail: simtech@simtech.com.br<br />

ATENDIMENTO DA SBMET<br />

Secretaria da SBMET<br />

E-mail Geral: <strong>sbmet</strong>@<strong>sbmet</strong>.org.br<br />

Diretora Administrativa: Marley C. L. Moscati<br />

<strong>sbmet</strong>@<strong>sbmet</strong>.org.br<br />

Assistente de Secretária: Angela Harada<br />

angela@cptec.inpe.br<br />

Fone: (0xx12) 3945-6653<br />

Fax: (0xx12) 3945-6666<br />

Home-page:<br />

www.<strong>sbmet</strong>.org.br<br />

Sobre Boletim da SBMET<br />

Informações Gerais:<br />

<strong>sbmet</strong>@<strong>sbmet</strong>.org.br<br />

Envio de artigos e matérias:<br />

marley@cptec.inpe.br<br />

Fone: (+5512) 3945-6653<br />

Fax: (+5512) 3945-6666<br />

Sobre Revista Brasileira de Meteorologia<br />

(RBMET)<br />

InformaçõesGerais:<br />

rbmet@model.iag.usp.br<br />

Envio de artigos e matérias:<br />

Tércio Ambrizzi – rbmet@model.iag.usp.br<br />

Fone: (+ 55 - 11) 3091-47<strong>31</strong><br />

Fax: (+55 - 11) 3091-4714<br />

144


Política Editorial do Boletim da Sociedade Brasileira de Meteorologia<br />

Instruções aos Autores:<br />

1) Serão aceitos para publicação no BSBMET, artigos originais na área de meteorologia e áreas correlatas,<br />

não publicados anteriormente, versando sobre conclusões e andamentos de Projetos, opiniões sobre pontos<br />

de relevância na meteorologia e problemas atuais da meteorologia e do clima, além de matérias técnicas e<br />

profissionais de interesse.<br />

2) Os manuscritos submetidos deverão ser enviados ao Editor Responsável do BSBMET via e-mail.<br />

3) Os trabalhos devem ser organizados com a seguinte estrutura: TÍTULO, nome completo dos autores, as<br />

Instituições a que pertencem e o endereço postal, RESUMO/palavras chaves, ABSTRACT/Key words, 1.<br />

INTRODUÇÃO, 2. RESULTADOS E DISCUSSÃO, 3. CONCLUSÕES (ou CONSIDERAÇÕES FINAIS),<br />

4. AGRADECIMENTOS, 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS. As figuras e tabelas deverão estar<br />

posicionadas dentro do texto conforme estipulados pelos autores. As referências bibliográficas, as equações e as<br />

unidades devem seguir as normas adotadas pela Revista Brasileira de Meteorologia.<br />

4) O texto deve ter, no máximo, dez (10) páginas e ser escrito em formato A4 (297 x 210 mm), usando-se<br />

o Editor Word 6.0 ou posterior, fonte Times New Roman 12, espaço 1,5 cm, todas as margens de 2,5 cm e<br />

espaçamento duplo entre parágrafos.<br />

Padrões para confecção e envio de arquivos eletrônicos dos anúncios:<br />

1. Especificação de formatos:<br />

1.1 Anúncio ¼ de página, 8x12 cm sem sangria.<br />

1.2 Anúncio 1/2 página, 20 x13,25 cm sem sangria.<br />

1.3 Anúncio de página inteira, 17,5 x 24 cm com 4 mm de sangria.<br />

2. Programas disponíveis para recepção de arquivos:<br />

2.1 CorelDraw 10 ou inferior, nas plataformas PC.<br />

2.2 PDF 5.0 (em alta resolução) ou inferior, nas plataformas PC.<br />

3. Mídias para envio:<br />

3.1 CDR ou CDRW<br />

3.2 E-mail para arquivos menores que 5MB<br />

Obs: (1) Para enviar arquivos, favor gravar todos os links e fontes utilizadas na mesma mídia, lembrando que<br />

a qualidade de imagens e calibração de cores é de inteira responsabilidade do anunciante. É imprescindível o<br />

acompanhamento de uma impressão colorida que possa demonstrar a expectativa de reprodução de arquivo. (2)<br />

Todas as imagens (figuras, tabelas e fotos) devem ser enviadas em arquivos à parte, em JPG ou PDF, em alta<br />

resolução.<br />

Endereço para envio: A/c Marley C. L. Moscati, INPE/CPTEC – Dept. Meteorologia, Sala 26, Av. dos<br />

Astronautas, 1758, Jd. Granja, São José dos Campos/ SP – 12227-010<br />

E-mail: marcus@digitalpress.art.br, com cópia para marley@cptec.inpe.br.

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