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2008 - Volume 32 No 2 e 3 - sbmet

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Boletim daSociedade Brasileirade Meteorologia ISSN 1676-014Xvol. <strong>32</strong>, n o 2-3, ago.-dez. <strong>2008</strong>MeteorologiaeaCidade


Boletim SBMET ago.-dez. <strong>2008</strong>SUMÁRIOBoletim da Sociedade Brasileira de MeteorologiaMeteorologia e Cidades.vol. <strong>32</strong>, nº 2-3, ago.-dez. <strong>2008</strong>Editorial .................................................................................................................1Marley Cavalcante de Lima MoscatiPalavra da Presidente da SBMET ...................................................................................4Maria Gertrudes Alvarez Justi da SilvaA Meteorologia e a Operação do Sistema Interligado Nacional ................................................7Luiz Guilherme Ferreira GuilhonRaios em Grandes Centros Urbanos no Sudeste do Brasil .................................................... 14Osmar Pinto Junior, Kleber Pinheiro Naccarato, Iara Regina Cardoso de Almeida PintoModelagem Numérica da Atmosfera em Regiões Urbanas:Aplicações em estudos e prognósticos sobre a qualidade do ar ............................................. 19Edmilson Dias de FreitasRede de Monitoramento de Tempo e Clima: O Projeto “Pilotinhos” ......................................... 28Maria Gertrudes Alvarez Justi da Silva, David Garrana Coelho, Luiz Rodrigo Lins Tozzi,Isimar de Azevedo Santos, Alfredo Silveira da SilvaUm Sistema Previsor baseado no WRF em fase de testes no INMET ........................................ 35Fabrício Härter, Fernando Barrros, Thiago Braga, Ricardo Raposo, Gilberto Bonatti, Juliana Mo ,Francisco Quixaba Filho, Francisco Alves, José Maurício GuedesSistema de Previsão Hidrometeorológica para a bacia do Alto Tietê ........................................ 42Augusto José Pereira Filho, Oswaldo Massambani, Hugo Abi Karam, Ricardo Hallak, Reinaldo Haas, Felipe VemadoMudanças Climáticas nas Cidades e Interferências com o Aquecimento Global .......................... 61Teresinha de Maria Bezerra Sampaio Xavier, Augusto José Pereira Filho, Airton Fontenele Sampaio Xavier,Pedro Leite da Silva DiasA Meteorologia aplicada ao ambiente construído .............................................................. 69Fabiano Morelli


Boletim SBMET ago.-dez. <strong>2008</strong>A comunicação social de Informações sobre tempo e clima: o ponto de vista do usuário ............... 76Renzo Romano TaddeiRelatório Científi co do XV Congresso Brasileiro de Meteorologia ........................................... 87XV Congresso Brasileiro de Meteorologia: Trabalhos Premiados ............................................ 97XV Congresso Brasileiro de Meteorologia: Prêmios “Sampaio Ferraz” e “Adalberto Serra”entregues em <strong>2008</strong> .................................................................................................. 99Comemoração dos 50 anos da SBMET ..........................................................................100Eleita <strong>No</strong>va Diretoria Executiva da SBMET: <strong>2008</strong>-2010 .......................................................101Pesquisador Carlos <strong>No</strong>bre recebe Prêmio Scorpus <strong>2008</strong> por contribuição acadêmica ..................102Maria Luiza Poci Pinto: A força da Mulher no Sistema CONFEA/CREA .....................................102<strong>No</strong>rma de Fiscalização das atividades relativas à Meteorologia ........................................... 104Agenda de Eventos ..................................................................................................106Falece o Dr. John Owen Roads, Professor Pesquisador da Scripps de Oceanografia ....................111Política Editorial do Boletim da SBMET ..........................................................................113


Editoração EletrônicaLIVROSA Diagramação idealpara seu impresso!REVISTASCATÁLOGOSOS(12) 3939.3399 / 3939.3331www.digitalpress.art.brAvenida Cidade Jardim, 627 sala 09 - Jd. SatéliteCEP 12231-675 - São José dos Campos - SPBOLETINS / JORNAISFOLDERS35 ANOS IMPRIMINDOQUALIDADE A PREÇO JUSTO


Boletim SBMET ago.-dez. <strong>2008</strong>A METEOROLOGIA E A OPERAÇÃO DO SISTEMAINTERLIGADO NACIONALLuiz Guilherme Ferreira GuilhonOperador Nacional do Sistema Elétrico – ONSGerência de HidrologiaRua da Quitanda 196, 10º andar , Centro, Rio de Janeiro-RJ - 20091-005 - Fone: (21) 2203-9883E-mail: guilhon@ons.org.br1. INTRODUÇÃOO Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS)é uma empresa sem fins lucrativos que possui comoum dos principais objetivos efetuar o planejamentoe a programação da operação, de modo a otimizaros recursos naturais necessários para a geração,transmissão e distribuição de energia elétrica noSistema Interligado Nacional (SIN), ao menor custopara a sociedade. Assim sendo, a cada instante detempo são alocados recursos de geração hidroelétricae termoelétrica, bem como são disponibilizadaslinhas de transmissão para a migração dessa geraçãoaté os centros consumidores de energia elétrica,minimizando o custo de operação atual e futuro. Paratal, o ONS possui algumas ferramentas computacionais(modelos e aplicativos) que lhe permite exercersuas funções com eqüidade, reprodutibilidade etransparência. Considerando a maior participação dahidroeletricidade para a geração de energia elétrica, oSIN fica bastante vulnerável à variabilidade climáticao que torna a previsão meteorológica e climáticaum subsídio de grande potencial qualitativo para osprocessos do ONS. As linhas de transmissão, comlongos percursos entre os centros consumidorese as fontes geradoras de energia, ficam tambémvulneráveis ocorrência de tempo severo em suatrajetória. A previsão de temperatura nas grandescidades é determinativa não só do formato da curvade carga bem como da intensidade do consumo deenergia elétrica nessas cidades.2. CARACTERÍSTICAS DAS AFLUÊNCIASPara melhor entender as dificuldades que oONS enfrenta no cumprimento de suas funções, énecessário introduzir alguns conceitos básicos quedeverão ser levados em consideração. O primeirodeles é a questão da sazonalidade. Como se podeobservar na Figura 1, as regiões Sudeste, <strong>No</strong>rdestee <strong>No</strong>rte possuem uma sazonalidade marcada, naqual se observam vazões (assim como as EnergiasNaturais Afluentes - ENA) mais elevadas no períodoúmido, entre novembro e abril, enquanto que de maioa outubro essas afluências são menores. Por outrolado, na região Sul do Brasil, essa sazonalidade nãoexiste.Na Figura 1 apresenta-se a ENA Padronizada,definida como a ENA Mensal Média dividida pelamédia de longo termo da mesma. A presença ou não deuma sazonalidade pode ser reforçada nas Figuras 2 e 3,que apresentam algumas séries de vazões de alguns anosdistintos (anos de 1933, 1946, 1955, 1967, 1969, 1997,2005 e 2006) para a usina de Furnas no rio Grande e deFoz do Areia no rio Iguaçu, respectivamente. A análisedessas figuras mostra que a previsão de vazões paraa bacia do rio Grande apresenta-se mais promissorado que para a bacia do rio Iguaçu. Observa-se que,enquanto para Furnas no período seco, entre os mesesde maio de outubro, a previsibilidade é maior, para Fozdo Areia, tudo pode se esperar a qualquer época doano. A previsão para as bacias da Região Sul, assimcomo a bacia do rio Iguaçu torna-se, desse modo, umgrande desafio para todos.7


Boletim SBMET ago.-dez. <strong>2008</strong>Figura 1: Complementariedade hidrológica.Outro problema fortemente identificado éa defasagem temporal do período hidrológico,principalmente na região Sudeste, na qual se encontragrande parte das fontes de geração hidroelétrica doSIN. Observa-se na Figura 4 que no período entresetembro de 2007 a agosto de <strong>2008</strong> houve umadefasagem entre as curvas, na qual nos meses deset/2007 a jan/<strong>2008</strong> as afluências situaram-se abaixoda média mensal de longo termo e somente a partirde fevereiro de <strong>2008</strong>, passou-se a estar acima dessamédia.Figura 4: Defasagem temporal no período hidrológico na regiãoSudeste.Figura 2: Vazões naturais para a usina de Furnas na bacia do rioGrande.Outro dado importante a ser considerado é ofato de que as vazões naturais observadas após aimplantação de um reservatório apresentam umcomportamento com subidas e descidas instantâneas,o que não representa um hidrograma natural, devendoser feita consistência. Como exemplo, na Figura 5apresenta-se o gráfico da UHE Serra da Mesa para oano de 2003, onde a curva sem as marcas representa asituação final após esse processo de consistência.Figura 3: Vazões naturais para a usina de Foz do Areia na bacia dorio Iguaçu.Figura 5: Vazões naturais na UHE Serra da Mesa em 2003.8


Boletim SBMET ago.-dez. <strong>2008</strong>A previsão de vazões ganha cada vez maisimportância devido a implantação de novas usinashidroelétricas, que leva ao aumento da capacidade deregularização nos rios do país, e esta, por sua vez,cresce a cada instante em um ritmo mais lento, quandocomparado ao aumento da capacidade instalada emMW, conforme se observa na Figura 6.para termoelétrica com o intuito de economizar quandopossível o armazenamento de água nos reservatórios.Quanto à ocorrência de tempo severo, pode-seexemplificar com um caso acontecido em 14/06/2005.<strong>No</strong> início desse dia, às 9:00 horas, foi dado um “avisode tempo severo” que caracteriza a possibilidade deformação dessa condição sobre a linha de transmissãoentre Foz do Iguaçu e Ivaiporã. Às 18 horas e 40minutos do mesmo dia (20 minutos antes de suaocorrência) foi dado o “alerta de tempo severo” quecaracteriza uma maior proximidade dessa ocorrência.Isso permitiu uma reprogramação em tempo real doescoamento da transmissão de energia até a aberturada linha de transmissão às 19 horas. Na Figura7 observa-se o sistema de detecção de descargasatmosféricas utilizado no monitoramento do temposevero no dia 14/06/2005.Figura 6: Evolução da capacidade instalada e do volume útil paraarmazenamento.Fonte: ONS (<strong>2008</strong>).3. TEMPO SEVERO, FOCOS DE CALOR E INVERSÃODE INTERCÂMBIO DE ENERGIAAo desempenhar suas funções, o ONS, conscientede que existem alguns fatores exógenos ao SIN, e dedifícil previsibilidade e que podem vir a perturbar seufuncionamento, monitora as condições operacionaispara viabilizar uma maior segurança do SIN. Dentreesses fatores cabe destacar a ocorrência de condiçõesde tempo severo e de focos de calor, que podemcomprometer as principais linhas de transmissão,criando a necessidade de se determinar modificaçõesno trajeto da energia dos centros geradores até oscentros consumidores. Também pode-se citar aprevisão climática de precipitação, para um horizontede até três meses à frente, que pode ser indicativa emtermos de manutenção do despacho de geração nasregiões e/ou modificar a característica central dessedespacho, alterando o sentido do intercâmbio entreregiões e, até mesmo, modificando o tipo de geraçãoFigura 7: Sistema de Detecção de Descargas Atmosféricas.Fonte: ONS (2005).O ONS possui um Sistema de InformaçõesGeorreferenciadas (GIS) que lhe permite visualizar acada passo de tempo a localização de focos de calor sobreas principais linhas de transmissão, cujo exemplo de umaimagem apresenta-se na Figura 8. Esses focos de calorpodem se transformar em motivo para indisponibilidadede linhas de transmissão, porém, o ONS hoje só trabalhacom essa informação na pós-operação para auxiliar nadescoberta do motivo das indisponibilidades de linhas.9


Boletim SBMET ago.-dez. <strong>2008</strong>chuvoso na região Sul, foram tomadasas decisões de maximizar a geraçãoa carvão, despachar a UTE Canoas,cancelar a manutenção em linhasde transmissão e usinas da regiãoSudeste, cancelar as manutenções nastermoelétricas da região Sul e ampliaro intercâmbio de energia vinda doSudeste para o Sul passando de 4100para 5800 MW médios. Essa medida,conforme apresentado na Figura 9,mostra que se conseguiu recuperar osníveis de armazenamento na regiãoSul que, mesmo não chegando aosníveis do ano anterior de 2005 (78,8%em dezembro), chegou-se em 2006 a55,3% em dezembro.Figura 8: Sistema de Informações Georreferenciadas.Fonte: ONS (<strong>2008</strong>).A inversão de intercâmbio de energia entre regiões,bem como o despacho de algumas usinas termoelétricaspodem dar-se mediante a ocorrência de situaçõesexcepcionais. Para exemplificar pode-se citar o caso doano de 2006 para a região Sul, na qual, até o mês de abrildaquele ano, haviam-se observado afluências abaixo damédia desde novembro de 2005, excetuando-se os mesesde janeiro e março de 2006, além de armazenamentosinferiores aos do ano 2005 (Machado et al., 2007). Apartir da previsão climática para os meses de maio,junho e julho de 2006, que indicava precipitações abaixoda média histórica, em maio, início do período maisFigura 9: Armazenamento na Região Sul em 2005 e 2006.Fonte: ONS (2007).4. PREVISÃO DE CARGA E VAZÕESA Previsão de Carga para os grandes centrosde consumo de energia possui uma dependênciade fatores meteorológicos, como a temperatura, aumidade relativa do ar (este dois primeiros definemo conforto térmico), a precipitação e a nebulosidade;fatores sociais, como os feriados, dias de final deCopa do Mundo, de Olimpíada e de final de novela;e fatores econômicos, como a política econômica10e o crescimento de mercado. O ONS possui umSistema através do qual monitora o desconfortotérmico dividindo-o em quatro classes segundo a suaintensidade. Para estimar a carga no médio prazo (1ano) e no curto prazo (1 mês) são processados modelosbaseados em amortecimento exponencial, regressãolinear simples e modelagem auto-regressiva (sazonalou não sazonal). Utilizam-se como dados de entrada


Boletim SBMET ago.-dez. <strong>2008</strong>somente as cargas ocorridas no passado e inseremseinformações qualitativas de temperatura. Para aprogramação diária, utiliza-se um conjunto maior dedados de entrada que abrange a temperatura verificada,a carga verificada, o indicativo de feriado, a previsãode temperatura (obtida através de modelo numérico)e os desvios históricos da previsão de carga, obtendosecomo saída de um modelo de regressão dinâmica aCarga Máxima Instantânea do próximo dia, e comosaída de um sofisticado modelo de redes neuraischamado ANNSTLF, a Curva de Carga Horária paraum horizonte de até duas semanas (Khotanzad et al.,1998).<strong>No</strong> que diz respeito às previsões de vazões, o ONSutiliza em seus modelos energéticos três horizontesdistintos. Estes horizontes são: o médio prazo, queabrange um horizonte de até 5 anos à frente em basemensal; o curto prazo, que abrange um horizonte deaté dois meses à frente, sendo o primeiro em basesemanal e o segundo em base mensal; e a programaçãodiária na qual se pode avançar até 14 dias à frentepara estudar possíveis problemas futuros e tomar asmedidas corretivas em tempo hábil.<strong>No</strong> horizonte de médio prazo, considera-se quea incerteza é muito elevada. Desse modo, o modeloNEWAVE utiliza 200 cenários mensais de afluênciaspara cada região, ou subsistema, e as usinas sãogrupadas para cada região. Nesse horizonte sãocalculados os custos futuros que são passados aomodelo de curto prazo.<strong>No</strong> curto prazo, para o segundo mês à frente, noqual ainda pode se considerar uma grande incerteza,são utilizados cenários mensais de vazão para cadausina, que variam entre 116 e 513, dependendo do mês.Para o primeiro mês, ainda no curto prazo, utiliza-se oModelo Estocástico Previvaz para a previsão semanalde vazões para todas as usinas do SIN. Para a primeirasemana à frente, excepcionalmente para algumasbacias do SIN, o ONS promoveu o desenvolvimentode modelos que utilizam informações de precipitaçãoobservada e prevista a partir da rodada estendida domodelo numérico ETA para 10 dias, fornecidas peloCPTEC/INPE (www.cptec.inpe.br).Para o trecho incremental entre Três Marias eSobradinho, na bacia do rio São Francisco utilizaseo modelo CPINS, que se constitui na rotina depropagação do modelo SSARR (Porto, 2007).Para a bacia do rio Uruguai, utiliza-se o ModeloPrevisor de Classes de Vazões (MPCV) que utilizaData Mining e previsão bayesiana para prever umafaixa na qual deverá se encontrar a vazão da próximasemana (Silva et al., <strong>2008</strong>). Essa faixa serve comobalizamento para a previsão feita com o ModeloEstocástico Previvaz.Para a bacia do rio Paraná no trecho incrementalentre Porto Primavera, Rosana e Itaipu utilizaseo modelo SMAP-MEL (Fadiga Jr. et al., <strong>2008</strong>),que combina linearmente o modelo conceitualconcentrado chuva-vazão SMAP com o modeloestocástico multivariado MEL. Os resultados deavaliação para as 20 semanas que compreendem da 7ªà 26ª semanas são bastante promissores se comparadoscom o sistema anterior que calculava previsões para omesmo trecho incremental pela diferença de previsãonas três usinas supra-citas, utilizando o modeloPrevivaz. Estes resultados apresentam-se na Figura10 (Guilhon e Rocha, 2007).Figura 10: Resultados do Modelo SMAP-MEL para a UHE Itaipu.Fonte: ONS (<strong>2008</strong>).Para a bacia do rio Paranaíba, no trecho entre asusinas de Itumbiara e São Simão, processa-se o modeloconceitual distribuído MGB-IPH (Collischonn et al.,2007) que divide a bacia hidrográfica em células erealiza o balanço hídrico no solo em cada uma dessascélulas.11


Boletim SBMET ago.-dez. <strong>2008</strong>Para a bacia do rio Iguaçu utiliza-se o modeloFuzzy Recorrente (Guilhon et al., 2007) que é ummodelo não linear, baseado em técnicas de datamining, que trata a chuva através de lógica nebulosa.após uma previsão de precipitação muito baixa entreos dias 07/08/08 e 13/08/08, observaram-se valoresbem mais elevados de precipitação ocasionando asubida no hidrograma respectivo.Estes modelos, MPCV, SMAP-MEL, MGB-IPH e Fuzzy Recorrente,utilizam previsões de precipitaçãooriundas do modelo numérico ETAestendido para 10 dias processado peloCPTEC/INPE e fornecido ao ONS(Cataldi et al., 2007).Para que se possam comparar osdiferentes resultados destes modelos,para exemplificar esse procedimentooperacional pelo ONS, apresentamsena Tabela 1 os resultados dos desvios absolutospercentuais para estes modelos e para o modeloestocástico Previvaz, quando processados a partir dasemana 11 (na qual passaram-se a receber todos osdados de postos hidrometeorológicos) até a semana35 que chega ao dia 29/08/<strong>2008</strong>.Tabela 1: Desvios dos Modelos Chuva-Vazão dePrevisão de VazõesModelo Usina Desvio Modelo Desvio PrevivazSMAP-MEL Itaipu 23,3 52,9MGB-IPH S.Simão 8,6 9,3FUZZY F. Areia 23,8 35,0FUZZY Jordão <strong>32</strong>,2 36,9FUZZY S.Osório 44,9 113,0MPCV B.Grande 93,8 101,5MPCV C.<strong>No</strong>vos 30,3 42,2MPCV Itá 41,7 72,1Fonte:ONS (<strong>2008</strong>).A qualidade dessa previsão de precipitaçãoutilizada nos modelos chuva-vazão é fundamentalpara a determinação da trajetória do hidrograma maisajustada à realidade que se observa. Um exemplo clarodessa influência apresenta-se na Figura 11 na previsãopara a usina de Foz do Areia no rio Iguaçu, na qualFigura 11: Resultados do Modelo ETA para Foz do Areia.Fonte: ONS (<strong>2008</strong>).5. PESPECTIVAS FUTURAS IMEDIATASO ONS possui um Planejamento Estratégico,dentro do qual algumas ações são necessárias àevolução dos modelos e seu melhor desempenho.Dentre essas ações, podem-se citar:• Aplicação do Modelo chuva-vazão SMAP paraa bacia do rio Grande (ONS);• Aplicação do modelo chuva-vazão SMAP paraa bacia do rio Paranapanema (parceria ONS / Duke-Energy);• Sistema de Previsão de Vazões utilizando redesneurais construtivas do tipo NSRBN (<strong>No</strong>n-linearSigmoidal Regression Bloks Networks) para a UHETrês Marias na bacia do rio São Francisco (parceriaONS / UFPE-PE);• Ampliação do monitoramento através deacordo operativo com a ANA com envio de dadosde estações convencionais através de ligações comsistema 0800 (parceria ONS/ANA/CPRM);• Correção da previsão de precipitação utilizandoredes neurais artificiais (parceria ONS/COPPE/UFRJ);• Uso de previsões climáticas discretizadasmensalmente utilizando técnicas de ensemble(parceria ONS/CPTEC-INPE).12


Boletim SBMET ago.-dez. <strong>2008</strong>6. CONSIDERAÇÕES FINAISPara melhorar os processos que envolvem oPlanejamento e a Programação da Operação doSistema Interligado Nacional, além das ações já emcurso no ONS se faz necessário também:• Ampliar a visibilidade sobre o SIN(recebimento pelo ONS de mais dados de estaçõeshidrometeorológicas);• Conhecer cada vez melhor as especificidadesde cada bacia hidrográfica e de cada centro deconsumo de carga;• Procurar produtos baseados na previsão deprecipitação para horizontes superiores a uma semanae inferiores a um mês;• Procurar produtos voltados para as baciasde interesse do SIN que possam prover os modeloshidrológicos de um ganho qualitativo;• Aprimorar os modelos hidrológicos na medidado possível;• Conhecer a probabilidade de um tempo severoatingir uma determinada linha de transmissão.7. INFORMAÇÕES BIBLIOGRÁFICASCataldi, M.; Machado, C. O.; Guilhon, L. G.F. ; Chou, S. C. ; Gomes, J. L.; Bustamante, J. F.Análise das Previsões de Precipitação Obtidas coma Utilização do Modelo ETA como Insumo paraModelos de Previsão Semanal de Vazão Natural.Revista Brasileira de Recursos Hídricos, v. 12, p.5-12, 2007.Guilhon, L. G. F.; Rocha, V. F. Comparação deMétodos de Previsão de Vazões Naturais Afluentes aAproveitamentos Hidroelétricos. Revista Brasileirade Recursos Hídricos, v. 12, p. 13-20, 2007.Khotanzad, A.; Afkhami-Rohani, R.; Maratukulam,D. A. Artificial Neural NEtwork Short-Term LoadForecaster - Generation Three. IEEE Transactionon Power Systems, v. 13, n 0 4, p. 1413-1422, <strong>No</strong>v.1998.Machado, C. O.; Rocha, V. F.; Cataldi, M.; Oliveira,F. J. A. A Aplicação das informações meteorológicasno planejamento eletroenergético de curto prazoe operação em tempo real do Sistema InterligadoNacional. IX EDAO – Encontro para Debates deAssuntos de Operação. Goiás, 2007, 10 p.Porto, M. F. do A. Modelo SSARR: Aplicacaoa pequenas bacias e analise de sensibilidade dosparametros. Tese de Mestrado - Escola Politécnica daUniversidade de São Paulo, São Paulo, 1983, 264p.Silva, S. B. da; Cataldi, M.; Braga, R.S. Previsãode Vazões Naturais Semanais com Aplicação de RedesNeurais e Mineração de Dados como Complementode um Modelo estocástico: estudo de caso para a baciado rio Uruguai, II Simpósio de Recursos Hídricosdo Sul-Sudeste, Rio de Janeiro, <strong>2008</strong>, 10p.Fadiga Jr., F.M.; Lopes, J.E.G.; Martins, J.R.S.Modelos de Previsão de Vazões para a baciaincremental à UHE Itaipu, Revista Brasileira deRecursos Hídricos, vol. 13, nº 2 Abr/Jun <strong>2008</strong>, <strong>2008</strong>,p. 65-75.Guilhon, L.G.F.; Rocha, V.F.; Moreira, J.C.Comparação de Métodos de Previsão de vazõesNaturais Afluentes a Aproveitamentos Hidroelétricos,Revista Brasileira de Recursos Hídricos, vol. 12,nº3 Jul/Set 2007, 2007, p. 13-20.8. AGRADECIMENTOSAgradeço aos meteorologistas Chrisiane OsórioMachado, Marcio Cataldi e Pedro Jourdan, doONS, pelas relevantes informações fornecidas paraa elaboração deste artigo. Gostaria de agradecertambém ao engenheiro Vinicus Forain Rocha, peloapoio à elaboração deste artigo.13


Boletim SBMET ago.-dez. <strong>2008</strong>RAIOS EM GRANDES CENTROS URBANOS NO SUDESTEDO BRASILOsmar Pinto Junior, Kleber Pinheiro Naccarato, Iara Regina Cardoso de Almeida PintoInstituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE)Av. dos Astronautas 1758, São José dos Campos - SP – 12227-010E-mails: osmar@dge.inpe.br, kleberp@dge.inpe.br, iara@dge.inpe.br,RESUMONeste trabalho é feita uma rápida revisão das observações realizadas por sistemas de detecção elocalização de descargas atmosféricas em centros urbanos de diversos países, incluindo o Brasil.Maior detalhamento é dado para o estudo de três grandes centros do sudeste brasileiro - SãoPaulo, Campinas e São José dos Campos. Os estudos constatam um aumento na incidência deraios e mudanças em suas características. As hipóteses físicas relacionadas a estas observaçõestambém são descritas.Palavras-chave: Raios, descargas atmosféricas, centros urbanos.ABSTRACTIn this article an overview of lightning observations in large urban areas is presented, whichsuggest an enhancement of the lightning activity and changes in the lightning characteristics intheses areas. The physical hypotheses to explain such observations are also discussed.Keywords: Lightning, atmospheric discharges, urban areas.1. REVISÃO HISTÓRICAHá mais de um século é conhecido que pessoas emgrandes centros urbanos estão sujeitas as condiçõesclimáticas diferentes das condições previamenteexistentes (Howard, 1833). Estes efeitos, incluindoo fenômeno conhecido como ilha de calor, surgemcomo resultado das modificações na radiação, energiae momento resultantes das alterações no ambiente dascidades, somadas a emissão de calor, umidade e poluentesoriundos da atividade humana (McKendry, 2003).Enquanto uma quantidade significante de artigos temtratado do fenômeno de ilha de calor, relativamente poucosartigos têm examinado o impacto da urbanização sobrea ocorrência de relâmpagos. Orville e Huffines (2001)foram os primeiros a apresentarem resultados conclusivossobre o aumento da incidência de descargas nuvem-solo14ou raios em grandes centros urbanos, especificamentena cidade de Houston (Texas, nos Estados Unidos),discutindo na ocasião algumas hipóteses na tentativade explicar os resultados, com base nos processos deconvergência e poluição atmosférica. A partir daí, novosestudos no Brasil, nos EUA e na Europa continuaramdiscutindo o assunto. Soriano e Pablo (2002) encontraramo mesmo efeito em nove pequenas cidades da Espanha.Os autores utilizaram três anos de dados de raios entre1992 e1994 e selecionaram nove cidades da Espanha,com populações variando de cerca de 2 mil habitantesaté aproximadamente 350 mil. As análises revelaramdiferenças significativas entre o número de eventosregistrados para as regiões contrárias ao sentido dosventos predominantes, a favor dos ventos e sobre a áreaurbana, refletindo basicamente os efeitos das cidades.


Boletim SBMET ago.-dez. <strong>2008</strong>Mais tarde, Steiger et al. (2002) apresentaramuma análise bastante detalhada das características dosraios sobre a cidade de Houston, utilizando 12 anosde dados (1989-2000). Foi observado um aumento de45% na atividade de raios sobre o centro urbano emcomparação com suas vizinhanças, podendo chegara 60% no verão e 74% na primavera, considerandoseapenas o período da tarde. Estudos estatísticosmostraram que o aumento no número de raios seriacausado pela intensificação das tempestades sobre ocentro urbano e não pela formação de tempestadesadicionais. Foram dadas duas explicações para esseefeito: 1) a brisa marítima conjugada com a ilhade calor urbana (baseado nos estudos anteriores deOrville e Huffines, 2001); 2) a poluição atmosféricacausada pelas emissões das refinarias de petróleo edos veículos automotores (também com base nosresultados de Orville e Huffines, 2001). Ambosapresentaram comportamentos máximos no períododo verão, quando a atividade de raios também alcançaos maiores valores. Porém, nenhuma evidência maisconclusiva sobre um ou outro fator foi discutida.Outro efeito observado em Houston foi a redução dopercentual de raios com polaridade positiva. Segundoos autores, esse efeito somente poderia ser explicadoatravés do efeito microfísico dos aerossóis sobre asnuvens de tempestade. Nenhuma variação da correntede pico nem da multiplicidade dos raios foi observadapara esse centro urbano estudado. Steiger e Orville(2003), por sua vez, estudaram o efeito urbano dascidades americanas de Lake Charles e Baton Rouge,no sudeste da Louisiana, sobre a incidência deraios, e atribuíram o aumento da atividade de raiosobservado (mais acentuado para a cidade de LakeCharles) aos elevados índices de material particuladona atmosfera. Segundo os autores, a população deuma cidade tende a ser usada como referência parase estimar a intensidade de sua ilha de calor urbana.Como Lake Charles possui apenas 180 mil habitantes,em comparação com Houston (que possui cerca de4,7 milhões de habitantes), o efeito termodinâmicoda ilha de calor não poderia, neste caso, explicar oaumento local da atividade de raios, ao contráriode Houston. Entretanto, nenhuma evidência dainexistência de ilha de calor em Lake Charles foiapresentada. Além disso, mostrou-se também que amaior incidência de raios coincide justamente com asregiões de maior concentração de material particulado(gerado pela atividade industrial local), reforçandoassim a hipótese do efeito microfísico do aerossol.<strong>No</strong> Brasil, Naccarato et al. (2003) e Naccarato(2005) realizaram uma análise detalhada da ocorrênciade raios em três importantes centros urbanos naregião sudeste do Brasil - São Paulo, Campinas e SãoJosé dos Campos, a partir de observações da RedeBrasileira de Detecção de Descargas Atmosféricas– BrasilDat (Pinto et al., <strong>2008</strong>). Eles encontraramum aumento de até 200% na atividade local deraios e uma redução de até 12% do percentual deraios positivos e apresentaram algumas hipótesesque poderiam explicar tais alterações, com base emefeitos termodinâmicos e microfísicos de aerossóis.A Figura 1 ilustra o aumento na incidência de raiosnestes três centros urbanos.Figura 1: Mapa da densidade de raios (raios.km -2 .ano -1 ) corrigidopor modelo de eficiência de detecção desenvolvido pelo Grupo deEletricidade Atmosférica (ELAT) nas áreas urbanas estudadas (SãoPaulo, Campinas e São José dos Campos) com resolução de 1 kmx 1 km, referente ao período de 1999-2004.Fonte: Naccarato (2005).Mais tarde, Pinto et al. (2004) observaram os mesmosefeitos para o número de raios e percentual de raiospositivos na cidade brasileira de Belo Horizonte/MG,comprovando os resultados de Naccarato et al. (2003).15


Boletim SBMET ago.-dez. <strong>2008</strong>Foram registrados aumentos de até 100% na atividadelocal de raios associados ao centro urbano e uma reduçãode 25% no percentual de positivos. Uma característicainteressante foi o deslocamento da anomalia de raios emdireção ao sul da cidade. Segundo os autores, os ventospredominantes de norte para sul seriam os responsáveispor esse comportamento. Não foi observada nenhumavariação da corrente de pico relacionada com o centrourbano. Nenhuma discussão a respeito das possíveiscausas para as anomalias observadas foi feita.Figura 2: Mapas de: a) região de maior densidade de raios na cidade de São Paulo (indicada em vermelho) a partir de dados da RedeBrasileira de Detecção de Descargas Atmosféricas (BrasilDat). b) localização da área urbana do município de São Paulo (indicada empreto). c) temperatura aparente da superfície obtida a partir da imagem da banda termal do satélite LandSat-7, caracterizando a ilha de calorurbana.Fonte: Naccarato et al. (2003).2. HIPÓTESES FÍSICASUma comparação entre a temperatura aparente dasuperfície (obtida através da imagem da banda termal dosatélite LandSat-7), que caracteriza a ilha de calor urbana, ea atividade de raios para São Paulo pode ser vista na Figura2. Observa-se que os relâmpagos (indicados na Figura 2a)tendem a se concentrar sobre a área mais urbanizada dacidade (indicada em preto na Figura 2b), a qual tambémcorresponde à área mais quente (Figura 2c). Observa-se aestreita correlação espacial entre a distribuição dos raios, aárea urbana e a configuração da ilha de calor.Com base nos resultados acima, Naccarato et al.(2003) e Naccarato (2005) discutiram duas possíveishipóteses que poderiam explicar o efeito urbano sobre osraios: a primeira, conhecida como hipótese do aerossol,que propõe que a poluição urbana eleva a concentração denúcleos de condensação (NC) na atmosfera, provocandoalterações nos processos microfísicos das nuvens detempestade. Isso, por sua vez, afeta os mecanismos deseparação de cargas, os quais dependem da concentração,fase e tamanho das partículas dentro da nuvem. Com issohaveria um aumento da atividade elétrica e variações naproporção entre as polaridades; a segunda, conhecidacomo hipótese termal, que propõe que as ilhas de calorurbanas são responsáveis pela intensificação da convecçãolocal, potencializando assim a eletrificação das nuvens detempestades sobre as cidades e promovendo um aumentona atividade de raios.16


Boletim SBMET ago.-dez. <strong>2008</strong>Segundo Rosenfeld e Woodley (2001), a presença dematerial particulado na atmosfera inibe o crescimento degotículas de água dentro de nuvens, uma vez que reduzemo tamanho médio dessas gotículas, distribuindo a águalíquida entre um grande número de gotículas pequenas.Isso faz com que as nuvens poluídas tenham gotículasde água muito menores que as nuvens limpas, com seustamanhos aumentando muito lentamente com a altura, aocontrário das nuvens limpas. O congelamento da águanas nuvens limpas ocorre em temperaturas muito maisaltas (> –10°C) que nas nuvens poluídas (entre –10°C e–20°C, chegando até –30°C em casos extremos). Comoconseqüência, a zona de fase mista das nuvens limpas émuito mais fina que nas nuvens poluídas. Esse fato, aliadoà rápida perda de água super-resfriada pela precipitaçãodas gotículas, é consistente com as observações de queos relâmpagos são bem menos freqüentes nas nuvensoceânicas limpas que nas nuvens continentais poluídas.Isso sugere que as nuvens poluídas, que possuem umazona de fase mista mais espessa e maior disponibilidadede água líquida, favoreceriam a atividade de relâmpagos.A hipótese do aerossol poderia explicar também adiminuição dos raios de polaridade positiva em relaçãoao número total de eventos. Segundo esta hipótese,impurezas existentes nas gotículas de água (devido àsemissões urbanas) poderiam afetar significativamentea separação de cargas nas nuvens de tempestadeslocais, intensificando assim a ocorrência de raios compolaridade negativa. Neste caso, elevadas concentraçõesde poluentes nas gotículas de água super-resfriadasprovocariam a eletrificação negativa das partículas degelo nas temperaturas mais altas da nuvem (próximo àsua base). Isso promoveria então um crescimento verticaldescendente do centro de cargas negativo em detrimentodo centro de cargas positivo localizado logo abaixo,gerando assim mais raios negativos. Desta forma, haveriauma redução do percentual de positivos.Mais recentemente Farias et al. (<strong>2008</strong>) observaramuma diminuição na incidência de raios nos fins de semanana cidade de São Paulo durante o período de 1999 a2004, coincidente com uma diminuição da poluiçãoneste período da semana. Eles também sugerem que adiminuição da incidência de raios é devida à diminuiçãoda duração do período ativo das tempestades e não à taxade raios. Contudo, a diminuição na incidência de raiosnos fins de semana é pequena se comparada ao aumentoda incidência em relação às regiões vizinhas a cidade deSão Paulo, sugerindo que o efeito da poluição é menor doque o efeito termal.Conforme estudos de Oke (1982) e Bornstein e Lin(2000), os aumentos de temperatura produzidos pelasilhas de calor urbanas tendem a desestabilizar o ar que fluisobre a cidade devido ao aquecimento diferenciado nosbaixos níveis, provocando aumentos significativos nasvelocidades verticais das parcelas de ar dentro da camadalimite. Com isso, a ilha de calor tende a intensificar aconvecção, favorecendo também maior ocorrência dechuvas de granizo (Lombardo, 1985). Observações daconvergência em baixos níveis e simulações numéricasem centros urbanos (Hjelmfelt. 1982; Orville e Huffines,2001) indicaram que a combinação dos efeitos urbanosresulta em velocidades verticais positivas sobre a cidade e,conseqüentemente, convergência de massas de ar, seguidapor convecção. Williams et al. (2005) apresentaramevidências de que a hipótese termal consegue explicartambém as variações observadas no percentual depositivos para os centros urbanos, considerando que astempestades se formam em ambientes secos (com baixaumidade do ar) e apresentam alturas da base das nuvensmais elevadas.3. CONCLUSÕESEm suma, as cidades apresentam fatores quepodem contribuir para o aumento da convecção e,conseqüentemente, aumento da atividade de raios, agindocomo: (1) uma fonte de calor capaz de desestabilizar oar que flui sobre a cidade; (2) uma fonte de Núcleos deCondensação (NC), afetando a formação de gelo nasnuvens.A principal conclusão que emerge dos estudosdescritos é de que a presença de grandes centros urbanostende a aumentar a incidência de raios. Tal fenômenotende a se intensificar com o aumento das cidades e podevir a ser agravado pelo aumento global de temperaturadevido ao aquecimento global do planeta.17


Boletim SBMET ago.-dez. <strong>2008</strong>4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASBORNSTEIN, R.; LIN, Q. L. Urban heat islandsand summertime convective thunderstorms in Atlanta:three case studies. Atmospheric Environment, v.34, n 0 3, p. 507-516, 2000.FARIAS, W. R. G.; PINTO JR.; O., NACCARATO,K. P.; PINTO, I. R. C. A. Anomalous lightningactivity over the Metropolitan Region of São Paulodue to urban effects. Atmospheric Research, inpress, <strong>2008</strong>.HJELMFELT, M. R. Numerical simulation ofthe effects of St. Louis on mesoscale boundarylayer airflow and vertical air motions: simulationsof urban vs. non-urban effects. Journal of AppliedMeteorology, v. 21, n 0 9, p. 1239-1257, 1982.HOWARD, L. Climate of London deduced frommeteorological observations. 3 a ed., v. 1, London,Harvey and Darton, 348 p., 1833.LOMBARDO, M. A. Ilha de calor nasmetrópoles: o exemplo de São Paulo. São Paulo:Hucitec, 1985, 244p.MCKENDRY, I. G. Applied meteorology.Progress in Physical Geography, v. 27, n 0 4, p. 597-606, 2003.NACCARATO, K. P. Analysis of the lightningcharacteristics in the Southeast region of Brazil.PhD. Thesis, INPE, 258 p., 2005.NACCARATO, K. P.; PINTO JR.; O., PINTO, I.R. C. A. Evidence of thermal and aerosol effects onthe cloud-to-ground lightning density and polarityover large urban areas of Southeastern Brazil.Geophysical Research Letter, v. 30, n 0 13, p. 1674-1677, 2003.OKE, T. R. The energetic basis of the urbanheat island. Quarterly Journal of the RoyalMeteorological Society, v. 108, n 0 455, p. 1-24,1982.ORVILLE, R. E.; HUFFINES, G. R. Cloud-togroundlightning in the United States: NLDN resultsin the first decade, 1989-98. Monthly WeatherReview, v. 129, p. 1179-1193, 2001.PINTO, I. R. C. A.; PINTO JR.; O.; GOMES,M. A. S. S.; FERREIRA, N. J. Urban effect on thecharacteristics of cloud-to-ground lightning overBelo Horizonte – Brazil. Ann. Geophysicae, v. 22,p. 697-700, 2004.PINTO JR., O.; PINTO, I. R. C. A.; NACCARATO,K. P. Maximum cloud-to-ground lightning flashdensities observed by lightning location systems in thetropical region: A review. Atmospheric Research, v.84, p. 189-200, 2007.ROSENFELD, D.; WOODLEY, W. Pollution andclouds. Physics World, v. 14, n 0 2, p. 33-37, 2001.SORIANO L. R.; PABLO, F. Effect of smallurban areas in central Spain on the enhancement ofcloud-to-ground lightning activity. AtmosphericEnvironment, v. 36, n 0 17, p. 2809-2816, 2002.STEIGER, S. M.; ORVILLE, R. E.; HUFFINES,G. Cloud-to-ground lightning characteristicsover Houston, Texas: 1989-2000. Journal ofGeophysical Research, v. 107, n 0 D11, 4117(doi:10.1029/2001JD001142), 2002.STEIGER, S. M.; ORVILLE, R. E. Cloudto-groundlightning enhancement over southernLousiana. Geophysical Research Letters, v. 30, n 019, 1975 (doi:10.1029/2003GL017923), 2003.WILLIAMS, E.; MUSHTAK, V.; ROSENFELD,D.; GOODMAN, S.; BOCCIPPIO, D. Thermodynamicconditions favorable to superlative thunderstormupdraft, mixed phase microphysics and lightningflash rate. Atmospheric Research, v. 76, n 0 1-4, p.288-306, Jul.-Aug. 2005.18


Boletim SBMET ago.-dez. <strong>2008</strong>MODELAGEM NUMÉRICA DA ATMOSFERA EM REGIÕESURBANAS: APLICAÇÕES EM ESTUDOS E PROGNÓSTICOSSOBRE A QUALIDADE DO AREdmilson Dias de FreitasUniversidade de São Paulo - USPDepartamento de Ciências Atmosféricas - IAGLaboratório de Meteorologia Aplicada a Sistemas de Tempo Regionais (MASTER)Rua do Matão, 1226 - Cidade Universitária, São Paulo - SP, 05508-090E-mail: efreitas@model.iag.usp.brDentro dos temas abordados durante o XV CongressoBrasileiro de Meteorologia, vários aspectos relacionadosàs grandes cidades, foco principal do evento, foramapresentados e discutidos entre a comunidade presente:sociedade e pesquisadores de todo o Brasil e outraspartes do mundo. Com a divulgação dos resultados doIntergovernmental Panel on Climate Change (IPCC)em 2007 (Climate Change, 2007), aspectos relacionadosao aquecimento global e possíveis mudanças climáticasassociadas aos diversos tipos de atividades humanas nosúltimos anos têm despertado o interesse da sociedade sobreo assunto. Com isso, cresce expressivamente a exigênciapor providências para minimizar os efeitos prejudiciaiscausados à natureza pela queima de combustíveis fósseis,pelo desmatamento de florestas, pela poluição do ar, dosolo e dos rios, entre outros. Para que tais providênciassejam efetivas na diminuição dos efeitos prejudiciaisdecorrentes das diversas atividades humanas é necessárioum maior conhecimento sobre os processos associadosàs mesmas. Isso só é possível através de um grandenúmero de experimentos de campo e da melhoria dasferramentas de análise disponíveis. Uma das principaisferramentas utilizadas atualmente é a modelagemnumérica dos processos envolvendo a interação solovegetação/superfície-atmosfera,com a qual é possívela construção de modelos de previsão e diagnóstico dotempo. Tais modelos podem auxiliar sobremaneira atomada de decisões em situações emergenciais e a análiseem longo prazo da evolução das condições do tempo edo clima regional e do planeta. Numa visão aplicadadiretamente à sociedade, esses modelos já constituem umgrande auxílio às atividades e ao bem-estar humano, sejano fornecimento de previsões das condições do tempopara atividades de lazer, seja para outras atividades queenvolvam alto risco econômico, tais como a agricultura.<strong>No</strong>s grandes centros urbanos, em virtude dos gravesproblemas causados pela poluição à saúde humana, surgeoutra possibilidade de aplicação destes modelos e, aomesmo tempo, um possível benefício à população.Conhecendo-se o estado atmosférico e alguns aspectosimportantes dos centros urbanos, como o número deindústrias e veículos em atividade, é possível a realizaçãode previsões que forneçam informações sobre a qualidadedo ar. Isto é feito desde escalas regionais, como em parquesde grande porte, até a escala continental, envolvendo nãosó as contribuições de fontes locais, mas também defontes exógenas, como queimadas em regiões agrícolasou em florestas. Entretanto, tais previsões representamainda um grande desafio científico e tecnológico que serádiscutido neste trabalho.1. ÁREAS URBANAS E DIFICULDADES EM SUAREPRESENTAÇÃOUma das maiores dificuldades encontradas narepresentação de áreas urbanas em modelos atmosféricosse deve ao fato de que os elementos que as compõemtêm características dinâmicas, ou seja, pessoas, veículosde pequeno, médio e grande porte, aeronaves, estão emmovimento. Em escalas de espaço e tempo permitidaspelos computadores atualmente (da ordem de centenasde metros e poucos segundos), torna-se praticamenteimpossível o tratamento explícito destes elementos.Na maioria das vezes, a aproximação realizada é aconsideração de que estes elementos estão em repouso(fixos em uma determinada posição), contribuindo de19


Boletim SBMET ago.-dez. <strong>2008</strong>maneira uniforme. Na melhor das hipóteses, os elementossão representados por funções densidade de probabilidade(PDF), que não descrevem o movimento explicitamente,mas fornecem matematicamente uma representaçãoaproximada da movimentação existente nas cidades, ociclo diurno da atividade urbana. Como exemplo destetipo de representação, a Figura 1 apresenta a aproximaçãorealizada no modelo de mesoescala RAMS (Pielke etal., 1992; Cotton et al., 2003) que, após modificaçõesrealizadas para a representação de centros urbanos(Masson, 2000; Rozzof, 2002; Freitas, 2003; Freitas e SilvaDias, 2005; Freitas et al., 2007) e para a representação deprocessos fotoquímicos (Freitas et al., 2005), é utilizadopara a previsão de tempo e de concentração de poluentesna Região Metropolitana de São Paulo. A Figura 1 mostrauma aproximação para a representação dos fluxos decalor sensível na Região Metropolitana de São Paulo(RMSP). <strong>No</strong> caso, são utilizadas duas distribuiçõesgaussianas para representar os dois horários de máximacirculação de veículos na cidade (horários de Rush). Omesmo tipo de abordagem é utilizado para representar asemissões de poluentes realizadas pelos mesmos veículos.Neste tipo de aproximação, não se sabe exatamente ondeum veículo se encontra, mas assume-se que existe umaprobabilidade que o mesmo esteja em algum ponto dacidade. Para isso, é preciso definir ou identificar os locaisde maior probabilidade de circulação desses veículos, oque constitui outra dificuldade na representação corretadas áreas urbanas em modelos.Figura 1: Tipo de PDF aplicada na representação de atividadesveiculares em áreas urbanas.Fonte: Baseado em Freitas et al. (2007).Em geral, a definição das áreas urbanas emmodelos atmosféricos é feita através da utilização deinformações derivadas de satélites ambientais, quemedem a quantidade de energia radiante emitida ourefletida pelas diferentes superfícies da Terra (vegetaçãonatural, plantações, corpos d’água, solo nu, construçõesde diversos portes, entre outros). Em alguns casos, adeterminação dessas áreas apresenta alguma confusão,pois, dependendo da escala (resolução espacial dasimagens disponíveis), é difícil diferenciar áreas desolo nu de áreas urbanizadas, pois estes dois tiposde uso do solo podem emitir quantidades de energiamuito semelhantes. Dependendo da resolução daimagem, outros aspectos da superfície também podemser confundidos, não havendo a possibilidade de umaboa representação. Boa parte da dificuldade surgeda impossibilidade da representação em resoluçãocompatível. Por exemplo, arquivos globais sobre ouso e classificação do tipo de solo, são fornecidoscom resolução aproximada de 1 km. Nesta resolução émuito difícil, ou mesmo impossível, definir de maneiraadequada as características da superfície. Para ilustrareste fato, na Figura 2 são apresentadas uma imagemcomposta das bandas 3, 4 e 5 do satélite Landsat-5 sobrea RMSP numa resolução espacial de 30 m (Figura 2 a) euma classificação do uso do solo fornecida pelo UnitedStates Geological Survey (USGS), em sua versão 2, emuma resolução de aproximadamente 1 km (Figura 2b). Embora possam ser verificados diferentes aspectosda área urbana na imagem da Figura 2a, o resultadoda classificação do USGS mostra apenas uma grandemancha urbana (região em vermelho no centro da figura),não havendo nenhum tipo de distinção entre áreasresidenciais, industriais, comerciais ou mistas, existenteem grandes regiões urbanas como a RMSP. Neste caso,mesmo que um modelo atmosférico ou de qualidade doar fosse capaz de representar os diferentes aspectos daárea urbana em questão (isto é, possuísse um tratamentofísico para tal representação em suas equações), baseadona classificação do uso do solo apresentada, apenas umtipo de área urbana seria identificado, o que poderiaresultar em emissões de calor e poluentes totalmentediferentes daquelas observadas na região.Como um exemplo, uma verificação maisdetalhada na região urbana apresentada (maiorresolução), mostra que dentro da área da Figura 2bsão possíveis diversos tipos de superfície, que não20


Boletim SBMET ago.-dez. <strong>2008</strong>podem ser considerados como um único tipo deárea urbana. A Figura 3 ilustra esta situação. Nestafigura, são apresentados quatro tipos de ocupaçãourbana, entre os vários possíveis, existentes na áreaem vermelho apresentada na Figura 2.a)a)b)b)c)d)Figura 2: a) Composição de imagens do satélite Landsat-5,numa resolução espacial de 30 m; b) classificação douso do solo fornecidada pelo USGS, numa resolução deaproximadamente 1 km.Figura 3: Diferentes tipos de uso do solo existentes na RMSP.a) Vista do Parque da Água Funda (localização da estaçãometeorológica do IAG-USP); b) vista da Cidade Ademar(zona sul da cidade de São Paulo); c) vista do Cebolão(entroncamento entre Marginal Tietê, Marginal Pinheirose Rodovia Castelo Branco); d) vista da região da AvenidaPaulista (Parque Trianon e MASP no centro).Fonte: Google Earth.21


Boletim SBMET ago.-dez. <strong>2008</strong>Na Figura 3a, verifica-se uma regiãopredominantemente vegetada, com alguns corposd´água e uma pequena porção urbanizada no cantosuperior esquerdo. Nesta região, não é esperadogrande aquecimento do ar, pois o alto teor deumidade da superfície reduz o aquecimento (maiorfluxo de calor latente). Na Figura 3b, verifica-se umaárea altamente urbanizada, predominantemente comresidências de pequeno porte e pouco espaçamentoentre as mesmas. Nesta região, a contribuição para osfluxos de calor deve-se, em grande parte, à atividadedoméstica e alguma interação com a radiação solarincidente (absorção e pequeno aprisionamentoentre as paredes das construções), não havendocontribuição veicular ou industrial significativa. Aquantidade de vegetação nesta área é muito pequenae não se verificam corpos d´água, o que favorece ummaior aquecimento do ar na região (maior fluxo decalor sensível). Na Figura 3c, verifica-se uma regiãopredominantemente ocupada por corpos d´água (riosTietê e Pinheiros) e algumas das principais vias detráfego da RMSP (entroncamento entre as marginaisTietê e Pinheiros e Rodovia Castelo Branco). Emboraexistam poucas edificações, a contribuição aos fluxosde calor antropogênico são muito intensas, em virtudeda alta circulação de veículos leves e pesados. <strong>No</strong>shorários de maior circulação de veículos na RMSP,são observados grandes congestionamentos nestaregião. Além disso, em dias de alta incidência deradiação solar, são esperadas contribuições tantona forma de calor sensível como na forma de calorlatente. Além das fontes de calor, fica evidente agrande contribuição em termos de emissões depoluentes de origem veicular nesta área. Finalmente,na Figura 3d verifica-se uma área altamente urbanizada,assim como na Figura 3b. Porém, nesta região sãoencontradas edificações de grande desenvolvimentovertical (edifícios em sua maioria) e vias mais largas,possibilitando a configuração do tipo “canion urbano”,geralmente citada na literatura especializada (Oke,1988; Masson, 2000; Roth, 2000; Freitas, 2003). Nestaregião, além das fontes antropogênicas (veículos,atividade doméstica, comércio, etc), existe um grandeaprisionamento de energia através de reflexõesmúltiplas da radiação (em todos os comprimentos deonda) entre as paredes das construções. Ao contrário daregião apresentada em 3b, esta é uma região para ondeconverge o fluxo de veículos, sendo uma região fontede calor e poluentes. Embora não ocupe uma porçãomuito grande da área apresentada, o parque localizadono centro da imagem constitui uma contribuiçãosignificativa para a alteração dos fluxos em superfície,pois possibilita a evapotranspiração, sombreamento dasuperfície e consequente diminuição no fluxo de calorsensível (aquecimento do ar).Embora não tenham sido apresentadas todas aspossíveis heterogeneidades da área urbana, fica claroo grande erro cometido em considerar-se apenas umtipo de ocupação urbana para a representação de umacidade. Quanto maior a cidade considerada, maiorserá o problema em sua representação, pois grandescentros urbanos tendem a apresentar padrões maisheterogêneos.1.1. Alternativas para uma Melhor Representaçãodas CidadesAs dificuldades apresentadas na seção anteriorresultam em dois problemas principais para osmodelos de previsão de tempo ou qualidade do ar: 1)diferentes caracterísiticas estruturais da área urbana e;2) quantificação e localização das fontes de calor e depoluentes. A primeira está relacionada principalmentecom a forma com que a cidade interage com aradiação e com o escoamento do ar. A segunda estáligada diretamente à contribuição antropogênica parao aquecimento observado nas cidades e à emissãode poluentes. Embora a concentração de poluentestambém tenha efeito significativo sobre o balançoradiativo, este aspecto não será discutido no presentetrabalho.a) Representação da Estrutura UrbanaBoa parte do problema relacionado à representaçãoda estrutura das cidades em modelos numéricos estáligada à resolução espacial que esses modelos utilizamdurante suas integrações. Este problema tem fortedependência tecnológica, pois o aumento da resoluçãorequer uma maior capacidade computacional para queas integrações possam ser realizadas em tempo hábil.22


Boletim SBMET ago.-dez. <strong>2008</strong>Também, envolve a necessidade de experimentos quepermitam um melhor tratamento físico, pois quantomaior a resolução, maior será o detalhe exigido emenores serão as aproximações permitidas. Um bomexemplo de uma melhor representação das áreasurbanas em modelos numéricos foi a implantação domódulo Town Energy Budget - TEB (Masson, 2000)no modelo RAMS ou na versão que representa ascontribuições brasileiras ao modelo RAMS (BRAMS).Após o acoplamento completo entre o módulo devegetação do modelo, o LEAF (Walko et al., 2000),e o TEB, realizado por ocasião de um trabalho demestrado executado na Universidade do Estado doColorado-EUA (Rozoff, 2002) e de um doutoradorealizado parcialmente na mesma universidade ena Universidade de São Paulo (Freitas, 2003), omodelo acoplado vem sendo utilizado desde 2003para previsões operacionais sobre a RMSP, sendoportanto um trabalho pioneiro no Brasil. <strong>No</strong> esquemaTEB, uma das principais variáveis que permitem acaracterização da estrutura urbana é o Fator de Visãodo Céu (Sky View Factor – SVF), onde Ψ representa aporção do céu vista por um observador em superfície.Experimentalmente, o SVF pode ser obtido através dautilização de câmeras fotográficas com lentes do tipo“olho de peixe”, conforme ilustrado na Figura 4.Na prática de modelagem numérica, o SVF éobtido considerando-se a altura média das construçõese o espaçamento entre as mesmas, conforme ilustra aFigura 5. <strong>No</strong> topo da figura, verifica-se que, para ummesmo espaçamento (L) entre as construções, quantomenor a altura (H) das mesmas, maior será o SVF. Nabase da figura verifica-se que, para uma mesma altura,quanto maior o espaçamento entre construções, maioro SVF.Obviamente, a representação ideal da estruturaurbana em modelos numéricos deve considerar o SVFda melhor maneira possível. Para tornar o trabalho nadeterminação de SVF possível, pois, conforme podeser deduzido da Figura 4, a determinação experimentaldeste fator é inviável para toda a área urbana, o primeiropasso a seguir é a determinação de áreas urbanashomogêneas. Tal determinação pode ser realizada como uso de imagens de satélite em diferentes canais e como auxílio de um sistema de informações geográficas(SIG). Gouvêa (2007) efetuou tal procedimento para aRMSP, obtendo uma classificação com quatro gruposdistintos de ocupação urbana, ilustrados na Figura 6.A partir desta classificação, é possível a criação de umarquivo com valores mais adequados de SVF, que podeser obtido experimentalmente, conforme procedimentocitado anteriormente.Como este é um trabalho que envolve grandedificuldade se realizado em escala continental, o maisadequado seria a contribuição de possíveis usuáriosdeste ou de outros modelos para a criação de taisarquivos, pois em muitas áreas urbanas do Brasil, ascidades não são identificadas nos arquivos de uso dosolo geralmente utilizados (e.g. o arquivo do USGS emsua versão 2). Um exemplo de falha na representaçãode áreas urbanas é o da Região Metropolitana deManaus, a qual é considerada como uma área vegetadano arquivo do USGS v2.b) Representação das Emissões Veiculares deCalor e PoluentesNas megacidades, como é o caso da RMSP,a quantificação de fontes veiculares por si só jáconstitui uma tarefa difícil. A localização destasfontes é praticamente impossível. Entretanto, épossível identificar a principais vias de circulaçãoe ajustar a estas uma distribuição de probabilidadessemelhante à apresentada na Figura 1. Em algumasgrandes cidades existe um monitoramento realizadopelas Companhias de Engenharia de Tráfego (CET´s)que permite uma boa identificação da localizaçãodos veículos. Embora não seja possível afirmarexatamente se os mesmos são veículos leves oupesados, fator de grande importância para definir otipo de poluente e a quantidade de calor emitidos, épossível definir uma quantidade média desses veículosem determinadas horas do dia, que são característicosde algumas vias. Como um exemplo, Martins (2006)utilizou uma distribuição de emissões para a RMSPnuma resolução de 5 km, apresentada na Figura 7.Nesta figura, cada cor corresponde a uma taxa deemissão que é lida pelo modelo de qualidade do ar edistribuída temporalmente ao longo da integração.23


Boletim SBMET ago.-dez. <strong>2008</strong>Figura 4: Ilustração do método para obtenção do SVF com o uso decâmeras digitais equipadas com lentes do tipo “olho de peixe”.Fonte: Adaptado de Brandão (2007).Figura 6: Tipos de uso do solo na RMSP.Fonte: Adaptado de Gouvêa (2007).Figura 5: Obtenção do SVF através da altura média das construções(H) e do espaçamento entre as mesmas (L).Figura 7: Distribuição espacial de emissões na RMSP, BaixadaSantista, Sorocaba e São José dos Campos.Fonte: Martins (2006).A definição das taxas de emissão de poluentese quantificação dos fluxos de calor em função dostipos de veículos pode ser realizada através deexperimentos em túneis. Martins et al. (2006) eSanchez-Ccoyllo et al. (<strong>2008</strong>) apresentam resultadosde experimentos deste tipo realizados em doisgrandes túneis da cidade de São Paulo. O túnel JânioQuadros, com trafégo apenas de veículos leves, e otúnel Maria Maluf, onde trafegam todos os típos deveículos. Através destes experimentos, Martins et al.(2006) obtiveram fatores de emissão para CO, CO 2,NO x, SO 2e compostos orgânicos voláteis (COV).Uma das observações importantes entre as emissõesnos dois túneis foi a grande diferença encontrada nasemissões de NO x, sendo estas para veículos pesados14 vezes maiores que para veículos leves. Duranteos mesmos experimentos, Sanchez-Ccoyllo et al.24(<strong>2008</strong>) calcularam fatores de emissão para partículasinaláveis. Os fatores de emissão calculados para estaspartículas para veículos pesados foram 1,2 vezesmaiores que aqueles encontrados em testes realizadoscom dinamômetros.Esses e outros experimentos contribuemsignificativamente para a melhoria nos inventáriosde emissões. Entretanto, ainda são necessários maisestudos desse tipo para diminuir cada vez mais asincertezas associadas às emissões, uma vez que existeuma variação significativa entre as diferentes regiõesmetropolitanas, com frotas de diferentes idades ediferentes padrões de tráfego, e também para diferentesperíodos do ano, pois períodos de férias escolares efinais de semana apresentam padrões bem distintos deemissão, quando comparados aos dias de semana demeses com atividades escolar, por exemplo.


Boletim SBMET ago.-dez. <strong>2008</strong>Com uma boa determinação das emissões depoluentes é possível um boa estimativa dos fluxos decalor sensível e latente emitidos pelos veículos. Porexemplo, utilizando algum poluente que seja poucoreativo e que seja um bom estimador da quantidade deveículos e do ciclo diurno de circulação dos mesmos(em geral, utiliza-se o Monóxido de Carbono, CO,para esse fim).c) Fontes Fixas e Transporte de PoluentesBoa parte das dificuldades apresentadas até omomento esteve ligada a problemas locais, em geralrelacionados às fontes móveis (veículos). Porém,estas não são as únicas fontes. Ainda em escala local,as indústrias são grandes fontes de calor e poluentes.Embora sejam divulgados fatores de emissão paraindústrias (como nos relatórios de qualidade do aremitidos pela CETESB em São Paulo, por exemplo)ainda é necessário que as mesmas sejam bemlocalizadas nos modelos e que suas estimativas deemissão sejam revistas e melhor elaboradas para queos erros relacionados às fontes fixas sejam reduzidosnos modelos de qualidade do ar. Atualmente, emissõesindustriais são divulgadas em quantidades anuais paratoda uma área urbana, sem definição de ciclo diurnomédio e da posição das fontes emissoras (ver CETESB,<strong>2008</strong>).Outro aspecto importante para uma boa determinaçãoda qualidade do ar em uma região é a consideração defontes exógenas, tais como queimadas relacionadasà atividade agrícola. Exemplos bem conhecidos sãoa queima da palha da cana-de-açúcar no interior doestado de São Paulo e as queimadas de florestas naregião amazônica. Essas queimadas emitem grandequantidade de poluentes e calor para a atmosfera que,sob influência da circulação atmosférica em escalasinótica ou planetária, podem viajar para regiõesdistantes, atingindo inclusive outros países e até outroscontinentes. Para contornar este problema é necessárioque modelos de qualidade do ar em escala regionalsejam alimentados periodicamente por saídas demodelos de maior escala. Exemplos destes dois tiposde modelos utilizados para a avaliação da qualidade doar serão apresentados a seguir.2. EXEMPLOS DE MODELOS DE QUALIDADE DOAR UTILIZADOS NO BRASILCom o objetivo de fornecer informações sobre aqualidade do ar na RMSP, desde 2004 o Laboratóriode Meteorologia Aplicada a Sistemas de TempoRegionais (MASTER) do IAG-USP mantém um ciclooperacional de previsões de poluentes realizadas com omodelo BRAMS, acoplado a um módulo fotoquímicosimplificado (SPM), descrito em Freitas et al. (2005). Alémdo caráter operacional e social, este tipo de previsão e oproduto gerado tem grande importância acadêmica, poisfoi desenvolvido e é mantido em colaboração ou comoparte dos trabalhos dos alunos de pós-graduação ligadosao MASTER. O produto gerado pode ser verificado nosítio http://www.master.iag.usp.br/poluentes.Outro exemplo de previsões voltadas à qualidade doar é realizado pelo Grupo de Modelagem da Atmosferae Interfaces (GMAI) do Centro de Previsão de Tempo eEstudos Climáticos do Instituto Nacional de PesquisasEspaciais (CPTEC/INPE). As previsões realizadas poreste grupo envolvem, além das emissões realizadas noscentros urbanos, emissões de queimadas na FlorestaAmazônica, Brasil Central e outras regiões do continenteSul-Americano. Emissões do continente africanotambém são consideradas pelo modelo utilizado (CATT-BRAMS). Maiores detalhes sobre as previsões realizadaspelo GMAI podem ser verificados no sítio http://meioambiente.cptec.inpe.br.Com os resultados das simulações realizadas peloGMAI é possível alimentar modelos regionais dequalidade do ar, tais como o SPM-BRAMS, e, destemodo, reduzir as incertezas relacionadas à qualidadedo ar, fornecendo, consequentemente, previsões maisacuradas das concentrações de poluentes. Entretanto, épreciso que orgãos responsáveis pelo monitoramentoe pela regulamentação dos padrões de qualidade do artambém contribuam, pois é fundamental para a condiçãoinicial de qualquer modelo, seja para a previsão detempo ou para a previsão da qualidade do ar, que ascondições iniciais sejam as mais próximas da realidadequanto possível. Deste modo, é provável que os modelosde qualidade do ar possam beneficiar diretamente apopulação e servir como ferramenta para órgãos públicosresponsáveis pela manutenção e melhoria da qualidadede vida da população.25


Boletim SBMET ago.-dez. <strong>2008</strong>3. CONSIDERAÇÕES FINAISEste trabalho buscou apresentar alguns aspectosrelacionados a um tópico relativamente novo abordadona área de Ciências Atmosféricas e de grande utilidadepara o estabelecimento de políticas públicas: o uso demodelos atmosféricos na previsão da concentração depoluentes e diagnóstico da qualidade do ar. O principalobjetivo foi destacar as dificuldades envolvidasem tais previsões, que aparecem desde a própriadefinição das áreas emissoras de calor e poluentes(regiões urbanas, florestas, plantios, entre outros),passam pela grande dificuldade na quantificação dasemissões e vão até a questão do transporte de calor epoluentes, que ocorre em diversas escalas espaciaise temporais. Também, apresentar à comunidadeexemplos de desenvolvimentos realizados nestaárea em alguns centros de ensino e pesquisa dopaís, buscando incentivar a pesquisa nesta área tãoimportante do conhecimento científico.4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASBrandão, R. F. Bairro de Moema: Levantamentose informações básicas. TP-3 – Estudo deCaso. Monografia de Qualificação de Doutoradoda Faculdade de Arquitetura e Urbanismo daUniversidade de São Paulo. São Paulo, 2007, 80p.CETESB. Relatório de qualidade do ar noEstado de São Paulo 2007. São Paulo. SérieRelatórios/Secretaria do Estado do Meio Ambiente,<strong>2008</strong>, 284 p. (ISSN 0103-4103).Climate Change. Synthesis Report. AnAssessment of the Intergovernmental Panel onClimate Change. 2007, 52 p. Disponível online emhttp://www.ipcc.ch/ipccreports/ar4-syr.htm.Freitas, E. D. Circulações locais em São Pauloe sua influência sobre a dispersão de poluentes.Tese de Doutorado do Departamento de CiênciasAtmosféricas do Instituto de Astronomia, Geofísica eCiências Atmosféricas da Universidade de São Paulo.São Paulo, 2003, 156p.Freitas, E. D.; Silva Dias, P. L. Alguns efeitos deáreas urbanas na geração de uma ilha de calor. RevistaBrasileira de Meteorologia, 20 (3):355-366, 2005.26Freitas, E. D.; Martins, L. D.; Silva Dias, P. L.;Andrade, M. F. A simple photochemical moduleimplemented in RAMS for tropospheric ozoneconcentration forecast in the Metropolitan Area of SãoPaulo - Brazil: Coupling and validation. AtmosphericEnvironment, 39 (34):6352-6361, 2005.Freitas, E. D.; Rozoff, C. M.; Cotton, W. R.;Silva Dias, P. L. Interactions of an urban heat islandand sea breeze circulations during winter over theMetropolitan Area of São Paulo - Brazil. Boundary-Layer Meteorology, 122(1):43-65, 2007.Gouvêa, M. L. Cenários de impacto daspropriedades da superfície sobre o conforto térmicohumano na cidade de São Paulo. Dissertação deMestrado do Departamento de Ciências Atmosféricasdo Instituto de Astronomia, Geofísica e CiênciasAtmosféricas da Universidade de São Paulo. SãoPaulo, 2007, 87 p.Khan, S. M.; Simpson, R. W. Effect of a heatisland on the meteorology of a complex urbanairshed. Boundary-Layer Meteorology, 100:487–506, 2001.Martins, L. D. Sensibilidade da formação doozônio troposférico às emissões veiculares na RegiãoMetropolitana de São Paulo. Tese de Doutorado doDepartamento de Ciências Atmosféricas do Institutode Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas daUniversidade de São Paulo. São Paulo, 2006, 198 p.


Boletim SBMET ago.-dez. <strong>2008</strong>Martins, L. D.; Andrade, M. F.; Freitas, E. D.;Preto, A.; Gatti, L. V.; Albuquerque, E. L.; Tomaz,E.; Guardani, M. L.; Martins, M. H. R. B.; Junior,O. M. A. Emission Factors for Gas-Powered VehiclesTraveling Through Road Tunnels in São Paulo,Brazil. Environmental Science & Technology,40(21):6722-6729, 2006.Masson, V. A physically-based scheme forthe urban energy budget in atmospheric models.Boundary-Layer Meteorology, 94, 357-397, 2000.Oke, T. R. Boundary Layer Climates. 2 a ed.,Routledge Kegan & Paul, 1988, 435 p.Pielke, R. A.; Cotton, W. R.; Walko, L. R.;Tremback, C. J.; Lyons, W. A.; Grasso, L. D.;Nicholls, M. E.; Moran, M. D.; Wesley, D. A.; Lee, T.J.; Copeland, J. H. A comprehensive meteorologicalmodeling system – RAMS. Meteorology andAtmospheric Physics, 49:69-91, 1992.Roth, M. Review of atmospheric turbulenceover cities. Quarterly Journal of the RoyalMeteorological Society, 126(564):941-990, 2000.Sanchez-Ccoyllo, O. R.; Ynoe, R. Y.; Martins,L. D.; Astolfo, R.; Miranda, R. M.; Freitas, E. D.;Borges, A. S.; Fornaro, A.; Freitas, H. C.; Moreira,A.; Andrade, M. F. Vehicular Particulate MatterEmissions in Road Tunnels in Sao Paulo, Brazil.Environmental Monitoring and Assessment, v.online, p. s10661-008-019, <strong>2008</strong>. DOI 10.1007/s10661-008-0198-5.Walko, R. L.; Band, L. E.; Baron, J.; Kittel, T. G.F.; Lammers, R.; Lee, T. J.; Ojima, D.; Pielke, R. A.;Taylor, C.; Tague, C.; Tremback, C. J.; Vidale, P. L.Coupled Atmosphere-Biophysics-Hydrology Modelsfor Environmental Modeling. Journal of AppliedMeteorology, 39:931-944, 2000.5. AGRADECIMENTOSEste trabalho contou com o apoio financeiro doConselho Nacional de Desenvolvimento Científico eTecnológico-CNPq-Brasil, Proc. N 0 485961/2006-7.Rozoff, C. M. Simulation of St. Louis, MO land-useimpacts on thunderstorms. Master Degree Dissertation.Department of Atmospheric Science, Colorado StateUniversity, Fort Collins, Colorado 80523. 2002.27


Boletim SBMET ago.-dez. <strong>2008</strong>Rede de Monitoramento de Tempo e Clima: O Projeto“Pilotinhos”Maria Gertrudes Alvarez Justi da Silva, David Garrana Coelho, Luiz Rodrigo Lins Tozzi,Isimar de Azevedo Santos, Alfredo Silveira da SilvaUniversidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto de Geociências, Dept. de MeteorologiaCidade Universitária, Ilha do Fundão, Rio de Janeiro, RJ - 21941-590E-mails: justi.meteoro@gmail.com, garrana@gmail.com, luizrodrigotozzi@gmail.com, isimarsantos@gmail.com, alfatempo@gmail.comRESUMOA Sociedade Brasileira de Meteorologia (SBMET) e o Laboratório de Prognósticos em Mesoescala(LPM) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) atuaram com o MCT ao longo dosúltimos três anos em um projeto que visou o desenvolvimento de sistemas numéricos de previsãoe a atualização de profissionais dos Centros Estaduais de Meteorologia do país. Foram oferecidostrês cursos que receberam mais de 60 profissionais de 2º diferentes estados brasileiros. Os sistemasnuméricos de previsão foram desenvolvidos para 12 estados onde foi utilizado o modelo WRFcom resolução de 9 km.Palavras-chaves: Meteorologia de mesoescala, Modelo WRF.ABSTRACTFor three years SBMET and LPM/UFRJ has worked with MCT developing a collaboration tooffer courses to meteorologists and developing numerical weather systems for some BrazilianStates. It was offered three courses that received more than 60 professionals from 20 differentstates and it has been developed numerical weather systems for 12 states with WRF model withresolution of 9 km.Key words: Mesoscale Meteorology, WRF Model.1. INTRODUÇÃOA ocorrência de sistemas meteorológicos comoas tempestades convectivas intensas na atmosferae o aumento na freqüência de fenômenos extremosno Brasil, exigem o acompanhamento e a realizaçãode investigações por parte de comunidade científicanacional, assim como a utilização plena dosresultados provenientes das pesquisas de ponta. Asinvestigações em mesoescala se enquadram nestecontexto, havendo também a necessidade de umadifusão adequada, no contexto operacional e emâmbito nacional, dos conhecimentos adquiridos emuniversidades e centros de pesquisa.Dada a dimensão do Brasil, cada região temespecificidades e necessidades distintas em termos deMeteorologia. Isso demanda que as previsões tenhamresoluções espaciais e temporais mais detalhadas doque é possível ser feito em Centros nacionais como oCentro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos doInstituto Nacional de Pesquisas Espaciais (CPTEC/INPE) ou o Instituto Nacional de Meteorologia(INMET). É de extrema relevância que cada Centroestadual possa gerar suas previsões, pois além decomplementares, o objetivo final das previsões podeser diferente em cada estado, cada um com suasprioridades e, principalmente, diferentes usuários.Com essas prioridades e considerações em vista28


Boletim SBMET ago.-dez. <strong>2008</strong>foi submetido um projeto ao Ministério da Ciênciae Tecnologia (MCT) denominado “Implantaçãoda Rede de Meteorologia e Clima” cujos objetivosforam: a) desenvolver sistemas que atendessem àsdemandas por previsão do tempo para atividadesespecíficas regionais e b) qualificar meteorologistasdos Centros Estaduais em pesquisa sobre o tratamentode fenômenos meteorológicos de escala local quedemandam resposta rápida e eficiente. Devido aocaráter experimental (pesquisa piloto) da introduçãode sistemas numéricos de previsão de tempo emcada um dos estados brasileiros, este projeto ficouconhecido e foi denominado entre seus proponentese usuários como projeto “Pilotinhos”.2. ATIVIDADES REALIZADAS2.1. Sistemas Numéricos de PrevisãoOs sistemas desenvolvidos basearam-se na experiênciade pesquisa que o Laboratório de Prognósticos emMesoescala (LPM) da Universidade Federal do Rio deJaneiro vem fazendo desde 1999 (Coelho et al., 2000; Justida Silva et al., 2001), com o desenvolvimento de sistemaautomático de previsões para o estado do Rio de Janeiro,que inclui as fases de pré-processamento, integração domodelo numérico da atmosfera, pós-processamento edisponibilização de produtos de previsão do tempo. Estesistema disponibiliza previsões com resolução espacialde temporal que contemplam as necessidades tantodos meteorologistas como do público em geral (ver emwww.lpm.meteoro.ufrj.br). As vantagens mostradas nodesenvolvimento feito pelo LPM, que o diferencia deoutros Centros no país, foram a utilização de máquinasde menor custo e com desempenho cada vez maior (oscomputadores pessoais), o uso de sistemas operacionaisgratuitos (Linux) e o uso de modelos atmosféricostambém gratuitos (MM5 inicialmente e depois o WeatherResearch and Forecasting - WRF) e com vasta utilizaçãopela comunidade de pesquisa em inúmeros países.<strong>No</strong> primeiro ano do projeto foram definidos osestados do Amazonas, Piauí, Tocantins e Goiás comoos integrantes do projeto piloto para o desenvolvimentodos Sistemas Numéricos de Previsão. <strong>No</strong> segundoano de Projeto foram incluídos os estados do Amapá,Sergipe, Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo e SantaCatarina. Em função da necessidade de ajustar o ModeloWRF para representar melhor algumas característicastropicais e litorâneas e devido a experiência já detectadanestes estados, foram incluídos os estados da Paraíba ede Pernambuco na fase final do Projeto.O Sistema Numérico de Previsão desenvolvidoé um conjunto de programas e scripts que abrangemtodos os passos necessários para a geração de previsõesnuméricas de tempo para o estado específico, bem comoseus produtos finais, sem a necessidade de intervençãohumana. O sistema foi montado visando obter bonsresultados, um desempenho robusto e fácil personalizaçãode seus produtos, visando atender especificamente asnecessidades do estado. Um esquema simplificado domesmo pode ser visto na Figura 1. Essencialmente,os dados usados na alimentação do modelo numéricosão os do Modelo Global Forecast System (GFS) doNational Centers for Environmental Prediction (NCEP)adquiridos nos bancos de dados do Projeto NOMADS(National Operational Model Archive & DistributionSystem – http://nomads.ncdc.noaa.gov/) da NationalOceanic and Atmospheric Administration (NOAA), nosEstados Unidos.Figura 1: Esquema básico do Sistema Numérico de Previsão. BDsignifica banco de dados.29


Boletim SBMET ago.-dez. <strong>2008</strong>O modelo numérico de mesoescala utilizado nosistema é o WRF (www.wrf-model.org). O WRF éconsiderado um modelo de previsão numérica dapróxima geração, pois além de ser flexível quantoa sua instalação e configuração física e numérica,pode ser utilizado em diversas escalas, que pode irde apenas alguns metros até milhares de quilômetrose atende finalidades tais como: a) simulaçõesidealizadas (convecção, ondas baroclínicas, etc.),b) pesquisa em parametrizações, c) pesquisa emassimilação de dados, d) pesquisa em previsão detempo, e) acoplamentos entre modelos de aplicaçõesdiferentes (tempo-ondas, tempo-poluição, etc.), f)ensino. O WRF permite, portanto, realizar simulaçõescom dados reais ou idealizados e é consideradomuito eficiente em termos computacionais, com umaarquitetura de software pronta para o processamentoparalelo. Este modelo é o resultado de um esforçoconjunto de diversas entidades dos Estados Unidos: oNational Center for Atmospheric Research (NCAR),a NOAA, o NCEP, o Forecast Systems Laboratory(FSL), a Air Force Weather Agency (AFWA), oNaval Research Laboratory (NRL), a Universidadede Oklahoma e a Federal Aviation Administration(FAA). Além das instituições citadas, o WRF temuma crescente comunidade internacional de usuáriose é usado operacionalmente por vários Centros,inclusive o NCEP.A versão do WRF instalada nos sistemas deprevisão desenvolvidos neste projeto foi a ARW 2.2,no caso dos primeiros quatro estados, e a 3.0 nosdemais estados, e usa o módulo WRF Pre-ProcessingSystem (WPS) para o pré-processamento (Wang ePowers, 2007). <strong>No</strong>s sistemas desenvolvidos, o ModeloWRF é executado com uma resolução horizontal de9 km, com 28 níveis verticais na atmosfera e 5 níveisde solo. Usa as seguintes opções de parametrização:a) Microfísica: Thompson Graupel, b) Radiação: SWDudhia/LW RRTM, c) Camada Limite Planetária:Mellor-Yamada-Janjic (ETA) TKE, d) CamadaLimite Superficial: Monin-Obukhov (Janjic ETA),e) Superfície: Difusão Térmica e f) Cumulus: Grell-Devenyi ensemble.O pós-processamento segue o esquema mostradona Figura 2, repetido a cada 30 minutos, com a geraçãode produtos e figuras até o final da integração total domodelo. O esquema permite também a alimentaçãode um banco de dados onde ficam armazenados osvalores das variáveis previstas em todos os pontosde grade do modelo, facilitando as verificaçõesposteriores das previsões efetuadas. O SistemaNumérico de Previsão gera seus produtos com umhorizonte de previsão de 168 horas (7 dias), comintervalos de previsão de 3 horas, sendo os produtospara o público discriminados nos períodos do dia(manhã, tarde, noite e madrugada) de acordo com ohorário local.Figura 2: Esquema discriminando o pós-processamento doSistema de Previsão.O script principal consiste de um arquivo emlinguagem korn shell que executa verificações e,atendidas as condições necessárias, executa o script decontrole do pós-processamento do Pacote R. O projetoR é um ambiente de software gratuito para computaçãoestatística, composto de um sistema integrado depacotes desenvolvidos pelos próprios usuários. OSistema Numérico de Previsão desenvolvido nesteprojeto permite que o usuário efetue mudanças nosprodutos gerados, quer nas variáveis atmosféricasdisponibilizadas, quer nos campos gerados e nasrespectivas formas de apresentação.30


Boletim SBMET ago.-dez. <strong>2008</strong>Dois cursos de treinamento sobre os SistemasNuméricos de Previsão implantados nos estadosforam realizados nas dependências do LPM/UFRJ, oprimeiro no período de 8 a 11 de outubro de 2006 eo segundo no período de 2 a 5 de outubro de 2007.O objetivo destes Cursos foi explicar a concepçãodo Sistema, suas várias características, e mostraras possibilidades e as alterações possíveis paracustomizar o Sistema com as necessidades de cadaestado para o qual o projeto piloto foi implantado.O projeto financiou a vinda ao Rio de Janeiro dedois profissionais de cada estado, um especialistaem Meteorologia e outro com formação básica emInformática, para que houvesse uma maximização noentendimento das características e das potencialidadesoferecidas pelos Sistemas implantados.Após a implantação dos Sistemas nas máquinasadquiridas e enviadas aos estados procedeu-se a umaverificação das previsões efetuadas comparandoos valores previstos em algumas cidades de maiorinteresse e onde puderam ser disponibilizados dadosobservados em estações meteorológicas ou PCD´s.Foram utilizados índices estatísticos de verificaçãode previsões consagrados na literatura para aquantificação de erros e tendências (Chou e Justi daSilva, 1999; Justi da Silva et al., 2000; Oliveira et al.,2000; Wilks, 2006). A totalidade do material obtidonos meses de verificações serviu para que algunsajustes fossem feitos em parâmetros do modelo. Apósum período inicial, estimulou-se aos próprios CentrosEstaduais que mantivesse uma verificação sistemáticadas previsões disponibilizadas, utilizando o materialusado no Curso de Meteorologia de Mesoescala(2006) e nos Cursos de Treinamento nos SistemasNuméricos implantados (2006 e 2007).2.2. Cursos de AtualizaçãoPara atender ao segundo grande objetivo desteprojeto foram oferecidos três cursos de atualização aosmeteorologistas e demais profissionais de instituiçõesligadas à previsão de tempo, preferencialmenteprovenientes dos Centros Estaduais que integravamo Programa de Monitoramento de Tempo, Clima eRecursos Hídricos do MCT. As respectivas ementas,corpo docente e corpo discente são discriminadosa seguir. O material impresso discutido nas aulas eas apresentações dos professores foram revisadas edisponibilizadas aos alunos e respectivas instituiçõesde origem através da confecção de um CDROM paracada Curso.2.2.1. Curso de Atualização em Meteorologiade MesosescalaFoi oferecido um Curso de Atualização emMeteorologia de Mesoescala nas dependências doDepartamento de Meteorologia da UniversidadeFederal do Rio de Janeiro, no período de 15 a 27 demaio de 2006, curso com um total de 88 horas deaula.Ementa: Classificação das escalas atmosféricas.Aspectos de grande escala (sinóticos) associados coma formação e evolução de sistemas de mesoescala:escoamentos no ar superior, escoamentos nos baixosníveis, advecção térmica e conversões de energiatermodinâmica em movimento. Classificação dossistemas de mesoescala: aspectos termodinâmicose dinâmicos associados. Teoria da propagação dossistemas de mesoescala. Técnicas de previsão desistemas convectivos. Interpretação de imagens deradar meteorológico e aplicações à previsão de curtoprazo. O uso de imagens de satélites na detecçãode sistemas convectivos e na quantificação daprecipitação associada. Modelagem de mesoescala:soluções numéricas, parametrizações e aspectoscomputacionais. Verificação objetiva das previsõesmeteorológicas. Acesso às bases de dados do NCEPe da UNIDATA.Corpo Docente: Atuaram no Curso deMesoescala os seguintes professores: AugustoJosé Pereira Filho (USP), David Garrana Coelho(UFRJ), Edmilson Freitas (USP), Ernani Lima doNascimento (UFPR), Gustavo Escobar (CPTEC/INPE), Isimar de Azevedo Santos (UFRJ), LuizAugusto Toledo Machado (DSA/INPE), MariaAssunção Faus da Silva Dias (CPTEC/INPE),Maria Gertrudes Alvarez Justi da Silva (UFRJ),Waldenio Gambi (CPTEC/INPE), WallaceFigueiredo Menezes (UFRJ) e William Cotton(Colorado State University).31


Boletim SBMET ago.-dez. <strong>2008</strong>Corpo Discente: Este Curso foi realizado por36 profissionais oriundos de 21 diferentes estadosbrasileiros, sendo as despesas de 20 profissionaiscusteadas pelo Projeto.2.2.2. Curso de Atualização em MeteorologiaSinótica Prática Aplicada à Previsão deTempoFoi oferecido um Curso de Atualização emMeteorologia Sinótica Prática Aplicada à Previsãode Tempo nas dependências do Centro de CiênciasMatemáticas e da Natureza da Universidade Federaldo Rio de Janeiro, no período de 3 a 8 de dezembrode 2007, curso este com um total de 54 horas deaula. O objetivo foi o de fortalecer os conhecimentosde Meteorologia Sinótica através da utilização deferramentas objetivas de prognóstico dos diferentessistemas meteorológicos que influenciam o tempo noBrasil.Ementa: a) Revisão de conceitos básicos deMeteorologia Sinótica. Identificação de sistemasfrontais: frentes frias, frentes quentes, frentesestacionárias, frentes subtropicais e cavadosbaroclínicos. jatos de altos níveis: jato subtropical(JST), Jato Polar <strong>No</strong>rte (JPN) e Jato Polar Sul(JPS). Teoria de Desenvolvimento de sistemas debaixa e alta pressão (Equação de Sutcliffe): ondasfrontais e índices de instabilidade: K, LI, SH,TT, CT, VT, SWEAT, CAPE. b) Uso do Gempak:visualização de imagens de satélite, visualizaçãode dados de superfície (metar, synop) e de altitude(radiossondagem), visualização de cartas sinóticase geração de cartas sinóticas; traçado de frentes,cavados, jatos e condição de tempo. c) Elaboraçãoda previsão de tempo: análise das cartas sinóticas:superfície e altitude (500 hPa e 250 hPa), previsão detempo através da utilização de ferramentas objetivasde prognóstico derivadas de modelos numéricos eelaboração de boletins técnicos.Corpo Docente: O principal instrutor do Cursofoi o Dr. Gustavo Carlos Juan Escobar, do INPE/CPTEC, que contou com o apoio dos professores etécnicos do LPM/UFRJ.Corpo Discente: Participaram do Curso 24profissionais, em sua maioria meteorologistas,oriundos de 19 diferentes estados brasileiros,sendo 17 deles custeados com recursos do Projeto.O número de alunos do curso foi limitado pelasnecessidades de infra-estrutura de computadores esoftware específico.2.2.3. Curso de Modelagem Hidrológica Aplicadaa Sistemas de Alerta de Enchentes eMonitoramento Hidrometeorológico porSensoriamento RemotoEste Curso foi oferecido nas dependências doCREA-RJ, no período de 1 a 5 de dezembro de <strong>2008</strong>com um total de 40 horas de aula.Ementa: A) Monitoramento Hidrometeorológicopor Sensoriamento Remoto. Uso de informações deradar, satélite e raios para nowcasting: Descargaselétricas atmosféricas: formação de descargas emnuvens; relação da polaridade com severidade datempestade. Radar meteorológico: refletividadee velocidade radial; composições CAPPI e PPI;recuperação do campo de vento por dados de Radar;detecção de granizo; análise de tempestades e linhasde instabilidade. Satélite meteorológico: estimativasde precipitação por satélite - comparação de técnicas;integração com radares e pluviômetros. Estudo decaso de tempestade: análise de previsão de nowcasting(3h) e de curto prazo (24h); utilização de índices deinstabilidade. B) A Quantificação e o Monitoramentode Secas Agrícolas. Índices meteorológicos eagrometeorológicos para monitorar e quantificara seca sob os diferentes pontos de vista; adaptaçãode índices para quantificar a seca e os seus efeitossobre as culturas agrícolas; vulnerabilidade da regiãoà secas agrícolas e adaptação de índices para estudosde riscos climáticos e seus efeitos na agricultura. C)Modelagem Hidrológica na bacia do Rio Doce (MinasGerais e Espírito Santo). Modelagem hidrológica:Histórico dos modelos, tipos de modelos, calibraçãoe validação de modelos hidrológicos, integraçãocom produtos dos modelos de previsão de tempo ea planície de inundação. Estrutura observacional deaquisição de dados: precipitação, nível de cursos deágua, esquemas de transmissão dos dados e radar<strong>32</strong>


Boletim SBMET ago.-dez. <strong>2008</strong>meteorológico. Esquema de operação: integraçãocom Centros de previsão de tempo e difusão deinformações e integração com a Defesa Civil local.Exemplos de operação do sistema em períodosgrandes cheias: janeiro de 2003 e março de 2005.D) Modelagem Hidrológica na bacia do Araranguá(Santa Catarina). Modelagem hidrológica: a opçãodo modelo (SWAT), calibração e validação domodelo hidrológico, integração com produtos dosmodelos de previsão de tempo (WRF) e a planíciede inundação. Estrutura observacional de aquisiçãode dados: precipitação, nível de cursos de água eesquemas de transmissão dos dados. Esquema deoperação: integração com centros de previsão detempo e difusão de informações e integração com aDefesa Civil local. Exemplos de operação do sistemaem períodos grandes cheias: novembro de 2006 emaio de <strong>2008</strong>.Corpo Docente: Cesar Augustus Assis Beneti(SIMEPAR-PR), Elizabeth Guelman Davis (CPRM-MG), Gerson Conceição (EPAGRI/CIRAM-SC),Leonardo Calvetti (SIMEPAR- PR) e OrivaldoBrunini (IAC-SP).Corpo Discente: Participaram do Curso 41profissionais, em sua maioria meteorologistas,oriundos de 20 diferentes estados brasileiros, sendo20 deles custeados com recursos do Projeto.2.3. REUNIÃO DE COORDENADORES DOS CENTROSESTADUAISAproveitando a presença de váriosCoordenadores durante a realização do primeirocurso de atualização (2006) foi criado um espaçopara uma reunião de trabalho que resultou naelaboração de uma lista de prioridades queforam encaminhadas à Sociedade Brasileirade Meteorologia (SBMET) e ao MCT tratandodas necessidades dos Centros Estaduais. Nestaocasião foi reconhecida também a necessidadede uma organização formal para canalizar eencaminhar as futuras propostas. Em decorrência,foi criado durante a realização do segundo cursode atualização (2007) e com a presença da maioriados Coordenadores dos Centros Estaduais, o FórumBrasileiro de Meteorologia Regional (http://www.meteorologiaregional.com.br) e eleita uma primeiraDiretoria para um período de dois anos. Este Fórumse reuniu mais uma vez por ocasião da realizaçãodo terceiro curso de atualização financiado por esteprojeto. Cabe ressaltar que como resultado desteFórum a FINEP recebeu durante o XV CongressoBrasileiro de Meteorologia (XV CBMET) sugestõespara melhoria do último Edital para financiamentode projetos na área de meteorologia, tendo acatadoe incorporando as sugestões no referido Edital.3. CONCLUSÕESEste projeto permitiu que a SBMET pudessecumprir com mais facilidade uma de suas metas queé a de oferecer cursos para seus sócios e profissionaisque atuam em Meteorologia no país.O investimento feito no desenvolvimento dosSistemas Numéricos de Previsão, levando para osestados a oportunidade de uma customização desuas previsões, foi reconhecido e valorizado pelosCentros Estaduais, tendo havido solicitações parauma extensão do Projeto com o desenvolvimento eimplantação de sistemas em novos estados.33


Boletim SBMET ago.-dez. <strong>2008</strong>4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASChou, S. C.; Justi da Silva, M G. A. Objectiveevaluation of Eta model precipitation forecasts overSouth America. Climanálise, 14, n 0 1, 1999.Coelho, D. G.; Justi da Silva, M. G. A.; Santos,I. A. Modelagem de mesoescala: uma alternativa debaixo custo. XI Congresso Brasileiro de Meteorologia,Rio de Janeiro, RJ. Anais. CDROM, 2000.Justi da Silva, M. G. A.; Bardos, C. D.; Xavier,M. C. A. Sistema Alerta-Rio: verificação objetiva dasprevisões de precipitação e temperatura. XI CongressoBrasileiro de Meteorologia. Rio de Janeiro, RJ. Anais,CDROM. 2000.Justi da Silva, M. G. A.; Santos, I. A.; Coelho, D. G.Operacionalização de previsões meteorológicas locaisno estado do Rio de Janeiro. Boletim da SociedadeBrasileira de Meteorologia, 25 (2), 21-29, 2001.Oliveira, G. A.; Coelho, D. G.; Justi da Silva, M.G. A. Avaliação dos erros das previsões numéricassobre o estado do Rio de Janeiro. XI CongressoBrasileiro de Meteorologia, Rio de Janeiro, RJ.Anais, CDROM. 2000.Wang; Powers, J. G. A Description of theAdvanced Research WRF Version 2. NCAR,Boulder, CO, NCAR TECHNICAL NOTE 468,2007.Wilks, D. S. Statistical methods in theAtmospheric Sciences. 2 a ed., San Diego, AcademicPress, 2006, 627 p.34


Boletim SBMET ago.-dez. <strong>2008</strong>UM SISTEMA PREVISOR BASEADO NO WRF EMFASE DE TESTES NO INMETFabrício Härter, Fernando Barrros, Thiago Braga, Ricardo Raposo, Gilberto Bonatti, Juliana Mo ,Francisco Quixaba Filho, Francisco Alves, José Maurício GuedesInstituto Nacional de Meteorologia (INMET)Eixo Monumental Via S1, Sudoeste Brasília – DF, CEP: 70680-900E-mail: fabricio.harter@inmet.gov.br, barrosf@inmet.gov.br, thiago.braga@inmet.gov.br,ricardo.raposo@inmet.gov.br, gilberto.bonati@inmet.gov.br, juliana.mol@inmet.gov.br,francisco.quixaba@inmet.gov.br, francisco.alves@inmet.gov.br, zemauricio.guedes@inmet.gov.br,1. INTRODUÇÃOO INMET, desde 1999, tem um sistema de PrevisãoNumérica de Tempo (PNT) baseado no ModeloBrasileiro de Alta Resolução (MBAR) (Silveira et al.,2000). Atualmente este sistema gera previsões diárias às0000 UTC e 1200 UTC com resolução horizontal de 25km para o domínio da América do Sul (AS) e de 7 kmpara o domínio do Brasil. Faz parte deste sistema, além doprocessamento do MBAR, a fase de pré-processamento,que inclui a preparação da análise com assimilação dedados via LAPS (Local Analysis and Prediction System)e pós-processamento, abrangendo verificações diáriase mensais em ponto de grade e em ponto de estaçãometeorológica; previsão estatística, bem como verificaçõesmensais e diárias destas previsões. Este sistema abrangeainda visualização de produtos, armazenamento e controlede qualidade dos dados.Devido à contínua melhora dos parquescomputacionais, e a pesquisas científicas que resultamem modelos numéricos que representam a atmosfera comprecisão cada vez maior, os grandes centros mundiaisde meteorologia estão aumentando a resolução dos seusmodelos globais. A DWD, sigla do Centro Meteorológicoalemão que fornece as condições iniciais e de fronteirapara integração do MBAR, projeta disponibilizarprevisões do seu modelo global com resolução horizontalde 20 km em 2009, enquanto o ECMFW já realizatestes com o ECMWF Model para 10 km de resoluçãohorizontal. Esta alta resolução dos modelos globais exigeum planejamento dos Centros que integram modelosregionais, pois estes devem preparar-se para, num futuropróximo, disponibilizarem PNT com resolução inferiora 10 km, com precisão melhor do que a precisão dosmodelos globais.Embora o INMET já realize previsões com 7 kmde resolução horizontal desde 2006 (MBAR 7 km), éimportante pesquisar novas alternativas, pois este modelo éhidrostático e não apresenta em sua solução, por exemplo,ondas acústicas rápidas que se propagam praticamentena direção vertical (Holton, 1992). As alternativas paracontemplar esta demanda por modelos de resolução tãofina são (1) integrar modelos hidrostáticos e (2) utilizartécnicas de dowscaling estatístico, esta última alternativaestá fora do escopo deste texto.Um modelo com modo não-hidrostático atrativopara o objetivo em questão é o Weather Research andForecasting Model (WRF), pois seu código é aberto,apresenta opção de rodar com grades aninhadas, tem umaampla comunidade de usuários no Brasil e no exterior,documentação atualizada, pode ser inicializado como dadosdisponibilizados em diversas fontes, tais como NationalCenters for Environmental Prediction (NCEP) e NationalOceanic and Atmospheric Administration (NOAA), alémde possibilitar a acoplagem a modelos de química (WRF-Chem). Portanto, neste trabalho apresentam-se resultadosde um teste feito com o WRF Model numa máquina doparque computacional do INMET. Avalia-se a precisãodo modelo ao simular a passagem de um sistema frontalna Região Sul do Brasil, que causou fortes ventos, chuvae granizo no RS, SC e PR.35


Boletim SBMET ago.-dez. <strong>2008</strong>2. MODELO E DADOSO WRF é um modelo de equações primitivasdesenvolvido pelo National Center for AtmosphericResearch (NCAR) em colaboração com o NCEP/NOAA e o Forecast Systems Laboratory (FSL). Osistema de assimilação formado pelo modelo, pelométodo de assimilação e demais utilitários resultamnum sistema de previsão numérica de tempo deúltima geração, podendo ser implementado em váriasarquiteturas de computadores e suportando diferentesdiretivas de paralelismo.<strong>No</strong> INMET, o WRF está inicialmente instaladonuma máquina HP, sob sistema operacional UNIXTru64 e compilado com diretivas Open MP. O domínioescolhido para testes compreende basicamente aregião Sul do Brasil, sendo de 22 0 S a 36 0 S e de 42 0 Wa 63 0 W. Há opção de integração do modelo tanto emmodo hidrostático como não-hidrostático e opção deusar grades aninhadas (não explorada neste trabalho,ver definição nas considerações finais). O modelo éintegrado com 28 níveis verticais com CoordenadaEta e Projeção Lambert.Os prognósticos são feitos diariamente a partir das0000 UTC para 72 horas, com dados no formato grib2do Global Forecast System (GFS), modelo global doNCEP. O GFS tem resolução horizontal de 1º com26 níveis de pressão sem contar com a superfície.Inclui-se a temperatura da superfície do mar do diaanterior à rodada e dados terrestres com 30 segundosde resolução.A verificação, viés e Erro Quadrático Médio(EQM) são feitos em ponto de estação meteorológica,ou seja, as variáveis do modelo em ponto de grade sãointerpoladas para o ponto de observação e comparadascom a observação. Os dados são coletados na redeautomática das estações de superfície do INMET.3. O CASO SELECIONADOSimula-se um caso típico de entrada de um sistemafrontal na Região Sul do Brasil. A ciclogênese ocorreuno sul do Oceano Atlântico no dia 11 da agosto de<strong>2008</strong>. <strong>No</strong> dia 12 de agosto às 0015 UTC o sistemafrontal estava bem organizado sobre o Uruguai (Figura1a). As 0200 UTC o sistema já atingia o RS, ondechuva e fortes ventos durante a madrugada causaramprejuízos em vários pontos do estado. A cidade maisatingida foi Pelotas, onde ocorreu queda de granizodurante 10 minutos. A Figura 1b mostra o sistemasobre o estado às 1215 UTC. Segundo a imprensalocal rajadas de ventos de 120 km h -1 causaram aqueda da antena de uma rádio, derrubaram árvorese casas foram destelhadas, sendo que há registrosde que pelo menos duas casas foram parcialmentedestruídas pela queda de árvores. Na fronteira oeste,região de Uruguaiana, o vento derrubou uma torrede transmissão da companhia de energia elétricadeixando aproximadamente 13 mil pessoas semenergia elétrica. Em regiões mais populosas até 86 milpessoas ficaram sem energia elétrica devido a quedade torres de transmissão. <strong>No</strong>s dados coletados naestação meteorológica automática da rede do INMET,durante o dia 12 de agosto na estação de Uruguaiana(A809), em 29,84 0 S e 57,08 0 W destaca-se a rajadade vento de 33,2 ms -1 (119,52 km h -1 ) e o acumuladohorário de 21,4 mm de precipitação, ocorrido às 0500UTC. <strong>No</strong>s dados, não anexados a este texto, observaseque a pressão estava baixa e aumentou ao longodo dia à medida que a frente se deslocava para SC.Ainda no dia 12 de agosto, a frente atingiu os estadosde SC e PR, conforme pode ser visto na Figuras 1c,das 2115 UTC. Nestes estados os estragos e prejuízosnão foram menores do que no RS.36


Boletim SBMET ago.-dez. <strong>2008</strong>a) b) c)Figura1: Imagem de satélite no canal infravermelho termal para às: a) 0015 UTC, b) 1215 UTC, c) 2115 UTC.4. SIMULAÇÃO DO SISTEMA FRONTAL COM O WRFNesta seção se avalia a capacidade do WRF com15 km de resolução horizontal no modo hidrostáticoem simular o sistema sinótico predominante na regiãoSul do Brasil no dia 12 de agosto de <strong>2008</strong>. O objetivodeste texto não é fazer uma análise detalhada sobre ocaso, mas identificar se o modelo simula a intensidadee propagação do sistema. Especificamente, o modelodeve representar a entrada do sistema de baixapressão e fortes ventos sobre os estados da RegiãoSul do Brasil.A Figura 2 mostra que a posição e a intensidadedo sistema de baixa pressão sobre o Uruguai forambem representadas na análise. O campo de ventomostra a confluência dos ventos à 10 metros dasuperfície, evidenciando que o modelo simula arápida propagação do sistema, conforme observadonas imagens de satélite (Figura 1). Integrações doWRF com 5 km de resolução horizontal no modo nãohidrostático,não apresentados neste artigo, mostramque o sistema foi bem previsto com esta configuração,porém estes experimentos serão analisados ao se fazerum estudo mais detalhado sobre o caso em questão.A Figura 3 mostra o campo de velocidadevertical, no momento em que a frente está sobreo RS (0900 UTC) e sobre o Paraná (2100 UTC),evidenciando que o modelo simulou de maneiracoerente a propagação do sistema, mostrado nasimagens de satélite (Figura 1).Na Figura 4 foram grafados os campos deumidade relativa do ar em 300 hPa, mostrando queesta variável também está coerente com a teoria dedesenvolvimento de sistemas frontais, pois à medidaque a frente avança, as regiões atingidas pela massade ar frio, apresentam uma diminuição da umidaderelativa do ar, enquanto as regiões adiante do sistemaapresenta um aumento de umidade.37


Boletim SBMET ago.-dez. <strong>2008</strong>a) b)c) d)Figura 2: Resultados da integração do Modelo WRF para o dia 12 de agosto de <strong>2008</strong>: a) campo de Pressão ao Nível do Mar às 0000 UTC, b) campo devento à 10m da superfície às 0300 UTC, c) campo de vento à 10m da superfície às 0900 UTC, d) campo de vento à 10m da superfície às 1800 UTC.Figura 3: Campos de velocidade vertical (W) dia 12 de agosto de <strong>2008</strong> às: a) 0900 UTC, b) 2100 UTC.38


Boletim SBMET ago.-dez. <strong>2008</strong>Figura 4: Campo de umidade relativa do ar em 300 hPa.5. VERIFICAÇÕES EM PONTOS DE OBSERVAÇÃOAs verificações são feitas através de interpolaçãodo ponto de grade do modelo para pontos deobservação. Grafa-se na Figura 5 as evoluçõestemporais de Pressão ao Nível do Mar, temperatura à2 m da Superfície e vento à 10 m do Solo.Embora a avaliação do Modelo WRF para um únicodia, em uma única estação, não seja representativa doponto de vista estatístico, as avaliações apresentadasna Figura 6 servem para confirmar que o modelosimulou o caso estudado de maneira satisfatória,acompanhado muito bem a pressão ao nível do mar ea temperatura à superfície e previu qualitativamentebem o vento à 10 m do solo.6. CONSIDERAÇÕES FINAISNeste trabalho foi apresentada a implementaçãodo Modelo WRF atualmente em fase de testes numamáquina do parque computacional do INMET. Oobjetivo é oferecer uma alternativa à Coordenadoriade Modelagem Numérica (CMN) de um modelohidrostático que contemple a demanda por previsõesnuméricas de alta resolução. O Modelo WRF éespecialmente atrativo pelas seguintes características:1. O código é completamente aberto e disponível paradownload - a utilização do WRF é gratuita e nãoexige acordos com o desenvolvedor do código;2. Possui opção por rodadas no modo hidrostáticoe não-hidrostático – permite, por exemplo, quese faça concomitantemente uma previsão com39


Boletim SBMET ago.-dez. <strong>2008</strong>123 412341234Figura 5: Evolução temporal, viés e EMQ de Pressão ao Nível do Mar, temperatura à 2m da superfície e vento à 10m do solo, para a cidadede Uruguaiana-RS. As variáveis grafadas referem-se ao modelo, linha 1, a observação, linha 2, viés, linha 3 e Erro Médio Quadrático, linha4. Em todos os gráfi cos apresentados onde há descontinuidade na linha azul significa que não há observação no horário.resolução de 15 km no modo hidrostático e com 5km de resolução no modo não-hidrostático, numagrade aninhada;3. Possui opção para rodadas com grades aninhadas– sub-grades podem ser utilizadas em um modoaninhado, ou seja, as informações geradas pelarodada de uma grade principal são incorporadascomo condições de contorno para a grade aninhadanum subdomínio da grade principal. Isto implicaem redução de custo computacional, comparandosea rodada do domínio da grade aninhada comuma rodada para o mesmo domínio onde não seusa grade aninhada;4. Possui opção de re-start - em caso de interrupção narodada do modelo, pode-se recomeçar a integraçãodo ponto onde a interrupção ocorre, eliminando-sea necessidade de recomeçar a do tempo inicial. Estacaracterística é muito importante para previsãooperacional, onde o tempo para disponibilizaçãodo produto é sempre importante;5. Há interfaces para rodá-lo acoplado a modelo dequímica, tal como WRF-Chem – O INMET estácontinuamente ampliando os produtos gerados naCMN, portanto, utilizar um modelo que permitafuturamente optar por rodar modelos acopladosé uma vantagem, pois não exige que o modeloatmosférico seja descontinuado em prol de outroque contemple esta necessidade;6. Pode ser utilizado no estudo de previsão numéricade clima - esta característica também abre umapossibilidade para futuramente se ampliar osprodutos gerados pala CMN;7. Vem sendo utilizado por ampla comunidadenacional, internacional que mantém lista de e-maile página web para discussão – isto é interessanteà medida que permite a troca de informações com40


Boletim SBMET ago.-dez. <strong>2008</strong>diversos parceiros;8. Documentação atualizada – manter adocumentação atualizada das versões de umsoftware é uma tarefa importante e difícil. <strong>No</strong>caso do WRF, os desenvolvedores do códigomantém a documentação atualizada e disponívelvia webpage;9. Para o domínio da América do Sul o modelo podeser incializado com dados do GFS (produto doNCEP), dados NCEP FNL (NCEP Final Analyses)e NNRP (NCEP/NCAR reanálise) – é importanteque se tenha mais de uma fonte de dados e dedownload para inicializar o modelo, pois falhandouma, tem-se alternativa.Conclui-se que o Modelo WRF é uma boaalternativa para compor um sistema previsor adicionalno INMET, pois além das características enumeradasacima, nesta fase de teste, o modelo mostrou-se estávelcom os parâmetros utilizados e reproduziu o sistemaatmosférico que ocorreu no período estudado.Futuramente, caso o Modelo WRF venha a ser ocerne de um novo sistema de previsão de tempo doINMET, planeja-se instalar a versão 3 do modelo, parao domínio da AS, com espaçamento de grade a serdefinido de acordo com os recursos computacionaisalocado para este sistema. Pretende-se compilar omodelo com diretivas de paralelismo Message PassingInterface (MPI), explorar o pacote de assimilação comos dados do INMET e calibrar o filtro digital para quea inicialização do modelo seja feita da melhor formapossível. A verificação do modelo deve ser melhorada,incluindo-se verificações em ponto de grade mensaise diárias para métricas estatísticas adequadas averificação de modelos de baixíssima resolução (entre5 km e 2 km de resolução horizontal). O modelo deveser disponibilizado na internet e intranet do INMET, deforma que a visualização, tanto das saídas do modelo,como das verificações devem ser aprimoradas.7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASHolton, J. An Introduction to DynamicMeteorology. San Diego, CA, Academic Press,2004, 535 p.WRF Model. Disponível em:.Acesso em10 de Setembro de <strong>2008</strong>.Silveira, R. B.; Bernardet, L. R.; Edwards, J. P.;Mendonça, A. F.; Mol, J. M. D. Dall’Antonia, A. M.O Modelo Numérico de Previsão de Tempo Utilizadono INMET. XI Congresso Brasileiro de Meteorologia.Rio de Janeiro, Anais, 2000.8. AGRADECIMENTOSOs autores agradecem ao Meteorologista RicardoReinke do Centro de Análise e Previsão de Tempo doINMET (CAPRE/INMET) pela ajuda na seleção docaso simulado pelo WRF e apresentado neste trabalho.41


Boletim SBMET ago.-dez. <strong>2008</strong>SISTEMA DE PREVISÃO HIDROMETEOROLÓGICA PARAA BACIA DO ALTO TIETÊAugusto José Pereira Filho 1 , Oswaldo Massambani 1 , Hugo Abi Karam 2 , Ricardo Hallak 1 , Reinaldo Haas 3 ,Felipe Vemado 11Universidade de São Paulo, Rua do Matão, 1226, São Paulo, SP, 05508-0902Universidade Federal do Rio de Janeiro – Cid. Universitária, Ilha do Fundão, RJ, 21941-5903Universidade Federal de Santa Catarina, Servidão Cacupé, 139, Florianópolis, SC, 88050-205E-mails: apereira@model.iag.usp.br, massambani@usp.br, hugo.karam@pq.cnpq.br, hallak@model.iag.usp.br, reinaldohaas@gmail.com, vemado@model.iag.usp.brRESUMOEste trabalho apresenta resultados do Sistema de Previsão Hidrometeorológica (SPH) para a baciado Alto Tietê (BAT), particularmente, dois componentes associados com a previsão de chuva acurto e curtíssimo prazo obtidas por meio da modelagem numérica com o sistema ARPS e radarmeteorológico móvel MXPOL, respectivamente. Também são apresentadas análises comparativasde uma Estação Meteorológica Automática (EMA) contra os dados da estação meteorológica doIAG/USP. Esta EMA faz parte de uma rede metropolitana que será implantada.Palavras-chave: Precipitação, enchentes, radar meteorológico, modelagem numérica, redes deestações meteorológicas.ABSTRACTThis work presents results of a Hydrometeorological Forecast System (SPH) for the Alto Tietê watershed(BAT), particularly two components related to rainfall forecasting and nowcasting obtained by meansof numerical modeling with the ARPS system and the mobile weather radar MXPOL, respectively.It is also shown a comparative analysis of an automatic weather station (EMA) against IAG/USPconventional weather stations. The EMA is associated to a metropolitan network.Keywords: Rainfall, flash floods, weather radar, numerical modeling, network of weather stations.1. INTRODUÇÃOO Sistema Integrado de Hidrometeorologiado Estado de São Paulo (SIHESP) do Governo doEstado de São Paulo implantou uma rede de EstaçõesMeteorológicas Automáticas (EMA) denominadade Mesonet, modernizou os radares meteorológicosde Bauru e Presidente Prudente, adquiriu sistemascomputacionais de alto desempenho e um radarmeteorológico móvel. Originalmente, propôs-seum projeto para instalação e manutenção de umarede de estações hidrometeorológicas automáticas,perfiladores de vento e um radar Doppler de polarizaçãodiversificada para estudar, por exemplo, o balançohídrico e energético da superfície e da atmosfera.Dados de satélite, bem como balões radiossonda ecativo seriam utilizados neste projeto para estudos decasos no período chuvoso. O projeto foi aprovado eparcialmente financiado com recursos do ProgramaSIHESP/FAPESP. Adquiriram-se um sistemacomputacional de processamento paralelo de altodesempenho para modelagem numérica da atmosfera42


Boletim SBMET ago.-dez. <strong>2008</strong>com o sistema ARPS e um radar meteorológicoDoppler móvel banda X de dupla polarização(MXPOL). O radar MXPOL entrou em operação emjaneiro de <strong>2008</strong>. O sistema é operado 24 horas poruma equipe da Defesa Civil do Município de Barueridesde meados de fevereiro de <strong>2008</strong>. O sistema deprevisão hidrometeorológica será operacionalizadopara a Região Metropolitana de São Paulo RMSP eintegrado ao Sistema de Alerta às Inundações de SãoPaulo (SAISP), de modo a mitigar os efeitos adversosdas enchentes e deslizamentos nessa região. Otrabalho realizado no desenvolvimento do SPH-BATpode ser utilizado em outras bacias hidrográficas doBrasil, com metodologias de quantificação e previsãode precipitação e vazão diversas. O leste de São Pauloé privilegiado com várias plataformas observacionais,mas mesmo estas se apresentaram muito limitadasquanto à quantidade e qualidade de dados.Nesse trabalho apresenta-se uma descrição sobreo sistema de análise e tratamento de dados quepossibilite a quantificação da precipitação em tempoatual e sua previsão com resolução adequada à previsãohidrometeorológica e a gestão de recursos hídricosdo Estado de São Paulo e do meio ambiente urbanoda Região Metropolitana de São Paulo (RMSP).Os componentes básicos deste sistema de previsãohidrometeorológica (Figura 1) foram desenvolvidosoriginalmente para o Estado de Oklahoma, EstadosUnidos da América (Pereira Filho, 1996), e é compostode cinco módulos: 1) análise da precipitação; 2)ajuste das taxas de precipitação; 3) previsão deprecipitação por extrapolação (0-3 horas); 4) previsãode precipitação por modelagem de mesoescala (0-48horas); 5) previsão hidrológica. Ressalta-se o uso deum radar meteorológico banda X móvel (MXPOL)para monitorar sistemas meteorológicos na Bacia doAlto Tietê de modo a antecipar o desenvolvimentode tempestades severas ainda no estágio de formaçãodas mesmas. A análise da precipitação é realizada pormeio de um esquema de análise objetiva estatísticaque integra a chuva acumulada por pluviômetros comestimativas de chuva de radar meteorológico e satélitede modo a minimizar erros observacionais. O campodas taxas de precipitação derivados das refletividadesdo radar meteorológico é ajustado para previsão deprecipitação por extrapolação. O esquema de análiseacima foi utilização em São Paulo e Paraná, onde foiimplantado. A previsão de precipitação com um modelode mesoescala é efetuada com dados disponíveis darede sinótica de superfície e de altitude, de balão piloto,de vento, pressão e temperatura derivados do radarmeteorológico Doppler, de precipitação e de modelosnuméricos globais. As previsões de precipitação são,então, utilizadas na previsão hidrológica de baciashidrográficas de interesse. O caráter modular dosistema de previsão hidrometeorológica permite queseus componentes sejam substituídos por outros maisadequados às necessidades e restrições de utilização.Figura 1: Diagrama do Sistema de Previsão Hidrometeorológica(SPH).A seguir apresentam-se os sistemas já implantadose os resultados obtidos até o momento. <strong>No</strong> fimdeste manuscrito, apresenta-se o projeto da rede deEMAs.43


Boletim SBMET ago.-dez. <strong>2008</strong>2. MATERIAIS E MÉTODOS2.1. Previsão de Precipitação com o ModeloARPSO modelo Advanced Regional Prediction System(ARPS) é um código escalonável e portável paravárias arquiteturas e sistemas computacionais. OARPS pode realizar simulações atmosféricas comresolução de até 1 km em um tempo de processamentosatisfatório em processamento paralelo. As principaiscaracterísticas do ARPS podem ser obtidas em Xue etal. (1995, 2001, 2002 e 2003). Destacam-se no sistemaARPS a estrutura modular do código que permitea modificação do mesmo, escalonabilidade,sistema de visualização simples de resultadosdo modelo mesmo em operação e engenharia desoftware. Detalhes do modelo ARPS são dadosem Hallak (2007).O Modelo ARPS permite assimilar dadosmais recentes durante o seu processamento.Estes dados são assimilados pelo ARPS DataAssimilation System (ADAS). Este sistema(Figura 2) interpola os dados na grade do modelode modo a combinar estes com um campo inicialde um modelo de grande escala. O ADASassimila dados de radar Doppler, radiossondas,estações de superfície, perfiladores de vento,satélites e outros. Cada plataforma de dadospossui erros inerentes que são utilizados naanálise. O ADAS utiliza o esquema de correçõessucessivas de Bratseth (1986), que é iterativoe converge para um esquema de interpolaçãoótima (Lorenc, 1986). As correções sucessivas deBratseth são computacionalmente mais rápidas,além de permitir ajustes e balanços dinâmicos etermodinâmicos no fim de cada iteração. Assim,é possível controlar a estabilidade numérica eoutros aspectos da análise em desenvolvimento.Este esquema de análise tem sido utilizadoem pesquisa e em modelagem operacional demesoescala com sucesso. O ADAS ainda possui umesquema de análise 3-D de extensão e profundidadede nuvens, fundamentado no esquema Local Analysisand Prediction System (LAPS), para reduzir otempo de ajuste do modelo ou spin-up. Ele tambémpode assimilar dados de nuvens provenientes deobservações de superfície dos tipos SYNOP eMETAR, dados de imagens de satélites infravermelhoe visível que combina o campo de umidade relativaobtido por uma estimativa preliminar para se obtero campo 3D da cobertura de nuvens e precipitação.Outrossim, permite a assimilação dos dados de radarmeteorológico e suas variáveis estimadas tais comoa razão de mistura de água, de nuvem e de gelo,tipos de nuvem e precipitação, velocidade vertical nanuvem, índice de geração gelo e razões de mistura dechuva, neve e granizo, base e topo de nuvens. Outrosdados de altitude, satélite e superfície podem serassimilados.Figura 2: Fluxograma do sistema ARPS.O Modelo ARPS utiliza uma base fisiográfica de tiposde vegetação, índice de vegetação, solos e relevos para o44


Boletim SBMET ago.-dez. <strong>2008</strong>Sul e Sudeste do Brasil com 30 s de resolução espacial.O ARPS foi configurado para dois aninhamentos combase nas saídas do modelo global GFS 0,5 0 do NCEP. Oespaçamento variável da grade vertical usado é baseadonuma função hiperbólica, onde o espaçamento varia de 20m na superfície até 500 m na metade da altura atmosféricarepresentada. Utilizou-se a parametrização da convecçãode Kain e Fritsch (1993), com função de disparo dada pelaverificação da instabilidade do Esquema Fritsch-Chappel(Kain e Fritsch, 1993). Utilizou-se a parametrização demicrofísica de fria de Lin-Tao (Lin et al., 1983). Na gradede 12 km são utilizadas as condições iniciais do modeloGFS_MASTER do NCEP com 0,5 0 de resolução. Nestecaso, a renovação das fronteiras é realizada a cada trêshoras com um amortecimento de 7 pontos de grade. Emtodas as grades é utilizada a parametrização de turbulênciade Sun e Chang (1985) e a radiação de ondas longas ecurtas proposta por Chou (1990, 1992). O sistema ADASfoi utilizado para assimilar os dados disponíveis até a horada previsão em ambas as grades de 2 km e 12 km para asprevisões da 0000 UTC e das 1200 UTC. A interpolaçãodas saídas do ARPS para a grade de 2 km é efetuada como programa que interpola cubicamente na horizontale linearmente na vertical. Quando necessário, utilizaseextrapolação vertical com base na taxa de variaçãovertical da temperatura e hidrostática.Desde setembro de 2005, a previsão numérica dotempo esta sendo realizada com resoluções de 12 kmsobre as regiões Sudeste, Centro-Oeste e Sul do Brasil e2 km sobre o Estado de São Paulo, conforme o exemplomostrado na Figura 3. O ARPS é executado diariamenteno âmbito do Laboratório de Hidrometeorologia doDCA/IAG/USP e disponibilizado na internet no sítio:http://ftpdca.iag.usp.br/arps/. As previsões estão sendogeradas a cada 12 horas num intervalo de até 36 horasà frente. As previsões de chuva, temperatura, umidade,pressão, nebulosidade, ventos, e outras para aplicaçõesespecíficas (isto é, agricultura, recursos hídricos,meio ambiente, defesa civil, turismo e outras) serãodisponibilizados sobre o Estado de São Paulo numa graderegular nas resoluções acima. Neste estudo, verificaramseas previsões numéricas de curto prazo com o sistemaARPS com resolução espacial de 12 km sobre o Sudeste,Centro-Oeste e Sul do Brasil e, de 2 km, sobre o leste deSão Paulo (Figura 3). O ARPS foi executado duas vezesdiariamente no cluster de processadores do Laboratóriode Hidrometeorologia do IAG/USP (Figura 4). Asprevisões com até 48 horas a frente são divulgadas nosítio do IAG/USP.Figura 3: Áreas de previsão do modelo ARPS para resoluçõesespaciais de 12 km e 2 km, respectivamente. O ponto GRO indicadopela seta indica a localização do Aeroporto de Guarulhos (23,43º Se 46,45º W) no domínio de maior resolução horizontal.Figura 4: Foto do sistema computacional instalado no Laboratóriode Hidrometeorologia do Departamento de Ciências Atmosféricasdo IAG USP.São apresentados, a seguir, os primeiros testesde desempenho do Modelo ARPS com verificação45


Boletim SBMET ago.-dez. <strong>2008</strong>da chuva horária prevista contra a chuva estimadacom o radar meteorológico de São Paulo dos mesesde fevereiro e março de 2006 e para as variáveis desuperfície medidas no Aeroporto de Guarulhos parao ano de 2007.O desempenho da previsão de chuva iniciada as0000 UTC foi medido por meio do índice de sucessocrítico (do inglês Critical Success Index - CSI), que é arazão entre o número total de previsões de precipitaçãocorretas, para um valor de precipitação de referência(P o)arbitrário estimado com o radar meteorológico,e a somatória dessas com o número de previsõesincorretas e falsos alarmes (Pereira Filho et al., 2006).Esta previsão foi elaborada com dados de previsões das1000 UTC em diante até as 22 horas à frente. A partirdaquele horário em virtude do tempo entre a obtençãodas previsões do modelo global, realização da previsãopara a grade de 12 km, que tem tempo de processamentode cerca de 30 minutos, e finalmente, a realização daprevisão com 2 km, que tem tempo de processamentode cerca de 3 horas. Os valores de P outilizados nesteestudo são 0,0, 0,2, 2,0 e 4,0 mm. Por último, obteveseo CSI dos eventos de chuva associados às FrentesFrias (FF), Linhas de Instabilidade (LI) e sistema deConvecção Isolada (CI).2.2. Radar Meteorológico MXPOLdiferencial (Z dr), propagação de fase diferencial (φ dp), efase diferencial especifica (K dp), coeficiente de correlaçãoda magnitude do sinal co-pol H e co-pol V (ρ oHV),coeficiente de correlação da magnitude do sinal co-polH e cross-pol V (ρ oH) e coeficiente de correlação entre asfases dos sinais co-pol H e cross-pol V (ρφ HV). Detalhesdessas variáveis podem ser obtidos em Pereira Filho(2007).O software denominado IRIS Analysis que processaprodutos dos arquivos de dados brutos este instaladonum terceiro processador para melhor desempenhodo sistema. Os principais produtos são PPI, RHI,CAPPI, ECHO TOPS, chuva acumulada, perfis derefletividade máxima, cortes transversais, previsãode deslocamento de tempestades, trajeto e previsãode tempestades, alertas especiais na tela, água líquidaintegrada na vertical, velocidade e direção do vento.Outras características do MXPOL incluem umcaminhão VW Diesel de seis cilindros de 180 HP(Figura 5), um gerador de energia elétrica Diesel de18 KVA com autonomia de uma semana, suspensão aar, sistema de nivelamento automático, GPS, linha deinternet via telefone celular e sistema de comunicaçãobanda larga, sistema de posicionamento de antenaSIGMET, medidor e gerador de microondas, esoftware de calibração eletrônica automático.O MXPOL trata-se de um sistemamultifuncional com várias inovaçõestecnológicas para usos diversos, desdeem cursos de treinamento básico até omonitoramento avançado de tempestadesseveras, sendo o primeiro radar meteorológicobrasileiro desse tipo a ser utilizado na operaçãopara prover dados polarimétricos de altíssimaresolução espacial.O controle da antena e processamento de sinaisé realizado pelo RCP8 e RVP8, respectivamente,da SIGMET. O software denominado de IRISda SIGMET controla o processador RVP8 e o controleda antena RCP8. O IRIS também processa PPI e geraarquivos de dados brutos em tempo atual. As variáveismedidas são refletividade ajustada (Z) e sem correção (T),velocidade radial (V r), largura espectral (W), refletividadeFigura 5: Foto do radar meteorológico móvel banda X Doppler dedupla polarização (MXPOL) do Laboratório de Hidrometeorologia(LabHidro) do IAG/USP. Podem ser vistos a corneta, guias deonda, refletor, pedestal, gerador de eletricidade, cabine, sistema decomunicação via celular, ar condicionado e caminhão Diesel.46


Boletim SBMET ago.-dez. <strong>2008</strong>O sistema de radar foi desenvolvido pela ATMOSSYSTEMS LTDA, uma empresa de radares Brasileira.Muitas das partes do radar foram adquiridas nos EUA(isto é, válvula Magnetron, guias de ondas, duplexador,chaveadores e receptores), Itália (motores de elevaçãoe azimute, codificadores e anéis deslizantes), Finlândia(refletor e suportes) e Brasil (caminhão e gerador diesel,ar condicionado, cabine e prateleiras). O pedestal foiprojetado pela ATMOS SYSTEM LTDA com umsistema de lubrificação que não requer manutenção. Oradar MXPOL foi testado em várias condições de tempocom tempestades sobre o radar durante a operação edeslocamento do radar por vias de terra íngremes. Aautonomia do gerador de energia diesel permite seu usoem áreas sem infra-estrutura básica. Além disso, o sistemade comunicação por meio de telefonia celular, emboralimitado, é fundamental para a transmissão de produtosde locais remotos.O radar MXPOL é o primeiro radar móvel de duplapolarização a ser utilizado operacionalmente para aprevisão a curtíssimo prazo na RMSP e, se agrega aosistema de radar existente para maior antecipação naprevisão de eventos severos de tempo. A dupla polarizaçãopermite a estimativa da chuva com maior acurácia,entre outras vantagens, tais como a classificação dehidrometeoros (Rocco e Pereira Filho, 2003). O seu maioralcance dinâmico e sensibilidade permitem a detecção denuvens no estágio inicial de formação. Há, entretanto,a necessidade de melhorias quanto ao algoritmo decorreção por atenuação que ainda se fundamenta numajuste logaritmo com a distância ao radar. A mobilidadedo radar meteorológico MXPOL faz dele uma excelenteferramenta para experimentos onde a infra-estrutura sejalimitada ou inexistente (Pereira Filho et al., 2007).acumulada horário de 30%, 23%, 14% e 10% para oslimiares de 0,0, 0,2, 2,0 e 4,0 mm, respectivamente. Apesarde baixos, estes CSI são compatíveis com os obtidos porPereira Filho et al. (1999) para eventos convectivos delatitudes médias, exceto para uma resolução espacial10 vezes maior neste estudo. <strong>No</strong> período deste estudo,analisaram-se sete eventos de FF, dez eventos de LI e oitode CI. Os CSI desses eventos estão mostrados na Figura7. O melhor desempenho do Modelo ARPS foi obtidopara as previsões de FF com CSI de 47%. O desempenhomáximo do modelo para LI e CI são 20% e 18%,respectivamente. Sugere-se que este comportamentoesteja relacionado à estrutura e organização dos sistemas.Sistemas com maior organização e persistência sãomais facilmente monitorados e previstos com as redes emétodos de assimilação de dados existentes.Figura 6: Evolução temporal dos índices de desempenho CSImédios do Modelo ARPS para limites de precipitação acumuladade 0,0, 0,2, 2,0 e 4,0 mm, indicadas pelas curvas na seqüência decima para baixo, respectivamente.3. RESULTADOS3.1. Previsão de Precipitação com o Modelo ARPSA Figura 6 mostra os índices CSI do Modelo ARPSpara todos os eventos de chuva no período de fevereiroa março de 2006. <strong>No</strong>ta-se que o modelo tem melhordesempenho após 20 horas de previsão, que coincidecom o período de máxima atividade da convecção. O CSIdecresce rapidamente com o aumento do limiar de chuvaFigura7: Evolução temporal do desempenho do Modelo ARPS naprevisão de FF (curva superior), LI (curva do meio) e CI (curva inferior).Foram utilizados 7, 10 e 8 eventos de FF, LI e CI, respectivamente.47


Boletim SBMET ago.-dez. <strong>2008</strong>Os CSIs aqui apresentados são coerentes com osobtidos por Pereira Filho et al. (1999), exceto que asestatísticas aqui são maiores e para previsões comresolução espacial de 2 km x 2 km. O modelo ARPSapresentou spin-up da precipitação, problema comumem todos os modelos de previsão (isto é, Pereira Filhoet al., 1999). As previsões realizadas as 0000 UTCobtiveram seu máximo de desempenho entre 18 h e 24h após o inicio da previsão, independente do sistemaatmosférico analisado. Isto sugere uma estratégia ótimade previsão para a região leste do Estado de São Paulo,particularmente no período de primavera e verão comchuvas mais freqüentes no período da tarde.As previsões de temperatura do ar, ventos e umidaderelativa com o sistema ARPS do ano de 2007 foramverificadas contra os dados da estação meteorológicado Aeroporto de Guarulhos (Figura 3). As previsõesnuméricas foram armazenadas com resolução temporalhorária. A operação do sistema ARPS foi interrompidaalguns dias ao longo do ano por causa de problemasdiversos, tais como acesso aos dados do modelo globaldo NCEP.Deste modo, no período de 10 de janeiro a 31 denovembro de 2007 (<strong>32</strong>4 dias), utilizaram-se 258 rodadasdo Modelo ARPS iniciadas as 0000 UTC, num totalde 6.192 h. As primeiras 8 h de cada rodada de 24 hde integração foram descartadas por causa do efeito despin-up na previsão de precipitação (Pereira Filho et al.,2006).Estes resultados preliminares indicam uma boacorrelação entre as medições e previsões de temperaturado ar, ventos e umidade relativa no ano de 2007, com umatendência do modelo a produzir temperaturas e umidadede menor amplitude e ventos mais intensos na área doAeroporto de Guarulhos. As previsões diárias do sistemaARPS esta no endereço: http://ftpdca.iag.usp.br/arps/.Figura 8: Diagrama de espalhamento entre a temperatura do armedida no Aeroporto de Guarulhos (EMA_GRU) e simuladacom o Modelo ARPS (ARPS_GRU), para o período de janeiroa novembro de 2007. Reta de regressão linear e coeficiente devariação estão indicados.A Figura 8 mostra o diagrama de espalhamento entreas temperaturas medidas e previstas. O Modelo ARPSreproduziu 84% da variância da temperatura do ar, commaior diferença entre as temperaturas mais baixas. Asrosas dos ventos medida e prevista para o Aeroporto deGuarulhos indicam que intensidades dos ventos e direçõessão compatíveis. O modelo tende a produzir ventos deNW-SE enquanto as medições indicam ventos de E-W.A Figura 9 mostra o diagrama de espalhamento entreas umidades relativas medidas e simuladas. O ModeloARPS reproduziu 59% da variância da umidade relativa,com maior diferença para umidade mais baixa. <strong>No</strong>ta-seque a umidade relativa nunca chega a 100% nas previsõesdo Modelo ARPS.Figura 9: Diagrama de espalhamento entre a umidade relativado ar medida no Aeroporto de Guarulhos (EMA_GRU) esimulada com o modelo ARPS (ARPS_GRU), para o períodode janeiro a novembro de 2007. Reta de regressão linear ecoeficiente de variação estão indicados.48


Boletim SBMET ago.-dez. <strong>2008</strong>Este módulo do SPH-BAT utilizará esquemasde assimilação de variáveis hidrometeorológicasmedidas pelas redes de superfície Micronet(RMSP) e Mesonet (Estado de São Paulo), dados deradares, inclusive o radar meteorológico MXPOL,radiossondagem e satélite de modo a melhorar odesempenho do modelo. Alternativas também devemser avaliadas quanto a previsão por conjuntos obtidosdos esquemas de parametrização e perturbações domodelo.3.2. Sistemas Precipitantes Monitorados como MXPOLRealizaram-se experimentos nos meses de abril, maio,setembro e novembro de 2007 para testes do sistemae identificação de possíveis sítios para operação doMXPOL. A Figura 10 mostra os três locais identificadosa partir de análises de mapas digitais e visitas a campo.A operação do radar MXPOL começou em 3/01/<strong>2008</strong>.Inicialmente, o sítio de operação foi decidido com basenas previsões numéricas do modelo ARPS da rodada da0000 UTC do dia anterior. Sistemas atmosféricos comdeslocamento de oeste seriam monitorados de Mogidas Cruzes, os com deslocamento de leste, de Baruerie, os estacionários sobre o litoral, na Praia Grande. Porexemplo, o radar MXPOL foi posicionado em Barueriem 3/01/<strong>2008</strong>, em Mogi das Cruzes em 4/01/<strong>2008</strong> e naPraia Grande em 14/01/<strong>2008</strong>.A Figura 11 mostra o campo de refletividadediferencial medida às 1650 UTC de 4/01/<strong>2008</strong> no sítiode Mogi das Cruzes. <strong>No</strong>ta-se na Figura 11 b um sistemaprecipitante próximo a Campinas com movimentopara leste com áreas de Z DR> 3,0 dB associados agotas grandes. O sistema ARPS previu corretamentea previsão de deslocamento de leste para o oesteem forma de bandas de precipitação. Entretanto, osistema monitorado pelo radar MXPOL foi menosorganizado e intenso do que o previsto pelo sistemaARPS. A Figura 11a mostra o campo das taxas deprecipitação estimadas com o radar meteorológico deSão Paulo. Há uma muito boa correlação da estruturaespacial do sistema precipitante monitorada porambos os radares. Entretanto, o campo de Z DRdo radara)b)c)Figura 10: Mapas de localização dos possíveis sítios de operação doradar MXPOL: a) na Praia Grande, b) Barueri, c) Mogi das Cruzes.Circunferências concêntricas indicam distâncias radiais ao MXPOLa cada 10 km. Cidades, estradas e topografia estão indicadas. Fonte:Google Maps (http://maps.google.com/maps).49


Boletim SBMET ago.-dez. <strong>2008</strong>MXPOL permite um maior e melhor detalhamentodo sistema precipitante quanto ao espectro de gotas erespectivas taxas de precipitação.A Figura 12 mostra a precipitação acumuladaestimada com o Radar meteorológico de São Paulo(RSP) e com o radar MXPOL em 29/01/<strong>2008</strong>. Osdados de precipitação medidos com a rede telemétricado Alto Tietê (não mostrado) indicam que o primeirosuperestimou o total acumulado em mais de 100%e, o segundo, subestimou. Cortes verticais realizadoscom o radar MXPOL (não mostrado) indicaram quehavia uma banda brilhante bem definida associada aoevento, o que explica em grande parte a precipitaçãoacumulada estimada com o RSP muito acima damedida pela rede telemétrica. Por outro lado, arefletividade do radar MXPOL é atenuada pelaprecipitação, mas, neste caso, podem-se utilizar asvariáveis polarimétricas (isto é, Z h, Z v, Z DR, K DPe φ DP)para melhorar a estimativa de precipitação. Estudosserão desenvolvidos com estas variáveis para estefim, uma das principais razões para se utilizar o radarMXPOL.A Figura 13 mostra o sistema precipitantemonitorado simultaneamente pelo RSP e MXPOLem 14/01/<strong>2008</strong>. O radar MXPOL estava no sítio daPraia Grande, a poucos quilômetros da Serra do Mar.O sistema de remoção de ecos de terreno do MXPOLpermitiu o monitoramento da célula de precipitaçãorasa próxima a Cubatão, conforme pode ser visto noplano yz da Figura 13 b. Este resultado indica que oradar MXPOL permite monitorar áreas de encostasem situações pós-frontais que produzem sistemasprecipitantes rasos (quentes) que podem perdurar porvários dias e causar deslizamentos e escorregamentos,muito freqüentes em São Paulo.A seqüência de campos de refletividade máxima doradar MXPOL da Figura 14 em 10/01/<strong>2008</strong> evidenciaa penetração da frente de brisa marítima, que disparouuma célula convectiva na região de Guarulhos porvolta das 1845 UTC. Nas respectivas imagens do RSP(Figura 15) o sistema foi detectado mais de 30 minutosdepois. Este resultado preliminar sugere que nestascondições há um aumento no intervalo de previsão àfrente da de mais de 30 minutos.50As Figuras 16 e 17 apresentam resultados similaresdo RSP e MXPOL, respectivamente, para o dia 10de janeiro de <strong>2008</strong>. Neste caso, a frente de brisa émais bem definida, pois a válvula de fechamentoda recepção do canal horizontal do radar havia sidosubstituída por uma nova (leia mais abaixo), o quepermitiu um aumento na potência do sinal de retornono canal horizontal. <strong>No</strong>ta-se que a brisa passa pelaRMSP e produz levantamento e células convectivascerca de 50 minutos depois, embora, neste caso, oevento não tenho sido muito intenso.Em virtude da ainda precariedade da infra-estruturanos sítios de Praia Grande e Mogi das Cruzes, optousepor operar o radar móvel MXPOL no sítio deBarueri neste fim de período chuvoso. Durante aoperação do radar MXPOL no sítio de Barueri, nodia 16/01/<strong>2008</strong>, estabeleceu-se contato com a DefesaCivil daquele município, que indicou haver grandeinteresse em cooperar para operar o radar MXPOL.Houve uma reunião com o Secretário de Segurançada Prefeitura do Município de Barueri (SSPMB), Cel.Edson Santos da Silva, em 18 de janeiro, quando foiproposto um convênio entre o LadHidro do IAG/USP com a referida Secretaria. A minuta de convênioapresentada pelo IAG/USP foi aprovada pela SSPMBe, deve ser assinada em breve. Concomitantemente,a Prefeitura selecionou oito servidores da GuardaCivil Metropolitana para serem treinados na operaçãodo radar MXPOL. A Figura 18 mostra o Grupo deOperação do Radar (GOR) em 2/02/<strong>2008</strong>, após oencerramento do treinamento, realizado entre 21e 30 de janeiro de <strong>2008</strong>. A equipe é composta deservidores com nível superior completo ou em fase deconclusão que trabalham na Defesa Civil de Barueri.Inicialmente, a equipe de operação era composta docoordenador do projeto, estudantes de pós-graduação ede graduação e motoristas do IAG/USP para conduçãodo caminhão. O período de operação inicial foi do fimda manhã ao início da noite. A partir de 12/02/<strong>2008</strong>, aoperação do radar MXPOL passou a ser de 24 horas,com turnos de 8 horas cada um, durante sete dias dasemana. Destaque-se também que a energia elétrica esistema de comunicação serão providos pela SSPMB.O radar MXPOL operou com o gerador a Diesel atéa manhã de 19 de fevereiro e, com a instalação dos


Boletim SBMET ago.-dez. <strong>2008</strong>a)b)Figura 11: CAPPI de 3 km das taxasde precipitação (mm) estimadas como: a) radar meteorológico de SãoPaulo, num raio de 240 km, b) PPIde 0,6º do campo de refletividadediferencial (Z DR) medido pelo radarMXPOL no Pico do Urubu, Mogi dasCruzes, às 1650 UTC de 4/01/<strong>2008</strong>.Escala em tons de cinza em (b)indica valores de Z DR. Topografia,azimutes e distâncias radiais estãotambém indicados.a)b)Figura 12: Campos de precipitaçãoacumulada (mm) com o: a) radarmeteorológico de São Paulo numraio de 240 km, b) radar MXPOLnum raio de 100 km entre 1500UTC e 2200 UTC de 29/01/<strong>2008</strong>.Escala em tons de cinza indicamacumulações.a)b)Figura 13: Campos da taxa deprecipitação (mm) do: a) radarmeteorológico de São Paulo, b)refletividade máxima (dBZ) nosplanos xy, xz, e yz medidos pelo radarMXPOL às 1940 UTC de 14/01/<strong>2008</strong>.Escalas em tons de cinza indicamrespectivas intensidades.51


Boletim SBMET ago.-dez. <strong>2008</strong>Figura 14: Campos da refletividade máxima(dBZ) nos planos xy, xz, e yz medidos peloradar MXPOL em 14/01/<strong>2008</strong> nos horáriosindicados. Escala em tons de cinza indicaintensidades.52Figura 15: Campos da taxa de precipitação(mm) do radar meteorológico de São Pauloem 14/01/<strong>2008</strong> nos horários indicados.Escala em tons de cinza indica intensidades.


Boletim SBMET ago.-dez. <strong>2008</strong>Figura 16: Similar à Figura 14,exceto para 12/02/<strong>2008</strong>.conectores de eletricidade, passou a ser operado coma rede elétrica. Providências foram tomadas para seestabelecer a comunicação via micro-ondas do sítio doradar MXPOL com um roteador em Alphaville e, desteponto, para o IAG/USP. Até o momento, a transmissãode dados é realizada via linha de celular (GPRS), queé bastante lenta é com falhas muito freqüentes. Porcausa disso, apenas produtos tais como CAPPI e PPIda refletividade e velocidade radial são enviados emtempo atual. Os dados estão disponíveis no sítio: ftp://ftpdca.iag.usp.br/labhidro/mxpol/.Os dados brutos no formato SIGMET serãotransformados para o Formato Universal (do inglês,Universal Format - UF) para permitir a sua leitura emqualquer sistema operacional. O formato SIGMETrequer a utilização do sistema operacional LinuxEnterprise para utilização do software denominado deIRIS, que pode ser baixado gratuitamente da internet,mas oferece recursos muito limitados, ou adquiridona versão completa por cerca de 40 mil dólares.Estas primeiras medições com o MXPOL53


Boletim SBMET ago.-dez. <strong>2008</strong>são inéditas e revelam ascaracterísticas de sistema detempo com altíssima resoluçãoespaço-temporal. O MXPOLmonitorou circulações na camadalimite planetária com nuvenscumulus de bom tempo até 60 kmde distância do radar, assinaturasde convergência e divergênciahorizontal, vorticidade relativae turbulência, característicasmicrofísicas de nuvens quentes efrias, a camada de derretimentode cristais de gelo e assinaturas docampo elétrico (não mostrado).As medições do MXPOL sãoconsistentes com as do RSP,a rede RINDAT e sondagem.Trata-se ainda do primeiroradar móvel polarimétrico a serutilizado operacionalmente emaplicações hidrometeorológicas.Figura 17: Similar à Figura 15, exceto para 12/02/<strong>2008</strong>.O MXPOL também seráfundamental na pesquisa básicapara estudos da microfísicada precipitação, eletricidadee dinâmica, quantificação deprecipitação e verificação,recuperação de dados 3D,intercomparações de dados,campanhas de medição emexperimentos, estudos de mesoescalae sinóticos, modelagemnumérica, assimilação eintegração de dados, entre outros.Além disso, o MXPOL seráutilizado no ensino de graduaçãoe pós-graduação, programas deextensão universitária e estudospara implantação de novossítios de radar meteorológico.O MXPOL representa umavanço acadêmico, depesquisa e operacional que foidisponibilizado pelo ProgramaSIHESP/FAPESP.54


Boletim SBMET ago.-dez. <strong>2008</strong>no período de maio a julho de 2007. Os diagramas deespalhamento das variáveis acima indicam coeficientesde variação da temperatura, umidade do ar, pressãoatmosférica e temperaturas de solo a 0, 10 e 40 cm são0,99; 0,99; 0,98; 0,95; 0,90 e 0,97, respectivamente(Figura 21). Estes resultados mostram uma boa acuráciadas medições dos sensores da EMA.Figura 18: Foto do grupo de operação do radar MXPOL na Baseda Guarda Civil Municipal de Barueri. Em pé, da esquerda paraa direita: Supervisor Leal, Mecânico Carlos (IAG/USP), InspetorDomingues, GCM Agostinho, Eng. Higor (Atmos), GCM LuizAlberto, Eng. Paulo (Atmos), GCM Moisés e GCM Medeiros.Sentados, da esquerda para a direita: Motoristas Cristivão, Élio eAugusto (IAG/USP), GCM Sarai e GCM Plácido.O sistema de previsão hidrometeorológico incluiainda o monitoramento de superfície por meio deuma rede de estações meteorológicas automáticas aserem instaladas na RMSP, com resolução espacial daordem de 15 km denominada de Micronet. A Figura19 mostra a distribuição espacial da rede Micronetideal. Recentemente, instalou-se uma EMA no cercadada estação meteorológica do IAG USP (Figura 20),a primeira de um conjunto de vinte EMAs a sereminstaladas para o monitoramento do tempo e previsão dotempo a curtíssimo prazo. A Figura 20 mostra o cercadometeorológico com a EMA instalada em 17 de abril de2007 que comporá a rede Micronet. As variáveis medidassão temperatura do ar ( o C) e umidade relativa (%) a 1,5 mde altura, direção (graus) e intensidade do vento (m s -1 ) a10 m de altura, precipitação (mm), pressão atmosférica(hPa), radiação solar ( W m -2 ) e temperatura de solo a 0,5, 10, 20, 30 e 40 cm de profundidade. Trata-se de umaEMA da Campbell Scientific do Brasil adquirida comrecursos do Programa SIHESP/FAPESP. Essas variáveistêm sido medidas a intervalos de 5 minutos desde 17de abril de 2007. A EMA replica as medições da EMIAG/USP. Efetuaram-se comparações de medidas detemperatura, umidade relativa e pressão atmosféricaFigura 19: Imagem do satélite LANDSAT-14 da RMSP.Letras N indicam locais de instalação de estações meteorológicasautomáticas da rede Micronet. A área indicada corresponde aoParque Estadual e Fontes do Ipiranga (PEFI) onde foi instalada umaestação meteorológica automática.Figura 20: Foto do cercado da Estação Meteorológica do IAG/USP com o abrigo meteorológico no primeiro plano, pluviômetrosno segundo plano e torre metálica da Estação MeteorológicaAutomática ao fundo.55


Boletim SBMET ago.-dez. <strong>2008</strong>Figura 21: Diagramas de espalhamento de variáveis meteorológicas medidas pela EM e EMA do IAG/USP nos meses de maio, junho e julhode 2007. Estão indicados os coefi cientes de variação da reta de regressão entre os dados ajustada pelo método dos mínimos quadrados. Astemperaturas de solo estão indicadas por Tsxx, onde xx=profundidade (cm).56


Boletim SBMET ago.-dez. <strong>2008</strong>4. CONCLUSÃOOs resultados aqui apresentados indicam aviabilidade de ambos os métodos de previsãode precipitação para o SPH, que esta em fase deimplantação na bacia do Alto Tietê. As previsões deprecipitação com o ARPS mostram que estas tendema melhorar com o grau de organização espacial dossistemas precipitantes e com o tempo de integração domodelo até 20 horas à frente. Neste intervalo de tempo,os índices de sucesso crítico são maiores para frentesfrias (~0,5) e, menores para sistemas convectivosisolados (~0,15). Neste último caso, o radar MXPOLserá fundamental para a previsão de curtíssimo prazode tempestades severas na RMSP (Pereira Filho et al.,2005). Os resultados de experimentos e testes iniciaiscom o radar MXPOL são bastante promissores. OMXPOL permite a detecção de nuvens no seu estágiode formação inicial. Além disso, a polarimetria dualpermite a determinação de tipos e quantidades dehidrometeoros nos sistemas precipitantes e, assim,pode-se melhorar a quantificação de precipitação.O estabelecimento de uma rede de EMA na RMSPpermitirá uma análise espacial dos sistemas de tempo semprecedentes, com ganhos significativos para a previsãodo tempo de curtíssimo e curto prazo. <strong>No</strong> âmbito da redeMicronet a ser estabelecida, há necessidade tambémde um laboratório de calibração e aferição de sensoresmeteorológicos, bem como um controle de qualidadede dados para permitiu a avaliação de fenômenos detempo de curta duração e baixa amplitude que podemgerar sistemas de tempo adversos. A rede Micronetpossibilitará a implantação de um módulo de camadalimite urbana ao modelo ARPS, denominado de TEB-Tque permita similar e prever a evolução espaço-temporaldas circulações geradas pela ilha de calor urbana (PereiraFilho et al., 2005).5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASBarros, M. T. L.; Pereira Filho, A. J.; Gandu, A.W.; Hallak, R.; Andrioli, C. P. Impacto hidrológico dasprecipitações observadas na região metropolitana de SãoPaulo nos dias 04 de fevereiro de 2004 e 29 de janeirode 2004. XIII Congresso Brasileiro de Meteorologia,Fortaleza, CE. Anais, 2004.Blanco, C. M. R.; Massambani, O. Orographicenhancement in São Paulo - Brazil: a preliminary casestudy. 28 th Conference on Radar Meteorology., Texas,MAS. Anais, 1997.Borges, A. S.; Pereira Filho, A. J. Análise dascondições meteorológicas de superfície antecedentesà precipitação de origem convectiva na Cidade de SãoPaulo. XI Congresso Brasileiro de Meteorologia e IISeminário de Brasileiro de Hidrologia, Rio de Janeiro.Anais, 2000.Braga Jr., B. P. F; Barros, M. T. L. O Sistemade Alerta a Inundações da Cidade de São Paulo.Telemetria e Sensoriamento Remoto com Aplicaçõesem Hidrologia e Meteorologia. Curitiba, FINEP, 1992.Braseth, A. M. Statistical interpolation by means ofsuccessive corrections. Tellus, 38A:439-447, 1986.Bringi, V. N.; Chandrasekar, V. PolarimetricDoppler Weather Radar: Principles and Applications.Cambridge Press, 2001, 636 p.Brock, F. V.; Crawford, K. C.; Elliott, R. L.; Cuperus,G. W.; Stadler, S. J.; Johnson, H. L.; Eilts, M. D. TheOklahoma Mesonet: A technical overview. J. Atmos.and Oc. Tech., 12:5-19, 1995.Brock, F. V.; Richardson, S. J. Meteorologicalmeasurement systems. Oxford Univ. Press, 2001, 290pp.Caylor, I. J.; Chandrasekar, V. Time-varying icecrystal orientation in thunderstorms observed withmultiparameter radar. IEEE Trans. Geosci. RemoteSens., 34:847-858, 1996.Chou, M.-D. A solar radiation model for climatestudies. J. Atmos. Sci., 49:762-772, 1992.57


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Boletim SBMET ago.-dez. <strong>2008</strong>Pereira Filho, A.J.; Silva Dias, M. A. F.; Albrecht, R.I.; Pereira, L. G. P.; Tokay, A.; Rutledge, S. Multisensoranalysis of a squall line in the Amazon Region. J. ofGeophys. Res., 107, NO. D20, 8084, 21-1,12, Doi:10.1029/2002J000305, LBA Special Issue, 2002.Pereira Filho, A. J.; Vemado, F.; Hallak, R.; Haas, R.Desempenho das previsões do modelo ARPS para SãoPaulo. XVI CBMET. Florianópolis, SC. Anais, 2006.Pflaum, J. C.; Hooke, W. H. Hydrometeorlogicalactivities of the U.S. Weather Research program.Conference on Hydrology, Am. Meteor. Soc., 195-200, 1995.Ponce, V. M. Engineering hydrology – principlesand practices. Prentice Hall. 1989, 640p.Rocco, M. R.; Pereira Filho, A. J. Microphysicalcharacterization of a squall line in TRMM LBA usingdual-polarization radar measurements. 31st InternationalConference on Radar Meteorology, Seattle, Washington,EEUU. Anais, 8B2, 2003.Tao, W.-K.; Simpson, J. Goddard cumulus ensemblemodel. Part I: Model description. Terres. Atmos. OceanSci., 4:35-72, 1993.Xue, M.; Droegemeier, K. K., Wong, V. TheAdvanced Regional Prediction System (ARPS) - Amulti-scale nonhydrostatic atmospheric simulationand prediction model. Part I: Model dynamics andverification. Meteor. Atmos. Phys., 75:161-193, 2000.Xue, M.; Droegemeier, K. K.; Wong, W.; Shapiro,A.; Brewster, K. Advanced Regional PredictionSystem Users Guide. University of Oklahoma, USA,1995, 380 p.Xue, M.; Martin, W. J. A high-resolution modelingstudy of the 24 May 2002 dryline case during IHOP.Part II: Horizontal Convective Rolls and ConvectiveInitiation. Mon. Wea. Rev., 134:172-191, 2006.Xue, M.; Wang, D.-H.; Gao, J.; Brewster, K.;Droegemeier, K. KThe Advanced Regional PredictionSystem (ARPS), storm-scale numerical weatherprediction and data assimilation. Meteor. Atmos. Phys.,82:139-170, 2003.Yang, R.; Fennessy, M. J.; Shukla, J. The influenceof initial soil wetness on medium-range surface weatherforecasts. Mon. Wea. Rev., 122:471-485, 1994.6. AGRADECIMENTOSO primeiro autor gostaria de agradecer o suporterecebido da FAPESP (13952-2) e CNPq (300456/2005-0).Os autores são gratos aos funcionários do IAG/USP, daSecretaria de Segurança e Defesa Civil do Município deBarueri e da Atmos Systems Ltda. que participam diretaou indiretamente do projeto do radar meteorológicoMXPOL. Aos revisores anônimos que muito melhorama organização e redação deste artigo.Xue, M.; Droegemeier, K. K., Wong; V., ShapiroA.;Brewster, K.; Carr, F.; Weber, D., Liu; Y., Wang, D.-H.The Advanced Regional Prediction System (ARPS) - Amulti-scale nonhydrostatic atmospheric simulation andprediction model. Part II: Model physics and applications.Meteor. Atmos. Phys., 76:143-165, 2001.60


Boletim SBMET ago.-dez. <strong>2008</strong>MUDANÇAS CLIMÁTICAS NAS CIDADES EINTERFERÊNCIAS COM O AQUECIMENTO GLOBALTeresinha de Maria Bezerra Sampaio Xavier 1 , Augusto José Pereira Filho 2 , Airton Fontenele SampaioXavier 3 , Pedro Leite da Silva Dias 41ACECI - Academia Cearense de Ciências; UFC, Fortaleza, CE2Universidade de São Paulo, Rua do Matão, 1226, São Paulo, SP, 05508-0903ACECI, MPCOMP-UECE-CEFET, Fortaleza-CE4LNCC, Av. Getúlio Vargas, 333, Quitandinha, Petrópolis, RJ – 25651-075E-mails: txavier@secrel.com.br, apereira@model.iag.usp.br, axavier@secrel.com.br, pldsdias@lncc.br1. INTRODUÇÃOParte-se da constatação que há cerca de um século,ou mais, ocorre aumento gradativo das temperaturasna Terra, mais nitidamente desde o início do SéculoXX, mas de forma exacerbada no decorrer dos últimos30 anos. O aumento refere-se a temperaturas do ar nosdois hemisférios, com predominância do Hemisfério<strong>No</strong>rte (HN) e, ainda, em função de temperaturas daságuas oceânicas. Tudo envolvendo, em conjunto, o“Aquecimento Global” (Xavier e Xavier, 2007).É inconteste, em particular, que as cidadescontinuam aquecendo. Assim, a “ilha de calor”traduz-se por temperaturas mais altas quando secompara uma área urbana com áreas rurais vizinhas.O aquecimento refere-se não só às temperaturas desuperfície, mas a todo um domo de calor sobre acidade. A constatação de tal aquecimento urbano jádata de quase dois séculos, desde Howard (1818-20)com estudos para Londres e com respeito à Paris,veja-se a monografia de Dettwiller (1970).A secção central deste artigo trata de investigaçõespróprias e/ou de colaboradores, sobre alteraçõesclimáticas na Região Metropolitana de São Paulo(RMSP); como no Ceará, para a Região Metropolitanade Fortaleza - RMF (Xavier (2001, 2007); Xavieret al. (2007); IAG/USP (2007)); remetendo a umabibliografia complementar e a artigos dos autoresdessa matéria em periódicos, anais de congressos,relatórios de pesquisa e conferências. Um documentoprévio refere-se à apresentação de Xavier (<strong>2008</strong>)na Mesa-Redonda de abertura do XV CongressoBrasileiro de Meteorologia. Discutem-se aspectosvisando aclarar as relações gerais do clima nascidades com o problema mais amplo do aquecimentoglobal. Em cidades com maiores discrepânciastérmicas, estacionais e/ou diárias, os contrastes serãomarcantes em certos trimestres do ano, ou horários.O aquecimento urbano pode receber influência dosventos, cujos regimes nas cidades, não guardamrelações estreitas com o aquecimento global.Finalmente, à ilha de calor costuma associar-se ilhade baixa umidade. Considera-se problemas correlatos,como o aumento do nível do mar.2. DADOS OBSERVACIONAIS E METODOLOGIAEsta seção trata das fontes dos dados detemperaturas de superfície e umidade relativa, eoutros dados climáticos na RMSP e na RMF.2.1. Dados Climáticos Para a RMSP e a RMFConsideram-se dados diários/mensais detemperatura do ar, umidade relativa e vento(direção e intensidade) para 1936-2005, da EstaçãoMeteorológica Automática (EMA) E3-036 do IAG/USP, no Parque Estadual das Fontes do Ipiranga(PEFI)/Barra Funda, na Cidade de São Paulo, de61


Boletim SBMET ago.-dez. <strong>2008</strong>coordenadas 23 0 39´ S e 46 0 38´ W, situada a 799,2 m.O parque insere-se em extensa área verde. Por voltade 1933 e anos seguintes, podendo considerar-se“extra-muros” à cidade, isto é, de situação periféricacom respeito à área urbana. Mas, gradualmente,englobado pela “urbe” e transformado em enclaveverde circundado por áreas densamente construídas.Demais, ante a qualidade intrínseca dos seus dados,a EMA do IAG/USP considera-se laboratório naturalno estudo de alterações ligadas à urbanização epoluição.Para a RMF utilizaram-se dados de duas estações:1º) do Campus do Pici/Universidade Federal doCeará, mantida com apoio do INMET/WMO; 2º) daSecretaria de Recursos Hídricos (SRH)/FUNCEME.2.2. MetodologiaAplicaram-se Análises de Variância (ANOVA) eRegressão (AR) linear e curvilínea, como técnicascomplementares entre si (Xavier, 2001, 2006; Xavieret al., 2007). Por outro lado, utilizam-se recursosgráficos multivariados, a par do uso da Linguagem R(Xavier et al., 2007, op. cit. Anexo 1, p. 213-216). AANOVA é raramente utilizada por meteorologistas noBrasil, apesar de ser procedimento clássico. Contudo,visitada por especialistas em agrometeorologia eagroclimatologia, em especial se oriundos da áreaagronômica propriamente dita. Por outro lado,causa espécie que essas técnicas sejam muitas vezesaplicadas sem o apoio de testes de significânciaestatística, o que é obrigatório.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO3.1. Ilha de Calor e outras Mudanças em ÁreasUrbanasGases e aerossóis na atmosfera são os principaisfatores do aquecimento global. Aporte suplementardecorre das ilhas de calor sobre áreas urbanas. Defato, a junção dessas ilhas de temperaturas mais altasque no meio rural, pode representar contribuiçãoimportante ao acréscimo progressivo de temperaturasna superfície terrestre. Trata-se de mecanismo poucoexplicitado na literatura científica, decerto por sereferir a uma origem local; sem dúvida, omissãoimperdoável. Na verdade o aquecimento nas cidadesé fenômeno intra-urbano, decerto ocorrendo desdeos primórdios da civilização, em função de comoas cidades são criadas, envolvendo agressões aomeio natural. Sabe-se que uma ilha de calor semprese associa à cidade, independente de seu tamanho.Ou seja, mesmo um pequeno aglomerado urbanoou qualquer ajuntamento de edifícios, de pedra ouconcreto, costuma criar sua “mini” ilha de calor.De fato, é difícil separar a contribuição daprópria cidade para seu aquecimento “intra-muros”,daquela proveniente do aquecimento regional,hemisférico ou global. Por ser difícil separar taisdistintas contribuições, seria incorreto querercomprovar o aquecimento global a partir de medidasexclusivamente em meio urbano. Como se tem visto,para Campinas, Piracicaba ou mesmo São Paulo eseu entorno metropolitano. <strong>No</strong> caso, caberia efetuarinvestigações paralelas, com base no que ocorre emestações climáticas fora das cidades, em meio ruralou floresta.Por último, uma vez que nas cidades sãoproduzidos tanto gases como aerossóis poluentes,em última análise os habitantes de centros urbanosacabam partícipes, para não dizer também grandesresponsáveis pelo aquecimento global.3.1.1. Temperaturas de Superfície na Estaçãodo IAG/USP-Barra Funda (1936-2005)São relatados a seguir alguns resultados sobrea variação de dados envolvidos na ilha de calorextraídos de IAG/USP (<strong>2008</strong>) e Xavier et al. (<strong>2008</strong>a).Na Figura 1a denota-se aumento progressivo dastemperaturas médias mensais, em JANEIRO (1936 a2005), com 4 (quatro) classes consecutivas de 18, 17,18 e 17 anos, respectivamente, através da ANOVA,cuja probabilidade de erro é p=0,0002. Os segmentosverticais representam, para as várias classes, intervalos62


Boletim SBMET ago.-dez. <strong>2008</strong>de confiança ao nível probabilístico de 95%. Na Figura2 b, em JANEIRO, o aumento é ainda significativo,com p=0,0005; agora, considerando sete classes oudécadas: 1936-45, 1946-55, ....., 1996-2005. <strong>No</strong> caso,o aumento de temperatura é mais importante nas duasúltimas décadas. Denota-se análogo comportamentoem FEVEREIRO (não mostrada), com p=0,0001,para 4 e 7 classes, respectivamente; e MARÇO (nãomostrada), com p=0,0000, também para 4 e 7 classes,respectivamente. Por fim, nos TRIMESTRES 2, 3 e4, com p=0,0000 e 7 classes.nesse trimestre, da ordem de 0,0383 0 C/ano. Dondeaumento estimado, no período 1936-2005, iguala 70 x 0,00383 = 2,68 °C. Na Figura 2b, verificaseque a regressão revela uma observação anômala(outlier) ou ponto isolado, próximo ao eixo dasabscissas. <strong>No</strong>te-se que, claramente, a ANOVA e aAR funcionam como procedimentos fornecendoinformações complementares, entre si.(a)(a)(b)(b)Figura 1: Evolução da temperatura média em JANEIRO (1936 a 2005)pela ANOVA, com: a) k = 4 (quatro classes consecutivas, p=0,0002) de18, 17, 18 e 17 anos, respectivamente, b) k=7 (sete classes ou décadas,p=0,0005), IAG/USP/Parque do Estado/Barra Funda/Cidade de SãoPaulo.Mostra-se, agora, como o incremento dastemperaturas pode ser avaliado pela Regressão.Conforme as Figuras 2 a e b, respectivamente. NaFigura 2 a, verifica-se que a regressão é altamentesignificativa, com p=0,0000. Obtida a equaçãode regressão linear: y= - 56,045 + 0,0383 x, estarevela incremento médio das temperaturas médias,Figura 2: Evolução da temperatura média (1936 a 2005) pelaAR Linear, como procedimento complementar à ANOVA, para: a)TRIMESTRE 4 (out.-nov.-dez.), com p=0,0002, b) TRIMESTRES2 (abr.-mai.-jun.), com p=0,0005, para IAG/USP/Parque do Estado/Cidade de São Paulo.3.1.2. Umidade Relativa na Estação do IAG/USPBarra Funda (1936-2005)Nas Figuras 3 a, b e c, respectivamente comprovasequeda da umidade relativa na área urbana (“ilha debaixa umidade”); em função, não só das temperaturasmais elevadas na cidade porém, ainda, pela diminuiçãodo “verde”. Finalmente, também foi feito umaavaliação do decremento da umidade relativa poderiaser empreendida pela Regressão (gráfico omitido).63


Boletim SBMET ago.-dez. <strong>2008</strong>(a)mais altas no entorno próximo ao parque, seja a maior“rugosidade” em área circundante mais extensa,como resultante do veloz processo de urbanização:IAG/USP (2007), Xavier, Pereira e Silva Dias (<strong>2008</strong>b).(a)(b)(b)(c)Figura 4: Evolução da velocidade (intensidade) média do vento emmarço (1936 a 2005) pela AR linear e quadrática, com p=0,0000.IAG/USP/Parque do Estado/Cidade de São Paulo.3.1.4. O Vento em Cidades LitorâneasFigura 3: Evolução da umidade relativa (1936-2005), para oTRIMESTRE 4, para intervalos de confi ança na ANOVA, k=7 classes(décadas), com erro p=0,0000 (IAG/USP/Parque do Estado/Cidade de São Paulo) utilizando distintos recursos gráficos,com informações complementares, entre si, para: a) intervalosde confi ança na ANOVA, b) observações individuais, nas váriasclasses, c) “Box e Whisker Plot”.3.1.3. Intensidade do Vento na EM do IAG/USP-Barra Funda (1936-2005)Nas Figuras 4 a e b, tem-se a análise da quedada velocidade do vento, em MARÇO, por regressõeslinear e quadrática, com p=0,000. Na verdade, épossível que esta queda no Parque do Estado ocorresseem função, seja da sua barragem por construçõesEm urbes litorâneas, como Fortaleza-CE eoutras cidades à beira-mar, a “ilha de calor” e o“desconforto térmico” podem intensificar-se devidoà “verticalização” urbana, máxime na orla marítima,como decorrência da especulação imobiliária quepromove a construção de edifícios muito elevadose territorialmente adensados. Ou seja, formandofalésias artificiais que servem de barreira à penetraçãoda brisa (Xavier, 2001, Cap. 12, p. 385–407).De julho a dezembro, em 1974-2005, a queda daintensidade do vento alcança até 50%, ao compararas medidas na orla com aquelas dentro da cidade. Aocontrário, espaços entre os blocos de edifícios podemconstituir canyons nos quais a velocidade do ventoalcança valores muito grandes, inclusive com rajadas64


Boletim SBMET ago.-dez. <strong>2008</strong>de certa intensidade. Porém, ventos muito fortes nolitoral podem ainda resultar da penetração de ondasde leste ligadas, em geral, a mudanças climáticas noOceano Atlântico intertropical nas proximidades dacosta africana.3.2. Papéis dos dois Hemisférios para oAquecimento GlobalO aquecimento com origem no somatório das “ilhasde calor” é decerto mais importante no Hemisfério<strong>No</strong>rte, bem mais continental que o Hemisfério Sul.Além disso, a contribuição à poluição atmosféricatambém é mais importante nos países industriaisdo norte, em vista da elevada concentração deplantas industriais e, ainda, em função da circulaçãoautomotora, etc. Ou seja, processos ligados à queimade combustíveis fósseis, como carvão, gás natural epetróleo. Mas não é apenas a continentalidade quecontribui para maior aquecimento, ao norte. De fato,o somatório das “ilhas de calor” seria ainda maisimportante no referido hemisfério; pois, ali, maioradensamento de centros urbanos pode se constatarpor imagens de satélite mostrando a distribuiçãode pontos brilhantes correspondendo à iluminaçãoartificial, noturna, das cidades (colagem de imagensparciais de todo o planeta, no mesmo horário noturno).Uma imagem da NASA mostra que o aquecimentoresulta realmente bem maior, ao norte (ao norte, de1 0 C a 4 0 C; ao sul, de 0,2 0 C a 1 0 C). Conforme aFigura 5. Demais, a poluição da neve no hemisférionorte é outro fator. Com efeito, a neve suja (escura)[dirty snow] absorve calor, já a neve não poluída(branca) reflete a radiação solar (ver Figura 6). Jána Figura 7, mostra-se a distribuição dos teores deCO na atmosfera, resultante de queimadas, numaimagem recobrindo parte das Américas e da África.Observe-se que as maiores concentrações ocorrem noHemisfério Sul, pelas queimadas na Amazônia e nosul da África. Na Figura 8, imagem análoga, global,não comentada.Figura 5: Aquecimento no Hemisfério <strong>No</strong>rte e Hemisfério Sul.Fonte: NASA.Figura 6: Contribuição da Neve Suja.Fonte: University of California Irving/C. Zender.Figura 7: Distribuição de CO, pela Imagem AIRS do Satélite Acqua.Fonte: Mission News, NASA, de 25/07/2007.Figura 8: Distribuição Global de CO, pela Imagem AIRS do SatéliteAcqua.Fonte: JPL, NASA, 25/07/2007.65


Boletim SBMET ago.-dez. <strong>2008</strong>Tais imagens são apresentadas para evidenciar que,embora seja o Hemisfério <strong>No</strong>rte o principal responsávelpelo aquecimento global, também cabe aos habitantesdo Hemisfério Sul (e respectivos governos) assumiremsua parcela de responsabilidade. Com efeito, os mesmosmecanismos “predatórios” são aí também exercidos,embora em menor escala. À parte de parâmetros jáexpressivos no tocante a uma agressão à coberturavegetal (bosques e florestas), inclusive para finsagrícolas e de pastoreio. Somem-se, pois, as agressõesà floresta amazônica, ao cerrados, ao pantanal, ao semiárido,através de queimadas, derrubadas, etc.3.3. A Questão do Nível do MarEmbora a tendência de aumento do nível do mar,segundo prognósticos do IPCC e de acordo com recentesconstatações científicas (degelo no ártico, etc.) sejadificilmente contestada, não obstante, tem sido questãoexplorada de forma incorreta ou exagerada, na mídia, ouaté por “especialistas”. Não se deseja polemizar, dondenão serem citadas fontes envolvendo tal tratamentoimpróprio, principalmente se de origem supostamente“científica”. Entre os exageros, atribuir ao “aquecimentoglobal” eventos de diversas naturezas, apresentadoscomo se fossem situações de aumento real do nível domar: a) efeito de ressacas ou marés excepcionais; b)acomodação da linha de costa, por motivos naturais,seja em função de diferentes obras de engenharia, comuma sub-seqüente alteração das correntes litorâneas emovimentação de sedimentos; c) subida aparente donível do mar por “afundamento geológico” (seria ocaso ocorrido em Macaé/RJ); etc. Com efeito, emboraprognósticos do IPCC apontem para um aumentosignificativo do nível do mar, a partir das próximasdécadas, contudo, as alterações até agora detectadas sãoainda de pequena monta. Embora se devesse reavaliaro papel, a médio e longo prazo, de recentes episódiosde degelo exacerbado no Ártico e Antártida. Demais,como se sabe, a medida real do “nível do mar” é questãotecnicamente difícil (mesmo dispondo de medidas porsatélite), pois exige comparação com medidas em áreasmarítimas geologicamente estáveis, além de consideraro efeito das marés, a ação de “marés da crosta”, etc.Em particular, avanços mais significativos do marnas costas cearenses, até o presente, costumam sedar, realmente, por causas já mencionadas acima. EmFortaleza, lembre-se o caso das destruições pelo marna praia de Iracema (década de 40), em decorrênciade vários fatores, como alterações das correntes emfunção do grande espigão para o porto de Fortaleza.Posteriormente, na praia do Pacheco e depois no Icaraíe outras praias no litoral a oeste de Fortaleza, pormotivos análogos. Contudo, fatos desta natureza nãosão novos, pois há relatos de “ressacas” de grande alturaem passado mais recuado. Como em “<strong>No</strong>ta” na “Rev.do Instituto do Ceará” (1901, p. 107-109, sob o título“A Grande Maré”).3.3.1. Eventos no Litoral da Zona da Mata (litoralleste do <strong>No</strong>rdeste brasileiro)Em todo o litoral leste do <strong>No</strong>rdeste, na zona da mata(desde parte do Rio Grande do <strong>No</strong>rte, como tambémem Recife e Olinda, até ao Recôncavo baiano) eventosde chuvas fortes trazidas por ondas de leste, decerto seacompanham de vagas poderosas, impulsionadas pelovento, capazes de provocar estragos e até danos maioresem edificações e estruturas à beira-mar. Trabalhorecente, assinado por oceanógrafos (não citado, tambémpara evitar polêmica) atribui fatos desta natureza, semdúvida erroneamente, ao problema do “aumento donível do mar” (em Recife, Olinda, etc).4. CONSIDERAÇÕES FINAISÉ claro que no futuro, no litoral leste do <strong>No</strong>rdeste,a conjunção de fatores [ondas fortes impulsionadospor ondas de leste mais o aumento real do nível domar] poderá vir a causar problemas ainda maiores. Naverdade, com a tendência do aquecimento crescente nacosta da África, no Golfo de Guiné e ao sul da linhaequatorial, possa vir a se intensificar o fenômeno dasondas de leste donde resultar bem maiores os desgastesna linha litorânea. Veja-se a respeito Xavier et al. (2000),Xavier (2005), Xavier et al. (2006, a-b), Xavier et al.(2006, c).Por outro lado, o aquecimento das cidades litorâneaspoderá se tornar problema ainda mais preocupante,devido à crescente especulação imobiliária. Emparticular, Fortaleza é uma cidade com grande atrasono trato de tais questões ambientais, a partir de umcódigo municipal equivocado quanto ao uso do espaço66


Boletim SBMET ago.-dez. <strong>2008</strong>geográfico, comparativamente a outras cidades, Aracaju,Maceió e João Pessoa. Caberia aos responsáveispela construção civil propugnarem por construçõesinteligentes capazes de criar condições mais humanasde vida. Embora algumas mudanças sejam atualmentepercebidas no setor, provavelmente pela exigência dapopulação por mais áreas verdes nos novos condomínioshabitacionais, horizontais ou verticais.Adendo importante refere-se ao fato de que aridezcompleta para todo o <strong>No</strong>rdeste, como indicam certosprognósticos, muito provavelmente, também constituium exagero. Com efeito, o aquecimento continuadode áreas do Oceano Atlântico intertropical na costa daÁfrica, implicará em chuvas também crescentes parao litoral leste da região e, provavelmente, para outrasáreas do <strong>No</strong>rdeste setentrional, em particular no Ceará.Deixou-se de considerar aspectos de ordemnosológica, com a tendência do alastramento e ampliaçãogeográfica do palco de doenças infecciosas, vetoriais ounão, em especial se de predomínio em áreas urbanas,como dengue, leptospirose e outras, sob impacto demudanças climáticas. Caso particular é a melioidose queaté agora, no Ceará, atingiu áreas predominantementerurais. Porém, esta, é uma entidade mórbida que tambémse instala em áreas urbanas, como ocorre em Singapura ena Austrália, e ainda na Índia, Hong-Kong, etc. Assim, noCeará, poderia chegar a atingir cidades de médio e mesmode maior porte, inclusive na RMF, o que seria completodesastre. Com efeito, se no caso do vetor do dengue já édifícil controlar caixas d´água e outros depósitos onde aslarvas proliferam, seria virtualmente impossível esterilizartodo o solo, habitat natural da bulkholderia pseudomallei,seu principal agente bacteriano.5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASDettwiller, J. Evolution Séculaire du Climatde Paris – Influences de l’Urbanisation. METEONationale, France, 1970, 83pp.Howard, L. The Climate of London (deduced fromMeteorological Observations made in the Metropolisand various places around), <strong>Volume</strong>s 1 e 2, 1818-1820.IAG/USP Evolução do Tempo e do Clima naRegião Metropolitana de São Paulo. São Paulo ,2007, 282pp. [Cap.6 Xavier e Pereira F o , “Análise dasMedições e Observações Meteorológico-Climáticasde Superfície”, p.123-231; Cap.7 – Pereira F o . eXavier, “Monitoramento Espacial do Tempo e doClima na Região Metropolitana de São Paulo”, p.233-263], 2007.Xavier, T.de Ma. B. S., Xavier, A. F. S.; Silva Dias,P. L. Temperature Changes at São Paulo -Brazil. Conf.on Environmemtrics on Brazil/7 th Internat. Conf. ofQuantitative Methods on Environmental Sci., Inst.Math. and Statistics, USP, July 22-26, Anais. 1996,3 p.Xavier, A. F. S., Xavier, T. de Ma. B. S.; Alves,J. Ma B. Evidências de variações climáticas noAtlântico Intertropical no período 1964-1999. XICBMET. Anais. CD-ROM, Rio de Janeiro, 2000.XAVIER, T. de Ma. B. S. TEMPO DE CHUVA- Estudos Climáticos e de Previsão para o Cearáe <strong>No</strong>rdeste Setentrional. ABC Editora, Fortaleza-Ceará, 2001, 478 pp.Xavier, T. de Ma. B. S.; Xavier, A. F. S. Aumentosdramáticos da TSM/SST em áreas e sub-áreas doAtlântico Intertropical Leste: 1950/64: I SimpósioInternacional de Climatologia. Anais. CD-ROM,2005, 8 p.Xavier, T. de Ma. B. S. Avanços na área declimatologia no Brasil: algumas considerações.BSBMET, vol. 30, n 0 2-3, p. 53-61, 2006.Xavier, A. F. S.; Xavier, T. de Ma. B. S.; Alves,J. Ma. B. Mudanças climáticas no Atlântico e suaanálise exploratória pela ´Linguagem´ R: 1. TSM nasadjacências da Costa Africana 1964-2005; 2. TSMnas proximidades das Américas 1964-2005. XIVCongresso Brasileiro de Meteorologia, Florianópolis,<strong>No</strong>v. 2006 a-b. Anais. CD-ROM.67


Boletim SBMET ago.-dez. <strong>2008</strong>Xavier, T. de Ma. B. S., Xavier, A. F. S.; Silva Dias,P. L. da; Silva Dias, Ma. A. F. Aumentos dramáticosda TSM/SST em áreas do Atlântico Intertropicalna costa africana, 1950/64-2005”, 1ª ConferênciaLusófona sobre o Sistema Terra, Lisboa, 22-24 demarço, 2006 c [Org. Comitê Nacional para o IGBP –Portugal/Resumos].Xavier, T. de Ma. B. S. Perspectivas deSustentabilidade dp Semi-árido <strong>No</strong>rdestino eAspectos da sua Hidro-Climatologia”, 2007, p.186-210. In: Mendes, B. V., Org. Grandes Idéias parao Desenvolvimento do Semi-Árido, Univ. Fed.Rural do Semi-Árido UFERSA/impressão: Ed. LivroTécnico, Mossoró, RN, 214 p.Xavier, T. de Ma. B. S., Xavier, A. F. S.; Alves, J.Ma B. Quantis e Eventos Extremos – Aplicaçõesem Ciências da Terra e Ambientais. RDS Editora,Livrarias Livro Técnico, Fortaleza-Ceará, 2007, 278 p.Xavier, T. de Ma. B. S.; Xavier, A. F. S. O PlanetaTerra: Aquecimento Global e Mudanças Climáticas.BSBMET, Vol. 30, <strong>No</strong>. 4, p. 73-79, 2007.Xavier, T. de Ma. B. S. Mudanças Climáticas eas Cidades, Mesa-Redonda 1, XV Congr. Bras.Meteorologia, São Paulo, <strong>2008</strong> [ apresentação empower-point, 46 slides].Xavier, T. de Ma. B. S., Pereira F o , A. J.; Xavier,A.F.S., <strong>2008</strong>-a, Ilhas de Calor e de Baixa Umidadeno Parque Estadual das Fontes do Ipiranga / EstaçãoMeteorológica do IAG-USP /São Paulo-SP: 1936-2005. XV Congresso Brasileiro de Meteorologia, SãoPaulo, Anais. CD-ROM, 5 p.Xavier, T. de Ma. B. S., Pereira F o , A. J.; Silva Dias,P. L. Vento de superfície na Estação Meteorológica/IAG/USP, no Parque do Estado/Cidade de São Paulo:Mudanças relacionadas com o meio urbano (1936-2005). XV Congresso Brasileiro de Meteorologia,São Paulo, Anais. CD-ROM, <strong>2008</strong> b, 5 p.68


Boletim SBMET ago.-dez. <strong>2008</strong>A METEOROLOGIA APLICADA AOAMBIENTE CONSTRUÍDO 1Fabiano MorelliInstituto Nacional de Pesquisas Espaciais – INPECentro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos – CPTECDivisão de Satélites e Sistemas Ambientais – DSAE-mail: fabiano.morelli@cptec.inpe.br1. INTRODUÇÃOUma linha de estudo ainda pouco explorada nameteorologia brasileira está diretamente ligada aodesenvolvimento de produtos específicos para oAmbiente Construído. O Ambiente Construído éuma área da Engenharia Civil voltada para avaliar ocomportamento das construções e materiais utilizadosquanto à sua durabilidade e degradação frente aosdiferentes parâmetros meteorológicos e ambientais. Agrande importância é que um engenheiro para atenderas normas da construção civil, deve se preocuparcom as ações do ambiente sobre a construção, de talforma que seu projeto tenha durabilidade esperadade 50 anos. As normas trazem especificações quantoaos limiares de alguns parâmetros meteorológicos,porém, apenas a norma de vento apresenta ummapa descrevendo espacialmente as variaçõesmais significativas deste. Por exemplo, segundo aAssociação Brasileira de <strong>No</strong>rmas Técnicas - ABNT, anorma brasileira de Projeto de Estruturas de Concreto(NBR 6118) define que as estruturas de concretodevem conservar suas características de segurança,estabilidade e aptidão em serviço durante um períodomínimo de 50 anos, se forem mantidas sua utilizaçãoe condições ambientais conforme previstas na épocado Projeto (ABNT, 2004).Existem várias instituições atuando na linha detrabalho de Ambiente Construído, em vários países,colaborando para o desenvolvimento de projetoscujos objetivos envolvem a preparação dos dadosmeteorológicos e ambientais para serem adaptadosàs suas necessidades, pois na sua maioria já recebemos dados adequados aos seus estudos dos respectivosinstitutos de meteorologia e outras instituiçõesligadas diretamente. Citam-se o Projeto DURACON,de abrangência Ibero-América, e o ProjetoDURACRETE, desenvolvido pela União Européia,como exemplos onde o envelhecimento de corposde-provados materiais ou sistemas construtivos sãomonitorados em condições naturais e em tempo real,ocupando pequenos espaços vizinhos às estaçõesmeteorológicas. Também, o Conseil InterternationalDu Batiment Pour La Recherche Létude Et LaDocumentation (CIB) tem como objetivo estimular efacilitar as cooperações internacionais para troca deinformações entre diferentes instituições de pesquisaem materiais e construções (CIB, 2000). Portanto, oCIB é uma das mais importantes referências quanto àorganização de instituições e pesquisadores atuandonesta área.1 Maiores informações sobre esse tema podem ser obtidos em: Morelli, F. Aplicações de Sistemas de InformaçõesGeográficas ao Ambiente Construído: mapeamento dos agentes de degradação dos materiais e sistemas deconstrução. Tese de Doutorado em Engenharia Aeronáutica e Mecânica, ITA, <strong>2008</strong>, 160 p.69


Boletim SBMET ago.-dez. <strong>2008</strong>Na Índia, o Central Building Research Institute(CBRI) é lembrado pelas publicações de Chand eBhargava principalmente relacionadas à pesquisa dechuva dirigida (CBRI, <strong>2008</strong>). Na Suíça, importantescontribuições estão sendo feitas por Fabien J. R. vanMook (Mook, <strong>2008</strong>), da Chalmers Universidade deTecnologia, com contribuições de Högberb e Kragh.Na Austrália existe uma linha de pesquisa ligadaà corrosividade atmosférica com destaque paraos trabalhos de Cole e Trinidad (Cole et al., 2002;Trinidad e Cole, 2002; Cole et al., 1999; Trinidad etal., 1999). Ainda se destacam os pesquisadores S.E. Haagenrud e C. Sjöström, ambos do <strong>No</strong>rwegianInstitute for Air Research (NILU), na <strong>No</strong>ruega,cujos objetivos são conduzir pesquisas ambientaiscom ênfase nas fontes de poluição do ar, transporteatmosférico, transformação e deposição de agentespoluidores de corrosão, como também estudosenvolvendo a avaliação dos efeitos da poluição nosecossistemas, a saúde humana e dos materiais (NILU,<strong>2008</strong>). Na Espanha destacam-se Morcilo e Feliu(1993), que desenvolveram mapas de corrosividadeatmosférica para a Espanha e para os países da Ibero-Americanos.<strong>No</strong> Canadá, pesquisadores do National ResearchCouncil possuem projetos em desenvolvimentoque visam caracterizar os aspectos referentes aomeio ambiente, buscando desenvolver modelos dedegradação baseados em um índice de umidade, quepermite a classificação de climas e ambientes quantoà agressividade a diferentes tipos de paredes (Cornicke Dalgliesh, 2003; Cornick et al., 2003; Cornick et al.2002).<strong>No</strong> Brasil, instituições como a Associação Nacionalde Tecnologia do Ambiente Construído (ANTAC),através do Grupo de Trabalho sobre Durabilidadedas Construções, e o Instituto Brasileiro do Concreto(IBRACON), incentivam e definem diretrizes paraa realização de pesquisas e busca do conhecimentona área de durabilidade, em especial em modelagem,permitindo que se realizem previsões de vida útilmais adequada aos parâmetros climáticos nacionais.Como a maior parte das construções se encontraexposta à ação dos agentes naturais, faz-se necessárioconhecer e quantificar as variáveis meteorológicasenvolvidas nos processos de degradação dos materiais.Também se faz necessário conhecer o impacto que ainteração de duas ou mais variáveis meteorológicasproduz nas construções civis. Para muitos casos, acaracterização do clima através de mapas e médiasespaciais de alguma variável meteorológica ouclimática em escalas regionalizadas, ou até mesmoem escalas locais, pode contribuir para a melhoriados estudos sobre a durabilidade e degradação doambiente construído.Atualmente as normas brasileiras de construçãocivil não consideram a variação sazonal e espacial dosparâmetros meteorológicos e ambientais, ou agentesde degradação, devido à inexistência de estudos querevelam o comportamento desses parâmetros. Afalta de estudos enfocando variáveis meteorológicasaplicados ao ambiente construído se dá devido àbaixa interação entre as áreas de engenharias e outrasáreas do conhecimento humano.O atual estágio tecnológico em que a humanidade seencontra permite que todas as áreas do conhecimentointerajam entre si a fim de buscar soluções para seusproblemas. Isto não é diferente com a EngenhariaCivil, que necessita do conhecimento de áreas como aMeteorologia, por exemplo, para mapear e localizar osagentes causadores de danos ao ambiente construído.Assim, com o auxilio de Sistemas de InformaçãoGeográfica (SIG), é possível integrar informaçõesde diferentes naturezas, como a distribuição datemperatura em uma determinada área, e os dadossobre a durabilidade e resistência de materiais, entreoutros.Com esta integração de diferentes área e usointensivo dos recursos de informática, é possívelmodelar o comportamento dos diferentes materiaisnas diversas regiões do país, garantindo que asatividades de manutenção possam ser previstas dentroda vida útil de uma determinada construção. Comisto, evita-se que um problema pequeno e localizadose transforme em um problema generalizado e de70


Boletim SBMET ago.-dez. <strong>2008</strong>difícil solução. Desta forma, é possível aperfeiçoaros processos de construções, minimizar custos eperdas de materiais, diminuir problemas de saúde dapopulação e aumentar a segurança dos usuários.Estes temas são exaustivamente discutidos emdiversas áreas das Engenharias, especialmente naEngenharia Civil, que desde 1997 vem demonstrandocada vez mais a necessidade de mapas atualizadosque apresentam as variações ambientais que afetamo setor. Durante a realização do 1° Workshop sobreDurabilidade das Construções, realizado em 1997,na cidade de São Leopoldo, levantaram-se linhas depesquisa prioritárias, que foram alvo de um EditalHABITARE financiado pela Caixa EconômicaFederal (CEF) e pela FINEP (Lima et al., 1997).Na prática, observa-se com grande freqüência adegradação prematura das construções, o que nãoocorria no início do Século XIX. <strong>No</strong>s dias de hojea degradação ocorre mesmo que as construçõestenham sido projetadas e construídas obedecendo àsnormas adequadas. Isto pode ser explicado em partepela simples mudança nas tecnologias de construção,sem considerar que as variações ambientais queacontecem a cada ano têm contribuído para catalisaros problemas de durabilidade do ambiente construído.Ou seja, devido à crescente demanda pela conclusãode uma edificação, os processos construtivos atuaistêm facilitado a ação dos agentes de degradaçãocomprometendo a durabilidade das construções, e seintensificando com as variações globais do clima aolongo das últimas décadas.2. EXEMPLOS DE DEMANDASa) Tempo de Superfície ÚmidaSegundo a International Organization forStandarization (ISO) 9223 (ISO, 1992), o termo“Tempo de Superfície Úmida” para metais é definidocomo o tempo em que a umidade relativa do ar ésuperior a 80% e a temperatura do ar é superior a0ºC. O tempo de superfície úmida é o somatório dosperíodos em que houve disponibilidade de água capazde ser utilizada nas reações de corrosão. Além dagrande importância deste parâmetro para os metais eligas, o efeito da umidade relativa do ar também podeser observado para outros materiais porosos, comopor exemplo, madeira, rochas e concreto.b) PrecipitaçãoAlém da climatologia regional, existem demandasde informação sobre a quantidade de tempo quechoveu acima de um determinado limiar. Estainformação tem aplicação direta tanto nos modelosde previsão de vida útil do ambiente construído,como nos projetos de execução de obras.c) Concentração de PoluentesSegundo Lima (2005), a presença de substânciasparticuladas na atmosfera, que se depositam nasuperfície das construções, associada à disponibilidadede umidade, cria ambiente propício para a formaçãode novos compostos químicos (por exemplo, ageração de ácidos) e/ou para o crescimento de fungose vegetação. O dióxido de carbono (CO 2) presente naatmosfera, por exemplo, é um dos principais fatoresdesencadeantes do processo de carbonatação doconcreto e da conseqüente corrosão das armaduras,que é uma das patologias que mais afeta e degrada asestruturas de concreto.Além do Dióxido de carbono (CO 2), outrocomposto muito estudado é o dióxido de enxofre (SO 2),considerado como o mais importante contribuintepara a acidificação ambiental e formação de chuvasácidas. O SO 2é facilmente absorvido na superfíciedos materiais e sua deposição pode ser seca ou úmida.A concentração, ou taxa de deposição, do SO 2é umparâmetro usado na classificação da corrosividadeatmosférica, e de acordo com a ISO 9223 (ISO, 1992).O Estado de São Paulo mantém desde a década de 70redes de monitoramento da qualidade do ar, que têmpermitido a medição dos poluentes atmosféricos nasescalas local e regional. Essas redes são controladaspela Companhia de Tecnologia de SaneamentoAmbiental (CETESB), que é o único órgão estadualque realiza o monitoramento contínuo de compostos71


Boletim SBMET ago.-dez. <strong>2008</strong>particulados presentes na baixa atmosfera, no Brasil.Porém, as saídas do Modelo CCATT BRAMSpoderiam ser avaliadas quanto à sua aplicabilidadedireta no Ambiente Construído, permitindo umaanálise mais ampla das variações espaciais destesparâmetros.d) VentoA norma nacional NBR 6123, cuja última revisãoaconteceu em 1988 (ABNT, 1988), está baseadaem trabalhos realizados na década de 70. Porém,atualmente uma demanda maior pelo conhecimentodas variações regionais e locais de vento têmacontecido, especialmente por parte das seguradoras,seja na forma de laudos que comprovem, ou não, aocorrência de um sinistro, seja para regionalizar suastarifas de cobrança conforme o fator de risco.O vento também é agente responsável, em parte,pela movimentação de água nos poros dos materiais,pois provoca sua secagem nas camadas superficiaise catalisa algumas reações, como se observa nageração de pontos de carbonatação em estruturas deconcreto situadas em regiões de variação de maré(Lima, 2005).A consideração de sentido preferencial do vento éimportante para projetos de fachadas, ou quando háum interesse em avaliar as influências ambientais noentorno de uma construção. Para isto é necessário quese tenha monitoramento de vento e chuva em escalahorária e com uma malha de estações meteorológicasque permita estudos de microclima, ou pelo menosde mesoclima.Além do uso do vento agindo diretamente comoagente de degradação, sabe-se que esta é umavariável meteorológica que também tem influênciana durabilidade das construções quando associada àchuva, produzindo assim um parâmetro conhecidocomo chuva dirigida.e) Índice de Chuva DirigidaComo o próprio nome sugere, este parâmetro édefinido por uma expressão matemática que faz usodireto de duas variáveis ambientais que são medidasdiretamente, que são o vento e a precipitação. O Índicede Chuva Dirigida (do inglês, Driving Rain Index -DRI) é elaborado segundo metodologia proposta porLacy (1980), que apresenta a seguinte expressão:VPDRI =1000onde:V = Velocidade média anual do vento (m s -1 )P = Total de precipitação anual (mm)Originalmente o DRI é classificado de acordo comtrês faixas de agressividade, assim distribuídas: a) até3 m 2 s -1 corresponde a uma exposição protegida; b)entre 3 m 2 s -1 e 7 m 2 s -1 corresponde a uma exposiçãomoderada, c) 7 m 2 s -1 e 20 m 2 s -1 corresponde a umaexposição severa. Desta forma o grau de agressividadevaria nos tipos protegida, moderada e severa (Lima eMorelli, 2005).A norma BS 8104/92 do British StandardsInstitution (BSI) relata que a quantidade de chuva queescorre por uma fachada é proporcional à quantidadede chuva que cai em uma superfície horizontal e avelocidade do vento no local; sendo assim, apresentao Índice de Chuva Dirigida anual, como sendoresultado do produto da média anual de vento com ototal de precipitação anual, em um determinado local(BSI, 1992). O índice anual, aqui apresentado, é omais simples de todos os índices de chuva dirigida,outros mais elaborados podem ser desenvolvidosde forma operacional, o que catalisaria uma grandequantidade de novos estudos.As plataformas de coleta de dados geralmentedisponibilizam a precipitação acumulada em umahora juntamente com informações do vento máximoque ocorreu neste período. O ideal seria que um bancode dados pudesse assimilar, além da precipitação72


Boletim SBMET ago.-dez. <strong>2008</strong>acumulada e da rajada de vento, dados de direçãoe velocidade do vento e a quantidade de chuva queocorrem simultaneamente em um mesmo período.f) Amplitude TérmicaAs trocas de temperatura entre o meio ambientee as construções causam variações térmicas nasestruturas/construções chegando ao seu interiore, desta forma, o agente de degradação pode atuarcom ação física ou química. A patologia comumenteassociada aos efeitos da temperatura ou, maisespecificamente, com as variações de temperaturasão as fissuras provocadas pela dilatação e retração(Lima, 2005).A amplitude térmica é definida como a variaçãoentre a temperatura máxima e a temperatura mínima.A NBR 6118 define que a variação da temperatura daestrutura causada pelo efeito da variação da temperaturada atmosfera e da insolação, é considerada uniformeEla depende do local da implantação da construção edas dimensões das peças que a compõem. Seguindo asconsiderações que são apresentadas por esta norma,um engenheiro projetista deve estar atento para locaisonde a amplitude térmica esteja entre 5 0 C e 15ºC emaior que 15ºC, pois nestas condições, dependendodas características de cada peça (dimensões,preenchimento, etc.), condições especiais devem seradotadas para o devido dimensionamento e projetoda estrutura.Apesar de muito simples, este parâmetro nãose encontra disponível em nenhum portal deinstituições brasileiras que disponibiliza informaçãometeorológica. Por nunca terem sido elaborados edisponibilizados mapas de Amplitude Térmica deforma sistemática e operacional, a NBR 6118 estásendo desrespeitada justamente devido à falta deinformações apropriadas que auxilie o Engenheiro amelhor projetar sua obra.3. CONSIDERAÇÕES FINAISO presente trabalho apresentou pontos importantespara o desenvolvimento de novas pesquisas ligadas àaplicação da Meteorologia na temática de durabilidadee degradação do Ambiente Construído no Brasil.Constata-se que no país há uma grande lacuna deinformações referentes ao mapeamento dos agentesde degradação dos materiais e construções como umtodo. Esta lacuna esta relacionada principalmente àfatores como:• Indisponibilidade dos dados brutos demonitoramento dos agentes de degradaçãoambiental que possam ser utilizados nosmodelos numéricos de durabilidade;• Desconsideração dos agentes e fatores dedegradação nas normas nacionais; e• Necessidade de redes de monitoramentocontínuo de parâmetros meteorológicos eambientais em escalas de tempo e espaçocompatíveis com as necessidades dosEngenheiros Civis.Por outro lado, percebe-se que não somente aárea de Engenharia Civil tem requisitado maiorconhecimento sobre esta temática, como vários outrossetores da economia estão buscando embasamentocientífico para planejamento estratégico de mercado,como é o caso de seguradoras, por exemplo. Verificase,portanto, que atualmente há uma grande demandapor estudos envolvendo variáveis meteorológicasque possam ser utilizadas no Ambiente Construído.Mostrou-se que um dos caminhos mais eficientes paraa realização de tais estudos é através da interação deprofissionais de diversas áreas e também a união deesforços de diferentes Institutos de Ensino e Pesquisa.Esta linha de pesquisa deve ser melhor analisadaquanto à sua aplicação direta na formação básica deEngenheiros e Meteorologistas, visto que trata-se deuma possibilidade de integração entre estas áreas e,assim, abrindo novas oportunidades de mercado paraestes profissionais.73


Boletim SBMET ago.-dez. <strong>2008</strong>Atualmente, o INPE/CPTEC (www.cptec.inpe.br)disponibiliza grande quantidade de dados derivadosa partir de satélites meteorológicos e de modelosnuméricos, o que propicia o desenvolvimento denovos estudos visando atender as necessidades dasáreas ligadas à construção civil. Em um país comdimensões continentais como o Brasil, esse tipo dedado é uma excelente oportunidade para preenchera inexistência ou complementar os poucos conjuntosde dados coletados por estações meteorológicas.4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASABNT - Associação Brasileira de <strong>No</strong>rmasTécnicas. NBR 6118: Projeto de estruturas deconcreto. Rio de Janeiro, 2004. 170 p.ABNT - Associação Brasileira de <strong>No</strong>rmasTécnicas. NBR 6123: Forças devidas ao vento emedificações. Rio de Janeiro, 1988. 80p.British Standard Institution. BS 8104: Code ofpractice for assessing exposure of walls to winddrivenrain. London, BSI. 1992.CBRI - Central Building Research Institute.<strong>2008</strong>. Disponível em .Acesso em: 28 set. <strong>2008</strong>.Cole, I. S.; King, G. A.; Trinidad, G. S.; Chan,W. Y.; Paterson, D. A. An Australia-wide map ofcorrosivity: a GIS approach. Proc. 8th Int. Conf. onDurability of Building Materials and Components.Vancouver, Canada, 30 May to 3 June 1999, eds. M.A.Lacasse and D.J. Vanier, 2, 901–911, NRC ResearchPress, Ottawa, 1999.Cole, I. S.; Neufeld, A. K.; Kao, P.; Ganther, W.D.; Trinidad, G. S.; Chotimongkol, L.; Bhamornsut,C.; Hue, N.V.; Bernardo, S.; Purwadaria, S.Development of tools to assist performance-basedappraisal of durability in tropical countries. Proc. 9thInt. Conf. on the Durability of Building Materials& Components. Brisbane, Australia, 17–20 March2002, 3, paper 228, CSIRO Publishing, Melbourne,2002 (also on CD-ROM).CIB - Conseil International du Batiment pour laRecherche Létude et la Documentation. GIS and theBuilt Envitonment. CIB Report Publication 256,Gävle, 2000, 51p.Cornick, S.; Dalgliesh, A.; Said, N.; Djebbar,R.; Tariku, F.; Kumaran, M. K. Report from Task4 of MEWS Project: Task 4 - EnvironmentalConditions Final Report. Institute for Research inConstruction, National Research Council Canada,Ottawa, Canada, Oct. 2002.Cornick, S.; Dalgliesh, W. A. A Moisture Index toCharacterize Climates for Building Envelope Design.Journal of Thermal Envelope and BuildingScience. SCI, v. 27, n 0 2, p. 151 – 178, Oct. 2003.Cornick, S.; Djebbar, R.; Dalgliesh, A. Selectingmoisture reference years using a Moisture Indexapproach, Building and Environment, v. 38, n 0 12,p. 1367-1379, Dec. 2003.ISO - International Organization forStandardization. ISO 9223: Corrosivity of Metalsand Alloys: Corrosivity of Atmospheres –Classification. Geneva, 1992.Lacy, R. E. An index of driving rain. MeteorologicalMagazine, vol. 91, n 0 1080, p. 177-84, 1962.Lima, M. G. Ação do Meio Ambiente sobre asEstruturas de Concreto. In: Geraldo Cechella Isaia.(Org.). Concreto: Ensino, Pesquisa e Realizações.1 a ed. São Paulo, p. 713-751, 2005.Lima, M. G.; Morelli, F. Mapa Brasileiro deChuva Dirigida – Algumas considerações. In:SIMPÓSIO BRASILEIRO DE TECNOLOGIA DE74


Boletim SBMET ago.-dez. <strong>2008</strong>ARGAMASSAS, VI, 23-25 maio 2005, Florianópolis.Anais. ANTAC, Florianópolis, maio/2005, p.620-634Lima, M. G. et al. Conclusões. In: WORKSHOPDURABILIDADE DAS CONSTRUÇÕES.UNISINOS/ITA/ANTAC, São Leopoldo, RS, 30 jun.e 01 jul. 1997, Anais. p. 05-09, 1997.Mook, F. J. R. von Research on wind, rainand driving rain at the TUE site. Disponível em: Acesso em: 26set. <strong>2008</strong>.Morcillo, M.; Feliu S. Mapas de España decorrosividade atmosferica. Madrid: Gráficas Salué,S.A., 1993. 430p.NILU - <strong>No</strong>rwegian Institute for Air Research.Disponível em: . Acesso em:26 set. <strong>2008</strong>.Trinidad, G. S.; Cole, I. S.; King, G. A; Chan, W.Y. Corrosion maps for large areas. In:1 st Asia/PacificConference on harmonization of durability standardsand performance tests for componets in buildings andinfrastructure, 1, 1999, Bangkok. Anais eletrônicos.Bangkok, CMIT, 1999. Disponível em: . Acesso em: 09 dez. 2005.Trindad, G. S.; Cole, I. S. Corrosion Mappingand Modelling. In: International Conference onDurability of Materials and Components, 9, 2002,Brisbane, Australia. Anais. Brisbane, Australia,2002. p.181.75


Boletim SBMET ago.-dez. <strong>2008</strong>A COMUNICAÇÃO SOCIAL DE INFORMAÇÕES SOBRETEMPO E CLIMA: O PONTO DE VISTA DO USUÁRIO 1Renzo TaddeiUniversidade Estadual de Campinas, Departamento de AntropologiaCaixa Postal 6110, Campinas - SP, 13081-970E-mail: taddei@unicamp.brRESUMOEste artigo discute problemas ligados à comunicação social das informações meteorológicas. O textosugere a necessidade do estudo e compreensão dos contextos de uso das informações disseminadas,das formas habituais de interpretação de mensagens meteorológicas e das associações entre ainformação meteorológica e outros temas localmente relevantes. A mensagem deve ser construídabuscando levar esses fatores em consideração, e procurando evitar associações que deslocam osignificado da informação para outros campos interpretativos. O trabalho de comunicação social,desta forma, deixa de ser meramente burocrático e ganha a dimensão de pesquisa, o que sugerea necessidade da colaboração interdisciplinar sistemática entre a meteorologia e as ciênciassociais e da comunicação. Apesar de essa ser uma posição amplamente aceita nas pesquisas dasdimensões humanas das mudanças climáticas, parece não haver reconhecimento institucional, atéo momento, da necessidade do estudo sistemático das dimensões humanas do clima e do tempo,onde a comunicação social tem papel central.Palavras-chave: Comunicação, contexto, recepção, sociedade, Meteorologia.ABSTRACTThis article discusses problems associated to the social communication of meteorologicalinformation. The text suggest that there is the need to study and understand the contexts wherethe information will be used, habitual forms of interpretation and other locally relevant themes.The message should be constructed taking these factors in consideration, and trying to avoidassociations that displace the meaning of the information to other interpretive fields. The work ofsocial communication therefore cannot be seen as merely bureaucratic, and gains the dimensionof research, what suggests the need for a systematic interdisciplinary collaboration betweenmeteorology and social and communication sciences. Despite of the fact that this is an approachwidely accepted in the research about the human dimensions of climate change, there seems tobe no institutional recognition, to this moment, of the need of systematic study of the humandimensions of climate and weather, where social communication plays a central role.Keywords: Communication, context, reception, society, Meteorology.1 Este trabalho foi apresentado no XV Congresso Brasileiro de Meteorologia, em 28 de agosto de <strong>2008</strong>, emSão Paulo. A pesquisa que deu origem a este artigo foi financiada, em momentos distintos, pelo CNPq, Wenner-GrenFoundation, International Research Institute for Climate and Society (IRI), e Landes Memorial Fund/Comitas Institutefor Anthropological Studies. Muitas pessoas pacientemente dedicaram parte valiosa de seu tempo ajudando este autor aentender aspectos conceituais e institucionais ligados à Meteorologia no Brasil e no exterior, dentre as quais merecemmenção Antonio Divino Moura, Francisco de Assis de Souza Filho, Eduardo Sávio Passos Rodrigues Martins, AntônioGeraldo Ferreira, Namir Giovani da Silva Melo, David Ferran Moncunill, Alexandre Araújo Costa, Pedro Leite da SilvaDias, Steve Zebiak, Walter Baethgen, Lisa Goddard, e Liqiang Sun. O autor é o único responsável pelas limitações destetrabalho.76


Boletim SBMET ago.-dez. <strong>2008</strong>1. INTRODUÇÃOCom o trabalho do IPCC e o debate internacionalsobre o aquecimento global, a questão da relaçãoentre o que a Meteorologia produz e a maneiracomo a sociedade recebe, interpreta e utiliza essasinformações nunca esteve tanto em evidência. Sãopoucos, até o momento, os trabalhos que buscamentender, de forma sistemática, os problemas ligadosà disseminação de informações meteorológicas,especialmente em seus aspectos sociais (pode-se citarcomo trabalhos representativos nessa área Broad etal., 2002; Lemos et al., 2002; Lemos e Dilling, 2007;Orlove e Tosteson, 1999; Pennesi, 2007; Rayner etal., 2005; e Roncoli et al., 2004). Foco maior tem sidodado aos problemas de aplicação de tais informaçõesem usos estritamente econômicos e produtivos (comoem Alves et al., <strong>2008</strong>; Baethgen et al., 2004; Bravo etal., 2005; Collischonn et al., 2005; Lall e De Souza,2004; Meinke et al., 2001; e Meza et al., <strong>2008</strong>). Nestetrabalho, abordaremos esta questão a partir de umaperspectiva ligada às ciências sociais, e focaremosnossa atenção na forma como os usuários recebeme interpretam as informações meteorológicas querecebem.Este texto está estruturado da seguinte forma:inicialmente discute-se a presença da comunicaçãodentro das instituições que produzem informaçõesmeteorológicas e, a partir da forma como se dá essapresença, podemos deduzir como a Meteorologiaentende a questão da comunicação. Em seguida,apresentam-se algumas contribuições das teoriasda comunicação, em especial no que diz respeitoaos estudos de recepção de mensagens no processocomunicativo; e conclui-se o texto discutindoas implicações da discussão teórica para aprática da comunicação social nas organizaçõesmeteorológicas.Os estudos de recepção no processo comunicativopodem contribuir com a análise da comunicaçãosocial na Meteorologia na medida em que trazempara o centro da discussão o contexto em que ousuário recebe e faz uso das informações. Este textodefende que uma análise mais pormenorizada doprocesso comunicativo, da forma como praticadoatualmente por um grande número de agênciasmeteorológicas, revela, à luz das contribuiçõesadvindas de teorias comunicacionais, possíveis razõespara a baixa eficiência comunicativa das mensagensmeteorológicas, e sugere uma nova abordagem para aquestão da comunicação social em meteorologia.Esse trabalho é resultado de uma pesquisa demais de seis anos, fruto de uma parceria entre oInternational Research Institute for Climate andSociety (IRI) e a Fundação Cearense de Meteorologiae Recursos Hídricos (FUNCEME). Os dados foramcoletados em pesquisa de campo, no estado do Ceará,onde foram realizadas mais de 150 entrevistas comcientistas, políticos, agricultores e técnicos. O autorparticipou como observador nos fóruns regionais deprevisão climática, além de outros eventos ligadosà ciência meteorológica, entre os anos de 2002 e<strong>2008</strong>; e os processos de disseminação de outrasformas de informação climática (como as produzidaspelos chamados “Profetas da Chuva” do sertão,por exemplo) foram também estudados (Taddei,2005, 2006). Além disso, o autor se baseou na suaexperiência como Pesquisador Associado do IRI,desde o ano de 2002, onde participou de diversasdiscussões sobre as relações entre a Meteorologia ea sociedade.1.1. O lugar da comunicação na MeteorologiaPartimos do pressuposto de que a análise dacomunicação no fazer meteorológico é essencial paraentender os problemas da comunicação do resultado dotrabalho da Meteorologia. Isso demanda uma análiseorganizacional das instituições meteorológicas,buscando entender onde e quando a comunicaçãosocial ganha relevo e importância. Institucionalmentefalando, a comunicação é um aspecto do trabalhometeorológico que foi, de certa forma, historicamentenegligenciado. Uma avaliação da presença dacomunicação dentro dos institutos de meteorologia eagências que produzem informação de clima revelaque, em geral, a comunicação tem o mesmo status77


Boletim SBMET ago.-dez. <strong>2008</strong>dos departamentos de recursos humanos ou jurídico,restringindo-se a um assessor de imprensa produzindo,de forma quase mecânica, material a ser enviado aosmeios de comunicação. Ainda que a preocupação arespeito da forma como os usuários interpretam asinformações meteorológicas exista e se manifestefreqüentemente entre meteorologistas (como, porexemplo, na atenção que dedicam à escolha daspalavras e termos que serão usados na disseminaçãode previsões meteorológicas), não há reconhecimentoinstitucional nesse sentido, ou seja, as instituiçõesmeteorológicas que fazem a “operação”, isto é,produzem informações para distribuição a usuários,e que por essa razão moldam a imagem pública daMeteorologia, pautam-se por valores herdados deoutra faceta da disciplina, a pesquisa científica,concentrando esforços nas áreas de desenvolvimentoteórico e tecnológico, e tratando a comunicaçãosocial como um aspecto menor e burocrático da suaatividade. Meteorologistas têm mais status dentroda Meteorologia se vistos como pesquisadorescompetentes do que como comunicadores eficientes.Há também a crença, marcante em diversas áreas dapesquisa científica, de que para ser bom comunicadoré preciso ser bom pesquisador, ou seja, a comunicaçãocientífica é entendida como subsidiária da pesquisacientífica (cf. Gregory e Miller, 1998), e não comoatividade que possui suas complexidades e desafiospróprios.Como a estrutura das organizações muda maislentamente do que as idéias e valores das pessoasque nelas desenvolvem duas atividades, a atençãolimitada dada institucionalmente à comunicação nãoreflete o pensamento de boa parte dos meteorologistasda atualidade. Na década de 1990 houve uma certamobilização internacional no sentido de expandiro escopo da pesquisa climática, e o InternationalResearch Institute for Climate and Society (IRI) foicriado, em <strong>No</strong>va York, para estudar a interação entrea Meteorologia e a sociedade; não como uma agênciameteorológica, mas como uma agência de estudosdo espaço existente entre quem produz a informaçãosobre o clima e quem a usa, ou poderia usar, mas nãoo faz. Foi isso, na verdade, que motivou a criação doIRI e da abordagem “ponta-a-ponta”: a constatação,78após a previsão dos El Niños de 1993 e 1997/1998,de que a disseminação da informação meteorológica,mesmo quando feita de forma eficaz, não se traduzimediatamente em benefício social. Ainda assim,atualmente dentro do IRI o peso da produção deconhecimento meteorológico é maior do que o dosestudos sobre como as informações meteorológicassão aplicadas na prática 2 ; e nos estudos de aplicação,o estudo de processos econômicos, como agriculturae gestão de água, além de questões ligadas à saúdepública, prevalecem sobre os estudos sobre acomunicação propriamente dita.Também não há mudanças significativas no que dizrespeito à formação dos profissionais de Meteorologia.Os currículos de graduação em Meteorologia nãoincluem disciplinas sobre as dimensões humanasdo tempo e do clima, e menos ainda sobre acomunicação climática. Um dos problemas que dissodecorre é o fato de que uma parte significativa dosprofissionais de Meteorologia vai eventualmente setornar gestor das instituições de pesquisa e previsão.Esses profissionais ocuparão cargos de direção, e acomunicação social é parte integrante das funções docargo de gestor. Como resultado, o meteorologistagestorse vê obrigado a improvisar, a aprender naprática, por tentativa e erro; responsabilidade demaisé transferida ao assessor de imprensa, que na maioriadas vezes é um jornalista e entende bem da mídia,mas não dos usos que se faz da informação no níveldas comunidades e grupos específicos de usuários,nem dos problemas econômicos ligados ao clima.A duras penas, o meteorologista-gestor intui quea comunicação é algo mais amplo e complexo quea assessoria de imprensa, mas em geral não temclareza a respeito de quais são os outros recursos àsua disposição.Do ponto de vista de quem tenta entender o usuárioda informação do clima, a existência de modelosatmosféricos espetacularmente bons deixa de fazer2 A distribuição de previsões climáticas em formade tercis é talvez a contribuição mais visível e reconhecidado IRI, apesar do grande número de pesquisas em saúdepública, agricultura, pesca e recursos hídricos.


Boletim SBMET ago.-dez. <strong>2008</strong>diferença se essa informação se perde no caminhoda disseminação. À medida que a informação viajapela sociedade, a cada momento ela encontra odesafio da compreensão e da aplicabilidade: se essainformação não for compreendida, ou se os usuáriosnão souberem como aplicá-la às suas atividades eseus problemas, isso é equivalente à inexistência dainformação. Do ponto do vista do usuário, receberuma informação que não é entendida é a mesma coisaque não receber informação. (Na verdade isso não éinteiramente verdade, porque, entre alguns usuários,a não compreensão da informação gera o sentimentode frustração e a acusação de que há arrogânciapor parte do emissor da mensagem. Essas reaçõesemocionais diminuem ainda mais a eficiência doprocesso comunicativo.) Por isso a importância daincorporação de discussões sobre a comunicação nasatividades cotidianas da Meteorologia.Esta discussão não é, de forma alguma, umanovidade histórica: no século 19, na Inglaterra, jáhavia controvérsia entre cientistas a respeito daconveniência de se fazer e disseminar previsõesmeteorológicas (Anderson, 2005). O foco do debatenão era os méritos do estudo da Meteorologia, massim a conveniência de se produzir prognósticos edisseminá-los, justamente em razão de todos osefeitos e expectativas sociais que isso podia acarretar.Quando o autor deste texto iniciou suas pesquisasno Ceará, no ano de 2002, existiam pessoas no altoescalão do governo estadual que defendiam (e aindadefendem) a idéia de que a FUNCEME não deveriadisseminar publicamente prognósticos para o semiárido.Isso não ocorre porque o prognóstico é bomou ruim; como é sabido, ele nunca foi tão bom, emrazão dos avanços no conhecimento meteorológicoe na capacidade computacional ocorrida nos últimos20 anos. O problema encontra-se justamente no queacontece do outro lado do processo de comunicação:as chuvas, bem como informações sobre elas, têmimpactos econômicos, sociais e políticos. <strong>No</strong> semiárido,crises de ansiedade coletiva em relação àestação de chuvas são comuns, e essas crises podemser ocasionadas pela disseminação de informaçõesclimáticas (Martins, 2006; Taddei, 2005). Isso éalgo que coloca problemas complexos aos governoslocais. Mas é importante que se diga que esse nãoé necessariamente um aspecto incontornável daquestão. <strong>No</strong> Brasil e no exterior, muitas vezes ofracasso em processos de distribuição e uso deinformações científicas (especialmente em projetos dedesenvolvimento econômico) é diagnosticado comotendo ocorrido em razão de “questões culturais”. Essaexpressão, “questões culturais”, é usada, no discursodestes cientistas, como causa mortis irremediável. Aomesmo tempo, as Ciências Sociais, e a Antropologiaem particular, se dedicam integralmente a isso: aentender problemas culturais e a aprender a lidar comeles. Por essa razão, uma ponte entre a Meteorologiae as Ciências Sociais têm o potencial de produziravanços consideráveis na questão da comunicaçãometeorológica.1.2. O que é comunicação?A comunicação é, de certa forma, como aatmosfera: invisível, mas bastante complexa. Umindicador dessa complexidade é a quantidade dedepartamentos e programas de pesquisa que estudama comunicação em uma universidade de grande porte:além do jornalismo, da lingüística e da semiótica, háestudos de comunicação em psicologia, em educação,em propaganda, em antropologia, em sociologia, emfilosofia, e em engenharia. O que podemos deduzirdisso é que a comunicação não é algo trivial, e porisso merece uma atenção especial.O que se diz e o que se entende depende daforma como a comunicação ocorre. E como é quea comunicação ocorre? Existem diversos modelosque descrevem o processo comunicativo (Duck,1994; Jakobson, 1979; Kellerman, 1992; Shannon eWeaver, 1949). Um modelo simplificado do processode comunicação, proposto por Roman Jakobson(1979), pode nos ajudar. De acordo com este autor,a comunicação ocorre de acordo com o diagramaabaixo:ContextoMensagemEmissorReceptorContatoCódigo79


Boletim SBMET ago.-dez. <strong>2008</strong>Há quatro dimensões essenciais no processo,conforme esse modelo. Todo processo de comunicaçãotem um contexto, uma mensagem, o contato (poronde a mensagem trafega, como o ar ou cabosde fibra ótica), e existe um código (como a línguaportuguesa). Além disso, tipicamente o processo decomunicação tem um emissor e um receptor. Comoo processo de comunicação é interativo, emissor ereceptor estão, a todo momento, trocando de papéis.<strong>No</strong> caso da comunicação meteorológica, em geralo emissor é quem produz e inicia o processo dedisseminação da informação climática, e o receptoré quem recebe essa informação - mídia, agênciasdo governo, comunidades rurais. Este processo nãoé unidirecional: a atividade meteorológica é afetadapor expectativas sociais (Fine, 2007; Taddei, 2005),e meteorologistas fazem o esforço de adequaremseus produtos ao que percebem como demandas dosusuários. Desta forma, ao emitir a sua mensagem,a meteorologia já recebeu e processou mensagensanteriores enviadas pela sociedade.O que nos interessa nesta análise é o contexto, ecomo este afeta a comunicação. O contexto afeta edefine, de certa forma, os significados que vão seratribuídos às informações, ou seja, como elas serãoentendidas. A palavra chuva, por exemplo, temsignificados diferentes em contextos diferentes. NaBíblia há uma grande quantidade de passagens emque a palavra chuva aparece, especialmente no velhotestamento. O mesmo ocorre com a palavra água. <strong>No</strong>contexto religioso, as conotações, os significados, asreações que as pessoas tem à idéia de chuva e de águasão muito diferentes das que teriam numa discussãosobre desenvolvimento econômico, por exemplo,quando as idéias de chuva e água são mencionadas.Apesar do termo ser o mesmo, o contexto teminfluência sobre como as pessoas vão entender amensagem, e como vão reagir a ela, ou seja, comoisso afetará suas ações. Chuva num contexto religiosopode evocar a idéia de punição divina, como ocorreuem algumas comunidades do vale do Jaguaribedurante as inundações de janeiro de 2004 (Taddei,2005), e isso induz as pessoas a adotarem uma postura80de humildade e resignação 3 ; num contexto dominadopelo otimismo técnico e desenvolvimentista, a chuvapode ser vista como algo passível de ser produzidaou controlada por seres humanos, como no caso danucleação artificial de nuvens, o que foi realizado no<strong>No</strong>rdeste brasileiro no passado recente e continuasendo feito em lugares como Espanha e Israel.São duas posturas radicalmente opostas ligadas aomesmo fenômeno atmosférico, induzidas pelas idéiase valores que marcam cada contexto.E o que é o contexto da comunicação? O contextoé a situação de uso da informação, e inclui objetivos,intenções, expectativas, valores, idéias, e tambémtecnologias, recursos, calendários, instituições, eformas de tomada de decisões. Como o contexto“emoldura” a mensagem, e desta forma dá-lhe sentido esignificado, nenhuma mensagem mantém o significadooriginal num contexto diferente. À medida que umamensagem sai do seu ponto de origem e começa aser disseminada - sai da assessoria de imprensa deum instituto meteorológico e chega à redação de umjornal, por exemplo -, o que ocorre é que a informaçãoé descontextualizada e recontextualizada. Ou seja,ao chegar a lugares onde as pessoas têm objetivos,agendas, formas de trabalhar e calendários distintosdaqueles onde foi produzida, a informação ganhanovas dimensões, valores e significados. É por issoque raramente uma manchete de jornal baseada emprevisão climática agrada aos meteorologistas. Issoé especialmente o caso no <strong>No</strong>rdeste, onde previsõesclimáticas têm mais relevância do que em outrasregiões do país. Ao atravessar o processo jornalístico,é comum que o caráter probabilístico da informaçãodesapareça ou seja desvalorizado. Para muitosmeteorologistas, a mensagem, depois de re-elaboradae simplificada no processo jornalístico, tende a perder3 Como afirmado em outro lugar (Taddei, <strong>2008</strong> a),o conceito de punição divina, mesmo quando existente deforma subjacente a atitudes não religiosas, se associado àidéia de aquecimento global, pode induzir à resignação,e conseqüentemente, à inação. A maneira como formasestruturadas e subjacentes de pensamento e compreensãoda realidade (como a visão religiosa) geram atitudesespecíficas com relação a questões ambientais demandapesquisas mais aprofundadas.


Boletim SBMET ago.-dez. <strong>2008</strong>parte importante do seu conteúdo, e, por essa razão,empobrece em precisão e qualidade. Do ponto devista jornalístico, não há perda de conteúdo, mas,inversamente, há ganho em clareza, uma vez que aojornalista cabe a tarefa de depurar a mensagem detodo jargão científico e da opacidade da linguagemtécnica. Como podemos ver, objetivos diferentesinduzem meteorologistas e jornalistas a entenderemo mesmo processo, a simplificação da informação,sua condensação e tradução da linguagem técnica àlinguagem jornalística, de formas opostas em termosdo valor que a informação passa a ter.O importante é entendermos que a mudançade contexto irá sempre resultar em mudanças designificado. Quando se “engessa” a mensagem paraque ela mantenha o sentido original, negando oprocesso natural de adaptação a novos contextos, oque ocorre é que a mensagem tende a perder o sentido,e torna-se ininteligível para o receptor. <strong>No</strong> processode comunicação meteorológica, isso ocorre quandoo meteorologista usa seu acesso à TV ou rádio paraenviar a mensagem original, sem transformações, aopúblico final, sem dar-se conta que não apenas o jargãotécnico, mas também as escalas espaciais e temporaisusadas na informação são ininteligíveis para grandeparte da audiência que recebe as informações. Umatira humorística publicada na Inglaterra exemplificaisso: nela o repórter meteorológico, em frente aomapa das ilhas britânicas, diz: “e agora, sem razãonenhuma, eu vou mostrar o mapa isobárico, comode costume”. Ou seja, o mapa isobárico é umainformação que tem muita relevância em um outrocontexto; no contexto do jornalismo meteorológico,ela é irrelevante porque a audiência não é capaz deentendê-la.1.3. O Contexto e a Informação MeteorológicaCom relação à disseminação da informação,vimos que a informação viaja através da sociedade,e em cada ponto em que chega ela ganha novoscontextos e novas nuances. Desta forma, umaconclusão lógica é que o processo comunicativo serámais eficiente se quem emite a mensagem conheceo receptor o suficiente para adequar a mensagem àssuas necessidades e particularidades. Na realidade,fazemos isso todo o tempo quando nos comunicamos:aumento o volume de minha voz se percebo que apessoa com quem falo ouve mal, ou procuro adequara formalidade das frases que uso em função daaparente solenidade da pessoa à qual me dirijo (ou aocontexto da conversa, como no caso de estarmos, eu emeu interlocutor, em tribunal ou igreja, por exemplo).O foco da atenção de quem comunica deve ser ocontexto onde a informação vai chegar. Na verdade,em geral, quando há baixa eficácia comunicativa nacomunicação meteorológica, isso se deve ao fato deque essas questões são tratadas de forma intuitiva ousimplesmente desconsideradas. Quem depende docomportamento da audiência – políticos e emissorasde televisão são os exemplos mais conhecidos – fazpesquisas para conhecer seu público e muda suasformas de ação em virtude dos resultados encontrados.Quando a meteorologia não conhece o seu público, eo público não conhece a meteorologia, o resultado éque cada um cria estereótipos e mitos a respeito dooutro, o que não raro conduz a expectativas irreaise frustração. Uma outra tira humorística publicadana Inglaterra exemplifica isso: nela um jornalistameteorológico, em frente às câmeras de TV e como mapa das ilhas britânicas ao fundo, diz “e agora,o tempo para o fim de semana”, enquanto insere suamão em um recipiente rotulado “balde da sorte”. Essetipo de humor surge do fato de que o público em geraltem uma idéia muito tênue do que a Meteorologiafaz.Uma das características mais importantes docontexto de recepção das mensagens no processo decomunicação é o fato de que este é dinâmico e reflete aorganização social e cultural locais. Ou seja, entendero contexto em que a informação é recebida não seresume em inventariar idéias, valores, objetivos,expectativas, recursos, calendários, e problemas, massim entender como essas coisas funcionam e fazem avida social funcionar. Quando a informação chega aum grupo de pessoas ou comunidade, ela não encontraindivíduos dispostos a interromper suas atividadescotidianas para analisar racionalmente a informação,como se o entorno não fosse relevante naquelemomento. O que a informação encontra é uma miríade81


Boletim SBMET ago.-dez. <strong>2008</strong>de processos sociais acontecendo – disputas políticas,problemas de produção econômica, controvérsiasmorais ou religiosas, e todas essas coisas conectadasumas às outras – e o que ocorre é que a informaçãoé sugada para dentro desse turbilhão social. <strong>No</strong> casoda disseminação de informações meteorológicas,a melhor das hipóteses é a em que essa informaçãoconecta-se às discussões sobre produção econômica,a estratégias de proteção da vida e da infra-estruturafísica, e a debates políticos sobre a distribuiçãode recursos, de modo que a eficiência produtivaaumente, a vulnerabilidade aos impactos climáticosdiminua, e os conflitos por recursos sejam reduzidos.Infelizmente, nem sempre isso acontece. Um caso jánotório de uso de informações climáticas ocorridono Ceará pode exemplificar como as coisas podemocorrer de forma diversa.<strong>No</strong> final da década passada, a Secretaria deAgricultura do Estado do Ceará (naquela época com onome de Secretaria de Desenvolvimento Rural) decidiuque a distribuição de sementes selecionadas, resistentesa baixos níveis de chuva, aos agricultores familiares doestado, estaria vinculada à medição de umidade do soloe à previsão de chuvas produzida pela FUNCEME. Ofato é que tais sementes são caras, e o hábito de fazero plantio após as primeiras chuvas da estação, comumentre os agricultores do sertão, ocasiona a perda de umagrande quantidade de sementes. O uso das informaçõesvindas da FUNCEME tinha como objetivo reduzir adespesa do Estado e evitar a perda das sementes noinício da estação (uma vez que as primeiras chuvassão em geral irregulares demais para que o cultivo semantenha). A idéia do governo era que os agricultoresdesta forma passariam a usar a previsão meteorológicacomo informação relevante para a decisão de quandoiniciar o plantio.Os produtores rurais manifestaram seu desagradologo no início do uso da previsão meteorológica; apósalguns anos de reclamações e conflitos, o governodecidiu desvincular a distribuição de sementes daprevisão climática. Dentre os principais problemasencontrados nesse episódio está o fato de que os modelosmeteorológicos têm pouca habilidade para prever aschuvas de pré-estação no <strong>No</strong>rdeste Setentrional, e em82geral previsões climáticas fazem referência às chuvastrazidas pela Zona de Convergência Intertropical (ZCIT),e não às chuvas trazidas por frentes frias vindas do sul,vórtices ciclônicos dos altos níveis ou ondas de leste.As chuvas de pré-estação, no entanto, quando intensaso suficiente para unir-se com as chuvas trazidas pelaZCIT, podem resultar em duas safras de feijão e milhoverdes, o que significa, para o agricultor de sequeiro,a duplicação de seus ganhos anuais. Isso raramenteocorre; no entanto, se o agricultor esperar pelas chuvasvindas no norte (decorrentes da atuação da ZCIT),perderá essa oportunidade quando ela eventualmentese manifestar. Os agricultores então fazem seus cultivossempre que a umidade do solo alcança cerca de umpalmo de profundidade – ou seja, independentementede qualquer previsão climática. Ao fazerem isso, estãominimizando a perda da oportunidade da chuva, aindaque desperdiçando sementes. Isso é compreensível, dadoo fato de que sementes estão disponíveis no mercado,enquanto a chuva não está.Na percepção dos produtores locais, o que houvefoi a desconsideração tácita e irresponsável deestratégias locais de plantio, e o desrespeito a formaslocais de conhecimento sobre o clima. Até mesmoa reunião anual de Profetas da Chuva do sertão,realizada na cidade de Quixadá, teve como uma desuas motivações, de acordo com seu idealizador 4 ,figurar como reação à atitude do governo com relaçãoao calendário de distribuição de sementes, buscandodar visibilidade ao conhecimento climático localque estava sendo ignorado pelo governo. O episódiofoi então interpretado como mais uma ação de umgoverno que priorizava outras formas de atividadeeconômica – a indústria, o turismo e o agronegócio– e que via a agricultura familiar como um fardo.Ou seja, a informação climática acabou sugada paradentro do redemoinho político daquele momento,e identificada com um governo que, em muitaslocalidades rurais, era visto como tendo agendasantagônicas com as da comunidade. Desta forma,a informação meteorológica era naquele momentoentendida como ferramenta produzida pelo governopara tomar controle sobre as atividades de produção4 Helder Cortes, comunicação pessoal.


Boletim SBMET ago.-dez. <strong>2008</strong>locais. Por essa razão, a informação meteorológicaera rechaçada de antemão, sem sequer ser analisada.Como evitar esse tipo de situação? Algunstrabalhos sobre a comunicação social de informaçõescientíficas podem oferecer subsídios nesse sentido.Cash e seu grupo, por exemplo, sugerem que adisseminação de informações tem mais chance deganhar um uso efetivo se a informação tiver saliência,credibilidade e legitimidade (Cash et al., 2002; Cashet al., 2003; Cash e Buizer, 2005). Taddei (<strong>2008</strong> b)propôs a expansão deste conjunto de característicaspara saliência, relevância, autoridade e legitimidade.Cash identifica saliência com relevância, enquantoestas características são claramente distintas. Saliênciarefere-se à capacidade, por parte dos receptores dainformação, de detectarem detalhes importantespara a compreensão da mensagem. Em alguns casos,esses detalhes não são percebidos, e a interpretaçãoda mensagem é prejudicada. Na meteorologia, o casomais notório é a distinção entre tempo e clima. Umamensagem baseada implicitamente nesta distinçãoserá entendida de forma incorreta se as pessoas que areceberem não souberem da distinção em questão. Poressa razão, eventos de tempo são geralmente usadospara avaliar (incorretamente) previsões de clima.Adicionalmente, a linguagem técnica, em geral,reduz a saliência da informação. Outro elemento quepossui baixa saliência é a informação probabilística:por questões cognitivas e culturais, o aspectoprobabilístico da informação é de difícil retenção, eé o primeiro elemento a desaparecer no processo dedisseminação da informação meteorológica.Relevância, por sua vez, refere-se à aplicabilidadeda informação nos processos produtivos, culturais,ou políticos de quem a recebe. Informaçõesmeteorológicas de boa qualidade técnica, mas emescalas espaciais distintas das em que os usuáriosoperam, perde relevância. O mesmo de dá comrelação a calendários decisórios: a informaçãocerta na hora errada é irrelevante. A informaçãometeorológica, quando chega aos locais de uso, seacopla a tentativas locais de resolução de problemas.A chance de um uso eficaz da informação aumentase esse acoplamento for facilitado. Por essa razão, acompreensão dos problemas e das formas locais detentativa de solução destes é importante.Autoridade é resultado da credibilidade atribuídaà informação, e à confiança depositada em sua fonte.De acordo com Gregory e Miller (1998), devido àprópria especialização do conhecimento científico etécnico e à complexidade informacional do mundoem que vivemos, é comum que os indivíduos sejammais ativos na busca de relações de confiança doque na busca da compreensão dos fatos e elementostécnicos. Em situações de risco, por exemplo, maisdo que entender com detalhes o que está acontecendo,pesquisas sugerem que indivíduos buscam sinais queindiquem se podem ou não confiar nas autoridadesresponsáveis pela gestão da situação (Gregory eMiller, 1998, p. 193).Um dos problemas ligado à autoridade consiste nofato de que emissor e receptor da mensagem podemdefinir autoridade de forma diferente. Na opiniãoda comunidade científica, o que atribui autoridadea determinada informação é o rigor metodológicoatravés do qual ela foi gerada. Como a populaçãoem geral não entende como a ciência funcionainternamente, esse critério não se aplica fora dasparedes das instituições de pesquisa. Em outros setoresda população, a autoridade está ligada ao acesso restritoao conhecimento, a recursos e a poder decisório.Em algumas comunidades, há formas culturais deatribuição de autoridade: em determinados lugares, aautoridade quem tem é o padre; em outros lugares, é apessoa mais velha; em outros, é quem tem a arma defogo; em outros ainda, é o representante da família quetradicionalmente detém o poder, como nas monarquias.O fato de que a população não entende a autoridadecientífica da mesma forma como o fazem os cientistasfoi constatado numa série de pesquisas feita nos EstadosUnidos, buscando medir o grau de compreensão que apopulação tinha, na época em que as pesquisas foramfeitas, do trabalho da ciência. Ao serem perguntados“o que significa estudar algo cientificamente?”, em1957, apenas 12% dos americanos entrevistadosmencionaram experimentação e teste de hipóteses.Em 1979, essa proporção era de 14%; em 1985, 5%(Gregory e Miller, 1998, p. 5). Isso não significa queessas pessoas não atribuíssem autoridade aos cientistas,83


Boletim SBMET ago.-dez. <strong>2008</strong>mas que essa autoridade não era necessariamenteatribuída em virtude do uso do método científico.E legitimidade refere-se à adequação da informaçãoaos valores, formas de vida e perspectivas locais. Amensagem e a sua forma de disseminação, quandolegítimas, não se confrontam frontalmente comvalores locais. Quando há esse confronto, em geralnão são os valores locais os perdedores, mas sim ainformação científica. Numa comunidade em que osvalores religiosos são importantes, por exemplo, se ainformação científica chegar fazendo menção, mesmoque indiretamente, de que existe uma polaridade, umaoposição entre ciência e religião, quem vai perderlegitimidade é a ciência. Não é esse tipo de embateque faz com que a religião deixe de ter legitimidade.O mesmo ocorre com polaridades como urbanoversus rural, agendas oficiais versus agendas locais,pequena agricultura versus agronegócio.Podemos ver todos esses elementos em ação nocaso da distribuição de sementes. Inicialmente, adistinção feita pela meteorologia entre as chuvas depré-estação (trazidas por frentes frias vindas do sul)e chuvas de estação (trazidas pela ZCIT) não possuisaliência para grande parte da população rural, e arazão da retenção das sementes até a configuraçãodas chuvas ligadas à ZCIT não foi entendida pelosagricultores. Ao mesmo tempo, configuraçõesideológicas (desprezo pelo conhecimento ruraltradicional) e institucionais (maior atenção dadaa áreas definidas como estratégicas pelo governo,como o agronegócio voltado à exportação) fizeramcom que formas locais de organização produtivafossem invisíveis aos olhos do governo. Ou seja,formas locais de produção não tinham saliência juntoao governo. Adicionalmente, a estratégia de uso dainformação meteorológica resultou não apenas numasituação irrelevante para os produtores locais, emfunção do choque entre o calendário de produção locale o imposto pelo governo, mas também danificou aconfiança depositada pelos produtores nas agênciasgovernamentais (dentre as quais a FUNCEME), oque resultou na perda da autoridade destas agências.E, por fim, a ação do governo foi entendida comoautoritária e desrespeitosa, e desta forma, ilegítima.2. CONCLUSÃOO que este texto pretendeu mostrar é que, comoem qualquer processo de divulgação científica, aeficiência da comunicação depende da atenção dadaao contexto em que a informação será recebida, enão o em que a informação é emitida. Desta forma,a informação meteorológica, para ser eficaz em seupropósito comunicativo, deve estar estruturada, emtermos de conteúdo e de estratégias de disseminação,em função das formas de pensamento e ação quecaracterizam o seu público alvo, e não das formasde conhecimento que caracterizam o grupo que aproduz. <strong>No</strong> entanto, entender de forma detalhadaos contextos culturais, sociais e políticos em queas informações de clima serão recebidas é tarefacomplexa, até mesmo para quem se dedica a isso emtempo integral. Por essa razão, não há sentido emsugerir que a Meteorologia absorva integralmenteesse desafio, mas é preciso fomentar e fortalecer acooperação entre quem produz a informação de tempoe clima e especialistas em comunicação e cultura.Desta discussão, algumas implicações maissalientes se convertem em recomendações. A primeiraé que, se a comunicação depende da construção deautoridade e legitimidade, ela é a outra face da gestãoda imagem social e pública da Meteorologia. Sendoassim, convém que gestores e líderes desta atividadeparticipem, de forma mais incisiva, de debates sociaisonde negociem com a sociedade quais são os graus deprevisibilidade que a Meteorologia pode oferecer, e oque a sociedade deve esperar. O ajuste de expectativassociais é necessário para que não se chegue emsituações em que os gestores políticos decidam censurara disseminação da informação meteorológica, ou emque à meteorologia seja atribuída culpa por supostos“erros” de prognósticos, quando na verdade são asexpectativas sociais que se mostram irrealistas.Em segundo lugar, muitas vezes é necessárioque se reduza a quantidade de intermediários entrea Meteorologia e seu público alvo. Por outro lado,existem intermediários estratégicos, pessoas – nascomunidades ou instituições - que são mais capazesde fazer as traduções de linguagem e culturais, e desta84


Boletim SBMET ago.-dez. <strong>2008</strong>forma é preciso identificar e solicitar a colaboraçãodessas pessoas.Em terceiro lugar, é preciso fazer concessõesterminológicas. Cientistas e meteorologistas precisamacostumar-se com a idéia de que as definições econceitos devem ganhar o mundo de forma flexibilizada,e que a manutenção da precisão e do caráter técnico dainformação implica em perda de saliência e relevância,diminuindo a chance de seu uso.E, por fim, é preciso fazer pesquisas sistemáticassobre as estratégias comunicativas. Em campo e emsituações experimentais de laboratório, é precisoconstruir conhecimento sobre quais formas decomunicação, em termos de forma e de conteúdo, sãomais eficazes em diferentes contextos e para populaçõesdiversas. É conveniente aproveitar o impulso dado aosestudos sobre as mudanças climáticas e criar condiçõespara que se desenvolvam estudos sobre as relaçõesentre a Meteorologia e a sociedade. Se o clima é aintegral do tempo no tempo, piada meteorológica queo professor Pedro Leite da Silva Dias costuma contaraos seus alunos, é preciso derivar no tempo os estudosdas dimensões humanas das mudanças climáticas, demodo a chegarmos nas dimensões humanas do tempoe do clima.3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASALVES, J. M. B.; VIEIRA, V. P. P. B.; CAMPOS,J. N. B. Uma Análise de Sustentabilidade Agro-Hidrometeorológica no Estado do Ceará. RevistaBrasileira de Meteorologia, v. 23, p. 103-114, <strong>2008</strong>.ANDERSON, K. Predicting the Weather:Victorians and the Science of Meteorology. Chicago:University of Chicago Press, 2005.BAETHGEN, W.E., H. MEINKE, A. GIMENEZ.Adaptation of agricultural production systems toclimate variability and climate change: lessons learnedand proposed research approach. IN: Insights andTools for Adaptation: Learning from ClimateVariability, NOAA-OGP, Washington, D.C., 2004.BRAVO, J. M.; COLLISCHONN, W.; PILAR, J.V.; SILVA, B. C.; TUCCI, C. E. M. Operação de umreservatório com múltiplos usos com base na previsãode curto prazo. Revista Brasileira de Energia, v. 11,p. 85-110, 2005.BROAD, K., A.S.P. PFAFF, e M. H. GLANTZ.Effective and Equitable Dissemination of Seasonalto-InterannualClimate Forecasts: policy implicationsfrom the Peruvian fishery during El Niño 1997-98.Climatic Change 54: 415-438, 2002.CASH, D. W. and J. BUIZER. Knowledge-Action Systems for Seasonal to Interannual ClimateForecasting - Summary of a Workshop. Washington:The National Academies Press, 2005.CASH, D. W., W. C. CLARK, F. ALCOCK, N.M. DICKSON, N. ECKLEY, D. H. GUSTON, J.JAGER, and R. B. MITCHELL. Knowledge systemsfor sustainable development. PNAS, July 8, 2003, vol.100, no. 14, pp. 8086–8091.CASH, D., W. CLARK, F. ALCOCK, N. M.DICKSON, N. ECKLEY, and J. JAGER. Salience,Credibility, Legitimacy and Boundaries: LinkingResearch, Assessment and Decision Making. John F.Kennedy School of Government, Harvard University,Faculty Research Working Papers Series, RWP02-046,<strong>No</strong>vember 2002COLLISCHONN, W.; TUCCI, C. E. M.;CLARKE, R. T.; DIAS, P. L. S.; SAMPAIO, G. O.Previsão sazonal de vazão na bacia do rio Uruguai 2:Previsão Climática-Hidrológica. Revista Brasileirade Recursos Hídricos, v. 10, n. 4, p. 60-72, 2005.DUCK, S. W. Meaningful Relationships: Talking,Sense, and Relating. Thousand Oaks: SAGE, 1994.85


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EXPEDIENTEda SBMETBoletim SBMET ago.-dez. <strong>2008</strong>RELATÓRIO CIENTÍFICO DOXV CONGRESSO BRASILEIRO DE METEOROLOGIA24 a 29 de agosto de <strong>2008</strong>, São Paulo, SPPedro Leite da Silva DiasPresidente do Comitê OrganizadorO XV Congresso Brasileiro de Meteorologia (XVCBMET), seguindo os passos das edições anteriores,reuniu a comunidade científica brasileira e comexpressiva participação estrangeira, principalmentedos países de língua espanhola, para apresentare discutir os resultados das novas descobertas naMeteorologia e nas áreas correlatas, enfocando osbenefícios que essas inovações podem trazer para asociedade como um todo.Este XV Congresso, particularmente, trouxevisibilidade às diversas aplicações da Meteorologiacom a interação e o debate dos diferentes atores esegmentos envolvidos. Os objetivos específicosrelacionados ao tema central do evento foram:• Avaliar o conhecimento atual sobre o clima urbanoe seus controles;• Explorar as aplicações da Meteorologia Urbanana Energia, Esportes, Turismo, Lazer e Cultura,Saúde, Meio Ambiente, Economia, Indústria,Comércio, Transporte, Comunicações e DefesaCivil;• Reunir especialistas ligados aos temas dasCâmaras Técnicas da Comissão de Comissão deCoordenação de Meteorologia, Climatologia eHidrologia CMCH - para promover debates e aparticipação da comunidade em suporte às suasdecisões;• Discutir os temas básicos da Meteorologia,incluindo questões de ensino.O XV CBMET foi realizado em São Paulo, entre24 e 29 de agosto de <strong>2008</strong>, no Centro de ConvençõesFrei Caneca. O local foi excelente, do ponto de vistadas facilidades de acesso dos aeroportos, proximidadedo metrô e de hotéis de variados preços.Os números globais de atendimento ao XVCBMET foram (tipologia indicada pelos própriosinscritos no evento):PERFIL DOS PARTICIPANTESTIPONÚMEROBiólogo 1Jornalista 1Oceanógrafo 2Tecnologista 4Estagiário 9Bolsista 24Profi ssional 54Nível Médio – Estudante 58Meteorologista 81Pesquisador 115Professor 146Pós-Graduação – Estudante 220Graduação – Estudante 290Sem Descrição 5TOTAL 1010O mini-curso sobre Empreendedorismo,ministrado pelo Dr. José Augusto Correa, FGV/SP,realizado em 24 de agosto de <strong>2008</strong>, contou com aparticipação 192 inscritos. A exposição do Prof.Dr. José Augusto Correa, especialista no tema,causou impacto por trazer uma visão moderna doempreendedorismo, tanto do ponto de vista do setor87


Boletim SBMET ago.-dez. <strong>2008</strong>EXPEDIENTEda SBMETprivado como do setor público. Foram apresentadoscases, seguidos de uma discussão iterativa com osparticipantes. Foram selecionados dois cases paraapresentação mais detalhada sendo um do setorprivado e outro do setor público: CLIMATEMPO(com o Sr. Carlos Magno) e FUNCEME (com Dr.Eduardo Sávio Passos Rodrigues Martins). Houvetambém, em menor detalhamento, a exposição sobreo SIMEPAR (com Dr. Cesar Augustus Assis Beneti).<strong>No</strong>s demais dias do evento, foram realizadaspalestras, mesas redondas, apresentações de trabalhosna forma oral e painéis, entre outras atividades.Foram proferidas ao todo 15 Palestras, a saber:Palestra 1: Ações Regionais no Quadro das MudançasClimáticas: caso São Paulo (Dr. Fernando Rei,CETESB), Palestra 2: Monitoramento da Atmosfera(Dr. Antonio Divino Moura, INMET), Palestra3: Monções nas Américas (Dra. Carolina SusanaVera, Universidade de Buenos Aires), Palestra 4:Meteorologia Urbana e Saúde (Dr. Paulo Afonso deAndré, FM/USP), Palestra 5: Previsão de Tempo ede Clima e suas Aplicações ao Meio Ambiente (Dra.Maria Assunção F. S. Dias, CPTEC/INPE e IAG/USP), Palestra 6: O Programa da Bacia do Prata -LPB (Dr. Ernesto Hugo Berbery, Universidade deMaryland, EUA), Palestra 7: Hidrologia (Dr. MarioThadeu Leme de Barros, PHD/EPUSP), Palestra 8:A Meteorologia e a Operação do Sistema InterligadoNacional (Dr. Luiz Guilherme Guilhon, ONS),Palestra 9: Assimilação de Dados (Dr. Arlindo M.da Silva, NASA), Palestra 10: Poluição e Transportede Poluentes nas Megacidades (Ms. Marcelo FelixAlonso, CPTEC/INPE), Palestra 11: ComunicaçãoSocial da Informação em Meteorologia (Dr. RenzoRomano Taddei, UNICAMP), Palestra 12: Sistemade Fomento à Pesquisa no Brasil (Sr. EugeniusKaszkurewicz, FINEP), Palestra 13: Poluição do Ar:das Emissões Locais aos Efeitos Globais (Dr. PauloEduardo Artaxo Netto, IF/USP, Palestra 14: Clima eSegurança Alimentar (Dr. Luiz Cláudio Costa, UFV),Palestra 15: Mudanças Climáticas e Climatologia (Dr.Carlos Afonso <strong>No</strong>bre, INPE). Algumas das palestrasproferidas durante o XV CBMET estão publicadas noBoletim da SBMET, vol. <strong>32</strong>, n 0 2-3, ago.dez. <strong>2008</strong>.As Mesas Redondas foram organizadas em trêsgrandes grupos:(a) Tema central do evento – A Meteorologia e aCidade(b) Temas das Comissões da CMCH(c) Temas gerais da MeteorologiaAssim, houve 15 Mesas Redondas, com osseguintes temas:Mesa Redonda 1: Mudanças Climáticas eCidadesMesa Redonda 2: Monitoramento da AtmosferaMesa Redonda 3: Monções na América do SulMesa Redonda 4: Meteorologia Urbana eSaúdeMesa Redonda 5: Previsão de Tempo e de Climae suas AplicaçõesMesa Redonda 6: O Programa da Bacia do Prata– LPBMesa Redonda 7: Meteorologia e Defesa Civilnas CidadesMesa Redonda 8: Meteorologia, Climatologia eHidrologia para o Setor ElétricoMesa Redonda 9: Assimilação de DadosMesa Redonda 10: Poluição e Transporte dePoluentes nas MegacidadesMesa Redonda 11: Climatologia e AplicaçõesMesa Redonda 12: Fomento à ações emMeteorologiaMesa Redonda 13: Rede de Monitoramento ePadrões de Qualidade do ArMesa Redonda 14: Meteorologia e Hidrologiapara os Setores de Transporte Aéreo, Aqüaviárioe TerrestreMesa Redonda 15: Clima, Oceanos e Gelo88


Boletim SBMET ago.-dez. <strong>2008</strong>Por fim, a Mesa Redonda no final do XV CBMETlevantou uma série de questões referentes àsoportunidades no setor, principalmente trazidas poralunos.Em resumo, o evento cumpriu os objetivosiniciais da SBMET e ofereceu à CMCH importantecontribuição do ponto de vista da avaliação do estadoatual da Meteorologia Brasileira e sugestões decomo aprimorar a interação entre os vários atores.Para finalizar o XV CBMET, a SBMET ofereceu umcoquetel de confraternização.A seguir, apresenta-se um resumo das apresentaçõesdas 15 Mesas Redondas realizadas no XV CBMET:Mesa Redonda 1: Mudanças Climáticas e CidadesCoordenação: Fernando Rei, CETESBDebatedores:Carlos Henrique Fioravanti, Revista Pesquisa FAPESPLaura Valente, ICLEIMorrow Gaines Campbell III, Vitae CivilisTeresinha Maria B. S. Xavier, UFC e ACECIMorrow Campbell relatou o papel que as energiasrenováveis podem desempenhar como alternativaenergética para as demandas locais privadas epúblicas, ilustrando com exemplos de impacto a partirde iniciativas do terceiro setor. Por sua vez, TeresinhaXavier apresentou um estudo comparativo sobre osefeitos das mudanças climáticas em duas grandescidades brasileiras, São Paulo e Fortaleza, destacandoo papel da universidade na geração do conhecimento.Laura Valente apresentou a experiência internacionalde uma rede de grandes cidades que buscam gerarsua própria agenda de mitigação e adaptação. CarlosFioravanti encerrou a apresentação destacando opapel que a mídia pode desempenhar na informaçãoe formação de opinião, a partir de uma experiênciabritânica. Após caloroso debate, os componentes damesa acordaram na relevância em engajar a mídia nadiscussão do problema das mudanças climáticas eas cidades, inclusive com programas de capacitaçãopara jornalistas.Mesa Redonda 2: Monitoramento da AtmosferaCoordenação: Antonio Divino Moura, INMETDebatedores:Cesar Augustus Assis Beneti, SIMEPAREduardo Sávio Passos Rodrigues Martins, FUNCEMEJaci Maria Bilhalva Saraiva, SIPAMLuiz Augusto Toledo Machado, CPTEC/INPEThyrso Villela Neto, AEBCésar Beneti apresentou uma visão geral da missãodo SIMEPAR (papel de monitoramento, previsão edesenvolvimento de pesquisas para o aprimoramentodos serviços). A geração de informaçõesmeteorológicas e hidrológicas é parte intrínseca namissão da instituição e o faz através da operação dedensa rede de estações, radar meteorológico, detecçãode descargas elétricas e acesso e processamento deprodutos de sensoriamento remoto por satélite. Foidesenvolvido um eficiente sistema integrado deestimativa de precipitação com produtos de amplouso no Paraná. A FUNCEME (apresentada peloDr. Eduardo Martins) também mantém um sistemade monitoramento hidrometeorológico no Ceará edisponibiliza as informações para o governo estaduale para a sociedade em geral. A FUNCEME utiliza arede observacional para alimentar modelos regionaisde previsão de tempo além do uso das informaçõespara monitoramento climático. O SIPAM (apresentadopela Dra. Jaci Saraiva) tem a responsabilidade pelamanutenção dos Sistema de Observação na Amazôniae está dotado de uma ampla rede de superfície,aerológica e de radares meteorológicos. Tanto aFUNCEME como o SIMEPAR e o SIPAM, baseiamseem dados de uma rede densa de observaçõesfundamentada em estações automáticas. Chamaram aatenção para a necessidade de um eficiente sistema demanutenção das estações. <strong>No</strong> caso da Amazônia há umadificuldade adicional: dimensão da área, que dificultaenormemente a manutenção da rede observacional.Somente do ponto de vista da cobertura por radares,são dez sistemas em operação no momento. Os dadosdo SIPAM estão sendo gravados e disponíveis para apesquisa meteorológica.89


EXPEDIENTEda SBMETBoletim SBMET ago.-dez. <strong>2008</strong>A produção de informações de sensoriamentoremoto no CPTEC/INPE foi apresentada pelo Dr.Luiz Augusto Toledo Machado. Foram tratados osseguintes aspectos: a) O Sistema Operacional deObservação da Terra e da Atmosfera, b) ProdutosOperacionais de Satélites Meteorológicos eAmbientais, c) O Sistema Geonetcast e o GEOSS, d)O Satélite Geoestacionário Brasileiro. Foi enfatizadaa necessidade de aplicativos que permitam juntar asinformações em sistemas geográficos de informação ea necessidade de um eficiente sistema de transmissãodas informações tendo em vista o volume de dadosgerados pelo sensoriamento remoto. Por fim,discutiu-se a necessidade do Brasil ter um SatéliteGeoestacionário Brasileiro, posição defendida peloDr. Thyrso Villela, da AEB. Concluiu-se que omonitoramento freqüente por sensoriamento remoto(da ordem de minutos) depende, essencialmente,da capacidade de gerenciamento do satélitegeostacionário. <strong>No</strong> momento, o Brasil depende doGOES10 que já apresenta algumas deficiências nossensores.O Dr. Antonio Divino Moura comentou que oINMET tem hoje uma notável rede de observaçõessobre o Brasil e que os dados recentes estãotodos disponíveis em meios digitais de acessopúblico irrestrito. Dados passados dependem deprocessamento. A rede do INMET, em conjuntocom as redes regionais, hoje bem mais integradas,coloca o Brasil numa posição de destaque no cenáriointernacional.Mesa Redonda 3: Monções na América do SulCoordenação: Pedro Leite S. Dias, LNCC e IAG/USPDebatedores:Alice Marlene Grimm, UFPRFabio Ricardo Marin, EMBRAPA/CNPTIAJose Antonio Marengo, CPTEC/INPELeila Maria Véspoli Carvalho, IAG/USPA visão geral das principais características dasmonções na América do Sul sob o ponto de vistada evolução sazonal, variabilidade interanual eprevisiblidade foi dada pela Profa. Alice Grimm.Ela chamou a atenção para o fato de os modelosprevisores usadas na escala sazonal apresentarembaixa previsibilidade no Brasil Central. Suaapresentação realçou o potencial impacto da umidadedo solo nos processos que controlam a evoluçãotemporal da chuva, fator este não bem reproduzidonos modelos. Fabio Marin falou sobre a importânciadas Monções na América do Sul para a Agricultura.Mostrou que a agricultura brasileira cresceu muitonos últimos 30 anos e como é dependente do regimede chuvas. Discutiu como o início da estação chuvosae qualidade da mesma são relevantes em diferentesfases das culturas e como variedades diferentes, porexemplo, do milho, podem ser usadas dependendodas previsões da data de início da estação chuvosaem função do impacto que pode ter na safrinha. Porfim, mostrou que melhores previsões podem levar asignificativo aumento da produtividade nacional.A Profa. Leila Carvalho mostrou que é precisoestabelecer um índice capaz de caracterizar amonção em grande-escala na América do Sul queseja eficiente para : a) Caracterizar as monções comrespeito à precipitação, circulação, termodinâmica,b) identificar a ZCAS e sua atividade oceânica,c) representar a variabilidade de baixa frequência(intrasazonal a decadal) da monção e da ZCAS, d)que este índice de monitoramento deve ser contínuono tempo para caracterizar o estágio da monção emtempo real. Uma proposta de índice foi apresentada,baseada na técnica de Análise de ComponentesPrincipais Multivariada. Propõe-se que este índiceseja usado nos Centros Operacionais para caracterizaro estado das monções.José Antonio Marengo trouxe a perspectiva dasmonções nos cenários do IPCC. Há indícios demudanças significativas no fluxo de vapor d’água daBacia Amazônica para a Bacia do Prata. Entretanto, hámuita divergência entre os modelos. Discutiu tambéma importância da interação entre a floresta e o climaregional e o potencial impacto das alterações no regimechuvoso sobre os ecossistemas regionais, que sãofundamentalmente dependentes do regime de chuvas demonções, e a importância de melhorar a representaçãodos processos de superfície nos modelos do IPCC.90


Boletim SBMET ago.-dez. <strong>2008</strong>As apresentações indicam que houve, claramente,uma evolução muito grande em nosso conhecimentosobre as monções e que é preciso introduzir novasmétricas nos serviços operacionais para avaliaçãodo estado das monções e que os modelos previsorespodem ser aprimorados com um melhor tratamentodos processos de superfície.Mesa Redonda 4: Meteorologia Urbana e SaúdeCoordenação: Maria de Fátima Andrade, IAG/USPDebatedores:Bernardo Rangel Tura, INCEliane Ignotti, UNEMATFábio Luiz Teixeira Gonçalves, IAG/USPPaulo Sérgio Lúcio, UFRNTodos os debatedores fizeram suas apresentaçõese a audiência formulou várias perguntas. O Dr.Bernardo Rangel apresentou resultados de um modelotermodinâmico aplicado ao conceito de fatores quedeterminam o tempo de vida. A Dra. Eliane apresentouresultados do impacto das queimadas sobre a saúdeno contexto do Projeto LBA. O Prof. Fábio fez umaapresentação sobre a relevância dos parâmetros biometeorológicossobre a saúde humana, discutindoimpactos de temperatura, umidade e pressão,enquanto o Dr. Paulo Sérgio apresentou um modelo detratamento de extremos de variáveis meteorológicassobre a saúde humana.As perguntas formuladas pela platéia relacionaramsecom os efeitos das variáveis meteorotrópicas ede poluentes sobre a saúde humana. Questionaramo papel da umidade e da temperatura no bem-estar.<strong>No</strong> final as recomendações concentraram-se nanecessidade de mais trabalhos em conjunto entreos diferentes pesquisadores das diversas áreas. Hámuitas informações que não estão sendo consideradasnas abordagens individuais de cada pesquisador, masque resultariam em avanços nas determinações dasinter-relações entre os diferentes efeitos.Mesa Redonda 5: Previsão de Tempo e deClimae suas AplicaçõesCoordenador: Tercio Ambrizzi, IAG/USPDebatedores:Alexandre Bernarndes Pezza, Universidade de MelbourneÊnio Pereira de Souza, UFCGIsimar de Azevedo Santos, UFRJReinaldo Silveira, SIMEPARA Mesa Redonda 5 foi aberta pelo Coordenadormencionando a importância sócio-econômica atual dasprevisões de tempo e clima para o país e como podemser aplicadas para os diversos setores da sociedade. Odebate contou com a participação de 5 especialistasde diferentes instituições de ensino e pesquisa e dainiciativa privada. A primeira palestra foi proferidapelo Dr. Ênio Pereira, que descreveu o sistemaSegHidro e como tem sido usado para previsões detempo em outras áreas fora da Meteorologia como,por exemplo, hidrologia e geração de energia naParaíba. O Dr. Isimar Santos comentou sobre asatividades didáticas e operacionais do Laboratório dePrognósticos de Mesoescala da UFRJ, onde atravésda utilização de diferentes modelos de área limitada,alunos e professores podem desenvolver seusestudos de pesquisa e aprimoramento da qualidadedas previsões de tempo para o Rio de Janeiroprovenientes dos mesmos. A terceira apresentaçãofoi feita pelo Dr. Reinaldo Silveira, que falou sobre oProjeto SIMPAT do INMET, focando sobre o uso daPrevisão de Tempo e Clima para auxílio em alertasda Defesa Civil e sobre o Projeto de Demonstraçãoda OMM de Previsão de Eventos Severos utilizandoFerramentas de Previsão Numérica do Tempo.”Por último, o Dr. Alexandre Pezza descreveu aprevisão de tempo (incluindo nowcasting), e umpouco da previsão de clima na Austrália. Comentouque o sistema é centralizado e 99% das previsõessão emitidas oficialmente pelo governo (Bureau ofMeteorology). Desta forma, mostrou como o sistemado Bureau funciona e comentou sobre alguns dosdesenvolvimentos recentes de software e aplicação91


EXPEDIENTEda SBMETBoletim SBMET ago.-dez. <strong>2008</strong>atuais. Ao final das apresentações, abriu-se odebate para a audiência que fez várias perguntas deesclarecimento aos palestrantes. Entre elas, discutiusea importância dos dados meteorológicos para aprevisão de tempo e de clima e sua disponibilidade,qual a importância das previsões climáticas para acomunidade em geral, e algumas perguntas específicassobre estudos de viabilidade de energia eólica e suarelação com o clima regional. De forma geral, odebate foi importante para a comunidade e ampliounossos conhecimentos sobre as possibilidades deaplicação das previsões de tempo e clima feitas emnosso país atualmente.Mesa Redonda 6: O Programa da Bacia do Prata– LPBCoordenador: Ernesto Hugo Berbery, MarylandDebatedores:Andrea Celeste Saulo, Universidade de Buenos AiresCarlos Augusto Morales Rodrigues, IAG/USPHumberto Ribeiro da Rocha, IAG/USPWalter Collischonn, IPH/UFRGSHumberto Ribeiro da Rocha discorreu sobre acombinação da evaporação e do fluxo de calor sensívelque é um dos fatores que estimulam a formação denuvens cumuliformes, que podem tornar-se sistemasprecipitantes, principalmente nas regiões tropicais. Opadrão continental de evaporação mostra na regiãoda bacia do Prata um forte gradiente com máximos àleste e mínimos a leste. A correta previsão da partiçãode energia nas áreas centrais (intermediárias) épotencialmente uma das chaves para a melhoriada estimativa da precipitação e a performance dosmodelos hidrológicos.Na apresentação de Carlos Augusto MoralesRodriguez, foi apontado que a Bacia do Prata contemplaum grande número de tempestades severas e sistemasprecipitantes volumosos, porém, a sua caracterizaçãoainda depende de medidas feitas por satélites(Tropical Rainfall Measuring Mission – TRMM eGOES), uma vez que a região apresenta uma baixadensidade de instrumentos (radares meteorológicos etipping buckets). Apesar do monitoramento contínuopor satélites, as estimativas de precipitação horáriasainda são imprecisas e dependem basicamente do tipode sistema observado. Finalmente, levantou-se umadiscussão sobre o controle de qualidade dos dados(pluviômetros e radares meteorológicos) e como osdados de chuva podem ser úteis para a calibração dosmodelos de estimativa de precipitação.Para Celeste Saulo, o Programa científico da baciado Prata apresenta uma oportunidade única para oestado dos processos de interação entre o superficie/atmosfera/hidrosfera, numa região estratégica paro desenvolvimento da América do Sul. A bacia doPrata conta com uma grande diversidade de modelosprognósticos e é possível construir um super-conjuntopara estimar a probabilidade de ocorrência dos eventosmeteorológicos. A comparação das previsões com asobservações permite identificar um viés frio que temsignificativo impacto no acoplamento entre o solo e aatmosfera. Os prognósticos de precipitação mostramgrande dispersão e observa-se a necessidade de maisdados de precipitação para a validação dos resultadosdos modelos.O tema principal da apresentação de WalterCollischonn foi mostrar as experiências de integraçãoentre meteorologia e hidrologia para a realização deprevisões de vazão úteis na área de recursos hídricosna região da Bacia do Prata. Foram apresentadosexemplos dos rios Grande e Paranaíba, formadoresdo rio Paraná. Também foram comentados resultadosde previsão de médio prazo na bacia incrementalpróxima a Itaipu, entre dois grandes aproveitamentoshidrelétricos: Porto Primavera e Itaipu. Com relaçãoà climatologia e às mudanças climáticas foramapresentados resultados de simulações hidrológicasbaseadas na climatologia do modelo global doCPTEC, que conta com 50 anos de dados. Os dados deprecipitação da climatologia do modelo global foramutilizados para gerar vazões em diferentes locais aolongo da bacia do rio Grande, e os resultados foramanalisados em termos de capacidade de reproduzira magnitude de eventos extremos. Os resultadosmostram que o modelo global é capaz de reproduziradequadamente as magnitudes dos eventos extremosque causam cheias nesta bacia. <strong>No</strong> que se refere à92


Boletim SBMET ago.-dez. <strong>2008</strong>modelagem hidrológica para a obtenção de previsõesde vazão, novos desenvolvimentos devem passarpor uma maior integração dos módulos de balançohídrico de superfície, incluindo o papel da vegetação(SVATs) e pela incorporação de metodologias deassimilação de dados em modelos hidrológicos.Conclusões e Recomendações dessa Mesa: Asapresentações foram focadas nos temas críticos para abacia do Prata, desde o ponto de vista das observaçõese dos modelos hidrológicos e atmosféricos. Houveconcordância entre os apresentadores de que aobtenção dos fluxos de superfície (calor latente esensível) e outras propriedades como umidade dosolo, constituem requisitos indispensáveis para amelhoria da qualidade dos prognósticos. Foi propostoum pequeno grupo coordenador para avaliar aquestão das observações por radar, com membrosdas instituições interessadas no Brasil, Argentina eParaguai.Mesa Redonda 7: Meteorologia e Defesa Civilnas CidadesCoordenação: Agostinho Tadashi Ogura, IPT/SPDebatedores:Adilson Nazário, CGE/SPHugo José Braga, CIRAM/EPAGRIToni Kasai, Casa Civil do Governo Estado São PauloRicardo Neiva D’Orsi, Fundação GeoRioO Centro de Gerenciamento de Emergências daPrefeitura de São Paulo, CIRAM em Santa Catarina,a Casa Civil em São Paulo e a Fundação GeoRio,fazem o monitoramento das condições meteorológicasadversas e atuam no sentido de minimizar ostranstornos causados pelas chuvas, ventos e outrassituações climáticas extremas como secas e períodosde umidade muito baixa. Fazem amplo uso dosistema de observações e estão conectados aosCentros previsores. Uma característica importanteda Defesa Civil é o caráter multidisciplinar de suasequipes. Ressaltou-se a importância das pesquisassobre eventos extremos, como o caso do FuracãoCatarina em 2004. Por fim, Tono Kasai e RicardoD’Orsi realçaram a preocupação com as mudançasclimáticas. Há uma preocupação crescente por parteda Defesa Civil com relação à possibilidade de eventosextremos mais freqüentes e/ou mais intensos.Mesa Redonda 8: Meteorologia, Climatologia eHidrologia para o Setor ElétricoCoordenação: Benedito P. F. Braga, ANADebatedores:Carlos Augusto Morales Rodrigues, IAG/USPEduardo Alvim Leite, SIMEPAROswaldo Enrique Calisto Acosta, ANEELWalter Collischonn, IPH/UFRGSO ponto que ficou muito claro nesta mesa foi sobrea necessidade de bons sistemas de monitoramentohidrometeorológico e sistemas de previsão em temporeal que levem em conta a incerteza na previsão.Ficou evidente também que o setor elétrico deveriainstitucionalizar a metodologia de previsão deafluências para fazer a operação de curto prazo.Há também a necessidade de se investigar maisprofundamente a utilização de sensoriamento remoto(radar e satélite) para melhorar a qualidade da previsãohidrológica em bacias hidrográficas de maior porte(caso dos reservatórios do setor elétrico).Mesa Redonda 9: Assimilação de DadosCoordenação: Maria Assunção F. S. Dias,CPTEC/INPE e IAG/USPDebatedores:Clemente Augusto Souza Tanajura, UFBADirceu Luis Herdies, CPTEC/INPEHaroldo Fraga de Campos Velho, LAC/INPELuis Gustavo G. de Gonçalves, NASA/GSFC e ESSIC/UMDA Mesa Redonda enfocou diversos aspectosda assimilação de dados passando pela área maisoperacional e os aspectos básicos de pesquisa. O Dr.Tanajura enfocou aspectos de assimilação oceânica,o Dr. Dirceu Herdies apresentou o status atual e asperspectivas da assimilação no CPTEC/INPE, o Dr.Haroldo Velho enfocou o uso de redes neurais e o Dr.93


EXPEDIENTEda SBMETBoletim SBMET ago.-dez. <strong>2008</strong>Gonçalves, a assimilação de dados de superfície. Odebate ressaltou o grande avanço nessa área obtidopelas instituições brasileiras nos últimos anos e agrande possibilidade de agregação de esforços.Mesa Redonda 10: Poluição e Transporte dePoluentes nas MegacidadesCoordenação: Olimpio Melo Alvares Jr., CETESBDebatedores:Aline Sarmento Procópio, UFRJEdmilson Dias de Freitas, IAG/USPMarcelo Felix Alonso, CPTEC/INPEMaurício Osses Alvarado, Universidade do ChileMauricio Osses discorreu sobre o Projeto SAEMC- South America Emissions, Megacities and CimateChange, que produzirá cenários de emissões locaise globais com ênfase nas megacidades, incluindolevantamento de fatores de emissão locais de fontesmóveis por meio de medições e técnicas de modelageminversa. Aline Procópio falou sobre a avaliação depoluentes atmosféricos com sensoriamento remotopor satélite, que tem boa resolução espacial, mas aindanão conta com resolução temporal satisfatória. Asavaliações de poluentes por satélite, segundo Aline,complementarão as informações de qualidade do ar deredes locais de medição. Por sua vez, Edmilson Freitasfalou sobre a modelagem de transporte de poluentesem escala regional em grandes centros urbanos, comoa Região Metropolitana de São Paulo. Apresentouexemplos de modelos numéricos de previsão de tempo,que auxiliam na avaliação da qualidade do ar - duasversões do modelo BRAMS, utilizadas pelo CPTEC/INPE e IAG/USP. Finalmente, Marcelo Alonso doCPTEC/INPE discorreu sobre o Modelo CCATT-BRAMS (Coupled Chemistry Aerosol and TracerTransport model to the Brazilian Developments on theRegional Atmospheric Modeling System), nova versãodo sistema CATT, operacional no CPTEC/INPE.Foram apresentados durante a seção alguns resultadosde simulações numéricas para mostrar a influênciadas plumas urbanas em áreas distantes centenas dequilômetros das megacidades. Além das perguntasreferentes aos assuntos diretamente abordados pelospalestrantes, houve interesse da audiência sobre ofuturo dos programas de controle de emissões de fontesmóveis no Brasil, e a polêmica sobre a necessidadede redução do teor de enxofre nos combustíveis,respondidas pelo Coordenador da Mesa.Mesa Redonda 11: Climatologia e AplicaçõesCoordenação: Maria Gertrudes Justi da Silva,UFRJ e SBMETDebatedores:Alice Marlene Grimm, UFPREduardo Delgado Assad, EMBRAPA/CNPTIAJose Antonio Marengo Orsini, CPTEC/INPEFoi mostrado como resultados significativosno aumento da produtividade e na economia derecursos podem ser conseguidos com a aplicaçãodas informações meteorológicas já existentes edisponíveis. Nesta mesa redonda todos os seusmembros enfatizaram a necessidade de se contar comséries históricas de dados meteorológicos para asdiversas aplicações, o que ainda é lento e burocrático,dependendo das informações necessárias. É consensoque só com dados de qualidade e de fácil e livreacesso, teremos uma melhor compreensão do climae da sua variabilidade nas diversas escalas espaciaise de tempo. Os membros desta mesa redondaacreditam que a definição de uma política efetiva dedisponibilização das informações básicas de tempoe clima, redundará em crescimento significativo doconhecimento científico, e que viabilizará os meiospara a efetiva aplicação dessas informações nosdiversos setores produtivos da economia no país.Reconheceram a importância do investimento queestá sendo feito pela FINEP no levantamento dasituação dos dados do INMET e na quantificação derecursos para sua recuperação e disponibilização aosdiversos setores da sociedade brasileira.94


Boletim SBMET ago.-dez. <strong>2008</strong>Mesa Redonda 12: Fomento à Ações emMeteorologiaCoordenação: Maria Assunção F.S. Dias,CPTEC/INPE e IAG/USPDebatedores:Darly Henriques da Silva, MCTOscar de Moraes Cordeiro Netto, ANAA Mesa Redonda 12 teve a participação daAgência Nacional das Águas (ANA) através do Dr.Oscar de Moraes Cordeiro Netto, o qual fez umaapresentação das diversas interfaces entre o manejodas águas e a Meteorologia. A Dra. Darly Henriquesda Silva anunciou as diversas atividades de fomentoapresentadas pelo MCT. O debate ressaltou o aumentonas oportunidades de financiamento para a área e anecessidade da SBMET realizar gestões junto aosparticipantes dos Fundos Setoriais para incrementodas ações específicas na área de Meteorologia.Mesa Redonda 13: Rede de Monitoramento ePadrões de Qualidade do ArCoordenação: Jesuino Romano, CETESBDebatedores:José Arnaldo Sales, FEEMAMaria Lúcia Gonçalves Guardani, CETESBO debatedor José Arnaldo Sales apresentou umavisão panorâmica do problema da poluição do arno estado do Rio de Janeiro, em especial a RegiãoMetropolitana, com ênfase à topografia local, queinfluencia fortemente as condições de dispersão econsequentemente, a qualidade do ar na região emfunção do grande número de fontes de poluição naregião. Tal fato levou à distinção e denominação dasdiferentes bacias aéreas para essa região. Tambémapresentou o estágio atual do inventário das fontesmóveis (veicular) e fixa (industrial) em meiodigitalizado, o que facilita enormemente a FEEMA,no conhecimento do problema da poluição e noestabelecimento de programas para abater as emissõesatmosféricas. Por último, foram apresentados osresultados do monitoramento dos poluentes, comdestaque ao material particulado e ozônio devidoàs altas concentrações registradas na atmosfera, emespecial a Bacia Aérea II. A debatedora Maria LúciaGonçalves Guardani apresentou uma classificaçãodas estações da rede de monitoramento da CETESBno que concerne ao alcance e representatividade damedida do poluente bem como os resultados obtidosao longo dos últimos anos quanto às tendências,bem como a comparação com os padrões dequalidade do ar nacionais. Também apresentou aforma como os resultados do monitoramento sãodivulgados diariamente na internet. Aproveitandoo tempo disponível, o Coordenador fez uma breveapresentação dos novos Valores Guia e ValoresIntermediários da Organização Mundial da Saúde(OMS), seus critérios para adoção e comparou-oscom os padrões de qualidade do ar da LegislaçãoBrasileira. As perguntas formuladas pela platéiarelacionaram-se ao interesse de acesso aos dadosda FEEMA, esclarecimentos sobre alguns slidesapresentados, a importância da qualidade dos dadose da necessidade de discussão e revisão dos nossospadrões atuais de qualidade do ar.Mesa Redonda 14: Meteorologia e Hidrologiapara os Setores de Transporte Aéreo, Aqüaviárioe TerrestreCoordenação: Antonio Fernando Garcez Faria, CHMDebatedores:Artur Luiz Souza dos Santos, FENSEGCarlos Augusto Chaves Leal Silva, CHMMarcos Massari, SOMARMartim Roberto Matschinske, DECEAA FENSEG divulgou diversos resultados sobreeventos meteorológicos extremos e sua correlaçãocom as perdas das seguradoras no Brasil e no mundo,onde, constatou-se um grande volume de recursosdestinados a este tipo de sinistro especificamente emrelação a outras modalidades seguradas. A SOMARMeteorologia mostrou a influência da chuva no trânsitodas grandes cidades, em especial na cidade de SãoPaulo, devido à ocorrência de tempestades e grandesenchentes típicas de verão. Fatores problemáticoscomo a invasão de leito de córregos, lixos e detritosem curso de água, erosão pelas ocupações irregulares,acumulo de lixo e falta de manutenção das vias95


EXPEDIENTEda SBMETBoletim SBMET ago.-dez. <strong>2008</strong>agravam mais ainda essa situação caótica do trânsito.Em parceria com a Defesa Civil do Estado de SãoPaulo no Centro de Gerenciamento de Emergênciastem o objetivo de minimizar os transtornos causadospelas chuvas com alertas de curtíssimo prazo,emitindo boletins diários de previsão de tempo parao Estado, monitorando as chuvas e emitindo alertasde enchentes, funcionando durante 24h nos meseschuvosos da região. Outra parceria se dá com aempresa de seguros Porto Seguro, traçando novasrotas e mapas das regiões alagadas para minimizaro número de ocorrências de sinistro devido a regiõescom alagamentos. O DECEA mostrou a importânciado serviço do meteorologista através de impactadoresoperacionais, onde os usuários da MeteorologiaOperacional antes e durante o vôo procuram oobjetivo final (eficiência) do serviço prestadonas informações (existentes e previstas) sobre ascondições meteorológicas nos aeródromos e emrota. Foram apresentadas condições meteorológicasmínimas operacionais dos principais aeroportos emrelação a teto e visibilidade, em diversas fases dovôo (decolagem, subida, em rota, em aproximaçãoe pouso). A contribuição da sua rede de estações(superfície, altitude e radar meteorológico) e da redede centros meteorológicos monitorando, em temporeal, as condições adversas do tempo, serve de auxílioà aviação, no que tange à segurança nas condiçõesde vôo. Os principais produtos disponibilizados são:avisos de aeródromos, previsão de área para vôos embaixos níveis, previsão de tempo significativo emrotas, vento e temperatura em altitude, previsão deaeródromo. As perspectivas de aumento no tráfegoaéreo foram apresentadas, estando atreladas a novasmetodologias e desenvolvimento tecnológico dameteorologia para reduzir os atrasos provocadospelo mau tempo, utilizando a modelagem numéricade alta resolução, redes neurais e a mineraçãode dados. O Serviço Meteorológico Marinho doCentro de Hidrografia da Marinha (CHM) vemdisponibilizando previsões meteorológicas eavisos de mau tempo (vento, mar, ressaca e baixavisibilidade) para o setor de transporte aquaviárioem sua área de responsabilidade (METAREA V),onde se observa um grande fluxo de transporte demercadorias (importação e exportação) pelos meiosmercantes, a crescente exploração turística da costabrasileira e também para a salvaguarda da vidano mar. Outro ponto importante são as previsõesespeciais destinadas à ocorrência de SAR (salvamentoe resgate) utilizando os produtos oferecidos (cartassinóticas, boletins meteorológicos e climáticos) e peloProjeto SARMAP em parceria com a PETROBRAS,simulando a deriva de objeto no mar a partir de suaúltima posição, conhecida com simulação de posiçãoválida para 72h. Essas informações são disseminadaspela internet, via satélite, rede nacional de estaçõescosteiras, radiofacsímile e radioteleimpressão.O teor das apresentações e as questões formuladasno período de debates deixaram clara a importânciada METEOROLOGIA e da HIDROLOGIA comoferramentas de planejamento e operação do sistema detransporte em seus modais aéreo, terrestre e aqüaviário.Adicionalmente, em função das necessidades dessessetores demandarem previsões que vão desde a escalasinótica até a local, abrangendo também diferentesescalas temporais, torna-se necessário que a CâmaraTécnica da CMCH, dedicada ao apoio a esse setor,promova um amplo debate envolvendo as InstituiçõesFederais, Estaduais e Municipais, bem como osusuários finais. Tal medida visa estabelecer umapolítica voltada para o desenvolvimento de Centroslocais e aprimoramento dos Centros regionais enacionais de forma a identificar as ações e os recursosnecessários para prover informações confiáveis queatendam essas diferentes demandas que impactamdiretamente no Custo Brasil.Mesa Redonda 15: Clima, Oceanos e GeloCoordenação: Paulo <strong>No</strong>bre, CPTEC/INPEDebatedores:Edmo Campos, IO/USPFlávio Barbosa Justino, UFVJefferson Cardia Simões, UFRGSRicardo de Camargo, IAG/USPA mesa redonda sobre o papel dos oceanos e do gelono clima contou com a presença de todos os palestrantesconvidados. As atividades tiveram início com algumaspalavras do Presidente da Mesa, que apresentou alguns96


Boletim SBMET ago.-dez. <strong>2008</strong>slides para introduzir os temas a serem debatidos pelosdebatedores. Em seguida, apresentaram suas palestraso Dr. Edmo Campos, que falou sobre a importânciado acoplamento oceano-atmosfera para os estudos eprevisibilidade climática sazonal a decadal; Na seqüência,falou o Dr. Flavio Justino, sobre as eras glaciais passadase a dinâmica climática de escalas de tempo milenares.Em seguida, a palestra do Dr. Jefferson Simões sobreglaciologia e seus impactos no clima, revelando recentedescoberta de rede de drenagem de rios e lagos sob omanto gelado da Antártica. Por fim, ouvimos a palestrado Dr. Ricardo de Camargo sobre variabilidade climáticaintrasazonal e seu acoplamento com os oceanos. Foientão aberta a palavra para a audiência, que questionouos palestrantes nos temas de suas apresentações. Por fima mesa de debate teve seu encerramento com as palavrasde síntese do Presidente da mesa.XV CONGRESSO BRASILEIRO DE METEOROLOGIA: TRABALHOS PREMIADOSAPRESENTADOS COMO PÔSTERTema: AgrometeorologiaMODELO DE ESTIMATIVA DE RENDIMENTO DEGRÃOS DE ARROZ IRRIGADO PARA O ESTADODO RIO GRANDE DO SULEliana Veleda Klering, Denise Cybis Fontana, MoacirAntonio Berlato, Alberto Cargnelutti FilhoTema: Assimilação de DadosAVALIAÇÃO DO IMPACTO DA ASSIMILAÇÃODE PERFIS DE ALTURA GEOPOTENCIAL PROVE-NIENTES DO SENSOR AIRS PELO SISTEMA DEASSIMILAÇÃO RPSAS DO CPTECCarlos Frederico Bastarz, Dirceu Luiz Herdies, TatianeFelinto Barbosa, Jairo Geraldo Gomes JuniorTema: BiometeorologiaVARIÁVEIS METEOROLÓGICAS E O COMPOR-TAMENTO FENOLÓGICO DE PLANTAS EMÁREA URBANA NA CIDADE DE CURITIBA,PARANÁ, BRASILLuciana Leal, Daniela Biondi, Antonio Carlos BatistaTema: ClimatologiaPECULIARIDADES DO CICLO DIÁRIO DE TEM-PERATURAS DO AR OBSERVADAS NA ESTAÇÃOANTÁRTICA COMANDANTE FERRAZAntonio Gabriel Pontes e Dechiche¹ & Alberto Setzer²Tema: Dinâmica e Modelagem AtmosféricaRESULTADOS PRELIMINARES DE UM SIMPLESACOPLAMENTO ENTRE AS PARAMETRIZA-ÇÕES FÍSICAS DE CÚMULOS RASOS E PRO-FUNDOS: EFEITO NA SIMULAÇÃO DO CICLODIURNO E INTENSIDADE DA PRECIPITAÇÃOCláudio Moisés Santos e Silva, Saulo Ribeiro de Freitas,Ralf GielowTema: HidrometeorologiaORGANIZAÇÃO ESPACIAL DA PRECIPITAÇÃONO ESTADO DE SÃO PAULOLuciana Figueiredo Prado, Augusto José PereiraFilho,Gré de Araújo Lobo, Ricardo HallakTema: Meteorologia AmbientalMODELAGEM COMPUTACIONAL SIMPLIFICA-DA DA CINÉTICA DE FORMAÇÃO DO OZÔNIOTROPOSFÉRICOLeonardo Aragão Ferreira da Silva e Luiz CláudioGomes PimentelTema: Meteorologia Aeronáutica e MarinhaANÁLISE E VERIFICAÇÃO ESTATÍSTICA DASSIMULAÇÕES NUMÉRICAS DE ALTA RESOLUÇÃOPARA A FORÇA AÉREA BRASILEIRA (FAB)Gabriela Joly, Mariana Palagano, Ricardo Marcelo daSilva, Audálio R. T. JuniorTema: Meteorologia Física e RadarAVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES ATMOSFÉRICASPREDOMINANTES DURANTE UM EVENTO DETEMPO SEVERO EM CAMPINAS DO SUL-RSAline Bilhalva da Silva, Paulo Roberto Pelufo Foster,Maria Helena de Carvalho97


EXPEDIENTEda SBMETBoletim SBMET ago.-dez. <strong>2008</strong>Tema: Meteorologia por SatéliteCARACTERIZAÇÃO PRELIMINAR DOS SISTE-MAS METEOROLÓGICOS ASSOCIADOS À PRE-CIPITAÇÃO NO CENTRO DE LANÇAMENTO DEALCÂNTARASheila Santana de Barros, Marcos Daisuke OyamaTema: Meteorologia SinóticaEVENTOS EXTREMOS DE PRECIPITAÇÃO NOESTADO DO AMAZONASMonique Brasil de Souza, Ana Cris Souza de Oliveira,Jaci Maria Bilhalva Saraiva, Diego Silva Oliveira.Tema: MicrometeorologiaFLUXOS TURBULENTOS E BALANÇO DE ENER-GIA SOBRE UMA CULTURA DE ARROZ IRRIGADOJanaína V. Carneiro, Cláudio Teichrieb, Hans Zimermann,Osvaldo L. L. Moraes , Otávio C. AcevedoTema: Variabilidade e Mudanças ClimáticasANÁLISE PRELIMINAR DA TSM NOS MODELOSACOPLADOS UTILIZADOS NO IPCC-AR4Henrique de M. Jorge Barbosa e Jose Antonio MarengoTRABALHOS ORAIS PREMIADOSTema: AgrometeorologiaUTILIZAÇÃO DE DADOS OBSERVACIONAISE DE PREVISÃO DE TEMPO (MODELO ETA40)PARA O MONITORAMENTO E PREVISÃO DEDOENÇAS FOLIARES NA CULTURA DA SOJA.Rodrigo Yoiti Tsukahara, Franscielly Aparecida Marquardt,Caroline Vidal Ferreira da GuiaTema: ClimatologiaVARIABILIDADE INTRA-SAZONAL DA ZONA DECONVERGÊNCIA DO ATLÂNTICO SULAna Elizabethe da Silva, Leila Maria Véspoli de CarvalhoMÉTODO OBJETIVO QUE IDENTIFICA VÓRTICECICLÔNICO EM ALTOS NÍVEIS NA REGIÃOTROPICALMichelyne Duarte Leal Coutinho, Manoel Alonso Gan,Vadlamudi Brahmananda RaoTema: Dinâmica e modelagem atmosféricaESTUDO DA PREVISIBILIDADE DO CICLONECATARINA A PARTIR DAS PREVISÕES DETEMPO POR CONJUNTO DO CPTEC/INPEAntônio Marcos Mendonça e José Paulo BonattiTema: HidrometeorologiaVARIAÇÕES SIGNIFICATIVAS DE EVENTOSEXTREMOS DE PRECIPITAÇÃO E DE VAZÃODURANTE EPISÓDIOS EL NIÑO E LA NIÑARenata Gonçalves Tedeschi, Alice Marlene GrimmTema: Meteorologia FísicaÍNDICES DE INSTABILIDADE E TEMPESTADESSEVERAS NA REGIÃO METROPOLITANA DESÃO PAULOAna Carolina Nóbile Tomaziello, Adilson WagnerGanduTema: Meteorologia de MesoescalaCONTRIBUIÇÃO DA UMIDADE PROVENIENTEDA AMAZÔNIA E PANTANAL SOBRE A PRECIPI-TAÇÃO NA BACIA DO PRATAMarília Guedes do Nascimento , Carlos Frederico deAngelis, Diego Oliveira de SouzaTema: Meteorologia MarinhaINCLUSÃO DOS PROCESSOS RADIATIVOSASSOCIADOS ÀS MASSAS D’ÁGUA NA MOD-ELAGEM DA CIRCULAÇÃO DO ATLÂNTICOSUDOESTECaroline R. Mazzoli da Rocha, Audalio Rebelo TorresJúniorTema: Meteorologia por SatéliteHYDROTRACK: UMA FERRAMENTA PARA PRE-VISAO IMEDIATA DA PRECIPITAÇÃOAlan James Peixoto Calheiros, Luiz Augusto ToledoMachadoTema: Meteorologia SinóticaCARACTERIZAÇÃO ESPACIAL DOS EVENTOSDE ZCAS NOS VERÕES DE 2005/2006 E 2006/2007Felipe Marques de Andrade e Edilson MartonTema: Meteorologia RadarADAPTAÇÃO DO SISTEMA FORTRACC PARAUSO COM DADOS DE RADARAntônio Paulo de Queiroz, Luiz Augusto ToledoMachadoTema: MicrometeorologiaTROCAS DE ENERGIA ENTRE A FLORESTA E AATMOSFERA EM SÃO GABRIEL DA CACHOEIRAMaria Betania Leal de Oliveira, Antonio Ocimar Mansi,Marta de Oliveira Sá, Maria Rosimar P. S. Fernandes98


Boletim SBMET ago.-dez. <strong>2008</strong>Tema: Variabilidade e Mudanças ClimáticasSIMULAÇÃO DO CLIMA DO ÚLTIMO MÁXIMOGLACIAL COM UM MODELO ESTATÍSTICO-DINÂMICOMarilia Harumi Shimizu, Vadlamudi Brahmaanda Rao,Sergio Henrique FranchitoCOMUNICADO SBMETPRÊMIOS “SAMPAIO FERRAZ” E “ADALBERTO SERRA” ENTREGUES EM <strong>2008</strong>A SBMET deverá agraciar, durante o XV Congresso Brasileiro de Meteorologia, as seguintes personalidades:PREMIO SAMPAIO FERRAZ - concedido para personalidades que se destacaram na área da meteorologia operacional- Antonio Divino Moura e equipe de meteorologistas do INMETJustificativa:Pela modernização e ampliação da rede de superfície do INMET, com a implantação da automatização e telemetria e inicioda disponibilização, em tempo real, dos dados dessa rede, colocando-os disposição da comunidade.- Luiz Augusto Toledo Machado e equipe do DSA-CPTEC-INPEJustificativa:Responsáveis pela implantação de um sistema de informações de produtos de satélite meterológicos que vem disponibilizandoesses produtos à comunidade, de forma ágil e amigável e em tempo real, ao longo do últimos anos, incluindo basesde dados históricas.PREMIO ADALBERTO SERRA - concedido a pesquisadores que contribuíram de forma significativa para a ciências atmosféricas- Sócios da SBMET que participaram diretamente da elaboração do IV Relatório do IPCC em2007:Carlos Afonso <strong>No</strong>bre, José Antônio Orsini Marengo, Luiz Gylvan Meira Filho e Pedro Leite Da Silva DiasJustificativa:Reconhecimento à enorme contribuição científica que deram à pesquisa que contribuiu para a composição do referidorelatório.- Vernon KouskyJustificativa:O Vernon Kousky chegou no Brasil como professor do IAG/USP em 1975. Em 1977 passou para o INPE onde desenvolveupesquisas sobre Meteorologia Sinótica, trazendo inovações metodológicas. Suas atividades não se restringiram à Sinótica.Incentivou trabalhos de modelagem atmosférica e de climatologia dinâmica. Sua contribuição para o entendimento dosimpactos do ENOS na América do Sul foi notável, construindo-se em referência internacional sobre o tema até hoje. Tambémfoi notável a contribuição do Dr. Kousky na formação de recursos humanos. Seus ex-alunos e colaboradores exercemimportante papel da Meteorologia Brasileira.99


Boletim SBMET ago.-dez. <strong>2008</strong>EXPEDIENTEda SBMETCOMEMORAÇÃO DOS 50 ANOS DA SBMETEm <strong>2008</strong>, a SociedadeBrasileira de Meteorologia(SBMET) completa50 anos de existência!Fundada em 29 de dezembro de 1958, a SBMETé uma sociedade civil, de características técnicocientíficae profissional, sem fins lucrativos, deduração ilimitada, com sede e Foro na cidade do Riode Janeiro.Para comemorar a data, a Diretoria Executiva emexercício lançou semanalmente, de maio até agosto,15 pequenos clipes com imagens que fizeram parte datrajetória da Sociedade Brasileira de Meteorologia.A reconstituição da História da SBMET ficou soba Coordenação de Anne Moraes e a colaboraçãode Mariana Oliveira, que contaram com a ajuda desócios e colaboradores, os quais enviaram fotos,documentos, ajudaram na localização de antigossócios e deram contribuições significativas sobredatas e fatos importantes que merecem por todosserem lembrados.O primeiro clipe comemorativo de 50 anos daSBMET mostra a evolução da logomarca da SBMET.O segundo e quarto clipes reúnem fotografiasde congressos, apresentações e principalmentepersonagens que foram importantes ao longo desteperíodo. O terceiro clipe mostra algumas daspublicações que a SBMET produziu ao longo de meioséculo de vida. O 5 0 clipe é uma coletânea de fotosdos congressos realizados pela SBMET entre 1990 e2006. O 6 0 clipe mostra alguns dos personagens queajudaram a escrever 50 anos de História da SBMET.O 7 0 clipe seleciona momentos descontraídos deconfraternizações entre sócios em alguns dos eventospromovidos pela SBMET. O 8 0 clipe continuaa série de fotos de momentos descontraídos econfraternizações entre sócios e diretorias em algunsdos eventos promovidos pela SBMET. O 9 0 , 10 0 e 11 0clipes mostram fotos de apresentações de trabalhosdurante eventos da SBMET e momentos descontraídos100entre os participantes. O 12 0 clipe mostra bastidoresde encontros de meteorologistas promovidos pelaSBMET. O 13º e 14 0 clipes apresentam todos ospresidentes que exerceram mandatos na SBMETdesde 1958 até <strong>2008</strong>. Por último, na 15º edição dosvídeos comemorativos dos 50 anos da SBMET, émostrado alguns dos momentos mais descontraídosdos bastidores dos eventos da SBMET. Esse materialfoi lançado e está disponível no Portal da SBMET(www.<strong>sbmet</strong>.org.br).A SBMET também lançou o “Concurso Cultural50 anos da SBMET”, em 15/08/<strong>2008</strong>, cujosvencedores foram Victor Hugo Pezzini, RodrigoBarreto Mathias Rio de Janeiro e Cinthia Avellar,todos sócios da SBMET, do Rio de Janeiro, RJ.Durante o XV Congresso Brasileiro deMeteorologia, realizado no Centro de ConvençõesFrei Caneca, em São Paulo, na noite do dia 27de agosto de <strong>2008</strong>, foi realizada a Cerimôniacomemorativa aos 50 anos da SBMET. Nessaocasião, houve a premiação dos trabalhos científicosapresentados na forma de pôster e a premiação dosmeteorologistas agraciados com os Prêmios SampaioFerraz e Adalberto Serra, entregues por ocasião doscongressos bienais a pesquisadores e profissionaisque se destacam na Meteorologia. O Prêmio SampaioFerraz foi concedido a Antonio Divino Moura e Equipede meteorologistas do INMET e a Luiz AugustoToledo Machado e Equipe do DAS/CPTEC/INPE. OPrêmio Adalberto Serra foi concedido aos sócios daSBMET que participaram diretamente da elaboraçãodo IV Relatório do IPCC, em 2007: Carlos Afonso<strong>No</strong>bre, José Antonio Marengo Orsini, Luiz GylvanMeira Filho e Pedro Leite da Silva Dias. Outrosócio da SBMET agraciado com o Prêmio AdalbertoSerra foi Vernon Kousky, em reconhecimento àenorme contribuição científica e pela formação derecursos humanos para o país. O evento tambémpremiou alguns dos sócios de contribuíram de formasignificativa para a construção


Boletim SBMET ago.-dez. <strong>2008</strong>destes 50 anos de História, entre ex-Presidentes, ex-Editores da RBMET, colaboradores, entre outros,relacionados abaixo:1) Valdo da Silva Marques: Por sua dedicaçãoenquanto Presidente e como colaborador. Pelasmarcas deixadas em sua gestão, como a compra daSede no Rio de Janeiro.2) Antonio Divino Moura/Romísio BouhidAndré/Silvio de Oliveira: Pelo trabalho enquantoDiretores Científicos, pelo esforço na estruturação esolidificação da Revista Brasileira de Meteorologia(RBMET).3) Heloísa Moreira Torres Nunes: Pelo trabalhoenquanto membro dos colegiados da SBMET, comatuação notória na organização das atividades dosConselhos Deliberativo e Fiscal, além de umaimportante contribuição enquanto Presidente.4) Alfredo Silveira da Silva: Por seu trabalhoenquanto Diretor Profissional da SBMET,especialmente pela sua atuação junto aos CREAs eao CONFEA.5) Marley Cavalcante de Lima Moscati:Se toda gestão da SBMET deixa sua marcaregistrada, definitivamente uma das marcas da atualgestão é o trabalho impecável enquanto DiretoraAdministrativa.6) Elza Sucharov: Pelo cuidado com todadocumentação da SBMET, e pelo trabalho exemplarenquanto Diretora Financeira da instituição.7) Teresinha de Maria Bezerra Sampaio Xavier:Representando os profissionais de outras áreas e quecom garra e determinação abraçaram o trabalho daSBMET.8) Manoel Francisco Gomes Filho: Pelaorganização do I Congresso Brasileiro deMeteorologia (I CBMET), em 1980, que hoje estáem sua 15ª edição.9) Fernando Pimenta Alves, Maurílio Camposde Moraes e Castro, Dagoberto Sobreira de Moura,Ivan Pereira de Abreu, Eugênio Jose FerreiraNeiva, Lucimar Luciano de Oliveira, Pedro Leiteda Silva Dias, Maria Assunção Faus da Silva Dias,Maria Gertrudes Alvarez Justi da Silva, PrakkiSatyamurty, Francisco de Assis Diniz: Os Ex-Presidentes e a atual Presidente da SBMET, todosimportantes para a manutenção e o fortalecimento dainstituição, e exemplos de trabalho e dedicação.10) Homenagens Especiais: José de Lima Filho eFrancisco Raddi Lourenço.11) Alexandre Pezza, Everson Dal Piva, LuizAugusto Toledo Machado, Reinaldo Hass: Peladedicação, empenho e pontualidade em atender assolicitações de revisão de artigos da RBMET.Ao final da cerimônia foi exibido o vídeocomemorativo dos 50 anos da SBMET, e oferecidoum coquetel de confraternização aos presentes.ELEITA NOVA DIRETORIA EXECUTIVA DA SBMET: <strong>2008</strong>-2010O dia 1º de dezembro de <strong>2008</strong> inaugura uma novaetapa da Sociedade Brasileira de Meteorologia. ADiretoria Executiva, eleita durante o XV CongressoBrasileiro de Meteorologia, em São Paulo, tomouposse em cerimônia realizada na sede do CREA-RJ. Nelson de Jesus Ferreira, Presidente eleito,agradeceu pelo apoio e carinho que recebeu da atualDiretoria. “Eles me deixaram felizes e animados.Com este apoio tenho certeza de que podemos fazer adiferença”, declarou. Após a cerimônia, foi oferecidoum coquetel de confraternização. Estavam reunidospara a confraternização membros da antiga diretoria,sócios da SBMET e representantes dos CentrosMeteorológicos Estaduais.Confira abaixo os novos integrantes da DiretoriaExecutiva da SBMET no biênio <strong>2008</strong>-2010:Presidente: Nelson de Jesus Ferreira (CPTEC/INPE)Vice-Presidente: João Batista Miranda Ribeiro (UFPA)Diretor Administrativo: Jojhy Sakuragi (UNIVAP)Vice-Diretor Administrativo: Marcio Cataldi (ONS)Diretor Científico: Enio Pereira de Souza (UFCG)Vice-Diretora Científica: Julia Clarinda Paiva Cohen (UFPA)Diretor Financeiro: William Escobar (CPTEC/INPE)Vice-Diretor Financeiro: Lincoln Muniz Alves(CPTEC/INPE)Diretor Profissional: Carlos Magno do Nascimento(Climatempo)Vice-Diretor Profissional: Alfredo Silveira da Silva (UFRJ)101


Boletim SBMET ago.-dez. <strong>2008</strong>ISSO FOINOTÍCIAPESQUISADOR CARLOS NOBRE RECEBE PRÊMIOScorpus <strong>2008</strong> POR CONTRIBUIÇÃO ACADÊMICAEm <strong>2008</strong>, o pesquisador do Instituto Nacional dePesquisas Espaciais/Centro de Previsão de Tempo eEstudos Climáticos (INPE/CPTEC) Dr. Carlos Afonso<strong>No</strong>bre foi agraciado com o Prêmio Scopus <strong>2008</strong>,concedido pela Elservier Science & Technology epela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal deNível Superior (CAPES). O Prêmio foi concedido aopesquisador pelo número de artigos publicados, citaçõesrecebidas e orientandos.O Prêmio Scopus reconhece os pesquisadoresbrasileiros que em sua carreira acadêmica apresentamuma produção científica de alto destaque e excelênciaretratada na base de dados Scopus, a mais ampla base deresumos e citações de literatura científica mundial.A entrega do Prêmio Scopus foi feita em 10 de julhode <strong>2008</strong>, em Brasília.Fonte: http://www.inpe.br, consultado em 4/07/<strong>2008</strong>.MARIA LUIZA POCI PINTO: A FORÇA DAMULHER NO SISTEMA CONFEA/CREADia 04 de junho de <strong>2008</strong> foi um dos dias D,tanto para a SBMET como para a Meteorologia.Nessa data, os profissionais do CREA-RJ foram àsurnas para escolher seus representantes no SistemaCREA/CONFEA. O resultado final das eleições,informado pela ATEL, considerando os doiscandidatos inscritos ao cargo de ConselheiroFederal do CREA, foi:Atual Presidente do CREA/RJ:Agostinho Guerreiro - 2.251 votosAtual Conselheira Federal do CREA/RJ:Maria Luiza Poci Pinto - 2.711 votosAssim, Maria Luiza Poci Pinto foi eleita aprimeira mulher meteorologista a ocupar o cargo deConselheira Federal no CREA.Em 1988, Maria Luiza foi designada representantedos funcionários do INMET junto ao Ministério daAgricultura. Defendeu os profissionais de nível médioe superior, enquadrados indevidamente na MP, saindovitoriosa em suas argumentações perante a comissãode negociação em Brasília. Foi Diretora fundadorado SINTRASEF, de 1990 a 1992, representando,no Ministério da Agricultura, os funcionários doINMET.Sempre atuante, esteve à frente da SBMETparticipando da Diretoria do Conselho Deliberativoe, durante duas gestões, foi Diretora do NúcleoRegional - NRR/SBMET. Em 2002, marca a históriacomo a primeira técnica eleita conselheira no CREA-RJ. <strong>No</strong> CREA-RJ, está no seu 3° mandato, participoude várias comissões e foi Coordenadora Adjuntada Câmara Especializada de Agronomia. Em 2005,recebeu do CONFEA o Certificado de ServiçoRelevante Prestado à Nação e, em 2006, a Moção deLouvor da Câmara Municipal do Rio de Janeiro.Antes de ganhar as eleições no CREA-RJ, erarepresentante do plenário da Câmara Especializadade Geologia e Engenharia de Minas da ComissãoJulgadora do selo CREA-RJ de ResponsabilidadeSocial, da Comissão de Análise e Prevenção deAcidentes e Coordenadora - adjunta da Comissão deÉtica. Faz parte do GT-MULHER (grupo de trabalhovoltado para as profissionais do Sistema CONFEA/CREA).102


Boletim SBMET ago.-dez. <strong>2008</strong>Propostas:1) Criar planos de trabalho visando à educaçãocontinuada para técnicos e profissionais de nívelsuperior;2) Atuar junto aos CREAs para dirimir as dúvidassobre as atribuições dos técnicos e profissionais denível superior;3) Realizar projetos para aumentarsignificativamente o número de profissionais de niveltécnico e superior registrados no CREA;4) Promover articulações para que os técnicosobtenham a proporcionalidade nas Câmaras Técnicasdo CREA;5) Implementar iniciativas junto às escolas técnicase universidades para divulgação do Código de Ética eo papel do CREA nas nossas profissões;6) Apresentação e defesa de propostas e interessesdos profissionais do CREA-RJ de nível superior etécnico;A experiência ao longo da vida profissional ea vivência adquirida ao longo dos mandatos deconselheira no CREA-RJ, certamente, faz com queMaria Luiza Poci tenha as melhores condições derepresentar com competência os profissionais daEngenharia, Arquitetura e Agronomia do Rio deJaneiro nesse Conselho.A SBMET parabeniza a sócia Maria Luiza PociPinto pela conquista e deseja uma carreira brilhanteno cargo, coroada com muita luta, especialmente emprol da Meteorologia e da Mulher profissional.Email para contato: malupoci@hotmail.comhttp://www.sherique.com.brMomentos da Cerimônia de Posse, em Brasília:103


Boletim NORMAS SBMET ago.-dez. e<strong>2008</strong>LEGISLAÇÃOCâmara Especializada deAgronomia CEAgroNORMA DE FISCALIZAÇÃODAS ATIVIDADES RELATIVAS ÀMETEOROLOGIANF-01/08Aprovada pela Câmara Especializada de Agronomiaem 13 de outubro de <strong>2008</strong>.Coordenador da CEAgro:Eng. Agrônomo Luiz Rodrigues FreireI. OBJETIVOEsta norma tem como objetivo fixar os critérios eparâmetros, no âmbito de atuação dos profissionaismeteorologistas para o registro no Crea-RJ e Anotaçãode Responsabilidade Técnica – ART.RESOLVEAdotar os parâmetros e procedimentos constantesda Seção III, como base para a fiscalização dasatividades profissionais mencionadas na Seção I, najurisdição do Crea-RJ.II. FUNDAMENTAÇÃOA Câmara Especializada de Agronomia do Crea-RJ, no uso de suas atribuições que lhe confere a alínea edo artigo 46 da Lei 5.194/66, considerando o dispostonas leis 5194/66, 5.524/68, 6.496/77 e 6835/80, nasResoluções n.º 473/2005 e 1010/2005, bem comoa Decisão <strong>No</strong>rmativa n.º 50/1993 e, ainda,CONSIDERANDO:A necessidade de se disciplinar o registro depessoas físicas e jurídicas que se dedicam às atividadesna área da Meteorologia;Que o exercício dessas atividades é de competênciade profissionais da área da Meteorologia;Que o CREA tem como finalidade a defesa dasociedade, procurando assegurar o uso adequado doconhecimento profissional e da tecnologia;III - PARÂMETROS E PROCEDIMENTOSEm razão do exposto na Seção II, ficamestabelecidos os seguintes parâmetros e procedimentospara o exercício da fiscalização:São obrigados ao registro no Crea-RJ, as empresase profissionais autônomos que prestam serviços nasáreas de:Projeto, instalação, manutenção e/ou operação deEstações Meteorológicas.Comercialização de equipamentos e EstaçõesMeteorológicas, quando para a efetivação da vendaestiver vinculada orientação e/ou assistência técnica.Consultoria, análise e interpretação crítica deobservações de dados, vinculados à previsão detempo e de clima.104


Boletim SBMET ago.-dez. <strong>2008</strong>Codificação, disseminação e divulgação técnica dainformação meteorológica nos meios de comunicaçãosocial, técnica e científica.Sensoriamento remoto aplicado à Meteorologia.Modelagem do tempo, clima, hidrometeorologia ede interação oceano/atmosfera.Desenvolvimento de modelos conceituais enuméricos de sistemas meteorológicos.Deverão ser executadas e/ou orientadas, porprofissional Meteorologista devidamente registradono Crea-RJ, com o registro da Anotação deResponsabilidade Técnica pertinente:Modificação artificial do tempo.Análise, diagnóstico e prognóstico da atmosfera,e suas relações mutuas com a hidrosfera, biosfera,litosfera, e a criosfera.Meteorologia marinha e aeronáutica.Diagnóstico de dispersão de poluentesatmosférico.Avaliação de impactos ambientais, no queconcerne aos eventos meteorológicos.Climatologia e meteorologia ambiental divulgadapelos meios de comunicação social, técnica ecientífica.As atividades de geração de boletins meteorológicose desenvolvimento de modelos atmosféricos ede clima deverão ser executadas por profissionalMeteorologista devidamente registrado no Crea-RJ,com o registro da Anotação de ResponsabilidadeTécnica pertinente.Os veículos de comunicação que fazem adivulgação técnica, TV, Radio e Jornais, devemter profissional Meteorologista no seu quadro ouserem orientados por profissionais meteorologistasregistrados ou com visto no Crea-RJ.IV. APROVAÇÃO E REVISÕES1. AprovaçãoA <strong>No</strong>rma 01/08 foi aprovada pela CâmaraEspecializada de Agronomia – CEAgro em 13 deoutubro de <strong>2008</strong>.2. RevisãoNão se aplica.Eng. Agrônomo Luiz Rodrigues FreireCoordenador da CEAgro105


AGENDABoletim SBMET ago.-dez. <strong>2008</strong>AGOSTO <strong>2008</strong>• International Radiation SymposiumPeríodo: 3 a 8 de agosto de <strong>2008</strong>Local: Foz do Iguaçu, PRInformações: http://www.irs<strong>2008</strong>.org.br/• IV Simpósio Regional de Geoprocessamento eSensoriamento RemotoPeríodo: 12 a 15 de agosto de <strong>2008</strong>Local: Aracaju, SEInformações: http://www.exitoeventos.com.br/geonordeste/• Workshop de DadosPeríodo: 21 a 23 de agosto de <strong>2008</strong>Local: São Paulo, SPInformações: http://www.<strong>sbmet</strong>.org.br/eventos/_evento_16/index.html• XV Congresso Brasileiro de MeteorologiaPeríodo: 24 a 29 de agosto de <strong>2008</strong>Local: Centro de Convenção Frei Caneca, São Paulo, SPInformações: http://www.<strong>sbmet</strong>.org.br/noticias_<strong>sbmet</strong>/XV_Congresso_Brasileiro_de_Meteorologia/index.htmlSETEMBRO <strong>2008</strong>• II Simpósio Brasileiro de Ciências Geodésicas eTecnologias da GeoinformaçãoPeríodo: 8 a 11 de setembro de <strong>2008</strong>Local: Recife, PEInformações: http://www.ufpe.br/cgtg/simgeo/• 10th Plinius Conference on Mediterranean StormsPeríodo: 22 a 24 de setembro de <strong>2008</strong>Local: Nicósia, CYPInformações: http://meetings.copernicus.org/plinius10/• Fórum Brasileiro de EnergiaPeríodo: 24 a 27 de setembro de <strong>2008</strong>Local: Bento Gonçalves, RSInformações: http://www.institutoventuri.com.br/energia/• XVI Simpósio Brasileiro sobre Pesquisa AntárticaPeríodo: 24 a 26 de setembro de <strong>2008</strong>Prazo para recebimento de resumos: 31/07/<strong>2008</strong>Informações para o e-mail: cpantart@usp.br• Regional Weather Predictability and ModellingPeríodo: 29 de setembro a 10 de outubro de <strong>2008</strong>Local: Trieste, ItáliaInformações: http://www.<strong>sbmet</strong>.org.br/eventos/_evento_18/Poster_1966.pdf• South African Society for Atmospheric SciencesConference <strong>2008</strong> (SASAS)Período: 30 de setembro a 1º de outubro de <strong>2008</strong>Local: Pretória, África do SulInformações: http://www.<strong>sbmet</strong>.org.br/publicacoes/informes/19<strong>2008</strong>/CALL4papers_<strong>2008</strong>.pdf106


Boletim SBMET ago.-dez. <strong>2008</strong>OUTUBRO <strong>2008</strong>• VIII do Encontro de Pós-graduação emMeteorologia do INPEPeríodo: 1 a 3 de outubro de <strong>2008</strong>Local: INPE, Auditório do IAI, São José dos Campos, SPInformações: http://www.cptec.inpe.br/epgmet/• XII Reunião de AgrometeorologiaTema: La Agrometeorologia y su repuesta alcambio climático Global.Período: 8 a 10 de outubro de <strong>2008</strong>Local: Facultad de Ciencias Agrarias UNJu, SanSalvador de Jujuy/ArgentinaInformações: http://www.unju.edu.ar/agrometeorologia<strong>2008</strong>• Ibero American Workshop on Seasonal PredictionPeríodo: 21 a 23 de outubro de <strong>2008</strong>Local: Guayaquil, EquadorInformações: http://www.<strong>sbmet</strong>.org.br/publicacoes/informes/20<strong>2008</strong>/ibero_american.doc• Annual Climate Diagnostics and Prediction /Workshop US Clivar sobre secasPeríodo: 20 a 24 de outubro de <strong>2008</strong>Local: Lincoln, Nebraska, EUAInformações: http://www.cpc.ncep.noaa.gov/products/outreach/meetings.shtml• Reunião Regional da SBPC/ALTema: Diversidade e o Desenvolvimento RegionalPeríodo: 22 a 25 de outubro de <strong>2008</strong>Local: UFAL, Cidade Universitária, Maceió/ALInformações: www.sbpcnet.org.br• I Encontro Brasileiro dos MeteorologistasOperacionais de Previsão de Tempo e Clima (IEBMOP)Período: 20 a 31 de outubro de <strong>2008</strong>Local: INMET, Eixo Monumental Via S1, Sudoeste,Brasília - DFRequisito: Curso superior em Meteorologia ou áreasafi ns, preferencialmente em meteorologia.Inscrições: de 20 a 31 de outubro de <strong>2008</strong>.Informações: http://www.<strong>sbmet</strong>.org.br/campanhas/ebmop/NOVEMBRO <strong>2008</strong>• II Encontro Nacional de Análise Matemática eAplicaçõesPeríodo: 4 a 7 de novembro de <strong>2008</strong>Local: UFPB, João Pessoa, PBInformações: http://www.enama.org/• WWRP/Thorpex Workshop on 4D-VAR andEmsemble Kalman Filter Inter-ComparisonsPeríodo: 10 a 13 de novembro de <strong>2008</strong>Local: Buenos Aires, ArgentinaInformações: http://4dvarenkf.cima.fcen.uba.ar/• 3º International Conference on Lightning Physicsand EffectsPeríodo: 16 a 20 de novembro de <strong>2008</strong>Local: Florianópolis, SCInformações: http://www.groundconferences.com/• Conferência Internacional em Aterramentos Elétricos eda Física das Descargas Atmosféricas (GROUND’ <strong>2008</strong>)Período: 16 e 20 de novembro de <strong>2008</strong>Local: Torres da Cachoeira Hotel, Av. Luiz BoiteauPiazza 3991, Cachoeira do Bom Jesus, Florianópolis, SCInformações: www.groundconferences.com107


AGENDABoletim SBMET ago.-dez. <strong>2008</strong>NOVEMBRO <strong>2008</strong>• Conferência Científica LBA/GEOMA/PPBioPeríodo: 17 a 20 de novembro de <strong>2008</strong>Local: Manaus, AMInformações: http://www.lbaconferencia.org/lbaconf_<strong>2008</strong>/port/index.htm• CBENS e ISES-CLA / I CBENS - CongressoBrasileiro de Energia Solar / III ISES-CLA -Conferência Latinoamericana da ISESPeríodo: 18 a 21 de novembro de <strong>2008</strong>Local: Florianópolis, SCInformações: http://www.cbens-crlises.com.br/• IV EGU Alexander von Humboldt InternationalConference - The Andes: Challenge for GeosciencesPeríodo: 24 a 28 de novembro de <strong>2008</strong>Local: Santiago do Chile, ChileInformações: http://meetings.copernicus.org/avh4/• Curso “Modeling the soil-water-plant-atmospheresystem with the SWAP-model”Período: 25 a 28 de novembro de <strong>2008</strong>Local: ESALQ/USP, Piracicaba/SPInscrições gratuitas e vagas limitadas.Contato por e-mail: qdjvlier@esalq.usp.br, até 30/09/<strong>2008</strong>.DEZEMBRO <strong>2008</strong>• Modelagem Hidrológica Aplicada a Sistemasde Alerta de Enchentes e MonitoramentoHidrometeorológico por Sensoriamento RemotoPeríodo: 1 a 5 de dezembro <strong>2008</strong>Local: Rio de Janeiro/RJRealização: SBMET e MCTInscrições gratuitas para sócios da SBMET comregistro no CREA. Outras inscrições: R$ 150,00Informações: Anne Moraes (annemoraes.rj@gmail.com, Fone: 21-2275-9992)• IX Pan Ocean Remote Sensing ConferencePeríodo: 2 a 6 de dezembro de <strong>2008</strong>Local: Guangzhou, ChinaInformações: http://ledweb.scsio.ac.cn/porsec<strong>2008</strong>• AGU Meeting: Predicting PrecipitationPeríodo: 15 a 19 de dezembro <strong>2008</strong>Local: São Francisco/USAPrazo para envio de artigos: 10 de setembro de <strong>2008</strong>Informações: AGU Fall Meeting.• Curso Aplicações de Satélites Meteorológicos noMonitoramento da Superfície ContinentalPeríodo: 1 a 5 de dezembro de <strong>2008</strong>Local: Sede do INMET, Brasília-DFPalestrantes: Land-SAF/IM, INMET, CPTEC/INPE eEUMETSATInformações: http://webaula.cptec.inpe.br/visitview/curso_msc<strong>2008</strong>/index.shtml108


Boletim SBMET ago.-dez. <strong>2008</strong>JANEIRO 2009• II Encontro Acadêmico de ModelagemComputacional do Laboratório Nacional deComputação CientíficaPeríodo: 13 de janeiro de 2009Local: LNCC, Petrópolis/RJPrazo de inscrição prorrogado: 29 de novembro de <strong>2008</strong>.Valor da Inscrição: GRATUITA.Informações: http://www.lncc.br/eventoSeminario/loginCPF.php?idt_evento=583FEVEREIRO 2009• 9º Conferência Internacional Sobre Meteorologia eOceanografia no Hemisfério Sul (ICSHMO): “Extremes:Climate and Water in the Southern Hemisphere”Período: 9 a 13 de fevereiro de 2009Local: Melbourne/AustráliaInformações: http://www.bom.gov.au/events/9icshmo/index.shtmlMARÇO 2009• 6º Simpósio de Meteorologia e Geofísica da APMGe 10º Encontro Luso-Espanhol de MeteorologiaTema “Desastres Naturais – Um Desafio para aHumanidade”Período: 16 a 19 de março de 2009Local: Hotel Meliã Capuchos, Costa da Caparica/PortugalInformações: http://simposio.apmg.pt/• VIII Simpósio Nacional de Controle de ErosãoPeríodo: 29 de março a 2 de abril de 2009Local: Espaço APAS Eventos, Rua Pio XI, 1200 - Altoda lapa – Pinheiros, São Paulo - SPInformações: http://www.acquacon.com.br/8snce/ABRIL 2009• Assembléia Geral da European Geosciences Union(EGU)Período: 19 a 24 de abril de 2009Local: Viena, ÁustriaInformações: http://meetingorganizer.copernicus.org/EGU2009/session/162• XIV Simpósio Brasileiro de Sensoriamento RemotoPeríodo: 20 a 30 de abril de 2009Local: Centro de Convenções de Natal, Av. DinarteMariz , s/n - Via Costeira Natal - RNPrazo para submissão de trabalhos: 10 de novembrode <strong>2008</strong>Informações: http://www.dsr.inpe.br/sbsr2009/109


AGENDABoletim SBMET ago.-dez. <strong>2008</strong>JUNHO 2009 AGOSTO 2009• CALMet ConferencePeríodo: 29 de junho a 4 de julho de 2009Local: São Petersburgo/RússiaPrazo para submissão de trabalhos: 31 de dezembrode <strong>2008</strong>.Informações: http://www.calmet.org/• The World Climate Conference 3 - WCRPPeríodo: 31 de agosto a 4 de setembro de 2009Local: GenevaInformações: Ghassem Asrar (gasrar@wmo.int), comcópia para (tonyb@essic.umd.edu, asalini@wmo.int ehyc@noc.soton.ac.uk).JULHO 2009• VII Convención International INTERNACIONALSOBRE MEDIO AMBIENTE Y DESARROLLOPeríodo: 6 a 10 de julho de 2009Local: Palacio de Convenciones de La Habana, CubaInformações por e-mail com Maria Isabel Torna Falco:colaboracion@ama.cu• 13ª Conferência Mundial de Sistemas, Cibernéticae Informática (WM-SCI 2009)Período: 10 a 13 de julho de 2009Local: Orlando, Flórida/EUAPrazo para submissão de trabalhos: 7 de outubro de <strong>2008</strong>.Informações: http://www.2009iiisconferences.org/WMSCI• Congresso Mundial de Ciências da Computação(WORLDCOMP 2009)Período: 13 a 16 de julho de 2009Local: Las Vegas/USAPrazo para submissão de trabalhos: 25 de fevereiro de 2009.Informações: http://www.world-academy-of-science.org/worldcomp09/wsSETEMBRO 2009• International Conference "Megacities: Risk,Vulnerability and Sustainable development"Período: 7 a 10 de setembro de 2009Local: Leipzig, GermanyInformações: http://www.megacity-conference2009.ufz.de/OUTUBRO 20090• 5 Congresso Europeu sobre Tempestades SeverasPeríodo: 12 a 16 de outubro de 2009Local: Landshut/GER - AlemanhaInformações: http://www.essl.org/ECSS/2009/NOVEMBRO 20090• 5 Workshop Lidar Measurements na LatinAmericaPeríodo: 30 de novembro e 4 de dezembro de 2009Local: Instituto Tecnológico de Buenos Aires (ITBA),Buenos Aires, ArgentinaPrazo fi nal para submissão de resumos: 14 de agostode 2009Informações: http://www.lidar.camaguey.cu/wlmla/5w/w5en_main.htm110


Boletim SBMET abril <strong>2008</strong>OBITUÁRIOFALECE O DR. JOHN OWEN ROADS, PROFESSORPESQUISADOR DA SCRIPPS DE OCEANOGRAFIA( 20 de janeiro de 1918 - 21 de junho de <strong>2008</strong> )Professor Pesquisador da Instituição Scripps deOceanografi a Dr. John Owen Roads, da Universidadeda Califórnia, San Diego, nos Estados Unidos, faleceude consequências de leucemia no dia 21 de junhoúltimo. O Dr. Roads graduou-se na Universidade doColorado com honra ao mérito e obteve seu Ph.D noMIT em 1977, onde foi orientado do Prof. EdwardLorenz, o pai da Teoria do Caos na Meteorologia.Roads começou sua carreira na Scripps, onde foiDiretor do Centro de Previsão Climática Experimental(ECPC), desde 1986. Orientou várias dissertações demestrado e teses de doutorado e mais de uma centenade papers publicados. Ajudou na consolidaçãode métodos numéricos de downscaling a partir demodelos globais.Junto com Joe Smagorinsky, Stefan Hastenrath,J. Shukla, dentre outros, John participou de umworkshop com fértil resultado no INPE, em fevereirode 1980, quando ajudaram a lançar as bases de umfuturo Centro de modelagem climática no Brasil(que mais tarde veio a consolidar-se como o CPTEC/INPE). Foi colega de turma do Dr. Antonio DivinoMoura no MIT, com quem mantinha laços de amizadee de trabalho profissional.John foi casado com Lori Henderson, com quemteve dois filhos: Garret (que veio a falecer adolescente,de trágico acidente de carro) e Emily. Em temposrecentes era casado com Elena Orlova e viviam emSan Diego, CA, nos Estados Unidos.FONTE: <strong>No</strong>ta traduzida e enviada pelo Dr. Antonio Divino Moura.111


APOIOBoletim SBMET abril <strong>2008</strong>www.confea.org.brE-mail: gco@confea.org.brATENDIMENTO DA SBMETSecretaria da SBMETE-mail Geral: <strong>sbmet</strong>@<strong>sbmet</strong>.org.brDiretora Administrativa: Dra. Marley C. L. MoscatiEmail: secretaria@<strong>sbmet</strong>.org.brFone: (0xx12) 3945-6653Fax: (0xx12) 3945-6666Setor de Imprensa e Comunicação:E-mail: imprensa@<strong>sbmet</strong>.org.brHome-page:www.<strong>sbmet</strong>.org.brSobre Boletim da SBMETInformações Gerais:<strong>sbmet</strong>@<strong>sbmet</strong>.org.brEnvio de artigos e matérias:Dra. Marley MoscatiE-mail: marley.moscati@cptec.inpe.brFone: (+5512) 3945-6653Fax: (+5512) 3945-6666Sobre Revista Brasileira de Meteorologia(RBMET)InformaçõesGerais:E-mail: rbmet@rbmet.org.brEnvio de artigos e matérias:Dr. Manoel Gan – manoel.gan@cptec.inpe.brFone: (+ 55 - 12) 3945-6650Fax: (+55 - 12) 3945-6666112


Política Editorial do Boletim da Sociedade Brasileira de MeteorologiaInstruções aos Autores:1) Serão aceitos para publicação no BSBMET, artigos originais na área de meteorologia e áreas correlatas,não publicados anteriormente, versando sobre conclusões e andamentos de Projetos, opiniões sobre pontosde relevância na meteorologia e problemas atuais da meteorologia e do clima, além de matérias técnicas eprofissionais de interesse.2) Os manuscritos submetidos deverão ser enviados ao Editor Responsável do BSBMET via e-mail.3) Os trabalhos devem ser organizados,sempre que possível, com a seguinte estrutura: TÍTULO, nome completodos autores, as Instituições a que pertencem e o endereço postal, RESUMO/palavras chaves, ABSTRACT/Keywords, 1. INTRODUÇÃO, 2. RESULTADOS E DISCUSSÃO, 3. CONCLUSÕES (ou CONSIDERAÇÕESFINAIS), 4. AGRADECIMENTOS, 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS. As figuras e tabelas deverãoestar posicionadas dentro do texto conforme estipulados pelos autores. As referências bibliográficas, as equaçõese as unidades devem seguir as normas adotadas pela Revista Brasileira de Meteorologia.4) O texto deve ter, no máximo, dez (10) páginas e ser escrito em formato A4 (297 x 210 mm), usando-seo Editor Word 6.0 ou posterior, fonte Times New Roman 12, espaço 1,5 cm, todas as margens de 2,5 cm eespaçamento 1,5 cm entre parágrafos.Padrões para confecção e envio de arquivos eletrônicos dos anúncios:1. Especificação de formatos:1.1 Anúncio ¼ de página, 8x12 cm sem sangria.1.2 Anúncio 1/2 página, 20 x13,25 cm sem sangria.1.3 Anúncio de página inteira, 17,5 x 24 cm com 5 mm de sangria.2. Programas disponíveis para recepção de arquivos:2.1 CorelDraw X4 ou inferior, nas plataformas PC.2.2 PDF 8.0 (em alta resolução) ou inferior, nas plataformas PC.3. Mídias para envio:3.1 CDR ou CDR-W3.2 E-mail, para arquivos menores que 8MBObs: (1) Para enviar arquivos, favor gravar todos os links e fontes utilizadas na mesma mídia, lembrando quea qualidade de imagens e calibração de cores é de inteira responsabilidade do anunciante. É imprescindível oacompanhamento de uma impressão colorida que possa demonstrar a expectativa de reprodução de arquivo. (2)Todas as imagens (figuras, tabelas e fotos) devem ser enviadas em arquivos à parte, em JPG ou PDF, em altaresolução.Endereço para envio: A/c Marley C. L. Moscati, INPE/CPTEC – Dept. Meteorologia, Sala 26, Av. dosAstronautas, 1758, Jd. Granja, São José dos Campos/ SP – 12227-010E-mail: marcus@digitalpress.art.br, com cópia para marley.moscati@cptec.inpe.br.


50 ANOSDE HISTÓRIA( 29/12/1958 - 29/12/<strong>2008</strong> )

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