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Edição 20 clique aqui para download - Revista PIB

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Atenção às diferenças<br />

Para o professor e autor indiano, o mundo não é plano, os países<br />

seguem sendo diferentes e a globalização ainda é apenas parcial<br />

Armando Mendes<br />

As empresas brasileiras estão<br />

cada vez mais transnacionais,<br />

mas o Brasil<br />

continua a ser, em alguns<br />

aspectos, um país pouco conectado<br />

ao mundo, afirma Pankaj Ghemawat,<br />

professor de Gestão Estratégica no<br />

Iese Business School, de Barcelona,<br />

e estudioso da globalização. Ghemawat<br />

esteve em São Paulo, em novembro,<br />

<strong>para</strong> um encontro global de ex-<br />

-alunos do instituto catalão realizado<br />

no ISE Business School, a escola<br />

de negócios brasileira associada ao<br />

Iese. Aos participantes, ele mostrou<br />

que o Brasil ficou no último lugar<br />

entre 125 países no índice que mede<br />

o fluxo de comércio internacional<br />

de bens em relação ao <strong>PIB</strong>, segundo<br />

o relatório DHL Global Connectedness<br />

Index <strong>20</strong>11 (na edição <strong>20</strong>12<br />

do estudo, lançada em dezembro, o<br />

Brasil continuou sendo o último entre<br />

140 países). Ghemawat é indiano<br />

e graduou-se pela universidade<br />

americana Harvard, onde também<br />

ensinou. Em seus trabalhos, sustenta<br />

que a economia mundial é apenas<br />

em parte globalizada. Ao contrário<br />

do mito, diz ele, o mundo não ficou<br />

plano e as diferenças entre os países<br />

— geográficas, culturais, econômicas<br />

e administrativas — são muito importantes<br />

<strong>para</strong> empresas que pretendem<br />

se tornar globais. A seguir,<br />

trechos da entrevista que concedeu<br />

à <strong>PIB</strong> em São Paulo.<br />

Na sua maneira de ver, mesmo quando<br />

querem se internacionalizar, as<br />

empresas acabam tendo de agir localmente.<br />

Por que isso ocorre?<br />

Ao contrário da ideia de que o mundo<br />

está ficando muito igual, ainda<br />

existem enormes diferenças. Por<br />

isso, talvez o erro mais comum de<br />

uma empresa interessada em ir <strong>para</strong><br />

o exterior seja partir do pressuposto<br />

de que o que deu certo em seu país<br />

de origem funcionará lá fora. Isso só<br />

é verdade como exceção. É preciso<br />

prestar atenção nas diferenças entre<br />

um país e outro e encontrar maneiras<br />

de lidar com elas. Essa, aliás, é<br />

uma das razões pelas quais existem<br />

tantas multilatinas. Enquanto todos<br />

os países são diferentes, aqueles de<br />

uma mesma região possuem, é óbvio,<br />

não só ligações geográficas, mas<br />

também culturais. Frequentemente,<br />

têm sistemas jurídicos similares<br />

e outras coisas em comum. Sim, o<br />

português e o espanhol são línguas<br />

diferentes, mas não tão diferentes<br />

quanto o português e o chinês. É<br />

possível se fazer entender.<br />

Como o senhor vê, nesse aspecto, o<br />

desempenho das multinacionais dos<br />

países emergentes?<br />

Isso varia enormemente. Algumas<br />

são muito bem-sucedidas e outras<br />

não. Mas dito isso, Tom Hout e eu<br />

escrevemos um artigo na Harvard<br />

Business Review sobre os variados<br />

desafios enfrentados pelas empresas<br />

dos países emergentes em relação<br />

às companhias dos países desenvolvidos.<br />

Estas, em geral, já possuem<br />

marcas próprias, tecnologia<br />

e sistemas gerenciais. O problema<br />

delas é que o locus do crescimento<br />

mundial está se deslocando dos<br />

países desenvolvidos <strong>para</strong> os países<br />

em desenvolvimento. Nos últimos<br />

cinco anos, os mercados emergentes<br />

foram responsáveis por 65% a 70%<br />

do crescimento da demanda mundial<br />

— algo sem precedentes na história<br />

recente. E isso parece que vai<br />

continuar. Então, o problema das<br />

companhias dos países desenvolvidos<br />

é “ok, como ‘localizamos’ nossos<br />

custos”? Muitas multinacionais<br />

— quando pensam em fazer algo<br />

mais do que “tirar uma casquinha”<br />

do mercado brasileiro, indiano ou<br />

chinês — precisam urgentemente<br />

se esforçar <strong>para</strong> atingir o nível das<br />

empresas locais n<strong>aqui</strong>lo que elas<br />

fazem melhor: cortar custos e ser<br />

localmente relevantes.<br />

E as empresas dos países emergentes,<br />

o que precisam fazer <strong>para</strong><br />

garantir o sucesso de sua expansão<br />

internacional?<br />

O desafio delas consiste em adquirir<br />

as marcas, a tecnologia e<br />

os sistemas gerenciais que lhes<br />

permitam enfrentar as multinacionais<br />

dos países desenvolvidos<br />

em pé de igualdade. Elas também<br />

contam com uma desvantagem que<br />

as multinacionais dos países ricos<br />

não têm. Quando a Philips começou<br />

a se tornar global, há 110 anos, não<br />

havia multinacionais <strong>para</strong> bloquear<br />

sua expansão. Ou seja, há vantagens<br />

em ser a primeira.<br />

revistapib.com.br 49

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