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Intercâmbio Virtual Rio+20 - FME “Crise Capitalista, Justiça ...

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O panorama que se apresenta a partir da primavera do hemisfério norte deste ano é de lutas e<br />

mobilizações intensas. O mundo árabe já não é mais o mesmo e, embora seja cedo para afirmações,<br />

poderia dizer-se que os movimentos sociais desempenhou um papel central nelas. No Estado<br />

espanhol o movimento social que desembocou no acampamento da Puerta del Sol de Madrid (depois<br />

ampliado)_ o 15-M_ composto por uma série de organizações e plataformas com menos de três anos,<br />

é a expressão que a sociedade não está adormecida, está em movimento, manifesta as suas<br />

preocupações e se rebela.<br />

A escolha de experiências como a que está desenvolvendo o Movimento 15-M nos interessa porque<br />

utiliza as novas tecnologias ao serviço das antigas lutas e/ou demandas, restaurando a ocupação das<br />

ruas por sua grande capacidade para acolher a pluralidade, levar a iniciativa e ser imprevisível (três<br />

pontos remarcados em alguns manifestos). E ter claro que o inimigo é o capitalismo e que “as mil<br />

decisões cotidianas pelas quais sustentamos este sistema do qual fazemos parte todxs porque<br />

ninguém está fora” já é um ganho. Em menos de seis meses conseguiram construir um movimento de<br />

Protesto Global no dia 15 de Outubro, ocuparam praças, bloquearam despejos, manifestaram-se sem<br />

permissão e sem violência, de forma desobediente e criativa, com uma rebeldia que conjuga antigas<br />

ideias com novas percepções, colocando de manifesto a incapacidade dos governos, da academia e<br />

das instituições (autodenominadas de esquerda) para cumprir seu próprio projeto. Uma cidadania<br />

ativa que se politiza a si mesma e à sociedade e, ademais, consegue penetrar nos meios de<br />

comunicação convencionais. Vão alcançar resultados concretos? Depende como se olhe ¿ou tudo isto<br />

não são resultados concretos?<br />

Tal e como tomou forma às mobilizações chamadas “Maré Verde”, nos últimos anos se<br />

desenvolveram diversas experiências de confluência dos movimentos sociais nas lutas educacionais.<br />

Este foi também o caso de algumas das Plataformas em Defensa da Educação Pública que se<br />

constituíram em outras latitudes do Estado espanhol.<br />

Através delas, organizações de mães e pais, sindicatos de estudantes e do professorado, movimentos<br />

de renovação pedagógica e outros segmentos sociais como as associações de moradoras/es ou<br />

entidades culturais, priorizaram a busca do consenso sobre os diversos eixos educativos, e a partir<br />

dele, organizaram mobilizações contra as políticas neoliberais. Para isto, foram necessários acordos<br />

sobre o conteúdo reivindicativo e o esforço em procurar uma agenda comum e diferentes formas de<br />

luta.<br />

Se bem que as plataformas, em muitos casos, não trouxeram conquistas imediatamente, o fato é que<br />

foi gerando novas formas de trabalho motivando o debate no interior da diversidade de movimentos<br />

que a integravam e a realização conjunta de assembléias públicas. Este processo permitiu aproximar<br />

as lutas de cada segmento e ver que estas não eram opostas, mas que tinham objetivos comuns:<br />

impedir a mercantilização da vida e a privatização da educação pública de qualidade. Como<br />

resultado disto, quando não existia consenso, se renunciava ou adiava as greves (pontuais) do<br />

professorado ou de estudantes, ou as reivindicações das famílias. Enquanto que, quando havia<br />

consenso em objetivos e estratégias, se convocava ações conjuntas (incluindo greves) e a<br />

comunidade educacional se manifestava nas escolas, nas ruas, nas praças. Um conjunto de mudanças<br />

que potencializou estes segmentos.<br />

No entanto, nos processos de mobilização ainda há muito que superar sobre o currículo, planos e<br />

conteúdos educacionais. Apesar de que os Movimentos de Renovação Pedagógica do Estado<br />

espanhol vêm trabalhando esta questão há décadas, continua sendo difícil avançar dentro do<br />

movimento sindical e das famílias. E esta é uma questão fundamental.<br />

A luta por uma nova sociedade com justiça social e ambiental deve estar ligada a uma nova<br />

concepção do currículo, uma nova atitude em relação ao conteúdo e aos tradicionais livros didáticos

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