Gestões inovadoras - ABRH-RJ
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tendências<br />
Uma oportunidade para<br />
gestão de Gente<br />
Por Ana Silvia Matte*<br />
Presenciamos um desafio que se coloca<br />
às empresas e que tem sido apontado, em<br />
encontros com os demais colegas de recursos<br />
humanos das organizações, como um<br />
problema a ser administrado.<br />
Refiro-me à cota de PPD - Pessoas<br />
Portadoras de Deficiência, rebatizado há<br />
algum tempo, por alguns de nós com condição<br />
física plena, de PNE - Portadores de<br />
Necessidades Especiais. A pedido dos próprios<br />
portadores venceu a transparência e<br />
o programa retornou ao batismo original<br />
de PPDs.<br />
Na nossa empresa, a Light, optamos por<br />
olhar o tema de forma mais abrangente<br />
e profunda. Começamos este exercício<br />
com simples indagações: uma política de<br />
diversidade agregaria mais valor para o<br />
nosso grupo? Poderia vir a ser uma nova<br />
ferramenta de gestão de gente? Ambas as<br />
respostas foram sim, poderiam.<br />
Então, desde a decisão de implantarmos<br />
uma política corporativa de diversidade,<br />
que extrapola o cumprimento de uma cota<br />
legal, estamos nos surpreendendo positivamente<br />
a cada dia. Nem chegamos ainda aos<br />
outros grupos chamados “diversos”, além<br />
dos PPDs, e já temos muito a comemorar.<br />
A oportunidade que se apresentou, através<br />
de um único grupo que está sob os<br />
holofotes da lei, abriu nossas mentes e nos<br />
inspirou a visitar as demais oportunidades<br />
que se apresentaram sob a diversidade, no<br />
que diz respeito a gênero, idade, idéias,<br />
raça, religião, orientação sexual, culturas<br />
organizacionais, regionalidade, nacionalidade,<br />
estilos, etc.<br />
Verificamos o caminho enorme que<br />
temos a avançar, a fim de enriquecer o nosso<br />
ambiente de trabalho, tornando-o muito<br />
mais estimulante. Passamos a sonhar com<br />
um lugar onde possamos aprender com as<br />
diferenças e, também, através delas.<br />
Hoje, com a chegada de novos PPDs<br />
na empresa, muito além de acolhê-los,<br />
passamos a reconhecer o tanto de bom que<br />
agregaram à nossa organização. Isto inclui<br />
flexibilidade de pensamentos, olhares diferentes<br />
e propostas que já balizam nossas<br />
decisões. Isto enriquece a todos, dia após<br />
dia. Tudo isto potencializa a nossa empresa<br />
a se tornar mais sustentável.<br />
Vale a pena destacar que os colegas com<br />
condições físicas mais limitadoras que as<br />
nossas ensinaram até aos mais experientes,<br />
de maior idade – grupo no qual penso já<br />
estar inserida – que há condições comportamentais,<br />
capacidade de pensar e agir<br />
muitas vezes mais ousadas e inéditas. Ao<br />
quebrar alguns paradigmas, agregam a este<br />
meu grupo uma jovialidade e uma alegria,<br />
que temos que considerar e reconhecer.<br />
Tudo isto na nossa “experiente” empresa<br />
de 104 anos.<br />
Para os céticos e pragmáticos, ficou<br />
nítida a alavancagem que os PPDs recémadmitidos<br />
deram a um dos nossos cinco<br />
valores organizacionais, a “alegria”.<br />
Ao aderirem desde o primeiro dia de<br />
trabalho a este valor, os PPDs ratificaram o<br />
que 3 ou 4 dias de seminários dispendiosos<br />
levam para nos lembrar: que a capacidade<br />
de mudança dos nossos comportamentos<br />
– até os mais enraizados – está sob nosso<br />
total arbítrio.<br />
A partir de então, passamos todos nós,<br />
gestores, a dedicar um outro olhar para<br />
formarmos nossos times a cada vaga que se<br />
apresenta. Por que a área de recrutamento e<br />
seleção precisa ser formada – via de regra<br />
– por mulheres? Por que a engenharia de<br />
campo, neste segmento de negócios, abriga<br />
somente engenheiros? E por aí estamos,<br />
penso eu, evoluindo como pessoas e como<br />
profissionais (o que não é dissociável,<br />
especialmente quando estamos entrevistando<br />
alguém e prestando mais atenção em<br />
competências técnicas, quando deveríamos<br />
focar em valores pessoais, que é o que<br />
diferencia uma contratação bem sucedida).<br />
Com isto, estamos também flexibilizando<br />
nossos paradigmas, questionando-nos por<br />
qual motivo não fazer diferente o que sempre<br />
fizemos até hoje.<br />
Considerando que a única certeza que<br />
temos hoje no mundo corporativo é a<br />
mudança/transformação contínua, acho<br />
que isto é uma valiosa oportunidade que<br />
se apresenta para nós, gestores de gente,<br />
dentro de nossas empresas.<br />
Ao invés de continuar a entoar o mantra<br />
“não vou conseguir cumprir a cota de<br />
PPDs”, vamos partir para algo maior e<br />
mais rico, considerando a diversidade uma<br />
tarefa tão nobre para recursos humanos,<br />
como um plano de carreira, somente para<br />
citar um exemplo.<br />
Neste início de milênio, onde a sustentabilidade<br />
é o pilar inexorável para a perenidade<br />
dos negócios, tivemos há dias a<br />
eleição de um ser tão diverso e especial,<br />
não só com relação à raça, mas aos demais<br />
aspectos multiculturais que estão em seu<br />
DNA, para o cargo mais importante do<br />
planeta e que foi conquistado pelo voto<br />
direto!!<br />
Com os colegas deste nosso segmento,<br />
compartilho a idéia de que a nossa área<br />
também fará a diferença através da diversidade.<br />
Pensem nisso com carinho e, se já<br />
não o fizeram, comecem a refletir sobre o<br />
que significa evoluir de uma área de recursos,<br />
para uma área de Gente. E conheçam<br />
mais do que estamos fazendo no site de<br />
nossa empresa, www.light.com.br.<br />
*Ana Silvia Matte é Diretora de Gente<br />
da Light<br />
Foto: Divulgação<br />
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RHnews • dezembro 2008 •