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onde os suicidas sofrem a terrível pena de se transformarem em árvores, estando as
suas folhas condenadas a serem feroz e inexoravelmente arrancadas pelas impiedosas
Harpias (seres com rosto de mulher e corpo de pássaro). Por outro lado, é também
visível a apologia de uma vida pura e sem pecados, uma vez que estas almas são
recompensadas, sendo-lhes atribuído um lugar no paraíso. O limbo é um patamar
intermédio na entrada do Inferno, a que estão destinados os que não foram batizados
ou nasceram antes de Cristo.
No que concerne às personagens, é de salientar o protagonismo de Virgílio e de
Beatriz, enquanto guias, e de Dante, enquanto personagem principal. Virgílio será o
cicerone de Dante no Inferno e caracteriza-se pela sua persistência e pela proteção do
seu discípulo. É também obstinado, nunca desistindo - lembre-se o momento em que
lhe é negada a entrada na porta de Dite ("[...] a luta/teremos de vencê-la"). Além disso,
assume-se, igualmente, como defensor do seu prosélito, na medida em que o protege
dos perigos do Inferno, nomeadamente, do poder das Górgonas que transformam em
pedra todos os que as fitam diretamente nos olhos ("[…] quem nos visse,/não mais em
seu regresso fora posto"), tapando a vista de Dante com as mãos ("E o meu próprio
mestre [...]/me voltou, não bastando a minha mão,/que das suas ainda me cobrisse").
Por sua vez, Dante demonstra a sua coragem e determinação, bem como o seu lado
piedoso. No que diz respeito à sua bravura, esta evidencia-se ao aventurar-se na
passagem pelo Inferno, apesar da consciência da existência de monstros horrendos e,
consequentemente, de um ambiente tétrico. Por outro lado, realce-se igualmente a
sua determinação, visto que nunca desiste da sua travessia pelo lugar Infernal ("Que tu
me leves lá onde disseste/à porta de S. Pedro, ora te rogo, / e a esses que tão triste
descreveste"), apesar de perder os sentidos ("[...] e caí como alguém que apanha o
sonho"). Finalmente, saliente-se, ainda, o seu lado misericordioso, uma vez que se
compadece perante as almas pecadoras ("[...]o rosto já me tinge/do apiedar [...] que tu
sentes" ; "[...] eu não posso que a pena me descora").
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