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Projecto + Escola Projecto + Escola - FEC

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FUNDAÇÃO EVANGELIZAÇÃO E CULTURAS<br />

ABRIL 2008 | nº 20<br />

DESTAQUE<br />

Educação<br />

O Papel do Estado, da Sociedade Civil e da Religião<br />

D. Pedro Carlos Zilli<br />

Bispo de Bafatá, Guiné-Bissau<br />

DR<br />

Dom Pedro Zilli considera que a Sociedade Civil tem o dever de promover a Educação<br />

Proponho-me a dizer algo daquilo que é o papel do Estado, da Sociedade<br />

Civil e da Religião no âmbito da Educação na Guiné Bissau. O tema proposto é grande:<br />

mesmo assim, aceitei, de bom grado, escrever umas palavras para o “Boletim Igrejas Lusófonas”.<br />

Começo dizendo que é uma alegria poder constatar que há muita gente e muitas instituições<br />

na luta em favor da Educação: o Governo, as Igreja Cristãs, os Muçulmanos, as ONG, as<br />

Associações, etc. Há instituições que se preocupam não somente em possibilitar o acesso<br />

aos bancos escolares. Visam também contribuir para a melhoria da qualidade da educação.<br />

Na educação escolar, o Estado é o seu primeiro responsável. Educação e Saúde são seus<br />

deveres primários. Entretanto, não se lhe deve atribuir tudo. O Estado guineense não<br />

pode continuar a ir buscar dinheiro ao exterior para manter as escolas a funcionar e a<br />

população local, enquanto a população fica passivamente à espera dessas ajudas.<br />

A Sociedade Civil é chamada a aprofundar a sua compreensão de que a Educação é um<br />

seu direito. Isto já não seria pouco. É direito, mas é também dever. À Sociedade Civil<br />

cabe o dever de promover a Educação.<br />

A Religião, especialmente numa situação como a da Guiné-Bissau, não pode ficar tranquila<br />

diante do analfabetismo ainda reinante. Muitos que já frequentaram a escola continuam,<br />

de algum modo, analfabetos. Há aqueles que, após concluírem alguns estudos, nunca<br />

mais pegaram num texto de leitura. Isto porque na escola talvez nunca tenham sido suficientemente<br />

estimulado o cultivo do estudo. Talvez tenham visto a escola como algo<br />

maçador e pouco atraente.<br />

O momento que estamos a viver não é o mais animador do nosso País. As pessoas andam<br />

cansadas e sem muitas perspectivas. Também as lideranças políticas, sociais e religiosas<br />

arriscam-se a não escapar ao sentimento de que pouco ou nada consegue ir para a<br />

frente. Talvez as dificuldades do dia-a-dia tenham provocado a perda do idealismo, do<br />

optimismo que tem o dever de animar, propor, orientar, corrigir, provocar. É possível<br />

que os educadores não tenham ainda compreendido<br />

o sentido da palavra “educação”: “e-ducere” quer<br />

dizer extrair das pessoas o melhor de si mesmas.<br />

O Secretario de Estado do Vaticano, Cardeal Tarcisio<br />

Bertone, a este propósito diz: “‘E-ducere’, ou<br />

seja, ajudar os jovens a exprimir as coisas que podem<br />

fazer. Dom Bosco dizia que, em cada jovem,<br />

mesmo no mais delinquente, existe sempre um<br />

ponto sensível ao bem, que cabe aos educadores,<br />

aos formadores reconhecer e valorizar”(Revista<br />

“30 Giorni”, Anno XXVI-N.1-2008).<br />

No nosso País, todas as instituições acima são<br />

chamadas a se envolverem, através da Educação,<br />

na transformação do sistema de subsistência em<br />

sistema de produção para o mercado. Esta atitude<br />

deveria ajudar as populações, especialmente as rurais,<br />

a livrarem-se da pobreza.<br />

A fé diz-nos que Deus nunca esteve tão perto de<br />

nós: Ele convoca-nos à esperança, à perseverança,<br />

à coragem, à busca de novas possibilidades que<br />

visem o bem da nossa gente sedenta de algo novo.<br />

E a Educação é uma grande ocasião para a concretização<br />

deste algo novo.

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