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Os imigrantes do Núcleo Colonial de São ... - Diversitas - USP

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belas A e B acima). Nesse perío<strong>do</strong> os italianos são qualifica<strong>do</strong>s nos <strong>do</strong>cumentos<br />

<strong>de</strong> "atravessa<strong>do</strong>res" -- ou seja, carrega<strong>do</strong>res <strong>de</strong> carvão e ma<strong>de</strong>ira<br />

extraída das matas, único meio <strong>de</strong> sobrevivência à sua disposição na época.<br />

A assimilação, a adaptação ao meio <strong>de</strong> vida tradicional <strong>do</strong>s ~cupantes antigos<br />

da região acaba relacionan<strong>do</strong> a sua imagem - no imaginário da elite<br />

imigrantista - à <strong>do</strong>s sertanejos <strong>do</strong> interior, ao seu corpo social "in<strong>do</strong>lente",<br />

avesso ao trabalho "produtivo". Por isso, a ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> "carroceiro", ou<br />

"merca<strong>do</strong>r <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>iras" é reprimida e duramente tachada pela câmara <strong>de</strong><br />

<strong>São</strong> Bernar<strong>do</strong> - esquecen<strong>do</strong>-se <strong>de</strong> que é a única fonte <strong>de</strong> energia tanto para<br />

os lares quanto para as pequenas indústrias na regiãol7. Porém, como indicam<br />

os da<strong>do</strong>s <strong>de</strong> entrada <strong>de</strong> <strong>imigrantes</strong> na colônia (cf. tabela B, acima), os<br />

italianos mantiveram os números na segunda leva, pelo procedimento <strong>do</strong>s<br />

colonos já estabeleci<strong>do</strong>s requisitarem ao governo a colocação na colônia (o<br />

custeio das passagens) <strong>de</strong> seus parentes resi<strong>de</strong>ntes na Itália. Conflitos semelhantes<br />

com o po<strong>de</strong>r local levaram a atitu<strong>de</strong>s diferentes por parte <strong>do</strong>s <strong>imigrantes</strong><br />

italianos e <strong>do</strong>s <strong>imigrantes</strong> poloneses e húngaros. <strong>Os</strong> primeiros adaptaram-se<br />

aos meios <strong>de</strong> vida suburbanos, já os outros isolaram-se em seus<br />

lotes e recorreram ao consula<strong>do</strong> <strong>de</strong> seus países, como no problema <strong>do</strong> trabalho<br />

obrigatório nas obras <strong>do</strong> município. Isso talvez explique em parte porque<br />

preservou-se uma memória histórica local <strong>do</strong>s <strong>imigrantes</strong> italianos e<br />

nenhuma memória <strong>do</strong>s "polacos" no Gran<strong>de</strong> ABC.<br />

Consi<strong>de</strong>rações<br />

Finais<br />

No percurso que realizamos, talvez alguns da<strong>do</strong>s pareçam um pouco<br />

<strong>de</strong>sconexos: uma revolta e muitas pequenas contestações que permeavam o<br />

cotidiano <strong>do</strong>s <strong>imigrantes</strong> na sua luta diária pela sobrevivência. Porém, contrariamente<br />

à gran<strong>de</strong> história político-social das revoluções e gran<strong>de</strong>s movimentos<br />

populacionais, a história local exige outras preocupações, como acentua<br />

o sociólogo José <strong>de</strong> Souza Martins:<br />

"Na história local e cotidiana estão as cirscunstâncias da História. É<br />

nesse senti<strong>do</strong> que a história <strong>do</strong> subúrbio é uma história ~ircunstancial.<br />

O que permite resgatá-Ia como História? A junção <strong>do</strong>s fragmentos<br />

da circunstância - quan<strong>do</strong> a circunstância ganha senti<strong>do</strong>, o<br />

senti<strong>do</strong> lhe dá a História."

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